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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO ... · Laranjeiras do Sul Professor Orientador Tiago Bonato Instituição de Ensino Superior Unicentro Relação Interdisciplinar

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2013

Título: O uso das tecnologias no ensino da história: escravidão e liberdade no território paranaense

Autor

Carmen Lucia Toccolini

Disciplina/Área

História

Escola de Implementação do Projeto e sua localização

Colégio Estadual José Marcondes Sobrinho EFM

Município da escola

Laranjeiras do Sul

Núcleo Regional de Educação

Laranjeiras do Sul

Professor Orientador

Tiago Bonato

Instituição de Ensino Superior

Unicentro

Relação Interdisciplinar Resumo:

O presente projeto visa articular, as tecnologias no ensino de história com o tema escravidão na América portuguesa e no território hoje paranaense, fazendo uso das TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação), utilizando o computador como ferramenta didática para pesquisar a escravidão no território paranaense, pois durante muito tempo a historiografia omitiu a presença de vida familiar escrava no Brasil, por conta de privilegiar outras abordagens e outros objetos de pesquisa. Porém o novo viés dessa historiografia esta permitindo informações até então ocultas, que ultrapassam os enfoques tradicionais, colocando em evidência a necessidade de se dar um novo olhar à história. Então: como tornar as aulas de História mais prazerosas e com melhor aprendizagem para os alunos, através da tecnologia?

Palavras-chave

Tecnologias, História do Paraná, Escravidão

Formato do Material Didático

UNIDADE DIDÁTICA

Público Alvo

Alunos do 2º ano, EM. Noturno.

APRESENTAÇÃO

Este estudo busca uma nova maneira de trabalhar as aulas de história com

o uso da internet. Constatamos que muitos alunos têm dificuldades em desenvolver

uma consciência histórica, sozinhos.Cabe ao professor ajudá-los nesse processo

lento e gradativo,mesmo que algumas vezes não se considere capaz de fazer um

bom trabalho com uso do LABIN (Laboratório de Informática), devido ao pouco

preparo. Essa falta de preparo faz com que muitas vezes ocorra uma lacuna no

aprendizado do aluno e um sentimento de frustração no professor.

Segundo Levy, ainda há dificuldade de analisar concretamente as

implicações das tecnologias na escola, pois “tal processo se encontra no início de

sua trajetória” (LEVY, 1999, p. 24). Contudo as tecnologias impõem desafios à

formação de professores e à educação escolar, pois existem barreiras entre as

tarefas de execução e concepção das mesmas na escola.

Sabemos que está cada vez mais difícil despertar o interesse dos

estudantes só com a explicação do professor ou com a interpretação de poucas

imagens encontradas nos livros didáticos ou textos. O domínio do conteúdo de

história pelo professor já não é mais uma garantia para o aprendizado dos

educandos, nem para a construção de seus próprios conceitos coletivamente e

muito menos como fator que desperte curiosidade cognitiva. Apesar das tecnologias

presentes nas escolas ainda não há, na maioria dos casos, pessoas habilitadas para

auxiliar os docentes em trabalhos específicos. Grande parte dos professores

também não está qualificada para desenvolver um bom trabalho. Porém, cabe a

cada educador empenhar-se e ser a alavanca que impulsiona para as novas

aprendizagens, melhorando suas metodologiasepromovendo aulas mais criativas e

dinâmicas. Pois o conhecimento não é concebido se for transmitido de forma

mecânica pelo professor, mas, sim de uma interação com o meio físico, social e

simbólico no qual o educando é um sujeito ativo que constrói seu

própriopensamento.

Objetiva-se com esse estudo planejar as aulas de uma maneira que o aluno

possa estar em contato com a internet, contextualizando e socializando as

informações com os colegas, percebendo o meio virtual como uma nova ferramenta

pedagógica de adquirir conhecimento. Isso não significa que serão abandonados os

antigos métodos de ensinar, mas sim utilizá-los dentro de uma nova visão

pedagógica e construtiva.

Busca-se também mostrar o que a Nova Historiografia vem contemplar,

trazendo para o aprendizado o escravo também como sujeito ativo na sociedade da

época e não apenas passivo com a História Tradicional mostrou por muito tempo.

Esse material foi pensado para aulas do 2º Ano do EM, com duração de

32hr/aulas.

A implementaçãoinicial, ocorrerá no Colégio Estadual José Marcondes

Sobrinho de Laranjeiras do Sul - PR.

MATERIAL DIDÁTICO

Capítulo I

FONTES, HISTÓRIA E TEORIA.

Questionário de conhecimentos prévios

1) Você acredita que ainda existe escravidão em nossos dias? Como?

2) Escreva sobre alguns lugares do mundo onde existiu escravidão.

3) Você já assistiu a algum filme, novela, documentário ou leu alguma reportagem

sobre escravidão? Descreva.

4) Durante a colonização do Brasil houve escravidão no território paranaense?

5) Você acha que é possívelaprender história pesquisando na internet ou no

laboratório de informática? Qual a melhor forma de fazer uma boa pesquisa?

Em nossos dias existe muito trabalho análogo à escravidão, ou seja, não se

fala que é trabalho escravo, mas sabemos que muitos desses trabalhadores não têm

liberdade nenhuma, trabalham horas forçadas em locais insalubres, recebendo o

mínimo possível ou em algumas vezes nem recebem salário algum, passam meses

confinados em fazendas distantes de povoado e quando pedem pra sair não

conseguem receber dinheiro algum,pois os patrões acabam comprando produtos

alimentícios, ferramentas ou roupas para os mesmos e cobram um preço muito

elevado.Por isso a maioria nunca consegue se livrar das dívidas e sujeitam-se a

essas explorações.

Não se dá o nome de escravidão, mas ela existe não só no Brasil como no

mundotodo, principalmente nas fábricas de fundo de quintal onde pessoas trabalham

a troco de muito pouco, com documentação ilegal e sem direitos trabalhistas.

