23
OS TRATADOS OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO BRASILEIRO

OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

OS TRATADOS OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE INTERNACIONAIS DE

DIREITOS HUMANOS E DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO O ORDENAMENTO

JURÍDICO BRASILEIROJURÍDICO BRASILEIRO

Page 2: OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

1.1. ConceitoConceito

Segundo Valério Mazzuoli Segundo Valério Mazzuoli “Tratado Internacional é “Tratado Internacional é um acordo formal de vontades concluído entre os um acordo formal de vontades concluído entre os sujeitos do Direito Internacional Público, regido sujeitos do Direito Internacional Público, regido pelo direito das gentes e destinado a produzir, pelo direito das gentes e destinado a produzir, imprescindivelmente, efeitos jurídicos para as imprescindivelmente, efeitos jurídicos para as partes que a ele aderirem, devendo ser partes que a ele aderirem, devendo ser compreendido de modo genérico (...) de forma que compreendido de modo genérico (...) de forma que a utilização do termo vem sendo a utilização do termo vem sendo indiscriminadamente utilizado pelas Constituições indiscriminadamente utilizado pelas Constituições brasileiras, sendo a expressão ‘Convenção brasileiras, sendo a expressão ‘Convenção Internacional’ apropriada para os atos Internacional’ apropriada para os atos multilaterais, oriundos de conferências multilaterais, oriundos de conferências internacionais, que versem sobre assuntos de internacionais, que versem sobre assuntos de interesse geral.”interesse geral.” (In: Curso de Direito Internacional (In: Curso de Direito Internacional Público. 2º ed. São Paulo: Revistas dos Tribunais, Público. 2º ed. São Paulo: Revistas dos Tribunais, 2007 P. 141).2007 P. 141).

Page 3: OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

2.2.Depositário infiel – O caso Depositário infiel – O caso paradigma no STFparadigma no STF

CONSTITUIÇÃO FEDERAL CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 5Art. 5oo, inciso LXVII - não haverá prisão civil por , inciso LXVII - não haverá prisão civil por

dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do do depositário infiel;depositário infiel;

Regulamentado pela 8.866/ 94 e pelo Decreto-lei nRegulamentado pela 8.866/ 94 e pelo Decreto-lei noo 911/69. 911/69.

CONVENÇÃO AMERICANA DE CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (1969) - DIREITOS HUMANOS (1969) - Pacto de São José Pacto de São José da Costa Ricada Costa Rica

Art. 7Art. 7oo. Ninguém deve ser detido por dívidas. . Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de autoridade Este princípio não limita os mandados de autoridade judiciária competente, expedidos judiciária competente, expedidos em virtude de em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar.inadimplemento de obrigação alimentar.

Incorporada ao nosso sistema jurídico interno pelo Decreto nIncorporada ao nosso sistema jurídico interno pelo Decreto noo 678, de 6 de novembro de 1992. 678, de 6 de novembro de 1992.

Page 4: OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Art. 4Art. 4oo. A República Federativa do Brasil rege-se nas . A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes suas relações internacionais pelos seguintes princípios:princípios:

I - independência nacional;I - independência nacional;II II - prevalência dos direitos humanos;- prevalência dos direitos humanos;

Art. 5Art. 5oo, §2, §2oo - Os direitos e garantias expressos nesta - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição Constituição não excluem outros decorrentes não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parteRepública Federativa do Brasil seja parte..

