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OS BENEFÍCIOS DA SHANTALA, UMA TÉCNICA MILENAR DE MASSAGEM PARA BEBÊS.
Amanda Karoline Ribeiro dos Santos
1, Eunice Tokars
2.
1 Acadêmico do curso de Tecnologia em Estética e Cosmética da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR); 2 Ma. Fisioterapeuta Prof.ª. Adjunta do Curso de Tecnologia em Estética e Cosmética da Universidade Tuiuti do Paraná.
Endereço para correspondência: Amanda Karoline, [email protected].
RESUMO: A shantala é um método milenar de massagem para recém-nascidos, que
trarabalha especialmente a relação entres os pais e o bebê, equilibrando os
sistemas nervoso, energético e emocional da criança, além de proporcioná-la
segurança, afeto e relaxamento. O recurso também está ligado à prevenção de
doenças, pois auxilia no aumento do sistema imunológico. A shantala é
recomendada aos bebês que tenham sofrido algum trauma, seja ele durante a
gestação, parto ou pós, por decorrência de algum problema neurológico ou afetivo.
Palavras-chave: Shantala; Massagem; Milenar; Bebê; Relação.
________________________________________________________________________
2
INTRODUÇÃO
O elo, carinho e cuidado entre pais e filho se iniciam ainda na descoberta da
gestação. Nos casos de complicações que levam a partos prematuros, o
recém-nascido precisa ficar na UTI neonatal para se recuperar, ou seja, fica
distante do afeto familiar, o que pode causar um rompimento, por um período,
na sintonia do bebê com seus pais. Nestas situações, a técnica da shantala é
recomendada, não apenas para alinhar a conexão da criança com a família,
mas também por ajudar no seu equilíbrio nervoso, emocional e energético,
além de auxiliar no aumento do sistema imunológico (Mc CLURE, 1996).
O médico francês Frédérick Leboyer, em uma de suas viagens até a Índia,
conheceu uma técnica de massagem para bebês, aprofundou-se e escreveu
um livro, no qual relata a técnica frisando sua importância e benéficos no
contato entre pais e filho, e no desenvolvimento da criança (LEBOYER, 1976).
A shantala deve ser realizada em um local silencioso e calmo, de preferencia
com uma musica tranquila e sempre a mesma para que o bebê identifique o
som e o momento. Assim como o ambiente, quem for realizar a massagem e o
bebê também precisam estar preparados e tranquilos. A criança tem de estar
devidamente alimentada, mas não de estômago cheio, não pode haver
sensação de frio ou calor, e a massagem não deve ser enterronpida para que
não quebre a troca de energias entre os dois. O adulto precisa estar disposto,
reaxado, distante de todos os problemas e ansiedades para não transmiti-las
ao bebê, já que ele é muito receptivo (CAMPADELLO, 2000).
Desta forma, visa-se com o estudo relatar a aplicação da técnica em recém-
nascidos a partir de um mês de vida, podendo também ser realizada em
crianças maiores com adaptações, dando ênfase no fato que um toque de afeto
pode significar muito mais que um simples gesto de amor e carinho, tanto para
o bebê, quanto para seus pais.
História da Shantala
No ano de 1976, o médico obstetra Frederick Laboyer realizou uma viagem
para a Índia. Em um de seus passeios pela cidade de Calcutá, observou uma
mulher sentada na calçada massageando seu filho. Na cultura Indiana esta
prática é comum e passada de mãe para filha durante diversas gerações.
3
Laboyer ficou impressionado e fotografou a mulher que se chamava Shantala,
e pediu-lhe que ensinasse essa técnica. De volta ao ocidente, Frederick
aprimorou a técnica, o a divulgou e a batizou de Shantala, em homenagem a
mulher com quem aprendeu a massagem para bebês (LEBOYER, 1976).
Beneficios e Contraindicaçoões
São inúmeros os benefícios que a shantala pode trazer para os bebes, dentre
eles: fortalecimento do vinculo familiar, relaxamento e bem-estar, aumento do
sistema imunológico, melhora do desenvolvimento motor, carinho, amor, afeto
e auxílio no sono do bebê. Entretanto, as contraindicações existem e por isso
são necessários alguns cuidados básicos para a realização da massagem: o
bebe não pode estar com fome ou cansado, se estiver vacinado ou ainda
estiver sob a reação da vacina também não pode receber a massagem, em
casos de problemas articulares, fraturas ou ossos frágeis e também em
situações de cólicas, febre e dores, a shantala não é recomendada. É
importante que o pediatra do bebê tenha conhecimento dos procedimentos
(CAMPADELLO, 200).
