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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · Língua Portuguesa e da Educação Básica com concentração em Educação InMagistério fantil e Séries ... As Diretrizes Curriculares

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

O DESPERTAR DA MAGIA NAS (RE)LEITURAS CONTEMPORÂNEAS

Lusinete dos Reis¹ Paula Ávila Nunes²

RESUMO: Este artigo apresenta o percurso de elaboração e implementação do projeto de intervenção pedagógica produzido para o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, cujo objetivo é o incentivo à leitura nos alunos, a partir do gênero conto de fadas. O projeto foi aplicado em turmas de 6º ano do ensino fundamental, no ano de 2014, no Colégio Estadual Afonso Pena, em São José dos Pinhais, PR. O objetivo da aplicação desse projeto foi o de explorar os contos de fadas e suas releituras por meio da intertextualidade para ampliar e promover a fruição por parte dos alunos e resgatar a cultura do hábito da leitura que vem se perdendo ao longo do tempo. Partiu-se da visão de que a leitura é uma forma para se obter conhecimentos, ampliar o vocabulário e adquirir o pensamento crítico, sendo fundamental no desenvolvimento do ser humano. Assim a escola, por sua vez, possui um papel importantíssimo nesse hábito da leitura, com o objetivo de formar cidadãos pensantes, com opiniões próprias e força de caráter, o que começa com o maior destaque à Literatura Infantil para crianças.

Palavras-chave: Leitura; Conto de fadas; Literatura Infantil; Clássicos.

Introdução

O presente artigo tem como finalidade expor e analisar criticamente o projeto de

intervenção pedagógica desenvolvido para o Programa de Desenvolvimento

Educacional (PDE) e desenvolvido com alunos do 6º ano do Ensino Fundamental, cujo

tema foi as releituras contemporâneas de contos de fadas como forma de fomento e

incentivo à leitura. O referido trabalho baseia-se no material didático que foi

implementado no primeiro semestre do ano de 2014, no Colégio Estadual Afonso Pena,

em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba.

O tema escolhido pauta-se no entendimento de que é através da leitura que se

obtém maior conhecimento, além de ampliar o vocabulário e adquirir pensamento

crítico que torne os leitores cidadãos pensantes.

A falta de interesse, de muitos alunos, em relação à leitura é notória, por isso,

tornou-se necessário elaborar um projeto para ajudar a sanar essa dificuldade e

despertar no aluno o interesse, o gosto e o prazer pela leitura.

1 Professora de Língua Portuguesa na rede estadual de ensino do Estado do Paraná desde 1996, graduada em Letras Português/ Inglês PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) e pós graduada em Metodo log ia do Ens ino de L íngua Por tuguesa e Magistério da Educação Bás ica com concent ração em Educação Infant i l e Sér ies In ic ia is do Ens ino Fundamental , e participante do Programa de Desenvolvimento Educacional de Estado do Paraná PDE – turma 2013, com lotação no Colégio Estadual Afonso Pena – Ensino Fundamental e Médio- São José dos Pinhais – PR, NRE, e-mail [email protected]. 2 Professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná; Doutora pelo Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande Do Sul., e-mail [email protected].

A leitura é uma atividade que deve acontecer corriqueiramente, uma

habilidade a ser construída desde cedo. É uma forma de se obter

conhecimentos, ampliar o vocabulário e adquirir o pensamento crítico. As

pessoas leem para entender, conhecer, sonhar, viajar na imaginação e também

leem por prazer, por curiosidade, leem para a construção da sociedade e para

a formação de si mesmas, enquanto seres humanos.

Destarte, de todas as tipologias textuais e suportes que nos rodeiam a

leitura literária é a que tem o poder de suprir uma necessidade do ser humano:

a de responder as inquietudes, os problemas que o mundo real não consegue.

A ficção transporta o leitor a um mundo sublime, mas não vago, onde nos

apoderamos de sua magia e vamos recontando e reconstruindo nossa própria

vivência como homem e nossas atitudes na sociedade.

