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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
TRANSGÊNICOS: ENGENHARIA GENÉTICA OU REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA
Sirlene Sangionete de Souza Gomes1
Mariana Bologna A. Soares de Andrade2
Resumo
A transgenia é um assunto, que tem motivado inúmeras discussões diante de todas as dimensões sociais, mesmo porque interfere na vida de todos os seres vivos. As diretrizes curriculares (2008) reconhecem que além de seus conteúdos mais estáveis as disciplinas escolares incorporam e atualizam conteúdos, geram pesquisas científicas e trazem para o debate questões políticas e filosóficas emergentes. O principal objetivo desse trabalho foi levar informações confiáveis aos alunos sem a pretensão de convencê-los se os transgênicos sãos bons ou ruins, pretendendo simplesmente estabelecer diferenças entre organismos geneticamente modificados (transgênicos) e o convencional, promovendo discussões sobre aspectos bióticos relacionado aos transgênicos com a finalidade de refletir, investigar e conhecer prós e contra o cultivo dessas sementes. As discussões foram embasadas em artigos e pesquisas científicas. O trabalho foi desenvolvido com alunos do 3º (terceiro) ano do ensino médio do colégio estadual de Arapuã – PR. Os conteúdos foram trabalhados ao longo das aulas com planejamento específico, onde foram aplicados dois questionários, com vários artigos para leitura e discussões dos mesmos e para finalizar foi realizado um júri-simulado. Com a análise dos questionários, debates e o júri simulado foram possíveis observar a eficiência da metodologia aplicada com resultados satisfatórios, pois ao final do trabalho já conseguiam argumentar e dar sua opinião sobre o assunto.
Palavras-chave: Bioética, Transgênico, Semente
Introdução
A Biotecnologia é uma ciência que nas últimas décadas tem revolucionado e
promovido os saberes produzidos pelos seres humanos. Mas muitos desses saberes
têm interferido diretamente no contexto e vida da humanidade, razão pela qual todos
nós enquanto cidadãos temos o direito de receber e dar esclarecimentos sobre as
novas tecnologias que afetarão nossas vidas.
1 Professora da Rede Estadual de Educação do Paraná.
2 Professora orientadora-PDE da Universidade Estadual de Londrina
Este artigo buscou atender a proposta das atividades do programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE) estabelecido pela secretaria de Estado de
Educação do Paraná.
A implementação didática aplicada tem como tema - Transgênicos:
Engenharia genética ou revolução tecnológica? E foi efetivada no Colégio Estadual
de Arapuã, em uma turma do 3º ano do Ensino Médio e teve como objetivo
promover discussões a cerca dos transgênicos. Oportunizando aos educandos
informações confiáveis sobre o tema, sem a pretensão de convencer se os
transgênicos são “bons ou ruins” buscando simplesmente estabelecer diferenças
entre organismos geneticamente modificados, transgênicos e convencionais,
promovendo assim discussões sobre aspectos bióticos relacionados aos
transgênicos motivando-os a reflexão, investigação e a conhecer os prós e contras o
cultivo de sementes modificadas. As discussões foram fundamentadas e embasadas
cientificamente em artigos e pesquisas científicas e ao mesmo tempo os alunos
foram instigados a observar as informações a respeito dos alimentos industrializados
que são consumidos diariamente e que de uma forma ou outra interfere na vida de
todos seja na condição de consumidores ou de produtores destas sementes.
Referencial Teórico
Afinal, o que é Ciências?
Segundo o dicionário online de português (www.dicio.com.br/ciênc./), ciências
é o conjunto de conhecimentos humanos a respeito da natureza, da sociedade e do
pensamento, adquiridos através do desvendamento das leis objetivas que regem os
fenômenos e suas explicações.
Segundo as Diretrizes Curriculares (p.40), a dimensão histórica da disciplina
de ciências tem como objeto de estudo “o conhecimento científico que resulta da
investigação da natureza. Do ponto de vista científico, entende por natureza o
conjunto de elementos integradores que constitui o universo em toda a sua
complexidade. Ao ser humano cabe interpretar racionalmente os fenômenos
observados na natureza, resultantes das relações entre elementos fundamentais
como espaço, tempo, matéria, movimento, força, campo, energia e vida”.
