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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · a partir da leitura de contos de Machado de Assis e crônicas de Luís Fernando Veríssimo sobre o tema: ... pela metodologia da

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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Produção Didático-Pedagógica Professor PDE/2013

Autora Juliane de Fátima Padia

Escola de Atuação Escola Estadual Graciliano Ramos – Ensino Fundamental

Município da escola Santa Helena - PR

Núcleo Regional de Educação

Toledo

Orientadora Profª Drª Mirian Schröder

Instituição de Ensino Superior

Unioeste – Campus de Marechal Cândido Rondon

Disciplina/Área Língua Portuguesa

Produção Didático-pedagógica

Unidade didática

Relação Interdisciplinar

História

Público-alvo Alunos do nono ano do Ensino Fundamental

Localização Zona Urbana

Apresentação

A presente Proposta de Intervenção Pedagógica desenvolve-se a partir da leitura de contos de Machado de Assis e crônicas de Luís Fernando Veríssimo sobre o tema: família e valores e objetiva promover a intertextualidade e aperfeiçoar a leitura com auxílio da produção escrita (DOLZ, 1995). Para encaminhar as atividades de leitura e de escrita dos gêneros citados, opta-se pela metodologia da sequência didática proposta por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), modelo este que parte de uma produção inicial para diagnosticar e trabalhar com as dificuldades demonstradas pelos alunos e assim por meio de módulos de exercícios, sanar as dificuldades e chegar a uma produção final dos gêneros citados. Considera-se nesta PDP que é impossível pensar em comunicação a não ser por meio de gêneros e acredita-se que a escrita contribui significativamente para uma leitura crítica e profícua.

Palavras-chave Leitura; produção; conto; crônica; sequência didática.

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1. INTRODUÇÃO

A presente Proposta de Intervenção Pedagógica é formada por uma coletânea

de contos de Machado de Assis e crônicas de Luis Fernando Verissimo sobre o

tema Família e valores e tem como objetivo principal a motivação e formação de

leitores. O material apresentado segue a metodologia da sequência didática

apresentado por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) em que o gênero é

apresentado, faz-se uma produção inicial e a partir dela realizam-se os módulos

de exercícios com o intuito de trabalhar as dificuldades demonstradas pelos

alunos, durante os módulos os mesmos já estarão melhorando e trabalhando sua

produção final. E assim, ao concluir os módulos obter-se-á uma produção textual

do gênero contemplando tema, estilo e composição de forma satisfatória.

Como a ênfase do trabalho é a formação do leitor crítico, primeiramente

motiva-se a leitura e busca-se fazer um diagnóstico de como é a relação dos

alunos com a leitura. Parte-se então para uma definição do que é uma família.

Após, os autores Luis Fernando Verissimo e Machado de Assis são apresentados

utilizando-se vídeo e assim também se introduz os gêneros alvo de estudo desta

proposta: o conto e a crônica.

O trabalho característico de língua portuguesa então se intensifica: leitura,

interpretação, escrita e reescrita com o intuito de promover a intertextualidade e

aperfeiçoar a leitura com auxílio da produção escrita (DOLZ, 1995). Conclui-se o

trabalho com a produção de um livro de contos e crônicas produzidos pelos

alunos do nono ano, e com uma “noite de autógrafos” em que as famílias

apreciam o trabalho de seus filhos.

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FAMÍLIA: DE MACHADO DE ASSIS A LUIS FERNANDO VERISSIMO

[...]

Nada, porém, era como os livros. Toda a família sempre foi obsedada por livros e

às vezes ainda arma brigas ferozes por causa de livros, entre acusações mútuas

de furto ou apropriação indébita. Meu avô furtava livros de meu pai, meu pai

furtava livros de meu avô, eu furtava livros de meu pai e minha irmã até hoje furta

livros de todos nós. A maior casa onde moramos, mais ou menos a partir da

época em que aprendi a ler, tinha uma sala reservada para a biblioteca e gabinete

de meu pai, mas os livros não cabiam nela — na verdade, mal cabiam na casa. E,

embora os interesses básicos dele fossem Direito e História, os livros eram sobre

todos os assuntos e de todos os tipos. Até mesmo ciências ocultas, assunto que

fascinava meu pai e fazia com que ele às vezes se trancasse na companhia de

uns desenhos esotéricos, para depois sair e dirigir olhares magnéticos aos

circunstantes, só que ninguém ligava e ele desistia temporariamente. Havia uns

livros sobre hipnotismo e, depois de ler um deles, hipnotizei um peru que nos

tinha sido dado para um Natal e, que, como jamais ninguém lembrou de assá-lo,

passou a residir no quintal e, não sei por quê, era conhecido como Lúcio. Minha

Professor(a): Leia o texto na íntegra para seus alunos. Você pode pedir a eles que fechem os olhos, ouçam e procurem imaginar as cenas narradas.

Como nosso trabalho é sobre leitura, iniciaremos com a leitura do texto: “Memórias de livros” do escritor João Ubaldo Ribeiro, reconhecido escritor brasileiro.

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mãe se impressionou, porque, assim que comecei meus passes hipnóticos, Lúcio

estacou, pareceu engolir em seco e ficou paralisado, mas meu pai — talvez

porque ele próprio nunca tenha conseguido hipnotizar nada, apesar de inúmeras

tentativas — declarou que aquilo não tinha nada com hipnotismo, era porque

Lúcio era na verdade uma perua e tinha pensado que eu era o peru.

[...]

CONVERSANDO SOBRE O TEXTO

1. Quais foram os fatos narrados no texto que lhe chamaram a atenção e por quê? 2. Alguém de vocês gostaria de conviver com uma família como esta? O que a torna diferente da maioria das famílias? 3. Como é tratada a leitura na família de vocês? 4. O que vocês consideram importante para formar um leitor, ou seja, o que é necessário para alguém se tornar um leitor? 5. Será que a família é importante para alguém se tornar um leitor? De acordo com o texto escrito por João Ubaldo Ribeiro, a família foi importante para que ele se tornasse leitor e escritor?

Devido aos constrangimentos causados pelos direitos autorais, disponibilizo

apenas um trecho da obra.

Fonte: Revista Na ponta do lápis (ano VII, número 18, dezembro de 2011, p.22-

27)

Texto original extraído do livro: “Um brasileiro em Berlim” (Rio de Janeiro:

Objetiva, 2011, p. 105-112).

Professor(a): Os questionamentos a seguir devem ser aplicados de forma oral aos alunos. As questões podem ser colocadas em forma de slides na TV pen-drive. Cada questão deve ocupar um slide.

Professor(a): Para dar sequência aos questionamentos, você precisará do vídeo e música: “Família” do grupo Titãs, salvos no pen-drive, no formato para ser utilizado na TV pen-drive.

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FAMÍLIA Titãs

Família! Família! Papai, mamãe, titia Família! Família! Almoça junto todo dia Nunca perde essa mania...

CONVERSANDO SOBRE A MÚSICA 1. Qual é o tema desta música?

2. Qual é a definição ou conceito de família atualmente?

3. Que tipo de família é retratado na música? Todos têm uma família como a da

música? Que tipo de família é a nossa?

4. Vocês consideram a família importante? Por quê?

5. Vocês já ouviram algo sobre família patriarcal, “crise familiar” ou

desestruturação familiar? Você conhece o significado destes termos? Sabe dizer

quando uma família está em crise ou desestruturada?

6. O trecho abaixo trabalha com algumas definições sobre a crise familiar e outros

termos que abordaremos em nosso trabalho. Vamos ler para esclarecer?!

Devido aos constrangimentos causados pelos direitos autorais, disponibilizo

apenas um trecho da música. O texto, na íntegra, encontra-se no seguinte

endereço: <http://letras.mus.br/titas/48973/> acesso em 10 Set. 2013.

O vídeo encontra-se no mesmo endereço da música e também no seguinte endereço: < http://www.youtube.com/watch?v=ONp5Z2bkTfE> acesso em 10 Set. 2013.

Agora, para introduzir o tema de nossos estudos, ouviremos e assistiremos ao vídeo da música intitulada: “Família” do grupo Titãs.

