17
Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · na discussão sobre o uso das mídias na educação, Moreira ... apesar de bons planos de aulas, ... Conhecendo o cotidiano do

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · na discussão sobre o uso das mídias na educação, Moreira ... apesar de bons planos de aulas, ... Conhecendo o cotidiano do

Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Page 2: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · na discussão sobre o uso das mídias na educação, Moreira ... apesar de bons planos de aulas, ... Conhecendo o cotidiano do

1 Professor PDE, Engenheiro Agrônomo Licenciado em Biologia, Especialista em Design Instrucional. Vinculado ao Centro Estadual de Educação Profissional Manoel Moreira Pena, em Foz do Iguaçu.

2 Professora Orientadora, Doutora em Educação Vinculada ao Centro de Educação, Letras e Saúde

da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus de Foz do Iguaçu.

Estratégias Didáticas para Construção Coletiva de Painéis

Cognitivos Interativos de Biologia e Interdisciplinar com QRcode

John Franco Keller1

Denise Rosana da Silva Moraes2

RESUMO - Utilizar o celular como ferramenta pedagógica na sala de aula é um grande desafio didático contemporâneo. O objetivo baseia-se em uma perspectiva interdisciplinar, com o tema das tecnologias aliadas a educação, estuda ainda, a produção coletiva de material didático na forma de painéis cognitivos. Com isso indaga: Os processos de construção coletiva de painéis cognitivos interativos de biologia e interdisciplinar podem contribuir para a aprendizagem significativa dos conteúdos escolares? Esses esquemas gráficos multimídia são resultantes de problematizações e pesquisas coletivas interdisciplinares onde são exploradas diferentes dimensões do assunto abordado em um processo estruturado em cinco passos, embasados na didática para a pedagogia Histórico-Crítica organizados graficamente em ideogramas associados à linguagem dos quadrinhos através de tirinhas. Cada dimensão é apresentada a partir de um problema central e ramifica-se tendo em cada extremidade do ramo um código de barra 2D (QRCODE), decodificados através de Smartphones, possibilitando ao leitor o aprofundamento do tema acessando endereço específico na web. Sob o escopo da pesquisa-ação, este estudo desenvolvido na escola, propõe a utilização de estratégias didáticas colaborativas interativas na produção de unidades de conteúdo com e pelo/as aluno/as propiciando ao professor/a apropriação e adequação da técnica à sua prática pedagógica. Como resultado problematiza o uso bem como contribui com a organização didática de professores/as junto aos educandos, aproximando as diferentes linguagens tecnológicas contribuindo para a aprendizagem.

PALAVRAS-CHAVE: Tecnologias; Formação de professores/as; Ensino e Aprendizagem; Painéis Cognitivos; Cartazes Multimídia.

INTRODUÇÃO

O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) é uma modalidade de

formação continuada dos/as professores/as da rede pública estadual do Paraná que

proporciona condições de aperfeiçoamento das práticas educativas. Apresenta-se

neste artigo a sistematização das atividades desenvolvidas no âmbito do PDE no

período de 2013 a 2014, vinculado ao Centro de Educação e Letras da Universidade

Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Campus de Foz do Iguaçu.

Page 3: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · na discussão sobre o uso das mídias na educação, Moreira ... apesar de bons planos de aulas, ... Conhecendo o cotidiano do

Numa sociedade cada vez mais tecnológica e apressada, o celular passou a

ser indispensável e até mesmo inseparável do corpo dos adolescentes, essas

“extensões", prolongamentos são como próteses cibernéticas de processamento

informacional multimídia, gerando e compartilhando informações instantaneamente,

a qualquer hora em qualquer escola ou sala de aula causando distrações. Diante do

impasse da proibição ou do uso educativo nos voltamos ao propósito de conciliar o

uso do celular com os materiais impressos, produções dos alunos nas práticas em

sala de aula, trabalhando com os aluno/as numa perspectiva interdisciplinar de

construção coletiva do conhecimento.

Os códigos de barra 2D (QRcodes), são disponibilizados em rótulos e

embalagens de produtos comerciais, cujos textos dos endereços codificados são

escaneados e decodificados pelas câmeras fotográficas e programas dos

Smartphones, funcionam como hiperlinks acessando sites da web. Vislumbrada a

solução alternativa e viabilidade desse projeto desenvolvemos então a ideia de criar

painéis cognitivos interativos com QRcodes ou cartazes multimídia, inspirados nos

infográficos de jornais e revistas cuja informação é estruturada e sintetizada em

esquemas gráficos mesclando imagens e textos.

