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ESCOLA SUPERIOR AGRÁRIA DO INSTITUTO POLITÉCNICO
DE BRAGANÇA
Ordenamento do Espaço Rural
Texto das transparências apresentadas nas aulas
Ano Lectivo de 2005/2006
Orlando Afonso Rodrigues
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 2
ÍNDICE Introdução............................................................................................................................................................4
Noção de Ordenamento do Território .......................................................................................................4 Noção e âmbito do Ordenamento do Espaço Rural .................................................................................4 A organização da Disciplina ..........................................................................................................................4
1 Cap. 1 – Cadastro ........................................................................................................................................5 1.1 Aspectos Introdutórios ......................................................................................................................5
1.1.1 A importância do Cadastro........................................................................................................5 1.1.2 Informação Cadastral ................................................................................................................5
1.2 Evolução histórica............................................................................................................................6 1.3 O Cadastro Predial de 1995...........................................................................................................8
1.3.1 Definição de Cadastro Predial.................................................................................................. 9 1.3.2 Conceitos..................................................................................................................................... 10 1.3.3 Principais objectivos do cadastro predial............................................................................ 10 1.3.4 Evolução do cadastro predial.................................................................................................. 10 1.3.5 Situação actual do cadastro predial ......................................................................................11 1.3.6 Organização da informação..................................................................................................... 13 1.3.7 Utilização do cadastro predial ............................................................................................... 14 1.3.8 Harmonização............................................................................................................................. 15 1.3.9 Discussão de alguns aspectos particulares do Cadastro Predial .................................... 15
1.4 Execução do cadastro ................................................................................................................... 16 1.5 Situação na Europa ........................................................................................................................ 17 1.6 Referências bibliográficas...........................................................................................................23
2 Capítulo 2 – Modelos de Avaliação e Planeamento do Uso do território ......................................24 2.1 Aspectos introdutórios: valor da terra, mercado de solos e ordenamento do território 24 2.2 Sistemas de avaliação económica do território ......................................................................25 2.3 A metodologia de avaliação da terra da FAO..........................................................................27
2.3.1 Unidades espaciais a avaliar ...................................................................................................29 2.3.2 A relação entre a terra e os usos..........................................................................................30 2.3.3 Determinação da aptidão da terra ........................................................................................34 2.3.4 Cálculo da aptidão .....................................................................................................................35 2.3.5 Aptidão Económica da Terra ..................................................................................................38
2.4 Alguns estudos de caso................................................................................................................. 41 2.4.1 Aplicação do modelo ao território de uma aldeia............................................................... 41 2.4.2 Estudo de caso II a Carta de solos de TAMAD.................................................................46
2.5 O valor tributável da terra..........................................................................................................50 Referências bibliográficas ......................................................................................................................... 51
3 Capítulo 3 – Projectos de Ordenamento Rural Integrado...............................................................52 3.1 Aspectos Introdutórios................................................................................................................52 3.2 A construção histórica das estruturas fundiárias .................................................................53 3.3 Direitos de propriedade e regimes de propriedade...............................................................54 3.4 O Quadro legal ...............................................................................................................................56 3.5 Formas de emparcelamento .........................................................................................................58 3.6 Fases de um Projecto de Emparcelamento Rural....................................................................59 3.7 Recolha da Informação necessária para a elaboração de um projecto de Ordenamento Rural Integrado ............................................................................................................................................63 3.8 Caracterização e diagnóstico da situação existente .............................................................64
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 3
3.8.1 Síntese do diagnóstico.............................................................................................................66 3.9 Identificação dos agentes sociais..............................................................................................67 3.10 Fins Objectivos e Metas do Projecto........................................................................................72
3.10.1 Conceitos ................................................................................................................................73 3.10.2 Objectivos e agentes sociais .............................................................................................73 3.10.3 Operacionalidade dos objectivos ......................................................................................75 3.10.4 Grau de consecução dos objectivos..................................................................................75
3.11 Ordenamento do uso do solo .......................................................................................................75 3.11.1 Importância de um adequado ordenamento do uso do solo:.............................................76 3.11.2 Etapas no planeamento do uso do solo: ............................................................................76 3.11.3 Tipos de usos .........................................................................................................................77
3.12 Concepção do Projecto..................................................................................................................80 3.12.1 Etapas e actividades a desenvolver na fase da concepção do projecto ...................80 3.12.2 Reorganização da propriedade .......................................................................................... 81
3.13 Financiamento dos projectos de ordenamento integrado do espaço rural........................82 3.14 - Avaliação da viabilidade do projecto ......................................................................................83
3.14.1 Avaliação espacial ou geográfica.......................................................................................84 3.14.2 Análise social .........................................................................................................................88 3.14.3 Avaliação tecnológica...........................................................................................................88 3.14.4 Avaliação da viabilidade económica ..................................................................................88
Referências bibliográficas .........................................................................................................................89 4 Capítulo 4 – O Ordenamento Rural e a Política Nacional de Ordenamento do Território........90
4.1 Visão global dos instrumentos de ordenamento do território .............................................90 4.2 PMOT - Planos Municipais de Ordenamento do Território...................................................92 4.3 Os planos sectoriais com incidência territorial (PSIT).........................................................93 4.4 Servidões e Restrições.................................................................................................................94
4.4.1 Áreas Protegidas.......................................................................................................................94 4.4.2 Regime Florestal........................................................................................................................95 4.4.3 Reserva Agrícola Nacional (RAN) ..........................................................................................96 4.4.4 Zonas de Protecção Especial (ZPE).......................................................................................97 4.4.5 Zonas Especiais de Conservação (ZEC) ................................................................................98
4.5 A integração do Ordenamento do Espaço Rural com as diversas figuras de ordenamento do território ..................................................................................................................................................99
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 4
Introdução Noção de Ordenamento do Território
• O Ordenamento do Território é a expressão espacial das políticas económica,
social, cultural e ecológica de toda a sociedade. É, simultaneamente, uma
disciplina científica, uma técnica administrativa e uma política concebida como
uma aproximação interdisciplinar e global tendente a um desenvolvimento
equilibrado das regiões e à organização física do espaço segunda uma concepção
directora (Recomendação do Comité dos Ministros do Conselho da Europa aos
Estados Membros sobre a carta europeia de Ordenamento do Território)
Noção e âmbito do Ordenamento do Espaço Rural • O ordenamento do espaço rural, em particular, deve permitir dotar os espaços
rurais de estratégias específicas, minimizando os conflitos de uso do solo, a
conservação dos recursos e possibilitando o desenvolvimento sustentado
• Assim, os planos de ordenamento do espaço rural, objecto central desta
disciplina, devem, designadamente, identificar linhas de orientação para o
desenvolvimento sustentado do espaço rural, propondo critérios para a melhor
ocupação do solo e perspectivando intervenções devidamente enquadradas,
quantificadas e priorizadas.
• O que tem o ordenamento do espaço rural de diferente do ordenamento do
território em geral?
– População rural (questão da densidade)
– Actividades rurais (questão da ligação com os recursos naturais)
– Escala – próxima do ordenamento urbano – problemas paralelos
A organização da Disciplina • Tendo esta perspectiva em consideração, a disciplina orienta-se no sentido de
capacitar os alunos com conhecimentos que lhes permitam intervir na elaboração
e execução de planos de ordenamento do espaço rural, assim como no âmbito de
outras operações relacionadas com o ordenamento rural.
• Neste sentido o primeiro capítulo é dedicado ao cadastro, instrumento
fundamental e prévio ás operações de ordenamento rural. Caracteriza-se a
situação nacional no que respeita ao cadastro, relaciona-se com o panorama
europeu e transmitem-se os conhecimentos básicos que permitam avaliar os
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 5
fundamentos e a importância deste instrumento, as modalidades da sua execução
e os instrumentos legais que o regulam.
• Depois, no capítulo 2, introduzem-se os principais Modelos de Avaliação e
Planeamento do Uso do território, procurando operacionalizá-los enquanto
ferramenta essencial ao ordenamento do espaço rural.
• O capítulo 3 é dedicado ao processo prático de elaboração de projectos de
ordenamento integrado do espaço rural, tendo como referência o quadro legal
que regula este tipo de projectos e as operações de emparcelamento rural.
• Finalmente o último capítulo constitui um capítulo de síntese, no qual se
analisam as articulações entre o Ordenamento do Espaço Rural e o quadro legal
de Ordenamento do Território.
1 Cap. 1 – Cadastro
1.1 Aspectos Introdutórios
1.1.1 A importância do Cadastro • Instrumento de equidade fiscal;
• Instrumento de ordenamento do território;
• Planificação e execução das grandes obras públicas;
• Implementação de planos de emparcelamento;
• Gestão dos recursos naturais
1.1.2 Informação Cadastral Objectivos
• Referenciar a propriedade imobiliária – prédios rústicos e mistos;
• Caracterização geométrica dos prédios identificados;
• Conservação do cadastro em vigor através da resolução dos processos de
reclamação administrativa;
• Apoiar o processo de avaliação da propriedade imobiliária;
• Certificar os elementos cadastrais relativos a cada prédio.
– Actualmente coexistem dois regimes de cadastro geométrico, o cadastro
geométrico da propriedade rústica e o cadastro predial
• Cadastro Predial (DL N º 172/95, de 18 de Julho)
– (cadastro executado e em execução)
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 6
• Cadastro Geométrico da Propriedade Rústica (Decreto nº 14 162, de 25 de
Agosto de 1927) (cadastro em vigor)
– O cadastro predial distingue-se, devido à componente cartográfica e
respectiva finalidade, de outros registos mais ou menos sistemáticos
sobre os prédios, estabelecidos por métodos meramente descritivos,
como sejam:
• Registo da propriedade dos bens imóveis nas Conservatórias de Registo Predial e as
• Matrizes prediais nas Repartições de Finanças.
1.2 Evolução histórica • Entre 1927 e 1994, executou-se somente o cadastro geométrico da propriedade
rústica em cerca de 50% da área de Portugal:
• Finalidade: essencialmente fiscal
• Produto Final: Implantações Cartográficas de um conjunto de prédios rústicos –
Secções Cadastrais os quais possuem associada informação descritiva – Fichas
de Prédio (inclui área, titularidade, ónus e encargos e avaliação).
PRODUTOS FINAIS:
• Situação actual do Cadastro da propriedade rústica
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 7
• Executado em:
– 12 Distritos e 2 Regiões Autónomas, abrangendo:
– 134 municípios
– 1067 freguesias
– 1 935 000 prédios rústicos
– 4 890 000 hectares
– 23 798 secções cadastrais, a escalas entre 1:500 e 1:5000
• Alguns dos Concelhos em regime de Cadastro foram entretanto submetidos a
operações de Revisão Cadastral (o que incluiu a resolução de todos os Processos
de Reclamação Administrativa daqueles Concelhos)
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 8
• Actualmente a actualização do CGPR faz-se de um modo pontual e consiste no
processo de actualização individual dos dados que caracterizam e identificam
cada um dos prédios existentes numa determinada área geográfica
• Simultaneamente, o IGP tem vindo a efectuar a conversão deste cadastro,
existente em formato analógico, para o formato digital.
1.3 O Cadastro Predial de 1995 • Em 1995, com o decreto-lei nº 172/95, de 18 de Julho, o cadastro geométrico da
propriedade rústica deu lugar ao cadastro predial.
• Evolução: de cadastro como processo de finalidade tributária para
multifuncional
– “ Com efeito, o conhecimento rigoroso do cadastro predial é hoje, e cada
vez mais, imprescindível, quer para a adequada infra-estruturação,
utilização e gestão dos solos, quer para o desempenho racional das mais
diversas actividades económicas que dele necessitam” (decreto Lei nº
172/95 de 18/7)
• O artigo 6º do Decreto-Lei nº 172/95, de 18 de Julho, estabelece que o regime
jurídico do cadastro geométrico da propriedade rústica coexiste com o actual
regime jurídico do cadastro predial, enquanto as áreas do território abrangidas
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 9
por aquele regime cadastral não forem objecto da primeira operação de
renovação do cadastro.
1.3.1 Definição de Cadastro Predial • Conjunto de dados que caracterizam e identificam os prédios urbanos e rústicos
existentes em território nacional.
• Os prédios caracterizam-se por:
– Localização Administrativa
– Localização Geográfica
– Configuração Geométrica
– Área
• e Identificam-se:
– - Através de um Código Numérico Unívoco-NIP
– Cartão de Identificação
– Principais diferenças entre cadastro predial e o cadastro geométrico da
propriedade rústica:
– –
• Este cadastro abrange os prédios
rústicos e os prédios urbanos.
• O cadastro trata somente dos prédios
rústicos.
• Cadastro multifuncional (gestão e
ordenamento do território, registo
predial, tributação do património, etc).
• Cadastro com finalidade
eminentemente fiscal (anteriormente
tinha uma relação directa com a
avaliação fiscal dos prédios rústicos).
• O cadastro visa apenas a geo-
referenciação e caracterização do prédio.
• O cadastro visa a geo-referenciação, a
descrição física do prédio, e ainda a sua
caracterização, qualificação e
classificação cultural.
• Cadastro de base digital. • Cadastro de base analógica.
• A conservação do cadastro é realizada,
pelo IGP ou por peritos cadastrais por
este acreditados, após comunicação de
alterações pelos proprietários.