Para o historiador Jacques Le Goff (2003, p. 9-10), o documento não é a

encarnação da verdade. Segundo ele, não é um material bruto, objetivo e inocente,

mas exprime o poder de uma sociedade do passado sobre a memória e o futuro.

A produção historiográfica também está diretamente relacionada com o

contexto em que vive o historiador. Não sendo este neutro, imparcial e isolado de

sua época. A produção do conhecimento histórico é, na verdade, uma interpretação

feita pelo historiador, fundamentada em evidências reveladas pelas fontes.

Para a historiadora Circe Maria Fernandes Bittencourt,

recorrer, ao uso de vestígios e fontes históricas nas aulas de História pode favorecer o pensamento histórico e a iniciação aos métodos de trabalho do historiador. A intenção do trabalho com documentos em sala de aula é de desenvolver a autonomia intelectual adequada, que permita ao aluno realizar análises críticas da sociedade por meio de uma consciência histórica.

Portanto as fontes por si só não nos respondem quase nada, as informações

serão transmitidas de acordo com a intenção do historiador e pesquisador, sabemos

que nenhuma fonte é uma história pronta, cabe ao professor instigar o aluno a

explorar a mesma, e deixa-los cientes de que poderão haver várias interpretações

de uma mesma fonte.

Umadas contribuições da nova historiografia para a formação do pensamento

histórico foi a valorização das ações e concepções de mundo dos sujeitos das

classes populares em seu contexto espaço-temporal. Outra contribuição foi a

introdução de novas temporalidades nas formas de constituição do pensamento

histórico, a partir do momento em que novos e múltiplos sujeitos com seus

respectivos pontos de vista foram introduzidos nas análises historiográficas.

Le Goff (2003, p. 537-538) comenta que a função do historiador também é

fazer crítica ao documento, indiferente de qual ele seja,

O documento não é inócuo. É antes de mais nada o resultado de uma montagem consciente ou inconsciente, da história, da época, das sociedade que o produziram, mas também das épocas sucessivas durante as quais continuou a viver, talvez esquecido, durante as quais continuou a ser manipulado, ainda que pelo silêncio. O documento é uma coisa que fica, que dura, e o testemunho, o ensinamento (para evocar a etimologia) que ele traz devem ser em primeiro lugar analisados desmitificando-lhe o seu significado aparente. Trecho retirado do livro de J. LE GOFF, História e memória. Tradução Irene Ferreira, ed. 5ª, Editora Campinas: UNICAMP, 2003, p. 537-538.

Com frequência nós nos apegamos a documentos escritos, ou imagens na

busca de uma verdade em “preto no branco” e esquecemos que tudo o que nos

cerca está ligado a muitas imagens e muitas versões, dependendo do sujeitoque a

interpreta.Essa verdade não está contida em nenhum documento, pois todos eles

seguem padrões subjetivos de produção, independente de a fonte ser escrita,

musical ou outra.

Atividades: Em que momento você se considera sujeito históricoatuante em nossa

sociedade? Se poucas ou na maioria das vezes?Citealguns exemplos.

Capítulo II

ESCRAVIDÃO NEGRA AFRICANA NO BRASIL

Segundo Proença, a obra Liberdade por um fio: história dos quilombos no

Brasil, organizada por João José Reis e Flávio dos Santos Gomes, também

demonstra, com importantes contribuições de vários autores, o alargamento do

debate historiográfico ocorrido nas últimas décadas.

Destaca-se, aí, uma nova história social da escravidão, que pauta por

inovadores enfoques. São analisados, principalmente, os modos como os escravos,

a despeito da violência e opressão senhorial, tentavam organizar sua vida recriando

estratégias e sociabilidades vinculadas a práticas culturais reinventadas. Na

organização do trabalho, no estabelecimento de laços de parentesco, práticas

religiosas e diversas formas de sociabilidade buscam reconstruir autonomia e

constituir comunidades com culturas e lógicas próprias. Ao se forjarem como

comunidades os cativos recriaram variadas estratégias de sobrevivência e de

enfrentamento à política de dominação senhorial. Não só reagiram às lógicas

senhoriais, como produziram e redefiniram políticas nos seus próprios termos.

Em síntese, podem ser destacados dois principais enfoques desta

perspectiva. Em primeiro lugar, ruptura com a ideia do “escravo-coisa”, politicamente

anômico.

Desconstroem-se modelos teóricos cristalizados nos quais a escravidão era

explicada somente pela violência e pelo controle senhorial, que reduzia o protesto a

mera reação diante da crueldade e violência sistêmica. Desse modo, rompe-se com

a imagem de cativo coisificado pela exploração do trabalho e pela violência física.

Isso aponta para o estabelecimento de certas regras sociais próprias definidas pelos

negros. O significado da liberdade foi assim forjado na experiência do cativeiro.

Como exemplo, pode dizer que diante da compra e venda havia percepções e

atitudes dos próprios escravos diante das situações de transferência de sua

propriedade: tinham suas próprias concepções sobre as regras sociais que

envolviam aquelas relações; havia maneiras de os cativos manifestarem sua opinião

no momento da venda; suas relações afetivas mereciam algum tipo de

consideração; os castigos físicos precisavam ser moderados e aplicados por motivos

justos.

Em segundo lugar, os próprios negros agenciavam sua liberdade,

contribuindo para o fim da instituição da escravidão. Isso se dava, por exemplo, na

criação de comunidades de quilombolas, as quais deixam de ser vistas apenas

como espaços de enfrentamento heroico das expedições reescravizadora ao longo

do século XIX, como se estivessem isolados da esfera social do regime escravista.

