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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
A BOTÂNICA: CONTEMPLAÇÃO DE ALGUMAS ESPÉCIES DA
FLORA PARANAENSE AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO
Maria Soeli dos Santos Pombal¹
Professora Doutora: Elizabeth de Araujo Schwarz²
Resumo
Por que quando se planta algumas espécies de árvores seja no pátio da escola, na rua ou
em um parque, essas são destruídas? E por que outras são retiradas do seu habitat e replantadas em residências como planta ornamental? Os conteúdos do programa de Botânica para os alunos do 7º ano são suficientes para propiciar a construção do conhecimento em relação à percepção das plantas que compõe a vegetação que ainda resta? Este trabalho objetivou principalmente sensibilizar sobre a importância da conservação de espécies vegetais ameaçadas de extinção como recurso auxiliar para uma aprendizagem significativa dos conteúdos de Botânica para duas turmas de estudantes do sétimo ano do ensino fundamental do Colégio Estadual Floripa Teixeira de Faria, Município de Almirante Tamandaré, Paraná. A metodologia utilizada está baseada nas Diretrizes Curriculares de Ciências do Estado do Paraná (DCE-PR) que seguem as atuais tendências pedagógicas da educação. As aulas foram planejadas e executadas visando leituras de textos com debates, visita ao Jardim Botânico, saídas de campo, interação com as disciplinas de Arte e disciplina de Português. Estas ações ocorreram sensibilizando os estudantes para que compreendessem com maior clareza a importância da conservação de espécies vegetais ameaçadas de extinção e o quanto é relevante para o meio ambiente a recomposição da vegetação nativa, conhecer e identificar os ecossistemas e os biomas. O resultado foi uma aproximação entre professores e estudantes, uma integração de ensino-aprendizagem e possivelmente uma apreensão efetiva dos conteúdos.
Palavra chave: conscientização, extinção, ecossistema.
1 INTRODUÇÃO
A falta da conscientização das pessoas moradoras da região em relação a
pouca vegetação que ainda resta na área onde o colégio está situado, é evidente. O
xaxim, por exemplo, uma pteridófita que está ameaçada de extinção, está sendo
retirado do seu habitat na natureza e sendo plantada nas residências como planta
ornamental, assim como plantas de grupos diversos, tais como o pinheiro-brasileiro
que é uma gimnosperma, as orquídeas, as bromélias, a imbuia, as canelas, a
guaçatunga e outras que são angiospermas.
Se as pessoas agem dessa forma é devido à falta de conhecimento em
relação à flora e da sua importância no ecossistema.
Sendo a escola a mediadora de conhecimento, é de extrema necessidade
que seja feita essa mediação nas salas de aula, entre aluno e professor. Se os
alunos não forem preparados, alertados e conscientizados sobre os problemas que
essa falta de conhecimento sobre a flora pode acarretar no futuro, as comunidades
vão continuar com o mesmo comportamento.
A escola trabalhando para a conscientização de forma com que o aluno
perceba que ele pode fazer essa ponte entre a comunidade e a preservação; não só
do xaxim, mas do pinheiro-brasileiro, da imbuia, da canela, do cedro, do ipê e de
todas as plantas nativas que fazem a sua parte dentro da composição dos biomas
que existem no Paraná e em especial no Município de Almirante Tamandaré.
Para que essa ponte (essa contextualização) possa ocorrer, o aluno tem que
sentir, a si mesmo, como um ator importante na comunidade. Se ele plantar ou
replantar mudas, seja na escola ou em um parque, o aluno passará a valorizar o seu
trabalho, portanto aquela planta que ele verá crescer será muito mais valorizada.
Segundo Pereira e Putzke (1996), qualquer ambiente diferente da sala de
aula pode motivar os estudantes a participar ativamente das ações de uma aula de
campo e que pode ser realizada não somente em um ambiente externo (de floresta
ou campo, por exemplo), mas também no pátio da escola, nas ruas do bairro ou nos
parques.
