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OrganiCidade: Parâmetros para um lugar efêmero. Parâmetros para um lugar mais vivo

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Trabalho Final de Graduação de Gabriele Landim e Dyego Digiandomenico, apresentados o curso de Arquitetura e Urbanismo da Belas Artes de São Paulo. [email protected], [email protected] Escala humana, cidade para pessoas, arquitetura paramétrica, Vila Nova Cachoeirinha, medo, muro, problemas ambientais, arquitetura efêmera

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GABRIELE DO ROSÁRIO LANDIM

Trabalho Final de Graduação para obtenção do diploma de Arquiteta e Urbanistasob orientação do professor Marcos Martins Lopes.

Centro Universitário Belas Artes de São Paulo

São Paulo, 2014

ORGANICIDADEPARÂMETROS PARA UM LUGAR EFÊMERO

DYEGO DIGIANDOMENICO

Trabalho Final de Graduação para obtenção do diploma de Arquiteto e Urbanistasob orientação do professor Marcos Martins Lopes.

Centro Universitário Belas Artes de São Paulo

São Paulo, 2014

ORGANICIDADEPARÂMETROS PARA UM MAIS VIVO

AGRADECIMENTOS Por Gabriele Landim

Este trabalho é fruto de inquietantes percepções pessoais sobre a cidade, porém só foi possível desenvolvê-lo com a participação e apoios diretos ou indiretos de amigos:

Agradeço à Dyego Digiandomenico, co-autor deste projeto e pesquisa, amigo e companheiro de muitas conversas e reflexões, que ajudou a com-por quem hoje sou.

Ao mestre, Professor Marcos Lopes, pelas orientações, aulas e conver-sas, sempre com todo entusiasmo, interesse e incrível sensibilidade.

Aos professores da graduação Prof. Dr. Marco Aurélio Lagonegro, Prof. Jairo Moris Ludmer, Prof. Me. Luiz Benedito Castro Telles (in memoriam), e novamente Prof. Marcos Martins Lopes, pelo enriquecimento pessoal, pe-las ricas referências e dedicação neste processo de aprendizagem. Den-tre muitos, estes foram os mais relevantes para reverter o processo de “de-formação profissional” que estamos sujeitos a sofrer dentro da academia.

À família. À minha mãe Roseli Landim, e avó Maria Ap. do Rosário Lan-dim pela criação, apoio e incentivo, aos tios e tias pelo apoio e interesse durante todo o processo que me trouxe até aqui, ao irmão Luiz Guilherme Landim pelo companheirismo e primas por estarem ao meu lado apesar das distâncias, à prima Camila Landim pela amizade e conversas absolu-tamente relevantes a todos os assuntos que conseguimos atingir.

Aos amigos que foram de classe, e agora serão para a vida, Henrique Fis-cher, Radharani Soares, Danilo Monteiro e Marília Mazzaro.

Aos amigos (não-arquitetos) que sempre fizeram parte da minha vida.

Desejo que continuem próximos para que eu continue me transformando.

AGRADECIMENTOS Por Dyego Digiandomenico

Dedico esse trabalho a toda criança que ainda brinca na rua, a to-dos vizinhos que cumprimentam gentilmente, a todo estranho que cede espaço e é cortês no transporte, dedico esse trabalho a todo jovem que descobriu o primeiro Lá menor, o primeiro ponto de fuga e o primeiro livro de Drummond, dedico esse trabalho aos aprendi-zes de todas as coisas que alimentam nossa vida com a beleza.

Dedico esse trabalho em memória dos meus pais, nasci em trinta de janeiro, dia da saudade, é irônico, que falta eles me fazem. Agra-deço ao meu pai por me ensinar a entregar a vida ao que se acredi-ta, a cortar e soldar o ferro e ter esmero e orgulho do trabalho que se pode fazer com as mãos, agradeço a minha mãe por me ensinar a esperança, a importância da sabedoria e o amor infinito.

Agradeço aos meus amigos por serem parte viva da minha memó-ria, e estarem presentes em tantos momentos.

Agradeço aos amigos de turma: Danilo Monteiro, Radharani Rocha e Marília Mazzaro por formarem um grupo de trabalho tão dedicado a ajudar um ao outro e em todos os momentos que precisei, eles estavam lá.

Agradeço a minha cunhada Luciana, por gerar e criar meus sobri-nhos, meus maiores incentivos de aprender cada vez mais para po-der transmitir esse conhecimento.

Agradeço aos Mestres Marcos Lopes, Marco Aurélio Lagonegro, Jairo Moris e Luis Telles por ensinarem de maneira tão singular, acrescerem tanto no meu conhecimento, e serem referência de pro-fissionalismo, assim me transferem a obrigação e o desejo de ser um profissional competente.

Ao meu orientador, Marcos Lopes, agradeço com todo carinho por ser essa figura mítica, um transmissor de conhecimento e sensibili-dade sem igual, e por fazer me sentir um amigo de quem chamo de Mestre e tenho muita admiração, esse contato me motivou profun-damente.

E por último agradeço as duas pessoas fundamentais na minha es-sência, sem elas não seria o que sou, talvez nem estivesse aqui e esse trabalho não existisse.

Ao meu irmão Humberto, que é justamente o significado mais fiel da palavra, irmão, sempre me apoia e aconselha, me corrige e me da o prazer de ser o irmão mais novo quando se tem um irmão que se preocupa e zela, é minha coragem e minha direita.

A Gabriele Landim, minha companheira, que compartilha comigo as balas depois que o balão da festa estoura, e me ajuda, me ensina e me completa, me da significados maiores pra vida, é tudo o que esse curso me proporcionou de melhor, encontrá-la foi achar uma parte de mim mesmo.

Obrigado.

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[Augusto de Campos - 1963]

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[Augusto de Campos - 1963]

atrocidade | caducidade | capacidade | causticidade | duplicidade | elasticidade | felicidade | ferocidade fugacidade | historicidade | loquacidade | lubricidade | mendicidade | multiplicidade | organicidade

periodicidade | plasticidade | publicidade | rapacidade | reciprocidade | rusticidade | sagacidade implicidade | tenacidade | velocidade | veracidade | vivacidade | unicidade | voracidade

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atrocidade | caducidade | capacidade | causticidade | duplicidade | elasticidade | felicidade | ferocidade fugacidade | historicidade | loquacidade | lubricidade | mendicidade | multiplicidade | organicidade

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RESUMO

Este trabalho trata da requalificação da área e entorno do Cemitério Vila Nova Cachoeirinha, zona norte do município de São Paulo.

O projeto partiu de duas análises convergentes que tinham como ele-mentos balizadores o medo e o muro, e a influência desses elementos na conformação dos espaços e das relações humanas. Chegamos a um estudo de caso, na Vila Nova Cachoeirinha, São Paulo onde novos problemas se apresentaram: problemas ambientais, espa-ciais e comportamentais.Foi proposto um projeto para equacionar e solucionar os problemas encontrados, com partido máximo a escala humana e um projeto para pessoas.

O projeto é composto por duas partes que foram integradas ao longo do desenvolvimento, são eles, da aluna Gabriele Landim e do aluno Dyego Digiandomenico.

