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OSMAR MICHEL
ANÁLISE DAS PRÁTICAS DE GESTÃO PARA CONTROLE E
REDUÇÃO DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE
ÁGUA DA CORSAN
CANOAS, 2009
1
OSMAR MICHEL
ANÁLISE DAS PRÁTICAS DE GESTÃO PARA CONTROLE E
REDUÇÃO DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE
ÁGUA DA CORSAN
Trabalho de conclusão apresentado para a banca examinadora do curso de Administração de Empresas – Serviços do Centro Universitário La Salle - Unilasalle, como exigência para a obtenção do grau de Bacharel em Administração - Serviços, sob orientação do Prof. Esp. Adroaldo Strack.
CANOAS, 2009.
2
TERMO DE APROVAÇÃO
OSMAR MICHEL
ANÁLISE DAS PRÁTICAS DE GESTÃO PARA CONTROLE E REDUÇÃO DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE
ÁGUA DA CORSAN
Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Administração de Empresas - Serviços, do Centro Universitário La Salle
– UNILASALLE, pela seguinte banca examinadora:
Prof. Me. Eduardo Bugallo UNILASALLE
Prof. Me. Maurício Cassol UNILASALLE
Prof. Esp. Adroaldo Strack UNILASALLE
Canoas, 17 de junho de 2009.
o
3
Dedico esta vitória a minha esposa, Jaqueline Dobosz Vargas Michel, meu amor,
minha amiga, minha companheira presente nos momentos mais felizes de minha
vida.
À minha amada filha, Bárbara, que desde a gestação participou deste desafio,
tolerando com compreensão a minha ausência e é a razão de ser de nossos
esforços e crença no futuro.
Aos meus amados pais adotivos, Valdir e Cleci, pelo nobre ato de amor de
oportunizarem-me uma vida digna.
À minha mãe Maria (in memorian), pela vida, amor e proteção.
Aos meus amados e inesquecíveis avós maternos adotivos, José e Julieta, pelo
nobre ato de amor, onde, acolheram-me protegeram-me da vulnerabilidade social.
4
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela vida e por estar presente em cada minuto de nossa caminhada.
Agradeço à minha família, pelo apoio, pela força e compreensão de minha
ausência, sempre acreditando em mim, em especial a minha esposa Jaqueline e
minha filha Bárbara.
Aos meus sogros, Valdir e Franciska que participaram em tempo integral,
dedicando muito amor e carinho, minimizando a minha ausência.
À professora Ms. Letícia Martins pela dedicação durante o acompanhamento
da pesquisa.
Ao professor Paulo Abdala pela dedicação, acompanhamento e orientações
durante o estágio.
Em especial, ao professor Adroaldo Strack, pela confiança depositada em mim,
pela dedicação, atenção e sabedoria na transmissão de seus ensinamentos durante
a orientação deste estudo, mostrando-me o melhor caminho a seguir.
A todos professores e funcionários do UNILASALLE que participaram de
alguma forma ao longo desta caminhada.
À empresa CORSAN pelo incentivo econômico e apoio com informações e
todos os colegas de empresa, pela atenção e troca de conhecimentos durante a
elaboração deste trabalho.
Aos amigos da consultoria Hoperações, Ary Maóski e Mário Baggio pelo apoio
através de material bibliográfico.
5
““PPrrooccuurree sseerr uummaa ppeessssooaa ddee vvaalloorr eemm vveezz ddee pprrooccuurraarr sseerr uummaa ppeessssooaa ddee ssuucceessssoo..
OO ssuucceessssoo éé ccoonnsseeqqüüêênncciiaa..””
(Albert Einstein)
6
RESUMO
Atualmente é prática comum nas empresas a busca incessante por eficiência nos
seus processos visando a melhoria contínua e buscando reduzir ao máximo as
perdas com foco nos resultados. O objetivo deste trabalho foi analisar as práticas de
gestão aplicadas pela CORSAN para controle e redução das perdas no sistema de
distribuição de água. Através da pesquisa bibliográfica e da pesquisa de campo foi
possível identificar as práticas de gestão e os indicadores utilizados para controlar e
reduzir as perdas pela CORSAN. A partir desta identificação foi possível propor
melhorias nas práticas adotadas para preencher as lacunas identificadas.
Palavras-chave: Práticas. Controle. Redução. Perdas.
ABSTRACT
Nowadays is common handy in the companies the incessant search by efficiency on
their processes aim the continuous betterment and maximum reduce the losses with
focus results. The objective of this work was analyse the management practices
applied by CORSAN about the controls and reduction of losses in drinking water
system. From proposed literature and field research was possible identify the
management practices and indicators used to control and reduce the losses by
CORSAN. Based on these facts was possible come up with quality improvements on
practices adopted to fill the identified gaps.
key words: practices, control, reduction, losses.
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Organograma da empresa ....................................................................... 15
Figura 2 - Componentes do controle de perdas reais ............................................... 35
Figura 3 - Haste de escuta ........................................................................................ 36
Figura 4 - Geofone .................................................................................................... 37
Figura 5 - Correlacionador de ruídos ......................................................................... 37
Figura 6 - Roda de medição ou roda trena ................................................................ 38
Figura 7 - locador de tubulação metálica .................................................................. 38
Figura 8 - Locador de tubulação não metálica .......................................................... 39
Figura 9 - Sistema para o gerenciamento do reparo de vazamentos visíveis e não-
visíveis ...................................................................................................................... 40
Figura 10 - Válvula redutora de pressão ................................................................... 41
Figura 11 - Componentes do controle de perdas aparentes ..................................... 42
Figura 12 - Hidrômetro .............................................................................................. 43
Figura 13 - Macromedidor ......................................................................................... 43
Figura 14 - Macromedidor ......................................................................................... 44
Figura 15 - Controle e redução das perdas aparentes .............................................. 45
Figura 16 – Sistema de tratamento e distribuição de água ....................................... 51
Figura 17 – Calha Parshall ........................................................................................ 55
Figura 18 – Conversor de Frequência para Acionamento Elétrico por meio de WEG
Modelo CFW 09 187kW / 340A (dois acionamentos idênticos) instalados no 1º
Recalque de Imbé, com detalhe da interface IHM (Interface Homem Máquina)
instalada externamente à porta do painel elétrico. .................................................... 56
Figura 19 – Sistema monitoramento e comando em via pública ............................... 56
Figura 20 – Supervisório de Riogrande ..................................................................... 57
Figura 21 – Sistema de Informação Geográfica ........................................................ 58
Figura 22 – GPS Promark 3 – L1 .............................................................................. 59
8
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Sete tipos de perdas ............................................................................... 24
Quadro 2 - Caracterização geral das perdas............................................................. 27
Quadro 3 – Balanço hídrico ....................................................................................... 29
Quadro 5 – Tipos de manutenção ............................................................................. 32
Quadro 6 – Composição das entrevistas .................................................................. 48
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – IPD-CORSAN ......................................................................................... 60
Gráfico 2 – IPF-CORSAN .......................................................................................... 61
Gráfico 3 – RCOM-CORSAN .................................................................................... 62
Gráfico 4 – IP/Ligações-CORSAN ............................................................................. 63
9
LISTA DE ABREVIATURAS
AESABESP- Associação dos Engenheiros da Sabesp
BSC - Balanced Scorecard
CORSAN – Companhia Riograndense de Saneamento
ETA – Estação de Tratamento de Água
ETE - Estação de Tratamento de Esgoto
G.I.S. - Sistema de Informação Geográfica
IPF – Índice de Perda de Faturamento
IP/Ligação – Índice de Perda por Ligação
IWA – International Water Associatoin
IPD – Índice de Perda na Distribuição
ISO - International Organization for Standardization
MUB - Mapa Urbano Básico
PGQP - Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade
PMG - Programa de Melhoria de Gestão
PNQS - Prêmio Nacional da Qualidade em Saneamento
POP – Procedimento Operacional Padrão
SAA – Sistema de Abastecimento de Água
SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
SCI – Sistema Comercial Integrado
SIG - Sistema de Informação Geográfica
SIGEM – Sistema Integrado de Gerenciamento da Micromedição
SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
RCOM – Rendimento Comercial
TPM – Total Productive Maintence
TRF – Redução de Tempo de Troca de Ferramentas
VRP – Válvula Redutora de Pressão
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12
2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ........................... ..................................................... 14
2.1 Caracterização da organização ................. ....................................................... 14
2.1.2 Organograma da organização .......................................................................... 15
2.1.3 Missão da organização..................................................................................... 16
2.1.4 Visão da organização ....................................................................................... 16
2.1.5 Valores da organização .................................................................................... 16
2.1.6 Foco estratégico da organização ..................................................................... 16
2.2 Situação problemática ......................... ............................................................. 17
2.3 Justificativa ................................. ....................................................................... 17
2.3.1 Quanto à importância ....................................................................................... 18
2.3.2 Quanto à viabilidade ......................................................................................... 18
2.3.3 Quanto à oportunidade ..................................................................................... 19
3 OBJETIVOS ....................................... .................................................................... 20
3.1 Objetivo geral ................................ .................................................................... 20
3.2 Objetivos específicos.......................... .............................................................. 20
4 REVISÃO DE LITERATURA ........................... ...................................................... 21
4.1 Produção enxuta ............................... ................................................................ 21
4.2 Conceitos de perdas ........................... .............................................................. 23
4.3 Conceitos de perdas de água ................... ........................................................ 25
4.4 Indicadores ................................... ..................................................................... 27
4.6 Controle e redução de perdas .................. ........................................................ 34
4.6.1 Componentes do controle de perdas reais ....................................................... 35
4.6.1.1 Controle de vazamentos ativos ..................................................................... 36
4.6.1.2 Vazamentos em reservatórios ....................................................................... 39
4.6.1.3 Reparo de vazamentos ................................................................................. 39
4.6.1.4 Controle de pressão ...................................................................................... 41
4.6.1.5 Controle de extravasamentos ........................................................................ 41
4.6.2 Componentes do controle de perdas aparentes ............................................... 42
4.6.3 Sistemas de informações geográficas .............................................................. 45
5 METODOLOGIA ..................................... ............................................................... 47
5.1 Caracterização do tipo de estudo .............. ...................................................... 47
11
5.2 Área-alvo ..................................... ....................................................................... 47
5.2.1 Sujeitos da pesquisa ........................................................................................ 48
5.3 Coleta de dados ............................... .................................................................. 49
5.4 Análise de dados .............................. ................................................................. 50
6 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ................... ............................................ 51
6.1 Processo de tratamento e distribuição de água, desde a captação no
manancial até a distribuição nos domicílios ....... ................................................. 51
6.2 Análise das práticas de controle e de redução d e perdas no sistema de
distribuição de água .............................. ................................................................. 53
6.3 Indicadores de perdas no sistema de distribuiçã o de água .......................... 59
6.4 Proposta de práticas de gestão que contribuam p ara controlar e reduzir as
perdas no sistema de distribuição de água ......... ................................................. 63
7 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 68
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 70
APÊNDICE A – Roteiro semiestruturado das entrevista s em profundidade para
atender os objetivos específicos .................. ......................................................... 72
12
1 INTRODUÇÃO
No mundo atual, onde os recursos naturais estão esgotando-se por estarem
sendo utilizados à exaustão, onde, a falta de água já é motivo de conflitos entre
países, é fundamental que as concessionárias dos serviços de abastecimento de
água, gerenciem seus processos de forma eficiente buscando o controle e a redução
das perdas de água.
