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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
O USO DO DICIONÁRIO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUA
ESTRANGEIRA MODERNA – INGLÊS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Autora: Profa. Regina Celia Zerger Gonçalves1
Orientadora: Profa. Dra. Karine Marielly Rocha da Cunha2
Resumo: Este artigo trata da intervenção pedagógica efetuada no CEEBJA-Poty Lazarotto, na cidade de Curitiba. O trabalho destina-se a capacitar o aluno da EJA na utilização do dicionário para a aprendizagem da Língua Inglesa, pois, acredita-se que se o aluno souber utilizar corretamente esse instrumento será capaz de trabalhar com todos os mais variados níveis de textos bem como interpretar os significados que eles carregam. A EJA, enquanto modalidade educacional que atende aos educandos trabalhadores tem como finalidade e objetivo o compromisso com a formação humana e com acesso à cultura geral, possibilitando ao educando a participação política nas relações sociais, com comportamento ético, através do desenvolvimento da autonomia intelectual e moral. Palavras-chave: Língua Inglesa. Dicionário. Leitura.
1. Introdução
Segundo os PCNs (1998), a aprendizagem de Língua Estrangeira contribui
para o processo educacional como um todo, indo muito além da aquisição de um
conjunto de habilidades linguísticas. Leva a uma nova percepção da natureza da
linguagem, aumenta a compreensão de como a linguagem funciona e desenvolve
maior consciência do funcionamento da própria língua materna. Ao mesmo tempo,
ao promover uma apreciação dos costumes e valores de outras culturas, contribui
para desenvolver a percepção da própria cultura por meio da compreensão da(s)
cultura(s) estrangeira(s). O desenvolvimento da habilidade de entender/dizer o que
outras pessoas, em outros países, diriam em determinadas situações leva, portanto,
à compreensão tanto das culturas estrangeiras quanto da cultura materna. Essa
compreensão intercultural promove, ainda, a aceitação das diferenças nas maneiras
de expressão e de comportamento.
Pelo exposto anteriormente podemos dizer que quando se fala de ensino de
língua estrangeira não podemos dissociar a cultura da língua. Um outro elemento
não dissociativo é o dicionário, ou melhor, o seu uso na sala de aula.
1 Professora de Língua Portuguesa e Inglesa, Licenciada em Letras português/Inglês pela Faculdade
de Ciências e Letras de Cascavel/FECIVEL. Especialização em Interdisciplinariedade IBPEX. 2 Professora do Departamento de Línguas Estrangeira Modernas do Setor de Ciências Humanas da
Universidade Federal do Paraná, DELEM/SCH/UFPR.
Podemos então indagar se o trabalho com o dicionário auxiliará o aluno da EJA no
processo de aprendizagem da Língua Inglesa.
Este projeto de intervenção pedagógica procura justificar o uso e a
importância do dicionário podendo ser também considerado como material didático a
ser usado por jovens e adultos do ensino fundamental fase 2, quando pretende-se
orientar os educandos quanto ao uso correto desse material.
2. Fundamentação Teórica
A escola de hoje precisa formar cidadãos mais preparados e qualificados para
um novo tempo. Para isso o ensino escolar deve contribuir para formar indivíduos
capazes de pensar e de aprender permanentemente, tornando-se críticos-reflexivos
para que compreendam os seus papéis na sociedade, cidadãos responsáveis e
conscientes de suas escolhas para transformar o meio em que vivem.
Segundo Paulo Freire (1986, p.56), “caracterizam-se como cidadãos os seres
humanos que são sujeitos e não objetos da história”. Para que isso aconteça, o
aluno precisa deixar de ser mero consumidor passivo da cultura para ser criador
ativo, consumidor crítico, fazendo uso da língua inglesa para agir pró-ativamente no
mundo em que está inserido.
Neste caso a Educação de Jovens e Adultos visa a oferta de uma educação
que considere o conhecimento de mundo do educando e promova a sua inclusão
social a fim de que o mesmo possa exercer sua cidadania e manter sua identidade
cultural.
Partindo deste pressuposto, o ensino de uma língua estrangeira, no nosso
caso a língua inglesa, requer muita atenção para que a aprendizagem se efetive.
Fatores como idade do aluno, contexto sócio cultural, material didático, abordagens,
metodologias, sistema de avaliação, dentre outros, são fundamentais para que o
professor determine suas práticas pedagógicas em sala de aula.