Page 5: OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Essa disposição Constitucional deu ensejo a uma Essa disposição Constitucional deu ensejo a uma instigante discussão doutrinária e jurisprudencial instigante discussão doutrinária e jurisprudencial sobre o sobre o statusstatus normativo dos Tratados Internacionais normativo dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos no Brasil, anteriores a EC nde Direitos Humanos no Brasil, anteriores a EC noo 45, 45, que pode ser sistematizada em 4 que pode ser sistematizada em 4 correntescorrentes[1]::I.I.A corrente que reconhece a vertente A corrente que reconhece a vertente supraconstitucionalsupraconstitucional dos Tratados de Direitos dos Tratados de Direitos Humanos.Humanos.II.II.O posicionamento que atribui O posicionamento que atribui caráter caráter ConstitucionalConstitucional a esses diplomas internacionais. a esses diplomas internacionais.III.III.A tendência que atribui A tendência que atribui caráter de lei ordináriacaráter de lei ordinária aos aos tratados de direitos humanos. (RE 80.004/SE)tratados de direitos humanos. (RE 80.004/SE)IV.IV.Aquela que atribui caráter Aquela que atribui caráter supralegal e supralegal e infraconstitucionalinfraconstitucional aos referidos tratados. aos referidos tratados.

[1] Trecho do voto do Min. GiLmar Ferreira Mendes no RE 466.343-1 São Paulo

Page 6: OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

PRISÃO CIVIL DO DEPOSITÁRIO INFIEL EM FACE DOS TRATADOS PRISÃO CIVIL DO DEPOSITÁRIO INFIEL EM FACE DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS. INTERPRETAÇÃO DA INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS. INTERPRETAÇÃO DA PARTE FINAL DO INCISO LXVII DO ART. 5PARTE FINAL DO INCISO LXVII DO ART. 5oo DA CONSTITUIÇÃO DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988. POSIÇÃO HIERÁRQUICO-NORMATIVA DOS BRASILEIRA DE 1988. POSIÇÃO HIERÁRQUICO-NORMATIVA DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS NO TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO.ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO.  Desde a adesão do Brasil, sem qualquer reserva, ao Pacto Desde a adesão do Brasil, sem qualquer reserva, ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 11) e à Convenção Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 11) e à Convenção Americana sobre Direitos Humanos - Pacto de San José da Costa Americana sobre Direitos Humanos - Pacto de San José da Costa Rica (art. 7º, 7), ambos no ano de 1992, não há mais base legal Rica (art. 7º, 7), ambos no ano de 1992, não há mais base legal para prisão civil do depositário infiel, pois o caráter especial desses para prisão civil do depositário infiel, pois o caráter especial desses diplomas internacionais sobre direitos humanos lhes reserva lugar diplomas internacionais sobre direitos humanos lhes reserva lugar específico no ordenamento jurídico, estando abaixo da específico no ordenamento jurídico, estando abaixo da Constituição, porém acima da legislação interna. O status Constituição, porém acima da legislação interna. O status normativo supralegal dos tratados internacionais de direitos normativo supralegal dos tratados internacionais de direitos humanos subscritos pelo Brasil torna inaplicável a legislação humanos subscritos pelo Brasil torna inaplicável a legislação infraconstitucional com ele conflitante, seja ela anterior ou infraconstitucional com ele conflitante, seja ela anterior ou posterior ao ato de adesão. Assim ocorreu com o art. 1.287 do posterior ao ato de adesão. Assim ocorreu com o art. 1.287 do Código Civil de 1916 e com o Decreto-Lei n° 911/69, assim como Código Civil de 1916 e com o Decreto-Lei n° 911/69, assim como em relação ao art. 652 do Novo Código Civil (Lei n° 10.406/2002).em relação ao art. 652 do Novo Código Civil (Lei n° 10.406/2002).

Page 7: OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

3.3.Emenda Constitucional nEmenda Constitucional noo 45 45

CONSTITUIÇÃO FEDERAL CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 5Art. 5oo, , §3§3oo - - Os tratados e convenções Os tratados e convenções

internacionais sobre direitos humanos que forem internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).Constitucional nº 45, de 2004).

ImportanteImportante: A maioria da doutrina Internacionalista ainda : A maioria da doutrina Internacionalista ainda acredita que, independente da aprovação por acredita que, independente da aprovação por quórumquórum qualificado, os Tratados Internacionais de Direitos Humanos qualificado, os Tratados Internacionais de Direitos Humanos têm têm statusstatus de norma constitucional, por força do art. 5 de norma constitucional, por força do art. 5oo, §2, §2oo supramencionado.supramencionado.

