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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIOSA
ORIENTAES SOBRE CUIDADOS DE CRIANAS COM
PARALISIA CEREBRAL PARA CUIDADORES E
PROFISSIONAIS DA SADE: UM MANUAL PRTICO
Jaqueline Miranda Barbosa
Magister Scientiae
VIOSA
MINAS GERAIS - BRASIL
2014
JAQUELINE MIRANDA BARBOSA
ORIENTAES SOBRE CUIDADOS DE CRIANAS COM
PARALISIA CEREBRAL PARA CUIDADORES E
PROFISSIONAIS DA SADE: UM MANUAL PRTICO
Dissertao apresentada Universidade
Federal de Viosa, como parte das exigncias
do Programa de Ps-Graduao em Educao
Fsica, para obteno do ttulo de Magister
Scientiae.
VIOSA
MINAS GERAIS - BRASIL
2014
JAQUELINE MIRANDA BARBOSA
ORIENTAES SOBRE CUIDADOS DE CRIANAS COM
PARALISIA CEREBRAL PARA CUIDADORES E
PROFISSIONAIS DA SADE: UM MANUAL PRTICO
Dissertao apresentada Universidade
Federal de Viosa, como parte das exigncias
do Programa de Ps-Graduao em Educao
Fsica, para obteno do ttulo de Magister
Scientiae.
APROVADA: 28 de maio de 2014.
_________________________________ __________________________________
Prof.Paula Silva de Carvalho Chagas Prof. Maicon Rodrigues Albuquerque
(Coorientador)
_________________________________
Prof. Eveline Torres Pereira
(Orientadora)
ii
Dedico este trabalho a Deus, ao meu
marido Eduardo, aos meus pais, s minhas irms,
aos demais familiares e amigos.
Em especial, a todas as crianas com
Paralisia Cerebra, vocs foram minha fonte de
inspirao e perseverana para a concluso deste
trabalho.
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me amparar nos momentos difceis, me dar fora interior para
superar os obstculos e seguir em frente. Se no fosse a Sua intercesso por mim, no
teria chegado at aqui. Muito obrigada, Pai do cu!
Ao meu marido Eduardo, meu porto seguro, por todo amor, pacincia, incentivo,
companheirismo e auxlio dispensados a mim ao longo destes dois anos.
Ao meu pai Jos Geraldo, por todo amor e carinho, por contribuir para o meu
crescimento pessoal e profissional, por estar sempre presente e disposto a ajudar.
minha me Maria do Carmo, por caminhar sempre ao meu lado me
amparando, por todo amor, dedicao e cuidados direcionados a mim em todos os
momentos da vida.
s minhas irms Janana, Caroline, Karine, por sempre acreditarem em mim, por
todo carinho e alegrias compartilhadas.
Aos meus avs e demais familiares por todo apoio, incentivo e oraes, em
especial, a meu primo Tiago, que com pacincia me socorria nos momentos de
desespero com a formatao do trabalho.
minha orientadora Eveline, por acreditar no meu potencial, muitas vezes mais
do que eu mesma, pela confiana e principalmente pelo aprendizado e por despertar em
mim um novo olhar a respeito da deficincia.
Ao professor Maicon, pela co-orieentao, pelos conselhos, direcionamentos e
colaborao para a finalizao desta dissertao.
professora Paula, pelo carinho e pelas contribuies para o aprimoramento
deste trabalho.
Aos amigos que sempre torceram e acreditaram no meu sucesso, em especial, s
novas amigas Thaynara e Deyliane, que me ajudaram a seguir em frente, apesar dos
obstculos e dificuldades encontradas durante estes dois anos.
A todos os membros do Laboratrio de Estimulao Psicomotora (LEP), por
todo aprendizado adquirido, em especial, aos alunos, por me fazerem uma profissional
melhor e por me ajudarem a concluir este trabalho.
A todos que, de alguma forma, contriburam para que eu vencesse mais esta
etapa da minha vida, muito obrigada!
iv
BIOGRAFIA
Jaqueline Miranda Barbosa, filha de Maria do Carmo Miranda Barbosa e Jos
Geraldo Barbosa, nasceu em 22 de agosto de 1985 em Ponte Nova, Minas Gerais.
Cursou o ensino mdio no Colgio de Aplicao da Universidade Federal de
Viosa-Coluni, entre 2001 e 2003.
Em 2004, ingressou no curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de
Fora, obtendo o titulo de Bacharel em Fisioterapia no dia 28 de julho de 2009.
Em fevereiro de 2010 iniciou o curso de Ps-Graduao Lato Sensu em
Fisioterapia Traumato-Ortopdica pela Universidade Federal de Juiz de Fora,
concluindo-o em fevereiro de 2011.
Em fevereiro de 2012 ingressou no Programa de Ps-Graduao Strictu Sensu
em Educao Fsica na Universidade Federal de Viosa, obtendo o ttulo em maio de
2014.
v
RESUMO
BARBOSA, Jaqueline Miranda, M.Sc., Universidade Federal de Viosa, maio de 2014.
Orientaes sobre cuidados de crianas com paralisia cerebral para cuidadores e
profissionais da sade: um manual prtico. Orientadora: Eveline Torres Pereira.
Coorientador: Maicon Rodrigues Albuquerque.
A Paralisia Cerebral (PC) resultado de leses no progressivas que ocorreram no
crebro imaturo, caracterizada por comprometimentos neuromotores variados do
movimento e da postura que causam limitaes em atividades funcionais. Diante dos
diversos fatores que comprometem o desenvolvimento neuropsicosensoriomotor e a
capacidade funcional da criana, a famlia de fundamental importncia no processo de
reabilitao. A relevncia familiar pode ser comprovada por estudos na literatura que
reportam sobre a melhora funcional de pessoas com PC, quando o tratamento
fisioterpico associado s orientaes aos cuidadores. Assim, o objetivo deste estudo
foi elaborar um manual prtico de orientaes domiciliares, ilustrativo e com linguagem
simples, para subsidiar as aes desenvolvidas pelo cuidador diante da criana com PC.
Para tanto, foi realizada uma reviso integrativa da literatura acerca das percepes,
preocupaes, necessidades e dificuldades dos pais/cuidadores em relao ao
significado da paralisia cerebral e aos cuidados dirios prestados ao filho. Os resultados
encontrados na reviso direcionaram a escolha dos temas que fundamentaram o
contedo do manual. Este foi composto por duas partes: a primeira que aborda o
significado, tipos, causas e consequncias da PC e a segunda que apresenta sugestes
para facilitar a alimentao, vesturio, higiene, banho, somadas s orientaes de
posicionamento, exerccios de alongamentos e brincadeiras. O desenvolvimento de uma
relao de proximidade entre o profissional e a famlia juntamente com as orientaes
propostas no manual podero contribuir para a melhora das habilidades motora,
cognitiva e social da criana, alm de evitar a instalao de deformidades irreversveis.
vi
ABSTRACT
BARBOSA, Jaqueline Miranda, M.Sc., Universidade Federal de Viosa, May, 2014.
Guidance on care of children with cerebral palsy to caregivers and health
professionals: a practical manual. Adviser: Eveline Torres Pereira. Co-adviser:
Maicon Rodrigues Albuquerque.
