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0 OSMAR MICHEL ANÁLISE DAS PRÁTICAS DE GESTÃO PARA CONTROLE E REDUÇÃO DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA CORSAN CANOAS, 2009

OSMAR MICHEL - biblioteca.unilasalle.edu.br · ANÁLISE DAS PRÁTICAS DE GESTÃO PARA CONTROLE E REDUÇÃO DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA CORSAN Trabalho de conclusão

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    OSMAR MICHEL

    ANÁLISE DAS PRÁTICAS DE GESTÃO PARA CONTROLE E

    REDUÇÃO DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE

    ÁGUA DA CORSAN

    CANOAS, 2009

  • 1

    OSMAR MICHEL

    ANÁLISE DAS PRÁTICAS DE GESTÃO PARA CONTROLE E

    REDUÇÃO DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE

    ÁGUA DA CORSAN

    Trabalho de conclusão apresentado para a banca examinadora do curso de Administração de Empresas – Serviços do Centro Universitário La Salle - Unilasalle, como exigência para a obtenção do grau de Bacharel em Administração - Serviços, sob orientação do Prof. Esp. Adroaldo Strack.

    CANOAS, 2009.

  • 2

    TERMO DE APROVAÇÃO

    OSMAR MICHEL

    ANÁLISE DAS PRÁTICAS DE GESTÃO PARA CONTROLE E REDUÇÃO DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE

    ÁGUA DA CORSAN

    Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Administração de Empresas - Serviços, do Centro Universitário La Salle

    – UNILASALLE, pela seguinte banca examinadora:

    Prof. Me. Eduardo Bugallo UNILASALLE

    Prof. Me. Maurício Cassol UNILASALLE

    Prof. Esp. Adroaldo Strack UNILASALLE

    Canoas, 17 de junho de 2009.

    o

  • 3

    Dedico esta vitória a minha esposa, Jaqueline Dobosz Vargas Michel, meu amor,

    minha amiga, minha companheira presente nos momentos mais felizes de minha

    vida.

    À minha amada filha, Bárbara, que desde a gestação participou deste desafio,

    tolerando com compreensão a minha ausência e é a razão de ser de nossos

    esforços e crença no futuro.

    Aos meus amados pais adotivos, Valdir e Cleci, pelo nobre ato de amor de

    oportunizarem-me uma vida digna.

    À minha mãe Maria (in memorian), pela vida, amor e proteção.

    Aos meus amados e inesquecíveis avós maternos adotivos, José e Julieta, pelo

    nobre ato de amor, onde, acolheram-me protegeram-me da vulnerabilidade social.

  • 4

    AGRADECIMENTOS

    A Deus, pela vida e por estar presente em cada minuto de nossa caminhada.

    Agradeço à minha família, pelo apoio, pela força e compreensão de minha

    ausência, sempre acreditando em mim, em especial a minha esposa Jaqueline e

    minha filha Bárbara.

    Aos meus sogros, Valdir e Franciska que participaram em tempo integral,

    dedicando muito amor e carinho, minimizando a minha ausência.

    À professora Ms. Letícia Martins pela dedicação durante o acompanhamento

    da pesquisa.

    Ao professor Paulo Abdala pela dedicação, acompanhamento e orientações

    durante o estágio.

    Em especial, ao professor Adroaldo Strack, pela confiança depositada em mim,

    pela dedicação, atenção e sabedoria na transmissão de seus ensinamentos durante

    a orientação deste estudo, mostrando-me o melhor caminho a seguir.

    A todos professores e funcionários do UNILASALLE que participaram de

    alguma forma ao longo desta caminhada.

    À empresa CORSAN pelo incentivo econômico e apoio com informações e

    todos os colegas de empresa, pela atenção e troca de conhecimentos durante a

    elaboração deste trabalho.

    Aos amigos da consultoria Hoperações, Ary Maóski e Mário Baggio pelo apoio

    através de material bibliográfico.

  • 5

    ““PPrrooccuurree sseerr uummaa ppeessssooaa ddee vvaalloorr eemm vveezz ddee pprrooccuurraarr sseerr uummaa ppeessssooaa ddee ssuucceessssoo..

    OO ssuucceessssoo éé ccoonnsseeqqüüêênncciiaa..””

    (Albert Einstein)

  • 6

    RESUMO

    Atualmente é prática comum nas empresas a busca incessante por eficiência nos

    seus processos visando a melhoria contínua e buscando reduzir ao máximo as

    perdas com foco nos resultados. O objetivo deste trabalho foi analisar as práticas de

    gestão aplicadas pela CORSAN para controle e redução das perdas no sistema de

    distribuição de água. Através da pesquisa bibliográfica e da pesquisa de campo foi

    possível identificar as práticas de gestão e os indicadores utilizados para controlar e

    reduzir as perdas pela CORSAN. A partir desta identificação foi possível propor

    melhorias nas práticas adotadas para preencher as lacunas identificadas.