As diretrizes afirmam (p.27), que “o conhecimento que identifica uma ciência e
uma disciplina escolar é histórico, não é estanque, nem está cristalizado, o que
caracteriza a natureza dinâmica e processual de todo e qualquer currículo”.
Assim, as diretrizes reconhecem que, “além de seus conteúdos “mais
estáveis”, as disciplinas escolares incorporam e atualizam conteúdos decorrentes do
movimento das relações de produção e dominação que determinam relações
sociais, geram pesquisas científicas e trazem para o debate questões políticas e
filosóficas emergentes”.
Ainda de acordo com as diretrizes (p.27), “tais conteúdos, nas últimas
décadas, vinculam-se tanto à diversidade étnica cultural quanto aos problemas
sociais contemporâneos e têm sido incorporados ao currículo escolar como temas
que transversa as disciplinas, impostos a todas elas de forma artificial e arbitrária”.
Em contraposição a essa perspectiva, nestas diretrizes, propõe-se que esses
temas sejam abordados pelas disciplinas que lhes são afins, de forma
contextualizada, articulados com os respectivos objetos de estudo dessas disciplinas
e sob o rigor de seus referenciais teórico-conceituais.
Segundo LOPES (1999, p.59)
O conhecimento científico mediado para o contexto escolar sofre um processo de didatização, mas não se confunde com o conhecimento cotidiano. Nesse sentido, o conhecimento científico escolar selecionado para serem ensinados na disciplina de ciências tem origem nos modelos explicativos construídos a partir da investigação da natureza. Pelo processo de mediação didática, o conhecimento científico sofre adequação para o ensino na forma de conteúdos escolares, tanto em termos de especificidade conceitual como de linguagem.
De acordo com as Diretrizes Curriculares de Ciências (p.59). Para que isso
ocorra, o conhecimento anterior do estudante, construído nas interações e nas
relações que estabelece na vida cotidiana, num primeiro momento deve ser
valorizado. Denominam-se tais conhecimentos como alternativos aos conhecimentos
científicos e, por isso, podem ser considerados como primeiros obstáculos
conceituais a serem superados.
OGM é a sigla de Organismos Geneticamente Modificados, organismo
manipulado geneticamente, de modo a favorecer características desejadas, como a
cor, tamanho etc. OGMs possuem alteração em trechos do genoma realizada
através da tecnologia, do DNA recombinante ou engenharia genética.
Na maioria das vezes que se referirem a organismos geneticamente
modificados, estes são transgênicos. Organismos geneticamente modificados e
transgênicos não são sinônimos: todo transgênico é um organismo geneticamente
modificado, mas nem todo OGM é um transgênico.
Segundo Federico Mayor (1992)
As tecnologias geram bens e serviços utilizando seres vivos ou partes deles. Esses procedimentos têm largo emprego em importantes setores econômicos, tais como agricultura, indústria farmacêutica, indústria de alimentos, bebidas, etc. Recentes avanços da biologia celular e molecular permitiram uma revolução biotecnológica, aqui exemplificada pela engenharia genética.
Mayor diz ainda que apesar de toda discussão acerca dos organismos
geneticamente modificados, o que de fato podemos afirmar é que muito ainda há
para se investigar. Sabemos que há um jogo de interesses que se beneficia e se
posiciona aos interesses das grandes corporações, interessadas em obter lucros,
custe o que custar.
O papel da escola na formação do cidadão é promover contextualização a
partir dos temas atuais. (...) desenvolver o espírito crítico envolver e incentivar o
educando a buscar o valor subjacente às práticas em que estão envolvidas e não
simplesmente ao desempenho, a se entusiasmar pelo intercâmbio que pode surgir
de uma verdadeira discussão crítica onde todos são chamados a dar fundamentos
relevantes para o que afirmam. Significa incentivar uma disponibilidade e uma
criatividade para se colocar em xeque, regras, valores, e práticas estabelecidas
(ANCONI, 1996).
Metodologia
A metodologia adotada na Produção Didática Pedagógica buscou apoio na
abordagem qualitativa, utilizando-se da observação e participação dos envolvidos na
realização das atividades.