A integração dos projetos permitiu ampliar as discussões sobre uma área com problemas complexos.

A área possui longo histórico de contaminação ambiental além de uma ampla gama de problemas e entraves, que serão citados ao longo des-te caderno.

O projeto utiliza técnicas de arquitetura paramétrica como caminho para resolver problemas em diversas esferas. Foram utilizadas geome-trias com bases em cálculos algorítmicos.

Todos os parâmetros usados neste projeto foram baseados na escala humana.

Palavras-chave

Medo, muro, arquitetura paramétrica, arquitetura algorítmica.

01Medo, muro e espaços públicos con-trolados na cidade de São Paulo.Introdução - 18Segregação social e violência urbana -20Aproximações históricas - 22Segregação espacial - 26Espaço público - 30Espaços de controle e vigilância - 32Conclusão do capítulo - 34

02Análise da áreaIntrodução e análise - 39História do bairro - 46Problemas - 48Tratamento urbano existente - 58

03O projetoOrganograma de pensamentos - 66Quadro de parâmetros- 76Imagens - 98

01Medo, muro e espaços públicos controlados na cidade de São Paulo.

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RESUMO

Este capítulo visa problematizar a existência, banalização e con-sequências da presença dos muros na cidade, assim como o controle e vigilância no espaço público. Foca-se na urbanização e desenvolvimento da cidade de São Paulo, conciliando esferas de discussão que abragem o medo, violência urbana e desigualda-de social como percusores de resultados de segregação social e espacial na cidade e o controle e vigilância dos espaços públicos em nome da segurança pública. Dentro desses processos estão contidos aspectos econômicos, sociais e culturais, com a busca geral pela proteção máxima contra um inimigo comprovadamen-te amorfo. Como consequência, investe-se na cidade trancafiada em muros, grades e cadeados, espaços públicos controlados e viagiados, que com discurso de segurança pública, afasta vela-damente grupos sociais específicos dentro da sociedade, e não combate os problemas sociais com programas e investimentos a longo prazo.

Palavras-chave: medo, muro, espaço público, controle, segrega-ção social.

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INTRODUÇÃO

As influências das forças do medo e da confiança impulsionam diversas mudanças comportamentais, cindindo cada vez mais fir-memente as diferenças entre as pessoas, ao mesmo passo, tais diferenças são transformadas em barreiras de afastamento, gera-mos assim um ciclo de distanciamento ao “estranho” que começa muitas vezes de maneira despercebida e por fim desagua no que o sociólogo polonês Zygmunt Bauman cunhou com a palavra “mi-xofobia” para descrever o medo típico das grandes cidades con-temporâneas: a fobia de se misturar com outras pessoas. Segun-do Bauman, a cidade é o lugar do encontro, da mistura, do novo, da efervescência, é o lugar onde tudo e todos se encontram mes-mo sem querer se encontrar, é o lugar onde estar com quem não se conhece é um pressuposto, é um termo aceito tacitamente e, por isso, ela é um espaço mixofílico, que promove a mistura, que faz da mistura um gosto aceitável e aprovável (Bauman, 2009).

Esse processo tem engrenagens motrizes em diversos campos, e por consequência refletem diretamente na qualidade da arqui-tetura e no delinear de novas configurações urbanas. Arquitetos e administradores públicos passam a trabalhar em prol da unifor-mização dos espaços, estes, atravessados por muros e cercas elétricas, vigiados por câmeras de segurança. Em detrimento, os espaços públicos vêm perdendo campo e, consequentemente, significado para as novas gerações, estas, que apesar de sofre-rem com esvaziamento urbano e sentirem o impacto direto dessa condição em suas rotinas, por ironia crescem radicalmente incli-nadas ao estado de “medo herança” como carga psicológica dos seus progenitores, que por sua vez tentam suprimir a condição de medo através de promessas mercadológicas de confiança. No entanto, o mercado da confiança semeia o medo para vender à segurança através de remediações arquitetônicas ineficientes

BAUMAN, Zygmunt. Confian-ça e medo na cidade. Tradu-ção de Eliana Aguiar. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009. ►

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e cada vez mais impactantes a vida na cidade, a obsessão por segurança se torna um vetor associado a um ciclo de isolamento onde se promove o fim dos antigos e sólidos laços sociais, a inte-gração com a cidade passa ter o máximo de afastamento.

A arquitetura do medo é uma ilusão, e ironicamente, a estética desse cenário de segurança próxima do medieval cria uma enor-me sensação de desespero e atitudes de individualização. Ao se trancafiarem as pessoas são destituídas do direito e obrigação de usufruir a vivencia da cidade, negar essa experiência é estar deslocado do espaço onde vive e não desenvolver a noção de cidadania. Consolida-se que defender-se da violência através de quimeras mercantis anula qualquer dever de comprometimento com a identificação das reais causas e soluções para a temida violência, os espaços de convivência social vão se restringindo e o medo aumentando cada vez mais.

Este medo e separação que gera a necessidade de evitar espa-ços de conflito pode ter em um de seus alicerces a desigualdade social, que amplia a segregação social e a violência urbana.

▼ Imagem de acervo pesso-al de Catarina Bessel.

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SEGREGAÇÃO SOCIAL E VIOLÊNCIA URBANA

Uma alteração marcante na qualidade e uso do espaço público está na atribuição de ameaça a alguns grupos que compõe a po-pulação. O medo da violência faz com que estes grupos sociais que se julgam possíveis alvos de atentados criminosos busquem ou tenham a ilusão de ocupar uma situação segura, e assim afas-tam-se das possibilidades de encontro com aqueles que consi-deram diferentes. Este fato também tem levado a descrença na capacidade de os poderes públicos garatirem a segurança dos cidadãos, e levam a transferência dessa responsabilidade para as empresas de segurança privadas.

O resultado social destes fatos afastam os cidadões e valorizam a desigualdade, assim, traços que emergiram com a cidade, como liberdade, igualdadem tolerância e respeito, são substituídos pela fragmentação e separação rígida dos espaços físicos e sociais.

A desigualdade socioespacial tende a ser produto de um sistema econômico hegemônico, que beneficia apenas as elites, assim o capitalismo nos países subdesenvolvidos resulta na divisão ter-ritorial. A suburbanização tem efeitos de polarização social e nas cidades passam a existir concetrações com altos índices de ca-pital financeiro, dos quais fazem parte aqueles que detêm o maior poder aquisitivo e se deslocam para bairros com melhor status social. Ao mesmo passo que, com o aumento do fluxo migratório da mão-de-obra excedente do processo industrial para as cida-des, estes que não detem a mesma condição das elites, se des-locam para bairros mais afastados, e se submetem a morar longe do centro comercial e industrial, onde a moradia é mais barata ou possuem terrenos com possibilidade de invasão, locais com urbanização precária (Kowarick, 1979). Mesmo com esta inicial separação territorial entre as classes, há a constante ocupação

KOWARICK, Lucio. A espolia-ção urbana. Rio de Janeiro: Editora Terra e paz, 1979.. ►

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de locais distantes do centro da cidade pela população de alta renda, que habtam condomínios e loteamentos. Com tanta margi-nalização as elites das cidades sentem-se ameaçadas pelo des-controle do crescimento urbano e acabam buscando segurança e conforto em “bairros-fortalezas” (Ferreira, 2001, p.67), ou seja, bairros residenciais cuja forma física é o condomínio fechado.

