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PROJETO PROGRAMA PILOTO PARA A MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTOS GERADOS POR RESÍDUOS PERIGOSOS Documento 3 – GESTÃO DE ÓLEO LUBRIFICANTE AUTOMOTIVO USADO EM OFICINAS AUTOMOTIVAS Pernambuco 2006 Ministério do Meio Ambiente

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PROJETO PROGRAMA PILOTO PARA A MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTOSGERADOS POR RESÍDUOS PERIGOSOS

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PROJETO PROGRAMA PILOTO PARA A MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTOS

GERADOS POR RESÍDUOS PERIGOSOS

Documento 3 – GESTÃO DE ÓLEO LUBRIFICANTE AUTOMOTIVO USADO EM OFICINAS AUTOMOTIVAS

Pernambuco 2006

Ministério do Meio Ambiente

2

Sumário

PRÓLOGO 4

INTRODUÇÃO 6

1 OPERAÇÕES DE TROCA DE ÓLEO LUBRIFICANTE AUTOMOTIVO 8

1.1 Óleo Lubrificante Automotivo 8

1.1.1 Funções e propriedades do óleo lubrificante automotivo 10

1.1.2 Classificação dos óleos lubrificantes automotivos 11

1.2 Aditivos 12

1.3 Óleo Lubrificante Automotivo usado ou contaminado 13

1.3.1 Setores geradores de óleo lubrificante automotivo usado ou

contaminado 14

2 EFEITOS NOCIVOS À SAÚDE E AO MEIO AMBIENTE 15

2.1 Efeitos Nocivos à Saúde Ocupacional 15

2.2 Efeitos Nocivos ao Meio Ambiente 17

2.2.1 Principais resíduos gerados na troca de óleo lubrificante automotivo

18

3 GERENCIAMENTO DO ÓLEO LUBRIFICANTE AUTOMOTIVO USADO 20

3.1 Ambiente de Trabalho 21

3.2 Embalagens 26

3.3 Armazenamento 26

3.4 Transporte 27

3

3.4.1 Placas de sinalização para transporte de óleo lubrificante

automotivo usado ou contaminado 28

3.4.2 Empresas coletoras de óleo lubrificante automotivo usado ou

contaminado 28

3.5 Destinação 29

3.6 Aspectos Econômicos 30

4 AÇÕES DE PRODUÇÃO MAIS LIMPA NA GESTÃO DE ÓLEOS LUBRIFICANTES AUTOMOTIVOS 32

4.1 Melhorias no Processo no Troca no Óleo Lubrificante Automotivo32

4.2 Introdução de Novas Tecnologias 33

5 BIBLIOGRAFIA 35

6 ANEXO 38

6.1 ANEXO I: Legislação Aplicável 38

6.2 ANEXO II: Diagnóstico Local 40

6.3 ANEXO III: Glossário 41

6.4 ANEXO IV: Perguntas e Respostas 43

4

PRÓLOGO

A Convenção da Basiléia sobre o controle dos movimentos

transfronteriços dos resíduos perigosos e sua eliminação foi adotada em março

de 1989, entrando em vigor em 1992 e conta, atualmente, com a adesão de

168 Partes (Parties to the Basel Convention).

Esta Convenção trata de proteger a saúde do homem e o meio ambiente

dos riscos que impõem os resíduos perigosos. Com esta finalidade, a

Convenção expõe três estratégias que consistem em reduzir ao mínimo a

geração de resíduos, tratá-los em um lugar o mais próximo possível de onde foi

gerado e diminuir os movimentos internacionais de resíduos perigosos.

A Convenção estabelece, em seus Anexos, as categorias de resíduos a

serem controladas, detalhando as correntes de resíduos e os constituintes, os

resíduos que requerem uma consideração especial, uma descrição das

características de periculosidade, as operações de eliminação de resíduos e

uma lista de resíduos perigosos e não perigosos. Além disso, a Convenção

define como perigosos todos aqueles resíduos que o país de exportação,

importação ou de trânsito estabeleça em sua legislação interna como tal.

O Centro Coordenador da Convenção da Basiléia de Capacitação e

Transferência de Tecnologia na Região da América Latina e Caribe (CRCB-Ur),

foi estabelecido no Uruguai no final de 1996. Este Centro tem a

responsabilidade, entre outras, de coordenar programas de alcance regional

com relação ao intercâmbio de comunicação e informação, desenvolvimento de

capacidades em áreas como legislação, capacitação e transferência de

tecnologia para o manejo ambientalmente adequado e econômico de resíduos

perigosos.

O CRCB-Ur apresentou, como uma das suas atividades (A4) para o

biênio 2003-2004, o estabelecimento de um Projeto com o Centro Nacional de

Tecnologias Limpas (CNTL), no Brasil, na linha de ação concernente ao

desenvolvimento de sinergias e no programa Tecnologias Limpas.

A escolha do Centro Nacional de Tecnologias Limpas do Serviço

Nacional de Aprendizagem Industrial no Rio Grande do Sul (CNTL-SENAI/RS)

foi pautada na sua qualificação na área de Produção Mais Limpa. Desde 1995,

5

o CNTL integra a Rede de Centros Nacionais de Produção Mais Limpa da

Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) e

do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) constituindo-

se na instituição suporte de expertise para a Rede Brasileira de Produção Mais

Limpa.

O Programa Piloto para Minimização dos Impactos Gerados por

Resíduos Perigosos faz parte das ações de implementação do Plano

Estratégico da Convenção de Basiléia, para uma gestão ambientalmente

saudável de resíduos perigosos e outros resíduos sujeitos à Convenção. O

objeto do Programa abrange os seguintes pontos da Declaração de Basiléia:

• prevenção, minimização e gestão adequada dos resíduos, levando

em consideração os aspectos sociais, tecnológicos e econômicos;

• promoção e uso de Tecnologias e Produção Mais Limpa, tendo por

finalidade a prevenção e minimização de resíduos;

• desenvolvimento dos Centros Regionais para treinamento e

transferência de tecnologia;

O presente documento é parte integrante do projeto Programa Piloto

para a Minimização dos Impactos Gerados por Resíduos Perigosos e propõe

uma metodologia para viabilizar um diálogo entre diversos atores envolvidos na

busca de soluções para a não geração, o tratamento e a disposição final

adequada de resíduos perigosos. Esta metodologia será aplicada no Brasil,

através de um projeto piloto realizado nos estados do Rio Grande do Sul,

Minas Gerais e Pernambuco.

Os critérios para a seleção desses estados consideraram a existência de

Centros de Produção Mais Limpa implantados e a experiência iniciada em

inventários de resíduos em âmbito estadual.

6

INTRODUÇÃO

Processos de troca de óleo lubrificante automotivo estão presentes na

maioria das atividades de manutenção preventiva realizadas em oficinas

automotivas, postos combustíveis, garagens, serviços portuários, ferroviários e

aeroportuários. A falta de informações sobre a periculosidade destes óleos,

aliada aos elevados custos para coleta e transporte, especialmente no Brasil,

pelas dimensões continentais, tornou-se um fator preocupante, principalmente

para as empresas de pequeno porte.

No estado de Pernambuco, as oficinas automotivas são as maiores

geradoras de óleos lubrificantes usados, e evidenciam a ausência de

conhecimentos necessários para o manejo adequado desses óleos,

justificando, desta forma, a realização de um estudo mais aprofundado sobre o

assunto. Este contexto norteou a construção do presente Guia, cuja

abordagem contempla a gestão destes resíduos perigosos.

O desenvolvimento do tema considera os aspectos tecnológicos,

toxicológicos e ambientais das operações de troca de óleos lubrificantes

automotivos, visando o estabelecimento de estratégias de prevenção, a fim de

reduzir os impactos ambientais, custos de gerenciamento, danos à saúde e ao

meio ambiente, além de disponibilizar informações a respeito das formas de

tratamento e disposição adequados para esses resíduos.

Os óleos lubrificantes se contaminam, durante sua utilização, com

produtos orgânicos de oxidação e outros materiais, produto do desgaste dos

metais e outros sólidos, reduzindo sua qualidade. Quando a quantidade desses

contaminantes é excessiva, o lubrificante já não cumpre o seu papel e deve ser

substituído. Esses são os chamados óleos lubrificantes usados ou

contaminados e devem ter a destinação ambientalmente adequada a fim de

evitar a contaminação e preservação os recursos naturais. No Brasil, segunda

a Resolução nº 362/05 do CONAMA, esses resíduos devem ser recolhidos

para rerrefino.

Neste Guia é apresentada uma revisão sobre: as atividades de troca de

óleo lubrificante automotivo; os tipos de óleos lubrificantes utilizados; efeitos

nocivos à saúde dos trabalhadores e ao meio ambiente e as ações de

7

Produção mais Limpa para minimização da geração de óleos lubrificantes

usados, provenientes desta atividade.

