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    Boletim 1256/2017 Ano IX 24/07/2017

    Oramento de 2018 prev alta de 13% em gastos com o seguro-desemprego Reforma da CLT que entra em vigor em novembro pode impulsionar rotatividade do mercado de trabalho, pois o custo para demitir ou contratar tende a ficar menor com as regras mais flexveis

    So Paulo - A Lei de Diretrizes Oramentrias (LDO) de 2018 prev um aumento de 13,2% nas despesas com seguro-desemprego para R$ 44,23 bilhes, ante os R$ 39,07 bilhes esperados para o exerccio de 2017. Entre os parmetros considerados pela Secretaria de Poltica Econmica do Ministrio da Fazenda para esse avano esto uma inflao de 4,50% para 2018, com a taxa bsica de juros (Selic) em 9% ao ano, salrio mnimo calculado em R$ 979 e uma expectativa de 2,5% de aumento do produto interno bruto (PIB). "Chega a ser contraditrio o governo projetar uma alta do PIB e sinalizar mais

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    gastos com o seguro-desemprego", comentou a professora de economia da Fundao Escola de Comrcio lvares Penteado (Fecap), Juliana Inhasz.

    Uma possvel explicao para elevao mais acentuada das despesas com esses benefcios pode estar relacionada a provvel maior rotatividade da mo-de-obra em 2018, aps trs anos de crise econmica em que os empregados com carteira assinada tentaram se segurar em seus postos, sem buscar alternativas de melhor remunerao.

    "Num primeiro momento, a reforma trabalhista no ter muito impacto. O custo de demisso ainda alto e tambm h um custo de treinamento e de adaptao do substituto. Acredito que os empregadores no se arriscariam tanto a trocar trabalhadores qualificados por outros at terceirizados", diz Juliana.

    A reforma trabalhista aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada em 13 de julho entrar em vigor em meados de novembro prximo.

    Na avaliao do professor de finanas do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec-RJ), Alexandre Esprito Santo, com um crescimento da economia da ordem de 2% em 2018, a rotatividade da mo-de-obra pode subir entre os mais qualificados. "A reforma trabalhista tem pontos positivos, pode facilitar acordos entre patres e empregados", aponta Esprito Santo.

    Os dados da LDO mostram que a alta rotatividade vinha caindo desde 2013, quando esteve em 43,4% entre os celetistas (pela CLT) e 37,4% entre os estatutrios (ex. funcionrios pblicos com estabilidade definida em estatutos) para a faixa de 40,9% entre celetistas e de 35,4% entre os estatutrios. "Somado a elevada rotatividade de mo de obra e aos sucessivos aumentos do salrio mnimo, a alta formalizao do mercado de trabalho proporcionou significativos incrementos nos dispndios com pagamento desses benefcios", considerou o documento da LDO 2018, ao analisar o perodo entre 2005 a 2016.

    O documento ainda alertou para os dois ltimos dficits (2015 e 2016) do Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT), o instrumento financeiro constitucional que garante o pagamento do Seguro-Desemprego e do Abono Salarial.

    Esse desequilbrio financeiro foi atribudo ao efeito da Desvinculao das Receitas da Unio (DRU). "Fica evidente que com o aumento do percentual da DRU de 20% para 30% implica que, anualmente, o FAT necessitar de suplementao oramentria e financeira, sejam recursos do Tesouro ou de resultados de exerccios anteriores para equilibrar suas receitas e obrigaes", avisou a LDO 2018.

    Segundo o documento, a patrimnio do FAT evoluiu apenas 5,02% no ltimo exerccio, de R$ 263,21 bilhes em 2015 para R$ 276,41 bilhes em 2016. Desse total de recursos, R$

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    219,73 bilhes estavam em emprstimos ao BNDES, e depsitos "especiais" de R$ 19,98 bilhes no Banco do Brasil, Caixa Econmica Federal, Basa, BNP, BNDES e Finep.

