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OS MICRODADOS DA IES AO NÍVEL DO ESTABELECIMENTO: O ANEXO R
Ana Filipa Fonseca Leite
Dissertação
Mestrado em Economia
Orientado por
Paulo de Freitas Guimarães
Marta Alexandra da Palma Curado Silva
2019
i
Agradecimentos
Ao terminar esta dissertação resta deixar o meu sincero agradecimento a todos aqueles que
me apoiaram ao longo desta etapa, já que não tracei este percurso sozinha.
A todos os professores da Faculdade de Economia da Universidade do Porto pelos
conhecimentos que me transmitiram ao longo da licenciatura e do mestrado.
Um espacial agradecimento aos meus orientadores, Paulo Guimarães e Marta Silva, pelo
acompanhamento, compreensão e disponibilidade que demonstraram ao longo de todo o
trabalho.
À restante equipa do Laboratório de Investigação em Microdados do Banco de Portugal
(BPLIM), pelo acolhimento no decorrer do estágio curricular que desenvolvi. Apresento
ainda o meu agradecimento à Marina Teixeira e ao Miguel Araújo, pela ajuda que me deram
durante os respetivos estágios.
Aos meus pais, pelo apoio incondicional ao longo desta etapa e de todo o caminho que me
levou até ela.
À minha restante família, pela confiança e motivação que me transmitiram.
ii
Resumo
O reporte de informação de natureza estatística pelas unidades económicas fornece dados
indispensáveis, quer a nível de investigação, quer no processo de tomada de decisões de
política económica. A maior parte da informação disponibilizada para efeitos de investigação
consiste em informação ao nível da empresa. No entanto, existem questões que são tratadas
de forma mais rigorosa com informação mais fina, ao nível do estabelecimento.
A Informação Empresarial Simplificada (IES) constitui uma declaração anual, obrigatória
desde 2007, que contém um conjunto alargado de microdados relativos à situação
económico-financeira das empresas em Portugal. As empresas não financeiras reportam o
Anexo R da IES que, embora com menor detalhe, permite aceder a informação contabilística
e económica relativa aos estabelecimentos da empresa.
Apesar do reconhecido valor desta informação, desagregada por estabelecimento, até agora
a informação do Anexo R nunca foi disponibilizada para fins de investigação. Um dos
objetivos principais deste trabalho é dar a conhecer aos investigadores o potencial da
informação contida no Anexo R. Para além disso, documentar a metodologia utilizada para
criar uma base de dados em painel com variáveis harmonizadas ao longo do período 2007-
2016. Fornece-se também uma primeira análise descritiva deste painel comparando a
informação ao nível da empresa com a do estabelecimento. Por fim, identificam-se as
principais limitações à utilização dos dados do Anexo R.
Códigos JEL: C81, R12
Palavras-chave: Microdados, Dados em Painel, Informação Empresarial Simplificada,
Estabelecimento
iii
Abstract
The reporting of information of statistical nature by economic units supplies indispensable
data for researchers as well as for all decision-makers involved in economic policy. Most data
made available for research purposes consists of company level information. Nonetheless,
there are questions that are addressed more rigorously, with finer information, at the
establishment level.
The Simplified Corporate Information (SCI), Informação Empresarial Simplificada (IES) in
Portuguese, consists of an annual report, mandatory since 2007, which includes a large set
of microdata characterizing the economic and financial situation of companies in Portugal.
Non-financial companies report the Annex R of the SCI, which allows access to the
accounting and economic information relative to the companies' establishments, although
for a much smaller number of variables.
In spite of the recognized value of this information, broken down by establishment, until
now the information in Annex R was never made available for research purposes. One of
the main goals of this dissertation is to draw researcher’s attention to the potential of the
information contained in the Annex R. Furthermore, the methodology used to create the
panel database with harmonized variables over the period between 2007 and 2016 is
described and documented. A first descriptive analysis of the panel, comparing information
at company and establishment level, is also provided. Lastly, some of the main limitations to
the use of the Annex R are identified.
JEL Codes: C81, R12
Keywords: Microdata, Panel Data, Simplified Corporate Information, Establishment
iv
Índice Geral
Agradecimentos ............................................................................................................................... i
Resumo .............................................................................................................................................. ii
Abstract ............................................................................................................................................. iii
Índice de Quadros ......................................................................................................................... vi
Índice de Tabelas ......................................................................................................................... vii
Índice de Figuras ........................................................................................................................... ix
Abreviaturas e Siglas ...................................................................................................................... x
1. Introdução ................................................................................................................................ 1
2. Enquadramento ...................................................................................................................... 4
2.1. A Importância da Informação ao Nível do Estabelecimento ................................ 5
2.2. O Anexo R da IES .............................................................................................................. 7
2.3. Alteração ao Sistema Contabilístico .............................................................................. 9
3. Identificação de Estabelecimento ....................................................................................... 12
3.1. Conceito de Estabelecimento ....................................................................................... 12
3.2. Identidade do Estabelecimento ................................................................................... 12
3.2.1. Casos Internacionais ................................................................................................ 13
3.2.2. Caso Português .......................................................................................................... 14
4. Metodologia ............................................................................................................................... 16
4.1. Criação do Painel de Estabelecimentos ..................................................................... 16
4.1.1. Harmonização das variáveis ................................................................................... 16
4.1.2. Preenchimento de Informação Não Reportada ............................................... 18
4.2. Verificação e Correção dos Identificadores dos Estabelecimentos ................... 18
4.2.1. Critérios de Correção dos Identificadores .......................................................... 20
4.3. Eliminação de Duplicados............................................................................................. 23
v
5. Análise da Base de Dados ...................................................................................................... 25
5.1. Descrição da Base de Dados ......................................................................................... 25
5.1.1. Análise dos Dados ao Nível da Empresa ............................................................ 26
5.1.2. Análise dos Dados ao Nível do Estabelecimento ............................................ 38
5.1.3. Estabelecimentos no Estrangeiro ......................................................................... 48
5.2. Comparação Entre Dados Reportados por Empresa e por Estabelecimentos
........................................................................................................................................................ 51
6. Conclusões e Limitações ........................................................................................................ 54
Referências Bibliográficas.......................................................................................................... 56
Anexos .............................................................................................................................................. 59
vi
Índice de Quadros
Quadro 1 - Variáveis disponíveis no Anexo R ____________________________________ 10
Quadro 2 - Correspondência das variáveis em POC e SNC ____________________________ 17
Quadro 3 - Correspondência entre variáveis da empresa e dos estabelecimentos _________________ 18
vii
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Número de identificadores do estabelecimento por preencher, por ano ________________ 19
Tabela 2 - Exemplo de correção de identificador do estabelecimento ________________________ 21
Tabela 3 - Exemplo de identificação de mudança de morada ____________________________ 22
Tabela 4 - Correções efetuadas ao identificador dos estabelecimentos, por ano __________________ 23
Tabela 5 - Eliminação de duplicados ___________________________________________ 24
Tabela 6 - Número e distribuição de empresas (2007-2016) ____________________________ 26
Tabela 7 - Distribuição espacial das empresas, em 2007 e 2016 _________________________ 27
Tabela 8 - Distribuição por categoria de empresas, por distrito, em 2016 ____________________ 28
Tabela 9 - Distribuição espacial por categoria de empresas e coeficientes de especialização, em 2016 ___ 29
Tabela 10 - Distribuição setorial das empresas, em 2016 ______________________________ 31
Tabela 11 - Distribuição por categoria de empresas, por setor, em 2016 _____________________ 32
Tabela 12 - Taxas de natalidade e mortalidade das empresas (2008-2016) __________________ 34
Tabela 13 - Taxas de natalidade e mortalidade para empresas com sempre apenas 1 estabelecimento
(2008-2016) ___________________________________________________________ 35
Tabela 14 - Taxas de natalidade e mortalidade para empresas com 2 ou mais estabelecimentos, pelo menos
um ano (2008-2016) _____________________________________________________ 35
Tabela 15 - Distribuição por idades (2007-2016) __________________________________ 36
Tabela 16 - Distribuição por idade de empresas, segundo o seu número de estabelecimentos, em 2016 __ 37
Tabela 17 - Número e distribuição de estabelecimentos (2007-2016) ______________________ 38
Tabela 18 - Distribuição por categoria de estabelecimentos, por distrito, em 2016 ______________ 39
Tabela 19 - Distribuição espacial por categoria de estabelecimentos e coeficientes de especialização, em 2016
____________________________________________________________________ 40
Tabela 20 - Distribuição setorial dos estabelecimentos, em 2016__________________________ 42
Tabela 21 - Distribuição por categorias de estabelecimentos, por setor, em 2016 _______________ 43
Tabela 22 - Taxas de natalidade e mortalidade dos estabelecimentos (2008-2016) _____________ 44
viii
Tabela 23 - Taxas de natalidade e mortalidade para estabelecimentos pertencentes a empresas com sempre
apenas 1 estabelecimento (2008-2016) __________________________________________ 44
Tabela 24 -Taxas de natalidade e mortalidade para estabelecimentos pertencentes a empresas com 2 ou
mais estabelecimentos, pelo menos um ano (2008-2016) _______________________________ 45
Tabela 25 - Número de estabelecimentos por empresa ________________________________ 47
Tabela 26 - Distribuição dos estabelecimentos no estrangeiro, por países, 2016 ________________ 48
Tabela 27 - Empresas por número de estabelecimentos no estrangeiro, 2016 __________________ 49
Tabela 28 - Número de estabelecimentos das empresas com presença no estrangeiro, 2016 _________ 49
Tabela 29 - Distribuição setorial das empresas com presença no estrangeiro, 2016 ______________ 50
Tabela 30 - Número de empresas com erros de preenchimento, por ano (2007-2016) ____________ 51
Tabela 31 - Empresas com erros de preenchimento por número de estabelecimentos (%), 2007 e 2016 _ 53
ix
Índice de Figuras
Figura 1 - Distribuição dos nascimentos de estabelecimentos, 2015 ________________________ 46
Figura 2 - Distribuição das mortes de estabelecimentos, 2015 ___________________________ 46
Figura 3 - Distribuição espacial da totalidade das empresas, 2016 ________________________ 64
Figura 4 - Distribuição espacial das empresas 1 Estab, 2016 ___________________________ 64
Figura 5 – Distribuição espacial das empresas Multi Nac, 2016 _________________________ 64
Figura 6 - Distribuição espacial das empresas Multi Est, 2016 __________________________ 64
Figura 7 - Distribuição espacial da totalidade dos estabelecimentos, 2016 ___________________ 67
Figura 8 - Distribuição espacial de estabelecimentos 1 Estab, 2016 _______________________ 67
Figura 9 - Distribuição espacial de estabelecimentos Multi, 2016 _________________________ 67
x
Abreviaturas e Siglas
BPLIM – Laboratório de Investigação em Microdados do Banco de Portugal
CAE – Classificação Portuguesa das Atividades Económicas
CB – Central de Balanços
CEE – Comunidade Económica Europeia
CMVMC – Custo das Mercadorias Vendidas e das Matérias Consumidas
FSE – Fornecimentos e Serviços Externos
IES – Informação Empresarial Simplificada
INE – Instituto Nacional de Estatística
NIPC – Número de Identificação de Pessoa Coletiva
NPS – Número Médio de Pessoas ao Serviço
OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
POC – Plano Oficial de Contabilidade
SNC – Sistema de Normalização Contabilística
QP – Quadros de Pessoal
VN – Volume de Negócios
1
1. Introdução
O reporte de informação de natureza estatística pelas unidades económicas tem uma
importância indiscutível, fornecendo dados indispensáveis, quer a nível de investigação, quer
no processo de tomada de decisões de política económica. Assim, ao longo dos últimos anos,
tem sido notório um aumento do reconhecimento da importância dos microdados.
Microdados são dados relativos a determinada unidade de observação (como indivíduos,
famílias ou empresas). Normalmente, estão associados a um elevado volume de informação.
Por reconhecer a importância dos microdados e da sua utilização para fins de investigação e
na tomada de decisões políticas, em 2011, o Eurostat criou o European Statistics Code of Practice
para promover e facilitar o acesso a microdados, nos países europeus (Eurostat, 2011).
Também a OCDE, propôs a criação de um comité dedicado ao estudo de New Approaches to
Economic Challenges, cujo relatório apresentado em 2015 inclui a formulação de políticas de
forma integrada, recorrendo em particular a uma maior utilização de microdados (OCDE,
2015).
Em 2014, uma iniciativa no mesmo sentido teve lugar a nível nacional, tendo sido celebrado
um protocolo entre o Instituto Nacional de Estatística (INE), Fundação para a Ciência e
Tecnologia (FCT) e Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), com o
intuito de promover o acesso a bases de microdados e assim contribuir para o avanço do
conhecimento científico e tecnológico (INE, 2015).
Também em 2014, o Banco de Portugal criou o Laboratório de Investigação em Microdados
(BPLIM) com a missão de apoiar a produção de investigação e estudos sobre a economia
portuguesa, concedendo a investigadores internos e externos acesso a microdados
documentados e anonimizados, personalizados segundo as necessidades específicas de cada
investigador. Como o BPLIM permite um acesso remoto aos dados, tem também atraído
investigadores internacionais.
Uma fonte importante para as bases de microdados ao nível da empresa, sobre a economia
portuguesa é a Informação Empresarial Simplificada (IES). Tanto o INE como o BPLIM
disponibilizam aos investigadores bases de microdados baseados na IES. A IES constitui
uma declaração anual, obrigatória desde 2007, contendo um conjunto alargado de
informação relativa à situação económico-financeira das empresas em Portugal. No entanto,
a IES permite também aceder a informação contabilística e económica ao nível do
2
estabelecimento das empresas não financeiras portuguesas, através da informação reportada
no Anexo R. O objeto deste trabalho incidirá, essencialmente, sobre este Anexo.
Apesar do reconhecido valor desta informação desagregada por estabelecimento, até agora a
informação do Anexo R nunca foi disponibilizada para fins de investigação, tendo sido esse
subaproveitamento que motivou a escolha da questão da dissertação, uma vez que os
microdados ao nível do estabelecimento têm subjacente um enorme potencial por
permitirem um nível de análise mais refinado. Tanto quanto se sabe, não existe um único
trabalho que tenha como foco a informação reportada ao nível dos estabelecimentos contida
no referido Anexo R, em Portugal.
Mas a disponibilização destes dados exige o tratamento prévio de uma série de questões. É
necessário catalogar e, se possível, tratar problemas como quebras de série (nomeadamente
a provocada pela alteração do normativo contabilístico em 2010), inconsistências, e erros de
preenchimento por parte das empresas. Particularmente importante é a necessidade de
correção do identificador do estabelecimento atribuído pela empresa, que apresenta
incorreções que inviabilizam o acompanhamento dos estabelecimentos ao longo do tempo.
Assim, este trabalho tem vários objetivos. Pretende-se dar a conhecer a informação relevante
sobre o Anexo R, e documentar a construção de uma base de dados em painel com variáveis
harmonizadas ao longo de todo o período, que engloba informação económico-financeira
dos estabelecimentos das empresas não financeiras em Portugal (permitindo assim que estes
sejam devidamente acompanhados ao longo dos anos). Também se discute alguns problemas
que permanecem na base de dados e que devem ser tomados em consideração. Espera-se
que uma vez ultrapassados estes problemas estes dados possam vir ser disponibilizados pelo
BPLIM para fins de investigação.
Foi possível aceder aos dados reportados na IES no contexto de um estágio curricular
desenvolvido no BPLIM.
Em termos de estrutura, esta dissertação divide-se em 6 capítulos.
Após o presente capítulo introdutório, segue-se um capítulo dedicado ao enquadramento da
especificidade do Anexo R da IES, em particular no contexto da informação de natureza
estatística ao nível do estabelecimento e da sua importância. São ainda destacadas as
principais alterações introduzidas neste domínio. No terceiro capítulo apresentam-se várias
perspetivas sobre o conceito de estabelecimento, com especial enfoque no caso português.
3
Os aspetos de natureza metodológica são descritos no quarto capítulo, sendo exposto em
detalhe as etapas da construção da base de dados da Central de Balanços ao nível do
estabelecimento. No capítulo seguinte, procede-se à caracterização da referida base de dados,
mediante a análise de estatísticas descritivas relativas aos dados ao nível da empresa e do
estabelecimento. São também neste ponto abordadas questões de controlo da consistência
no reporte dos dados, nomeadamente pela comparação dos dados reportados ao nível da
empresa e do estabelecimento.