Conforme Tsutiya (2005, p. 457), há uma tendência geral, nos vários setores
de infraestrutura urbana, em supervalorizar a “construção”, o novo, em detrimento da
“operação e da manutenção” com a idealização do funcionamento perfeito das
estruturas e equipamentos com duração infinita dos materiais e com precisão
inquestionável dos instrumentos. Não foi diferente nos sistema de abastecimento de
água, onde, o que interessava até pouco tempo para os gestores públicos, era a
expansão dos sistemas para atingir as metas de universalização.
Hoje, pode-se afirmar que esta cultura está mudando radicalmente por
inúmeras razões, entre elas, a distribuição não equitativa dos recursos hídricos em
relação à densidade demográfica, a maior conscientização da sociedade quanto à
importância de preservar e utilizar de forma racional os recursos naturais com a
preocupação de garantir a sobrevivência da futuras gerações.
Esta mudança de cultura não poderia ser diferente na CORSAN1 que desde
2004 vem implantando de forma gradual um programa de melhoria de gestão e
dentre várias ferramentas que passaram a ser utilizadas destaca-se o planejamento
estratégico onde umas das diretrizes é a redução das perdas de água.
Este estudo tem como objetivo analisar e propor práticas de gestão para
controlar e reduzir as perdas de água.
O estudo inicia apresentando nos primeiros capítulos com a caracterização da
organização, com o organograma, apresentação da situação problemática
desdobrando no objetivo geral e nos objetivos específicos, no capítulo quatro e
apresentado a revisão de literatura com os principais conceitos de perdas e do
Sistema Toyota de Produção, no capítulo cinco é apresentado a metodologia
utilizada neste estudo, a pesquisa exploratória, a forma de coleta de dados, no
1 Companhia Riograndense de Saneamento.
13
capítulo seis é apresentado a descrição e análise dos dados e no capítulo sete serão
apresentadas as conclusões.
14
2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
Neste capítulo, apresenta-se a empresa foco deste estudo: suas
características, a situação problema a ser respondida e a justificativa do estudo
proposto.
2.1 Caracterização da organização
O abastecimento de água no Rio Grande do Sul, pelos sistemas públicos,
surgiu na segunda metade do século XIX, iniciando pelas cidades de Porto Alegre
em 1864, Rio Grande em 1877 e Pelotas em 1913.
O Estado iniciou busca da solução dos problemas sanitários através da criação
da comissão de Saneamento em 1917, vinculada à Secretaria de Obras Públicas
com a finalidade de orientar, coordenar e fiscalizar a implantação de sistemas de
água e de esgotos pelos municípios.
Em 1936, a Comissão de Saneamento foi transformada em Diretoria de
Saneamento e Urbanismo da Secretaria de Obras Públicas e as prefeituras
começaram a conceder através de convênios com este órgão a responsabilidade
direta pela ampliação dos sistemas existentes ou a implantação do serviço; com isto,
iniciou-se o planejamento em nível estadual com a determinação de prioridades,
resolvendo muitos problemas críticos de falta de água.
A crescente demanda por saneamento, em razão do desenvolvimento do
Estado e o do crescimento das cidades, levaram o governo do Estado criar a
Companhia Riograndense de Saneamento – CORSAN, em 21 de dezembro de 1965
que foi instalada em 28 de março de 1966, sendo esta última a data oficial de sua
criação, com o desafio de proporcionar melhor qualidade de vida a população do Rio
Grande do Sul.
15
Atualmente a CORSAN abastece mais de sete milhões de pessoas no RS,
atendendo dois milhões de economias2 em 347 localidades.
2.1.2 Organograma da organização
A figura abaixo demonstra o organograma da empresa.
Figura 1 – Organograma da empresa Fonte: CORSAN, 2009 adaptado pelo autor.
2 Todo imóvel ou subdivisão de um imóvel, com ocupação independente das demais, perfeitamente identificável e/ou comprovável em função da finalidade de sua ocupação legal, dotado de instalação privativa ou de uso coletivo dos serviços de abastecimento de água e/ou coleta de esgotos sanitários.
Assembleia de Acionistas
Conselho Fiscal
Conselho de Administração
Diretoria Colegiada
Diretor Presidente
Diretoria de Operações
Diretoria Administrativa Financeira e Relações
com Investidores
Diretoria Técnica
Diretoria de Expansão
Diretoria Comercial
UNIDADES DE SANEAMENTO
16
2.1.3 Missão da organização
Promover o saneamento ambiental, com preço justo e excelência nos serviços,
cumprindo o papel social da Companhia.
2.1.4 Visão da organização
Ser referência na qualidade da prestação dos serviços de abastecimento de
água e de esgotamento sanitário no Brasil.
2.1.5 Valores da organização
a) Valorização das pessoas;
b) Respeito aos direitos e necessidades de todas as partes interessadas;
c) Transparência como valor permanente integrado à cultura da empresa em
todas as suas relações;
d) Ética e competência profissional;
e) Comprometimento e trabalho em equipe.
2.1.6 Foco estratégico da organização
Adequação dos processos da CORSAN à nova lei de saneamento (contrato de
programa), maximizando a capacidade de investimento, a redução de perdas , a
priorização do esgotamento sanitário e a qualidade dos serviços prestados.
17
2.2 Situação problemática
A CORSAN nasceu de uma necessidade básica e vital do ser humano, o
consumo de água potável. A urgência na universalização do atendimento das
populações com água tratada, fez com que a gestão da empresa focasse na
implantação de novos sistemas de abastecimento nos municípios gaúchos, que ao
longo dos anos vem integrado o sistema CORSAN, deixando uma lacuna na gestão
quanto à medição, quanto as manutenção, quanto ao controle e redução de perdas
de água, desde sua criação.
O desgaste natural dos sistemas de abastecimento de água associado a
ausência de manutenções preventivas no devido tempo e na medida certa, geram
um comprometimento cada vez maior das funcionalidades da obra, dos
equipamentos ou instrumentos, tendo como conseqüência à elevação das perdas
acima dos níveis razoáveis do ponto de vista econômico-financeiro, operacional e
ambiental. Esta situação causa preocupação, visto que, as perdas de faturamento
apresentaram um índice médio de 39,50% e um índice de perdas na distribuição é
45,10% conforme relatório do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento -
SNIS de 2006 para as empresas de saneamento de abrangência regional.
Somando-se a isto, o crescimento das populações urbanas de forma
desordenadas em razão do êxodo rural nos últimos cinqüenta anos, a degradação
do meio ambiente e dos mananciais tornando a água cada vez mais escassa, a
distribuição dos recursos hídricos não eqüitativos em relação à distribuição das
populações.
Sendo assim, o presente trabalho almeja resolver a seguinte situação
problema: quais as práticas de gestão possíveis de serem apli cadas para
controlar e reduzir as perdas no sistema de distrib uição de abastecimento de
água?
2.3 Justificativa
A seguir será apresentada a justificativa do estudo proposto.