Um trabalho com a finalidade de capacitar o aluno da EJA com relação ao uso
do dicionário no processo de aprendizagem de língua estrangeira moderna se fez
necessário, pois o mesmo tem o foco na leitura e compreensão de textos. Assim,
tudo o que deve interessar no estudo culmina com a exploração das atividades
discursivas, pois no momento em que os alunos percebem que as atividades com o
texto são representações sociais, esses alunos terão uma atitude mais crítica em
relação à aprendizagem, pois segundo as DCEs (Paraná, 2008, p.65), o aluno deve
relacionar a nova informação aos seus saberes adquiridos ao longo da vida.
Segundo o documento oficial que organiza o ensino de línguas estrangeiras
modernas (DCEs-Paraná,2008) ressalta que o ponto de partida das línguas deve ser
o texto, verbal e não verbal, e o aluno deve relacionar a nova informação a seus
saberes adquiridos ao longo da vida, no caso da EJA, o aluno traz uma bagagem
maior de saberes, comparado ao do aluno da escola regular
Para Antunes (2007, p.63), “o texto não é a forma prioritária de usar a língua.
É a única forma”. Portanto, se o aluno não tiver o conhecimento de como utilizar
adequadamente o dicionário poderá perder a oportunidade de explorar esse texto de
uma forma mais consciente e eficaz, é através da leitura que é possível integrar as
demais habilidades linguísticas.
Assim o trabalho pedagógico com textos leva à problematização e à busca
por uma solução. O que implica em incentivar o aluno a desenvolver uma prática
analítica-crítica, a ampliar seus conhecimentos linguísticos culturais e a reconhecer
as implicações sociais, históricas e ideológicas presentes em um discurso.
Desta forma, sendo o dicionário um apoio para a construção de nossa rede de
conhecimentos linguísticos podemos trabalhar todos os gêneros textuais, desde que
seja respeitado o desenvolvimento desses alunos.
Faz-se necessário que o aluno da EJA, saiba utilizar de forma adequada o
dicionário, cabe então ao professor orientar o aluno para que o mesmo não fique
apenas no denotativo, e levá-lo a uma leitura mais profunda, ou seja, uma leitura
que o conduz ao nível conotativo, que pode ser metafórico, figurado, cultural, bem
como diferenciar as atividades quanto ao nível línguístico dos aprendizes. O uso
desse livro, normalmente alfabético, pode supor o descobrimento das estratégias
adequadas para tirar as dúvidas que lhes se apresentam e para adquirir consciência
da necessidade de um uso responsável da língua.
A questão norteadora para a elaboração do projeto de intervenção
pedagógica na escola surgiu a partir da experiência ao longo dos anos de ensino em
sala de aula, constatando que os alunos da EJA, principalmente no ensino
fundamental, não sabem utilizar um dicionário como também não foram orientados a
explorar esse material rico em informações, informações essas que iniciam no uso
da ordem alfabética do dicionário, pois se o aluno não souber utilizar o alfabeto
corretamente, poderá levar muito tempo para consultar uma palavra, assim como ter
conhecimento de que no dicionário ele poderá encontrar significados diferentes para
a mesma palavra,como também divisão silábica, fonética da palavra, plural dos
substantivos, lista de verbos irregulares, numerais, expressões, gírias, termos de uso
informal, mapas, relações de países e de gentílicos, etc.
Acredita-se que com um trabalho voltado para o uso do dicionário no
processo de aprendizagem de língua estrangeira moderna na EJA, esses alunos
que estão fora de sala de aula há muitos anos, ou foram alfabetizados de forma
precária possam fazer deste material um aliado na aquisição do conhecimento pois
nossa tradição escolar não dá ao léxico e à sua aquisição a atenção que merecem.
Essa carência pode ser talvez pela própria formação docente, em que se privilegia a
análise gramatical, subtraindo tempo e espaço preciosos para a reflexão sobre o
texto de modo mais amplo e sobre a palavra, que é, por assim dizer, um texto em
miniatura, com sua forma, sua função, seus sentidos virtuais à espera de
atualização, sua história particular, sua carga cultural etc.
Tendo o aluno o conhecimento da gama de informações que pode conter um
dicionário poderá durante os seus estudos explorar o dicionário nas mais variadas
formas.
