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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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UTILIZAÇÃO DAS GEOTECNOLOGIAS E FOTOGRAFIAS PARA ANÁLISE DA PAISAGEM NO ENSINO DE GEOGRAFIA:

APLICAÇÕES NO COLÉGIO ESTADUAL DE FAXINAL DOS FRANCOS, REBOUÇAS-PR

Autora: Rozeli Cardoso1

Orientador: Julio Manoel França da Silva2

RESUMO Este artigo apresenta os resultados obtidos na implementação do Projeto: “Utilização das Geotecnologias e Fotografias para Análise da Paisagem no Ensino de Geografia: Aplicações no Colégio Estadual de Faxinal dos Francos, Rebouças - PR”, colocado em prática com os alunos do oitavo ano do Ensino Fundamental, entre os anos de 2013 e 2014. As temáticas abordadas relacionaram-se ao conceito de paisagem e o estudo das transformações vinculadas à ação humana e às diferentes manifestações da natureza, através do uso de fotografias e imagens de satélite, de modo a proporcionar ao aluno uma melhor compreensão sobre o seu espaço de vivência, possibilitando-lhe a percepção visual acerca do espaço retratado e despertando ao mesmo tempo a interpretação e o senso crítico. O presente trabalho objetivou utilizar esses recursos pedagógicos tendo em vista que atualmente os alunos estão cercados de novas tecnologias, e quando estas ferramentas são utilizadas em sala de aula podem servir como instrumentos para obter uma aprendizagem significativa, contribuindo ao ensino de geografia. Palavras-chave: Ensino de Geografia; Geotecnologias; Fotografia; Paisagem.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo é resultado do Projeto de Intervenção Pedagógica

desenvolvido no âmbito do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE),

realizado ao longo dos anos de 2013 e 2014, no Colégio Estadual de Faxinal dos

Francos, no município de Rebouças, Estado do Paraná.

A proposta de trabalho apresentada neste estudo se originou tendo em vista o

desafio em buscar métodos que aperfeiçoem o ensino de geografia, buscando

fornecer subsídios para que os alunos tenham acesso aos conhecimentos

geográficos de forma que tenham relações significativas com a realidade espacial

1 Professora da rede estadual de ensino do Paraná, lotada no Colégio Estadual de Faxinal dos

Francos – Ensino Fundamental e Médio em Rebouças – NRE de Irati, integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná. Email: [email protected] 2 Orientador PDE, Mestre e Doutorando em Geografia pela UFPR, professor do Departamento de

Geografia da UNICENTRO – Campus Irati. Email: [email protected]

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vivida, dando-lhes condições de interferir de maneira positiva nos diversificados

recortes do espaço geográfico.

Para tanto, este estudo baseou-se nas DCEs – Diretrizes Curriculares

Estaduais – no que diz respeito ao ensino da Geografia, assumindo-se o quadro

conceitual das abordagens críticas dessa disciplina, propondo a análise dos conflitos

e contradições sociais, econômicas, culturais e políticas, constitutivas de um

determinado espaço e, assim, colaborar para a formação de um aluno consciente

das relações socioespaciais a ele correlacionadas.

Inclui-se ainda, as inquietações vivenciadas a respeito de como mediar, de

maneira mais eficiente, o trabalho referente às transformações ocorridas na

paisagem e os elementos que a formam, partindo tanto das dificuldades de

assimilação deste assunto, quanto em consideração às fragilidades acerca da

compreensão e interpretação do conteúdo.

Ao suscitar a ideia de que a Geografia, por meio do conceito de paisagem,

oportuniza uma leitura crítica da realidade, através de atividades que exijam

pesquisas, leituras, interpretação, análise e investigação, a unidade didática mostrou

sua relevância, ao permitir uma abordagem contemporânea dos conteúdos,

procurando relacioná-los com problemáticas do presente, tornando-os ainda mais

significativos para os alunos, fornecendo os subsídios para interferir

conscientemente na realidade vivida, de maneira construtiva.

Destacou-se, na implementação do projeto, a utilização de fotografias e

imagens de satélite, que, como ressalta Travassos (2001), são ferramentas

educacionais eficazes, que permitem levar o aluno uma leitura sobre a paisagem

além da sala de aula, a fim de compreender melhor a sua realidade, propiciando a

identificação e a percepção do seu espaço vivido e as transformações ocorridas no

mesmo.

Neste sentido, o objetivo principal do trabalho foi propor um conjunto de

atividades utilizando-se de imagens de satélite e fotografias de recortes da paisagem

da área de estudo, buscando-se uma interpretação crítica dos seus condicionantes

naturais e antrópicos, bem como suas potencialidades e fragilidades.