    Remunerao revista

    No ltimo dia 20 de julho, uma reunio conjunta do Banco Central, do BNDES, do Ministrio da Fazenda e do Planejamento definiu a importncia da criao da Taxa de Longo Prazo (TLP). "Em primeiro lugar, proteger o trabalhador ao melhorar a remunerao do Fundo de Amparo do Trabalhador, que hoje deficitrio, eliminando o risco de descontinuidade ou reduo das polticas de assistncia", destacou a nota da reunio conjunta.

    O professor do Ibmec considera que a mudana, da taxa subsidiada (TJLP) para a de mercado (TLP) ser gradual (cinco anos) e positiva para o FAT, pois ser remunerado por juro igual ao do ttulo NTN-B. "O dficit pode ser revertido", aponta Esprito Santo. Juliana Inhasz tambm diz que medida foi acertada. "Quem financia o BNDES o trabalhador."

    Ernani Fagundes

    'Qualifica So Jos' oferta mais de 5 mil vagas O Programa terminou o primeiro semestre deste ano com 5.101 vagas oferecidas em 40 cursos gratuitos, na cidade de So Jos do Campos. A maioria deles foca no empreendedorismo

    So Paulo - So Jos dos Campos alcanou um nmero expressivo em seus programas gratuitos de requalificao profissional, segundo dados da Prefeitura. O programa Qualifica So Jos terminou o primeiro semestre deste ano com 5.101 vagas oferecidas em 40 cursos gratuitos de capacitao profissional. A maioria foca em empreendedorismo, gastronomia, atividades ligadas indstria, comrcio e servios.

    Esse volume de vagas corresponde a um crescimento de 100% sobre o montante ofertado no ano passado, quando foram disponibilizadas cerca de 5 mil durante o ano inteiro.

    O programa objetiva facilitar aos trabalhadores cursos que somem novos valores aos seus currculos e assim torn-los mais competitivos na busca por um emprego.

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    O principal pilar do Qualifica So Jos promover o empreendedorismo nas pessoas que buscam se recolocar no mercado ou mesmo em conseguir o seu primeiro emprego, alm de alcanar um novo status profissional na empresa em que atua.

    A Comisso Municipal de Empregos de So Jos dos Campos definiu sua participao no Observatrio do Trabalho, Emprego e Formao Profissional, que ser coordenado pela Secretaria de Inovao e Desenvolvimento Econmico da Prefeitura. Esse ncleo se transformar num centro de informaes e aes para investigar, analisar, estudar e projetar cenrios e tendncias do mundo do trabalho, emprego e formao profissional.

    Indstria txtil

    Atualmente a comisso de empregos tem representantes da prefeitura, de sindicatos patronais e de trabalhadores e da Secretaria de Relaes do Trabalho, do governo estadual. Segundo os tcnicos, as aes realizadas visam ofertar mais opes de cursos de capacitao, voltados para a realidade atual do mercado de trabalho e suas transformaes.

    Existe agora a proposta para cursos gratuitos na capacitao de operrios da indstria txtil. As atividades sero segmentadas desde confeces de vesturio a uniformes na rea de segurana.

    O total de cursos oferecidos no primeiro semestre representou 2.891 horas de aula com 16 fornecedores de parcerias gratuitas feitas pelo programa. Em breve sero contratados os servios do Senai (Servio Nacional de Aprendizagem Industrial), Sesi (Servio Social da Indstria) e Senac (Servio Nacional de Aprendizagem Comercial).

    Mais vagas

    Para os prximos meses sero ofertadas mais 484 vagas em 14 diferentes cursos e tambm esto previstas novas vagas na parceria com o Pronatec. Ainda nesse segundo semestre, o Programa Qualifica tem a perspectiva de reestruturar o programa do Centro de Servios Autnomos.

    Ser criada uma plataforma digital para uso do profissional autnomo que deseja ofertar seus servios e que poder ser acessado por empresas e particulares que precisam de mo de obra especfica. Esse servio ser realizado pelo site da prefeitura municipal. Os profissionais sero avaliados sob critrio tcnicos antes de se cadastrarem.