Cerebral Palsy (CP) is a result of non-progressive injuries that occurred in the immature
brain, characterized by different neuromotor impairments of movement and posture that
cause limitations in functional activities. Given the many factors that compromise the
neuropsychosensorymotor development and functional capacity of the child, the family
is essential in the rehabilitation process. The relevance of the family can be proven by
studies in the literature that report on the functional improvement of people with CP,
when physical therapy treatment is associated with instruction to caregivers. Thus, this
study aimed to develop a practical guide of home instruction, with simple language and
illustrations to support the actions developed by the caregiver in front of the child with
CP. Therefore, it was performed an integrative literature review about the perceptions,
concerns, needs and difficulties of parents/caregivers regarding the meaning of cerebral
palsy and daily care provided to the child. The results found in the review guided the
choice of topics that underlie the content of the guide. This was composed of two parts:
the first approaches the meaning, types, causes and consequences of the CP and the
second that presents suggestions to facilitate feeding, clothing, hygiene, bath, together
with the instruction for positioning, stretching exercises and games. The development of
a close relationship between the professional and the family along with the instructions
proposed in the guide may contribute to the improvement of motor, cognitive and social
skills of the child, besides avoiding the installation of irreversible deformities.
vii
SUMRIO
INTRODUO GERAL ............................................................................................ 1
OBJETIVOS ............................................................................................................... 3
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ....................................................................... 4
CAPTULO 1-Artigo de reviso: Cuidados dirios prestados criana com
paralisia cerebral: uma reviso integrativa ............................................................... 5
Resumo ..................................................................................................................... 6
Abstract..................................................................................................................... 7
Introduo ................................................................................................................. 8
Mtodos .................................................................................................................. 10
Resultados ............................................................................................................... 14
Discusso ................................................................................................................ 18
Consideraes Finais ............................................................................................... 23
Referncias Bibliogrficas ....................................................................................... 25
CAPTULO 2-Manual prtico de orientaes para profissionais e cuidadores de
crianas com paralisia cerebral ................................................................................ 28
Parte I: Conhecendo um pouco da paralisia cerebral ................................................ 32
1.O que paralisia cerebral? ................................................................................ 32
2.Quais so as causas? ......................................................................................... 33
3.Quais so os tipos?............................................................................................ 34
4.Quais so as consequncias? ............................................................................. 36
Parte II: Como cuidar? ............................................................................................ 39
1.Alimentao ..................................................................................................... 39
2.Vestir/despir ..................................................................................................... 44
3.Treinamento da higiene ..................................................................................... 49
4.Banho ............................................................................................................... 53
5.Posicionamentos ............................................................................................... 55
6.Exerccios de alongamento ............................................................................... 75
7.Brincar .............................................................................................................. 80
Referncias Bibliogrficas ....................................................................................... 90
CONCLUSES GERAIS ......................................................................................... 91
1
INTRODUO GERAL
A Paralisia Cerebral (PC) resultado de leses no progressivas que ocorreram
no crebro imaturo, caracterizada por comprometimentos neuromotores variados do
movimento e da postura que causam limitaes em atividades funcionais (Rosenbaum et
al., 2007). A prevalncia de crianas com diagnstico de PC aumentou nas ltimas
dcadas, afetando aproximadamente 2 de cada 1000 nascidos vivos em pases
desenvolvidos (Paneth, Hong e Korzeniewski, 2006). Segundo Mancini et al. (2002), a
prevalncia maior em pases subdesenvolvidos, atingindo cerca de 7 de cada 1000
crianas. Este aumento pode ser justificado pelos avanos e melhorias dos cuidados
perinatais, permitindo a reduo significativa das taxas de mortalidade de neonatos com
extremo baixo peso ou prematuros.
Os distrbios neuromotores esto presentes em todos indivduos com
diagnstico de PC e podem ser acompanhados por deficincias cognitivas e sensoriais,
epilepsia e carncia nutricional (Rosenbaum et al., 2007). Diante destes diversos fatores
que comprometem o desenvolvimento neuropsicosensoriomotor e a capacidade
funcional, a famlia de fundamental importncia no processo de reabilitao, pois
capaz de reconhecer e elucidar as reais necessidades e anseios do indivduo com PC.
Cabe ressaltar que o desempenho funcional dos indivduos com PC
influenciado no s por propriedades intrnsecas, mas tambm, por propriedades
extrnsecas como o ambiente em que vive, a demanda das tarefas propostas e as atitudes
do cuidador, aspectos abordados no artigo de Mancini et al. (2004). Este estudo revelou
que a ausncia de estimulao adequada por parte dos cuidadores pode fazer com que
indivduos com grau de comprometimento motor moderado apresentem dependncia
semelhante s crianas gravemente comprometidas em determinadas atividades de vida
diria. Ou seja, apesar de crianas com comprometimento moderado apresentarem
habilidades funcionais para execuo de algumas tarefas, a falta de estimulao por
parte do cuidador impede que estas realizem certas atividades de forma independente.
Paralelamente, estudos na literatura tm reportado sobre a melhora funcional de
pessoas com PC, quando o tratamento fisioterpico associado s orientaes aos
cuidadores; quanto estimulao, posicionamento adequado e cuidados prestados ao
indivduo, de acordo com as respectivas limitaes (Brianeze et al., 2009; Pavo, Silva
e Rocha, 2011; Alpino et al., 2013). Quando estas orientaes so incorporadas durante
as atividades de vida diria das crianas pela famlia, o processo de tratamento se torna
mais eficaz porque aumenta a frequncia com que os movimentos adequados so
2
repetidos, no deixando esta funo somente para o momento da terapia (Moura e Silva,
2005).
Nesse sentido, surgiu o interesse em elaborar um manual de orientaes para os
cuidadores, em decorrncia da minha experincia profissional como fisioterapeuta ao
longo de cinco anos. Durante todo este tempo realizei atendimentos a crianas com o
diagnstico clnico de paralisia cerebral, sendo que algumas apresentavam
comprometimento neuromotor grave. Segundo os pais, os profissionais que lhes
atenderam em momentos anteriores no haviam concedido qualquer tipo de orientao
para ser efetuada em ambiente domiciliar. Por conseguinte, algumas destas crianas j
se encontravam com contraturas e deformidades irreversveis instaladas, dificultando a
execuo de tarefas dirias bsicas. Estas alteraes musculoesquelticas poderiam ser
evitadas ou na maioria das vezes atenuadas, se os profissionais tivessem conferido aos
cuidadores informaes acerca de como realizar o provimento de cuidados, formas de
posicionamentos adequados, uso de equipamentos ortopdicos, entre outras.
Para elucidar melhor tais questes e identificar quais eram as informaes e
orientaes que os cuidadores necessitavam saber, desenvolveu-se a primeira parte
deste trabalho, que composta por um artigo de reviso integrativa da literatura. Esta
reviso foi realizada para investigar as principais percepes, preocupaes,
necessidades e dificuldades dos pais em relao ao significado da paralisia cerebral e
aos cuidados dirios prestados ao filho. Os resultados apontaram para escassez de
conhecimento dos pais sobre o que a paralisia cerebral e tambm para vrias
dificuldades em relao aos cuidados dirios e posicionamentos da criana.
Tais achados serviram para direcionar quais seriam os contedos do manual
prtico, que compe a segunda parte deste trabalho. Assim, o manual foi dividido em
Parte I Conhecendo um pouco da paralisia cerebral, que aborda o significado,
tipos, causas e consequncias da PC e a Parte II- Como cuidar?, que apresenta
sugestes para facilitar a alimentao, vesturio, higiene, banho, somadas s orientaes
de posicionamento, exerccios de alongamentos e brincadeiras.
A vivncia profissional da temtica investigada permitiu refletir acerca da
importncia de complementar o processo de reabilitao com a disponibilizao de um
material ilustrativo, ao invs de conceder apenas instrues verbais, passveis de
esquecimento. Este manual poder facilitar o processo de percepo e aprendizagem do
membro familiar em relao aos cuidados dirios da criana, de modo que seja possvel
Apesar do papel de cuidador primrio s vezes ser assumido por outros membros familiares, neste trabalho os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinnimos.
3
aumentar o grau de participao da mesma nas atividades. A relevncia do material
ainda reforada pela possibilidade de consulta nos momentos de dvidas e
dificuldades, situao favorvel para que as orientaes fornecidas sejam aderidas e
devidamente executadas.
Apesar do foco principal deste estudo ser oferecer orientaes e informaes
sobre cuidados de crianas com PC para os cuidadores, o manual produzido tambm
poder ser utilizado pelos profissionais da sade em todos os nveis de ateno, de
modo a direcionar as aes durante o atendimento pessoa com PC.
OBJETIVOS
Geral
-Elaborar um manual de orientaes para subsidiar as aes desenvolvidas pelo
cuidador e pelos profissionais da sade diante da criana com PC.
Especficos
-Identificar na literatura os contedos relevantes para a elaborao do manual.
