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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7 Cadernos PDE II

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · sala de aula, optou-se pela elaboração de uma SD, considerando que esta possibilitará um trabalho sistemático com o gênero

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE

II

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FICHA DE IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2014

Título: Contos Populares Infantis: uma estratégia para o desenvolvimento da produção escrita do aluno

da sala de apoio

Autor Ivanilda Berdusco

Disciplina/Área Língua Portuguesa

Escola de Implementação do Projeto e sua localização

Colégio Estadual Marquês de Paranaguá-Ensino Fundamental,

Médio e Profissional.

Município da Escola Vera Cruz do Oeste - PR

Núcleo Regional de Educação Cascavel - PR

Professor Orientador

Ms. Rosana Becker

Instituição de Ensino Superior

Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE

Resumo

Esta Unidade Didática está alicerçada na concepção de linguagem como interação que se realiza nos gêneros discursivos/textuais (BAKTHIN, 1992; 2010).Optou-se nesta unidade didática pelo trabalho com a escrita a partir da leitura e produção de textos, tendo em vista que o texto é reconhecido como unidade linguística constitutiva da interação verbal e, consequentemente, materialidade dos gêneros textuais/discursivos.A partir do gênero textual “contos populares” é apresentada uma sequência didática como proposta por Dolz, Noverraz eSchneuwly (2004) e adaptada por Costa –Hübbes (2008). Este material tem como objetivo principal contribuir para o desenvolvimento das práticas discursivas da leitura, oralidade e principalmente a escrita dos alunos da Sala de Apoio, a fim de tornarem-se proficientes nas escolhas de linguagem que possam atender a seus objetivos de interação por meio da escrita. As atividades propostas contemplarão 32h/a.

Palavras – chaves Contos Populares, Sequência Didática, Sala de Apoio, Linguagem

Escrita.

Formato do Material Didático Unidade Didática

Público Alvo Alunos da Sala de Apoio

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

UNIDADE DIDÁTICA

CONTOS POPULARES INFANTIS: UMA ESTRATÉGIA PARA O

DESENVOLVIMENTO DA PRODUÇÃO ESCRITA DO ALUNO DA SALA DE

APOIO

IVANILDA BERDUSCO

VERA CRUZ DO OESTE/PR 2014

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PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

CONTOS POPULARES INFANTIS: UMA ESTRATÉGIA PARA O

DESENVOLVIMENTO DA PRODUÇÃO ESCRITA DO ALUNO DA SALA DE

APOIO

Material apresentado à Secretaria de Estado da Educação – SEED, Departamento de Políticas e Programas Educacionais – para cumprir as exigências do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, como requisito parcial dos trabalhos propostos para a participação e a execução deste Programa.

Orientadora: Profª. Ms. Rosana Becker da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE – Campus Cascavel.

VERA CRUZ DO OESTE/PR 2014

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Professor PDE: Ivanilda Berdusco

ÁREA: Língua Portuguesa

NRE: Cascavel - PR

Professor Orientador: Profa. Ms. Rosana Becker

IES vinculada: Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE

Escola de Intervenção: Colégio Estadual Marquês de Paranaguá - Ensino

Fundamental, Médio e Profissional.

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Caro (a) professor (a),

Esta produção didático-pedagógica tem por objetivo atender um

conjunto de atividades propostas pelo Programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE. Este material foi pensado com o intuito de desenvolver a

produção escrita do aluno da Sala de Apoio.

A ideia inicial de desenvolver esta produção se deu a partir dos

resultados problemáticos apresentados por muitos alunos em avaliações

externas, aplicadas nas diversas etapas de escolarização da educação básica,

como o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), na qual

faz parte a Avaliação Nacional da Educação Básica (ANEB), ANRESC/Prova

Brasil e, mais recentemente, a Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), as

quais têm exigido dos estudantes proficiência em leitura compreensiva e

produção escrita articulada e autêntica.

Diversos estudiosos da educação, preocupados com o baixo

desempenho dos estudantes brasileiros têm apontado a importância de

trabalhar a leitura e a escrita de textos de maneira contextualizada e

significativa, de modo a superar um ensino que considere a leitura e a escrita

apenas como decodificação e reprodução de palavras e frases soltas, sobre

respaldo da teoria gramatical. O que se busca é a superação de uma

orientação pedagógica que compreende o ensino de leitura e escrita como

reprodução de formas mecânicas e fragmentadas.

Neste sentido, optou-se nesta unidade didática pelo trabalho com a

escrita a partir da produção de textos, tendo em vista que o texto é reconhecido

como unidade linguística constitutiva da interação verbal e, consequentemente,

materialidade dos gêneros textuais/discursivos. Dentre os inúmeros gêneros

textuais/discursivos presentes na vida social, optou-se pelo trabalho com o

gênero textual contos populares.

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O trabalho com a produção de textos narrativos é de extrema

importância para os alunos das séries finais do Ensino Fundamental, pois,

muitas vezes, esses encontram dificuldades na apresentação da sequência

cronológica dos fatos, dos elementos de conflito e do clímax, da caracterização

dos personagens e em desfechos coerentes com a narrativa produzida. Além

disso, os contos estão presentes no seu dia a dia, seja nas novelas, nos filmes,

na história dos antepassados e de familiares mais velhos, o que pode ser ponto

de partida para a sistematização das características da tipologia narrativa e do

gênero textual conto popular.