O desafio em planejar atividades didáticas que envolvessem efetivamente

os/as alunos/as na aprendizagem significativa dos conteúdos provocou a questão:

Os processos de construção coletiva de painéis cognitivos interativos de biologia e

interdisciplinar podem contribuir para a aprendizagem significativa dos conteúdos

escolares?

Na pesquisa elucidativa, elaborada no PDE, optamos por seguir o modelo de

roteiro de planejamento proposto por Gasparin (2012), dividido em cinco passos que

ele define como sendo uma possibilidade didática na perspectiva da pedagogia

histórico-crítica. Essa didática contribuiu na elaboração e execução de unidades de

conteúdos, constituindo as três fases do método dialético prática-teoria-prática,

envolvendo alunos/as e professores/as num trabalho cooperativo e colaborativo

explorando diferentes dimensões na aprendizagem dos conteúdos. A cada etapa do

roteiro foram associadas ferramentas dinamizadoras no tratamento, organização e

estruturação das informações problematizadas como mapas mentais, mapas

conceituais e Tirinhas em quadrinhos.

Embasada na metodologia da pesquisa ação (Thiollent,2002), desenvolvemos

a implementação da experimentação coletiva e colaborativa em oficinas presenciais

Page 4: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · na discussão sobre o uso das mídias na educação, Moreira ... apesar de bons planos de aulas, ... Conhecendo o cotidiano do

na escola e a distância através da plataforma Moodle, totalizando 64 horas

distribuídas em 43 atividades planejadas e organizadas em mapas de atividades. Na

exposição do painel, construído pelo grupo de professores, ocorreu à finalização das

oficinas e (auto) avaliação do trabalho de pesquisa aliado à extensão.

O projeto e a unidade didática de implementação na escola também foram

analisados e discutidos no Grupo de Trabalho em Rede da Secretaria Estadual de

Educação (SEED), envolvendo a participação de 15 professore/as de biologia.

Esse artigo está organizado da seguinte forma: inicialmente introduz breve

explicitação acerca da didática da pedagogia histórico-crítica e sua contribuição para

a pesquisa, num segundo momento apresenta o desenvolvimento do projeto de

intervenção pedagógica junto a professores no Centro Estadual Educacional

Profissionalizante Manoel Moreira Pena e, em paralelo, a análise e discussão do

projeto/unidade didática no GTR, e finalmente na conclusão, aspectos da

contribuição da tecnologia e das mídias na condução do processo de ensino e de

aprendizagem na escola, que possibilita que professores e alunos apreendam as

metodologias possíveis com os diversos recursos disponíveis.

Como embasamento teórico, utiliza-se Gasparin(2012) na roteirização da

unidade de conteúdo, Buzan(2011) em relação aos mapas mentais; Moraes(2013)

na discussão sobre o uso das mídias na educação, Moreira(1986) sobre mapas

conceituais, Ontoria(2008) acerca de mapas mentais na escola, Eisner(1995) em

relação à linguagem dos quadrinhos e Thiollent (2002) que define as linhas

norteadoras da metodologia da pesquisa-ação dentre outros autores de expressiva

contribuição teórica.

2. A Pedagogia Histórico-Crítica e sua contribuição para a ação

A Pedagogia histórico-critica está estruturada em cinco passos que são: a

prática social inicial; a problematização; a instrumentalização, catarse e finalmente a

prática social final. Utilizamos essa pedagogia e sua orientação na condução da

ação de intervenção no campo da escola: Estratégias Didáticas para Construção

Coletiva de Painéis Cognitivos Interativos de Biologia e Interdisciplinar com

QRcode.

Concordamos que planejar é uma ação fundamental para a concretização de

um propósito, porém, apesar de bons planos de aulas, o/as profissionais da

Page 5: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · na discussão sobre o uso das mídias na educação, Moreira ... apesar de bons planos de aulas, ... Conhecendo o cotidiano do

educação, muitas vezes sentem-se desorientados diante de situações de

desinteresse e apatia dos alunos nos estudos. Fato recorrente em nossas práticas

pedagógicas, estruturadas principalmente em aulas expositivas centradas no

professor/a, intensificado frente à constante inserção das Tecnologias de Informação

e Comunicação (TIC) no ambiente escolar.

