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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
O BULLYING E SEU IMPACTO PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM
DA LÍNGUA INGLESA
Vânia Maria Cenci Stedile1 Karine Marielly Rocha da Cunha2
Resumo
O presente artigo tem o intuito de refletir sobre a problemática do bullying no ensino médio e seu impacto no ensino aprendizagem da Língua Inglesa. Diariamente percebemos atitudes de desrespeito e preconceito entre os alunos, denunciando claramente a presença do bullying na escola e principalmente nas aulas de inglês. Este comportamento tem características humilhantes, causando nas vítimas, um efeito devastador; principalmente porque atinge a autoestima do adolescente e interfere diretamente no rendimento escolar. Diante disso, faz-se necessário intervir de alguma forma. Com ações pedagógicas baseadas no Letramento Crítico, este projeto veio conscientizar nossos alunos sobre a existência e as consequências do bullying com o intuito de amenizar problemas existentes e prevenindo casos futuros. Foi desenvolvido com todos os alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Guaíra onde foram realizadas várias atividades envolvendo leitura, interpretação, percepção da realidade, construção e reconstrução de conceitos, reflexão, e produção oral e escrita.
Palavras-chave: Bullying. Ensino-aprendizagem de língua inglesa. Letramento crítico.
Introdução:
Como professora de língua inglesa no Colégio Estadual Guaíra há 08 anos,
percebo que o bullying está presente nas aulas, prejudicando o ensino aprendizagem
de forma relevante.
Desta forma, acredito que durante as aulas de inglês podemos intervir com
ações pedagógicas para conscientizar nossos alunos sobre a existência do bullying e
o quanto isso atrapalha e interfere negativamente no ensino aprendizagem da língua
inglesa, por colocar as vítimas em situação vexatória e traumatizante.
Silva (2010), refere-se ao bullying como uma tragédia; onde existem os
personagens que maltratam, os que sofrem e os que assistem, ou seja, os agressores,
as vítimas e os espectadores.
Segundo o site australiano Kid Spot, apud Jordão et al (2013), o bullying pode
ser praticado de diversas maneiras (físico, verbal, social e virtual); e é assim também
1 Professora Especialista em Língua Inglesa e Psicopedagogia. 2 Doutora em Linguística e Semiótica pela Universidade de São Paulo/USP e Docente do Departamento de Letras Estrangeiras Modernas/ DELEM da Universidade Federal do Paraná/UFPR.
no espaço das aulas de inglês; porém a gravidade depende da reação da vítima e da
persistência dos fatos.
Sobre as questões físicas, são evidentes os empurrões, colisões e acertos de
bolinhas de papel. Há agressores que provocam fisicamente suas vítimas dando
rasteiras, com a intenção de derrubar o colega, entre outras situações perigosas.
Na questão verbal, vale ressaltar que o ensino de inglês no ensino médio requer
uma dinâmica de oralidade que, muitas vezes, causa constrangimento. Desta forma,
há os alunos que sabem e acompanham bem as aulas, mas sentem-se
envergonhados em participar, pois podem se tornar vítimas de bullying.
Neste caso, a prática do bullying apresenta-se em forma de manifestações de
desrespeito, causado por alguns alunos que perturbam, tiram sarro, fazem fofocas,
comentários e brincadeiras maldosas sobre a orientação sexual, religião, etnia, etc.
Atribuem apelidos pejorativos e insultam os colegas durante a aula.
No aspecto social, percebemos a existência de “panelinhas” e a rivalidade entre
elas dentro da sala de aula. Nesses grupinhos de alunos, destaca-se o líder, que leva
o grupo a praticar bullying contra a vítima que é escolhida pelo grupo. Há divulgação
e propagação de mentiras, rumores e brincadeiras grosseiras e obscenas. Este
comportamento é intencional e tem como objetivo a exclusão da vítima.
Já na questão virtual, o agressor usa a tecnologia para atingir a vítima
psicologicamente através da verbalização e a socialização de vídeos, fotos,
comentários e notícias não autorizadas. Acontece na internet, especialmente nas
redes sociais como facebook, chat rooms e you tube.
Fatos como os citados, quando recorrentes, faz-se necessário identificar os
personagens que o praticam, para assim intervirmos com ações pedagógicas, a fim
de prevenir e lidar com as consequências que isto pode causar no ensino e
aprendizagem das vítimas.
Segundo Fante (2005), as vítimas podem ou não superar os traumas causados
por este fenômeno, pois depende da personalidade e do apoio que esta vítima recebe
no momento que sofre bullying. A autora descreve sobre o impacto que o trauma pode
causar nas vítimas.
