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OS QUATRO PUNHAIS
DO FARAÓ
Luiz Pinto
Sumário os Jovens Arqueólogos ..................................................................... 3
Humberto X Henrique ...................................................................... 7
Convite Irrecusável ......................................................................... 15
O Início De Uma Grande Aventura ................................................. 23
Kassem É Apresentado ................................................................... 26
Enfim O Grande Dia ........................................................................ 31
O Filho Da Terra .............................................................................. 36
A Viagem De Volta .......................................................................... 39
Os Quatro Punhais Do Faraó .......................................................... 42
A Festa De Formatura ..................................................................... 48
O Primeiro Punhal .......................................................................... 54
Os Primeiros Suspeitos ................................................................... 61
O Adeus A Humberto ...................................................................... 69
O Círculo Se Fecha .......................................................................... 73
Henrique É Julgado ......................................................................... 76
O Segundo Punhal .......................................................................... 82
As Investigações Se Iniciam ............................................................ 85
Um Estranho Visitante .................................................................... 91
As Primeiras Linhas São Traduzidas ................................................ 94
A Viagem Ao Egito ........................................................................ 102
Momentos Decisivos .................................................................... 107
O Terceiro Punhal ......................................................................... 116
2
Caso Encerrado ............................................................................. 123
Um Pedido De Desculpas.............................................................. 127
O Quarto Punhal? ......................................................................... 132
Acabou O Pesadelo? ..................................................................... 152
3
∞ 1 ∞
Os Jovens Arqueólogos
- Acorda Felipe, estamos atrasados.
- Por favor Humberto, me deixa em paz. – disse Felipe
cobrindo-se por completo embaixo do cobertor, resistindo ao
máximo aos apelos do amigo.
- Quando nos formarmos no final do ano, quero um
diploma extra por te aturar nesses últimos quatro anos.
- Não seja injusto, trouxe mais alegria a esse quarto.
Ou você preferia continuar aturando o Henrique? – levanta-se
Felipe se sentindo ofendido com as reclamações de Humberto,
seu grande amigo.
- Pensando bem você está certo, aquele Henrique era
mesmo uma pessoa insuportável e para piorar metido a
inteligente. – disse Humberto.
- Aqui entre nós, inteligente o Henrique é, mas sem
dúvida alguma o meu grande amigo Humberto é melhor, tanto
que “colei” contigo, afinal de contas tenho que me formar ao
final desse ano ou meu pai me mata.
- Levanta logo Felipe, senão vamos chegar atrasados.
- Seu mal é que você leva tudo muito a sério.
- Deixa de resmungar e vamos logo. – insiste Humberto
retirando a coberta de Felipe que se encolhe mais ainda.
- Vamos lá Felipe coragem falta pouco mais de quatro
meses. – disse Felipe em voz alta tentando encorajar a si
próprio.
4
Humberto Gomes e Felipe Matheus são jovens
universitários estudantes do último período de Arqueologia na
Universidade de São Paulo, Humberto é o mais responsável um
jovem de vinte e seis anos de idade e um futuro promissor,
muito dedicado e estudioso desde os tempos do colegial, fala
inglês e árabe fluentemente, sua maior paixão é sem dúvida
alguma a Arqueologia e em especial o Egito antigo, as velhas
pirâmides, sua construção, sua história milenar, motivo que o
fez aprender árabe com tanta rapidez, seu maior sonho é
conhecer esse maravilhoso país e suas inacreditáveis e
milenares pirâmides.
Felipe já é o oposto, também muito jovem um ano
mais novo que Humberto com uma vida completamente
diferente, seu pai é um rico fazendeiro de Goiás, dono de
vastas terras e cabeças de gado e uma vontade muito grande
de ver o filho formado em uma famosa universidade.
- Vamos embora Felipe, não vou chegar atrasado por
sua causa. – grita Humberto já dentro do carro com o motor
ligado.
- Só um minuto, já estou descendo.
- Só vou esperar um minuto mesmo.
- Ele sempre diz isso. – responde Felipe em voz baixa. -
desço em trinta segundo. – responde Felipe agora em voz alta.
Dez minuto depois, o rapaz aparece no portão do
apartamento como se nada tivesse acontecendo, dando aquela
costumeira desculpa.