-Padronizar e simplificar as informaes transmitidas no manual.
4
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
ALPINO, A.M.S. et al. Orientaes de Fisioterapia a Mes de Adolescentes com
Paralisia Cerebral: Abordagem Educativa para o Cuidar. Rev. Bras. Ed. Esp. v. 19, n.
4, p.597-610, 2013.
BRIANEZE, A.C.G.S. et al. Efeitos de um programa de fisioterapia funcional em
crianas com paralisia cerebral associados a orientaes aos cuidadores: estudo
preliminar. Fisioterapia e Pesquisa, v.16, n.1, p.40-5, 2009.
MANCINI, M.C. et al. Comparao do desempenho de atividades funcionais em
crianas com desenvolvimento normal e crianas com paralisa cerebral. Arq
Neuropsiquiatr., v.60, n.2, p.446-52, 2002.
____________. Gravidade da paralisia cerebral e desempenho funcional. Revista
Brasileira de Fisioterapia, v.8, n.3, p.253-60, 2004.
MOURA, E.W.; SILVA, P.A.C. A importncia do brincar e da famlia no processo de
reabilitao. In: BORGES, D.; et al. Fisioterapia: aspectos clnicos e prticos da
reabilitao. 1.ed. So Paulo: Artes mdicas, 2005. p.3-10.
PANETH, N.; HONG, T.; KORZENIEWSKI, S. The descriptive epidemiology of
cerebral palsy. Clinics in Perinatology, v.33, n.2, p.251, 2006.
PAVO, S.L.; SILVA, F.P.S.; ROCHA, N.A.C. Efeito da orientao domiciliar no
desempenho funcional de crianas com necessidades especiais. Motricidade, v.7, n.1,
p.21-9, 2011.
ROSENBAUM, P. et al. A report: the definition and classification of cerebral palsy
April 2006. Dev Med Child Neurol., v. 109, p.8-14, 2007.
5
CAPTULO 1
ARTIGO DE REVISO:
Cuidados dirios prestados criana com paralisia cerebral: uma
reviso integrativa
6
RESUMO
O objetivo deste estudo foi selecionar, avaliar e interpretar criticamente publicaes que
apresentaram a descrio das percepes, preocupaes, necessidades e dificuldades dos
pais/cuidadores em relao ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados dirios
prestados ao filho. A tcnica de pesquisa utilizada foi a reviso integrativa, incluindo-se
todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS, SciELO, PubMed e no Portal
de Peridicos da CAPES, no perodo de janeiro de 2008 a janeiro de 2014, e busca
reversa nas referncias dos estudos selecionados. A amostra final foi composta por 9
artigos. A percepo dos pais sobre o que a paralisia cerebral escassa, indicando que
estes no sabiam relatar a respeito do diagnstico dos filhos. As preocupaes
predominantes concentraram-se na capacidade do filho de ficar de p/andar e na rigidez
muscular. As necessidades de mais informaes e planejamento futuro para os filhos
foram as mais destacadas pelos pais. As principais dificuldades apontadas durante a
prestao de cuidados foram relativas alimentao, higiene, vesturio, locomoo e
posicionamento. Desta forma, sugere-se o desenvolvimento de programas de
orientaes associados distribuio de material educativo contendo informaes
simples e pontuais que facilitem o provimento do cuidado pelos pais.
Palavras-chave: paralisia cerebral, pais e cuidadores
7
ABSTRACT
The aim of this study was to select, evaluate and interpret critically the publications that
presented the description of the perceptions, concerns, needs and difficulties of
parents/caregivers in relation to the meaning of cerebral palsy and to the daily cares
provided to the child. The research technique used was a integrative review, including
all indexed articles of LILACS, SciELO, PubMed and Journal Portal CAPES, from
January 2008 to January 2014, and reverse search in references of the selected articles.
The final sample consisted of 9 articles. The perception of the parents about what is
cerebral palsy is scarce, indicating that they did not know how to report about the
diagnosis of their children. The predominant concerns have focused on the ability of the
child to stand/ walk and muscle stiffness. The needs of more information and future
planning for their children were the most outstanding by parents. The main difficulties
identified during care provision were related to diet, hygiene, clothing, locomotion and
positioning. Therefore, it is suggested the development of guidance programs associated
with the distribution of educational material containing simple and specific information
in order to facilitate the care provision by parents.
Key-words: cerebral palsy, parents and caregivers
8
INTRODUO
A famlia a primeira unidade social vivenciada por qualquer indivduo, de
modo a influenciar na sobrevivncia, na determinao do comportamento e na formao
da personalidade do mesmo. Desta forma, a famlia, enquanto estrutura social bsica,
de fundamental importncia para a vivncia e reabilitao das pessoas com paralisia
cerebral (PC)1.
Como a paralisia cerebral uma condio crnica caracterizada por
comprometimentos neuromotores variados que podem causar diversas limitaes em
atividades funcionais2, a famlia precisar aprender a lidar com as diferentes
necessidades do indivduo com PC. Este distrbio acomete a aquisio e o desempenho
no s de marcos motores bsicos como rolar, sentar, engatinhar, andar, mas tambm de
atividades da rotina diria, como higienizao, alimentao, vesturio, locomoo,
dentre outras3.
Diante desta nova demanda de cuidados, possvel constatar a realizao de
mudanas no ambiente domiciliar e no reajustamento das funes de cada membro da
famlia para propiciar o desenvolvimento de aes relativas ao cuidar4. A alimentao,
estimulao, compreenso e afeto so cuidados integrantes do processo de crescimento
e desenvolvimento de crianas com deficincia, capazes de promover uma melhor
interao entre o cuidador e a pessoa cuidada5. Alm disso, os pais precisam assessorar
os filhos nas atividades de vida diria com o intuito de aprimorar o desenvolvimento
funcional dos mesmos e os profissionais da sade devem conceder orientaes aos pais,
contribuindo para que estes estejam mais capacitados durante a prestao de cuidados
aos filhos6-8
.
Uma organizao internacional, sem fins lucrativos, que valoriza profundamente
a parceria entre profissional da sade, paciente e famlia o Instituto de Cuidados
9
Centrado na Famlia, criado em 1992 nos Estados Unidos9, que em 2010 modificou o
nome para Instituto de Cuidados Centrado na Famlia e no Paciente. Esta organizao
apresenta uma abordagem de cuidados em sade que estima parcerias entre paciente,
famlia e provedores para o planejamento, prestao e avaliao dos servios em sade,
sendo apoiada por um crescente corpo de pesquisadores e organizaes mundiais10
.
Ao verificar a necessidade de reestruturar o sistema de cuidados em sade, visto
que tal associao no estava ocorrendo na prtica, foi lanado em 2008 um relatrio
intitulado Partnering with Patients and Families to Design a Patient and Family-
Centered Health Care System - Recommendations and Promising Practices (Parceria
com Pacientes e Famlia para reestruturar o Sistema de Cuidados Centrado na Famlia e
no Paciente - Recomendaes e Prticas Promissoras). Este documento foi elaborado
com base nas deliberaes de um encontro ocorrido em junho de 2006, composto por
membros de diversas organizaes de sade dos EUA, envolvendo desde gestores,
administradores e clnicos at pacientes e familiares11
.
O relatrio apresenta recomendaes e orientaes prticas visando fortalecer e
propagar a importncia da execuo de parcerias com a famlia e o paciente em todos os
nveis de ateno sade. Dentre os pressupostos centrais dos cuidados encontrados no
documento destacam-se: dignidade e respeito, compartilhamento de informaes,
participao e colaborao11
.
importante ressaltar que o relatrio expe um captulo contendo orientaes e
sugestes para o desenvolvimento de avaliaes e processos de pesquisa relacionados
com os cuidados centrado na famlia e no paciente. Este contedo tem o objetivo de
aumentar a produo literria sobre a temtica, alm de incentivar a adoo de prticas
baseada em evidncias11
.