Por último, são alinhadas no capítulo final as principais conclusões e limitações deste
trabalho assim como um conjunto de sugestões para investigação futura.
4
2. Enquadramento
O Decreto-Lei n.º 8/2007, de 17 de janeiro, veio introduzir a IES, que constitui uma
declaração anual obrigatória para as empresas portuguesas contendo um conjunto alargado
de microdados relativos a informação económico-financeira. A IES está em vigor desde 2007
permitindo assim a obtenção de informação relativa aos anos de 2006 e seguintes.
A introdução da IES trouxe vantagens para as empresas, que passaram a reportar toda a
informação necessária num só momento, de forma desmaterializada, facilitando assim o
cumprimento das obrigações de reporte, e para as entidades recetoras da informação, tanto
a nível de cobertura como ao nível do detalhe (Banco de Portugal, 2008).
Através de um único formulário as empresas passaram a cumprir um conjunto de obrigações
que até então tinham de realizar separadamente, em momentos distintos:
- Entrega da declaração anual de dados contabilísticos e fiscais ao Ministério das
Finanças;
- Registo da prestação de contas na conservatória do registo comercial;
- Entrega de informação anual ao Instituto Nacional de Estatística (Inquérito Anual às
Empresas);
- Comunicação de dados contabilísticos ao Banco de Portugal (Inquérito Anual da
Central de Balanços).
As entidades sujeitas à obrigação de reporte da IES são: as sociedades comerciais e as
sociedades civis sob forma comercial; as sociedades anónimas europeias; as empresas
públicas; as sociedades com sede no estrangeiro e representação permanente em Portugal
(apenas a parte respeitante à representação permanente e não à sociedade estrangeira); e os
estabelecimentos individuais de responsabilidade limitada (Autoridade Tributária, Instituto
dos Registos e do Notariado I.P., Instituto Nacional de Estatística, Banco de Portugal, 2015).
Os microdados da IES alimentam diversas bases de dados, como a Central de Balanços (CB)
do Banco de Portugal, o Sabi da Bureau van Dijk e o Sistema de Contas Integradas das
Empresas (SCIE) do Instituto Nacional de Estatística (Oliveira, 2016).1 Todas estas bases de
1 Para uma comparação entre estas bases de dados ver Oliveira (2016).
5
dados podem ser acedidas para fins de investigação sendo uma importante fonte de
informação sobre a economia portuguesa à disposição dos investigadores.
A IES é composta por 21 Anexos: 11 referentes ao Imposto sobre o Rendimento das Pessoas
Coletivas (IRC), 1 respeitante ao Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS),
5 relativos ao Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), 1 relativo ao Imposto de Selo (IS)
e 3 associados a Informação Estatística (Autoridade Tributária, 2015a).2
Cada entidade tem de entregar uma folha de rosto acompanhada do(s) Anexo(s) necessário(s)
para o cumprimento das suas obrigações legais. As empresas não financeiras em Portugal
estão sujeitas à obrigação de reporte dos Anexos A e R, respeitantes a informação das contas
anuais não consolidadas (informações contabilísticas e demonstrações financeiras) e
informação relativa aos estabelecimentos da empresa, respetivamente. No entanto, a
informação que consta das bases de microdados acima referidas (CB, Sabi e SCIE) apenas
diz respeito ao Anexo A, ou seja, compreende apenas informação ao nível da empresa. No
entanto, a IES disponibiliza também informação ao nível do estabelecimento através do
Anexo R.
2.1. A Importância da Informação ao Nível do Estabelecimento
Em 2017, a OCDE realizou um estudo3 sobre como a criação de novas empresas pode afetar
o desenvolvimento e prosperidade regional (associada à criação de emprego e à inovação).
Optou por comparar as abordagens por empresas e por estabelecimentos. A utilização de
dados ao nível da empresa permitiu a utilização de dados mais harmonizados e para um maior
número de países da OCDE. Em contrapartida, a abordagem ao nível do estabelecimento
oferece a vantagem de considerar uma localização mais precisa, nomeadamente para a
distribuição do emprego.
Esse trabalho permitiu constatar que a utilização de dados ao nível da empresa pode ser uma
fonte de enviesamento significativa quando estes são usados para concluir sobre a localização
do emprego. As grandes empresas, com vários estabelecimentos, que têm tendência a ter
sedes em grandes cidades, podem ter uma quantidade substancial de estabelecimentos e de
trabalhadores fora da região onde se encontra localizada a sede. Caso todos os trabalhadores
2 A listagem dos anexos pode ser encontrada no Anexo 1. 3 OCDE. (2017). The geography of Firm Dynamics: Measuring Business Demography for Regional Development
6
dessas empresas sejam atribuídos à região da sede, a distribuição geográfica do emprego
representa um “enviesamento das sedes”. Segundo a OCDE, o “enviesamento das sedes”
corresponde a um desvio do peso real da região no total do emprego nacional de 1,4 pontos
percentuais, em média. As regiões das cidades-capital têm tendência a concentrar as sedes
das grandes empresas. Em média, controlam 7 pontos percentuais a mais da força de
trabalho, do que a que se localiza de facto na região (OCDE, 2017).
Com a utilização de indicadores ao nível dos estabelecimentos, as regiões correspondem à
localização física real da unidade de produção e dos seus trabalhadores, logo oferecem uma
valiosa perspetiva da distribuição geográfica real das unidades de produção no território.
Uma atribuição incorreta de uma fração do emprego, tem o potencial de introduzir um
enviesamento significativo na análise da distribuição regional de emprego, dado a magnitude
geral da mão-de-obra associada a empresas com vários estabelecimentos. Será de esperar que
este tipo de enviesamento afete também outras variáveis que caracterizam a empresa.
Da mesma forma, uma análise ao nível setorial poderá beneficiar da utilização de informação
ao nível do estabelecimento. Por vezes as empresas têm diversos estabelecimentos que
operam em diferentes atividades económicas. No entanto, tipicamente é atribuída uma
classificação única de atividade à empresa, o que pode levar a uma distorção no que concerne
a uma análise da distribuição setorial.
Para além do estudo citado existem outros estudos ao nível do emprego que utilizam
microdados dos estabelecimentos. Exemplo disso é o trabalho de Davis e Haltiwanger (1990)
que consideram os dados reportados por estabelecimento para estudar a criação e destruição
de emprego, nos Estados Unidos. Estes autores consideraram não só a criação (ou
destruição) bruta de emprego, que tem em conta os dados agregados, mas também os fluxos
de deslocações de trabalhadores. Os autores constataram que há grandes fluxos de
trabalhadores resultantes da realocação de empregos entre estabelecimentos. É também
realçado o peso considerável que os nascimentos e mortes de estabelecimentos têm na
criação e destruição de emprego local, contribuindo para 20% da criação bruta e 25% da
destruição bruta de emprego, respetivamente.
Bases de dados com este detalhe (microdados ao nível do estabelecimento) permitem ainda
estudar a distribuição espacial dos estabelecimentos, bem como a distribuição estratégica de
empresas com vários estabelecimentos, por exemplo, Gumpert, Steimer e Antoni (2018)
concluíram que quanto maior a distância de determinado estabelecimento à sede da empresa,
7
menor será a dimensão desse estabelecimento (sendo o tamanho do estabelecimento
definido tendo em conta as suas vendas e número de trabalhadores).
Também para Portugal existem vários estudos baseados em microdados ao nível do
estabelecimento. Estes estudos baseiam-se na base de dados dos Quadros de Pessoal (QP).
Esta base de microdados é a única disponível para efeitos de investigação com informação
ao nível do estabelecimento sobre Portugal.4 A base de dados dos QP contém um
identificador ao nível do estabelecimento, informação sobre a localização e a atividade
económica, e ainda informação sobre a força de trabalho no estabelecimento.
Os QP têm sido utilizados para estudar as decisões de localização de estabelecimentos (eg:
Guimarães, Figueiredo, Woodward, 2000), a relocalização de estabelecimentos já existentes
(eg: Holl, 2004) ou a deslocação de trabalhadores entre estabelecimentos ou postos de
trabalho, para diferentes regiões (eg: Tavares, Carneiro, Varejão, 2017). Este tipo de estudos
apenas é possível com recurso a bases de dados que permitem o acompanhamento do mesmo
estabelecimento ao longo do tempo. Mas perceber se um estabelecimento é ou não o mesmo
ao longo do tempo é uma questão complexa. Adiante haverá oportunidade de revisitar essa
questão.
2.2. O Anexo R da IES
O Anexo R deve ser entregue pelas empresas não financeiras que têm a obrigação de entrega
do Anexo A. As empresas que preenchem o Anexo R têm de disponibilizar informação
qualitativa e quantitativa por cada estabelecimento em território nacional até 2009, e por cada
estabelecimento em território nacional ou estrangeiro desde 2010 (até essa data as empresas
reportavam a informação quantitativa de todos os estabelecimentos no estrangeiro de forma
agregada).
O Anexo é constituído pelos seguintes quadros: 5
- Quadro 01: N.º de Identificação Fiscal;
4 Esta base de dados tem um universo diferente da IES pois contempla todas as empresas públicas e privadas (incluindo empresários em nome individual) em Portugal com pelo menos um trabalhador. Atualmente constituem uma obrigação anual de reporte por parte dos empregadores através do preenchimento do Relatório Único (desde 2010). 5 O Anexo R pode ser consultado no Anexo 2. Anteriormente a 2010 o Anexo R não continha o Quadro 04-A.
8
- Quadro 02: Exercício/ Período Fiscal;
- Quadro 03: Número de estabelecimentos da empresa (em território nacional e fora
de território nacional);
- Quadro 04: Estabelecimentos localizados no território nacional (Exercícios de 2009
e anteriores);
- Quadro 04-A: Estabelecimentos da empresa (Períodos de 2010 e seguintes);
- Quadro 05: Estabelecimentos localizados fora do território nacional (Exercícios de
2009 e anteriores).
Nos Quadros 04 e 04-A as empresas têm de indicar um conjunto de informações qualitativas
relativas ao estabelecimento, como morada, contactos, atividade, situação, se o
estabelecimento é ou não sede e ainda atribuir um número de ordem ao estabelecimento. A
cada estabelecimento a empresa deve atribuir um número de ordem único, sendo que ao
estabelecimento sede deve ser atribuído o número de ordem igual a um. Segundo as
indicações de preenchimento, “o número de ordem atribuído deve ser mantido em futuras IES. Nestas,
se o estabelecimento em causa cessar a actividade, não deve voltar a utilizar o número de ordem que lhe estava
atribuído em novos estabelecimentos. A estes deve ser atribuído o número de ordem imediatamente a seguir ao
do último número atribuído.” (Autoridade Tributária, 2015, p.4). Nesses Quadros é ainda pedido
um conjunto de variáveis quantitativas relativas ao estabelecimento, como o número de
pessoas ao serviço e variáveis da demonstração de resultados. No Quadro 05 são apenas
pedidas variáveis quantitativas relativas à informação agregada de todos os estabelecimentos
da empresa no estrangeiro, até 2010.
Todas as empresas não financeiras devem entregar o Anexo R e preencher, pelo menos, um
Quadro 04-A, visto que a sede é considerada um estabelecimento. Empresas que detêm só
um estabelecimento apenas devem preencher os campos 1 a 15 dos Quadros 04 ou 04-A,
para exercícios de 2009 e anteriores ou 2010 e seguintes, respetivamente. Ou seja, empresas
com apenas um estabelecimento, correspondente à sede, não têm de preencher informação
quantitativa desse estabelecimento, por se assumir que essa informação é idêntica à
informação quantitativa reportada pela empresa (informação que consta no Anexo A).
Para as restantes empresas, que têm dois ou mais estabelecimentos, a soma dos valores
reportados neste Anexo deve coincidir com o total reportado nas contas da empresa.
9
2.3. Alteração ao Sistema Contabilístico
O Anexo A e o Anexo R da IES foram reformulados em 2010 para acomodar a alteração do
normativo contabilístico. Até 2009, as empresas preenchiam a informação financeira de
acordo com o Plano Oficial de Contabilidade (POC). A partir de 2010, foi introduzido o
Sistema de Normalização Contabilística. Esta alteração teve impacto na comparabilidade de
algumas variáveis financeiras ao longo do tempo. Nomeadamente, algumas rubricas da IES
foram descontinuadas e outras foram introduzidas.
No Anexo A, em 2010 foram também introduzidos reportes diferenciados de acordo com a
dimensão da empresa. Estes são:
- as Normas Internacionais de Contabilidade (NIC’s);
- as Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF’s);
- a Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF-PE);
- a Norma Contabilística para Microentidades (NC-ME).
Como tal, as empresas classificadas como Pequenas Entidades e Microentidades reportam
algumas variáveis do Balanço e da Demonstração de Resultados com um maior nível de
agregação e estão dispensadas do reporte de algumas tabelas introduzidas em 2010.
Esta alteração não representou qualquer impacto a nível do Anexo R. No entanto, ao nível
deste Anexo, existem duas alterações a assinalar: 1) Em 2010, foi introduzido o Quadro 04-
A (Estabelecimentos da empresa - Exercícios de 2010 e seguintes) que solicita informação
mais desagregada. Neste Quadro, a informação referente às Vendas e Prestações de Serviços
passou a ser reportada de forma desagregada em duas rubricas distintas. A informação
referente ao Custo das Mercadorias Vendidas e das Matérias Consumidas e Fornecimentos e Serviços
Externos passou também a ser reportada separadamente. Adicionalmente, passou a ser
solicitado o reporte de sete novas rubricas: Compras; Aquisições em ativos biológicos; Aquisições em
ativos fixos tangíveis; Aquisições em ativos fixos tangíveis em edifícios e outras construções; Aquisições em
propriedades de investimento; Aquisições em propriedades de investimento em edifícios e outras construções e
Capitais próprios ou equiparados. 2) O Quadro 05 (Estabelecimentos localizados fora do
território nacional - Exercícios 2009 e anteriores) foi descontinuado a partir de 2010, uma
vez que é introduzida a obrigatoriedade de reportar informação para cada um dos
estabelecimentos que a empresa possua em território estrangeiro. Consequentemente, no
10
Quadro 04-A é introduzido o campo referente ao país onde o estabelecimento se encontra
localizado.
No Quadro 1, são apresentadas todas as variáveis reportadas no Anexo R. A coluna Plano
Contabilístico permite distinguir a informação reportada antes de 2009, de acordo com o
POC, da informação reportada a partir de 2010. Como se pode verificar, a alteração do
normativo contabilístico tem impacto no reporte de toda a informação, uma vez que a
introdução de novos Quadros levou à renomeação das rubricas da IES.