O Guia é dirigido aos usuários de óleos lubrificantes, serviços e

trabalhadores que efetuam a troca destes óleos, consultores, universidades e

instituições de ensino, instituições governamentais, comunidades e iniciativa

privada e aborda estratégias que permitem reduzir o impacto ambiental.

Objetivos deste documento:

a) caracterizar os tipos de óleos lubrificantes mais utilizados e descartados em

oficinas automotivas, postos combustíveis, garagens e outros serviços.

b) construir uma ferramenta de fácil consulta que contenha as medidas e

tecnologias de prevenção aplicáveis, que permitam minimizar o impacto dos

óleos lubrificantes usados sobre o meio ambiente, bem como apresentar

formas de manuseio e destino adequados.

c) alertar os responsáveis por estas atividades e trabalhadores para as

questões da prevenção da poluição e implementação de tecnologias mais

limpas, como forma de obterem vantagens competitivas em mercados de

exigência crescente;

d) apresentar as vantagens de natureza técnica, ambiental e econômica que

advêm da aplicação das tecnologias ou das medidas de prevenção e

redução de resíduos na fonte;

e) Identificar os riscos que se apresentam durante o processo de troca de óleo

lubrificante automotivo e sua destinação, bem como sugerir práticas que

permitam que o próprio trabalhador possa controlá-los enquanto realiza sua

tarefa.

É um documento de fácil consulta que resume as melhores práticas,

medidas e tecnologias relativas ao processo de manuseio e troca de óleos

lubrificantes, tendo em conta os aspectos técnicos, de saúde e de natureza

ambiental.

8

1 OPERAÇÕES DE TROCA DE ÓLEO LUBRIFICANTE AUTOMOTIVO

As operações de troca de óleo lubrificante automotivo no cárter de

motores são processos passíveis de geração de contaminantes ao meio

ambiente e disseminadores de doenças ocupacionais, quando não realizadas

em condições apropriadas.

O atrito dos pistões dentro do motor e o calor gerado, causam o

desgaste do óleo lubrificante automotivo, exigindo sua substituição em certo

período. Durante o uso, os óleos lubrificantes vão perdendo suas

características originais. Além disso, parte do óleo lubrificante automotivo é

queimada no próprio motor, devendo ser reposto.

Antes do término da vida útil, todo o óleo lubrificante automotivo deve ser

substituído, originando, desta forma, o resíduo “óleo lubrificante automotivo

usado” e outros resíduos contaminados. No processo de troca, todo o óleo

lubrificante automotivo deve ser drenado para um tanque de acúmulo, para

posterior reaproveitamento. As formas adequadas de reciclagem do óleo

lubrificante automotivo usado, dependem da legislação em vigor e da

viabilidade técnica e econômica, desde que aprovadas pelo Órgão Ambiental

competente. A Figura 1 apresenta o fluxograma de troca de óleo lubrificante

automotivo.

1.1 Óleo Lubrificante Automotivo Os óleos lubrificantes automotivos são substâncias utilizadas para

lubrificar e aumentar a vida útil do motor. Os óleos lubrificantes básicos

(principal constituinte do óleo lubrificante automotivo acabado), em função da

fonte ou do processo pelo qual são produzidos, podem ser classificados, como:

óleos lubrificantes básicos minerais: obtidos através da destilação e

do refino do petróleo sendo classificados em parafínicos ou naftênicos,

dependendo do tipo de hidrocarboneto predominante em sua

composição;

9

5.RECOLOCAR PARAFUSO DO CARTER

OPERAÇÕES - ETAPASOPERAÇÕES - ETAPAS

6.ABASTECER COM ÓLEO NOVO

OPERAÇÕES - ETAPAS

7.FECHAR TAMPA DE ABASTECIMENTO DO ÓLEO8.VERIFICAR NÍVEL DO ÓLEO

OPERAÇÕES - ETAPAS

1.ABERTURA DO CAPÔ

OPERAÇÕES - ETAPAS

2.RETIRAR TAMPA DE ABASTECIMENTO DE ÓLEO E

VARETA DE NÍVEL

OPERAÇÕES - ETAPAS

3.RETIRAR PARAFUSO DO CARTER

OPERAÇÕES - ETAPAS

4.ESCOAR ÓLEO USADO

OPERAÇÕES - ETAPAS

Figura 1: Fluxograma de troca de óleo lubrificante automotivo

óleos lubrificantes básicos sintéticos: produzidos através de reações

químicas, obtendo-se produtos com propriedades adequadas às funções

lubrificantes;

óleos lubrificantes compostos ou semi-sintéticos: constituídos pela

mistura de dois ou mais tipos de óleos básicos.

Em geral, os básicos sintéticos têm, como vantagens sobre os básicos

minerais, maior estabilidade térmica e à oxidação, melhores propriedades a

baixas temperaturas e menor volatilidade. Em contrapartida, os básicos

minerais são muito mais baratos do que os sintéticos.

1.1.1 Funções e propriedades do óleo lubrificante automotivo

Óleo lubrificante automotivo tem como principal função evitar o contato

direto entre superfícies metálicas, reduzindo o atrito e suas conseqüências

como a geração de calor excessivo, o desgaste, ruídos e vibrações no cárter.

As principais funções dos óleos lubrificantes automotivos são:

lubrificar

refrigerar

limpar e manter limpo o motor

proteger o motor contra corrosão, desgaste e formação de ácidos no

interior do mesmo

auxiliar na vedação da câmara de combustão

As principais propriedades dos óleos lubrificantes automotivos são:

viscosidade - mede a dificuldade com que o óleo lubrificante automotivo

escorre (escoa). Quanto mais viscoso for um lubrificante (mais grosso),

mais difícil de escorrer, portanto, será maior a sua capacidade de

manter-se entre duas peças móveis, fazendo a lubrificação das mesmas.

A viscosidade dos lubrificantes não é constante, ela varia com a

temperatura. Quando esta aumenta, a viscosidade diminui e o óleo

lubrificante automotivo escoa com mais facilidade;

índice de viscosidade - mede a variação da viscosidade com a

temperatura;

11

densidade - indica o massa de um volume de óleo lubrificante

automotivo a uma determinada temperatura. É importante para indicar

se houve contaminação ou deterioração de um lubrificante.

1.1.2 Classificação dos óleos lubrificantes automotivos

Várias são as classificações, sendo que as principais são: SAE (Society

of Automotive Engineers) e API (American Petroleum Institute).

a) Classificação SAE: estabelecida pela Sociedade dos Engenheiros

Automotivos dos Estados Unidos, classifica os óleos lubrificantes pela sua

viscosidade, que é indicada por um número. Quanto maior este número, mais

viscoso é o lubrificante e são divididos em três categorias:

• Óleos lubrificantes de Verão: SAE 20, 30, 40, 50, 60

• Óleos lubrificantes de Inverno: SAE 0W, 5W, 10W, 15W, 20W, 25W

• Óleos lubrificantes multiviscosos (inverno e verão): SAE 20W-40, 20W-

50, 15W-50

Obs.: a letra "W" vem do inglês "winter" que significa inverno.

b) Classificação API: é a mais aceita internacionalmente e estabelece uma

codificação que, em geral, é constituída por duas letras.

A primeira letra pode ser S ou C e representa a aplicação automotiva:

− S (Spark Ignition ou Service) -refere-se a óleos lubrificantes para

motores de veículos leves a gasolina ou álcool,

− C (Compression Ignition ou Commercial) - refere-se a óleos

lubrificantes para motores do ciclo DIESEL (veículos pesados).

A segunda letra indica o desempenho do óleo lubrificante automotivo em

relação ao tipo do motor. Utiliza as letras alfabéticas conforme o tipo do

veículo.

12

O rótulo dos lubrificantes automotivos contém as classificações SAE e API

do produto comercializado. O consumidor deve seguir a recomendação do

fabricante do veículo, que está impressa no manual do proprietário.

1.2 Aditivos Os aditivos são substâncias empregadas para melhorar ou conferir aos

óleos lubrificantes básicos (principal constituinte do óleo lubrificante automotivo

acabado), propriedades adequadas a um lubrificante. O óleo lubrificante

automotivo é comercializado com a formulação completa e os aditivos são

parte integrante de sua composição e variam conforme a finalidade indicada.

Pode-se dividir os aditivos utilizados em óleos lubrificantes automotivos, pela

função que exercem (Quadro 1).