O ensino aprendizagem de Inglês na EJA, tem como finalidade contribuir para
a ampliação do repertório linguístico cultural, para a quebra de preconceitos e
estereótipos, assim como facilitar o acesso a novas tecnologias, a participação social
e o ingresso no mundo do trabalho no contexto da globalização, pois as línguas
estrangeiras no mundo contemporâneo constituem veículo de comunicação e o
dicionário pode proporcionar de certa forma essa comunicação.
3. Procedimentos Metodológicos
Este trabalho é fruto do programa Plano de Desenvolvimento Educacional –
PDE realizado no Estado do Paraná em parceria com a Universidade Federal do
Paraná (UFPR) em 2013 e 2014.
Os passos que foram trilhados até a produção deste artigo foram: a
elaboração do projeto de intervenção pedagógica, sendo o mesmo baseado em
pesquisas bibliográficas, de ação e aplicada, a elaboração da produção didático
pedagógica, a elaboração e a realização do GTR sendo o GTR aplicado ao mesmo
tempo em que estava ocorrendo a implementação da produção didático-pedagógica
na escola.
O projeto de intervenção pedagógica na escola foi elaborado no 1º semestre
de 2013 com o tema “O Uso de Dicionários”. O projeto teve como objetivo favorecer
a aprendizagem de Língua Estrangeira Moderna-Inglês através do uso do dicionário,
oportunizando o contato do aluno da EJA com o mesmo, e desta forma atingir os
demais objetivos propostos no projeto de intervenção.
A produção didático-pedagógica, Unidade Pedagógica, foi elaborada no
segundo semestre de 2013. Esta unidade objetiva trabalhar com textos significativos
e é composta de quatro partes: introdução, onde foi feita uma reflexão da presença
do inglês no nosso dia a dia, bem como falou-se do alfabeto, pois saber utilizá-lo
corretamente facilita e agiliza na busca por uma palavra. Na primeira parte iniciou-se
por leituras de texto sobre a cidade Curitiba e seus pontos turísticos. Na segunda
parte iniciou-se por textos sobre cidades brasileiras. Os alunos leram textos das
cidades do sul do Brasil, Porto Alegre, Gramado e Canela e dando segmento eles
leram textos de cidades do nordeste do Brasil, Salvador e Natal. Na terceira e última
parte, foi trabalhada a parte internacional, os alunos leram textos sobre a cidade de
Londres.
Desenvolveu-se o Grupo de Trabalho em Rede (GTR) no ambiente Moodle no
1º semestre de 2014, iniciando-se os trabalhos em março e terminando em maio. Os
professores participantes do GTR eram de diferentes cidades do Paraná, cada um
com sua realidade e lecionando em várias modalidades de ensino: Ensino
fundamental, Ensino Médio regulares, EJA (fundamental e médio). Como tutora, foi
repassado a teoria, textos de fundamentação teórica sobre o papel do dicionário na
aprendizagem de língua estrangeira moderna. Em seguida foi apresentada a
produção didático-pedagógica com as atividades propostas. Tudo foi analisado e
discutido pelos participantes no espaço do forum durante o GTR, os mesmos leram
e aplicaram em suas escolas conforme suas realidades e também contribuíram
dando sugestões de outras atividades.
A implementação da proposta de intervenção pedagógica ocorreu no
CEEBJA-Poty Lazarotto, envolvendo alunos do ensino fundamental fase 2 no
período noturno.
4. Implementação
Baseando-se nas propostas para o ensino de Língua Estrangeira que tem
como prioridade o desenvolvimento da leitura com aulas centradas na construção do
conhecimento as aulas foram ministradas na língua materna bem como as
discussões sobre os textos.
A EJA é uma modalidade de ensino com características próprias, na qual o
aluno estuda por disciplina, cada qual com uma carga horária específica. No caso do
inglês, a carga horária total a ser cumprida pelo aluno é de 256 horas/aula para
conclusão do Ensino Fundamental fase 2.
A implementação foi realizada em uma turma com duas horas/aula por dia,
cinco vezes na semana totalizando 10 horas/aula semanais.
No primeiro momento, apresentou-se o projeto de Intervenção Pedagógica e
a Produção Didático-Pedagógica, para a direção, equipe pedagógica e professores
na semana de capacitação pedagógica, no início do ano letivo de 2014. Todos
mostraram interesse e se disponibilizaram em colaborar para a efetiva
implementação das atividades.
Em um segundo momento, foi apresentado no primeiro dia de aula a
produção didático-pedagógica aos alunos, pois ao ser feita a conscientização da
presença do uso do inglês no nosso cotidiano já apresentou-se o material aos
mesmos. O qual está dividido em quatro partes.