    Jlio Ottoboni

    (Fonte: DCI 24/07/2017)

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    Empresas fazem intensivo para entender reforma

    Recursos humanos correm para tirar dvidas com advogados trabalhistas sobre questes como jornada, banco de horas e frias

    Douglas Gavras, Impresso

    Os 120 dias at a entrada em vigor da nova legislao trabalhista, sancionada pelo presidente Michel Temer no dia 13, sero de aumento de trabalho ao menos nos departamentos de recursos humanos das empresas. Os profissionais tm consultado especialistas para entender pontos especficos da reforma e tentar no escorregar na interpretao das regras.

    Entre as principais dvidas prticas que as empresas tm tido esto o registro de horas extras e o banco de horas, as novas opes de diviso de frias e a possibilidade de acordo com a empresa em caso de demisso do funcionrio, dizem os responsveis pelos departamentos.

    Contando com uma maior simpatia dos parlamentares, a reforma trabalhista era considerada mais fcil de ser aprovada do que o texto que altera as regras da Previdncia, mesmo em um momento de desgaste do governo. As empresas, ento, j vinham se preparando para as mudanas nas normas da Consolidao das Leis do Trabalho (CLT) desde antes da sano de Temer.

    A demanda por advogados trabalhistas aumentou visivelmente. No importa se a empresa grande ou pequena, elas tm questes especficas, que muitas vezes o legislador nem leva em considerao. A reforma foi muito aguardada pelos empresrios, mas agora as dvidas comeam a surgir, diz Wolnei Ferreira, diretor Jurdico da Associao Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-Brasil).

    As empresas agora esto se mobilizando para avaliar, com seus assessores jurdicos, como a reforma trabalhista vai causar impacto nos seus negcios, quando vale fazer alteraes na jornada de trabalho, no banco de horas. Quem no tem condies de aumentar a equipe jurdica, tem contratado consultorias. So muitos detalhes e no so s as empresas, estou visitando sindicatos para debater o reflexo das mudanas em quatro meses, se as negociaes j feitas podero ser afetadas.

    Para Gustavo Mananares Leme, do Grupo Baumgart (que rene empresas como a Vedacit, de impermeabilizantes, e os shoppings paulistanos Center Norte e Lar Center), a proposta de diviso das frias em trs perodos a que deve causar mais discusses entre os funcionrios. Vamos ter de trabalhar bastante essa questo dentro da empresa.

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    Na prtica, o RH tambm vai ter de reforar os clculos para que a nova diviso das frias no comprometa a qualidade do trabalho ou deixe algum setor desfalcado.

    Leme diz que o grupo deve passar por uma ampla reviso dos processos de recursos humanos, para se adequar s novas demandas que surgem com a reforma. Com o maior espao que se dar para as negociaes, as empresas devero investir na comunicao interna. Durante mudanas, sempre surgem dvidas sobre 13 ou sobre benefcios trabalhistas, como seguro sade, e temos de nos preparar.

    Vida real. As entidades patronais tambm esto debatendo se a prevalncia do negociado sobre o legislado poder criar alguma distoro nas empresas. Elas discordam dos sindicatos que representam os empregados que dizem que o prazo de quatro meses para a entrada em vigor do texto aprovado pelos parlamentares curto , mas tambm apontam a velocidade com que o texto foi aprovado em Braslia, sem ser devidamente discutido com a sociedade, como uma possvel fonte de problemas.

    O primeiro grande desafio que a reforma traz para as empresas a ampliao da possibilidade de negociao coletiva, estima o especialista em direito trabalhista Jos Carlos Wahle, da Veirano Advogados. Se buscarmos o principal chamariz, do texto aprovado, seria essa prevalncia da negociao. como um casal que s namorou por correspondncia e agora tem de se sentar para negociar o que nunca foi conversado antes, como remunerao por produtividade. Haver necessidade de dilogo em busca de um equilbrio. Ele prev, porm, um aumento da judicializao em um primeiro momento, at que as arestas da reforma sejam aparadas.