Apesar desta proximidade espacial entre ricos e pobres, a inte-gração social ainda não acontece e permanece não estimulada, pois ão há um canal que os relacione, assim aumentam a tensão, o medo e resentimento entre eles e diminuem o interesse pela busca comum de soluões para os problemas urbanos, fazendo com que a desigualdade se torne mais explícita e agressiva.

Para Teresa Pires Caldeira, houveram fatos históricos que servi-ram para criar e intensificar a desigualdade social em São Pau-lo, fatos que tornaram a cidade mais complexa e diversificada, como: : reversão do crescimento demográfico, recessão econô-mica, retração da industrialização e expansão das atividades terciárias, melhoria da periferia combinada ao empobrecimento das camadas trabalhadoras e deslocamento de parte dos estra-tos economicamente privilegiados para longe do centro, ampla difusão do medo do crime, que incitou pessoas de todos os níveis a buscarem formas de moradia mais seguras (Caldeira, 2003).

◄ FERREIRA, João Sette Whitaker. Globalização e ur-banização subdesenvolvida. Revista São Paulo em Pers-pectiva, São Paulo, Fundação SEADE, 2001.

◄ CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Cidade de muros: cri-me, segregação e cidadania em São Paulo. Tradução de Franklin de Oliveira, Henrique Monteiro. 2. ed. São Paulo: Edusp, 2003.

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SANTOS. Milton, A urbaniza-ção Brasileira. São Paulo: Edi-tora da universidade de São Paulo, 2008. ►

MARICATO, Erminia. As ideias fora do lugar e o lugar fora das ideias. In: Arantes, Otilia. et al. A cidade do pensamen-to único. Petrópolis: Vozes, 2000. ►

FREITAS, Eleusina Lavôr Ho-landa de. Loteamentos fe-chados / Eleusina Lavôr Ho-landa de Freitas. --São Paulo, 2008.►

APROXIMAÇÕES HISTÓRICAS

Para entender mais sobre os pontos históricos levantados pela autora, vale entender que no processo de urbanização paulista, sob o ponto de vista cronológico, foi apenas na passagem do sé-culo XIX para o século XX, na transição do ciclo cafeeiro para o industrial que o Brasil conheceu a urbanização semelhante a da Europa Ocidental industrializada, com aumento acelerado das áreas urbanizadas e da população (Santos, 2008).

A tragédia urbana brasileira não é produto das décadas perdidas, portanto, tem suas raízes muito firmes em cinco séculos de formação da sociedade brasileira, em especial a partir da privatização da terra (1850) e da emergência do trabalho livre (1888). (Maricato, 2000, p.23)

Como forma de entender historicamente a propriedade de terra no Brasil e o sentido de propriedade privada no Brasil, deve-se considerar o início desleal entre proprietários e trabalhadores:

Até 1850, a terra não representava valor, uma vez que era concedida pela Coroa. O ano de 1850 marca o fim do tráfico de escravos e a instituição da primeira Lei de Terras, que estabelecia a compra e venda como única forma de aqui-sição de terras devolutas, excluindo a classe trabalhadora, que por não possuir terras doadas pela Coroa e nem re-cursos para comprá-la, foi excluída do processo. Posseiros sem terra são, portanto, expulsos e consolida-se o latifún-dio. (Freitas, 2008, p.25)

Em São Paulo, para compor a transformação da cidade para a cultura do enclausuramento, exclusividade e segregação nos modos de morar, é preciso entender que nas primeiras décadas do século XX, as maiores preocupações de desordens sociais

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◄ CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Cidade de muros: cri-me, segregação e cidadania em São Paulo. Tradução de Franklin de Oliveira, Henrique Monteiro. 2. ed. São Paulo: Edusp, 2003.

◄ DEÁK, Csaba. SCHIFFER, Sueli Ramos. O processo de urbanização no Brasil. São Paulo. Editora Universidade de São Paulo, 2. Ed, 2010.

◄ GUATELLI, Mauro Teixei-ra. Residências em Alphaville nos municípios de Barueri eSantana de Parnaíba / Mauro Teixeira Guatelli. São Paulo, 2012.

em São Paulo se deram pelo crescimento da população, que teve o maior aumento populacional anual até hoje (Caldeira, 2003).

O tema central dessas preocupações era o saneamento da ci-dade, onde a elite se preocupava com o grande assentamento de trabalhadores das indústrias. Um pouco antes disso, no iní-cio do século XX foi criado o Serviço Sanitário na cidade, onde agentes que trabalhavam para este orgão passaram a visitar a casa dos trabalhadores a fim de levantar estatísticas e fazer o controle social (Deák, Schiffer,2010). A partir daí, houve um forte indício de segregação social, onde as elites passaram a morar em áreas mais afastadas das áreas densamente povoadas, com medo de doenças e proximidade com a população de operários e trabalhadores, fazendo com que a parte mais rica da população se mudasse para empreendimentos exclusivos, inaugurando a ocupação de áreas como Higienópolis, Campos Elísios e Aveni-da Paulista.

Um evento importante que impulsionou o distanciamento das classes sociais e fortificação do uso de muros foi o baixo desem-penho econômico dos anos 1980, com a crise econômica da dí-vida externa.

O empobrecimento da população e a alta de esperança, as-sociados ao processo de adaptação à economia globaliza-da fizeram explodir a violência urbana que em São Paulo se tornou a principal causa de mortes para a população entre 15 a 39 anos. (Salgado, 2000, apud in Guatelli, 2012, p.15)

O geógrafo, teórico e professor David Harvey aborda historica-mente o surgimento desta crise, assim como seu desenvolvimen-to e impactos:

[...] uma crise financeira centrada nos EUA, mas global em seu alcance, começou a se desenrolar no nexo Estado-fi-nanças, que tinha alimentado a suburbanização e apoia-do o desenvolvimento internacional durante todo o perío-do pós-guerra. A crise ganhou força no fim da década de 1960. A solução se tornara o problema. O acordo de Bretton Woods de 1944 começou a colidir. O dólar dos EUA estava sob crescente pressão internacional por causa do endivi-damento excessivo. Então, todo o sistema capitalista caiu em uma profunda recessão, liderada pelo estouro da bolha do mercado imobiliário global em 1973. Os dias tenebrosos da década de 1970 pairavam sobre nós, com todas as con-sequências descritas anteriormente. A peculiaridade, no entanto, foi o fato de a crise fiscal da cidade de Nova York, em 1975, ser o centro da tormenta. Com um dos maiores orçamentos públicos naquele momento no mundo capita-lista, Nova York, cercada por subúrbios ricos em expansão, quebrou. A solução local, orquestrada por uma aliança entre os poderes do Estado e as instituições financeiras, foi pio-neira na virada ideológica e política neoliberal, que veio a ser implementada em todo o mundo na luta para perpetuar e consolidar o poder da classe capitalista. A receita era sim-ples: esmagar o poder da classe trabalhadora, dar início ao arrocho salarial, deixando o mercado fazer seu trabalho e, ao mesmo tempo, colocando o poder do Estado a serviço do capital, em geral, e do investimento financeiro, em parti-cular. Esta foi a solução da década de 1970 que está na raiz da crise de 2008 a 2009. (HARVEY, 2010, p.141)

Segundo Ermínia Maricato após essa crise econômica o proces-so de urbanização se apresentou como uma máquina de produzir favelas e agredir o meio ambiente e áreas ambientalmente frá-geis sem interesse para o mercado imobiliário, assim a cidade

HARVEY, David. O Enigma do Capital e as crises do capitalis-mo. Ed. Boitempo, São Paulo, 2011. ►

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◄ MARICATO, Erminia. As ideias fora do lugar e o lugar fora das ideias. In: Arantes, Otilia. et al. A cidade do pen-samento único. Petrópolis: Vozes, 2000.