    Palavras-chave: Práticas. Controle. Redução. Perdas.

    ABSTRACT

    Nowadays is common handy in the companies the incessant search by efficiency on

    their processes aim the continuous betterment and maximum reduce the losses with

    focus results. The objective of this work was analyse the management practices

    applied by CORSAN about the controls and reduction of losses in drinking water

    system. From proposed literature and field research was possible identify the

    management practices and indicators used to control and reduce the losses by

    CORSAN. Based on these facts was possible come up with quality improvements on

    practices adopted to fill the identified gaps.

    key words: practices, control, reduction, losses.

  • 7

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 – Organograma da empresa ....................................................................... 15

    Figura 2 - Componentes do controle de perdas reais ............................................... 35

    Figura 3 - Haste de escuta ........................................................................................ 36

    Figura 4 - Geofone .................................................................................................... 37

    Figura 5 - Correlacionador de ruídos ......................................................................... 37

    Figura 6 - Roda de medição ou roda trena ................................................................ 38

    Figura 7 - locador de tubulação metálica .................................................................. 38

    Figura 8 - Locador de tubulação não metálica .......................................................... 39

    Figura 9 - Sistema para o gerenciamento do reparo de vazamentos visíveis e não-

    visíveis ...................................................................................................................... 40

    Figura 10 - Válvula redutora de pressão ................................................................... 41

    Figura 11 - Componentes do controle de perdas aparentes ..................................... 42

    Figura 12 - Hidrômetro .............................................................................................. 43

    Figura 13 - Macromedidor ......................................................................................... 43

    Figura 14 - Macromedidor ......................................................................................... 44

    Figura 15 - Controle e redução das perdas aparentes .............................................. 45

    Figura 16 – Sistema de tratamento e distribuição de água ....................................... 51

    Figura 17 – Calha Parshall ........................................................................................ 55

    Figura 18 – Conversor de Frequência para Acionamento Elétrico por meio de WEG

    Modelo CFW 09 187kW / 340A (dois acionamentos idênticos) instalados no 1º

    Recalque de Imbé, com detalhe da interface IHM (Interface Homem Máquina)

    instalada externamente à porta do painel elétrico. .................................................... 56

    Figura 19 – Sistema monitoramento e comando em via pública ............................... 56

    Figura 20 – Supervisório de Riogrande ..................................................................... 57

    Figura 21 – Sistema de Informação Geográfica ........................................................ 58

    Figura 22 – GPS Promark 3 – L1 .............................................................................. 59

  • 8

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 - Sete tipos de perdas ............................................................................... 24

    Quadro 2 - Caracterização geral das perdas............................................................. 27

    Quadro 3 – Balanço hídrico ....................................................................................... 29

    Quadro 5 – Tipos de manutenção ............................................................................. 32

    Quadro 6 – Composição das entrevistas .................................................................. 48

    LISTA DE GRÁFICOS

    Gráfico 1 – IPD-CORSAN ......................................................................................... 60

    Gráfico 2 – IPF-CORSAN .......................................................................................... 61

    Gráfico 3 – RCOM-CORSAN .................................................................................... 62

    Gráfico 4 – IP/Ligações-CORSAN ............................................................................. 63

  • 9

    LISTA DE ABREVIATURAS

    AESABESP- Associação dos Engenheiros da Sabesp

    BSC - Balanced Scorecard

    CORSAN – Companhia Riograndense de Saneamento

    ETA – Estação de Tratamento de Água

    ETE - Estação de Tratamento de Esgoto

    G.I.S. - Sistema de Informação Geográfica

    IPF – Índice de Perda de Faturamento

    IP/Ligação – Índice de Perda por Ligação

    IWA – International Water Associatoin

    IPD – Índice de Perda na Distribuição

    ISO - International Organization for Standardization

    MUB - Mapa Urbano Básico

    PGQP - Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade

    PMG - Programa de Melhoria de Gestão

    PNQS - Prêmio Nacional da Qualidade em Saneamento

    POP – Procedimento Operacional Padrão

    SAA – Sistema de Abastecimento de Água

    SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

    SCI – Sistema Comercial Integrado

    SIG - Sistema de Informação Geográfica

    SIGEM – Sistema Integrado de Gerenciamento da Micromedição

    SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento

    RCOM – Rendimento Comercial

    TPM – Total Productive Maintence

    TRF – Redução de Tempo de Troca de Ferramentas

    VRP – Válvula Redutora de Pressão

  • 10

    SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12

    2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ........................... ..................................................... 14