Trecho retirado do artigo: Escravidão no Brasil: Debates Historiográficos

Contemporâneos de Wander de Lara Proença Doutor em História –

UNESP/Assishttp://www.assis.unesp.br/Home/Eventos/SemanadeHistoria/wander.P

DFacessoem

02/12/2013.

Alguns estudiosos da escravidão já romperam com a associação entre

subordinação e passividade, Percorrendo vários caminhos para estudar as

iniciativas escravagistas, sem negar a opressão e a possibilidade de acordos entre

ambas as partes, se descobriu que independente da região, muitas vezes eram

estreitos os laços entre escravos e senhores.

Os historiadores da década de 60/70 tinham seus métodos, teorias e

abordagens de pesquisa. Em geral, nesse período se privilegiava visões do

macroeconômico, tratando a escravidão como um meio de produção. Portanto,

ninguém estava preocupado com o cotidiano dos escravos.

"Tendo podido obter, por meios lícitos e por seu trabalho e economias a vista e face

de todos como seus bens, vinte e uma rezes (gado vacum) e a quantia de 145 mil

réis provenientes de um cavalo alazão tostado que vendeu anteriormente a Manoel

Ferreira, morador no lugar denominado Cabeceira do Brejo deste mesmo distrito, e

parte do produto da venda que fez dum outro cavalo a José Ferreira Mendes,

também morador neste distrito, sendo aquelas rezes provenientes de uma vaca que

o suplicante comprara há anos passados quando era escravo de Antônio Joaquim

Moreira, proprietário e morador na fazenda denominada José Dias, e outras que foi

comprando depois que veio para o poder de Manoel Teixeira Mendes por

consentimento deste, a diversas pessoas, no intuito de formar um pecúlio pelo qual

pudesse obter os necessários meios para indenização do seu valor conforme o

menor preço, aliás, o mais módico que pudesse convencionar com seu senhor dito

Manoel Teixeira Mendes, a fim de conceder-lhe este a sua liberdade [...] Acontece

que se havendo propalado que já existia uma lei de que ninguém mais nasce

escravo nesse país, e que provavelmente havia grande felicidade presentemente no

direito de liberdade o suplicado, segundo dizem, aconselhado por alguns amigos,

como bem se recorda o suplicante, conforme tendo ouvido dizer pelo vigário

Raimundo Telles de Menezes, Alferes Pedro dos Santos Brasileiro e outras pessoas,

tratou logo de contraferrar todo o gado acima dito pertencente ao suplicante com o

seu ferro. E de então para cá tem até despersuadido ao suplicante a possuir cousa

alguma, chegando a ponto de negar-se de ter recebido do suplicante a referida

quantia de 145 mil réis e trata de descartar-se do suplicante, pretendendo vendê-lo a

outra pessoa, tanto que de momento tem projetado uma viagem para a cidade de

Cachoeira com o suplicante tomando logo a precaução de já ter ocultado toda sua

roupa além de outros procedimentos domésticos que ainda mais convence ao

suplicante da deliberação tomada pelo suplicado”.

Fonte: APEBA. Seção Judiciária. Série: Ação de liberdade. Class: 13/0461/44. Apud: SILVA, Ricardo

Tadeu Caires. Os escravos vão à Justiça. Salvador, Ba. Dissertação de Mestrado. FFCH,2000 acesso

em 03/12/2013

acesso em 03/12/2013

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2009_fafipa_his

toria_md_angela_maria_dosso.pdf

Atividades: Após a leitura do documento, responda as seguintes questões:

1- O que era o pecúlio que o escravo pretendente de sua liberdade adquiriu? E

de que maneira o mesmo conseguiu?

2- Por que o Documento se apresenta com palavras diferentes do nosso

cotidiano?

Devemos lembrar que muitas das técnicas de cultivo, de criação de gado, e

de mineração do ferro foram ensinadas pelos africanos aos portugueses o que

merece todo nosso reconhecimento em dizer que o africano também foi um

elemento civilizador do Brasil e não apenas mão de obra.

Para refletirmos sobre o papel da família escrava, vamos ler um trecho da

obra do historiador Stuart Schwartz que fala sobre isso:

é possível reconciliar a perspectiva nova e mais matizada da família escrava brasileira com as condições demográficas gerais negativas da escravidão brasileira devido às vantagens regionais e temporais. Em certas áreas e em certas condições, prevaleciam estruturas familiares mais estáveis e regimes demográficos mais saudáveis entre os escravos

brasileiros. Os estudos recentes estão procurando definir onde e quando e por que tais condições prevaleciam. Apesar das diferenças, quase todos os estudos deixam claro que o panorama tradicional da família escrava relativamente a uma patologia social precisa de revisão rigorosa e que a ausência de uniões formais sancionadas pela igreja e, portanto, o alto índice de ilegitimidade entre os escravos não serve de prova da ausência de vida familiar. Trecho retirado de SCHWARTZ, Stuart.,Escravos, roceiros e rebeldes: Bauru Editora,Edusc,, 2001, p 36-37.

Podemos perceber no trecho acima que os escravos viviam em diferentes

condições uns dos outros, enquanto em determinadas regiões havia a escravidão de

tronco e o açoite. Em outras, havia vida familiar escrava que tinha suas famílias e

suas casas, e alguns viviam livres pela vilascomo autônomos, tendo seu próprio

ganho.

Ao se perceberem fora de sua terra de origem, os africanos formaram

grupos de pessoas por afinidade ou interesses entre si e estabeleciam normas,

visando o bem comum entre os grupos.

Para o historiador Stuart Schwartz,

A nova historiografia da escravidão brasileira deixa clara a importância de se compreender a organização da escravidão e seu funcionamento tanto como forma de trabalho quanto como sistema social e cultural, para que seja possível entender suas consequências teóricas e sistêmicas mais amplas para a compreensão da história do Brasil e do seu lugar dentro do desenvolvimento da economia mundial. Texto retirado do livro de SCHWARTZ, Stuart, Escravos, roceiros e rebeldes: Bauru Editora,Edusc,, 2001, p 29. .