Page 8: OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Pessoa portadora de deficiência e o benefício Pessoa portadora de deficiência e o benefício assistencialassistencial

CONSTITUIÇÃO FEDERAL CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 213 - Art. 213 - A assistência social será prestada a A assistência social será prestada a

quem dela necessitar, independentemente de quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:objetivos:

(...)(...)

V - a garantia de um salário mínimo de V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a leidispuser a lei

Page 9: OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

LEI NLEI NOO 8742/1993. 8742/1993.Art. 20 - Art. 20 - O benefício de prestação continuada é a O benefício de prestação continuada é a

garantia de 1 (um) salário mínimo mensal à pessoa garantia de 1 (um) salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 70 (setenta) portadora de deficiência e ao idoso com 70 (setenta) anos ou mais e que comprovem não possuir meios anos ou mais e que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la de prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família.provida por sua família.  

  (...)(...)§2§2oo Para efeito de concessão deste benefício, a Para efeito de concessão deste benefício, a

pessoa portadora de deficiência é aquela pessoa portadora de deficiência é aquela incapacitada para a vida independente e para o incapacitada para a vida independente e para o trabalho.trabalho.

§3§3oo Considera-se incapaz de prover a manutenção Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo.quarto) do salário mínimo.

Page 10: OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

ADIN N.1.232-1ADIN N.1.232-1

EMENTAEMENTA

CONSTITUCIONAL. IMPUGNA DISPOSITIVO DE LEI CONSTITUCIONAL. IMPUGNA DISPOSITIVO DE LEI FEDERAL QUE ESTABELECE O CRITÉRIO PARA FEDERAL QUE ESTABELECE O CRITÉRIO PARA RECEBER O BENEFÍCIO DO INCISO V DO ART. 203, DA RECEBER O BENEFÍCIO DO INCISO V DO ART. 203, DA CF. INEXISTE A RESTRIÇÃO ALEGADA EM FACE AO CF. INEXISTE A RESTRIÇÃO ALEGADA EM FACE AO PRÓPRIO DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL QUE PRÓPRIO DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL QUE REPORTA À LEI PARA FIXAR OS CRITÉRIOS DE REPORTA À LEI PARA FIXAR OS CRITÉRIOS DE GARANTIA DO BENEFÍCIO DE SALÁRIO MÍNIMO À GARANTIA DO BENEFÍCIO DE SALÁRIO MÍNIMO À PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA FÍSICA E AO PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA FÍSICA E AO IDOSO. ESTA LEI TRAZ HIPÓTESE OBJETIVA DE IDOSO. ESTA LEI TRAZ HIPÓTESE OBJETIVA DE PRESTAÇÃO ASSISTENCIAL DO ESTADO. AÇÃO PRESTAÇÃO ASSISTENCIAL DO ESTADO. AÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE.JULGADA IMPROCEDENTE.

Page 11: OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO
Page 12: OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

A Convenção Internacional sobre os Direitos A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo FacultativoFacultativo foram assinados em Nova Iorque, em foram assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007, tendo o governo brasileiro 30 de março de 2007, tendo o governo brasileiro depositado o instrumento de ratificação dos referidos depositado o instrumento de ratificação dos referidos atos junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas em atos junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas em 11oo de agosto de 2008; e publicado no Diário Oficial da de agosto de 2008; e publicado no Diário Oficial da União (DOU) em de 25.8.2009, data de sua entrada União (DOU) em de 25.8.2009, data de sua entrada em vigor. em vigor.

Primeiro Tratado Internacional De Direitos Humanos Primeiro Tratado Internacional De Direitos Humanos aprovado pelo procedimento qualificado do art. 5aprovado pelo procedimento qualificado do art. 5oo, , §3§3oo  da constituição federal, OU SEJA, com força de   da constituição federal, OU SEJA, com força de emenda constitucional. emenda constitucional.