“(...) Isso afetará o seu comportamento e a construção dos seus pensamentos e de sua inteligência, gerando sentimentos negativos e pensamentos de vingança, baixa auto-estima, dificuldades de aprendizagem, queda do rendimento escolar, podendo desenvolver transtornos mentais e psicopatologias graves, além de sintomatologia e doenças de fundo
psicossomático, transformando-a em um adulto com dificuldades de relacionamentos e com outros graves problemas.” (p.79)
Por este motivo, não podemos admitir que nossos alunos continuem sofrendo
este tipo de violência nas aulas de inglês. Precisamos ter a sensibilidade de perceber
quando o bullying está acontecendo e interferindo no desempenho escolar e
emocional dos nossos alunos. Desta forma, ainda citando Fante (2005)
compartilhamos a sua ideia:
[...] a escola deve estimular o ensino e o desenvolvimento de atitudes que valorizem a prática da tolerância e da solidariedade entre os alunos. O diálogo, o respeito e as relações de cooperação precisam ser valorizados e assumidos por todos os envolvidos no processo educacional.(p.93)
Assim sendo, o intuito é promover reflexão e discussão sobre o bullying e seu
impacto para o ensino-aprendizagem da língua inglesa levando os alunos do primeiro
ano do ensino médio do colégio estadual Guaíra a perceber a existência deste tipo de
violência e conscientizá-los do que isto pode causar na vida emocional da vítima e
consequentemente escolar.
Fundamentação Teórica:
Nesta revisão bibliográfica, foram escolhidas duas autoras que discutem sobre
o bullying no contexto brasileiro. São elas: Cleo Fante (2005) e Ana Beatriz Barbosa
Silva (2010). A primeira considera bullying como um comportamento cruel intrínseco
nas relações interpessoais, em que os mais fortes convertem os mais frágeis em
objetos de diversão e prazer, através de brincadeiras que disfarçam o propósito de
maltratar e intimidar.
Já a segunda, explica que o termo bullying pode ser adotado para explicar todo
tipo de comportamento agressivo, cruel, proposital e sistemático inerente às relações
interpessoais.
Apesar das discussões propostas pelas duas pesquisadoras serem pertinentes
para o contexto da escola pública na qual se atua, consideramos importante incluir
discussões mais específicas sobre o bullying nas aulas de inglês, tema deste trabalho.
Dentro do PDE, o trabalho da professora Ana Karina Sartori Ramos (2007) é
relevante porque vem justamente ao encontro do foco do nosso trabalho. A autora faz
uma pesquisa com alunos do ensino médio na aula de inglês, mostrando as
consequências nocivas do bullying para a aprendizagem de uma língua estrangeira.
Além deste trabalho, também consideramos relevante as discussões sobre o
Letramento Crítico (LC) de Jordão (2013) e Edmundo (2013) porque as autoras
defendem o LC no ensino de inglês nas escolas públicas, entendendo que esta
abordagem abre espaço para negociações, possibilita diferentes entendimentos de
mundo e mostra que é possível conviver e lidar com as diferenças sem categorizá-las
como boas ou más.
Para Edmundo (2013, p.69) “O Letramento Crítico prioriza a necessidade de
professores e alunos desconstruírem os pressupostos sobre as várias narrativas
presentes no nosso dia a dia”. Assim, este processo de desconstrução consiste em
proporcionar ao aluno a chance de perceber e experimentar diferentes pontos de vista
ao interpretar uma situação ou quando construírem seu próprio argumento. O
questionar pode gerar novas dúvidas, sendo estas, sempre construtivas e com o
intuito de produzir conhecimento.
Conforme Jordão (2013)
É fundamental no Letramento Critico pensar e falar também sobre o entorno social, político, cultural, ideológico das circunstâncias de leitura, sobre as comunidades interpretativas legitimadas e não legitimadas, sobre as formas privilegiadas e não privilegiadas de ler e assim atribuir, hierarquizar e construir sentidos. (p.42)
Este artigo apoia-se também numa revisão sobre a problemática do bullying
com o intuito de discutir valores humanos como o respeito às diferenças, por exemplo.
Retomando o conceito de Bullying percebemos que é um termo cada vez mais
recorrente nas discussões da área de educação, basta abordarmos o assunto com
alguém que passou pela escola recentemente ou há muito tempo, para ouvirmos
histórias de bullying vivenciadas ou testemunhadas por essas pessoas.