Entende-se que o escravo foi sujeito na construção da sua história e da

história do Brasil. Sempre lutou diariamente por melhores condições de vida, falta de

comida, falta de tempo para cultivar sua roça, por tarefas que achavam ser de outros

escravos, em determinadas regiões e tempos diferentes, isso é o que a nova

historiografia busca mostrar evidencias de interações entre os indivíduos e os

contextos sociais.

Historiografia: como o próprio termo indica, é a ciência que estuda e analisa e registra os fatos históricos ao longo do tempo. Historiografia também pode ser definida como a ciência que conta como os seres humanos fizeram história com o passar do tempo. A historiografia estuda épocas e estados variados fazendo compreender os métodos, as forma e os objetos de estudo. Artigo: http://queconceito.com.br/historiografia#ixzz2mHQJ4xPj Acesso em 01/12/2013.

Nessa perspectiva Machado explica que a nova historiografia,

tem conseguido fazer emergir o escravo como um agente social ativo, participante da construção de sua história. E por mais que sua localização nas redes de dependência que a instituição da escravidão produzia contribuísse para sua caracterização como grupo social com menos chance de “dispor de si”, ou mesmo de impor limites ao mando e à sujeição senhoriais, do que essa historiografia já produziu depende-se que tais possibilidades não estavam totalmente vetadas. Mais que isso, a maior parte dos pesquisadores procura demonstrar que o lugar social do cativo estava definido apenas pelo título de propriedade ou pela identificação aparente de sua condição social, mas principalmente pelo embate cotidiano entre senhores e escravos

Texto retirado do livro de Cacilda Machado, A trama das vontades: negros, pardos e brancos na produção da hierarquia social do Brasil escravista. Rio de Janeiro: Apicuri, 2008.

Fala-se tanto em desigualdade e hierarquia, sabemos que a escravidão

no Brasil foi de vários tipos em diferentes lugares. Não devemos padronizar, pois

dependendo da região, da economia e do tamanho da propriedade entre os

escravos havia hierarquia até mesmo em cerimônias de casamentos, em que os de

maior nível social geralmente eram levados para serem padrinhos ou testemunha. E

que na maioria dos casos o relacionamento entre senhores e escravos era mais

distante, e que os mesmos tinham mais facilidade em planejar as fugas. Já nas

pequenas propriedades onde os mesmos viviam ali por alienação, obediência ou

comodismo, os escravos nem tinham a intenção de fugir pois, viviam para o trabalho

e uma grande maioria criava laços com seus patrões, tendo participação em alguns

segmentos da sociedade e também haviam os escravos de ganho e os que eram

livres e autônomos.

Atividades: Após a leitura das reportagens sobre o trabalho escravo,

utilizando o computador no Laboratório de Informática, escreva as diferenças e

semelhanças em que os autores dos textos apresentam do trabalho escravo no

Brasil colônia e na atualidade.

Diferenças Entre o Trabalho Escravo Colonial e o Contemporâneo:

Negros ainda são vítimas de escravidão, aponta estudo.

13/05/2010 - 09h00, Antônio Gois da Sucursal do Rio

Passados 122 anos desde a Lei Áurea, 3 em cada 4 trabalhadores libertados de

situações análogas à escravidão hoje são pretos ou pardos.É o que mostra um

estudo do economista Marcelo Paixão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro,

feito a partir do cadastro de beneficiados pelo Bolsa Família incluídos no programa

após ações formas contemporâneas de escravidão.São pessoas trabalhando em

situações degradantes, com jornada exaustiva, dívidas com o empregador que o

impedem de largar o posto e correndo riscos de serem mortas.Paixão, que publica

anualmente um Relatório de Desigualdades Raciais (ed. Garamond), diz que foi a

primeira vez em que conseguiu investigar a cor ou raça desses trabalhadores,

graças à inclusão do grupo no, Bolsa Família.Os autodeclarados pretos e pardos

que Paixão soma em seu estudo, classificando como negro representavam 73%

desse grupo, apesar de serem 51% da população total do Brasil. Tal como nas

pesquisas do IBGE, é o próprio entrevistado que, a partir de cinco opções de

fiscalização que flagraram trabalhadores em situações que, para a ONU, são

consideradas (branco, preto, pardo, amarelo ou indígena) define sua cor.Para o

economista, "a cor do escravo de ontem se reproduz nos dias de hoje. Os negros e

índios, escravos do passado, continuam sendo alvo de situações em que são

obrigados a trabalhar sem direito ao próprio salário. É como se a escravidão se

mantivesse como memória".Pretos e pardos são maioria entre a população mais

pobre. Segundo o IBGE, entre os brasileiros que se encontravam entre os 10% mais

pobres, 74% se diziam pretos ou pardos.Para Paixão, ainda que hoje a cor não seja

o único fator a determinar que um trabalhador esteja numa condição análoga à

escravidão, o dado sugere que ser preto ou pardo eleva consideravelmente a

probabilidade.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u734343.shtml acesso em 17/10/2013

Trabalho escravo na atualidade

Nas letras da lei, a escravidão está extinta, porém, em muitos países, principalmente

onde a democracia é frágil, há alguns tipos de escravidão, em que mulheres e

meninas são capturadas para serem escravas domésticas ou ajudantes para

diversos trabalhos. Há ainda o tráfico de mulheres para prostituição forçada,

principalmente em regiões pobres da Rússia, Filipinas e Tailândia, dentre outros

países.

