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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
UMA ABORDAGEM DIFERENCIADA NO ESTUDO DAS OPERAÇÕES E
PROBLEMAS NO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Pageski, Adelaide1
Bonete, Izabel Passos2
RESUMO O presente artigo apresenta o relato de experiência da implementação pedagógica realizada através de uma Unidade Didática com os alunos do 6º ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Dr. Afonso Alves de Camargo- Ensino Fundamental e Médio, do município de Rio Azul – Paraná – PDE 2014/2015. A referida proposta de trabalho abordou o lúdico e a resolução de problemas de forma contextualizada, especificamente no estudo de operações matemáticas. Durante a implementação desta unidade didática, buscou-se fundamentos teóricos e metodológicos para o desenvolvimento da prática pedagógica, por meio de reflexão sobre a importância da utilização do lúdico e da resolução de problemas contextualizados na aprendizagem matemática. A metodologia utilizada despertou a curiosidade, o interesse e maior compromisso dos alunos com situações distintas de aprendizagem, explorando as operações matemáticas e problemas. Palavras–chave : Educação Matemática: lúdico, operações, resolução de problemas.
INTRODUÇÃO
Há décadas, professores e educadores vêm discutindo as causas do
desinteresse e da falta de motivação dos alunos da educação básica, no que
se refere ao estudo da Matemática. Novas propostas para o ensino desta
disciplina vêm surgindo como perspectivas para a melhoria da qualidade do
seu ensino e, consequentemente, na expectativa de uma formação crítica e
reflexiva dos alunos, que lhes proporcione condições de tomar decisões frente
a problemas do cotidiano.
Nesta perspectiva é fundamental que a abordagem dos conceitos
matemáticos seja realizada de maneira que os alunos aprendam e saibam
1 Professora da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná, integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná – PDE. 2 Professora Mestre do Departamento de Matemática da Universidade Estadual do Centro-Oeste-UNICENTRO/Campus Irati, Pr.
relacionar o que aprendem na escola com as suas vidas práticas. Para tanto, é
preciso que o professor assuma atitudes criativas no planejamento, observação
e diálogo com as diferentes áreas do conhecimento.
Assim, a presente Unidade Didática apresenta o desenvolvimento de
uma proposta para o ensino da Matemática, para ser implementada em uma
turma de 6º ano do Colégio Estadual Dr. Afonso Alves de Camargo – Ensino
Fundamental e Médio, do município de Rio Azul – Paraná. Para tanto, utilizou-
se uma metodologia diferenciada, que busca explorar o lúdico e a resolução de
problemas contextualizados no estudo de operações matemáticas a partir da
construção e exploração de um “mercadinho” na sala de aula e do uso de jogos
matemáticos.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A preocupação com um ensino de Matemática capaz de propiciar uma
formação que prepare o homem para atuar no mundo que o cerca levou
matemáticos do final do século XIX e início do século XX a discutirem sobre
como tornar a Matemática mais acessível aos alunos, buscando-se assim, uma
renovação no ensino de Matemática (FLEMING, LUZ e MELLO, 2005). Tais
discussões deram origem a um campo de conhecimento interdisciplinar
conhecido como Educação Matemática, destinado ao estudo de questões
relativas ao ensino e à aprendizagem matemática.
Neste sentido, as Diretrizes Curriculares para a Educação Básica do
Paraná, área Matemática (PARANÁ, 2008), assumem a Educação Matemática
como campo de estudos para orientar o processo de ensino dessa disciplina.
Para Ponte (2008), a educação matemática ou ‘ensino da matemática’, tem
lugar, principalmente nas escolas e nas salas de aula, protagonizada por
professores e alunos, porém acontece também em outros locais da escola e
fora desta.
Um dos desafios do ensino da matemática é a abordagem de conteúdos
para resolução de problemas. Trata-se de uma metodologia pela qual o
estudante tem oportunidade de aplicar conhecimentos matemáticos adquiridos
em novas situações, de modo a resolver a questão proposta. Nesta
perspectiva, a educação matemática se coloca como uma forma de observar,
analisar e ensinar diversos conceitos abrangentes, essenciais à formação dos
alunos.