    H uma tendncia de aumentar a contratao de advogados e de especialistas nas empresas. A gente conversa com executivos, nas companhias maiores deve aumentar a estrutura interna de jurdico, avalia Evandro Corado, presidente da Associao Paulista de Recursos Humanos (AAPSA). Questes como o teletrabalho vo criar a necessidade de contratos que versem sobre benefcios, o que deve ser estipulado de jornada, se o funcionrio vai ter vale-refeio. As empresas vo estruturar instrumentos que tragam segurana jurdica.

    Uma companhia de seguros em So Paulo, com cerca de 1.000 funcionrios trabalhando de forma remota, tambm tem consultado especialistas para verificar se o sistema de home office pode ser ampliado agora, com mais segurana jurdica, com as mudanas previstas para quem exerce esse tipo de atividade.

    Desde 2011, a legislao prev que no h distino entre o trabalho executado no estabelecimento do empregador e o feito a distncia. Por jurisprudncia, o empregado em situao de teletrabalho estava sujeito s mesmas regras que os demais. Com a reforma, esse trabalho passa a ter regras especficas.

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    Temporrio de Natal pode virar intermitente

    Empresas vo avaliar se os gastos sero maiores ou menores

    Douglas Gavras, O Estado de S. Paulo

    As empresas tero de fazer as contas para avaliar se os gastos com os trabalhadores temporrios que costumam ganhar espao no mercado no fim do ano seriam menores caso optassem por contratar mo de obra intermitente, modelo que permite o trabalho descontinuado, por alguns dias ou horas, para executar a mesma funo.

    A incluso do profissional intermitente na mudana das regras trabalhistas foi alvo de crticas desde o incio da discusso da reforma. A modalidade acusada de ser uma forma de precarizao. A inteno, segundo o governo, aumentar a oferta de vagas, incentivar contrataes de quem hoje est na informalidade e permitir que o funcionrio exera mais de uma atividade ao mesmo tempo.

    A empresa vai ter de avaliar caso a caso. O empregado temporrio tem o custo adicional da agncia e a garantia de que alguns benefcios que os trabalhadores por tempo indeterminado tm sejam obrigatoriamente transmitidos para ele, alm de receber hora extra. O intermitente pode ficar mais barato, a depender da necessidade da empresa, diz Wolnei Ferreira, diretor Jurdico da Associao Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-Brasil).

    Com as novas possibilidades que se abrem agora, o empresrio comea a questionar processos e tentar entender como a alocao da mo de obra em tempo parcial pode fazer sentido, diz Jorge Jubilato, da Roldo Atacadista. A empresa de atacarejo tem feito estudos para repensar a escala de trabalho dos funcionrios, considerando os horrios de maior fluxo nas lojas agora e no fim de ano, para avaliar se vale a pena ter alguns dos empregados trabalhando s em horrios especficos. So contas que todos precisam fazer. Muitas vezes, a maior vantagem no ter temporrio ou intermitente, mas contratar por um perodo de experincia e depois avaliar se vale absorver o funcionrio.

    Os especialistas avaliam, no entanto, que a maior parte das empresas deve evitar experimentar mudanas bruscas de planejamento e seguir contratando funcionrios temporrios para o fim de 2017. O intermitente deve ganhar espao apenas nos prximos anos.

    Os empregadores mais voluntariosos e dispostos a tomar risco talvez faam isso logo, quando for conveniente para a empresa, se eles se sentirem motivados por um possvel aumento da competitividade, diz o advogado Jos Carlos Wahle, da Veirano. A maior

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    parte das empresas entende que no precisa experimentar todas as opes que a reforma traz logo de uma vez e o melhor ficar atento ao que der certo e errado nos concorrentes.