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7. De acordo com as informações apresentadas no quadro acima, a “crise ou

desestruturação familiar” significa ________________________________

Brasileiros de Norte a Sul, nas pesquisas de opinião mais recentes, apontam a família como a instituição de maior confiabilidade. No entanto, de cada 100 brasileiros adultos 46 consideram que a família no Brasil já não cumpre com seu papel de provedora de afeto e recursos econômicos necessários aos seus membros. Assim a polêmica idéia de que diminuiu a importância da família e que a instituição familiar está em dificuldades e ameaçada, volta a ser objeto de especulação tanto nos discursos dos líderes políticos e religiosos, como entre os acadêmicos e demais cidadãos. (p.67). [...] Um primeiro modelo de referência seria o da família patriarcal. Historicamente estimulado pela sociedade brasileira e reforçado pela Igreja Católica e pelo Estado, até recentemente, a idéia é de que haveria um modelo de família brasileira. Este modelo de família estaria associado à presença de parentes, a um sistema hierárquico e de valores no qual se destacariam a autoridade paterna e do homem sobre a mulher, a monogamia, a indissolubilidade das uniões e a legitimidade da prole. (p.70). [...] Na revisão das evidências empíricas e dos argumentos usados a favor ou em contra a idéia de declínio da família é importante destacar o que se estaria entendendo por família e por crise. Quanto ao conceito de família, apesar de sua complexidade e discussões sobre o mesmo, a referência comum nos discursos é o grupo de pessoas que reside em uma mesma casa, mantém laços de parentesco e dependência e mantém relações hierárquicas. Ou seja, parece haver um modelo hegemônico de família que o imaginário das pessoas constrói. O termo “crise familiar” ou desestruturação envolve uma discussão bastante mais ampla. Entretanto, como já foi mencionado anteriormente, parece ser que o discurso da opinião pública associa crise com mudanças e desintegração enquanto para muitos estudiosos da família a chamada crise da família significaria mudanças estreitamente relacionadas com as transformações nos modos de vida, valores e as condições de reprodução da população. (p.88-89). Devido aos constrangimentos causados pelos direitos autorais, disponibilizo

apenas um trecho do texto de Ana Maria Goldani, intitulado: “As famílias no

Brasil contemporâneo e o mito da desestruturação”.

O texto, na íntegra, encontra-se no seguinte endereço:

<http://www.pr5.ufrj.br/diversidade/images/As_fam%C3%ADlias_no_Brasil.pdf>

Acesso em 02 Set. 2013.

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Professor(a): Providencie os vídeos das entrevistas com Machado de Assis e Luis Fernando Verissimo. As entrevistas têm a duração média de 20 min., se achar necessário, poderá fazer uns recortes, para que não se torne cansativo. Lembre de converter para utilizar na TV pen-drive.

As entrevistas com os escritores estão disponíveis nos seguintes endereços: http://globotv.globo.com/globo-news/globonews-

documento/v/machado-de-assis-o-romancista-e-sua-

escrita/885849/

http://www.youtube.com/watch?v=MFVepPmcLY4

Nesta nossa caminhada, trabalharemos com contos e crônicas de Machado de Assis e Luis Fernando Verissimo que abordam o tema família. Agora veremos vídeos sobre os autores.

Professor(a): As questões a seguir devem ser respondidas somente de forma oral, você pode colocá-las em slides e usar a TV-pendrive para que os alunos as visualizem.

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CONVERSANDO SOBRE OS AUTORES, CONTOS E CRÔNICAS 1.Vocês já conheciam os autores? Já leram algum texto escrito por eles? 2. Vocês recordam as características do conto e da crônica? Quais as diferenças e semelhanças entre eles? 3. Agora, cada um escreverá uma definição sobre o que é um conto e uma crônica, em um papel, que deverá ser entregue. Não se preocupem, não é necessário se identificar, é apenas para que se tenha um registro sobre o que vocês já dominam. 4. TAREFA DE CASA: Pesquise e traga para a escola um conto de Machado de Assis ou uma crônica de Luis Fernando Verissimo, vamos montar um mural com os textos trazidos por vocês. Não se esqueça de registrar a referência bibliográfica ou endereço eletrônico de onde retirou o texto.

MOTIVAÇÃO PARA LEITURA Você já chegou ao ponto de estranhar seus pais? Eles sempre foram tão modernos, te apoiaram em tudo, mas agora já não conseguem te compreender. Questionam suas ideias, a linguagem, as roupas, o cabelo, seus valores... tudo parece ter mudado... Há conflito de gerações?

Professor(a): Antecedendo a leitura do texto, sempre serão utilizadas questões de pré-leitura de modo a provocar o interesse do aluno.

Professor(a): Esta atividade de pesquisa pode ser realizada no laboratório de informática da escola. Na aula seguinte, questione aluno por aluno sobre o resultado da pesquisa e faça um levantamento de quantos contos e crônicas foram entregues. Converse sobre quais textos predominaram e reflita com os alunos sobre a provável causa desta predominância.

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PAIS Luis Fernando Verissimo

Por casualidade, os três ficaram lado a lado na igreja. Tinham mais ou

menos a mesma idade do pai da noiva. Que acabara de passar por eles, radiante

com a filha pelo braço, a caminho do altar. [...]

REFLEXÕES SOBRE A CRÔNICA: “PAIS” 1. Qual é o assunto tratado na crônica? 2. Como você pode perceber, esta crônica é um texto extremamente curto. Copie alguns verbos do texto e indique o tempo verbal utilizado. Qual a justificativa para que se tenha utilizado este tempo verbal? 3. As personagens que aparecem na crônica são descritas com detalhes ou são descritas superficialmente? Comprove sua resposta com um trecho do texto. Como poderiam ser caracterizadas estas personagens? 4. A linguagem empregada na crônica pode ser classificada como formal ou informal? Por quê? Copie algumas expressões que justifiquem sua resposta.

Devido aos constrangimentos causados pelos direitos autorais, disponibilizo

apenas um trecho da obra. O texto, na íntegra, encontra-se no seguinte livro:

VERISSIMO, Luis Fernando. Zoeira. Porto Alegre: L&PM, 1996, p.16-17.

Professor(a): As questões a seguir devem ser respondidas por escrito e corrigidas de forma oral.

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5. Que tipo de narrador foi empregado nesta crônica? 6. Em que espaço a história se desenrola? 7. Quanto ao desfecho do texto, é possível classificá-lo como trágico, feliz ou inesperado? 8. Nesta crônica, aparecem três pais um tanto decepcionados porque suas filhas não querem casar na igreja. Qual é o objetivo do texto? 9. Você concorda com a expressão: “Casamento não tá com nada” - declaração feita por uma das filhas citadas na crônica? Justifique. 10. Quais são as características que comprovam que este texto é uma crônica? Qual é a característica que predomina, que dá sabor ao texto?

TIPOS DE NARRADOR: Narrador: aquele que conta a história. Dependendo do modo como se comporta na narrativa, o narrador pode ser: 1. Narrador observador e neutro: sua presença não é percebida pelo leitor, porque ele apenas conta os fatos, sem se manifestar, interferir ou dar opinião ao longo da narrativa. Nesse caso, o foco narrativo é em 3ª pessoa (ele/a, eles/as). 2. Narrador personagem ou narrador em 1ª pessoa: ao mesmo tempo em que narra, ele também participa dos fatos como personagem da história. Por isso, o leitor percebe sua presença, manifestada no uso da 1ª pessoa (eu/nós). O foco narrativo é em 1ª pessoa. 3. Narrador intruso: não faz parte da história, não toma parte dos acontecimentos, mas interrompe a narrativa para comentar os fatos, expressar sentimentos e opiniões, julgar as ações e/ou o comportamento das personagens. O foco narrativo pode ser em 1ª ou 3ª pessoa. Relembrando: é o autor quem escolhe o tipo de narrador que quer para sua narrativa. Fonte: Borgatto, Ana Maria Triconi; Bertin, Terezinha Costa Hashimoto; Marchezi, Vera Lúcia de Carvalho. Tudo é linguagem: língua portuguesa. 9º ano, 2ª ed. São Paulo: Ática, 2009. p. 70.

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MOTIVAÇAO PARA LEITURA

Você já quebrou o vidro de alguma janela ou algum copo? Sabe-se que quando um vidro se quebra, não há o que fazer, não tem conserto. A solução é trocar ou substituir a peça inteira. O conto que veremos agora se intitula “Vidros quebrados”, mas não é vidro de janela, nem de um copo. A que tipo de vidro será que o autor se refere? VIDROS QUEBRADOS

Machado de Assis

— HOMEM, cá para mim isto de casamentos são cousas talhadas no céu.

É o que diz o povo, e diz bem. Não há acordo nem conveniência nem nada que

faça um casamento, quando Deus não quer...

— Um casamento bom, emendou um dos interlocutores.

— Bom ou mau, insistiu o orador. Desde que é casamento é obra de Deus.

Tenho em mim mesmo a prova. Se querem, conto-lhes... Ainda é cedo para o

voltarete. Eu estou abarrotado...

Venâncio é o nome deste cavalheiro. Está abarrotado, porque ele e três

amigos acabavam de jantar. As senhoras foram para a sala conversar do

casamento de uma vizinha, moça teimosa como trinta diabos, que recusou todos

os noivos que o pai lhe deu, e acabou desposando um namorado de cinco anos,

escriturário no Tesouro. Foi à sobremesa que este negócio começou a ser objeto

de palestra. Terminado o jantar, a companhia bifurcou-se; elas foram para a sala,

eles para um gabinete, onde os esperava o voltarete habitual. Aí o Venâncio

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enunciou o princípio da origem divina dos matrimônios, princípio que o Leal, sócio

da firma Leal & Cunha, corrigiu e limitou aos matrimônios bons. Os maus,

segundo ele explicou daí a pouco, eram obra do diabo.