O trabalho demonstra que é possível proporcionar aos alunos

momentos de prazer, de liberação a imaginação e, a o me s mo t e m po ,

d e a qu i s i ç ã o d o conhecimento, capazes de enriquecer sua capacidade

de produção escrita e crescimento intelectual.

Para entender melhor a necessidade de aplicação deste projeto, faz

se necessário entender e conhecer os motivos que levaram à escolha desse

tema para elaboração do projeto de intervenção.

A falta de interesse, de muitos alunos, em relação à leitura é uma

questão social que começa em casa, junto de sua família. Muitos pais não

leem ou não contam histórias para seus filhos, na menor idade, por não

terem esse hábito e acharem que a leitura não os beneficiará. Algumas

mães, ao invés de conversar, ler, contar histórias aos seus bebês, os

colocam em frente a uma televisão, dão tablets ou celulares e os deixam lá

durante horas, para terem tempo de limpar a casa e realizar outros afazeres.

A situação, em relação à leitura, se agrava muito mais com a

desvalorização dos professores, que muitas vezes não têm tempo de preparar

uma boa aula, estão desmotivados financeiramente, têm que dar conta do

conteúdo de Língua Portuguesa, que é longo, e têm que lidar com situações de

carência e autoestima que as crianças trazem de uma sociedade violenta.

Lajolo (2001, p.12) apresenta em sua obra, “Do mundo da leitura para a leitura

do mundo”, uma pesquisa feita com professores de diferentes escolas que

representam uma grande maioria, e explanam os principais problemas com a

leitura, que são os mesmos em todo o país:

- As crianças não têm hábito de leitura: a maioria só lê obrigada; - Muitos não leem com a desculpa de não terem tempo; - Os alunos só fazem determinada atividade se forem exigidos e bem estimulados: do contrário, têm preguiça de ler; - Só a leitura e o incentivo pelos bons autores, poderá melhorar a escrita e a oralidade dos alunos, cada vez mais pobre e restrita pela mídia televisiva. (Lajolo, 2001, p.12)

A escola, em parte, é bastante responsável por essa desmotivação. Nas

escolas municipais, do 1º ao 5º ano, os alunos são acostumados a ler, porém

não conseguem compreender, de maneira eficaz, o que estão lendo. Os PCNs,

“Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa”, (1997, p.42) também

colocam esse problema em que a “escola vem produzindo grande quantidade

de ‘leitores’ capazes de decodificar qualquer texto, mas com enormes

dificuldades para compreender o que tentam ler.” Muitas dessas escolas não

envolvem o aluno nessa leitura e acabam não ajudando-os a apreender e

vivenciar o que estão lendo, mesmo sabendo que a leitura contribui para a sua

formação crítica. As Diretrizes Curriculares da Educação Básica (2008, p.71)

acrescentam que: “o professor precisa atuar como mediador, provocando os

alunos a realizarem leituras significativas. Assim, o professor deve dar

condições para que o aluno atribua sentidos a sua leitura”

Ana Maria Machado (2002, p. 22) afirma em seu livro, “Como e por que

ler os clássicos universais desde cedo”, que “quando lemos um clássico, ele

também nos lê, vai nos revelando nosso próprio sentido, o significado do que

vivemos”. A escola possui um papel importantíssimo, nesse hábito da leitura

que tem por objetivo formar cidadãos com opiniões próprias. Os contos de

fadas podem aprimorar as habilidades de audição, escrita e oralidade dos

alunos, tanto dentro da escola, como também nas relações sociais.

A presença desses clássicos ajudará as crianças a criarem sua

identidade. Muitos autores dedicaram-se à explicação do valor formativo na

narração dessas histórias. O mundo encantado tem o poder de criar

expectativa e ampliar o sonho e a magia para que a criança saiba lidar com

seus impulsos contraditórios a partir da luta entre o bem e o mal, com uma

visão voltada ao mundo real.

Embasamento teórico

Este projeto embasou-se no trabalho de diversos autores que abordam a

importância da leitura dos contos de fadas na vida da criança, na formação de

sua personalidade e no desenvolvimento de um pensamento crítico e reflexivo,

possibilitando-os compreender diferentes gêneros textuais que ampliam a

aprimoram seu vocabulário, sua leitura, oralidade e escrita.