Ao apropriar-se de conhecimentos matemáticos aprendidos em
situações inovadoras, o aluno passa a agir diante de situações que antes lhes
eram desconhecidas e as compreende com facilidade. A apropriação deste
conhecimento lhe indica diferentes estratégias que o direciona a um pensar
mais elaborado. Assim, é “necessário que o processo pedagógico em Matemática
contribua para que o estudante tenha condições de constatar regularidades,
generalizações e apropriação de linguagem adequada para descrever e interpretar
fenômenos matemáticos e de outras áreas do conhecimento” (PARANÁ, 2008, p. 49).
Diante da perspectiva da educação matemática, professores e
educadores vêm buscando diferentes modos de ensinar Matemática, desejando
que o aprendizado aconteça de maneira simples e prazerosa. Entre tais
alternativas, o uso de atividades lúdicas e o incentivo a aplicações práticas
podem contribuir para o desenvolvimento do raciocínio lógico, ao estímulo do
pensamento independente, da criatividade e da capacidade de resolver
problemas.
Quando inseridas na escola, as atividades lúdicas podem ajudar a
melhorar o relacionamento entre as pessoas, bem como possibilitar que a
afetividade, o prazer, o autoconhecimento, a cooperação, a autonomia, a
imaginação e a criatividade cresçam, permitindo que o educando construa por
meio da alegria e do prazer de querer fazer e construir (SILVA et al., 2013).
Para tanto, os professores precisam estimular os alunos na mediação do
conhecimento, utilizar diferentes estratégias para colaborar no processo de
aprendizagem. Smole, Diniz e Cândido (2007, p.15) destacam que para os
alunos aprenderem e desenvolverem-se enquanto jogam, é preciso que “em
sala de aula o jogo tenha tanto a dimensão lúdica quanto a educativa”.
Com o avanço das tecnologias, torna-se cada vez mais difícil para os
docentes desenvolverem suas metodologias de ensino, propiciando interesse e
compreensão dos conteúdos discutidos em sala de aula. Dante (2005)
evidencia que as mudanças sociais vêm ocorrendo com muita rapidez e a
tecnologia está avançando de forma acelerada, influenciando a sociedade a
buscar novos caminhos para transformar-se e sobreviver a diferentes
situações. Entretanto, não há como prever que habilidades matemáticas serão
necessárias para preparar os educandos de hoje para atuar na sociedade de
amanhã. Para o autor, a educação matemática precisa estar repleta de
sentidos e deve oportunizar aos alunos, a resolução de desafios que lhes
habilitem para enfrentar circunstâncias novas.
Uma situação-problema é toda e qualquer situação em que se almeja
obter uma solução, cuja resposta exige pôr à prova tudo o que se sabe.
Geralmente, a resolução se dá através de um raciocínio desenvolvido passo a
passo, podendo ser complexa para um determinado aluno e simples para
outro. A resolução de situações-problemas auxilia na construção de conceitos,
procedimentos e atitudes relacionadas ao campo das ciências exatas e,
especialmente, a área da Matemática.
Para Dante (2003) um dos fundamentais objetivos do ensino da
Matemática é conduzir o estudante a um pensar produtivo, contribuindo para
uma formação integral e preparando-o para viver socialmente de forma
autônoma e consciente.
A articulação de atividades lúdicas e jogos com situações-problemas
contextualizadas permite uma melhor exploração das atividades e é um
excelente procedimento para estabelecer relações entre a matemática da
escola e a matemática do dia a dia.
DESCRIÇÃO DAS AÇÕES
A Unidade Didática foi implementada com 27 alunos de 6º ano, do
Colégio Estadual Dr. Afonso Alves de Camargo – Ensino Fundamental e
Médio, do município de Rio Azul – Paraná. A proposta foi aplicada em período
normal de aula e as atividades foram trabalhadas incluídas no plano de ação
docente do 1º, 2º e 3º bimestre. Foram previstas para esta implementação 32
horas/aulas, porém a proposta foi implementada em 34 horas/aulas.
