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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

IMPLANTAÇÃO DA INSTÂNCIA COLEGIADA DO GRÊMIO

ESTUDANTIL NO COLÉGIO ESTADUAL DO CAMPO CRISTO REI

DE BARRA BONITA EM PRUDENTÓPOLIS

Julia Bernadete Hauresko1

Jussara Isabel Stockmanns2

RESUMO

O presente artigo objetiva socializar a sistematização da implantação da Instância Colegiada Grêmio Estudantil no Colégio Estadual do Campo Cristo Rei de Barra Bonita, a qual atendeu a demanda da política educacional referente à gestão democrática da escola quanto à necessidade da existência e do trabalho conjunto das quatro instâncias colegiadas nas unidades escolares estaduais: APMF (Associação de Pais, Mestres e Funcionários), Conselho Escolar, Grêmio Estudantil e Conselho de Classe. A implantação da Instância Colegiada Grêmio Estudantil no mencionado estabelecimento de ensino proporcionou uma maior vivência da democracia a partir da participação de pais, alunos e profissionais da educação nas atividades escolares durante a execução do projeto. Por causa da escassez de referências bibliográficas sobre a Instância Colegiada Estudantil, o projeto e toda a produção didático-pedagógica foram embasados teoricamente em livros de diversos autores renomados como Gadotti (2012), Galina (2018), Lück (2005), Oliveira (2012), Paro (2010) e outros que falam sobre a gestão democrática e instâncias colegiadas, em subsídios teóricos como o PPP (Projeto Político Pedagógico), o Regimento Escolar, nos trabalhos e teses acadêmicas, em revistas como Mundo Jovem, nos artigos do Jornal Gazeta do Povo, artigos postados na Internet sobre a UNE (União Nacional dos Estudantes) e movimentos estudantis desde o Brasil Colônia até a atualidade.

PALAVRAS CHAVE: Gestão Democrática. Instâncias Colegiadas. Grêmio Estudantil.

INTRODUÇÃO

A escola é uma das esferas da vida social que permeia as suas relações

humanas necessárias com a comunidade local a qual, por sua vez, possui suas

instituições religiosas, trabalhistas, político-partidárias e associativas. Inserida

neste contexto social, a escola deve, a partir de uma perspectiva inovadora e

transformadora, gerar práticas escolares educativas que visem o crescimento

coletivo através da assimilação crítica e criativa do conhecimento formal

historicamente produzido e acumulado.

Assim como na sociedade as relações humanas são primordiais para o

convívio e aprendizado, no âmbito escolar objetivam em primeiro lugar educar.

A gestão democrática escolar é um princípio constitucional que difere da

gestão administrativa empresarial onde o objetivo maior é o lucro, porque essa se

1 Professora de História na Educação Básica- Ensino Fundamental II e Ensino Médio no Colégio

Estadual do Campo Cristo Rei de Barra Bonita. [email protected] 2 Pedagoga, Mestre, Professora da UNICENTRO, curso de Pedagogia- DEPED/IRATI.

[email protected]

fundamenta na realização humana onde são usados recursos materiais, financeiros

e intelectuais com fins pedagógicos para se alcançar resultados educacionais

qualitativos.

Visto que as relações dentro da escola, uma unidade social com uma cultura

organizacional particular onde o empreendimento humano é fundamental para a

promoção da formação humana, devem estar baseadas em projetos pensados e

construídos coletivamente, a implantação do Grêmio Estudantil no Colégio

Estadual do Campo Cristo Rei sucedeu-se a partir do diálogo com os profissionais

da Escola, pais e alunos, objetivando qualificar cada vez mais o repasse do

conhecimento formal e estimular o exercício pleno da cidadania a partir da

experiência de participação direta na escola.

A implantação do Grêmio Estudantil através de um processo de aprendizado

coletivo no Colégio Estadual do Campo Cristo Rei de Barra Bonita foi uma das

inúmeras maneiras possíveis de abrir espaços na escola, facilitar o diálogo dos

alunos e pais com os profissionais da educação e construir uma escola de

qualidade junto aos órgãos governamentais legalmente constituídos.

A escassez de referências bibliográficas sobre a Instância Colegiada

Estudantil, no período anterior à implantação do Grêmio Estudantil no Colégio

Estadual do Campo Cristo Rei, motivou a busca de bases teóricas, históricas,

legais e estruturais nos escritos sobre os movimentos estudantis como a UNE

(União Nacional de Estudantes), UEEs (Uniões Estaduais de Estudantes), CAs

(Centros Acadêmicos), DCEs (Diretórios Centrais de Estudantes), UBES (União

Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e as UMES (União Municipal dos

Estudantes Secundaristas), em artigos postados na Internet referentes aos

Grêmios Estudantis, na leitura de livros sobre a gestão democrática escolar e

instâncias colegiadas de autores consagrados como Oliveira (2012), Paro (1996),

Lück (2005), Dourado (2003), Galina (2008) Gadotti (2012). Também foram

consultados documentos como a Carta do Paraná, aspectos legais da Constituição

de 1988, o Plano Nacional da Educação (PNE) 2011/2020, o Projeto Político

Pedagógico (PPP) e o Regimento Escolar do Colégio Estadual do Campo Cristo

Rei. Para fins pedagógicos foram utilizados textos de jornais e revistas, em

especial Mundo Jovem, vídeos sobre política e cidadania e reflexões sobre a boa

liderança.