18
2.3.1 Quanto à importância
A importância de desenvolver este projeto deve-se ao fato de abordar o
gerenciamento de um recurso natural vital para o ser humano que está sendo
explorado à exaustão, acompanhando pelo crescimento demográfico das últimas
décadas. Observa-se que a cada dia, os mananciais próximos as grandes e até das
médias cidades, estão esgotando-se, forçando as concessionárias dos serviços de
abastecimento de água, buscarem cada vez mais distante, a matéria-prima, água,
para garantir o abastecimento e, com isto, elevando os custos de industrialização e
exigindo maior aporte de capital para investir na expansão dos sistemas de
abastecimento de água.
Além dos motivos acima citados, conforme, Alegre, et al, (2005, p 17) justifica-
se a importância em reduzir as perdas considerando-se a dimensão de saúde
pública, observa-se que a probabilidade de contaminação é baixa quando rede está
pressurizada, pressão interna superior a externa, o mesmo não ocorre quando é
necessário interromper o abastecimento por qualquer razão, portanto mesmo que o
valor econômico da água perdida não compense o investimento necessário para
reduzir a perda há que considerar a saúde pública.
2.3.2 Quanto à viabilidade
Este estudo se torna viável pela facilidade de acesso às informações, à
administração e aos processos, através do vínculo empregatício do autor com a
empresa, aliado ao conhecimento acadêmico e à literatura existente, ainda que
genérico.
Outro fator relevante é que não haverá custos para a empresa e o interesse da
mesma na busca do conhecimento de seus processos para melhoria continua
buscando o controle e a redução das perdas na distribuição de água através da
gestão por resultados.
19
2.3.3 Quanto à oportunidade
O cenário atual, onde as empresas de saneamento do Brasil precisam ser cada
vez mais eficientes para que consigam renovar os contratos de programas com os
municípios, o poder concedente, onde os recursos naturais, em especial a água,
estão a cada dia mais escassos, onde os clientes estão cada vez mais informados,
conscientes e exigentes. A busca da CORSAN de ser uma empresa com excelência
em qualidade percebida pelas partes interessadas, através da melhoria continua de
seus processos, dos compromissos através do contrato de gestão, assinado com
seu maior acionista, o Estado do RS, desdobrados no seu planejamento estratégico
onde o foco é reduzir as perdas de distribuição de água, tornam oportuno à proposta
deste estudo.
20
3 OBJETIVOS
Neste capítulo serão apresentados os objetivos deste estudo, distribuídos em
objetivo geral e objetivos específicos.
3.1 Objetivo geral
Analisar as práticas de gestão para controlar e reduzir as perdas no sistema de
distribuição de água da CORSAN.
3.2 Objetivos específicos
a) Descrever o processo de tratamento e distribuição de água, desde a
captação no manancial até a distribuição nos domicílios;
b) identificar e analisar as práticas de controle e de redução de perdas no
sistema de distribuição de água;
c) identificar e analisar os indicadores de perdas no sistema de distribuição de
água;
d) propor práticas de gestão que contribuam para controlar e reduzir as perdas
de água.
21
4 REVISÃO DE LITERATURA
Este capítulo tem a finalidade de explorar e analisar os conceitos de diversos
autores sobre controle de perdas e práticas de gestão para mitigar as perdas, de
acordo com a proposta deste trabalho.
4.1 Produção enxuta
A produção enxuta consiste na forma de operação do Sistema Toyota, onde o
objetivo é a redução de toda perda sem valor agregado que além da aplicação de
técnicas e ferramentas faz parte da filosofia do Sistema Toyota.
Conforme Liker e Méier:
[...] o que a maior parte do mundo conhece da Toyota – a parte técnica do Sistema Toyota de Produção. Ela reduz o tempo entre o pedido do cliente e a entrega eliminando a perda sem valor agregado. O resultado é um processo enxuto que proporciona alta qualidade aos clientes a um baixo custo, dentro do prazo, e que permite que a Toyota seja compensada sem precisar manter enormes quantidades de estoque (2007, p. 38 - 39).
Os processos enxutos são encontrados no desenvolvimento de produtos, onde
a Toyota apresenta os menores tempos de desenvolvimento do setor
proporcionando estilo e características aos clientes, com mais rapidez, mais
qualidade e menor custo que a concorrência. Estes processos enxutos internos
fazem parte de todas funções de apoio empresarial como: compras, vendas,
engenharia da produção e planejamento embora que não sejam tão enfatizados
nessas áreas em relação ao desenvolvimento de produto e manufatura.
Shingo (2008, p. 259 - 268), apresenta os princípios básicos e a filosofia sobre
o quais foi construído o Sistema Toyota de Produção que consiste na produção
enxuta:
a) O princípio do não-custo: para reduzir os custos o único método é a
eliminação total da perda esse fundamento é o alicerce para os demais
princípios;
22
b) estoque zero: percebeu-se que manter um estoque era um tremendo
desperdício, com isto, nasceu o jus-in-time3. A perda por superprodução
tornou-se uma possibilidade e surgiu a produção contrapedido como
melhor maneira de atender a demanda;
c) operações de fluxo: as demandas da produção contrapedido geraram
soluções para vários problemas sendo a primeira dessas soluções as
operações de fluxo;
d) redução dos tempos de trocas de ferramentas e matrizes: para o sistema de
produção contrapedido é pré-requisito tempo reduzido de troca de
ferramentas como conseqüência nasce o sistema TRF;
e) eliminação da quebras e defeitos: a instabilidade da produção criada por
quebras e defeitos gera necessidade de estoques, entretanto, com um
sistema de estoque zero fez-se necessário desenvolver um método de
controle visual chamado andon para informar toda vez ocorrer alguma
irregularidade juntamente com uma postura determinada em interromper
uma linha de produção ou máquina para corrigir a anormalidade;
f) fusão do balanceamento com a produção com estoque zero: propôs um
equilíbrio da produção com a flutuação de carga;
g) operações de fluxo totalmente integradas: as operações de fluxo passaram
a ser totalmente integradas pela expansão do conceito de operações de
fluxo sendo o sistema Nagara pioneiro nesta área;
h) redução do custo da mão-de-obra a segunda perda fundamental na
eliminação da perda: a redução dos custos foi efetivada de três formas:
melhoria nos movimentos humanos, combinação de folgas marginais e
transferência de movimentos humanos para as máquinas. Com a criação
de dispositivos de parada automática observou-se que a perdas unitárias
são significativas em relação aos homens do que em relação as máquinas;
i) da mecanização à automação: criou-se dispositivos que além de verificarem
as anormalidades paravam as máquinas quando da detecção;
j) mantendo o desenvolvimento operações padrão: os desvios de padrões
passam a ser verificados;
3 Está relacionado com produção por demanda, neste sistema, o produto ou matéria prima chega ao
local de utilização somente no momento exato em que for necessário.
23
k) Sistema Kanban: é um sistema de controle visual auto-regulador que se
concentra no chão-de-fábrica, este propicia que seja promovido melhorias.
As principais características do sistema Toyota de Produção são:
a) Princípio da minimização dos custos, a empresa depende da redução dos
custos e isso requer a eliminação completa das perdas;
b) a produção contrapedido é a melhor resposta à demanda, considerando
suas exigências como: alta diversidade, produção em baixas quantidades,
entrega rápida então somente consegue-se atender este tipo de produção
através eliminação da perda por superprodução;
c) o Sistema Toyota de Produção utiliza cada vez mais o conceito de mínima
força de trabalho, pois reconhece a vantagem de usar máquinas.
A Toyota revolucionou o sistema de produção tradicional e conciliatório,
desenvolvendo um novo sistema com conceitos inéditos.
4.2 Conceitos de perdas
Segundo Shingo (1996, p. 101), o sistema Toyota é 80% eliminação das
perdas, 15% um sistema de produção e apenas 5% Kanban. Os conceitos e a
preocupação com as perdas surgiram com o sistema Toyota de produção, onde,
Shingo (1996, p. 225), identifica sete tipos de perda: superprodução, espera,
transporte, processamento, estoque, desperdício nos movimentos, o desperdício na
elaboração de produtos defeituosos.
Liker e Méier definem os tipos de perdas:
A Toyota identificou os sete tipos principais de atividades sem valor agregado em processos empresariais ou de manufatura, os quais descrevemos abaixo. Superprodução, espera (tempo à disposição), transporte ou transferência, superprocessamento ou processamento incorreto, excesso de estoque, deslocamentos desnecessários, defeitos produção ou correção de peças defeituosas, (2007, p. 53).
Conforme os autores, pode-se aplicar os conceitos das perdas não apenas a
linha de produção, mas também, ao desenvolvimento de produtos, à tomada de
pedidos e ao escritório. Além das sete perdas, acima citadas, os autores
24
identificaram a oitava perda, a Não-utilização da criatividade dos funcionários que é
em conseqüência do impacto das sete perdas e por estas serem tão criticas.
No quadro abaixo os sete tipos de perdas segundo o Sistema Toyota de
Produção, baseado em Liker e Meier (2007, p. 53).