- Prometo que não vou mais me atrasar.
- Entra logo e para de conversa fiada.
- Já estou entrando, não precisa nem abrir a porta.
5
Não precisava mesmo abrir a porta, o carro de
Humberto era um daqueles velhos pumas conversível ano
setenta e oito, branco e impecável.
- Vamos logo Humberto, acelera isso, estamos muito
atrasados e não quero perder o início das aulas.
- Faz de conta que acredito. – reclama Humberto
acelerando.
Os dois rapazes moram a dez minutos de carro da
Universidade, a aula começa em pouco mais de quinze
minutos e Humberto tenta ser o mais rápido possível.
- Vamos logo Humberto, senão vamos chegar
atrasados. – insiste Felipe.
- Não reparou que o sinal acabou de fechar.
- Você leva tudo muito a sério.
- Para de repetir essa frase.
- Tudo bem Humberto. Tudo bem.
Enquanto Humberto espera o sinal abrir, Felipe
apronta mais uma de suas travessuras, saindo do carro de
repente.
- Onde você vai Felipe?
- Me da só um tempinho.
- Mas não temos esse tempinho. – insiste Humberto.
O sinal abre e como é de costume aqui no Brasil, o
motorista do carro de trás começa a buzinar para que
Humberto ande.
- Passa por cima. - grita Humberto perdendo a linha.
Após alguns poucos segundos, Felipe volta ao carro
acompanhado de uma bela jovem de olhos verdes, cabelos
loiros e longos e um corpo muito bem feito, que podia ser
notado pela justa calça Jeans que usava.
6
- Você é maluco, acabou de dizer que não queria
chegar atrasado e abandona o carro desse jeito. - disse
Humberto muito irritado, sem perceber a moça ao lado de
Felipe.
- Sim, mas foi por uma boa causa, ou seria melhor
disser uma bela causa. – disse Felipe tentando apresentar a
moça para Humberto.
- Isabela Chagas? Desculpe não vi que era você. – disse
Humberto sem precisar de apresentações.
- Já se conhecem? – pergunta Felipe espantado.
- Se não tivesse visto que era o carro do Humberto,
não teria aceitado o convite, apesar de também estar bastante
atrasada para a aula. – disse Isabela.
- Vamos embora “Dom Juan dos pobres”, não esqueça
que ainda estamos atrasados. – disse Humberto acelerando
seu velho puma conversível.
7
∞ 2 ∞
Humberto x Henrique
- Não acredito, você conhece uma garota linda
daquelas e nunca me apresentou? - pergunta Felipe
mostrando empolgação por Isabela.
- Essa garota não é para você.
- Porque não? Vai me dizer que agora será meu
conselheiro romântico?
- Não se trata disso.
- Não vai me dizer que você gosta dela?
- O problema não é esse, Isabela é uma garota voltada
para os estudos tenho que admitir que tentei me aproximar
dela uma vez mas não consegui, ela me deu a justificativa que
primeiro quer dedicar-se aos estudos e a sua carreira.
- Eu acho que Isabela não foi é com sua cara de
metaleiro dos anos setenta. – disse Felipe referindo-se a vasta
cabeleira que cai sobre os ombros de Humberto além da barba
e bigode que sempre usou.
- Quem sabe você vai ter mais sorte.
- Você tem que mudar esse visual. – insiste Felipe.
- Me sinto bem assim com essa cara de maluco.
- Pelo menos sabe que tem cara de maluco, aliás
Isabela vai se formar em que? – insiste Felipe fazendo mais
perguntas sobre a moça.
- Ela se forma em dois anos, adivinha em que?
- Não vai me dizer que é em Arqueologia?
8
- Exatamente. – confirma Humberto.
- Não acredito, eu e ela temos algo em comum, quem
sabe pode ser um início. – disse Felipe mostrando um interesse
repentino em Arqueologia.
- “Dom Juan” já disse que Isabela não é para você.
- Estou nessa Universidade a quase seis anos e nunca vi
essa garota pelos corredores, não é possível.
- Isabela Chagas veio transferida da Universidade
Federal de Belo Horizonte, me parece que o pai dela foi
transferido para São Paulo.