Quadro 1 - Função dos aditivos

TIPO DE ADITIVO FUNÇÕES

Antioxidantes (ditiofosfatos, fenóis, aminas)

retardar a oxidação dos óleos lubrificantes, que tendem a oxidar-se quando em contato com o ar

Detergentes/Dispersantes (sulfonatos, fosfonatos, fenolatos)

impedir a formação de depósitos de produtos de combustão e oxidação, mantendo-os em suspensão, sendo retirados pelos filtros ou quando da troca de óleo lubrificante automotivo

Anticorrosivos (ditiofosfatos de zinco e bário, sulfonatos)

neutralizar os ácidos que se formam durante a oxidação e que provocam a corrosão de superfícies metálicas

Antiespumantes (siliconas, polímeros sintéticos)

reduzir a formação de espumas pois os óleos lubrificantes agitados e contaminados tendem a formar espuma ao entrar no sistema de lubrificação

Rebaixadores de ponto de fluidez

reduzir a tendência ao congelamento, mantendo sua fluidez sob baixas temperaturas

Melhoradores de índice de viscosidade

Reduzir a tendência de variação da viscosidade com a variação de temperatura

Com o tempo de uso, os elementos aditivos do óleo lubrificante

automotivo são destruídos fisicamente ou ficam presos a outras substâncias

químicas. Enquanto efetuam a proteção do motor, eles são alterados

quimicamente, modificando suas características.

13

1.3 Óleo Lubrificante Automotivo usado ou contaminado São constituídos de moléculas inalteradas do óleo lubrificante

automotivo acabado (produto formulado a partir de óleos lubrificantes básicos),

produtos de degradação do óleo lubrificante automotivo básico, ácidos

orgânicos ou inorgânicos originados por oxidação, água originária da câmara

de combustão dos motores, hidrocarbonetos leves (combustível não

queimado), hidrocarbonetos polinucleares aromáticos (PNA), restos de aditivos

(fenóis, compostos de zinco, de cloro, de enxofre ou de fósforo), partículas

metálicas, ocasionadas pelo desgaste das peças em movimento e outros

contaminantes.

A Figura 2 apresenta o fluxograma do manejo do óleo lubrificante

automotivo no Brasil, conforme legislação em vigor.

Figura 2. Manejo de óleo lubrificante automotivo no Brasil

Fonte: ANP/adaptado IBAMA

O rerrefino e a coleta devem ser realizados por empresas cadastradas na ANP

(Agência Nacional do Petróleo). A Portaria ANP N° 127/99 determina que 30,00

% do volume de óleo lubrificante automotivo comercializado no Brasil seja

Refinaria RestauranteRestauranteRestaurante

Coletor

RerrefinoOutros Fins desde que

devidamente licenciados pelo OEMA

Consumidor

Óleo Básico

Óleo Básico

Óleo Lubrificante

Acabado

Óleo Lubrificante

AcabadoÓleo

LubrificanteAcabado

Óleo Lubrificante.

Usado ou Contaminado

(OLUC)

Óleo Lubrificante Usado ou

Contaminado

Óleo Lubrificante

Usado ou Contaminado

ÓleoBásicoRerrefinado

Revenda

RestauranteRestaurante

Produtores/ distribuidores

Importador

Refinaria RestauranteRestauranteRestaurante

Coletor

RerrefinoOutros Fins desde que

devidamente licenciados pelo OEMA

Consumidor

Óleo Básico

Óleo Básico

Óleo Lubrificante

Acabado

Óleo Lubrificante

AcabadoÓleo

LubrificanteAcabado

Óleo Lubrificante.

Usado ou Contaminado

(OLUC)

Óleo Lubrificante Usado ou

Contaminado

Óleo Lubrificante

Usado ou Contaminado

ÓleoBásicoRerrefinado

Revenda

RestauranteRestaurante

Produtores/ distribuidores

ImportadorImportador

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coletado e destinado ao rerrefino. O rerrefino é um processo industrial que

transforma o óleo lubrificante automotivo usado em óleo lubrificante básico,

principal matéria-prima na fabricação do óleo lubrificante acabado. O Brasil

consome, anualmente, cerca de 1.000.000 metros cúbicos (m3) de óleo

lubrificante automotivo acabado e gera 350.000 m3 de óleo lubrificante

automotivo usado. Dados relativos a 2004 revelam que a coleta nesse ano foi

de 240 milhões de litros, portanto, em torno de 24,0%. O volume de óleo

lubrificante automotivo usado coletado possibilitou, em 2004, a fabricação de

170 milhões de litros de óleo lubrificante automotivo básico rerrefinado

(Compromisso Empresarial para Reciclagem – CEMPRE, 2006)

O óleo lubrificante automotivo usado é utilizado para inúmeras

aplicações ilegais, tais como: queimado em substituição ao óleo combustível,

em correntes de motosserra, despejados diretamente na rede pública de

esgotos ou na rede de drenagem pluvial, em corpos hídricos ou no solo.

Embora proibida no Brasil, a queima é uma forma comum de desvio dos óleos

lubrificantes usados, coletados por empresas não licenciadas.

1.3.1 Setores geradores de óleo lubrificante automotivo usado ou contaminado

No Brasil, o local preferencial para a troca do óleo lubrificante automotivo

varia de um estado para outro, conforme o hábito cultural da região. Os

prestadores de serviços que, por sua atividade de manutenção de veículos,

geram óleo lubrificante automotivo usado ou contaminado, são considerados

geradores, uma vez que realizam a troca de óleo lubrificante automotivo. O

manuseio inadequado e problemas de vazamento na armazenagem ou na

movimentação dos óleos lubrificantes retirados dos veículos possuem elevado

potencial de poluição.

Gerador de óleo lubrificante automotivo usado ou contaminado é toda

pessoa física ou jurídica que, em decorrência de sua atividade, gera óleo

lubrificante automotivo usado ou contaminado.

A maior geração de óleos lubrificantes automotivos usados ou

contaminados, origina-se em:

15

• oficinas automotivas;

• postos combustíveis

• garagens;

• aeroportos; e

• embarcações.

Na maioria dos postos de combustíveis, onde há troca de óleo

lubrificante automotivo, e oficinas automotivas autorizadas existem controles e

procedimentos para a realização dessa atividade, com o objetivo de minimizar

os impactos ambientais e à saúde ocupacional.

2 EFEITOS NOCIVOS À SAÚDE E AO MEIO AMBIENTE

2.1 Efeitos Nocivos à Saúde Ocupacional Os óleos lubrificantes automotivos usados contêm produtos resultantes

de sua deterioração, tais como; compostos oxigenados (ácidos orgânicos e

cetonas), compostos aromáticos polinucleares de viscosidade elevada, resinas

e lacas. Além dos produtos de degradação, estão presentes no óleo lubrificante

automotivo usado os aditivos que foram adicionados ao básico no processo de

formulação de óleo lubrificante automotivo.

Os compostos químicos existentes nos óleos lubrificantes usados,

principalmente os metais pesados, produzem efeitos diretos sobre a saúde

humana e vários deles são cancerígenos. O contato e a exposição aos óleos

lubrificantes provocam lesões na pele. Estas afecções se devem à natureza

irritante destes produtos, assim como ao caráter agressivo de muitas

substâncias que integram a formulação dos mesmos. Portanto necessária a

supervisão e o acompanhamento do pessoal e dos trabalhos realizados no

setor, através da verificação in loco do controle de dados, de relatórios, das

especificações e das informações que são determinantes na indicação de

equipamentos de proteção individual apropriado.

Sob condições normais de uso, os óleos lubrificantes não apresentam

maiores riscos à saúde devido sua constituição química original. O risco à

saúde do trabalhador depende da relação homem-produto, que é minimizado

quando as instruções de segurança são seguidas corretamente. Mecânicos e

16

auxiliares que são expostos ao óleo lubrificante automotivo ou ao óleo

lubrificante automotivo usado de cárter, devem evitar o contato prolongado na

pele e a inalação de gases. Os efeitos sobre a saúde dependem dos

contaminantes presentes no óleo lubrificante automotivo e variam conforme a

marca e o tipo de óleo lubrificante automotivo, do combustível utilizado no

veículo, das condições operacionais do motor e do tempo ou da quilometragem

entre as trocas de óleo lubrificante automotivo.

Os maiores riscos à saúde ocupacional, durante a troca do óleo

lubrificante automotivo, ocorrem em condições severas, como as apresentadas

no Quadro 2.

Quadro 2: Riscos à saúde ocupacional e ações corretivas

Risco Ação Corretiva Inalação: os vapores de óleo lubrificante automotivo agem deprimindo o sistema nervoso podendo causar irritação das vias respiratórias, náuseas, dor de cabeça, tontura, vertigem e confusão mental.

Remover a vítima para local arejado. Procurar assistência médica imediatamente, levando o rótulo do produto, sempre que possível.