O projeto de intervenção pedagógica na escola foi efetivado como pesquisa
sobre os transgênicos e OGM com a finalidade de refletir, investigar e conhecer prós
e contras o cultivo e o uso de sementes como a soja, o milho e o trigo
geneticamente modificados, oferecendo aos educandos materiais bibliográficos
diversos para a leitura e discussão, desenvolvendo atividades relacionadas ao tema
proposto, tornando-os conhecedores do assunto para que assim possam formar
opinião.
Durante a implementação do trabalho os alunos participaram de debates,
diálogos, pesquisa de opinião, questionário, fizeram um júri simulado com a
participação de toda a turma e algumas atividades foram registradas através de
fotografias e depoimentos e para finalizar foi proposto que fizessem uma auto
avaliação da participação no projeto.
Todo material coletado durante as atividades propostas neste projeto
culminam na produção final de um artigo científico a ser entregue no segundo
semestre de 2014.
Pesquisa Qualitativa
De acordo com BAGDAN e BIKLEN (1994), a investigação qualitativa surgiu
no final do século XIX e início do século XX, mas, atingiu seu ápice nas décadas de
1960 a 1970. Pois, foram nesse período que foi intensificado os estudos e sua
divulgação.
Para LUDKE e ANDRÉ (1986), é cada vez mais evidente o interesse que os
pesquisadores da área de educação vêm demonstrando pelo uso das metodologias
qualitativas. Apesar da crescente popularidade dessas metodologias, ainda parecem
existir muitas dúvidas sobre o que realmente caracteriza uma pesquisa qualitativa,
quando é ou não adequado utilizá-la e como se coloca a questão do rigor científico
nesse tipo de investigação. E para tentar amenizar essa problemática Ludke e André
(1986 apud BAGDAN e BIKLEN, 1994, p. 12): cinco pontos básicos que caracteriza
uma pesquisa qualitativa de acordo com os autores citados:
1. A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento. (...)
2. Os dados coletados são predominantemente descritivos. (...)
3. A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto. (...)
4. O 'significado' que as pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de atenção especial pelo pesquisador. (...)
5. A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo. Os pesquisadores não se preocupam em buscar evidências que comprovem hipóteses definidas antes do
início dos estudos. As abstrações se formam ou se consolidam basicamente a partir da inspeção dos dados num processo de baixo para cima. (p. 11-3).
A coleta de dados foi realizada em três momentos distintos durante a
aplicação do projeto. Como ponto inicial dos trabalhos foi aplicado um questionário
com perguntas abertas (anexo I), algum tempo depois foi realizado uma pesquisa de
campo com agricultores local (anexo II) e no final dos trabalhos os alunos fizeram
uma auto avaliação de sua participação no projeto (anexo III).
Breve Relato sobre a Aplicação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola
A aplicação do projeto iniciou com a apresentação para a comunidade
escolar. Durante a semana pedagógica do início do ano, onde todos tomaram
conhecimento do assunto e dos objetivos desse trabalho. Os profissionais presentes
fizeram comentários positivos e sugeriram algumas ações que seriam importantes
para o bom andamento do trabalho com os alunos. Mas, o que mais me chamou a
atenção foi o relato de uma professora que também é mãe de aluno e esposa de
agricultor, ela nos relatou que já há algum tempo ela e o marido vinha relutando para
não plantarem sementes transgênicas, mas chegaram ao limite de sua força.
Sabemos que as plantas transgênicas são mais resistentes a alguns tipos de
pragas que as convencionais. Como todos os vizinhos já plantavam transgênicos
menos eles, as pragas das lavouras vizinhas migraram para a lavoura deles,
comprometendo assim a produção. E essa foi à gota d’água. No plantio do ano
seguinte eles também, mesmo a contra gosto passaram a plantar semente
transgênicas. Sem opção aderiam a esse tipo de cultivar ou pagariam para trabalhar.
No primeiro dia de aula foi falado para os alunos sobre a aplicação do projeto.