Diante do exposto e considerando que as Diretrizes Curriculares de

Língua Portuguesa – DCEs (PARANÁ, 2008), documento norteador da

educação no Estado do Paraná, estão ancoradas na concepção de língua

como discurso que se efetiva nas diferentes práticas sociais, é que se propôs a

elaboração desta unidade didática sobre o gênero textual contos populares

para ser implementada com alunos de uma Sala de Apoio do Colégio Estadual

Marquês de Paranaguá, do município de Vera Cruz do Oeste-PR.

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Percorrendo a trajetória histórica do ensino de Língua Portuguesa (LP)

no Brasil, percebe-se que diferentes concepções e metodologias foram

tentadas nas escolas. Entre essas estão àquelas voltadas para um modelo de

ensino reprodutivista, com base num processo mecânico, no qual o aluno é um

mero expectador passivo.

Nesta orientação, o ensino da escrita se dá de modo fragmentado, por

meio de palavras e frases isoladas, na perspectiva de que a língua constitui-se

como aponta Quirino (2003) num “sistema de padrões fixos imutáveis, algo

pronto, enclausurado nas regras e estruturas de gramática normativa”.

(QUIRINO, 2003, p.279).

Na década de 1980, destacaram-se linguistas brasileiros como João

Wanderlei Geraldi, Carlos Alberto Faraco, Sírio Possenti e Percival Leme Britto

que propuseram significativas reflexões sobre o ensino de língua portuguesa.

Parte destas reflexões foi publicada sob a organização de Geraldi (1984) com o

título “O texto na sala de aula”. Essa publicação ancorou muitas das

discussões dos anos 1980 e 1990 presentes no Estado do Paraná.

Hoje, há um consenso entre vários linguistas que o texto é o melhor

caminho para o tratamento da língua em sala de aula. Desse modo, muitos

estudos têm sido realizados mostrando a importância dessa orientação teórica

para o ensino de LP.

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Uma concepção de linguagem que toma a língua como realidade

material e real por meio da qual os sujeitos interagem passou a ser

considerada a partir das contribuições dos teóricos do círculo de Bakthin,

quando suas ideias chegaram ao Brasil na década de 80. Segundo as

DCEs(2008),

deve-se a esses teóricos, e principalmente a Bakthin, o avanço dos estudos em torno da natureza sociológica da linguagem, ou seja, a língua configura um espaço de interação entre os sujeitos que se constituem por meio da interação. (PARANÁ, 2008, p.17).

Bakhtin (1992) defende a língua como forma de interação, a qual só se

efetua em enunciados (orais e escritos), concretos e únicos, que emanam dos

integrantes de uma ou de outra esfera da atividade humana, constituindo-se,

assim, os gêneros do discurso. Para Bakhtin,

O enunciado reflete as condições específicas e as finalidades de cada uma das esferas, não só por seu conteúdo (temático) e por seu estilo verbal, (...) – recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais –mas também, e sobretudo, por sua construção composicional. Estes três elementos (conteúdo temático, estilo e construção composicional) fundem-se indissoluvelmente no todo do enunciado e todos eles são marcados pela especificidade de uma esfera de comunicação. Qualquer enunciado considerado isoladamente é, claro, individual, mas cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que denominamos gêneros do discurso. (BAKHTIN, 2010, p. 279).

Partindo desse pressuposto, o texto passa a ser reconhecido como

unidade linguística constitutiva da interação verbal e como material verbal dos

gêneros textuais/discursivos.

Parafraseando Bakhtin (1992), gênero discursivo (gênero textual), é toda

produção de linguagem (enunciado) oral ou escrita, determinado pela sua

situação de comunicação, sua finalidade comunicativa, sua temática e suas

condições de produção e circulação.

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Considerando que o trabalho com os gêneros discursivos/textuais deva

ocorrer por meio de uma metodologia eficaz, que propicie a valorização da

leitura, da oralidade e da escrita, nesta proposta optou-se pela Sequência

Didática (SD), a qual, segundo Dolz, Noverraz e Schneuwly, pode ser

entendida como “um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira

sistemática, em torno de um gênero textual (oral ou escrito)”. (DOLZ,

NOVERRAZ E SCHNEUWLY, 1994, p.97).

Uma SD, conforme propõem os autores de Genebra, contém uma

estrutura de base constituída pelos passos que podem ser observados no

esquema abaixo:

FIGURA 1 – Esquema da Sequência Didática

FONTE: Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, p. 98)

Assim, no primeiro estágio, o da apresentação da situação, o objetivo é

apresentar aos alunos um problema de comunicação que deverá ser resolvido

por meio da produção de um texto oral ou escrito.

No segundo estágio, os alunos são instigados a produzir um primeiro

texto, oral ou escrito, do gênero escolhido. Essa produção inicial servirá como

base para que o professor, a partir de uma avaliação, possa observar as

capacidades e potencialidades dos alunos e, assim, propor novas atividades.

A função do terceiro estágio é trabalhar com os problemas observados

na produção inicial dos alunos, fornecendo instrumentos necessários para

superar tais dificuldades. O professor seleciona, então, que dificuldades da

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expressão oral ou escrita serão abordadas e constrói módulos com atividades e

estratégias diversas para trabalhar com cada problema.

A última etapa consiste numa produção final que possibilita ao aluno

produzir o gênero solicitado, oral ou escrito, colocando em prática as noções e

os instrumentos elaborados nos módulos, bem como revelando o que foi ou

não aprendido com as atividades desenvolvidas nos módulos.