A implantação do Grêmio Estudantil através de um projeto embasado

teoricamente em diversos autores consagrados e construído a partir da visão de

gestão democrática da escola e dos colegiados, que teve como principal

protagonista a comunidade escolar, foi uma experiência positiva a qual reafirma

ser, o conhecimento, o esforço pessoal e a participação direta, as bases para uma

boa iniciativa democrática no ambiente escolar.

1. GESTÃO DEMOCRÁTICA NO MEIO ESCOLAR

A gestão democrática no meio escolar tem suas bases teóricas e

concepções embasadas em diversas teorias das Ciências de Administração

Científica criadas entre o final do século XIX e a metade do XX.

A Escola Clássica ou de Administração Científica nasceu na transição do

século XX. Tem a sua base teórica fundamentada em Henry Fayol e Frederick

Taylor e defende a divisão do trabalho bem como a centralização das decisões,

colocando em primeiro lugar as tarefas e não as pessoas.

A teoria de administração da Escola de Relações Humanas, criada entre

1927 e 1932, tem como seu representante maior George Elton Mayo e, além do

incentivo monetário, prioriza a participação das pessoas na tomada de decisões e a

auto realização das mesmas no trabalho levando em consideração as diferenças

individuais e os condicionamentos sociais de cada um (a).

A Teoria Comportamental da Administração ou Behaviorista desenvolvida

nos anos finais de 1940 por Herbert Simon, Chester Bernard, Elliot Jacques e Chris

Argyris teoriza sobre as normas e regras no trabalho as quais devem ser colocadas

em prática através de um método adequado para que as pessoas as aceitem.

A Escola Estruturalista defendida por Max Weber, Robert K. Merton, Alvin

Gouldner e Amitai Etzioni, nos anos 40, propõe que o sujeito desenvolva uma

personalidade flexível capaz de superar qualquer frustração no ambiente de

trabalho e se realizar. Sua teoria admite a existência do conflito, mas acredita na

sua superação por meio da integração das necessidades individuais às

organizacionais.

As várias concepções teóricas sobre administração deixam claro que

existiram e existem princípios e normas de conduta a serem alcançados pelas

instituições que agregam pessoas para atingir os desejados fins em determinados

períodos históricos e econômicos de uma sociedade.

O Brasil, ao longo do seu processo histórico, teve seu sistema de ensino

estruturado e organizado conforme as condições socioeconômicas e políticas de

um período histórico.

As primeiras escolas jesuíticas no Brasil a partir de 1549 tinham como

objetivos principais formar sacerdotes, catequisar os índios e preparar jovens para

estudar o Ensino Superior na Europa. Na época não havia necessidade de

escolarização para trabalhos rudimentares de uma economia agroexportadora.

A educação estatal brasileira, de caráter seletivo e classista, iniciou entre o

final do século XIX e as primeiras décadas do século XX, sob o impulso

industrialização, e requeria o conhecimento de leitura, escrita e cálculos para

atender o crescente mercado de trabalho.

A partir da década de 1930, o Estado brasileiro, efetuou ações educacionais

para atender o processo de industrialização acelerado priorizando os níveis

educacionais secundário, universitário e na modalidade comercial para atender a

demanda produtiva do país deixando em segundo plano o ensino primário e a

qualificação dos professores deste nível.

Diversos autores da área educacional, no Brasil, os chamados pioneiros da

Educação Nova, tentaram adequar a administração escolar à geral. Surgiram

então, os primeiros escritos sobre a administração escolar a partir de 1930 de Leão

(1945), Ribeiro (1986), Lourenço Filho (2007) que visaram completar a visão dos

autores clássicos da administração, dando ênfase especial, para as relações

humanas, porém, baseadas na hierarquia das funções.

Teixeira, (1961; 1964; 1997) também teórico das teorias novas defendeu nos

seus escritos que a administração geral se diferenciava da administração escolar

porque a primeira tinha como alvo supremo o produto material e a escola o

educando, a coletividade, e que por isso esta precisava de princípios

administrativos adequados. (DRABACH, MOUSQUER, 2009).

Assim como as escolas teóricas de administração visavam atender a

produção econômica a partir da racionalidade capitalista, a teoria da administração

escolar percorreu uma trajetória semelhante.

A crítica à concepção e a prática de administração escolar focada na

questão técnico-administrativa e centrada na racionalidade do mercado capitalista

fomentou um novo conceito nas teorias da literatura educacional e a luta pela

democratização do Brasil na década de 1980 assegurou a gestão democrática no

Ensino Público do país na Constituição de 1988 que foi confirmada na LDB (Lei das

Diretrizes e Bases da Educação Nacional) de 1996.

Assim como no início do século XX, foi muito difícil para professores e

diretoras das séries iniciais do Ensino Fundamental aceitar atuar em turmas

seriadas, enfrentar desafios e resistências em mudar dos grupos escolares para

turmas seriadas, assim também é difícil ressignificar o lugar do gestor na

atualidade, pois esse processo exige estudo, persistência e solidez de rumo em

tempos tão diferentes como os de hoje.