O aluno, mesmo que ainda não consiga entender o que está lendo, já

consegue estabelecer interação com o texto a partir das ilustrações nele

presentes. No livro, A psicanálise dos contos de fada, Bruno Bettlheim (1980, p.

76) lembra que “a ilustração dirige a imaginação da criança para um caminho

diferente do que, por conta própria, experimentaria”. Eis o motivo pelo qual o

trabalho com contos de fadas foi bastante produtivo para o aprimoramento da

capacidade leitora, e a escola, em âmbito geral, tem o papel fundamental de

ajudar esse aluno na prática de leitura de vários gêneros textuais. É o que

sustenta Maria Auxiliadora Cavazotti (2009, p. 60), no seu livro “Alfabetização e

letramento”, ao afirmar que A leitura de um texto não é mera decodificação de sinais

gráficos, mas a busca de significações marcadas pelo processo de produção do texto e também pela produção da leitura. Por essa razão, o professor precisa ter clareza sobre a função dos textos com os quais trabalha com os alunos e verificar, inclusive, em que contexto eles podem ou não ser alvo da interpretação crítica. (Cavazotti, 2009, p. 60)

Além disso, os livros de Literatura, principalmente os clássicos, são

instrumentos educativos. A ficção e a magia fortalecem os valores e incentivam

a criança a obter mais conhecimento. Lajolo e Zilbermann (1985, p. 76)

afirmam em seu livro, “Literatura infantil brasileira: Histórias e Histórias”, que “a

educação é um meio de ascensão social, e a literatura, um instrumento de seus

valores”. Dessa forma, a leitura tem relevância não só pedagógica como

também social. Diana Lichtenstein Corso e Mario Corso (2011, p. 13) também

afirmam em sua obra, “A psicanálise na Terra do nunca “que:

A ficção não é apenas uma forma de diversão, é também o

veículo através do qual se estabelece um cânone imaginário utilizado para elaborar algum aspecto da nossa subjetividade ou realidade social. As personagens e suas histórias apresentam situações típicas sobre determinada questão para que isso possa ser compartilhado, elaborado, assim como utilizado como parâmetro para nossa vida. Nossas histórias favoritas acabam sendo fontes de inspiração e identificação, refinam ou embrutecem nossa sensibilidade, nos ampliam ou cerceiam os horizontes, ajudam a penetrar na realidade ou a evita-la, sendo, portanto, decisivas para o que nos tornamos. (Corso & Corso, 2001, p.12)

Os professores de português devem dominar esses aspectos dos

clássicos infantis. É essencial que tenham conhecimento de que essa literatura

não foi, desde seu início, pensada para o público infantil. Os contos não eram

específicos para crianças: eles serviam para distrair os camponeses durante as

noites frias, que ficavam em volta de fogueiras, fugindo do frio, da fome e dos

perigos que os cercavam. Um bom contador distraia e encantava a sua plateia,

e, graças a eles, essas histórias foram se espalhando por toda parte e

sobreviveram na memória dos ouvintes.

Por volta do século XVII, o francês Charles Perrault ouviu essas histórias

e resolveu publicá-las, de uma forma simples e elegante. Transformou os

contos tradicionais e anônimos da memória popular em contos para crianças

da corte real, narrando os em verso e em prosa

Mais de um século depois, em 1812, na Alemanha, dois irmãos, Jacob e

Wilhelm Grimm, apaixonados por contos, tiveram a mesma ideia de Perrault e

pesquisaram histórias, adaptando-as para a literatura infantil, com o objetivo de

preservar o patrimônio literário alemão e disponibilizá-los a todos.

O dinamarquês Hans Christian Andersen (1805-1875), considerado por

muitos como o pai da literatura infantil, destacou-se justamente por escrever

seus contos diretamente para as crianças e conquistou reconhecimento

mundial com seu extraordinário talento. Soube como ninguém, descrever o

desejo da população, seu cotidiano e o sofrimento observado nas crianças

menos favorecida e pobres.