Levando em consideração as orientações metodológicas de Dolz,

Noverraz e Schneuwly (2004), Costa- Hübes (AMOP, 2007a) e Costa Hübbes

(2008), a fim de tornar mais acessível essa prática, faz uma adaptação da

proposta por eles elaborada, de acordo com a realidade brasileira. Os

Cadernos Pedagógicos 01 e 02 (AMOP, 2007a; AMOP, 2007b) e também o

Caderno Pedagógico 3 (AMOP, 2009) trazem diversas SDs, elaboradas por

diversos professores do Oeste do Paraná, que seguem esta proposta,

conforme pode-se observar no esquema abaixo:

De acordo com a organização mostrada neste esquema, Costa Hübes

(AMOP, 2007a) e Costa-Hübes (2008) apresenta os passos seguintes:

1. Apresentação da situação de comunicação. Esta consiste no ponto de

partida de uma SD, momento de interação com o aluno, estimulando-o à

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percepção de uma necessidade de interação, ou seja, um motivo para

falar ou para escrever;

2. Reconhecimento do gênero textual. Ocorre com pesquisa, leitura e

análise linguística de textos que circulam na sociedade. Nesse

momento, é possível investigar o que o aluno já sabe sobre o gênero e o

tema a ser trabalhado;

3. Produção inicial. Esta produção favorece uma avaliação diagnóstica dos

alunos, pois é um momento de sondagem dos aspectos dominados ou

não, requisitos necessários em relação ao gênero selecionado;

4. Módulos de atividades/exercícios. Nesta fase, com base nas

constatações feitas a partir da sondagem, o professor poderá ajudar os

alunos elaborando módulos de atividades de reescrita que abordem os

conteúdos não dominados, revelados na produção inicial;

5. Produção final. Momento em que o aluno retoma a produção inicial, ou

seja, o aluno reescreve o texto produzido, tentando aproximá-lo o

máximo possível do(s) aspecto(s) trabalhado(s) nos módulos.

Diante da realidade escolar, apontada na problematização, dentre as

inúmeras possibilidades metodológicas de trabalho com a leitura e a escrita em

sala de aula, optou-se pela elaboração de uma SD, considerando que esta

possibilitará um trabalho sistemático com o gênero textual escolhido.

Entre os diversos gêneros textuais que circulam na sociedade estão os

contos populares, os quais pertencem à ordem do narrar. Cascudo (2002)

apresenta este gênero narrativo como ponto de encontro entre memória e

imaginação. O autor defende que nos contos populares a memória preserva os

traços gerais enquanto a imaginação modifica e amplia “por assimilação,

enxertos ou abandonos de pormenores, certos aspectos da narrativa.”

(CASCUDO, 2002, p. 10).

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Os contos populares, originalmente, eram marcados pela oralidade. O

contador prendia a atenção dos ouvintes, contagiava-os para uma participação

apreciativa, durante a enunciação (fala), por meio dos gestos, da modulação da

voz e das expressões faciais. Já na escrita, para se cumprir a mesma função,

utiliza-se de vários recursos como a descrição, o suspense, as onomatopéias e

hipérboles.

De acordo com Leal (1985) “O conto popular é uma expressão que

pertence a este contexto de sonho e fantasia, de magia e de mistério; ele é

parte da fala do povo, um canto harmonioso dirigido ao mistério das coisas”.

(LEAL, 1895, p. 12).

Um dos representantes desse gênero1 foi o historiador, antropólogo,

jornalista brasileiro Câmara Cascudo que se dedicou ao estudo da cultura

brasileira, comparando nossos costumes e usos com o de outros povos.

Destaca-se entre suas obras o Dicionário do Folclore Brasileiro, Alma

patrícia (1921), obra de estreia e Contos tradicionais do Brasil (1946).

Estudioso do período das invasões holandesas, publicou Geografia do Brasil,

holandês (1956). Suas memórias, O tempo e eu (1971), foram editadas

postumamente, dentre outras.

Entre os personagens marcantes e mais tradicionais no imaginário

popular, presente em muitos contos populares brasileiros como símbolo de

esperteza está o famoso Pedro Malasartes. O nome “Malasartes” vem do

espanhol malas artes (literalmente, “artes más”), o que sugere “travessuras” ou,

no limite, “malandragens”.

Para Cascudo (2001), Malasartes é de origem humilde, astuto, malandro

e um herói popular que, com suas artimanhas, consegue enganar todos os que

cruzam o seu caminho.

Conforme veremos, na unidade didática, Malasartes será personagem

de um dos contos abordados.

1No decorrer desta unidade didática serão apresentadas mais características do conto popular.

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Professor (a):

Inicialmente apresente aos alunos a proposta de implementação para

motivá-los e para que tenham conhecimentos de todas as etapas a serem

trabalhadas durante o desenvolvimento do projeto, enfatizando que irão ouvir,

ler e escrever contos populares, um gênero textual do qual irão gostar muito,

pois se trata de textos muito divertidos e engraçados. Além disso, comente com

eles que as histórias populares encantam, nos fazem pensar e refletir, aguçam

nossa imaginação, trazem recordações e motivam a criação.

Também comente com os alunos que não se sabe ao certo quando

surgiu o primeiro conto popular, mas registros antigos trazem que foi cerca de

3200 a.C.

No começo o homem contava sobre seu dia a dia, sobre suas

observações acerca dos fenômenos naturais, sobre o espaço onde vivia,

questionava-se quanto as suas origens e o seu papel no universo. Assim criava

ele mesmo respostas para responder às indagações que não podia

compreender. Essas respostas foram sendo transformadas em narrativas, que

eram contadas para outros homens, que as ouviam e as reinterpretavam,

ETAPA 1: APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA E

DIAGNÓSTICO INICIAL

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adaptando-as a sua realidade. Esses homens contavam as narrativas já

modificadas por eles para outros homens e, assim, o ciclose repetia e as

histórias foram sendo espalhadas por toda a parte.

