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OFICINA CANTANDO E ENCANTANDO BRASÍLIA Encontros da história com a música

Oficina Encantando e Cantando Com Brasília

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História da Música em Brasília

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OFICINA CANTANDO E ENCANTANDO BRASÍLIA

Encontros da história com a música

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E da arte se faz história? A arte é entendida como fonte quando levamos em

consideração que a mesma carrega uma forma (dentre outras várias possíveis) de apreensão da realidade a qual se refere.

“Imagens pictóricas, discursos poéticos e lendas são representações do mundo que se oferecem ao historiador como portas de entrada ao mundo das sensibilidades da época que as engendrou. Se a definição aristotélica as coloca do lado das coisas não verdadeiras, por contraste à história, narrativa do acontecido, tais representações, contudo, não deixam jamais de ter o real como referente. Seja como confirmação, negação, ultrapassagem, transformação, inscrição de um sonho, fixação de normas e códigos, registro de medos e pesadelos, exteriorização de expectativas, a arte é um registro sensível no tempo, que diz como os homens representavam a si próprios e ao mundo.” (Pesavento, 2002)

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De teoria e metodologia Música como fonte para pesquisa em história. Anos 1960 / 1970: pluralização das noções que

existiam sobre o que poderia ser ou não uma fonte de análise historiográfica.

Tal abertura habilitou uma maior variedade de registros da atividade humana, inclusive as manifestações artísticas em sua plenitude.

Então a música, entendida como parte do conjunto das manifestações artísticas, fala sobre o seu momento de feitura, carrega marca de historicidade e seu uso como fonte de pesquisa em história é válido.

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De teoria e metodologia No entanto, é imprescindível ressaltar que a música como fonte

de pesquisa é vista como produtora de sentidos, de práticas e não como reflexo das impressões de seus compositores sobre a realidade circundante, pois lemos e ouvimos tais textos cujo alimento e o imaginário compartilhado, instituido e instituinte das representações reatualizadas cotidianamente.

Ao mesmo tempo, não podemos perder de vista questões de cunho metodológico, pois se a arte é uma tradução poética, literária, pictórica ou musical da realidade a mesma possui linguagens próprias.

Desse modo, ainda que a estudemos em ligação com outros testemunhos utilizáveis, não podemos perder de vista que a arte, em todas as suas manifestações, possui linguagem específica.

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De teoria e metodologia Como nos atenta a historiadora Sandra Jatahy

Pesavento o pesquisador que tem na arte seu objeto de estudo não precisa necessariamente conhecer profundamente os elementos que constituem, mas é necessário que o mesmo não apenas conheça seus elementos básicos como respeite as especificidades da mesma.

O olhar sobre o repertório dos artistas e compositores que falam de Brasília parte do pressuposto de que o a linguagem musical enquanto “expressão do mundo, diz o real de outra forma, falando por metáforas que se referem as formas de pensar, agir, sonhar de uma época.” (Pesavento, 2002)

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De teoria e metodogia O historiador que pretende trabalhar com música deve estar

atento para o fato de que ainda que seu trabalho não esteja na área da musicologia é fundamental tentar buscar um equilíbrio entre não menosprezar os aspectos formais/estéticos de sua musicalidade, mas também não fugir ao propósito que é o de investigar no material escolhido as impressões forjadas sobre sua realidade, o diálogo travado entre as representações coletivas e individuais, os sentidos possíveis de seu discurso, a historicidade de sua música.

Ao historiador que pretenda utilizar a música como fonte de pesquisa e que por ventura não tenha intimidade com a linguagem musical é possível propor uma aproximação com a canção a partir de uma escuta intuitiva, a qual atente para pluralidade de interpretações possíveis das canções por ele estudadas.

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Cantando e Encantando Brasília É importante lembrar que embora

carregue o epíteto de “capital do rock” Brasília não produziu e produz apenas rock.

A capital do país desde a sua criação abraça uma grande diversidade de gêneros musicais que vão do erudito, passando pelo choro, reggae, samba, rap e hip hop.