    Demisses voluntrias atingem 77% do alvo nas estatais

    Governo conseguiu desligar 50.364 funcionrios nos ltimos anos com PDVs e aposentadorias incentivadas

    Lorenna Rodrigues e Eduardo Rodrigues, O Estado de S.Paulo

    BRASLIA - Com o oramento apertado e despesas de pessoal cada vez mais pesadas, o governo federal desligou 50.364 funcionrios das estatais nos ltimos anos com programas de demisso voluntria e aposentadoria incentivada. O levantamento foi feito pelo Estado/Broadcast com dados do Planejamento e das prprias estatais.

    O nmero representa 77% do pblico-alvo dos programas autorizados pela Pasta nos ltimos trs anos, definido pelos servidores que atendem as condies de ingressar nos planos.

    O porcentual comemorado pelo governo. A estimativa oficial era de que, com 100% de adeso, a economia seria de R$ 7 bilhes por ano sem contar a Petrobrs. O Planejamento no divulgou os dados da reduo de gastos efetiva.

    o que estvamos esperando. Um plano de PDV que realiza 50% completamente bem sucedido. Esse um dos elementos para sanear as contas das estatais, disse o secretrio de Coordenao e Governana das Empresas Estatais, Fernando Soares.

    Os desligamentos representam 9,6% do total de funcionrios das estatais federais atualmente. Desde 2014, o nmero de servidores nessas empresas vem caindo, depois de anos de crescimento. No primeiro trimestre de 2017, o total chegou a 523.087, uma reduo de 2% ante igual perodo de 2016.

    O nmero de desligados dever crescer ao longo do ano j que diversos programas ainda esto em aberto, como os da Dataprev e Eletrobrs. A estatal do setor eltrico tem aberto um Programa de Aposentadoria Extraordinria (PAE), para empregados em condies de se aposentar ou j aposentados pelo INSS. A meta da companhia a adeso de 2.500 servidores. Um segundo plano dever ser aberto at o incio do prximo ano, voltado para o pessoal administrativo, com meta de adeso de 2.700 funcionrios.

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    A Petrobrs foi a empresa que mais reduziu seu quadro de funcionrios, com a adeso de 15 mil empregados aos dois programas de PDV da empresa, superando com folga a meta de 12 mil. Com isso, a estatal, que a quarta maior em nmero de servidores, reduziu o correspondente a 30% dos funcionrios que tem hoje, 49.385 segundo o Planejamento. Em 2014, esse nmero chegava a quase 57 mil.

    Com os dois programas, a Petrobrs prev um retorno financeiro de R$ 18,9 bilhes at 2021 frente a um investimento de R$ 3,7 bilhes, respondeu a companhia. Por lei, a Petrobrs no precisa de autorizao do Ministrio do Planejamento para lanar PDVs.

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    Segunda estatal em nmero de servidores, o Banco do Brasil tambm foi o segundo que mais diminuiu o tamanho de seu corpo funcional. Foram 14.285 trabalhadores desligados em dois programas autorizados em 2015 e 2016, nmero que corresponde a 89% do pblico-alvo. O enxugamento representa 14% do total de funcionrios do banco hoje.

    A Caixa desligou 9.749 servidores em dois PDVs, 62% da meta. O nmero corresponde a 10% do efetivo atual da caixa. O segundo PDV, no entanto, s foi aberto neste ms e vai at agosto. O banco estatal espera a adeso de 5.480 funcionrios.

    Os Correios, empresa que tem a maior folha de pagamentos, tiveram a adeso cerca de 6 mil funcionrios, de uma meta de 8.200 (74%). O total representa pouco mais de 5% do quadro da empresa. A empresa abriu um Plano de Desligamento Incentivado (PDI) em fevereiro de 2017. Depois, o perodo de adeso foi reaberto por duas vezes, em maio e junho.

    Porcentualmente, a Infraero foi a estatal com maior nmero de desligados. Foram 2.646, acima da meta de 2.218 (119%). J o programa do BB Tecnologia teve o pior desempenho, com a adeso de apenas 11 servidores ante a meta de 108 (10%).