Silva (2010), afirma que a palavra bullying é de origem inglesa, ainda sem
tradução para o Brasil. É muito utilizada para qualificar comportamentos violentos no
âmbito escolar. Dentre as várias definições propostas, adoto o conceito de Silva
(2010), que afirma que:
Se recorrermos ao dicionário, encontraremos as seguintes traduções para a palavra bully: indivíduo valentão, tirano, mandão, brigão. Já a expressão bullying corresponde a um conjunto de atitudes de violência física e ou psicológica, de carácter intencional e repetitivo, praticado por um bully (agressor) contra uma ou mais vítimas que se encontram impossibilitadas de se defender. (p.21)
Ainda segundo Silva (2010), destacam-se as agressões, os assédios e as
ações desrespeitosas, que acontecem de maneira recorrente e intencional por parte
dos agressores. São comportamentos praticados por um ou mais agressores contra
um ou alguns alunos. Pode-se dizer que os mais fortes fazem dos mais fracos objetos
de diversão, com o intuito de maltratar, intimidar, humilhar e amedrontar suas vítimas,
causando dor e sofrimento.
Para Fante (2005), já citada anteriormente, os atos de bullying entre os alunos
apresentam determinadas características comuns:
são comportamentos produzidos de forma repetitiva num período prolongado de tempo contra uma mesma vítima;
apresentam uma relação de desequilíbrio de poder; o que dificulta a defesa da vítima;
ocorrem sem motivações evidentes; são comportamentos deliberados e danosos. (p.49)
Como possíveis causas do bullying nas escolas, podemos apontar que os
“valentões”, denominados bullies, projetam sua agressividade, muitas vezes de forma
oculta, com o intuito de mostrar domínio. É executado numa relação desigual de
poder, afetando a autoestima e a saúde mental das vítimas, levando-as a exclusão
social.
Conforme Silva (2010), atitudes de bullying podem se configurar em formas
diretas ou indiretas. Porém, dificilmente a vítima recebe apenas um tipo de maus-
tratos; estes comportamentos desrespeitosos vêm em “bando” e podem se expressar
das formas mais variadas.
Ainda segundo a autora, os tipos de bullying podem ser: verbal, físico e material, psicológico e moral, sexual e virtual. A autora lista e caracteriza desta forma:
VERBAL: insultar, ofender, xingar, fazer gozações, colocar apelidos
pejorativos, fazer piadas ofensivas, “zoar”; FÍSICO E MATERIAL: bater, chutar, espancar, empurrar, ferir,
beliscar, roubar, furtar ou destruir os pertences da vítima, atirar objetos contra as vítimas;
PSICOLÓGICO E MORAL: irritar, humilhar e ridicularizar, excluir, isolar, ignorar, desprezar ou fazer pouco caso, discriminar, aterrorizar e ameaçar, chantagear e intimidar, tiranizar, dominar, perseguir, difamar, passar bilhetes e desenhos entre os colegas de caráter ofensivo, fazer intrigas, fofocas ou mexericos (mais comum entre as meninas);
SEXUAL: abusar, violentar, assediar, insinuar. VIRTUAL: conhecida com cyberbullying, são capazes de difundir, de
maneira avassaladora, calúnias e maledicências, por meio de aparelhos e equipamentos de comunicação (celular e internet). (p.23 e 24)
Desta forma, a pesquisadora considera o fato como retrato da violência e da
covardia estampadas diariamente no templo do conhecimento e do futuro de nossos
jovens: a escola.
Fante (2005) e outros estudiosos identificam e classificam os tipos de papéis
desempenhados, bem definidos entre os envolvidos no fenômeno bullying, a saber:
VÍTIMA TÍPICA: Suas características mais comuns são: aspecto físico frágil, medo, timidez, passividade, submissão, insegurança, baixa autoestima, ansiedade, entre outras. Sente dificuldades de impor-se ao grupo, tanto física como verbalmente, e tem uma conduta habitual não agressiva, motivo pelo qual parece denunciar ao agressor que não irá revidar se atacada.
VÍTIMA PROVOCADORA: Tenta brigar ou responder, mas geralmente de maneira ineficaz; pode ser hiperativa, inquieta; de modo geral, é imatura, de costumes irritantes, e quase sempre é responsável por causar tensões no ambiente em que se encontra.
VÍTIMA AGRESSORA: É aquele aluno que, tendo passado por situações de sofrimento na escola, tende a buscar indivíduos mais frágeis que ele transferir os maus-tratos sofridos.
AGRESSOR: Normalmente se apresenta mais forte que seus companheiros de classe e que suas vítimas; sente uma necessidade imperiosa de dominar e subjulgar os outros, é impulsivo, irrita-se facilmente e tem baixa resistência às frustrações; é considerado malvado, duro e mostra pouca simpatia para com suas vítimas.