◄ CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Cidade de muros: cri-me, segregação e cidadania em São Paulo. Tradução de Franklin de Oliveira, Henrique Monteiro. 2. ed. São Paulo: Edusp, 2003.

◄ MASSARETTO, Nadya. Quando a cidade vira muro: os condomínios residenciais fechados de Itatiba – SP. Dis-sertação (mestrado). Orien-tador Manoel Lemes da Silva Neto. PUC-Campinas. Campi-nas, 2010.

◄ FREITAS, Eleusina Lavôr Holanda de. Loteamentos fechados / Eleusina Lavôr Ho-landa de Freitas. --São Paulo, 2008.

legal passou a ser espaço da minoria (Maricato, 2001). Assim, a periferia começa a crescer mais do que os bairros centrais, con-centrand a população de baixa renda em favelas ou conjuntos habitacionais instaladas pelo Estadi em áreas impróprias e com urbanização precária.

Caldeira analisa que a pobreza cresceu para níveis elevados após período de altas taxas de inflação, desemprego e recessão aprofundaram as desigualdades, verificando-se o aumento do desemprego, da violência urbana, o crescimento da exclusão e da ilegalidade nas metrópoles. O crescimento do crime violento verificado em nossas cidades e o consequente medo da popula-ção aliados ao desrespeito dos direitos da cidadania promove-ram um modelo que teve sua resposta no isolamento das classes de renda mais alta, na segregação social cada vez mais declara-da (Caldeira, 2003).

Nesse período, o crescimento e desenvolvimento da cida-de ficam a disposição dos setores privados que traçam os desenhos urbanos de acordo com seus interesses. Tardia-mente, o Estado, tenta ordenar o uso do solo, mas deverá apenas estar a serviço da dinâmica de valorização e espe-culação do sistema imobiliário construtor. A cidade come-ça a ter uma aparência espacial desordenada podendo ser vista por seu traçado irregular e desconexo de espaços va-zios e ocupados, além do surgimento de extensas periferias empobrecidas. (Massareto, 2010, p.70)

O crescimento predatório e desigual da cidade de São Paulo não se deu por falta de planos urbanísticos e nem de legislação, para Eleusina de Freitas a “aplicação da lei foi sempre instrumento de poder arbitrário” e a “herança patrimonialista explica de que for-ma, no Brasil, a esfera pública foi capturada pelo interesse priva-do (Freitas, 2008, p. 24).

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CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Cidade de muros: crime, segregação e cida-dania em São Paulo. Tradu-ção de Franklin de Oliveira, Henrique Monteiro. 2. ed. São Paulo: Edusp, 2003.►

MASSARETTO, Nadya. Quan-do a cidade vira muro: os condomínios residenciais fe-chados de Itatiba – SP. Disser-tação (mestrado). Orientador Manoel Lemes da Silva Neto. PUC-Campinas. Campinas, 2010. ►

CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Cidade de muros: cri-me, segregação e cidadania em São Paulo. Tradução de Franklin de Oliveira, Henrique Monteiro. 2. ed. São Paulo: Edusp, 2003.►

SEGREGAÇÃO ESPACIAL

A cidade tem sido encarada como arena para consumo. A conve-niência politica e comercial deslocou a ênfase do desenvolvimen-to urbano de atender às necessidades mais amplas da comuni-dade para atender às necessidades circunscritas de indivíduos. A busca deste objetivo estreito minou a cidade em sua vitalidade (Rogers, 2008). A complexidade da comunidade foi desvendada e a vida pública foi dissecada em componentes individuais. Essa individualização é o ponto inicial para a discussão sobre segre-gação espacial:

Os espaços produzidos para a população de alta renda são denominados por FERREIRA (2008) de “ilhas de Primeiro Mundo”, o que se explica por estarem imersas em um mar de pobreza das metrópoles subdesenvolvidas. As “ilhas” po-dem ser locais como um bairro residencial ou zonas de ne-gócios (shoppings), porém sempre voltados às elites e com constantes investimentos principalmente na infra-estrutura urbana. Para VILLAÇA (1998), a característica marcante das metrópoles brasileiras é a segregação espacial, princi-palmente em relação aos bairros residenciais das distintas classes sociais (a elite e a pobreza). É a elite quem provoca a segregação nas metrópoles, pois domina e produz espa-cialidades urbanas que irão direcionar os deslocamentos e o crescimento das cidades. (Massareto, 2010, p. 68)

Nas cidades modernas (Caldeira, 2003) a livre circulação e os princípios de acessibilidade, valores considerados importantes, são negligenciados em cidades fragmentadas por enclaves for-tificados. Com a segregação espacial, há a desconfiguração do caráter do espaço público, que altera os modos de participação dos cidadãos na vida pública. Caldeira ainda conclui que em

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◄ BAUMAN, Zygmunt. Medo líquido. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.

◄ CALDEIRA, Teresa Pi-res do Rio. Cidade de mu-ros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. Tradução de Franklin de Oliveira, Henrique Montei-ro. 2. ed. São Paulo: Edusp, 2003

consequência disso: “o novo padrão de segregação espacial ser-ve de base a um novo tipo de esfera pública que acentua as dife-renças de classe e separação.” (Caldeira, 2003, p.232)

É importante citar o medo em sua forma mais pura como com-bustível para o distanciamento social, que trabalha em conjunto com fatores sócio-econômicos já citados.Para Bauman, há três formas do medo afligir as pessoas em nos-sa sociedade líquida: 1) pelo medo de não conseguir garantir o futuro, de não conseguir trabalhar ou ter qualquer tipo de sus-tento, 2) pelo medo de não conseguir se fixar na estrutura social, que significa, basicamente, o medo de perder a posição que se ocupa, de cair para posições vulneráveis e 3) o medo em torno da integridade física (Bauman, 2008)

Além destes três medos primários, Bauman também toma o con-ceito de “medo derivado”. O medo derivado é um medo social e culturalmente reciclado. Ele pode ser visto como um rastro de uma experiência passada de enfrentamento da ameaça direta, ou seja, um resquício que sobrevive ao encontro e se torna um fator importante na modelagem da conduta humana mesmo que não haja mais uma ameaça direta à vida ou à integridade.