A gestão democrática é processual, isto é precisa de tempo, esforço e

diálogo para ser aplicada de maneira correta, porque nasceu de uma nova cultura

política de cidadania em uma sociedade capitalista com fortes bases de

sustentação em ideologias voltadas à produção e ao consumo dentro de um

processo produtivo descentralizado que dificulta o encontro e a organização em

busca dos direitos.

A gestão democrática também envolve elementos culturais, políticos e

pedagógicos no processo educativo que visam criar um novo tipo de organização

escolar fundamentado na autonomia e construção coletiva, orientado pela lógica de

transformação social em oposição ao caráter administrativo, centralizado e

burocrático do sistema produtivo capitalista onde as relações são de exploração e

mudam conforme a demanda do mercado a serviço dos detentores dos meios de

produção.

Segundo a pesquisa de Dourado (2003) na visão dos dirigentes, a gestão

democrática já se efetiva com a eleição direta dos diretores, a construção coletiva

do PPP (Projeto Político Pedagógico) e a consolidação da autonomia escolar.

Porém, na visão da maioria dos autores, a gestão democrática, ainda pressupõe

envolvimento da comunidade local nos projetos, autonomia e representatividade

nos processos de decisão a partir da participação nos colegiados escolares, nas

discussões, no planejamento e na tomada de decisões.

[...] A elevação da exigência do nível de educação da população, o desenvolvimento do espírito democrático e o crescente reconhecimento da interdependência entre os diferentes segmentos que constituem uma organização de trabalho, como também, no contexto global, tem promovido a percepção de que a chave para o sucesso no trabalho educacional está em se alcançar uma cooperação mais eficaz de gestão que supere o modelo centralizado, autocrático, controlador, cuja ênfase situa-se em regras de trabalho e na obediência[...](LÜCK et al, 2005, p.33)

Gestar democraticamente não é jogar para a comunidade o planejamento,

mas abrir espaços para a atuação desta no ambiente escolar a fim de planejar

junto objetivando melhorar qualitativamente a aprendizagem dos alunos.

A construção da gestão escolar participativa se dá através da prática de

participação. Participação esta que se caracteriza por relações mais igualitárias no

ambiente escolar, incentivo ao crescimento pessoal, intelectual e técnico de cada

aluno e profissional da educação, baseada nos ideais educativos de importantes

pesquisadores da área educacional. Na visão de Oliveira,

A gestão democrática como princípio da educação nacional, presença obrigatória em instituições escolares, é a forma não violenta que faz com que a comunidade educacional se capacite para levar a termo um projeto pedagógico de qualidade e possa também gerar “cidadãos ativos” que participem da sociedade como profissionais compromissados e não se ausentem de ações organizadas que questionam a invisibilidade do poder. (OLIVEIRA, 2012, p.17)

A unidade escolar, cada qual com suas particularidades, faz parte de um

sistema educacional nacional e possui diretrizes comuns, mas ao mesmo tempo

não deixa de ser um espaço privilegiado de produção e de transformação do saber

sistematizado, onde as práticas e ações que o organizam visam formar sujeitos

participativos, críticos e criativos.

Ao comparar a educação brasileira jesuítica com a educação atual a qual

surgiu com o nascimento da indústria e passou a ser controlada pelo Estado,

percebe-se a escola como uma organização construída com práticas, valores e

hábitos existentes na sociedade bem anteriores à estrutura escolar.

[...] Assim, descentralização e democratização da educação escolar no Brasil não podem ser discutidas independentemente do modo pelo qual é concebido o exercício do poder político no país. (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p. 161).

Estas mudanças, no sistema educacional brasileiro, voltado tão somente ao

favorecimento econômico e de poder político de determinados grupos de um

período, no decorrer do tempo, segundo Libâneo (2012) oscilam, entre

centralização e descentralização, qualidade e quantidade, poder público e privado.

Como o sistema de ensino no Brasil sempre obteve mudanças por causa

das tensões econômicas, hoje, novamente, com os avanços tecnológicos exige da

escola a formação de um cidadão mais qualificado para o novo processo de

produção e serviços. O critério da competência, no mercado produtivo, que tem o

progresso técnico e o capital humano como principais elementos de referência

quanto ao crescimento econômico do país, exclui os ineficientes e traz de volta o

debate atual sobre a valorização da eficiência e não da equidade, este um dos

critérios de qualidade de uma escola eficaz.

O Estado brasileiro, que articula a economia do país e por meio da

arrecadação dos tributos diretos e indiretos pagos por todos os brasileiros, oferece

uma educação gratuita, através dos fundos destinados à Educação, fez emendas

que obrigam a escolaridade até os 17 anos e o aumento dos investimentos na área

educacional.

Hoje, porém, o Estado brasileiro obedece aos critérios dos organismos

financiadores dos países do Terceiro Mundo como o BIRD (Banco Internacional

para Reconstrução e Desenvolvimento) os quais deixam claro, nos acordos e

deliberações, que a educação no Brasil não tem que ser ministrada

necessariamente em escolas públicas.

Todas essas infiltrações de organismos internacionais dificultam a tomada

de decisões políticas em nível local bem como reforçam a tradição política do país

fundamentada na competição e na centralização do poder e das responsabilidades.

(LIBÂNEO, 2012).