• A conservação do cadastro é efectuada
exclusivamente pelo IGP (ex IPCC)
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 10
1.3.2 Conceitos • a) Cadastro predial, o conjunto dos dados que caracterizam e identificam os
prédios existentes em território nacional;
• b) Prédio, uma parte delimitada do solo juridicamente autónoma, abrangendo as
águas, plantações, edifícios e construções de qualquer natureza nela existentes
ou assentes com carácter de permanência, e, bem assim, cada fracção autónoma
no regime de propriedade horizontal;
• c) Área social, toda a área existente no interior de um prédio destinada a
utilização pelo público e que dele não faz parte;
• d) Execução do cadastro, o processo de recolha e tratamento dos dados que
caracterizam e identificam cada um dos prédios existentes numa determinada
área geográfica;
• e) Renovação do cadastro, o processo de actualização do conjunto dos dados que
caracterizam e identificam os prédios existentes numa determinada área
geográfica;
1.3.3 Principais objectivos do cadastro predial
• Caracterização e Identificação dos mais de 17 milhões de prédios existentes em
Território Nacional;
• Renovação e Conservação dos Dados Relativos aos Prédios;
• Integração dos dados num “Sistema de Informação do Cadastro Predial”
• Resumindo, as alterações mais significativas do DL 172/95:
– criação de um identificador único para os prédios, Número de
Identificação do Prédio, garantindo a interoperabilidade e o carácter
multifuncional do cadastro
– obrigatoriedade de cobertura integral do território.
1.3.4 Evolução do cadastro predial • A partir de 1995 iniciaram-se os trabalhos de execução do cadastro predial, os
quais abrangem cinco concelhos cerca de 1,5 % do território)
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 11
1.3.5 Situação actual do cadastro predial • Executado (1995 - 2000):
– Em 2 distritos, abrangendo:
– 3 municípios
– 36 268 hectares
– 102 468 prédios urbanos e rústicos
– 573 folhas cadastrais, a escalas 1:1000 e 1:2000
• Em execução, no Continente e Regiões Autónomas:
– 6 municípios
– 80 freguesias
– 171 000 hectares
– 292 000 prédios urbanos e rústicos
• Em Portugal existem cerca de:
– 6 milhões prédios urbanos
– 12 milhões de prédios rústicos (2 milhões dos quais já estão cadastrados)
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 12
• Portugal é um dos países da União Europeia onde a situação da execução
cadastral apresenta um significativo atraso, quer em termos da cobertura
territorial, quer em termos do suporte em que se encontra a informação existente.
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 13
1.3.6 Organização da informação
EXEMPLO DE UMA FOLHA DE CADASTRO PREDIAL:
• Formato da informação cadastral cartográfica
• Sistema de projecção: Hayford-Gauss-Datum 73
• Formato IGDS (dgn)
• Elementos gráficos multi-codificados de acordo com o catálogo de objectos do
IGP
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 14
1.3.7 Utilização do cadastro predial • o cadastro tem uma utilização múltipla e apoia uma gama elevada de
utilizadores, o que lhe confere a caracteristica de multifuncionalidade
IHERA - Emparcelamento do Vale do Liz
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 15
Câmara Municipal de Ílhavo: SIG Municipal
1.3.8 Harmonização • 1 prédio <=> 1 descrição predial <=> 1 número matricial
• Com as Conservatórias de Registo Predial:
• A harmonização passa pela associação da informação de base territorial com os
respectivos atributos legais e fiscais do cadastro.
• A um prédio deve pertencer uma descrição predial única, e esta informação deve
estar disponível para ser consultada pelas várias entidades interessadas, públicas
ou privadas.
• Segundo o Regulamento do cadastro predial, a caracterização cadastral é sempre
provisória enquanto não for obtida a harmonização com o registo predial.
1.3.9 Discussão de alguns aspectos particulares do Cadastro Predial
• Transição de regime - Não existem normas legais que permitam a passagem do
cadastro geométrico da propriedade rústica para cadastro predial, sem a
realização de uma operação de renovação de cadastro.
• Prédio - O RCP considera as fracções autónomas dos edifícios urbanos em
propriedade horizontal como prédios para efeitos de cadastro predial, o que torna
mais complexas as operações de execução do cadastro
• Titular do prédio - o Regulamento do Cadastro Predial quando se refere ao
titular de prédios fá-lo sem grande rigor, utilizando indistintamente a designação
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 16
de proprietário e/ou usufrutuário, atribuindo-lhes determinadas posições ou
obrigações.
• Árvores encravadas - O artigo 20º, nº 2 do RCP dispõe que “a existência de
árvores encravadas num prédio é assinalada na caracterização deste, em ordem à
ulterior elaboração de um registo próprio articulado com o cadastro”.
1.4 Execução do cadastro • Fases na execução do cadastro predial de um concelho (fonte: IGP):
– a) Publicitação do início das actividades cadastrais no concelho:
• Afixação de editais em diversos locais do concelho e dos concelhos limítrofes;
• Divulgação nos meios de comunicação; • Reuniões.
– b) Simultaneamente, divulgação e esclarecimentos sobre as normas da
demarcação predial a ser efectuada pelos respectivos proprietários, de
acordo com os títulos juridicamente válidos.
– c) Trabalho de campo, com utilização de ortofotomapas e cartografia
digital às escalas 1:1000 e 1:2000, procedendo-se ao levantamento
topográfico das estremas dos prédios, e à recolha da informação
alfanumérica relativa aos proprietários, toponímia, morada do prédio e
proprietários/usufrutuários.
– d) Recolha de informação junto das Repartições de Finanças e
Conservatória do Registo Predial relativa aos prédios e matrizes, e
respectiva correspondência com os prédios identificados na execução
cadastral.
– e) Processamento e edição provisória dos dados.
– f) Exposição pública dos elementos cadastrais em todas as freguesias do
concelho. As reclamações apresentadas pelos proprietários e outros
interessados, para serem aceites, deveriam estar suportadas por
documentos juridicamente bastantes e a demarcação dos prédios deveria
estar efectuada de acordo com as normas técnicas.
– g) Resolução das reclamações, introdução das alterações na base de
dados e nos elementos gráficos.
– h) Processamento e edição dos dados.
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 17
1.5 Situação na Europa • Durante a Presidência espanhola da EU, o governo de Madrid inseriu no seu
programa a realização do 1º Congresso Europeu de Cadastro, bem como a
proposta de criação do “Comité Permanente de Cadastro”
(http://www.eurocadastre.org/index.htm) com vista à futura coordenação do
Cadastro entre os Estados Membros.
• O UNECE – tem um grupo de trabalho sobre cadastro e “gestão do território”
(http://www.unece.org/env/hs/wpla/welcome_wpla.html) que, entre outras
actividades, realiza um inquérito sobre a situação do cadastro nos diversos
países.
• 95% of responding countries maintain a complete geodetic network supporting
land administration systems
– 75% of countries use a cadastral map to support land administration
systems
– 25% of countries use a topographical map to support land administration
systems
– In 80% of countries land registration systems require a map
– In 75% of countries 100% of the land mass has been mapped
– 23% of countries have complete digital mapping coverage
– 72% of countries have partial digital coverage
– 69% of countries administer survey and mapping systems at national
level
– 31% of countries administer survey and mapping systems at regional
level
– In 80% of countries the survey and approval of all cornerpoints of new
boundaries is a requirement on new developments
– In 87% of all countries registered title boundaries are defined precisely
by co-ordinates related to a geodetic network
– 71% of countries use photogrammetry to support the national survey
with
– 21% also using GPS
– 28% of countries use private surveying companies exclusively, 15% only
use public sector surveyors and 57% a combination of public and private
surveyors
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 18
– In 27% of countries the cost of national mapping is wholly financed by
government
– In 62% of countries the national survey is financed partly by government
funding and partly by fees from customers
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 19
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 20
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Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 23
1.6 Referências bibliográficas Texto 0: Dl 172 / 95 Texto 1: Pinheiro, Manuel Inácio da Silva (2002). CADASTRO PREDIAL - Breves Notas. Verbo Jurídico Texto2: CAMARERO-BULLÓN, Concepción (). El catastro en España en el siglo XVIII Texto 3: Conejo Fernández, Carmen (2003). El sistema de información catastral español. Situación actual y estrategias de renovación informática y telemática Texto4: Messrs L. Niklasz, A. Podolcsak, G. Remetey-Fulopp, and by Mr. R. Baldwin (1996). THE EXPERIENCE OF HUNGARY IN MODERNIZING A LAND REGISTRATION SYSTEM
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 24
2 Capítulo 2 – Modelos de Avaliação e Planeamento do Uso do território
2.1 Aspectos introdutórios: valor da terra, mercado de solos e ordenamento do território
• O ordenamento do território depende do comportamento económico dos
proprietários face às oportunidades do mercado;
• O valor da terra situa-se, normalmente, numa banda determinada pela
capitalização da renda fundiária suportada pelo uso normal dessa terra;
• Quando o preço é muito superior ao rendimento dos usos normais há
interferência de procuras novas, que competem com os usos anteriores.
• Quando se está em presença de preços especulativos, é provável que os terrenos
caiam em situação de abandono agrícola, aguardando a oportunidade para a
realização de mais valias.
• Em grande parte dos países europeus a Administração Pública intervém nos
mercados de solos, assumindo uma posição reguladora.
• Assim, a avaliação económica da terra, para além de questões fiscais é
importante para:
– Planear o uso da terra: Uma avaliação física não permite comparar
diferentes usos para uma dada área - não existe uma escala comum de
medida
– Optimizar o ordenamento do território, maximizando o benefício social;
– Simular o efeito das políticas de ordenamento
Porquê avaliar? • A terra é variável nas suas características físicas e geográficas (relação com a
sociedade)
• Esta variabilidade afecta os usos (para cada uso há terras mais ou menos
adequadas)
• A variabilidade é, pelo menos parcialmente, sistemática (com causas conhecidas
e possíveis de avaliar)
• A variabilidade pode ser mapeada ( física económica e social);
• O comportamento da terra quando submetido a um determinado uso pode ser
previsto;
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 25
• Assim, a “adequabilidade” da terra para os diversos usos actuais ou potenciais
pode sistematicamente descrita e mapeada
• Os decisores podem usar as previsões para guiar as suas decisões
– A avaliação sustenta-se num princípio simples: o utilizador procura, para
cada utilização, maximizar benefícios minimizando esforço, sujeito a um
conjunto de restrições
• Numa economia de mercado tudo pode ser medido em termos económicos
• As preferências não económicas podem ser expressas como barreiras absolutas
ou parciais ao comportamento económico
– Um adequado sistema de preços permite fazer avaliações:
• Sob o ponto de vista privado;
• Sob o ponto de vista social ou da comunidade
A Avaliação da Terra é apenas uma etapa no processo de planeamento do Planeamento do uso da terra
2.2 Sistemas de avaliação económica do território • Nas economias modernas o valor do solo depende:
– Dos usos possíveis - Qualidade dos recursos in-situ - resposta da terra ao
uso independentemente da localização;
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 26
– Das expectativas económicas face aos usos possíveis;
– Dos direitos de propriedade admitidos (limitações de usos em particular)
– Localização (acessibilidade) - custos e benefícios associados a uma
localização específica
– Atributos espaciais - dimensão, forma, proximidade, contiguidade
• No âmbito da avaliação do território utilizam-se normalmente dois conceitos:
capacidade de uso e aptidão.
– capacidade quando os usos avaliados são muito gerais e/ou definidos em
termos muito amplos e pouco precisos;
– aptidão quando os usos a avaliar se definem com precisão e o uso é
muito específico
• Existem vários sistemas de avaliação:
– Parâmétricos – atribui-se um valor numérico às características ou
qualidades do território.
– Categóricos - utilizam-se classes definidas em função de valores
“limitantes”, estimados para um conjunto de “qualidades do território”
em função de determinados “usos”.
• Um dos sistemas de classificação que teve maior utilização a nível mundial é o
sistema do “Soil Conservation Service” do Departamento de Agricultura dos
EUA:
• O sistema, na sua forma original, comporta oito classes de terras, segundo as
suas limitações,
– Classe 1 – os solos tem poucas limitações que restrinjam o seu uso;
– Classe 2 – algumas limitações que reduzem a escolha das plantas ou
requerem práticas de conservação moderadas;
– Classe 3 – limitações severas que reduzem a escolha das plantas,
requerem práticas especiais de conservação ou ambas;
– Classe 4 – muito severas limitações que reduzem a escolha das plantas,
requerem práticas muito cuidadosas de conservação ou ambas;
– Classe 5 – pequeno ou nenhum risco de erosão, mas os solos têm outras
limitações, impossíveis de remover na prática, que limitam o seu uso ao
pastoreio intensivo, floresta, ou coberto natural (normalmente solos
encharcados);
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 27
– Classe 6 – severas limitações que os tornam geralmente não aptos para o
cultivo e limitam o seu uso ao pastoreio, floresta, ou coberto natural;
– Classe 7 – muito severas limitações que os tornam não aptos para o
cultivo e limitam o seu uso ao pastoreio extensivo, floresta, ou coberto
natural;
– Classe 8 – limitações que excluem o seu uso para a produção comercial
de plantas e restringem o seu uso ao lazer, vida selvagem, fornecimento
de água ou fins estéticos
• Outros métodos assentam no cálculo de índices de produtividade:
• Destes, um dos mais conhecidos é o método de Riquier-Bramao – assenta na
consideração de 9 factores físicos, permitindo o cálculo de um índice de
produtividade em percentagem do rendimento óptimo de uma cultura colocada
no melhor solo
– Profundidade relativa (P), humidade (H), drenagem (D), textura/estrutura
(T), saturação de bases (N) ou concentração de sais solúveis (S),
quantidade de matéria orgânica (O), capacidade de troca catiónica /
natureza da argila (A) e minerais de reserva (M).
– O índice de produtividade é o produto destes factores, avaliados numa
escala de 0 a 100
• Principais limitações destes métodos:
– Não permitem relacionar a aptidão dos solos com os vários usos
potenciais;
– Não têm em conta as inter-relações entre os diversos factores que
determinam a aptidão
– Dificilmente permitem considerar as relações com o sistema social
2.3 A metodologia de avaliação da terra da FAO • Em face das limitações dos métodos existentes, em 1976 a FAO publica uma
metodologia para a avaliação do território (Framework for Land Evaluation,
FAO, 1976) que veio a originar uma grande difusão do conceito.
