Os Exilados de Capela - Edgard Armond

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Nos "Exilados" o autor pressupõe a existência de uma civilização muito desenvolvida, moral e intelectualmente, que habita o quarto planeta em órbita de Capella, estrela da constelação do Cocheiro. [1]Um grupo de capelinos não teria correspondido à evolução moral dessa civilização e seus espíritos teriam sido banidos para o planeta Terra há cerca de 5.000 anos, dando início à jornada civilizacional humana por meio de sucessivas encarnações.[2]Devido ao alto grau de conhecimentos que possuíam, se destacaram na matemática, astronomia, arquitetura, agricultura e navegação, deixando obras como as pirâmides do Egito, os jardins suspensos da Babilônia e as edificações maias e astecas, entre outras.[2]

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    OS EXILADOS DE CAPELA EDGARD ARMOND

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    NDICE PREFCIO O TTULO APRESENTAO DA EDITORA ADVERTNCIA CAPTULO 1 = A CONSTELAO DO COCHEIRO CAPTULO 2 = AS REVELAES ESPRITAS CAPTULO 3 = OS TRS CICLOS CAPTULO 4 = NO TEMPO DOS PRIMEIROS HOMENS CAPTULO 5 = AS ENCARNAES NA SEGUNDA RAA CAPTULO 6 = A TERCEIRA RAA-ME CAPTULO 7 = COMO ERA ENTO O MUNDO CAPTULO 8 = A SENTENA DIVINA CAPTULO 9 = AS REENCARNAES PUNITIVAS CAPTULO 10 = TRADIES ESPIRITUAIS DA DESCIDA CAPTULO 11 = A GNESIS MOSAICA CAPTULO 12 = SETH O CAPELINO CAPTULO 13 = DA DESCIDA CORRUPO CAPTULO 14 = OS EXPURGOS REPARADORES CAPTULO 15 = NA ATLNTIDA, COM A QUARTA RAA CAPTULO 16 = A QUINTA RAA CAPTULO 17 = O DILVIO BBLICO CAPTULO 18 = OS QUATRO POVOS CAPTULO 19 = A MSTICA DA SALVAO CAPTULO 20 = A TRADIO MESSINICA CAPTULO 21 = E O VERBO SE FEZ CARNE CAPTULO 22 = A PASSAGEM DO MILNIO

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    PREFCIO QUEIRAM OU NO QUEIRAM OS HOMENS, COM O TEMPO, A LUZ DA VERDADE SE FAR NOS QUATRO CANTOS DO MUNDO. Palavras de Razin, o Guia Espiritual para essa.

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    O TTULO Muitas vezes, em momentos de meditao, vieram-nos mente interrogaes referentes s permutas e emigraes peridicas de populaes entre os orbes e, no que diz respeito Terra, s ligaes que, porventura, teria tido uma dessas emigraes a dos habitantes da Capela com a crena universal planetria do Messias, bem como seu prprio advento, ocorrido na Palestina. A resposta a estas perguntas ntimas aqui est, em parte, contida segundo um dado ponto de vista. o argumento central desta obra, escrita sem qualquer pretenso subalterna, mas unicamente para satisfazer o desejo, to natural em quem investiga a Verdade, de auxiliar a tarefa daqueles que se esforaram no mesmo sentido. Nada h aqui que tenha valor em si mesmo, quanto autoria do trabalho, salvo o esforo de coligir e comentar, de forma alis muito pouco ortodoxa, dados esparsos e complementares, existentes aqui e ali, para com eles erigir esta sntese espiritual da evoluo do homem planetrio. O AUTOR

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    APRESENTAO DA EDITORA O conhecimento da pr-histria ressente-se de documentao, no s por sua remotissidade como pelas destruies feitas do pouco que, atravessando sculos, chegou s geraes posteriores. A Biblioteca de Alexandria, por exemplo, que reuniu mais de 700.000 volumes sobre o passado da civilizao, foi destruda, parte pelos romanos de Csar, em 45 AC,. pelos muulmanos em 641 AD. Houve destruio na China em 240 AC; em Roma no Sculo III; no Mxico, Peru e Espanha no Sculo 15I; na Irlanda e no Egito no Sculo 15III. E no foram queimadas pelo clero de Barcelona, na Espanha, em nossos dias, em praa pblica, as obras da Codificao Esprita recebida atravs de Kardec? Pode-se dizer que as fogueiras e os saques representaram, na larga noite da Idade Mdia, portas que se fecharam fortemente para o conhecimento de tudo quanto ocorrem no passado da humanidade, sobretudo na pr-histria. Alguma coisa que se salvou dessas destruies, na parte devida aos homens, tem vindo agora luz do sol, como aconteceu, ainda h poucos anos, com os documentos chamados Do Mar Morto, at hoje no publicados. Esse trabalho de levantamento do passado est recebendo agora um forte impulso por parte de devotados Investigadores, na forma de publicaes literrio-cientfcas, animadas de um intenso fascnio que no se esgota. Este livro, editado pela primeira vez em 1951, filia-se a esse setor de publicaes conquanto se refira, na realidade, a assuntos espiri tuais e religiosos: emigraes de espritos vindos de outros orbes; afundamento de continentes lendrios e transferncia de conhecimento, ou melhor dito, de tradies espirituais do ocidente para o Mediterrneo, h milnios passados. livro pioneiro na utilizao didtico-doutrinria desses conhecimentos, includos pelo autor nos programas da Escola de Aprendizes do Evangelho, da Iniciao Esprita, fundada em 1950, destinada a promover o aculturamento de todos aqueles que desejam realizar sua espiritualizao na linha inicitica crist, nos moldes estabelecidos pela Doutrina dos Espritos. A Editora

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    ADVERTNCIA

    Esta no sobra de erudio, ou de cincia, que se apoie em documentos ou testemunhos oficialmente aceitos e de fcil consulta.

    um simples ensaio de reconstituio histrico-espiritual do mundo, realizado com auxilio da inspirao(1).

    Nada, pois, de estranhvel, que se lhe d valor relativo em ateno a algumas fontes do consulta recorridas, dentre as quais se destacam:

    A Gnesis, de Moises

    A Gnesis, de Kardec

    A Caminho da Luz, de Emmanuel (1) Inspirao Fenmeno psquico segundo o qual Idias e pensamentos so emitidos e recebidos telepaticamente.

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    1 A CONSTELAO DO COCHEIRO

    Nos mapas zodiacais, que os astrnomos terrestres compulsam em seus estudos, observa-se, desenhada, uma grande estrela na Constelao do Cocheiro que recebeu, na Terra, o nome de Cabra ou Capela. Magnfico sol entre os astros que nos so mais vizinhos, ela, na sua trajetria pelo Infinito faz-se acompanhar, igualmente, da sua famlia de mundos, cantando as glrias divinas do Ilimitado. Emmanuel A Caminho da Luz.

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    A Constelao do Cocheiro formada por um grupo de estrelas de vrias grandezas, entre as quais se inclue a Capela, de primeira grandeza e que, por isso mesmo, a alfa da constelao. Capela uma estrela inmeras vezes maior que o nosso Sol e, se este fosse colocado em seu lugar, mal seria percebido por ns, vista desarmada. Dista da Terra 45 anos-luz, distncia essa que, em quilmetros, se representa pelo nmero 4.275 seguido de 12 zeros. Na abboda celeste est situada no hemisfrio boreal, limitada pelas constelaes da Girafa, Perseu e Lince; e, quanto ao Zodaco, sua posio entre Gminis e Tauro. Conhecida desde a mais remota antiguidade, Capela uma estrela gasosa, segundo o afirma o clebre astrnomo Eddington, e de matria to fludica que sua densidade pode ser confundida com a do ar que respiramos. Sua cor amarela, o que demonstra ser um sol em plena juventude; e, como um sol, deve ser habitada por uma humanidade bastante evoluida.

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    2 AS REVELAES ESPRITAS

    A doutrina esprita , realmente, uma fonte de ensinamentos, no s no que respeita imortalidade da alma e suas reencarnaes peridicas; s condies de vida nos planos invisveis, que apresenta com detalhes jamais revelados; ao conhecimento do Ego e das hierarquias espirituais; s su-tilissimas intercorrncias krmicas; ao intercmbio dos seres habitantes dos diferentes mundos e os processos mediante os quais se opera; como tambm ao complexo e infinito panorama da vida csmica que, como uma imensa fonte, escachoa e turbilhona no eterno transforinismo que caracteriza e obriga a evoluo de seres e de cousas. Tudo isto, em verdade, pode ser tambm encontrado, de forma mais ou menos clara ou velada, nos cdigos religiosos ou nas filosofias que o homem vem criando ou adotando, no transcurso do tempo, como resultado de sua nsia de saber, e necessidade imperativa de sua prpria alma, sedenta sempre de verdades. Tudo tem sido revelado, gradativamente e em partes, pelo Mestre Divino ou pelos missionrios que tem enviado, de tempos a tempos, ao nosso orbe, para auxiliar o homem no seu esforo evolutivo, revelaes essas que se dilataram enormemente e culminaram com os ensinamentos de Sua propria boca e a exemplificao de Sua prpria vida, quando aqui desceu, pela ltima vez, neste mundo de misrias e maldades, para redimi-lo: Sobre os que habitavam a terra de sombra e de morte resplandeceu uma luz. Isaas.

    * Por outro lado, a cincia materialista estudando as clulas, comparando os tipos, escavando a terra e devassando os cus, tem conseguido estabelecer uma srie de concluses inteligentes e justas, de seu ponto de vista, para explicar as coisas, compreender a vida e definir o homem. Porm, somente em nossos dias, pela palavra autorizada dos Espritos do plano invizvel, que vieram tornar realidade, no momento preciso, as promessas do Parcleto, somente ento a revelao se alargou, com clareza e detalhes, na medida em que nossos espritos, tardos ainda e imperfeitos, tm sido capazes de comport-la. Cumpre-se assim, linha por linha, a misericordiosa promessa do Cristo, de nos orientar e esclarecer, quando disse: Eu rogarei ao Pai e ele vos dar outro Consolador, para que fique convosco para sempre: o Esprito de Verdade, que o mundo no pode receber porque no o v nem o conhece, mas vs o conheceis porque habita convosco e estar em vs. Ainda um pouco e o mundo no me ver mais, porm vs me vereis: porque eu vivo e vs vivereis. - No vos deixarei rfos: voltarei para vs. Ainda tenho muitas coisas para vos dizer, mas no as podeis suportar, agora. Porm, quando vier aquele Esprito de Verdade, ele vos ensinar todas as coisas e vos guiar em toda a verdade.

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    * Sim, no nos deixaria rfos e, realmente, no nos tem deixado. J grande e precioso o acervo de verdades de carter geral que nos tem sido trazido, mormente aps o advento da Terceira Revelao pela mediunidade e sobretudo nos terrenos da moral e das revelaes espirituais entre os mundos; porm necessrio tambm que se diga que nesse outro se-tor, mais transcendente, dos conhecimentos csmicos, um imenso horizonte ainda est escondido por detrs da cortina do ainda cedo e somente com o tempo e com a ascenso na escada evolutiva, poder o homem desvendar os apaixonantes e misteriosos arcanos da criao divina.