E é com o Estado e por causa do Estado que a escola deve politizar a

categoria dos estudantes e profissionais para que a participação dentro dela não se

torne uma estratégia governamental de maior ou menor controle que o mesmo

exerce nas instituições sociais, mas chegue a uma autonomia que não restrinja o

conceito de qualidade educacional ao técnico o qual aprova ou não o desempenho

do sistema educacional a seu modo, visando tão somente atingir interesses

econômicos.

O desejo é que a escola efetive a participação da comunidade escolar para

que esta fiscalize o poder público quanto aos recursos destinados à educação, e

assim, através de um efetivo exercício de cidadania, garanta o financiamento das

escolas pelo poder público resultando no ensino de qualidade para todos.

[...] Lutar pelo rigor na utilização dos recursos educacionais é fundamental para contribuir com seu uso mais racional e garantir a escolarização de um número maior de brasileiros. Uma sociedade mais escolarizada pode auxiliar na construção de uma sociedade mais justa, mais crítica e mais solidária. (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p. 386).

Segundo Shirky (2012) quanto mais pessoas tomarem conhecimento de

algo, seja um fato ou um método, maior se torna a possibilidade de trabalharem

juntas em prol de uma causa comum, visto que todas conhecem uma parte do

todo. Porque na visão do autor, não é um grande grupo que inicia mudanças, mas

um pequeno que, através da prática colaborativa, avança para ações mais radicais

e pode ampliar as possibilidades de participação de outras pessoas no processo.

[...] Anteriormente, o conhecimento era “distribuído” por aqueles que tinham o poder para aqueles que não o tinham. Hoje, o Conhecimento nasce em consequência da atitude transformativa dos indivíduos agindo face aos problemas que eles encontram em seu mundo de vida. [...] (GARCIA, 2008, p. 130)

A obediência às diretrizes gerais do Sistema Nacional de Educação, não

impede que cada escola elabore de maneira coletiva e autônoma suas próprias

leis, segundo a sua realidade, a qual, os órgãos centrais do sistema de ensino

desconhecem.

[...] assim como a liberdade não deixa de ser liberdade pelas relações interpessoais e sociais que a limitam, a autonomia da escola não deixa de ser autonomia por considerar a existência e a importância das diretrizes básicas de um sistema nacional de educação. [...] (VEIGA, 2013, p. 99)

No Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual do Campo Cristo Rei de

Barra Bonita está claramente definida a gestão democrática como um dos meios

primordiais para que haja a participação da comunidade local escolar através das

Instâncias Colegiadas. Com a implantação do Grêmio Estudantil, em junho de

2014, se completa o quadro dos Colegiados Escolares nesta instituição de ensino

através dos quais se expressam os anseios de toda uma comunidade escolar

preocupada com a melhoria do ensino-aprendizagem dos alunos como expressa o

PPP da escola:

A comunidade escolar do Colégio Estadual Cristo Rei – Ensino Fundamental e Médio acredita que a educação é fundamental na transformação da realidade que está posta. É através da educação que a sociedade poderá reverter seu quadro de dificuldades, tendo cidadãos atuantes [...] humanos e solidários uns com os outros, mas que tenham o conhecimento e os ensinamentos da escola como base para tudo isso e que estejam buscando sempre mais, em constante aprendizado, adaptando-se num mundo em permanente mudança. [...] (PRUDENTÓPOLIS. PPP, 2012).

As instâncias colegiadas dentro da escola são grupos de pessoas as quais

se reúnem periodicamente a fim de discutir e decidir quais rumos devem ser

tomados pela escola para que ela se torne um ambiente de aprendizado produtivo

previsto no PPP da escola e na grade curricular.

Através das instâncias colegiadas a escola dinamiza o processo educativo,

alarga as possibilidades de diálogo com fins pedagógicos e aumenta as

possibilidades de exigir o compromisso efetivo das esferas de poder do Estado. As

Instâncias Colegiadas Escolares são as seguintes:

a) CONSELHO ESCOLAR

É o órgão máximo de direção de um estabelecimento de ensino, composto

por no máximo trinta pessoas e no mínimo dez, sendo que destas 50% são pais,

alunos e membros de movimentos sociais organizados da comunidade e 50% são

professores e funcionários.

[...] A autonomia coloca na escola a responsabilidade de prestar contas do que faz ou deixa de fazer, sem repassar para outro setor essa tarefa e, ao aproximar escola e famílias, é capaz de permitir uma participação realmente efetiva da comunidade, o que a caracteriza como uma categoria eminentemente democrática. (VEIGA, 2013, p.99).

Um dos objetivos do Conselho Escolar é ampliar a participação da

comunidade na construção de uma escola pública, laica, de qualidade, gratuita e

universal. É a instância colegiada responsável pela aprovação e acompanhamento

da efetivação do Projeto Político Pedagógico da escola e pela tomada de decisões.

b) APMF (Associação de Pais, Mestres e Funcionários)

Constituída por prazo indeterminado, sem fins lucrativos e caráter político-

partidário, religioso, racial. Seus representantes não são remunerados. Possui

Estatuto próprio, busca soluções para os problemas do coletivo escolar que

representa legalmente, zela pela qualidade da educação da escola e presta contas

à comunidade dos recursos financeiros que administra.

c) CONSELHO DE CLASSE

Composto por professores, professores pedagogos, supervisores, alunos

e/ou seus representantes, o Conselho de Classe desempenha o papel de auto

avaliação, avaliação dos alunos e das práticas escolares com o objetivo de

diagnosticar a razão das dificuldades dos alunos e da própria instituição de ensino

na figura de seus professores e da organização escolar.

d) GRÊMIO ESTUDANTIL

É a representação legal dos estudantes com 11 membros na Diretoria,

democraticamente instituída pela comunidade escolar discente, que tem como

função principal integrar os alunos entre si e defender seus interesses e

necessidades dentro da unidade escolar.