Quadro 1 - Sete tipos de perdas 1 – Superprodução: produzir itens mais cedo ou em maiores quantidades do que o cliente necessita; gera perdas com excesso de pessoal, de estoque e custos com transporte do estoque excessivo;
2 – Espera (tempo à disposição): controle de máquinas e equipamentos; espera por etapa de processamento anterior não concluída, ferramentas, suprimentos, peças, falta de estoque, gargalos de capacidade;
3 – Transporte ou transferência: Movimento de trabalho em processo de um local para outro mesmo em curtas distâncias; movimentação de materiais, peças ou produtos acabados entre processos ou dentro do estoque;
4 – Superprocessamento ou processamento incorreto: atividades desnecessá-rias ou processamento ineficiente devido a má qualidade das ferramentas e do projeto do produto. Também são geradas perdas quando se oferece produtos com qualidade superior à que é necessária;
5 – Excesso de estoque: excesso de matéria-prima, de estoque em processo ou de produtos acabados. Causa obsolescência, produtos danificados, custos de transporte, de armazenagem e atrasos. O estoque extra, oculta problemas tais como desequilíbrio na produção, defeitos, atrasos dos fornecedores e longo setup.
6 – Deslocamentos desnecessários: qualquer movimento desnecessários que os funcionários têm que fazer durante o trabalho que não agregue valor, como procurar ferramentas, pegar ou empilhar peças.
7 – Defeitos: produção de peças defeituosas ou correção. Consertar ou re-trabalhar, descartar ou substituir a produção e inspecionar significam desperdício de tempo de manuseio e de esforço.
Fonte: Baseado em Liker ; Meier, 2007.
George define perdas como desperdício:
[...] desperdício é qualquer coisa - tempo, custos, trabalho - que não adiciona qualquer valor aos olhos do cliente. Todas as organizações têm algum desperdício que, devido a como seus processos operam hoje, é necessário para compensar fraquezas internas. A quantidade de desperdício em cada atividade é proporcional ao quanto ela atrasa o trabalho. [...] Há sete formas específicas de desperdício identificadas na prática de Lean[...] (2004, p. 37).
25
Assim George (2004, p. 294 - 297), descreve as sete formas de desperdício:
a) desperdício n° 1: superprocessamento (tentar agr egar mais valor a um
serviço/produto pelo qual seus clientes não pagariam);
b) desperdício n° 2: transporte (movimentar desnece ssariamente materiais,
produtos ou informações);
c) desperdício n° 3: movimento (movimentação desnec essária de pessoas);
d) desperdício n° 4: estoques (qualquer trabalho em processo além daquilo
que é necessário para produzir para o cliente);
e) desperdício n° 5: tempo de espera (qualquer atra so entre o fim de um
passo/atividade de processo e o início do passo/atividade seguinte);
f) desperdício n° 6: defeitos (qualquer aspecto do serviço que não esteja em
conformidade com as necessidades de clientes);
g) desperdício n° 7: superprodução (produção de saí das de serviços ou
produtos além daquilo que é necessário para uso imediato).
Conforme Correa (2003, p. 83), a produção puxada com Kanbans, contribuiu
para reduzir os desperdícios e para trabalhar evolutivamente de forma a eliminá-los,
onde, no processo de montagem acontece somente quando a etapa seguinte
necessita da produção, portanto puxando a produção e dessa forma não acontece
mais o acúmulo indesejável de peças entre processos.
4.3 Conceitos de perdas de água
Segundo Tsutiya (2005, p. 458) e Gonçalves e Alvim (2007, p. 13 - 14) é
denominado perda de água a diferença do volume que entra no sistema e o
consumo autorizado. As perdas de água são conceitualmente de dois tipos:
Perda física: equivale ao volume de água produzido que não chega ao
consumidor final, devido à ocorrência de vazamentos nas adutoras, redes de
distribuição e reservatórios setoriais. De acordo com a nova nomenclatura definida
pela International Water Associatoin – IWA, este tipo de perda denomina-se Perda
Real.
26
Perda não-física: equivale ao volume de água consumido, mas não
contabilizado pela companhia de saneamento, decorrente de erros de medição nos
hidrômetros4, fraudes, ligações clandestinas e falhas no cadastro comercial. Nesse
caso, então, a água é efetivamente consumida, mas não é faturada. De acordo com
o IWA, esse tipo de perda denomina-se Perda Aparente (há outra denominação,
freqüentemente utilizada, que é Perda Comercial).
Os autores, Alegre, et al, (2005, p. 9), conceituam perdas de água:
Perdas de água: volume de água correspondente à diferença entre a água que
entra no sistema e o consumo autorizado. As perdas de água podem ser calculadas
para todo o sistema ou para subsistemas, como seja a rede de água não tratada, o
sistema de adução, o sistema de distribuição ou zonas do sistema de distribuição.
Em cada caso as componentes do cálculo devem ser consideradas em
conformidade com a situação. As perdas de água dividem-se em perdas reais e
perdas aparentes.
Perdas reais: volume de água correspondente às perdas físicas até ao
hidrômetro do cliente, quando o sistema está pressurizado. O volume anual de
perdas através de todos os tipos de fissuras, vazamentos e extravasamentos
depende da freqüência, da vazão e da duração média de cada fuga.
Apesar das perdas físicas localizadas a jusante do hidrômetro do cliente se
encontrarem excluídas do cálculo das perdas reais, são muitas vezes significativas e
relevantes para a entidade gestora (em particular quando não há medição).
Perdas aparentes: esta parcela das perdas contabiliza todos os tipos de
imprecisões associadas às medições da água produzida e da água consumida, e
ainda o consumo nãoautorizado (por furto ou uso ilícito).
Os registros por defeito dos medidores de água produzida, bem como registros
por excesso em hidrômetros de clientes, levam a uma subavaliação das PERDAS
REAIS. As perdas físicas a jusante do hidrômetro do cliente podem contribuir
significativamente para o aumento das perdas aparentes.
Tsutiya (2005, p.459) caracteriza de forma geral as perdas conforme o quadro
abaixo:
4 É um aparelho destinado a indicar e totalizar, continuamente, o volume de água que o atravessa.
27
Quadro 2 - Caracterização geral das perdas
ITEM
Caracterís ticas Principais
Perdas Reais Perdas Aparentes
Tipo de ocorrência mais comum • Vazamento • Erro de medição
Custos associados ao volume perdido de água • Custos de produção de água tratada
• Valor cobrado no varejo ao consumidor
Efeito no meio ambiente
• Desperdício de recursos naturais
• Maiores impactos ambientais devido à necessidade de ampliação da exploração dos mananciais
• Não é relevante
Efeito na saúde pública • Riscos de contaminação • Não é relevante
Ponto de vista empresarial • Perda de produto “industrializado” • Perda elevada de receita
Ponto de vista do consumidor • Imagem negativa da empresa,
associada ao desperdício e ineficiência
• Não é uma preocupação imediata
Efeitos finais no consumidor
• Repasse de custos à tarifa
• Desincentivo ao uso racional da água
• Repasse de custos à tarifa e
• Incitamento ao roubo e fraudes
Fonte: Tsutiya, ( 2005, p. 459).
4.4 Indicadores
Conforme Gonçalves e Alvim (2007, p. 17), para se ter conhecimento sobre o
nível de perdas no sistema de abastecimento é preciso saber o volume
disponibilizado e o volume utilizado, a relação entre estes resulta no Índice de
Perdas na Distribuição (IPD).
IPD = Volume disponibilizado – volume utilizado -------------------------------------------------------- Volume disponibilizado IPD > 40% ----------------Sistema com mau gerenciamento 40%>IPD
28
se lembrar que o IPD leva em consideração todas as perdas de água no sistema,
não expressando se há predominância de perdas reais ou aparentes, o que impede
o indicativo das condições de infraestrutura do sistema.
Ainda, recomenda-se para avaliação do sistema de abastecimento de água
outros índices, como:
a) Índice de perda de água por ligação (m3/lig/dia);
b) Índice de perda de água por extensão de rede (m3/km de rede/dia);
c) Índice de vazamentos da infraestrutura;
d) Índice de extravasamentos.
Para medir as condições de infraestrutura Tsutiya (2005, p. 466) sugere:
Índice de perdas por ramal: O indicador relaciona o Volume Perdido Total Anual com o número médio de ramais existente na rede de distribuição de água, introduzindo um "fator de escala" para melhor comparar sistemas de diferentes tamanhos. Apresenta a seguinte formulação:
Volume Perdido Anual
Índice de perdas por ramal = ------------------------------ (m3/ramal.dia)
(N° de Ramais x 365) Observa-se que esse indicador foca as perdas nos ramais, ficando muito
dependente da densidade de ramais existente. Como tende a dar valores muitos
elevados em áreas com baixa ocupação urbana, o autor recomenda o seu uso nos
casos em que a densidade de ramais seja superior a 20 ramais/km, valor que ocorre
praticamente em todas as áreas urbanas. Este indicador não considera a pressão de
operação do sistema como uma variável na comparação da performance do sistema,
que influencia sobremaneira o comportamento das Perdas Reais. É comum ratear
este indicador em Perdas Reais e Perdas aparentes.