2 BASES TEÓRICO-METODOLÓGICAS

2.1 ENSINO DE GEOGRAFIA

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Numa sociedade moderna, onde o controle do tempo e do espaço liga-se

estreitamente ao processo produtivo e à vida social, a Geografia defronta-se com a

tarefa de entender o espaço geográfico num contexto bastante complexo, mas que

já vem mostrando sua renovação através de seus pensadores e profissionais.

Essa preocupação tem levado a Geografia Escolar a pensar o seu papel

nessa sociedade em mudança, indicando, reafirmando ou reatualizando conteúdos,

questionando métodos convencionais e postulando novos métodos (CAVALCANTI,

2002).

Neste sentido, observa-se a importância da ciência geográfica na sua função

de aproximar os alunos da realidade, a partir de uma abordagem local, podendo,

assim, tornar melhor a compreensão posterior de fenômenos que ocorrem em uma

escala mais ampla. Instigar o posicionamento dos alunos e problematizar os temas

pode trazer contribuições para a inserção destes como sujeitos no processo

pedagógico, auxiliando a formação de sua autonomia.

Sendo assim, as Diretrizes Curriculares (2008, p.50) vêm nortear a prática

pedagógica dos professores de Geografia, quando afirma que se deve repensar a

prática “a partir de questões epistemológicas, teóricas e metodológicas que

estimulam a reflexão sobre essa disciplina e seu ensino”. Diz ainda que:

problematizar a abrangência dos conteúdos desse campo do conhecimento, bem como reconhecer os impasses e contradições existentes são procedimentos fundamentais para compreender e ensinar o espaço geográfico no atual período histórico. (p.50)

2.2 CONCEITO DE PAISAGEM NO ENSINO DE GEOGRAFIA

A paisagem é considerada um instrumento essencial de leitura e de

aprendizagem no ensino de Geografia. Desenvolver nos educandos a capacidade

de compreensão das diferentes paisagens, reconhecendo seus elementos, sua

história, suas práticas sociais, culturais e suas dinâmicas naturais, assim como a

interação existente entre eles, tornam-se importante à medida que possibilitam

reflexões acerca da complexidade da relação entre a sociedade e a natureza, objeto

central de estudo da Geografia (PUNTEL, 2006).

A concepção de paisagem na década de 1980 baseava-se na corrente da

Geografia Crítica, onde as paisagens eram conceituadas como fazendo parte de

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uma totalidade socioespacial, determinada por interesses econômicos e políticos.

Essa concepção é defendida hoje pelas Diretrizes Curriculares e rege o ensino da

paisagem na disciplina de Geografia.

Para Santos (1988, p.61) paisagem se define como “tudo aquilo que nós

vemos, o que nossa visão alcança. Esta pode ser definida como o domínio do

visível, aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também

de cores, movimentos, odores, sons, etc”.

Isso mostra que para o autor a percepção da paisagem é um processo

seletivo, cada um a entende de uma maneira, de acordo com a sua interpretação e o

seu conhecimento.

Sabe-se que a paisagem não é estática, fato reiterado por Santos (2009,

p.54) que afirma que:

assim como a sociedade passa por processos de mudanças, sejam econômicas, sociais ou políticas, assim também acontece em relação com a paisagem que se transforma para se adaptar as novas necessidades da sociedade.

Entendia-se a paisagem como o domínio do visível, não formada apenas por

volume, mas também de cores, movimentos, odores, sons, entre outros.

Ainda, pode-se dizer que a paisagem existe a partir do momento em que o

sujeito a percebe, e cada um a vê de forma diferenciada, não só em função do seu

olhar, mas também em função dos seus interesses particulares (PUNTEL, 2006).

Uma concepção atualizada deste conceito pelas Diretrizes Curriculares (2008,

p.55), afirma que:

A paisagem é percebida sensorial e empiricamente, mas não é o espaço, é isto sim, a materialização de um momento histórico. Sua observação e descrição servem como ponto de partida para as análises do espaço geográfico, mas são insuficientes para a compreensão do mesmo. Na escola e em grande parte dos materiais didáticos, a paisagem foi, por muito tempo, tratada como o objeto da Geografia. Mais recentemente, sobretudo a partir dos debates instigados pela vertente crítica do pensamento geográfico, a abordagem pedagógica desse conceito, tanto na prática do professor quanto nos materiais didáticos, vem considerando a paisagem como um aspecto do espaço geográfico, sem confundir esses dois conceitos.