Na primeira parte do material foram feitos questionamentos sobre quais
palavras em inglês eles conheciam, a maioria respondeu que não conhecia
nenhuma palavra em inglês, então são colocadas palavras como pet shop, top,
delivery, hot dog, cookies, etc..., este é o momento em que eles percebem que estas
palavras estão no nosso dia a dia. Também nessa parte fala-se do dicionário, se eles
já usaram algum dicionário, se eles têm o hábito de procurar no dicionário palavras
que não conhecem o sentido, se eles conhecem o dicionário bilíngue, e a
importância do alfabeto para saber procurar com maior agilidade a palavra desejada.
Após estes questionamentos foi apresentada aos alunos a primeira parte da
produção didático pedagógica a qual denomina-se introdução. Já na primeira página
foi apresentada a imagem de uma página do dicionário Michaelis online. Essa
página contém a grafia da palavra can, a qual possui duas definições diferentes.
Nesse momento foi lido e explicado aos alunos que uma mesma palavra pode ter
significados diferentes, bem como pertencer a outra classe gramatical dependendo
do contexto em que a palavra está inserida. Havia alguns exercícios propostos com
objetivo de o aluno praticar para entender a explicação dada anteriormente, os
alunos foram resolvendo as questões propostas com as devidas orientações, e em
seguida foi feita a correção a fim de sanar as dúvidas. Ainda na introdução havia
exercícios para a prática do alfabeto, onde os alunos procuravam palavras iniciando
com várias letras do alfabeto, e também exercícios de spelling, ou seja, o exercício
em que as letras são soletradas formando as palavras, após a correção da grafia os
alunos relacionavam as definições em português às palavras em inglês procurando-
as no dicionário.
A segunda parte é composta por textos sobre a cidade de Curitiba, essa parte
inicia-se com algumas informações sobre a capital do Paraná. Em um dado
momento é feita uma pergunta em que parte do estado está situada Curitiba, a
maioria respondeu que fica no leste do Paraná, porém alguns alunos achavam que
fica no sul do Paraná, então, foi explicado que o Paraná fica ao sul do Brasil e que
Curitiba fica no leste do estado, assim como Curitiba também tem as regiões leste,
oeste, norte e sul. Foi muito interessante, pois já estava previsto nessa parte a
pesquisa dos pontos cardeais em inglês. Após, foi lido um texto em inglês sobre a
capital do estado do Paraná e em seguida havia exercícios que possibilitavam o
trabalho com o vocabulário. Apesar do foco desse trabalho ser o uso do dicionário,
procurou-se deixar claro aos alunos a importância de não ficarem totalmente
dependentes do dicionário, e que existem estratégias de leitura que pode ajudar na
compreensão do texto como por exemplo a localização das palavras cognatas e com
um certo grau de transparência me relação à língua portuguesa. Terminado os
exercícios de vocabulário e compreensão do texto, foi feito uma reflexão sobre os
problemas que as grandes cidades enfrentam e como de alguma forma somos
também responsáveis começando com nossa participação como cidadãos inclusive
na hora de escolhermos nossos dirigentes. Ainda nessa parte foi apresentado aos
alunos textos sobre alguns pontos turísticos de Curitiba, procurou-se estabelecer de
certa forma uma relação entre alguns lugares. Primeiramente foi apresentado o texto
sobre a Praça Tiradentes - a primeira praça de Curitiba e marco zero de Curitiba - e
em seguida o Paço da Liberdade - o qual já foi sede da Prefeitura de Curitiba. Foram
propostos exercícios de vocabulário e uma interpretação do texto. Posteriormente,
os alunos leram mais dois textos sobre a Rua das Flores - o primeiro calçadão do
Brasil - e o outro sobre a Universidade Federal do Paraná - a primeira Universidade
do Brasil. Para finalizar essa parte foi apresentado textos sobre o Passeio Público –
considerado o primeiro parque de Curitiba e que também já teve o nome de Jardim
Botânico - e sobre o ponto turístico mais visitado de Curitiba: o Jardim Botânico.