Foram elaboradas 03 (três) ações e cada uma delas organizadas com
atividades específicas, envolvendo os conteúdos estruturantes de matemática:
Números e Álgebra, Grandezas e Medidas e Tratamento da Informação,
conforme consta nas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná para o
Ensino da Matemática no 6º ano. O material usado foi organizado conforme as
ações, que foram impressas e entregue aos alunos para acompanhá-los.
Deu-se início à implementação com a dinâmica da construção de um
mercadinho. Foi disponibilizado um espaço na escola para que os alunos
pudessem organizar os produtos como em um supermercado. As mercadorias
ficaram expostas nas carteiras conforme os itens selecionados. As embalagens
dos produtos foram fornecidas pelos alunos e suas famílias. Foram
providenciadas calculadoras e a criação de uma moeda para a comercialização
dos produtos e para que as relações de aprendizagem pudessem ser elaboradas.
Durante o processo de construção do mercadinho os alunos discutiram e
fizeram reflexão sobre diversas temáticas, como por exemplo, questões de
consumo, consumismo descontrolado, a importância da mídia no consumo,
propaganda e outras. Moreira e Nogueira (2014) destacam que ao se trabalhar
o supermercado em sala de aula, encontra-se subsídios, para transitar, entre
diferentes temas, como educação financeira, língua portuguesa, ciências, ética,
economia, artes, geografia, cidadania e filosofia tanto quanto na matemática ao
elucidar as operações matemáticas, preços, trocas e classificação.
Figueiredo, Fioreze e Isaia (2007) salientam que o ideal seria que as
situações-problemas fossem resultantes de um processo de construção entre
alunos e professor, desde a formulação e escrita do problema (linguagem
verbalizada versus linguagem matemática da situação), a discussão do grupo
para obter a resolução e, por fim, a descoberta de novos conhecimentos
matemáticos. Assim, com o mercadinho consolidado, as atividades foram
voltadas para explorar possíveis situações matemáticas. Foram realizadas
atividades em que os alunos foram protagonistas de relações comerciais, as
quais enriqueceram a abordagem dos conteúdos.
A implementação desta Unidade Didática também teve a participação
dos professores da Rede Pública Estadual no GTR – Grupo de Trabalho em
Rede, os quais tiveram oportunidade de conhecer o projeto de intervenção
pedagógica, analisar textos e atividades da proposta e aplicar as atividades da
unidade Didática a seus alunos.
A avaliação da proposta foi realizada durante execução das atividades,
observando o desenvolvimento dos alunos na resolução das questões,
participação e interesse nas atividades propostas na unidade didática.
A 1ª ação, “ Construindo e explorando o mercadinho”, buscou explorar os
conhecimentos que os alunos tinham em relação a um mercado. Primeiramente,
foram questionados quanto a organização de um mercado, os preços, a
validade, o uso do sistema monetário, em especial do sistema adotado no Brasil.
A carga horária prevista para esta primeira ação foi de 20 aulas.
As atividades foram realizadas em seis etapas. Na 1ª etapa foi feita a
aquisição de embalagens pelos alunos, as quais foram lacradas e separadas
de acordo com as categorias: material de limpeza, higiene pessoal, perecíveis
e não perecíveis (Figura 1).
Figura 1: Alunos organizando as embalagens. Fonte: Autoras
Na 2ª etapa foram organizados os produtos em uma sala de aula e estes
colocados em carteiras, separados por categoria. Por meio de votação, foi
escolhido pelos alunos, um nome para o mercadinho e eleito um gerente e um
caixa do mercado. O nome escolhido foi Mercado Afonso em homenagem a
escola (Figura 2).
Figura 2: Nome do mercado. Fonte: Autoras.
Na 3ª etapa foi abordado o sistema monetário. Nesta etapa foi discutida a
moeda por meio de uma história em quadrinhos (Figura 3), elaborada pela
professora PDE e intitulada Sistema Monetário: Origem e Função na Sociedade.