— Vou dar-lhes a prova, continuou o Venâncio, desabotoando o colete e

encostando o braço no peitoril da janela que abria para o jardim. Foi no tempo da

Campestre... Ah! Os bailes da Campestre! Tinha eu então vinte e dous anos.

Namorei-me ali de uma moça de vinte, linda como o sol, filha da viúva Faria. A

própria viúva, apesar dos cinqüenta feitos, ainda mostrava o que tinha sido. Vocês

podem imaginar se me atirei ou não ao namoro...

— Com a mãe?

— Adeus! Se dizem tolices, calo-me. Atirei-me à filha; começamos o

namoro logo na primeira noite; continuamos, correspondemo-nos; enfim,

estávamos ali, estávamos apaixonados, em menos de quatro meses. Escrevi-lhe

pedindo licença para falar à mãe; e, com efeito, dirigi uma carta à viúva, expondo

os meus sentimentos, e dizendo que seria uma grande honra, se me admitisse na

família. Respondeu-me oito dias depois que Cecília não podia casar tão cedo,

mas que, ainda podendo, ela tinha outros projetos, e por isso sentia muito, e

pedia-me desculpa. Imaginem como fiquei! Moço ainda, sangue na guelra, e

demais apaixonado, quis ir à casa da viúva, fazer uma estralada, arrancar a

moça, e fugir com ela. Afinal, sosseguei e escrevi a Cecília perguntando se

consentia que a tirasse por justiça. Cecília respondeu-me que era bom ver

primeiro se a mãe voltava atrás; não queria dar-lhe desgostos, mas jurava-me

pela luz que a estava alumiando, que seria minha e só minha...

Fiquei contente com a carta, e continuamos a correspondência. A viúva,

certa da paixão da filha, fez o diabo. Começou por não ir mais à Campestre;

trancou as janelas, não ia a parte nenhuma; mas nós escrevíamos um ao outro, e

isso bastava. No fim de algum tempo, arranjei meio de vê-la, à noite, no quintal da

casa. Pulava o muro de uma chácara vizinha, ajudado por uma boa preta da casa.

A primeira cousa que a preta fazia era prender o cachorro; depois, dava-me o

sinal, e ficava de vigia. Uma noite, porém, o cachorro soltou-se e veio a mim. A

viúva acordou com o barulho, foi à janela dos fundos, e viu-me saltar o muro,

fugindo. Supôs naturalmente que era um ladrão; mas no dia seguinte, começou a

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desconfiar do caso, meteu a escrava em confissão, e o demônio da negra pôs

tudo em pratos limpos. A viúva partiu para a filha:

— Cabeça-de-vento! peste! isto são cousas que se façam? foi isto que te

ensinei? Deixa estar; tu me pagas, tão duro como osso! Peste! peste!

A preta apanhou uma sova que não lhes digo nada: ficou em sangue. Que

a tal mulherzinha era das arábias! Mandou chamar o irmão, que morava na

Tijuca, um José Soares, que era então comandante do 6º batalhão da Guarda

Nacional; mandou-o chamar, contou-lhe tudo, e pediu-lhe conselho. O irmão

respondeu que o melhor era casar Cecília sem demora; mas a viúva observou

que, antes de aparecer noivo, tinha medo que eu fizesse alguma, e por isso

tencionava retirá-la de casa, e mandá-la para o convento da Ajuda; dava-se com

as madres principais...

Três dias depois, Cecília foi convidada pela mãe a aprontar-se, porque iam

passar duas semanas na Tijuca. Ela acreditou, e mandou-me dizer tudo pela

mesma preta, a quem eu jurei que daria a liberdade, se chegasse a casar com a

sinhá-moça. Vestiu-se, pôs a roupa necessária no baú, e entraram no carro que

as esperava. Mal se passaram cinco minutos, a mãe revelou tudo à filha; não ia

levá-la para a Tijuca, mas para o convento, de onde sairia quando fosse tempo de

casar. Cecília ficou desesperada. Chorou de raiva, bateu o pé, gritou, quebrou os

vidros do carro, fez uma algazarra de mil diabos. Era um escândalo nas ruas por

onde o carro ia passando. A mãe já lhe pedia pelo amor de Deus que

sossegasse; mas era inútil. Cecília bradava, jurava que era asneira arranjar

noivos e conventos; e ameaçava a mãe, dava socos em si mesma... Podem

imaginar o que seria.

Quando soube disto não fiquei menos desesperado. Mas, refletindo bem

compreendi que a situação era melhor; Cecília não teria mais contemplação com

a mãe, e eu podia tirá-la por justiça. Compreendi também que era negócio que

não podia esfriar. Obtive o consentimento dela, e tratei dos papéis. Falei primeiro

ao desembargador João Regadas, pessoa muito de bem, e que me conhecia

desde pequeno. Combinamos que a moça seria depositada na casa dele. Cecília

era agora a mais apressada; tinha medo que a mãe a fosse buscar, com um noivo

de encomenda; andava aterrada, pensava em mordaças, cordas... Queria sair

quanto antes.

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Tudo correu bem. Vocês não imaginam o furor da viúva, quando as freiras

lhe mandaram dizer que Cecília tinha sido tirada por justiça. Correu à casa do

desembargador, exigiu a filha, por bem ou por mal; era sua, ninguém tinha o

direito de lhe botar a mão. A mulher do desembargador foi que a recebeu, e não

sabia que dizer; o marido não estava em casa. Felizmente, chegaram os filhos, o

Alberto, casado de dous meses, e o Jaime, viúvo, ambos advogados, que lhe

fizeram ver a realidade das cousas; disseram-lhe que era tempo perdido, e que o

melhor era consentir no casamento, e não armar escândalo. Fizeram-me boas

ausências; tanto eles como a mãe afirmaram-lhe que eu, se não tinha posição

nem família, era um rapaz sério e de futuro. Cecília foi chamada à sala, e não

fraqueou: declarou que, ainda que o céu lhe caísse em cima, não cedia nada. A

mãe saiu como uma cobra.

Marcamos o dia do casamento. Meu pai, que estava então em Santos, deu-

me por carta o seu consentimento, mas acrescentou que, antes de casar, fosse

vê-lo; podia ser até que ele viesse comigo. Fui a Santos. Meu pai era um bom

velho, muito amigo dos filhos, e muito sisudo também. No dia seguinte ao da

minha chegada, fez-me um longo interrogatório acerca da família da noiva.

Depois confessou que desaprovava o meu procedimento.

— Andaste mal, Venâncio; nunca se deve desgostar uma mãe...

— Mas se ela não queria?

— Havia de querer, se fosses com bons modos e alguns empenhos.

Devias falar a pessoa de tua amizade e da amizade da família. Esse mesmo

desembargador podia fazer muito. O que acontece é que vais casar contra a

vontade da tua sogra, separas a mãe da filha, e ensinaste a tua mulher a

desobedecer. Enfim, Deus te faça feliz. Ela é bonita?

— Muito bonita.

— Tanto melhor.

Pedi-lhe que viesse comigo, para assistir ao casamento. Relutou, mas

acabou cedendo; impôs só a condição de esperar um mês. Escrevi para a corte, e

esperei as quatro mais longas semanas da minha vida. Afinal chegou o dia, mas

veio um desastre, que me atrapalhou tudo. Minha mãe deu uma queda, e feriu-se

gravemente; sobreveio erisipela, febre, mais um mês de demora, e que demora!

Não morreu, felizmente; logo que pôde viemos todos juntos para a corte, e

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hospedamo-nos no Hotel Pharoux; por sinal que assistiram, no mesmo dia, que

era o 25 de março, à parada das tropas no Largo do Paço.

Eu é que não me pude ter, corri a ver Cecília. Estava doente, recolhida ao

quarto; foi a mulher do desembargador que me recebeu, mas tão fria que

desconfiei. Voltei no dia seguinte, e a recepção foi ainda mais gelada. No terceiro

dia, não pude mais e perguntei se Cecília teria feito as pazes com a mãe, e queria

desfazer o casamento. Mastigou e não respondeu nada. De volta ao hotel, escrevi

uma longa carta a Cecília; depois, rasguei-a, e escrevi outra, seca, mas

suplicante, que me dissesse se deveras estava doente, ou se não queria mais

casar. Responderam-me vocês? Assim me respondeu ela.

— Tinha feito as pazes com a mãe?

— Qual! Ia casar com o filho viúvo do desembargador, o tal que morava

com o pai. Digam-me, se não é mesmo obra talhada no céu?

— Mas as lágrimas, os vidros quebrados?...

— Os vidros quebrados ficaram quebrados. Ela é que casou com o filho do

depositário, daí a seis semanas... Realmente, se os casamentos não fossem

talhados no céu, como se explicaria que uma moça, de casamento pronto, vendo

pela primeira vez outro sujeito, casasse com ele, assim de pé para mão? É o que

lhes digo. São cousas arranjadas por Deus. Mal comparado, é como no voltarete:

eu tinha licença em paus, mas o filho do desembargador, que tinha outra em

copas, preferiu e levou o bolo.