Quadro 1 - Variáveis disponíveis no Anexo R
Rubrica Descritivo Plano
Contabilístico
VF6014 Morada Estabelecimento Localizado no Território Nacional POC
VF6015 Situação Perante a Atividade Estabelecimento Localizado no Território Nacional
POC
VF6016 Atividade Principal Estabelecimento Localizado no Território Nacional POC
VF6017 CAE Rev.3 Estabelecimento Localizado no Território Nacional POC
VF6019 Estabelecimento sede? Sim/Não POC
VF6021 Distrito Estabelecimento Localizado no Território Nacional POC
VF6022 Concelho Estabelecimento Localizado no Território Nacional POC
VF6023 Freguesia Estabelecimento Localizado no Território Nacional POC
VF6035 Código Postal (4 dígitos) Estabelecimento Localizado no Território Nacional
POC
VF6036 Código Postal (3 dígitos) Estabelecimento Localizado no Território Nacional
POC
VF6247 Localidade Estabelecimento Localizado no Território Nacional POC
VF6024 FAX POC
VF6025 Telefone POC
VF6026 Email POC
VF17980 Nº de Ordem do Estabelecimento localizado no território nacional (TN) POC
VF17981 Nº médio de pessoas ao serviço durante o ano (TN) POC
VF17982 CMV e das matérias Consumidas e FSE´s (TN) POC
VF17983 Custos com Pessoal (TN) POC
VF17984 Remunerações (TN) POC
VF17985 Vendas e Prestações de Serviços (TN) POC
VF17986 Variação da produção (TN) POC
VF17987 Aumentos de imobilizado corpóreo (TN) POC
VF17988 Dos quais: Aumentos em edifícios e outras construções (TN) POC
VF17972 Estab Estrangeiros - Número médio de pessoas ao serviço durante o ano POC
VF17973 Estab Estrangeiros - CMVMC e FSE POC
VF17974 Estab Estrangeiros - Custos com o pessoal POC
VF17975 Estab Estrangeiros – Remunerações POC
VF17976 Estab Estrangeiros - Vendas e Prestações de serviços POC
11
Rubrica Descritivo Plano
Contabilístico
VF17977 Estab Estrangeiros - Variação da produção POC
VF17978 Estab Estrangeiros - Aumentos de imobilizado corpóreo POC
VF17979 Estab Estrangeiros - Dos quais: Aumentos em edifícios e outras construções
POC
VF53547 País (Define se é Estabelecimento Localizado fora ou no Território Nacional)
SNC
VF53548 Morada SNC
VF53549 Código Postal (4 dígitos) SNC
VF53550 Código Postal (3 dígitos) SNC
VF53551 Localidade SNC
VF53552 Distrito SNC
VF53553 Concelho SNC
VF53554 Freguesia SNC
VF53558 Situação Perante a Atividade SNC
VF53559 Atividade Principal SNC
VF53560 CAE Rev.3 SNC
VF53562 Estabelecimento sede? Sim/Não SNC
VF53555 FAX SNC
VF53556 Telefone SNC
VF53557 Email SNC
VF18009 Nº de Ordem do Estabelecimento SNC
VF18010 Nº médio de pessoas ao serviço durante o ano SNC
VF18011 Vendas SNC
VF18012 Prestação de Serviços SNC
VF18013 Variações nos Inventários da Produção SNC
VF18014 CMV e das matérias Consumidas SNC
VF18015 FSEs SNC
VF18016 Gastos com o pessoal SNC
VF18017 Remunerações SNC
VF18018 Compras SNC
VF18019 Aquisições em Ativos Biológicos SNC
VF18020 Aquisições em Ativos Fixos Tangíveis SNC
VF18021 Dos quais: Em edifícios e outras construções SNC
VF18022 Aquisições em propriedades de Investimento SNC
VF18023 Dos quais: Em edifícios e outras construções SNC
VF18024 Capitais Próprios ou Equiparados SNC
Fonte: Laboratório de Investigação em Microdados do Banco de Portugal
12
3. Identificação de Estabelecimento
3.1. Conceito de Estabelecimento
Para o trabalho a desenvolver é importante perceber qual é a definição de estabelecimento
utilizada na IES. No Anexo R da IES (Autoridade Tributária, 2015), consta a seguinte
definição de estabelecimento: “Estabelecimento – corresponde a uma empresa ou parte de uma empresa
(fábrica, oficina, mina, armazém, loja, escritório, entreposto, sucursal, filial, agência, etc.) situada num local
topograficamente identificado. Nesse local ou a partir dele exercem-se actividades económicas para as quais,
regra geral, uma ou várias pessoas trabalham (eventualmente a tempo parcial), por conta de uma mesma
empresa. A sede da empresa deve ser considerada como um estabelecimento.” (p.3)
Esta é a mesma definição de estabelecimento utilizada pelo INE, que por sua vez é
coincidente com a definição da Comunidade Económica Europeia (CEE, 1993). Essa
definição identifica um estabelecimento como um “local topograficamente definido”, ou
seja, cada estabelecimento está associado a uma e só uma morada.
Já a definição das Nações Unidas é um pouco mais abrangente. Para esta organização, o
conceito de estabelecimento engloba uma dimensão de localização e uma dimensão de tipo
de atividade. No entanto, está sempre presente a ideia da ligação de um estabelecimento a
um local específico (Nações Unidas, 2008).
3.2. Identidade do Estabelecimento
Embora seja relativamente consensual a identificação de um estabelecimento, mais complexo
se torna acompanhar um estabelecimento ao longo do tempo. Para que se possa fazer este
acompanhamento é necessário que exista um identificador único atribuído a cada
estabelecimento que permaneça o mesmo para diferentes reportes ao longo do tempo.
Idealmente esse identificador deverá ser atribuído pela firma pois esta, melhor que ninguém,
conhece o estabelecimento.6
Na ausência de um número identificador do estabelecimento atribuído pela empresa torna-
se necessário a criação do mesmo. Uma possibilidade é admitir, baseado no conceito de
estabelecimento acima discutido, que o estabelecimento é o mesmo enquanto permanece na
6 Este problema não é tão relevante para bases de dados ao nível da empresa pois estas geralmente dispõem de um identificador único como por exemplo o número de identificação fiscal.
13
mesma morada. Na prática, o identificador da empresa, em conjunto com a morada, permite
a criação de um identificador único para o estabelecimento. Esta forma de identificar os
estabelecimentos não admite a ideia de que possa existir relocalização de estabelecimentos
pois o estabelecimento está associado ao local onde se encontra. Note-se, no entanto, que de
acordo com a definição das Nações Unidas, mesmo que o estabelecimento permanecesse na
mesma morada, seria considerado um estabelecimento diferente caso ocorresse uma
alteração da atividade económica.
3.2.1. Casos Internacionais
Uma visão alternativa foi introduzida pela criação do painel de dados National Establishment
Time Series (NETS) que contém informação sobre os estabelecimentos de empresas nos
Estados Unidos da América. A NETS considera que um estabelecimento pode alterar a
morada e manter-se o mesmo, se outros indicadores, como o email, o contacto e o número
de pessoas ao serviço se mantenham os mesmos. Nesse caso a alteração de morada é
considerada como uma relocalização de um estabelecimento e não como uma alteração de
estabelecimento (Neumark, Zhang e Wall, 2005).
Esta base de dados foi criada em parceria da Walls & Associates com a Dun and Bradstreet,
com o objetivo de descrever, de forma mais precisa, a dinâmica da economia americana.
Acompanha mais de 52 milhões de estabelecimentos e contém ainda informação detalhada
sobre relocações de estabelecimentos, nomeadamente a origem e o destino da mudança,
emprego e vendas no ano da mudança, distância da mudança e se é a primeira vez que o
estabelecimento muda de localização. A Walls & Associates utiliza a base de dados NETS
para condução de investigação própria e licencia a base de dados a investigadores (Walls &
Associates, 2013).
Na Alemanha, o Painel de Estabelecimentos do Instituto de Pesquisas sobre Emprego (IAB),
que resulta de uma investigação anual de estabelecimentos, representa todas as indústrias e
dimensões de estabelecimentos do país. Todos os anos são inquiridos cerca de 16.000
estabelecimentos. A cada estabelecimento é atribuído um número diferente. O número não
se altera por haver mudança de morada, no entanto altera-se se ocorrer uma mudança do
proprietário do estabelecimento ou do setor de atividade do estabelecimento, mesmo
mantendo a sua morada (Fischer, Janik, Müller e Schmucker, 2009).
14
3.2.2. Caso Português
Como já anteriormente referido, em Portugal existe uma importante base de dados ao dispor
dos investigadores com informação ao nível do estabelecimento: os Quadros de Pessoal.
Os Quadros de Pessoal são uma base de dados administrativa recolhida com periodicidade
anual pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social desde 1982. Através
desta base de dados é possível obter informação acerca da localização (distrito, concelho e
freguesia), da atividade económica principal e do número de trabalhadores dos
estabelecimentos de todas as entidades empregadoras em Portugal. Os QP disponibilizam
também um identificador único para cada estabelecimento.
O conceito de estabelecimento utilizado nos Quadros de Pessoal é semelhante ao do Anexo
R. No entanto, a metodologia de atribuição de um identificador de estabelecimento nos
Quadros de Pessoal sofreu modificações ao longo do tempo. Infelizmente, não existe
qualquer documentação disponível a explicar essas alterações. De facto, até 2010 o
identificador era atribuído de forma sequencial a cada um dos estabelecimentos da empresa.
Isto significa que a identificação única do estabelecimento se faz através da combinação desse
identificador com o da empresa. No entanto, em 1991 a atribuição do identificador do
estabelecimento foi alterada inviabilizando o acompanhamento dos estabelecimentos das
empresas com mais que um estabelecimento. A partir de 2010 passou a existir um
identificador único por estabelecimento dispensando a necessidade de utilização do
identificador da empresa. Este novo identificador é único para cada morada da empresa. Ou
seja, a identificação do estabelecimento coincide com a sua localização. Anteriormente a
2010, era possível que um estabelecimento mantivesse o mesmo identificador mesmo que
mudasse de morada. Esta alteração metodológica é mais grave pois tem por base uma
alteração na forma de atribuição do identificador do estabelecimento.
Diferenças entre os QP e os dados do Anexo R
O âmbito da análise que é possível realizar recorrendo aos Quadros de Pessoal é bastante
diferente do que seria possível recorrendo à informação reportada na IES, por variadas
razões. A título de exemplo:
- As bases de dados não dizem respeito à mesma população. Os Quadros de Pessoal
englobam informação sobre todas as empresas com trabalhadores assalariados, enquanto a
15
IES reporta informação para sociedades não financeiras a operar em Portugal.
Adicionalmente, nos Quadros de Pessoal, as empresas reportam informação
maioritariamente para os estabelecimentos localizados em território nacional, enquanto a IES
disponibiliza informação de estabelecimentos nacionais e estrangeiros de empresas
portuguesas;
- As variáveis disponíveis constituem outra diferença relevante entre as bases de dados.
A IES reporta variáveis contabilísticas como o volume de negócios e custos por
estabelecimento, enquanto os Quadros de Pessoal permitem identificar e caraterizar os
trabalhadores de cada estabelecimento;
- Os dados reportam a períodos de referência diferentes. Enquanto os Quadros de
Pessoal reportam ao mês de outubro, os dados da IES dizem respeito a todo o período fiscal.7
Por esta razão pode haver diferenças no número de trabalhadores reportados para a mesma
entidade em ambas as bases de dados, por exemplo.
Torna-se, por isso, extremamente relevante dar a conhecer os dados ao nível do
estabelecimento reportados na IES. Para além de problemas comuns como a dificuldade de
acesso aos dados, devido à sua disponibilização estar condicionada, por questões de
confidencialidade, uma importante razão que leva ao subaproveitamento desta informação é
o facto de os dados não estarem ainda organizados de modo a serem explorados nem sujeitos
a qualquer controlo, pelo que precisam de ser harmonizados, tratados e corrigidos.
7 Desde 1994, os dados dos Quadros de Pessoal reportam ao mês de outubro. Até 1993, os dados tinham como período de referência o mês de março.
16
4. Metodologia
Para a análise descrita abaixo, foram considerados os dados do Anexo R referentes à extração
de junho de 2018 disponibilizados pelo BPLIM, com informação para o período
compreendido entre 2007 e 2016,8 perfazendo um total de 4.162.599 observações/
estabelecimentos-ano.9 Estes dados foram cruzados com a informação ao nível da empresa
disponível no painel harmonizado da Central de Balanços (extração de junho de 2018).
Com o propósito de verificar se o identificador do estabelecimento atribuído pela empresa
permitia acompanhar os estabelecimentos ao longo do tempo, foi necessário construir um
painel com todos os estabelecimentos reportados.
A construção do painel dos estabelecimentos envolveu duas etapas: a harmonização das
variáveis e o preenchimento de informação não reportada (variáveis quantitativas para
empresas com um estabelecimento e falta de preenchimento de identificadores dos
estabelecimentos).
4.1. Criação do Painel de Estabelecimentos
4.1.1. Harmonização das Variáveis
Como foi referido anteriormente, a alteração do normativo contabilístico em 2010 levou à
reformulação dos Quadros nos quais as empresas reportam a informação qualitativa e
quantitativa para cada um dos estabelecimentos e à alteração dos nomes das rubricas. Para
que seja possível utilizar esta informação torna-se necessária a construção de um painel com
variáveis harmonizadas ao longo de todo o período. No Quadro 2 estão listadas essas
variáveis, assim como as correspondências entre as rubricas em POC e em SNC.
Uma das variáveis criadas foi o identificador do estabelecimento (id_estab), que corresponde
ao identificador atribuído pela empresa. Este identificador é único dentro de cada empresa,
ou seja, para identificar um estabelecimento é necessário conjugar o seu identificador com o
número de identificação fiscal da empresa (NIPC).
8 Os dados para o ano de 2006, o primeiro ano fiscal a ser reportado, não foram considerados, uma vez que uma grande proporção da informação, incluindo os identificadores dos estabelecimentos, não foi reportada. 9 Até 2010, a base de dados inclui apenas estabelecimentos localizados em território nacional.
17
Criou-se ainda um conjunto de variáveis relativas à localização do estabelecimento (morada,
distrito, concelho, freguesia, cod_post4, cod_post3, localidade e pais), à atividade do estabelecimento
(situacao,10 atividade e cae), aos contactos do estabelecimento (fax, telefone e email) e variáveis
quantitativas do estabelecimento (nps, cmvmc_fse, gastos_pessoal, remuneracoes, vn e var_producao).
Adicionalmente, criou-se a variável sede, uma variável binária que identifica se o
estabelecimento é ou não sede da empresa.
Quadro 2 - Correspondência das variáveis em POC e SNC
Variável Descritivo Rubrica
POC Rubrica
SNC
id_estab Identificador do Estabelecimento VF17980 VF18009
morada Morada do Estabelecimento VF6014 VF53548
situacao Situação Perante a Atividade VF6015 VF53558
atividade Atividade Principal do Estabelecimento VF6016 VF53559
cae CAE VF6017 VF53560
sede Estabelecimento sede VF6019 VF53562
distrito Distrito VF6021 VF53552
concelho Concelho VF6022 VF53553
freguesia Freguesia VF6023 VF53554
cod_post4 Código Postal (4 dígitos) VF6035 VF53549
cod_post3 Código Postal (3 dígitos) VF6036 VF53550
localidade Localidade VF6247 VF53551
fax FAX VF6024 VF53555
telefone Telefone VF6025 VF53556
email Email VF6026 VF53557
pais País na VF53547
nps Nº médio de pessoas ao serviço durante o ano VF17981 VF18010
cmvmc_fse CMVMC e Fornecimentos e Serviços Externos
VF17982 VF18014
VF18015
gastos_pessoal Gastos com o pessoal VF17983 VF18016
remuneracoes Remunerações VF17984 VF18017
vn Vendas e Prestações de Serviços (TN) VF17985 VF18011
VF18012
var_producao Variações nos Inventários da Produção VF17986 VF18013
Fonte: Laboratório de Investigação em Microdados do Banco de Portugal
10 Variável que indica se o estabelecimento aguarda início de atividade, está em atividade, tem atividade suspensa ou cessou a atividade.
18
4.1.2. Preenchimento de Informação Não Reportada
De acordo com as instruções de preenchimento do Anexo R, as empresas constituídas por
um único estabelecimento têm apenas de preencher as variáveis qualitativas, uma vez que as
variáveis contabilísticas devem corresponder às reportadas ao nível da empresa. Assim, foi
necessário substituir os valores missing das variáveis quantitativas ao nível do estabelecimento
pelos valores reportados ao nível da empresa. Para esse fim, foi necessário definir a
correspondência direta entre as variáveis disponíveis no painel harmonizado da CB e as
rubricas reportadas no Anexo R, como ilustrado no Quadro 3.
Quadro 3 - Correspondência entre variáveis da empresa e dos estabelecimentos
Descritivo Variável da
empresa
Variável do estabelecimento
POC SNC
Vendas D002 VF17985
VF18011
Prestações de serviços DL017 VF18012
CMVMC D025 VF17982
VF18014
FSE D026 VF18015
Número de pessoas ao serviço E001 VF17981 VF18010
Gastos com pessoal D029 VF17983 VF18016
Remunerações D030 VF17984 VF18017
Variação de produção D006 VF17986 VF18013
Fonte: Laboratório de Investigação em Microdados do Banco de Portugal
4.2. Verificação e Correção dos Identificadores dos Estabelecimentos
Depois de criar a base de dados em painel, importa verificar se o identificador permite
acompanhar o estabelecimento ao longo do tempo. Para tal, foi previamente necessário
preencher o número de identificação dos estabelecimentos sempre que estes não foram
reportados. Na base de dados, existiam 6.380 observações sem número de identificação
atribuído, especialmente nos primeiros anos de reporte (aproximadamente 82% em 2007),
como se constata pela Tabela 1.
19
Tabela 1 - Número de identificadores do estabelecimento por preencher, por ano
Ano Número de identificadores
por preencher Peso (%)
2007 5.244 82,19
2008 330 5,17
2009 103 1,61
2010 199 3,12
2011 504 7,90
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
Torna-se, então, necessário o seu preenchimento manual, como explicado abaixo.
Para empresas com apenas um estabelecimento num determinado ano, assume-se que esse
estabelecimento corresponde à sede. Como tal, de acordo com as instruções de
preenchimento dever-se-á atribuir um identificador igual a um.
