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Os Painéis
de
S. Vicente de Fora
Novos Documentos, Novas Revelações
Clemente Baeta
© Clemente Baeta
© Os Painéis de S. Vicente de Fora –
Novos Documentos, Novas Revelações
Design da capa: Clemente Baeta
1ª Edição: Setembro / 2014
Registo IGAC: 3196 / 2014
Editado por Bubok Publishing S.L.
Impresso em Portugal
A todos os Investigadores e Estudiosos dos Painéis:
- do passado
- do presente
- do futuro
“Eis o meu segredo.
É muito simples: só se pode ver bem com o coração.
O essencial é invisível aos olhos.”
O Principezinho, Antoine de Saint-Exupéry
“Não procures esconder nada; o tempo vê, escuta e revela tudo.”
Sófocles
“Algo só é impossível até que alguém duvide e prove o contrário.”
Albert Einstein
Índice
Introdução ………………………………….……………….. 7
I Parte - Continuação
1. S. João Evangelista e a vara …………………………….. 13
2. O livro do painel do Infante …………………………….. 23
3. O embaixador Jean Jouffroy ……………………………. 29
4. O capacete do Infante Santo …………………………….. 39
5. Porquê só em 1464-1467? ………………………………. 41
II Parte – Continuação e Inovação
6. O traje da rainha D. Isabel ………………………………. 45
7. Letras dissimuladas ……………………………………... 51
8. O frade de barbas e a tábua ……………………………... 55
9. O rosto de um pintor flamengo …………………………. 71
10. O pintor dos Painéis …………………………………….. 77
11. A inscrição na bota do Príncipe …………………………. 89
III Parte – Inovação, Revelação e Negação
12. A tese vicentina …………………………………………. 99
13. A iconografia de S. Vicente …………………………….. 113
14. A cronologia dos documentos …………………………... 121
15. Os documentos das Visitações ………………………….. 133
16. Os pareceres de Francisco Pereira Pestana ……………... 139
17. A opinião de Francisco de Holanda …………………….. 149
18. O documento da Biblioteca do Rio de Janeiro …………. 151
19. O testemunho de D. Rodrigo da Cunha ………………… 155
20. O outro relato de D. Rodrigo da Cunha ………………… 159
21. A contribuição do inventário de 1821 …………………... 167
22. A reconstituição do retábulo do altar de S. Vicente ……. 175
23. Conclusão ……………………………………………….. 179
Apêndices
I. Documentos relativos aos Pintores ………………………... 181
II. Documentos relativos às Visitações ………………………. 185
III. Outros documentos ………………………………………... 193
Bibliografia …………………………………………………... 195
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Introdução
Os Painéis revelam, para além do tema principal, inserido num
determinado contexto histórico, um conjunto de mensagens e
referências a outros acontecimentos. Podemos procurar decifrar alguns
através da descodificação das pistas e símbolos presentes nas tábuas.
Na pintura dos séculos XV e XVI são frequentes as inserções de
mensagens transmitidas numa linguagem simbólica e de divulgação
restrita. Esta era apenas conhecida por poucos e a sua interpretação ou
tradução perdeu-se ao longo dos séculos. Para se entender e interpretar
o tema dos Painéis há que descobrir a “escrita” subjacente à sua
execução. Para a decifrar é necessário fazer um trabalho analítico e
penetrar profundamente nos símbolos, de modo a entender as
mensagens ou representações ali existentes.
Os objectos expostos devem ser percebidos como pistas que contêm
em si um enigma ou mensagem codificada. São convites ou desafios
feitos aos observadores da pintura para que tentem a sua decifração
com vista a chegar à solução ou à leitura do que ali está encoberto. A
descodificação de todos estes elementos permitirá uma nova leitura e
interpretação dos Painéis. Muitas cenas, imagens ou objectos podem
até ter mais do que um significado. Já apresentámos no nosso estudo
anterior1 alguns indícios, argumentos e até provas, que são
suficientemente credíveis, para serem pensadas, analisadas e estudadas
mais profundamente.
O nosso contributo para a “Questão dos Painéis” poderá ferir
susceptibilidades daqueles autores que considerem este assunto
encerrado ou pouco passível de sofrer alterações. Por isso, estes
1 BAETA, Clemente – Os Painéis em Memória do Infante D. Pedro (Um Estudo), Lisboa, 2012
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assumem à partida que qualquer novo contributo não passará de uma
simples fantasia. Sabemos que é difícil ir contra a posição defendida
por uma grande parte dos historiadores de arte ou académicos que se
têm debruçado sobre esta pintura. Este sector da crítica de arte coloca
habitualmente reticências a estas análises e tem tendência a fugir a
qualquer debate que inclua os pormenores que, sublinhamos, estão na
pintura por alguma razão. Escusam-se a examinar ou a emitir uma
opinião sobre estes detalhes, e quando o fazem é sempre de um modo
pouco evasivo.