Planejar, dentro dessa nova linha de trabalho, apresenta-se para os professores e alunos como algo muito complexo. Em primeiro lugar, o planejamento, para a grande maioria, não é essencial para ministrar suas aulas. Em segundo lugar, com muita frequência, o que é planejado não é depois posto em prática. Portanto é considerado perda de tempo dedicar-se a esse tipo de tarefa. Todos, porém, reconhecem a necessidade e validade de um plano de trabalho. (...) para um desempenho adequado da tarefa docente, se necessita de uma previsão, ainda que de maneira ampla, das atividades que serão desenvolvidas. A recomendação é que não sejam planejadas aulas, mas unidades de conteúdo, ou seja, um conjunto de aulas. (GASPARIN 2012, p. 149)

Corroboramos o autor sobre o desafio do planejamento de estratégias

didáticas alternativas, nesse sentido e amparado teoricamente nas bases da

pedagogia histórico-crítica, buscamos a mediação do conhecimento, na tentativa de

trabalhar com o/as aluno/as e não para ele/as, desenvolvendo um roteiro para

produção coletiva de materiais didáticos na forma de painéis cognitivos.

Adaptado do modelo de projeto de trabalho docente-discente na perspectiva

anunciada, proposta por Gasparin(2012), para sistematização do roteiro de unidades

de conteúdo em cinco passos, associando a cada passo técnicas gráficas de

organização informacional utilizadas no processo de construção do painel cognitivo.

Partindo do senso-comum, denominado como sendo a prática inicial, passando

pelas etapas teóricas de problematização, instrumentalização e catarse até a prática

social final, ilustrado nas figuras um e dois.

Para realização de seu trabalho, o professor elabora esquemas de ação que busquem desenvolver aquelas habilidades e capacidades que ainda não estão desenvolvidas nos educandos, mas encontram-se em fase de construção. Conhecendo o cotidiano do aluno e o conteúdo escolar, o professor age no sentido de que o educando, de início, reproduza ativamente para si o conteúdo científico, recriando-o, tornando-o seu e, portanto, novo para ele. Esta assimilação ativa é possibilitada por múltiplas ações do professor e dos alunos, pela

Page 6: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · na discussão sobre o uso das mídias na educação, Moreira ... apesar de bons planos de aulas, ... Conhecendo o cotidiano do

utilização de técnicas convencionais presenciais ou novas tecnologias virtuais. (GASPARIN 2012, p. 117)

Figura 1 - roteiro dos cinco passos - projeto de unidades de conteúdo - Autor John keller.

Page 7: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · na discussão sobre o uso das mídias na educação, Moreira ... apesar de bons planos de aulas, ... Conhecendo o cotidiano do

Painéis ou mapas cognitivos são esquemas gráficos de representação visual

do conteúdo trabalhado e estruturado durante o processo de ensino e aprendizagem

significativa, cooperativa e colaborativa, com base na perspectiva pedagógica

assumida, integrado a diferentes mídias através do código de barras 2D o QRcode.

Embasado teoricamente nesse modelo de planejamento em cinco passos, a

proposta é que o/a professor/a se aproprie das técnicas de uso de diferentes

linguagens de representação gráfica - mapas mentais, conceituais e tirinhas - e com

isso amplie e trate significativamente os conteúdos.

Mapa mental, segundo Buzan (2011,p.123) "É uma ferramenta de

pensamento interligada gráfica e visualmente para armazenamento, organização,

priorização e geração de informação". São esquemas gráficos ou diagramas

utilizados na organização de pensamentos, ideias e conceitos, sistematizados pelo

educador e psicólogo inglês Tony Buzan.

Mapas conceituais para Moreira (1986,p.13) "É uma estrutura esquemática

para representar um conjunto de conceitos imersos numa rede de proposições. Ele

pode ser entendido como uma representação visual utilizada para partilhar

Figura 2 - Espiral esquema dos 5 passos - Autor John Keller.

Page 8: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · na discussão sobre o uso das mídias na educação, Moreira ... apesar de bons planos de aulas, ... Conhecendo o cotidiano do

significados." Semelhantes a organogramas, esses diagramas apresentam conceitos

relacionados hierarquicamente através de proposições, frases ou verbos de ligação,

numa escala de prioridade ou importância.