— É boa! Vamos à espadilha.

- Fonte virtual:

<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=

&co_obra=17891> Acesso em 10 jul. 2013

- Fonte Bibliográfica:

Edição de Referência: Obra Completa, de Machado de Assis, vol. II, Nova Aguilar,

Rio de Janeiro, 1994. [GL. 15 out., 1883]

Professor(a): As questões a seguir devem ser respondidas por escrito e corrigidas de forma oral.

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REFLEXÕES SOBRE O CONTO: “VIDROS QUEBRADOS” 1. Qual é o tema tratado no conto? 2. Como são apresentadas as personagens no conto? De forma leve ou são descritas de maneira mais profunda? 3. Após a leitura do conto, procure escrever o enredo (ordem dos fatos que formam o texto, sequência de acontecimentos da história) em 5 ou 6 linhas. 4. Este conto pode ser considerado longo ou curto? Por quê? Procure dividir o conto em partes e delimitá-las (identifique onde inicia e termina cada parte indicada abaixo): 1ª parte - Situação inicial ou apresentação do texto: 2ª parte - A complicação: 3ª parte - O clímax: 4ª parte - O desfecho:

As sequências narrativas apresentam uma sucessão temporal/causal de eventos, ou seja, há sempre um antes e um depois, uma situação inicial e uma situação final, entre as quais ocorre algum tipo de modificação de um estado de coisas. Há predominância dos verbos de ação, nos tempos do mundo narrado (WEINRICH, 1964), bem como de adverbiais temporais, causais e também locativos. É frequente a presença do discurso relatado (direto, indireto e indireto livre).

Podemos identificar quatro partes mais ou menos distintas em um enredo: 1. Exposição (ou situação inicial): geralmente está no começo da história, quando se apresentam as personagens, o conflito, o espaço e o tempo em que ocorre a ação. 2. Complicação: esta é a parte do enredo em que se desenvolve(m) o(s) conflito(s). 3. Clímax: ponto culminante do enredo, é o momento de maior tensão do conflito. 4. Desfecho: é a solução do(s) conflito(s). Fonte: Emília Amaral...[et. al.]. Português: novas palavras: literatura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000. p. 520.

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5. Que tipo de texto predomina no conto (narrativo, descritivo, injuntivo, expositivo ou argumentativo)? 6. O que faz com que Cecília quebre o juramento e, ao invés de se casar com Venâncio, se casa com Jaime? Responda baseando-se em fatos do texto. 7. Como você explicaria o título do conto “Vidros quebrados”? 8. Venâncio coloca uma teoria no início do conto. Qual é? 9. Ao final do conto, você acredita que Venâncio conseguiu comprovar sua teoria inicial? Você acredita que a teoria é verdadeira? Que na vida real, os casamentos só dão certo se forem “obra de Deus”? Justifique com exemplos de casos que você conhece.

A sequência descritiva caracteriza-se pela apresentação de propriedades, qualidades, elementos componentes de uma entidade, sua situação no espaço, etc. Nela predominam os verbos de estado e situação, ou aqueles que indicam propriedades, qualidades, atitudes, que aparecem no presente, em se tratando de comentário, e no imperfeito, no interior de um relato. Predominam articuladores de tipo espacial/situacional. Nas sequências expositivas, por sua vez, tem-se a análise ou síntese de representações conceituais numa ordenação lógica. Os tempos verbais são do mundo comentado (WEINRICH, 1964) e os conectores, predominantemente do tipo lógico. As sequências injuntivas apresentam prescrições de comportamentos ou ações sequencialmente ordenadas, tendo como principais marcas os verbos no imperativo, infinitivo ou futuro do presente e articuladores adequados ao encadeamento sequencial das ações prescritas. As sequências argumentativas stricto sensu são aquelas que apresentam uma ordenação ideológica de argumentos e/ou contra-argumentos. Nelas predominam elementos modalizadores, verbos introdutores de opinião, operadores argumentativos, etc. Cada gênero vai eleger uma ou, o que é mais comum, algumas dessas sequências ou tipos para sua constituição. Fonte: Ingedore Villaça Koch, Vanda Maria Elias. Ler e escrever: estratégias de produção textual 2. ed., 1ª reimpressão – São Paulo: Contexto, 2012. p. 63-72.

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10. Que tipo de narrador aparece no conto? 11. Que tipo de linguagem é empregado no conto? Formal ou informal? Aparecem gírias e expressões características da fala?

Agora vocês formarão grupos de 4 alunos. Após a formação dos grupos irão receber trechos de dois textos, vários pedacinhos, os quais deverão se lidos pelo grupo para, em seguida, serem encaixados na ordem correta. Além disso, deverão atribuir a autoria do texto a Machado de Assis ou a Luís Fernando Veríssimo. Todos os grupos receberão os mesmos textos e terão que realizar as mesmas atividades. Mas só será premiado o grupo que conseguir montar os textos adequadamente, conforme o original que vocês receberão ao término da atividade.

LAR DESFEITO

Luis Fernando Verissimo

José e Maria estavam casados há 20 anos e eram muito felizes um com o outro. Tão felizes que um dia, na mesa, a filha mais velha reclamou:

Professor(a): Você pode entregar pirulitos, chocolate ou algo que os motive. Inicialmente ao grupo que terminar primeiro a atividade, depois ao grupo que acertou a ordem do texto e, no final, para todos os participantes. Um prêmio que pode ser dado aos que concluírem por primeiro é um conjunto de cópias de crônicas de Luis Fernando Verissimo e contos de Machado de Assis para que leiam por prazer!

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- Vocês nunca brigam? José e Maria se entreolharam. José respondeu: - Não, minha filha. Sua mãe e eu não brigamos. - Nunca brigaram? - quis saber Vitor, o filho do meio. - Claro que já brigamos. Mas sempre fizemos as pazes. - Na verdade, brigas, mesmo, nunca tivemos. Desentendimentos, como

todo mundo. Mas sempre nos demos muito bem... - Coisa mais chata - disse Venancinho, o menor. [...]

O RELÓGIO DE OURO Machado de Assis

Agora contarei a história do relógio de ouro. Era um grande cronômetro, inteiramente novo, preso a uma elegante cadeia. Luís Negreiros tinha muita razão em ficar boquiaberto quando viu o relógio em casa, um relógio que não era dele, nem podia ser de sua mulher. Seria ilusão dos seus olhos? Não era; o relógio ali estava sobre uma mesa da alcova, a olhar para ele, talvez tão espantado como ele, do lugar e da situação. [...]

Devido aos constrangimentos causados pelos direitos autorais, disponibilizo

apenas um trecho da obra. O texto, na íntegra, encontra-se nos seguintes

endereços:

- Fonte virtual: A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro <http://www.bibvirt.futuro.usp.br> Acesso em 10 jul. 2013. - Fonte bibliográfica: ASSIS, Machado de. Histórias da meia-noite. São Paulo : LEL, [s.d.]. p. 176-246. (Coleção obras ilustradas de Machado de Assis, v.1).

Devido aos constrangimentos causados pelos direitos autorais, disponibilizo

apenas um trecho da obra. O texto, na íntegra, encontra-se no seguinte livro:

VERISSIMO, Luis Fernando. Comédias da vida privada. Editora L&PM Editores

S/A; Porto Alegre: RS. 1995. p. 57-59.

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REFLEXÕES SOBRE A CRÔNICA: “LAR DESFEITO”

1. Quando você leu o título da crônica: “Lar desfeito” que ideia você teve? Imaginou que o texto trataria sobre o quê? 2. Qual é o conflito apresentado na crônica? 3. Em que espaço a história se desenrola? 4. Qual o tipo de texto predomina na crônica (narrativo, descritivo, injuntivo, expositivo ou argumentativo)? 5. Como são descritas as personagens? De forma leve ou aprofundada? 6. Leia: “Agora era Nora que consolava Vera. Os pais eram assim mesmo. Ela tinha experiência. A família era uma instituição podre”... Responda: o trecho em negrito resume o que Nora, filha de pais separados, pensa sobre a família. Você concorda com a afirmação dela? Justifique. 7. Esta crônica também pode ser dividida em partes? Procure delimitar: 1ª parte - Situação inicial ou apresentação do texto: 2ª parte - A complicação: 3ª parte - O clímax: 4ª parte - O desfecho:

8. Você considera correta a atitude dos pais retratados na crônica ao abrirem mão de sua felicidade para agradar aos filhos? Normalmente nossos pais agem dessa forma? 9. Qual foi o recurso utilizado por Luis Fernando Verissimo ao criar uma crônica que apresenta brigas do casal e a separação dos pais para a felicidade dos filhos? 10. E estes filhos que tanto queriam “Briga. Briga. Briga.” ficaram felizes com a atitude tomada pelos pais? Justifique.