Apesar do compartilhamento de informaes estar entre os pontos centrais da
abordagem9,10
, estudos desenvolvidos nos ltimos trs anos revelaram que os pais ainda
10
recebem poucas informaes dos profissionais e apresentam muitas dvidas em relao
a PC1,12,13
. Esta falta de conhecimento pode gerar uma viso restrita e pessimista por
parte dos pais em relao s potencialidades da criana, sendo responsabilidade dos
profissionais que atendem estas pessoas proverem informaes e orientaes
esclarecedoras acerca das reais capacidades e limitaes do indivduo com PC14
.
Paralelamente, poucos estudos na literatura buscaram avaliar o nvel de
conhecimento e as necessidades dos pais15
, j que maioria das pesquisas desenvolvidas
at o momento concentrou-se na investigao dos sentimentos da famlia, da sobrecarga
e qualidade de vida do cuidador e de ganhos funcionais aps propostas teraputicas6,16-
18.
Desta forma, o objetivo do presente estudo foi selecionar, avaliar e interpretar
criticamente publicaes que apresentaram a descrio das percepes, preocupaes,
necessidades e dificuldades dos pais/cuidadores em relao ao significado da paralisia
cerebral e aos cuidados dirios prestados ao filho. A compreenso destas questes
poder nortear os profissionais da sade na concesso de informaes em linguagem
apropriada aos familiares, concretizando os princpios dos cuidados centrado na famlia
e no paciente, alm de fortalecer a trade famlia-paciente-terapeuta.
MTODOS
A tcnica de pesquisa utilizada foi a reviso integrativa, uma ampla abordagem
referente s revises, que permite a incluso de estudos experimentais e no
experimentais para alcanar um entendimento completo do fenmeno investigado.
Considerada instrumento da Prtica Baseada em Evidncias que se encontra em
desenvolvimento na rea da sade, a reviso integrativa proporciona a sntese de
conhecimento, fornecendo subsdios para aplicao dos resultados encontrados na
11
prtica19
. Alm da produo significativa de informaes sobre o assunto estudado, esta
forma de reviso identifica as lacunas existentes na literatura e direciona o
desenvolvimento de pesquisas futuras20
. Desta forma, deve ser conduzida com rigor
metodolgico, de modo a identificar, analisar e sintetizar resultados de estudos
independentes sobre a mesma temtica21
.
Para guiar a reviso foi elaborada a questo norteadora da pesquisa: Quais so
as percepes, preocupaes, necessidades e dificuldades dos pais/cuidadores em
relao ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados dirios prestados ao filho?
Neste contexto, o termo percepo se aplica capacidade dos pais de entender e
conceituar a paralisia cerebral, alm de expressar a condio de dependncia ou
independncia dos filhos vivenciada durante as prticas de cuidado22,23
. As
preocupaes se referem a determinadas funes dos filhos que esto comprometidas e
que os pais almejam melhorar24
. As necessidades concentram-se nas aes e servios
que os familiares no tm acesso, mas que acham imprescindveis para a criao da
criana com PC15
. As dificuldades dizem respeito s atividades de prestao de
cuidados consideradas penosas e complicadas para serem executadas pelos pais8, 25
.
vlido ressaltar que apesar do papel de cuidador primrio s vezes ser assumido por
outros membros familiares, no presente estudo os termos pais e cuidadores foram
utilizados como sinnimos.
Aps a definio da temtica, foram consultados os Descritores em Cincias da
Sade (DeCS), sendo elencados os seguintes: paralisia cerebral/cerebral palsy,
cuidadores/caregivers e pais/parents.
A pesquisa incluiu todos os artigos indexados nas bases de dados LILACS,
SciELO, PubMed e no Portal de Peridicos da Capes, no perodo de janeiro de 2008 a
janeiro de 2014.
12
Para o refinamento da reviso, foram estabelecidos os seguintes critrios de
incluso: (a) artigos disponveis nas bases de dados LILACS, SciELO, PubMed e no
Portal de Peridicos da CAPES; (b) artigos em portugus, ingls e espanhol com os
resumos disponveis nas bases supracitadas no perodo de 1 de janeiro de 2008 a 31 de
janeiro de 2014; (c) artigos em que a amostra era constituda unicamente por
pais/cuidadores de indivduos com paralisia cerebral; (d) artigos em que estivessem
explcitos no corpo do texto as percepes, preocupaes, necessidades e dificuldades
dos pais/cuidadores em relao ao significado da paralisia cerebral e aos cuidados
dirios prestados aos filhos.
Os critrios de excluso estabelecidos foram: (a) artigos caracterizados como
reviso de literatura; (b) artigos que abordassem unicamente questes relativas ao
cuidador como: avaliao da qualidade de vida, sobrecarga, depresso, ansiedade,
sentimentos de reao ao diagnstico, estratgias de adaptao e desordens
musculoesquelticas.
Inicialmente, a seleo foi realizada pela leitura dos ttulos e resumos,
eliminando-se os artigos que no reportavam de forma direta ou indireta a paralisia
cerebral, assim como estudos repetidos entre as bases de dados. Em seguida, procedeu-
se a leitura completa dos 58 estudos pr-selecionados, eliminando-se os artigos de
acordo com os critrios de incluso e excluso. Aps esta etapa foram selecionados 7
artigos e a partir da busca reversa nas referncias bibliogrficas destes, selecionaram-se
mais 2, totalizando 9 artigos includos na amostra final ( Figura 1).
13
Iden
tifi
ca
o
Paralisia
Cerebral
AND Pais
Paralisia Cerebral
AND
Cuidadores
Cerebral
Palsy AND
Parents
Cerebral
Palsy AND
Caregivers
Capes = 72
SciELO = 23
LILACS = 25
PubMed = 0
Capes = 12
SciELO = 22
LILACS = 36
PubMed = 0
Capes = 141
SciELO = 33
LILACS = 23
PubMed =116
Capes = 41
SciELO = 23
LILACS = 35
PubMed =133
Eli
min
ao
de
dup
lica
do
s
po
r t
tulo
e r
esum
os
Capes = 6
SciELO = 3
LILACS = 4
PubMed = 0
Capes = 4
SciELO = 3
LILACS = 2
PubMed = 0
Capes = 11
SciELO = 2
LILACS = 1
PubMed = 9
Capes = 1
SciELO = 1
LILACS = 0
PubMed = 11
Art
igos
sele
cionad
os
par
a
leit
ura
Capes = 22 SciELO = 9 LILACS = 7 PubMed = 20
Total = 58
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51 artigos
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pelos critrios
de incluso e excluso
7 estudos includos
9 estudos includos
Busca
reversa = 2
Des
crit
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Figura 1: Processo de seleo para estudos includos na anlise
14
RESULTADOS
Foram selecionados 9 artigos, dos quais 5 foram publicados em
portugus4,8,22,23,25
, todos realizados no Brasil e 4 em ingls15,24,26,27
, sendo 3 originrios
dos Estados Unidos e 1 da Inglaterra.
O Quadro 1 apresenta a descrio de todos os artigos da reviso, considerando as
respostas para a questo norteadora e um breve resumo dos resultados relativos aos
objetivos desta pesquisa.
15
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17
Em relao s percepes dos cuidadores22,23
, 2 artigos reportaram que muitos
desconheciam o diagnstico clnico da criana e algumas vezes confundiam a condio
diagnstica com a etiologia da doena. Outra percepo abordada foi em relao
dependncia dos filhos para os cuidados dirios como banho, vesturio, alimentao e
transferncias.
Apenas um estudo investigou a preocupao dos pais relacionada paralisia
cerebral24
, identificando 12 categorias especficas de preocupaes: atividades da vida
diria, funo das mos, alimentao (comer/beber), mobilidade no cho, postura
sentada, postura de p/andar, transferncias, rigidez, comunicao, terapia, percepo
visual e comportamento. A predominncia destas preocupaes se diferenciou de
acordo com a idade e nvel de GMFCS (Sistema de Classificao da Funo Motora
Grossa), entretanto a preocupao com a postura de p/andar foi expressa por pais de
crianas de todos os nveis24
.