Os problemas que geraram a necessidade de se trabalhar o tema transgênicos e os
principais objetivos a serem atingidos. Na sequência foi aplicado um questionário de
caráter investigativo com a intenção de observar o conhecimento prévio dos alunos
sobre o assunto. E com a análise das respostas verificarem onde deveria ser
trabalhado com maior ênfase o tema. Concluindo-se que o conhecimento era
apenas do senso comum superficial e sem condições de argumentar sobre o
assunto, portanto, diante dessa constatação determinou-se que todo conteúdo deve
ser trabalhado com ênfase para que o aluno pudesse compreender o todo. Quero
destacar a questão 13 do questionário que dizia: Avalie em uma escala crescente de
1 a 3, qual o grau de seu interesse por esse tema. Em uma turma de 18 alunos: 1
avaliou como interesse I, 6 como interesse II e o restante da turma como interesse
III, o que na minha avaliação foi muito positivo, vindo de jovens de 3º ano do ensino
médio.
Atividade I, de caráter introdutório com leitura de textos e comparação das informações contidas neles, não foi possível fazer relatórios, pois o tempo foi extrapolado, mas as discussões foram muito produtivas e os alunos chegaram à conclusão de que realmente há muitas informações desencontradas e que é preciso muita leitura e análise para compreender e se posicionar contra ou a favor a esse tipo de cultivar.
Atividade II, no laboratório de informática da escola os alunos fizeram uma pesquisa com o tema: Vantagens e desvantagens das plantas transgênicas. Na seqüência foi proposto um debate. A turma foi dividida em dois grupos um contra e outro a favor os transgênicos. Apesar de uma argumentação limitada, foi muito bom, pois onde surgiam dúvidas e falta de informações eu entrava com explicação buscando sanar dúvidas e levar mais conhecimento para eles. Ao fim do debate os alunos chegaram à conclusão que ainda é cedo para afirmar ser contra ou a favor os transgênicos.
Atividade III, Leitura e discussão do assunto: Representações sociais sobre os transgênicos. Após a leitura dos textos foram feitas discussões primeiro em pequeno grupo depois para o grande grupo. As discussões foram muito boas e já foi possível perceber diferença entre as primeiras informações que receberam e o grau de conhecimento que se encontram, mas o mais importante é que nesse trajeto não perderam a motivação e nem o interesse, pelo contrário, estão muito mais motivados agora que no início.
Atividade IV, Pesquisa de campo, de acordo com o projeto cada aluno deveria entrevistar três agricultores, mas por falha na comunicação acabaram entrevistando só um agricultor por aluno e como estávamos com o tempo esgotado acabou ficando assim mesmo. Mas os resultados encontrados foram muito importantes. Até então pensávamos que todos os agricultores locais já estavam plantando transgênicos, no entanto descobrimos que há uma porcentagem considerável que ainda não planta esse tipo de cultivar.
Atividade V, Júri Simulado, esta atividade tinha a intenção de colocar em prática o que os alunos haviam aprendido durante a realização dos trabalhos propostos e o resultado superou minhas expectativas. Foi gratificante ver os alunos defendendo suas posições e argumentando sobre o assunto com conhecimento científico citando autores e sites de onde buscaram as informações que defendiam. É claro que há alunos mais esforçados e mais estudiosos que outros, mas a turma no geral apresentou resultados mais que satisfatório. Sem esquecer que nas duas últimas atividades tivemos a interrupção da greve dos professores.
Materiais e Métodos
Foi proposto um trabalho de pressupostos qualitativos tendo como
participantes dezenove (19) alunos matriculados no terceiro ano do ensino médio
com idade entre 15 a 18 anos, este grupo foi composto por seis (6) educandos do
sexo masculino e treze (13) educandos do sexo feminino. Sendo que estes alunos
pertencem ao turno matutino do Colégio Estadual de Arapuã, Localizada ao Norte
Central do Paraná.
A coleta de dados foi realizada em dois momentos diferente na aplicação do
projeto.
No primeiro encontro (primeiro momento) foi avaliado o conhecimento
empírico do aluno. O conhecimento resultante do senso comum que os alunos
trazem sobre o tema transgênico por meio de um questionário com questões abertas
(ANEXO I). Nos outros seis (6) encontros foram avaliados os recursos didáticos
pedagógicos empregados para a promoção do conhecimento sobre os transgênicos.