Professor(a): Estas questões serão respondidas por escrito e corrigidas oralmente com os alunos, para que se esclareçam as dúvidas.

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11. Crie outro final para a crônica: REFLEXÕES SOBRE O CONTO: “O RELÓGIO DE OURO” 1. Qual é o assunto tratado no conto? 2. Em que lugar a história se desenrola? 3. Como são descritas as personagens, de forma superficial ou detalhada? 4. Quais são as atitudes do marido junto à esposa? Você concorda com este tipo de comportamento? Em que época as mulheres eram tratadas desta forma? Será que atualmente ainda existem mulheres que se submetem a situações como as retratadas no conto? 5. Como o pai de Clarinha, o sogro, age percebendo que sua filha tem problemas com o marido? Normalmente os pais agem dessa forma? Como você sugere que ele deveria agir? 6. Qual é o conflito do conto? 7. Copie ou identifique o trecho que contém o clímax do conto. 8. Que tipo de final este conto revela?

9. Sua tarefa agora é alterar as falas do pai de Clarinha, de modo que ele defenda a filha e a história se esclareça. A partir da chegada do pai, você pode alterar o que for necessário, inclusive criar outro final, que pode ser trágico, com a morte de alguém, ou feliz, com a reconciliação do casal. Use sua imaginação!!! Após a adaptação do conto, o(a) professor(a) sorteará três alunos para lerem a sua versão para os colegas de sala.

Professor(a): Sugere-se que seja solicitado aos alunos que escrevam novamente algumas características do conto e da crônica em bilhetes, os quais podem ser lidos e afixados em um mural. Após esta atividade, os alunos farão a atividade abaixo. No quadro proposto, aparecerão algumas características identificadas nos textos lidos e os alunos deverão identificar se esta característica predomina no conto ou na crônica. Depois que eles registrarem as respostas, deve-se fazer a correção oral e encaminhar a produção textual da crônica.

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EXERCÍCIOS DE COMPREENSÃO E MEMORIZAÇÃO 1. No quadro abaixo, complete com x, se a característica registrada prevalece no conto, na crônica ou se pode ser identificada nos dois gêneros textuais.

QUADRO COMPARATIVO

CARACTERÍSTICA CONTO CRÔNICA

1. Linguagem formal, padrão, culta

2. Linguagem informal, corriqueira, com emprego de gírias e expressões populares.

3. O enredo parte de uma situação corriqueira e sem importância do dia a dia.

4. O enredo é importante para o desenrolar da história e o texto pode ser dividido em partes: Situação inicial; Complicação; Clímax e Desfecho.

5. As personagens não são nomeadas, aparecem como: a moça, o menino, o padeiro. E suas características na maioria das vezes não são descritas.

6. As personagens são nomeadas e minuciosamente descritas. É importante saber suas descrições para entender seu comportamento e atitudes.

7. O texto pode ser classificado como formal, com várias características da linguagem padrão e o tema abordado é considerado atual.

8. O texto é atual, com uma linguagem simples e aborda fatos do cotidiano.

9. Narrador personagem (1ª pessoa ou 3ª pessoa)

10. Narrador observador

11. Trabalha-se com o recurso do diálogo entre as personagens.

12. Geralmente o texto é baseado em personagens reais e fatos reais.

13. O texto normalmente é fictício, com personagens criados e situações da imaginação do escritor.

INTERTEXTUALIDADE 1. A crônica “Lar desfeito” e o conto “O relógio de ouro” apresentam algo em comum? Comente sobre as semelhanças e diferenças entre ambos. Para facilitar sigam os itens elencados no quadro já trabalhado.

Professor(a): Estas questões serão respondidas por escrito, os alunos podem se reunir em duplas, em seguida, deve ser feita correção oral.

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2. Vamos rever a crônica “Pais” e o conto “Vidros quebrados”, observem e registrem as semelhanças e diferenças quanto: a) ao tema:

b) à linguagem:

c) à descrição das personagens:

d) ao estilo pessoal do autor e à posição do narrador diante dos fatos narrados:

e) à estrutura textual:

f) ao desfecho ou ao encerramento do texto:

REVISANDO ...

Quem narra uma crônica é o seu autor mesmo, pois o cronista parte de experiências próprias, de fatos que testemunhou (com certo envolvimento) ou dos quais participou. Por isso, a crônica tem, quase sempre, um caráter confessional, autobiográfico. Em alguns casos, a narrativa é feita na terceira pessoa através de pessoas reais que se tornam personagens envolvidas em acontecimentos reais. As personagens não têm descrição psicológica profunda; são levemente caracterizadas (uma ou duas características), suficientes para compor seus traços genéricos, com os quais qualquer pessoa pode se identificar: Fulano é distraído, Beltrano é mau-caráter e nacionalista xenófobo (que tem aversão a estrangeiros). Em geral, as personagens não têm nomes: é a moça, o menino, a velha, o senador, a mulher, a dona de casa. Ou, se têm, são nomes comuns, como: dona Nena, seu Chiquinho, seu Bonifácio, para só citar esses nomes. Às vezes, o cronista cria personagens, mas sempre a partir de uma matriz real, isto é, pessoas reais que se tornam personagens. O assunto de uma crônica é sempre resultado daquilo que o cronista colhe em suas conversas; das frases que ouve; das pessoas que observa; das situações que registra; dos flagrantes de esquina; dos fatos do noticiário; dos incidentes domésticos e coisas que acontecem nas ruas. Portanto, o assunto da crônica, geralmente, está centrado em uma experiência pessoal. Ao passo que o conto, não raro, é produto da imaginação, da ficção. O cronista pode, numa mesma crônica, abordar diversos assuntos, desde que estes estejam ligados entre si por uma mesma linha de raciocínio. Como a finalidade da crônica é analisar as circunstâncias de um fato e não concluí-lo, o desfecho é, praticamente, inexistente. Possibilidade de classificação das crônicas: Crônica Lírica ou Poética; Crônica de humor; Crônica-Ensaio; Crônica Descritiva; Crônica Narrativa; Crônica Dissertativa; Crônica Reflexiva; Crônica Metafísica. Texto adaptado das fontes abaixo: DEL NERO, Maria Siriani. Gêneros literários: conto; crônica; prosa; o conto e a crônica. Disponível em: <http://www.asesbp.com.br/literatura/prosa.htm> Acesso em 22 mai. 2013. SÉRGIO, Ricardo. Estudos literários: A crônica e o conto; A crônica; Tipos de crônica. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/2226899> Acesso em 22 mai. 2013.

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PRODUÇÃO TEXTUAL

Agora que você já sabe as características do conto e da crônica, chegou a hora de produzir!

Elabore uma crônica sobre a temática: “Família e valores”. Você pode escolher se irá falar sobre os seguintes temas: namoro,

casamento, costumes familiares, reuniões de família, infidelidade, brigas familiares, confusões e desentendimentos que normalmente acontecem entre adolescentes e seus pais, etc. Lembre-se das características do gênero e procure atribuir um título interessante ao seu texto.

A intenção desta produção é reuni-la em um livro produzido pela turma no ano de 2014 e disponibilizá-lo a todos os colegas da turma e também na biblioteca da escola, onde várias pessoas poderão ter acesso. Bom trabalho!

REVENDO ALGUNS DETALHES E REESTRUTURANDO SUA CRÔNICA

A escrita de um texto exige do escritor um grande trabalho, pois é necessário que nosso texto tenha clareza, atraia a atenção do leitor e seja instigante. Existem vários recursos possíveis para atingir estes objetivos, a reescrita e revisão do texto são formas de verificar se atingimos nossos objetivos como escritores. Vamos lá!

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MÓDULO 1 – TEMA 1.1. Nas crônicas trabalhadas anteriormente, “Lar desfeito” e “Pais”, aborda-se o tema família, mais especificamente o casamento. Releia o seu texto e confira se você não fugiu da temática “Família e valores”. Se você não fugiu do tema, ótimo! Verifique se você foi claro, em caso afirmativo, não precisará ler o item 1.2. 1.2. Se você fugiu do tema: Releia as crônicas “Lar desfeito” e “Pais” e observe com atenção como o tema foi desenvolvido. Releia seu texto e reescreva. Se ainda tiver dúvidas se fugiu ou não ao tema, peça para o professor ou a um colega para ler seu texto e auxiliá-lo. MÓDULO 2 – NARRADOR 2.1. Nas crônicas, o narrador conta uma história que ele testemunhou ou da qual participou. Normalmente o narrador aparece em primeira pessoa (eu). Porém na crônica “Pais”, vimos anteriormente que o narrador pode ser classificado como 3ª pessoa e também como observador e neutro. Na crônica: “Lar desfeito”, o narrador também aparece em terceira pessoa. Copie alguns trechos da crônica em que seja possível identificar o narrador e justificar por que ele não é neutro. 2.2. Agora reveja a crônica produzida por você. Copie um trecho em que fique clara a presença do narrador e classifique-o. Se você tiver dúvidas, releia o quadro sobre o tipo de narradores apresentado nas atividades referentes à primeira crônica estudada. Após, procure transformar o primeiro parágrafo do seu texto em cada um dos tipos de narradores definidos, portanto, para cada um dos tipos, você escreverá um novo parágrafo. O texto é o mesmo, mas o enfoque será diferente, pois o texto será narrado por outro ângulo.