Técnicas
As imagens a seguir foram retiradas do livro de Leboyer (1995), e os
movimentos baseados no Manual da Shantala (2005).
Primeiro passo: Peito.
Figura 1
4
FONTE: Loboyer (1995)
Com as duas mãos no centro do peito deslize simultaneamente até os braços
do bebê. A massagem deve ser realizada de dentro para fora, a utlização do
óleo e indispensavél. Segundo o Manual da Shantala (2005), essemovimento
deve ser realizado em ritimo constante (lento, leve) do começoao fim.
Cada uma delas de um lado, mas ladeando as
costas. Retornam ao ponto de partida e, a partir
do centro, voltam para os lados. Isto tudo como
se, com um livro aberto à sua frente, você
tivesse que deixar as páginas bem achatadas
(LEBOYER, 1995, p.29).
Figuras: 2 e 3.
Ombros e Quadris
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FONTE: Loboyer (1995).
Com uma mão de cada vez realize o movimento cruzado, frisando que não se
pode perder o contato com a pele do bebê. A mão direita na direção do quadril
direito até o ombro esquerdo, em seguida a mão esquerda se deslocará do
quadril esquerdo até o ombro direito. Repita os movimentos diversas vezes.
Por fim cada mão voltará para o ombro e cada quadril de onde saiu (MANUAL
DA SHANTALA 2005).
Figura: 4
Braços
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FONTE: Loboyer (1995)
Com o bebê posicionado em decúbito lateral (de lado), com uma das mãos
segure em forma de bracelete o ombro e com a outra o punho, em seguida é
realizado deslizamento das extremidades até o meio do braço onde as duas
mãos se encontram, as mãos trocam de posição reiniciando a técnica, de baixo
para cima, de cima para baixo percorrendo por todo o braço.
Segundo Loboyer (1995), as duas mãos trabalham concomitantemente, porém
em sentido contrario no formato de bracelete onde as duas mãos se deslocam
do ombro para a mão do bebê.
Em assim fazendo, as suas mãos executam
um movimento de rosca ao redor do bracinho.
Movimento de rosca que as duas mãos
executam em sentido inverso. Como se você
torcesse o bracinho. Ao chegar ao punhozinho,
as suas mãos voltam ao ombro e recomeçam
(LEBOYER, 1995, p.39).
Figura: 5
Mãos
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FONTE: Loboyer (1995)
Com os polegares massageia-se a palma das mãos, os demais dedos para as
costas das mãos e é importante que retorne o ponto de partida (palma das
mãos), para não perder o contato com a pele e assim partir para os demais
dedos acariciando a ponta de cada um deles com o polegar.
Depois a mãe dobra os dedos da criança
(fechando a mãozinha), como que se
bombeasse o sangue da palma para a
extremidade. Ao finalizar a massagem nas
mãos, inicie a massagem no outro bracinho
mudando o bebê para a outra lateral (MANUAL
DASHANTALA, 2005).
De acordo com Loboyer (1995), em seguida vira-se o bebê para o lado
contrario, iniciando a massagem no outro braço seguindo o passo anterior até a
mão.
Figura:6
Barriga
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FONTE: Loboyer (1995).
De acordo com o manual da shantala (2005), uma mão faz o movimento
enquanto outra aguarda na região do peito, partindo em sentido ao corpo,
como se fosse esvaziar a bexiga do bebê, o movimento deve ser intenso e
sucessivo, quando uma mão termina o movimento a outra inicia.
Agora, a sua mão esquerda segura os pés do
bebê mantendo as pernas verticalmente
esticadas. E é o seu antebraço que, ao
prosseguir no mesmo vaivém, sempre de alto a
baixo, isto é, de volta para você, continua a
massagear a barriga (LOBOYER, 1995). Assim
que finalizado o movimento, retorna-se ao
peito, reiniciasse o movimento o mesmo deve
ser realizado diversas vezes (sempre de cima
para baixo), com os antebraços (MANUAL DA
SHANTALA, 2005).
Continua-se massageando a barriga, porém com o antebraço Loboyer (1995)
9
Figura:7
Pernas
Nas pernas a massagem deve ser realizada da mesma forma com que foi nos
braços, com as mãos em forma de bracelete realiza-se deslizamento em forma
de torção em direção até o tornozelo em seguida massageiam-se os pés
(MANUALDA SHANTALA 2005).
FONTE: Leboyer (1995)
Os calcanhares devem estar muito bem massageados assim como os
tornozelos com persistência, pois são fundamentais (LOBOYER, 19950).
Figura:8
10
FONTE: Loboyer (1995).