Para medir as condições de infraestrutura Tsutiya (2005, p. 466) sugere,
também:
Índice de perdas por extensão de rede: O indicador relaciona o Volume Perdido Total Anual com o comprimento da rede de distribuição de água (também um "fator de escala") existente no sis-tema em análise, apresentando a seguinte formulação:
Volume Perdido Anual
Índice de Perdas = ------------------------------- (m3/km.dia) por Extensão de Rede
(Extensão da Rede x 365) Esse indicador distribui as perdas ao longo da extensão da rede, apresentando
valores altos quando há uma ocupação urbana muito elevada. Daí recomenda o seu
29
emprego para áreas com densidade de ramais inferior a 20 ramais/km, o que
representa geralmente subúrbios com características mais próximas à ocupação
rural. Este indicador pode ser formulado para cada partição das perdas, ou seja,
Real ou Aparente, valendo, igualmente, as mesmas considerações do indicador
anterior quanto à pressão na rede de distribuição.
Conforme ALEGRE, et al, (2005, p. 65) do ponto de vista ambiental interessa
avaliar a pressão exercida sobre os recursos hídricos utilizados devido as perdas
reais, ou seja que se evitaria caso não existissem fugas nem extravasamentos. As
perdas aparentes são pouco relevantes sob a ótica ambiental uma vez que não
representam volume de água captado desnecessariamente. O indicador ambiental
de perdas recomendado é:
Ineficiência no uso dos recursos hídricos: Perdas Reais (m3/ano)
Ineficiência no uso dos recursos hídricos (%) = ---------------------------- X 100 Água entrada no sistema (m3/ano)
Conforme Tsutiya, (2005, p. 460 - 461) o Balanço Hídrico de um sistema de
abastecimento de água é uma forma estruturada de avaliar os componentes dos
fluxos e usos da água no sistema e os seus valores absolutos ou relativos. É uma
poderosa ferramenta de gestão pois através dele pode-se gerar diversos indicadores
de desempenho para acompanhamento das ações técnicas, operacionais e
empresariais.
O quadro abaixo demonstra balanço hídrico conforme Alegre, et al (2005, p.
52)
Quadro 3 – Balanço hídrico
Fonte: Alegre, et al (2005, p. 52)
•Volume de
Entrada no
Sistema
•Consumo Autorizado
• Perdas de Água
•Consumo Autorizado Faturado
•Consumo Autorizado
Não Faturado
•Perdas Aparentes
•Perdas Reais
•Consumo Medido Faturado
•C ons umo Não Medido
F aturado
•C ons umo Medido Não
F aturado
•C ons umo Não Medido Não
F aturado
•Consumo Não Autorizado
•Imprecisão dos Hidrômetros e
•Erros no Manuseio de Dados
•Vazamentos em Redes de Adução e Distribuição
•Vazamentos e Extravasões em Reservatórios
•Vazamentos nas Ligações até o Hidrômetro
•Água Faturada
•Água Não
Faturada
30
O quadro abaixo apresenta o significado de cada componente do balanço
hídrico conforme Alegre, et al (2005, p. 52), observando-se que deve utilizar volumes
no período de doze meses nas avaliações com o balanço hídrico desta forma
absorve-se as sazonalidades.
Quadro 4 – Significado dos componentes do balanço hídrico
Fonte: Alegre, et al (2005, p. 52)
4.5 Manutenção
Faria (1994, p. 5 e 6), define alguns conceitos referentes a manutenção:
a) manutenção: é manter os equipamentos em funcionamento como foram
projetados;
b) manutenção preventiva: todos os serviços executados pela manutenção,
tem como objetivo a não ocorrência de emergências;
c) manutenção corretiva: todos os serviços executados pela manutenção que
visam a melhoria de performance, para evitar emergências.
Conforme, Heizer e Render (2001, p. 496), existem dois tipos de manutenção:
Toda a água
medida que entra no
sistema ou
setor de estudo
Volume de água utilizado por
consumidores
autorizados
Diferença entre o volume fornecido ao
sistema e o consumo autorizado
Todo o consumo
autorizado que éfaturado
Todo o consumo autorizado que não
é faturado
Volume de água consumido, mas não contabilizado (erros
de medição, fraudes, ligações
clandestinas)
Volume de água produzido que não
chega ao consumidor final
Todo o consumo que possui medição e para o qual é
emitido fatura - micromedição
Todo o consumo estimado – sem medição - para o qual é emitido fatura
Consumo com medição mas sem faturamento – ex: bombeiros ou prédios próprios que possuem
micromedição
Consumo para o qual não há medição nem faturamento – ex: prédio próprios sem micromedição, usos operacionais (descagas e lavagens de rede e
reservatórios), combate a incêndios
Fraudes e ligações clandestinas
Sumedição e erros de leitura/manuseio de dados
Vazamentos nas redes
Perdas nos reservatórios
Vazamentos nos ramais
Parcela faturada
que produz renda (não considera inadimplencia)
Parcela não
faturada que não produz renda
31
a manutenção preventiva e a manutenção corretiva. Onde, a manutenção preventiva
consiste em inspeções de rotina com o foco na conservação dos equipamentos em
bom estado; essa atividade deve compor um sistema que identifique as potenciais
falhas modificando-as e ou reparando-as de forma que evite-se as falhas. Esse tipo
de manutenção é muito mais abrangente que simplesmente conservar máquinas e
mantê-las em funcionamento, pois abrange também os projetos de sistemas
técnicos e humanos que manterão o processo produtivo funcionando dentro da
tolerância, ela possibilita que o sistema funcione com maior confiabilidade. A ênfase
da manutenção preventiva é conhecer o processo e fazer com que ele funcione sem
interrupções.
A manutenção corretiva acontece quando o equipamento apresenta avaria e
deve ser consertado emergencialmente ou prioritariamente.
Existem empresas que adotaram os conceitos da gestão de qualidade total nas
práticas de manutenção preventiva com uma abordagem conhecida como
Manutenção Produtiva Total (TPM – Total Productive Maintence), que através da
participação dos empregados e excelentes registros de manutenção desenvolvem o
conceito de variabilidade, também faz parte deste tipo de manutenção, o projeto de
máquinas confiáveis fácil de operar e de manutenção, compra de máquinas onde
esteja incluído custo da manutenção, desenvolvimento de planos de manutenção
preventiva com aplicação das melhores práticas.
Segundo Stevenson (2001, p.582), o objetivo da manutenção é conservar o
sistema de produção em boas condições de operação propiciando um menor custo
possível. Existem diversos motivos para manter os equipamentos e máquinas em
boas condições, como exemplo:
a) evitar interrupções na produção;
b) evitar aumento de custos de produção;
c) manter a qualidade elevada.
As manutenções são caracterizadas como de natureza reativa, ou seja,
aquela que acontece quando os problemas ou falhas ocorrem conhecida como
manutenção corretiva e existe também a de natureza proativa, ou seja, aquela que
acontece antes dos problemas ou falhas ocorrem, como exemplo, lubrificação,
ajustes, limpeza, inspeção e substituição de peças desgastadas conhecida como
manutenção preventiva.
O objetivo da manutenção preventiva é reduzir a ocorrência de quebras, de
32
falhas e conseqüentemente reduzir os custos associados e as perdas.
Existem várias classificações para os diversos tipos de manutenções que
freqüentemente provocam confusão, porém conforme Kardec e Nascif (2003, p. 35 -
47) algumas práticas básicas definem os principais tipos que são:
Quadro 5 – Tipos de manutenção
• Manutenção Corretiva Não Planejada
• Manutenção Corretiva Planejada
• Manutenção Preventiva
• Manutenção Preditiva
• Manutenção Detectiva
• Engenharia de Manutenção
Fonte: KARDEC e NASCIF (2003, p. 35)
Ainda conforme os autores Kardec e Nascif (2003, p. 35 - 47) definem como:
a) Manutenção corretiva como atuação para correção da falha ou do
desempenho menor que o esperado; e ainda pode ser dividida em não
planejada e planejada, sendo que a planejada é a correção do
desempenho menor que o esperado ou da falha, por DECISÃO
GERENCIAL, isto é, pela atuação em função de acompanhamento
preditivo ou pela decisão de operar até quebra e a não planejada é a
correção da FALHA de maneira ALEATÓRIA.
b) Manutenção preventiva é a atuação realizada de forma a reduzir ou evitar
a falha ou queda no desempenho, obedecendo a um plano previamente
elaborado, baseado em INTERVALOS definidos DE TEMPO.
c) Manutenção preditiva é a atuação realizada com base em modificação de
parâmetro de CONDIÇÃO ou DESEMPENHO, cujo acompanhamento
obedece a uma sistemática. Esta é considerada a primeira grande quebra
de paradigma na Manutenção que se intensifica juntamente com o
desenvolvimento tecnológico, sendo seu objetivo permitir a operação
contínua do equipamento pelo maior tempo possível;
d) Manutenção detectiva é a atuação efetuada em sistemas de proteção
buscando detectar FALHAS OCULTAS ou não perceptíveis ao pessoal de
33
operação e manutenção.
e) Engenharia de manutenção e´ a segunda quebra de paradigma pois
praticar engenharia de produção significa uma mudança cultural. É deixar
de ficar consertando continuadamente, para procurar as causas básicas,
modificar situações permanentes de mau desempenho, deixar de conviver
com problemas crônicos, melhorar padrões e sistemáticas, desenvolver a
manutenibilidade, dar feedback ao Projeto, interferir tecnicamente nas
compras.