Professor(a): Abaixo, encontram-se alguns exercícios baseados nas possíveis dificuldades dos alunos. Nosso objetivo é a superação destas. Para saber quais das atividades propostas você precisará aplicar a sua turma, é necessário observar, ao ler as crônicas produzidas pelos alunos, se: O tema foi contemplado? O narrador aparece em 1ª ou 3ª pessoa? A linguagem é informal? O texto parte do rotineiro e leva a uma reflexão, com um desfecho aberto? Sugere-se que o professor aponte para cada aluno, quais são os módulos que ele precisa fazer.

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2.3. Vimos anteriormente que na crônica quem narra o texto é a própria personagem. Então a narração pode aparecer em 1ª (eu) ou 3ª (ele) pessoa. E o narrador pode ser: observador e neutro, personagem ou intruso. Na atividade anterior, foi solicitado que você transformasse o primeiro parágrafo de sua crônica em cada um dos tipos estudados. É importante você verificar que se iniciou o texto apresentando um narrador neutro, ele precisa se manter neutro até o final do texto. Se ele foi apresentado como intruso, precisa ser intruso até o final do texto. Retire de sua crônica, uma passagem em que aparece o narrador no início, meio e fim do seu texto, leia com atenção e verifique se ele se mantém padronizado do início ao final do texto, se não aparecer desta forma, é necessário padronizar.

MÓDULO 3 – LINGUAGEM 3.1. Nas crônicas trabalhadas até o momento, a linguagem utilizada pelo escritor é informal. Você utilizou a linguagem informal em sua crônica? Ela está simples e acessível ao leitor? Troque o texto com um colega, ele lerá o seu e você, o dele, se for constatada formalidade excessiva, será necessário reescrever os trechos. MÓDULO 4 – ESTILO E COMPOSIÇÃO 4.1. Na crônica “Lar desfeito”, é evidente o estilo humorístico de Luis Fernando Verissimo. Quando relata a história de pais que se separaram de maneira fictícia para contentar seus filhos que queriam “briga”. Além de humorística, esta crônica pode nos levar à reflexão sobre como atualmente é normal as pessoas se separarem, a ponto de filhos oriundos de um casamento feliz instigarem seus pais a brigarem para não se sentirem deslocados, para terem um motivo para sofrer. a) Releia a crônica “Pais”. Copie um parágrafo que comprove o estilo humorístico do autor e procure identificar o objetivo desta crônica. b) Agora é a vez de identificar o estilo e o objetivo da crônica que você escreveu. Você demonstrou humor? Se utilizou o humor, copie uma expressão que comprove. Se você não o utilizou, não há problema algum, pois cada escritor demonstra um estilo individual que estará dentro do gênero crônica. Depende da intenção, pois você pode falar de um assunto e levar o leitor a refletir, a ficar chocado, indignado, com raiva, a rir, relembrar algum fato passado... Seu texto objetiva a reflexão, diversão ou qual a intenção de seu texto? É possível classificá-lo como uma crônica ou o texto é mais profundo, detalhado com um enredo que contemple as partes estudadas (situação inicial, conflito, clímax e desfecho) e se parece mais com um conto? Releia a revisão da crônica localizada antes da produção textual ou reveja as características da crônica assinaladas no quadro feito para memorização e fixação e, se for necessário, reescreva.

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VOLTANDO AO CONTO

MOTIVAÇÃO PARA LEITURA: O conto que iremos ler a seguir conta uma história dramática em que um pai precisa entregar seu filho recém-nascido para adoção. Por se tratar de um conto mais extenso, cada aluno receberá um trechinho do texto, que deverá ser lido silenciosamente. Após, faremos a montagem coletiva do conto. Iniciaremos pelo título, o(a) aluno(a) que receber este trecho deverá fazer a leitura em voz alta e todos devem ouvir atentamente para tentar descobrir se a sua parte vem em seguida. Após a leitura da parte inicial, os(as) alunos(as) que imaginam que receberam a continuação fazem a leitura em voz alta e analisamos, com a ajuda do professor, se é a sequência do texto ou não. Assim vamos lendo e montando até chegar ao final do texto. PAI CONTRA MÃE

Machado de Assis

A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha-de-flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. Com o vício de beber. perdiam a tentação de furtar, porque geralmente era dos vinténs do senhor que eles tiravam com que matar a sede, e aí ficavam dois pecados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras. [...]

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REFLEXÕES SOBRE O CONTO: “PAI CONTRA MÃE”

1. Após a leitura do conto, é possível entender a razão do título “Pai contra mãe”? Explique com suas palavras.

Devido à extensão do texto, disponibilizo apenas um trecho da obra. O texto, na

íntegra, encontra-se :

- Fonte virtual:

O texto também pode ser encontrado no seguinte endereço:

<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000245.pdf> Acesso em 10

Nov. 2013

- Fonte Bibliográfica:

Assis, Machado de. A cartomante e outros contos. Orientação pedagógica e

notas de leitura Douglas Tufano. São Paulo: Moderna, 1995, (Coleção

Travessias). p.35-42.

O texto também pode ser encontrado no seguinte endereço:

<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000245.pdf> Professor(a): Estas questões serão respondidas por escrito, os alunos podem se reunir em duplas, em seguida, as questões devem ser corrigidas oralmente.

O espaço Os fatos de uma narrativa relacionam-se com o espaço em dois níveis: Espaço físico ou geográfico É o lugar onde acontecem os fatos que envolvem as personagens: uma rua movimentada, uma cidade, um cinema, uma escola, um cômodo da casa, etc. O espaço pode ser descrito detalhadamente ou suas características podem aparecer diluídas na narração. Espaço social (ambiente) É o espaço relativo às condições socioeconômicas, morais e psicológicas que dizem respeito às personagens. O espaço social situa as personagens na época, no grupo social e nas condições em que se passa a história. Fonte: William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. Português: linguagens, 9º ano. 5º ed. Reform. – São Paulo: Atual, 2009, p. 100.

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2. Identifique o espaço físico ou geográfico deste conto (ambiente onde a história se desenrola) e também o espaço social (em que classe social as personagens se inserem). 3.Qual era a profissão de Cândido Neves? Por que ele desempenhava esta função? O que a tia sempre aconselhava? 4. Qual é o tempo de duração desta história? O tempo neste texto pode ser classificado como psicológico ou cronológico? Ou existem momentos que ele é cronológico e momentos em que pode ser psicológico? Leia o quadro abaixo, antes de responder estas questões. 5. Quais são as formas verbais que predominam no conto? Indique o tempo e o modo. Com qual objetivo este tempo verbal é utilizado? 6. Identifique as partes do conto: 1ª parte - Situação inicial ou apresentação do texto: 2ª parte - A complicação: 3ª parte - O clímax:

O tempo Os fatos de uma narrativa relacionam-se com o tempo em três níveis: Época em que se passa a história A época em que se passa a história constitui o pano de fundo para o enredo[...]. Nem sempre, porém, a época em que se passa a história narrada coincide com aquela em que ocorre a sua publicação. Tempo cronológico É o tempo que transcorre na ordem natural dos fatos do enredo. É o tempo relacionado ao enredo linear, ou seja, à ordem em que os fatos ocorrem. Chama-se cronológico porque pode ser medido em horas, meses, anos, séculos. Tempo psicológico É o tempo que transcorre numa ordem determinada pela vontade, pela memória ou pela imaginação do narrador ou de uma personagem. De acordo com esse tempo, os fatos podem ou não aparecer em uma ordem linear, isto é, coincidente com a do tempo cronológico. Fonte: William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. Português: linguagens, 9º ano. 5º ed. Reform. – São Paulo: Atual, 2009, p. 99-100.

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4ª parte - O desfecho: 7. Neste conto, preocupado com o fato de ter de entregar o filho para adoção, Cândido Neves captura uma escrava fugida que estava grávida. Devido ao esforço empregado na resistência à captura, a escrava acaba abortando o filho. Cândido Neves e sua família se mostram culpados com a situação? Que tipo de ditado popular pode-se deduzir deste comportamento? Em nossa sociedade atual, é constante ouvirmos relatos de pessoas que sofreram com a aplicação deste ditado popular? Ou isto é raro, vivemos em uma sociedade fraterna? Justifique sua resposta, narrando algum fato que você conhece.