Figura: 9
Pés
Esta região deve ser massageada suavemente, pois se trata de uma região
extremamente sensível, a massagem se inicia com o polegar no calcanhar em
direção aos dedos, por fim a palma da mão é passada na sola do pé do bebê
(MANUAL DA SHANTALA, 2005).
Segundo Loboyer (1995), assim que finalizada a massagem em uma perna, se
da sequencia para a outra.
FONTE: Loboyer (1995).
Figura: 10
Costas
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Segundo Loboyer (1995), a massagem na região das costas e realizada em
três etapas. Até este momento a criança se encontra na vertical, agora á
reposiciona na horizontal de bruços, com as pernas para o lado direito e a
cabeça para o lado esquerdo (MANUAL DA MASSAGEM, 2005).
FONTE: Loboyer (1995).
Figura: 11
Primeira etapa.
Com as mãos sobre o trapézio do bebê, a massagem deve se iniciar com
movimentos de vai e vem. Utilizando a palma das mãos, deve-se percorrer por
toda a extensão das costas, até o glúteo, realizando maior pressão quando
para frente em movimentos transversais (MANUAL DA SHANTALA, 2005).
FONTE: Loboyer (1995).
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Figura: 12
Segunda etapa.
Com a mão esquerda, percorra da nuca até o glúteo do bebê, no instante que
a mão chega retorne para o ponto inicial, para retomar o movimento, a mão
direita segura o glúteo do bebe realizando apoio para o movimento contrário,
para um maior efeito o toque deve ser lento e profundo (MANUAL DA
SHANTALA, 2005).
FONTE: (Loboyer, 1995).
Figura: 13
Terceira etapa.
Similar a etapa anterior, a mão direita segura os pezinhos mantendo as pernas
esticadas, enquanto a mão esquerda percorre do glúteo até os pés
massageando coxas, panturrilhas e calcanhares, chegando ao mesmo retorna-
se a nuca reiniciando os movimentos (MANUAL DA SHANTALA, 2005).
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FONTE: (Loboyer (1995).
Figura: 14
Face
A massagem facial inicia-se com a ponta dos dedos pelo meio da região
frontal deslocando-se para as laterais contornando as sobrancelhas, o
movimento deverá se repetido assim que chegar às têmporas percorrendo pelo
zigomático e finalizando com o contorno da região orbicular dos olhos.
FONTE: (Loboyer,1995).
Figura: 15
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A base e comissuras do Nariz
Com os polegares entre os olhos no alto do nariz, o movimento a ser realizado
é de vai e vem, deslizando nas laterais subindo novamente até as narinas
porem com mais intensidade (MANUAL DA SHANTALA, 2005).
Nas comissuras do nariz segundo Loboyer
(1995). Aplique, agora, os polegares nos olhos
fechados da criança. É claro que a pressão
deve ser muito leve. E, se os olhos do bebê
estiverem abertos, os seus polegares deverão
fechá-los com delicadeza. Desse ponto, os
seus polegares descem. Seguem as linhas
externas do nariz, dirigindo-se para as
comissuras da boca. E se detêm embaixo das
bochechas.
FONTE: (Loboyer,1995).
Figura: 16
Banho
Após a finalização da massagem por fim o banho, que não tem somente a
função de higienizar, mais sim proporcionar bem-estar completo. Deixe que o
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bebê flutue sobre a agua, pois a mesma se encarrega de fazer seu trabalho
(MANUAL DA SHANTALA, 2005).
A água vai completar o trabalho. E, acredite, ela é bem mais capaz que você.
É só deixá-la trabalhar. Por mais aplicada que tenha sido a massagem, certas
tensões ou hesitações podem ter-se manifestado no corpo da criança. E tais
tensões podem ainda estar escondidas ao longo da pequena coluna vertebral,
nas costas, ao redor do pescoço, na nuca ou em alguma parte do sacro. A
magia da água fará com que desapareçam num piscar de olhos, com a mesma
facilidade com que o sol derrete a neve (LEBOYER, 1995).
FONTE: Loboyer (1995).
Loboyer (1995) apresenta de qual maneira se deve segurar o bebê no
momento do banho.
Esse modo de sustentar o bebê é fundamental. O pescoço, ou para ser mais
exata, a nuca do bebê repousa na concha do seu punho esquerdo. A mão
esquerda deve estar totalmente aberta, completamente distendida. O dedo
médio desliza na axila do bebê. E isto basta para impedir que o corpo da
criança escorregue.
METODOLOGIA
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Foi feito um estudo onde se realizou várias pesquisas no período de março a
novembro de 2016, entre elas bibliográficas e com bases em artigos científicos.