Conforme Tsutiya (2005, p. 496 - 508), a vida útil das tubulações de redes de
distribuição de água na fase de projeto é estimada em cinqüenta anos, entretanto,
essa estimativa depende muito da qualidade do material empregado, das condições
físico-químicas do solo, considerando esta estimativa é de esperar que a companhia
de saneamento tenha um programa manutenção através da substituição anual de
redes que abranja 2% da extensão. O remanejo de redes pode ter dois enfoques,
quais sejam:
a) Melhoria das condições hidráulicas dos tubos, substituindo aqueles com
incrustações que acarretam perdas de carga elevadas prejudicando em
áreas específicas o abastecimento;
b) Melhoria das condições estruturais dos tubos, onde são substituídos os
trechos com elevada taxa de vazamentos, ainda que os padrões de
pressão sejam adequados, visto que os tubos estão comprometidos pela
corrosão ou outro fator determinante como, por exemplo, a ma qualidade
do material.
A manutenção dos hidrômetros é um dos itens mais importantes para redução
de perdas aparentes, pois o envelhecimento dos aparelhos, potencializados por
fatores inerentes ao funcionamento do sistema de abastecimento de água é um fator
de perda gradativa de precisão da medição e conseqüentemente aumento das
perdas aparentes.
O autor sugere três situações básicas para que ocorra a substituição de
hidrômetros:
a) Manutenção corretiva: é o caso onde há problemas como travamento nas
engrenagens, embaçamento da cúpula, violações que não permitem o
funcionamento do aparelho ou a leitura, exigindo, portanto a sua troca;
34
b) Manutenção preventiva: é a troca em razão do tempo decorrido da
instalação ou após um determinado volume medido;
c) Adequação: é troca em razão da inadequação do consumo verificado na
ligação para o hidrômetro instalado;
Diferentemente, da prioridade tradicional para manutenção preventiva, no caso
dos hidrômetros, deve-se priorizar a manutenção corretiva, pois é nesta situação que
não há leitura, obrigando-se a faturar pela média histórica do imóvel e com isto
agregando erros na medição.
É comum encontrar regras que estipulam tempo máximo de instalação na rede
de aproximadamente 10 anos para hidrômetros de capacidade pequena enquanto
que os de grande capacidade sugere-se entre três e cinco anos.
Entretanto, o critério de troca preventiva por excesso de consumo, sobrepõe ao
critério de tempo, onde, estão estipulados para os hidrômetros de 1,5 m3/h valores
máximos de 2.000 m3 e para os hidrômetros de 3 m3/h os valores de 6.000 m3,
(Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - SABESP,1991 apud
Tsutiya, 2005, p. 508).
Segundo os autores, Alegre, et al, (2005, p. 28) é fundamental inspecionar e
realizar manutenções rotineiramente nos sistemas, assim, naturalmente os níveis de
perdas serão mais baixos. Deve-se inspecionar, calibrar periodicamente e realizar a
manutenção dos equipamentos de medição como exemplo, macromedidores e
micromedidores, também é necessário a inspeção e manutenção das válvulas, dos
reservatórios, das bombas de recalque, das redes de distribuição de água e dos
ramais de abastecimento domiciliares.
4.6 Controle e redução de perdas
O capítulo abaixo descreve as principais práticas para controle e redução de
perdas reais e aparentes.
35
4.6.1 Componentes do controle de perdas reais
Figura 2 - Componentes do controle de perdas reais Fonte: Thornton, 2002 apud Tsutiya, ( 2005, p. 491).
Observando a figura acima, conforme Tsutiya (2005, p. 491) e Alegre et al
(2005, p. 42 - 50 e 123 - 203) o nível de perdas existentes representadas pelo
quadro maior, contém outros dois níveis, quais sejam, o nível econômico e o nível de
perdas inevitáveis, sendo o que o potencial de recuperação está entre o nível atual e
o nível de perdas inevitáveis e apesar de uma parcela dessas perdas não ser
aparentemente vantajoso sob ótica econômica há que se considerar a imagem da
empresa perante a população, na análise.
Conforme demonstrado no quadro acima, existem inúmeras práticas para
controlar e reduzir a perdas físicas, destacam-se conforme segue abaixo, algumas:
a) Controle e detecção de vazamentos:
b) Controle de pressão e nível de reservatório:
c) Melhoria da condição de infraestrutura:
d) Rapidez e qualidade dos reparos.
36
4.6.1.1 Controle de vazamentos ativos
Conforme Tsutiya, (2005, p. 492 - 503) e Alegre et al (2005, p. 42 - 50 e 123 -
203) o controle ativo de vazamentos opõe-se ao controle passivo, pois no controle
ativo utiliza-se uma sistemática com o objetivo de localizar os vazamentos não-
visíveis existentes através de métodos acústicos de pesquisa e na sequência repará-
los.
O princípio básico da detecção acústica é ouvir o ruído do vazamento através
da utilização de equipamentos como: haste de escuta , geofone e correlacionador de
ruídos, além desses existem os considerados equipamentos complementares tais
como: barra de perfuração, trena com roda de medição, detector de massas
metálicas e detectores de tubulações metálicas e não metálicas, apresentados nas
figuras abaixo.
Haste de escuta
Figura 3 - Haste de escuta Fonte: Tsutiya, ( 2005, p. 492).
37
Geofone
Figura 4 - Geofone Fonte: Gonçalves e Avim ( 2007, p. 31).
Correlacionador de ruídos
Figura 5 - Correlacionador de ruídos Fonte: Gonçalves e Alvim ( 2007, p. 32.).
38
Roda de medição ou roda trena
Figura 6 - Roda de medição ou roda trena Fonte: Gonçalves e Alvim ( 2007, p. 37).
Locador de tubulação metálica
Figura 7 - locador de tubulação metálica Fonte: Gonçalves e Alvim ( 2007, p. 33).
39
Locador de tubulação não metálica
Figura 8 - Locador de tubulação não metálica Fonte: Gonçalves e Alvim ( 2007, p. 34).
4.6.1.2 Vazamentos em reservatórios
Conforme Tsutiya, (2005, p.495 ) e Alegre et al (2005, p. 42 - 50 e 123 - 203)
as ocorrências mais comuns de vazamentos não-visíveis em reservatórios de
concreto armado são trincas na base ou imperfeições nas junções das tubulações,
esses vazamentos geralmente acabam drenados pelo sistema do próprio
reservatório.
Para identificar este tipo de vazamento aplica-se o teste de estanqueidade
onde são fechadas a válvulas de entrada e saída do reservatório e verificada a
variação de nível d’água através do registro (“data logger” ) desse nível durante o
ensaio, normalmente à noite, alem deste teste aplica outro teste de estanqueidade
usando técnicas especiais, tais como raios infravermelhos, métodos geográficos,
etc...
4.6.1.3 Reparo de vazamentos
Conforme Tsutiya, (2005, p. 495 a 497) e Alegre et al (2005, p. 42 - 50 e 123 -
40
203) após a identificação do local da fuga d’água, os vazamentos visíveis e não-
visíveis devem ser reparados de forma ágil e com qualidade para que o problema
não retorne em curto espaço de tempo.
É fundamental para um efetivo reparo dos vazamentos dispor de uma
excelente infraestrutura e logística que permita corrigir o problema o mais rápido
possível, considerando-se não somente o a viabilidade econômica, mas também o
impacto na imagem de empresa pois a morosidade em solucionar este tipo de é
incoerente com as campanhas institucionais de combate ao desperdício e de
preservação dos recursos naturais para gerações futuras.
Para uma boa gestão dos reparos de vazamentos preconiza-se boas condições
de infraestrutura e logística tais como:
a) linhas de comunicação direta entre o consumidor e a concessionária como
é institucionalizado no Brasil pelo código nacional de saneamento o
número telefônico 195;
b) controle ativo de vazamentos não-visíveis;
c) sistemas de programação e controle dos reparos de vazamentos que
possibilitem a definição dos roteiros das equipes de manutenção.
A figura abaixo apresenta a estrutura básica do sistema para o gerenciamento
do reparo de vazamentos visíveis e não-visíveis.
Figura 9 - Sistema para o gerenciamento do reparo de vazamentos visíveis e não-visíveis
Fonte: ABENDE, 2001/2002 apud Tsutiya ( 2005, p. 497).
(Telefone 195) (cam po)
Vazam entos v isíveis Vazam entos não-visíveis
Sistem a de gerenciam ento do Reparo de vazam entos
População e concessionárias
Equ ipes de operação da com panh ia de saneam ento
Program ação e controle de serv iços
Contro le ativo de vazam entos Redução de pressãoTem po e qualidade dos preços Rem anejo ou m anutenção de redes
Pesqu isa e detecção de vazam entos não-
visíveis
Execução dos serv iços de correção
Avaliação dos resu ltados
Ações de redução de perdas
Serv iços in ternos/ engenharia
Serv iços de cam po
Contro les m anuais ou inform atizados
P itom etira e T écnicas de Ensaio
41
4.6.1.4 Controle de pressão
Conforme Tsutiya, (2005, p. 498) e Alegre et al (2005, p. 42 - 50 e 123 - 203)
as pressões a que está submetido o sistema de distribuição de água são um dos
principais fatores que influenciam o número de vazamentos e a vazão desses, por
conseguinte, o gerenciamento das pressões na distribuição de água é fundamental
para redução das perdas reais na companhia de saneamento.