As figuras de linguagem são recursos que tornam mais expressivas as mensagens. Mencionamos algumas delas e suas respectivas definições: a) antítese: consiste na aproximação de termos contrários, de palavras que se opõem pelo sentido. “Os jardins têm vida e morte”. b) ironia: é a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso, efeito crítico ou humorístico. “A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças”. c) eufemismo: consiste em substituir uma expressão por outra menos brusca; em síntese, procura-se suavizar alguma afirmação desagradável. “Ele enriqueceu por meios ilícitos”. (em vez de: ele roubou) d) hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática. “Estou morrendo de sede”. (em vez de: estou com muita sede) e) prosopopeia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados predicativos que são próprios de seres animados. “O jardim olhava as crianças sem dizer nada”. f) metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. A metáfora implica, pois, uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido. “Meu pensamento é um rio subterrâneo”. g) metonímia: como a metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser usada com outro significado. Todavia, a transposição de significados não é mais feita com base em traços de semelhança, como na metáfora. A metonímia explora sempre alguma relação lógica entre os termos. Observe: “Não tinha teto em que se abrigasse”. (teto em lugar de casa) Texto adaptado de: <http://www.brasilescola.com/portugues/figuras-linguagem.htm> Acesso em 28 Set. 2013.

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8. No primeiro parágrafo do texto, aparece o seguinte comentário do narrador: “Era grotesca a máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcança ao grotesco, e alguma vez o cruel.” Este trecho remete a uma figura de linguagem bastante recorrente nas obras de Machado de Assis. Qual é a figura de linguagem presente neste trecho? Procure reescrever o trecho usando suas próprias palavras. 9. Em algum dos contos estudados: “Pai contra mãe”, “Vidros quebrados” e “O relógio de ouro”, Machado de Assis valeu-se do recurso chamado de técnica do flashback? Justifique sua resposta: REVISANDO...

A técnica do flashback O flashback é um recurso narrativo que consiste em voltar no tempo. Em nossa literatura, o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, apresenta essa técnica: o tempo em que se situa o narrador-personagem Brás Cubas é posterior a sua morte, o que lhe permite voltar ao passado recente e contar como morreu, por exemplo, ou voltar ao passado mais distante e contar fatos de sua infância e juventude. Fonte: William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. Português: linguagens, 9º ano. 5º ed. Reform. – São Paulo: Atual, 2009, p. 100.

Normalmente o conto apresenta um narrador, que pode participar da história (personagem) ou ser apenas um observador (onisciente), e personagens inseridos no espaço e no tempo. Também apresenta um enredo, cuja estrutura se compõe de: apresentação, complicação, clímax e desfecho.

Os contos podem ser classificados em: conto de fadas/infantil, conto maravilhoso ou fantástico; psicológico, policial, de suspense; de ficção científica, entre outras formas.

A linguagem empregada nos contos, normalmente, é expressiva, criativa, cuidada, culta, ocorrendo também casos em que a linguagem é coloquial, para produzir a fala de um personagem (discurso direto, em diálogos).

A linguagem geralmente faz apelos à fantasia, ao jogo verbal, à invenção temática. Pelo fato de mais sugerir do que dizer explicitamente, a linguagem é conotativa, plurissignificativa.

Predomina neste gênero o modo narrativo: os tempos verbais utilizados geralmente são o pretérito perfeito e o imperfeito, por se tratar de fatos já acontecidos. Adaptação de: FONTANA, Niura Maria; PAVIANI, Neires Maria Soldatelli; PRESSANTO, Isabel Maria Paese. Práticas de linguagem: gêneros discursivos e interação. Caxias do Sul,RS: Educs, 2009. p. 143

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PRODUÇÃO TEXTUAL

É hora de produzir! Escreva um conto sobre a temática: Família e valores. Procure trabalhar com o mesmo tema abordado na sua crônica (se você

escreveu sobre namoro, faça agora um conto sobre o mesmo tema.) para que fiquem evidentes as diferenças entre o conto e a crônica. Lembre-se das características do gênero e procure atribuir um título interessante ao seu texto. Se preferir, pode utilizar a técnica do flashback. A intenção desta produção é reuni-la em um livro produzido pela turma no ano de 2014, juntamente com as crônicas, e disponibilizá-lo a todos os colegas da turma e também na biblioteca da escola, onde várias pessoas poderão ter acesso. Bom trabalho! REVENDO ALGUNS DETALHES E REESTRUTURANDO SEU CONTO

A escrita de um texto exige do escritor um grande trabalho, pois é necessário que o texto seja claro, atraia o leitor e o cative. Vimos que existem vários recursos possíveis para atingir estes objetivos no gênero conto. Entretanto é importante uma boa revisão e, se necessária, a reescrita do texto para não deixar nenhum detalhe escapar!

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MÓDULO 1 – TEMA 1.1. A proposta de produção textual solicitava um conto sobre a temática: “Família e valores”. Releia o conto “O relógio de ouro”. Neste conto é abordada a infidelidade conjugal e o relacionamento entre pai, filha e genro. Como podemos chegar a esta conclusão? 1.2. Agora releia o seu texto. Você atendeu ao tema proposto? Se necessário, reescreva o seu texto para que o tema fique claro. MÓDULO 2 – NARRADOR 2.1. Vimos que na crônica predomina o narrador em 1ª ou 3ª pessoa, pois o narrador normalmente é personagem. Como o conto é fictício, foge do real, o autor pode criar uma história fantástica, e o narrador pode ser observador e

Professor(a): Abaixo encontram-se alguns módulos de atividades com a intenção de sanar algumas possíveis dificuldades, demonstradas pelos alunos. Após a leitura dos contos de seus alunos, observando os itens elencados abaixo, sugere-se que o(a) professor(a) indique ao aluno quais são os módulos que ele precisa realizar. O tema foi contemplado? A estrutura narrativa (apresentação, complicação, clímax, desfecho) aparece no texto? A linguagem formal é clara? O narrador segue a mesma linha do início ao final do texto? O autor manteve o mesmo tema no conto e na crônica?

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neutro, personagem ou intruso. Copie um trecho do seu texto, em que fique clara a presença do narrador. Depois, classifique-o e verifique se ele se mantém com as mesmas características do início ao final do conto. Se necessário recorra à teoria apresentada sobre os tipos de narrador. MÓDULO 3 – LINGUAGEM 3.1. Nas crônicas, vimos que predomina a linguagem informal. No conto, é diferente, predomina a linguagem formal, mais elaborada. Leia o quarto parágrafo do conto “Vidros quebrados” e observe como o narrador introduz a história, de maneira formal. Já na fala das personagens, é evidente o uso da linguagem informal. Agora volte ao seu texto e releia-o: está adequado? Apresenta a formalidade necessária? Se estiver muito informal é necessário reescrever. Peça ajuda ao colega, ele pode identificar em que trechos você utilizou a informalidade e sublinhá-los. MÓDULO 4 – COMPOSIÇÃO 4.1. Nas atividades de interpretação propostas sobre os contos foi solicitado que, em todas elas, o conto fosse dividido em 4 partes:

1ª parte - Situação inicial ou apresentação do texto: 2ª parte - A complicação: 3ª parte - O clímax: 4ª parte - O desfecho:

Reveja a divisão feita no conto “Vidros quebrados”. Se você ainda se sentir inseguro, releia os outros contos e reveja como foi feita a divisão deles. Agora, troque seu texto com o colega, faça esta identificação no conto dele e ele fará no seu, após releia e veja se cada parte está bem definida. Se não estiver, acrescente o que for necessário para que cada parte fique clara e obedeça a estrutura composicional do conto. MÓDULO 5 – PERSONAGENS 5.1. No conto, é permitido fazer uma descrição minuciosa das personagens, enquanto que na crônica elas são citadas superficialmente. Observe como na crônica “Pais”, não aparece idade real, nem características físicas ou psicológicas das personagens, elas são descritas apenas como “os três ficaram lado a lado na igreja. Tinham mais ou menos a mesma idade do pai da noiva” e suas atitudes frente a algumas situações. Já no conto “O relógio de ouro”, as personagens têm nome, características físicas e psicológicas. Volte ao seu conto, você detalhou as características das personagens? Se ficaram superficiais, complemente.

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LEITURA APÓS PRODUÇÃO E REESTRUTURAÇÃO

Professor(a): Para avaliar se seus alunos conseguiram entender a diferença entre um conto e uma crônica e comprovar que a escrita melhora a leitura, além de verificar se foi possível tornarem-se leitores mais críticos. Sugere-se que sejam lidos os textos abaixo, um seguido ao outro. Após a leitura é possível questionar os alunos se o texto em questão é conto ou crônica, fazer a interpretação oral do texto e questioná-los sobre a classificação, retomando todos os conteúdos explorados ao longo desta produção didático-pedagógica. Se achar conveniente siga o roteiro proposto logo após os textos.