A expressão escravidão moderna possui sentido metafórico, pois não se trata mais

de compra ou venda de pessoas. No entanto, os meios de comunicação em geral

utilizam a expressão para designar aquelas relações de trabalho nas quais as

pessoas são forçadas a exercer uma atividade contra sua vontade, sob ameaça,

violência física e psicológica ou outras formas de intimidações. Muitas dessas

formas de trabalho são acobertadas pela expressão trabalhos forçados, embora

quase sempre impliquem o uso de violência.

Atualmente, há diversos acordos e tratados internacionais que abordam a questão

do trabalho escravo, como as convenções internacionais de 1926 e a de 1956, que

proíbem a servidão por dívida. No Brasil, foi somente em 1966 que essas

convenções entraram em vigor e foram incorporadas à legislação nacional. A

Organização Internacional do Trabalho (OIT) trata do tema nas convenções número

29, de 1930, e 105, de 1957. Há também a declaração de Princípios e Direitos

Fundamentais do Trabalho e seu Seguimento, de 1998.

De acordo com o relatório da OIT de 2001, o trabalho forçado no mundo tem duas

características em comum: o uso da coação e a negação da liberdade. No Brasil, o

trabalho escravo resulta da soma do trabalho degradante com a privação de

liberdade. Além de o trabalhador ficar atrelado a uma dívida, tem seus documentos

retidos e, nas áreas rurais, normalmente fica em local geograficamente isolado.

Nota-se que o conceito de trabalho escravo é universal e todo mundo sabe o que é

escravidão.

Vale lembrar que o trabalho escravo não existe somente no meio rural, ocorre

também nas áreas urbanas, nas cidades, porém em menor intensidade. O trabalho

escravo urbano é de outra natureza. No Brasil, os principais casos de escravidão

urbana ocorrem na região metropolitana de São Paulo, onde os imigrantes ilegais

são predominantemente latino-americanos, sobretudo os bolivianos, e mais

recentemente os asiáticos, que trabalham dezenas de horas diárias, sem folga e

com baixíssimos salários, geralmente em oficinas de costura. A solução para essa

situação é a regularização desses imigrantes e do seu trabalho.

A escravidão no Brasil foi extinta oficialmente em 13 de maio de 1888. Todavia, em

1995 o governo brasileiro admitiu a existência de condições de trabalho análogas à

escravidão. A erradicação do trabalho escravo passa pelo cumprimento das leis

existentes, porém isso não tem sido suficiente para acabar com esse flagelo social.

Mesmo com aplicações de multas, corte de crédito rural ao agropecuarista infrator

ou de apreensões das mercadorias nas oficinas de costura, utilizar o trabalho

escravo é, pasmem, um bom negócio para muitos fazendeiros e empresários porque

barateia os custos da mão de obra. Quando flagrados, os infratores pagam os

direitos trabalhistas que haviam sonegado aos trabalhadores e nada mais acontece.

De modo geral, o trabalho escravo só tem a prejudicar a imagem do Brasil no

exterior, sendo que as restrições comerciais são severas caso o país continue a

utilizar de mão de obra análoga à escravidão. Como é público e notório que o Brasil

usa trabalho escravo, sua erradicação é urgente, sobretudo para os trabalhadores,

mas também para um bom relacionamento comercial internacional.

Criada em agosto de 2003, a Comissão Nacional Para a Erradicação do Trabalho

Escravo (CONATRAE), órgão vinculado à Secretaria Especial dos Direitos Humanos

da Presidência da República, tem a função de monitorar a execução do Plano

Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo. Lançado em março de 2003, o

Plano contém 76 ações, cuja responsabilidade de execução é compartilhada por

órgãos do Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público, entidades da

sociedade civil e organismos internacionais.

Orson Camargo Colaborador Brasil Escola

Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São

Paulo – FESPSP

Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP

http://www.brasilescola.com/sociologia/escravidao-nos-dias-de-hoje.htm

acesso em 18/10/2013.

Atividades: Em duplas no Laboratório de Informática realizem uma pesquisa sobre

escravidão: ex: antiga, Roma, Grécia, Brasil colônia e contemporâneo, também

mundo contemporâneo, onde cada dupla só irá pesquisar sobre um tipo de trabalho

e local, após a pesquisa apontem as diferenças e semelhanças, e após o debate

iniciaremos com o novo olhar sobre a escravidão colonial.

Em seguida assistiremos ao vídeo sobre trabalho escravo na

atualidade.https://www.youtube.com/watch?v=Gpv--

GBz2IIacesso13/10/2013https://www.youtube.com/watch?v=hDDh9jl52Z4 acesso em

14/10/2013

Atividades:Em relação a pesquisano laboratório sobre escravidão antiga, colonial

após assistirem o vídeo escravidão contemporâneadiscuta com seus colegas, faça

alguns apontamentos e peça para a professora anotar no quadro as conclusões de

cada grupo, para uma análise geral.

Capítulo III

ESCRAVIDÃO NO TERRITÓRIO PARANAENSE

Antonio Braz da Silva (2010), quanto à presença negra no Paraná, reflete sobre

informações como a seguinte:

Em 1853, quando ocorreu a emancipação política do Paraná, 40% da população, do Estado era composta por negros. Hoje, segundo dados do IBGE, eles representam 28,5%, o que confere ao Paraná a maior população negra do Sul do país. A visão de um Paraná sem a existência de população negra vem sendo substituída pela realidade de uma cidadania tardiamente reconhecida, para compor o território paranaense.

Conforme a citação de Silva o Paraná é o maior Estado com população negra no sul

do país, e isto é um fator importante para que seja valorizada a presença negra em

nosso Estado dentro do ambiente escolar e na sociedade em geral.

Conforme escreveu Santos,o historiador Glauco Lobo e a professora Clemilda

Santiago Neto formaram o Grupo de Trabalho "Clóvis Moura", responsável pelo

diagnóstico social das comunidades remanescentes de quilombos no Paraná.