Um conceito de paisagem mais amplo, não necessariamente vinculado ao

ensino de geografia, é o de Bertrand (2004, p.01), que a considera:

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Uma determinada porção do espaço, o resultado da combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo dialeticamente uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto único e indissociável, em perpétua evolução.

Nesses termos, o autor destaca os componentes da paisagem isoladamente,

mas a combinação de todos eles, buscando a inter-relação entre os elementos,

destacando o papel desempenhado por cada um na configuração da paisagem.

Assim, toda paisagem apresenta características próprias, que resultam da

interação da sociedade com a natureza, revelando as disparidades existentes entre

o ontem, hoje e o amanhã, capaz ainda de expressar a intensidade das variáveis

econômicas, políticas e sociais no espaço.

2.3 AS TRANSFORMAÇÕES DA PAISAGEM E A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO

Na atualidade, segundo Cavalcanti (2010), a paisagem tem sido abordada

como um primeiro foco de análise e como ponto de partida para aproximação do

objeto de estudo da Geografia, ou seja, o espaço geográfico.

Ao diferenciar paisagem de espaço, compreende-se também que o segundo é

a junção do primeiro com as relações humanas. Carlos (1992) ressalta que

sociedade e espaço não podem ser vistos desvinculadamente, pois a cada estágio

do desenvolvimento da primeira, corresponderá um estágio da produção espacial. O

espaço construído ou geográfico não é estático, mas uma produção humana

contínua, um fazer incessante.

Compreende-se, portanto, que a construção do espaço geográfico está

intimamente ligada às ações do homem, que causam a modificação das paisagens,

com a finalidade de prover suas necessidades, que vêm, por sua vez, aumentando

continuamente.

As modificações na paisagem são, assim, frutos da produção humana. A

sociedade é, portanto, desencadeadora das problemáticas ambientais

contemporâneas, ou seja, o espaço geográfico não é estático nem imutável, mas

depende essencialmente da ação humana para configurar-se. De acordo com as

Diretrizes Curriculares para o ensino de geografia (2008, p.73):

A natureza, que teve em sua gênese uma dinâmica autodeterminada, hoje sofre alterações em muitas de suas dinâmicas devido à ação humana.

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Basta lembrarmos as alterações climáticas, as obras de engenharia que modificam os rios (curso, vazão, profundidade, etc.) e transpõem montanhas e cordilheiras (estradas, túneis), os desmatamentos que criam desertos ou, em encostas de morros, causam desmoronamentos. Dessa forma, torna-se fundamental compreender tanto a dinâmica da natureza quanto as alterações nela causadas pelo homem, como efeito de participar na constituição da fisicidade do espaço geográfico.

A ação do homem e todas as implicações acarretadas por ela na sociedade

refletem não somente na questão ambiental, mas em todos os aspectos da

sociedade, isso quer dizer que os problemas socioambientais passam a refletir

também nas questões de pobreza, fome, preconceito, diferenças culturais, entre

outras. Analisar a paisagem em todos esses aspectos representa uma investigação

muito ampla, que requer estudo e reflexão.

Além disso, estudar a paisagem exige perceber as mudanças ocorridas, cada

vez mais rápidas, no decorrer do tempo e reconhecer que uma mesma paisagem

pode ser transformada muitas vezes, dependendo de todo contexto que a rodeia.

Peixoto (1996, p.179) apud MYANAKI (2003, p.7), afirma que:

As transformações mais radicais na nossa percepção estão ligadas ao aumento na velocidade da vida contemporânea, ao aceleramento dos deslocamentos cotidianos, à rapidez com que o nosso olhar desfila sobre as coisas. Uma dimensão está hoje no centro de todos os debates teóricos, de todas as formas de criação artística: o tempo. O olhar contemporâneo não tem mais tempo.

Compreende-se dessa forma que a vida contemporânea traz consequências

drásticas às paisagens, que se modificam devido às ações humanas. O espaço

geográfico é construído, portanto, não somente pelo que existe nele, mas é um

conjunto que abarca todo o processo de produção do homem.

As Diretrizes Curriculares da Educação Básica (PARANÁ, 2008) ressaltam

que para atingir o significado de espaço é preciso, ao analisar a paisagem, que se

compreenda que esta atende a diferentes funções sociais e está em constante

mudança.

O estudo das paisagens torna-se relevante no sentido de possibilitar ao

educando a percepção de seu meio, as inovações e as transformações ocorridas no

mesmo, bem como é uma maneira dinâmica de instigar discussões e reflexões

acerca da importância do desenvolvimento de uma visão consciente e crítica do

espaço social em que vive.