Desse modo, nasce o conto popular, fruto da criatividade e invenção do

homem, ou seja, o conto popular é inventado, narrado e ouvido pelo povo, o

qual é transmitido de geração a geração.

Você pode também nesse momento comunicar aos alunos que, ao final

deste trabalho, eles irão produzir alguns contos desse gênero. Os contos

produzidos serão organizados em forma de uma coletânea de contos populares

que poderá ser ilustrada por eles. Enfatize que os pais, equipe pedagógica e a

direção da escola serão convidados para o lançamento do livro e noite de

autógrafos, em data e horário previamente marcados.

Para esta unidade didática, foram selecionados alguns textos do gênero

conto popular, os quais serão apresentados, lidos, interpretados e analisados

com os alunos. Todas as atividades visam a uma maior familiarização e contato

dos alunos com o conto popular.

a) Após esta apresentação faça uma sondagem a respeito daquilo que

os alunos já conhecem sobre os contos populares questionando:

Vocês conhecem algum conto popular?

Como tiveram esse contato?

Quem contou para você?

Onde podemos encontrar esses contos?

A qual público se destina os contos populares?

b) Em seguida solicite para aqueles que se lembrarem de algum conto

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popular que o conte para a turma.

c) Após a contação de algumas histórias, o professor também poderá

promover um debate sobre o que eles acharam das histórias

contadas, se acham que elas são reais ou inventadas, como

surgiram, se já conheciam a história narrada ou outra versão dela e

etc.

d) Em seguida, mostre aos alunos uma lista de títulos de histórias para

que observem as que já leram ou ouviram falar e quais eles

classificariam como contos populares.

A loira do banheiro

O negrinho do pastoreio

Saci-Pererê

A menina e a vela

A moura torta

O príncipe lagartão

A Bela e a Fera

O afilhado do diabo

Joãozinho e Maria

Seis aventuras de Pedro Malasarte

O sapo com medo D’água

A moça e a vela

O homem que pôs um ovo

João mata sete

A mula sem cabeça

Cobra Norato

Os contos presentes na listagem acima podem ser encontrados nos

seguintes livros:

CASCUDO, Luís da Câmara. Contos Tradicionais do Brasil. 12 ed.

São Paulo: Global, 2003.

AZEVEDO, Ricardo. Cultura da Terra. São Paulo: Moderna, 2009.

______.Contos de enganar a morte. São Paulo: Editora Ática, 2009.

SALERNO, Silvana. Viagem pelo Brasil em 52 histórias. São Paulo:

Companhia das Letrinhas.

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e) Fazer um levantamento com os alunos das histórias que mais

gostariam de ouvir e, na etapa de reconhecimento, fazer a contação

de pelo menos duas das mais preferidas por eles.

Nesta etapa, o professor deve observar se todos participaram, quem já

teve e quem não teve contato com o gênero, quais são as dificuldades e

facilidades dos alunos em expressarem oralmente sobre aquilo que já

conhecem.

f) Após a apresentação dos contos e dos títulos, solicite aos alunos que

escolham alguns títulos dos contos e justifiquem, por escrito, por que

consideram determinada história um conto popular ou não. Em

seguida eles devem comparar suas respostas com a dos colegas. É

interessante recolher essa atividade para que se possa observar, no

decorrer do trabalho, se houve avanço na compreensão do gênero.

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Nesta etapa você poderá ler para os alunos um conto popular que

circule oralmente em sua cidade ou região, contextualizando para eles que se

trata de um conto popular que seus pais contavam quando você ainda era

criança. Para isso coloque-os em círculo sentados no chão.

a) Como sugestão você poderá apresentar por meio de uma leitura

dramática o conto “A menina enterrada viva” de Câmara Cascudo,

disponível em:

http://ciapalavraencantada.blogspot.com.br/2011/05/historia-da-minha-

infancia-menina.html.

ETAPA 2: RECONHECIMENTO DO GÊNERO

CONTO POPULAR

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b) Após a contação da história, questionar os alunos:

Alguém conhece esse conto ou já ouviram falar dele?

Quem contou para você?

O que chamou a sua atenção neste conto?

Você gostou da história? Por quê?

Apresentar para os alunos o conto “Era uma vez um conto”, de Moacir

Scliar que pode ser encontrado em: SCLIAR, Moacir. Era uma vez um conto.

São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2002. Coleção Literatura em minha casa.

Professor (a),

Explorar o texto explicando para os alunos a diferença entre um texto

narrado em 1ª pessoa e um texto narrado em 3ª pessoa. O personagem é o

conto. Este personagem vai contando sua história ao longo do tempo,

apontando como as pessoas inventavam histórias para explicar alguma coisa

e enfatizando sobre a importância da imaginação e da inspiração das pessoas

para escrever um texto.

Aproveitar e citar para os alunos alguns contistas famosos.

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O conto é uma obra de ficção que cria um universo de seres e

acontecimentos, de fantasia ou imaginação. Como todos os textos de ficção, o

conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vista e enredo.

Classicamente, diz-se que o conto se define pela sua pequena extensão. Mais

curto que a novela ou o romance, o conto tem uma estrutura fechada,

desenvolve uma história e tem apenas um clímax. Num romance, a trama

desdobra-se em conflitos secundários, o que não acontece com o conto. O

conto é conciso.

Definição disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Conto.