A solução do problema das pressões é o Zoneamento Piezométrico, ou seja, a
divisão de um setor de abastecimento em zonas com comportamento homogêneo
dos planos de pressão. Esses planos piezométricos podem ser definidos pela cota
de nível d’água de um reservatório enterrado, apoiado ou elevado, pela cota
piezométrica resultante de uma elevatória ou “booster” ou pela cota resultante de
uma Válvula redutora de pressão – VRP apresntado na figura abaixo.
Válvula redutora de pressão
Figura 10 - Válvula redutora de pressão Fonte: Gonçalves e Alvim ( 2007, p. 34).
4.6.1.5 Controle de extravasamentos
Conforme Tsutiya, (2005, p. 502) e Alegre et al (2005, p. 42 - 50 e 123 - 203)
os extravasamentos em reservatórios de água tratada acontecem devido a falhas
42
dos operadores quando estes acionam manualmente as válvulas, ou dos
dispositivos automáticos de segurança operacional.
Para o controle de extravasões, a rega básica é definir níveis operacionais
escalonados em termos de risco, onde para cada nível é associado uma ação
operacional correspondente de forma que evite o extravasamento.
4.6.2 Componentes do controle de perdas aparentes
Figura 11 - Componentes do controle de perdas aparentes Fonte: Adaptado de Thornton, 2002 apud Tsutiya, (2005, p. 505)
Observando a figura acima, conforme Tsutiya (2005, p. 505 - 506) e Alegre et
al (2005, p. 11 - 13) o nível de perdas aparentes existentes representadas pelo
quadro maior, contém outros dois níveis, quais sejam, o nível econômico de perdas
aparentes o nível de perdas aparentes inevitáveis, sendo o que o potencial de
recuperação está entre o nível atual e o nível de perdas aparentes inevitáveis
considerando-se que uma parcela dessas perdas não ser vantajoso sob ótica
econômica, pois seria mais caro recuperar esse volume que o benefício monetário a
ser auferido ao faturar esse volume.
43
Conforme demonstrado no quadro acima, existem inúmeras práticas para
controlar e reduzir a perdas aparentes conforme segue abaixo:
a) Redução de erros de medidores: tem como ações mais significativas a
especificação correta, instalação adequada, calibração periódica e a
manutenção corretiva e preventiva dos medidores e hidrômetros,
apresentados nas figuras abaixo.
Hidrômetro
Figura 12 - Hidrômetro Fonte: Documentos da CORSAN, 2008.
Figura 13 - Macromedidor Fonte: Gonçalves e Alvim ( 2007, p. 23).
HORIZONTAL VERTICAL COMPOSTO
44
Macromedidor
Figura 14 - Macromedidor Fonte: Gonçalves e Alvim ( 2007, p. 21).
b) Redução de fraudes: envolve a realização de ações de inspeção periódica
de ligações suspeitas de interferência na contabilização do consumo de
água e medidas que coíbam essa prática.
c) Melhorias no cadastro comercial: refere-se a melhoria contínua no
sistema de gestão comercial da concessionária, especialmente no
cadastramento das ligações e a medição dos consumos dos clientes.
d) Qualificação da mão-de-obra: envolve a seleção e o treinamento
adequado dos profissionais que fazem as leituras dos hidrômetros e a
gestão comercial de maneira a reduzir erros e melhorar a percepção de
eventuais problemas na ligação e na apuração dos consumos.
A figura abaixo apresenta em quais etapas aplica-se a prática para controle e
redução das perdas aparentes.
45
Figura 15 - Controle e redução das perdas aparentes Fonte: Tsutiya ( 2005, p. 511).
4.6.3 Sistemas de informações geográficas
Conforme Camargo (1997, p. 6) e Tsutiya (2005, p. 520) o G.I.S. Sistema de
Informação Geográfica é um ambiente computacional no qual é possível integrar
dados espaciais representados por entidades gráficas relacionado-os entre si e com
outros dados não espaciais, processando-os e gerando novas informações de
acordo com as necessidades do usuário. Essa ferramenta é um moderno
instrumento para auxiliar no planejamento, controle, operação e supervisão com
aplicação em atividades cuja análise requer a manipulação de mapas e dados, como
exemplo: operação de redes de água, esgoto, gás, telecomunicações, energia
elétrica. Pode-se utilizar essa ferramenta como auxiliar no diagnóstico e
acompanhamento e redução de perdas como exemplo: idade das redes de
distribuição de água, ocorrências de vazamentos visíveis e não-visíveis, localização
de medidores de pressão e vazão e distritos pitométricos, comportamento da
Rede
- Sistema de gestão comercial - Combate às fraudes - Controle de ligações inativas e clandestinas - Qualidade da mão-de-obra
MicromediçãoHidrômetros instalados na entrada dos imóveis, que
apresentam erros devido à submedição, agravados pelaexistência de caixas d'água ou pela inclinação doshidrômetros.
Ações- Instalação de hidômetros adequados à faixa de consumo - Troca periódica de hidrômetros - Desinclinção de hidrômetros
Gestão comercial Falhas nos processos do
sistema comercial, tais comocadastramento de clientes,ligações clandestinas, fraudes,etc...
Ações
Síntese das ações para controle e redução das perda s aparentes.
MacromediçãoMedidores de vazão instalados nos
reservatórios, cujos erros decorrem dainadequação (ou falta) do medidor, falta decalibração, submedição nas baixas vazões.
Ações - Instalação de macromedidores adequados - Calibração dos medidores de vazão
Medidor de pressão
Medidor de vazão
Hidrômetro
Caixa d'água
Consumo
Reservatório
Medidor de nível
46
micromedição por quadra.
47
5 METODOLOGIA
Será apresentada neste capítulo a metodologia usada para atingir os objetivos
propostos neste estudo, em especial a pesquisa e formas de coleta e análise.
5.1 Caracterização do tipo de estudo
Esse trabalho é classificado como estudo de caso. Segundo Roesch (2006, p.
154), a pesquisa qualitativa é apropriada para avaliação formativa e quando se trata
de melhorar a efetividade de um programa, ou plano; desta forma pode relacionar
este trabalho com o propósito de propor práticas de gestão que busquem controlar e
reduzir as perdas no sistema de distribuição de água.
Conforme Vergara (2007, p. 46 - 48), existem várias taxionomias de tipos de
pesquisa conforme os critérios utilizados pelos autores, entretanto, eles propõem
duas classificações, quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins uma
pesquisa poder classificada de: exploratória, descritiva, explicativa, metodológjca,
aplicada, intervencionista. Quanto aos meios pode ser classificada de: pesquisa de
campo, de laboratório, documental, bibliográfica, experimental, ex post facto,
participante, ação estudo de caso.
Observa-se que os tipos de pesquisas não excludentes podendo em uma
pesquisa contemplar mais de um tipo.
Analisando os objetivos desse estudo com as bibliografias citadas sobre
pesquisas, adotou-se pesquisa do tipo exploratória de natureza qualitativa
5.2 Área-alvo
Segundo Roesch (2006, p. 128) o estágio pode estar concentrado em um
departamento da empresa, como geralmente ocorre com propostas que visam
diagnósticos, planos ou sistemas em determinados setores. Neste trabalho, o estudo
48
foi elaborado no processo da operação da empresa com foco no sistema de
distribuição de água.
As informações utilizadas neste trabalho foram fornecidas pelas Diretorias: da
Presidência , Técnica, Comercial, Administrativa e Financeira e Operações.
5.2.1 Sujeitos da pesquisa
Foram entrevistados funcionários das diretorias conhecedores de todo
processo e especialistas nas diretorias que atuam conforme quadro abaixo:
Quadro 6 – Composição das entrevistas
Fonte: Autoria própria, 2009.
Entrevistado Sujeitos da pesquisa Cargo
Tempo da
entrevista
1 Diretoria Técnica Engenheiro Civil
1:15 h
2 Diretoria Técnica Engenheiro Eletrecista
40 min
3 Diretoria Técnica Engenheiro Químico
50 min
4 Diretoria Comercial Administrador
45 min
5 Diretoria de Operações Engenheiro Civil
2:00 h
6 Diretoria Técnica Matemático
40 min
7 Diretoria Técnica Ciências da Computação
45 min
8 Diretoria da Presidência Administrador
30 min
9
Diretoria Adm. e
Financeira Contador 1:00 h
Total 8:42 h
49
5.3 Coleta de dados
Conforme Roesch (2006, p. 169), as perguntas abertas em questionários são a
forma mais básica de coleta de dados. O objetivo de formular essas questões é
propiciar ao pesquisador capturar a perspectiva do respondente, por isso, as
questões não apresentam uma classificação por categoria.
Para a coleta de dados foram estudados e analisados os documentos
fornecidos pela empresa como relatório de controle operacional, relatórios contábeis,
relatórios de gestão, contrato de gestão, indicadores operacionais e comerciais,
mapa estratégico, bem como o conteúdo do material e dos sistemas disponíveis na
intranet da empresa, os questionários das entrevistas em profundidade realizada
com alguns colaboradores da empresa e também das observações pelo autor.