Tirinhas, segundo Carvalho (2006) são pequenas histórias em quadrinhos

com começo, meio, fim e em geral com personagens fixos criados pelo autor de

forma concisa, desenhadas geralmente em um, dois, três ou quatro quadros.

Esses autores corroboraram a ação desenvolvida na escola de desmistificar o

uso da tecnologia aproximando-a a efetiva aprendizagem.

3. A ação no campo da escola prática-teoria-prática

A ação na escola foi planejada e implementada embasada na metodologia da

pesquisa-ação (Thiollent,2002), numa experimentação coletiva, cooperativa e

colaborativa em oficinas organizadas em mapa de atividades que foram divididas

em teóricas e práticas, presenciais e à distância, na plataforma Moodle, montando

um panorama geral da unidade didática totalizando 43 atividades em 64 horas.

Atividades estruturadas de acordo com um modelo de design instrucional para

Educação a Distância (EaD), destacando os objetivos específicos, que são as

expectativas de desenvolvimento cognitivo, o que se espera que os/as cursistas

aprendam a cada módulo e são expressadas por um verbo específico (BLOOM et

al.,1983). Ilustrado na figura três um recorte do mapa de atividades.

Figura 3 - Recorte do mapa de atividades - fonte John Keller.

Page 9: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · na discussão sobre o uso das mídias na educação, Moreira ... apesar de bons planos de aulas, ... Conhecendo o cotidiano do

Na Oficina um (01) realizada em dois encontros presenciais, foram

apresentadas a proposta de estratégias didáticas para construção coletiva de

painéis cognitivos interativos de biologia e interdisciplinar com QRcode e as

ferramentas gráficas. Demos o primeiro passo através da dinâmica de "tempestade

cerebral", Brainstorming, iniciando o processo dos cinco passos para a seleção do

tema interdisciplinar a ser trabalhado, explorando-se as múltiplas dimensões do

conteúdo. Brainstorming ou tempestade cerebral é uma técnica de exploração de

ideias coletivamente em debates a partir de uma problematização ou desafio,

verbalizadas livremente sem críticas ou julgamentos, buscando possíveis soluções

criativas através da colaboração do/as participantes.

Definido como tema integrador comum, discussões sobre poluição, foi iniciada

a etapa da problematização (segundo passo) por meio de um novo Brainstorming.

Utilizando-se da ferramenta mapa mental, partindo da ideia central principal

estruturando e irradiando gradativamente para suas especificidades em ramificações

secundárias e terciárias, ilustrado na figura 4 o mapa mental do Brainstorming inicial

de exploração coletiva das dimensões do tema poluição.

Figura 4 - Mapa mental Brainstorming inicial Poluição - fonte John Keller.

Page 10: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · na discussão sobre o uso das mídias na educação, Moreira ... apesar de bons planos de aulas, ... Conhecendo o cotidiano do

Orientados para pensar na relação do tema com suas disciplinas, o/as

professore/as trabalharam individualmente elaborando mapas mentais desenhados

a mão livre, com o intuito de reprodução da técnica posteriormente na sala de aula.

No segundo encontro presencial da oficina 01 trabalhamos uma simulação

individual do esboço de uma unidade de conteúdo, seguindo o esquema (figura 1)

adaptado do modelo proposto por Gasparin (2012), adequado às disciplinas dos

professores participantes. Culminamos com um debate sobre as possibilidades,

facilidades, dificuldades e restrições da apropriação e uso da metodologia didática.

Também nesse encontro presencial, no laboratório de informática da escola, demos

inicio ao cadastro, ambientação e navegação no Ambiente Virtual de Aprendizagem

(AVA) na plataforma Moodle.

Na Oficina (02) realizada à distância, trabalhamos o uso de softwares na

elaboração e feitura de mapas mentais, instalados no computador como o FreePlane

ou online nos sites examtime.com e wisemapping.com onde os professores

estruturaram digitalmente seus mapas criados a mão livre na oficina (01) e

compartilharam para a avaliação coletiva do grupo.

Os mapas conceituais foram trabalhados na Oficina (03), na modalidade à

distância, já conhecida pela maioria do grupo, porém, não haviam utilizado o

software CMAPTOOLS. Após a instalação do programa, os mapas mentais da

oficina (01) foram estruturados também como mapas conceituais. Na figura (05), um

mapa compartilhado no fórum de discussão na oficina 3.

Figura 5 - Mapa conceitual - Resíduos na horta - postado no fórum da oficina 3 - fonte John Keller.