Como objetivo geral norteador deste trabalho procurou-se sensibilizar o aluno
para a importância da conservação de espécies ameaçadas de extinção como
recurso auxiliar no sentido de uma aprendizagem significativa dos conteúdos de
Botânica. E mais alguns específicos como observar a vegetação no ambiente do seu
habitat; conhecer um determinado número de espécies ameaçadas de extinção;
analisar a importância da conservação das espécies estudadas; compreender a
importância dessas espécies para o ecossistema; saber o quanto o reflorestamento
é importante para o meio ambiente; identificar as principais estruturas morfológicas
das espécies estudadas; e, conhecer através de hipertexto a classificação das
espécies dentro do Reino PLANTAE e sua denominação científica.
2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
A abordagem do assunto sobre a conservação e preservação de espécies
vegetais no 7º ano do ensino fundamental, é essencialmente importante, pois nesse
período são estudados “Os Reinos”, entre eles o Reino PLANTAE, considerando
que estão incluídos os conteúdos básicos necessários do item Biodiversidade que
faz parte dos Conteúdos Estruturantes definidos nas Diretrizes Curriculares da
Educação Básica, para Ciências do Estado do Paraná. DCE-PR (2008). Nos livros,
em geral, não são abordadas as espécies ameaçadas de extinção e a sua
importância para os ecossistemas como um todo.
Em âmbito nacional, o Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, tem
como objetivo principal, proporcionar aos professores das redes estaduais, subsídios
teórico-metodológicos para o desenvolvimento de ações educacionais
sistematizadas, e que resultem em redimensionamento de sua prática (BRASIL,
Ministério da Educação, 2013).
O ensino de Ciências Naturais dá todo um suporte para a relação entre os
seres humanos e a natureza na educação contemporânea, ajudando no
desenvolvimento de uma consciência social e planetária (BRASIL. Secretaria de
Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. PCN, 1998, p. 22).
Para Freire (2000) “As crianças precisam crescer no exercício desta
capacidade de pensar, de indagar-se e de indagar, de divulgar, de experimentar
hipótese de ação, de programar e de não apenas seguir os programas a elas, mais
do que propostos, impostos.” (Freire, 2000, p. 28).
As DCE-PR (2008) consideram importante um posicionamento contrário a um
método único para qualquer estudo da Natureza, assumindo que
“... no ensino de Ciências se faz necessário ampliar os encaminhamentos
metodológicos para abordar os conteúdos escolares de modo que os
estudantes superem os obstáculos conceituais oriundos de sua vivência
cotidiana.” (DCE-PR, 2008, p. 57)
Compreender o funcionamento dos ambientes na natureza e como a vida se
renova e se mantém, a dificuldade do reconhecimento da importância da
biodiversidade e das ações humanas que interferem na natureza são fatores que
desencadeiam essa concepção de compreender através do conhecimento adquirido.
E a escola é o meio pelo qual será transmitido tal conhecimento.
O currículo escolar foi valorizado por aproximar os conteúdos científicos dos
conteúdos cotidianos, no sentido de identificar problemas e propor soluções, como
enfatizado pelos parâmetros curriculares nacionais:
Considerando a obrigatoriedade do ensino fundamental no Brasil, não se pode pensar no ensino de ciências naturais como propedêutico ou preparatório voltado apenas para o futuro distante. O estudante não é só cidadão do futuro, mas já é cidadão hoje, e, nesse sentido, conhecer ciências é ampliar a sua possibilidade presente de participação mental para assim viabilizar sua capacidade plena de exercício da cidadania. (BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. PCN, 1998, p. 23)
De acordo com as DCE-PR (2008, p.55), o ensino de ciências é fortemente
marcado com o método científico, usando como estratégias para aproximar a ciência
e a sociedade, tanto nos aspectos políticos, quanto nos econômicos e culturais.
O processo de ensino-aprendizagem dentro das ciências naturais se torna
muito mais abrangente quando o aluno sai do abstrato e passa totalmente para o
real. Essa disciplina possibilita essa condição, pois existem laboratórios por todos os
lados nos quais
[...] garantir estudos sobre o ambiente onde vive o aluno é um recurso essencial à cidadania. Além disso, é importante que os alunos entrem em contato direto com o que estão estudando, de forma que o ensino dos ambientes não seja exclusivamente livresco. As observações, os trabalhos de campo e os diferentes trabalhos práticos são atividades básicas (BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. PCN, 1998, p. 67).