O quadro 7 demonstra a forma e os instrumentos utilizados na coleta de dados:
Quadro 7 – Composição da coleta de dados
1. Descrever o processo de
tratamento e distribuição de água,
desde a captação no manancial
até a distribuição nos domicílios;
Pesquisa documental.
Pesquisa na Intranet.
Documentos.
Intranet.
2. Identificar e analisar as práticas
de controle e de redução de
perdas no sistema de distribuição
de água;
Pesquisa bibliográfica.
Pesquisa documental.
Pesquisa na Intranet.
Entrevista em profundidade
Livros, artigos.
Documentos.
Intranet.
Roteiros de entrevistas.
3. Identificar e analisar os
indicadores de perdas no sistema
de distribuição de água;
Pesquisa bibliográfica.
Pesquisa documental.
Pesquisa na Intranet.
Entrevista em
profundidade.
Livros, artigos.
Documentos.
Intranet.
Roteiros de entrevistas.
4. Propor práticas de gestão que
contribuam para controlar e
reduzir as perdas no sistema de
distribuição de água.
Pesquisa bibliográfica.
Entrevistas.
Livros, artigos, monografias,
dissertações e teses.
Roteiros de entrevistas.
Fonte: Autoria própria, 2009.
Objetivos específicos Forma de coleta Instrumento de col eta
50
Na pesquisa exploratória qualitativa foi aplicado o questionário apresentado no
apêndice A, validado pelo Diretor Técnico da empresa, através de entrevista em
profundidade para atender os objetivos específicos.
5.4 Análise de dados
Conforme Roesch:
Na pesquisa de caráter qualitativo, o pesquisador, ao encerrar sua coleta de dados, se depara com uma quantidade imensa de notas de pesquisa ou de depoimentos, que se materializam na forma de textos, os quais terá que organizar para depois interpretar (2006, p. 169).
Segundo Yin, (2005, p.137) a análise de dados consiste em examinar,
categorizar, classificar em tabelas, testar ou, do contrário, recombinar as evidências
quantitativas e qualitativas para tratar as proposições iniciais de um estudo.
Os dados da pesquisa foram tratados de forma qualitativa seguindo as
seguintes etapas:
a) leitura do material pesquisado, organizando-o de forma a manter a
coerência como os objetivos específicos propostos;
b) análise comparativa da revisão de literatura com o material coletado na
organização para buscar atender ao objetivo geral e aos objetivos
específicos;
c) análise das respostas ao questionário aplicado através da entrevista em
profundidade.
Os dados da pesquisa foram tratados de forma qualitativa seguindo as
seguintes etapas:
a) análise do índice de perda na distribuição;
b) análise do índice de perdas de faturamento;
c) análise do índice de rendimento comercial;
d) análise índice de perdas por ligação.
51
6 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Este capítulo tem por objetivo apresentar a descrição e a análise dos dados
pesquisados relacionando-os com a revisão de literatura.
6.1 Processo de tratamento e distribuição de água, desde a captação no
manancial até a distribuição nos domicílios
Através desse estudo é descrito abaixo o processo de abastecimento de água
convencional através ETA, constituído pelas seguintes etapas conforme
demonstrado na figura 16:
Figura 16 – Sistema de tratamento e distribuição de água Fonte: CORSAN, 2009.
Adutora de água
bruta
Manancial
Floculador Decantador Filtro
Reservatório enterrado Reservatório
elevado
Cidade
Bombas
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a) captação: a CORSAN capta águas em mananciais de superfície como
nos rios, lagos, fontes e mananciais subterrâneos através dos poços
tubulares profundos5 por meio de bombas. Essa água é conduzida
através de adutoras até a Estação de Tratamento de Água (ETA), o tempo
desta etapa varia de acordo com a distância entre o manancial e a estão
de tratamento;
b) floculação: nessa etapa do processo, a água recebe uma substância
química chamada sulfato de alumínio, esta faz com que as impurezas se
aglutinem, formando flocos mais pesados que água onde são facilmente
removíveis, o tempo de realização deste processo é de aproximadamente
quinze minutos;
c) decantação: na decantação os flocos de partículas aderidas, que são
mais pesados que a água, decantam e se depositam no fundo do
decantador ao longo de quatro horas;
d) filtração: nesta etapa a água passa pelos filtros constituídos por várias
camadas de seixos e areia para a retenção dos flocos menores que não
foram eliminados durante a decantação;
e) desinfecção: a desinfecção consiste na adição de cloro cuja a função
deste produto a destruição de microorganismos patogênicos presentes na
água;
f) fluoretação: consiste na adição de flúor cuja a função é reduzir a
incidência de cárie dentária na população consumidora ;
g) reservação e distribuição: concluídas as etapas acima a água é
armazenada em reservatórios do tipo: enterrado, semi-enterrado, apoiado
e elevado e distribuída até as residências através de canalizações
chamadas de redes de distribuição.
Os Poços de captação profunda, na sua grande maioria, não são submetidos a
processos de tratamento convencional descrito acima através de ETA, necessárias à
clarificação da água nestes acontece somente a cloração e a fluoretação e na
seqüência a distribuição.
As captações da empresa são de superfície e subterrâneas distribuídas
conforme abaixo:
5 Poços e captação profunda, na sua grande maioria, não são submetidos ao processo de tratamento
convencional (ETA), mas, somente a cloração e fluoretação.
53
a) A CORSAN possui 197 captações superficiais e 784 poços, que
representam respectivamente 87,5% e 12,5% da água bruta.
b) Barragem de Acumulação: 48
c) Barragem Nível: 49
d) Captações Diretas em mananciais (rios, lagos, arroios): 78
e) Fontes: 22
A CORSAN opera com 174 Estações de Tratamento de Água e 784 poços, 56
Estações de Tratamento de Esgoto e possui uma rede de distribuição com extensão
de 23.923.780 metros, empregando aproximadamente 4.500 funcionários envolvidos
diretamente no sistema de produção para atender 1.741.709 ligações cadastradas
além das 87.085 clandestinas estimadas equivalente a cinco por cento.
6.2 Análise das práticas de controle e de redução d e perdas no sistema de
distribuição de água
Através da análise documental, das informações contidas na intranet da
empresa, das entrevistas com alguns colaboradores da empresa e do conhecimento
tácito do autor, são descritas abaixo as práticas de controle e de redução de perdas
no sistema de distribuição de água aplicadas na CORSAN.
Desde 2004, a empresa vem melhorando suas práticas de gestão através da
implantação do PMG, Programa de Melhoria de Gestão, cuja adesão é voluntária
onde já aderiram mais de 60 filiais, este programa tem objetivo estimular a aplicação
de práticas de gestão boas e inovadoras na empresa, através da busca constante da
excelência na prestação de serviços às comunidades e a todas partes interessadas.
Para fomentar a busca pela excelência na gestão, entre várias ações
implementadas através do PMG, estão: a implantação do planejamento estratégico
com a utilização da ferramenta do BSC, Balanced Scorecard, onde um dos focos é o
controle e redução de perdas, a participação de 25 filiais no PGQP, Programa
Gaúcho de Qualidade e Produtividade, a participação no prêmio setorial PNQS,
Prêmio Nacional da Qualidade em Saneamento e através da certificação ISO,
International Organization for Standardization.
54
Na maior parte dos sistemas de abastecimento e distribuição de água
constatou-se a prática de controle e conserto de vazamentos de forma passiva, ou
seja, são consertados aqueles vazamentos que afloram tornando-se visíveis
identificados por algum colaborador ou comunicados à empresa por algum cidadão
ou quando o sistema entra em colapso causando desabastecimento.
Segundo o entrevistado 5, “ a prática de detectar ativamente os vazamentos
ocorre em número reduzido de sistemas em razão da carência de recursos humanos
treinados para esta atividade sendo necessário priorizar os sistemas a serem
atendidos”. Para suprir parte desta carência, está em processo de licitação a
contratação de um serviço de detecção e conserto de vazamentos nos oito maiores
sistemas que representam sessenta por cento do volume produzido da empresa com
uma meta de reduzir as perdas em até vinte por cento nesses sistemas.
Conforme o entrevistado 1, “a empresa não investe em macromedição desde
2000, porém está licitando a aquisição de macromedidores para os oito maiores
sistemas que representam sessenta por cento do volume produzido da empresa”.
É utilizado pela empresa, a calha Parshall6, nas estações de tratamento de
água para medir a água bruta, conforme Frangipani e Gomes (2007, p. 46, 49) é
considerado um instrumento de baixo custo e confiável, desde que assegurado os
devidos cuidados relativos à sua aferição e calibração oferece bons índices de
precisão. Possui diversas vantagens como não necessitam de fornecimento externo
de energia, dispensam manutenções freqüentes limitando-se à limpeza de seus
canais e permite a medição de líquidos com sólidos dissolvidos . É um equipamento
simples conforme demonstrado na figura 17.
6 Calha Parshall: constitui em um canal de entrada com convergência das paredes e base, uma
garganta com paredes paralelas e base inclinada para baixo e um canal de saída com paredes divergentes e base inclinada para cima.
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