ESPECTADOR: Representa a grande maioria dos alunos que convive com o problema e adota a lei do silêncio por temer se transformar em novo alvo para o agressor. Alguns espectadores reagem negativamente, uma vez que seu direito de aprender em um ambiente seguro e solidário foi violado. (p.71)
Convivemos com pessoas de diversos meios, religiões, crenças e etnias. Essa
diversidade nos mostra a riqueza que é uma sala de aula e a prática escolar. Porém,
isso termina quando o personagem agressor decide agir contra uma vítima. O
ambiente escolar fica pesado, e o que era para ser produtivo; rico de informações e
aprendizagem; passa a ser estressante e desanimador.
É na escola que os mais variados comportamentos manifestam-se. Tanto as
más atitudes como o bullying, como as boas amizades e os vínculos duradouros. As
relações interpessoais na escola são importantes para o desenvolvimento
psicossocial dos adolescentes. Sendo assim, o ambiente escolar saudável mostra sua
relevância como um lugar de conhecimento e de socialização.
A escola deve estar atenta a qualquer desvio nos padrões comportamentais,
pois as consequências psicológicas do bullying podem interferir na vida das vítimas
de forma grave. Conforme Fante (2005) as consequências da conduta bullying afetam
todos os envolvidos e em todos os níveis,
[...] especialmente a vítima, que pode continuar a sofrer seus efeitos negativos muito além do período escolar. Pode trazer prejuízos em suas relações de trabalho, em sua futura constituição familiar e criação de filhos, além de acarretar prejuízo para a sua saúde física e mental. (p.78 e 79)
Conforme Fante (2005), no Brasil o fenômeno ainda é pouco pesquisado, pois
não há um indicador global que possa fornecer parâmetros. Algumas pesquisas foram
realizadas em escolas do Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. Entre elas,
a realizada pela ABRAPIA (Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à
Infância e a Adolescência), a qual contou com a participação de 5875 alunos, e que
comprovou que 40,5% dos estudantes estavam envolvidos de alguma maneira com o
bullying, não especificamente nas aulas de inglês, mas no ambiente escolar de um
modo geral (na própria sala de aula, durante o recreio e no portão das escolas).
O bullying nas aulas de Língua Inglesa
Conforme mencionado no início deste artigo, o trabalho da professora PDE, Ana
Karina Sartori Ramos (2007), vem contribuir com o nosso trabalho porque a pesquisa
feita por ela teve o mesmo público alvo que a nossa, alunos do ensino médio. Em seu
trabalho, foram evidenciadas as diferenças de personalidades, gostos e opiniões,
assim como o respeito à diversidade existente na sala de aula. Segundo a autora, é
justamente a não aceitação desta diversidade que parece ser o início dos casos de
bullying. Para ela, nas aulas de língua estrangeira, em que a expressão oral deve ser
incentivada, o fenômeno se torna um entrave considerável. Muitas vezes há alunos
que simplesmente se negam a falar, amedrontados com a possibilidade de serem
ridicularizados pelos outros.
Sendo assim, é importante que os alunos se sintam motivados e seguros de
forma a desenvolver a autoconfiança e estimular atitudes receptivas à aprendizagem,
pois, o ensino de línguas pressupõe a tentativa de diminuição de barreiras
psicológicas, tais como a inibição e a falta de confiança.
Podemos compreender essas barreiras psicológicas quando lemos Krashen
(1985) e atentamos para a sua teoria do filtro afetivo, segundo a qual quanto mais
baixo for o filtro, maior é a probabilidade de aprendizagem do aluno pois o mesmo se
sente confiante com um controle sobre a sua ansiedade o que contribui também para
a sua motivação.
Sabe-se das consequências psicológicas que a conduta do agressor acarreta
às vítimas, principalmente na fase da adolescência, pois as relações interpessoais e
a opinião dos amigos são relevantes.
As consequências do bullying para as vítimas na aprendizagem do inglês
ocorrem na medida em que há uma queda na concentração e dispersão, seguida pelo
desinteresse, queda no rendimento escolar e evasão.
A experiência de Eliana Edmundo (2013), professora da rede pública, é
interessante para o nosso trabalho uma vez que ela defende o LC no ensino de inglês,
afirmando que esta abordagem apresenta o questionamento como umas das mais
importantes diferenças em relação a outras práticas educacionais.
Por este motivo, o LC contribuiu com esta pesquisa por referir-se ao aprendizado
como uma oportunidade de negociar sentidos, mostrar diferentes perspectivas e
entendimentos de mundo e as aulas como um espaço para discussão sobre o bullying.