Nas histórias infantis, as fadas são seres imaginários que retratam

beleza, bondade, magia, e resolvem num passe de mágica o conflito existente

com seu pozinho mágico ou com apenas um toque da varinha de condão. Essa

magia existente nos contos renova-se sempre fazendo com que a criança

tenha o prazer de ler/reler sem perder o fascínio e encantamento.

Sendo assim este trabalho pretende ser um instrumento para ajudar,

instigar, e incentivar o hábito da leitura e a busca por novas leituras.

Implementação do projeto

A implementação foi desenvolvida no primeiro semestre do ano de 2014,

com alunos do 6º ano, sendo que nas primeiras aulas apresentou-se o projeto,

exaltando a importância da leitura na construção do conhecimento, na

ampliação do vocabulário, no pensamento crítico e na habilidade e criatividade

da produção de texto.

Na primeira etapa, conforme o método organizado na obra, “Literatura –

a formação do leitor: alternativas metodológicas”, por Bordini & Aguiar (1993),

foi efetuada uma sondagem para detectar o perfil dos alunos, suas vivências

pessoais, crenças, valores, estilo de vida e o grau de interesse literário da

turma.

Foram apresentados alguns textos, imagens de alguns personagens e

houve o debate de algumas questões para verificar o conhecimento prévio das

crianças em relação aos contos de fadas. A partir desse conhecimento iniciou-

se uma preparação do aluno para a leitura de alguns clássicos.

Na segunda etapa, para atender o horizonte de expectativas, foram

apresentadas atividades q u e satisfizessem as necessidades literárias da

turma em dois sentidos. Primeiro fizeram um reconhecimento da origem dos

contos de fadas. No segundo, foram ofertadas algumas leituras de contos de

fadas para que correspondessem às expectativas, despertando, assim, a

curiosidade e o gosto pela leitura.

Os alunos foram até a biblioteca e sala multimídia, fizeram uma

pesquisa individual e escrita, sobre a vida e a obra dos principais autores:

Charles Perrault, Irmãos Grimm e Hans Christian Andersen, pesquisaram

também a origem dos contos de fadas que mais as atraíram. Alguns alunos

ficaram assustados, porém curiosos quando leram um trecho da história de

Chapeuzinho Vermelho, editado no livro “Fadas no divã: Psicanálise nas

Histórias Infantis”, onde Diana Lichtenstein Corso e Mario Corso (2006, p. 15)

apresentam um trecho da obra, resgatando a maneira como eram contadas

pelos habitantes camponeses, nas noites de inverno, quando se reunião ao

redor das fogueiras, fugindo do frio. Certo dia, a mãe de uma menina mandou que ela levasse um

pouco de pão e leite para sua avó. Quando caminhava pela floresta, um lobo aproximou-se e perguntou-lhe onde ia.

- Para a casa da vovó. - Por qual caminho, o dos alfinetes ou o das agulhas? - O das agulhas.

O Lobo saiu pelo caminho dos alfinetes e chegou primeiro à casa. Matou a avó, despejou seu sangue numa garrafa, cortou a carne em fatias e colocou numa travessa. Depois, vestiu sua roupa de dormir e deitou na cama, à espera. Pa, pam. - Entre querida. - Olá, vovó. Trouxe um pouco de pão e leite. - Sirva-se também, querida. Há carne e vinho na copa. A menina comeu o que foi oferecido, enquanto um gatinho dizia: “menina perdida! Comer a carne e beber o sangue da avó!” (...) (Corso & Corso, 2006, p.15)

Retornando à sala de aula apresentaram as pesquisas aos colegas e ao

professor.

Em seguida, foram ofertados alguns textos dos contos de fadas

tradicionais e atividades diversas, para que os alunos relembrassem as

histórias que já ouviram ou já leram. Para terem mais facilidades de trabalhar

com as releituras posteriormente. Dentre elas: Bela Adormecida, Cinderela, A

Bela e a Fera, Branca de Neve e os Sete Anões, A Pequena Sereia e

Chapeuzinho Vermelho.