As necessidades expostas pelos pais de crianas com paralisia cerebral foram
relatadas especificamente em 1 artigo15
. Estas tambm se diferenciaram de acordo com
o nvel de funo motora grossa, mas no com a idade. Dentre as necessidades
expressas destacaram-se: necessidades de informao sobre servios atuais e futuros, de
planejamento para o futuro do filho, de ajuda na localizao de atividades na
comunidade e de mais tempo pessoal.
Por fim, 6 estudos reportaram sobre as dificuldades dos pais durante os diversos
cuidados com os filhos4,8,23,25-27
. As dificuldades apontadas na maioria dos estudos
foram: locomoo/transporte, alimentao, higiene (destacando-se o banho),
vestir/despir e posicionamento. Segundo relatos dos pais, estes cuidados tornam-se
ainda mais difceis de serem executados medida que a criana cresce, devido ao
aumento do peso corporal e da estatura. O artigo de Chiarello et al27
objetivou elucidar
as prioridades dos pais para atividades e participao dos filhos, entretanto estas
18
prioridades foram identificadas a partir das dificuldades na execuo das atividades,
justificando a incluso da pesquisa no presente estudo. Alm disso, um artigo reportou
que os pais relataram dificuldades em lidar com a espasticidade, hipotonia e crises
convulsivas25
.
DISCUSSO
Os termos percepo, preocupao, necessidade e dificuldade, utilizados para o
direcionamento das investigaes do presente estudo, apresentam significados
diferentes, mas que em relao paralisia cerebral esto inevitavelmente interligados.
Por exemplo, o desenvolvimento da percepo de dependncia dos filhos durante o
provimento de cuidados22
pode advir das dificuldades e despreparo dos cuidadores
durante a assistncia nas atividades dirias, atrelados s necessidades de informao e
suporte profissional. Da mesma forma, as preocupaes manifestadas por pais de
crianas com paralisia cerebral antes do incio das intervenes teraputicas24
podem
estar vinculadas s dificuldades e necessidades apresentadas pela famlia.
A percepo de alguns cuidadores sobre o que a paralisia cerebral escassa,
indicando que estes no sabiam relatar sobre o diagnstico clnico dos filhos. Esta
lacuna tambm foi constatada no estudo de Proena et al1, influenciando negativamente
no processo de reestruturao da dinmica familiar e na adeso dos pais ao tratamento.
Segundo as diretrizes do Ministrio da Sade, profissionais capacitados devem explicar
para os pais o que a paralisia cerebral, as causas, consequncias, alm de informar a
famlia quanto variabilidade dos nveis de comprometimento e amplas possibilidades
teraputicas visando a sade fsica, intelectual e afetiva da criana28
.
Em relao s preocupaes, uma das mais reportadas pelos pais corresponde
limitao de ficar de p/andar e uma possvel justificativa para predominncia de tal
preocupao o desejo dos familiares que os filhos alcancem certo nvel de
19
independncia27
. Outra preocupao frequente foi a rigidez muscular que ocorre em
virtude da espasticidade. Esta condio ocasiona alteraes sseas e articulares,
contraturas musculares, comprometendo principalmente a coluna e os membros
inferiores29
. Entre as anormalidades mais frequentes de membros inferiores encontram-
se a flexo e aduo de quadris, flexo de joelhos e tornozelos equivalgo ou equinovaro,
sendo que tais alteraes prejudicam a deambulao Desta forma, o reconhecimento
precoce de padres compensatrios progressivos por parte dos profissionais
imprescindvel para preveno da instalao de contraturas e deformidades
irreversveis29
. As consequncias de tais alteraes sero mais bem discutidas
posteriormente, quando forem abordadas as dificuldades dos pais.
No que diz respeito s necessidades dos familiares de pessoas com paralisia
cerebral, cabe destacar a necessidade dos pais de um planejamento futuro para os filhos.
Estudos30, 31
indicam o aumento da expectativa de vida de pessoas com PC, que
acompanhado pela progresso das limitaes funcionais e surgimento ou agravamento
de condies associadas como isolamento, fragilidade psicoafetiva, dor, restrio
alimentar e comprometimento da funo respiratria28
. Alm disso, Margre et al32
relataram que frequente a interrupo dos processos de reabilitao para indivduos
com PC na fase adulta. Diante desta situao, imperioso que os profissionais de sade
continuem a disponibilizar abordagens teraputicas adequadas ao paciente de acordo
com as demandas da idade adulta, bem como orientaes s famlias relacionadas ao
estado de nutrio, posicionamento, participao do membro em atividades domiciliares
e na comunidade, entre outras. Tais aes podero favorecer o bem-estar fsico,
psquico e social da pessoa com PC.
Dentre os seis estudos selecionados nesta reviso que reportaram sobre as
dificuldades dos pais nos cuidados dirios com os filhos, apenas um abordou esta
temtica como objetivo primrio25
. Em todos os demais, estas dificuldades foram
20
apuradas de forma direta ou indireta, atravs de questionrios ou entrevistas que
apresentavam tambm itens relacionados a outros aspectos da paralisia cerebral.
Consequentemente, as discusses sobre os cuidados mais difceis de serem prestados
aos filhos foram superficiais em quase todos os estudos. Apenas um artigo explorou
profundamente o assunto, sintetizando ao final do texto algumas implicaes para a
prtica clnica27
.
A maioria das dificuldades relatadas pelos pais agregou atividades bsicas da
vida diria como alimentao, vesturio e higiene pessoal. Alguns autores descreveram
que estas dificuldades, assim como outras, so acentuadas medida que a criana
aumenta de peso e estatura, pois quando a criana cresce as formas de adaptaes
ergonmicas como cadeiras, banheiras entre outros equipamentos tornam-se menos
acessveis25,26
. J o estudo de Chiarello et al27
indicou que estas dificuldades refletem
as prioridades dos pais para os processos de reabilitao, de modo que sejam
trabalhadas nas prticas teraputicas. Para este autor, o foco dos pais em aprimorar as
atividades relativas ao auto-cuidado ocorre no s pelo desejo de diminuir as demandas
de cuidados dirios, mas tambm para que os filhos vivenciem a socializao, a
participao na comunidade e a transio para uma vida menos dependente. Entretanto,
o que se observa na prtica clnica so tratamentos cujos objetivos foram estabelecidos
unicamente pelos terapeutas, negligenciando as aspiraes dos familiares e do paciente,
ou seja, a to almejada abordagem de cuidados centrados na famlia e no paciente ainda
parece estar bem distante da realidade atual, pelo menos no Brasil. Isto fica ntido
quando se analisa, por exemplo, estudos que buscaram verificar o efeito de programas
de orientao domiciliar a cuidadores de crianas com PC6,7
. Como de se esperar os
resultados so positivos, contribuindo para uma melhora tanto nas habilidades dirias do
cuidador durante a prestao dos cuidados quanto na funcionalidade da pessoa com PC,
21
porm, em momento algum as opinies da famlia e do paciente so consultadas para
direcionar as intervenes.
Apesar de todos os artigos analisados relatarem sobre a importncia dos
profissionais de sade estreitarem as relaes com a famlia para o desenvolvimento de
aes integrais de qualidade, o que se observa na literatura so apenas citaes vazias de
contedo. O que fazer, como fazer, quais falhas foram cometidas, quais estratgias
deram certo so aspectos fundamentais para direcionar o estabelecimento de parcerias
com a famlia, mas que raramente so abordados ou descritos nas pesquisas.
Retomando a questo das dificuldades relatadas pelos pais, o posicionamento foi
uma das dificuldades apontadas em virtude da pouca estabilidade postural somada ao
dficit no controle motor26
. A postura inadequada da coluna e dos membros inferiores
pode ocasionar o aparecimento de escoliose e luxao ou subluxao de quadril,
deformidades frequentemente encontradas em pessoas com paralisia cerebral29
. Estas
condies esto entre as principais causas de dor relatadas pelos pais de crianas com
PC, juntamente com as contraturas musculares encontradas nas outras articulaes33
. O
estudo que apurou estes dados buscou investigar a experincia dos pais em relao
manifestao de dor pelos filhos e os resultados indicaram que os pais so os principais
intrpretes da dor dos filhos, o quadro lgico apesar de persistente no devidamente
tratado, funes bsicas como alimentar e dormir so prejudicadas e informaes acerca
de problemas comuns no quadril e na coluna no foram concedidas aos familiares33
.