No escopo do capítulo sobre encaminhamento metodológico incluso nas DCE-PR,
está posto de forma muito clara que
“O professor de Ciências, responsável pela mediação entre o conhecimento
científico escolar representado por conceitos e modelos e as concepções
alternativas dos estudantes, deve lançar mão de encaminhamentos
metodológicos que utilizem recursos diversos, planejados com
antecedência, para assegurar a interatividade no processo ensino-
aprendizagem e a construção de conceitos de forma significativa pelos
estudantes.” (DCE-PR, 2008, p. 68-69)
A autoaprendizagem dos estudantes que são sujeitos ativos e participantes
partindo do que já trazem de conhecimento para a escola e havendo a interação
com o professor e seus colegas promovendo uma interaprendizagem nas palavras
de Gasparin (2013, p.106), essa interação por conseqüência institui uma
corresponsabilidade de professor e educandos no processo de aprendizagem que é
significativo.
2.1 CONDIÇÕES AMBIENTAIS NA TERRA
Em tempos modernos (Suguio, 2008, p. 59), 70% da população do mundo
está urbanizada, e a vida das pessoas passou a ser mais confortável. Enquanto os
ambientes naturais da terra vêm sofrendo os impactos causados pelo conforto da
humanidade. No Brasil esse impacto é visível pelo desmatamento constante em
vastas áreas.
2.2 O DESMATAMENTO
Segundo a Secretaria de Estado do Planejamento do Paraná (SEPL, 2009, p.
11), nos últimos 50 anos, a economia do Paraná teve um aumento avassalador com
a agrícola. Grande parte da floresta do estado foi derrubada para as plantações de
soja, milho feijão ou pastagens.
A riqueza aumentou, mas os problemas ambientais também se ampliaram. Os
temas sobre desmatamento e extinção estão sempre em pauta, é difícil encontrar as
soluções sem ferir os interesses de segmentos econômicos.
2.3 ECOLOGIA DE RESTAURAÇÃO
Como diz Townsend et al. (2008, p. 544), para conservar é necessário a
existência de algo a ser conservado. Mas os problemas se tornam muito mais
abrangentes, espécies ou comunidades inteiras provavelmente desapareceram,
foram destruídas ou alteradas. A restauração seria o trabalho mais adequado. Uma
variedade de influências humanas tem tornado as espécies mais raras e aumentado
sua probabilidade de extinção (TOWNSEND et al., 2008, p. 547).
São as pequenas atitudes que cada ser humano poderá colocar em prática
como, por exemplo: o simples cuidado com árvores e outros vegetais em vias
públicas, nas florestas ou pequenos trechos de matas seria o suficiente para um
futuro sem tanto prejuízo aos ecossistemas da terra.
Ao contrario do que se diz o homem não é o único animal capaz de destruir o ambiente, mas é o único capaz de preservá-lo. O progresso não compromete, necessariamente, o grau de qualidade de vida ou o equilíbrio dos ecossistemas: os conhecimentos que traz podem ser utilizados em um sentido ou em outro. Estão nas mãos do homem tecnológico as soluções para os problemas que vem criando. Depende de sua própria vontade adotá-las, ou não. (ÁVILA-PIRES, 1983, p.150)
De acordo com Bennemann et al. (2008, p. 17), a floresta com araucárias ou
floresta com pinheiros, também chamada de Floresta Ombrófila Mista, ocorre nos
três estados do sul do Brasil e ainda mencionam que
“Esta floresta foi alvo de intenso processo de exploração predatória e, atualmente as remanescentes de floresta ombrófila mista não perfazem mais do que 1% da área original, com várias de suas espécies arbóreas relacionadas na lista oficial de espécies da flora brasileira de extinção.” (BENNEMANN et al., 2008, p. 17)
2.4 CAUSAS DA EXTINÇÃO DE PLANTAS DA FLORA PARANAENSE
2.4.1 Agricultura
De acordo com HATSCHBACH; ZILLER (1995, p. 11) a agricultura é uma das
causas da extinção de espécies nativas do Paraná. Seu aumento nas cinco últimas
décadas foi assustador. A região menos afetada foi o litoral, embora a cana–de-
açúcar, bananeiras e outras frutíferas causaram danos em morros e encostas e em
parte da planície. Além de grandes, epífitas e orquidáceas foram derrubadas e
queimadas. Nos planaltos o estrago foi muito maior com o cultivo do milho, feijão,
mandioca e outras. Depois foi o chamado Norte Velho, com o café, que arrasou
florestas seculares, sem a menos preservar parte da vegetação original. O processo
de derrubada e queima da floresta foi intenso.