Para empresas com mais do que um estabelecimento, sem identificador preenchido e sem
informação para os outros anos, confirmou-se qual das moradas dos estabelecimentos
corresponde à morada da empresa (preenchida na folha de rosto) e assumiu-se que esse
estabelecimento corresponde à sede. Logo, atribuiu-se um identificador igual a 1 a esse
estabelecimento e o(s) número(s) seguinte(s) ao(s) restante(s).
Nos casos em que a morada da empresa não corresponde à morada de nenhum dos
estabelecimentos, recorreu-se a outras variáveis reportadas para cada estabelecimento, como
as relacionadas com a sua localização, com o intuito de verificar qual se aproxima mais da
localização reportada pela empresa.
Ao preencher o identificador para determinado estabelecimento teve-se sempre em atenção
a informação reportada para outros anos, mantendo assim coerência na atribuição dos
identificadores, segundo o critério da morada.
Ao longo deste processo, foi possível verificar que existiam inconsistências na atribuição do
identificador do estabelecimento que impossibilitavam acompanhar o mesmo
estabelecimento ao longo do tempo. Como tal, todos os identificadores foram verificados e
corrigidos, quando necessário, de acordo com os critérios apresentados de seguida.
20
4.2.1. Critérios de Correção dos Identificadores
No procedimento de correção dos identificadores, admitiu-se que o número de identificação
foi corretamente atribuído se um estabelecimento em anos consecutivos é identificado como
sendo o mesmo pela empresa e a sua morada se mantém inalterada. Ou seja, assume-se que
a cada morada corresponde apenas um identificador ao longo do tempo.
Este processo seria facilitado se cada morada fosse escrita de maneira idêntica ao longo dos
anos, permitindo assim automatizar o processo de verificação de consistência dos
identificadores. Ao analisar os dados, facilmente se percebeu que as empresas reportam uma
mesma morada de variadas maneiras: moradas com recurso a abreviaturas, mais ou menos
completas, por vezes com erros ortográficos ou escritas por outra ordem.
Para tentar minimizar essas diferenças, as moradas foram corrigidas e harmonizadas,
eliminando a utilização de abreviaturas, os erros ortográficos e moradas sem informação
relevante para a análise (como moradas preenchidas com o nome da empresa). O Anexo 3
ilustra alguns exemplos de abreviaturas que foram substituídas pela sua versão por extenso.
Após este passo, foi possível implementar um processo semiautomático de verificação dos
identificadores. Numa primeira fase, recorreu-se ao Stata e ao programa dtalink para
identificar moradas consideradas idênticas. O programa dtalink recorre a fuzzy match, através
do método de ligação probabilística (probabilistic linkage method) e considerou a similitude da
morada, código postal, localidade e concelho, por empresa (Kranker, 2018). Este
procedimento gerou um código único para todas as observações com informação de
localização semelhante. Sempre que a cada código gerado esteja associado um e só um
identificador de estabelecimento, assume-se que este último foi corretamente atribuído pela
empresa e que não é necessária verificação manual. Para os restantes casos, foi feita uma
verificação manual de acordo com os critérios detalhados abaixo.
Nos casos em que a empresa atribui o mesmo identificador a estabelecimentos com moradas
diferentes é necessário confirmar se existe uma incoerência na atribuição do identificador do
estabelecimento ou se o estabelecimento é considerado o mesmo, mas ocorreu uma alteração
de morada. Para tal, criou-se uma variável adicional que identifica todas as mudanças de
moradas dos estabelecimentos. Esta nova variável torna possível aos investigadores optarem
por considerar as alterações de morada como a criação de um novo estabelecimento ou como
a relocalização de um estabelecimento já existente. Identificam-se, portanto, dois cenários
diferentes:
21
1. Quando um estabelecimento tem uma morada que corresponde à de um outro
estabelecimento, é provável que a empresa tenha trocado os identificadores que atribuiu a
ambos os estabelecimentos. Nesse caso, não se considera que os estabelecimentos mudaram
de morada, apenas se corrigem os identificadores, passando a morada a ser consistente para
cada estabelecimento ao longo dos anos. Uma breve ilustração desta situação, para uma
empresa fictícia, encontra-se na Tabela 2, onde se optou por corrigir os identificadores no
ano de 2008.
Tabela 2 - Exemplo de correção de identificador do estabelecimento
Ano Morada id_estab original
id_estab corrigido
2007 Rua A 1 1
2008 Rua B 1 2
2009 Rua A 1 1
2010 Rua A 1 1
2011 Rua A 1 1
2012 Rua A 1 1
2007 Rua B 2 2
2008 Rua A 2 1
2009 Rua B 2 2
2010 Rua B 2 2
2011 Rua B 2 2
2012 Rua B 2 2
Pode ainda acontecer que o reporte esteja de acordo com as regras de preenchimento, mas
haja lugar a correção de identificadores. O estabelecimento sede da empresa é um desses
casos. Tal como referido anteriormente, ao estabelecimento sede é atribuído o identificador
1. No entanto, um estabelecimento pode deixar de ser sede e, por consequência, o seu
identificador muda de 1 para outro número de ordem, o que impede que esse
estabelecimento seja acompanhado ao longo dos anos. Assim, a correção do identificador
passa a permitir o seu acompanhamento sem perda de informação, já que existe uma variável
dummy que indica se cada estabelecimento é ou não a sede da empresa.
2. Quando a morada do estabelecimento em análise não está associada a nenhum outro
identificador, importa identificar se um estabelecimento é o mesmo ou não ao longo do
tempo recorrendo a outras variáveis para além das referentes à localização do
estabelecimento. Nomeadamente, considerou-se que o estabelecimento é o mesmo e muda
22
de morada sempre que se mantém a consistência temporal da atividade económica do
estabelecimento (cae, atividade e situacao), assim como do número de pessoas ao serviço (nps) e
do volume de negócios (vn). Quando se trata de uma potencial alteração de morada no caso
do estabelecimento sede, recorre-se ao Portal da Justiça11 para confirmar tal alteração. Esta
situação encontra-se ilustrada na Tabela 3.
Tabela 3 - Exemplo de identificação de mudança de morada
Ano Morada id_estab original
mud_morada
2007 Rua A 1
2008 Rua A 1
2009 Rua A 1
2010 Rua C 1 1
2011 Rua C 1
2012 Rua C 1
2007 Rua B 2
2008 Rua B 2
2009 Rua B 2
2010 Rua B 2
2011 Rua B 2
2012 Rua B 2
Por último, importa salientar que devido à maior complexidade da análise dos dados para as
empresas com 3 ou mais estabelecimentos em determinado ano, utilizou-se o software
OpenRefine para agilizar o processo de identificação de identificadores mal atribuídos. O
ganho de utilização deste software é crescente no número de estabelecimentos. O OpenRefine é
uma ferramenta desenvolvida pela Google que contribui para a exploração e limpeza de bases
de dados de grande dimensão. Foi possível, dentro de cada empresa, organizar as
observações por concelho, facilitando assim a identificação de moradas semelhantes com
diferentes identificadores para diferentes anos. Foi ainda possível, corrigir as moradas através
de clustering (agrupar dados diferentes, mas semelhantes), juntando assim moradas iguais, mas
escritas de maneiras distintas. A criação de um cluster tem por base um de dois métodos: Key
collision e Nearest neighbor, sendo que o primeiro tem a vantagem de ser mais rápido e originar
menos falsos positivos (por ter parâmetros mais exigentes), no entanto o segundo método
11 https://publicacoes.mj.pt/Pesquisa.aspx
23
pode ser capaz de agrupar moradas idênticas que não são identificadas pelo primeiro
(OpenRefine, 2018).
Corrigiram-se, no total, 93.771 identificadores de estabelecimentos, distribuídos de forma
relativamente uniforme ao longo dos anos (ver Tabela 4). Ao todo, 7.604 empresas
necessitaram de correção nos identificadores, para que estes se tornassem consistentes.
Tabela 4 - Correções efetuadas ao identificador dos estabelecimentos, por ano
Ano Número de empresas Número de observações
2007 2.841 11.815
2008 2.369 10.492
2009 2.261 9.856
2010 2.082 8.600
2011 2.130 8.400
2012 2.302 8.940
2013 2.413 8.946
2014 2.561 8.556
2015 2.690 9.042
2016 2.924 9.124
Total 7.604 93.771
4.3. Eliminação de Duplicados
Ao longo deste processo considerou-se que quando existem dois estabelecimentos, para um
mesmo ano, com as variáveis qualitativas exatamente iguais e as variáveis quantitativas apenas
preenchidas para um desses estabelecimentos (e o segundo estabelecimento apresenta
valores missing), um desses estabelecimentos consiste num duplicado. Para a observação sem
informação nas variáveis quantitativas, atribui-se valor 1 à variável dummy dup, o que implica
que mais tarde a observação será eliminada.
Em alguns desses casos, se um estabelecimento x tem apenas o nps (e mais nenhuma variável
quantitativa preenchida) e existe um outro estabelecimento y (para o mesmo ano) com a
mesma morada e com as restantes variáveis qualitativas iguais, que possui todas as variáveis
quantitativas preenchidas (incluindo remunerações) à exceção do nps, considera-se necessário
corrigir o nps, atribuindo o valor preenchido ao estabelecimento y com as restantes variáveis
preenchidas e eliminando o estabelecimento x, que tem essas variáveis missing (dup=1).
24
Tabela 5 - Eliminação de duplicados
Ano Número de observações duplicadas
Número de empresas com duplicados
2007 73 72
2008 44 44
2009 26 26
2010 3 3
2011 1 1
2012 1 1
2013 3 3
2014 2 2
2015 2 2
2016 0 0
Total 155 93
Ao todo, foram eliminadas 155 observações, de 93 empresas diferentes, por cumprirem os
critérios necessários para serem consideradas duplicados. Através da análise da Tabela 512 é
notória a persistência temporal de estabelecimentos sem informação quantitativa preenchida,
principalmente nos primeiros anos de reporte da IES, entre 2007 e 2009.
12 O número total de empresas com duplicados é inferior ao somatório do número de empresas por ano o que é justificado pelo facto de mesmas empresas apresentarem observações duplicadas em diferentes anos.
25
5. Análise da Base de Dados
5.1. Descrição da Base de Dados
O objetivo deste capítulo é fazer uma breve caracterização da base de dados, que engloba
informação económico-financeira das empresas não financeiras em Portugal, bem como dos
seus estabelecimentos.
A primeira parte desta análise incidirá sobre os dados reportados ao nível da empresa; segue-
se a análise da informação reportada ao nível dos estabelecimentos, com maior ênfase no
que respeita a estabelecimentos localizados em território nacional e complementada, de
modo mais sucinto, com dados relativos a estabelecimentos localizados no estrangeiro.
Cada observação corresponde, para um dado ano, a um estabelecimento, contendo não só
informação relativa a esse estabelecimento, mas também informação agregada da empresa
que o reportou. Por consequência, nos casos de empresas com apenas um estabelecimento,
a informação é coincidente.
Estas observações podem ser classificadas segundo várias dimensões, sendo as seguintes
consideradas na presente dissertação:
- Cronológica, segundo o ano a que dizem respeito;
- Segundo o número de estabelecimentos;
- Espacial, distribuição por distrito;
- Demográfica, analisando taxas de natalidade e mortalidade e a idade de empresas;
- Por setor de atividade, segundo a CAE.
Cada dimensão pode ainda ser dividida considerando os dados reportados pela empresa ou
os dados reportados por estabelecimento. Por outro lado, é por vezes interessante poder aliar
várias dimensões, para perceber, por exemplo, de que forma a localização ou o tipo de
atividade pode influenciar o número de estabelecimentos de uma empresa.
26
5.1.1. Análise dos Dados ao Nível da Empresa
A base de dados em painel que engloba as empresas não financeiras em Portugal é composta
por 3.803.622 observações.13 Durante a década considerada (2007-2016) foram identificadas
634.494 empresas distintas, divididas ao longo do período de análise do modo que se
apresenta na Tabela 6. Para cada ano, as empresas foram divididas entre três categorias:
empresas com apenas um estabelecimento – “1 Estab”, empresas com dois ou mais
estabelecimentos (mas exclusivamente em território nacional) – “Multi Nac” - e empresas
com, pelo menos, um estabelecimento no estrangeiro – “Multi Est”. A Tabela 6 apresenta o
número de empresas não financeiras em Portugal, por ano, bem como a percentagem das
mesmas que pertence a cada uma das categorias acima referidas.
Tabela 6 - Número e distribuição de empresas (2007-2016)
Ano Empresas 1 Estab (%) Multi Nac (%) Multi Est (%)
2007 358.978 96,14 3,82 0,045
2008 369.207 96,44 3,51 0,051
2009 369.244 96,58 3,37 0,048
2010 369.968 96,90 3,05 0,041
2011 378.637 96,98 2,98 0,039
2012 379.189 97,18 2,78 0,042
2013 384.157 97,31 2,65 0,045
2014 389.994 97,36 2,60 0,043
2015 399.357 97,41 2,55 0,042
2016 404.891 97,50 2,46 0,042
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
Pode-se verificar que, de 2007 a 2016, o número de empresas registou um aumento líquido
de cerca de 46 mil, em termos absolutos, ou 12,8%, o que equivale a uma taxa média anual
de crescimento de 1,35%. Constata-se que mais de 95% das empresas reportaram apenas um
estabelecimento sede, tendo essa percentagem aumentado mais de um ponto percentual ao
longo da década considerada, atingindo os 97,5%, em 2016. É ainda possível concluir que a
peso de empresas com presença no estrangeiro apenas em 2008 excede, e ligeiramente, os
0,05%.
13 Foram ainda eliminadas 1.542 empresas-ano por, pelo menos um período, não preencherem o Anexo R da IES. Ao nível dos estabelecimentos, estas empresas representam 9.122 observações.
27
Distribuição espacial das empresas
Não só é importante perceber como evoluiu o número de empresas, mas também como
evoluiu a sua distribuição espacial, aferindo quais os distritos que registaram um aumento do
seu peso relativo ao longo desta década. Neste ponto, foi considerado o distrito que é
reportado pelas empresas no Anexo A, o qual deve corresponder ao distrito onde se
localizam as respetivas sedes. Os valores na Tabela 7 representam o peso relativo das
empresas por cada distrito para os anos de 2007 e 2016 e a taxa de crescimento do número
de empresas para cada distrito (e para todo o país), ao longo do período considerado.
Tabela 7 - Distribuição espacial das empresas, em 2007 e 2016
Distrito das empresas 2007 2016 Var %
Aveiro 6,43 6,32 10,8%
Beja 0,99 1,16 32,8%
Braga 7,20 7,92 24,1%
Bragança 0,82 0,94 29,5%
Castelo Branco 1,42 1,44 14,9%
Coimbra 3,48 3,44 11,5%
Évora 1,37 1,44 18,8%
Faro 4,94 4,86 11,1%
Guarda 1,09 1,09 12,7%
Leiria 5,31 4,99 5,9%
Lisboa 29,10 28,33 9,9%
Portalegre 0,80 0,85 19,8%
Porto 17,35 17,98 16,9%
Santarém 3,95 3,70 5,8%
Setúbal 6,23 5,87 6,3%
Viana do Castelo 1,71 1,88 23,8%
Vila Real 1,23 1,35 23,8%
Viseu 2,60 2,73 18,5%
Angra do Heroísmo 0,30 0,33 27,0%
Horta 0,15 0,21 64,1%
Ponta Delgada 0,65 0,76 32,9%
Funchal 2,91 2,39 -7,1%
Total 100 100 12,8%
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
Os distritos de Lisboa, Porto e, em menor escala, Braga, dominam a distribuição espacial das
empresas, perfazendo no seu conjunto mais de metade do total.
28
Por sua vez, no que respeita à dinâmica de crescimento do período em análise destacam-se
os distritos de Horta, Ponta Delgada, Beja, Bragança e Angra do Heroísmo, que foram os
que registaram um maior crescimento do seu peso relativo no total das empresas. Qualquer
um destes distritos registou uma taxa de crescimento do número de empresas (última coluna
da Tabela 7) de, pelo menos, o dobro da taxa média a nível nacional (12,8%). Destaque ainda
para o Funchal, por se tratar do único distrito que registou uma diminuição do número de
empresas no período em análise.
Considerando agora apenas o ano de 2016, procedeu-se à divisão das empresas nas três
categorias 1 Estab, Multi Nac e Multi Est, conforme anteriormente descrito. Apresenta-se
na Tabela 8 as proporções de cada categoria por distrito.