Nessa parte já foram propostos exercícios um pouco mais complexos, em um dos
exercícios era fornecida duas definições para as palavras onde os alunos tinham que
escolher a palavra certa para o texto, esse exercício tinha o objetivo de mostrar aos
alunos o que já havia sido explicado anteriormente, ou seja, que às vezes uma
palavra pode ter mais de um significado, bem como pertencer a uma outra classe
gramatical. O outro exercício tinha a tradução dos textos só que as frases estavam
misturadas, os alunos tinham que separar as frases e montar os textos em
Português. Ainda houve mais um exercício onde solicitou-se que os alunos
procurassem no dicionário, a palavra one, a qual estava substituindo a palavra gate
no texto, então aproveitou-se a oportunidade para reforçar a explicação anterior, que
uma palavra pode ter vários significados dependendo do contexto. Essa parte foi
muito produtiva, pois despertou interesse nos alunos uma vez que possuía
informações por eles desconhecidas.
Na terceira parte foram trabalhados textos de cidades da região Sul do Brasil,
Porto Alegre, Gramado e Canela, e depois cidades da região nordeste, Salvador e
Natal. Todos os textos trouxeram informações relevantes aos alunos, como por
exemplo uma informação muito interessante foi da capital do Rio Grande do Norte,
Natal, a qual tem em média 320 dias de sol por ano; Salvador uma das dez cidades
mais antigas do Brasil; Porto Alegre é uma das cidades mais arborizadas do Brasil e
Gramado e Canela cidades gêmeas, ambas com muitas semelhanças. Quanto ao
exercício relacionado a cada texto, no texto referente à Porto Alegre, além de
apresentar o vocabulário e a interpretação havia um exercício onde os alunos
deveriam encontrar as palavras com significados opostos no texto, ou seja, os
antônimos. Nos textos referentes à Gramado e Canela, foi diversificado o exercício,
o qual pedia para os alunos organizarem a tradução dos textos, pois as frases
estavam misturadas. No texto da cidade de Salvador, o exercício de vocabulário, era
relacionar as definições com as palavras, na outra atividade foi fornecido a tradução
do texto, só que de forma desordenada, então foi solicitado que os alunos
numerassem as frases de acordo com o texto em inglês. Ainda na segunda parte da
produção, foi apresentado aos alunos um texto sobre a cidade de Natal, o qual tinha
muitas informações interessantes como por exemplo, que próximo a essa cidade
existe o maior pé de cajueiro do mundo, que na praia de Jenipabu o turista sente-se
como se estivesse no deserto, pois lá, eles podem fazer passeios a camelo entre
ouras curiosidades.
Enfim, usando a língua inglesa os alunos entraram em contato com a sua
própria cultura. E na quarta e última parte eles conheceram um pouco sobre a
cidade de Londres, capital da Inglaterra onde foi feito um breve histórico sobre a
língua inglesa. Nessa parte para resolver as questões de vocabulário os alunos
utilizaram o dicionário online, os mesmos foram até o laboratório de informática da
escola, entraram na página do diaadiaeducação do estado do Paraná e lá
pesquisaram as palavras das quais desconheciam o significado. No caso o exercício
proposto era uma interpretação do texto sobre Londres, onde enfatizava algumas
atrações turísticas como o ônibus vermelho de dois andares, a cabine telefônica
também vermelha, os pubs, e ainda havia um vídeo sobre Londres, onde foi
recomendado que os alunos acessassem o site para assisti-lo, foi solicitado também
que observassem no vídeo algumas informações lidas no texto sobre Londres, e que
retirassem do vídeos duas atrações. Pode-se observar que para alguns alunos foi a
primeira vez que tiveram a oportunidade de entrar em contato com essa ferramenta,
é claro que foi necessário um maior acompanhamento a esses alunos, porém
ficaram motivados em conhecer e pesquisar no computador. Foi muito gratificante
essa experiência, pois além dos aprendizes estarem em contato com a língua
inglesa eles tiveram em contato com esse recurso tão indispensável na atual
realidade, a internet. Essa última parte foi encerrada com a música London London
composta por Caetano Veloso, onde tiveram a oportunidade de conhecer em que
contexto histórico a música foi composta.
O GTR ocorreu concomitantemente à implementação. Nele os professores
participantes puderam aprofundar teoricamente e discutir com os colegas nos fóruns.
A interação e participação foram ótimas. De acordo com os professores o GTR foi
para muitos um enriquecimento e além de uma grande possibilidade de interagir com
professores de outras cidades. O nosso grupo era composto por quinze professores,
sendo que apenas um professor não concluiu. O curso foi dividido em três temáticas,
na primeira os professores participaram de um Fórum e um Diário. No Fórum da
primeira temática foi apresentado aos cursistas o projeto de intervenção pedagógica
na escola, e alguns questionamentos para reflexão.