- Quanto tempo ela está aqui? – insiste Felipe.
- Me parece que quase um ano.
- Quase um ano aqui e nunca reparei nessa mineirinha
linda andando pela universidade, não posso me perdoar
quanto a isso.
- Você não a encontra porque ela fica muito pouco
tempo andando pelos corredores, se você quiser encontrá-la
vá ao lugar certo.
- Onde é esse lugar?
- Está querendo saber demais.
- Por favor, você sempre foi meu melhor amigo. –
insiste Felipe.
- Isabela dedica-se muito a sua profissão, estuda muito
e adora Arqueologia e por isso digo que ela não é para você.
- Já me disse isso, agradeço pelo conselho, mas onde
posso encontrá-la?
- Aqui mesmo, em um lugar que você nunca deve ter
ido.
- Lugar aqui onde nunca fui?
- Pensa bem, não é tão difícil de deduzir.
9
- Seria na sala de estudos? Na biblioteca?
- Eureca, descobriu a pólvora sem fazer barulho,
entendeu agora porque ela não é para você meu querido
amigo. – disse Humberto em tom de deboche.
- Meu amigo Humberto, nunca pensei dizer isso mas
estou começando a gostar de Arqueologia, essa menina vale
todo sacrifício, acho que estou apaixonado.
- Nem vendo, acredito nisso. – disse Humberto
colocando o braço sobre os ombros de Felipe e entrando na
sala de aula completamente atrasados.
- Só mais uma pergunta. – insiste Felipe.
- Pergunte, meu amigo.
- Onde fica a biblioteca?
Os inseparáveis amigos entram na sala de aula rindo
muito, afinal de contas Felipe não estava falando sério quando
perguntou onde fica a biblioteca ou será que estaria?
- A piada deve ter sido muito boa. – reclama o
professor Antunes.
- Desculpe, mestre, pelo atraso. – desculpa-se
Humberto.
- É de se estranhar você chegando atrasado em uma
aula tão importante quanto essa. – reclama o professor.
- Houve um contratempo, mestre, a culpa foi minha. –
disse Felipe tentando defender o amigo quando é
interrompido por Henrique.
- Isso que dá andar mal acompanhado Humberto.
Houve um riso geral na sala de aula com tal
comentário.
10
- Pelo contrário caro Henrique, nos dois primeiros anos
do meu curso foi que eu andei pessimamente mal
acompanhado por um mal caráter como você.
- Quem você pensa que é Humberto? – levanta-se
Henrique muito irritado.
- Senhores, só não vou tomar uma atitude mais séria
em consideração ao excelente desempenho dos dois nessa
matéria, assim como nas outras. Também peço que qualquer
rixa entre vocês seja resolvida lá fora, agora sentem-se pois
quero continuar a aula.
O silêncio na sala foi sepulcral, até o fim da aula não foi
feito nenhum comentário sobre o ocorrido o que mostra o
respeito que todos tem pelo professor Antunes. A rivalidade
entre Humberto e Henrique já vem de algum tempo, no início
do curso alugaram um apartamento e conseguiram ficar juntos
por quase dois anos, depois de muitas desavenças os dois
criaram tanta raiva um do outro que toda a universidade sabia.
Henrique também é um jovem que beira a mesma
idade de Humberto e Felipe, muito forte, cabelo bem curto e
um rosto que parecia ter levado uma batida de frente, mas
essa descrição nunca intimidou muito a Humberto.
- Esse sujeito me tira do sério. – conversam Humberto
e Felipe após a aula na cantina da universidade.
- Calma, ele quer isso mesmo te irritar.
- Sabia que ele é vidrado em Isabela?
- Não acredito, aquele troglodita não se enxerga? –
disse Felipe.
- Mas é verdade. – insiste Humberto.
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- Uma flor daquelas nas mãos de um monstro
musculoso, eles não tem nada haver um com o outro. – disse
Felipe mostrando um certo ciúme.
- Não se esqueça que ele leva uma vantagem sobre
você.
- Qual seria essa vantagem?
- Ele adora Arqueologia, e você mesmo admite que ele
é muito bom.
- Não tão bom quanto você.
- Agora não é tão bom quanto eu, e tem mais eles já
andaram estudando juntos. – insiste Humberto em irritar o
amigo.