O medo e a fala do crime não apenas produzem certos tipos de interpretações e explicações, habitualmente simplistas e estereotipadas, como também organizam a paisagem ur-bana e o espaço público, moldando o cenário para as in-terações sociais que adquirem novo sentido numa cidade que progressivamente vai se cercando de muros.(Caldeira, 2003, p.27)

Caldeira aponta também que a defesa da segurança privada tem se baseado na ineficiência pública. Entretanto, dados revelam

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FREITAS, Eleusina Lavôr Ho-landa de. Loteamentos fecha-dos / Eleusina Lavôr Holanda de Freitas. São Paulo, 2008.►

CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Cidade de muros: crime, segregação e cida-dania em São Paulo. Tradu-ção de Franklin de Oliveira, Henrique Monteiro. 2. ed. São Paulo: Edusp, 2003.►

que a maioria das pessoas envolvidas com o mercado de segu-rança privada são policiais e ex-policiais. Assim, Freitas (Freitas, 2008 ) questiona:

Se a ineficiência do serviço público cria demanda para os serviços privados de segurança e são os próprios policiais que ganham com esta ineficiência, qual o interesse que po-dem ter em melhorar os serviços por parte do Estado? (Frei-tas, 2008, p. 74)

Em uma análise histórica sobre a implantação de condomínios na cidade de São Paulo, Caldeira afirma que os mesmos existem desde 1928 em São Paulo. A cultura de se viver em apartamen-tos demorou para se consolidar, pois ainda havia o estigma do cortiço, até então ligado diretamente á esta tipologia de moradia. “Os apartamentos se generalizaram a partir dos anos 70, dada as mudanças nos financiamentos e o boom de construções que se seguiu.” (Caldeira, 2003. p.260)

Os enclaves (espaços murados) são opostos à cidade, e consi-derado por Caldeira como a representação de um mundo deterio-rado no qual não há apenas poluição e barulho, mas o que é mais importante, confusão e mistura, isto é, heterogeneidade social.

Os novos conceitos de moradia, atuais edifícios residenciais ver-ticais e horizontais articulam cinco elementos básicos, que se-gundo Caldeira são:

[...] segurança, isolamento, homogeneidade social, equipa-mentos e serviços. A imagem que confere o maior status é a da residência enclausurada, fortificada e isolada, um ambiente seguro no qual alguém pode usar vários equipa-mentos e serviços e viver só com pessoas percebidas como iguais.” (Caldeira, 2003, p.265)

29◄ CARLOS, Ana Fani A. A condição espacial. São Paulo: Contexto, 2011.

Nos condomínios fechados, o uso de meios literais de separação é complementado por uma elaboração simbólica que transforma enclausuramento, isolamento, restrição e vigilância em símbolos de status.

O recolhimento de moradores para dentro de espaços murados, pode gerar o despertencimento à cidade, onde o espaço urbano se torna abandonado, quase como se o que estiver para fora dos muros não seja de propriedade afetiva dos moradores. A vida urbana perde seus valores cívicos. Há o desinteresse em relacio-nar-se com diferentes grupos sociais, que facilmente se transfor-ma em medo e preconceito.

No que diz respeito ao pertencimento e á apropriação do espaço, para a autora Ana Fani Carlos, é no habitar que se estabelecem as relações cotidianas e os vínculos afetivos com o lugar e com os outros, onde constituímos a identidade e memória:

Quanto mais o espaço é submetido a um processo de fun-cionalização, mais é passível de ser manipulado, limitan-do-se, com isso, as possibilidades da apropriação. Nesse processo, o indivíduo se reduz à condição de usuário, en-quanto o ato de habitar, como momento de apropriação criativa, se reduz ao de morar, ou seja, à simples necessi-dade de abrigo. Esse processo materializa-se no plano do lugar – como aquele em que se instaura o vivido – ao passo que o plano do imediato, a morfologia, reproduz uma hie-rarquia social que vai em direção à segregação sócio-es-pacial, fragmentação dos espaços-tempos da vida humana em seus acessos diferenciados, marcando as diferenças de classes. (CARLOS, 2011, p.65)

Assim, entende-se como o espaço de controle e hierarquização afeta diretamente a produção do espaço público na cidade e con-sequentemente o uso saudável destes espaços.

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CASTELLS, Manuel. The New Public Sphere: Global Civil So-ciety, CommunicationNetworks, and Global Gover-nance. The annals of Ame-rican Academy, 616, Março 2008. ►

ARENDT, Hannah. A condição humana. Tradução de Rober-to Raposo. 11ed. Rio de Ja-neiro: Forense Universitária, 2010.►

ESPAÇO PÚBLICO

Quando falamos de espaço público, é importante notar que este transcede o âmbito do privado. O público trata do domínio de interesses e valores compartilhados (DEWEY, 1954 apud CAS-TELLS, 2008). Assim, os espaços devem ser capazes de pos-sibilitar a inserção da vida cultural, bem como interação pública.

A importância dessa convivência para o cidadão pode ser ob-servada no que Hanna Arendt, com base no conceito aristoté-lico de “animal político”, busca afirmar que esta característica está relacionada primeiramente a uma experiência ocorrida na privacidade do lar, a “gestão do lar”, e também a uma experiência completamente oposta à primeira, qual seja, a experiência políti-ca ocorrida no espaço público. Conforme menciona:

Segundo o pensamento grego, a capacidade humana de organização política não apenas é diferente dessa associa-ção natural cujo centro é o lar (oikia) e a família, mas encon-tra-se em oposição direta a ela. O surgimento da cidade--Estado significou que o homem recebera, além de sua vida privada, uma espécie de segunda vida, o seu bios politikos. Agora cada cidadão pertence a duas ordens de existência; e há uma nítida diferença em sua vida entre aquilo que lhe é próprio (idion) e o que é comum (koinon)”. (ARENDT, 2010, p.28)

A preocupação em se manter o espaço público destinado ao livre convívio, como local de livre acesso e gozo de todos os cidadãos, espaço que se concretiza como berço a livre manifestação se dá pela necessidade de garantir o direito fundamental do cidadão, a possibilidade de agir, de fazer política, incentivando que o espaço publico seja de utilização prazerosa e incentivada:

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◄ ARENDT, Hannah. A con-dição humana. Tradução de Roberto Raposo. 11ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010

◄ MUÑOZ, Francesc. Urba-nalización. Paisajes comunes, lugares globales. Barcelona: Gustavo Gili, 2008.

◄ BOGÉA, Marta. Cidade errante: arquitetura em mo-vimento. São Paulo: SENAC, 2009.

[...] nenhuma atividade pode tornar-se excelente se o mun-do não proporciona um espaço adequado para o seu exer-cício. Nem a educação, nem engenhosidade, nem o talen-to podem substituir os elementos constitutivos do domínio público, que fazem dele local adequado para a excelência humana. (ARENDT, 2010, p.56)

Para Muñoz, há a necessidade de contruir espaços urbanos e so-ciais, culturalmente diversificados e funcionalmente complexos (Muñoz, 2008). Ao invés de privatizar o espaço pela segregação fundada na diferenciação social, priorizar o seu uso público, para permitir a identificação coletiva e o reconhecimento singular do lugar.