Mais uma vez a falta de informao e orientao indica que a abordagem centrada na
famlia ainda encontra-se ausente na prtica clnica. A presena de escolioses,
luxao/subluxao de quadril e contraturas so alteraes que poderiam ser evitadas ou
na maioria das vezes atenuadas, se os profissionais de sade realizassem os devidos
procedimentos e orientaes famlia desde os primeiros anos de vida. Apesar dos
avanos em tecnologia assistiva, ainda nos dias atuais encontram-se crianas,
22
adolescentes e adultos com comprometimentos graves que nunca obtiveram
recomendao de rteses ou outros equipamentos por parte dos profissionais que lhes
atenderam. Esta realidade, mais frequente em cidades interioranas, pode repercutir de
forma negativa na dinmica familiar, de modo que tarefas como banho, higiene pessoal,
vesturio e transferncias tornam-se ainda mais difceis de serem executadas quando a
pessoa com PC apresenta alguma destas deformidades instaladas, sendo necessrio em
determinados casos a atuao de pelo menos dois indivduos para efetuarem tais
cuidados.
O estudo de Simes et al4 apontou a dificuldade dos pais em lidar com a
limitao do filho, assim como a falta de ajuda para prover os cuidados como situaes
que acabam resultando em desgaste fsico e emocional significativos para o cuidador.
Para atenuar este quadro, Palisano et al34
ressaltaram a importncia de se considerar as
necessidades dos cuidadores antes da execuo de qualquer plano de tratamento, pois
alm de beneficiar o processo de reabilitao da criana, a ponderao destas
necessidades propicia a reduo das demandas fsicas e a preveno de leses por
esforos repetitivos inadequados dos cuidadores. Alm disso, a otimizao da
assistncia prestada aos filhos adquirida mediante a adoo de programas de orientao
estabelecidos em parcerias com a famlia, poder propiciar maior tempo livre aos
cuidadores para a execuo de atividades pessoais.
Outra dificuldade reportada nos estudos analisados corresponde locomoo ou
transporte dos filhos com PC, tarefa que se torna ainda mais desafiante com o
crescimento da criana e concomitante exacerbao das alteraes clnicas, somados
falta de infraestrutura das cidades e do prprio ambiente domiciliar25
. O governo
brasileiro tem apresentado propostas interessantes para integrao da pessoa com
deficincia na sociedade atravs da promoo da acessibilidade em lugares pblicos,
porm, a concretizao de tais propostas ainda encontra-se distante da realidade
23
vivenciada pelos deficientes e familiares35
. A carncia de espaos adequados, assim
como de transporte pblico acessvel prejudica no s a frequncia destas pessoas nas
escolas e nos tratamentos de sade, mas tambm inviabiliza a participao em
atividades sociais e de lazer. Constata-se que a pessoa com PC tem seu direito
fundamental liberdade de locomoo restringido36
, o que afeta sobremaneira a
qualidade de vida de toda a famlia. O que se percebe que ainda h muito pelo que se
lutar para que as pessoas com deficincia tenham assegurados direitos bsicos, estando
distantes da conquista de uma vida verdadeiramente digna.
Enquanto aes efetivas por parte das entidades governamentais no acontecem,
cabe aos profissionais de sade permitir o desenvolvimento de relaes de maior
proximidade com os familiares e pacientes, procurando avaliar e tratar todo o contexto
familiar, que envolve aspectos emocionais e sociais, alm dos aspectos fsicos da
deficincia. Portanto, a adoo de prticas centradas na famlia e no paciente crucial
no s para um processo de reabilitao promissor para a pessoa com paralisia cerebral,
mas tambm para ampliar o nvel de conhecimento, confiana e segurana dos pais,
tornando-os membros essenciais das equipes de sade, de forma a melhorar a qualidade
de vida de toda entidade familiar.
CONSIDERAES FINAIS
Os resultados desta reviso apontam para a escassez de estudos sobre o
entendimento da doena por parte dos pais, assim como sobre aspectos relacionados aos
cuidados dirios prestados ao filho com paralisia cerebral. Nota-se a necessidade de um
maior nmero de pesquisas, com desenhos metodolgicos mais precisos e especficos
para a investigao destas temticas.
24
A anlise dos estudos selecionados indicou que ainda existe um distanciamento
entre cuidadores e profissionais, mesmo com a abordagem de cuidados centrados na
famlia encontrando-se cada vez mais valorizada e difundida tanto na literatura, quanto
na prtica clnica. Observa-se que a concretizao desta abordagem pelos profissionais
da sade bastante incipiente e tal fato comprovado pela queixa frequente dos pais em
relao falta de informao e orientao.
Desta forma, imprescindvel que os processos de reabilitao efetuados por
diversos profissionais da sade tenham as diretrizes revistas, de modo que informaes
completas e acuradas sejam concedidas s famlias. Para tanto, sugere-se o
desenvolvimento de programas de orientaes que considerem as necessidades do
paciente e dos familiares, associados distribuio de material educativo contendo
informaes simples e pontuais acerca de manuseios, posicionamentos adequados,
cuidados e atividades a serem executados em ambiente domiciliar. Tais medidas
podero contribuir para o aperfeioamento da prestao de cuidados por parte dos pais,
alm de fornecer subsdios para aprimorar a participao da pessoa com PC nas
atividades dirias e evitar a instalao de deformidades irreversveis.
25
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28
CAPTULO 2
Manual prtico de orientaes para profissionais e cuidadores de
crianas com paralisia cerebral
MANUAL PRTICO DE ORIENTAES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE
CRIANAS PARALISIACOMCEREBRAL
Jaqueline Miranda Barbosa
Produo Grfica:
Willer Jhonas Cardoso Vieira Ilustraes
Washington da Silva PachecoDiagramao
Elaborao:Jaqueline Miranda Barbosa
Orientao:Eveline Torres Pereira
Paula Silva de Carvalho ChagasMaicon Rodrigues Albuquerque
2014
MANUAL PRTICO DE ORIENTAES PARA PROFISSIONAIS E CUIDADORES DE
CRIANAS PARALISIACOMCEREBRAL
SUMRIO
PARTE I: CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL
1.O QUE PARALISIA CEREBRAL?
2.QUAIS SO AS CAUSAS?
3.QUAIS SO OS TIPOS?
4.QUAIS SO AS CONSEQUNCIAS?
PARTE II: COMO CUIDAR?
1.ALIMENTAO
2.VESTIR/DESPIR
3.TREINAMENTO DA HIGIENE
4.BANHO
5.POSICIONAMENTOS
5.1.Problemas Ortopdicos
5.2.rteses
5.3 Carregar
5.4 Posies
6.EXERCCIOS DE ALONGAMENTO
7.BRINCAR
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
5
5
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7
9
12
12
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26
28
28
32
34
40
48
53
63
Se o mdico falou que a criana apresenta como diagnstico a Paralisia Cerebral, isto no quer dizer que o crebro da criana est paralisado! Este nome realmente confunde muitas pessoas, mas importante saber que o crebro da criana est funcionando, s que de forma diferente.
PARTE I: CONHECENDO UM POUCO DA PARALISIA CEREBRAL
Apesar de no demonstrar, eu entendo voc e preciso de muito amor e carinho!
1.O QUE PARALISIA CEREBRAL? A Paralisia Cerebral (PC) envolve um grupo de desordens permanentes que afetam o movimento e a postura da criana, causando limitaes nas atividades do dia-a-dia. resultado de leses no
progressivas que ocorreram no crebro do beb ou da criana em desenvolvimento (Figura 1).
Figura 1: Leso no crebro da criana. 5
Dependendo da localizao e gravidade da leso, a criana pode apresentar tambm problemas na viso ou na audio, dificuldade para falar e aprender,deficincia intelectual e convulses .
2.QUAIS SO AS CAUSAS?