    2.1 Caracterização da organização ................. ....................................................... 14

    2.1.2 Organograma da organização .......................................................................... 15

    2.1.3 Missão da organização..................................................................................... 16

    2.1.4 Visão da organização ....................................................................................... 16

    2.1.5 Valores da organização .................................................................................... 16

    2.1.6 Foco estratégico da organização ..................................................................... 16

    2.2 Situação problemática ......................... ............................................................. 17

    2.3 Justificativa ................................. ....................................................................... 17

    2.3.1 Quanto à importância ....................................................................................... 18

    2.3.2 Quanto à viabilidade ......................................................................................... 18

    2.3.3 Quanto à oportunidade ..................................................................................... 19

    3 OBJETIVOS ....................................... .................................................................... 20

    3.1 Objetivo geral ................................ .................................................................... 20

    3.2 Objetivos específicos.......................... .............................................................. 20

    4 REVISÃO DE LITERATURA ........................... ...................................................... 21

    4.1 Produção enxuta ............................... ................................................................ 21

    4.2 Conceitos de perdas ........................... .............................................................. 23

    4.3 Conceitos de perdas de água ................... ........................................................ 25

    4.4 Indicadores ................................... ..................................................................... 27

    4.6 Controle e redução de perdas .................. ........................................................ 34

    4.6.1 Componentes do controle de perdas reais ....................................................... 35

    4.6.1.1 Controle de vazamentos ativos ..................................................................... 36

    4.6.1.2 Vazamentos em reservatórios ....................................................................... 39

    4.6.1.3 Reparo de vazamentos ................................................................................. 39

    4.6.1.4 Controle de pressão ...................................................................................... 41

    4.6.1.5 Controle de extravasamentos ........................................................................ 41

    4.6.2 Componentes do controle de perdas aparentes ............................................... 42

    4.6.3 Sistemas de informações geográficas .............................................................. 45

    5 METODOLOGIA ..................................... ............................................................... 47

    5.1 Caracterização do tipo de estudo .............. ...................................................... 47

  • 11

    5.2 Área-alvo ..................................... ....................................................................... 47

    5.2.1 Sujeitos da pesquisa ........................................................................................ 48

    5.3 Coleta de dados ............................... .................................................................. 49

    5.4 Análise de dados .............................. ................................................................. 50

    6 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ................... ............................................ 51

    6.1 Processo de tratamento e distribuição de água, desde a captação no

    manancial até a distribuição nos domicílios ....... ................................................. 51

    6.2 Análise das práticas de controle e de redução d e perdas no sistema de

    distribuição de água .............................. ................................................................. 53

    6.3 Indicadores de perdas no sistema de distribuiçã o de água .......................... 59

    6.4 Proposta de práticas de gestão que contribuam p ara controlar e reduzir as

    perdas no sistema de distribuição de água ......... ................................................. 63

    7 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 68

    REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 70

    APÊNDICE A – Roteiro semiestruturado das entrevista s em profundidade para

    atender os objetivos específicos .................. ......................................................... 72

  • 12

    1 INTRODUÇÃO

    No mundo atual, onde os recursos naturais estão esgotando-se por estarem

    sendo utilizados à exaustão, onde, a falta de água já é motivo de conflitos entre

    países, é fundamental que as concessionárias dos serviços de abastecimento de

    água, gerenciem seus processos de forma eficiente buscando o controle e a redução

    das perdas de água.

    Conforme Tsutiya (2005, p. 457), há uma tendência geral, nos vários setores

    de infraestrutura urbana, em supervalorizar a “construção”, o novo, em detrimento da

    “operação e da manutenção” com a idealização do funcionamento perfeito das

    estruturas e equipamentos com duração infinita dos materiais e com precisão

    inquestionável dos instrumentos. Não foi diferente nos sistema de abastecimento de

    água, onde, o que interessava até pouco tempo para os gestores públicos, era a

    expansão dos sistemas para atingir as metas de universalização.

    Hoje, pode-se afirmar que esta cultura está mudando radicalmente por

    inúmeras razões, entre elas, a distribuição não equitativa dos recursos hídricos em

    relação à densidade demográfica, a maior conscientização da sociedade quanto à

    importância de preservar e utilizar de forma racional os recursos naturais com a

    preocupação de garantir a sobrevivência da futuras gerações.

    Esta mudança de cultura não poderia ser diferente na CORSAN1 que desde

    2004 vem implantando de forma gradual um programa de melhoria de gestão e

    dentre várias ferramentas que passaram a ser utilizadas destaca-se o planejamento

    estratégico onde umas das diretrizes é a redução das perdas de água.

    Este estudo tem como objetivo analisar e propor práticas de gestão para

    controlar e reduzir as perdas de água.