São cinco elementos fundamentais de uma narrativa:

a) Personagem: é o elemento fundamental do texto narrativo. Não há história

sem personagem. Em torno do personagem, o narrador constrói o texto. O

personagem pode ser protagonista (é o personagem principal),

antagonista (é aquele que se opõe ao personagem principal) ou

secundário (tem menor participação na história).

b) Enredo ou trama: é o desenrolar dos acontecimentos da história.

c) Narrador: é aquele que conta a história. O narrador pode ser em 1ª

pessoa - narrador personagem ou em 3ª pessoa - narrador observador.

d) Tempo: é o período durante o qual acontecem os fatos narrados.

e) Espaço ou lugar: é o lugar, o cenário onde se desenrolam os

acontecimentos.

Lembre-se! O conto deve apresentar a seguinte estrutura:

a) Situação inicial: anunciam-se os personagens e o ponto de partida da

história.

b) Acontecimento perturbador: há uma perturbação de ordem inicial, um

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desequilíbrio.

c) Desenvolvimento dos fatos: os fatos se desenvolvem até o momento em

que se resolve toda a perturbação.

d) Situação final: restabelece-se a ordem que se tinha no início da história. O

final do conto tem sempre um objetivo de ensinamento.

Os contos populares fazem parte de um riquíssimo universo cultural,

sendo de origem bastante humilde, pois nasceram no anonimato destinados a

homens, mulheres e crianças de vida simples, que não sabiam ler e que se

reuniam, à noite, ao redor das fogueiras e lareiras para escutar histórias. As

primeiras histórias começaram por relatos simples de situações imaginárias

que sobreviveram e se espalharam devido à memória de seus narradores.

Esses narradores de geração em geração, conseguiram manter viva a tradição

da narrativa oral, o que mais tarde se tornou material registrado por folcloristas

e estudiosos.

O conto é um texto de pequena extensão, normalmente bem curto

(menor que a novela ou o romance) e empolgante, o que torna este limitado

aos fatos relevantes. O enredo, basicamente, é uma estrutura que começa com

uma breve apresentação; depois a história é levada a uma pequena

“complicação”, atingindo aí o seu clímax e culminando com um desfecho, que,

em alguns casos, deixa o final do conto em aberto, cabendo ao leitor colocar

suas próprias impressões sobre o fato e criar o seu fim de fato.

Quanto à tipologia, é apresentado em forma de narrativa e, quanto à forma de

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escrever, em prosa. Este gênero apresenta grande flexibilidade, podendo até

mesmo tornar-se bem parecido com uma crônica ou uma poesia.

Adaptado por Ivanilda Berdusco, a partir da consulta no seguinte site:

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2010/2010_unicentro_port_pdp_iraci_knesebeck.pdf.

Professor (a),

Solicitar aos alunos que exponham oralmente sobre o que é um conto e o

que é um conto popular.

Fazer a leitura dramatizada dos dois contos mais apreciados

pelos alunos, levantados na 1ª etapa.

Preparar previamente uma sala ambiente com tapete, som,

almofadas. Levar a “caixinha surpresa” com diversos contos populares

e deixar que os alunos leiam, discutam sobre os contos lidos, contem

uns para os outros, troquem ideias e os textos.

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Numa caixinha previamente preparada leve diversas tiras de papel

contendo as características de diversos personagens de contos populares mais

conhecidos. Ao som de uma música e com os alunos em círculo, sentados no

chão, a caixinha deverá ir passando de mão em mão até que pare a música. O

aluno que estiver com ela na mão quando a música parar deverá ler as

características e descobrir a partir delas de que personagem se trata.

Quem é o personagem?

a) Moleque travesso e brincalhão, fuma cachimbo, tem uma carapuça

vermelha na cabeça e anda, pulando, na única perna que tem. É

considerado um dos personagens mais conhecidos do folclore brasileiro.

b) Uma mulher loira, que aparece em frente a um espelho assombrando

as pessoas nos banheiros, sua história faz parte das lendas urbanas.

c) Sua história, muito contada no século passado, faz parte das lendas

africanas e cristãs. É um menino negrinho e escravo, foi espancado e

colocado sobre um formigueiro.

d) Personagem de uma lenda brasileira que possui corpo de equino e uma

tocha de fogo no lugar da cabeça.

e) Escrava negra, cega de um olho, muito feia e malvada, foi condenada a

morrer queimada.

f) Esperto e muito engraçado. Personagem capaz de fazer você dar

gargalhadas.

g) Uma menina que usa um chapéu vermelho e desobedece a mãe.

h) É um ser assustador. Metade lobo, metade homem, pálido e magro. É o

oitavo filho, depois de sete irmãs. Por isso, tem uma sina, isto é, na 6ª

feira, depois do aniversário de 13 anos, a maldição começa. Esse ser

transforma-se em lobisomem pela primeira vez e sai nas ruas para

percorrer os cemitérios, as vilas e as encruzilhadas.

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i) É um ser fantástico dos rios e dos mares que canta e encanta os

pescadores tentando enfeitiçá-los com o seu canto. Dizem que quem

escuta esse canto, fica enfeitiçado. É metade mulher, metade peixe.

Tem uma longa cabeleira dourada.

Professor (a),

Solicite aos alunos que pesquisem com os pais alguns contos populares,

registrem-nos no caderno e tragam os contos registrados para a próxima aula.

Organizar previamente uma sala da escola com almofadas, tapetes e som

ambiente. Levar os alunos para que socializem os contos pesquisados,

comparem as versões e contem outras versões conhecidas.

Professor (a)

Chegou o momento do aluno se familiarizar melhor com o conto popular.