    * Emmanuel um desses Espritos de Verdade vem se esforando, de algum tempo a esta parte, em auxiliar a humanidade nesse sentido, levantando discretamente e com auxlio de outros benfeitores autorizados, novos campos da penetrao espiritual, para que o homem deste fim de ciclo realize um esforo maior de ascenso e se prepare melhor para os novos embates do futuro no mundo renovado do Terceiro Milnio, que to rapidamente se aproxima.

    *

    Assim, sabemos agora que esta humanidade atual foi constituda, em seus primrdios, por duas categorias de homens, a saber: uma retardada, que veio evoluindo lentamente atravs das formas rudimentares da vida terrena, pela seleo natural das espcies, ascendendo trabalhosamente da inconscincia para o Instinto e deste para a Razo; homens, vamos dizer autctones, componentes das raas primitivas das quais os primatas foram o tipo anterior melhor definido; e outra categoria, composta de seres mais avanados e dominantes, que constituiram as levas exiladas da Capela(2), o belo orbe da constelao do Cocheiro a que j nos referimos, outro dos inumerveis sistemas planetrios que formam a portentosa, inconcebvel e infinita criao universal. Esses milhes de advenas para aqui transferidos, em poca impossvel de ser agora determinada, eram detentores de conhecimentos mais amplos, e de entendimento mais dilatado, em relao aos habitantes da Terra e foram o elemento novo que arrastou a humanidade animalizada daqueles tempos para novos campos de atividade construtiva, para o conchego da vida social e, sobretudo, deu-lhe as primeiras noes de espiritualidade e do conhecimento de uma divindade criadora. Mestres, condutores e lderes que ento se tornaram das tribos humanas primitivas, foram eles, os exilados, que definiram os novos rumos que a civilizao tomou, conquanto sem completo xito. (2) H tambm notcias de que, em outras pocas, desceram Terra instrutores vindos de Vnus.

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    3 OS TRS CICLOS

    Para melhor metodizao do estudo que vamos fazer, deste to singular e interessante assunto, julgamos aconselhvel dividir a histria da vida humana, na Terra, em trs perodos ou ciclos que, muito embora diferentes das classifi-caes oficiais, nem por isso, todavia, representam discordncia em relao a elas; adotamos uma diviso arbitrria, unicamente por convenincia didtica, segundo um ponto de vista todo pessoal. a seguinte: 1 Ciclo: Comea no ponto em que os Prepostos do Cristo, j havendo determinado os tipos dos seres dos trs reinos inferiores e terminado as experimentaes fundamentais para a criao do at hoje misterioso tipo de transio entre os reinos animal e humano, apresentaram, como espcime-padro, adequado s condies de vida no planeta, esta forma corporal crucfera, smbolo da evoluo pelo sofrimento que, alis, com ligeiras modificaes, se reflete no sistema sideral de que fazemos parte e at onde se estende a autoridade espi-ritual de Jesus Cristo, o sublime arquiteto e divino diretor planetrio. O ciclo prossegue com a evoluo, no astral do planeta, dos espritos que formaram a 1 Raa-Me; depois com a encarnao dos homens primitivos na 2 Raa-Me, suas sucessivas geraes e selecionamentos peridicos para aperfeioamentos etnogrficos; na 3 e na 4, com a emigrao de espritos vindos da Capela; corrupo moral subseqente e expurgo da Terra com os cataclismos que a tradio espiritual registra. 2 Ciclo: Inicia-se com as massas sobreviventes desses cataclismos; atravessa toda a fase consumida com a formao de novas e mais adiantadas sociedades humanas e termina com vinda do Messias Redentor. 3 Ciclo: Comea no Glgota, com o ltimo ato do sacrifcio do Divino Mestre e vem at nossos dias, devendo encontrar-se com o advento do Terceiro Milnio, em pleno Aqurio, quando a humanidade sofrer novo expurgo que o predito por Jesus, nos seus ensinos, anunciado desde antes pelos Proftas hebreus, simbolisado por Joo no Apocalpse e confirmado pelos porta-vozes da Terceira Revelao poca cru que se iniciar na Terra um perodo de vida moral mais perfeito, para tornar realidade os ensinamentos contidos nos evangelhos cristos.

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    4 NO TEMPO DOS PRIMEIROS HOMENS

    Hoje, no mais se ignora que os seres vivos, suas formas, estrutura, funcionamento orgnico e vida psquica, longe de serem efeitos sobrenaturais ou fruto de acasos, resultam de estudo observaes e experimentaes de longa durao, realizados por entidades espirituais de elevada hierarquia, colaboradoras diretas do Senhor, na formao e no funcionamento regular, sbio e metdico, da criao divina. O princpio de todas as coisas e seres o pensamento divino que, no ato da emisso e por virtude prpria, se trans forma em leis vivas, imutveis, permanentes. Entidades realmente divinas, como intrpretes, ou melhor, executoras dos pensamentos do Criador, utilizam-se do Verbo que o pensamento fora de Deus e pelo Verbo plasmam o pensamento na matria; a fora do Verbo, dentro das leis, age sobre esta, condensando-a, criando formas e arcabouos para as manifestaes individuais da vida. O pensamento divino, s pode ser plasmado pela ao dinmica do Verbo, e este s pode ser emitido por entidades espirituais individualizadas o que o Absoluto no intermedirios existentes fora do plano Absoluto, mas que possuam fora e poder, para agir no campo da criao universaL Assim, quando o pensamento divino manifestado pelo Verbo, ele se plasma na matria fundamental, pela fora da enunciao mesma, dando nascimento forma, criao visvel, aparencial. Sem o Verbo no h essa criao, porque ela, no se concretizando na forma, como se no existisse; permaneceria como pensamento divino irrevelado, no campo da existncia abstrata. Ora, para a criao da Terra o Verbo foi e o Cristo. Paulo em sua epstola aos Efsios diz: Deus, por Jesus Cristo, criou todas as coisas. 3-9. E Joo Evangelista muito bem esclareceu: No princpio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele, nada do que foi feito se fez. Por isso que o Divino Mestre disse: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ningum vai ao Pai seno por mim.

    * Assim, pois, formam-se os mundos, seres e coisas, tudo pela fora do Verbo, que traduz o pensamento criador, segundo as leis que esse mesmo pensamento encerra. Noutras palavras: O Absoluto, pelo pensamento, cria a vida e as leis; e entidades espirituais do plano divino, pela fora do Verbo, plasmam a criao na matria, do forma e estrutura a todas as coisas e seres, e presidem sua evoluo na Eternidade. Na gnesis csmica no que se refere Terra, a ao do Verbo traduziu o pensamento criador, a seu tempo, na cons tituio de uma forma globular

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    fludica emanada do sol central que veio situar-se, no devido ponto do sistema planetrio, como novo recurso de manifestaes de vida para seres em evoluo. Ao seu redor e circundando-a formou-se uma camada fludica, de teor mais elevado, destinada a servir-lhe de limitao e proteo, bem como tambm de matriz astral para a elaborao das formas vivas destinadas a evoluir nesse mundo em formao. Nessa camada se continham os germens dos seres, conforme foram concebidos pelos Espritos Criadores das Formas, representando tipos-padres, fluidicamente plasmados para futuros desenvolvimentos. E, com o tempo, progredindo a condensao da forma globular, segundo as leis que regem a criao universal, os gazes internos, emanados do ncleo central, subiam periferia do conjunto, onde eram contidos pela camada protetora e da, condensados pelo resfriamento natural, caam novamente sobre o ncleo, em forma lquida trazendo, contudo, em suas malhas (se assim podemos dizer) os germens de vida ali existentes. Esses germens, assim vecuLados, espalharam-se pela superfcie do globo em formao, aguardando oportunidade de desenvolvimento; e quando, aps inmeras repeties desse processo de intercmbio, a periferia do globo ofereceu, finalmente, condies favorveis, de consistncia, umidade e temperatura, nela surgiu a matria orgnica primordial o protoplasma que permitiu a ecloso da vida, com a proliferao dos germens j existentes, bem como espritos humanos em condies primrias involutivas mnadas aptas ao incio da trabalhosa escalada evolutiva na matria e de outros que, segundo a cronologia dos reinos deveriam, de futuro, tambm, manifestar-se. Os seres vivos da Terra, com as formas que lhes foram atribudas pelo Verbo e seus Prepostos, apareceram no globo h centenas de milhes de anos; primeiro nas guas, depois na terra; primeiro os vegetais, depois os animais, todos evoluindo at seus tipos mais aperfeioados. Segundo pesquisas e concluses da cincia oficial a Terra tem dois bilhes de anos de existncia, tendo vivido um bilho de anos em processo de ebulio e resfriamento aps o que e, somente ento, surgiram os primeiros seres dotados de vida. At Pasteur, era opinio firme dos cientistas, para a origem dos seres, a gerao espontnea, isto , nascerem eles espontnea e exclusivamente de substncias materiais naturais como, por exemplo, larvas e micrbios nascendo de elementos em decomposio. Com as pesquisas e concluses deste eminente sbio francs o conhecimento se modificou e ficou provado que os germens nascem uns dos outros, no tendo valor cientfico a suposio da gerao espontnea, conquanto o problema continuava ainda de p em relao ao primeiro ser, do qual os demais se geraram. Em 1953 Stanley, cientista americano, isolou um micrbio incomparavelmente mais primitivo que qualquer dos demais conhecidos at ento, e que se reproduzia, mesmo depois de submetido ao processo de cristalizao. Como, at ento, nenhum ser vivo pudera ser cristalizado e continuar a viver, da se concluiu que o ser em questo era um intermedirio entre a matria inerte e a matria animada pela vida; admi tiram os pesquisadores que esse fato veio preencher a grande lacuna existente entre os seres vivos mais atrasados, e as mais complexas substncias orgnicas

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    inanimadas como, por exemplo, as protenas. Esse ser seria ento, academicamente falando, o ponto de partida para as geraes dos seres vivos existentes na Terra e que, h um bilho de anos, vm evoluindo sem cessar, aperfeioando as espcies e suas atividades especficas.