,
As leses ocorrem no crebro antes, durante ou aps o nascimento da criana,podendo ser resultado de diferentes problemas associados. O quadro 1 apresenta alguns fatores de risco que aumentam a probabilidade da criana ter algum dano cerebral, mas no significa, necessariamente, que o beb ter paralisia cerebral. Em alguns casos, a causa da paralisia cerebral permanece desconhecida.
Fatores pr-natais: Fatores natais e ps-natais:
Diabetes, doenas da tireide ou hipertenso arterial materna
Parto prematuro (menos de 37 semanas de gestao) e baixo peso ao nascer
Infeces virais e convulses materna Asfixia (falta de oxignio para o beb)
Retardo de crescimento intra-uterinoApresentao anormal do beb no tero, dificultando o parto
Sangramento materno Infeces (meningite)
Descolamento prematuro de placenta Ictercia grave (pele amarela do beb)
Hemorragias (sangramento no crebro do beb)
Convulses
Traumas cranianos
Quadro 1: Fatores de risco para leses cerebrais , ,
6
Convulses materna
Rubela congnita
Traumas abdominais
3.QUAIS SO OS TIPOS?
causado por estmulos nervosos. O tnus muscular possibilita tanto a manuteno do corpo em determinadas posturas, quanto a realizao de movimentos.
Apesar de no demonstrar, eu entendo voc e preciso de muito amor e carinho!
Qualquer dvida perguntepara o profissional de sadeque est nos atendendo!
Entendeu tudo?
Os tipos de paralisia cerebral variam deacordo com o tnus muscular apresentado por cada criana. Este termo, bastante utilizado pelos profissionais, refere-se ao estado de contrao constante dos msculos,
Toda criana com paralisia cerebral tem uma leso em partes do crebro que controlam o tnus, portanto, nestas crianas o tnus poder estar aumentado, diminudo ou uma combinao dos dois (tnus flutuante). Assim, as classificaes utilizadas so paralisa cerebral espstica, discintica ou atxica.
( ) Espstica (tnus aumentado) o tipo mais comum atingindo de 75 a 80% das crianas com paralisia cerebral. Os movimentos sero rgidos
2 , 3e desajeitados devido a alta tenso muscular, exigindo grande esforo da criana .
Discintica: Presena de posturas e movimentos atpicos, principalmente 3quando se inicia um movimento voluntrio . Dividi-se em dois tipos:
distonia e coreoatetose.
7
8
,( ) Distonia: O tnus muscular muito varivel, ou seja, o tnus pode estar baixo quando a criana encontra-se em repouso, mas aumenta quando ela tenta realizar algum movimento .
,( ) Coreoatetose: O tnus muscular instvel, com a presena de movi-
mentos involuntrios, sem finalidade, da face, do tronco e dos membros .,
( ) Atxica:
,
Apesar de no demonstrar, eu entendo voc e preciso de muito amor e carinho!
Pea ao profissional da sadepara marcar um X no tipo de paralisia cerebral que eu apresento.
Distrbio da coordenao dos movimentos, a criana apresenta dificuldade para ficar de p, andar, bem como problemas de
2,3equilbrio e tremor intencional .
8
9
4.QUAIS SO AS CONSEQUNCIAS?
Apesar da leso no crebro no ser progressiva, as manifestaes clnicas e oscomprometimentos funcionais podem se alterar com o tempo, podendo haver tanto uma melhora quanto uma piora do quadro. Isto vai depender da gravidade eextenso da leso no crebro, assim como do grau de estimulao recebido pelacriana ao longo da vida. A seguir algumas aes que podero contribuir para melhora do quadro clnico da criana.
4
Comear o tratamento com os diversos profissionais da sade (neuropediatra, terapeuta ocupacional, fonoaudilogo, fisioterapeuta, educador fsico, nutricionista e outros) o quanto antes. A estimulao precoce pode minimizar os efeitos da leso na aprendizagem e na aquisio de habilidades durante o desenvolvimento da criana.
Interveno Precoce:
Sei que estes atendimentos tomaro um pouco do seu tempo, mas preciso realiz-los para melhorar o equilbrio dos meus msculos, minha postura e outras capacidades importantes parao meu desenvolvimento!
10
Os tratamentos e as atividades
em casa so complementares.
Um no substitui o outro!
No preciso de superproteo e sim
de pacincia! Aprenda a esperar o meu
tempo para entender as informaes
e executar as tarefas.
*Apesar do papel de cuidador primrio s vezes ser assumido por outros membros familiares, neste manual os termos pais e cuidadores foram utilizados como sinnimos.
Estimulao realizada pelos pais: Como as crianas passam a maior parte do tempo com o cuidador primrio, que na maioria das vezes a me ou o pai*, estes devem dar continuidade s sesses de terapia em casa, realizando os exerccios orientados pelo terapeuta. Alm disso, sempre que possvel, deixar a criana realizar alguma tarefa de forma independente, sem ajuda, mesmo que isso exija um pouco mais de 5tempo .
11
Quando existe troca de informa-es e maior proximidade entre os pais e os profissionais que atendem a criana, o processo de reabilitao se torna mais prazeroso e satisfatrio. Desta forma, a participao dos pais tanto no planejamento quanto na execuo das atividades
6propostas essencial para a eficcia do tratamento .
Parceria entre profissionais e pais:
Voc tambm pode ensinar ao terapeuta como eu gosto de meposicionar e o que desperta minha ateno em casa.
Fale para o profissional o que voc quer que eu melhore primeiro, o que ele deve treinarcomigo durante a terapia? Sua opinio muito importante.
vlido destacar que as sugestes que sero apresentadas neste manual no se aplicam a todos as crianas com paralisia cerebral, portanto, os pro-fissionais que acompanham a criana devem selecionar e explicar aos pais quais exemplos so adequados ao filho com paralisa cerebral.
PARTE II: COMO CUIDAR?
1.ALIMENTAO
FIGURA 1
Os cuidados prestados a uma criana com paralisia cerebral so mais complicados de serem efetuados em virtude dos problemas clnicos,
2alteraes de movimentos e posturas . Desta forma, sero apresentadas a seguir algumas orientaes e informaes para diminuir as dificuldadesdurante a prestao de cuidados dirios, alm de ajudar a avaliar as necessidades da criana.
Em crianas com paralisia cerebral, algumas funes como a suco, a mastigao e a deglutio podem estar alteradas. Dentre os problemas que podem complicar a alimentao destas crianas encontram-se a falta de
7controle da mandbula (parte inferior da boca), da lngua e dos lbios . Alm disso, para conseguir alimentar-se de forma independente necessrio que a criana apresente bom controle de cabea e de tronco, somados
8capacidade de preenso e coordenao dos membros superiores (braos) .
O fonoaudilogo o profissional que pode amenizar os problemas com a alimentao, ajudando a criana a desenvolver os movimentos da boca, lngua e dos lbios, que so essenciais no s para uma boa alimentao,
7,8mas tambm para a aquisio da fala.
12
13
Os problemas com a alimentao tambm podem dificultar o ganho de peso, sendo o nutricionista o profissional responsvel por acompanhar
2,8o estado nutricional da criana .
Preciso de uma al imentao adequada para crescer e ganhar peso. O nutricionista poder nos ajudar indicando quais os alimentosdevem ser consumidos por mim durante as refeies.
Eu posso aprender a mastigar! O fonoaudilogo nos ensinar o que deve ser feito para no provocar a tosse ou engasgo durante minha alimentao.
O posicionamento adequado, de forma que a criana esteja relaxada, fundamental para execuo da alimentao. Alm disso, o alimento deve ser apresentado na direo da boca da criana. Caso a colher seja apresen-tada por cima, a criana pode empurrar a cabea pra trs e no engolir oalimento ou at se engasgar (Figura 2).
14
Errado! Criana sendo alimentada em padro extensor (cabea e troncos jogadospara trs). Esta posio pode gerar engasgo, tosse e sufocao.
Figura 2:
+ Algumas posies adequadas para alimentar a criana pequena so
8apresentadas a seguir (Figuras 3 e 4) .
Criana posicionada meio-sentada no colo para alimentao. Observar o banco situado embaixo de um p do cuidador que ocasiona a elevao de uma das pernas, impedindo que a criana escorregue.