• pretende definir uma metodologia universal de avaliação da terra, utilizando
parâmetros sócio-económicos;
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 28
Identificar os decisores, objectivos e meios de
implementação
Definir as unidades espaciais a avaliar
Definir os tipos de utilização da terra a
avaliar
Definir os Requisitos de uso da terra
Definir as caraterísticas da terra diagnóstico
Construir os modelos informáticos
Identificar as fontes de informação ou realizar trabalhos de campo
Construir os adequados sistemas de informação geográfica
Calcular a aptidão, os usos e resultados económicos
Calibrar os resultados
Apresentar os resultados e introduzir as correcções
Implementação
Definir as Qualidades da Terra
• Aptidão: grau de ajustamento entre as características da terra e os requisitos de
um determinado uso:
– duas ordens de aptidão: “S” = apta, “N” = não apta para o uso.
• Classe de aptidão: uma subdivisão das ordens de aptidão que indica o grau de
aptidão: “S1” = apto, “S2” = moderadamente apto, “S3” marginalmente apto,
“N1” = inapto por razões económicas, “N2” = inapto por razões físicas.
• subclasses de aptidão: indicam a natureza das limitações que tornam a terra
menos apta.
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 29
2.3.1 Unidades espaciais a avaliar • Unidades cartográficas de Inventário de Recursos Naturais;
• delimitação de unidades cartográficas de Inventário de Recursos Naturais;
• unidades de gestão;
• unidades económicas; e
• áreas de planeamento
• Definição de terra (“solo” / “território”):
– A FAO define terra como:
• “uma área da superfície terrestre, cujas características incluem todos os atributos, razoavelmente estáveis ou previsivelmente cíclicos, da biosfera verticalmente acima e abaixo desta área, incluindo a atmosfera, o solo e a geologia que lhe está associada, a hidrologia, as populações de plantas e animais, e o resultado da actividade humana passada e presente, na medida em que estes atributos exercem uma influência significativa no uso presente e futuro da terra pelo homem.” (FAO, 1985:212 e 1976)
Unidades cartográficas • Quando a avaliação parte de uma base de dados de recursos naturais (p.e. carta
de solos ou carta climática)
• unidade cartográfica como classe de legenda ou categoria
• Considera-se que todas as delimitações da unidade cartográfica são iguais,
independentemente da sua localização
Delimitação de unidades cartográficas de Inventário de Recursos Naturais • Neste caso, a geografia da delimitação das unidades é tida em conta
Unidades de gestão • uma área de terra relativamente à qual são tomadas decisões separadamente
• As unidades de gestão podem assim ser pequenas unidades, no caso das parcelas
agrícolas, ou unidades de grande dimensão, por exemplo no caso de unidades
zonais no âmbito do planeamento do território
Unidades económicas • conjunto das unidades de gestão controlados por um único decisor
• a unidade económica dispõe de um conjunto de recursos (por exemplo trabalho,
máquinas, capital)
• a unidade económica deve ser considerada como um todo, de forma a assegurar
uma combinação adequada de actividades e optimizar o uso dos recursos
escassos
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 30
Áreas de planeamento • Constituída pelo conjunto de unidades de gestão influenciadas por uma entidade
(administração) de planeamento.
• Embora as decisões de uso da terra sejam tomadas individualmente para cada
unidade de gestão, a agência de planeamento tem um conjunto de objectivos que
pretende ver satisfeitos ao nível da área de planeamento, as quais se traduzem
em restrições ou incentivos a determinados usos da terra
2.3.2 A relação entre a terra e os usos • Tipos de utilização da terra
• Requisitos de uso da terra
• Qualidades da terra
Tipos de utilização da terra • A FAO define o conceito de tipo de utilização da terra com recurso a duas
grandes componentes:
– por um lado a especificação de um contexto físico, sócio-económico e
técnico e,
– por outro, a definição técnica do tipo de uso da terra: quais as plantas
cultivadas, em que sequência, quais os factores de produção utilizados.
Caracterizado por: Informação necessáriaProdutos Física e Agronómica• produções principais • clima• sub-produtos e refugos • solos
• relevoSistema de produção• sequência de culturas e de operações
• tecnologia de produção
• inputsSistema social social
Sistema de Gestão • informação de gestão• produtividade• necessidades de trabalho• práticas de gestãoSistema económico e político Informação economica e de
políticas• intensidade de uso do capital • informação financeira (juros,
disponibilidade capital)• utilização de factores • Sistema de preços• enquadramento político- institucional
• Políticas
Infraestruturas
• sistemas de exploração da terra / aspectos legais
• direitos e práticas sociais
Tipo de Utilização da Terra
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 31
• um tipo de utilização da terra deve incluir apenas aqueles elementos que servem
para diferenciar os usos num contexto geográfico determinado, ou seja,
• que possam ser descritos através de requisitos de uso da terra com valores
críticos na área de estudo, ou então, que sirvam para limitar as opções de uso da
terra.
Requisitos de uso da terra • cada tipo de uso da terra é definido por um conjunto de requisitos de utilização
da terra (RUT).
• constituem “o lado da procura” da equação de uso da terra: o que determinado
uso requer da terra.
• Podemos definir quatro critérios que devem ser considerados no processo de
selecção dos requisitos de uso da terra:
– importância para o uso em causa;
– existência de valores críticos na zona de estudo; disponibilidade de dados
e
– disponibilidade de tecnologia para avaliar as correspondentes qualidades
da terra.
Qualidades da terra Uma qualidade da terra (QT) é um “atributo complexo da terra, que actua de forma
distinta da acção de outras qualidades da terra no que diz respeito à sua
influência na aptidão para um uso específico” (FAO, 1983), ou
“uma qualidade da terra é a capacidade da terra para satisfazer requisitos
específicos” relativamente a um tipo de uso da terra
As qualidades da terra constituem o lado da oferta da equação de uso da terra: o que
a terra pode oferecer a um determinado uso
• As qualidades da Terra limitam os usos possíveis através de:
– Redução da produção
• uma limitação, a níveis sucessivamente mais elevados, pode reduzir a produção de um ou mais produtos de um determinado TUT (stress hídrico crescente, fertilidade decrescente, limitação crescente ao desenvolvimento das raízes)
– Adiamento da produção
• nalguns casos, limitações crescentes não afectam a produção final mas prolongam o prazo após o qual a produção será obtida (floresta)
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 32
– Aumento dos custos
• Nalguns casos a limitação pode ser compensada através de um aumento dos custos por via de: • Grandes melhoramentos
• pequenos melhoramentos
• aplicação de mais factores variáveis
• as qualidades da terra são usualmente complexas e não podem ser medidas ou
estimadas directamente.
• Deste modo as qualidades da terra são, em regra, inferidas a partir de um
conjunto de características da terra (CT) avaliadas através de métodos
analíticos.
• as QT devem ser, tanto quanto possível, independentes relativamente ao seu
contributo para a aptidão da terra.
• Normalmente as qualidades da terra são mensuradas em termos de classes de
qualidade da terra, também designadas por níveis de severidade, ou graus de
limitação
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 33
Exemplos de qualidades da terra QUALIDADES DA TERRA RELACIONADAS COM A PRODUTIVIDADE DAS CULTURAS
Disponibilidade de águaDisponibilidade de nutrientesArejamento do soloEstrutura do soloCondições de germinaçãoFacilidade de mobilização do soloSalinidadeToxicidade do soloResistência à erosãoDoenças e pragas no soloRisco de inundaçãoRegime térmicoRadiação e fotoperíodoAcidentes climáticos (geada, vento)Humidade do ar
QUALIDADES DA TERRA RELACIONADAS COM A PRODUÇÃO DOS ANIMAISClimaDoenças e pragas endémicasValor nutritivo das pastagensToxicidade das pastagensResistência à degradação das pastagensResistência das pastagens à erosão do soloDisponibilidade de água para os animais.
QUALIDADES DA TERRA RELACIONADAS COM A PRODUTIVIDADE DA FLORESTATipos e quantidades de espécies naturaisFactores locais que afectam o estabelecimento das plantaçõesDoenças e pragasRisco de incêndio
QUALIDADES DA TERRA RELACIONADAS COM A GESTÃOFacilidade de mecanizaçãoAcessibilidadeDimensão e forma das parcelasLocalização em relação aos mercados
• Os efeitos das características da terra na aptidão não são avaliados directamente
mas através das qualidades da terra.
– as características da terra podem influenciar diversas QT, por vezes
contraditoriamente (por exemplo um solo arenoso pode ter fraca
fertilidade e fraca capacidade de retenção de água, mas pelo contrário ser
mais facilmente mobilizável e ter maior arejamento)
– Simplificação do modelo (a complexidade e o número de características
a considerar é menor)
Características da terra (CT) • atributos da terra que podem ser directamente medidos ou estimados, através de
– detecção remota,
– avaliação directa,
– inventários de recursos naturais já existentes (cartas de solos ou outros).
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 34
• Devem utilizar-se características diagnóstico, ou seja:
– de entre as características que podem permitir inferir uma qualidade da
terra, utilizam-se as que melhor permitam satisfazer tal objectivo ao
menor custo.
CT Exemplo: Requisitos do Tipo de Uso Qualidades da terra Caract. da terra
ExposiçãoAltitudeTextura do solo% de MOProfundidadeNPK
4. Toxicidade do solo 4. Toxicidade do solo Presença de solos ultrabásicos
3. Necessidades de nutrientes 3. Disponibilidade de nutrientes
1.Necessidades de temperatura 1.Disponibilidade de temperatura
2. Fertilidade do solo 2. Fertilidade do solo
2.3.3 Determinação da aptidão da terra • Os requisitos de cada tipo de uso da terra traduzem-se em diferentes graus de
aptidão:
– S1: altamente apto,
– S2: moderadamente apto,
– S3: marginalmente apto e
– N: não apto (N1: actualmente, por razões económicas e N2:
permanentemente).
• Cada classe é delimitada pelo correspondente valor crítico ou nível de
severidade que permite atribuir um grau de aptidão para cada qualidade da terra.
– Este é um passo decisivo no processo de avaliação
• a informação disponível refere-se normalmente a óptimos e a situações limites de crescimento, sendo pouco relevante relativamente ao leque de situações em que a cultura é possível, com melhores ou piores respostas.
• cabe ao avaliador recolher a informação disponível e estabelecer os limites das classes de aptidão.
• Por exemplo:
– S1 para as situações muito satisfatórias em que a colheita esperada é
superior a 80% do óptimo;
– S2 para as situações intermédias entre 40 e 80% do óptimo;
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 35
– S3 com limites situados entre os 20 e os 40% do potencial máximo.
– abaixo dos 20% do máximo - classe N.
Exemplo de uma matriz de limites críticos de requisitos de uso da terra Tipo de uso da terra:
s1 s2 s3 n1 n2
Exposição s seo nAltitude m <800 800-900 900-1100 >1100Textura f m gProfundidade >50 50-25 25-15 <15N MR R PP MR R PK MR R P
4. Toxicidade do solo 4. Toxicidade do solo Presença de solos ultrabásicos
N N N S
5. Localização 5. Localização Distância à aldeia <1000 1000-1500 1500-2500 >2500
Dimensão >5000 5000-2500 2500-1000 <1000Regularidade da forma
R MR I
Declive 0-15 15-30 30-45 >45Pedrogosidade Pouc Mode Pedr Muito Mt
8. terra arável 8. terra arável Desmatação9. disponibilidade de rega 9. disponibilidade de rega10. Superfície regular 10. Superfície regular Nivelamento/regular
ização da superfície
11. Riscos erosão 11. Riscos erosão Declive <10 10-15 15-30 >30Pedregosidade
12. Tipo de direito 12. Tipo de direito13. Necessidade de mão-de-obra 13. Disponibilidade de mão-de-obra Tint Tparc FS <FS
14. Autoconsumo 14. Autoconsumo
E. Requisitos sócio económicos
C. Grandes melhoramentos
7. Facilidade de mecanização 7. Facilidade de mecanização
B. Requisitos e limitações de gestão
D. Requisitos de conservação e ambientais
3. Necessidades de nutrientes 3. Disponibilidade de nutrientes
6. Dimensão e forma das parcelas 6. Dimensão e forma das parcelas
A. Requisitos agronómicos 1.Necessidades de temperatura 1.Disponibilidade de temperatura
2. Fertilidade do solo 2. Fertilidade do solo
Trigo mecanizado
Requisitos do Tipo de Uso Qualidades da terra Caract. da terraUnidades
Limites críticos
2.3.4 Cálculo da aptidão • Tabelas de limitação máxima
• Índices paramétricos
• Árvores de decisão
Tabelas de limitação máxima • Consideremos uma matriz:
– n vectores Si, cada um deles definindo um nível de severidade de uma
determinada qualidade da terra, em função de
– k características da terra CTj (linhas da matriz).
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 36
– Cada célula aij da matriz representa o valor da característica da terra que
deve ser atingido ou excedido por forma a que a qualidade da terra seja
classificada no nível de severidade indicado pela coluna respectiva
(quadro acima).
– Sendo Tz um vector que caracteriza uma determinada unidade de terra
em função de k características da terra CTj, a aptidão dessa unidade será
obtida através da comparação do vector Tz com a matriz de limitação
máxima.
– Cada característica da terra será classificada num nível de aptidão.
– A aptidão global resulta da aplicação do princípio dos factores
limitantes:
• o nível de severidade correspondente à CT mais limitante, constitui a aptidão global da unidade espacial para o tipo de uso do solo em causa.
• Este procedimento, embora de aplicação simples, tem o inconveniente de não
permitir ter em conta as interacções entre as características da terra.