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Escola de Música de Brasília O surgimento da Escola de Música de Brasília se deveu a dois movimentos de

grupos musicais interessados em difundir a educação musical no Distrito Federal. O primeiro movimento teve início por volta de 1961 em Taguatinga, por ocasião do ingresso de Levino de Alcântara na Fundação Educacional do Distrito Federal (FEDF), que proporcionava atividades de canto coral junto com um pequeno núcleo de instrumentos de orquestra no Centro de Ensino Médio Ave Branca (CEMAB) (MATTOS, A.; PINHEIRO, R.G., 2007, p.1).

O segundo movimento partiu da iniciativa de Reginaldo Carvalho, que fundou em 1962 no Plano Piloto o Centro de Estudos Musicais Villa-Lobos (CEMVL). Este Centro funcionava inicialmente no CASEB, onde o ensino de música era também oferecido a alunos da rede pública, em disciplinas como violão e harmonia, ministradas pelo professor João Tomé; piano, teoria e solfejo, Neuza França; contrabaixo, João Vieira e arranjo coral e prática de atividade vocal, no chamado Coral de Brasília, conduzidas pelo próprio Reginaldo Carvalho. Integraram este coral músicos – alguns deles hoje nacionalmente conhecidos: Ney Matogrosso, José Estevão Gonçalves, José Claver Filho, Patrick Soudant, Guilherme Vaz, Carlos Galvão, Laura Conde, Luiz Carlos Czeko e Vanda Oiticica. Posteriormente, em 1963, as antigas atividades do CEMVL passaram a funcionar no CEMEB, Centro de Ensino Médio Elefante Branco, também pertencente à FEDF, na quadra 908 Sul do Plano Piloto (MATTOS, A.; PINHEIRO, R.G., 2007, p.1).

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Escola de Música de Brasília Entre 1972 e 1973, a EMB conseguiu através de seus

trabalhos de ensino e produção musical, o terreno para a construção de sua sede definitiva cuja inauguração se deu a 11 de março de 1974, na SGA/Sul Quadra 602, Projeção “D” Parte “A”, Brasília – D. Em 1964, o maestro Levino Alcântara, organizou um fórum composto por professores da Rede Pública, que iniciaram uma intensa luta, objetivando a criação de uma Escola que viesse a ser o núcleo do ensino musical profissionalizante em Brasília. Aí, formou-se o embrião da Escola de Música de Brasília. Após várias mudanças, a Escola de Música de Brasília ganhou sua sede definitiva, em 11 de março de 1974 (GUERRA VICENTE, A. P., 2007, p.7).

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Escola de Música de Brasília

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Clube do Choro O choro, ritmo que consagrou Pixinguinha como um dos mestres da música

popular brasileira, tem um espaço reservado em Brasília que já é referência nacional: o Clube do Choro. Atualmente o local foi transformado em patrimônio imaterial do Distrito Federal. Genuinamente carioca, agora o choro também é brasiliense.Para um dos organizadores do festival Porão do Rock e diretor da Rádio Cultura de Brasília, Marcos Pinheiro, o tombamento do Clube do Choro como bem imaterial significa a transformação de uma cidade que, por muitos anos, foi considerada capital do rock e que hoje reconhece a existência de outros gêneros musicais.

A história do Clube do Choro se confunde com a história da própria capital. Brasília serviu como pólo de atração de pessoas de todo o país quando foi fundada, em 1960. Entre os que vieram, estavam os funcionários da administração pública federal – que tinha sede no Rio de Janeiro (RJ). Com eles, veio o choro.Em 1977, o então governador do Distrito Federal, Elmo Serejo Farias, cedeu o antigo vestiário do Centro de Convenções Ulisses Guimarães aos chorões que se reuniam informalmente e se apresentavam em espaços públicos. Ali se formou o clube, hoje referência nacional em ensino da música popular.

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Clube do Choro

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Cena Musical Brasiliense (1960) Brasília hoje faz cinquenta e cinco anos. Já sua cena

roqueira é alguns anos mais jovem. Afinal foi preciso o surgimento de uma primeira geração de adolescentes, nativos ou não, para que o rock de Brasília nascesse de fato. Claro que a Beatlemania e a Jovem-guarda não passaram despercebidos pelo Cerrado, e nos anos 1960 vários grupos apareceram pela cidade. Alguns conseguiram sucesso local, outros até gravaram (Os Quadradões foram os primeiros a lançar um disco independente no Distrito Federal por exemplo) e todos, sem exceção foram esquecidos pelo tempo.