Page 11: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · na discussão sobre o uso das mídias na educação, Moreira ... apesar de bons planos de aulas, ... Conhecendo o cotidiano do

Apesar da semelhança entre os ideogramas, mapas mentais e conceituais,

ambos apresentam características gráficas peculiares para o mapeamento de ideias

e conceitos.

Mapas mentais se prestam ao processo criativo. Podem ser feitas com imagens ao invés de palavras ou rótulos de conceitos. Podem ser coloridas e seus ramos podem ter espessuras diferentes de modo a inserir a ideia de classificação e subclassificações. A elaboração dos mapas mentais é livre e este fato facilita sua criação. Tudo indica que esta ferramenta não é a mais ideal para clarificação de conceitos, pois não apresenta as ideias relacionadas com a ligação entre os conceitos. (SHITSUKA, SILVEIRA, SHITSUKA 2011, p. 9)

As problematizações, trabalhadas nos mapas mentais anteriormente, foram

inseridas nos balões de textos das tirinhas produzidas na Oficina (04), abordando a

linguagem básica dos quadrinhos. O sistema narrativo dos quadrinhos se constitui

de dois códigos integrados e interativos: o verbal e o visual; “quando palavra e

imagem se misturam, as palavras formam um amálgama com a imagem e já não

servem para descrever, mas para fornecer som, diálogo e textos de ligação”.

EISNER (1995, p.122).

Foram disponibilizadas duas formas para a construção das tirinhas, uma

instalando o programa HAGÁQUE e outra no site toonlet.com, ambas gratuitas e de

fácil utilização. As produções também foram compartilhadas no fórum da oficina (04).

Na figura (06), a tirinha foi produzida no toonlet.com e compartilhada no fórum da

oficina (04).

Na Oficina (04), abordamos também sobre os códigos de barra 2D e como

são gerados os QRcodes. Segundo Prass(2011) esse código pode ser escaneado

pelas câmeras fotográficas dos aparelhos celulares, que é decodificado em texto ou

Figura 6 - Tirinha postada no fórum da Oficina 4 - Fonte John Keller.

Page 12: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · na discussão sobre o uso das mídias na educação, Moreira ... apesar de bons planos de aulas, ... Conhecendo o cotidiano do

em um link para algum site. Na oficina utilizamos os serviços de geração dos

códigos no site http://www.patrick-wied.at/static/qrgen/ que é gratuito.

Na Oficina (5), na modalidade à distância, reunimos as produções das

oficinas anteriores para a pré-montagem do painel que pode ser: desenhado a mão

livre onde os QRcodes impressos serão colados ou produzido através de software

gráfico, na forma de imagem digitalizada e impresso como cartaz. Outras variações

na montagem dos painéis podem ser experimentadas de acordo a criatividade,

disponibilidade de materiais, equipamentos e acesso à internet na escola.

Na utilização de softwares para desenhar os painéis, optou-se por softwares

de fácil acesso, simples e de uso intuitivo na construção e edição de imagens como

o PAINT do sistema operacional Windows ou para o sistema Linux o

KOLOURPAINT.

Construímos um novo mapa mental como estrutura base do painel com os

materiais produzidos pelo grupo nas oficinas. Após, foi feita a edição no PAINT com

acréscimos de imagens e dos QRcodes resultando em um pré-painel.

Na etapa II da oficina (5) cada professor criou seu Blog pessoal para a

inserção de conteúdos tendo a possibilidade de vinculá-los ao painel cognitivo

juntamente com outros sites relacionados ao trabalho individual. Novos QRcodes

foram gerados e inseridos na imagem, concluindo assim o painel cognitivo interativo.

O quinto passo ocorreu no último encontro presencial com a exposição do

painel, no formato de cartaz (Banner), no saguão de entrada do Centro Estadual

Educacional Profissionalizante Manoel Moreira Pena, estrategicamente posicionado

próximo ao mural de recados, possibilitando maior visualização devido ao fluxo de

alunos, funcionários, professores e visitantes ser mais intenso. De um modo geral o

trabalho foi bem aceito pela comunidade escolar, principalmente pelo/as alunos,

mais familiarizados com as tecnologias, decodificaram os Qrcodes e acessaram de

imediato as informações e sites do painel, alguns sugerindo que fossem feitos

trabalhos semelhantes com os aluno/as. Ilustrado na figura 7, o painel final da

exposição.