Índices paramétricos • Os índices paramétricos são obtidos através de um sistema de pontuação:cada
característica da terra é classificada com um determinado valor, o qual
– - contribui para um valor global,
– - sendo este, por sua vez, classificado em níveis de severidade
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 37
Características físicas do solo para o Tipo de Utilização da Terra ‘Sorgo, tecnologia tradicional’ 60 pontos máximo (total) S1 : 51-60; S2: 31-50; S3: 11-30; N2: 0-10 total pontos Textura/estrutura 20 pontos máximo C-60s, SiCS, Co, SiCL, CL, Si, Sil, SC,L, SCL, SL 20 pontos C+60v , C+60s, C-60v, LfS, LS 15 pontos Cm, SiCm, LcS, fS, S 10 pontos cS 0 pontos fragmentos grosseiros, volume % 10 pontos máximo <15 10 pontos 15-35 6 pontos 35-55 3 pontos >55 0 pontos Profundidade do solo, cm 20 pontos máximo >100 20 pontos 80-100 18 pontos 60-80 14 pontos 40-60 8 pontos 20-40 4 pontos <20 0 pontos CaCO3, % 10 pontos máximo 0-25 10 pontos 25-35 6 pontos 35-50 4 pontos >50 0 pontos
Árvores de decisão • utilização de chaves hierárquicas de decisão:
– as características da terra constituem os critérios de diagnóstico;
– a resposta a várias questões conduz ao longo de um caminho de decisão
que leva à escolha de um nível de aptidão.
• Vantagem: é possível expressar as diversas interacções entre as características da
terra.
•
• Exemplo:
– As QT são ponderadas com um índice de importância;
– Sempre que exista no grupo de qualidades classificadas como muito
importantes ou importantes uma valorização de uma qualidade como não
apta, considera-se que a classe definitiva é N (não apta);
– Caso não exista nenhuma valorização “não apta”, aplica-se a lei do
mínimo ao grupo das qualidades “muito importantes”, atribuindo a este
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 38
grupo o nível de aptidão correspondente à qualidade com aptidão mais
baixa;
• Se no grupo das qualidades “importantes” existirem avaliações
inferiores a S1, exige-se a presença de pelo menos duas classes
de aptidão imediatamente inferiores, para que sejam estas a
determinar a aptidão final;
• No grupo das qualidades pouco importantes exige-se, para serem
consideradas, a presença de pelo menos três qualidades com
avaliação inferior à resultante da avaliação das características de
maior importância;
• Se no grupo das qualidades muito importantes existirem três ou
mais qualidades com aptidão do tipo S3, a avaliação final da
unidade será N (não apta).
2.3.5 Aptidão Económica da Terra • Determinada a aptidão global para cada unidade geográfica de avaliação e cada
uso de terra, chega-se a uma matriz global que cruza as diversas unidades
geográficas com os diferentes usos, em função das respectivas aptidões.
• Se o problema a resolver for o de determinar o uso mais adequado ou o uso
provável para cada unidade geográfica, é necessário encontrar uma medida
comum que permita traduzir as aptidões dos diferentes usos na mesma unidade
de medida.
• Tal tarefa só pode ser conseguida através da tradução da aptidão física em
unidades económicas, determinando a aptidão económica da terra.
• Podemos definir aptidão económica da terra, para um determinado uso, como o
benefício líquido esperado se a terra for dedicada a esse uso.
•
• A aptidão económica da terra depende de duas ordens de factores (já
parcialmente integrados nas fases prévias do modelo):
– Factores naturais:
• a qualidade in situ dos recursos naturais, isto é, a resposta da terra ao uso independentemente da sua localização;
• dos custos e benefícios associados à localização da terra;
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 39
• outros atributos espaciais da parcela, por exemplo: dimensão, forma, contiguidade.
– Factores socioeconómicos
• A questão que se põe agora é a de estabelecer a ligação entre os atributos físicos
e a aptidão (valor) económica da terra.
• Uma primeira distinção que importa estabelecer é a do tipo de análise económica
que pode ser conduzida:
– financeira (do ponto de vista privado) ou
– económica (do ponto de vista da sociedade).
• No primeiro caso deverão ser tidos em conta os fluxos de caixa, de facto pagos
ou recebidos pelo utilizador.
• Os preços considerados deverão ser reais e as externalidades não são
consideradas.
• No segundo caso, pretende-se conhecer os efeitos a um nível de agregação social
mais elevado do que o do operador individual.
– Deverão ser considerados preços sombra de forma a ter em conta custos
e benefícios sociais, e as externalidades deverão ser contabilizadas.
• Uma segunda questão tem a ver com o nível das unidades espaciais de fixação
dos objectivos:
– Unidade de gestão
– Unidade Económica
– ….
• A questão seguinte, é a da escolha da medida económica a considerar, por
exemplo:
– margem bruta,
– benefício líquido actualizado,
– valor actualizado líquido,
– taxa interna de rendibilidade,
– rácio benefício custo, ou outra.
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 40
Representação do modelo de avaliação económica do território
Qualidades da terra
(atributos de cada parcela)
Agronómicas
Gestão
Ambientais
Sócio-económicas
Tecnologia
Políticas
Modos de vida
Requisitos da terra
(atributos de cada LUT)
Agronómicas
Gestão
Ambientais
Sócio-económicas
Unidades de gestão (explo.
Agrícolas)
Nív
eis
de s
ever
idad
e
Aptidão da terra
Território
Tipos de uso da terra
Famílias
Resultados económicos potenciais
Impacto na produção e nos
custos
Uso ProvávelAptidão
económica da terra
Direitos de propriedade
Sistema de preços
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 41
2.4 Alguns estudos de caso
2.4.1 Aplicação do modelo ao território de uma aldeia A Matriz das Qualidades da Terra
ExposiçãoAlt itude
Índi. de acumula.3. Disponibilidade de àgua
3. Regadio Regadio
4. Encharcamento 4. Encharcamento Encharcamento5. T oxicidade do solo
5. T oxicidade do solo
P resença de solos ult rabásicos
5. Localização 5. Localização Distância à aldeia6. Dimensão e forma das parcelas
6. Dimensão e forma das parcelas
Área
DecliveDeclive+ Desv.Pad
8. Riscos erosão 11. Riscos erosão Declive
9. Direitos propriedade
9. Direitos propriedade
T ipo propriedade
C . Re quisi tos de conse rvação e am bie ntais
D. Re qu isi tos sócio e conóm icos
7. Facilidade de mecanização
7. Facilidade de mecanização
Re quisi tos do Tipo de Uso
Q ual idade s da te rra C aract. da te rra
B. Re qu isi tos e l im itaçõe s de ge stão
1.Regime térmico 1.Regime térmico
2. Fert ilidade do solo
2. Fert ilidade do solo
Profundidade
A. Re quisi tos agronóm icos
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 42
Representação do modelo digital do terreno do território em análise
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 43
Caracterização de um dos tipos de uso da terra considerados: “Sistema Cerealífero Extensivo”
Actividade C.Esp Prodm.d.o
Centeio 60.81 18283.5 63.2
Subsid
9
1. Regime térmico
2. Fertilidade do solo
3. Disponibilidade de água4. Encharcamento5. Toxicidade do solo
6. Localização7. Dimensão das parcelas8. Facilidade de mecanização
9. Riscos de erosão
10. Direitos de propriedade
Exposição
Altitude
Profundidade
Indi. de acumula.RegadioEncharcamentoUltrabásicos
Dist. aldeiaÁreaDeclive
Declive + desv padr
Declive
Propriedade privada
A. Requisitos agronómicos
B. Requisitos e limitações de gestão
D. Requisitos Sócio-económicos
Qualidades / Requisitos Características
C. Requisitos de conservação e ambientais
Limites classes de apti.
2869
80
3
00
1000500015
25
15
1
2837
80
2
00
1200250030
40
20
1
1811
50
1
00
1400150045
65
31
1
913
3
3
033
222
2
3
S1 S2 S3 Peso
Proporção de redução da produção 1 .8 .5
3.492
Períodorecorrência
30.431.641.7Totais
16.733RFCusto trabalho (atibuído)
MaxMin 937 945
Produções e Resultados Económicos
Matriz de Requisitos de Uso da Terra
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 44
Resultados económicos esperados para os diferentes Tipos de Uso da Terra
Unidade: 103 Esc po hectare 2000 (a)
1 Valor da Produção 31,58 123,91 700,00 105,00 300,00 203,00 36,64 b) 9,26
2 Consumos intermédios + consumo capital fixo 41,73 86,08 186,26 33,66 21,26 59,85 0,00 1,85
3 Valor acrescentado líquido a preços de base (1-2) - 10,15 37,83 513,74 71,34 278,74 143,15 36,64 7,41
4 Outros impostos sobre a produção 0,06 0,25 1,40 0,21 0,60 0,41 0,07 0,02
5 Outros subsídios à produção 30,38 62,50 18,00 18,00 81,20 301,80 21,00 2,82
6 Rendimento dos factores (3-4+5) 20,16 100,09 530,34 89,13 359,34 444,54 57,57 10,20
7 Remuneração do Trabalho 3,49 79,53 278,58 226,59 57,42 217,28 3,10
8 Excedente líquido de exploração (6-7) 16,67 20,56 251,76 - 137,47 301,91 227,26 54,46 10,20
9 Juros a pagar + lucro 0,47 1,86 10,50 1,58 4,50 3,05 0,55 0,14
10 Rendimento Fundiário (8-9) 16,20 18,70 241,26 - 139,04 297,41 224,22 53,91 0,00 10,07
CE Sistema cerealífero extensivo
CICA Sistema Intensivo de Culturas anuais
(a) Sistema de preços, de subsidios e teccnológico referido ao ano de 2000
b) Tendo em conta o "risco estatístico" de incêndio considerou-se que a produção é nula
Sistemas de utilização da terra Rubricas CE CICA Carvalhal MatosHorta Vinha Castanh Lameiros Floresta
introd.
Determinação da aptidão de cada unidade espacial: • A aptidão determina-se em três etapas sucessivas:
– 1º das características da terra no nível de aptidão da qualidade que
determinam e,
– 2º nível de aptidão de cada classe de qualidades da terra
– 3º, das diversas classes de qualidades num nível de aptidão global para a
unidade espacial de avaliação em causa.
•
• Determinação do nível de aptidão de cada qualidade a partir das características
da terra
– Se uma das características implicar um nível de aptidão não apto, então a
qualidade em causa é não apta.
– Se nenhuma das qualidades implicar não apto, então o nível de aptidão
será calculado a partir da média aritmética dos níveis de aptidão das
várias características.
• Determinação do nível de aptidão de cada classe de qualidades da terra:
– dividiram-se as qualidades/requisitos da terra em quatro classes:
• qualidades agronómicas, qualidades relacionadas com a gestão, qualidades de conservação e ambientais e qualidades sócio-económicas.
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 45
– Às qualidades foi atribuído um peso consoante a sua importância para o
uso em causa:
• 3 – muito importante, 2 – importante, 1 – pouco importante e 0 – sem importância para o uso em causa
– Sempre que uma qualidade com peso 3 ou 2 obtiver uma classificação de
não apto, a classe é não apta;
– Quando nenhuma das qualidades for não apta, a avaliação final é o
menor dos seguintes valores:
• i) o que resulta da lei do mínimo aplicada às qualidades com ponderação 3;
• ii) a média ponderada das aptidões de todas as qualidades que compõem a classe.
• Determinação da aptidão global de cada unidade de avaliação
– Aplica-se a lei do mínimo aos valores de aptidão calculados para cada
classe de qualidades.
– A aptidão final virá acrescentada da indicação da(s) classe(s) de
qualidades que determinou o valor. Por exemplo S3ad, significa que a
parcela é marginalmente apta, por motivos que se prendem
simultaneamente com razões agronómicas e sócio-económicas
• A cada classe de aptidão atribuiu-se ainda um factor de diminuição da produção
(ou de aumento dos custos de produção) para cada tipo de uso da terra, o que
permite calcular uma renda potencial de cada parcela para cada um dos seus
usos potenciais
• A comparação da renda potencial gerada por cada um dos usos, permite
determinar o tipo de uso que maximiza a renda, bem como o valor da renda que
corresponde a esse uso nas condições específicas da parcela em causa
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 46
Carta de Valor do Território produzida pelo modelo de avaliação
2.4.2 Estudo de caso II a Carta de solos de TAMAD • Tipos de Utilização da Terra considerados
– A- Agricultura; P – Pastagens; F - Floresta
• Qualidades da terra utilizadas
– Regime de temperaturas – t
– Condições de enraizamento – r
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 47
– Fertilidade – f
– Toxicidade do solo - x
– Disponibilidades hídricas – h
– Riscos de erosão – e
– Presença de obstáculos físicos - o
• Características da terra:
– Regime de temperaturas – t
• 1 geadas fim Outubro – meados Abril • 2 geadas princípio Outubro - princípio de Maio • 3 geadas todo o ano, pouco frequentes em Julho e Agosto • 4 geadas todo o ano e nevoeiros de Dezembro a Março
– Condições de enraizamento – r
• Espessura do solo: 1 - > 100cm; 2 – 100 – 50 cm; 3 - 50 – 10 cm; 4 - < 10 cm
– Fertilidade – f
– Toxicidade do solo - x: 1 – não serpentiníticos, 2 - serpentiníticos
–
– Drenagem 1,2 e 3 – sem limitações, limitações moderadas e severas
• Disponibilidades hídricas – h
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 48
• Riscos de erosão – e
• Presença de obstáculos físicos – o
– Afloramentos rochosos, terraceamento, inclinação do terreno
–
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 49
Determinação da aptidão
Ilustração da carta de aptidão
•
•
Aptidao3.shp000002003032033212222322332ForaUrbN
EW
S
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 50
2.5 O valor tributável da terra • O valor da terra situa-se, normalmente, numa banda determinada pela
capitalização da renda fundiária suportada pelo uso normal dessa terra;
• O valor tributável, peça fundamental de uma fiscalidade justa, deve sustentar-se
no rendimento dos usos normais.
• Nas economias modernas o valor do solo depende:
– Dos usos possíveis - Qualidade dos recursos in-situ - resposta da terra ao
uso independentemente da localização;
– Das expectativas económicas face aos usos possíveis;
– Dos direitos de propriedade admitidos (limitações de usos em particular)
– Localização (acessibilidade) - custos e benefícios associados a uma
localização específica
– Atributos espaciais - dimensão, forma, proximidade, contiguidade
Código de Imposto Municipal sobre Imóveis (Dec.-Lei n.º 287/03, de 12.11 )
• O valor patrimonial tributário dos prédios é determinado por avaliação, com
base em declaração do sujeito passivo
• A avaliação dos prédios rústicos é de base cadastral, não cadastral ou directa
• A avaliação dos prédios urbanos é directa
• O valor patrimonial tributário dos prédios rústicos corresponde ao produto do
seu rendimento fundiário pelo factor 20, arredondado para a dezena de euros
imediatamente superior.