2.4.2 Pastagens
Segundo HATSCHBACH; ZILLER (1995, p. 11), a pastagem é outro fator
importante na destruição de grandes áreas com florestas. Nos campos gerais,
espécies forrageiras e exóticas foram introduzidas para a alimentação do gado,
substituindo as floras originais e pouco conhecidas.
3 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS
No primeiro momento, o trabalho foi exposto aos professores e funcionários
do Colégio Floripa no dia 04/02/2014 tendo sido a idéia bem recebida por todos;
alguns dos colegas e a administração da escola se colocaram à disposição para que
o projeto pudesse ser realizado com sucesso. No total foram vinte e duas ações
preparadas.
Para a produção do material didático, quatorze aulas foram descritas,
planejadas e colocadas em prática no primeiro semestre de 2014 para as turmas
dos 7º anos, do turno da manhã e do turno da tarde. A unidade trabalhada, de
acordo com a proposta do projeto, foi o Reino PLANTAE, enfatizando algumas
espécies da flora paranaense ameaçadas de extinção.
Apresenta-se de forma resumida, a sequência das aulas implementadas, no
quadro a seguir.
QUADRO 1: ORGANIZAÇÃO SUCINTA DA IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NO COLÉGIO ESTADUAL FLORIPA TEIXEIRA DE FARIA - ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO, MUN. DE ALMIRANTE TAMANDARÉ, PR, PELA PROFESSORA MARIA SOELI DOS SANTOS POMBAL
AÇÃO TURMA A TURMA B
Aula 01 data 14/02/14 Objetivos: - Saber o que é o projeto; - Entender como vai ser o andamento do projeto; - Visualizar a importância do projeto na escola. Conteúdo: Exposição para os alunos sobre o Projeto.
Objetivo: Idem turma A. Procedimento: Idem turma A
Aula 02 data 24/02/14 Objetivo Levar os alunos para campo para observar as espécies ameaçadas de extinção. Procedimento: Saída de campo
Objetivo: Idem turma A. Procedimento: Idem turma A
Aula 03 data 07/03/14 Objetivos: - Reconhecer as características que identificam as plantas, fazendo comparação com as plantas ameaçadas de extinção; - Verificar a importância preservação das plantas para os ecossistemas do planeta; - Sintetizar a importância da preservação de espécies ameaçada da região. Conteúdo: Características das plantas.
Objetivo: Idem turma A. Procedimento: Idem turma A
Aula 04 data 14/03/14 Objetivos: - Diferenciar as células vegetais das células animais; - Esquematizar a composição da célula vegetal; - Conhecer os tipos de tecidos vegetais. Conteúdo: As células e os tecidos vegetais.
Objetivo: Idem turma A. Procedimento: Idem turma A
Aula 05 data 21/03/14 Aula 06 data 28/03/14
Objetivos: - Reconhecer as partes da planta responsáveis pela nutrição; - Conhecer como ocorre o processo de nutrição vegetal; - Diferenciar as etapas do processo de nutrição das plantas; - Saber como ocorre à absorção, a condução, a fotossíntese e a respiração dos vegetais; - Enfatizar o processo de nutrição á algumas plantas ameaçadas de extinção. Conteúdo: A nutrição das plantas.
Objetivo: Idem turma A. Procedimento: Idem turma A
Aula 07 data 04/04/14 Objetivos: - Identificar os quatro grupos do Reino PLANTAE -Classificar as plantas de acordo com critérios científicos; - Perceber que a formação dos diversos grupos e conseqüência do processo evolutivo. Conteúdo: Classificação das plantas.
Objetivo: Idem turma A. Procedimento: Idem turma A
Aula 08 data 11/04/14 Objetivos: - Identificar as plantas sem sementes; - Conhecer o xaxim, uma pteridófita ameaçada em extinção; - Verificar como ocorre a reprodução das plantas sem semente. Conteúdo: Plantas sem sementes.