    *

    Nesses primrdios da evoluo humana, e no pice do reino animal estavam os smios, muito parecidos com os homens, porm ainda animais, sem aquilo que, justamente, distingue o homem do animal, a saber: a inteligncia. Deste ponto em diante, por mais que investigasse, a cincia no conseguiu localizar um tipo intermedirio de transio, bem definido entre o animal e o homem. Descobriu fsseis de outros reinos e pde classific-los, mas nada obteve sobre o tipo de transio para o homem; todo seu esforo se reduziu na exumao de dois ou trs crnios, encontrados algures e que foram aceitos, a ttulo precrio, como pertencentes a esse tipo desconhecido e misterioso a que estamos nos referindo. Realmente, em vrias partes do mundo, foram descobertos restos de seres que, aps exames acurados, foram aceitos como pertencentes a antepassados do homem atual. Segundo a cincia oficial, quando o clima da Terra se amenisou, em princpios do Mioceno (uma das quatro grandes divises da Era Terciria, isto , o perodo geolgico que antecedeu o atual) e os antigos bosques tropicais comearam a ceder lugar aos prados verdes, os antigos seres vivos que moravam nas rvores, foram descendo para o cho e aqueles que aprenderam a caminhar erguidos formaram a estirpe da qual descende o homem atual. Entre estes ltimos (que conseguiram se erguer) prevaleceu um tipo, que foi chamado PROCONSUL, mais ou menos a 25 milhes de anos, e que era positivamente um smio. E os tipos foram evoluindo at que, mais ou menos h um milho e meio de anos, surgiram as espcies mais aproximadas do tipo humano. Realmente, na sia, na frica e na Europa foram descobertos esqueletos de antropides (macacos semelhantes ao homem) no identificados. Nas camadas do Pleistoceno inferior, tambm chamado paleoltico (perodo antigo da era da Pedra Lascada) e no Neoltico (era da Pedra Polida) vieram luz instrumentos, objetos e restos de dentes, OSSOS e chifres, cada vez melhor trabalhados. Em 1807 surgiu em Heidelberg um maxilar inferior em Piltdow (Inglaterra) um crnio e uma mandbula um tanto diferentes dos tipos antropides; at que finalmente surgiram esqueletos inteiros desses seres, permitindo melhores exames e concluses. Primeiramente surgiram criaturas do tamanho de um homem, que andavam de p, tinham crebro pouco desenvolvido e que foram chamadas Pitencantropos e que viveram entre 550 e 200 mil anos atrs. Em seguida surgiu o Sinanropos, ou Homem de Pekin, de crebro tambm muito precrio. Mais tarde surgiram tipos de crebro mais evoludo que viveram de 150 a 35.000 anos atrs e que foram chamados de Homens de Solo (na Polinsia);

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    de Florisbad (na frica); da Rodsia (na frica) e o mais generalizado de todos, chamado Homem de Neanderthal (no centro da Europa) e cujos restos em seguida foram tambm encontrados nos outros continentes. Como possuam crebro bem maior foram chamados Homus Sapiens, conquanto tivessem ainda muitos sinais de deficincias em relao fala, associao de idias e memria. O Neanderthal foi descoberto em camadas do Pleistoceno (3) mdio mas, logo depois, no Pleistoceno superior surgiram esqueletos de corpo inteiro e de atitude vertical, como exemplo o tipo negride de Grimaldi, o tipo branco do Cro-Magnon (pertencente 4 raa, Atlante) e o tipo Chancelade. E por fim foram descobertos os tipos j bem desenvolvidos chamados Homens de Swanscombe (na Inglaterra), o de Kanjera (na frica) o de Fontchevade (na Frana), todos classificados como Homus Sapiens sapiens, isto e homens verdadeiros. Ainda hoje existem na Rodsia tipos semelhantes ao Neanderthal, que levam vida bestial e possuem crneo delicocfalo (ovalado) com dimetro transversal menor 1/4 que o dimetro longitudinal. Estes tipos, estudados e classificados pela Cincia, como quanto tenham servido de base para suas investigaes e concluses, no valem todavia como prova da existncia do tipo de transio. Na realidade, a Cincia ignora a data e o local do aparecimento do verdadeiro tipo humano, como tambm ignora qual o primeiro ser que pode ser considerado como tal. O elo, portanto, entre o tipo animal mais evoluido e o homem primitivo se perde entre o Pitecantropo, que era bestial e o Homus Sapiens que veio 400.000 anos mais tarde.

    * Em resumo eis a evoluo do tipo humano: - Smios ou primatas. - Tipo evoludo de primata - Proconsul - 25 milhes de anos. - Homus Erectus - Pitecantropus e Sinatropus - 500 mil anos. - Homus Sapiens - Solo, Rodsia, Florisbad, Neanderthal - 150.000 anos. - Homus Sapiens Sapiens - Wescombe, Kangera, Fon techevade, Cro-Magnon e Chancelade - 35.000 anos.

    * bem de ver que se houvesse existido esse tipo intermedirio, inmeros documentos fsseis dessa espcie existiriam, como existem de todos os outros os seres vivos, e, assin como houve e ainda h inmeros smios, representantes do ponto mais alto da evoluo dessa classe de seres, tambn haveria os tipos correspondentes, intermedirios entre um e outros. Se a cincia, at hoje, no descobriu esses tipos intermedirios porque eles, realmente, no existiram na Terra: foram plasmados em outros planos de vida, onde os Prepostos do Senhor realizaram a sublime operao de acrescentar ao tipo animal mais perfeito e evoludo de sua classe, os atributos humanos que, por si ss, conquanto aparente e inicialmente invisveis dariam ao animal condies de vida enormemente diferentes e possibilidades evolutivas impossveis de existirem no reino animal, cujos tipos se restringem

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    e se limitam em si mesmos. Sobre assunto de to delicado aspecto ouamos o que diz o instrutor Emmanuel, em comunicao dada em 1937, pelo mdium Chico Xavier e que transcrevemos in leteris: Amigos, que a paz de Jesus descanse sobre vossos coraes. Segundo estudos que pude efetivar em companhia de elevados mentores da espiritualidade, posso dizer-vos francamente que todas as formas vivas da natureza esto possuidas de princpios espirituais. E princpios que evoluem da alma fragmentria at racionalidade do homem. A razo, a conscincia, a noo de si mesmo constituem na individualidade a smula de muitas lutas e de muitas dores, em favor da evoluo anmica e psquica dos seres. O processo, portanto, da evoluo anmica se verifica atravs de vidas cuja multiplicidade no podemos imaginar, nas nossas condies de personalidades relativas, vidas essas que no se circunscrevem ao reino hominal, mas que representam o transunto das mais vrias atividades em todos os reinos da natureza. Todos aqueles que estudaram os princpios de inteligncia dos considerados absolutamente irracionais, grandes benefcios produziram, no objetivo de esclarecer esses sublimes problemas, do drama infinito do nosso progrsso pessoal. O princpio inteligente, para alcanar as cumiadas da racionalidade, teve de experimentar estgios outros de existncia nos planos de vida. E os protozorios so embries de homens, como o selvagem das regies ainda incultas so o embrio dos seres anglicos. O homem, para atingir o com plexo de suas perfeies biolgicas na Terra, teve o concurso de Espritos exilados de um mundo melhor para o orb terrqueo, Espritos esses que se convencionou chamar d componentes da raa admica, e que foram em tempos re motssimos desterrados para as sombras e para as regies selvagens da Terra, porqanto a evoluo espiritual do mundo em que viviam no mais a tolerava, em virtude de suas reincidncias no mal. O vosso mundo era ento povoado pelo tipos do Primata hominus, dentro das eras da caverna e do slex, e essas legies de homens singulares, pelo seu assombro so e incrvel aspecto, se aproximavam bastante do Pithecarithropus erectus, estudado pelas vossas cincias modernas como um dos respeitveis ancestrais da humanidade. Foram, portanto, as entidades espirituais a que me referi que, por misericrdia divina e em razo das novas necessidades evolutivas do planeta; imprimiram um novo fator de organizao s raas primignias, dotando-as de novas combinaes biolgicas, objetivando o aperfeioamento do organismo humano. Os animais so os irmos inferiores dos homens. Eles tambm, como ns, vm de longe, atravs de lutas incessantes e redentoras e so, como ns, candidatos a uma posio brilhante na espiritualidade. No em vo que sofrem nas fainas benditas da dedicao e da renncia, em favor do progresso dos homens. Seus labores, penosamente efetivados, tero um prmio que o da evoluo na espiritualidade gloriosa. Eles na sua condio de almas fragmentrias no terreno da compreenso tm todo um exrcito de protetores dos planos do Alto, objetivando a sua melhoria e o amplo desenvolvimento de seu progresso, em demanda do reino hominal.

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    Em se desprendendo do invlucro material, encontram imediatamente entidades abnegadas que os encaminham na senda evolutiva, de maneira que a sua marcha no encontre embaraos quaisquer que os impossibilitem de progredir, como se torna necessrio, operando-se sem perda de tempo a sua reincarnao. O macaco, to carinhosamente estudado por Darwin nas suas cogitaes filosficas e cientficas, um parente prximo das criaturas humanas, falando-se fisicamente, com os seus pronunciados laivos de inteligncia; mas a promoo do princpio espiritual do animal racionalidade humana se processa fora da Terra, dentro de condies e aspectos que no posso vos descrever, dada a ausncia de elementos analgicos para as minhas comparaes. E que Jesus nos inspire, esclarecendo as nossas mentes em face de todas as grandiosidades das leis divinas, imperantes na Criao.

    *

    Assim, pois, quando essa operao transformadora se consumou fora da Terra, no astral planetrio ou em algum mundo vizinho, estava ipso facto criada a raa humana, com todas as suas caractersticas e atributos iniciais, a Primeira Raa-Me, que a tradio espiritual oriental definiu da seguinte maneira: espritos ainda inconscientes, habitando corpos fludicos, pouco consistentes. (3) O Pleistoceno corresponde ao comeo da era Quaternria, tempos chamados pr-histricos.

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    5 AS ENCARNAES NA SEGUNDA RAA

    Quando cessou o trabalho de integrao de espritos animalizados nesses corpos flu dicos e terminaram sua evoluo, alis muito rpida, nessa raa-padro, o planeta se encontrava nos fins de seu terceiro perodo geolgico e j oferecia condies de vida favorveis para seres humanos encarnados; j de h muito seus elementos materiais estavam estabilizados e o cenrio foi julgado apto a receber o rei da criao. Iniciou-se, ento, essa encarnao nos homens primiti vos formadores da Segunda Raa-Me, que a tradio esotrica tambm registrou com as seguintes caractersticas: espritos habitando formas mais consistentes, j Possuidores de mais lucidez e personalidade, porm ainda no fisicamente humanos. Iniciou-se com estes espritos um estgio de adaptao na crosta planetria tendo como teatro o grande continente da Lemria. Esta segunda raa deve ser considerada como pr-admica.

    * Estava-se nos albores do perodo quaternrio. Os homens dessa segunda raa em quase nada se distinguiam dos seus antecessores smios; eram grotescos, animalizado, inteiramente peludos, enormes cabeas pendentes para a frente, braos longos que quase tocavam os joelhos; ferozes, de andar trpego e vacilante e em cujo olhar, inexpressivo e esquivo, predominavam a desconfiana e o medo. Alimentavam-se de frutos e razes; viviam isolados, escondidos nas matas e nas rochas, fugindo uns dos outros, vendo nas feras que os rodeavam por toda parte seres semelhantes a eles mesmos, e procriando-se instintivamente, sem preocupao de estabelecerem entre si laos de afeto ou de intimidade permanente. Quem olhasse ento o mundo no diria que ele j era habitado por seres humanos. Essa 2 raa evoluiu por muitos milnios dando tempo a que se procedesse a necessria adaptao ao meio ambiente at que, por fim, com o desabrochar lento e custoso da inte ligncia, surgiu entre seus componentes o desejo de vida comum que, nessa primeira etapa evolutiva, era visceralmente brutal e violento. Os mpetos do sexo nasceram de forma terrivelmente brbara e os homens saam furtivamente de seus antros escuros para se apoderarem pela fora de companheiras inconscientes e indefesas, com as quais geravam filhos que se criavam por si mesmos, ao redor do ncleo familiar, como feras. Com o correr do tempo, entretanto, essa proliferao desordenada e o agrupamento forado de seres do mesmo sangue, obrigou os homens a procurar habitaes mais amplas e cmodas, que encontraram em grutas e cavernas naturais, nas bases das colinas ou nas anfratuosidades das mont-anhas. Sua inteligncia ainda no bastava para a idealizao de construes mais apropriadas e assim surgiram os trogloditas da idade da pedra, em cujos olhos porm, j a esse tempo, Luziam os primeiros fulgores do entendimento e cujos coraes j de alguma forma se abrandavam ao calor dos primeiros