- Isso não tem nada haver, você está querendo me
irritar.
- Pode até ser, mas que é verdade isso é, disfarça, olha
quem está chegando.
Era Isabela que acabara de sentar-se à uma mesa bem
próximo dos rapazes, quando a moça sentiu-se notada acenou
para eles.
- Como essa garota é linda! – exclama Felipe.
- Sabe Felipe, acho que realmente algo estranho está
acontecendo contigo.
- Dá para notar?
- Só cego ainda não reparou, porque não vai até lá
“Dom Juan”?
- Acho que vou mesmo.
- Só tem um problema. – insiste Humberto.
- Qual?
- Cuidado com o Henrique “cara amassada”.
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- Esse cara não é nem louco de se meter com ela
novamente.
- Com esse seu braçinho? Ele te derruba com um
sopro. – disse Humberto referindo-se ao corpo franzino do
amigo.
- Eu vou lá, me deseje sorte.
- Você nunca precisou disso.
- Mas acho que dessa vez vou precisar.
- Você leva tudo muito a sério.
- Acho que já ouvi isso em algum lugar. – disse Felipe
sorrindo.
- Boa sorte meu amigo.
Felipe é do tipo conquistador, um rapaz agradável e
muito simpático, corpo franzino, olhos castanhos claros e bem
penetrantes, capaz de conquistar qualquer moça. Isabela
chamou Humberto para a mesa, mas o rapaz preferiu acenar
de longe. O casal conversa por pouco mais de dez minutos até
serem interrompidos por Henrique que inexplicavelmente
pergunta para Isabela se o rapaz a está incomodando.
- Não muito pelo contrário, Felipe está sendo muito
agradável.
Com a resposta dado pela moça Felipe reagi com um
sorriso de satisfação, mas Henrique não se dá por vencido e
insiste em perturbar o casal.
- Você sabe que esse cara tem fama de conquistador
barato?
- Obrigada pela preocupação Henrique, mas sei muito
bem me cuidar sozinha,
- Satisfeito grandalhão, será que agora pode nos deixar
em paz?
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Henrique em um piscar de olhos levanta Felipe e lhe dá
um murro no rosto, na altura da boca, o rapaz é jogado longe
como se fosse um coice mas antes mesmo que Felipe caísse no
chão, Humberto voa em cima de Henrique como se fosse um
leão em busca da caça, era como se aquele soco fosse nele
próprio.
- Infeliz, eu te mato. – grita Humberto rolando no chão
com Henrique.
Se Henrique é forte, Humberto não fica atrás.
Felizmente a luta não dura muito, pois vários amigos dos dois
rapazes chegaram para separar.
- Eu acabo com você Humberto.
- Quero ver Henrique, você é um covarde.
Os ânimos se acalmam, Felipe já de pé com a boca
sangrando vai sendo amparado por Isabela.
- Esse Henrique é um monstro. – comenta Isabela.
- Deixa eu ver se saiu alguma coisa do lugar. – comenta
Humberto sorrindo já um pouco mais calmo – Não foi nada só
um pequeno corte.
- Ele deu sorte, acho que o soco não pegou bem do
jeito que Henrique queria. – insiste Isabela ainda abraçada a
Felipe.
- É melhor voltarmos para casa, acho que hoje não é
nosso dia.
- O dia não foi tão ruim assim. – comenta Felipe.
- O que mais poderia acontecer?
- Não esqueça que conheci Isabela hoje. – disse Felipe
olhando bem fundo nos olhos da moça que imediatamente
olha para o chão com um leve sorriso.
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- Estou indo, hoje o dia não foi nada bom para mim. –
insiste Humberto.
- Felipe também vai, a não ser que ele queira assistir
aula de pré-história comigo mais tarde. – comenta Isabela.
- Acho melhor irmos, lembrei que temos que estudar
para as provas da semana que vem. – disse Felipe saindo de
mansinho.
- É Isabela, acho que você tocou no ponto fraco dele,
vamos cuidar desse ferimento em casa. – disse Humberto
abraçando o amigo.
- Até logo Isabela, foi muito bom te conhecer. – disse
Felipe se despedindo.
- Até outro dia rapazes.