Tabela 8 - Distribuição por categoria de empresas, por distrito, em 2016
Distrito da empresa 1 Estab Multi Nac Multi Est
Aveiro 98,08 1,88 0,04
Beja 98,36 1,64 0,00
Braga 98,12 1,81 0,06
Bragança 98,34 1,63 0,03
Castelo Branco 97,13 2,87 0,00
Coimbra 97,13 2,86 0,01
Évora 96,97 3,01 0,02
Faro 96,59 3,39 0,03
Guarda 98,03 1,92 0,05
Leiria 97,84 2,14 0,01
Lisboa 97,31 2,63 0,06
Portalegre 97,11 2,86 0,03
Porto 97,45 2,50 0,05
Santarém 97,54 2,42 0,05
Setúbal 97,51 2,47 0,01
Viana do Castelo 98,39 1,59 0,01
Vila Real 98,36 1,64 0,00
Viseu 97,97 1,98 0,05
Angra do Heroísmo 94,60 5,40 0,00
Horta 97,23 2,77 0,00
Ponta Delgada 93,58 6,42 0,00
Funchal 97,69 2,28 0,03
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
Pela análise da tabela, constata-se que em todos os distritos mais de 95% das empresas têm
apenas um estabelecimento, com a exceção de Angra do Heroísmo e Ponta Delgada, que
29
apresentam proporções ligeiramente maiores de empresas com dois ou mais
estabelecimentos.
Complementarmente, comparou-se o peso que cada distrito tem para cada uma das
categorias, em 2016, tal como está representado na Tabela 9. Nas últimas três colunas são
apresentados os coeficientes de especialização de cada distrito, tendo em conta cada uma das
três categorias de empresas.
Tabela 9 - Distribuição espacial por categoria de empresas e coeficientes de especialização, em 2016
Distrito da empresa
(A) Empresas
(B) 1 Est
(C) Multi Nac
(D) Multi Est
(B)/(A) (C)/(A) (D)/(A)
Aveiro 6,32 6,36 4,83 5,92 1,006 0,764 0,936
Beja 1,16 1,17 0,77 0,00 1,009 0,665 0,000
Braga 7,92 7,97 5,83 11,83 1,006 0,737 1,495
Bragança 0,94 0,95 0,62 0,59 1,009 0,663 0,630
Castelo Branco 1,44 1,44 1,69 0,00 0,996 1,168 0,000
Coimbra 3,44 3,42 4,00 1,18 0,996 1,163 0,344
Évora 1,44 1,43 1,77 0,59 0,995 1,226 0,410
Faro 4,86 4,82 6,70 2,96 0,991 1,377 0,608
Guarda 1,09 1,10 0,85 1,18 1,005 0,782 1,085
Leiria 4,99 5,01 4,35 1,78 1,004 0,872 0,356
Lisboa 28,33 28,28 30,29 39,05 0,998 1,069 1,378
Portalegre 0,85 0,84 0,98 0,59 0,996 1,162 0,699
Porto 17,98 17,97 18,28 23,08 0,999 1,016 1,283
Santarém 3,70 3,70 3,64 4,14 1,000 0,982 1,119
Setúbal 5,87 5,87 5,90 1,78 1,000 1,006 0,302
Viana do Castelo 1,88 1,89 1,22 0,59 1,009 0,647 0,315
Vila Real 1,35 1,37 0,90 0,00 1,009 0,668 0,000
Viseu 2,73 2,74 2,20 2,96 1,005 0,807 1,085
Angra do Heroísmo 0,33 0,32 0,73 0,00 0,970 2,194 0,000
Horta 0,21 0,21 0,24 0,00 0,997 1,128 0,000
Ponta Delgada 0,76 0,73 1,99 0,00 0,960 2,610 0,000
Funchal 2,39 2,40 2,22 1,78 1,002 0,927 0,741
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
Os coeficientes relativos a empresas com apenas um estabelecimento (B) são todos
relativamente próximos de 1, o que faz sentido considerando que essas empresas
representam a maior parte das empresas consideradas em (A).
Para os restantes coeficientes isso já não acontece. Beja, Bragança, Viana do Castelo e Vila
Real são exemplos de distritos cujo peso relativo para empresas com dois ou mais
estabelecimentos (tanto (C) como (D)) é consideravelmente mais baixo relativamente ao peso
30
que esses distritos representam na totalidade das empresas. Pelo contrário, Braga destaca-se
pelo seu peso relativo nas empresas que possuem 1 ou mais estabelecimentos no estrangeiro,
comparando com o seu peso global. Ainda mais evidentes são os exemplos de Ponta Delgada
e Angra do Heroísmo, que apresentam coeficientes superiores a 2 na categoria “Multi Nac”,
corroborando o destaque que já havia sido realçado no comentário à Tabela 8.
No Anexo 4, representam-se espacialmente os pesos relativos de cada distrito de Portugal
continental no total das empresas e, bem assim, segundo a dimensão associada a cada uma
das três categorias analisadas. Pela análise das Figuras, confirma-se que Lisboa e Porto têm
sempre um peso elevado no total das empresas, seja qual for a categoria considerada. O
distrito de Faro destaca-se pelo seu peso relativo quando se considera apenas as empresas
com dois ou mais estabelecimentos em território nacional, acontecendo o mesmo com o
distrito de Braga, mas quando se considera empresas com estabelecimentos no estrangeiro.
Distribuição setorial das empresas
Com o decreto-lei n.º 381/2007, as empresas passaram a reportar a classificação da atividade
económica que desenvolvem (CAE) segundo a Revisão 3 deste código, a partir de 2008. Um
dos objetivos da CAE é organizar, de forma coordenada e coerente, a informação das
empresas por ramo de atividade económica. A CAE-REV.3 divide-se em duas partes: uma
alfabética com um nível (Secção) e outra numérica com quatro níveis (Divisão, Grupo, Classe
e Subclasse) (INE, 2007).
Nesta dissertação, a Secção foi o nível de desagregação considerado para definir o setor de
cada empresa. Existem 21 secções, da letra A à U.
As secções O (Administração pública e defesa e Segurança social obrigatória), T (Atividades
das famílias empregadoras de pessoal doméstico e atividades de produção das famílias para
uso próprio) e U (Atividades dos organismos internacionais e outras instituições
extraterritoriais) não serão apresentadas por representarem números de empresas residuais.14
14 As secções K, O, T e U estão associadas a empresas financeiras. Como o Banco de Portugal utiliza fontes de informação adicionais, para além da CAE, para determinar o universo das sociedades não financeiras, pode existir um número residual de empresas que reportem essas secções.
31
Na Tabela 10 apresentam-se os pesos de cada setor na totalidade das empresas, assim como
em cada categoria, em 2016. Do total de empresas presentes no ano de 2016, 16 não tinham
a variável CAE preenchida e, naturalmente, não serão aqui consideradas.
Tabela 10 - Distribuição setorial das empresas, em 2016
Secção - CAE REV. 3 Empresas 1 Estab Multi Nac
Multi Est
A - Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca 3,98 4,02 2,52 2,37
B - Indústrias extrativas 0,20 0,20 0,33 0,00
C - Indústrias transformadoras 10,11 10,09 10,68 15,38
D - Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio 0,20 0,20 0,48 0,00
E - Captação, tratamento e distribuição de água; saneamento, gestão de resíduos e despoluição
0,25 0,24 0,59 0,59
F – Construção 10,50 10,70 2,25 40,83
G - Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos
25,33 24,90 42,71 11,24
H - Transportes e armazenagem 4,44 4,47 3,10 4,14
I - Alojamento, restauração e similares 9,56 9,51 11,58 1,78
J - Atividades de informação e de comunicação 2,71 2,72 2,22 3,55
K - Atividades financeiras e de seguros 0,57 0,58 0,04 0,00
L - Atividades imobiliárias 7,62 7,74 2,58 3,55
M - Atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares
10,38 10,47 6,65 10,06
N - Atividades administrativas e dos serviços de apoio 3,51 3,52 3,04 4,14
P – Educação 1,39 1,38 1,77 1,78
Q - Atividades de saúde humana e apoio social 5,40 5,40 5,47 0,00
R - Atividades artísticas, de espetáculos, desportivas e recreativas
1,61 1,62 1,03 0,00
S - Outras atividades de serviços 2,25 2,23 2,94 0,59
Total 100,00 100,00 100,00 100,00
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
O setor de comércio por grosso e a retalho e reparação de veículos automóveis e motociclos
(secção G) engloba mais de 25% da totalidade das empresas não financeiras em Portugal e
42,71% das empresas com dois ou mais estabelecimentos em território nacional. Já no que
diz respeito a empresas com estabelecimentos no estrangeiro é o setor da construção (secção
F) que aparece com grande destaque, representando mais de 40%, embora represente apenas
cerca de 10% das empresas, apresentando assim um coeficiente de especialização próximo
de 4.
Na Tabela 11 estão representados os pesos de cada categoria de empresas, por setor. As
secções D (Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio) e E (Captação, tratamento e
32
distribuição de água; saneamento, gestão de resíduos e despoluição) destacam-se por serem
as que têm mais empresas com dois ou mais estabelecimentos em território nacional, em
termos relativos.
Tabela 11 - Distribuição por categoria de empresas, por setor, em 2016
Secção - CAE REV. 3 1 Estab
Multi Nac
Multi Est
A - Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca 98,42 1,56 0,02
B - Indústrias extrativas 96,02 3,98 0,00
C - Indústrias transformadoras 97,34 2,60 0,06
D - Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio 94,17 5,83 0,00
E - Captação, tratamento e distribuição de água; saneamento, gestão de resíduos e despoluição
94,02 5,88 0,10
F – Construção 99,31 0,53 0,16
G - Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos
95,83 4,15 0,02
H - Transportes e armazenagem 98,24 1,72 0,04
I - Alojamento, restauração e similares 97,01 2,98 0,01
J - Atividades de informação e de comunicação 97,93 2,02 0,05
K - Atividades financeiras e de seguros 99,83 0,17 0,00
L - Atividades imobiliárias 99,15 0,83 0,02
M - Atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares
98,38 1,58 0,04
N - Atividades administrativas e dos serviços de apoio 97,82 2,13 0,05
P – Educação 96,83 3,12 0,05
Q - Atividades de saúde humana e apoio social 97,51 2,49 0,00
R - Atividades artísticas, de espetáculos, desportivas e recreativas
98,42 1,58 0,00
S - Outras atividades de serviços 96,77 3,22 0,01
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
Integrando as perspetivas de distribuição setorial e espacial, é possível perceber em que
distritos se concentram determinado setor de atividade (ver Anexo 515) ou que setores de
atividade se concentram em determinado distrito (ver Anexo 6).
Com exceção das secções B e C, o distrito de Lisboa é o distrito com maior número de
empresas em qualquer um dos setores, normalmente seguido pelo distrito do Porto, exceto
no caso da secção A (agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca), em que assumem
maior preponderância os distritos de Santarém e Beja. Relativamente às exceções das secções
15 Por comodidade de apresentação, simplificou-se a referência a cada secção de CAE, mencionando-se apenas a respetiva letra.
33
B e C, o maior número de empresas da indústria extrativa (secção B) situa-se em Leiria. Já
no que concerne às indústrias transformadoras (secção C), o Porto lidera em número de
empresas.
O setor de comércio por grosso e a retalho e reparação de veículos automóveis e motociclos
(secção G) é o que reúne maior número de empresas em todos os distritos, com a exceção
de Beja, onde prevalecem as empresas ligadas à agricultura e afins (secção A). Esta evidência
não é surpreendente, uma vez que a secção G é a que agrega maior número de empresas no
universo considerado.
Demografia das empresas
Para complementar a análise de evolução do número de empresas ao longo dos anos é
importante decompor as variações líquidas em nascimentos e mortes de empresas. Ressalva-
se que a uma pequena variação líquida no número de empresas pode corresponder a situações
distintas, nomeadamente que as mesmas empresas se mantêm no ativo de um ano para o
outro (empresas incumbentes) ou, por outro lado, pode significar um número elevado de
nascimentos e mortes de empresas. Por isso, é importante analisar as taxas de natalidade e
de mortalidade das empresas.
As taxas de natalidade e mortalidade são calculadas através do rácio entre o número de
nascimentos (primeira vez que uma empresa surge na base de dados) ou mortes (última vez
que uma empresa aparece na base de dados) e o número total de empresas no ano anterior.
Logo, torna-se impossível o cálculo destas taxas em 2007. Por sua vez, não faz sentido
calcular a taxa de mortalidade para 2016, uma vez que todas as empresas ativas esse ano
aparecem pela última vez na base de dados.
Na Tabela 12, verifica-se que a taxa de natalidade é superior à taxa de mortalidade em todos
os anos (há criação líquida de empresas), o que é consistente com o cenário observado na
Tabela 6, de crescimento sucessivo do número de empresas.
34
Tabela 12 - Taxas de natalidade e mortalidade das empresas (2008-2016)
Ano Taxa natalidade
Taxa mortalidade
2008 9,64 7,19
2009 7,48 6,91
2010 7,35 6,25
2011 8,33 7,39
2012 7,20 7,13
2013 8,39 6,76
2014 8,02 6,45
2015 8,54 7,26
2016 8,04
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
De seguida, calculou-se as mesmas taxas dividindo as empresas por categorias. No entanto,
desta vez foi necessário garantir que cada empresa se mantém na mesma categoria ao longo
dos 10 anos, isto é, que as categorias são mutuamente exclusivas durante todo o período e
não apenas ano a ano. Por exemplo, uma empresa pode ter apenas um estabelecimento em
2010 e passar a ter dois estabelecimentos no ano seguinte, o que não corresponde ao
nascimento de uma nova empresa em 2011, no entanto seria uma nova empresa nessa
categoria (logo assumido como um nascimento). As empresas foram então classificadas
como empresas que sempre tiveram apenas um estabelecimento ao longo de todo o período
ou empresas que apresentaram dois ou mais estabelecimentos (em Portugal ou no
estrangeiro), pelo menos para um dos períodos.
Relativamente às empresas que sempre tiveram apenas um estabelecimento, verifica-se que
o perfil de crescimento natural não é significativamente diferente do global, quer em relação
à natalidade quer em relação à mortalidade (ver Tabela 13).
35
Tabela 13 - Taxas de natalidade e mortalidade para empresas com sempre apenas 1 estabelecimento (2008-2016)
Ano Taxa natalidade
Taxa mortalidade
2008 9,87 7,45
2009 7,66 7,14
2010 7,58 6,43
2011 8,63 7,61
2012 7,44 7,30
2013 8,70 6,91
2014 8,34 6,60
2015 8,90 7,41
2016 8,41
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
Pelo contrário, já no que se refere às empresas que, pelo menos um ano, reportaram mais do
que um estabelecimento, o cenário é distinto. Verifica-se que, em vários anos, a taxa de
mortalidade supera a taxa de natalidade (destruição líquida de empresas). A taxa de natalidade
destas empresas tem diminuído, enquanto a taxa de mortalidade tem aumentado. Constata-
se ainda que ambas as taxas apresentam níveis inferiores relativamente às taxas globais -
indiciando maior estabilidade, porventura associada a uma dimensão presumivelmente
maior.
Tabela 14 - Taxas de natalidade e mortalidade para empresas com 2 ou mais estabelecimentos, pelo menos um ano (2008-
2016)
Ano Taxa natalidade
Taxa mortalidade
2008 6,00 2,91
2009 4,62 3,35
2010 3,80 3,49
2011 3,71 3,93
2012 3,36 4,36
2013 3,50 4,27
2014 2,78 4,03
2015 2,41 4,71
2016 1,52
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
Considerou-se ainda a análise segundo a idade das empresas. Neste particular, importa
precisar a metodologia adotada para determinar a idade das empresas. Assim, foi considerado
36
o ano de constituição da empresa, informação disponibilizada pelo ministério da justiça16. A
idade foi determinada por diferença face ao ano de constituição17. Com a intenção de centrar
a variável, visto que não é tido em conta o mês de nascimento da empresa, apenas o ano,
optou-se por somar 0.5 ao valor obtido. As empresas foram classificadas em 4 classes
segundo a idade: até 1 ano; de 1 a 5 anos; de 5 a 15 anos e, por último, 15 ou mais anos18.