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Sendo assim, ao analisar uma paisagem deve-se procurar aproximá-la do

“real estudado, por meio de diferentes linguagens” (PARANÁ, 2008, p.55). Dessa

maneira, verifica-se a necessidade de inserir no ensino de Geografia recursos

pedagógicos como as fotografias e imagens de satélite, com o objetivo de

possibilitar o aprofundamento do conhecimento sobre a percepção das mudanças

ocorridas no espaço em virtude da relação homem-natureza.

2.4 TECNOLOGIAS NO ENSINO

É inegável a presença, cada vez mais intensa, das tecnologias no cotidiano

das pessoas, considerando a sociedade globalizada em que vivemos. Sendo assim,

cabe à escola inserir as tecnologias de informação e comunicação no processo de

ensino-aprendizagem, criando um ambiente que oportunize aos alunos condições

para que possam interagir nesse contexto, de maneira que contribua para a

formação de cidadãos preparados para desenvolver sua função social de forma

consciente e construtiva (FURTADO, 2012).

Dessa maneira, percebe-se a necessidade de oferecer aos alunos uma

educação que vise à utilização desses recursos disponibilizados na escola,

garantindo a inclusão digital no ensino e proporcionando aulas mais atrativas que

despertem o interesse, a participação e atendam às expectativas dos estudantes.

A utilização de fotografias e imagens de satélite, nesse caso, representa para

o ensino da Geografia um importante recurso didático, na medida em que possibilita

ao educando uma maior interação e compreensão do assunto proposto, auxiliando

nas análises e interpretações das informações e, assim, contribuindo para um

resultado significativo da aprendizagem.

A fotografia é um recorte, um momento registrado. Por isso, Furtado (2012)

afirma que antes de ser cogitada é necessário que o professor instigue seus alunos

acerca do tema, dando-lhes condições de analisar a imagem, inserindo-a em um

contexto sócio-histórico, para depois trabalhar a imagem propriamente dita.

A partir da interpretação de fotografias é possível indicar maneiras pelas quais

se podem olhar a paisagem e levar o aluno a reconhecer diversos aspectos da

dinâmica do espaço, levando-os, assim, a conhecer o mundo além da sala de aula.

Em suas considerações acerca do tema Ruiz (2007, p.20) expõe que:

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A fotografia, além de ser o registro dos locais, fatos e pessoas que nos é importante, nos leva a lugares que ainda não visitamos, pode também ser considerada como uma fonte importante de dados, fatos e informações que se soubermos explorar corretamente a transforma em um poderoso recurso didático.

É importante utilizar fotografias trazidas pelos educandos, justificando-se esse

uso porque são frutos de suas próprias vivências, de vidas em grupos nas suas

comunidades e que possibilitam percepções das relações de poder, as mudanças no

meio ambiente, demonstrando que o espaço geográfico está em constante

transformação e que, por isso, estudar a Geografia não se constitui em uma

investigação estanque, imutável, mas consiste em abordar um espaço dinâmico, em

constantes transformações ocasionadas pelas ações humanas.

Atualmente, também se faz necessária a leitura do espaço por meio de

imagens obtidas por satélites artificiais, tendo em vista que estas se tornaram

importantes instrumentos para estudar as transformações na superfície terrestre.

Percebe-se que a educação visual do espaço amplia-se para além do

contexto escolar, reforçando a importância da inserção dessas novas tecnologias na

sala de aula para contribuir para a formação de uma geração de alunos críticos,

conscientes quanto ao uso correto dessas tecnologias.

A utilização de imagens de satélite, além de enriquecer as aulas de

Geografia, imprime segundo a análise de Carvalho e Cruz (2001, p.1):

o dinamismo necessário ao estudo do espaço geográfico, pelas várias vantagens que apresenta, dentre as quais a possibilidade de se observar a paisagem de uma forma menos abstrata do que a apresentada no mapa.

Através das imagens de satélite podem-se detalhar os objetos que compõem

a superfície terrestre, reconhecendo os aspectos naturais, bem como o espaço

construído pela ação do homem e a interpretação dos elementos que fazem parte de

determinada paisagem, facilitando, desta maneira, o entendimento das formas como

a sociedade se organiza e desempenha suas relações com o espaço geográfico.

Nesse contexto, insere-se o Google Earth, programa que oferece imagens e

informações através das quais se podem estabelecer análises e obter o

conhecimento, quando utilizado de forma correta como recurso didático, em sala de

aula. Para tanto, sua utilização tem o intuito de estimular o senso crítico dos alunos,

bem como seu raciocínio.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Projeto de Intervenção ocorreu no Colégio Estadual de Faxinal dos

Francos, no município de Rebouças-PR, com 23 alunos do oitavo ano do Ensino

Fundamental, no período matutino, durante o primeiro semestre do ano letivo de

2014, perfazendo um total de 64 horas de atividades.