Esta ação tinha como objetivo avaliar o aproveitamento e o desenvolvimento dos
alunos do conteúdo proposto no projeto de intervenção pedagógica.
O material teórico estava voltado à contextualização do ensino de biologia
oferecendo materiais bibliográficos confiáveis como: artigos e sites seguros que
foram elaborados com conteúdos mais acessíveis ao nível de conhecimento do
ensino médio e de acordo com o tema proposto, tornando assim os alunos
conhecedores do assunto transgênicos para assim formar opinião.
As ações aqui trabalhadas foram propostas a partir do levantamento feito
através do questionário investigativo. Na última etapa do projeto, foi aplicado um
questionário denominado auto-avaliação buscando averiguar o grau conhecimento
dos alunos sobre o assunto trabalhado.
Recursos Didáticos
De maneira geral a turma expressou interesse sobre o assunto transgênico
por entenderem que esse assunto está ligado diretamente as suas vidas sejam
como filhos de produtores rurais que fazem uso das sementes transgênicas ou como
consumidor de alimentos produzidos com esse tipo de sementes. O domínio do
conhecimento lhes permitiria entender e participar de problemas e debates da
atualidade. Os educandos necessitam estar aptos a se pronunciarem nessas áreas,
mediante ao conhecimento biológico trabalhados nas escolas. De maneira geral a
turma expressou interesse sobre o assunto transgênico por entenderem que esse
assunto está ligado diretamente as suas vidas sejam como filhos de produtores
rurais que fazem uso das sementes transgênicas ou como consumidor de alimentos
produzidos com esse tipo de sementes. O domínio do conhecimento lhes permitiria
entender e participar de problemas e debates da atualidade. Os educandos
necessitam estar aptos a se pronunciarem nessas áreas, mediante ao conhecimento
biológico trabalhados nas escolas.
Conteúdo Geral
1)Plantas Transgênicas
2) Vantagens e Desvantagens das Plantas Transgênicas
3) A Formação de Representações Sociais dos Transgênicos
4) Pesquisa de Campo
5) Júri Simulado
6) Auto-Avaliação
Conteúdos relacionados aos transgênicos
Os dezenove (19) alunos participantes do Projeto de Intervenção Pedagógica
construíram o conhecimento sobre os transgênicos interagindo entre si, e com o
professor de biologia.
Os textos sugeridos foram discutidos em duplas, depois em pequenos grupos
e finalmente no grande grupo.
1) leitura de artigos e textos científicos sobre: Plantas Transgênicas com o
título” O futuro da Agricultura Sustentável”- ver artigo na íntegra no endereço
eletrônico a seguir: (http//www.scielo.br/pdf/ciedu/v14n1/09.pdf),
2) Pesquisa no laboratório de informática com o tema: Vantagens e
Desvantagens das plantas transgênicas.
3) Textos para leitura e discussões dos mesmos com o tema: A Formação de
Representações Sociais dos Transgênicos.
4) Pesquisa de Campo com os agricultores local.
5) Colocando em Prática o que aprendeu – Júri Simulado.
6) Questionário de Auto-Avaliação do aprendizado.
Análise Estatística
Os dados a seguir tiveram origem a partir da aplicação dos questionários que
foram analisados e tabelados. Por esses dados podemos identificar as concepções
dos participantes.
1- Já ouviu falar de transgênicos
Quantidade Exemplo Sim 16 A7: R: Sim, várias vezes eu escutei pessoas
falando: aquela soja ou aquele milho são transgênicos.
Não 1 Um pouco 2
2- O que são transgênicos
Quantidade Exemplo Definição correta
11 A9: R: São sementes geneticamente melhoradas como: a soja transgênica é mais resistente a pragas e a seca.
Definição incorreta
1
Definição parcial
17
3- Há diferença entre organismo geneticamente modificado e transgênico
Quantidade Exemplo Sim 3 A18: R: Sim, uma diferença é que as cores das
folhas são um pouco diferentes. Não
13 A4: R: Não, porque todos foram modificados. A7: R: Não, porque as sementes geneticamente modificadas são as sementes transgênicas.