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    sentimentos humanos. Eis como eles foram vistos pelo esprito Joo o Evangelista, em comunicao dada, na Espanha nos fins do sculo passado. (4) Ado ainda no tinha vindo. Porque eu via um homem, dois homens, muitos homens e no meio deles no via Ado e nenhum deles conhecia Ado. Eram os homens primitivos, esses que meu esprito, absorto, contemplava. Era o primeiro dia da humanidade; porm, que humanidade meu Deus!... Era tambm o primeiro dia do sentimento, da vontade e da luz; mas de um sentimento que apenas se diferenava da sensao, de uma vontade que apenas desvanecia as sombras do instinto. Primeiro que tudo o homem procurou o que comer; aps procurou uma companheira, juntou-se com ela e tiveram filhos. Meu esprito no via o homem do Paraso; via muito menos que o homem, cousa pouco mais que um animal superior. Seus olhos no refletiam a luz da inteligncia; sua fronte desaparecia sob o cabelo spero e rijo da cabea; sua boca, desmesuradamente aberta, prolongava-se para diante; suas mos pareciam com os ps e freqentemente tinham o emprego destes; uma pele pilosa e rija cobria as suas carnes duras e secas, que no dissimulavam a fealdade do esqueleto. Oh! Se tivesseis visto, como eu, o homem do primeiro dia, com seus braos magros e esqulidos cados ao longo do corpo e com suas grandes mos pendidas at os joelhos, vosso esprito teria fechado os olhos para no ver e procuraria o sono para esquecer. Seu comer era como devorar; bebia abaixando a cabea e submergindo os grossos lbios nas guas; seu andar era pesado e vcilante como se a vontade no interviesse; seus olhos vagavam sem expresso pelos objetos, como se a viso no se refletisse em sua alma; e seu amor e seu dio que nasciam de suas necessidades satisfeitas ou contrariadas, eram passageiros como as impresses que se estampavam em seu esprito e grosseiros como as necessidades em que tinham sua origem. O homem primitivo falava, porm no como o homem: alguns sons guturais, acompanhados de gestos, os precisos para responder s suas necessidades mais urgentes. Fugia da sociedade e buscava a solido; ocultava-se da luz e procurava indolentemente nas trevas a satisfao de suas exigncias naturais. Era escravo do mais grosseiro egosmo; no procurava alimento seno para si; chamava a companheira em pocas determinadas, quando eram mais imperiosos os desejos da carne e, satisfeito o apetite, retraia-se de novo solido sem mais cuidar da prole. O homem primitivo nunca ria; nunca seus olhos derramavam lgrimas; o seu prazer era um grito e a sua dor era um gemido. O pensar fatigava-o; fugia do pensamento como da luz. E mais para diante acrescenta: E nesses homens brutos do primeiro dia o predomnio orgnico gerou a fora muscular; e a vontade subjugada pela carne gerou o abuso da fora; dos estmulos da carne nasceu o amor; do abuso da fora nasceu o dio, a luz, agindo sobre o amor e sobre o tempo, gerou as ociedades primitivas. A famlia existe pela carne; a sociedade existe pela fora. Moravam as famlias vista de todos, protegiam-se, criaram rebanhos,

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    levantavam tendas sobre troncos e depois caminhavam sobre a terra. O homem mais forte o senhor da tribo; a tribo mais poderosa o lobo das outras. As tribos errantes, como o furaco, marcham para diante, como gafanhotos, assaltam a terra onde pousam seus enxames.

    * Assim, como bem deixa ver o Evangelista, no final de uma comunicao, com o correr dos tempos as famlias foram se unindo, formando tribos, se amalgamando, cruzando tipos, elegendo chefes e elaborando as primeiras regras de vida em comum, que visavam preferentemente as necessidades materiais da subsistncia e da procriao. (4) Roma e o Evangelho Pellicer.

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    6 A TERCEIRA RAA-ME

    Estava-se no perodo que a cincia oficial denomina Era da Pedra Lascada em que o engenho humano, para seu uso e defesa, se utilizava do slex, como arma primitiva e tosca. Nessa poca, em pleno quaternrio, por efeito de causas pouco conhecidas, ocorreu um resfriamento sbito da atmosfera, formando-se geleiras, que cobriam toda a Terra. O homem, que mal ainda se adaptava ao ambiente planetrio, temeroso e hostil, teve ento seus sofrimentos agravados com a necessidade vital de defender-se do frio intenso que ento sobreveio, cobrindo-se de peles de animais subjugados em lutas temerrias e desiguais, em que lanava mo de armas rudimentares e insuficientes contra feras e monstros terrveis que o rodeavam por toda parte. Foi ento que o seu instinto, e as inspiraes dos Assistentes Invisveis o levaram descoberta providencial do fogo o novo e precioso elemento de vida e defesa, que abriu a humanidade torturada de ento novos recursos de sobrevivncia e de conforto. Entretanto, tempos mais tarde, as alternativas da evoluo fsica do globo determinaram acentuado aquecimento geral, que provocou sbito degelo e terrveis inundaes fenmeno esse que, na tradio pr-histrica, ficou conhecido como o dilvio universal, atribudo a um desvio de eixo do globo que se obliquou e provocado pela aproximao de um astro, que determinou tambm alteraes na sua rbita, que se tornou, ento, mais fechada.

    * Mas o tempo transcorreu em sua inexorvel marcha e o homem, a poder de sofrimentos indizveis e penosissima experincias de toda a sorte, conseguiu superar as dificuldades dessa poca tormentosa. Acentuou-se, em conseqncia, o progresso da vid humana no orbe, surgndo as primeiras tribos de geraes mais aperfeioadas, que formaram a humanidade da Terceira Raa-Me, composta de homens de porte agigantado, cabea melhor conformada e mais ereta, braos mais curtos e pernas mais longas, que caminhavam com mais aprumo e segurana e em cujos olhos se vislumbravam mais acentuados lampejos de entendimento. Nasceram principalmente na Lemria e na sia e suas caractersticas etnogrficas, mormente no que respeita cor da pele, cabelos e feies do rosto, variavam muito segund a alimentao, os costumes, e o ambiente fsico das regies en que habitavam. Eram nmades; mantinham-se em lutas constantes entre si e mais que nunca predominava entre eles a fora e a violncia a lei dos mais forte prevalecendo para a soluo de todos os casos, problemas ou.divergncias que entre eles surgissem. Todavia formavam j sociedades mais estveis e numerosas, do ponto de vista tribal, sobre as quais dominavam sob o carter de chefes ou patriarcas, aqueles que fisicamente houvessem conseguido vencer todas as resistncia e afastar toda a concorrncia. Do ponto de vista espiritual ou religioso essas tribos eram ainda

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    absolutamente ignorantes e j de alguma forma fetichistas pois adoravam, por temor ou superstio instintiva, fenmenos que no compreendiam e imagens grotescas representativas tanto de suas prprias paixes e impulsos nativos, como de foras malficas ou benficas que ao seu redor se manifestavam perturbadoramente. Da mesma comunicao de Joo Evangelista a que nos referimos atrs transcrevemos para aqui mais os seguintes e evocativos perodos: Depois do primeiro dia da humanidade o corpo do homem aparece menos feio, menos repugnante contemplao de minha alma. Sua fronte comea a debuxar-se na parte superior do rosto, quando o vento aoita e levanta as speras melenas que a cobrem. Os seus olhos so mais vivos e transparentes; o seu nariz mais afilado e levantado e a sua boca menos proeminente. Seus braos so menos longos e esqulidos, suas carnes menos secas, suas mos menos volumosas e com dedos mais prolongados; os ossos do esqueleto mais arredondados, mais bem dispostos aos movimentos das articulaes; maior elasticidade existe nos msculos e mais transparncia na pele que cobre todo o corpo. No seu olhar se reflete o primeiro raio de luz intelectual, como um primeiro despertar do seu esprito adormecido. No seu caminhar, j menos lerdo e vacilante, advinha-se a ao inicial da vontade, o princpio das manifestaes espontneas. Procura a mulher e no mais a abandona; assiste-lhe no nascimento dos filhos, com quem reparte o calor e o alimento. O sentimento comea a despertar-lhe.

    * A humanidade, nessa ocasio, estava ento num ponto em que uma ajuda exteror era necessria e urgente, no s para consolidar os poucos e laboriosos passos j palmilhados como, principalmente, para dar-lhe diretrizes mais seguras e mais amplas no sentido evolutivo. Em nenhuma poca da vida humana tem-lhe o faltado auxlio do Alto que, quase sempre, se realiza pela descida de Emissrios autorizados. O problema da Terra, porm, naqueles tempos, exigia para sua soluo, medidas mais amplas e mais completas que, alis, no tardaram a ser tomadas pelas entidades espirituais responsveis pelo progresso planetrio, como veremos em seguida.

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    7 COMO ERA ENTO O MUNDO

    O panorama geogrfico da Terra nessa poca era o seguinte: (Fig. 2) ORIENTE A) O grande continente da Lemria que se estendia das alturas da Ilha de Madagascar para leste e para o sul, cobrindo toda a regio ocupada hoje pelo Oceano ndico, descendo at a Austrlia e incluindo a Polinsia. B) A regio central da sia, limitada ao sul pelo Himalaia e que se estendia para leste, Pacfico a dentro; para oeste terminava num grande mar, que subia de sul para norte, passando pelas regies hoje ocupadas pelo Indosto, Belukisto, Prsia e Tartria e terminando na regio sub-rtica. (5)

    Este foi o habitat central da ga Raa. OCIDENTE

    C) O continente formado pela Grande Atlntida, que se desenvolvia de sul a norte sobre a regio hoje ocupada pelo Oceano Atlntico, que lhe herdou o nome.

    D) A parte superior da Amrica do Norte, que formava ento dois braos dirigidos um para oriente, na direo da atual Groenlndia e outro para ocidente, prolongando-se pelo Oceano Pacfico, na direo da sia.

    Nestas duas regies se estabeleceram mais tarde os povos da 4 Raa. E) Ao norte um continente rtico, denominado Hiperbreo, que cobria

    toda a regio do Polo Norte, mais ou menos at a altura do paralelo 80, sobre todo o territrio Europeu. (6)

    Esta foi a regio habitada mais tarde pelos formadores da 5 Raa, os rias.

    Alm destes cinco continentes a tradio consigna a existncia do chamado Primeiro Continente, Terra Sagrada, Terra dos Deuses; que era o bero do primeiro Ado, a habitao do ltimo mortal divino, escolhido como uma sede para a humanidade, devendo presidir semente da futura humanidade. Como se v trata-se da prpria Capela que, aps a descida dos exilados, passou a ser considerada como uma regio ligada Terra, um prolongamento desta por ser a sua prpria ptria, o paraso momentneamente perdido e para onde deveriam voltar ao fim de seu exlio.