Ingestão: quando ingerido, o principal risco é a pneumonia química e o edema pulmonar, conseqüentes do desvio para a traquéia por influência da aspiração.

Não provocar vômito. Se a vítima estiver consciente, lavar a sua boca com água limpa em abundância e fazê-la ingerir água. Procurar assistência médica imediatamente, levando o rótulo do produto, sempre que possível.

Contato com a pele: Pode provocar irritação da pele, principalmente pela continuidade e pelo tempo do contato.

Retirar imediatamente roupas e sapatos contaminados. Lavar a pele com água em abundância, por pelo menos 20 minutos, preferencialmente sob o chuveiro de emergência. Procurar assistência médica imediatamente, levando o rótulo do produto, sempre que possível.

Contato com os olhos: Pode provocar irritação da conjuntiva, em caso de contato.

Lavar os olhos com água em abundância, por pelo menos 20 minutos, mantendo as pálpebras separadas. Usar de preferência um lavador de olhos. Procurar assistência médica imediatamente, levando o rótulo do produto, sempre que possível.

Ações preventivas:

• especificar, adquirir, implantar como obrigatório e fiscalizar

sistematicamente o uso de creme protetor da pele para todos os

envolvidos em atividades com óleo lubrificante automotivo;

• rever os EPIs relacionados sempre que houver troca de função;

17

• capacitar os trabalhadores sobre os riscos das áreas e meios de

controle disponíveis;

• nunca limpar partes do corpo com óleos lubrificantes;

• procurar imediatamente os primeiros socorros quando acontecerem

cortes ou arranhões;

• relatar ao superior qualquer forma de distúrbio na pele;

• manter chuveiros de emergência e lavador de olhos disponíveis.

• nunca deixar que as roupas de trabalho fiquem embebidas em óleo;

No Quadro 3 estão descritas as recomendações de EPIs pela atividade

desempenhada:

Quadro 3: Recomendações de EPIs pela atividade desempenhada

ATIVIDADE EPIs Encarregado de Oficina, Mecânico

Luva de Raspa Luvas impermeáveis Óculos de Segurança ou protetor facial Botina de Segurança com Biqueira de Aço Creme Protetor da Pele Óleo-Resistente Macacão de algodão

Frentista, operador e auxiliar

Luva de Raspa Luva impermeável Óculos de Segurança ou protetor facial Botas de Borracha Creme Protetor da Pele Óleo-Resistente Macacão de algodão

2.2 Efeitos Nocivos ao Meio Ambiente Os óleos lubrificantes não se dissolvem na água, não são

biodegradáveis, formam películas impermeáveis que impedem a passagem do

oxigênio e destroem a vida, tanto na água como no solo, e espalham

substâncias tóxicas que podem ser ingeridas pelos seres humanos de forma

direta ou indireta.

Os hidrocarbonetos saturados contidos nos óleos lubrificantes não são

biodegradáveis. No mar, o tempo de eliminação de um hidrocarboneto pode ser

de 10 a 15 anos. Apenas 1 litro de óleo lubrificante automotivo contamina

1.000.000 de litros de água e 5 litros de óleo lubrificante automotivo, se for

18

despejado sobre um lago por exemplo, seria suficiente para cobrir uma

superfície de 5.000 m2 com um filme oleoso, danificando gravemente o

desenvolvimento da vida aquática, além da bioacumulação de metais pesados.

A melhor maneira do usuário de veículo automotivo evitar o desperdício

e a poluição por óleo lubrificante automotivo, é fazer a troca em local

especializado e licenciado para este fim, onde o óleo lubrificante automotivo

usado deve ser adequadamente recolhido e encaminhado para o destino

adequado, conforme legislação ambiental vigente.

2.2.1 Principais resíduos gerados na troca de óleo lubrificante automotivo

Além do óleo lubrificante automotivo usado, durante as operações de

troca, é comum a geração de outros resíduos contaminados, uma vez que todo

material contaminado com óleo lubrificante automotivo, adquire classificação de

resíduo perigoso.

Principais resíduos que podem ser gerados durante a troca de óleo

lubrificante automotivo:

• Óleo lubrificado automotivo usado e contaminado;

• Embalagens contaminadas;

• Filtros usados e contaminados;

• Panos, estopas, trapos, areia, serragem e EPIs contaminados com óleo.

O óleo lubrificante automotivo usado é resultante da deterioração parcial

do produto acabado, que se reflete na formação de compostos, tais como,

ácidos orgânicos, compostos aromáticos polinucleares (potencialmente

carcinogênicos), resinas e lacas, além de outros contaminantes, que

potencializam o risco em relação ao produto acabado.

a) Contaminação da água

Se os óleos lubrificantes usados forem despejados na rede pública, de

esgoto ou pluvial, ou diretamente no corpo hídrico, devido à sua elevada

Demanda Química de Oxigênio (DQO), retiram da água o oxigênio dissolvido

19

necessário à manutenção do ecossistema aquático, dificultando o intercâmbio

de oxigênio com a atmosfera.

Apenas um litro de óleo lubrificante automotivo pode comprometer até

mil metros quadrados de superfície de água, com a formação de um filme na

superfície, dificultando as trocas gasosas e gerando sérios danos à flora e à

fauna aquática. Esta contaminação é devido à capacidade do óleo lubrificante

automotivo de se espalhar, com muita facilidade, na superfície da água. O óleo

lubrificante automotivo, também, pode aumentar em quatro vezes o seu

potencial poluente, por formar emulsão com a água e persistir por longos

períodos no ambiente.

O óleo lubrificante automotivo pode causar intoxicação na fauna

aquática pela presença de compostos como o tolueno, o benzeno e o xileno,

entre outros ou agir obstruindo fisicamente os tecidos, causando asfixia e

danos subletais, por impregnar na pele, nas brânquias ou em outras partes

vitais e acessórias. Outro risco comum é o impedimento da realização de

diversas funções metabólicas da fauna aquática, como respiração,

alimentação, excreção, homeostase, localização e movimentação (como as

nadadeiras de peixes), entre outras limitações.

b) Contaminantes do ar

A utilização do óleo lubrificante automotivo usado como combustível, só

ou misturado com fuel-oil, causa graves problemas de contaminação, os quais

só podem ser minimizados pela adoção de processos sofisticados de

tratamento para depurar os gases resultantes que se apresentam

contaminados com compostos de cloro, fósforo, enxofre, presentes no óleo

lubrificante automotivo, os quais devem ser depurados por via úmida. A

combustão não controlada de apenas 5 litros de óleo lubrificante automotivo

usado, ou misturada com fuel-oil, tornaria tóxico um volume de ar equivalente

ao que respira um adulto ao longo de 3 anos de sua vida.

As instalações destinadas a queimar óleo lubrificante automotivo usado

devem possuir um sistema depurador de gases eficiente, que são onerosos.

Outra alternativa é submeter o óleo lubrificante automotivo usado a um

20

tratamento químico de refino para eliminar previamente seus contaminantes,

passando necessariamente pelo licenciamento do órgão de controle ambiental.

O óleo lubrificante automotivo também é poluente em veículo com motor

desregulado, onde ocorre permeabilidade do óleo lubrificante automotivo do

compartimento do cárter para a câmara de combustão. Um dos sinais mais

evidentes de que o veículo está liberando níveis de poluição acima do normal é

a emissão de fumaça pelo escapamento.

c) Contaminação do solo

O derrame de óleo lubrificante automotivo usado no solo pode

contaminar as águas superficiais e subterrâneas num período que depende da

permeabilidade do solo, das características e do volume do óleo lubrificante

automotivo derramado.

Os hidrocarbonetos saturados contidos no óleo lubrificante automotivo

usado não são biodegradáveis. Recobrem o solo de uma película impermeável

que destrói o húmus vegetal e, por tanto, a sua fertilidade.

3 GERENCIAMENTO DO ÓLEO LUBRIFICANTE AUTOMOTIVO USADO

O Quadro 4 apresenta os resíduos provenientes do processo de troca de

óleo lubrificante automotivo e estratégias de gerenciamento.

Quadro 4 – Resíduos e estratégias de gerenciamento Resíduos Estratégias de Gerenciamento

Acondicionado em tambores sobre bacia de contenção (conforme figura 7) e local livre de intempéries.