Um pouco
3 A17: R: Acho que sim, mas um transgênico já é um organismo geneticamente modificado, mas acho que não é um OGMs. Porque um OGMs tem características próprias.
4- Há diferenças entre agricultura convencional e transgênica
Quantidade Exemplo Definição correta
8 Agricultura convencional é aquela que utiliza apenas semente que não sofreu modificação e transgênica é aquela que faz o plantio de sementes geneticamente modificadas em laboratório.
Definição incorreta
10 A15: R: Na agricultura transgênica usa-se veneno e na tradicional não pode.
Definição parcial
1 A5: R: Mais ou menos, eu sei que a agricultura transgênica não precisa tanto de agrotóxico.
5- Já estudou sobre os transgênicos
Quantidade Exemplo Sim 8 A6: R: Já, mas não me lembro muita coisa
sobre esse assunto.
Não 10 Um pouco 1
6- Como é produzido um transgênico
Quantidade Exemplo Resposta aceitável
12
Resposta incoerente
4 A5: R: Com muita química em laboratório.
Não sei 3 7- Na região onde mora é cultivada sementes transgênicas
Quantidade Exemplo Sim 13 Não 5 Um pouco 1
8- Dê exemplos de transgênicos
Quantidade Exemplo Sim 18 Não 1 Um pouco 0
9- Tem feito uso de transgênicos no dia a dia
Quantidade Exemplo Sim 13 A19: R: O óleo de soja. Não 4 Um pouco 2
10- Quais as vantagens e desvantagens da produção transgênica
Quantidade Exemplo Vantagens
2 A19: R: A vantagem é que a plantação é mais resistente e a desvantagem é que deve fazer mal a nossa saúde.
Desvantagens 2 A9: R: chegará um tempo que não haverá mais sementes convencionais e só terá sementes modificadas.
Vantagem e desvantagem
15 A6: R: Vantagem é que reduz o uso de agrotóxico e a desvantagem é que muda sua fórmula natural.
11-Há implicações ambientais na produção e utilização dos transgênicos
Quantidade Exemplo Sim
6 A9: R: Sim, chegará um tempo que não haverá mais sementes convencionais e só teremos sementes modificadas.
Não
6 A13: R: Eu acredito que não, pois os transgênicos foram criados para não agredirem o meio ambiente.
Um pouco 7 12-Você é contra ou a favor os transgênicos
Quantidade Exemplo A favor 9 A3: R: A favor, pois quanto maior for a
produção, maior será o lucro. Contra 8 A2: R: Contra porque acredito que faz mal a
saúde. Um pouco 2 A17: R: Contra e a favor, por um lado parece
ser bom e por outro parece ser ruim. 13-Em uma escala crescente de 1 a 3, qual o grau de interesse por esse
tema?
Quantidade Exemplo 3 13 A1: R: 3, porque tenho muito interesse nesse
assunto. 2 6 1 0 Tabela 1: respostas dos sujeitos
Após o desenvolvimento os participantes responderam a mais um
questionário. Os resultados estão na tabela 2.
1- Como foi para você participar do projeto transgênico
Quantidade Exemplo Bom
6 A.5 R: Foi uma experiência boa, debater algo que é tão importante para nós e para a sociedade dando nossa opinião e adquirindo mais conhecimento sobre o assunto.
Muito bom 13
A.19: R: Foi muito bom, um assunto que chama a atenção pela importância que tem em nosso dia a dia. Além disso, tive a oportunidade de conhecer coisas que eu nem imaginava sobre esse assunto.
Ruim 0 2- Como era seu conhecimento sobre transgênicos antes do projeto e
depois.
Antes Quantidade Exemplo Bom 0 Muito bom 0 Ruim 19 A.3: R: Fiquei espantado com a quantia de
coisas que eu não sabia e que com certeza vai me ajudar para toda vida. A.10: R: Hoje meu conhecimento sobre os transgênicos está muito bom em comparação a antes do projeto, pois eu não sabia quase nada sobre transgênicos e agora tenho um bom conhecimento sobre o assunto.