    *

    Esses continentes a que nos referimos, eram ento habitados pelos homens da Terceira Raa, que assim se distri buiam:

    Na Lemria os Rutas, homens de pele escura. Na sia os mongis, de pele amarelada. Na Atlntida os Atlantas, de pele avermelhada, (os primitivos), que

    serviram de semente 4 Raa. Sem embargo dessas diferenas de cor as demais caractersticas

    biolgicas j descritas prevaleciam, mais ou menos uniformemente, para todos os indivduos dessa 3 Raa, em todos os lugares.

    (5) Diviso geogrfica anterior s ltimas guerras.

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    (6) Os continentes rtico e antrtico suportam 90% de todo o gelo existente na Terra.

    Estudos de paleontologia feitos por expedies cientficas demonstram que verdadeiras florestas cobriam essas regies no passado e se encontram agora enterradas em camadas profundas de 4 a 2000 metros no gelo e provam que h mais de milhares de anos essas regies eram de clima temperado perfeitamente habitveis.

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    8 A SENTENA DIVINA

    Ia em meio o ciclo evolutivo da Terceira Raa(7), cujo ncleo mais

    importante e numeroso se situava na Lemria quando, nas esferas espirituais, foi considerada a situao da Terra e resolvida a imigrao para ela de populaes de Outros orbes mais adiantados, para que o homem planetrio pudesse receber um poderoso estmulo e uma ajuda direta na sua rdua luta pela conquista da prpria espiritualidade.

    A escolha, como j dissemos, recau nos habitantes da Capela. Eis como Emmanuel, o esprito de superior hierarquia, to estreitamente

    vinculado agora ao movimento espiritual da Ptria do Evangelho, inicia a narrativa desse impressionante acontecimento:

    H muitos milnios, um dos orbes do Cocheiro, que guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminncia de um dos seus extraordinrios ciclos evoluti vos...

    Alguns milhes de espritos rebeldes l existiam, no caminho da evoluo geral, dificultando a consolidao das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e de virtudes...

    E, aps outras consideraes, acrescenta: As Grandes Comunidades Espirituais, diretoras do Cosmo deliberaram

    ento, localizar aquelas entidades pertinazes no crime, aqui na Terra longnqua.

    D-nos, pois, assim, Emmanuel, com estas revelaes de to singular natureza, as premissas preciosas de conhecimentos espirituais transcendentes, relativos vida planetria conhecimentos esses j de alguma forma focalizdos pelo Codificador(8) e que abrem perspectivas novas e muito dila tadas compreenso de acontecimentos histricos que, de outra forma como alis com muitos outros tem sucedido permaneceriam na obscuridade ou, na melhor das hipteses, no passariam de lendas.

    Alis, essa permuta de populaes entre orbes afins de um mesmo sistema sideral, e mesmo de sistemas diferentes, ocorre periodicamente, sucedendo sempre a expurgos de carter seletivo; como tambm fenmeno que se enquadra nas leis gerais da justia e da sabedoria divinas, porque vem permitir reajustamentos oportunos, retomadas de equilbrio, harmonia e continuidade de avanos evolutivos para as comunidades de espritos habitantes dos diferentes mundos.

    Por outro lado a misericrdia divina que se manifesta, possibilitando a reciprocidade do auxlio, a permuta de ajuda e de conforto, o exerccio enfim, da fraternidade para todos os seres da criao.

    Os escolhidos, neste caso, foram os habitantes de Capela que, como j foi dito, deviam dali ser expurgados por terem se tornado incompatveis com os altos padres de vida moral j atingidos pela evoluda humanidade daquele orbe.

    *

    Resolvida, pois, a transferncia, os milhares de espritos atingidos pela irrecorrvel deciso foram notificados do seu novo destino e da necessidade de sua reencarnao em planeta inferior.

  • 25

    Reunidos no plano etreo daquele orbe, foram postos na presena do Divino Mestre para receberem o estmulo da esperana e a palavra da Promessa, que lhes serviriam de consolao e de amparo nas trevas dos sofrimentos fsicos e morais, que lhes estavam reservados por sculos.

    Grandioso e comovedor foi ento o espetculo daquelas turbas de condenados, que colhiam os frutos dolorosos de seus desvarios, segundo a lei imutvel da eterna justia.

    Eis como Emmanuel, no seu estilo severo e eloqente, descreve a cena: Foi assim que Jesus recebeu, luz do seu reino de amor e de justia,

    aquela turba de seres sofredores e infelizes. Com a sua palavra sbia e compassiva exortou aquelas almas

    desventuradas edificao da conscincia pelo cumprimento dos deveres de solidariedade e de amor, no esforo regenerador de si mesmos.

    Mostrou-lhes os campos de lutas que se desdobravam na Terra, envolvendo-os no halo bendito de sua misericrdia e de sua caridade sem limites.

    Abenoou-lhes as lgrimas santificadoras, fazendo-lhes sentir os sagrados triunfos do futuro e prometendo-lhes a sua colaborao cotidiana e a sua vinda no porvir. Aqueles seres desolados e aflitos, que deixavam atrs de si todo um mundo de afetos, no obstante os seus coraes empedernidos na prtica do mal, seriam degregados na face obscura do planeta terrestre; andariam desprezados na noite dos milnios da saudade e da amargura, reincarnar-se-iam no seio das raas ignorantes e primitivas, a lembrarem o paraso perdido nos firmamentos distantes.

    Por muitos sculos no veriam a suave luz de Capela, mas trabalhariam na Terra acariciados por Jesus e confortados na sua imensa misericrdia.

    E assim a deciso irrevogvel se cumpriu e os exilados, fechados seus olhos para os esplendores da vida feliz no seu mundo, foram arrojados na queda tormentosa, para de novo somente abri-los nas sombras escuras, de sofrimento e de morte, do novo habitat planetrio.

    Foram as coortes de Lcifer que, avassaladas pelo orgulho e pela maldade, se precipitaram dos cus terra, que da por diante passou a ser-lhes a morada purgatorial por tempo indefinido.

    E aps a queda, conduzidos por entidades amorosas, auxiliares do Divino Pastor, foram os degredados reunidos no etreo terrestre e agasalhados em uma colnia espiritual, acima da crosta, onde, durante algum tempo, permaneceriam em trabalhos de preparao e de adaptao para a futura vida a iniciar-se no novo ambiente planetrio. (9) (7) Esses ciclos so muito longos no tempo, pois incluem a evoluo milenar de todas as respectivas sub-raas. (8) Gnesis Allan Kardec. (9) No confundir esse estgio pr-encarnativo dos capelinos com o perodo astral, preparatrio, dos espritos formadores da 1 Raa-Me, que a Teosofia, (para ns), erroneamente denominara raa admica.

  • 26

    9 AS REENCARNAES PUNITIVAS

    A esse tempo os Prepostos do Senhor haviam conseguido selecionar, em

    vrias partes do globo, e no seio dos vrios povos que o habitavam, ncleos distintos e apurados de homens primitivos em cujos corpos, j biologicamente aperfeioados, devia iniciar-se a reencarnao dos capelinos.

    Esses ncleos estavam localizados, no Oriente, no planalto do Pamir, no centro norte da sia e na Lemria; e no Ocidente entre os primitivos atlantes sendo que, entre todos, os chineses (mongis) eram os mais adiantados como o confirma Emmanuel quando diz:

    Quando se verificou a chegada das almas proscritas de Capela, em pocas remotssimas, j a existncia chinesa contava com uma organizao regular, oferecendo os tipos mais homogneos e mais selecionados do planeta, em face dos remanescentes humanos primitivos.

    Suas tradies j andavam, de gerao em gerao, cons trundo as obras do porvir

    E acrescenta: Inegavelmente o mais prstino foco de todos os surtos evolutivos do

    globo a China milenria. (10)

    *

    Os capelinos, pois, que j estavam reunidos, como vimos, no etreo terrestre, aguardando o momento propcio, comearam ento a encarnar nos grupos selecionados a que j nos referimos, predominantemente nos do planalto do Pamir, que apresentavam as mais aperfeioadas condies biolgicas e etnogrficas, como sejam: pele mais clara, cabelos mais lisos, rosto de traos mais regulares, porte fsico mais desempenado e elegante.

    A respeito dessa miscigenao a narrativa de Emmanuel, se bem que de um ponto de vista mais geral no deixa, contudo, de ser esclarecedora.

    Diz ele: Aquelas almas aflitas e atormentadas, encarnaram-se

    proporcionalmente nas regies mais importantes, onde se haviam localizado as tribos e famlias primitivas, descendentes dos primatas.

    E com a sua reencarnao no mundo terreno estabeleciam-se fatores definitivos na histria etnolgica dos seres.

    *

    Dessa forma, pois, que se formaram nessas regies os primeiros ncleos raciais da nova civilizao em perspectiva que, dali, foram se espalhando, em sucessivos cruzamentos, por todo o globo, mxime no Oriente, onde habitava a terceira raa, em seus mais condensados agrupamentos.

    Ouamos agora novamente o Evangelista descrever esse acontecimento, numa viso retrospectiva de impressionadora e potica beleza:

    Donde vieram esses homens, novos no meio dos homens? A Terra no lhes deu nascimento, porque eles nasceram antes dela ser

    fecunda. No meio dos homens antigos da Terra descubro homens novos, meninos,

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    mulheres e vares robustos; donde vieram esses homens que nasceram antes da fecundidade da Terra?

    Em cima e ao redor da Terra, rodopiam os cus e os infernos, como sementes de gerao e de luz.

    O vento sopra para onde o impulsa a mo que criou a sua fora, e o esprito vai para onde o chama o cumprimento da lei.

    Os homens novos que descubro entre os homens antigos da Terra e que nasceram antes desta ser fecunda, vm a ela em cumprimento de uma lei e de uma sentena divina.

    Eles vm de cima, pois vm envoltos em luz e a sua luz um farol para os que moram nas trevas da Terra.

    Se, porm, seus olhos e suas frontes desprendem luz, nos semblantes eles trazem o estigma da maldio.

    So rvores de pomposa folhagem mas privadas de frutos, arrancadas e lanadas fora do paraso, onde a misericrdia as havia colocado e donde as desterrou por algum tempo.

    A sua cabea de ouro, as suas mos de ferro e os seus ps de barro. Conheceram o bem, praticaram a violncia e viveram para a carne.

    A gerao proscrita trs na fronte o selo da sentena mas tambm tem o da promessa no corao.

    Tinham pecado por sabedoria e orgulho e seu entendimento obscureceu-se. A obscuridade foi a sentena do entendimento ensoberbado e a luz a promessa da misericrdia que subsiste e subsistir.

    Bem-aventurados os que choram por causa das trevas e da condenao e cujos coraes no edificam moradas nem levantam tendas.

    Porque sero peregrinos no crcere e renascero para morar perpetuamente, de gerao em gerao, nos cimos onde no h trevas; porque recuperaro os dons da misericrdia na consumao.

    *

    A descida dessa raa maior causou, como era natural, no que respeita vida de seus habitantes primitivos, sensvel modificao no ambiente terrestre que, ainda mal refeito das convulses telricas que assinalaram os primeiros tempos de sua formao geolgica, continuava entretanto sujeito a profundas alteraes e flutuaes de ordem geral.

    Como j disemos, toda mudana de ciclo evolutivo acarreta profundas alteraes, materiais e espirituais, nos orbes em que se do; nos cus, na terra e nas guas h terrveis convulses, deslocamentos, subverses de toda ordem com dolorosos sofrimentos para todos os seus habitantes.