Quando pomos em causa todo um conjunto de mitos e quando
pretendemos dar um novo enquadramento ao tema, logo aparecem os
guardadores e vigilantes dos dogmas oficiais a contestar essa visão.
Pensamos que é imprescindível, que haja por parte destes académicos,
um espírito mais aberto para aceitar a possibilidade de outras leituras
que contrariem, de certo modo, a versão mais divulgada. Não
existindo esta abertura, acontecem habitualmente duas atitudes por
parte destes críticos: a indiferença total ou a ridiculização do
respectivo autor através do esmagamento da sua tese.
Existem nas nossas abordagens vias que ainda não tinham sido
exploradas e que, na perspectiva de um ou outro investigador, poderão
abrir outros caminhos de análise, provavelmente mais esclarecedores
ou enriquecedores, de modo a desvendar um pouco mais o enigma dos
Painéis.
* * * * *
Este segundo estudo deverá ser entendido não só como um
complemento às ideias expostas em Os Painéis em Memória do
Infante D. Pedro, mas também como a entrada em novos campos de
investigação, de certo modo afastados do tema principal já analisado
no trabalho anterior.
Dividimos este trabalho em três grandes partes.
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A primeira, “Continuação”, reforça os argumentos que expusemos
nalguns capítulos do primeiro volume. Provamos que a vara dourada
que S. João Evangelista segura no painel do Arcebispo foi um atributo
muito utilizado na iconografia deste santo. Esquematizamos o texto
presente no livro aberto do painel do Infante, de um modo legível.
Salientamos que, apesar das severas críticas que teceu a D. Afonso V,
o embaixador e futuro cardeal, Jean Jouffroy, manteve cordiais
relações com o soberano português. Encontramos no capacete do
Infante Santo um pormenor associado à sua santidade. Explicamos a
razão do hiato temporal decorrido entre a morte do infante D. Pedro
(1449) e a homenagem que lhe foi feita nos Painéis (1464-1467).
A segunda parte, “Continuação e Inovação”, visa completar as
análises efectuadas a algumas figuras e revelar simbolismos de
determinados objectos que nos permitiram apresentar soluções que,
reconhecemos, são de certo modo temerárias. Na figura da rainha D.
Isabel damos particular atenção à cobertura da sua cabeça e ao seu
saiote. Vislumbramos nos Painéis centrais um conjunto de letras
camufladas que vão de encontro com a nossa tese. Propomos uma
segunda leitura para as figuras do painel dos Frades, local onde
descobrimos um mapa de Portugal. No painel dos Pescadores
identificamos o rosto de um grande pintor flamengo que,
indirectamente, nos permitiu fazer uma leitura bíblica da cena ali
representada. Introduzimos novas pistas para a identificação do pintor
dos Painéis. Propomos uma decifração para a inscrição existente na
bota do príncipe D. João, tendo por base um novo ângulo de leitura da
mesma.
A última parte deste estudo “Inovação, Revelação e Negação” integra
a apresentação de um conjunto de documentos inéditos e ausentes do
debate sobre os Painéis, cuja contribuição irá esclarecer ou solidificar
determinadas conclusões já divulgadas. Do mesmo modo
aprofundamos a análise de testemunhos e documentos já publicados
que nos permitiram retirar novas ilações. Analisamos criticamente a
tese vicentina, destacando os seus pontos fracos. Apresentamos um
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conjunto de imagens associadas à iconografia de S. Vicente de
maneira a evidenciar as diferenças existentes com a imagem do santo
do políptico. Expomos sinteticamente a cronologia dos documentos
conhecidos, e dos outros agora divulgados, relativos ao retábulo da
capela de S. Vicente da Sé de Lisboa e aos Painéis. Seguidamente
examinamos um conjunto de testemunhos, onde se incluem os novos
documentos. Dissecamos a parte do relato de D. Rodrigo da Cunha
que não tem sido objecto de atenção por parte dos diversos estudiosos.
Consideramos o Inventário da Mitra de 1821, de onde extraímos
algumas conclusões significativas, um documento importante que
deveria merecer uma maior atenção da parte dos investigadores. A
culminar esta parte, e com base nas informações inseridas nos
diversos documentos, apresentamos uma proposta de reconstituição do
retábulo do altar de S. Vicente da capela-mor da Sé de Lisboa.
* * * * *
Finalmente uma palavra de reconhecimento e de agradecimento a
todos os investigadores e estudiosos, independentemente das teses que
têm defendido, que há mais de um século, têm analisado e debatido
este tema tão aliciante e viciante. Confessamos que, sem as suas
contribuições, não nos teria sido possível equacionar ou aprofundar
esta matéria da forma que se encontra expressa nos nossos dois
estudos.
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