Sendo assim, é importante que leia mais de um conto para a turma,

propiciando a percepção das características principais desse gênero. A leitura

também poderá aguçar a descontração e a imaginação dos alunos. Sugerimos

que você leve cópias dos dois contos selecionados para toda a turma.

Para esta atividade, organizar previamente uma sala da escola com

almofadas, tapetes e som ambiente.

Os contos selecionados serão:

O Chapelinho Vermelho

O Bem se Paga com o Bem

Seis Aventuras de Pedro Malasarte

O Sapo com Medo D'Água

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O Caboclo, o Padre e o Estudante

A Roupa do Rei

Adivinha, Adivinhão!

O Homem que Pôs um Ovo!

A Moça e a Vela

Uma Lição do Rei Salomão

O Macaco que perdeu a Banana

Retirados do livro: CASCUDO, L. da C.

Contos tradicionais do Brasil.

15 ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000.

Texto 1

O Menino e o Padre

Conto regional do Nordeste (autor desconhecido)

Disponível em: http://keylapinheiro.blogspot.com.br/2011/07/o-padre-e-o-

menino.html.

Texto 2

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Os porcos do compadre

BANDEIRA, Pedro. Malasaventuras. Safadezas do Malasartes. Disponível

em:

http://silviaentrelinhas.blogspot.com.br/2011/09/banco-de-textos_20.html.

Professor (a),

No texto aparece um personagem muito conhecido nos contos

populares, Pedro Malasartes. Você já ouviu falar sobre ele? Pesquise em casa

com seus pais, amigos, vizinhos, na biblioteca ou no laboratório de informática

de sua escola outros contos em que apareça este personagem. Numa próxima

aula faça uma roda de contação das histórias de Malasarte.

Professor (a),

A seguir foram elaboradas algumas questões relacionadas aos dois

contos acima para que o aluno possa observar as características

fundamentais do gênero conto popular e, a partir disso, perceber as

semelhanças entre ambos.

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1) Quem são os autores dos textos?

2) Por que muitos dos textos desse gênero não possuem autores?

3) Quando e onde as histórias se passam?

4) Quando escrevemos um texto, pensamos em quem serão nossos

interlocutores. Neste caso, mesmo sendo fruto da oralidade, para

quem você acha que foram produzidos esses textos?

Texto 1:

Texto 2:

5) Onde podemos encontrar esses contos?

6) Por que foram produzidos esses contos?

7) Os textos lidos apresentam característicasde um conto popular de:

( ) humor

( ) fantástico

( ) mistério

8) Você conhece alguém que conte esse tipo de histórias? Quem?

9) Quanto ao texto 2, você conhece outras versões parecidas com ele

1) Preencha o quadro abaixo de acordo com os dois contos lidos.

Conto 1 Conto 2

Nos dois contos é

contada uma história.

Em qual conto, a história

é apresentada em forma

de poesia?

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Qual é o enredo do

texto?

Onde e quando a

história se passa?

Texto 1: “E o menino

trouxe a garapa dentro

de uma cabaça. O padre

bebeu bastante e o

menino ofereceu mais”.

Texto 2 “De outra feita

Malasartes aprontou

bela trapaça. Foram os

porcos do compadre

Que causaram toda a

graça”. Destaque nestes

trechos os principais

personagens dos

contos.

Pinte os trechos em que

o na r ra do r ap ar ece

contando a histór ia .

Qual é o conflito da

história? Como ele é

resolvido?

Como termina a

história?

Você gostou do final da

história?

Que outra sugestão

você daria para finalizar

a história?

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Professor (a),

Nesta etapa você poderá passar o filme "As Aventuras de Pedro Malasartes",

para que os alunos conheçam mais sobre este personagem, que é muito conhecido

nos contos populares.

Sinopse do filme:

Pedro Malasartes (Mazzaropi), ao chegar em sua casa na fazenda,

recebe a notícia de que seu pai havia falecido. Caipira humilde e inocente,

Pedro é enganado pelos irmãos na partilha da herança. Um deles toma posse

de todo o gado e dinheiro, enquanto que o outro fica com a fazenda. Sem

nada do que reclamar, Pedro deixa a fazenda levando somente um ganso, um

tacho velho e umas poucas roupas. Pelo caminho, acaba sendo acompanhado

por uma porção de crianças abandonadas. Atrapalhado e de coração mole,

começa a aplicar pequenos golpes para conseguir dinheiro.

Disponível em: http://www.filmesparadownloads.com/mazzaropi-as-aventuras-

de-pedro-malazartes-nacional/.

Professor (a),

Selecionamos o texto 1 e 2 para fazer uma análise mais detalhada,

explorando atividades de leitura e análise linguística.

ETAPA 3: SELEÇÃO DE TEXTOS DO GÊNERO

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A) Releia o conto “O menino e o Padre” de autor desconhecido e resolva as

questões que seguem:

1) O que o Padre pediu ao menino?

2) O que o menino trouxe para o Padre?

3) Por que o padre jogou a cabaça no chão?

4) O que o Padre achou do menino?

5) Por que o Padre ficou desconfiado?

6) Como o menino ficou com a atitude do Padre?

7) Copie do texto uma expressão que mostra que os fatos se passam em

lugar indeterminado.

B) Podemos conhecer o significado de uma palavra de diversas formas,

entre elas consultando um dicionário ou descobrindo o significado por

meio do contexto. Escolha uma dessas formas e reescreva o texto

abaixo substituindo os termos grifados, sem, contudo, mudar o sentido

da ideia apresentada.