A experiência dos lugares se constitui entre a mobilidade e a per-manência. Se a cidade é reconhecida pela sua face física, cons-truída, é, no entanto, a mobilidade que a anima. A cidade é um lu-gar de troca e encontro na sua gênese. É a circulação que vitaliza o pulso e a existência das cidades.(Bógea, 2009) A vida de um organismo depende da circulação dos elementos que o compõe. Assim, Marta Bógea comenta:

Os edifícios e as cidades, para continuar e atravessar uma temporalidade além do presente, numa época de combi-natórias e variáveis, devem estar organizados em sistemas coordenados e compostos por componentes articuláveis e não mais por corpos autônomos em sua totalidade estan-que e autossuficiente. [...] A natureza do contato está em crise em escala e formato. Neste contexto, contato não sig-nifica necessariamente convívio. Vive-se o paradoxo de um contato ampliado acompanhado de uma crise de encontros e disponibilidades. Se os espaços públicos são entendidos como espaços de convívio e diversidade, de encontros e disponibilidades, conclui-se que a cidade também está em crise. (BOGEA, 2009, p. 158-159)

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ESPAÇOS DE CONTROLE E VIGILÂNCIA

Sendo o espaço público direito de todo cidadão, é muito comum na cidade contemporânea a instalação de grades e muros princi-palmente em parques públicos, praças e áreas verdes da cidade, justificada pelo discurso da segurança pública.A intenção é discutir a restrição de uso destes espaços com a instauração de regras de uso e permanência, horários de funcio-namento, instalação de câmeras de segurança e vigilância, sob o discurso do combate a criminalidade.

O que se observa na prática é a expulsão e afastamento de cida-dãos indesejados, que acabam por levar o estereótipo de perigo-sos, sem necessariamente o ser.

Assim, a lógica da política de segurança pública que restringe os espaços de livre convívio funciona, na prática, como ação se-gregadora, porém mantem um discurso de poder hegemônico na constituição urbana da cidade, e acaba por velar as reais conse-quências de seu controle.

Historicamente, esta expulsão de indivíduos de classes consi-deradas inferiores na sociedade já acontecia desde o processo de construção das vilas operárias, como citado anteriormente. O processo de horizontalização da cidade foi vendido com discurso progressista, e prometia atrair investimentos de grandes indús-trias que cuidariam da infra-estrutura, além de remover a massa trabalhadora que se acumulava no centro da cidade:

Ao que parece essa parcela da população urbana de São Paulo jamais usufrui dos benefícios da urbanidade. Na há, até hoje, no cotidiano do trabalhador pobre, o bem público de qualidade, partilhado como um benefício comum, que a condição de cidadão lhe confere. A cidade refaz-se numa

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◄ ENDO, Paulo. Corpo, espa-ço e cidade: tensão e violên-cia na formação da cidade de São Paulo. In Revista Brasileira de Ciências Criminais. Ano 17, n. 81. Nov-dez/2009.

◄ CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Cidade de muros: cri-me, segregação e cidadania em São Paulo. Tradução de Franklin de Oliveira, Henrique Monteiro. 2. ed. São Paulo: Edusp, 2003

◄ JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

partilha injusta e espoliadora, que lança populações urba-nas inteiras à decrepitude, em espaços em ruínas, onde o único alento e, frequentemente, representado pelos movi-mentos sociais, realizados pelas pessoas que os habitam (Endo, 2009, p.283)

Esta lógica utilitarista do espaço público contemporâneo, revela o interesse na manutenção de uma estética para as grandes ci-dades ricas, de uma paisagem interessante aos investimento do capital, a manutenção de uma estética elistista e higienista por meio do combate ao uso do espaço, por individuos que possam gerar comportamentos inexpressivos ao bem estar da ordem so-cial. Os espaços públicos perdem a sua importância de um local propício para o encontro entre alteridades. Para Caldeira:

O medo e a fala do crime não apenas produzem certos tipos de interpretações e explicações, habitualmente simplistas e estereotipadas, como também organizam a paisagem ur-bana e o espaço público, moldando o cenário para as in-terações sociais que adquirem novo sentido numa cidade que progressivamente vai se cercando de muros. (Caldeira, 2000, p.27)

Segundo a autora, as formas de interação urbana têm sofrido transformações significativas, marcadas pela proximidade espa-cial entre grupos heterogêneos que, no entanto, estão cada vez mais separados socialmente. A materialidade dessa separação manifesta- se pela presença de muros (não apenas físicos, mas também simbólicos) e pela utilização de técnicas de segurança e de distanciamento social cada vez mais sofisticadas.Para Jane Jacobs, a segurança em um espaço público não é pro-porcionada pela atividade ostenciva de policiamento, controle e vigilancia, mas sim “pela rede intrincada, quase inconsciente, de controles e padrões de comportamento espontâneos presentes em meio ao próprio povo e por ele aplicados” (Jacobs, 2000, p.32)

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CONCLUSÃO DO CAPÍTULO

Verifica-se que o isolamento por muros na cidade de São Paulo vem sendo justificado ao longo do tempo por interseções de pro-blemas sócioeconomicos e mostra uma dinâmica urbana cujas características são decorrentes do processo de produção capita-lista que apresenta desigualdades sociais.

A população acaba por considerar a busca de melhores condi-ções de vida muitas vezes sugestionadas pela propaganda de que viver bem é isolar-se. Os espaços murados também agravam a problemática urbanística, além de refletirem territorialmente a desigualdade social e a segregação, o espaço ocupado por eles faz com que a “cidade vire muro”, e que os espaços públicos na maioria das vezes sejam conformados como o que sobra para fora destes limites.

Passa-se a entender na cidade que o problema de segurança possa ser resolvido com o isolamento dos moradores em suas residências, e mais recentemente com o isolamento dos espaços públicos, cujo efeito prático é a segregação social, intolerância e cultura do medo, tudo em nome da sensação de segurança.

Assim, os espaços públicos se descaracterizam de suas funções primordiais, trasformando-se em espaços que não cumprem suas funções, privando o usuário da cidade do direito da democratiza-ção da cidade e promoção do lazer, política, cultura e cidadania.

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▼Imagem: Revista Vogue, editora Globo, matéria sobre Carcassone. Ilustração: Cata-rina Bessel

02Análise da Área

Vila Nova Cachoeirinha - São Paulo

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A escolha do local deu-se a partir da observação de locais ou áreas da cidade de São Paulo onde acontecem repetições de espaços murados. Implantações que anulam o espaço público, e há sobra de espaços sem tratamento.

A área estudada é o Cemitério Vila Nova Cachoeirinha e seu entorno próximo. Vila Nova Cachoeirinha é um bairro localizado no distrito de Cachoeirinha, que juntamente com os distritos Limão e Casa Verde são administrados pela Subprefeitura da Casa Verde, região nordeste do município de São Paulo.