Segundo eles:

O governo do Paraná procura apagar a nódoa que oculta as comunidadesquilombolas, tradicionais comunidades negras e terra de negros no Estado do Paraná, historicamente escondidas e não reconhecidas por todos osgovernos que antecederam ao atual. O governo está ouvindo os quilombolas, o que é inédito na história do país, para que, a partir de agora, essas comunidades possam se desenvolver com mais segurança, com seus direitos de cidadania garantidos. (PARANÁ, 2006).

Pode-se constatar que, juntamente com a vontade política do governo, está

presente a vontade popular, da escola, que está incluindo nos conteúdos a história

dos grupos minoritários, como remanescentes de quilombolas. Essa vontade política

e popular se expressa na disponibilização dos resultados de pesquisas, com dados

e informações a que os professores podem ter acesso e repassar para os alunos, e

também têm ocorrido cursos de formação através da Secretaria de Educação do

Estado do Paraná.No Paraná as atividades econômicas,estiveramsobretudo nos

séculosXVII, XVIII e XIX, em sua maioria para servir as “metrópoles” do Brasil, os

centros exportadores.É com a descoberta de ouro na região da baía de Paranaguá

que se inicia a ocupação do território paranaense.

Atividades:Pesquisa no Laboratório de Informática sobre a Fazenda Capão Alto –

PR após assistirem o vídeo:http://www.youtube.com/watch?v=LMYvpTdVwMk acesso em

15/10/2013.

Ex:

1- O que os escravos produziam nessa fazenda?

2- Para que fins eram os produtos nela cultivados?

3-Quantos escravos em média trabalharam nesse local?

4- De onde foram trazidos os escravos?

5-Como era o cotidiano dos mesmos? Se houve diferentes tipos de escravidão

local? Ex: como era a vida,dos mesmos, em diferentes épocas?

6-Descobrir quantos lugares há pra visitação na Fazenda.

7- Havia famílias escravas na fazenda?

Após toda pesquisa, faremos uma visita agendadaà Fazenda Capão Alto,em Castro,

local de Patrimônio Histórico do PR.

Atividades:Ao retornarem da visita faremos a socialização de conhecimento sobre

Fazenda Capão Alto, e elaboração de um painel com fotos e descriçõesdigitalizadas

pela turma toda, o qual será exposto no saguão do Colégio, onde cada imagem terá

parte de sua história digitalizada.Ex: Foto Novela.

Pesquisa em duplas no Laboratório de Informática sobre escravidão, e

cotidiano dos mesmos no território paranaense, onde cada dupla irá fornecer uma

cópia para as demais.

Em sala de aula haverá uma dinâmica ecada dupla irá fazer apontamentos

em seu caderno, utilizando os textos compartilhados pelos colegas e então será

dividido por subtemas, como: cotidiano dos escravos, ex: família, apadrinhamento,

quantidade de filhos, moradia, casamento, religião e relação na

sociedadeetc...dando ênfase à nova historiografia.

Ex: os grupos serão nominados como: Grupo A, Grupo B, Grupo C, etc...e

serão comandados pela professora(or), para que todos tenham oportunidade de

participar, expondo suas descobertas. No final do debate cada dupla irá digitar e

entregar suas descobertas sobre a escravidão no território paranaense.

Durante avisita na fazenda Capão Alto, em Castro PR,e em alguns

momentos das aulas será feito um documentário com os alunos narrando a história

da Fazenda e sobre escravidão, inclusive uma paródia.

A Fazenda Capão Alto localizada Campos Gerais em terras de sesmarias

século XIII, período de início da atividade pastoril em que era vendida à região

auríferas,através da feira de Sorocaba.Essa Fazenda serviu de pouso e currais para

os tropeiros que vinham de Viamão (RS) à Sorocaba(SP). Em 1751 a Fazenda foi

adquirida pelos Carmelitas que após alguns anos com a retirada dos Carmelitas para

São Paulo e Rio de Janeiro esteve sob os cuidados de um administrador que após a

tentativa de arrendamento a terceiros, foi entregue aos escravos que ali residiam e

trabalhavam pacificamente por muitos anos, e criava gado para vender em Castro

apenas o necessário para viver.

Essa fazenda é um dos marcos históricos mais importantes na história da

ocupação dos Campos Gerais.

http://criticadeponta.com/category/uncategorized/outros-giros/pageascesso/29/11/2013.

ORIENTAÇÕES METODOLOGIAS

Capítulo I

FONTES, HISTÓRIA E TEORIA.

Para o historiador Carlos Augusto Lima Ferreira,

somente usar recursos tecnológicos também não garante um salto na postura do professor em sala de aula. Paralelamente a esses recursos o professor deve ter pleno domínio dos conteúdos e metodologias pertinentes à sua disciplina, no mínimo. As TIC tem a possibilidade de trazer o mundo, de forma interativa para a sala de aula, proporcionando a professores e alunos o aprendizado constante, o aumento do interesse e da motivação pelo conhecimento, num movimento ilimitado de possibilidades.(FERREIRA 1999 P 147).

No entanto o professor deve estar preparado e conscientizar o aluno sobre a

importância do uso do laboratório para a realização de uma boa pesquisa e

consequentemente melhorar o aprendizado em história. É fundamental essa

orientação, pois o laboratório é uma extensão da sala de aula e o computador uma

ferramenta didática.

Estas atribuições requerem o compromisso de todos que fazem a educação

(profissionais, governos e sindicatos) e a sociedade como um todo. Sabemos que

essas mudanças não irão acontecer de uma hora pra outra em um contexto total,

mas sim que devemos promovê-las de forma lenta e gradual, com muita

persistência.

Para o ensino de História, o uso de fontes históricas facilita a familiarização

do aluno com formas de representação das realidades do passado e do presente,

acostumando-o a associar o conceito histórico à análise que o ocasionou.

Segundo Jacques Le Goff,a memória coletiva e sua forma científica, a

história, aplicam-se a dois tipos de materiais: os documentos e os monumentos.