1) Um padre andava pelo sertão, e como estava com muita sede,

aproximou-se duma cabana e chamou por alguém de dentro.

2) Veio então lhe atender um menino muito mirrado.

3) Água tem não senhor, aqui só tem um pote cheio de garapa de açúcar!

4) E o menino trouxe a garapa dentro de uma cabaça.

5) O menino olhou desesperado para o padre, e então disse em tom de

lamento.

6) Haveria diferença se as palavras grifadas fossem substituídas por outras

encontradas no dicionário? Permaneceria a lembrança de que a história

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é regional?

C) Releia o texto 2 e responda:

1) O que aconteceu com o compadre de Malasartes?

2) O que Malasartes fez para ajudar seu compadre?

3) Como Malasartes conseguiu enganar o fazendeiro?

4) A mulher do fazendeiro acreditou em Malasartes? O que ele fez para

que ela confiasse nele?

5) Você conhece alguém parecido com Malasartes? O que essa pessoa

faz?

6) Os contos populares estão relacionados com a cultura de um povo e

procuram levar ensinamentos aos leitores. O conto “Os porcos do

compadre” consegue esse objetivo?

A) Releia o texto 1, observe as palavras destacadas nas frases e indique por

que elas foram empregadas:

(1) Me diga uma coisa, sua mãe não vai brigar com você por causa dessa

garapa?

(2) Bom dia meu filho, você não tem por aí uma aguinha aqui pro padre?

(3) Ela não quer mais essa garapa, porque tinha uma barata morta dentro

dela.

(4) Surpreso e revoltado, o padre atira a cabaça no chão e esta se quebra

em mil pedaços.

B) Os termos meu e sua são pronomes que indicam posse de algo.

1. Nos trechos destacados, estes pronomes estão empregados com

sentido de posse?

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2. Releia estes trechos retirando esses pronomes. O sentido foi alterado?

3. Procure lembrar de outros usos da palavra meu e sua em que não é

evidente o sentido de posse. Registre em seu caderno. Depois compare

com os usos apontados pelos seus colegas.

4. Os pronomes essa e esta, destacados nas frases acima, são pronomes

demonstrativos. Por que são usados cada um deles?

5. Como eram o menino e o Padre? Copie no texto as expressões que

caracterizam esses personagens.

6. Observe nas frases os termos destacados e explique o seu uso.

a. “Ela não quer mais essa garapa, porque tinha uma barata morta dentro

do pote”.

b. “Moleque danado, por que não me avisou antes?”

7. Explique o uso dos sinais de pontuação das frases que seguem.

1. Um padre andava pelo sertão, e como estava com muita sede,

aproximou-se duma cabana e chamou por alguém de dentro.

2. _ Bom dia meu filho, você não tem por aí uma aguinha aqui pro

padre?

3. _ Água tem não senhor, aqui só tem um pote cheio de garapa de

açúcar! Se o senhor quiser... - disse o menino.

8. No trecho acima aparece o termo “se”. Este foi empregado para:

( ) Estabelecer uma ideia de condição, para o menino dar água para o

padre.

( ) Contrapor a ideia da necessidade do Padre tomar água.

( ) Justificar por que não tem água.

9. Copie do texto palavras que foram usadas para substituir a palavra

“menino”, evitando que essa se repetisse.

10. Quem emprega a palavra menino no texto? E moleque? Qual a

diferença nesses empregos?

11. Em relação aos tempos verbais, qual foi o mais usado no texto:

( ) presente

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( ) pretérito (passado)

( ) futuro

12. Destaque os verbos conjugados no tempo passado que encontrar no

texto.

13. Leia o trecho que segue e responda:

“Um padre andava pelo sertão, e como estava com muita sede,

aproximou-se duma cabana e chamou por alguém de dentro. Veio então

lhe atender um menino muito mirrado”.

1. Por que a palavra mirrado foi utilizada nesse trecho?

2. Qual o significado dela?

3. Se ela for retirada do trecho, faz falta?

14. O último verso do texto 2 traz uma das principais características de

Malasartes. Identifique-a:

Professor (a),

Nesta etapa você poderá explorar os adjetivos com os alunos.

Explique para eles que o adjetivo é a palavra que expressa uma

qualidade ou característica do ser e muitas vezes se "encaixa"

diretamente ao lado de um substantivo.

C) Grife no texto todos os adjetivos que encontrar com um traço e com dois os

substantivos a que eles se referem. Justifique por que o autor usou esses

adjetivos.

D) Observem nos trechos a seguir os termos destacados:

1. “Em seguida, no mercado,

Tratou logo de comprar

Duas dúzias de rabinhos

Pro pão-duro engambelar”.

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2. “Malasartes fez que foi

Para os lados do mercado.

Mas foi mesmo para a casa

Do compadre aperreado”.

Podemos usar outras palavras para expressar a mesma ideia, essas são

chamadas de sinônimos. Quais grupos de sinônimos a seguir podem substituir

as palavras destacadas em cada frase:

( ) Agoniado, apressado, impaciente, apertado.

( ) Enganar, passar o outro para trás, dizer falsas promessas, distrair, enrolar.

ETAPA 4: PRODUÇÃO E REESCRITA DE TEXTO

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Professor (a)

Considerando que os alunos possuem um bom conhecimento sobre os

Contos Populares, após todas as atividades realizadas, você já pode solicitar a

produção de um conto para atender a proposta inicial de circulação. A partir

dessa atividade, você poderá avaliar se os alunos entenderam as

características desse gênero.