Tabela 15 - Distribuição por idades (2007-2016)
Ano [0,1[ [1,5[ [5,15[ [15,+[
2007 7,83 23,83 41,26 27,08
2008 7,61 24,48 40,31 27,60
2009 6,10 25,71 39,83 28,37
2010 6,59 24,56 39,52 29,33
2011 7,74 23,19 39,13 29,94
2012 6,85 23,04 39,24 30,87
2013 8,09 21,62 38,74 31,55
2014 7,40 23,37 36,87 32,35
2015 7,26 24,77 34,97 33,00
2016 6,83 25,36 32,38 35,42
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
A classe modal é a das empresas com idade compreendida entre 5 e 15 anos, ao longo de
todo o período, com exceção do último ano, em que o número de empresas com 15 ou mais
anos foi superior.
Por sua vez, na Tabela 16 apresenta-se a distribuição por número de estabelecimentos, em
função da idade das empresas, no sentido de aferir se esta é uma variável relevante no
contexto em apreço.
Esta análise foi elaborada tendo por base os reportes efetuados em 2016, ano em que a média
das idades ascendeu a 13,4 anos e a mediana da respetiva distribuição a 9,5 anos.
16 Esta variável continha informação incompleta, principalmente para os 2 últimos anos do período, pelo que a informação em falta foi completada com dados do Departamento de Estatística do Banco de Portugal. 17 Nos casos excecionais em que o ano de constituição é superior ao primeiro ano em que a empresa aparece na base de dados, é este segundo dado que é considerado no cálculo da idade. 18 Todos os intervalos fechados à esquerda e abertos à direita.
37
Tabela 16 - Distribuição por idade de empresas, segundo o seu número de estabelecimentos, em 2016
Idade da empresa 1 2 3 4 5 ou mais
[0,1[ 6,94 3,41 0,87 1,10 0,44
[1,5[ 25,59 19,27 14,41 11,76 8,35
[5,15[ 32,46 30,99 29,62 25,55 22,91
[15,+[ 35,01 46,34 55,10 61,60 68,29
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
Verifica-se que, para qualquer número de estabelecimentos, as empresas com 15 ou mais
anos são as que têm maior representatividade, sendo que o seu peso aumenta com o aumento
do número de estabelecimentos. Da totalidade de empresas com 5 ou mais estabelecimentos,
mais de 68% tem 15 ou mais anos. Para todos os restastes intervalos de idade das empresas,
o peso que representam na totalidade das empresas diminui com o aumento dos
estabelecimentos.
38
5.1.2. Análise dos Dados ao Nível do Estabelecimento
Passa-se a analisar a base de dados sob a perspetiva da informação reportada ao nível do
estabelecimento, no âmbito do Anexo R da IES, e não ao nível da empresa, como no
subcapítulo anterior.
Ressalva-se que nesta análise não foram considerados os estabelecimentos localizados no
estrangeiro, devido à alteração das regras de reporte do Anexo R, ocorrida em 2010, que
afeta precisamente este tipo de estabelecimentos, não assegurando a comparabilidade dos
dados nos 2 subperíodos (2007-2009 e 2010-2016). Assim sendo, estes estabelecimentos
serão tratados separadamente, em subcapítulo específico.
Ao longo do período abrangido foram identificadas 4.152.563 observações, de 712.709
estabelecimentos distintos, distribuídas ao longo do período de análise do modo que se
apresenta na Tabela 17. Para cada ano, os estabelecimentos foram classificados em duas
categorias: estabelecimentos únicos (isto é, de empresas com apenas um estabelecimento) –
“1 Estab” ou estabelecimentos múltiplos (ou seja, de empresas com dois ou mais
estabelecimentos).
Tabela 17 - Número e distribuição de estabelecimentos (2007-2016)
Ano Estabelecimentos 1 Estab Multi
2007 396.598 87,04 12,96
2008 406.195 87,69 12,31
2009 406.177 87,83 12,17
2010 405.235 88,49 11,51
2011 414.686 88,57 11,43
2012 414.425 88,94 11,06
2013 417.890 89,48 10,52
2014 422.632 89,87 10,13
2015 431.454 90,19 9,81
2016 437.271 90,31 9,69
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
Verifica-se que, ao longo do período, o número de estabelecimentos registou um aumento
líquido de cerca de 41 mil, em termos absolutos, ou 10,25%, o que equivale a uma taxa média
anual de crescimento de 1,09%. Trata-se de um crescimento ligeiramente inferior ao
registado em relação ao número de empresas (cf. Tabela 6). Além disso, existiram também 3
anos em que se verificou uma redução do número de estabelecimentos (2009, 2010 e 2012).
39
Embora elevada, na ordem dos 90%, a proporção de estabelecimentos que se enquadram na
categoria “1 Estab” é inferior aos valores equivalentes em termos de empresas, conforme
seria de esperar, uma vez que existe um efeito de diluição pelo facto de a contagem se aferir
agora pelo número de estabelecimentos.
Distribuição espacial dos estabelecimentos
Neste ponto, foi considerado o distrito que é referenciado para cada estabelecimento, no
contexto do Anexo R.19 Os valores na Tabela 18 representam o peso de cada categoria de
estabelecimento, por distrito, para o ano de 2016.
Tabela 18 - Distribuição por categoria de estabelecimentos, por distrito, em 2016
Distrito 1 Estab Multi
Aveiro 92,31 7,69
Beja 91,72 8,28
Braga 92,51 7,49
Bragança 92,24 7,76
Castelo Branco 88,62 11,38
Coimbra 88,98 11,02
Évora 89,22 10,78
Faro 86,35 13,65
Guarda 91,62 8,38
Leiria 91,50 8,50
Lisboa 90,74 9,26
Portalegre 89,43 10,57
Porto 90,41 9,59
Santarém 89,57 10,43
Setúbal 88,53 11,47
Viana do Castelo 92,43 7,57
Vila Real 91,09 8,91
Viseu 91,52 8,48
Angra do Heroísmo 78,13 21,87
Horta 81,50 18,50
Ponta Delgada 79,98 20,02
Funchal 88,33 11,67
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
19 Esta análise é realizada por distrito para permitir uma comparação direta com a análise ao nível da empresa, já que para as empresas dispomos apenas de informação a este nível de desagregação espacial.
40
Pela análise da tabela, constata-se mais uma vez que, embora elevadas, as proporções relativas
à categoria “1 Estab” são menores que as suas homólogas no contexto das empresas, com
destaque para os Açores, com as 3 maiores proporções de estabelecimentos “Multi”,
chegando a superar os 20%.
Complementarmente, comparou-se o peso que cada distrito tem em cada uma das categorias,
em 2016, tal como está representado na Tabela 19. Nas últimas duas colunas são
apresentados os coeficientes de especialização de cada distrito, tendo em conta cada uma das
duas categorias de estabelecimentos.
Tabela 19 - Distribuição espacial por categoria de estabelecimentos e coeficientes de especialização, em 2016
Distrito (A) Estabelecimentos
(B) 1 Estab (C) Multi (B)/(A) (C)/(A)
Aveiro 6,23 6,37 4,94 1,022 0,794
Beja 1,15 1,16 0,98 1,016 0,854
Braga 7,78 7,97 6,01 1,024 0,773
Bragança 0,93 0,95 0,74 1,021 0,801
Castelo Branco 1,47 1,44 1,72 0,981 1,174
Coimbra 3,47 3,42 3,94 0,985 1,137
Évora 1,46 1,44 1,63 0,988 1,112
Faro 5,04 4,82 7,10 0,956 1,408
Guarda 1,08 1,10 0,93 1,015 0,865
Leiria 4,94 5,01 4,34 1,013 0,877
Lisboa 28,14 28,28 26,88 1,005 0,955
Portalegre 0,85 0,84 0,93 0,990 1,090
Porto 17,95 17,97 17,76 1,001 0,989
Santarém 3,73 3,70 4,02 0,992 1,075
Setúbal 5,98 5,87 7,08 0,980 1,183
Viana do Castelo 1,85 1,89 1,45 1,023 0,781
Vila Real 1,35 1,36 1,24 1,009 0,919
Viseu 2,70 2,74 2,36 1,013 0,874
Angra do Heroísmo 0,38 0,33 0,85 0,865 2,256
Horta 0,24 0,21 0,45 0,903 1,908
Ponta Delgada 0,82 0,73 1,70 0,886 2,065
Funchal 2,45 2,39 2,94 0,978 1,204
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
À imagem do que se verifica com as empresas, também a distribuição espacial dos
estabelecimentos é dominada pelos distritos de Lisboa, Porto e Braga, por esta ordem,
continuando a perfazer, no seu conjunto, mais de metade do total dos estabelecimentos.
41
Em relação ao coeficiente de especialização associado à categoria “Multi”, os resultados
confirmam a preponderância relativa em termos de dispersão espacial dos estabelecimentos
dos distritos açorianos, com coeficientes próximos e mesmo superiores a 2, isto é, o peso
relativo da categoria é sensivelmente o dobro do peso relativo no plano global. Embora em
menor grau, é de assinalar ainda o coeficiente de cerca de 1,4 registado para Faro.
Pelo contrário, destacam-se os distritos de Aveiro, Braga e Viana do Castelo, com
coeficientes de especialização “Multi” inferiores a 0,8.
O facto de os coeficientes de especialização obtidos serem consideravelmente distintos dos
associados às empresas, reforça a importância da análise dos dados ao nível do
estabelecimento.
No Anexo 7, representam-se espacialmente os pesos relativos de cada distrito de Portugal
continental no total dos estabelecimentos e segundo a dimensão associada a cada uma das
duas categorias analisadas, “1 Estab” e “Multi”. Pela análise das Figuras, confirma-se que
Lisboa e Porto têm sempre um peso elevado no total dos estabelecimentos, seja qual for a
categoria considerada. O distrito de Faro destaca-se quando se considera apenas
estabelecimentos de empresas com vários estabelecimentos, já no distrito de Braga acontece
o oposto.
Distribuição setorial dos estabelecimentos
Na Tabela 20 apresenta-se os pesos de cada setor no conjunto dos estabelecimentos, assim
como para cada categoria, em 2016. De salientar que, para esta análise, foram considerados
os valores reportados para a CAE ao nível do estabelecimento, já que dentro da mesma
empresa é possível existirem estabelecimentos com atividade principal diferente.
O setor de comércio por grosso e a retalho e reparação de veículos automóveis e motociclos
(secção G) engloba mais de um quarto da totalidade dos estabelecimentos e cerca de metade
dos estabelecimentos enquadrados em empresas com presença no estrangeiro, seguido do
setor de alojamento, restauração e similares (secção I), com cerca de 10% e 16%, da totalidade
dos estabelecimentos e dos estabelecimentos enquadrados em empresas com pelo menos um
estabelecimento no estrangeiro, respetivamente.
42
Tabela 20 - Distribuição setorial dos estabelecimentos, em 2016
Secção CAE-REV.3 Estabelecimentos 1 Estab Multi
A - Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca 3,75 3,99 1,53
B - Indústrias extrativas 0,21 0,20 0,34
C - Indústrias transformadoras 9,78 10,06 7,19
D - Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio 0,24 0,20 0,62
E - Captação, tratamento e distribuição de água; saneamento, gestão de resíduos e despoluição
0,32 0,25 1,03
F – Construção 9,78 10,69 1,37
G - Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos
27,21 24,91 48,58
H - Transportes e armazenagem 4,53 4,57 4,20
I - Alojamento, restauração e similares 10,14 9,48 16,33
J - Atividades de informação e de comunicação 2,68 2,71 2,36
K - Atividades financeiras e de seguros 0,83 0,91 0,05
L - Atividades imobiliárias 7,07 7,68 1,38
M - Atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares
9,59 10,20 3,92
N - Atividades administrativas e dos serviços de apoio 3,53 3,53 3,52
P – Educação 1,35 1,37 1,18
Q - Atividades de saúde humana e apoio social 5,22 5,41 3,44
R - Atividades artísticas, de espetáculos, desportivas e recreativas
1,54 1,62 0,78
S - Outras atividades de serviços 2,23 2,24 2,17
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
Na Tabela 21 estão representados os pesos de cada categoria de estabelecimentos, por setor.
As secções Q (atividades de saúde humana e apoio social) e R (atividades artísticas, de
espetáculos, desportivas e recreativas) destacam-se por serem as que têm maior proporção
de estabelecimentos na categoria “Multi”, em ambos os casos, superior a 25%.
43
Tabela 21 - Distribuição por categorias de estabelecimentos, por setor, em 2016
Secção CAE-REV.3 1 Estab Multi
A - Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca 100,00 0,00
B - Indústrias extrativas 100,00 0,00
C - Indústrias transformadoras 90,59 9,41
D - Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio 95,08 4,92
E - Captação, tratamento e distribuição de água; saneamento, gestão de resíduos e despoluição
93,60 6,40
F – Construção 91,52 8,48
G - Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos
85,71 14,29
H - Transportes e armazenagem 90,34 9,66
I - Alojamento, restauração e similares 96,03 3,97
J - Atividades de informação e de comunicação 98,11 1,89
K - Atividades financeiras e de seguros 99,36 0,64
L - Atividades imobiliárias 91,47 8,53
M - Atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares 84,39 15,61
N - Atividades administrativas e dos serviços de apoio 91,01 8,99
P – Educação 98,64 1,36
Q - Atividades de saúde humana e apoio social 69,01 30,99
R - Atividades artísticas, de espetáculos, desportivas e recreativas
74,49 25,51
S - Outras atividades de serviços 92,88 7,12
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
Demografia dos estabelecimentos
Para complementar a análise de evolução do número de estabelecimentos ao longo dos anos,
aferiu-se as respetivas taxas de natalidade e de mortalidade. Estas foram calculadas segundo
a mesma metodologia usada no contexto dos dados ao nível das empresas.
Na Tabela 22, verifica-se que a taxa de natalidade é superior à taxa de mortalidade em todos
os anos, com exceção de 2012.
44
Tabela 22 - Taxas de natalidade e mortalidade dos estabelecimentos (2008-2016)
Ano Taxa natalidade Taxa mortalidade
2008 10,28 7,79
2009 8,16 7,89
2010 7,99 6,64
2011 8,75 8,11
2012 7,62 7,75
2013 8,54 7,38
2014 8,22 7,08
2015 8,78 7,70
2016 8,30
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
De seguida, calculou-se ambas as taxas dividindo os estabelecimentos por categorias. Usou-
se o mesmo critério, definido ao nível da empresa, à qual pertence o estabelecimento.
Tabela 23 - Taxas de natalidade e mortalidade para estabelecimentos pertencentes a empresas com sempre apenas 1
estabelecimento (2008-2016)
Ano Taxa natalidade Taxa mortalidade
2008 9,87 7,45
2009 7,66 7,14
2010 7,58 6,43
2011 8,63 7,61
2012 7,44 7,30
2013 8,69 6,91
2014 8,34 6,60
2015 8,90 7,41
2016 8,41
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
Relativamente a estabelecimentos que representam empresas que sempre tiveram apenas esse
estabelecimento, verifica-se que a natalidade é consistentemente superior à mortalidade
(criação líquida de estabelecimentos), com taxas de crescimento natural relativamente
semelhante às da globalidade dos estabelecimentos.
45
Tabela 24 -Taxas de natalidade e mortalidade para estabelecimentos pertencentes a empresas com 2 ou mais estabelecimentos, pelo menos um ano (2008-2016)
Ano Taxa natalidade Taxa mortalidade
2008 12,67 9,74
2009 11,12 12,37
2010 10,42 7,92
2011 9,46 11,15
2012 8,75 10,52
2013 7,60 10,28
2014 7,44 10,26
2015 7,95 9,66
2016 7,54
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
Por sua vez, no que concerne a estabelecimentos enquadrados em empresas que, pelo menos
um ano, reportaram mais do que um estabelecimento, verifica-se mais irregularidade e taxas
de natalidade e de mortalidade mais voláteis, havendo criação líquida de estabelecimentos em
apenas 2 dos anos e destruição líquida nos 6 restantes (período 2008-2015). Com efeito, é
expectável que esta volatilidade seja mais notória numa análise de contagem de
estabelecimentos versus contagem de empresas.
Para além de perceber quantos estabelecimentos novos surgiram por ano, é também possível
perceber onde foi que surgiram esses estabelecimentos.20 O peso do distrito de Lisboa na
totalidade dos nascimentos de estabelecimentos aumentou ao longo do período considerado,
mas não demonstrou uma subida constante. O mesmo aconteceu com os distritos de Porto
e Braga. Estes 3 distritos englobam, para qualquer dos períodos, mais de metade dos
nascimentos de estabelecimentos em Portugal.
Já relativamente à distribuição espacial das mortes de estabelecimentos, Lisboa e Porto
continuam a ser os distritos com maior representatividade, mas com destaque para Setúbal
que aparece como terceiro distrito, seguido por Braga.