Para finalizar esta etapa escolheram uma das histórias tradicionais e

acrescentaram personagens de outros contos de fadas para compor a nova

história, sem alterar a essência do conto original. Após o término do texto

apresentaram para os demais colegas.

Nesta nova etapa, o trabalho com os alunos visou propiciar a ruptura do

rompimento de expectativas das crianças, além de criarem novos horizontes

para expandir os conhecimentos pré-existentes rumo aos novos desejos e

objetivos.

Os alunos fizeram leitura dos textos “História do Shrek”, “Contos de

Fadas do Século XXI”, assistiram ao primeiro filme do “Shrek” e fizeram

atividades relacionadas aos textos. Em seguida fizeram comparações entre os

textos tradicionais, lidos na etapa anterior, com a releituras apresentadas nesta

unidade, com o objetivo de verificarem a importância de resgatar o

conhecimento adquirido, a tradição literária e as relações de sentido das

releituras que rompem as expectativas do que já conhecem.

Na quarta etapa foi explorado a oralidade nas atividades de análise entre

os textos tradicionais com os textos da Chapeuzinho Amarelo e Fita Verde no

Cabelo: Nova Velha Estória. Foi apresentado o filme Encantada, uma releitura

que mostra alguns momentos marcantes das personagens Cinderela, Branca

de Neve e Bela Adormecida, vividos pela personagem Giselle, no mundo

mágico de Andalasia, foi empurrada por Narissa dentro de um poço e veio para

o mundo real vivendo assim, novas aventuras e novo amor. Esses textos

provocaram mais dificuldades de leitura e interpretação e ajudou-os na

estimulação do conhecimento, além de aguçar a curiosidade e o

questionamento.

A atividade oral ensinou alguns alunos a debater e expor suas ideias,

seus pós e contras, e também os ensinou a ouvir, a respeitar as ideias e as

opiniões dos outros colegas de sala de aula.

A ampliação do horizonte de expectativa é a última etapa da

implementação do projeto na escola. Os alunos fizeram leitura compartilhada

do livro “O Fantástico Mistério da Feiurinha”, de Pedro Bandeira. Após a leitura,

dividiram-se em grupos e escolheram um trecho do livro para encenar. O

mesmo grupo pesquisou o conto Rosaflor Della Moura Torta, citada no livro,

em seguida, realizaram sua pesquisa na sala multimídia. Assistiram ao filme do

DVD: Xuxa em Mistério da Feiurinha (2009) e fizeram um quadro comparativo

destacando as semelhanças e diferenças entre o livro e o Filme.

Para finalizar o projeto, os alunos escolheram um dos contos de fadas

trabalhados durante o projeto de intervenção e fizeram uma releitura do texto

escolhido, sem perder o foco principal do texto original. Acrescentaram novas

personagens em tempos e espaços diferenciados.

Após a intervenção pedagógica, percebeu-se que, os alunos que mal se

interessavam pela leitura, leram, se envolveram e tiveram um crescimento

bastante significativo, já a maioria dos alunos, adquiriram confiança, coragem

de vivenciar a aventura da descoberta literária. Os alunos, mais interessados,

se tornaram mais críticos e com possibilidades de atribuir significados a

diversos tipos de textos.

GTR – Grupo de Trabalho em Rede

Durante a implementação do projeto de intervenção aconteceu uma das

fases de socialização do projeto PDE, o GTR (Grupo de Trabalho em Rede),

com professores da rede pública de ensino, de diversos lugares do Paraná.

Durante dois meses os professores deram continuidade à sua formação

profissional e puderam discutir, dar opiniões, sugestões e trocar experiência

com outros professores sobre o projeto “O DESPERTAR DA MAGIA NAS (RE)

LEITURAS CONTEMPORÂNEAS”.

O GTR foi dividido em várias temáticas que abordou desde o projeto até

a implementação feita parcialmente na escola. Na primeira temática foi

apresentado o projeto e as fundamentações teóricas para que os professores

tivessem acesso e pudessem ver a aplicabilidade. Analisaram o projeto e

compararam com a realidade de sua escola. Fizeram apontamentos diante das

semelhanças e diferenças, também interagiram com os demais participantes

compartilhando suas ideias e seus conhecimentos.

