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MINISTÉRIO DA DEFESA BATALHÃO DE ENGENHARIA EXTRATO DA PARTE DE OPERAÇÕES DO LIVRO HISTÓRICO DO BATALHÃO DE ENGENHARIA DA TROPA DE REFORÇO DO CFN (Páginas nº 3 e 4). OPERAÇÃO GRAVIOLA (1966) De 24 de Novembro a 20 de Dezembro, o Batalhão tomou parte em um Grupamento de Embarque, realizando uma ação anfíbia, na área do 3º DN, apoiando o Grupamento do Nordeste, sob o comando do CC (FN) Wagner Wolney Magalhães e fornecendo um Pelotão de Pioneiros, sob o comando do Segundo-Tenente (FN) Virgílio Rodrigues Lopes de Oliveira e um grupo de lançamento de Esteiras, sob o Comando do Segundo-Tenente (FN) Edson da Silva Nunes Filho. O transporte da tropa foi efetuado pelo Navio-Transporte “Soares Dutra” e durante o exercício, no dia 06 de Dezembro, às 05:00 h, quando do início do movimento do navio para a terra, uma EDVP afundou na região do Cabo - Recife. FATALIDADE (O ANFÍBIO, MARÇO 1967 PÁG. 15) Nove Fuzileiros mortos foi o saldo negativo da Operação Graviola. Pela primeira vez a História do Corpo Fuzileiro Navais registra uma fatalidade em exercício de desembarque. O Corpo de Fuzileiros Navais, encarregado na Marinha pelo adestramento tático e técnico das Forças de Desembarque, realiza anualmente um determinado número de exercícios de desembarque, familiarizando seu pessoal com os segredos da Guerra Anfíbia, missão básica da Corporação.

Operação Graviola 1966

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História

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Page 1: Operação Graviola 1966

MINISTÉRIO DA DEFESA

BATALHÃO DE ENGENHARIA

EXTRATO DA PARTE DE OPERAÇÕES DO LIVRO HISTÓRICO DO BATALHÃO

DE ENGENHARIA DA TROPA DE REFORÇO DO CFN (Páginas nº 3 e 4).

OPERAÇÃO GRAVIOLA (1966)

De 24 de Novembro a 20 de Dezembro, o Batalhão tomou parte em um Grupamento de

Embarque, realizando uma ação anfíbia, na área do 3º DN, apoiando o Grupamento do Nordeste,

sob o comando do CC (FN) Wagner Wolney Magalhães e fornecendo um Pelotão de Pioneiros,

sob o comando do Segundo-Tenente (FN) Virgílio Rodrigues Lopes de Oliveira e um grupo de

lançamento de Esteiras, sob o Comando do Segundo-Tenente (FN) Edson da Silva Nunes Filho.

O transporte da tropa foi efetuado pelo Navio-Transporte “Soares Dutra” e durante o

exercício, no dia 06 de Dezembro, às 05:00 h, quando do início do movimento do navio para a

terra, uma EDVP afundou na região do Cabo - Recife.

FATALIDADE (O ANFÍBIO, MARÇO 1967 PÁG. 15)

Nove Fuzileiros mortos foi o saldo negativo da Operação Graviola. Pela primeira vez a

História do Corpo Fuzileiro Navais registra uma fatalidade em exercício de desembarque.

O Corpo de Fuzileiros Navais, encarregado na Marinha pelo adestramento tático e técnico

das Forças de Desembarque, realiza anualmente um determinado número de exercícios de

desembarque, familiarizando seu pessoal com os segredos da Guerra Anfíbia, missão básica da

Corporação.

Page 2: Operação Graviola 1966

Na Operação Graviola, exercício realizado no litoral pernambucano, o “destino” e como

que querendo provar a força do Criador sobre a criatura, escolheu nove Fuzileiros pertencentes a

uma das unidades mais bem adestradas em operações anfíbias, para sua prova fatal.

O exercício transcorria normal, estava sendo feito o transbordo, isto é, a passagem de

pessoal e material do navio para as pequenas embarcações denominadas EDVP (Embarcação de

Desembarque de Viatura e Pessoal). O mar agitado jogava as pequenas embarcações contra o

costado do navio. Isto não constituía problema, já que a finalidade do exercício é o preparo do

pessoal para o desembarque em qualquer situação. Ao afastar-se do navio a 5 vaga (conjunto de

embarcações...),heis que a rampa da embarcação número 2 dessa vaga abre-se abruptamente,

levando consigo para as profundezas do oceano 31 homens armados e equipados. Não fora a

perícia, o sangue frio e a habilidade profissionais desses homens do mar - marinheiros e fuzileiros

- preparados psicologicamente e tecnicamente para enfrentar o perigo, maior teria sido o número

de mortos. Imagine o quanto é difícil desvencilhar-se de todo uniforme e equipamento num

momento como esse, quando apanhado de surpresa. Embora o homem aprenda como fazê-lo, a

surpresa é traiçoeira.

Dominada situação verificou-se que 9 homens morreram. Morreram não por falta de

preparo, técnico ou habilidade, mas por que enfrentaram um inimigo invencível e quando isto

acontece não há preparo, não há técnica, não há nada capaz de alterar o resultado da luta, a morte.

Morrer lutando é o ideal do guerreiro e a um Fuzileiro, o cumprimento do dever é o que

mais significa. Eles tombaram nesse cumprimento. Suas mortes não foram choradas, pois é sabido

pêlo Fuzileiros Naval que, como disse Ruy Barbosa: “A morte não extingue: transforma; não

aniquila: renova; não divorcia: aproxima”.Com esta filosofia os FUZILEIROS NAVAIS

saudaram seus mortos ao conduzi-los à derradeira morada dizendo “companheiros! Desse mundo

invisível a que fostes conduzidos, dessa região de verdade em que tudo vê e compreende,

transformados, renovados os mais próximos estareis presente todos os instantes do CORPO DE

FUZILEIROS NAVAIS, pois soubestes ser Fuzileiros”.