Concomitantemente à Implementação do Projeto de Intervenção,

desenvolveu-se o Grupo de Trabalho em Rede (GTR), com a participação dos

professores da Rede Pública Estadual na modalidade à distância. O trabalho

realizado com os participantes deste grupo foi desenvolvido em três temáticas,

sendo a primeira a apresentação e discussão sobre o Projeto de Intervenção

Pedagógica. A segunda Temática foi sobre o material didático elaborado para a

implementação do Projeto. A terceira e última temática foi sobre as Ações de

Implementação do Projeto. Ainda constou do GTR a avaliação das atividades

apresentadas, momento em que foi avaliado o percurso realizado com o grupo de

cursistas inscritos.

No intuito de proporcionar uma melhor compreensão sobre tema trabalhado

foram realizadas 23 ações durante a implementação do Caderno Pedagógico.

A 1ª ação consistiu na exposição do projeto e das atividades a serem

realizadas do Caderno Pedagógico, durante a Semana Pedagógica.

No decorrer da apresentação, os professores e equipe pedagógica foram

realizando questionamentos referentes ao desenvolvimento de algumas atividades,

assim como também de suas curiosidades, notou-se a aprovação e o apoio por

parte de todos.

A 2ª ação visou à apresentação de todo o trabalho desenvolvido durante o

ano de 2013, período em que a professora esteve ausente da sala de aula

elaborando o Projeto e o Caderno Pedagógico.

Percebeu-se durante a explanação e explicações de como seria desenvolvido

o trabalho que os alunos ficaram bastante empolgados e ansiosos pelo início dos

trabalhos. A cada atividade apresentada, a curiosidade aumentava e também o

interesse em saber o que mais seria feito. A forma como os alunos receberam as

atividades a serem desenvolvidas foi o grande norteador dos trabalhos, já que um

dos objetivos do projeto era justamente o de tornar as aulas mais dinâmicas e

interessantes, utilizando para isso técnicas pedagógicas associadas à tecnologia da

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informação e comunicação, visto que os recursos tecnológicos se fazem presentes

no cotidiano de nossos alunos.

Na 3ª ação deu-se início às atividades do Caderno Pedagógico, com a

caracterização do município, através da apresentação de fotografias que

resgatavam a sua história. Após, foram apresentados os mapas do mundo, Brasil e

Paraná para que os alunos pudessem identificar e localizar o município de

Rebouças.

Na atividade em que deveriam comparar duas fotos do município de anos

diferentes, para observar as transformações ocorridas ao longo do tempo, os alunos

foram bastante atentos aos detalhes e conseguiram destacar todas as mudanças

ocorridas.

Na 4ª ação os alunos representaram, através de um mapa mental, o caminho

percorrido todos os dias, desde a saída de casa até o ponto de ônibus e depois o

caminho percorrido de ônibus até a escola. Após a confecção dos mapas mentais,

estes foram apresentados um a um e analisados, sendo que alguns alunos

representaram os detalhes perfeitamente, incluindo a legenda, e outros não foram

tão detalhistas, esqueceram-se de representar alguns pontos, mas perceberam a

falta destes no momento e que os trabalhos estavam sendo expostos.

Nas discussões sobre os pontos positivos e negativos das comunidades

percebeu-se que tiveram mais facilidade em relatar os pontos positivos,

necessitando inicialmente de auxílio da professora para identificação dos pontos

negativos, depois entenderam o que deveriam fazer e os aspectos levantados

demonstraram a conscientização dos alunos quanto ao seu espaço.

Na confecção dos croquis não tiveram grandes dificuldades, foi entregue o

material para a confecção dos mesmos e dado auxílio nos grupos. Os alunos

demonstraram grande interesse e preocupação em representar todos os elementos

listados. Durante a exposição dos croquis e apresentação dos grupos pôde-se

perceber que a maioria conseguiu, de maneira satisfatória, representar os elementos

desejados, mostrando claramente a necessidade de áreas de lazer, citado pela

maioria dos grupos.

A 5ª ação buscou instigar a observação sobre os elementos que fazem parte

do passado em comparação com as transformações dos elementos da atualidade.

Para o desenvolvimento desta atividade foi realizada uma saída de campo até a

cidade para que os alunos pudessem fotografar alguns pontos, que já estavam

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estabelecidos, para preencher o quadro com as imagens recentes e assim

pudessem observar as transformações ocorridas no espaço e analisar os motivos

dessas transformações.