A pesquisa foi através de acervos de dados como Scholar.Google, Google
Books e Scielo. Os descritores utilizados foram Mc Clure, Leboyer e
Campadello.
DISCUSSÃO
A APAE de Itaquaquecetuba SP realizou um estudo na aplicação da Shantala
em crianças com síndrome de Down, baseando-se em questionários ao inicio
para recolher informações das crianças, e outro ao fim para discutir os
resultados. No período 60 dias foram realizados uma vez por semana a técnica
em três crianças. Os resultados foram ótimos, pois proporcionou uma melhor
ocultação da doença, melhora no relacionamento, proporcionando assim uma
boa qualidade de vida para as crianças (BARBOSA, 2011).
No artigo Integrando a família no cuidado de seus bebês: ensinando a
aplicação da massagem Shantala, foi feito um estudo em forma de oficina com
a família de algumas crianças, tendo o toque como referencia para melhorar a
convivência e saúde da criança, dando preferência para os recém-nascidos.
Foram realizados 11 encontros, onde em cada um era feita uma parte da
técnica e a região a ser tocada. No final nota-se que houve uma melhora e
satisfação dos participantes com o aprendizado e interesse em compartilhar a
experiência (VICTOR/MOREIRA, 2004).
Foi realizado um levantamento na literatura destes últimos 30 anos, para
verificar quais eram as técnicas de massagem para bebês recém-nascidos e
crianças, destacaram-se três técnicas; a shantala originada do sul da Índia
desenvolvida pelo médico Leboyer, a clássica citada por vários autores entre
eles (Giannotti, Nelson,Aucketl e Walker) e a massagem toque de borboleta,
originada no sul da Ásia (Russiand at al), mesmo com as técnicas descritas,
ainda é necessário mais estudos na área para agregar no protocolo terapêutica
a ser utilizada em crianças e bebês durante a infância, um arte que deveria ser
explorada, já que tem um baixo custo e produz resultados cientificamente
comprovados (CRUZ/CAROMANO,2005) .
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CONCLUSÃO
A Shantala é um estimulante externo no contato diário entre mãe e bebê, onde
seus múltiplos benefícios são entregues através da massagem, (LEBOYER,
1995). A literatura apresenta através dos escritores (AUCKETT,
1983;CAMPADELLO, 2000; CRUZ e CAROMANO, 2005;GUIMARÃES, 2000;
LeBOULCH, 1982; MAZON, 2002; Mc CLURE, 1996; VICTORe MOREIRA,
2004), seus benéficos, entre eles, amamentação, sono, diminuição do
estresse, melhora no vinculo mãe- bebê.
Desta forma podemos notar que, a realização da Shantala em bebês, é de
baixo custo, e fácil execução, porém pouco investigada, nos últimos 30 anos
foram poucos os estudos desenvolvidos com a finalidade de desvendar os
benéficos de tal técnica, até mesmo em relação aos efeitos psicomotores ainda
não se tem uma analise sistêmica e especifica.
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REFERÊNCIAS
CAMPADELLO, P. Massagem infantil: carinho, saúde e amor para seu bebê.
Método Shantala. 3. ed. São Paulo: Madras, 2000.
GUIMARÃES, A.E., GOMES, C.P., MONTEMEZZO, C.O., ALVEZ, E.T.,
ACCADROLLI, G.K., KRUGER, J.G., et al. Shantala, massagem terapêutica
para bebês.
LEBOYER, F. Shantala uma arte tradicional para bebês. São Paulo, Ground,
1995.
MANUAL DA SHANTALA. Disponível em:
http://www.slideshare.net/karol_ribeiro/2392008124108manual-shantala.
Acessado em: 13/11/2016.
McCLURE, V. S. Massagem infantil: um guia para pais carinhosos. Trad. Ana
Maria Sarda. Rio de Janeiro: Record, 1996.
RIBEIRO, Ana Rita; MAGALHAES, Romero. Guia de abordagens
corporais. São Paulo: Summus Editorial, 1997. 280 p.
19
CRUZ, C. M.V. da; CAROMANO F. A. Características das técnicas de
massagem para bebês. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, São Paulo, v. 16, n.
1, p. 47-53, jan./abr., 2005.
Barbosa KC et al. Efeitos da Shantala na interação entre mãe e criança com
síndrome de down. Rev Bras Cresc e Desenv Hum 2011; 21(2): 369-374.
VICTOR, Janaina Fonseca; MOREIRA, Thereza Maria Magalhães. Integrando
a família no cuidado de seus bebês: ensinando a aplicação da massagem
Shantala. Ceará: Artigo, 2004.