– O rendimento fundiário corresponde ao saldo de uma conta anual de
cultura em que o crédito é representado pelo rendimento bruto e o débito
pelos encargos de exploração
– O rendimento fundiário de um prédio apura-se a partir da soma dos
rendimentos das suas parcelas com os das árvores dispersas nelas
existentes, quando pertencentes ao titular do direito ao rendimento do
prédio e se, no seu conjunto, tiverem interesse económico
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 51
Referências bibliográficas Texto 5: Rodrigues, O.A (2000). UTILIZAÇÃO DO TERRITÓRIO E PROPRIEDADE FUNDIÁRIA – Sistemas de Avaliação do Território. Instituto Superior de Agronomia (pp 315 -326) Texto 6: Dec.-Lei n.º 287/03
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 52
3 Capítulo 3 – Projectos de Ordenamento Rural Integrado
3.1 Aspectos Introdutórios • Historicamente, as medidas de ordenamento Rural começaram por incidir
exclusivamente na propriedade fundiária, com fins de melhoria das condições da
produção agrícola:
– Trata-se do conceito de emparcelamento (remembrement, concentración
parcelaria …)
– É ainda neste âmbito que existe um corpo jurídico e de políticas
específico, ainda que o conceito tenha vindo a evoluir para o campo do
ordenamento
Conceito de Emparcelamento • Medida que visa melhorar a estrutura fundiária, diminuindo as deficiências de
organização espacial das unidades de produção:
– Fragmentação: divisão da propriedade;
– Dispersão: afastamento ou descontinuidade das parcelas.
• é um instrumento de reorganização predial que assenta no estrito respeito pelo
direito de propriedade
• Deficiente organização espacial (localização e forma) das Unidades de
Produção:
– Menor eficiência na organização do trabalho – perda de produtividade.
• Reforma Agrária:
– Tem objectivos redistributivos;
– Melhoria das estruturas agrárias mal organizadas no que respeita à posse
da terra e dimensão da propriedade
• O conceito de emparcelamento evoluiu historicamente:
– Começou por ser apenas um sistema de trocas colectivas de modo a
concentrar parcelas;
– Mais tarde passou a constituir uma componente essencial associada aos
projectos hidro-agrícolas, permitindo um traçado mais racional das redes
hidráulica e viária;
– Hoje é mais entendido como um instrumento de ordenamento do espaço
rural e de promoção do desenvolvimento.
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 53
• Em vários países europeus tem sido entendido como o instrumento mais eficaz
de promoção do desenvolvimento desses espaços;
• Passa a integrar componentes e objectivos não agrícolas: do ordenamento do
espaço agrícola para ordenamento do espaço rural
•
• Nesta perspectiva o Ordenamento do Espaço Rural integra:
– Planeamento de redes de infra-estruturas
– Planeamento de equipamentos colectivos
– Ordenamento da estrutura da propriedade
– Instrumentos de mobilização do mercado fundiário
– Ordenamento do uso do solo (incluindo culturas perenes)
– Planeamento paisagístico e ambiental
– Melhoramento de aldeias e ordenamento urbano
3.2 A construção histórica das estruturas fundiárias • Território do Continente Português – estruturas fundiárias muito contrastadas:
– Zonas do “latifúndio, montanha e vale”
• Conceitos de
– Comunidade de aldeia: comunidades de povoamento concentrado,
dispondo de uma certa organização social, autónomas, onde cada família
cultiva autonomamente as suas terras próprias, mas tendo, além disso,
direito ao uso de espaços comuns (Garcia de Cortazar)
– comunidades de vale: mais fluidas e menos estruturadas espacialmente.
• A estrutura aureolar das comunidades de aldeia
• O sistema de uso dos recursos naturais e a estrutura da propriedade
– Diversidade ecológica, uso integrado dos recursos e autarcia das
comunidades;
• Tradicionalmente as trocas com o exterior eram reduzidas • Necessidade de produzir simultaneamente vários produtos • Papel estratégico dos animais como força de trabalho • Afolhamentos e rotações bianuais • O sistema de campos abertos
• Os sistemas de transmissão da propriedade fundiária:
– Papel central da terra na estruturação das sociedades rurais.
– A natureza patrimonial da terra.
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 54
– Os sistemas de partilha e sucessão
• herança post-mortem com partilha igualitária • “unigenitura ou primogenitura “ • Sistemas indirectos de favorecimento da transmissão integral do
património
3.3 Direitos de propriedade e regimes de propriedade Propriedade:
• O Código Civil de 1867 (Livro I sobre os direitos originários, art. 366): “O
direito de apropriação consiste na faculdade de adquirir tudo o que for
conducente à conservação da existência e à manutenção e ao melhoramento da
própria condição. Este direito, considerado objectivamente, é o que se chama
propriedade.”
• Esta noção centrada sobre o “direito natural” evoluiu para uma concepção mais
funcional:
• “relação social traduzida num conjunto de direitos que materializam uma relação
entre um objecto (de apropriação) e a pessoa que o apropria, garantindo a essa
pessoa direitos sobre o objecto que, simultaneamente limita a todas as restantes”.
• Os direitos de propriedade especificam o fluxo de benefícios que pode ser
apropriado individualmente.
Direitos e obrigações: • aos direitos correspondem sempre obrigações: não é possível existirem os
primeiros sem a garantia das segundas.
• a efectivação dos direitos de propriedade requer um mecanismo social de
salvaguarda, que imponha aos restantes as correspondentes obrigações de os
respeitar.
• compete normalmente ao estado a delimitação do âmbito dos direitos e das
correspondentes obrigações, bem como a gestão dos mecanismos que os
garantem.
Noção de custos de imposição dos direitos de propriedade: • “custos, formais e informais, associados à imposição de direitos de propriedade
perante terceiros”
Regimes de propriedade: • Regimes de propriedade estatal
– a propriedade e o controle do uso de um recurso é exercido directamente
pelo estado
• Regime de propriedade privada
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 55
– possibilidade legal e sancionada socialmente de excluir todos os outros
do uso de um recurso, em benefício de uma pessoa (individual ou
colectiva)
• Regime de propriedade comum
– Neste caso os direitos são partilhados por um grupo de co-proprietários
Regimes de propriedade privada : • Conjunto de direitos (bundle) que caracterizam todas as potenciais relações entre
um indivíduo e o resto da sociedade relativamente ao objecto da propriedade.
P.e.:
• direito à posse exclusiva (excluindo os outros); • ao uso e satisfação pessoal; • gerir o uso através de terceiros; • direito ao benefício resultante do uso; • direito ao valor (seja através de alienação, consumo ou destruição); • direito à segurança; • poder de transmissão através de doação, venda ou transmissão
hereditária; • não existência de limitações a qualquer destes direitos; • obrigação de usar o objecto de forma que não prejudique outros; • a possibilidade de o hipotecar e, por fim, • direitos residuais correspondendo a direitos omissos detidos por
outros (Honoré, 1961:112-128). • A questão dos “danos a terceiros”
– Pigou e os Bens Públicos
• : “uma pessoa A, no processo de oferta de determinado serviço, que é pago, a uma segunda pessoa B, acidentalmente também presta serviços ou não-serviços a outras pessoas (que não produtores de serviços semelhantes), de tal modo que o pagamento não pode traduzir exactamente as partes beneficiadas ou compensar as partes prejudicadas”
– Equilíbrio de Pareto - taxas
– A teoria das “Externalidades”
• Demsetz (1967: 350), “os direitos de propriedade desenvolvem-se de forma a internalizar externalidades quando os ganhos da internalização são superiores aos custos da internalização”.
– O teorema de Coase
• “se os custos de transacção dos direitos de propriedade forem nulos, então ocorrerá uma afectação óptima dos recursos qualquer que seja a distribuição inicial dos direitos de propriedade.”
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 56
Custos de imposição e regimes de propriedades nas comunidades de aldeia
3.4 O Quadro legal • As primeiras tentativas datam de finais do século XIX
– Oliveira Martins – projecto de lei do fomento rural de 1887 e
Camposfechados
Horta
Rotaçõesintensivas Rotações
extensivas
Baldio
Distância à aldeia
$
r
A
Ra
O
R1
R2
Superfície utilizada
Renda
$
sB
A
KP
O J R
A’
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 57
– No âmbito do Inquérito Agrícola de 1887-1888 (Gerardo Pery)
• O primeiro diploma a ser publicado surge em 1919 (Decreto Lei nº5705),
contudo nunca chegou a ser regulamentado.
• Só em 1962 ( Lei nº 2116 e Decreto Lei nº 44647) vem a ser criado um regime
de emparcelamento
• O regime jurídico de 1962 levantava alguns problemas práticos de aplicação, em
particular com a legalização de novos prédios
• Decreto-Lei nº 384/88 estabelece as bases gerais do regime de emparcelamento.
• Decreto-Lei nº 103/90 regulamenta
– Integrou os conceitos em uso na Europa comunitária
– Alargou o âmbito do emparcelamento;
– Facilitou a titulação dos prédios obtidos
– Conferiu às autarquias e iniciativa privada a possibilidade de elaborar e
executar projectos de emparcelamento
Algumas considerações sobre o quadro legal actual • A execução de projectos de emparcelamento rural deve ser promovida quando
constituam base indispensável para:
– Execução de programas integrados de desenvolvimento agrícola regional
– O ordenamento do espaço agrícola e a reconversão cultural;
– A reestruturação da propriedade rústica e da empresa agrícola afectadas
por grandes obras públicas (auto-estradas, cam de ferro, barragens,
aeroportos)
• Reserva de terras
1 - nas zonas a emparcelar será promovida a constituição de uma reserva de
terras com as finalidades seguintes:
a) Incorporação nos prédios resultantes de operações de emparcelamento;
b) Redimensionamento de explorações agrícolas, por venda, permuta,
arrendamento ou subarrendamento;
c) Criação de novas unidades de exploração, em propriedade ou
arrendamento;
d) Afectação a fins de valorização económica e social de carácter
colectivo.
• 2 - A reserva de terras será composta por:
a) Terrenos adquiridos ou arrendados pela DGHEA;
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 58
b) Terrenos cedidos por agricultores empresários ou autónomos cessando
as suas actividades nessa qualidade;
c) Terrenos que integrem o domínio público ou privado do Estado e das
autarquias,;
d) Parcelas sobrantes de terrenos expropriados por utilidade pública;
e) Terrenos expropriados por utilidade pública para fins de reestruturação
agrária no âmbito das obras de fomento hidroagrícola.
• 3 - Os terrenos declarados em situação de abandono ou mau uso, nos termos da
legislação aplicável, podem ser integrados na reserva de terras quando de tal
facto depender a viabilidade de operações de emparcelamento.
•
3.5 Formas de emparcelamento Emparcelamento
integral
• Consiste na substituição de uma estrutura predial defeituosa de
propriedade rústica por outra que, associada à realização de
melhoramentos fundiários, permite:
• - concentrar a área de prédios ou suas parcelas pertencentes a cada
proprietário no menor número possível de prédios, com transferência de
direitos, ónus e encargos;- aumentar a superfície dos novos prédios
mediante a incorporação de terrenos da reserva de terras.Sem prejuízo
do objective acima definido, o emparcelamento integral visara ainda o
reagrupamento de parcelas que, pertencendo embora a diversos
proprietários, sejam exploradas em conjunto
Emparcelamento
simples
• Consiste na correcção da divisão parcelar de terrenos pertencentes a,
pelo menos, dois proprietários, com a finalidade de melhorar as
condições técnicas e económicas da exploração através da concentração,
do redimensionamento, da rectificação de estremas e da extinção de
encraves e servidões.
Emparcelamento
de exploração
• Consiste na concentração das parcelas dispersas de uma mesma
empresa agrícola, ainda que pertencentes a proprietários diferentes, e
executa-se, sempre que possível, simultaneamente com o
emparcelamento integral ou simples, devendo subordinar-se as
condições seguintes:
• - não agravar a fragmentação da propriedade;
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 59
• - Se possível assegurar a duração igual dos contratos de arrendamento
que incidam ou venham a incidir sobre os terrenos abrangidos, por
períodos não inferiores a treze anos, contados a partir do ano agrícola
em que se concilia a remodelação parcelar.
Redimensiona
mento de
explorações
agrícolas
• Consiste no aumento, até aos limites que forem definidos para cada
região, da sua superfície, de modo a melhorar a rentabilidade dos
factores de produção. Este objectivo poderá ser alcançado por qualquer
das modalidades seguintes:
• - aquisição ou arrendamento de prédios confinantes ou próximos de
outros integrados nas explorações a redimensionar;
• - aquisição ou arrendamento pelos interessados de terrenos da reserva de
terras.
Troca de
terrenos e
árvores
Visa a eliminação de encraves e direitos de superfície, a correcção da
forma ou da estrutura das explorações agrícolas ou o reforço da sua
produtividade. Para atingir tais objectivos pode-se recorrer a
expropriação, sendo, no entanto, necessário que a área total dos terrenos
a permutar, ou a expropriar, seja inferior a um terço da área daquele ou
daqueles em que se destinem a ser integrados ou que separem e ainda
que, quando se trate de arvores, o respectivo valor seja inferior a um
terço do valor do prédio em que se situam.
