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7/25/2019 O'Doherty - Reflexes Sobre o Cubo Branco Por Clarissa Ximenes
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Reflexes sobre o Cubo Branco
Clarissa Ximenes, 19/12/2013http://arteref.com/gente-de-arte/reflexoes-sobre-cbo-branco/
Labirindo, de Michelangello Pistoletto
! obra de "rian #$%ohert& consiste em ma s'rie de apontamentos cr(ticos )e nos a*dam a
entender mais profndamente todas as rela+es is(eis e intr(nsecas presentes dentro dos
espa+os expositios e mais, entender paralelamente o contexto em )e as obras de arte, a partir
do modernismo, dese*am-se inserir.
# ator inestiga a sintaxe das lingagens tradicionais da arte com m certo tom de ironia,pensada tanto teoricamente em ses )atro ensaios No interior do cubo brancopblicados
na reista !rt orm em 0 e 0 como plasticamente. ortanto nestes ensaios, os paradigmas
do espa+o expositio so explorados de forma cr(tica por m 4s5rio6 deste meio, m prodtor,
m artista. 7le aponta para as contradi+es a partir de sa experi8ncia paradoxal entre prodir
ma obra e inseri-la neste espa+o de arte normatio. ! arte est5 contida dentro de ma s'rie de
complexas tramas onde as instncias )e a ela pertencem artista, espectador, colecionador,
crador e cr(ticos so inclinadas a faer parte deste *ogo )e ' regido por nada mais )e os
espa+os denominados Cbos "rancos: ;alerias, mses, espa+os expositios institcionaliados,
o os )e diem ser 4alternatios6 o h5 artista )e no se defronte, em m determinado momento de sa carreira, com a ontade
o a inclina+o de inserir se trabalho neste espa+o pois para se 4ier6 de arte, deemos seraceitos e consagrados pelos olhos destes senhores brancos, precisamos nos institcionaliar.
Conse)entemente a este dese*o de pertencimento, a prod+o art(stica corre o risco de ser
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indida e condida a coexistir atra's de c?digos referentes e aceitos nestes espa+os. "oa parte
dos trabalhos )e foram prodidos no s'clo passado foram idealiados de antemo para serem
expostos neste ambiente sacraliado e distanciado da realidade do mndo, pensamento )e seestende e se intensifico at' a contemporaneidade.
#$%ohert& come+a se ensaio comparando o espa+o da galeria moderna como 4constr(do
segndo preceitos to rigorosos )anto os da constr+o de ma igre*a medieal6 onde o fiel se
8 diante de m espa+o isolado do mndo exterior e diante de ma ar)itetra )e lea-o a
sentir-se (nfero comparado @ sa magistralidade ar)itetAnica. ! f' ' o linB )e permite )e o
fiel sinta-se, por mais diminto )e pare+a, conectado @)ele espa+o. 5 na galeria de arte, o
espectador e a pr?pria obra atam inflenciados sobre este ambiente espa+o. Como espectadores
mdamos a postra para sentirmo-nos aceitos neste lgar, assim como a obra de arte, )e se
condiciona para ser aceita neste sistema. # contexto deste espa+o se apodera do ob*eto art(stico,
tornando-se ele pr?prio.
#$%ohert& pensa )e o ambiente expositio poco se difere do prop?sito de constr+es
religiosas )e antecederam @s igre*as medieais. !s catacmbas eg(pcias, por exemplo, foram
idealiadas para )ebrar com a consci8ncia do mndo exterior, onde a ilso de ma presen+a
eterna indiciada pela mDmia e todos os ob*etos da ida material )e a cercam deia ser
conserada pela passagem do tempo. !inda o ator ai mais al'm: nas caernas pintadas no
per(odo aleol(tico na ran+a e na 7spanha encontramos ma s'rie de prod+es e registros
est'ticos de ma 'poca mantidos nm ambiente deliberadamente separado do mndo exterior e
ainda, de dif(cil acesso. ara chegarmos aos sales onde estas pintras foram realiadas,
deemos passar por ma s'rie de obst5clos e dominar certas t'cnicas de explora+o deste local.
Ema met5fora pode ser constr(da a partir da ideia do dom(nio de determinadas 4t'cnicas6 oc?digos presentes tamb'm no contexto das artes pl5sticas: para nos relacionarmos com mitas
das obras )e so prodidas na contemporaneidade, deemos ter dom(nio de algns c?digos,
erditos o no.
4! galeria ideal sbtrai da obra de arte todos os ind(cios )e interfiram no fato de )e ela '
Farte$. ! obra isolada de tdo o )e possa pre*dicar sa aprecia+o de si mesma. Gsso d5 ao
recinto ma presen+a caracter(stica de otros espa+os onde as conen+es so preseradas pela
repeti+o de m sistema fechado de alores6H1I
! obra portanto ' tida como ob*eto descontextaliado dentro do cbo branco, pela netralidade
do espa+o )e sbtrai )al)er otro tipo de informa+o isal )e possa interferir em sa
leitra. Jas h5 tamb'm trabalhos )e, ao in's de atarem na sbtra+o do espa+o, atam na
soma. !o in's de serem sbordinados ao espa+o, ' o espa+o )e sbordina-se ao trabalho. !
arte contempornea consege sar ses artif(cios para atra's de sa pr?pria exist8ncia
)estionar o exaltar algma )esto particlarmente ao se pr?priostatus-quo.
! arte contempornea, apesar de conter mitas ees m alto n(el de codifica+o em sas obras,
tem por excel8ncia m di5logo maior com otros campos do conhecimento e da ida tanto no
sentido t'cnico esta instala+o
Carioba sa nada mais )e o pr?prio espa+o branco da galeria e m tr(ptico lminoso com
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fachos de l ermelha, erde e al red, green e ble, da( o K;", cores b5sicas para a cria+o
da imagem pixel no comptador. or isso no deixa de parecer contradit?rio, @ primeira ista,
)e o artista se *stamente o pr?prio cbo branco como Dnica materialidade da obra. !princ(pio, ma galeria )e parece apresentar nada mais )e o aio pois a sobreposi+o destas
tr8s fontes lminosas resltam em l branca na realidade ata sobre a soma de elementos.
Instalao !" de Ricardo Carioba na #aleria $er%elho
7sta soma de elementos s? ' percebida com a presen+a f(sica de m corpo no espa+o. #
espectador, assim como a obra, colaboram com as caracter(sticas positias do cbo branco se*am
potencialiadas. ! obra est5 ai totalmente em di5logo com o espa+o, e ele em sa fncionalidade
pra.
enso )e a problematia+o deste espa+o ' essencial para entendermos como ma s'rie de
alores so mantidos dentro do sistema de arte na contemporaneidade. 7ntender este espa+o 'tamb'm entender arte contempornea, mesmo )e ela ainda se desdobra em otros espa+os,
otros campos. #s artistas, cradores e edcadores deem cada e mais problematiar este
ambiente, apontar para a+es )e possibilitam )e esta estrtra r(gida se torne mais penetr5el
pelo pDblico e o pDblico por ela tamb'm.
or Clarissa Ximenes
H1I#M%#N7KOP, "rian. >o interior do cbo branco: a ideologia do 7spa+o da !rte. Qo alo,
Jartins ontes, 2002, p. 3.
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