Figura 3:
15
Criana posicionada sentada de frente para a me para alimentao. Observar o apoio a uma almofada que repousa no bordo da mesa. Posicionar a mo aberta com presso na parte inferior do peito da criana, contribuindo para engolir o alimento e para o controle do tronco.
Figura 4:
Se a criana j desenvolveu o controle de cabea e tronco, deve ser 2,8alimentada sentada na cadeira (Figura 5) .
Criana sentada em uma cadeira para alimentao. Observar se a cabea e o tronco esto ligeiramente para frente, as pernas levemente afastadas e os ps apoiados no cho. A mo que no est sendo usada pode ser colocada em torno do prato ou apoiada sobre a mesa.
Figura 5:
16
Alguns materiais adaptados podem ser utilizados para facilitar a 2,8alimentao da criana (Figuras 6,7,8,9).
Colher achatada e arredonda. O cabo deve ser mais grosso para facilitar a preenso manual.
Figura 6:
Copo plstico com abertura em um doslados para o nariz. Observar que a abertura possibilita a inclinao do copo at as ltimas gotas.
Figura 7:
Prato fundo com borda alta vertical.A borda facilita apanhar o alimento na colher.
Figura 8:
Tapete ou esteira antiderrapante. Posicionar embaixo do prato, evitando que este deslize.
Figura 9:
FIGURA 1
17
Lavar as mos antes e aps as refeies..Escovar os dentes aps as refeies..As refeies devem ser realizadas em local tranquilo, sem televiso ououtros rudos que possam desviar a ateno da criana.
.
A criana pode e deve fazer as refeies juntamente com os outros membros da famlia. Caso ela precise de ajuda, pode ser alimentada antes ou depois dos demais familiares. O importante permitir que a criana vivencie estes momentos de socializao e comunicao.
.
Nomear os alimentos, identificar as cores, fazer a criana sentir o aroma da comida so formas prazerosas e benficas de estimulao para a mesma.
.
Dicas Importantes:
necessrio ter pacincia e evitar momentos de irritao, caso a criana se suje com a comida ou demore mais tempo para sealimentar.
.
2.VESTIR/DESPIR
A tarefa de vestir e despir uma criana com paralisa cerebral pode setornar um pouco complicada, dependendo das alteraes motoras de cada criana. Por exemplo, ela pode apresentar resistncia a certos movimentos, como afastar as pernas para vestir a cala ou estender os braos para vestir
8a manga da blusa .
Mais uma vez, o posicionamento apropriado essencial para facilitar 2os atos de vestir e despir , sendo as posies deitado de barriga para
baixo, deitado de lado e sentado as mais favorveis para a execuo dessas8 tarefas (Figuras 10,11,12,13,14).
FIGURA 1
18
Em caso da criana ser muita rgida, pode ser mais fcil separar as pernas e trocar a fralda da criana na postura deitado de lado. A melhor posio ser a que a criana se sentir mais confortvel, o que pode ser identificado pela expresso facial da mesma.
Criana deitada de barriga para baixo para ser vestida. Esta posio indicada principalmente para crianas com forte padro extensor (cabea e tronco jogados para trs), pois favorece a flexo da cabea e do tronco.
Figura 10:
Criana deitada de lado para ser vestida. Nesta posio mais simples trazer a cabea e os ombros para frente, ficando mais fcil estender o cotovelo, permitindo a vestimenta de blusas com manga realizando menos esforo. Da mesma forma, as pernas e os ps se dobram mais facilmente, simplificando os atos de vestir a cala e calar as meiase sapatos.
Figura 11:
FIGURA 1
19
Criana sentada para ser vestida. Nesta posio mais fcil vestir a criana se ela estiver sentada de costas para quem est vestindo-a, pois possvel manter o tronco para frente, os quadris flexionados e as pernas afastadas.
Figura 12:
Criana maior sentada em um banco para se vestir. Ela pode se vestir tambm sentada no cho e s deve receber ajuda se necessrio.
Figura 13:
20
Criana vestindo uma blusa manga longa. Deve-se juntar a manga da blusa e passa-l pelas mos da criana, depois esticar a manga ao longo do brao estendido. Da mesma forma se faz com a cala.
Figura 14:
Quando a criana gravemente incapacitada e est crescendo, se tornando mais pesada para o manuseio, a posio deitada de costas pode ser o nico
8modo possvel de vesti-la e despi-la (Figura 15) .
Criana deitada de costas para ser vestida. Um travesseiro alto e duro deve ser posicionado embaixo da cabea, deixando os ombros ligeiramente elevados. Nesta posio ser mais fcil trazer os braos para frente e dobrar os quadris e os joelhos.
Figura 15:
21
Roupas ligeiramente maiores do que o tamanho exato da criana..Tecidos de malha que proporcionem alguma flexibilidade..Calas com elstico na cintura..Casacos com aberturas anteriores, de preferncia com zperes ao invs de botes.
.
Calados simples de calar e retirar, sendo que os com velcro so mais fceis do que os calados com cadaro.
.
2,8Tipos de roupas que podem facilitar o vestir/despir :
Evitar roupas de tecido deslizante como nylon, pois a criana poder deslizar-se do assento em que se encontra.
.
Evitar roupas emboladas, pois o atrito direto com a pele pode causar irritao.
.
Preciso usar calados desde pequeno,pois ser mais fcil para eu apoiar os ps no cho e me equilibrar tanto sentada quanto de p.
22
A criana deve compreender que est sendo vestida ou despida, sendoimportante que ela receba uma explicao do que est sendo realizado ao mesmo tempo em que visualiza o ato de vestir/despir. Tais aes despertaro o interesse da criana, estimulando-a a ajudar de acordo com as habilidades que possui.
.
Dicas Importantes:
3.TREINAMENTO DA HIGIENE A criana com paralisia cerebral, como qualquer outra, poder apresentar
alguns sinais de que j capaz de usar o banheiro, como permanecer seca 2por vrias horas ou indicar aos pais que a fralda est mida ou suja . Mesmo
que ela no apresente tais manifestaes, importante que os familiares8incentivem a criana a abandonar a fralda e a utilizar o vaso sanitrio .
Os pais devem nomear as partes do corpo que esto sendo vestidas, os lados direito/esquerdo e as cores das roupas, pois so formas de ampliaro conhecimento da criana.
.
provvel que a criana aprenda a despir-se antes do que se vestir, pois tirar a roupa uma tarefa mais fcil.
.
Quando a criana comear a vestir-se ou despir-se de forma independente, deve ser observado o quanto ela pode fazer sozinha e em quais pontos ela precisar de ajuda. Os pais devem aguardar com pacincia a execuo da tarefa pela criana.
.
Algumas vezes importante permitir que a prpria criana escolha o que quer vestir.
.
23
No quero usar fralda a vida toda!
Se algum me ensinar a usar o vaso
sanitrio, depois de um tempo de
treinamento eu poderei abandonar
a fralda e realizar minhas necessidades
no banheiro.
Uma forma de comear o treinamento de higiene da criana coloc-la em
intervalos de tempo regulares no vaso sanitrio ou no troninho (Figura 16), 2,8explicando-a o que ela deve fazer . A criana deve estar relaxada ao sentar,
em uma posio que favorea a presso abdominal para o esvaziamento da
bexiga ou do intestino, por exemplo, com o tronco ligeiramente frente, quadris
e joelhos flexionados e ps apoiados no cho (Figuras 17, 18, 19). Se a criana
j est maior pode ser utilizada uma cadeira de madeira (Figura 20) ou um
redutor de assento para vaso sanitrio (Figura 21).
24
Troninho. Base firme, apoio para as costas, e suporte para segurar ao lado ou frente,ajudando a criana a superar o medo de cair.
Figura 16: Figura 17:
Criana sentada no troninho dentro de uma caixa de madeira. Observar a barra para a criana agarrar, proporcionando-a sensao de segurana.
Figura 18: Figura 19:
Criana pequena sentada no troninho sobre as pernas da me. Esta posio permite que a criana fique m