    Os benefcios para quem aderir aos programas de desligamentos voluntrios variam de acordo com a empresa. So oferecidas desde vantagens como o adiantamento de remuneraes e pagamentos de indenizaes por at 35 anos at valores em dinheiro. Tambm so dados outros benefcios como manuteno do plano de sade.

    Enxugamento. De acordo com o ltimo Boletim das Empresas Estatais Federais, divulgado pelo Planejamento no fim de junho com dados do primeiro trimestre, o nmero de funcionrios nessas empresas caiu 5% desde 2015. Foram reduzidos 3% dos empregados com mais de 56 anos e 5% daqueles com mais de 26 anos de empresa. Essa reduo decorreu, em sua quase totalidade, de programas de desligamento voluntrio que visam adequar a fora de trabalho estratgia empresarial, afirma o texto.

    Atualmente, o Pas tem 151 empresas estatais, sendo 48 com controle direto da Unio e 18 dependentes do reforo oramentrio do Tesouro Nacional.

    (Fonte: Estado de SP 24/07/2017)

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    Indstria e expanso do agronegcio criam empregos no interior MAELI PRADO DE BRASLIA O impacto da crise nas grandes cidades, aliado ao bom desempenho do campo, fez aumentar nas regies mais ricas a oferta de empregos no interior, que j representa quase metade das vagas de trabalho formais do pas.

    Entre admisses e demisses, o interior criou no primeiro semestre mais de 180 mil vagas com carteira de trabalho, mais que compensando o saldo negativo das regies metropolitanas, que perderam 154 mil vagas, segundo o Ministrio do Trabalho.

    Essa expanso, apesar de se concentrar na agropecuria, ocorreu tambm em outros setores, de acordo com dados colhidos pela Folha no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

    A indstria, que eliminou 30 mil vagas nas grandes cidades, criou 56 mil nas regies mais remotas neste ano. Os servios perderam 19 mil empregos nas reas metropolitanas, mas criaram 62 mil no interior, segundo o Caged.

    Essa diferena pode ser explicada principalmente pelo boom do campo e seu efeito sobre outros setores. A safra brasileira de gros deve atingir cerca de 240 milhes de toneladas, mais de 30% do que foi registrado no ano passado. "O impacto indireto da agricultura nessas cidades menores enorme. A renda gasta no comrcio de mveis, na loja de agrotxicos, em caminhes e imveis. E isso gera mais vagas", diz Anselmo Luis dos Santos, da Unicamp.

    O especialista lembra que o emprego na indstria do interior tende a sofrer menos pois h um movimento, nas ltimas dcadas, de migrao de empresas em busca dos custos mais baixos oferecidos pelas cidades menores.

    Em Franca, a 400 km de So Paulo, Alessandro Aparecido Amaral, 17, concluiu o ensino mdio e conseguiu o primeiro emprego depois de seis meses de busca -uma vaga de auxiliar de produo numa fbrica de calados. "A gente s via o pessoal demitindo, e, no meu caso, a falta de experincia tambm pesava. Agora parece que comeou a melhorar a situao. Pelo menos com o calado a gente v isso", diz Amaral.

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    Das 6.000 vagas formais geradas neste ano at junho em Franca, de acordo com o Ministrio do Trabalho, ao menos 4.200 surgiram no polo industrial caladista. "As cidades do interior se desenvolveram e comearam a oferecer servios que antes s estavam disponveis nas grandes cidades", diz o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale. Segundo ele, o ganho de renda se reflete na produtividade: "A alta na renda ajuda no aumento no s da qualidade de vida mas da qualificao geral da populao, o que atrai novas empresas e vira um ciclo virtuoso de expanso dessas economias". Nos grandes centros urbanos, por outro lado, a crise eliminou vagas em seis dos oito setores acompanhados pelo Ministrio do Trabalho.