Óleos lubrificantes usados e sem condições de uso Encaminhamento para empresa licenciada para

reciclagem de óleos lubrificantes ou rerrefino Separação Esgotamento do óleo lubrificante automotivo residualDisposição final: Aterro de Resíduos Perigosos, licenciados

Embalagens de óleo lubrificante automotivo Encaminhamento para empresa licenciada para

reciclagem de embalagens contaminadas

Peças e ferramentas Eliminação dos contaminantes: limpeza das peças com recolhimento do fluido de limpeza

21

com óleo lubrificante automotivo aderido

Encaminhamento do fluido de limpeza para empresa licenciada para disposição final de resíduos sólidos perigosos

Resíduos Estratégias de Gerenciamento Segregação na fonte Acondicionamento em embalagem identificada Armazenagem temporária em local fechado

Estopas com óleo lubrificante automotivo

Serragem com óleo

lubrificante automotivo

Disposição final: aterro para resíduos perigosos

Separação: sistema separador água/óleo Centrifugação para separar a fração oleosa: Água - reuso em processos de limpeza ou encaminhamento para tratamento em empresas licenciadas

Águas contaminadas com óleos lubrificantes

Óleo lubrificante automotivo - encaminhamento àindústria especializada em rerrefino

Segregação na fonte evitando contaminação Armazenamento adequado no local.

Resíduo não contaminado - Papel, plástico, papelão e madeira

Encaminhamento para a reciclagem

Armazenamento adequado no local Separação e triagem dos materiais Resíduos perigosos (contaminados com óleos, graxas, solventes, tintas e outros produtos químicos): disposição em aterros de resíduos perigosos

Materiais diversos misturados

Resíduos não perigosos: disposição em aterro de resíduos industriais não perigosos

3.1 Ambiente de Trabalho A separação na fonte é uma estratégia fundamental para garantir a

reciclagem de resíduos. A contaminação de qualquer resíduo com óleo

lubrificante automotivo usado pode inviabilizar técnica ou financeiramente o

gerenciamento. A segregação contribui para um menor volume de resíduos

perigosos a ser tratado ou disposto em Aterros de Resíduos Perigosos. Após a

separação na fonte, os resíduos devem ser adequadamente armazenados,

aguardando o encaminhamento ao tratamento ou a disposição final.

O resíduo mais perigoso na troca do óleo lubrificante automotivo é o óleo

lubrificante automotivo usado. Uma boa prática consiste em evitar os

derramamentos. É importante manter o local limpo e livre de contaminantes. No

caso de eventual derramamento, deve-se usar material absorvente e evitar o

uso de água para a limpeza. Esse material absorvente, após contato com o

22

óleo lubrificante automotivo usado, transforma-se também em resíduo classe I,

perigoso, e deve ser encaminhado para Aterros de Resíduos Perigosos. Todos

os tecidos, estopas e papelão utilizados em contato com óleo lubrificante

automotivo usado, são resíduos perigosos. Os tecidos têm uma vantagem

sobre as estopas pela viabilidade de serem lavados em lavanderias licenciadas

para este fim. Na limpeza dos motores e peças, todos os resíduos e lodos com

solventes ou combustíveis devem ser recolhidos e tratados como resíduos

perigosos.

Convém reutilizar os solventes quando suas condições e sua

composição o permitam.

As Figuras 3 e 4 apresentam duas situações de ambientes de uma

oficina automotiva com troca de óleo lubrificante automotivo. A Figura 3

destaca as situações de risco à saúde do trabalhador e ao meio ambiente,

agravadas pela ausência de boas práticas.

Figura 3 – Situação de risco à saúde e ao meio ambiente

A Figura 4 apresenta uma situação em que os riscos à saúde do

trabalhador e ao meio ambiente podem ser reduzidos por meio do

23

gerenciamento de resíduos, incluindo a coleta adequada do óleo lubrificante

automotivo usado e boas práticas. Toda a água contaminada com óleo

lubrificante automotivo deve ser encaminhada para o separador de água e

óleo.

Figura 4 – Boas práticas na troca de óleo lubrificante automotivo

Princípio de funcionamento da caixa separadora água/óleo: antes do

descarte da água na rede coletora, coloca-se um sistema de 3 tanques

interligados, com comportas que vão recolhendo a água e o óleo lubrificante

automotivo separadamente. No primeiro tanque é recolhida a água utilizada na

lavagem de peças e até do próprio automóvel, ainda com os produtos

contaminantes. Por diferença de densidade entre os líquidos, o óleo lubrificante

automotivo se acumula na parte superior deste primeiro tanque e o material

mais pesado se deposita no fundo. À medida que vai entrando mais água neste

24

tanque, o óleo lubrificante automotivo da superfície junto com a água,

transborda para o segundo tanque onde o lubrificante fica na superfície e a

água na parte debaixo, que é transferida por uma passagem inferior junto ao

fundo e de onde é recolhida para tratamento, reutilizada como água de

lavagem ou descartada para rede de esgotos, dependendo da qualidade da

água. O óleo lubrificante automotivo que fica na superfície é transferido para o

terceiro tanque e recolhido para reciclagem.

A Figura 5 apresenta um esquema mais detalhado de projeto da caixa

separadora água/óleo.

25

Figura 5: Projeto de uma caixa separadora água/óleo

Fonte: Cortesia empresa Sabó

26

3.2 Embalagens O tamanho da embalagem deve ser proporcional ao volume do óleo

lubrificante automotivo utilizado durante a troca.

A prática de colocar os frascos para escorrer o óleo lubrificante

automotivo residual e, posteriormente, encaminhá-lo ao rerrefino, já é uma

realidade em alguns postos e oficinas (Figura 6). Isto evita o descarte

inadequado de uma grande quantidade de óleo lubrificante automotivo no

ambiente.

Figura 6 - Prática de escorrimento de óleo lubrificante automotivo residual das embalagens

3.3 Armazenamento As áreas destinadas à armazenagem dos resíduos devem garantir

condições de segurança, até que este seja encaminhado para a disposição

final. Devem ser cobertas, a fim de evitar a ação da chuva e de outras

intempéries. A implantação de um sistema de drenagem para captação de

efluentes líquidos, que porventura sejam gerados acidentalmente ou durante

operações de limpeza, reduz os riscos de contaminação. Estas áreas devem

ser cercadas e distantes da circulação de pessoas, de veículos e de animais,

porém, deve ser de fácil acesso ao trabalhador.

A ventilação é outro fator importante a considerar, pois, em caso de

haver emissões de gases, estes terão condições favoráveis para a dispersão.

27

Estes locais devem oferecer condições adequadas, conforme

demonstrado na Figura 7, a fim de evitar a infiltração de substâncias químicas

no solo, caso haja derramamento ou vazamento.

Figura 7 - Bacia de contenção para tanque de armazenagem de óleo lubrificante automotivo

usado

3.4 Transporte O transporte rodoviário de óleo lubrificado usado, no Brasil, está

regulamentado pela Resolução ANTT n° 420 de 12/02/2004, que aprova as

Instruções Complementares ao Regulamento do Transporte Terrestre de

Produtos Perigosos. A responsabilidade pela classificação do produto,

considerado perigoso para o transporte, deve ser feita pelo seu fabricante ou

expedidor, orientado pelo fabricante, tomando como base as características

físico-químicas do produto.

Classe para alocação do óleo lubrificante automotivo usado, segundo

definição ONU:

Classe - 9 - substâncias perigosas diversas.

Número ONU de risco - 90

NÚMERO ONU - 3082 - substância que apresenta risco para o meio

ambiente, líquida, N.E.

No transporte em navios existe o código da International Maritime

Organazation (IMO), que determina regras para o armazenamento de

contêineres. No transporte aéreo, a regulamentação fica sob a

28

responsabilidade da International Association Transport Air (IATA), que

também possui regras e restrições para produtos químicos. Ambas adotam a

classificação da ONU.

Para o transporte de óleo lubrificante automotivo usado, há necessidade

de atender a certos requisitos:

Kit de segurança para emergência

Certificado de capacitação do veículo e tanque, emitido por entidade

credenciada pelo INMETRO

O condutor deve ter o curso de Movimentação de Produtos Perigosos

(MOPP), realizados por entidades credenciadas, como o SENAT

Ficha de emergência do produto que está sendo transportado

fornecida pelo fabricante.

Veículos em boas condições (pneus, lanternas, freios etc.)

3.4.1 Placas de sinalização para transporte de óleo lubrificante automotivo usado ou contaminado

Conforme Resolução ANTT Nº 420/2004, para o transporte de óleo

lubrificante automotivo usado, o veículo licenciado deve estar identificado com

painel retangular e pictográfico de identificação (Figura 8), conforme instruções

da Resolução.

3.4.2 Empresas coletoras de óleo lubrificante automotivo usado ou contaminado

O transporte de óleo lubrificante automotivo usado é uma atividade com

potencial de risco e somente poderá ser realizada por empresa devidamente

licenciada para este fim. As empresas transportadoras de óleo lubrificante

automotivo usado devem ser autorizadas pela ANP (Agência Nacional do

Petróleo). A busca por determinado coletor ou veículo, bem como empresas

autorizadas a realizarem o rerrefino, poderão ser realizadas através do site

http://www.anp.gov.br/petro/lubrificantes.asp, onde consta a relação atualizada.