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Cena Musical Brasiliense (1970) Músico importante na história de Brasília

durante os anos 1970 é Oswaldo Montenegro. A decisão de se tornar um músico profissional veio com a mudança para Brasília, em 1971. Na capital federal, começou a ter contato com festivais e grupos de teatro e de dança estudantis. Fez seus primeiros shows e aos 17 anos a decisão de viver da música se tornou definitiva. Mudou-se novamente para o Rio, mas já havia adotado Brasília como a terra de seu coração e tema constante de sua obra.

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Cena Musical Brasiliense (1970) Na segunda metade dos anos 1970, quando os ventos da liberdade política (a

anistia dos presos políticos) e musical (o punk rock) começaram a soprar . O catalisador da nascente cena brasiliense foi um moleque chamado Renato Manfredini Júnior. Nascido em 1960 no Rio de Janeiro ele chegou em Brasília 13 anos depois. Foi Manfredini quem formou o Aborto Elétrico, a primeira banda punk da cidade, e uma das primeiras do país, em 1978 e criou o estopim para que outros jovens também virassem músicos, ou ao menos começassem a criar uma vida cultural em Brasília. Ah sim, Manfredini logo trocaria seu sobrenome para Russo.

O Aborto Elétrico durou pouco e não deixou nenhuma gravação, além de registros amadores, mas deixou um grande legado, já que seus membros formaram posteriormente a Legião Urbana e o Capital Inicial e o surgimento deles ajudou no surgimento de outros grupos, alguns famosos como a Plebe Rude e outros com grande fama cult, caso do Escola de Escândalo, tida como a "grande banda perdida" do rock brasiliense. Várias canções do Aborto posteriormente viraram hits com Legião (Que País é Esse?) e Capital (Música Urbana e Fátima).

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Cena Musical Brasiliense (1980) Com o estouro da Legião Urbana, Plebe Rude e Capital Inicial no

meio dos anos 1980 as gravadoras foram atrás de mais bandas do planalto. Mas pouco, ou nada aconteceu com gente como Finnis Africae ou Arte no Escuro e Detrito Federal. Ainda nos anos 1980 vale uma menção ao Obina Shok. Esse grupo formado por brasileiros e estrangeiros filhos de diplomatas que trabalhavam na cidade ao lado dos Paralamas do Sucesso, foram pioneiros no uso de elementos de música africana no rock brasileiro.

Por falar nos Paralamas do Sucesso, é bom lembrar que no começo muitos pensaram que eles eram de lá, já que seus integrantes se conheceram na capital federal. Mas a importância deles para a cena é enorme, já que o primeiro disco do grupo de Herbert Vianna trazia uma cover de Química e uma parceria Herbert/Renato Russo O Que Eu Não Disse. Herbert também produziu a estréia da Plebe Rude. 

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Cena Musical Brasilense (1980) Banda fundamental pra história da música em

Brasília é o Liga Tripa. Surgiu em 1979 sob as marquises de um bloco,  que a memória de Aldo Justo teima em esquecer a letra, mas lembra o número (312 Sul), onde ocorreu o primeiro ‘‘ensaio’’ ao ar livre do embrião do Liga. ‘‘Ficamos muito felizes com as cabecinhas aparecendo na janela’’, relembra  Aldo, aos 51 anos. De lá, direto para o que se tornou sua casa de  espetáculos a céu aberto: o Beirute (109 Sul). ‘‘Foi muito interessante a reação. Sentimos a energia negativa e positiva, e voltamos impressionados com o resultado.’’ 

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Cena Musical Brasiliense (1980) Figura importantíssima na história da música de Brasília é Renato

Matos, o primeiro artista a cantar, em 1977, no "Concerto Cabeças", movimento que é marco cultural em Brasília. Em 1980 gravou o compacto "Grande Circular". Em 1984 esteve na Suíça e Paris, representando o Brasil no Festival Internacional do Folclore da Libia. Também pai da cantora Flora Matos.

Passou o ano de 1986 freqüentando os cursos livres de música da Universidade de Berklee, em Boston,em Massachusetts e se apresentando em Nova York, enquanto no Brasil, Léo Jaime gravou sua música "Um telefone é muito pouco".