Como órgão colegiado, o Grêmio Estudantil, tem o direito de organizar

diversas atividades recreativas, culturais e sociais na escola, com a ressalva de

não utilizar o espaço das aulas para realizar promoções sem aval de outros órgãos

colegiados e afetar com suas promoções a quantidade de dias letivos.

As instâncias colegiadas e entre eles o Grêmio Estudantil são espaços de

vivência e aprendizado do jogo democrático escolar onde as discussões e as

deliberações coletivas tornam-se um desafio para toda a comunidade escolar

objetivando transformar a escola em um ambiente de aprendizado produtivo, de

qualidade e emancipador.

2. GRÊMIO ESTUDANTIL COMO UM DOS MEIOS DE POLITIZAÇÃO DO

ESTUDANTE

Desde tempos remotos, os jovens estudantes no Brasil cumpriram papel

importante na construção da sociedade brasileira e contribuíram para a melhoria de

vida do país. Embebidos nas ideias liberais iluministas propagavam-nas em clubes

e sociedades secretas e participaram ativamente nos acontecimentos do país antes

da independência do Brasil em 1822, como na expulsão dos franceses no início do

século XVIII e no movimento da Inconfidência Mineira em 1789.

No período posterior à independência do Brasil, os estudantes brasileiros

participaram ativamente na Abolição da Escravatura em 1888, na Proclamação da

República em 1889, na Revolta de Canudos entre os anos 1896-1897, defenderam

a criação de Universidades, o desenvolvimento de indústrias e a criação do serviço

militar obrigatório no país.

No século XX, os jovens estudantes tiveram um papel de destaque nos

acontecimentos do país. Organizados através da UNE (União Nacional de

Estudantes) a partir de 1937, bem como através da UBES (União Brasileira dos

Estudantes Secundaristas) fundada em 25 de julho em 1948, lutaram contra a

repressão do governo de Getúlio Vargas (1930-1945), em especial, durante o

“Estado Novo” (1937-1945), e no período da Ditadura Militar (1964-1984).

O movimento estudantil lutou ativamente em prol da Reforma Universitária

na década de 1960, culminando, em junho de 1968, no centro do Rio de Janeiro,

numa das mais expressivas mobilizações populares de resistência: A passeata dos

Cem Mil, em sinal de protesto ao regime militar. Participou também na Campanha

pelas “Diretas Já” em 1984 e em 1992 do processo de “impeachment” do

presidente da República, Fernando Collor de Mello, como “caras-pintadas”.

A participação política estudantil no Brasil caracteriza-se pela memória de

lutas e conquistas, pela historiografia composta de fatos relevantes concretizados

no país que nasceram das ligas, alianças, congressos, federações, centros e

grêmios estudantis.

Hoje, em pleno século XXI, onde a informação é rápida e individualizada, o

jovem se mobiliza muito pouco. O consumismo exacerbado e o individualismo

deixa de lado o espírito coletivo e de luta por causas comuns e a despolitização

tomou conta da geração mais nova. A alienação dos jovens estudantes decorrente

do sistema produtivo e a carência da participação na vida cidadã torna a política

pública juvenil urgente.

O adolescente e o jovem estão bastante despolitizados e egoístas, atentos

aos padrões de consumo ditados pela mídia dominante e passivos frente a um

sistema capitalista explorador, o qual junto ao Estado visa suprir o mercado

produtivo preparando a mão de obra barata que atinge consideravelmente a faixa

etária mais jovem.

A escola hoje, dentro do processo de produção globalizado, tornou-se um

ambiente de aprendizagem diversificado nas suas funções, isto é, voltado ao

atendimento da demanda social e econômica de seus alunos, regrado pela

burocracia que exige de seus profissionais um tempo quantitativo e qualitativo e

que deixa de lado o aspecto pedagógico, sentido fundamental de sua existência.

A educação escolar, atualmente voltada para a formação da mão de obra

qualificada e para o desenvolvimento econômico terá que partir urgentemente para

a formação do desenvolvimento humano, que por ficar em segundo plano, dentro

da ordem capitalista, minou as relações pessoais em geral.

De acordo com Libâneo, Oliveira, Toschi (2012, p. 133) “A educação deve

ser entendida como fator de realização da cidadania, com padrões de qualidade da

oferta e do produto, na luta contra a superação das desigualdades sociais e da

exclusão social”.

A exclusão social, dentro do mercado global, é característica resultante de

uma sociedade consumista, individualista e alienadora a qual carece da reinvenção

do ideal democrático, do espírito de participação, da formação do sujeito solidário,

ético e interdependente que supere todas as formas de exclusão e respeite o

pluralismo cultural.

Dantas e Caruso (2011) analisaram três experiências de educação política

feitas por diferentes órgãos em escolas públicas e privadas de São Paulo quanto à

relevância da politização dos jovens, participação política, organização de grêmios

estudantis e a iniciação política dos estudantes. Pesquisa feita para analisar, em

especial, o que pode ser feito a fim de educar os jovens estudantes para o

exercício da cidadania.