O cemitério da Vila Nova Cachoeirinha possui uma área de 360.000 m2, sendo menor apenas que o cemitério da Vila Formosa, com 763.000 m², localizado na zona leste de São Paulo.

◄ Localização Subpre-feitura da Casa Verde e distrito de Vila Nova Cachoeirinha

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O ENTORNO DO CEMITÉRIO VILA NOVA CACHOEIRINHA

Um dos pontos que chama a atenção é que este local se opõe ao padrão de predominância à quem os muros mais altos perten-cem,por exemplo nos bairros Cidades Jardins e Morumbi, onde os muros forçam a sobra dos espaço públicos propositalmente, para estimular a segregação espacial e social.

A população residente no entorno próximo do cemitério da Vila Nova Cachoeirinha é predominantemente da classe C. O entorno possui uma grande quantidade de equipamentos e serviços que atende a comunidade.

Apenas no raio de estudo temos:

Cemitério da Vila Nova CachoeirinhaSubprefeitura da Casa VerdeHabitação de Interesse Popular – COHAB Nossa Senhora da Pe-nhaHabitação de Mercado Popular

▲ Gráfico que ilustra o comparativo de áreas de alguns parques em São Paulo

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Escola Estadual Tito Prates da Fonseca – Fundamental II e Ensino Mé-dioEMEI Vicente Paulo da Silva – Escola Municipal de Educação Infantil - DESATIVADOEMEF Clovis Graciliano - DESATIVADOCEI Guilherme Henrique Pinto Coelho – Centro de Educação Infantil - Unidade Básica de Saúde Vila EspanholaHospital Geral Vila Nova Cachoeirinha – Hospital, Maternidade e Hos-pital EscolaCentro Cultural da Juventude Ruth CardosoTerminal de Ônibus Vila Nova CachoeirinhaParóquia Nossa Senhora das Graças

Dada à quantidade de equipamentos que servem à população local, e a grande necessidade de circulação que temos na área, a má qualida-de do desenho e a negação do espaço urbano, onde foram implanta-dos estes equipamentos como carimbo da prefeitura, nota-se que não há nenhuma preocupação com o que acontece para fora dos muros, e que a todo o momento os espaços negam o pedestre e moradores.

Como resolver o uso do espaço em um local com grande oferta de equi-pamentos que negam o espaço público, que por sua vez não oferece nenhuma integração ao usuário da cidade?

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HISTÓRIA

A primeira ocupação que se tem notícia na área onde hoje é o bairro de Vila Nova Cachoeirinha foi em fevereiro de 1616, quando a Câmara de Vila de São Paulo e São Vicente, deram a Amador Bueno da Ribeira o direito de construir um Moinho na região. Este moinho pertencia então ao Sítio Casa Verde Mandaqui. O Moinho foi construído próximo ao Ri-beirão do Mandaqui, atual Córrego Cabuçu de Baixo, que tem grande parte do seu leito canalizado. A data oficial de criação do bairro é 5 de Agosto de 1933, data oficializada junto a Câmara Municipal de São Paulo, mesma data de fundação do primeiro movimento organizado, na região, a Associação Nipo Brasileira. A colonização da região começou entre 1925 e 1930,no Sítio do Cabuçu por famílias japonesas. O desen-volvimento da região como uma vila organizada iniciou-se na década de 40,quando a imobiliária Rudge Ramos começou o loteamento da região. O primeiro loteamento aconteceu na esquina das atuais Ave-nidas Imirim e Deputado Emílio Carlos. Nestes loteamentos moravam trabalhadores das plantações de batatas, laranja e limão, abundantes nas regiões do Mandaqui e Casa Verde.

O nome do bairro teve origem de uma cachoeira da região que foi so-terrada para dar lugar à Avenida Inajar de Souza.Antigamente a região era repleta de fontes naturais. No Largo do Ja-ponês, existia um riacho e no local onde é o Hospital e Maternidade de Vila Nova Cachoeirinha havia lagos e cachoeiras que serviam como área de lazer e de piquenique para os moradores.

Por volta de 1944 nasceu no Largo do Japonês a primeira casa co-mercial do bairro, pertencente a uma família de imigrantes de origem nipônica. Próximo ao Largo do Japonês, o bairro viu surgir também às primeiras lojas de grandes magazines. Na mesma região estão presen-tes ainda, lojas de móveis e roupas, lanchonetes, além de um hipermer-cado e um Shopping Center. Acompanhando toda movimentação do comércio local, o bairro possui cerca de dez agências bancárias.

Na saúde pública, a região é atendida pelo Hospital Geral de Vila Nova Cachoeirinha e pelo Hospital Municipal Maternidade Escola, fundado em 1972 que é considerado referência nacional no atendimento à Saú-de da Mulher, da Gestante e do Recém Nascido de Alto Risco.

Informações da Subpre-feitura de Vila Nova Ca-choeirinha (http://www.prefeitura.sp.gov.br/cida-d e / s e c r e t a r i a s / s u b p r e -feituras/casa_verde/noti-cias/?p=40450 ) ►

Hoje sua população gira em torno de 143.523 mil habitantes em uma área de 13,30 mil metros quadrados. (Fonte: IBGE)

O bairro conta também com o Terminal de Ônibus Vila Noca Cachoeiri-nha que conta com 22 linhas que interligam o Bairro a outras regiões da Zona Norte, ao Centro de São Paulo e à Zona Oeste.

Imagem por satélite do ano de 1958, retirada do site Geoportal ▼

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OS PROBLEMAS

PROBLEMAS AMBIENTAIS

O cemitério Vila Nova Cachoeirinha possui um sério problema de con-taminação do solo por necrochorume, e a contaminação de terrenos do entorno por concentração de gás metano, proveniente de um antigo aterro sanitário que se instalava no local. As questões ambientais de contaminação de solo e aquíferos é discu-tida pela Câmara Municipal e tornou-se alvo de uma comissão parla-mentar de inquérito denominada “CPI da Coordenadoria de Vigilância Sanitária”Todo o desenvolvimento da discussão do assunto pelos órgãos res-ponsáveis foi registrado e divulgado em Diário Oficial (176 – São Paulo , 55 (234) do dia 17 de dezembro de 2010.

CONTAMINAÇÃO DO SOLO E AQUÍFEROS POR NECROCHORUME

Uma área contaminada pode ser definida como uma área, local ou ter-reno onde há comprovadamente poluição ou contaminação causada pela introdução de substâncias ou resíduos que nela tenham sido de-positados, acumulados, armazenados, enterrados ou infiltrados de for-ma planejada, acidental ou até mesmo natural (CETESB, 2001).

Existem alguns estudos de campo de especialista em meio ambiente e biólogos que acompanham os dados da contaminação do solo do ce-mitério e também das águas subterrâneas do Cemitério Vila Nova Ca-choeirinha. Em pesquisa sobre a rotina administrativa deste cemitério, foi verificado que o mesmo está em operação desde dezembro de 1968 e é administrado pelo Serviço Funerário do Município de São Paulo (SFMSP). Os sepultamentos acontecem pelo sistema de inumação no solo, ou seja, o caixão é depositado diretamente na cova.