Objetivo: Idem turma A. Procedimento: Idem turma A
Aula 09 data 25/04/14 Objetivos: - Identificar os grupos de plantas com sementes; - Diferenciar os
Objetivo: Idem turma A. Procedimento: Idem turma A
grupos das gimnospermas e angiospermas, o pinheiro-brasileiro uma gimnosperma ameaçada de extinção. Conteúdo: Plantas com sementes.
Aula 10 data 09/05/14 Objetivos: - Classificar as angiospermas; - Identificar as estruturas das angiospermas: raiz, caule, folha, fruto e semente; - Conhecer os diferentes tipos de raízes; - Compreender os diferentes tipos de caule. Conteúdo: Raiz e caule
Objetivo: Idem turma A. Procedimento: Idem turma A
Aula 11 data 16/05/14 Objetivos: - Identificar os diferentes tipos de folhas; - Conhecer as partes de uma folha; - Conhecer as flores e suas partes; - Diferenciar os órgãos masculinos e femininos da flor; - Compreender o processo de polinização. Conteúdo: Folha e flor.
Objetivo: Idem turma A. Procedimento: Idem turma A
Aula 12 data 23/05/14 Aula 13 data 26/05/14
Objetivos: - Identificar as partes de um fruto; - Conhecer os diversos tipos de frutos; - Identificar os tipos de sementes: monocotiledôneas e dicotiledôneas; - Conhecer as estruturas da semente; - Observar a germinação de uma monocotiledônea e de uma dicotiledônea. Conteúdo: Frutos e sementes.
Objetivo: Idem turma A. Procedimento: Idem turma A
Aula 14 data 06/06/14 Objetivos: - Produzir cartazes com desenhos ou figuras das principais plantas ameaçadas de extinção; - Destacar suas estruturas (raiz, caule, folha, flores, frutos e sementes); - Ressaltar as funções de suas estruturas. Conteúdo: Confecções e exposição de cartazes
Objetivo: Idem turma A. Procedimento: Idem turma A
No primeiro dia de aula, no inicio do ano letivo 2014, foi feita a exposição do
projeto para as turmas com os principais objetivos: saber, entender e ver sua
importância para a escola e a comunidade.
Para iniciar o trabalho, seria necessária a visita em primeiro lugar ao Jardim
Botânico, mas não foi o que aconteceu, devido ao esquecimento em solicitar à
prefeitura do município o transporte, resultando que a prefeitura não poderia prever
naquele momento os ônibus para eventos como esse, por não estarem incluídos na
previsão orçamentária.
A oportunidade de visitar o Jardim Botânico aconteceu somente no mês de
maio, pois foi através desta visita que as(os) estudantes puderam ter um contato
bem próximo com as espécies ameaçadas de extinção, com exceção do pinheiro-
brasileiro, que apesar de estar ameaçado de extinção ainda tem alguns exemplares
nas proximidades da escola. Foi com essa visita de observação e com as
explicações do guia que pudemos observar o comportamento da cotia, que come o
pinhão, outros pinhões ela enterra para comer mais tarde e por esse motivo acaba
perdendo o local onde enterrou, resultando que essa semente germina e dá origem
a um novo pinheiro.
Antes de se iniciar as saídas de campo, foram preparadas algumas
solicitações para que os donos das propriedades autorizassem as visitas, as quais
foram acompanhadas pessoalmente pelo diretor para explicar o porquê das visitas
em suas terras. As turmas foram bem recebidas e os proprietários acharam muito
boa a iniciativa da escola em relação às plantas nativas. Assim, fica claro que, a
compreensão da organização dos ambientes na natureza e como a vida se renova e
se mantém, facilitará o reconhecimento da importância da biodiversidade e das
ações humanas que nela interferem (DCE, 2008, p. 29).