De fato, o que sobrevive não é o conjunto daquilo que existiu no passado, mas uma escolha efetuada quer pelas forças que operam no desenvolvimento temporal do mundo e da humanidade, quer pelos que se dedicam à ciência do passado e do tempo que passa os historiadores. . A partir de 1960 houve a revolução, que é ao mesmo tempo quantitativa e qualitativa. O interesse da memória coletiva e da história já não se cristaliza exclusivamente sobre os grandes homens, os

acontecimentos, a história que avança de pressa, a história política, diplomática, militar. Interessa-se por todos os homens, suscita uma nova hierarquia mais ou menos implícita dos documentos; por exemplo, coloca em primeiro plano, para a história moderna, o registro paroquial que conserva para a memória todos os homens, registros estes em que são assinalados, por paróquia, os nascimentos, os matrimônios e as mortes, marca a entrada na história das “massas dormentes” e inaugura a era da documentação de massa. Mas essa dilatação da memória história teria certamente ficado no estado de intenção, de êxito individual de qualquer historiador que reunisse capacidade de trabalho e espírito inovador no interior do tratamento artesanal tradicional do documento, que quase ao mesmo tempo não se tivesse produzido uma revolução tecnológica do computador.” É, portanto uma “ revolução da consciência historiográfica” (Furet, 1974, pg. 47-48 e 53). LEGOFF, Jacques pag,535, 541-542.

Portanto as fontes por si só não nos respondem quase nada, as informações

serão transmitidas de acordo com a intenção do historiador e pesquisador, sabemos

que nenhuma fonte é uma história pronta,cabe ao professor instigar o aluno a

explorar a mesma, e deixá-los cientes de que poderão haver várias interpretações

de uma mesma fonte.

Capítulo II

ESCRAVIDÃO NEGRA AFRICANA NO BRASIL

Durante muito tempo a historiografia omitiu a presença de vida familiar

escrava no Brasil, por conta de privilegiar outras abordagens e outros objetos de

pesquisa. Porém o novo viés dessa historiografia está permitindo informações até

então ocultas, que ultrapassam os enfoques tradicionais, colocando em evidência a

necessidade de dar um novo olhar à história.

Para Schwartz,

a família escrava era perfeitamente viável à (plantation) plantação.

Acredita-se inclusive, que a despeito das elevadas razões de

masculinidade, nessas áreas havia uma maior incidência de casamentos

legítimos entre escravos, bem como maior duração dos laços familiares,

pois ali os plantéis eram maiores e mais estáveis. Para os cativos

pertencentes a pequenos escravistas, todavia as dificuldades deviam ser

maiores. Já, há algum tempo, identificou-se uma relação direta entre

tamanho do plantel e família escrava, pois haveria maior probabilidade

de existência de família nos maiores, ainda que não se descarte a

existência delas nas pequenas escravarias. Stuart Schwartz, por

exemplo, acredita que em certa medida, quanto maior a propriedade e

mais distante, menos íntimo o relacionamento com o senhor, mais

liberdade tinham os escravos de tomar suas próprias decisões e fazer

seus próprios arranjos (SCHWARTZ apud MACHADO, 2008, p 81).

Entende-se que o escravo foi sujeito na construção da sua história e da

história do Brasil. Sempre lutou diariamente por melhores condições de vida, falta de

comida, falta de tempo para cultivar sua roça, por tarefas que achavam ser de outros

escravos, pois havia hierarquia entre eles, em determinadas regiões e tempos

diferentes, isso é o que a nova historiografia busca mostrar evidencias de interações

entre os indivíduos e os contextos sociais.

Nessa perspectiva Machado explica que a nova historiografia,

têm conseguido fazer emergir o escravo como um agente social ativo,

participante da construção de sua história. E por mais que sua

localização nas redes de dependência que a instituição da escravidão

produzia contribuísse para sua caracterização como grupo social com

menos chance de “dispor de si”, ou mesmo de impor limites ao mando e

à sujeição senhoriais, do que essa historiografia já produziu depende-se

que tais possibilidades não estavam totalmente vetadas. Mais que isso, a

maior parte dos pesquisadores procura demonstrar que o lugar social do

cativo estava definido apenas pelo título de propriedade ou pela

identificação aparente de sua condição social, mas principalmente pelo

embate cotidiano entre senhores e escravos, (MACHADO, 2008, p 81).

Alguns estudiosos da escravidão já romperam com a associação entre

subordinação e passividade, Percorrendo vários caminhos para estudar as

iniciativas escravagistas, sem negar a opressão e a possibilidade de acordos

entreambas as partes, descobriu-se que, independente da região, muitas vezes

eram estreito os laços entre escravos e livres.

Enfoques historiográficos mais recentes, configurados, sobretudo a partir da

década de 1980, concentraram seus esforços na percepção dos cativos enquanto

sujeitos das transformações históricas ao longo dos períodos de escravidão. Autores

como Robert Slenes, João José Reis, Flávio dos Santos Gomes, Sidney Chalhoub,

Sílvia Hunold Lara e Leila MezanAlgranti, são nomes que se destacam nestes novos

enfoques adotados. Contrapondo-se às teses clássicas, que ressaltam a anomia das

populações escravas, esses pesquisadores enfatizam a relevância dos escravos

como agentes históricos manifestados no plano da resistência social e da cultura.

Chamam a atenção para reelaboração por parte dos cativos dos significados

culturais e políticos a respeito das visões da liberdade e da conjuntura política em

que estavam inseridos e a conseguinte percepção por parte deles mesmos quanto

às mudanças sociais que ocorriam à sua volta. Um dos objetivos desse enfoque é

revisitar valores, sociabilidades e mediações culturais tecidas nos processos de

cativeiro, visando indagar as experiências escravas.