Os alunos demonstraram interesse e satisfação em realizar os registros

fotográficos, passaram a sensação de estarem se divertindo com a atividade

proposta. Ao retornarem para a sala, as fotos recentes foram impressas e coladas

ao lado da fotografia antiga, à medida em que os grupos iam se apresentando e

destacando as transformações ocorridas naquele determinado espaço.

Na 6ª ação procurou-se identificar qual o conhecimento que os alunos já

possuíam sobre o conteúdo, para tanto foi realizado um desenho sobre o que eles

consideram uma paisagem.

Nos desenhos realizados, como já era de se esperar, foram utilizados mais

elementos da natureza, apenas uma aluna usou um elemento cultural, o que vem

reforçar que normalmente quando se fala em paisagem vem à mente da maioria das

pessoas uma paisagem esteticamente superlativa, com árvores, rios, montanhas,

etc. Na comparação dos desenhos percebeu-se a semelhança dos elementos

utilizados pelos alunos.

Com a 7ª ação deu-se início às discussões sobre o tema da paisagem,

buscando esclarecer o conceito e a presença dos elementos naturais e humanos

que formam uma paisagem. Para isso foram feitas explanações com a utilização de

imagens e conceitos em projetor de slides.

Foram propostas atividades de interpretação e também de análises de

imagens para observação da presença dos elementos nas mesmas. Os alunos não

tiveram dificuldades e fizeram as atividades com facilidade, demonstrando não

apresentarem dúvidas sobre o assunto.

Na 8ª ação foi solicitado aos alunos que observassem e representassem

através de um desenho a paisagem vista de uma das janelas de sua casa, com o

objetivo de que se ativessem aos detalhes presentes na paisagem, identificando os

elementos naturais e humanos que caracterizavam a mesma.

Na sala, os desenhos foram expostos, analisados, comentados e realizados

com uma listagem sobre os elementos representados. Ao término, os alunos se

mostraram mais perceptivos quanto à análise dos elementos presentes nas

paisagens.

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A 9ª ação foi iniciada com a diferenciação das paisagens culturais ou artificiais

das paisagens naturais. Para reforçar o assunto foi desenvolvido um trabalho em

que os alunos divididos em grupos deveriam pesquisar imagens de paisagem

natural e cultural, elaborassem uma legenda, realizassem a descrição da paisagem

e listassem dos elementos em destaque.

Para esta atividade alguns alunos demonstraram um pouco mais de

dificuldade em saber qual imagem se encaixaria no quadro, pelo fato de que há

alguns elementos que embora sejam naturais, fazem parte da paisagem artificial,

pelo fato que são paisagens produzidas pelo homem, como por exemplo: campos de

cultivo e de pastagem, áreas de reflorestamento, mesmo praça onde há árvores.

Devido a isso, houve maior necessidade da ajuda da professora para análise das

imagens pesquisadas.

Na 10ª ação buscou-se levar os alunos a perceberem que com maior ou

menor intensidade as sociedades atuam sobre as paisagens já existentes e as

modificam, criando um outro ambiente. Para isso foram realizadas conversas e

análise de desenho em que se destacaram as transformações humanas no espaço

ao longo do tempo.

Através do conteúdo exposto, das discussões realizadas e das reflexões

sobre as fotografias apresentadas os alunos puderam perceber que, como destaca

Magalhães, et. al., (2012), as paisagens se transformam ao longo do tempo em

ritmos diferentes. Assim, as modificações impostas pela natureza e pela ação

humana não tiveram como resultado um planeta homogêneo. Em geral as paisagens

refletem a dinâmica com a realidade de cada local.

Na 11ª ação trabalhou-se com trechos do filme De Volta para o Futuro, em

que os alunos observaram as transformações no espaço a partir da mudança de

tempo e das características de cada época.

Para esta atividade os alunos foram divididos em quatro grupos, e cada grupo

ficou responsável por um trecho do filme, que representava anos e características

diferentes do espaço. Após as observações e produção de cartazes, foram

apresentados os trabalhos destacando as principais mudanças ocorridas quanto às

construções e avanços tecnológicos nos diferentes tempos em que a praça principal

aparece no filme.

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Durante a atividade os alunos mostraram-se curiosos pelo próximo trecho do

filme, para observar o que havia mudado e também estavam atentos a todos os

detalhes, demonstrando que compreenderam a proposta da atividade.

A 12ª ação procurou diferenciar os conceitos de Espaço Geográfico e

Paisagem, sendo realizadas atividades de interpretação e reflexão, em que os

alunos não apresentaram grandes dificuldades em compreender tais diferenças.