O lúdico, articulado com o uso de materiais didáticos, pode despertar um
interesse espontâneo na criança, bem como manifestar atitudes naturais do
aluno que não encontram espaço no modelo tradicional de ensino de
matemática, como é o caso da curiosidade e da confiança em suas próprias
ideias (SMOLE; DINIZ; MILANI, 2007).
Figura3: História do Sistema Monetário. Fonte: Autoras
A história do sistema monetário foi impressa e entregue a cada aluno, na
forma de um livrinho (Figura 4). Pereira (2010) salienta que o uso de Histórias em
Quadrinhos, Gibis e Tirinhas no ensino da Matemática pode propiciar a melhoria
do ensino, pois ajuda a desenvolver e estimular a leitura, bem como a instigar os
alunos a criação de tramas baseadas em situações matemáticas, o que pode
contribuir com a desmistificação do conceito negativo em torno da disciplina e
revelando que a Matemática pode ser fascinante, divertida e desafiadora.
Figura 4: Livrinho impresso da história do Sistema Monetário. Fonte: Autoras
Os alunos fizeram a leitura individualmente e, na sequência, realizou-se
uma discussão sobre o texto a partir de dez questões apresentadas (Figura 5).
Santos (2003) destaca o potencial didático-pedagógico dos quadrinhos pelas
suas diferentes aplicações, seja como incentivador à leitura, seja pela sua
utilização em livros didáticos, no aprendizado de línguas estrangeiras, na
discussão de temas, na dramatização e na educação popular.
Figura 5 : Questões de interpretação sobre a história apresentada no livrinho.
Fonte: Autoras.
Na 4ª etapa, foi trabalhado o Jogo do Nunca Dez, com o objetivo de
familiarizar os alunos com a moeda. Foram adquiridos dinheirinho e moedas
em papelaria e distribuído aos alunos para recortar (Figura 6).
Figura 6: Moedas e cédulas fictícias / alunos manejando o dinheirinho. Fonte: Autoras.
Nesta etapa, os alunos foram organizados em grupos de 4 jogadores, de
forma a propiciar oportunidades de compreensão da constituição do sistema
monetário de base dez, bem como, de aprendizagem de trocas de moedas por
cédulas. Silva et al (2013) salientam que as atividades lúdicas despertam nos
alunos a curiosidade que os movem para participarem da brincadeira e que, em
certo sentido, é a mesma que move os cientistas em suas pesquisas.
Para o desenvolvimento do jogo, foi utilizado o material dourado e
estabelecidas regras. O vencedor seria que aquele que primeiro fizesse a troca
de 100 cubinhos por uma placa, conforme Figura 7.
Figura 7: Alunos trabalhando com o material dourado. Fonte: Autoras
Na visão de Smole, Diniz e Milani (2007), o trabalho com jogos é um dos
recursos que favorece o desenvolvimento da linguagem, diferentes processos de
raciocínio e de interação entre os alunos, uma vez que durante um jogo, cada
jogador tem a possibilidade de acompanhar o trabalho de todos os outros,
defender pontos de vista e aprender a ser crítico e confiante em si mesmo.
Na 5ª etapa os alunos estabeleceram preços para os produtos do
mercadinho. Primeiramente, foram ao mercado próximo da escola para fazer
pesquisas de preços dos produtos que trouxeram de casa. Foram organizados
em grupos com uma lista de produtos, sendo que cada grupo pesquisou o
preço do produto de sua lista (Figura 8).
Figura 8: Pesquisa de preços em um supermercado. Fonte: Autoras.
Ao retornarem para sala, os preços foram analisados e assim, fixados
nos produtos do mercadinho. Na 6ª etapa, os alunos simularam compras. Com
o dinheirinho em mãos, foram organizados em grupos de quatro. Cada grupo
com sua lista de produtos diversificados foram ao mercadinho realizar suas
compras (Figura 9). Após a compra efetuaram o pagamento com as moedinhas
e dinheirinho. Retornaram à sala para organizar uma tabela com o registro das
quantidades (kg ou unidade), preços dos produtos, quanto comprou, quanto
gastou e o que sobrou de dinheiro.