Na aula de saída de campo, os estudantes ficaram muito felizes, claro, tem
aqueles que realmente têm grande interesse e aqueles que acham que tudo é festa,
mas acho muito importante levar os alunos para fazer observações, afinal somos
professores de Ciências e dentro dessa disciplina é de mera importância que
estejamos sempre em contato com a natureza, principalmente na execução de um
projeto que se trata de plantar e replantar árvores. Nem todos estão de acordo. No
GTR quando coloquei a importância de sairmos da “zona de conforto”, como disse
uma colega, houve quem estava de pleno acordo, mas também quem me
aconselhou a ter muito cuidado com as crianças, ter sempre mais alguém junto, pois
essa teve uma experiência não muito agradável. Contudo, felizmente todas as
nossas saídas, que foi em número de três, para observar as plantas existentes nas
proximidades ocorreram tudo bem. Só não localizamos todas as plantas descritas no
projeto, somente observamos o pinheiro-brasileiro, o xaxim, e a canela, então
tivemos a certeza da necessidade do plantio das outras espécies nativas.
Na aula em que foram colocadas as características das plantas, a importância
dos vegetais para a vida no planeta, dada ênfase às espécies ameaçadas de
extinção, foi utilizado o livro didático com leituras, interpretação de texto com
atividades e produção de esquemas explicativos.
As células e os tecidos vegetais foram diferenciadas das células e dos tecidos
animais, as quais foram vistas com o recurso de um vídeo, sendo que tais diferenças
foram esquematizadas através de desenhos, o assunto foi fechado com a resolução
de atividades e comentários, valorizando o conhecimento da(o) estudante.
A nutrição das plantas foi dividida em duas aulas, onde puderam ver as partes
da planta responsáveis pela nutrição, como ocorre e as etapas do processo e, na
sequência, fazer a relação com as espécies ameaçadas de extinção. Além do vídeo
sobre a absorção, um experimento foi montado para mostrar na prática todos esses
processos; e, ao final, foram avaliados através de atividades de fixação, esquemas e
relatórios sobre o experimento.
Na aula sobre a classificação das plantas (aula oito), os alunos foram levados
para fora e fomos observar a vegetação ao redor do colégio, onde puderam
identificar os quatro grupos do Reino PLANTAE e que as plantas ocupam os mais
diferentes habitat com uma grande diversidade que é característica do hemisfério sul
e do Brasil. Foram feitas leituras e comentários na sala utilizando o livro didático e
na sequência questões de fixação. O livro didático está sempre sendo citado em
todas as aulas, pois se temos o livro, este tem que ser utilizado da melhor forma
possível, até porque houve, ao longo dos anos, todo um empenho para se ter o livro,
porque não usá-lo?
A aula oito, plantas sem sementes, tema que envolve as briófitas e
pteridófitas na qual este inserido o xaxim, planta ameaçada de extinção. Os alunos
foram levados para observar de perto o xaxim, então alguns alunos falaram da
presença do xaxim em suas residências, ficando bem claro a retirada do mesmo do
seu habitat natural e da importância da sua permanência no seu meio, pois o xaxim
para se reproduzir necessita da presença de água.
No GTR teve colegas indagando porque não ter o xaxim em casa, pois é só
comprar mudas em viveiros responsáveis. Mas onde encontrar viveiros
responsáveis? Antes de iniciar o projeto foram procurados esses pontos de venda,
mas todos os encontrados informaram que as mudas eram retiradas da Mata
Atlântica.
Segundo a SECRETARIA DE ESTADO DO PLANEJAMENTO E
COORDENAÇÃO GERAL. SEPL (2009, p. 11), nos últimos 50 anos, a economia do
Paraná teve um aumento avassalador com a agricultura. Grande parte da floresta do
estado foi derrubada para as plantações de soja, milho feijão ou pastagens.
A riqueza aumentou, mas os problemas ambientais também. Os temas sobre
desmatamento e extinção estão sempre em pauta, é difícil encontrar soluções sem
ferir os interesses de grupos sociais determinados.
Reuniões e eventos diversos vêm sendo realizados de forma organizada
desde a década de 70 com a finalidade de preservar a vida do planeta, sendo uma
das últimas a Agenda 21, elaborada com quarenta capítulos que fazem propostas
em todas as áreas, da qual se extraiu o texto seguinte:
“Os bens e serviços essenciais de nosso planeta dependem da variedade e variabilidade dos genes, espécies, populações e ecossistemas. [...] Os ecossistemas naturais de florestas, savanas, pradarias e pastagens, desertos, tundras, rios, lagos e mares contém a maior parte da diversidade biológica da Terra. [...] O atual declínio da diversidade biológica resulta em grande parte da atividade humana, e representa uma séria ameaça ao desenvolvimento humano.” (CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO - AGENDA 21, 2001, Cap. 15, p. 115).