Maiores informações podem ser conseguidas com a ANP via central de

atendimento, 0800 970 0267, ligação gratuita.

29

Pictográfico:

Figura 8: Painel retangular na cor laranja, número de risco e Numero ONU

3.5 Destinação Entre 1991 - 1993, a ONU financiou estudos sobre a destinação de

óleos lubrificantes usados. A principal conclusão desses estudos foi que a

solução para uma destinação segura de óleos lubrificantes usados é o

rerrefino.

Os óleos lubrificantes usados de base mineral não são biodegradáveis e

podem ocasionar sérios problemas ambientais quando não adequadamente

dispostos.

A Resolução CONAMA 362/2005 proíbe a queima e a incineração dos

óleos lubrificantes automotivos usados ou contaminados, pois isto

representaria a destruição de frações nobres de petróleo que se encontram no

lubrificante usado. A mesma Resolução não autoriza o aterramento de óleo

lubrificante usado. Ao contrário, determina que todo óleo lubrificante automotivo

usado ou contaminado deve ser coletado e destinado à reciclagem. Assinala

ainda, que a reciclagem deve ser realizada por meio do processo de rerrefino,

priorizando o aproveitamento de todos os materiais contidos no óleo lubrificante

automotivo usado.

O óleo lubrificante automotivo usado ou contaminado contém metais e

compostos altamente tóxicos e, por esse motivo, é classificado como resíduo

90 3082

30

perigoso (classe I), segundo a Norma 10.004 da ABNT. Não poder ser utilizado

como combustível, pois, sua queima libera, para a atmosfera, metais pesados

como cádmio, chumbo, níquel todos potencialmente carcinogênicos, além de

gases residuais e particulados.

A questão da reciclagem de óleos lubrificantes usados ganha cada vez

mais espaço no contexto da conservação ambiental, principalmente nos países

desenvolvidos. Na França e na Itália, um imposto sobre os óleos lubrificantes

custeia a coleta dos mesmos. Em outros países, esse suporte vem de

impostos para tratamento de resíduos em geral. Nos Estados Unidos e

Canadá, normalmente, é o gerador do óleo lubrificante automotivo usado quem

paga ao coletor pela retirada do mesmo.

No Brasil, em conformidade com a Resolução CONAMA N°362/2005, o

produtor e o importador de óleo lubrificante automotivo acabado deverão

coletar ou garantir a coleta e dar a destinação ao óleo lubrificante automotivo

usado ou contaminado, de forma proporcional em relação ao volume total de

óleo lubrificante automotivo acabado que tenham comercializado. Todo o óleo

lubrificante automotivo usado ou contaminado coletado deverá ser destinado à

reciclagem por meio do processo de rerrefino. Fica a critério do órgão

ambiental competente licenciar outro processo tecnológico, com eficácia

ambiental comprovada equivalente ou superior ao rerrefino.

3.6 Aspectos Econômicos

O beneficio do gerenciamento no processo está ligado diretamente à

qualidade da coleta seletiva. Separando o óleo lubrificante automotivo usado

pelo teor de impurezas e contaminantes, otimiza-se o processo com redução

nos custos de reciclagem e disposição final. No Brasil, para o óleo lubrificante

automotivo usado ou contaminado ser viável para o rerrefino, o teor de água

deverá estar no máximo em 5 %.

Em um primeiro momento, a segregação e reciclagem do óleo

lubrificante automotivo contribuem, nos aspectos biológicos, físicos e químicos,

reduzindo a poluição do solo, água e ar. A segregação ajuda a manter a

limpeza do ambiente e a reciclagem eleva a qualidade de vida da população,

contribuindo com aumento na vida útil de aterros sanitários, valorizando o

serviço do rerrefinador.

31

No aspecto social, a reciclagem é importante, gerando emprego e renda

com a coleta, o transporte e o rerrefino, contribuindo com a formação de uma

sensibilização para a questão ambiental.

O rerrefino surgiu como uma maneira de reintroduzir no sistema uma

parte da matéria e da energia que se tornaria lixo. Assim, os óleos lubrificantes

usados são coletados, separados e regenerados para utilização como matéria-

prima, os quais eram feitos anteriormente com matéria-prima virgem. Dessa

forma, os recursos naturais ficam menos comprometidos.

A segregação dos resíduos facilita sua valorização e melhora a gestão

dos recursos naturais. Convém segregar os resíduos com vistas a sua

reutilização ou reciclagem, evitando sua contaminação.

O óleo lubrificante automotivo, por ser um dos derivados do petróleo que

não é totalmente consumido durante o seu uso, gera o óleo lubrificante

automotivo usado, durante sua troca. Este resíduo, se despejado na natureza

gera grande impacto, tornando-se um risco ao meio ambiente, com reflexos à

sociedade e à economia. Em contrapartida, todo o óleo lubrificante automotivo

usado encaminhado para o rerrefino, por meio da remoção de contaminantes e

aditivos, além de não ir para a natureza, retoma as características de óleos

lubrificantes básicos.

A Resolução Conama N°362/05, em seus Art. 6° e 7° disciplina quanto à

coleta e encaminhamento do óleo lubrificante automotivo usado para rerrefino e

fixa o percentual mínimo de 30% em relação ao óleo lubrificante automotivo

acabado comercializado. Devido à distância e pulverização dos geradores em

relação aos coletores e rerrefinadores, os estados das regiões Norte e

Nordeste ficam desassistidos pelas empresas produtoras e importadoras, que

concentram o percentual estabelecido de recolhimento de 30 % nos estados

onde estão instaladas as empresas de rerrefino.

Os serviços de coleta e rerrefino são uma grande oportunidade de

negócio com geração de emprego e renda, além de incentivar a redução da

poluição ambiental e contribuir com a redução de consumo de bens não

renováveis.

32

4 AÇÕES DE PRODUÇÃO MAIS LIMPA NA GESTÃO DE ÓLEOS LUBRIFICANTES AUTOMOTIVOS

A minimização na geração de resíduos na fonte requer disseminação

cultural entre todos os envolvidos no processo da troca do óleo lubrificante

automotivo e comprometimento nas atitudes das pessoas e na organização das

operações.

A redução na geração implicaria reduzir as trocas de óleo lubrificante

automotivo no motor do carro ou reduzir seu volume. No Brasil, estes fatores

não são de domínio do usuário, uma vez que, quem define os períodos de

troca e o volume a ser utilizado são os fabricantes dos carros. Estas

orientações fazem parte do Manual do Proprietário e são seguidas pelo

usuário, sob condição de perda da garantia de fábrica caso não seja seguido.

Em outros paises da América Latina, Europa e EUA, o usuário do carro pode

monitorar a viscosidade do óleo lubrificante automotivo, por meio de um

viscosímetro e substituir quando este atinge um valor limite.

As ações aqui descritas se referem à melhoria no processo da troca de

óleo lubrificante automotivo e a introdução de novas tecnologias.

4.1 Melhorias no Processo no Troca no Óleo Lubrificante Automotivo As boas práticas no processo de troca de óleo lubrificante automotivo

são normalmente bem aceitas pelos empresários e trabalhadores devido ao

baixo custo de investimento e pelos rápidos resultados alcançados, com

alterações simples no processo da troca do óleo lubrificante automotivo.

A hierarquia para gestão de resíduos:

• Minimizar a contaminação do solo e água

• Reduzir o consumo de água e de recursos energéticos.

• Diminuir o volume de resíduos gerados e facilitar a reciclagem.

• Reduzir custos de disposição final de resíduos perigosos.

• Melhorar os aspectos relativos à saúde do trabalhador.

• Melhor a qualificação dos recursos humanos na gestão ambiental

• Melhorar competitividade através da imagem da empresa na

sociedade.

33

Figura 9: Hierarquia para gestão de resíduos

A separação dos resíduos na fonte (segregação), utilizando lixeiras

identificadas para cada tipo de resíduo, contribui com a reciclagem de resíduos

no ambiente da troca de óleo lubrificante automotivo. Informações sobre código

de cores para lixeiras, encontram-se na Resolução N° 275 do CONAMA, de 25

de abril 2001.

4.2 Introdução de Novas Tecnologias Os avanços em desenvolvimento de novos produtos ainda são pouco

expressivos considerando aos efeitos agressivos ao meio ambiente. Os óleos

lubrificantes não são totalmente consumidos durante o seu uso, implicando em

geração crescente do óleo lubrificante automotivo contaminado. Fabricantes de

aditivos e formuladores de óleos lubrificantes vêm trabalhando no

desenvolvimento de produtos com maior vida útil, o que tende a reduzir a

geração de óleos lubrificantes usados. No entanto, com o aumento da

aditivação e da vida útil do óleo lubrificante automotivo, crescem as

dificuldades no processo de regeneração após o uso.