Nossa caminhada está se encerrando e para saber se foi proveitosa é necessário avaliar seus resultados. A seguir são apresentados dois textos para leitura, interpretação oral e verificação das características do conto e da crônica objetivando comprovar que nossa caminhada contribuiu para a formação de um leitor crítico. Acredita-se que vocês responderão brincando! Estes textos foram reservados especialmente para ler, discutir e se divertir! Depois basta apresentar os textos de vocês à comunidade escolar.

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ACHO QUE TOU

Luis Fernando Verissimo

_ Acho que tou _ disse a Vanessa. _ Ai, ai, ai _ disse o Cidão. No entusiasmo do momento, os dois a fim e sem um preservativo à mão, a Vanessa tinha dito “Acho que dá”. E agora aquilo. Ela podia estar grávida. Do “Acho que dá” ao “Acho que tou”. A história de uma besteira. Mais do que uma besteira. Se ela estivesse mesmo grávida, uma tragédia.[...] QUEDA QUE AS MULHERES TÊM PARA OS TOLOS

Machado de Assis ADVERTÊNCIA

Este livro é curto, talvez devera sê-lo mais. Desejo que ele agrade, como me sai das mãos, mas é com pesa que me vanglorio por esta obra. Falar do amor das mulheres pelos tolos, não é arriscar ter por inimigas a maioria de um e outro sexo? Diz-se que a matéria é rica e fecunda; eu acrescento que ela tem sido tratada por muitos. Se tenho, pois, a pretensão de ser breve, não tenho a de ser original. Contento-me em repetir o que se disse antes de mim; minhas páginas conscienciosas são um resumo de muitos e valiosos escritos. Propriamente falando, é uma comparação científica, e eu obteria a mais doce recompensa de meus esforços, como dizem os eruditos, se inspirasse aos leitores a ideia de aprofundar a um tão importante exemplo. Quanto à imparcialidade que presidiu à redação deste trabalho, creio que ninguém a porá em dúvida. Exalto os tolos sem rancor, e se critico os homens de espírito, é com um desinteresse, cuja extensão facilmente se compreenderá. [...]

Devido aos constrangimentos causados pelos direitos autorais, disponibilizo

apenas um trecho da obra. O texto, na íntegra, encontra-se no seguinte endereço:

Verissimo, Luis Fernando. Mais comédias para se ler na escola. Acho que tou.

Rio de Janeiro - Objetiva, 2010. p. 65.

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ROTEIRO DE INTERPRETAÇÃO E DISCUSSÃO ORAL SOBRE OS TEXTOS 1. Como o autor apresenta as personagens (detalhadamente ou superficialmente)? 2. Que tipo de narrador temos em cada texto? 3. Faça o resumo do enredo de cada texto. 4. No texto: “Acho que tou” qual é o tema abordado? Quais os recursos utilizados pelo autor para desenvolver o tema? Qual o objetivo do texto? 5. No texto: “Queda que as mulheres têm para os tolos” qual é o tema abordado? Qual é o objetivo do texto? De que recursos o autor se utilizou para atingir seus objetivos com o texto? 6. Quais são as características formais e estruturais de cada texto? Procure classificar cada um dos textos em conto ou crônica e justificar o porquê desta classificação. 7. Analisando os textos, podemos afirmar que eles têm algo em comum? Explique o que você acredita que os textos têm em comum. 8. Após ter sido realizado este trabalho com os gêneros contos e crônicas e, principalmente vocês terem produzido estes gêneros textuais é possível afirmar que a escrita contribui para a leitura? Quando vocês leram estes últimos textos vocês já sabiam sua estrutura? Foi fácil identificar o que era um conto ou uma crônica, pelas características do gênero?

Devido aos constrangimentos causados pelos direitos autorais, disponibilizo apenas um trecho da obra. O texto, na íntegra, encontra-se nos seguintes endereços: Fonte virtual: Disponível em: <http://machado.mec.gov.br/images/stories/pdf/miscelanea/mams02.pdf>. Acesso em 05 Agot. 2013 Fonte bibliográfica: Obra Completa, Machado de Assis, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, V.III, 1994. Publicado originalmente em A Marmota, Rio de Janeiro, 19, 23, 26 e 30/04 e 03/05/1861.

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REFERÊNCIAS

AMARAL, Emília [et. al.].Português: novas palavras: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. 575 p. Assis, Machado de, A cartomante e outros contos. (Pai contra Mãe).

Orientação pedagógica e notas de leitura Douglas Tufano. Coleção Travessias

São Paulo: Moderna, 1995, p.35-42

ASSIS, Machado de, Queda que as mulheres têm para os tolos. Disponível em: <http://machado.mec.gov.br/images/stories/pdf/miscelanea/mams02.pdf> Acesso em 05/08/2013.

Professor(a): Ainda temos um grande trabalho pela frente. Depois de revisados os contos e crônicas produzidos pelos alunos, é preciso organizar e editar o livro. Para digitar, pode-se solicitar a colaboração dos alunos, cada um pode entregar o seu texto digitado mantendo um formato padrão que pode ser orientado antecipadamente pelo(a) professor(a). Mas é necessário organizá-los, sugiro que os textos sejam organizados em ordem alfabética dos autores, seguindo a ordem: autor (sua crônica, seguida de seu conto). Para esta organização, pode-se formar uma equipe de alunos colaboradores que se disponham a trabalhar no contraturno acompanhados e orientados pelo(a) professor(a) . Sugere-se que, após o término das atividades de revisão do livro, ele seja revisado novamente por outro colega da área, para que não ocorra nenhum deslize. Na sequência, seja editado e divulgado em uma noite de autógrafos ou em um sarau em que os alunos leiam alguns textos para seus familiares e autografem os textos em seus livrinhos para os colegas. É um momento em que pode ser feita uma confraternização entre colegas e familiares. Um bom momento para reunir família e escola.

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ASSIS, Machado. O relógio de ouro. Disponível em: <http://www.bibvirt.futuro.usp.br> Acesso em 10 jul. 2013.

ASSIS, Machado. Vidros quebrados. Disponível em:

<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=

&co_obra=17891> Acesso em 10 jul. 2013

BORGATTO, Ana Maria Trinconi; BERTIN, Terezinha Costa Hashimoto; MARCHEZI, Vera Lúcia de Carvalho. Tudo é linguagem: língua portuguesa. 9º ano, 2ª ed. São Paulo: Ática, 2009. 304 p. CEREJA, William Roberto, MAGALHÃES Thereza Cochar. Português: linguagens, 9º ano. 5º ed. Reform. – São Paulo: Atual, 2009, 256 p. DEL NERO, Maria Siriani. Gêneros literários: conto; crônica; prosa: o conto e a crônica. Disponível em: <http://www.asesbp.com.br/literatura/prosa.htm> Acesso em 22 mai. 2013. FONTANA, Niura Maria; PAVIANI, Neires Maria Soldatelli; PRESSANTO, Isabel Maria Paese. Práticas de linguagem: gêneros discursivos e interação. Caxias do Sul,RS: Educs, 2009. 207 p. GOLDANI, Ana Maria, As famílias no Brasil contemporâneo e o mito da desestruturação, encontra-se no seguinte endereço: <http://www.pr5.ufrj.br/diversidade/images/As_fam%C3%ADlias_no_Brasil.pdf> Acesso em 02 Set. 2013. KOCH, Ingedore Villaça, ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de produção textual 2. ed., 1ª reimpressão – São Paulo: Contexto, 2012. 220 p.

Revista Na ponta do lápis (ano VII, número 18, dezembro de 2011, p. 22-27).

Memórias de livros. João Ubaldo Ribeiro.

SÉRGIO, Ricardo. Estudos literários: A crônica e o conto; A crônica; Tipos

de crônica. Disponível em: <

http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/2226899> Acesso em 22 mai.

2013.

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<http://www.brasilescola.com/portugues/figuras-linguagem.htm> Acesso em 28 Set. 2013.

VERISSIMO, Luis Fernando. As mentiras que os homens contam – Rio de

Janeiro: Objetiva, 2001. 166 p.

VERISSIMO, Luis Fernando. Comédias Da Vida Privada. Editora L&PM

Editores S/A; Porto Alegre: RS. 1995. 326 p.

VERISSIMO, Luis Fernando. Mais comédias para se ler na escola. – Rio de

Janeiro: Objetiva, 2010. 148 p.

VERISSIMO, Luis Fernando. Zoeira. Porto Alegre: L&PM, 1996, 110 p.

REFERÊNCIAS DA MÚSICA E VÍDEOS

Música Família (Titãs) <http://letras.mus.br/titas/48973/> Acesso em 10 Set. 2013

http://globotv.globo.com/globo-news/globonews-documento/v/machado-de-assis-o-romancista-e-sua-escrita/885849/ Acesso em 10 Set. 2013 http://www.youtube.com/watch?v=MFVepPmcLY4 (entrevista com Luis Fernando Veríssimo) Acesso em 10 Set. 2013

REFERÊNCIAS DAS IMAGENS Multimeiros.seed.pr.gov.br – recursos didáticos: fotografias: logos e ícones <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=3> Acesso em 20 Set. 2013