Page 3: Operação Graviola 1966

FORAM VÍTIMAS FATAIS OS SEGUINTES MILITARES

SGT DÉLIO

FN – 58.1336.6 – 3º SG EG - JOÃO DÉLIO DOS SANTOS,

natural do estado de Sergipe, onde nasceu no dia 28 de março de 1940.

Filho de Daniel Paulo dos Santos e de Dona Júlia Lima dos Santos.

Ingressou no Corpo de Fuzileiros Navais em novembro de 1958. Era

especialista em Engenharia de Campanha e nessa especialidade foi

promovido a Terceiro Sargento em maio de 1964, era casado e deixou

mulher e filho.

CB FRANCISCO

FN – 60.1385.6 – CB EG – MANOEL FRANCISCO DE LIMA,

nasceu no estado de Pernambuco em 08 de dezembro de 1940. Filho de

José Belmiro de Lima e de Dona Maria Francisco de Lima. Ingressou no

Corpo de Fuzileiros Navais em outubro de 1960, realizou os seguintes

cursos: Curso de Formação de Soldado, Curso Preliminar de

Especialização, Curso Básico de Especialização e Curso de Combate a

incêndio. Era especialista em Engenharia de campanha, e foi promovido a

cabo em julho de 1965, era casado.

Page 4: Operação Graviola 1966

SD JOAQUIM

FN – 61.1048.6 – SPC EG – JOSÉ JOAQUIM DOS SANTOS,

natural do estado da Paraíba onde nasceu em janeiro de 1942. Filho de

Sebastião Joaquim dos Santos e de Dona Maria Francisca de Jesus.

Ingressou no Corpo de Fuzileiros Navais em fevereiro de 1961 e foi

promovido a Soldado de Primeira Classe da especialidade de Engenharia

de Campanha em fevereiro de 1964.

SD CLEMENTINO

FN – 611697.6 – SPC EG – LUIZ CLEMENTINO DE SOUZA,

natural do estado de Pernambuco, nasceu em 26 de novembro de 1942.

Filho de Amaro Clementino de Souza e de Dona Maria do Carmo.

Ingressou no Corpo de Fuzileiros Navais em julho de 1961, possuía o

Curso de Engenharia de Campanha e foi promovido a Soldado de Primeira

Categoria em novembro de 1964.

SD LADISLAU

FN – 62.1081.6 – SD – ANTÔNIO LADISLAU DA SILVA,

natural do estado da Guanabara. Filho de José Ladislau da Silva e de Dona

Maria Ladislau da silva. Era Soldado e ingressou no Corpo de Fuzileiros

navais em janeiro de 1962.

Page 5: Operação Graviola 1966

SD SAMEIRO

FN-62.1424.6-SD: MARCO ANTÔNIO DIAS SAMEIRO, natural

do Estado da Guanabara, onde nasceu em Setembro de 1943. Filho de

Antônio Dias Sameiro e de D. Elisa Bilac. Ingressou no Corpo de

Fuzileiros Navais em Maio de 1962.

SD COUTO

FN-62.6172.6-SD: ISAIAS NASCIMENTO COUTO, natural do

Estado da Guanabara, em 24 de Junho de 1944. Filho de José Nascimento

do Couto e de D. Florice Costa do Couto. Alistou-se no Corpo de

Fuzileiros Navais em 15 de Agosto de 1962.

SD CARDOSO

FN-65.1810.6-SD: FRANCISCO DE MORAIS CARDOSO,

natural do Estado do Piauí, nasceu em 28 de Setembro de 1946.Filho de

Antônio Cardoso e de D. Ofélia de Morais Cardoso. Alistou-se no Corpo

de Fuzileiros Navais em Novembro de 1965.

SD ALEXANDRINO

FN-65.1826.6-SD: ALEXANDRE ALEXANDRINO LARANJA,

nasceu no Estado da Guanabara em Setembro de 1947 (era o mais moço).

Filho de D. Juracy Laranja Rangel. Ingressou no Corpo de Fuzileiros

Navais em Novembro de 1965.

Page 6: Operação Graviola 1966

Trecho copiado da Missa da RESSURREIÇÃO PELOS FALECIDOS NA OPERAÇÃO

GRAVIOLA 1966, Dez 1995 (pág 06).

NÃO CHORE POR MIM

Se você me ama, não chore por mim.

Se você conhecesse o mistério insondável, do céu onde me encontro...

Se você pudesse ver e sentir o que eu sinto e vejo nesses horizontes sem fim e nesta luz

que tudo alcança e penetra,

Você nunca choraria por mim.

Estou agora absorvido pelo encanto de Deus, pelas suas expressões de infinita beleza.

Em confronto com esta nova vida, as coisas do tempo passado são pequenas e

insignificantes.

Conservo todo o meu afeto por você, com aquela ternura que sempre nos devotamos.

O amor que lhe dediquei permanecerá na eternidade, íntegro e forte.

Pense em mim em plena alegria de vida, pois nesta maravilhosa morada não existe a

morte.

Se você verdadeiramente me ama, não chore mais por mim.

“Estou em paz”.

Homenagem póstuma do 1º-SG-FN-EG-(Ref.) Joaquim de Amorim Machado

sobrevivente.

Companheiros!..

ADSUMUS!

Rio de Janeiro, Dez/2000.