Para Dantas e Caruso (2011) “a politização de uma sociedade é pressuposto

essencial ao bom funcionamento da democracia”, porque para entender o que é

ser cidadão, desfrutar dos direitos e ser cumpridor dos deveres cabíveis depende

de politização.

Os dados coletados na pesquisa demonstraram que a vida pessoal dos

jovens está acima de qualquer prática efetiva de cidadania e que dependendo do

valor oferecido, por exemplo, venderiam seu voto. Porém, muitos deles,

reconheceram como relevante o seu papel de cidadãos, a importância da educação

política nas escolas e boa parte dos entrevistados não via todos os representantes

políticos como corruptos.

O trabalho de pesquisa de Dantas e Caruso (2011) em escolas paulistanas,

revelaram um público carente de ações quanto aos conteúdos de cidadania e

política. Esses dados apontam índices potenciais para que adquiram relevância na

educação tanto é que se chegou à conclusão de que escolarizar não é politizar e

torna-se urgente formar os estudantes para o exercício da cidadania. O Grêmio

Estudantil é um bom começo para estudantes do Ensino Fundamental e Médio

iniciarem o seu processo de politização a partir do meio escolar.

Quanto à importância do Grêmio Estudantil para os estudantes, pesquisas

revelam que estes são a favor de sua existência, sabem da sua importância para

uma politização maior, defendem a participação de todos os alunos e não somente

da chapa eleita, porém discordam quanto à obediência cega à direção, propostas

enganadoras das chapas concorrentes, a aliança com partidos políticos e

profissionais da Educação para manter-se no poder.

O artigo disponível na Internet, denominado Estudo aos Grêmios, postado

por um representante do Grêmio do Cefet de Minas Gerais, fala dos desafios que

em geral são enfrentados durante a gestão de qualquer Grêmio Estudantil.

Na visão do estudante, a rotatividade dos componentes faz com que os erros

sejam repetidos por falta de experiência dos novos membros e a existência das

agremiações estudantis dominadas por partidos políticos é um grande problema

em boa parte das escolas.

Segundo o representante do Grêmio do Cefet de Minas Gerais, os Grêmios

Estudantis, muitas vezes, atuam em defesa de si e não representam o conjunto dos

estudantes. Defendeu a participação livre de qualquer estudante da escola no

Grêmio Estudantil, independentemente de fazer parte da chapa eleita; alertou os

leitores sobre a fala enganadora de chapas concorrentes que convencem com

discursos alienatórios os estudantes despolitizados; afirmou existir ajuda da direção

da escola na vitória de uma determinada chapa; argumentou que os alunos mais

velhos tem mais coragem de entrar na instância estudantil e os mais novos se

sentem intimidados. Disse também que muitos membros depois de eleitos não

aguentam as pressões e fracassos constantes e se afastam. Outros, para

permanecerem, tornam-se cínicos ou frios.

Uma pesquisa de campo realizada por Marcos Ribeiro Mesquita no ano de

1999 visava enxergar a problemática do movimento estudantil em relação aos

estudantes, partidos políticos, o próprio movimento estudantil e seus ideários bem

como ao surgimento de novas linguagens e práticas emergentes no referido

movimento.

O pesquisador Mesquita coletou informações através de entrevistas com 17

jovens de diferentes grupos e orientações políticas, durante o 46.º Congresso da

União Nacional dos Estudantes (CONUNE), em Belo Horizonte (MG), que

aconteceu em julho e o Congresso Nacional dos Estudantes de Agronomia

(CONEA), realizado na cidade de Pelotas (RS), em setembro.

A fala dos participantes do CONUNE e do CONEA demonstrou que o

movimento estudantil perdeu a sua característica revolucionária, quando com o

passar do tempo, tornou-se burocratizado, hierarquizado, centralizador,

ultrapassado e partidarizado pela esquerda. A crise no movimento também é vista

como resultado da crise dos movimentos sociais, da concorrência no mercado de

trabalho, do individualismo egoísta e da crise de valores na sociedade.

[...] Vamos pelo menos recorrer aos sistemas escolares e às universidades do Estado para examinar se podemos preparar melhor os jovens e nós mesmos para um trabalho em conjunto com os movimentos sociais a fim de promover uma sociedade mais civil em todos os aspectos. [...] O que está em jogo é o Estado capitalista ter uma missão e um significado. [...] (GARCIA et al., 2008, p. 95-96)

Sendo uma organização social, a escola integra concepções referentes às

modalidades de educação, funções sociais e pedagógicas, os objetivos do

currículo, os conteúdos e a metodologia de ensino, a organização e a gestão

vinculadas às necessidades e demandas do contexto econômico, político, cultural e

social de uma sociedade ou de grupos sociais dominantes em um determinado

tempo histórico.

No ambiente escolar não existem subordinados e sim liderados, onde deve

ser priorizada a liderança delegada, a qual dá espaço para os profissionais da

educação, alunos e pais a uma participação ativa dentro das instâncias colegiadas

que são APMF (Associação de Pais e Mestres e Funcionários), Conselho Escolar,

Grêmio Estudantil e o Conselho de Classe.