Retornando a Brasília, juntou-se ao grupo "Trem das cores", formou a banda "Acarajazz", cantou com Cássia Eller, gravou o LP Plug, se apresentou com a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, gravou o LP "Afterraggae" e participou do projeto "Made in Brasília".

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Cena Musical Brasiliense (1980) Outra artista que não pode ser esquecida como integrante da

história da música de Brasília durante os anos 1980 é Cássia Eller. Nascida no Rio de Janeiro, aos 6 anos mudou-se com a família para Belo Horizonte. Aos 10, foi para Santarém, no Pará. Aos 12 anos, voltou para o Rio. O interesse pela música começou aos 14 anos, quando ganhou um violão de presente. Tocava principalmente músicas dos Beatles. Aos 18, chegou a Brasília, para onde sua família se mudou. Ali, cantou em coral, fez testes para musicais, trabalhou em duas óperas como corista, além de se apresentar como cantora de um grupo de forró. Também fez parte, durante um ano, do primeiro trio elétrico de Brasília, denominado Massa Real, e tocou surdo em um grupo de samba. Trabalhou em vários bares (como o Bom Demais), cantando e tocando. Despontou no mundo artístico em 1981, ao participar de um espetáculo de Oswaldo Montenegro.

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Cena Musical Brasiliense (1990) A década de 1990 foi boa para o pop Brasiliense com revelações no

rock, Raimundos, reggae, Natiruts e mesmo na MPB, afinal Zélia Duncan embora carioca de nascença, assim como Renato Russo também cresceu e iniciou a carreira na cidade. Entre os grupos que quase chegaram lá vale lembrar o Little Quail and the Mad Birds. Esses lançaram disco pelo selo banguela dos Titãs, o mesmo que revelou os Raimundos mas logo acabaram, com o líder Gabriel Tomáz formando em seguida o Autoramas. Outro grupo que também assinou com o Banguela foi o Maskavo Roots, que tocou bastante na MTV no meio dos anos 90.

Não poderíamos deixar de mencionar O Câmbio Negro, banda que misturava rap, com rock e hip hop, surgiu em 1990, em Ceilândia. Seu primeiro álbum foi lançado em julho de 1993, intitulado Sub-Raça. Em 1996, o grupo lançou seu segundo disco: Diário de um Feto, vendendo duas mil cópias nos primeiros quinze dias. No mesmo ano, concorreu ao Video Music Brasil, na categoria Melhor Grupo de Rap, fato que se repetiria no ano seguinte. Somente na edição de 1999 é que o grupo conquistou o prêmio, além de concorrer na categoria de Melhor Direção, com a música "Círculo Vicioso". Após a saída do vocalista X no final do ano 2000, visando seguir na carreira solo, o Câmbio Negro encerrou suas atividades

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Cena Musical Brasiliense (2000) O novo século trouxe mais bandas para a cena nacional. Algumas

seguem fortes no cenário indie, caso dos Sapatos Bicolores e Sexy Fi, enquanto outras vão chegando ao grande público como os Móveis Coloniais de Acaju.

É importante salientar que além dos diversos gêneros e estilos musicais citados, Brasília atualmente possui também um importante movimento dentro do samba, com bandas como Adoro a Roda e Filhos de Dona Maria, além de cantoras do mesmo gênero como Mirian Marques, Cris Pereira e Renata Jambeiro, dentre outras.

Segundo o produtor cultural Carlos Moreira, “Brasília, hoje em dia, está mais para capital das bandas, da formação de grupos de jovens de vários estilos. Prefiro dizer que, por congregarmos pessoas de todos os estados brasileiros, vivemos uma efervescência musical, mesmo ainda tendo o rock como a primeira coisa que vem à cabeça da maioria”. Com tantos gêneros musicais convivendo na capital do Brasil, talvez já não faça mais tanto sentido que Brasília seja conhecida apenas como a “capital do rock” e sim como a capital da música.

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“No centro de um planalto vazio, como se fosse em qualquer lugar”Oswaldo Montenegro

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“A tempestade que chega é da cor dos seus olhos castanhos”Legião Urbana

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“Vou te azarar na W3”Little Quail and the Mad Birds

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“Minha canção era loucura como a alma de Brasíliacontorna, adoça, põe na boca o fel da louca ilha eu sei” Oswaldo Montenegro

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“Brasília tem centros comerciais Muitos porteiros e pessoas normais” Plebe Rude 

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