Capítulo III

ESCRAVIDÃO NO TERRITÓRIO PARANAENSE

As Diretrizes Curriculares nos apontam para o estudo de ações e relações

humanas, as relações culturais de trabalho e poder.

O estudo das relações culturais deve considerar a especificidade de cada

sociedade e as relações entre elas. O processo histórico constituído nesta relação

pode ser chamado de cultura comum.

Pelo trabalho, expressam-se as relações que os seres humanos

estabelecem entre si e com a natureza, seja no que se refere à produção material

como à produção simbólica. As relações de trabalho permitem diversas formas de

organização social.

Pode-se definir poder como “a capacidade ou possibilidade de agir ou de

produzir efeitos” e “pode ser referida a indivíduos e a grupos humanos” (BOBBIO in

BOBBIO et. al., 2000, p. 993). O poder não apresenta forma de coisa ou de objeto,

mas se manifesta como relações sociais e ideológicas estabelecidas entre aquele

que exerce e aquele que se submete; portanto, o que existe são as relações de

poder. DCE (pag.64,66 e 67).

A partir da valorização de novas narrativas históricas é possível construir

ideias históricas sistematizadas em um diálogo cognitivo com o outro. Além disso, a

proposta metodológica de partir das histórias locais e do Brasil para a Geral

possibilita a abordagem da história regional, o que atende a Lei n. 13.381/01, a qual

torna obrigatória, no Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública Estadual, o

trabalho com os conteúdos de História do Paraná. Tomar a história local e do Brasil

como ponto de partida requer ainda alguns cuidados para evitar uma abordagem

pela ótica da região hegemônica, tal como acontecia no ensino de história pautado

na economia no século XIX, focado na produção cafeeira paulista, depreciando

outras culturas e atividades econômicas regionais, como, por exemplo, a cultura da

erva-mate no Paraná ou a economia moral de subsistência que predominava em

todo o território brasileiro.

Não se pretende minimizar a importância da economia cafeeira neste

período da história nacional, porém considera-se inadequado tratar as conjunturas

regionais como de menor importância. Esta proposta metodológica possibilita a

reconstrução de identidades locais e regionais que é anterior à identidade nacional.

O trabalho pedagógico com diversos documentos e fontes exigem que o professor

esteja atento à rica produção historiográfica que tem sido publicada em livros,

revistas especializadas e outras voltadas ao público em geral, muitas das quais

disponíveis também nos meios eletrônicos. Para que os estudantes busquem

conteúdos diversos daqueles apresentados nos livros didáticos, o uso da biblioteca é

fundamental. Torna-se essencial, no entanto, que o professor os oriente para que

conheçam o acervo específico, as obras que poderão ser consultadas, e ensine os

bons hábitos de manuseio e conservação das obras. O estudo das histórias locais é

uma opção metodológica que enriquece e inova a relação de conteúdos a serem

abordados, além de promover a busca de produções historiográficas diversas.

Segundo o historiador italiano Ivo Mattozzida Secretaria de Estado da Educação do

Paraná 72 (1998, p. 40), histórias locais permitem a investigação da região ou dos

lugares onde os alunos vivem, mas também das histórias de outras regiões ou

cidades. (DCE pag 75).

Entendemos que na região Sul do Brasil, por existirem na maior parte dos casos pequenas e médias escravarias, o fluxo da compra de escravos era menor. Porém, devido aos arranjos matrimoniais e familiares, naturalmente foi surgindo uma população parda. Nessas regiões em geral, os negros eram comprados em outras localidades do país. Devido a realidade da época em que a cor reforçava socialmente a condição de escravo.No Paraná, esses povos mestiços eram vistos com um pé na escravidão ou então, que parte da população escrava tinha um pé no mundo dos livres. (LARA apud MACHADO, 2008, p 85).

A citação acima nos relata que devido há pequenas e médias escravarias, e

aos casamentos entre escravos e livres não foi tão grande a compra de escravos e

quando ocorriam compras eram dentro do Brasil, portanto isso fez com que surgisse

uma população mais parda, e mesmo assim o Paraná é o Estado com maior

porcentagem de população negra do Sul do Brasil.

A historiografia atual também se dedica a perceber as nuances da

escravidão no território do atual Paraná. Segundo Gutiérrez,

ao longo de todo o século XIX a população escrava do Paraná esteve sempre em situação de relativo equilíbrio no que respeita ao sexo, mantendo um leve predomínio masculino, especialmente nos Campos Gerais, onde se encontravam grandes fazendas de criação e invernada. Gutiérrez creditou esse quadro de equilíbrio sexual a um crescimento natural positivo da população hipótese que reforça pelo fato de que, na passagem para o século XIX, a maior parte dos escravos da comarca tinha nascido na região. Então podemos perceber em primeiro lugar, que toda a região paranaense, a população cativa apresentava um alto percentual de pardos. (Gutiérrez apudMachado, 2008.p 83).

A escravidão no Paraná, apesar de não ter sido tão numerosa quanto das

regiões produtoras de açúcar, café e ouro foram significativos, mesmo que a antiga

historiografia tenha procurado diminuir a presença do negro ou mesmo omitido essa

presença aqui em nosso estado. Podemos citar o município de Castro, que foi polo

dos Campos Gerais durante muito tempo, de acordo com Pinto (1992) a presença

de escravos, no período de 1801 a 1830 ocorria em 97,9% dos domicílios, enquanto

que em São Paulo a média era de 87,2%.

Estudos ligados à demografia histórica constataram, por exemplo, que o

matrimônio e a família eram instituições presentes entre os cativos, como parte da

herança cultural dos negros que foi transplantada para o contexto do cativeiro. A

existência de famílias escravas foi, assim, comprovada, por estes trabalhos, em

proporções consideráveis em diversas regiões do território brasileiro.

BIBLIOGRAFIA

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