Figura 9: Alunos fazendo compras no mercadinho.
Fonte: Autoras.
Após a conclusão desta atividade foi feita uma discussão em sala de
aula, onde cada grupo apresentou no quadro negro os resultados de suas
compras, com as operações necessárias e assim, organizou-se uma nova
tabela com a síntese das compras efetuadas, por grupo (Figura 10).
Figura 10: Tabela síntese das compras por grupo
Fonte: Autoras.
Na sequencia, os alunos responderam sete questões em relação as
compras. Como: Qual grupo gastou mais? Qual grupo gastou menos? Qual a
média dos gastos dos grupos? Quanto cada grupo gastou com alimentação? A
média dos gastos com alimentação? Qual grupo gastou mais com produtos de
higiene e produtos de limpeza? Qual a média dos gastos?
Para finalizar a 1ª ação foram apresentadas e discutidas dez atividades
com operações e problemas diversos abordando questões referentes a
compras. Na prática, segundo Silva et al. (2013) é comum o professor propor,
sempre que possível e adequado à idade, diversas situações-problemas, com
diferentes possibilidades de análises, apresentando novos obstáculos a serem
superados. Assim, as atividades elaboradas buscavam despertar a curiosidade,
sempre apresentadas com imagens e questões de problemas relacionadas no
nosso dia a dia, conforme atividades 1 e 2 (Figura 11).
Figura 11: Atividade 1 e 2 da 1ª ação
Fonte: Autoras.
A 2ª ação buscou despertar a aprendizagem matemática por meio do
desenvolvimento de jogos matemáticos. A ação foi desenvolvida com a
aplicação de quatro desafios, o Jogo da Divisão em Linhas, o Jogo do Resto, o
Jogo do Número Oculto e o Jogo da Tabuada Divertida e teve duração de 12
horas/aulas. Em cada jogo foram seguidas regras específicas.
Borin (1998) afirma que dentro da situação de jogo, é impossível uma
atitude passiva e a motivação é grande, pois ao mesmo tempo em que os
alunos falam de matemática, apresentam também um melhor desempenho e
atitudes mais positivas frente a seus processos de aprendizagem. A introdução
dos jogos nas aulas de matemática é a possibilidade de diminuir os bloqueios
apresentados por muitos dos alunos que temem a matemática e sentem-se
incapacitados para aprendê-la.
Assim, as atividades foram realizadas com os alunos divididos em
grupos de quatro alunos (Figura 12). Antes de cada jogo fez-se a explanação
do objetivo a ser alcançado e as regras a serem seguidas.
Figura 12: Atividades com jogos.
Fonte: Autoras.
O jogo Divisão em linhas teve com principal objetivo explorar o conceito
de divisão com números naturais, desenvolver o cálculo mental e o raciocínio
lógico. Houve participação efetiva dos alunos neste jogo e, foi possível
perceber que os mesmos ficaram atentos às regras, participando ativamente na
hora da escolha dos números para efetuarem a divisão. Quando erravam ficam
furiosos, porque queriam vencer o jogo.
No Jogo do Resto , constatou-se novamente a participação efetiva e
mais produtiva que no desenvolvimento do primeiro jogo, pois os alunos
ficaram mais espertos em relação às regras do jogo, já que haviam participado
ativamente do jogo anterior. O interessante é que no jogo do resto, foi
perceptível a curiosidade e o interesse dos alunos na realização das operações
e no uso das regras de divisibilidade.
No Jogo do Número Oculto percebeu–se dificuldade por parte dos
alunos, uma vez que para encontrar o número oculto exigia concentração e
raciocínio. O tempo cronometrado também dificultou a realização das
operações. Havia duplas que resolviam com grande facilidade e outras mais
lentamente, até com torcida pela resolução.
Na última atividade com jogos: Jogo da Tabuada Divertida houve
maior rendimento e aprendizagem. Os alunos dominavam melhor a tabuada e
constatou-se mais facilidade no desenvolvimento do jogo. Esta atividade foi
realizada em menos tempo e a aprendizagem ocorreu de maneira significativa.