A educação escolar pode dar uma boa resposta humanitária às forças

violentas da globalização através da experiência da participação. A organização e a

gestão escolar, na visão de Libâneo (2012) devem resultar de formas participativas

na escola que é uma comunidade democrática de aprendizagem, isto é, um lugar

de partilha das práticas e valores, trabalho e reflexão conjunta dos problemas e

soluções relacionados à qualidade da aprendizagem dos alunos, do

desenvolvimento das capacidades intelectuais, éticas, afetivas e das competências

necessárias para a vida social, econômica e cultural.

Para ser um participante ativo é preciso, no entanto, conhecer a estrutura

escolar e suas normas, desenvolver habilidades de participação e de atuação.

Cabe à gestão escolar coordenar e viabilizar este esforço coletivo de participação

no ambiente escolar, bem como adotar alguns princípios básicos de autonomia, de

planejamento das atividades, da avaliação compartilhada, formação continuada e

democratização das informações.

3. GRÊMIO ESTUDANTIL E SUA AÇÃO NO COLÉGIO ESTADUAL DO CAMPO

CRISTO REI DE BARRA BONITA

A escola tornou-se um ambiente mais democrático dentro de uma política

educacional de entrada e permanência na escola, mas na maioria das vezes, sem

qualidade que não está educando seres críticos de sua realidade por que também

desconhece, em parte, essa realidade.

O aluno que exerce a política e a cidadania informal junto aos seus, no

entorno de sua moradia, e de maneira formal na escola e que faz parte do

segmento mais numeroso da mesma e o que menos participa da gestão escolar, é

convidado, hoje, a repensar o seu papel de cidadão a partir da politização do

ambiente escolar.

Participando de um colegiado estudantil espera-se que o aluno se motive a

adquirir conhecimentos suficientes para lutar contra a alienação do sistema político,

econômico e social vigente que aos poucos transformou a educação e o

conhecimento em bens econômicos necessários para transformar a produção,

aumentar o lucro e o poder de grupos minoritários num mercado globalizado.

Como a representação da comunidade escolar se dá através das instâncias

colegiadas que são a APMF (Associação de Pais, Mestres e Funcionários),

Conselho de Classe, Conselho Escolar e Grêmio Estudantil, participar de todo um

processo de campanha e de eleição de um Grêmio Estudantil em uma unidade

escolar exige da comunidade escolar uma compreensão maior das funções

pedagógicas, administrativas e de cunho financeiro de cada uma das instâncias

colegiadas existentes na escola: APMF, Grêmio Estudantil, Conselho Escolar e

Conselho de Classe.

Participar ativamente do processo de escolha de um Grêmio Estudantil em

uma unidade escolar para os alunos é um direito de cidadania o qual contribui para

que se politizem cada vez mais a fim de se tornarem cidadãos ativos, críticos e

criativos.

Sabe-se que os estudantes tem um papel fundamental dentro do ambiente

escolar para que o mesmo se torne mais eficaz. A participação dos alunos através

de representações próprias são conquistas históricas de estudantes que com o

tempo declinaram e hoje se visa resgatar o que já definhou por motivos ideológicos

e políticos no Brasil.

As atividades dos Grêmios Estudantis representam para muitos jovens os primeiros passos na vida social, cultural e política. Assim, os Grêmios contribuem, decisivamente, para a formação e o enriquecimento educacional de grande parcela da nossa juventude. [...] Em 1985, por ato do Poder Legislativo, o funcionamento dos Grêmios Estudantis ficou assegurado pela Lei 7398, como entidades autônomas de representação dos estudantes. (PARANÁ. Secretaria da Educação, 2014).

O Grêmio estudantil hoje é um dos órgãos de apoio e liderança discente

junto à gestão escolar que possui um nome próprio, sede, patrimônio, estatuto e

objetivos peculiares. Sua diretoria é composta de Presidente, Vice-presidente,

Secretário Geral, Primeiro Secretário, Tesoureiro-Geral, 1° Tesoureiro, Diretor

Social, Diretor de Imprensa, Diretor de Esportes, Diretor de Cultura, Diretor de

Saúde e Meio Ambiente, que representa os alunos da escola e é eleita pelos

mesmos em Assembleia Geral e tem um Estatuto a ser seguido.

Segundo a filosofia e os princípios didático-pedagógicos do PPP (Projeto

Político Pedagógico) do Colégio Estadual do Campo Cristo Rei, o educando que

frequentar o referido colégio será formado para o exercício da cidadania e

qualificação para o trabalho, através de um ambiente educativo voltado para a

autonomia e participação do estudante.

A comunidade escolar do Colégio Estadual Cristo Rei – Ensino

Fundamental e Médio acredita que a educação é fundamental na

transformação da realidade que está posta. É através da educação que a

sociedade poderá reverter seu quadro de dificuldades, tendo cidadãos

atuantes garantindo, assim, seu progresso real. Deseja-se uma educação

que forme cidadãos participativos, capazes de tomar decisões, que sejam

críticos, profissionais competentes que acreditem em valores e os busquem,

que sejam humanos e solidários uns com os outros, mas que tenham o

conhecimento e os ensinamentos da escola como base para tudo isso e que

estejam buscando sempre mais, em constante aprendizado, adaptando-se num mundo em permanente mudança[...] (PRUDENTÓPOLIS. PPP, 2012).