Você deverá escolher um tema para o seu conto, entre aqueles que você

teve contato durante nossas aulas, que poderá ser engraçado ou assustador.

Escolha os personagens de acordo com a sua preferência ou use personagens

de outros textos conhecidos. Seja criativo e releia o seu texto antes de entregá-

lo. Lembre-se que o seu conto fará parte de uma coletânea de contos que será

divulgada em toda a escola.

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Professor (a),

Após o aluno redigir seu texto, peça que faça uma leitura criteriosa do

mesmo e atente-se se conseguiu atender às características de um conto

popular, se usou os sinais de pontuação adequadamente, se a ortografia está

correta, enfim, se há algum aspecto que possa comprometer a compreensão

do interlocutor. Após esta verificação, solicite que ele reescreva o texto

fazendo os ajustes necessários. Depois disso é que você fará a correção de

acordo com o gênero e o uso da língua. Em seguida, se houver necessidade,

o aluno fará a reescrita. Posteriormente, os textos serão digitados pelos

próprios alunos para montar a coletânea.

ETAPA 5: CIRCULAÇÃO DO GÊNERO

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Conforme combinado com os alunos, desde o início das atividades, a

circulação do texto ocorrerá na noite de lançamento da coletânea para os

alunos envolvidos, pais, professor, equipe pedagógica e direção escolar.

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O uso e o funcionamento da linguagem concretizam-se por meio de

textos e discursos produzidos em situações ligadas ao dia a dia, realizadas

pelos diferentes gêneros que circulam na sociedade. Por conceber que é no

contato com esses gêneros que o aluno poderá tornar-se proficiente, tanto na

leitura quanto na escrita, é que se elaborou esta Unidade Didática.

Além disso, esta produção tem como objetivo colaborar com a prática

pedagógica dos professores de Língua Portuguesa das escolas públicas

paranaenses, oferecendo, além de embasamento teórico, também sugestões

de atividades de leitura, oralidade e escrita sobre os gêneros contos

populares.Além dos aqui apresentados, outros contos populares poderão ser

utilizados como:O pássaro lapão, O cavalo alazão, O saco adivinho, A panela

do diabo e A caixa de jóias, estes sugeridos do livro “Malsasaventuras –

Safadezas do Malasartes”, de Pedro Bandeira.

As atividades aqui propostas são sugestões que poderão ser adaptadas

de acordo com a realidade de cada escola e cada sala de aula, atendendo às

especificidades da turma.

Espera-se que o desenvolvimento desta unidade didática possa

contribuir com o desenvolvimento do aluno em relação aos domínios

discursivos da leitura, oralidade e escrita, possibilitando-lhes tornarem-se

cidadãos mais críticos e mais atuantes no meio onde vivem.

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AMOP – Associação dos Municípios do Oeste do Paraná. Departamento de Educação. Sequência Didática: uma proposta para o ensino da Língua

Portuguesa nas séries iniciais. [Organizadora Terezinha da Conceição Costa-Hübbes]. Cascavel: ASSOESTE, 2007a. Caderno Pedagógico 1. ______. Departamento de Educação. Sequência Didática: uma proposta para

o ensino da Língua Portuguesa nas séries iniciais. [Organizadora Terezinha da Conceição Costa-Hübbes]. Cascavel: ASSOESTE, 2007b. Caderno Pedagógico 2. ______. Departamento de Educação. Sequência Didática: uma proposta para o ensino da Língua Portuguesa no Ensino Fundamental – Anos iniciais. [Organizadoras Terezinha da Conceição Costa-Hübbes; Carmen Teresinha Baumgärtner]. Cascavel: ASSOESTE, 2009. Caderno Pedagógico 3. AZEVEDO, R. Cultura da Terra. São Paulo: Moderna, 2009.

______. Contos de enganar a morte. São Paulo: Editora Ática, 2009.

BAKHTIN, M.(Volochinov). Marxismo e filosofia da linguagem. 4. ed. Trad.

De M. Lahud e Y.Frateschi, 9 ed. São Paulo: Hucitec, 2010. ___________ Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992. CASCUDO, L. da C. Contos tradicionais do Brasil. 18 ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. ___________. Dicionário do Folclore Brasileiro. 10. ed. São Paulo: Global

Editora, 2001. COSTA HÜBBES, T. da C. O processo de formação continuada dos professores do Oeste do Paraná: um resgate histórico-reflexivo da formação em língua portuguesa. Londrina, PR: UEL, 2008 (Tese de Doutorado em Estudos da Linguagem). DOLZ, J; NOVERRAZ, M; SCHNEUWLY, B. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004. GERALDI, J.W. O texto na sala de aula. Cascavel: Assoeste, 1984. _____. Portos de Passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1997. LEAL, J. C. A natureza do conto popular. Rio de Janeiro: Conquista, 1985

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PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica.

Curitiba: SEED, 2008. QUIRINO, R.B. A escrita na escola e a constituição da subjetividade.In: Línguas & Letras. vol 2 e 1, nº 6 e 7, 2002/2003. Cascavel: Edunioeste, 2003.

p.277-295. SALERNO, S. Viagem pelo Brasil em 52 histórias. São Paulo: Companhia das Letrinhas. SCLIAR, Moacir. Era uma vez um conto. São Paulo: Companhia das

Letrinhas, 2002. TEIXEIRA, A.Uma proposta de trabalho com o gênero discursivo “narrativa de aventura” no ensino fundamental. 2010. Disponível em file:///C:/Users/Marcia/Desktop/Narrativas%20de%20aventura.pdf. Acesso em 23 de novembro de 2014.