A temática 2 teve como objetivo socializar a Produção Didático-

pedagógica, bem como fazer interações das ideias e opiniões dos cursistas.

Alguns professores acreditam que a leitura dos clássicos e as releituras

contemporâneas levarão os alunos a uma reflexão sobre o conhecimento do

seu cotidiano, terão uma nova visão de leitura do mundo e enriquecerão a sua

cultura, buscando assim novas leituras. Os cursistas tiveram uma participação

sem igual, nesta Temática. Deram ideias, sugestões e compartilharam

atividades trabalhadas em salas de aulas.

Nesta última temática os cursista socializaram os resultados parciais do

desenvolvimento do Projeto de Intervenção, bem como relataram as

experiências trabalhadas por elas em suas escolas e deram ideias, sugestões

de atividades e sugestões de livros para leitura.

Os cursistas gostaram do projeto e o consideraram importante para o

ensino-aprendizagem nesta fase, em que os alunos estão no 6º ano e muitos

chegam desmotivados em relação à leitura.

Alguns comentários de professores que participaram do GTR:

Professor “A” “ (...) o seu projeto, de uma praticidade incrível, um tema muito interessante e focado

num objetivo. Realmente nesta faixa etária as crianças adoram essas leituras, o que vem facilitar a implantação do projeto, porque o interesse do aluno é a base do sucesso.”

Professor “B” “(...) Quando as crianças ingressam na escola elas sentem-se deslumbradas pela

leitura tendo comoção a cada descoberta e desde o 6º ano nós professores devemos propiciar e incentivar o educando a prática de diferentes textos, os contos de fadas são muito atraentes nessa faixa etária.

Professor “C” “(...)e acredito que o trabalho com contos de fadas vem de encontro com o anseio de

muitos dos nossos alunos e professores. Com esse gênero textual, o aluno cria e imagina situações bem próximas de sua realidade fazendo julgamento sobre os acontecimentos. (...)”

Professor “D”

“Sabemos que a leitura possibilita a capacidade de participar, argumentar, debater, escrever, criar, falar, criticar, enfim, se apresenta com grande importância para a interação das pessoas com o mundo. A formação de leitores competentes é um grande desafio, sendo assim, a escola deve oferecer aos estudantes, condições adequadas, para o desenvolvimento e aprimoramento da prática leitora, realizando ações que despertem o prazer de ler e pensar num senso sonhador e crítico. (...)” Professor “E” (...) “A leitura literária é um mundo maravilhoso, com ela podemos abrir as portas do entendimento para qualquer outro tipo de leitura, e é com essa intenção que buscamos instrumentos, métodos, maneiras , motivação para os alunos ampliarem o seu conhecimento literário.”

No término do GTR, chegou-se à conclusão de que a leitura desperta

diferentes emoções e amplia a visão de mundo do leitor e faz com que ele

entre em contato com seu mundo interior, aumenta seus desejos, seus medos

e busca soluções para seus possíveis conflitos. O gênero conto de fadas

amplia o repertório cultural e atua no desenvolvimento de atividades da leitura

e escrita na língua portuguesa.

Considerações Finais

O PDE - Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do

Paraná foi de extrema importância, oportunizou momentos de muita leitura,

estudo e reflexão que anteriormente não eram possíveis devido à carga horária

de trabalho. Oportunizou estar novamente em uma Universidade (UTFPR –

Universidade Tecnológica Federal do Paraná) para adquirir conhecimentos e

aprimoramentos para a realização desse projeto.

O presente artigo buscou elementos que pudessem mostrar que os

contos de fadas, as leituras tradicionais e contemporâneas, conseguem mexer

com a imaginação infantil e captar os desejos mais profundos do leitor, fazendo

com que ele se identifique com o que está lendo. Cada versão possibilita

inúmeras leituras por se tratarem de temas tão presentes no dia a dia da

criança como o bem, o mal, o amor, o ódio, a inveja, temas que acabam

construindo uma imaginação fértil, rica e criativa.