No diário da primeira temática, a proposta foi um relato sobre a pertinência e a
possibilidade de implementação do projeto analisado na Escola Pública. Houve um
consenso entre os cursistas em relatar que o uso do dicionário no ensino
aprendizagem de uma língua estrangeira é uma ferramenta importante.
No fórum da segunda temática, foi socializada a produção didático
pedagógica com os professores cursistas, o que possibilitou a troca de ideias e
metodologias relacionados à produção. Nesse fórum foi perguntado aos professores
se eles usariam o material em suas aulas, e se havia alguma atividade que mais se
destacou. Entre todos os participantes do GTR, todos elogiaram o material
apresentado, bem como já estavam usando em suas aulas. Como havia
professores de outras cidades do estado, eles relataram que na parte referente à
Curitiba, os alunos que não conheciam a capital ficaram maravilhados com as
gravuras. Enfim todos os professores relataram que o material é aplicável em salas
de aula não só da EJA como também algumas atividades são possíveis de ser
aplicadas em turmas regulares do ensino fundamental fase 2. Também surgiram
sugestões de atividades as quais acolhemos.
No diário da segunda temática, foi solicitado aos professores a avaliação
quanto a aplicabilidade e uso do material apresentado, assim como no fórum os
participantes foram unânimes nas opiniões positivas, pois todos disseram que
usariam o material mesmo que com algumas adaptações.
Na última temática, os cursistas participaram de dois Fóruns, no primeiro foi a
socialização do tutor com os participantes referente aos avanços e desafios
enfrentados durante a fase de implementação do projeto na escola. A tarefa dos
cursistas era a reflexão e opinião sobre os resultados apresentados, com o intuito de
contribuir para o desenvolvimento do trabalho em questão. O item relato de
experiência teve uma grande contribuição por parte dos cursistas pois alguns
escolheram algumas atividades e aplicaram em suas turmas, relatando o resultado
das mesmas, além do que alguns professores sugeriram outras atividades, entre
uma delas estava a de programar visitas com os alunos aos lugares apresentados
na produção didático pedagógica.
Outra atividade sugerida e acolhida foi um exercício onde os alunos
procuraram no dicionário a classificação gramatical das palavras, pois os mesmos
sentiam uma certa dificuldade em escolher a palavra adequada para a compreensão
do texto. Este exercício foi criado com um o objetivo de mostrar para os alunos as
diferentes classificações e significados que pode ter uma palavra em um texto. Por
exemplo, a palavra cloud, substantivo que é nuvem, no sentido figurado pode ser
tristeza ou desgraça, já a outra palavra cloudy, adjetivo que significa nublado, triste
confuso. Outro exemplo, a palavra rain, substantivo que significa chuva, e outra
rainy, adjetivo, que significa chuvoso, já a palavra love pode ser substantivo tendo
como significado amor ou, verbo e, por sua vez, significando amar. Dessa forma foi
se esclarecendo as possibilidades de significados que uma palavra pode oferecer e
a importância desse conhecimento ao consultar um dicionário, seja ele impresso ou
digital.
5.Considerações Finais
A implementação da produção didático pedagógica na escola foi realizada
com sucesso. Pode-se observar uma mudança de comportamento nos alunos
durante as aulas de inglês, pois assim que chegam na sala já pegam um dicionário
mesmo que naquela aula não seja necessário o seu uso, de certa forma o dicionário
acabou tornando-se um material didático, como também gerou uma certa autonomia
em procurar uma determinada palavra. Este resultado está possibilitando que
atualmente as atividades propostas para o projeto continue sendo aplicadas em uma
segunda turma, pois a disciplina de Inglês na EJA se dá semestralmente. O material
já está disponibilizado no setor aos professores que tiverem interesse em utilizar o
mesmo.
Para finalizar, concluímos que não existe nada pronto nem perfeito, o que
existe são sugestões e possibilidades as quais sempre podem ser aproveitadas e
melhoradas é o caso dessa produção didático pedagógica.
A produção didático pedagógica e a sua aplicação foi finalizada com a
citação de Morais (1998) que nos faz refletir:
“Para usar o dicionário temos que ser “sabidos”! Na verdade precisamos ter uma série de conhecimentos para poder ter acesso às informações ali organizadas. Só à medida que vamos nos tornando mais letrados podemos usufruir adequadamente do que um dicionário tem a nos oferecer”.
6. Referências
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