Page 13: OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

ADPF 182 - PROPOSTA PELA PROCURADORIA ADPF 182 - PROPOSTA PELA PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAGERAL DA REPÚBLICA

LEI NLEI NOO   8742/1993. 8742/1993.

Art. 20, Art. 20, §2§2oo. Para efeito de concessão deste benefício, a pessoa . Para efeito de concessão deste benefício, a pessoa portadora de deficiência é aquela incapacitada para a vida portadora de deficiência é aquela incapacitada para a vida independente e para o trabalho.independente e para o trabalho.

xxCONVENÇÃO CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM

DEFICIÊNCIA - DECRETO NDEFICIÊNCIA - DECRETO NOO 6.949, 25 DE AGOSTO DE 2009. 6.949, 25 DE AGOSTO DE 2009.Artigo 1Artigo 1oo - - Propósito Propósito O propósito da presente Convenção é promover, proteger e O propósito da presente Convenção é promover, proteger e

assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência e e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente.  promover o respeito pela sua dignidade inerente.  

Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas.com as demais pessoas.

Page 14: OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO
Page 15: OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA - 5ª REGIÃO

Exmo. Srs. Desembargadores Federais Relator e Demais Integrantes da Terceira Turma do Egrégio Tribunal Regional Federal da 5ª Região.  Ref. Processo n.º 2004.83.08.001687-4 Origem: 17.ª Vara AC 491960/PEApte:XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXRepte: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXApdo: INSS – Instituto Nacional do Seguro SocialRelator: Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho – Terceira Turma

PARECER N.º 0529/2010.  CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ART. 203, INCISOS IV E V DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ART. 20 DA LEI Nº 8.742/1993. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PESSOAL DO AUTOR/INCAPAZ OU DE SEU REPRESENTANTE PARA SER PERICIADO. NULIDADE DA SENTENÇA. CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. PRECEDENTES. CONHECIMENTO E PROVIMENTO PARCIAL DA APELAÇÃO.

Page 16: OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

1 - Preenchidos os pressupostos de admissibilidade recursal, é de ser o recurso voluntário conhecido.2 – Para que se faça jus à percepção do benefício assistencial, deve-se comprovar não só a ausência de meios de prover a sua subsistência, por si, ou através de sua família, como também a incapacidade para o exercício de atividade laborativa, como determina o art. 20 da Lei 8.742/93, cuja comprovação deve ser cumulativa.3 – De acordo com a certidão de fls. 134, a parte autora foi intimada por meio de publicação no Diário Oficial do Estado, em nome de seus advogados, para ser periciado. Porém, observa-se que o periciando Sr.XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, ora apelante-incapaz, não compareceu à perícia 4 – O Ministério Público Federal com ofício da Primeira Instância, em sua manifestação (fls. 138/139), opinou pela designação de nova data para a realização da perícia, procedendo-se a intimação pessoal do autor, em homenagem ao princípio do contraditório.5 – Não havendo a efetiva intimação pessoal do incapaz/apelante não há que se falar em improcedência do pedido. Dessa forma, há necessidade da declaração de nulidade da sentença impugnada, em homenagem ao principio do contraditório e para que se evite maiores prejuízos ao incapaz-recorrente, vez que este certamente não tomou ciência da perícia médica, mas seu patrono. Precedentes dos Egrégios Tribunais Regionais Federais das 2ª, 3ª e 4ª Região. 6 - O pleito do incapaz-apelante resta protegido pela Constituição Federal, pela leis infraconstitucionais e pelo mais novo mecanismo de proteção de Direitos Humanos surgido em nosso Ordenamento Jurídico, a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, com “status” de Norma Constitucional. 7 – Preliminarmente, conhecimento da apelação; no mérito, seu provimento, pela declaração de nulidade da sentença vergastada, determinando-se o regular prosseguimento do feito com a devida intimação pessoal do representante do incapaz, Sr.XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, ora apelante, para proceder à produção de provas, comparecendo à perícia designada, dando-se, portanto, , provimento ao apelo interposto. pelo que se opina.