Todo o trabalho envolveu a leitura e a fruição por meio do gênero textual

contos de fadas e teve a participação atuante dos alunos que se envolveram

estimulando sua capacidade de ouvir, pensar, ler e interagir, tentando assim,

compreender as linhas e entrelinhas no contexto ficcional e social,

estabelecendo relação com seu cotidiano.

Durante todo o processo de aprendizagem os alunos leram várias obras

literárias infanto-juvenil de Charles Perrault; dos irmãos Jacob e Wilhelm

Grimm e de Hans Christian Andersen. Leram o conto, Chapeuzinho Amarelo,

de Chico Buarque de Holanda; Fita Verde no cabelo: Velha nova estória, João

Guimarães Rosa, Luís Fernando Veríssimo, Pedro Bandeira e assistiram

algumas releituras como: o filme Shrek da Dreamworks Animation, Encantada

da Disney Pictures e Xuxa em o Mistério de Feiurinha, PlayArte Pictures.

Nessa interação foi fundamental o papel do professor como mediador

entre a magia e a realidade, fazendo com que o aluno compreendesse a

natureza de suas linguagens.

O trabalho realizado a partir da sequência didática permitiu que os

alunos conseguissem ampliar suas competências comunicativas, suas

habilidades e também se tornaram mais críticos nas produções de seus textos.

Pudemos observar que houve uma melhora significativa na escrita, na

oralidade e no estímulo da leitura.

Um dos papéis fundamentais da escola é desenvolver no aluno o

interesse, o hábito e a vontade de buscar novas leituras, novos conhecimentos

e torná-lo sujeito transformador, crítico e capaz de enfrentar os desafios que a

vida lhe oferece.

Referências BANDEIRA, Pedro. O fantástico mistério de Feiurinha: teatro. 1. ed. São Paulo: FTD, 2001. (Coleção literatura em minha casa; v5).

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fada. Tradução de The Uses Of Enchantment: The Meaning And Importance Of Fairy Tales. 9. ed. Rio de Janeiro RJ: Paz E Terra, 1980. 24 v. 365 p. (Literatura e teoria literária). BORDINI, Maria da Glória; AGUIAR, Vera Teixeira de. Literatura – a formação do leitor: alternativas metodológicas. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993. 176 p. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental: Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998. BUARQUE, Chico. Chapeuzinho Amarelo. 24. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009. CAVAZOTTI, Maria Auxiliadora. Alfabetização e letramento. 2. ed. Curitiba Pr: Iesde Brasil S.A., 2009. 160 p. CORSO, Diana Lichtenstein; CORSO, Mário. A psicanálise na Terra do nunca: ensaio sobre fantasia. Porto Alegre RS: Penso, 2011. 328 p. _____________. Fadas no divã: Psicanálise nas Histórias Infantis. Porto Alegre RS: Artmed S.A., 2006. 15 p. Fita Verde no cabelo: Velha nova estória – Disponível em: <http://nadaquetenhalogica.wordpress.com/2010/04/04/fita-verde-no-cabelo-de-joao-guimaraes-rosa/> Acesso em: 26 de nov. de 2013. LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. Série Educação em Ação. São Paulo: Ed. Ática, p.12, 2001. LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. Literatura infantil brasileira: Histórias e Histórias. 2. ed. São Paulo SP: Ática, 1985. 76 p. (Série

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MENDES, Suzete. Contos do Século XXI. Luís Fernando Veríssimo Disponível em: <http://saladeleituraencantada.blogspot.com.br/2012/03/conto-de-fadas-do-seculo-xxi-luis.html> - (08/10/2013) - Acesso em: 30 de out. de 2013. SECRETARIA DO ESTADO DE EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Diretrizes curriculares da educação básica: Língua Portuguesa. Paraná: Projeto Gráfico E Diagramação Jam3 Comunicações, 2008. 101 p. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental., 1997. 92 p. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro02.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2013.