Page 13: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · na discussão sobre o uso das mídias na educação, Moreira ... apesar de bons planos de aulas, ... Conhecendo o cotidiano do

Figura 7 - exposição do painel final - Fonte John Keller.

Page 14: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · na discussão sobre o uso das mídias na educação, Moreira ... apesar de bons planos de aulas, ... Conhecendo o cotidiano do

Durante o desenvolvimento do projeto de intervenção pedagógica na escola,

em paralelo, ocorria o GTR - Grupo de Trabalho em Rede, na modalidade à

distância, com a participação de 15 professore/as de biologia na analise e discussão

das possibilidades de utilização do projeto e da unidade didática desta pesquisa-

ação. Excelente experiência colaborativa, pois a maioria do/as participantes dos

fóruns não conheciam ou não sabiam a finalidade dos mapas mentais e dos códigos

QRcodes.

Além dos debates e análises coletivas pudemos compartilhar experiências

vivenciadas em sala de aula além de experimentar algumas ferramentas online,

gerando QRcodes e criando mapas mentais. Houve unanimidade favorável quanto

ao quesito da possibilidade de uso da proposta didática pelos professore/as em suas

práticas.

A experiência vivenciada na pesquisa-ação mostra o quanto somos

interdependentes, principalmente na aprendizagem que torna-se significativa na

proporção cooperativa da participação e colaboração de todo/as envolvido/as.

Agradecimentos a todo/as colegas que partilharam seu tempo e experiências

colaborando neste trabalho.

4. Conclusão

Jovens buscam rapidez e praticidade, tudo ao alcance da ponta dos dedos,

impacientes e multitarefas, como questiona Relvas(2012) "Que cérebro é esse que

chegou para assistir à aula?" referindo-se a plasticidade cerebral. Plasticidade

cerebral ou neuroplasticidade, de acordo com Relvas(2012, p. 119) " é a capacidade

que o cérebro tem em se remodelar em função das experiências do sujeito,

reformulando as suas conexões das necessidades e dos fatores do meio ambiente."

Diante de tantas e constantes mudanças sociais, também devido às

inovações tecnológicas é fundamental, para o convívio educacional saudável e

produtivo, repensar práticas pedagógicas mudando conceitos, rompendo

paradigmas, alterando a percepção do problema como, segundo Willingham (2011) "

Em vez de tornar a atividade mais fácil, seria possível tornar o pensar mais fácil?".

As técnicas vivenciadas nesta pesquisa-ação evidenciaram alternativas

didáticas no planejamento e exploração dos conteúdos, na organização e

processamento das informações e nas estruturas da construção dos pensamentos,

Page 15: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · na discussão sobre o uso das mídias na educação, Moreira ... apesar de bons planos de aulas, ... Conhecendo o cotidiano do

conceitos e ideias de forma colaborativa, numa tentativa de responder essa questão.

Mapas, totens, placas dentre outras formas de comunicação direta estão por

toda parte, nos acostumamos à elas que confiamos e agimos automaticamente,

pensar no trabalho de elaboração e conhecimento técnico de mapas e painéis

produzidos coletivamente com e pelos alunos nos torna coadjuvantes no processo,

decidindo coletivamente para e até onde queremos ir na exploração dos conteúdos,

fomentando o esclarecimento situacional da aprendizagem.

O uso desta técnica consiste, portanto, em optar por uma aprendizagem significativa, construtiva e dinâmica, na qual os alunos sejam considerados seu eixo central.(...) Com os mapas mentais é possível conciliar o trabalho individual e o de grupo. A dinâmica da aula gira em torno do grupo e o professor assume uma função orientadora e facilitadora. (ONTORIA, LUQUE e GÓMEZ, 2008, p. 144).

A função dos painéis é possibilitar a visualização panorâmica geral do

conteúdo explorado, facilitando o entendimento experiencial prévio. Auxiliados pela

tecnologia nas diferentes mídias, associadas a cada etapa do roteiro didático dos

cinco passos, na opção de apropriação e uso gradativo pelo/a professor/a, durante o

processo de ensino e aprendizagem requerendo para tanto uma nova postura

colaborativa, interativa, multimídia.

O saber enciclopédico é questionado nas escolas e o/a professor/a não é mais aquela pessoa detentora do conhecimento acumulado pela humanidade. Seu papel passa a ser de um mediador do processo de ensino e aprendizagem dos conhecimentos escolares que o/a aluno/a receberá em sua vida por meio do acesso às mídias e a seus aparatos. Entretanto, é ele/a que precisa ensinar, essa é a sua função, com o apoio da tecnologia como uma ferramenta (MORAES 2013, p. 105).