Page 17: OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Visto que, indubitavelmente, a proteção às Visto que, indubitavelmente, a proteção às pessoas com deficiência constitui um Direito Humano pessoas com deficiência constitui um Direito Humano Fundamental protegido tanto no âmbito nacional Fundamental protegido tanto no âmbito nacional quanto no internacional, a referida convenção propõe quanto no internacional, a referida convenção propõe em seu artigo 1em seu artigo 1oo e seguintes, abaixo transcritos, e seguintes, abaixo transcritos, in in verbis: verbis:

Artigo 4Artigo 4oo Obrigações geraisObrigações gerais1.Os Estados Partes se comprometem a 1.Os Estados Partes se comprometem a

assegurar e promover o pleno exercício de todos os assegurar e promover o pleno exercício de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência, sem qualquer tipo todas as pessoas com deficiência, sem qualquer tipo de discriminação por causa de sua deficiência. Para de discriminação por causa de sua deficiência. Para tanto, os Estados Partes se comprometem a:tanto, os Estados Partes se comprometem a:

Page 18: OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

a) Adotar todas as medidas legislativas, a) Adotar todas as medidas legislativas, administrativas e de qualquer outra natureza, administrativas e de qualquer outra natureza, necessárias para a realização dos direitos necessárias para a realização dos direitos reconhecidos na presente Convenção;reconhecidos na presente Convenção;

(...)(...)c) Levar em conta, em todos os programas e c) Levar em conta, em todos os programas e

políticas, a proteção e a promoção dos direitos políticas, a proteção e a promoção dos direitos humanos das pessoas com deficiência;humanos das pessoas com deficiência;

Artigo 28Artigo 28Padrão de vida e proteção social adequados Padrão de vida e proteção social adequados 1.1.Os Estados Partes reconhecem o direito das Os Estados Partes reconhecem o direito das

pessoas com deficiência a um padrão adequado de pessoas com deficiência a um padrão adequado de vida para si e para suas famílias, inclusive vida para si e para suas famílias, inclusive alimentação, vestuário e moradia adequados, bem alimentação, vestuário e moradia adequados, bem como à melhoria contínua de suas condições de vida,como à melhoria contínua de suas condições de vida,

Page 19: OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

e tomarão as providências necessárias para e tomarão as providências necessárias para salvaguardar e promover a realização desse direito sem salvaguardar e promover a realização desse direito sem discriminação baseada na deficiência. discriminação baseada na deficiência.

2.2.Os Estados Partes reconhecem o direito das Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência à proteção social e ao exercício pessoas com deficiência à proteção social e ao exercício desse direito sem discriminação baseada na deficiência, e desse direito sem discriminação baseada na deficiência, e tomarão as medidas apropriadas para salvaguardar e tomarão as medidas apropriadas para salvaguardar e promover a realização desse direito, tais como: promover a realização desse direito, tais como:

......c) Assegurar o acesso de pessoas com deficiência e c) Assegurar o acesso de pessoas com deficiência e

suas famílias em situação de pobreza à assistência do suas famílias em situação de pobreza à assistência do Estado em relação a seus gastos ocasionados pela Estado em relação a seus gastos ocasionados pela deficiência, inclusive treinamento adequado, deficiência, inclusive treinamento adequado, aconselhamento, ajuda financeira e cuidados de repouso;aconselhamento, ajuda financeira e cuidados de repouso;

Page 20: OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Dessa forma, o pleito do incapaz-apelante Dessa forma, o pleito do incapaz-apelante resta protegido pela Constituição Federal, pelas leis resta protegido pela Constituição Federal, pelas leis infraconstitucionais e pelo mais novo mecanismo de infraconstitucionais e pelo mais novo mecanismo de proteção de Direitos Humanos surgido em nosso proteção de Direitos Humanos surgido em nosso Ordenamento Jurídico, Ordenamento Jurídico, a Convenção Internacional a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativoe seu Protocolo Facultativo, com status de Norma , com status de Norma Constitucional. Constitucional.