Em alguns estados brasileiros, há um sistema de troca de óleo

lubrificante automotivo chamado jet oil, onde o lubrificante fica armazenado em

tanques ou tonéis e é vendido a granel, evitando a geração de embalagens. A

Figura 10 apresenta o abastecimento de óleo lubrificante automotivo a granel.

34

Figura 10 - Abastecimento do óleo lubrificante automotivo a granel

35

5 BIBLIOGRAFIA

AGENCIA PARA SUBSTANCIAS TÓXICAS E O REGISTRO DE

ENFERMIDADES. (ATSDR). 1997. Reseza Toxicológica del Aceite Usado del

Cárter. Atlanta, GA: Departamento de Salud y Servicios Humanos de los

EE.UU., Servicio de Salud Pública.

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AUTONOR. Disponível em:

<http://www.mecanicaonline.com.br/especiais/autonor_2005.htm >

CASTROL. Curso Básico de Lubrificação. Disponível em:

< http://laves.com.br/lermais_news_centro.php?cd_news=31>

CEMPRE. Óleo lubrificante automotivo usado: mercado para rerrefino.

Disponível em: < http://www.sucatas.com/Pesqescolar.shtml>

Documento de Difusion. Opciones de Gestion Ambiental - Sector Talleres

Automotrices. Intec, Chile. 1998

EPA, Code of Federal Regulations, Title 40 Protection of Environment, Part 279

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GUEDES, C. L. B. Intemperismo fotoquímico de petróleo sobre água do mar:

Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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Brevigliero, José Possebon e Robson Spinelli; Editora SENAC, 2006.

INDÚSTRIA PETROQUÍMICA DO SUL. Óleo lubrificante automotivo usado.

Disponível em: <http://www.petroquimicasul.com.br/usados.htm>

36

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<www.ipiranga.com.br/petroleo/distribuição/download/cartilha.pdf>

KATAOKA, A.P.A.G. Biodegradação de resíduo oleoso de refinaria de petróleo

por microorganismos isolados de landfarming. Rio Claro: 2001

MARTINEZ, 2005. Guia para la gestión integral de residuos peligrosos. Fichas

Temáticas – Tomo II. Montevideo, 2005.

MELO, J.S. & AZEVEDO, J.L. Microbiologia ambiental. Jaguariúna: EMBRAPA,

1997. 440p.

NOGUEIRA, C. O Planeta Tem Sede.

Oficinas Independentes. Disponível em: <http://www.abrive.org.br>

Óleo lubrificante automotivo usado - Mercado para rerrefino. Disponível em: <

http://www.cempre.org.br/fichas_tecnicas_oleo.php>

ÓLEOS lubrificantes. Revista Meio Ambiente Industrial, 2001. Disponível em:

<http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=residuos/index.php3

&conteud...>.

SABÓ. Caderninho Sabó, n. 43, nov. 2004. Disponível em:

<http://www.sabo.com.br/Caderninho/pdf/43.pdf>. Acesso em: 24 ago. 2006.

Segurança e Medicina do Trabalho - Manual de Legislação Atlas; 2006, 59ª

edição.

SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE DERIVADOS DE PETRÓLEO.

Crime Ambiental Sobre o Óleo lubrificante automotivo para Queima, 2003.

Disponível em: < http://www.sindipetroleo.com.br/index.php?mat=173>

37

Technical guidelines on used oil re-refining or other re-uses of previously used

oil. Secretariat of the Basel Convention.

SITES IMPORTANTES:

Agência Nacional do Petróleo - http://www.anp.gov.br

Ministério do Meio Ambiente - http://www.mma.gov.br

38

6 ANEXO

6.1 ANEXO I: Legislação Aplicável

a) Legislação Federal:

• LEI FEDERAL N° 6.938, de 31 de agosto de 1981: Dispõe sobre a

Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de

formulação e aplicação, e dá outras providências.

• LEI FEDERAL No 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998: Dispõe

sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e

atividades lesivas ao meio ambiente, e da outras providencias.

Art. 2° . Quem, de qualquer forma, concorre para a pratica dos

crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na

medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o

membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o

preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta

criminosa de outrem, deixar de impedir a sua pratica, quando podia

agir para evita-la.

• Decreto Federal Nº 3.179, de 21 de Setembro de 1999: Dispõe

sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas e

atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

Capítulo I Das Disposições Preliminares Art 1º Toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso,

gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente é

considerada infração administrativa ambiental e será punida com as

sanções do presente diploma legal, sem prejuízo da aplicação de

outras penalidades previstas na legislação.

• RESOLUÇÃO ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) Nº 420, de 12 de fevereiro de 2004: Aprova as

39

Instruções Complementares ao Regulamento do Transporte Terrestre

de Produtos Perigosos. A Responsabilidade pela classificação do

produto considerado perigoso para o transporte deve ser feita pelo

seu fabricante ou expedidor, orientado pelo fabricante, tomando

como base as características físico-químicas do produto.

• RESOLUÇÃO CONAMA Nº 362, de 23 de junho de 2005: Dispõe sobre o Rerrefino de Óleo Lubrificante.

Art. 1º Todo óleo lubrificante automotivo usado ou contaminado deverá

ser recolhido, coletado e ter disposição final, de modo que não afete

negativamente o meio ambiente e propicie a máxima recuperação dos

constituintes nele contidos, na forma prevista nesta Resolução.

b) Normas Brasileiras:

• NBR 10.004 (2004) – Resíduos Sólidos – Classificação

40

6.2 ANEXO II: Diagnóstico Local

Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que as empresas

pesquisadas possuem diferentes níveis de informação. Apenas uma empresa

classificada como uma grande empresa, possui estrutura técnica e recursos

para investir mais fortemente na área ambiental, buscando novas tecnologias,

exigindo de seus fornecedores licenças ambientais, capacitando seus

funcionários para essas questões.

As pequenas empresas, por sua vez, carecem de informações e

entendimento relacionado a produtos e resíduos perigosos, formas de

manuseio, tratamento e disposição final deste material, bem como de aspectos

relacionados à saúde e segurança.

A questão da minimização do impacto ambiental gerado por resíduos

permeia todas essas frentes de trabalho. O segmento amostrado possui muitas

carências, como foi evidenciado ao longo deste diagnóstico. O maior desafio é

como proceder a coleta do óleo lubrificante usado, uma vez que as empresas

de rerrefino estão fora do estado, distantes das fontes geradoras desse

resíduo.

Pela falta de conhecimento geral, incluindo a legislação ambiental

vigente, muitos fatores podem ser trabalhados como, por exemplo, capacitação

dos operários sobre os produtos usados nos processos, a importância da

arrumação e limpeza do ambiente de trabalho e coleta do óleo lubrificante

usado, que pela Rosolução do CONAMA nº 362/05 é de responsabilidade do

fabricante. Portanto, para a coleta e destino do óleo lubrificante usado, deve

ser contactado o fabricante, que é desconhecida pelo setor.

O diagnóstico mostrou que falta uma capacitação desde o operário até o

proprietário. Esse processo educacional passa por estágios que envolvem

tópicos tais como: conhecimento do negócio enfocando a responsabilidade

social, aspectos de higiene e segurança do trabalho, cidadania e a legislação

ambiental vigente, entre outros, que podem ser trabalhados pelo CNTL SENAI.

41

6.3 ANEXO III: Glossário

Gerador: pessoa física ou jurídica que, em decorrência de sua atividade, gera

óleo lubrificante automotivo usado ou contaminado.

Lubrificar: é aplicar uma substância (lubrificante) entre duas superfícies em

movimento relativo, formando uma película, que evita o contato direto entre as

superfícies, promovendo diminuição do atrito, e conseqüentemente o desgaste

e a geração de calor.

Óleo lubrificante automotivo: líquido obtido por destilação do petróleo bruto.

Os óleos lubrificantes são utilizados para reduzir o atrito e o desgaste de

engrenagens e peças, desde o delicado mecanismo de relógio até os pesados

mancais de navios e máquinas industriais.

Óleo lubrificante automotivo básico: principal constituinte do óleo lubrificante

automotivo acabado, que atenda a legislação pertinente.

Óleo lubrificante automotivo acabado: produto formulado a partir de óleos

lubrificantes básicos, podendo conter aditivos.

Óleo lubrificante automotivo usado ou contaminado: óleo lubrificante

automotivo acabado que, em decorrência do seu uso normal ou por motivo de

contaminação, tenha se tornado inadequado à sua finalidade original.