    Dados do Caged mostram que no primeiro semestre deste ano apenas trs capitais -Goinia, Cuiab (MT) e Boa Vista (RR)- geraram empregos com carteira assinada. Os dados do Caged dizem respeito apenas a trabalhadores com carteira assinada e por isso representam uma fatia pequena da fora de trabalho -cerca de um tero dos que esto ocupados tm registro formal, segundo o IBGE. No entram nessa conta os que esto na informalidade, funcionrios pblicos e autnomos. Somados, informais e autnomos representam um tero da fora de trabalho.

    Colaborou FERNANDA TESTA, em Franca (SP)

    Robs so ameaa a economias emergentes DO "FINANCIAL TIMES" Kiran Kumari est sentada diante de sua mquina de costura Brother, em uma vasta oficina, flanqueada por dezenas de colegas costureiras. Em seu turno de oito horas, ela vai costurar cerca de 400 colarinhos para tops da Ralph Lauren. Cada pea requer alguns minutos de trabalho, e o pagamento de cerca de US$ 100 ao ms.

    Ela e os demais 4.800 operrios txteis distribudos por trs fbricas da Matrix Clothing, na ndia, so apenas uma pequena frao da mo de obra de baixo custo que a esperana de prosperidade dos pases emergentes.

    O Banco Mundial estima que s o sul da sia adicionar entre 1 milho e 1,2 milho de pessoas fora de trabalho a cada ms por 20 anos: 240 milhes de pessoas. Mas, a quase 13 mil quilmetros dali, em Atlanta (EUA), uma empresa de robtica est trabalhando em uma mquina que, com o tempo, pode tirar permanentemente o emprego de Kumari. A tecnologia Sewbot, que est em desenvolvimento pela Softwear Automation, pretende automatizar todo o processo de confeco de roupas.

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    A tecnologia atraiu a ateno do Walmart, que investiu US$ 2 milhes na empresa como parte de um projeto para automatizar a produo de jeans. Em setembro, o Sewbot conseguiu uma faanha indita, ao fazer as costuras externas de uma cala. Mas ainda sero precisos anos de trabalho para que a tecnologia se torne barata e confivel a ponto de substituir trabalhadores humanos.

    Kumari, por exemplo, ganha cerca de US$ 1.200 ao ano. A Softwear no revela o custo do Sewbot, mas fontes do setor o estimam em centenas de milhares de dlares. No entanto, dado o avano da automao, os especialistas afirmam que s questo de tempo para que essa tecnologia solape o modelo econmico adotado por grande nmero de emergentes.

    O sul da sia corre grandes riscos, j que boa parte dos planos econmicos da regio envolve capturar os contratos internacionais de produo que esto se tornando caros demais na China.

    PESADELO DEMOGRFICO

    Na ndia, no Paquisto e em Bangladesh, as autoridades falam de "colher o bnus demogrfico", dado o rpido crescimento das populaes em pases cujos salrios mdios continuam a ser 75% mais baixos que os da China. Mas os economistas esto comeando a questionar se essas foras de trabalho jovens, baratas e potencialmente inquietas desfrutaro mesmo de um bnus.

    Isso porque os robs so cada vez mais capazes de executar os trabalhos manuais intensivos de que esses trabalhadores dependem. "A robtica e a inteligncia artificial sero mais desordenadoras do que quaisquer das revolues que vimos no passado: vapor, eletricidade, a linha de montagem, o computador. Vo substituir no s funes de rotina mas tambm funes mentais complexas. O medo que o bnus demogrfico se torne um pesadelo demogrfico", afirma Rajiv Kumar, economista.

    Segundo Uri Dadush, ex-diretor do Banco Mundial, pases como ndia, Paquisto e Bangladesh deveriam se concentrar em transformar suas economias em polos voltados a certos setores, como o turismo, transporte ou finanas. Para Kumari, a perspectiva de um boom de emprego no setor de servios no consolo. "Se no estiver trabalhando com roupas, no sei fazer outra coisa."

    Traduo de PAULO MIGLIACCI

    (Fonte: Folha de SP 24/07/2017)