• Estes conceitos reagrupam-se normalmente em:
– - emparcelamento integral
– - acções pontuais de emparcelamento
• As acções pontuais de emparcelamento não foram objecto de regulamentação;
• O emparcelamento integral é a forma jurídica correntemente utilizada nos
projectos de emparcelamento rural
• Este quadro jurídico confere alguma flexibilidade às acções de ordenamento
rural
3.6 Fases de um Projecto de Emparcelamento Rural • Elaboração do Estudo Prévio
• Elaboração do Projecto
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 60
• Execução do projecto
• Avaliação
Estudo Prévio
Identificação do projecto
Estudos de Viabilidade
Delimitação preliminar do perímetro
Caracterização da estrutura fundiária
Caracterização preliminar da ocupação
cultural, coberto vegetal, meio ambiente
e paisagem
Caracterização preliminar de infra-
estruturas e benfeitorias
Identificação das expectativas dos
beneficiários
Definição preliminar dos melhoramentos fundiários a efectuar
Orçamentação do projecto
Avaliação da viabilidade técnica e
económica
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 61
Diagnóstico e concepção do projecto
Diagnóstico /Caracterização da situação existente
Concepção
Delimitação prévia do perímetro
Caracterização física do meio
Caracterização da ocupação cultural,
coberto vegetal, meio ambiente e paisagem
Caracterização de infra-estruturas e
benfeitorias
Caracterização da estrutura fundiária
Cadastro
Planeamento do uso do solo
Identificação das expectativas dos
beneficiários
Definição e caracterização dos
melhoramentos fundiários a efectuar
Orçamentação do projecto
Avaliação de viabilidade técnica e
económica
Caminhos, rega e drenagem, reconversão cultural,
electrificação, instalações agrícolas, equipamentos
colectivos
Síntese do diagnóstico
Definição dos objectivos do
projecto
Identificação e caracterização dos
agentes sociais
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 62
Elaboração do Projecto
Fixação das bases Traçado dos novos lotes
Informação e sensibilização dos
interessados
Constituição dos órgãos de
emparcelamento
Delimitação do perímetro
Classificação e avaliação de terrenos e
benfeitorias
Estudos de base
Projecto de infra-estruturas e
melhoramentos
Delimitação das massas de repartição
Inquérito à localização de novos lotes
Projecto de novos lotes
Boletins individuais dos novos lotesConstituição da reserva
de terras
Situação jurídica dos proprietários
Ante-projecto de infra-estruturas e
melhoramento
Boletins individuais
Exposição dos elementos à reclamação
Análise e atendimento de reclamações
Exposição dos elementos e reclamações
Análise e atendimento de reclamações
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 63
Execução do Projecto
Concurso público e adjudicação das obras
Construção das obras e melhoramentos
fundiários
Acompanhamento e fiscalização das obras
Avaliação dos Resultados
Criação do sistema de gestão e conservação
das obras
Titulação da nova estrutura fundiária
Demarcação dos novos lotes
3.7 Recolha da Informação necessária para a elaboração de um projecto de Ordenamento Rural Integrado
• A aelaboração de um projecto de Ordenamento Rural Integrado (ORI) requer a
recolha de um conjunto vasto de informação, em particular de informação
georeferenciada.
• Informação geográfica com pormenor adequado à escola de trabalho.
– Em particular, Ortofotomapas actualizados
• Cadastro geométrico da propriedade
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 64
• Outra cartografia temática digital (DEM, linhas água, caminhos, toponimia,
edificações, solos, geologia)
• Outros Planos de Ordenamento (PROT; PDM, PEOT, RAN, REN, servidões)
• Desenvolvimento de um Sistema de Informação Geográfica que reúna toda
aquela informação
3.8 Caracterização e diagnóstico da situação existente
• A fase de diagnóstico permite identificar constrangimentos e potencialidades e
sustenta todas as restantes fases de elaboração do projecto
• O diagnóstico da situação existente é precedido por uma fase de divulgação e
sensibilização das populações locais
Fases Componentes Actividades
Divulgação e
Sensibilização
• - Divulgação
• - Sensibilização dos agentes
envolvidos
• - Incentivo à colaboração/
participação
• - Reuniões com entidades
• - Reuniões com agricultores e
proprietários
• - Constituição de uma Comissão de
Apoio
Caracterização
da Situação
existente
• - Caracterização física do meio
(geomorfologia, hidrografia,
clima, solos, geologia, zonas
ecológicas)
• - Caracterização do meio rural
(demografia, povoamento,
estrutura socio-económica,
explorações agrícolas,
população agrícola, circuitos
de comercialização, uso actual
do solo)-
• Caracterização da ocupação
cultural, coberto vegetal, meio
• - Aquisição de informação e dados
de Caracterização
• - Processamento de elementos
cartográficos
• - Fotointerpretação
• - Trabalho de campo
• - Criação de bases de dados
alfanuméricas e gráficas
• - Edição de cartografia temática
• - Cálculo e analise de indicadores
• - Realização de inquéritos
• - Reuniões de trabalho com a
Comissão de Apoio
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 65
ambiente e paisagem-
• Caracterização dos Tipos de
Utilização de Terra existentes-
• Caracterização das infra-
estruturas e benfeitorias-
• Caracterização da estrutura
fundiária -Cadastro
Execução do cadastro • Não estando previamente disponível é necessário proceder à elaboração do
cadastro na fase da caracterização da situação existente
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 66
3.8.1 Síntese do diagnóstico
• O diagnóstico (caracterização da situação existente) deve conter:
– Diagnósticos sectoriais
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 67
– Integração dos diagnósticos sectoriais para obter uma visão de conjunto
– síntese do diagnóstico
• Interacções meio físico – meio socio-económico • Interacções meio físico – Infra-estruturas • Interacções meio socio-económico – Infra-estruturas • Interacções meio físico e meio socio-económico – sistema de direitos
propriedade sobre o território
O diagnóstico pode sintetizar-se numa tabela: Problemas
Nível1 Nível2 Nível3 Nível n Manifestação do problema Causas
Agentes Implicados
Relação entre
problemas e causas Oportunidades
3.9 Identificação dos agentes sociais • A identificação e caracterização dos agentes sociais envolvidos constitui uma
etapa central em projectos de ORI, em particular como etapa prévia à definição
dos objectivos do projecto.
Métodos para a identificação dos agentes sociais • Tchayanov demonstrava que a família camponesa empregaria a sua força de
trabalho até ao ponto em que a penosidade marginal do trabalho fosse superior
ao ganho marginal obtido.
• E, como regra mais geral, estabelecia que a família procuraria
• “cobrir as suas necessidades o menos penosamente possível e portanto, tomando
em conta os meios de produção de que dispõe assim como todas as outras
formas possíveis de aplicação do seu trabalho, reparte-o de maneira a utilizar
todas as possibilidades que oferecem uma melhor remuneração.”
• Ou seja, quando existam oportunidades de trabalho no exterior, cuja
remuneração seja superior ao rendimento marginal na exploração, a família
repartirá o seu trabalho entre as duas aplicações alternativas, tendo como limite
global o ponto a partir do qual a penosidade da última unidade de trabalho
aplicada é superior à sua rendibilidade marginal.
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 68
• Considere-se que o rendimento total obtido com a produção agrícola da família
(Zt) é função da quantidade de trabalho empregue no período t (Lt):
• Zt = Zt (Lt) • A forma particular desta função depende dos recursos detidos pela família (terra,
capital), das técnicas de produção e dos preços.
• Assumindo que não há recurso a capital externo, o consumo (Ct) não poderá ser
superior ao capital disponível no início do período t (Wt*).
• Ct ≤ Wt* • No fim do período t o capital disponível pela família será:
• Wt = Zt (Lt) + (Wt* - Ct) + At • Sendo At o saldo entre outros rendimentos e outras despesas
• Considere-se uma função de utilidade diferenciável e crescente com o consumo
e o capital e decrescente com o trabalho, a qual depende das características da
família, nomeadamente da sua dimensão e fase do ciclo de vida:
• Ut = Ut (Lt, Ct, Wt) • A família terá então que escolher um nível de consumo e de penosidade do
trabalho que maximize a sua utilidade, sujeita à restrição de capital disponível
no período t.
• Considere-se agora que a família tem a escolha de aplicar a sua disponibilidade
total de trabalho (Lt) entre trabalho na exploração agrícola (Lat) e trabalho no
exterior (Let). Pode então escrever-se a equação do capital disponível no fim do
período como:
• Wt = Zt (Lat) + st Let + (Wt* - Ct) + At
X
X'
I3I2
I1
Lt
Wt
L'tL*t
W*t
O
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 69
Diferentes formas das curvas de trabalho agrícola e não agrícola
• Podemos ainda admitir que os stocks de património fundiário ( Tt ) e de capital
cultural ( Kct ) proporcionam directamente utilidade, podendo incluir-se na
função de utilidade, a qual virá:
• Ut = Ut (Lt, Ct, Wt, Tt, Kct)
• Pode então reescrever-se a função de capital acumulado no período t, como:
• Wt = Zt (Lat) + st Let + (Wt* - Ct - kct) + At + Rt
• Sendo Rt o saldo entre o rendimento da terra e o custo de administração dos
direitos de propriedade no período t e kct o montante aplicado na acumulação
de capital cultural durante o mesmo período.
Com base neste modelo metodológico é possível identificar os seguintes grupos de agentres sociais:
S1
S2
S3
S4
Lt
Wt
Z1
Z2
Lt
Wt
Z3
A B
X
X'
Lt
X''
IWt
O L*t
Y
Lat
At+Zt
W*t
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 70
A escolha de “modos de vida” das famílias– “urbanos com interesses fundiários”
• A opção mais provável: actividade remunerada não agrícola, com residência
exterior à aldeia, eventualmente longe, e a cedência parcial ou total de direitos
de uso da terra
Tipo Famílias1 Idosos com interesses fundiários2 Idosos agrícolas3 Agricultores exlusivos4 Agricultores diversificados5 Rurais diversificados6 Urbanos com interesses agrícolas7 Urbanos com interesses fundiários8 Urbanos
S
caterra
Rt
Z
Tt
Wt
A B
r3
r2r1
ct1
ct2
ct3
L't
Wt
C
L't R
AtRt
St
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 71
A escolha de “modos de vida” das famílias– “urbanos com interesses agrícolas”
• A opção mais provável: emprego urbano, complementado com uma actividade
agrícola até ao ponto a partir do qual a penosidade do trabalho passa a ser
superior ao rendimento marginal que este permite obter
A escolha de “modos de vida” das famílias– “Agricultores Exclusivos”
• A opção mais provável: emprego urbano, complementado com uma actividade
agrícola até ao ponto a partir do qual a penosidade do trabalho passa a ser
superior ao rendimento marginal que este permite obter
S
Z
Wt
L*t Lt
I
S
Z
Wt
A
L't
S
Wt
B
L't
W1t
ca
r
W2t
Wt
C
L't L*t
W*t Z
I
rLt
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 72
A escolha de “modos de vida” das famílias– “Agricultores Diversificados”
• A opção mais provável: processos de acumulação sustentados na actividade
agrícola. É possível rentabilizar estes meios noutras actividades de base rural,
por exemplo alugando equipamento, corte e venda de madeira e lenha, ou
mesmo turismo rural.
•
A escolha de “modos de vida” das famílias– “Idosos com interesses agrícolas ou fundiários”
• O orçamento compõe-se de pensões de reforma, de rendas e, eventualmente, de
uma pequena actividade agrícola.
3.10 Fins Objectivos e Metas do Projecto • O Planeamento é um processo que visa atingir objectivos, seleccionando as
formas de acção e os meios instrumentais necessários para os atingir, tendo em
conta a escassez dos recursos;
• A fixação clara dos objectivos é uma etapa fundamental
Wt
L*t Lt
I
Z
At+rt
Wt
Lt
A1
A2
A3Wt
L*t Lt
I
A1
A2
A3
L1t L2
t
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 73
3.10.1 Conceitos • Fins, Objectivos e Metas (um continuum do mais genérico ao mais concreto)
• Fim:
– Propósito genérico a atingir no largo prazo (p.e. aumento do rendimento
das populações e da igualdade de oportunidades, aproveitamento
sustentável dos recursos naturais, coesão territorial, etc)
– Pouco instrumentais, marcam uma direcção de orientação do plano.
• Objectivos
– Um estado específico e concreto que uma comunidade pretende alcançar,
num período de tempo determinado (médio, curto prazo).
– Deduzem-se da análise empírica e detalhada dos problemas,
– É a concretização dos fins susceptível de ser mensurada
– Podem ser usados como critérios para a avaliação das diferentes
alternativas do plano
• Objectivos próprios e exógenos
• Os objectivos endógenos, da comunidade objecto do plano, tem que ser compatíveis com a estrutura de decisão de um espaço mais amplo
• Objectivos essenciais e objectivos discriminatórios ou acessórios
• Os primeiros têm que ser atingidos. Os segundos servem para distinguir entre alternativas do plano
3.10.2 Objectivos e agentes sociais • Nem todos os agentes têm a mesma importância relativamente ao
estádio final que se pretende atingir; • Cada objectivo tem importância diferente para os distintos agentes • Os objectivos devem ser ligados aos agentes sociais
• Identificação dos Objectivos
– Identificação dos agentes envolvidos no plano
– Consulta sistematizada a estes agentes
– Formulação e confirmação dos objectivos
Técnicas de consulta e confirmação de objectivos: – Discussão entre equipa de planeamento e agentes (brainstorming)
– Técnicas de investigação social (inquéritos, entrevistas)
– Técnicas de Jogos (cada membro dramatiza os interesses de um grupo de
agentes)
– Método Delphi
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 74
– Método Delphi
• Selecção de um painel de agentes
• Apresentação de um questionário escrito sobre os objectivos do
plano que deve ser respondido individualmente por escrito
• “Feed-back” elaboração de uma síntese das respostas que se
entrega a cada membro do painel para que reconsidere a sua
resposta face à resposta dos demais
• A partir desta nova etapa continua-se em rondas sucessivas, até
que se considere que o processo de iterações não vai melhorar os
resultados
• È fundamental saber identificar pontos de conflito e de
concordância
Formulação e confirmação dos objectivos • Deve ser efectuada uma análise à validade do conjunto dos objectivos:
• Critério de solidez – grau de concordância com a finalidade do
plano
• Critério de relevância – grau de concordância com as
necessidades reais e âmbito do plano
• Critério de consistência – possibilidade de contradição ou
exclusão dos objectivos entre si
Hierarquização dos objectivos • Estrutura vertical do sistema de objectivos
• Ordenados em sucessivos escalões pondo em evidência a
dependência instrumental entre eles
• Estrutura horizontal do sistema de objectivos
• Ordenação segundo a interdependência simétrica entre objectivos
• De complementaridade
• De indiferença
• De competição ou conflitualidade
• Segundo a preferência dos agentes
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 75
A Matriz de Objectivos – Agentes • 1, 2 , … n Diferentes grupos de agentes • 1, 2 , … n em colunas diferentes objectivos • q1 … qn importância de cada agente face ao conjunto de objectivos • a11 … a1n importância de cada objectivo para cada agente
Agentes Objectivos Grupo Importância 1 2 3 ,,,, n 1 q1 a11 a12 a13 a1n 2 q2 . . . . . . n qn
3.10.3 Operacionalidade dos objectivos – Operativo – directamente mensurável (pe aumento do encabeçamento
animal)
– Directamente operacional – vinculado a indicadores ou metas
directamente mensuráveis (pe desenvolvimento turismo rural)
– Indirectamente operacional – Quando os indicadores ou metas são
complexos (não são óbvios) (pe melhoria paisagem)
3.10.4 Grau de consecução dos objectivos – Diferentes “curvas de consecução”
– Campo de factibilidade e de aceitabilidade
– Análise da consecução do sistema de objectivos
• Curva de consecução dos objectivos
• Índice de consecução ou de cumprimento dos objectivos
• Matrizes de cumprimento dos objectivos
3.11 Ordenamento do uso do solo Já no capítulo II se estudou exaustivamente uma metodologia de ordenamento do uso do solo. Agora, no contexto da elaboração de projectos de ORI, fazem-se algumas considerações adicionais relativamente à fase de ordenamento dos usos do solo que deve preceder as fases da reorganização da propriedade e do planeamento das infraestruturas.