Mantendo a postura didática inflexível perdemos momentos interativos preciosos de

aprendizagem cooperativa mútua deixando de explorar novas dimensões do

conhecimento coletivo. O respeito recíproco gera a liberdade de expressão, da

formulação de hipóteses significativas, da segurança do que, onde e com quem se

aprende, somos interdependentes vivendo em comunidades cada vez mais

tecnológicas, informatizadas, colaborativas. Portanto desenvolver estratégias

didáticas que aproximem e estimulem os jovens para a aprendizagem significativa

Page 16: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · na discussão sobre o uso das mídias na educação, Moreira ... apesar de bons planos de aulas, ... Conhecendo o cotidiano do

colaborativamente é um caminho difícil, porém, dizem lá na China que: Uma longa

caminhada começa com um simples passo! Caminhamos juntos cinco.

5. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

ANDRAUS, Gazy.- As histórias em quadrinhos como informação imagética integrada ao ensino universitário. 2006. 231 f. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. Disponível em: < http://guiadosquadrinhos.com/monografiaview.aspx?cod_mono=21> Acesso em: 12 jun 2013.

BARBOSA, Alexandre; RAMOS, Paulo; VILELA, Túlio; RAMA, Angela; VERGUEIRO, Waldomiro. Como usar as Histórias em Quadrinhos na Sala de Aula. 3ª ed. São Paulo: contexto 2007.

BLOOM, B. S., HASTINGS, J. T., MANDAUS, J. F., Manual de avaliação formativa e somativa do aprendizado escolar, São Paulo, Livraria Pioneira Editora, 1983.

BUZAN, Tony. Use sua Mente: Como desenvolver o poder do seu cérebro. Tony Buzan - São Paulo: Integrare Editora, 2011.

CARVALHO, Djota .A Educação Está No Gibi, Campinas: Papirus, 2006.

EISNER, Will. Quadrinhos e arte sequencial. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes,

1995.

GASPARIN, João Luiz. - Uma Didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. João Luiz Gasparin. - 5ª ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2012.

KRASILCHICK, M. - Prática de Ensino de Biologia. São Paulo: Edusp, 2004.

MCCLOUD, Scott. Desvendando os Quadrinhos. São Paulo: Makron Books, 2004.

MORAES, Denise Rosana da Silva - O Programa Mídias na Educação e na Formação de Professores/as: Limites e Possibilidades. – Tese de Doutorado defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da universidade Estadual de Maringá-UEM – Maringá, 2013.

Page 17: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · na discussão sobre o uso das mídias na educação, Moreira ... apesar de bons planos de aulas, ... Conhecendo o cotidiano do

MOREIRA, M, A (1986) - Mapas Conceituais. Disponivel em: <http://150.162.1.115/index.php/fisica/article/viewFile/7934/7300> Acesso em: 10 jun 2013.

ONTORIA, Antonio - Aprender com Mapas Mentais. A. Ontoria, A. de Luque e J.P.R. Gómez. - 3ª ed. - São Paulo: Madras, 2008.

PRASS, R. (2011). Entenda o que são os 'QR Codes', códigos lidos pelos celulares. Disponível em: <http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2011/05/entenda-o-que-sao-os-qr-codes-codigos-lidos-pelos-celulares.html>. Acesso em: 01 mai 2013.

SHITSUKA, Ricardo; SILVEIRA, Ismar Frango; SHITSUKA, Dorlivete Moreira. Comparação entre as ferramentas Ontologia, Mapas Mentais e Mapas Conceituais na representação de conceitos em matriz curricular de curso de graduação. CRB-8 Digital, São Paulo, v. 4, n. 1, p. 2-10, abr. 2011. Disponível em: <http://revista.crb8.org.br/index.php/crb8digital/article/view/55/57>. Acesso em: 10 jun 2013.

TAVARES, Romero. Construindo mapas. Ciências & Cognição, v. 12, p. 72-85, dez. 2007.

THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 2002.

WILLINGHAM, D. T. - Porque os alunos não gostam da escola? Respostas da ciência cognitiva para tornar a sala de aula atrativa e efetiva. Porto Alegre: Artmed, 2011.