A exumação acontece após um período de três anos, e os ossos são depositados em urnas, e guardados em ossuário localizado dentro do cemitério.

Há a presença de lençóis freáticos na superfície do terreno. “A ocorrên-cia de aquífero suspenso foi confirmada com sondagens realizadas no

Relatório CETESB, disponí-vel em (http://www.cetesb.sp.gov.br/areas-contamina-das/relacoes-de-areas-con-taminadas/21-cohab-nos-sa-senhora-da-penha---vi-la-nova-cachoeirinha--) ►

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cemitério: furos abertos na mesma cota topográfica mostraram profun-didades do nível de água à menos de 50 cm da superfície, enquanto outros estavam à mais de dois metros de profundidade.” (MATOS, An-tunes Bolivar, Avaliação no aquífero freático, 2001). Ainda em sua tese, Matos confirma a partir de dados de sondagens a contaminação do solo e águas do cemitério.Existe uma norma que estabelece os critérios para implantação de cemitérios no país, com intuito de reduzir os riscos de problemas e contaminação do ambiente, as Resoluções CONAMA n° 335/2003 e 338/2006. Os cemitérios já existentes devem se adaptar às menciona-das resoluções.Em outubro de 2012, o Serviço Funerário do Município de São Paulo (SFMSP) emitiu parecer público a fim de esclarecer o atendimento ás resoluções CONAMA, e aponta que o processo de adequação foi ini-ciado:

“Sobre contaminação nos cemitérios públicos de SP, é importante des-tacar que já foi feito um estudo inicial (Estudo de Viabilidade Ambiental) em todas as necrópoles municipais e relatórios entregues e protocola-dos à Secretaria do Verde e Meio Ambiente cumprindo-se as resolu-ções CONAMA 402/08 e CADES 131/09.Paralelamente, foram executados serviços de Investigação Confirma-tória nos Cemitérios Vila Formosa e Vila Nova Cachoeirinha em aten-dimento a determinação da CETESB e do Ministério Publica Estadual. Os relatórios já foram entregues e protocolados em ambos os órgãos.”

CONTAMINAÇÃO POR CONCENTRAÇÃO DE GÁS METANO NO SUBSOLO

A existência de um aterro sanitário que funcionava na parte sul do cemi-tério até o final dos anos 1980 é apontada pela causa da concentração de gás metano no subsolo da região. Tem se noticia que o antigo aterro recebia entulho, resíduos orgânicos, industriais e lixo hospitalar. Duas notícias foram citadas na página do Diário Oficial (176 – São Paulo, 55 (234) do dia 17 de dezembro de 2010) que discute os problemas am-bientais da região. Este aterro era provavelmente clandestino, pois não há dados oficiais junto a prefeitura de São Paulo quanto a implantação do mesmo na área. Depois que e o aterro foi desativado, a Prefeitura doou uma parte do terreno para a Cohab, outra parte do terreno foi destinada à moradias populares na gestão da prefeita Luiza Erundina (1989-1992), que financiou mutirões para a construção dessas casas populares.

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Atualmente estão desativadas as escolas:

EMEI Vicente Paulo da Silva – Escola Municipal de Educação InfantilCEI Guilherme Henrique Pinto Coelho – Centro de Educação Infantil.

Há também necessidade de desapropriação dos moradores da COHAB Nossa Senhora da Penha, que possui 11 torres, e tem um total de 700 apartamentos, porém, não houve acordo entre a Prefeitura de São Pau-lo e moradores.

Relatórios da CETESB apontam resultados de investigações já realiza-das nos terrenos:

“Uma investigação do subsolo da área do empreendimento, realizada ago/99, constatou a presença de grossa espessura de aterro composto por 55% de solo, 33% de entulho, 33% de lixo e 12% de possível mate-rial de dragagem do Rio Tietê. Dados anteriores mostram que a área foi utilizada como aterro entre o final da década de 60, até início dos anos 80.”Em 10/10/07, ficou estabelecido que os órgãos competentes envolvidos deveriam providenciar a remoção de todos os moradores do

Trecho retirado do Diário Oficial (176 – São Paulo, 55 (234) do dia 17 de dezem-bro de 2010 ►

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conjunto habitacional e transferência dos alunos das escolas “Clóvis Graciano” e “Vicente Paulo da Silva”.Em 05/08/2011, a CETESB fez avaliações na área, realizando amostra-gens em poços de visita e de monitoramento. Apenas em um poço foi detectado 100% do Limite Inferior de Explosividade (LII). Amostraram também VOC, com não detectando concentrações nos locais verifica-dos.”

Em notícia veiculada pelo Jornal Folha de São Paulo em março de 2013, consta a atual situação das negociações de desapropriação dos moradores da área:

◄ Notícia veiculada pelo Jornal Folha de São Pau-lo em 03/2013

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◄ Linha do tempo que re-sume o impasse burocráti-co sobre os problemas am-bientais do terreno da Vila Nova Cachoeirinha

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TRATAMENTO URBANO E PAISAGÍSTICO OFERECIDO PELO PODER PÚBLICO

É visualmente evidente o descaso ou o despreparo do Poder Público no que tange qualidade de desenho de espaços, especialmente de uso coletivo. O tratamento simplista desenvolvido em uma prancheta 2D é facilmen-te notado, a escala humana é dissipada e desconstruída em todos os espaços. A proporção do homem, infelizmente, parece importar menos do que a dimensão dos custos. Há diversas sobras de terrenos, onde a topografia pede uma intenção projetual mais dedicada.

1 Avenida João Marcelino Branco ▲ ►

2 Avenida Deputado Emílio Carlos►

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◄ 3 Praça Eng. Henrique P. Coelho

◄ 4 Rua dos Pioneiros

◄ 5 Avenida João Santos Abreu

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6 Rua Cravo Branco ►

7 Rua Santa Rosa do Sul ►

8 Rua Verso ►

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Ao longo de toda a área, fica evidente os disturbios comportamentais dos cidadãos que ali moram. Não há grande percepção de pertecimen-to no que tange o uso, zelo e manutenção dos equipamentos e espaços públicos. Fica aberta a hipótese da ausência de memória dos moradorres em relação ao bairro, a vila e a sua propria rua.

03O Projeto

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O PROJETO

IMPLANTAÇÃO

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IMPLANTAÇÃO

PERSPECTIVA AÉREA 1

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IMPLANTAÇÃO

PERSPECTIVA AÉREA 2

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IMPLANTAÇÃO

PERSPECTIVA AÉREA 3

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IMPLANTAÇÃO

PERSPECTIVA AÉREA 4

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PARQUE ELEVADO

PERSPECTIVA RAMPA - SE M VEGETAÇÃO

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TENDAS

PERSPECTIVA TENDAS - SEM VEGETAÇÃO

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PARQUE ELEVADO

PERSPECTIVA INTERNA

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TENDAS

PERSPECTIVA INTERNA

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PARQUE ELEVADO

PERSPECTIVA INTERNA HUMANIZADA

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TENDAS

PERSPECTIVA HUMANIZADA

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PARQUE ELEVADO

PERSPECTIVA HUMANIZADA

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TENDAS

PERSPECTIVA HUMANIZADA

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