Para plantar algumas mudas de xaxim, houve dificuldade na obtenção do
material, resultando que foram encontradas somente cinco, mas para começar foi o
suficiente para que as(os) estudantes tomassem consciência da importância do
xaxim para o ecossistema. As mudas foram replantadas todas nas proximidades da
escola onde passa um pequeno riacho formado por algumas nascentes.
Na sequência, foi abordado o tema Plantas com Sementes, diferenciando os
dois grupos de gimnospermas e angiospermas, dando ênfase às espécies
ameaçadas de extinção como o pinheiro-brasileiro que é uma gimnosperma; e ainda
a imbuia, a canela, o cedro e o pau-marfim que entram no grupo das angiospermas.
A aula aconteceu fora da sala observando as diferenças entre os dois grupos
(caracterizou a observação entre o pinheiro-brasileiro e outras angiospermas
presentes, pois as outras espécies ameaçadas os estudantes conheceram quando
da visita ao Jardim Botânico).
A avaliação foi feita através de desenhos esquematizados do ciclo
reprodutivo das angiospermas e gimnospermas.
Aqui cabe uma observação: A coleta de pinhões para a produção de mudas
foi realizada no ano de 2013, com as turmas dos 6º anos, que posteriormente,
seriam as turmas dos 7º anos de 2014. Essas aulas foram realizadas anteriormente,
devido à falta de pinhões no início do ano e porque sua germinação e crescimento
são demorados. Após a coleta e preparação dos pinhões, os alunos cortaram e
fixaram as garrafas pet que eles trouxeram no dia anterior, e foram avaliados
conforme a participação e colaboração de cada um. O plantio dos pinhões foi
bastante produtivo e divertido e foi feito com a ajuda da professora de Ciências do 6º
ano. Pensa-se que quando as(os) estudantes participam direto, nesse caso, do
plantio e dos cuidados devidos com a planta, a conscientização em relação à
preservação é muito maior. Depois que os pinhões foram todos plantados (mais ou
menos trezentas sementes), colocados nas proximidades da horta e da torneira para
os devidos cuidados, sendo que os relatórios sobre o plantio foram entregues uma
semana depois.
Na sequência deu-se o início ao estudo das partes da planta com a raiz e o
caule, onde a técnica foi através de aula dialogada e leituras no livro didático. Foi
possível observar a classificação das angiospermas, conhecer as partes da raiz e do
caule. Além do livro didático, fizemos essas observações diretamente nas plantas ao
redor da escola e através de vídeo puderam observar a canela, a imbuia, o cedro e o
pau-marfim, que são espécies lenhosas ameaçadas de extinção. No decorrer da
aula, questões propostas foram interpretadas e na continuação, corrigidas e
comentadas.
A folha e flor, duas estruturas de extrema importância para as plantas, com as
funções de alimento e reprodução. Nesta aula foram apresentadas as características
e as funções da folha e da flor, dando destaque às plantas ameaçadas de extinção,
sendo avaliados por interpretação de texto, produção de esquemas explicativos e
relatório das observações dos materiais que os estudantes levaram para a sala.
Duas aulas foram preparadas para a identificação de fruto e de semente com
a observação da germinação de uma monocotiledônea e uma dicotiledônea e que o
fruto é encontrado somente nas angiospermas, relacionando com a canela, imbuia,
cedro e o pau-marfim, vistos anteriormente. A avaliação foi através de atividades
propostas pelo livro didático, produção de esquemas e relatório das observações da
germinação da semente. A obtenção das mudas das espécies lenhosas citadas,
ficou sob a responsabilidade da escola, isto ocorrendo no mês de setembro, quando
foi feita uma revitalização nas dependências e no pátio da escola. O evento foi
aproveitado para o plantio das mudas, pois foi necessário cavar buracos profundos e
colocar matéria orgânica para que as mudas pudessem se desenvolver,
considerando que o solo é muito pobre nesta localidade. Na continuidade, todos os
estudantes que participaram do plantio deram sequência no cuidado das mesmas.