Tais habilidades desenvolvem-se porque ao jogar, o aluno tem a oportunidade
de resolver problemas, investigar e descobrir a melhor jogada, refletir e analisar
as regras, estabelecendo relações entre os elementos do jogo e os conceitos
matemáticos. Pode-se dizer que o jogo possibilita uma situação de prazer e
aprendizagem significativa nas aulas de matemática (SMOLE; DINIZ; MILANI,
2007).
A 3ª ação buscou explorar situações problemas com o objetivo de
proporcionar oportunidades de assimilação dos conceitos relacionados às
operações matemáticas. Esta ação foi desenvolvida em 2 horas/aulas por meio
de seis atividades (Figura 13), abrangendo situações relacionadas à realidade
do aluno no seu dia a dia. Poffo (2011) destaca que para o professor que
trabalha com a metodologia de resolução de problemas a partir do sexto ano
do ensino fundamental, é fundamental que o aluno seja capaz de resolver as
quatro operações aritméticas, para a resolução de problemas que exijam mais
raciocínio e com estratégias de resolução mais sofisticadas.
Figura 13: 3ª ação
Fonte: Autoras.
Silveira et al. (2014) destacam que ao se focar na resolução de
problemas e na expectativa de que os professores desenvolvam atividades
amparadas na contextualização do conhecimento matemático em situações
concretas, espera-se que os alunos possam (re)significar os conceitos
matemáticos nas mais diferentes atividades do cotidiano, criando, assim, a
crença de que a matemática está presentes na vida prática.
Essa ação foi interessante e produtiva, pois foi possível perceber que os
alunos participaram de maneira individual, criativa e sem ajuda dos colegas e
do professor. Além disso, constatou-se que os alunos utilizaram de diferentes
estratégias na resolução de um mesmo problema, confirmando constatações
de Furlanetto e Dullius (2013), que verificaram na análise de material produzido
por alunos participantes de uma intervenção pedagógica, que os mesmos eram
capazes de utilizar, de forma eficaz, uma grande variedade de estratégias de
resolução de problemas, tais como: tentativa e erro, desenhos, tabelas,
trabalho em sentido inverso, redução de unidades, organização de padrões e
eliminação, algumas delas nem sequer conhecidas por professores atuantes na
disciplina, evidenciando assim, o potencial proporcionado por esta metodologia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta desta Unidade Didática objetivou contemplar o estudo das
operações e resolução de problemas, de modo a proporcionar aos alunos uma
aprendizagem significativa, por meio de atividades lúdicas. A proposta mostrou-
se eficaz, pois permitiu que os alunos realizassem as atividades diferenciadas,
propiciando mais segurança e habilidade no desenvolvimento das ações e na
formação crítica e reflexiva dos educandos. Groenwald, Silva e Mora (2004,
p.37) salientam sobre a importância da aprendizagem Matemática no processo
de inclusão das pessoas na sociedade, ao afirmarem que “ensinar Matemática
é fornecer instrumentos para o homem atuar no mundo de modo eficaz,
formando cidadãos comprometidos e participativos”.
O desenvolvimento das atividades desta unidade ocorreu durante o
desenvolvimento das aulas, sendo que os conteúdos constavam no plano de
ação docente. Foram utilizadas 34 horas/aulas, distribuídas nos três primeiros
bimestres, sendo duas aulas semanais dedicadas exclusivamente ao
desenvolvimento da unidade didática.
Os participantes do GTR (Grupo de Trabalho em Rede) caracterizado
pela interação a distância entre o professor PDE e os demais professores da
rede pública estadual de ensino (PARANÁ, 2008), demonstraram interesse pela
proposta, contribuindo com sugestões de atividades de jogos e participando
nas atividades. Silva, Bianchi e Silva (2012) destacam que o GTR contribui com
a proposta do professor PDE, pois as interações apontam os aspectos que
precisam ser modificados ou simplesmente melhorados em seus trabalhos.
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