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 76
3.11.1 Importância de um adequado ordenamento do uso do solo:
• O espaço rural é cada vez mais um espaço multifuncional e não só agrícola;
• Novas funções e actividades produtivas (habitação, lazer, turismo, conservação
da natureza);
• Potenciais conflitos em torno do uso e ocupação do solo
• O modelo tradicional de organização do espaço encontra-se desajustado face às
grandes mudanças tecnológicas.
• O Ordenamento do uso do solo deve enquadrar-se na hierarquia de planos de
ordenamento já existentes
3.11.2 Etapas no planeamento do uso do solo: • Identificação e integração dos planos de ordenamento existentes na região
• Análise dos planos de ordenamento existentes
• Identificação das condicionantes de uso e servidões
• Identificação do potencial de base – Qualidades de Uso da Terra
• Identificação e caracterização dos tipos de usos da terra a considerar
• Reuniões de trabalho com a Comissão de Apoio
• Reuniões com beneficiários e entidades
• Planeamento do uso do solo
• Justificação do ordenamento proposto
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 77
Qualidades de Uso
Tipos de Usos
Determinação da capacidade de suporte para
os diferentes usos
Modelo de determinação da capacidade de
uso
Cartas de grau de aptidão para
cada uso
Cartas Síntese
Alternativa 1
Alternativa 2
Sistema de preços
Planos de Ordenamento e
servidões
Cartas de áreas de uso exclusivo
Cartas de zonas de conflito
3.11.3 Tipos de usos Zonas de uso exclusivo
• Ocupações de elevado valor ambiental ou cultural que devem ser conservadas
Uso Florestal • Dependendo da sua configuração, podem constituir ecossistemas de elevado
valor ambiental (uso múltiplo x produção, protecção);
• Necessidade de um adequado planeamento espacial
• Importância da avaliação e gestão do risco no planeamento dos usos florestais
• “A violência e a extensão dos incêndios do último verão e o dramatismo das
situações vividas pelas populações atingidas, geraram na sociedade portuguesa
justificada emoção e apoio quanto à necessidade de se alterar profundamente a
nossa relação com floresta.”
• “A ausência de gestão florestal, o excessivo parcelamento fundiário, os
desequilíbrios na constituição dos povoamentos, o desordenamento da sua
implantação e o abandono a que se encontram votadas extensas áreas florestais,
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 78
conjugados com circunstâncias climatéricas, particularmente adversas e raras,
associadas a comportamentos negligentes e criminosos, determinaram a
violência e a extensão de tais incêndios.” (in: Reforma Estrutural do Sector das
Florestas
- Resolução do Conselho de Ministros de 31 de Outubro de 2003)
• Planos regionais de ordenamento florestal (PROF):
• desenvolvem as orientações preconizadas ao nível do planeamento florestal nacional e da legislação, explicitando normas concretas de silvicultura e de utilização do território apresentando já um carácter operativo face às orientações fornecidas por outros níveis superiores de planeamento e de decisão. Depois de aprovadas estas normas serão utilizadas no processo de elaboração dos planos de gestão florestal (PGF) e dos planos directores municipais (PDM).
• Planos regionais de ordenamento florestal (PROF) concluídos:
• PLANO REGIONAL DE ORDENAMENTODO PINHAL INTERIOR SUL
• PLANO REGIONAL DE ORDENAMENTO FLORESTAL DÃO LAFÕES
• PLANO REGIONAL DE ORDENAMENTO DO CENTRO LITORAL
• PLANO REGIONAL DE ORDENAMENTO FLORESTAL DA BEIRA INTERIOR NORTE
• ZONAS DE INTERVENÇÃO FLORESTAL – ZIF (Decreto-Lei n.º
127/2005)
– A Reforma Estrutural do Sector Florestal, iniciada após os incêndios de
2003, compreende a criação de Zonas de Intervenção Florestal – ZIF,
enquanto espaços contínuos, submetidos a planos comuns de intervenção
e geridos por uma única entidade, como medida capaz de introduzir
escala e profissionalização na acção do ordenamento e da gestão
florestal, em zonas onde a dimensão da propriedade só o permite através
da organização dos proprietários florestais em torno da gestão e defesa
comuns do património individual.
– Uma ZIF é uma área territorial contínua, constituída na sua maioria por
espaços florestais, sujeita a um plano de gestão florestal e a um plano de
defesa da floresta e gerida por uma única entidade.
– 1 – A delimitação das ZIF atende aos seguintes critérios:
• a) Fisiografia do terreno; • b) Rede de compartimentação; • c) Ocupação e uso do solo;
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 79
• d) Risco estrutural de incêndio florestal; • e) Inclusão de um mosaico florestal que constitua uma unidade com
dimensão e de particular importância para a produção e conservação dos recursos florestais ou naturais, incluindo a biodiversidade, a defesa do solo ou outra valência ambiental.
– 3 – A área territorial das ZIF compreende um mínimo de 1000 ha e inclui
no mínimo 50 proprietários ou produtores florestais e 100 prédios
rústicos.
Uso Agrícola • O modelo de ordenamento deve atender a:
– Intensidade e relação com o território
– Ciclo temporal das culturas
– Relação com os direitos de propriedade
Uso Industrial • Algumas considerações sobre localização industrial – noção de densidade do
tecido económico – custos de transporte
– Processos industriais sustentados na exploração de recursos naturais (p.e.
i. extractivas)
– Actividades industriais de “base artesanal rural”
• Na ausência de ordenamento a implantação é aleatória.
• Normalmente vista como “uma presença indesejável na paisagem” ;
• Factores a ter em conta no ordenamento da actividade
– Relação com as infraestruturas (rede viária, água, energia, tratamento de
efluentes, etc)
– Relações com outras actividades;
– Transformações na paisagem
– Outros impactes ambientais
Usos relacionados com o lazer e turismo • Relação com a malha urbana
• Relação com valores ambientais geradores de procura turística
• Aspectos a considerar
– Capacidade de utilização dos recursos sem risco de esgotamento;
– Controlo de actividades induzidas que contrariem o objectivo inicial;
– Garantir uma planificação global integrada das infraestruturas e serviços
– Harmonização com as restantes actividades e estruturas sociais
– Compatibilidade com restantes instrumentos de Ordenamento
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 80
Incultos / Zonas de protecção • Espaços sem utilização agrícola ou florestal
• Formas de gestão dos incultos
– Transformação em usos florestais
– Abandono
– A questão do bloqueio da série de evolução ecológica
– A questão dos direitos de propriedade e do controlo social dos usos
– Novas formas de gestão destas áreas
Estruturas lineares e manchas • Corredores / Barreiras
• Relações entre estrutura e função
– Funções de continuidade / comunicação entre ecossistemas
– Gestão de riscos naturais
• Incêndio • Factores climáticos / microclimas • Erosão e conservação dos solos
– paisagem
Espaços degradados • P.e. Explorações mineiras abandonadas, ruinas industriais e urbanas, áreas
desertificadas, zonas com problemas de poluição dos solos.
• Instrumentos de recuperação de áreas degradadas
3.12 Concepção do Projecto
3.12.1 Etapas e actividades a desenvolver na fase da concepção do projecto
Fases Etapas Actividades
Concepção do
Projecto
- Planeamento físico de infra-estruturas melhoramentos
- Reorganização da propriedade - Planeamento ambiental - Estimativa orçamental do
projecto - Calendarização do projecto - Identificação de fontes de
financiamento e definição do plano de financiamento
- Definição, Caracterização e quantificação das Infra-estruturas, melhoramentos e equipamentos propostos e alternativas (caminhos, rega, enxugo/drenagem, equipamentos sociais de carácter colectivo, melhoramentos fundiários, etc)
- Trabalho de campo - Definição das acções relativas a conservação
da natureza c paisagem - Reuniões c/ entidades regionais e locais e com
beneficiários - Reuniões de trabalho com a Comissão de
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 81
Apoio - Descrição dos impactes mais significativos - Edição de cartografia temática
3.12.2 Reorganização da propriedade Tipos de intervenção na reorganização da propriedade:
• Intervenções nulas ou excepcionais
– Zonas onde a valorização é compatível com a actual estrutura ou é
desejável não haver alterações;
• Intervenções reduzidas
– Operações de emparcelamento simples
– Apenas algumas trocas e acertos de estremas
• Intervenções moderadas
– Necessidade de actuação sobre as infra-estruturas
– Resultados condicionados pela actual estrutura predial
• Intervenções profundas
– Grande liberdade de intervenção sobre a estrutura fundiária
– Não existência de condicionamentos relativamente ao planeamento das
infra-estruturas e à reorganização predial.
• As zonas de intervenção são estabelecidas com base nos usos e na avaliação do
território
Fixação das bases do projecto
• A fixação das bases do projecto de emparcelamento compreende os seguintes
elementos (DL 103/90):
– a) Delimitação do perímetro;
– b) Identificação dos prédios, dos direitos, ónus e encargos que sobre eles
incidam e dos respectivos titulares;
– c) Classificação e avaliação dos terrenos e benfeitorias;
– d) Melhoramentos fundiários de carácter colectivo;
– e) Identificação dos terrenos do domínio público e privado do Estado e
das autarquias cuja inclusão na reserva de terras se prevê;
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 82
– f) Identificação dos terrenos incluídos na reserva de terras na sequência
da declaração do seu estado de abandono ou mau uso;
– g) Condições de atribuição das terras da reserva.
As bases do projecto são submetidas à: • avaliação dos interessados,
• são feitas as correcções que resultem das reclamações apresentadas, após o que
• é declarada a fixação das bases do projecto de emparcelamento por portaria do
Ministério da Agricultura, Pescas e Alimentação.
Traçado dos novos prédios
• Fixadas as bases do projecto é estabelecido o novo loteamento de acordo com os
critérios seguintes:
– a) A concentração da área dos terrenos de cada proprietário no menor
número possível de prédios, cuja superfície, forma e acesso favoreçam as
condições técnicas e económicas da respectiva exploração;
– b) A aproximação, tanto quanto possível, dos novos prédios das actuais
sedes das explorações ou a criação de novos centros de lavoura com o
acordo dos interessados;
– c) O aumento, sempre que possível, da área dos prédios integrados em
explorações de dimensão insuficiente, com recurso à incorporação de
terrenos da reserva de terras.
3.13 Financiamento dos projectos de ordenamento integrado do espaço rural
Financiamento previsto através da: • Acção n.º 5, «Gestão de Recursos Hídricos e Emparcelamento», da medida
Agricultura e Desenvolvimento Rural dos programas operacionais regionais,
designada medida AGRIS.
Investimentos a apoiar: • a) Operações de emparcelamento integral em zonas de grande potencial agrícola
e com uma deficiente estrutura fundiária, em termos de fragmentação e
dispersão da propriedade ou da exploração;
• b) Operações de emparcelamento integral em zonas de grande potencial agrícola
e em que se verifique um acentuado conflito entre usos agrícolas e não agrícolas
do solo, particularmente usos ambientais, nomeadamente devidas à sua
integração em zonas de condicionantes ambientais, que exijam uma intervenção
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 83
ao nível do ordenamento do território, designando-se estas operações, para
efeitos do presente Regulamento, por operações de emparcelamento rural
integrado;
• c) Operações de emparcelamento, de exploração, com ou sem
redimensionamento da exploração, associadas ou não a processos de
reconversão tecnológica, e visando a melhoria das condições de produção no
conjunto da exploração ou em alguma das suas vertentes produtivas, em zonas
onde a deficiente estrutura da exploração possa ser limitativa destas alterações;
• d) Planos de ordenamento do espaço rural, que, designadamente, identifiquem
linhas de orientação para o desenvolvimento do espaço rural, proponham
critérios para a melhor ocupação do solo e perspectivem intervenções
devidamente enquadradas, quantificadas e priorizadas.
Beneficiários • 1 - Podem beneficiar das ajudas às operações de emparcelamento previstas nas
alíneas a) e b) do artigo anterior:
• a) Associações de agricultores;
• b) Autarquias locais;
• c) Organismos competentes.
• As ajudas são concedidas sob a forma de incentivo não reembolsável no valor de
100% das despesas elegíveis.