Page 21: OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Tratados internacionais de Direitos Humanos Tratados internacionais de Direitos Humanos recepcionados pelo ordenamento jurídico brasileiro:recepcionados pelo ordenamento jurídico brasileiro:

Declaração Universal dos Direitos Humanos Declaração Universal dos Direitos Humanos Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948;em 10 de dezembro de 1948; Pacto internacional sobre direitos civis e políticosPacto internacional sobre direitos civis e políticosDecreto nDecreto noo 592, de 6 de julho de 1992. 592, de 6 de julho de 1992. Pacto internacional sobre direitos econômicos, Pacto internacional sobre direitos econômicos, sociais e culturais sociais e culturais Decreto nDecreto noo 591, de 6 de julho de 1992. 591, de 6 de julho de 1992. Convenção Internacional sobre a Eliminação de Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação RacialTodas as Formas de Discriminação RacialDecreto nDecreto noo 65.810, de 8 de dezembro de 1969. 65.810, de 8 de dezembro de 1969. Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantesou Penas Cruéis, Desumanos ou DegradantesDecreto nDecreto noo 40, de 15 de fevereiro de 1991. 40, de 15 de fevereiro de 1991.

Page 22: OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a TorturaTorturaDecreto nDecreto noo 98.386, de 09 de novembro de 1989. 98.386, de 09 de novembro de 1989. Convenção Americana sobre Direitos Humanos - Convenção Americana sobre Direitos Humanos - Pacto de São José da Costa RicaPacto de São José da Costa RicaDecreto nDecreto noo 678, de 6 de novembro de 1992. 678, de 6 de novembro de 1992. Convenção Internacional sobre os Direitos das Convenção Internacional sobre os Direitos das pessoas com Deficiência e seu protocolo facultativo, pessoas com Deficiência e seu protocolo facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007assinados em Nova York, em 30 de março de 2007Decreto nDecreto noo 6.949, de 25 de agosto de 2009. 6.949, de 25 de agosto de 2009.

Page 23: OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Sugestões bibliográficas:Sugestões bibliográficas:

CANÇADO TRINDADE, A. A. . Tratado de Direito Internacional CANÇADO TRINDADE, A. A. . Tratado de Direito Internacional dos Direitos Humanos. 1. ed. Porto Alegre: Fabris, 2003. v. 3. dos Direitos Humanos. 1. ed. Porto Alegre: Fabris, 2003. v. 3. 663 p.663 p.CANÇADO TRINDADE, A. A. . Tratado de Direito Internacional CANÇADO TRINDADE, A. A. . Tratado de Direito Internacional dos Direitos Humanos. 2. ed. Porto Alegre: Fabris, 2003. v. 3. dos Direitos Humanos. 2. ed. Porto Alegre: Fabris, 2003. v. 3. 640 p.640 p.PIOVESAN, F. . Direitos Humanos e o Direito Constitucional PIOVESAN, F. . Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 7º. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. 516 p.Internacional. 7º. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. 516 p. MAZZUOLI, Valerio de Oliveira . Curso de Direito Internacional MAZZUOLI, Valerio de Oliveira . Curso de Direito Internacional Público. 4. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. v. Público. 4. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. v. 1. 991 p.1. 991 p.MAZZUOLI, Valerio de Oliveira . Tratados internacionais de MAZZUOLI, Valerio de Oliveira . Tratados internacionais de direitos humanos e direito interno. 1. ed. São Paulo: Saraiva, direitos humanos e direito interno. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 1. 251 p.2010. v. 1. 251 p.MAZZUOLI, Valerio de Oliveira . O controle jurisdicional da MAZZUOLI, Valerio de Oliveira . O controle jurisdicional da convencionalidade das leis. 1. ed. São Paulo: Editora Revista convencionalidade das leis. 1. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. v. 1. 144 p.dos Tribunais, 2009. v. 1. 144 p.