    Logo aps os primeiros contactos que se deram com os seres primitivos e, reencarnados os capelinos nos tipos selecionados j referidos, verificou-se de pronto tamanha dessemelhana e contraste, material e intelectual, entre essas duas espcies de homens, que sentiram aqueles imediatamente a evidente e assombrosa superioridade dos dvenas, que passaram logo a ser considerados super-homens, semideuses, Filhos de Deus, como diz a Gnesis mosica, e, como natural, a dominar e dirigir os terrcolas.

    Formidvel impulso, em conseqncia, foi ento imprimido incipiente civilizao terrestre em todos os setores de suas atividades primitivas.

    De trogloditas habitantes de cavernas e de tribos selvagens aglomeradas

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    em palafitas, passaram ento os homens, sob o impulso da nova direo, a construir cidades nos lugares altos, mais defensveis e mais secos, em torno s quais as multides aumentavam dia a dia.

    Tribos nmades se reuniam aqui e ali, formando povos e naes, com territrios j agora mais ou menos delimitados e, com o correr do tempo, definiram-se as massas etnogrficas com as diferenciaes asseguradas pelas sucessivas e bem fundamentadas reprodues da espcie.

    Adotaram-se costumes mais brandos e esboaram-se os primeiros rudimentos das leis; os povos, que ento saam da era da pedra polida, estabeleceram os fundamentos da inds tria com a utilizao, se bem que incipiente, dos metais; foi-se assegurando aos poucos a base de uma conscincia coletiva e os homens, pelas experincias j sofridas e pelo cres-cente despertamento da Razo, ainda que embrionria, iniciaram uma tentativa de organizao social, em novo e mais promissor perodo de civilizao.

    Enfim naquela paisagem primitiva e selvagem, que era realmente um cadinho combusto de foras em ebulio, definiram-se os primeiros fundamentos da vida espiritual planetria. (10) Para a ciancia oficial a civilizao chinesa no vai alm de 300 anos antes de nossa era, mas suas tradies fazem-na remontar a mais de 100.000. A civilizao chinesa, entretanto, veio da Atlntida primitiva vide o Cap. 15, pg. 52 o que demonstra ser muito anterior at mesmo a esta ltima data.

  • 29

    10 TRADIES ESPIRITUAIS DA DESCIDA

    Nada existe, que sabamos, nos arquivos do conhecimento humano que nos d, desse fato remotssimo e de to visceral interesse a saber: o da miscigenao de raas pertencentes a orbes siderais diferentes, revelao assim to clara e transcendente como essa que nos vem pelos porta-vozes da doutrina esprita, tanto como consta, em seus primeiros anncios, da Codificao Kardeciana e das comunicaes subseqentes de espritos autorizados, como agora desta narrativa impressionante de Emmanuel, que estamos a cada passo citando.

    Realmente, perlustrando os anais da Histria, das Cincias, das Religies e das Filosofias vem-las inadas de relatos, enunciados e afirmativas emitidos por indivduos inspirados que impulsionaram ou deram rumo ao pensamento humano, desde os albores do tempo e em todas as partes do mundo; conceitos e concepes que representam um colossal acervo de conhecimentos de toda espcie e natureza.

    Mas em nenhum desses textos a cortina foi jamais levantada to alto para deixar ver como esta humanidade se formou, no nascedouro, segundo as linhas espirituais da questo; e o esprito humano, por isso mesmo, e por fora dessa ignorncia primria, foi se deixando desviar por alegorias, absorver e fascinar por dogmas inaceitveis, teorias e idealizaes de toda sorte, muitas realmente no passando de fantasias extravagantes ou elocubraes cerebrais alucinadas.

    Todavia, neste particular que nos interessa agora, nem tudo se perdeu da realidade e, buscando-se no fundo da trama, muitas vezes inextricvel e quase sempre alegrica dessas tradies milenrias, descobrem-se aqui e ali files reveladores das mais puras gemas que demonstram, no s a autenticidade como, tambm, a exatido dos detalhes desses empolgantes acontecimentos histricos, que esto sendo trazidos a lume pelos mensageiros do Senhor nos dias que correm.

    Assim, compulsando-se a tradio religiosa dos hebreus, verifica-se que o Livro Apcrifo de Henoch diz, em certo trecho, Cap. 6-21:

    Houve anjos, chamados Veladores, que se deixaram cair do cu para amar as Filhas da Terra.

    E quando os anjos os Filhos do Cu as viram, por elas se apaixonaram e disseram entre si: vamos escolher esposas da raa dos homens e procriemos filhos.

    Ento seu chefe Samyaza lhes disse: Talvez no tenhais coragem para efetivar esta resoluo e eu ficarei

    sozinho responsvel pela vossa queda. Mas eles lhe responderam: Juramos de nos no arrepender e de levar a

    efeito a nossa inteno. E foram duzentos deles que desceram sobre a Montanha de Harmon. E foi

    de ento que esta montanha foi denominada de Harmon que quer dizer montanha do juramento.

    Desses consrcio nasceram gigantes que oprimiram os homens. Eis os nomes dos chefes desses anjos que desceram: Samyasa que era o

    primeiro de todos, Urakbarameel, Azibeel, Tamiel, Ramuel, Danel Azkeel, Saraknial, Azael, Armers, Batraal, Aname, Zaveleel, Samsaveel, Ertrael, Turel,

  • 30

    Jomiael e Arasial. Eles tomaram esposas com as quais viveram, ensinandolhes a magia, os

    encantamentos e a diviso das razes e das rvores. Amarazac ensinou todos os segredos dos encantamentos, Batraal foi o

    mestre dos que observam os astros, Askeel reve lou os signos e Azael revelou os movimentos da Lua.

    Este livro de Henoch, anterior aos de Moyss tambm muito citado pelos exegetas da antigidade e pelo apstolo Judas Tadeu em sua epstola, vers. 1, e d, pois, testemunho deste acontecimento.

    Enoch, no velho hebreu, significa iniciado. (11) Falam dele Orgenes, Procpio, Tertuliano, Lactncio, Justino, Irineu de

    Lio, Clemente de Alexandria e outros santos catlicos. Os maniqueus o citavam a mido e Euzbio diz em sua

    obra intitulada: Preparao do cristo no esprito do Evangelho que Moyss, no Egito, aprendeu com esse livro de Henoch.

    No sculo 17 Bruce descobriu um exemplar dele na Abissinia, mais tarde traduzido para o ingls pelo arcebispo Lawrence.

    Os etopes que so os rtiedianitas da Bblia, tambm dizem que Moiyss abeberou-se nesse livro, que lhe fora ofertado por seu sogro, o sacerdote Jetro, e que dele se valeu para escrever a Gnesis.

    Os Jubileus, outro livro muito antigo dos hebreus, acrescenta que os Veladores vieram Terra para ensinar aos homens a vida perfeita, mas que acabaram seduzidos pelas mulheres encarnadas.

    Este livro, tambm conhecido como A Pequena Bblia considerado ainda mais antigo que o prprio Velho Testamento.

    Na mesma tradio dos hebreus vemos que Moyss, o filho de Thermutis e sacerdote do templo de Memphis; que veio Terra com a misso de fundar com esse povo escravo, aps sua libertao, a religio monoteista e a nao de Israel para que, no seu seio, nico ento considerado prefervel descesse mais tarde ao planeta o Messias Redentor, Moyss tambm se referiu ao transcendente fato e o consignou na sua Gnesis para que posteridade, fosse assegurado mais este testemunho de sua autenticidade.

    Realmente, velado embora pela cortina da alegoria, l est o acontecimento descrito, na primeira parte da narrativa, quando o profeta conta a criao do primeiro homem, sua queda e ulterior expulso do Paraso do den; esse mesmo empolgante sucesso histrico que Emmanuel agora nos relata, quatro milnios aps, de forma objetiva e quase minudente, conquanto cingindo-se unicamente ao aspecto espiritual do problema.

    Pois ele mesmo adverte, referindo-se s finalidades de sua j citada obra: No dever ser este um trabalho histrico. A hist ria do mundo est

    compilada e feita. Nossa contribuio ser a tese religiosa elucidando a influncia sagrada da

    f e o ascendente espiritual, no curso de todas as civilizaes terrestres. No captulo em que descreve os antepassados do homem e, pondo em

    evidncia a significao simplesmente simblica, mas autntica, dos textos bblicos ele pergunta:

    Onde est Ado, com a sua queda do paraso? Debalde nossos olhos procuram, aflitos, essas figuras legendrias com o

    propsito de localiz-las no espao e no tempo. Compreendemos afinal que Ado e Eva constituem uma lembrana dos

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    espritos degredados na paisagem escura da Terra, como Caim e Abel so dois simbolos para a personalidade das criaturas.

    Sim; realmente, Ado representa a queda dos espritos capelinos neste mundo de expiao que a Terra, onde o esforo verte lgrimas e sangue, como tambm l no sagrado texto est predito:

    Maldita a Terra por causa de ti disse o Senhor; com dor comers dela todos os dias de tuda vida...

    No suor do teu rosto comers o seu po at que te tornes Terra. Refere-se o texto aos capelinos, s sucessivas reencarnaes que sofriam

    para resgate de suas culpas. Se verdade que os Filhos da Terra, no esforo de sua prpria evoluo,

    teriam de passar dificuldades e padecimentos, prprios dos passos iniciais do aprendizado moral, dvidas tambm no restam de que a Terra, de alguma forma, foi maleficiada com a descida dos degredados, que para aqui trouxeram novos e mais pesados compromissos a resgatar e nos quais seriam envolvidos tambm os habitantes primitivos.

    Compreendemos, pois, pelos textos citados, que as geraes de Ado formam as chamadas raas admicas (vindas da Capela), designao que o Esoterismo d, segundo seus pontos de vista, aos espritos que formaram a 1 Raa-Me, na fase em que, no possuindo corpo, forma e vida, no podiam encarnar na crosta planetria, o que muito diferente.

    O Esoterismo adota esta suposio para poder explicar a vida da mnada espiritual na sua fase involutiva. Mas, como temos explicado, para ns essa fase cessa no reino mineral e partir da a mnada comea a sua evoluo, no no astral terreno, mas adstrita ou integrada, mais ou menos, nos reinos inferiores: mineral, vegetal e animal.

    Somente aps terminar suas experincias neste ltimo reino (animal) penetra a mnada no estgio preparatrio do astral terreno, em trnsito para suas primeiras etapas no reino humanal.

    Qualquer destas fases dura milnios.

    *

    Mas, retomando a narrativa e no entendimento inicitico diremos que Caim e Abel os dois primeiros filhos so unicamente simbolos das tendncias do carter dessas legies de emigrados, formadas, em parte, por espritos rebeldes, violentos e orgulhosos e, em parte, por outros ainda que criminosos porm j mais pacificados, conformados e submissos vontade do Senhor.

    *

    A corrente canica mais numerosa foi a que primeiro encarnou-se, como j vimos, entre os povos da Terceira Raa; e que mais depressa e mais facilmente afinizou-se com os Filhos da Terra os habitantes primitivos vindo a formar sem contestao a massa predominante dos habitantes do planeta naquela poca e cujo carter, dominador e violento, predomina at nossos dias, em muitos povos.