Reciclagem: processo de transformação do óleo lubrificante automotivo usado

ou contaminado, tornando-o insumo destinado a outros processos produtivos.

Recolhimento: é a retirada e armazenamento adequado do óleo lubrificante

automotivo usado ou contaminado do equipamento que o utilizou até o

momento da sua coleta, efetuada pelo revendedor ou pelo próprio gerador.

Rerrefinador: pessoa jurídica, responsável pela atividade de rerrefino,

devidamente autorizada pelo órgão regulador da indústria do petróleo para a

atividade de rerrefino e licenciada pelo órgão ambiental competente.

Rerrefino: categoria de processos industriais de remoção de contaminantes,

produtos de degradação e aditivos dos óleos lubrificantes usados ou

42

contaminados, conferindo aos mesmos, características de óleos lubrificantes

básicos, conforme legislação específica.

Revendedor: pessoa jurídica que comercializa óleo lubrificante automotivo

acabado no atacado e no varejo tais como: postos de serviço, oficinas,

supermercados, lojas de autopeças, atacadistas, etc.

43

6.4 ANEXO IV: Perguntas e Respostas

a) Por que o óleo lubrificante automotivo fica contaminado? as

substâncias químicas extras formadas durante sua vida dentro do motor,

acabam se tornando parte dele, contaminando-o e alterando suas

propriedades lubrificantes. Isso ocorre porque:- o combustível queimado

e o não queimado ficam em circulação no sistema de lubrificação,

diminuindo a capacidade do óleo lubrificante automotivo de suportar

altas temperaturas- são formadas partículas de fuligem oriundas da

combustão e também da queima de alguma porção de lubrificante

quando este atinge as partes mais quentes do motor.- devido à alta

variação de temperatura (quando um motor aquece e esfria) a umidade

do ar é atraída para dentro do motor. Esta umidade se condensa

formando gotas de água que se misturam ao óleo lubrificante

automotivo, criando ácidos moderados.

b) Queimar, ou jogar fora, óleo lubrificante automotivo usado é crime? Sim,

é crime utilizar lubrificante usado, o denominado “óleo queimado” como

combustível ou despejá-lo fora em terras ou águas. Há enquadramento

previsto na Lei 9.605/98, que trata dos crimes ambientais, em seus

artigos 54 e 56, bem como no Decreto 3.179/99 que regulamentou a

referida Lei. Queimar ou jogar fora também expõe quem o faz às

cominações previstas na Resolução CONAMA nº 362/05 e Portaria ANP

nº 127/99. É igualmente crime, previsto nos artigos da Lei antes

mencionada, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar,

ter em depósito ou usar óleos lubrificantes usados ou contaminados em

desacordo com as exigências estabelecidas na Resolução CONAMA

362/05 e Portaria ANP nº 127/99.

c) Onde devo trocar o óleo lubrificante automotivo do meu veículo? A troca

de óleos lubrificantes em veículos automotores deve ser feita

preferencialmente nos Postos de Serviço, pois estes possuem

instalações adequadas à troca e estocagem do óleo lubrificante

automotivo usado, sendo fiscalizados pelos órgãos de proteção

ambiental. A troca também pode ser feita em oficinas especializadas, ou

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nas revendas autorizadas de veículos, desde que existam condições

para fazer a troca com segurança e guardar em depósitos o lubrificante

usado e contaminado.

d) Sou agricultor, não posso levar minha colheitadeira ou trator até um

Posto de Serviços. Como procedo, então? A troca do óleo lubrificante

automotivo em tratores, colheitadeiras e outros equipamentos agrícolas

deve ser realizada com muito cuidado, para que não ocorra nenhum

vazamento. Pode ser feita no galpão, ou na própria lavoura quando

imperativo, recolhendo-se os óleos lubrificantes velhos e guardando-os

em tambores, onde estavam originalmente embalados. Os tambores

devem ficar em local coberto, sem contato direto com o chão, com os

bujões fechados, e seu conteúdo pode ser encaminhado para um Posto

de Serviços ou, então, entregue para um Coletor autorizado. A regra

geral, a ser observada, é não deixar que nenhuma quantidade, nenhuma

gota, caia no solo.

e) O que faço com os lubrificantes usados ou contaminados gerados na

minha indústria? Além de adotar todos os cuidados para a preservação

ambiental, quando da troca e estocagem dos óleos lubrificantes usados,

os mesmos devem ser separados por tipos: hidráulicos, transmissão,

isolantes, etc. Podem ser guardados em tambores ou tanques, longe de

fontes de calor, em local abrigado e de fácil acesso, até a retirada, que

só pode ser feita por um Coletor Autorizado. Jamais devem ser

misturados a solventes, principalmente os clorados, ou com emulsões

oleosas ou produtos químicos diversos. Convém lembrar que a queima

ou o descarte dos mesmos é expressamente proibido, e pode gerar

muitas incomodações através de multas e processos de crime

ambiental.

f) Tenho frota de veículos, e faço a troca de óleo lubrificante automotivo

dos mesmos. Como devo agir? Empresas de transporte, frotas de táxi,

Prefeituras e outras atividades que realizam a troca de óleo lubrificante

automotivo de seus veículos e equipamentos, devem agir da mesma

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forma que os outros geradores de lubrificantes usados: troca e

estocagem cuidadosas, com alienação para Coletor Autorizado.

g) Tenho um Posto de Serviços. Quais os riscos que corro entregando o

óleo lubrificante automotivo usado para fundição ou coletor não

autorizado pela ANP? A sua responsabilidade, pelo mau emprego do

óleo lubrificante automotivo usado, permanece mesmo depois dele ser

retirado do seu Posto. Se ele for despejado fora, ou queimado em

maçaricos de fundição, e houver denúncia ou a descoberta de tais

crimes ambientais, os processos decorrentes atingirão os proprietários e

responsáveis pelo Posto que fez a entrega do óleo lubrificante

automotivo para quem não possui autorização. A incomodação é

grande: Órgãos Ambientais Estaduais e Municipais, Promotoria Pública,

ANP, Polícia, IBAMA, além de caracterizar possível crime de sonegação

fiscal pois a saída de óleo lubrificante automotivo usado só é isenta de

ICMS se realizada para rerrefinador ou Coletor Autorizado.

h) Quem pode coletar e transportar lubrificantes usados? Somente quem

possui registro como Coletor de Óleos Lubrificantes Usados ou

Contaminados expedido pela Agência Nacional do Petróleo – ANP, e

licença para transporte de produtos perigosos, fornecido pelo órgão

ambiental estadual. Não basta apresentar apenas a licença do órgão

estadual: é absolutamente necessário o registro federal, concedido pela

ANP - Agência Nacional do Petróleo. É importante salientar que todo o

veículo coletor de óleo lubrificante automotivo usado deve ter, nas

laterais e parte traseiras do tanque, os seguintes dizeres: ÓLEO

LUBRIFICANTE AUTOMOTIVO USADO – COLETOR AUTORIZADO

ANP Nº (número igual ao constante no registro apresentado).

i) Quais os documentos que devo exigir de um Coletor Autorizado? Além

de apresentar a licença do órgão ambiental estadual e o registro de

Coletor da Agência Nacional do Petróleo – ANP, o coletor de óleo

lubrificante automotivo usado deverá preencher, a cada retirada de óleo

lubrificante automotivo, o Certificado de Coleta de Óleo lubrificante

automotivo Usado, nos moldes previstos na Portaria nº 127/99 da ANP

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(ver Modelo do Certificado em Portaria ANP 127/99), deixando a

primeira via com o gerador do óleo lubrificante automotivo. Tal

documento comprova, para a fiscalização, a correta disposição do óleo

lubrificante automotivo usado, e deve ser arquivado à parte, juntamente

com as Notas Fiscais de compra do óleo lubrificante automotivo novo.

j) Qual o consumo de óleos lubrificantes no Brasil? - O consumo médio

anual de óleos lubrificantes no Brasil tem sido de 1.000.000.000 (um

bilhão de litros), englobando todos os tipos automotivos e industriais.

k) Qual a quantidade de lubrificante usado recolhido legalmente no Brasil?

- A quantidade de lubrificantes usados coletada de acordo com o que

manda a legislação é ainda pequena: 240.000.000 (duzentos e quarenta

milhões) de litros por ano.

l) O que fazer para melhorar o desempenho da coleta? Todos podem

contribuir positivamente. A resposta é fácil: cumprir a legislação

ambiental, impedindo o descarte ou a queima dos óleos lubrificantes

usados, que devem ser encaminhados para um Coletor Autorizado. A

maioria dos que desencaminham os óleos lubrificantes usados

desconhece que são produtos tóxicos e o perigo que eles representam,

bem como a existência de pesadas sanções para quem descumpre a

legislação pertinente.