Das trezentas mudas produzidas no ano anterior restaram pouco mais da
metade. Algumas foram plantadas no pátio da escola, outras foram plantadas no
parque próximo à escola; alguns alunos levaram mudas para casa com a orientação
para que não plantassem os pinheiros próximos de residências, sendo que as
demais mudas foram plantadas nas proximidades da escola. Essas atividades foram
avaliadas através de relatórios e participação de cada aluno.
São as pequenas atitudes que cada ser humano poderá colocar em prática
como, por exemplo: o simples cuidado com árvores e outros vegetais em vias
públicas, nas florestas ou pequenos trechos de matas, seria o suficiente para um
futuro sem tanto prejuízo aos ecossistemas da terra.
De acordo com Bennemann et al. (2008, p. 17), a floresta de araucária ou
floresta com pinheiros, também chamada de Floresta Ombrófila Mista, ocorre nos
três estados do sul do Brasil:
Esta floresta foi alvo de intenso processo de exploração predatória e, atualmente as remanescentes florestas de ambrófila mista não perfazem mais do que 1% da área original, com várias de suas espécies arbóreas relacionadas na lista oficial de espécies da flora brasileira de extinção. (BENNEMANN et al., 2008, p. 17).
Na última aula aconteceu a confecção e exposição de cartazes, com figuras
das principais espécies ameaçadas de extinção, de acordo com a Lista Oficial de
Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção no Paraná, publicada pelo Instituto
Ambiental do Paraná (PARANÁ. Instituto Ambiental do Paraná, 2013), destacando
suas estruturas e funções.
Em cada cartaz foi mostrado: o xaxim, o pinheiro-brasileiro e ficou a critério de
cada grupo de estudantes a escolha entre a imbuia, a canela, o cedro ou pau-marfim
para realizar a atividade. A avaliação foi através da estética dos cartazes.
Para encerrarmos o projeto desse ano, as turmas novamente em grupo,
escrevam estórias em quadrinhos, relatando sobre as espécies ameaçadas de
extinção.
Com a ajuda das professoras de Português e Artes, foi escolhida a estória
mais criativa.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como finalidade a conscientização dos alunos e dos
moradores ao redor da escola, em relação às plantas ameaçadas de extinção que
se encontram naquela região.
Conseguimos atingir parcialmente as expectativas esperadas com esse
projeto, já que alguns resultados só poderão ser observados em longo prazo. Os
estudantes tiveram participação direta para a execução deste trabalho, já que os
mesmos, após o plantio do pinheiro-brasileiro, cedro, canela, imbuia e pau-marfim
no pátio da escola, deram continuidade ao cuidado de forma espontânea para que
essas mudas crescessem sem nenhum dano.
Foi observado ainda que os moradores desse local não tinham noção alguma
do estrago que estavam causando ao bioma dessa região, já que eles retiravam da
natureza o xaxim para ornamentarem suas residências.
A expectativa com este contato escola–estudantes-moradores, foi que uma
nova visão do ambiente tenha sido criada, para que no futuro esta geração já esteja
colocando em prática, no seu cotidiano, este conhecimento adquirido e os seus
benefícios para a conservação do meio ambiente.
Concluímos também, que esta idealização, foi de extrema importância para as
alunas e os alunos, bem como para os residentes em torno do colégio, considerando
que estes últimos estavam totalmente indiferentes ao que estava acontecendo nos
ecossistemas do bioma da região.
No processo de ensino-aprendizagem dentro de Ciências se torna muito mais
abrangente quando o estudante sai do abstrato e passa totalmente para o concreto.
Essa disciplina possibilita essa condição, pois existem “laboratórios” por todos os
lados, isto é, estamos cercados por ciências, tudo ao nosso redor está ligado a
fenômenos científicos.
Ao finalizar, concorda-se inteiramente com os parâmetros curriculares do país
(PCN, 1998), nos quais “[...] garantir estudos sobre o ambiente onde vive o aluno é
um recurso essencial à cidadania. Além disso, é importante que os alunos entrem
em contato direto com o que estão estudando, de forma que o ensino dos ambientes
não seja exclusivamente livresco. As observações, os trabalhos de campo e os
diferentes trabalhos práticos são atividades básicas. (PCN, 1998, p. 67)
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