A participação no Grêmio Estudantil, uma das instâncias colegiadas da

escola, é um meio para o aluno ver mais de perto o ambiente que usufrui, observá-

lo numa ótica diferenciada, expressar seus anseios e suas reivindicações e

participar de decisões do coletivo da escola através de representantes que tem a

sua idade ou estão na condição de estudantes, enfrentando desafios semelhantes.

É um espaço aberto a todos os alunos para a troca de ideias, opiniões, anseios,

reivindicações, luta pela aprendizagem de qualidade, cidadania, direitos e

responsabilidades.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS:

No ensino público atual onde a possibilidade de permanecer na escola é

muito maior devido às políticas educacionais voltadas ao atendimento de

prioridades e particularidades, o aluno, por diversos motivos e estímulos externos,

não vê perspectivas naquilo que lhe é proposto no meio escolar.

Para analisar o porquê do descomprometimento do aluno no cumprimento

das suas obrigações escolares é preciso também refletir sobre a falta de atuação

do mesmo no ambiente escolar. Repensar o papel de cada cidadão no contexto da

sociedade é um dever que a escola como órgão transmissor oficial do

conhecimento historicamente construído, precisa assumir.

A participação na escola objetiva formar cidadãos mais ativos e críticos que

construam uma sociedade mais justa a partir de convicções fundamentadas em

conhecimentos sólidos, em princípios éticos e valores morais. Cidadãos

preparados para se tornarem protagonistas potenciais da cidadania da

participação.

O Grêmio Estudantil atuante no Colégio Estadual do Campo Cristo Rei, onde

a maioria dos alunos são filhos de pequenos agricultores, deve colaborar no

sentido de proporcionar aos alunos, seus associados, momentos de estudo e

reflexão acerca da realidade atual geral e local a fim de contribuir na formação

integral dos moradores do campo.

Para que a implantação do Grêmio Estudantil se efetuasse de maneira mais

correta e dinâmica possível, o estudo sobre a gestão democrática e as instâncias

colegiadas no Colégio Estadual do Campo Cristo Rei se deu desde o início do ano

letivo de 2014 através do trabalho direcionado a todos os profissionais da escola e

alunos, os quais tomaram conhecimento sobre gestão democrática, instâncias

colegiadas e em especial sobre a importância da implantação do Colegiado

Estudantil na escola.

Os pais no início do ano letivo de 2014 ficaram por dentro de todo o

processo, através de uma explanação sobre o tema proposto. Puderam questionar

questões de ordem prática quanto à permanência de seus filhos no contra turno o

que ajudou bastante na preparação do grupo eleito democraticamente para

aprofundar o conhecimento sobre a Instância Colegiada Estudantil e compor

chapas para concorrer às eleições ao Grêmio Estudantil da escola.

As dificuldades descritas por membros de diretorias de Grêmios estudantis

já efetivados e atuantes em inúmeras escolas, durante a pesquisa teórica,

começaram a surgir após uns dois meses depois da posse da Diretoria do Grêmio

Estudantil Caminho Certo do Colégio Estadual do Campo Cristo Rei quando os

colegas e sócios diretos da Instância Colegiada Estudantil começaram a cobrar

atitudes da atual Diretoria.

Os alunos da atual Diretoria do Grêmio Estudantil Caminho Certo do

Colégio Estadual do Campo Cristo Rei eleita em maio do corrente ano, conforme

previsto em projeto do PDE, enfrentam problemas no sentido da maioria dos

membros estudar no turno da manhã e somente dois no turno da noite que são a

presidente e a vice-presidente. A distância da escola e diferentes contraturnos

dificultam as reuniões mensais e a comunicação entre os membros, necessitando

muitas vezes da interferência de um adulto, que aos poucos está sendo substituída

pela autonomia do grupo.

A Diretoria do Grêmio Estudantil Caminho Certo do Colégio Estadual do

Campo Cristo Rei recém-empossada não sabe o que fazer direito para atender as

reivindicações. A falta de segurança e a inexperiência colaboram para que as

coisas funcionem de uma maneira inicial bastante lenta. No entanto, espera-se que

esta etapa seja em breve uma memória dos primeiros meses de luta e não uma

constante acomodação por causa dos percalços do início de uma nova caminhada

de participação estudantil mais ativa na escola.

Cabe à toda a comunidade escolar, em especial aos profissionais gestores

através de ações de desenvolvimento organizacionais, grupais e individuais, dar

dinamicidade e apoio ao processo de participação mais direta dos estudantes na

escola para que os mesmos possam contribuir com o seu próprio crescimento

cognitivo em condições iguais desempenhando um papel ativo de sujeitos na

aprendizagem escolar e na interação social.

O Grêmio Estudantil como um grupo de direito constituído na escola deve

ser a “escola inicial” de política com experiências únicas, lugar de opiniões,

conflitos de ideias e opiniões. Um impulso para mudar o que está mais próximo e

possível para chegar a mudanças mais amplas que com o tempo atinja todo um

sistema social preocupado com o bem estar de cada cidadão e não de minorias.

Participar de todo um processo de estudo, debates, campanha e eleição de

um Grêmio Estudantil para os alunos do Colégio Estadual do Campo Cristo Rei foi

um exercício prático de cidadania e política.

5. REFERÊNCIAS:

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