Ainda sobre este tema os alunos foram levados ao laboratório de informática,

para que pudessem realizar alguns jogos online, objetivando a fixação dos

conteúdos, pois os mesmos abordavam questões relacionadas às paisagens e seus

elementos e também à transformação da mesma. Como os computadores não

estavam todos em funcionamento, os endereços dos sites foram passados aos

alunos para que eles realizassem os jogos como tarefa de casa, sendo que na aula

seguinte foram feitos comentários sobre os jogos e os temas abordados.

A 13ª ação objetivou a leitura, análise e interpretação de fotografias, para

aprofundar o conceito de paisagem e identificar os aspectos característicos da

mesma. Através da análise de uma fotografia os alunos observaram os diferentes

planos em que aparecem dispostos os elementos naturais e humanos na paisagem.

Observou-se durante o desenvolvimento das atividades que os alunos as

realizaram sem dificuldades, mostrando ter ficado claro para eles a disposição em

que aparecem os elementos nos planos da paisagem.

Na 14ª ação trabalhou-se sobre a posição do fotógrafo, que pode representar

uma paisagem de diferentes pontos de vista. Para reforçar o exposto foi realizado

um Jogo da Memória, com o objetivo de levar o aluno a relacionar as imagens de

satélite (visão vertical) às fotografias (visão horizontal ou frontal), identificando as

características presentes em cada uma.

Para esta atividade os alunos receberam as cartas do jogo contendo imagens

de um local da cidade numa visão vertical e na outra a visão horizontal, cabendo a

eles identificar o par corretamente. Receberam também uma cartela com as duplas

de imagens já formadas para utilizar como fonte de pesquisa em caso de dúvidas.

Durante a realização do jogo notou-se que os alunos ficaram bastante

entusiasmados com a atividade e também atentos com os detalhes e características

das visões verticais e horizontais.

A 15ª ação estava prevista para acontecer com o auxílio de um técnico em

fotografia que daria dicas sobre como fotografar, mas por problemas relacionados ao

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tempo do profissional esta oficina não aconteceu. Algumas dicas foram dadas pela

própria professora, que pesquisou e as repassou para os alunos.

Na 16ª ação foram definidos alguns pontos localizados nas comunidades das

quais os alunos fazem parte, para que fossemos até os locais fotografar a paisagem.

Após a definição dos pontos foram marcados os dias das visitas e então

realizados os registros fotográficos. Foi um momento de descontração e ao mesmo

tempo de grande aprendizado, pois os alunos mostraram-se bastante

entusiasmados com a atividade, preocupando-se ainda com a qualidade das

fotografias.

Na 17ª ação os alunos escolheram uma de suas fotografias. A atividade, no

início, foi planejada para ser feita em duplas, mas tendo em vista que todos os

alunos possuíam câmeras fotográficas ou celulares, a atividade foi realizada

individualmente.

Após a escolha das fotografias foram realizadas reflexões sobre as paisagens

registradas e os elementos presentes nas mesmas e procurou-se aprofundar os

temas abordados durante as aulas. Para finalizar a atividade foram feitas as

apresentações de cada foto e a organização de uma exposição com a descrição de

cada uma delas.

A 18ª ação procurou utilizar o programa Google Earth para auxiliar no

processo de ensino sobre as modificações sofridas pela paisagem, pois como nos

diz Carvalho e Cruz (2001), a utilização de imagem de satélite, além de enriquecer

as aulas de Geografia imprime o dinamismo necessário ao estudo do espaço

geográfico, pelas várias vantagens que apresenta, dentre as quais a possibilidade

de se observar a paisagem de uma forma menos abstrata do que a apresentada no

mapa.

Nesta atividade, utilizar-se-ia o laboratório da escola, mas devido a problemas

de conexão com a internet, não houve a possibilidade nem mesmo da instalação do

programa Google Earth, por isso a atividade foi executada com os alunos sendo

levados à casa da professora para o acesso ao programa e a realização do trabalho

proposto. Todas as atividades previstas com o uso do Google Earth foram realizadas

e os alunos mostraram-se bastante interessados e curiosos, não apresentando

grandes dificuldades com a realização das mesmas.

O trabalho foi realizado em duplas com os pontos estabelecidos

antecipadamente, os quais foram marcados no Google Earth e depois sorteados

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para cada grupo. A atividade consistiu na utilização da régua do tempo para

observação das mudanças que ocorreram no espaço estudado e qual o período de

ocorrência dessas mudanças.

Na 19ª ação foi dado continuidade às atividades iniciadas anteriormente. Para

isso foram utilizadas as duas imagens já salvas, uma mais antiga e outra atual do

mesmo ponto, para que fossem observadas as transformações ocorridas naquele

local. Foi uma atividade em que os alunos, através de um recurso diferente,

puderam fazer as observações e análises requisitadas.