•
3.14 - Avaliação da viabilidade do projecto
A avaliação dos projectos de ordenamento rural pode ter o carácter de:
• Avaliação ex-ante
– Antes da execução do projecto, na fase de estudo prévio e de elaboração
do projecto.
• Avaliação ex-post
– Depois da execução do projecto, avaliando o grau de cumprimento dos
objectivos inicialmente traçados
A avaliação deve envolver, pelo menos, os seguintes aspectos: • Avaliação espacial ou geográfica
• Avaliação tecnológica
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 84
• Avaliação social e
• Avaliação económica
3.14.1 Avaliação espacial ou geográfica • Pretende avaliar o grau de alteração da estrutura da propriedade da terra em
função das operações de reestruturação fundiária
• Importa avaliar
– A alteração do grau de parcelamento
– A alteração da distribuição no espaço das parcelas de cada unidade
produtiva e
– As mudanças na topologia ou forma das parcelas
• Para o efeito recorre-se normalmente à utilização de índices que permitem
comparar a situação antes e depois do projeto.
Alguns índices que permitem avaliar a alteração do grau de parcelamento
• Índice de fragmentação de Simmons
[ ]21
2
1
)(
)(
∑∑
=
==n
i i
n
i i
a
aFI sendo ai a area da parcela i
– O índice varia entre 0 e 1. Valores próximos de 1 indicam uma elevada
concentração, ao passo que valores mais próximos de zero traduzem um
parcelamento elevado
• Índice de Januszewski
∑∑
=
== n
i i
n
i i
a
aK
1
1)(
sendo ai a area da parcela i
– Tal como no índice anterior, K varia entre 0 e 1. Valores próximos de 1
indicam uma elevada concentração, ao passo que valores mais próximos
de zero traduzem um parcelamento elevado.
• Índice de Gini
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 85
– Permite medir o grau de concentração da estrutura fundiária, Se houvesse
apenas uma parcela o índice seria 1, correspondendo a uma concentração
absoluta.
BAIG = Sendo A a área entre a curva de Lorenz e a recta Y=x e
B a área entre a recta Y=x e o eixo das abcissas
– A curva de Lorenz representa a proporção da área total em função do nº
de parcelas
• Coeficiente de redução do parcelamento
100)_º()_º(
)___º()__º(depoisiosproprietárnantesiosproprietárn
depoisprédiosmédionantesprédiosmédionCR−−
=
Traduz a redução do parcelamento face ao nº de proprietários
Índices que permitem avaliar o grau de parcelamento e a distribuição espacial das
parcelas
• Índice de Schmook
∑=
= n
i iaAP
1
0
– sendo A a área de um polígono que envolve todas as parcelas de uma
determinada unidade produtiva
– O índice traduz em simultâneo o grau de parcelamento e dispersão
geográfica das parcelas. Quanto mais elevado for o índice maior será
parcelamento.
% nº parcelas
% área100
100
Curva de Lorenz
AB
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 86
• Distância média ponderada
∑∑
=
== n
i i
in
i i
a
daD
1
1 Onde di é a distância de cada parcela ao centro
– O índice tem um comportamento semelhante ao anterior
• Índice de Igbozurike
100
1 DtSD =
Onde s é a área média por parcela e Dt a
distância necessária para percorrer todas as
parcelas
Índices que pretendem avaliar a topologia e a alteração da forma das parcelas, tendo
em vista a sua adequação às operações de mecanização.
• Índice de Boyce e Clark
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 87
• Índice de compactidão das parcelas
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 88
• Estes índices não traduzem necessariamente a adequação da forma às operações
técnicas, mas constituem uma aproximação.
3.14.2 Análise social
• Deve avaliar aspectos tais como:
– Variação do emprego
– Melhoria das condições de vida das populações
• Deve ter como referência:
– A matriz de objectivos inicialmente definida
– A tipologia de agentes sociais identificados
• Metodologicamente recorre-se
– Cálculo directo de indicadores;
– Inquéritos
3.14.3 Avaliação tecnológica • É particularmente importante a avaliação do impacte técnico nas actividades
agrícolas.
• Aspectos a avaliar:
– Tempos de trabalho
• Operações de mobilização do solo e colheita – dependem do
parcelamento
• Tempos de deslocação – a alteração da rede de caminhos pode,
eventualmente, produzir efeitos a este nível
– Dias disponíveis para a realização das operações
• Relaciona-se com a eventual realização de obras de drenagem e
de irrigação.
– Variação da superfície agrícola utilizada
– Produtividade e qualidade dos produtos
– Alterações nas tecnologias utilizadas
3.14.4 Avaliação da viabilidade económica • Esta nível de avaliação sintetiza grande parte dos aspectos anteriores e, nessa
medida, é decisivo para a tomada de decisão.
• Duas ópticas de avaliação
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 89
– Sob o ponto de vista privado
• Preços nominais / não são incluídas externalidades
– Sob o ponto de vista da comunidade
• Preços reais / devem ser contabilizadas as externalidades
• Terão que ser percorridas as seguintes etapas:
Identificação e quantificação dos benefícios associados ao projecto • Agricultura
• Indústria
• Turismo
• Outros serviços
• Ambientais
• …
Identificação e quantificação dos custos associados ao projecto • Investimento Gestão e manutenção das infraestruturas
• Custos sociais (perda de emprego, transtornos, etc)
• Custos ambientais
Elaboração do “cash flow” do projecto, explicitando a evolução temporal dos fluxos financeiros Cálculo e análise dos indicadores de viabilidade, p.e.:
• TIR, VAL, Tempo Recuperação, Rácio Benefício/Custos, Acréscimo do
Rendimento do Empresário e da Família, …
Referências bibliográficas Coelho, José Paulo (1992) Análise de projectos de emparcelamento rural – o caso de Valença do Minho Bárbara ( 1999). O emparcelamento rural como instrumento de ordenamento e planeamento dos espaços rurais
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 90
4 Capítulo 4 – O Ordenamento Rural e a Política Nacional de Ordenamento do Território
4.1 Visão global dos instrumentos de ordenamento do território
Ordenamento do Território • Assenta no sistema de gestão territorial consagrado pelo
– Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro com as alterações
introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 310/2003, de 10 de Dezembro, que
aprovou o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial,
– em execução da Lei de Bases da Política do Ordenamento do Território e
de Urbanismo (Lei n.º 48/98, de 11 de Agosto)
• De acordo com este regime jurídico o Sistema de Gestão Territorial organiza-se, num quadro de interacção coordenada, em três âmbitos:
– a) O âmbito nacional (entendido como o território de Portugal Continental);
– b) O âmbito regional; – c) O âmbito municipal.
• O âmbito nacional é concretizado através dos seguintes instrumentos:
– a) O programa nacional da política de ordenamento do território (PNPOT);
– b) Os planos sectoriais com incidência territorial (PSIT); – c) Os planos especiais de ordenamento do território (PEOT),
compreendendo: • os planos de ordenamento de áreas protegidas (POAP), • os planos de ordenamento de albufeiras de águas públicas
(POAAP), • os planos de ordenamento da orla costeira (POOC) • e os planos de ordenamento dos parques arqueológicos (POPA).
• O âmbito regional é concretizado através dos
– planos regionais de ordenamento do território (PROT). • O âmbito municipal é concretizado através dos seguintes instrumentos:
– a) Os planos intermunicipais de ordenamento do território (PIOT); – b) Os planos municipais de ordenamento do território (PMOT), que
compreendem os planos directores municipais (PDM), os planos de urbanização (PU) e os planos de pormenor (PP).
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 91
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 92
4.2 PMOT - Planos Municipais de Ordenamento do Território • Instrumentos de planeamento territorial, de natureza regulamentar, aprovados
pelos municípios, que estabelecem o
– regime de uso do solo, definindo
– modelos de evolução da ocupação humana e da
– organização de redes e sistemas urbanos e, na escala adequada,
– parâmetros de aproveitamento do solo.
• PMOT-PDM - Plano Director Municipal
– Plano municipal de ordenamento do território que abrange todo o
território municipal e que, com base na estratégia de desenvolvimento
local, estabelece a
• estrutura espacial, a • classificação básica do solo, bem como • parâmetros de ocupação, considerando a • implantação dos equipamentos sociais e desenvolve a • qualificação dos solos urbano e rural.
• Constitui uma síntese da estratégia de desenvolvimento e ordenamento local
prosseguida, integrando as opções de âmbito nacional e regional com incidência
na respectiva área de intervenção.
• O Plano Director Municipal é de elaboração obrigatória. Estão ratificados todos
os PDM do continente, estando vários em processo de revisão
• PMOT-PU - Plano de Urbanização
– Plano municipal de ordenamento do território que define a organização
espacial de parte determinada do território municipal, incluída em
perímetros urbanos, podendo englobar solo rural complementar que exija
uma intervenção integrada de planeamento.
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 93
• PMOT-PP - Plano de Pormenor
– Plano municipal de ordenamento do território que desenvolve e
concretiza propostas de organização espacial de qualquer área específica
do território municipal definindo com detalhe a
• concepção da forma de ocupação e • servindo de base aos projectos de execução das infra-estruturas, da
arquitectura dos edifícios e dos espaços exteriores, de acordo com as prioridades estabelecidas nos programas de execução constantes do plano director municipal e do plano de urbanização.
4.3 Os planos sectoriais com incidência territorial (PSIT) Planos de defesa da floresta
• Diploma / DL 156/2004 (art. 8.º)
• Lei de Bases da Política Florestal - Prevê os planos de ordenamento e gestão florestal
– L 33/96 • Regula o procedimento de elaboração, aprovação, execução e
alteração dos planos regionais de ordenamento florestal
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 94
– DL 204/99 • Regula o procedimento de elaboração, aprovação, execução e
alteração dos planos de gestão florestal – DL 205/99
• Os planos regionais de ordenamento florestal (PROF) desenvolvem as orientações preconizadas ao nível planeamento florestal nacional e da legislação, explicitando
– normas concretas de silvicultura e de utilização do território – apresentando um carácter operativo face às orientações fornecidas por
outros níveis superiores de planeamento e de decisão. – utilizadas no processo de elaboração dos
• planos de gestão florestal (PGF) e dos • planos directores municipais (PDM).
4.4 Servidões e Restrições • Aeroportos e Navegação Aérea • Albufeiras de Águas Públicas Classificadas • Áreas Beneficiadas por Obras de Fomento Hidroagrícola • Áreas Protegidas Árvores de Interesse Público • Captação e Protecção das Águas Subterrâneas • Edifícios Públicos e outras Construções de Interesse Público • Estabelecimentos Prisionais e Tutelares de Menores • Gasodutos e Oleodutos • Instalações de Fabrico e Armazenagem de Produtos Explosivos • Organizações e Instalações Militares • Património Classificado • Recursos Geológicos • Regime Florestal • Reserva Agrícola Nacional (RAN) • Reserva Ecológica Nacional (REN) • Sinalização Marítima • Telecomunicações • Zonas Adjacentes às Margens do Domínio Hídrico • Zonas de Protecção Especial (ZPE) • Zonas Especiais de Conservação (ZEC)
4.4.1 Áreas Protegidas • São classificados como áreas protegidas os territórios que pela sua raridade,
valor ecológico, paisagístico, científico ou cultural apresentam uma relevância especial que exija medidas específicas de conservação e gestão dos recursos naturais.
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 95
4.4.2 Regime Florestal • Visa assegurar não só a criação, exploração e conservação da riqueza silvícola
nacional, mas também o revestimento florestal de terrenos cuja arborização seja de utilidade pública e conveniente ou necessária para o bom regime das águas e defesa de várzeas, para a valorização de áreas ardidas e benefício do clima, ou para a fixação e conservação de solo de montanhas e de areias do litoral marítimo.
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 96
4.4.3 Reserva Agrícola Nacional (RAN)
• A Reserva Agrícola Nacional integra um conjunto de áreas que, pelas suas características morfológicas, climatéricas e sociais, maiores potencialidades apresentam para a produção de bens agrícolas.
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 97
4.4.4 Zonas de Protecção Especial (ZPE)
• São áreas de importância comunitária, onde são aplicadas as medidas necessárias para a manutenção ou restabelecimento do estado de conservação das espécies de aves selvagens mencionadas no anexo A-I do DL nº 140/99.
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 98
4.4.5 Zonas Especiais de Conservação (ZEC)
• São sítios do território nacional, de importância comunitária, susceptíveis de contribuir para a manutenção de habitats naturais ou de espécies de fauna ou flora selvagem.
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 99
4.5 A integração do Ordenamento do Espaço Rural com as diversas figuras de ordenamento do território
• O Ordenamento do espaço rural
– Ao nível da macro-estrutura dos grandes valores ambientais e das
grandes opções de uso do território:
• PROTs
• PMOTs
– No Ordenamento de alguns recursos ambientais e biofísicos em
particular:
• PEOTs
– No ordenamento sectorial de alguns usos do território
• PSOT
Ordenamento do Espaço Rural – Ano Lectivo de 2005 - 2006 100
– A visão de síntese e integradora, numa perspectiva de Ordenamento
Rural Integrado de um determinado Território Rural caberia aos PMOT
• Contudo o Ordenamento Urbano domina os PMOT;
• O Espaço rural é normalmente apenas classificado em grandes
classes de uso
– As Servidões, em particular a RAN e REN, têm funcionado apenas como
disciplinadoras do crescimento urbano e não como verdadeiras figuras de
ordenamento dos recursos, como se pretendia.
– Não há articulação entre as políticas de ordenamento fundiário /
ordenamento rural integrado com os instrumentos de ordenamento do
território;
– Aos PSOT, em particular os florestais, falta capacidade de uma visão
integrada e de articulação com as restantes componentes do território;
– Um Instrumento fundamental no Ordenamento do Território, como é o
cadastro, não é integrado nas políticas de Ordenamento do Território.
– Em suma alguma falta de articulação entre políticas e deficiente
capacidade de concretização tem remetido a questão do Ordenamento
Integrado do Espaço Rural para alguma menoridade.