As Figuras 1 e 2 espelham essas distribuições, para o ano 2015 (visto ser incorreto falar em
morte de estabelecimentos em 2016, por ser o último ano da base de dados).
20 Ver Anexos 8 e 9.
46
Número de estabelecimentos por empresa
Foi analisada a evolução do número de estabelecimentos por empresa ao longo da década
considerada. Constatou-se que em todos os anos ocorreu um aumento relativo e absoluto
do número de empresas com apenas um estabelecimento e, por conseguinte, uma diminuição
do peso das empresas com dois ou mais estabelecimentos.
Uma consequência do aumento do peso das empresas constituídas apenas pelo
estabelecimento sede é a diminuição do número médio de estabelecimentos por empresa,
que passou de 1,105 em 2007 para 1,081 em 2016, representado uma queda de 2,17% em 10
anos, com descidas consecutivas. Esta diminuição seria de esperar, quando se considera que
ocorreu criação líquida de empresas com apenas um estabelecimentos e destruição líquida de
empresas com dois ou mais estabelecimentos, pelo menos um período (ver tabelas 13 e 14).
Figura 1 - Distribuição dos nascimentos de estabelecimentos, 2015
Figura 2 - Distribuição das mortes de estabelecimentos, 2015
47
Tabela 25 - Número de estabelecimentos por empresa
Ano Empresas por número de estabelecimentos (em %)
1 2 3 4 5 ou mais
2007 96,17 2,60 0,55 0,22 0,47
2008 96,48 2,36 0,51 0,21 0,45
2009 96,62 2,24 0,51 0,20 0,44
2010 96,93 2,00 0,45 0,19 0,42
2011 97,01 1,96 0,44 0,18 0,41
2012 97,21 1,82 0,40 0,17 0,40
2013 97,34 1,75 0,39 0,16 0,37
2014 97,39 1,73 0,37 0,15 0,35
2015 97,44 1,69 0,36 0,16 0,34
2016 97,53 1,62 0,37 0,15 0,33
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
Já o número médio de estabelecimentos por empresa, considerando apenas as empresas que
têm, pelo menos um ano, dois ou mais estabelecimentos, diminui de 2,787 para 2,569 ao
longo dos 10 anos, com aumentos em 2011 e 2016.
48
5.1.3. Estabelecimentos no Estrangeiro
Neste subcapítulo o foco são os estabelecimentos das empresas não financeiras portuguesas
localizados no estrangeiro. Para a análise em questão tomou-se como exemplo o ano de 2016.
Tabela 26 - Distribuição dos estabelecimentos no estrangeiro, por países, 2016
País Número de empresas
Número de estabelecimentos
Espanha 45 50
França 29 29
Angola 27 28
Argélia 24 27
Cabo Verde 23 25
Moçambique 20 20
Marrocos 12 14
Brasil 10 11
Alemanha 9 9
República Bolivariana da Venezuela 9 9
Bélgica 8 9
Colômbia 7 7
Reino Unido 7 7
Itália 5 5
Roménia 5 5
Outros 88 93
Total 169 348
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
Tal como se constata através da Tabela 26, as empresas portuguesas consideradas detinham
348 estabelecimentos no estrangeiro, em 2016. Estes estabelecimentos são detidos por 169
empresas distintas21 e distribuídos por 75 países22. Espanha, França, Angola, Argélia, Cabo
Verde e Moçambique são os países com mais estabelecimentos de empresas portuguesas,
por esta ordem, agregando mais de metade do seu total.
Na Tabela 27, estas empresas são discriminadas segundo o seu número de estabelecimentos
no estrangeiro.
21 O número total de empresas com estabelecimentos no estrangeiro é inferior ao somatório da coluna que
discrimina as empresas pelos países, pois acontece uma empresa estar presente em mais do que um desses países. 22 Países com frequências de empresas inferiores a 5 foram agregados na categoria “Outros”
49
Tabela 27 - Empresas por número de estabelecimentos no estrangeiro, 2016
Número de estabelecimentos no estrangeiro
Empresas (%)
1 71,60
2 12,43
3 4,14
4 2,37
5 ou mais 9,46
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
Grande parte das empresas com presença no estrangeiro tem apenas um estabelecimento
fora de Portugal (mais de 70%). Estas empresas têm entre 1 e 21 estabelecimentos no
estrangeiro.
Já na Tabela 28 são apresentados os números de estabelecimentos para as mesmas empresas,
mas considerando a sua totalidade (estabelecimento em território nacional e em território
estrangeiro).
Tabela 28 - Número de estabelecimentos das empresas com presença no estrangeiro, 2016
Número total de estabelecimentos
Empresas (%)
2 53,25
3 15,98
4 9,47
5 ou mais 21,30
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
As empresas com presença no estrangeiro têm entre 2 e 32 estabelecimentos. A moda da
distribuição situa-se nos 2 estabelecimentos. Para este ano, mais de metade destas empresas
tem apenas um estabelecimento sede em território nacional e um segundo estabelecimento
localizado no estrangeiro.
50
Por fim, caracterizou-se estas empresas segundo o seu setor de atividade.
Tabela 29 - Distribuição setorial das empresas com presença no estrangeiro, 2016
Secção CAE-REV.3 Empresas (%)
A - Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca 1,22
C - Indústrias Transformadoras 10,98
E - Captação, tratamento e distribuição de água; saneamento gestão de resíduos e despoluição
0,30
F - Construção 58,23
G - Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos
5,79
H - Transportes e armazenagem 8,23
I - Alojamento, restauração e similares 0,91
J - Atividades de informação e de comunicação 2,44
L - Atividades Imobiliárias 1,83
M - Atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares
6,10
N - Atividades administrativas e dos serviços de apoio 2,13
P - Educação 1,52
S - Outras Atividades de serviços 0,30
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
Pela análise da Tabela 29, mais de metade das empresas com estabelecimentos no estrangeiro
pertence ao setor de construção.
51
5.2. Comparação entre Dados Reportados por Empresa e por Estabelecimentos
Tal como consta nas instruções gerais de preenchimento do Anexo R, empresas com dois
ou mais estabelecimentos devem preencher a IES de modo a que o somatório das variáveis
quantitativas reportadas por estabelecimentos no Anexo R, dentro de cada empresa, iguale
as variáveis quantitativas reportadas para o agregado da empresa, reportadas no Anexo A.
Nesse sentido, comparou-se os valores reportados pelas empresas com o somatório dos
valores reportados por estabelecimento, com o intuito de perceber se existe essa igualdade23.
Importa salientar, no entanto, que o Anexo A da IES é sujeito a controlo de qualidade pelo
Departamento de Estatística do Banco de Portugal. O Anexo R, por sua vez, não é sujeito a
qualquer controlo de qualidade, pelo que podem existir diferenças motivadas por esta razão.
Foi criada uma variável que corresponde à diferença entre o valor reportado pela empresa e
o somatório dos valores reportados por estabelecimentos.
Na Tabela 30 estão listados os números de empresas para as quais não se cumpriu a igualdade
referida, por ano, para cada uma das variáveis consideradas: número de pessoas ao serviço,
volume de negócios, custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas e
fornecimentos e serviços externos (CMVMC e FSE), gastos com pessoal, remunerações e
variação de produção.
Tabela 30 - Número de empresas com erros de preenchimento, por ano (2007-2016)
Ano Número de pessoas ao
serviço
Volume de
negócios
CMVMC e FSE
Gastos com
pessoal Remunerações
Variação de
produção
2007 833 10 377 9 18 3
2008 813 12 388 8 17 5
2009 702 16 363 11 11 5
2010 28 6 390 2 2 1
2011 18 9 358 3 5 -
2012 13 6 319 5 6 1
2013 9 8 313 2 1 1
2014 5 8 321 2 2 1
2015 5 - 346 - - -
2016 16 15 327 4 3 2
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
23 Naturalmente, esta análise apenas foi realizada para empresas que apresentaram 2 ou mais estabelecimentos,
pelo menos um dos anos. Foram consideradas 570.259 observações, de 107.004 diferentes estabelecimentos.
52
Pela análise da tabela é notório que o número de empresas com informação inconsistente
com a informação reportada ao nível da empresa é muito reduzido, representando menos de
0,5% do total de empresas. Adicionalmente, constata-se que ocorreu uma melhoria no
reporte da informação. Para todas as variáveis, à exceção de CMVMC e FSE, os valores mais
elevados observam-se para os 3 primeiros anos, logo nos primórdios da obrigação de
preenchimento da IES. Já no caso de custo das mercadorias vendidas e das matérias
consumidas e fornecimentos e serviços externos o número de empresas em que se
verificaram diferenças mantém-se relativamente constante e elevado, quando comparando
com as restantes variáveis. Uma possível causa será a dificuldade que as empresas têm a
imputar este tipo de custos a cada um dos seus estabelecimentos, o que pode originar dupla
contagem dos mesmos.
Para avançar na análise destas diferenças, deve-se perceber que tipo de diferenças são, isto é,
perceber se são positivas ou negativas, sendo que uma diferença positiva significa que o
montante reportado pela empresa é superior ao somatório dos valores discriminados por
estabelecimento, já uma diferença negativa indica que esse somatório é superior o que pode
sinalizar problemas como dupla contagem.
Todas as variáveis apresentam valores negativos e positivos de diferenças. Para o número de
pessoas ao serviço, volume de negócios e CMVMC e FSE, a média dos valores das diferenças
é negativa, podendo indicar dupla contagem. Já para os gastos com pessoal, remunerações e
variação de produção, as médias apresentam valores positivos, logo os valores reais são
superiores ao somatório dos valores reportados no Anexo R.
Por fim, interessa perceber que tipo de empresas tem maior tendência a apresentar desvios.
Seria de esperar que quanto maior o número de estabelecimentos mais provável fosse
ocorrerem erros de preenchimento, mas isso pode não acontecer (empresas com mais
estabelecimentos podem ter contabilidade mais organizada, por exemplo).
Na Tabela 31, as empresas com erros de preenchimento estão divididas em 2 tipos (menos
de 5 estabelecimentos e 5 ou mais estabelecimentos), para os anos de 2007 e 2016. Em 2007
a maioria das empresas com desvios tinha menos de 5 estabelecimentos, em 2016 isso já não
acontece, com a exceção de CMVMC e FSE (de relembrar que esta é a única rúbrica cujo
número de erros de preenchimento não diminuiu drasticamente após os anos inicias da IES).
Pelo que eram as empresas mais pequenas (em número de estabelecimentos) que,
53
inicialmente, apresentavam mais dificuldade em dividir os valores das suas rúbricas pelos
seus estabelecimentos.
Tabela 31 - Empresas com erros de preenchimento por número de estabelecimentos (%), 2007 e 2016
Número de estabelecimentos
NPS Volume
de negócios
CMVMC e FSE
Gastos com
pessoal Remunerações
Variação de
produção
2007 Menos de 5 86,2 77,8 56,6 100,0 100,0 100,0
5 ou mais 13,8 22,2 43,4 0,0 0,0 0,0
2016 Menos de 5 50,0 28,6 54,1 0,0 0,0 0,0
5 ou mais 50,0 71,4 45,9 100,0 100,0 100,0
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados reportados na IES
54
6. Conclusões e Limitações
A introdução da IES representou um contributo importante para as bases de microdados em
Portugal. No entanto, até agora apenas os dados reportados ao nível da empresa têm sido
disponibilizados para investigação (os constantes no Anexo A). A IES permite, contudo,
aceder também a informação contabilística e económica ao nível do estabelecimento das
empresas não financeiras portuguesas, através da informação reportada no Anexo R. Esta
dissertação pretendeu dar a conhecer os dados deste Anexo da IES, que se revelam um
instrumento de particular interesse para explorar informação desagregada ao nível do
estabelecimento.
Ao longo deste trabalho, deu-se a conhecer a metodologia de construção de uma base de
dados em painel com variáveis harmonizadas ao longo do período considerado, 2007 a 2016,
que engloba informação económico-financeira dos estabelecimentos nacionais e estrangeiros
das empresas não financeiras em Portugal.
O processo de harmonização das variáveis teve em conta a alteração introduzida pela
mudança do normativo contabilístico em 2010, que se refletiu numa reformulação das
variáveis reportadas no Anexo R.
Tendo em vista a construção de um painel, fizeram-se verificações de consistência temporal
e correções nos identificadores dos estabelecimentos atribuídos pelas empresas para que
fosse possível acompanhar o mesmo estabelecimento ao longo dos anos. No presente
trabalho, a informação detalhada sobre a localização do estabelecimento foi o principal
critério utilizado para a atribuição de um identificador único. Para tal, desenvolveu-se um
procedimento semiautomático utilizando métodos de fuzzy match para calcular a similitude da
localização de cada estabelecimento da empresa. Sempre que o mesmo identificador
atribuído pela empresa se encontrava associado a mais do que uma morada, considerou-se a
possibilidade de relocalização do estabelecimento recorrendo a outras variáveis económicas
e contabilísticas, tais como a atividade principal do estabelecimento, o número de pessoas ao
serviço e o volume de negócios.
Não obstante o Anexo R não ser sujeito a controlo de qualidade pelo Departamento de
Estatística do Banco de Portugal, para a maior parte das observações não se encontraram
diferenças entre os totais reportados para os estabelecimentos e os valores equivalentes
reportados pela empresa. Mesmo assim, importa analisar as incompatibilidades e desenvolver
55
uma metodologia que permita conciliar a informação das duas fontes. Torna-se então
necessário complementar o trabalho desenvolvido, definindo critérios de correção que
permitam, de modo robusto, ajustar os valores das variáveis quantitativas associadas aos
estabelecimentos.
A existência de uma base de dados em painel com informação ao nível do estabelecimento
irá permitir aos investigadores alargar o leque de objetos de estudo. Destaca-se, por exemplo,
a possibilidade de analisar as relocalizações de estabelecimentos por região e por período
assim como as dinâmicas de criação e destruição de estabelecimentos. Adicionalmente, esta
base de dados permitirá perceber qual a contribuição dos novos estabelecimentos nas
variações de um conjunto de variáveis económicas e contabilísticas.