O interesse foi grande por ser uma atividade diferenciada e também porque

estavam analisando espaços conhecidos por eles, que fazem parte de suas

realidades. O resultado dessa atividade vem comprovar o que destaca Godinho et

al, (2007), que o uso das imagens de satélite contribui para a motivação dos alunos,

pois possibilita os estudo de sua região e a compreensão de uma forma mais fácil

dos processos atuantes na meio em que vive.

A 20ª ação foi desenvolvida utilizando as ferramentas do Google Earth para

localizar um local visitado na aula de campo, devendo ser marcado o caminho com a

saída da escola até o lugar. Depois, marcando a opção passeio, deveriam fazer um

sobrevoo sobre o caminho traçado e finalizando foi inserido no local de visita uma

das fotos que foram tiradas durante a aula de campo.

Os alunos não apresentaram nenhuma dificuldade na utilização das

ferramentas do Google Earth e demonstraram-se entusiasmados, curiosos e

satisfeitos com a realização das atividades. Através desta atividade foi possível

proporcionar aos alunos conhecimentos espaciais e visões que geralmente não são

possíveis observarem a partir de um ponto da superfície terrestre.

Na 21ª ação foi retomada a dinâmica do primeiro dia em que os alunos

escreveram uma palavra que para eles representava o município. Em seguida foi

solicitado que repensassem a palavra escolhida e decidissem se a modificavam ou

não, indicando dessa forma se houve alguma mudança na sua maneira de perceber

o município. Através de uma roda de conversa cada aluno leu a sua palavra e

revelou se a mudou ou não.

Pôde-se perceber que os alunos passaram a ter uma visão mais positiva do

seu município e passaram a valorizar mais suas comunidades, pois todo o trabalho

permitiu que obtivessem um novo olhar sobre o local de cada um.

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Ainda, solicitou-se que os alunos fizessem um registro no caderno sobre as

suas considerações e opiniões sobre o projeto, destacando as suas maiores

dificuldades, as atividades que mais gostaram e o que aprenderam sobre o tema

trabalhado. Pôde-se perceber assim que os alunos gostaram bastante do projeto e

das atividades aplicadas, e uma das atividades mais citadas como preferida foi a

que contou com o uso do Google Earth.

Na 22ª ação foi realizada a exposição das fotografias tiradas durante as aulas

de campo, em que os alunos deveriam fotografar paisagens das suas comunidades.

Durante a exposição foi promovido um concurso para a escolha da foto

preferida pela comunidade escolar. Os alunos mostraram-se bastante empolgados

com os comentários de suas fotos. Ao final da exposição foi feita a contagem dos

votos e o aluno com a foto vencedora recebeu como prêmio um celular.

A 23ª ação foi à atividade final da Implementação Didática, consistiu na

organização de uma exposição com todo o material produzido durante o

desenvolvimento do projeto, assim como também as fotografias registradas durante

as aulas, a qual obteve um resultado final muito positivo pela participação,

motivação e aprendizagem proporcionada pela socialização do conhecimento, bem

como o envolvimento de toda a comunidade escolar.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta deste trabalho teve como objetivo principal possibilitar a

compreensão da modificação da paisagem pelas diferentes manifestações da

natureza e ações humanas, por meio da utilização de fotografias e imagens de

satélite, proporcionando atividades diferenciadas através do uso de técnicas

pedagógicas associadas à tecnologia da informação e comunicação, para assim

tornar as aulas mais dinâmicas e interessantes, visto que os recursos tecnológicos

se fazem presentes no cotidiano de nossos alunos.

Percebeu-se que tal objetivo foi alcançado, tendo em vista a participação dos

estudantes nas aulas e atividades desenvolvidas. Durante a aplicação do Projeto de

Implementação foi notável a motivação diante de uma metodologia mais dinâmica,

estudar geografia tornou-se mais prazeroso e assim a compreensão do assunto

aconteceu de forma mais facilitada.

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Apesar de algumas limitações de ordem técnica, conforme explicitado, o

trabalho permitiu perceber o uso de imagens de satélite e de fotografias como um

eficiente material didático para facilitar o conhecimento e o estudo de aspectos

geográficos. Através desses recursos os alunos puderam verificar as localizações de

locais conhecidos por eles e ampliar suas visões sobre seus espaços de vivências.

Diante do exposto, o sentimento é de grande satisfação com os resultados

obtidos, tendo em vista que é um esforço de todo professor a busca por uma

aprendizagem significativa, com o intuito de colaborar para uma educação de

qualidade e que atenda às expectativas de todos os envolvidos no processo escolar.

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