3- Das ações trabalhadas do projeto, destaque a/as que mais contribuíram para melhoria do seu conhecimento
Quantidade Exemplo Bom 3 A.3: R: Pesquisa no laboratório de informática
sobre as representações sociais, dos transgênicos a pesquisa de campo com os agricultores locais e o Júri simulado.
Muito Bom 5 A.9: R: É difícil apontar uma única ação, pois, uma completava a outra. Em minha opinião o conjunto todo foi muito importante e definitivo para o aprendizado acontecer.
Ruim 11 A.6: R: O júri simulado, pois durante ele foram feitas várias perguntas sobre o assunto e eu consegui entender melhor o assunto.
4- Como foi a atuação da professora no Projeto.
Quantidade Exemplo Bom 5 A.3: R: Foi boa, ajudou a explicar o que não
sabíamos direito... Não precisa ser melhor. Muito Bom 14 Foi muito boa a atuação da professora e a
forma que conduziu as aulas. A forma que foi trabalhada nos motivava a buscar novas informações e conversar sobre as novas descobertas para que pudéssemos melhorar nosso aprendizado.
Ruim 0 5- Como você avalia sua participação no projeto
Quantidade Exemplo Bom 8 A.3: R: Sete talvez porque eu não soube
explicar nem defender melhor minha posição. Muito Bom 9 A.9: R: Como é difícil fazer uma auto-
avaliação. Mas, eu posso dizer com segurança que me esforcei muito, sei que poderia ser melhor.
Ruim 2 A.12: R: Eu acho que não fui muito bem, eu poderia ter participado mais. Pois eu tinha o que perguntar para esclarecer algumas dúvidas e não perguntei.
6- Com o projeto transgênico, foi esgotado o assunto
Quantidade Exemplo Bom 0 Muito Bom 1 A.5: R: Acho que sim. Pois desde o início das
atividades todos nós tivemos oportunidade de perguntar e falar. E o júri simulado nos ajudou muito. E serviu para fechar com chave de ouro o projeto.
Ruim 18 A.19: R: Não a professora pode ter nos mostrado muitas coisas, mais acredito que novas dúvidas surgirão com o passar do tempo. Não é algo que se esgotará.
Tabela 2: respostas dos sujeitos após as atividades
Considerações Finais
A partir dos conceitos, aplicações de questionários pesquisas e diversos
materiais bibliográficos disponibilizados para leitura com debates e discussões,
buscando sempre cuidadosamente proporcionar aos educandos materiais de cunho
científico contextualizando com a biologia e a sociedade atual. Foi possível observar
que ao aplicar o I questionário, para na sequência iniciar os trabalhos, contatou-se
que o conhecimento dos alunos era apenas superficial tudo o que sabiam sobre
transgênicos era resultado do conhecimento empírico e de conversas informais, sem
condições nenhuma de argumentar e tecer opinião sobre o assunto.
Ao iniciar os trabalhos foi possível observar que a cada atividade os alunos
iam agregando novos conhecimentos e quanto mais aprendia mais sentiam á
necessidade de buscar novas informações. Foi tão positivo a realização dos
trabalhos que eu tinha a sensação que eles foram amadurecendo durante a
execução do projeto, estavam sempre muito atentos as explicações e não
apresentavam nenhum constrangimento em fazer qualquer pergunta direcionada ao
tema. A análise dos dados e a mudança de postura dos alunos apresentando maior
possibilidade de argumentar sobre os transgênicos no júri simulado revelaram que a
realização do projeto promoveu consideravelmente o aumento do conhecimento dos
educandos sobre os transgênicos, como é possível observar também na tabulação
das respostas dos questionários I e II.
E possível destacar ainda que os educandos que fizeram parte do projeto
construíram o saber com os colegas e com o professor, a partir da orientação para
discutirem assuntos específicos. O que lhes agregou além do acréscimo do
conhecimento científico e da capacidade de análise crítica.
Mas, é claro que há alunos que se dedicaram mais e alunos que não se
dedicaram tanto. Mas, mesmo assim é uma turma muito boa no geral e foi
gratificante desenvolver este projeto com ela. Agora, posso ser repetitiva, mas o
trabalho com este projeto e com este tema superou minhas expectativas.
Referências
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