Concepção de Letramento Crítico
O Letramento crítico não é um método e sim uma abordagem construída
principalmente com base filosófica no pós-estruturalismo de Foucault e sua
conceituação de discurso e poder. As principais características desta abordagem são:
Desconstrução da estrutura e das características do texto;
Os textos não são considerados atemporais, universais e não tendenciosos;
Exploração de leitura alternativa;
Questionamento de valores subjacentes ao texto;
Foco nas crenças e valores do autor do texto;
Consideração do tempo e da cultura nos quais o texto foi construído;
Trabalho para igualdade e mudança social.
O processo de desconstrução consiste em proporcionar ao aluno a chance de
perceber a história quando interpretarem uma situação ou quando construírem seu
próprio argumento. O questionar deve gerar novas dúvidas, sendo estas, sempre
construtivas e com o intuito de produzir conhecimento.
Segundo Edmundo (2013, p.70), num processo de questionamento, as dúvidas
não precisam ser respondidas, porém a investigação e a constatação da pluralidade
são relevantes nesta prática.
Conforme Jordão (2013, p.42)
É fundamental no Letramento Critico pensar e falar também sobre o entorno social, político, cultural, ideológico das circunstâncias de leitura, sobre as comunidades interpretativas legitimadas e não legitimadas, sobre as formas privilegiadas e não privilegiadas de ler e assim atribuir, hierarquizar e construir sentidos.
Há varias perspectivas teóricas sobre o letramento crítico. Todas requerem uma
abordagem ativa e desafiadora em relação à leitura e as práticas sociais. Segundo
Motta (2008), o letramento crítico busca engajar o aluno em uma atividade crítica da
linguagem, utilizando como estratégia o questionamento das relações de poder, das
representações presentes nos discursos e das implicações que isto pode trazer para o
indivíduo em sua vida e comunidade.
Jordão e Fogaça (2007, p.88), acrescentam que “as formas como o poder opera,
e as possibilidades de subvertê-lo, devem ser uma preocupação fundamental para
todos que desejam compreender, ensinar e aprender línguas estrangeiras”.
Esta mudança social vem com a ação de desconstruir, reformular e construir
conceitos e saberes que constituem objeto de transformação da realidade. O resultado
disso é o conhecimento que vem com a interação uns com os outros e com o mundo.
Implementação do projeto
Iniciamos o trabalho fazendo uma pesquisa diagnóstica em sala de aula a fim de
perceber a diversidade de gostos pessoais com música, esportes, opiniões pessoais,
religião, entre outros. Assim, refletimos sobre o respeito às diferenças e o preconceito.
Analisamos diferentes gêneros textuais como poemas, charges, trechos de
filmes, música e vídeos, focando no tema “diversidade, respeito e aceitação”.
Juntamente com os alunos descobrimos que a não aceitação das diferenças
desperta em algumas pessoas a vontade de humilhar e excluir. É onde começa o
bullying.
As atividades, pesquisas, conceitos e textos foram abordados em inglês, com o
intuito de trabalhar didaticamente a língua dentro do tema proposto.
Por se tratar de um assunto atual e importante, os alunos se interessaram e
participaram muito, trouxeram experiências e comentários que enriqueceram nossas
aulas. A reflexão e a discussão foram muito proveitosas.
Para finalizar, os alunos construíram cartazes com o intuito de divulgar para
outros colegas tudo o que aprenderam sobre o tema; a fim de identificar, prevenir e
amenizar os casos existentes com atitudes positivas. Foram informações, dados
estatísticos, notícias, imagens, depoimentos, frases e textos a respeito do tema
bullying como ilustra a figura abaixo:
Considerações Finais:
Depois da aplicação do trabalho podemos concluir que as soluções para a
resolução do problema de bullying nas escolas não é simples. Exige um trabalho focado
e um empenho do corpo docente assim como o envolvimento geral da comunidade
estudantil já que o bullying é um fenômeno situação complexa e variável. Dessa forma
a eficácia da solução do problema é o envolvimento de todos.
Referências:
EDMUNDO, Eliana Santiago Gonçalves. Letramento crítico no ensino de inglês na escola pública – planos e práticas nas tramas da pesquisa. Campinas, SP: Pontes Editores, 2013.
FANTE, Cleo. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. 2.ed. Campinas, SP: Verus Editora, 2005.
JORDÃO, Clarissa Menezes. et. al. O PIBID nas aulas de inglês: divisor de águas e formadores de marés- Clarissa Menezes Jordão et al; Campinas, SP: Pontes Editores, 2013
KRASHEN, Stephen. The Input Hypothesis: issues and implications. 4.ed. New York, Longman. 1985
RAMOS, Ana Karina Sartori. Bullying. A violência tolerada na escola. Curitiba: PDE, 2007.
SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.