    Como conta Moyss: ... e saiu Caim da face do Senhor e habitou na terra de Nod, da banda

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    do Oriente do eden. E conheceu Caim a sua mulher e ela concebeu e gerou Enoch; e ele edificou uma cidade...

    fcil de ver que se Caim e Abel realmente tivessem existido como filhos primeiros do primeiro casal humano, no teria Caim encontrado mulher para com ela se casar, porque a Terra seria ento desabitada. , pois, evidente que os capelinos, ao chegar, j encontraram o mundo habitado por outros homens.

    O texto significa que: as primeiras legies de exilados saindo da presena do Senhor, em Capela, vieram Terra encarnando-se primeiramente no Oriente, (mesclando-se com as mulheres dos povos a existentes), gerando descendentes e edificando cidades.

    E dizendo: da banda do oriente do den confirma o conceito porque suposio corrente que o den da Bblia se bem que alegrico referia-se a uma regio situada na sia Menor e o oriente dessa regio justamente fica para os lados da Lemria e sia, onde habitavam os Rutas da Terceira Raa.

    E quanto aos exilados da corrente ablica, diz a Gnesis na fora do seu smbolo que eles foram suprimidos logo no princpio o que deixa entender que sua permanncia na Terra foi curta.

    *

    Prosseguindo na enumerao das tradies referentes descida dos exilados da Capela verificamos que os babilnios antigos, conforme inscries cuneiformes descobertas pela Cincia em escavaes situadas em Kuniunik, povoao da antiga Caldia, somente reconheciam, como tendo existido poca do dilvio, duas raas de homens sendo, uma, de pele escura que denominavam os Adamis negros e outra, de pele clara, que denominavam os Sarkus, ambas tendo por antepassados uma raa de deuses que desceram Terra obedecendo a sete chefes, cada um dos quais orientava e conduzia ua massa de homens. Acrescentavam essas inscries que esses seres eram considerdos prisioneiros da carne, deuses encarnados; e terminavam afirmando que foi assim que se formaram as sete raas admicas primitivas.

    *

    Na tradio dos indus, na parte revelada ao ocidente por M. P. Blawatski l-se que:

    Pelo meio da evoluo da terceira raa-me, chamada a raa lemuriana, vieram Terra seres pertencentes a uma outra cadeia planetria, muito mais avanada em sua evoluo.

    Esses membros de uma comunidade altamente evoluda, seres gloriosos aos quais seu aspecto brilhante valeu o ttulo de Filhos do Fogo constituem uma ordem sublime entre os filhos de Manas.

    Eles tomaram sua habitao sobre a Terra como instrutores divinos da jovem humanidade.

    *

    E as mitologias? E as lendas da pr-histria?

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    No se referem elas a uma Idade de Ouro, que a humanidade viveu, nos seus primeiros tempos, em plena felicidade?

    E a deuses, semideuses e heris dessa poca, que realizaram grandes feitos e em seguida desapareceram?

    Ora, como ns sabemos que a vida dos primeiros homens foi cheia de desconforto, temor e misria, bem se pode ento compreender que essa Idade de Ouro foi vivida fora da Terra por uma humanidade mais feliz; e que no passa de uma reminiscncia que os Exilados conservaram da vida espiritual superior que viveram no paraso da Capela.

    Os deuses, semideuses e heris dessa poca, que realizaram grandes feitos e em seguida desapareceram, permanecendo unicamente como uma lenda mitolgica, quem so eles seno os prprios capelinos das primeiras encarnaes que como j vimos, em relao aos homens primitivos, rsticos e animalizados, podiam ser realmente considerados seres sobrenaturais?

    E os heris antigos que se revoltaram contra Zeus (o deus grego) para se apoderarem do cu e que foram arrojados ao Trtaro, no sero os mesmos espritos refugados de Capela que l no seu mundo se rebelaram e que, por isso, foram projetados na Terra?

    Os heris antigos, que se tornavam imortais e semideuses, no eram sempre filhos de deuses mitolgicos e de mulheres encarnadas? Pois esses deuses so os capelinos que se ligaram s mulheres da Terra.

    Plutarcho escreveu: que os heris podiam subir, aperfeioando-se, ao gru de demnios (daemon, gnios, espritos protetores) e at ao de deuses (espritos superiores).

    O orculo de Delfus, na Grcia, mido anunciava essas ascenes espirituais dos heris gregos. Isso no deixa patente o conhecimento que tinham os antigos sobre as reencarnaes, a evoluo dos espritos e o intercmbio entre os mundos?

    *

    Uma lenda dos ndios Pahute, da Amrica do Norte, conta que o deus Himano disputou com outro e foi expulso do cu, tornando-se um gnio do mal.

    Lendas mexicanas falam de um deus SOOTA que se rebelou contra o Ente Supremo e foi arrojado Terra; como tambm de gnios gigantescos os KINANUS que tentaram se apoderar do Universo e foram eliminados.

    Finalmente, uma lenda azteca conta que houve um tempo em que os deuses andavam pela Terra; que esta era, nessa poca, um magnfico horto, pleno de flores e frutos...

    Tudo isso, porventura no so aluses evidentes e claras descida dos capelinos e suas encarnaes na Terra?

    * Como bem se pode, ento, ver, as tradies orientais e de outros povos antigos, inclusive dos hebreus, guardam notcias dos acontecimentos que estamos narrando e em vrias outras fontes do pensamento religioso dos antigos, poderamos buscar novas confirmaes se no devssemos como de nosso intento, nos restringir s de origem esprita, por serem as mais simples e acessveis massa comum dos Leitores; e doutra parte, porque este

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    nosso trabalho no deve ter aspecto de obra de erudio, enredando-se em complexidades e mistrios de carter religioso ou filosfico mas, simplesmente, de crena em revelaes espirituais, provindas de Espritos auto rizados, responsveis pelo esclarecimento das mentes humanas neste sculo de libertao espiritual.

    Como remate destas tradies, citamos agora a obra de Hilarion do Monte Nebo, membro categorizado da Fraternidade Essnia, contemporneo e amigo de Jesus, investigador da pr-histria, com revelaes conhecidas por Moyss anteriormente, segundo as quais sobreviventes do segundo afundamento da Atlntida aportaram costa do Mediterrneo, a nordeste, nas faldas de uma cordilheira, onde formaram um pequeno aglomerado de colonizao, no qual nasceu uma criana a que deram o nome de Abel.

    Aquela regio pertencia ao reino de Etha, futura Fencia, governada pela Confederao Kobda, fraternidade de orientao socio-espiritualista, que exercia incontestada liege-monja sobre grande parte do mundo ento conhecido e cuja sede fra transferida de Nhengad, no Deita do Nilo, para um ponto entre os rios Eufrates e Tigre, na Mesopotmia e cujo nome era La Paz.

    Transferido para La Paz o jovem assimilou os conhecimentos cientficos e religiosos da poca, destacando-se pelas excepcionais virtudes morais e inteligncia que possuia e que lhe permitiram ascender direo geral dessa Fraternidade, prestando relevantes servios e sacrificando-se, por fim, em benefcio da paz dos povos que governava, ameaada por um pretendente rebelde de nome Caino.

    Abel, pelas suas virtudes e seu sacrifcio foi considerado um verdadeiro missionrio divino, o 6 da srie, entre Krisna, o 5 e Moyss, o 7, antecessores de Buda e de Jesus.

    Seja como for, qualquer das tradies aqui citadas indica o encadeamento natural e Lgico dos fatos e das civilizaes sequentes e desfaz o Mito de Ado, primeiro homem, do qual Deus retirou uma costela para lhe dar uma companheira, quando a prpria Bblia relata que nesse tempo havia outras mulheres no mundo, com uma das quais, alis, o prprio Caim fugiu para se casar...

    Moyss que conhecia a verdade, estabeleceu esse mito devido a ignorncia e a imaturidade espiritual do povo que salvara da escravido no Egito, com o qual deveria formar uma no monoteista.

    So tambm absurdas e inaceitveis as referncias bbli cas sobre um Moyss sanguinrio e contraditrio, verso esta que, como se pode facilmente perceber, convinha dominao religiosa do povo hebreu pelo clero do seu tempo.

    Essa Fraternidade Kobda, formou uma civilizao avanada, do ponto de vista espiritual, mas, com a morte de Abel, degenerou na instituio dos faras arqui-poderosos do Egito, dominadores e dspotas, que a seu tempo tambm degeneraram.

    O mesmo ocorreu com os Flmines na ndia, sacerdotes de Krisna; com a morte deste missionrio continuaram a influir no meio ambiente mas, degenerando no sentido religioso, concorreram a formar o regimem de castas e poderes fracionados que at hoje existem.

    regra j firmada pela experincia que, aps realizar a finalidade espiritual a que se proponham, as organizaes iniciticas redentoras devem encerrar suas atividades, como fizeram os Essnios na Palestina, aps a morte

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    de Jesus; no devem fundir-se com a sociedade que decorrer de suas ativi-dades missionrias, porque no podero conservar sua pureza e elevada condio.

    Para se perpetuarem teriam de aliar-se nova ordem de coisas com base quase sempre na fora, passando por cima das leis espirituais do amor universal que vieram estabelecer na Terra. (11) A tradio diz que escreveu uma cosmogonia conhecida como Livro de Henoch e acrescenta que era to santo e to puro que Deus o fez subir aos cus com vida.

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    11 A GNESIS MOSAICA

    A Gnesis o primeiro livro, de uma srie de cinco, por isso mesmo

    denominada Pentateuco escrita pelo profeta, em pocas diferentes da sua longa e trabalhosa peregrinao terrena.

    Para muitos historiadores e exegetas Moyss no escreveu pessoalmente estes cinco livros mas somente o primeiro; seus ensinamentos, segundo dizem, foram deturpados e acomodados pelo sacerdcio hebreu, segundo suas convenincias de dominao religiosa, exatamente como aconteceu e ainda acontece com os ensinos de Jesus.

    A Gnesis trata da criao do mundo e dos primeiros acontecimentos; historia as primeiras geraes do povo hebreu e os fatos que com ele se deram at seu estabelecimento no Egito.

    Quanto aos demais, a saber: O xodo, O Levtico, Os Nmeros e o Deuteronmio, esses narram os episdios da livrana do cativeiro egpcio, das marchas e acontecimentos que, a partir da, se deram at a chegada terra de Canaan, como tambm da legislao, dos ritos, das regras de administrao e do culto, que o grande Enviado estabeleceu como norma e diretrizes para a vida social e religiosa desse povo.

    Por essas obras se v que Moyss, alm de sua elevada condio espiritual era, por todos os respeitos, uma persona lidade notvel, admirvel condutor de homens, digno da tarefa planetria que lhe foi atribuda pelo Senhor; e essas so as razes pelas quais a tradio mosica merece toda f, mormente no que se refere autenticidade dos acontecimentos histricos ou iniciticos que revela.

    Entretanto necessrio dizer que a Gnesis possue tambm, contraditores, no que se refere sua autoria pois que, segundo uns, ao escrev-la, o profeta valeu-se de tradies correntes entre outros povos orientais, como caldeus, persas e hinds, j existentes muito antes da poca em que ele mesmo viveu.

    Segundo outros o profeta no copiou propriamente essas tradies mas foram elas introduzidas no livro, em pocas diferentes, conforme ia evoluindo entre os prprios hebreus a concepo que faziam da divindade criadora concepo essa que, cronologicamente passou de eloista (muitos deuses), para javista (mais de um deus) e desta para jeovista (um s deus).