56
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Conselho de Ministros, https://dre.pt/application/conteudo/629150, acedido em
10.05.2019
59
Anexos
Anexo 1 – Anexos da IES
Anexos Tipo de
Informação Entidades
A
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas
(IRC)
Entidades residentes que exerçam, a título principal, atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola
Entidades não residentes com estabelecimento estável
A1 Entidades residentes que exerçam, a título principal, atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola - contas consolidadas
B Empresas do Setor Financeiro
B1 Empresas do Setor Financeiro - contas consolidadas
C Empresas do Setor Segurador
C1 Empresas do Setor Segurador - contas consolidadas
D Entidades residentes que não exerçam, a título principal, atividade comercial, industrial ou agrícola
E Entidades Não Residentes Sem Estabelecimento Estável
F Entidades com benefícios fiscais
G Entidades com regimes especiais
H Operações com Não Residentes
I
Imposto sobre o Rendimento das
Pessoas Singulares (IRS)
Sujeitos Passivos de IRS com contabilidade organizada
L Imposto sobre o
Valor Acrescentado
(IVA)
Elementos Contabilísticos e Fiscais
M Operações realizadas em espaço diferente da sede
N Regimes Especiais
O Mapa Recapitulativo de Clientes
P Mapa Recapitulativo de Fornecedores
Q Imposto de Selo
(IS) Elementos Contabilísticos e Fiscais
R Estabelecimentos das Empresa/ Informação Estatística
Entidades residentes que exerçam, a título principal, atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola
Entidades não residentes com estabelecimento estável
Estabelecimentos individuais de responsabilidades limitadas
S Empresas do Setor Financeiro
T Empresas do Setor Segurador
Fonte: Autoridade Tributária (2015a), Oliveira (2016)
60
Anexo 2 – Anexo R da IES
61
Fonte: Autoridade Tributária (2015c)
62
Anexo 3 – Exemplos de abreviaturas corrigidas
Abreviatura Correção
"AL " "ALAMEDA "
"ALAM " "ALAMEDA "
"ALAMD " "ALAMEDA "
"ALAMED " "ALAMEDA "
"ALMD " "ALAMEDA "
"AV " "AVENIDA "
"AVA " "AVENIDA "
"AVE " "AVENIDA "
"AVEN " "AVENIDA "
"AVEND " "AVENIDA "
"AVN " "AVENIDA "
"AVND " "AVENIDA "
"BAIR " "BAIRRO "
"BO " "BAIRRO "
"BR " "BAIRRO "
"CAL " "CALC "
"CAL " "CALCADA "
"C C " "CENTRO COMERCIAL "
"C COMERCIAL " "CENTRO COMERCIAL "
"CC " "CENTRO COMERCIAL "
"CCOMERCIAL " "CENTRO COMERCIAL "
"ES " "ESTRADA "
"EST " "ESTRADA "
"ESTD " "ESTRADA "
"ESTR " "ESTRADA "
"ESTRA " "ESTRADA "
"ESTRDA " "ESTRADA "
"LARG " "LARGO "
"LG " "LARGO "
"LR " "LARGO "
"LRG " "LARGO "
"PRAC " "PRAC"
"PA " "PRACA "
"PC " "PRACA "
"PCA " "PRACA "
"PR " "PRACA "
"PRAC " "PRACA "
"PACT " "PRACETA "
"PCT " "PRACETA "
"PCTA " "PRACETA "
63
"PRACET " "PRACETA "
"PRACT " "PRACETA "
"PRACTA " "PRACETA "
"PRC " "PRACETA "
"PRTA " "PRACETA "
"PT " "PRACETA "
"QT " "QUINTA "
"QTA " "QUINTA "
"QUINT " "QUINTA "
"ROT " "ROTUNDA "
"R " "RUA "
"R DO R " "RUA "
"R RUA " "RUA "
"R U A " "RUA "
"R UA " "RUA "
"RA " "RUA "
"RU " "RUA "
"TRANSV " "TRANSVERSAL "
"TR " "TRAVESSA "
"TRAV " "TRAVESSA "
"TRAVA " "TRAVESSA "
"TRV " "TRAVESSA "
"TRVESSA " "TRAVESSA "
"TV " "TRAVESSA "
"TVA " "TRAVESSA "
"URB " "URBANIZACAO "
"URBAN " "URBANIZACAO "
"URBANIZ " "URBANIZACAO "
"URBS " "URBANIZACAO "
64
Anexo 4 – Distribuição espacial, por tipo de empresa
Figura 5 - Distribuição espacial das empresas 1 Estab, 2016
Figura 6 – Distribuição espacial das empresas Multi Est, 2016
Figura 3 - Distribuição espacial das empresas Multi Nac, 2016
Figura 4 - Distribuição espacial da totalidade das empresas, 2016
Figura 3 – Distribuição espacial da totalidade
das empresas, 2016
Figura 6 – Distribuição espacial das empresas
Multi Est, 2016
Figura 5 – Distribuição espacial das empresas
Multi Nac, 2016 Figura 4 – Distribuição espacial das empresas
1 Estab, 2016
65
Anexo 5 – Distribuição espacial, por setor, em 2016
Distrito A B C D E F G H I J K L M N P Q R S
Aveiro 4,3 3,7 13,3 5,1 6,4 5,8 7,1 4,4 5,0 4,5 6,0 5,0 4,7 5,2 5,1 4,4 4,0 5,0
Beja 9,2 0,8 0,8 0,9 1,4 0,7 1,0 0,8 1,0 0,5 0,6 0,5 0,8 0,7 0,7 0,7 0,8 0,8
Braga 5,1 6,0 16,1 8,6 8,9 9,5 8,3 4,3 5,7 4,9 6,8 7,3 5,9 6,6 5,9 5,8 5,1 6,5
Bragança 2,6 1,9 0,9 1,0 0,8 1,0 1,1 1,2 0,9 0,4 0,2 0,4 0,6 0,6 0,9 0,8 0,8 0,8
Castelo Branco 3,9 1,0 1,6 2,1 2,4 1,5 1,5 1,7 1,2 1,2 0,7 0,8 1,2 1,0 0,9 1,0 1,1 1,3
Coimbra 3,4 3,5 2,9 3,4 3,0 3,4 3,7 3,9 3,6 3,2 1,7 2,2 3,3 2,5 3,2 5,4 2,9 3,9
Évora 6,9 6,2 1,4 1,0 1,8 1,0 1,3 1,3 1,4 1,2 0,7 0,8 1,2 1,0 0,9 1,2 1,6 1,2
Faro 4,6 3,4 1,9 2,9 4,9 6,0 4,0 4,5 9,1 2,6 3,1 7,5 3,6 7,4 3,9 3,7 6,8 4,7
Guarda 2,6 3,5 1,2 1,5 0,8 1,2 1,2 1,6 1,1 0,5 0,2 0,4 0,8 0,7 0,9 0,8 0,7 1,1
Leiria 5,7 14,6 6,9 3,0 7,1 6,4 5,4 5,4 3,9 3,1 2,5 4,6 3,8 4,1 4,6 3,2 2,9 4,0
Lisboa 11,4 9,8 13,1 34,4 21,3 23,2 25,0 33,4 30,4 46,2 46,0 37,9 38,9 33,9 33,1 34,4 34,7 33,5
Portalegre 5,0 0,6 0,7 0,4 0,9 0,5 0,8 0,7 0,9 0,3 0,3 0,3 0,7 0,5 0,4 0,6 0,9 0,6
Porto 6,7 11,1 23,0 17,0 16,5 17,7 19,4 14,3 15,2 16,4 16,9 18,1 18,5 17,6 20,7 19,5 15,2 17,5
Santarém 9,8 9,8 3,8 3,9 6,6 3,9 4,0 4,3 3,2 2,3 1,7 2,5 2,6 2,8 2,9 3,1 3,2 2,9
Setúbal 5,5 3,7 4,0 2,9 7,6 6,9 5,8 6,2 6,2 6,5 3,3 5,0 5,8 6,3 8,3 7,0 7,4 6,1
Viana do Castelo 1,9 5,2 2,2 1,7 1,7 2,8 2,0 2,0 1,9 0,9 0,6 1,3 1,3 1,6 1,6 1,4 2,0 1,5
Vila Real 2,8 6,2 1,3 2,8 1,3 1,6 1,5 1,7 1,2 0,7 0,5 0,8 1,0 0,9 1,2 1,3 1,6 1,3
Viseu 5,8 4,7 2,7 4,5 2,4 3,6 3,0 2,9 2,4 1,3 1,8 1,6 2,0 2,0 2,3 2,5 1,9 2,8
Angra do Heroísmo 0,4 0,4 0,3 0,4 0,6 0,2 0,5 0,3 0,4 0,2 0,1 0,1 0,3 0,4 0,2 0,4 0,5 0,3
Horta 0,2 1,0 0,1 0,0 0,3 0,1 0,2 0,2 0,4 0,1 0,1 0,1 0,1 0,4 0,1 0,2 0,6 0,2
Ponta Delgada 1,0 0,7 0,6 0,6 1,1 0,6 0,8 0,7 1,0 0,6 0,6 0,4 0,7 1,2 0,6 0,8 1,4 0,9
Funchal 1,0 2,3 1,3 2,1 2,4 2,3 2,3 4,4 3,8 2,2 5,6 2,3 2,2 2,6 1,5 1,8 4,1 3,0
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados da IES
66
Anexo 6 – Distribuição setorial, por distrito, em 2016
Distrito A B C D E F G H I J K L M N P Q R S
Aveiro 2,7 0,1 21,2 0,2 0,3 9,6 28,6 3,1 7,6 1,9 0,5 6,0 7,8 2,9 1,1 3,7 1,0 1,8
Beja 31,6 0,1 7,0 0,1 0,3 6,3 22,6 2,9 8,6 1,1 0,3 3,5 6,9 2,1 0,8 3,1 1,0 1,5
Braga 2,6 0,2 20,5 0,2 0,3 12,6 26,6 2,4 6,9 1,7 0,5 7,0 7,8 2,9 1,0 4,0 1,0 1,8
Bragança 11,1 0,4 9,5 0,2 0,2 11,6 29,3 5,6 9,5 1,3 0,1 2,9 6,7 2,2 1,4 4,6 1,3 2,0
Castelo Branco 10,8 0,1 11,5 0,3 0,4 11,1 26,5 5,2 8,2 2,2 0,3 4,1 8,8 2,5 0,9 3,8 1,2 2,1
Coimbra 4,0 0,2 8,7 0,2 0,2 10,5 27,5 5,0 9,9 2,5 0,3 4,9 9,9 2,6 1,3 8,5 1,3 2,6
Évora 19,1 0,9 9,7 0,1 0,3 7,0 23,3 3,9 9,3 2,3 0,3 4,0 8,6 2,3 0,9 4,3 1,7 1,8
Faro 3,8 0,1 3,9 0,1 0,2 13,0 20,7 4,1 17,9 1,5 0,4 11,7 7,6 5,3 1,1 4,1 2,2 2,2
Guarda 9,4 0,7 11,4 0,3 0,2 11,2 28,0 6,7 9,3 1,3 0,1 3,1 7,7 2,1 1,2 4,1 1,0 2,4
Leiria 4,6 0,6 13,9 0,1 0,4 13,5 27,3 4,8 7,6 1,7 0,3 7,1 7,9 2,9 1,3 3,5 0,9 1,8
Lisboa 1,6 0,1 4,7 0,2 0,2 8,6 22,4 5,2 10,2 4,4 0,9 10,2 14,2 4,2 1,6 6,6 2,0 2,7
Portalegre 23,3 0,1 8,2 0,1 0,3 6,2 24,9 3,6 10,5 1,1 0,2 3,0 8,4 2,2 0,7 3,9 1,7 1,6
Porto 1,5 0,1 12,9 0,2 0,2 10,3 27,3 3,5 8,1 2,5 0,5 7,7 10,7 3,4 1,6 5,9 1,4 2,2
Santarém 10,5 0,5 10,3 0,2 0,4 11,0 27,6 5,2 8,2 1,7 0,3 5,2 7,4 2,6 1,1 4,5 1,4 1,8
Setúbal 3,7 0,1 6,8 0,1 0,3 12,3 25,2 4,7 10,1 3,0 0,3 6,5 10,3 3,8 2,0 6,5 2,0 2,4
Viana do Castelo 4,1 0,6 11,9 0,2 0,2 15,9 27,1 4,6 9,9 1,3 0,2 5,2 7,2 3,0 1,2 4,2 1,7 1,8
Vila Real 8,2 0,9 9,8 0,4 0,2 12,5 27,9 5,7 8,2 1,5 0,2 4,2 7,4 2,4 1,2 5,2 1,9 2,2
Viseu 8,5 0,4 10,0 0,3 0,2 13,8 27,6 4,8 8,4 1,3 0,4 4,4 7,8 2,6 1,2 4,9 1,1 2,3
Angra do Heroísmo 5,0 0,2 7,9 0,2 0,4 7,6 35,3 3,6 10,6 1,5 0,1 2,9 8,2 4,3 1,0 6,6 2,6 2,0
Horta 4,5 0,9 6,9 0,0 0,3 6,6 27,7 4,9 18,7 1,8 0,2 2,3 6,7 6,0 0,7 4,9 4,6 2,0
Ponta Delgada 5,0 0,2 7,3 0,2 0,4 8,1 26,9 4,2 13,1 2,2 0,4 4,4 9,4 5,6 1,1 5,9 2,9 2,5
Funchal 1,6 0,2 5,5 0,2 0,2 10,3 23,9 8,1 15,1 2,5 1,3 7,4 9,4 3,9 0,9 4,0 2,8 2,8
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados da IES
67
Anexo 7 – Distribuição espacial, por tipo de estabelecimento
Figura 8 - Distribuição espacial de estabelecimentos Multi, 2016
Figura 7 - Distribuição espacial da totalidade dos estabelecimentos, 2016
Figura 9 - Distribuição espacial de estabelecimentos 1 Estab, 2016
Figura 9 – Distribuição espacial de estabelecimentos
Multi, 2016
Figura 8 – Distribuição espacial de
estabelecimentos 1 Estab, 2016
68
Anexo 8 – Distribuição espacial dos nascimentos de estabelecimentos
(2008-2016)
Distrito 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Aveiro 5,22 5,71 5,74 5,85 5,50 5,82 5,69 5,96 5,51
Beja 1,10 1,11 0,93 1,02 1,05 1,04 1,06 1,24 1,36
Braga 7,34 8,02 8,08 8,45 8,67 9,11 8,36 8,12 7,69
Bragança 0,87 1,00 0,95 1,04 0,94 0,97 0,93 0,86 0,70
Castelo Branco 1,44 1,40 1,52 1,39 1,53 1,42 1,22 1,22 1,12
Coimbra 3,21 3,33 3,42 3,14 3,37 3,26 3,19 3,31 2,96
Évora 1,40 1,46 1,45 1,17 1,24 1,38 1,23 1,36 1,37
Faro 6,04 5,66 4,97 5,20 5,30 5,07 5,43 5,28 5,20
Guarda 0,92 1,08 1,07 0,84 1,07 0,94 0,92 0,87 0,82
Leiria 3,98 4,22 4,60 4,05 4,00 4,19 3,83 4,38 4,20
Lisboa 28,73 28,38 27,69 28,72 28,36 27,24 29,21 28,61 31,28
Portalegre 0,86 0,71 0,89 0,85 0,85 0,83 0,76 0,75 0,71
Porto 17,63 17,46 18,11 18,14 18,77 19,24 18,86 18,87 18,30
Santarém 3,67 3,81 3,44 3,57 3,35 3,17 3,28 2,95 3,10
Setúbal 7,22 6,86 6,81 7,15 6,32 6,57 6,63 6,16 6,30
Viana do Castelo 1,79 1,84 1,80 1,82 1,93 1,89 1,83 1,77 1,86
Vila Real 1,42 1,48 1,53 1,31 1,25 1,36 1,36 1,35 1,23
Viseu 2,71 2,71 2,90 2,68 2,67 2,54 2,45 2,50 2,33
Angra do Heroísmo 0,48 0,33 0,39 0,34 0,40 0,32 0,43 0,39 0,33
Horta 0,20 0,17 0,25 0,24 0,32 0,31 0,29 0,39 0,17
Ponta Delgada 0,94 0,80 0,93 0,68 0,79 0,83 0,99 0,87 0,80
Funchal 2,85 2,46 2,52 2,33 2,32 2,50 2,06 2,80 2,70
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados da IES
69
Anexo 9 – Distribuição espacial das mortes de estabelecimentos (2007-
2015)
Distrito 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Aveiro 5,63 6,15 5,91 5,59 5,53 5,77 5,69 5,88 5,56
Beja 0,81 0,69 0,82 0,76 0,93 0,89 0,74 0,97 1,07
Braga 7,00 7,50 7,10 7,12 7,78 7,30 7,25 7,22 6,98
Bragança 0,61 0,59 0,65 0,74 0,68 0,72 0,79 0,84 0,87
Castelo Branco 1,33 1,44 1,40 1,31 1,32 1,38 1,42 1,23 1,18
Coimbra 3,39 3,38 3,20 3,18 3,48 3,35 3,38 3,24 3,20
Évora 1,36 1,23 1,24 1,19 1,20 1,25 1,17 1,22 1,37
Faro 5,25 5,39 5,95 5,98 5,62 5,76 5,28 5,19 5,54
Guarda 0,91 0,93 0,90 0,75 1,02 0,91 0,94 0,86 0,87
Leiria 4,64 4,56 4,95 4,87 4,26 4,29 4,15 4,22 4,04
Lisboa 29,39 29,27 29,29 29,69 29,30 29,35 30,08 30,40 30,30
Portalegre 0,72 0,72 0,73 0,65 0,72 0,70 0,72 0,93 0,80
Porto 18,24 17,48 17,33 17,01 17,59 17,69 17,93 17,48 17,49
Santarém 3,58 3,81 3,41 4,06 3,82 3,69 3,54 3,75 3,31
Setúbal 7,57 7,09 6,89 7,26 7,57 7,40 7,29 7,26 7,55
Viana do Castelo 1,42 1,65 1,75 1,67 1,58 1,74 1,58 1,66 1,68
Vila Real 1,08 1,16 1,13 1,19 1,17 1,24 1,26 1,31 1,33
Viseu 2,60 2,46 2,34 2,33 2,45 2,27 2,36 2,39 2,43
Angra do Heroísmo 0,31 0,32 0,32 0,27 0,28 0,36 0,39 0,31 0,33
Horta 0,14 0,11 0,19 0,19 0,15 0,19 0,21 0,18 0,19
Ponta Delgada 0,60 0,54 0,81 0,65 0,67 0,82 0,85 0,79 0,80
Funchal 3,42 3,51 3,71 3,52 2,85 2,93 2,98 2,68 3,09
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados da IES