    Realmente h muitas semelhanas em algumas dessas tradies, mormente no que se refere, por exemplo, ao dilvio asitico, criao do primeiro casal humano, etc.

    Tambm no h dvida que as interrupes, mudanas de estilo e as repeties observadas nos captulos VIL e 8 do fundamento a essa suposio de duplicidade de autores.

    Vejam-se, por exemplo, no Cap. 7 as repeties dos versculos 6 e 117 e 1312 e 1721 e 23 e no cap. 8 os 3 e 5 4 e 5, etc.

    Cap. 7 Repeties 6 e era No da idade de seiscentos anos quando o

    dilvio das guas veio sobre a terra. 11 no ano seiscentos da vida de No, no ms segundo,.. . as janelas

    dos cus se abriram. 7 E entrou No e seus filhos, e sua mulher e as mulheres de seus

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    filhos com ele na arca. 13 E no mesmo dia entrou No e Sem e Cm e Japhet, os filhos de

    No, como tambm a mulher de No e as trs mulheres de seus filhos com ele na arca. E houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites. E esteve o dilvio quarenta dias sobre a terra e cresceram as guas... 21 E expirou toda a carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de gado e de feras e de todo rptil que se roja sobre a terra e todo homem.

    28 Assim foi desfeita toda substncia que havia sobre a face da terra, desde o

    homem at o animal, at o rptil, e at as aves do cu Cap. VIII 3 E as guas tornaram de sobre a terra continuamente e ao cabo de

    cento e cinqenta dias minguaram. 5 E foram as guas indo e minguando at o dcimo ms... Como se v destas ligeiras citaes, as repeties com estilo e redao

    diferentes so sobejamente evidentes para se admitir que houve realmente, interpolaes e acrescentamentos nestes textos.

    Mas, como quer que seja, isto : tenha o profeta copiado as tradies orientais no que, alis, no h nada a estranhar, porque as verdades no se inventam mas, unicamente, se constatam e perpetuam ; ou tenha o livro sido escrito em pocas diferentes, por acrescentamentos trazidos por outras geraes de interessados, de qualquer forma estas tradies so venerveis e a obra de Moyss, at hoje, nunca foi desmerecida mas, ao contrrio, cada dia ganha mais prestgio e autoridade, podendo nos oferecer valioso testemunho dos acontecimentos que estamos comentando.

    Ultimamente tem surgido tambm documentao de carter medinico segundo a qual os ensinos verdadeiros do profeta, aps sua morte no Monte Nebo, foram recolhidos por seu discpulo ESSEN e conservados religiosamente por seus- continuadores os essnios nos diferentes santurios que possuam na Palestina e na Sria como sejam o do Monte Hermon, do Monte Carmelo, de Quarantana, do Monte Nebo e de Moab.

    Mas, quanto Gnesis o testemunho da descida dos capelinos est ali bem claro e patente nos seus primeiros captulos e por isso estamos nos apoiando neles com perfeita confiana, como base remota de documentao histrico-religiosa.

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    12 SETH O CAPELINO

    Vimos, no captulo dez qual a significao simblica dos dois primeiros

    filhos de Ado Caim e Abel e diremos agora que, do ponto de vista propriamente histrico ou crono lgico, a descida dos exilados representada na Gnesis pelo nascimento de Seth o terceiro filho que Ado, como diz o texto: gerou sua semelhana, conforme sua imagem.

    Isto : aquele que com ele mesmo, Ado, se confunde, -lhe anlogo. Se Ado, no smbolo, representa o acontecimento da descida, a queda

    das legies de emigrados e os dois primeiros filhos o carter dessas legies, Seth, no tempo, representa a poca do acontecimento, poca essa que no prprio texto est bem definida com o seguinte esclarecimento:

    Os homens, ento, comearam a evocar o nome do Senhor. Isso quer dizer que a gerao de Seth a de espritos no j habitantes da

    Terra os das raas primitivas, brbaros, selvagens, ignorantes, virgens ainda de sentimentos e conhecimentos religiosos mas outros, diferentes, mais evoludos, que j conheciam seus deveres espirituais suas ligaes com o cu; espritos j conscientes de sua filiao divina, que j sabiam estabelecer comunho espiritual com o Senhor.

    Pr tudo isso que Moyss, como se v do texto, desenvolve em primeiro lugar a genealogia de Caim e a interrompe logo para mostrar que ela no tem seguimento Cap. 4 8 a 24; nela s se refere a profisses, crimes e castigos para deixar claro que s se trata de demonstrar o temperamento, a capacidade intelectual e o carter moral dos indivduos que formaram a corrente ca nica das legies de exilados, como j dissemos; ao passo que desenvolve em seguida a genealogia de Seth, a saber: a dos exilados em geral enumerando-lhes as geraes at No e prosseguindo da para diante sem interrupo, como a dizer que dessa linhagem de Seth que se perpetuou o gnero humano, cumprindo-se assim a vontade do Senhor quando disse: frutificai e multiplicai e enchei a Terra.

    A passagem referente a No daquela narrativa simboliza o juzo peridico de Deus, que como j dissemos, ocorre em todos os perodos de transio, em todos os fins de ciclo evolutivo, a separao dos bodes e das ovelhas, o expurgo de geraes degeneradas, acontecimento espiritual a que o Divino Mestre tambm se referiu mais tarde, no Sermo do Monte, quando disse, em relao aos tempos vindouros, que so os nossos:

    E quando o Filho do Homem vier na sua magestade e todos os santos anjos com ele, ento se assentar no trono de sua glria: e todas as naes sero reunidas diante dele e apartar uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas

    humanidade daquela poca tocou um acontecimento desses, com os cataclismos que ento se verificaram e que mais para diante relataremos.

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    13 DA DESCIDA CORRUPO

    Diz a Gnesis:

    - E aconteceu que, como os homens se comearam a multiplicar sobre a face da Terra e lhes nasceram filhos; vi ram os Filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.

    Isto quer dizer que os degredados aqui mencionados como Filhos de Deus encarnando no seio de habitantes selvagens do planeta, no levaram em conta as melhores possibilidades que possuam, como conhecedores de uma vida mais perfeita e, ao desposarem as mulheres primitivas, adotaram seus costumes desregrados e deixaram-se dominar pelos impulsos inferiores que lhes eram naturais.

    Chegaram numa poca em que as raas primitivas viviam mergulhadas nos instintos animalizados da carne e, sem se guardarem, afundaram na impureza, no resistindo ao imprio das leis naturais que se cumpriam irrevogavelmente, como sempre sucede.

    J vimos que a encarnao dos capelinos se deu, em sua primeira fase e mais profundamente entre os Rutas, habitantes da Lemria e demais regies do Oriente, povos estes que apresentavam elevada estatura, cor escura, porte simiesco e mentalidade rudimentar.

    Esses detalhes, mormente a complexo fsica, ficaram tambm assinalados na Gnesis.

    Assim, ela conta: Havia naqueles dias gigantes na Terra; e tambm depois, quando os

    Filhos de Deus entraram s filhas dos homens e delas geraram filhos. (12) Este trecho da narrativa bblica tem sido comentado por vrios autores

    com fundo interesse, servindo mesmo a divagaes de literatura fantasiosa que afirma ter havido naquela poca um estranho conbio entre seres celestes e terrestres de cujo contto carnal nasceram gigantes e monstros.

    Tal, porm, como se v, no se deu, nem teve o fato nenhum aspecto sobrenatural, pois gigantes haviam, conforme o prprio texto esclarece, tanto antes como depois que os capelinos Filhos de Deus encarnaram; e nem podia ser de outra forma considerando-se que eles encarnaram em tipos humanos j existentes, com as caractersticas biolgicas que na poca lhes eram prprias.

    E sabido que os tipos primitivos, de homens e animais, eram agigantados em relao aos tipos atuais.

    Nada h que estranhar porque nos tempos primitivos tudo era gigantesco: as plantas, os animais, os homens. Estes, principalmente, tinham que se adaptar ao meio agreste e hostil em que viviam e se defender das feras existentes e da inclemncia da prpria Natureza; por isso deviam possuir es-tatura e fora fora do comum.

    Os Lmures e os Atlantes tinham estatura elevada e os homens do Cro-Magnon, que j estudamos, a julgar pelos esqueletos encontrados numa caverna perto do povoado do mesmo nome, na Frana, possuam em mdia 1,88 cms, ombros muito largos e braos muito curtos e fortes, bem menores que as pernas, o que prova serem j bem distanciados dos smios.

    As construes pr-histricas, como os dolmens, menhirs, pirmides etc.

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    eram de dimenses e peso verdadeiramente extraordinrios e somente homens de muita desenvoltura fsica poderiam realiz-las e utiliz-las porque, na realidade eram tmulos gigantescos para homens gigantescos, que ainda se encontram em vrias partes do mundo e em todas as partes tm, mesmo, o nome de tmulos de gigantes.

    *

    Mas sigamos a narrativa bblica no ponto em que ela se refere a essa mistura de raas de orbes diferentes:

    Ento, disse o Senhor, no contender o meu esprito para sempre com o homem; porque ele tambm carne; porm os seus dias sero cento e vinte anos. Isso nos leva a compreender que a fuso ento estabelecida, o cruzamento verificado, foi tolerado pelo Senhor, sem embargo dos fatores de imoralidade que prevaleciam e isso porque os exilados, conquanto fossem espritos mais evoludos em relao aos habitantes terrestres, vindo agora habitar esse mundo primitivo onde as paixes, como j dissemos, imperavam livremente, no resistiram tentao e se submeteram s condies ambientes; isso, alis, no admira e era mesmo natural que acontecesse, no s pelo grande imprio que a carne exerce sobre o homem nos mundos inferiores, como tambm pelo fato dos exilados terem sido expulsos da Capela justamente por serem propensos ao mal, falveis na moralidade.

    Entretanto, mesmo tolerando, a justia divina lhes criava, limitaes, restries; as leis para eles inexoravelmente se cumpririam, fazendo com que colhessem os frutos dos prprios atos; suas vidas seriam mais curtas; seus corpos fsicos definhariam, como quaisquer outros que abusem das paixes, e seriam pasto de molstias dizimadoras.

    Veja-se na prpria Bblia que para as primeiras geraes de homens aps Seth (tempo da descida) e at No (dilvio asitico) considervel o nmero de anos atribudos existncia humana, enquanto que a delimitao de cento e vinte anos estabelecida para os descendentes dos homens da corrupo representa uma diminuio considervel, de quase dois teros.

    Isso do ponto de vista fsico porque, quanto ao moral, as conseqncias foram tremendas e lamentveis: com o correr do tempo uma corrupo geral se alastrou e generalizou-se de tal forma que provocou punies imediatas.

    quando a narrativa bblica diz:: E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra

    e que toda a imaginao dos pensamentos do seu corao era m continuamente.

    E mais para diante: - A terra estava corrompida diante da face do Senhor; encheu-se a terra de violncia; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra.

    *

    Assim, pois, a experincia punitiva dos capelinos, do ponto de vista moral, malograra, porque eles, ao invs de sanear o ambiente planetrio elevando-o a nveis mais altos, de acordo com o maior entendimento espiritual que

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    possuam, ao contrrio