    O estudo inicia apresentando nos primeiros capítulos com a caracterização da

    organização, com o organograma, apresentação da situação problemática

    desdobrando no objetivo geral e nos objetivos específicos, no capítulo quatro e

    apresentado a revisão de literatura com os principais conceitos de perdas e do

    Sistema Toyota de Produção, no capítulo cinco é apresentado a metodologia

    utilizada neste estudo, a pesquisa exploratória, a forma de coleta de dados, no

    1 Companhia Riograndense de Saneamento.

  • 13

    capítulo seis é apresentado a descrição e análise dos dados e no capítulo sete serão

    apresentadas as conclusões.

  • 14

    2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

    Neste capítulo, apresenta-se a empresa foco deste estudo: suas

    características, a situação problema a ser respondida e a justificativa do estudo

    proposto.

    2.1 Caracterização da organização

    O abastecimento de água no Rio Grande do Sul, pelos sistemas públicos,

    surgiu na segunda metade do século XIX, iniciando pelas cidades de Porto Alegre

    em 1864, Rio Grande em 1877 e Pelotas em 1913.

    O Estado iniciou busca da solução dos problemas sanitários através da criação

    da comissão de Saneamento em 1917, vinculada à Secretaria de Obras Públicas

    com a finalidade de orientar, coordenar e fiscalizar a implantação de sistemas de

    água e de esgotos pelos municípios.

    Em 1936, a Comissão de Saneamento foi transformada em Diretoria de

    Saneamento e Urbanismo da Secretaria de Obras Públicas e as prefeituras

    começaram a conceder através de convênios com este órgão a responsabilidade

    direta pela ampliação dos sistemas existentes ou a implantação do serviço; com isto,

    iniciou-se o planejamento em nível estadual com a determinação de prioridades,

    resolvendo muitos problemas críticos de falta de água.

    A crescente demanda por saneamento, em razão do desenvolvimento do

    Estado e o do crescimento das cidades, levaram o governo do Estado criar a

    Companhia Riograndense de Saneamento – CORSAN, em 21 de dezembro de 1965

    que foi instalada em 28 de março de 1966, sendo esta última a data oficial de sua

    criação, com o desafio de proporcionar melhor qualidade de vida a população do Rio

    Grande do Sul.

  • 15

    Atualmente a CORSAN abastece mais de sete milhões de pessoas no RS,

    atendendo dois milhões de economias2 em 347 localidades.

    2.1.2 Organograma da organização

    A figura abaixo demonstra o organograma da empresa.

    Figura 1 – Organograma da empresa Fonte: CORSAN, 2009 adaptado pelo autor.

    2 Todo imóvel ou subdivisão de um imóvel, com ocupação independente das demais, perfeitamente identificável e/ou comprovável em função da finalidade de sua ocupação legal, dotado de instalação privativa ou de uso coletivo dos serviços de abastecimento de água e/ou coleta de esgotos sanitários.

    Assembleia de Acionistas

    Conselho Fiscal

    Conselho de Administração

    Diretoria Colegiada

    Diretor Presidente

    Diretoria de Operações

    Diretoria Administrativa Financeira e Relações

    com Investidores

    Diretoria Técnica

    Diretoria de Expansão

    Diretoria Comercial

    UNIDADES DE SANEAMENTO

  • 16

    2.1.3 Missão da organização

    Promover o saneamento ambiental, com preço justo e excelência nos serviços,

    cumprindo o papel social da Companhia.

    2.1.4 Visão da organização

    Ser referência na qualidade da prestação dos serviços de abastecimento de

    água e de esgotamento sanitário no Brasil.

    2.1.5 Valores da organização

    a) Valorização das pessoas;

    b) Respeito aos direitos e necessidades de todas as partes interessadas;

    c) Transparência como valor permanente integrado à cultura da empresa em

    todas as suas relações;

    d) Ética e competência profissional;

    e) Comprometimento e trabalho em equipe.

    2.1.6 Foco estratégico da organização

    Adequação dos processos da CORSAN à nova lei de saneamento (contrato de

    programa), maximizando a capacidade de investimento, a redução de perdas , a

    priorização do esgotamento sanitário e a qualidade dos serviços prestados.

  • 17

    2.2 Situação problemática

    A CORSAN nasceu de uma necessidade básica e vital do ser humano, o

    consumo de água potável. A urgência na universalização do atendimento das

    populações com água tratada, fez com que a gestão da empresa focasse na

    implantação de novos sistemas de abastecimento nos municípios gaúchos, que ao

    longo dos anos vem integrado o sistema CORSAN, deixando uma lacuna na gestão

    quanto à medição, quanto as manutenção, quanto ao controle e redução de perdas

    de água, desde sua criação.

    O desgaste natural dos sistemas de abastecimento de água associado a

    ausência de manutenções preventivas no devido tempo e na medida certa, geram

    um comprometimento cada vez maior das funcionalidades da obra, dos

    equipamentos ou instrumentos, tendo como conseqüência à elevação das perdas

    acima dos níveis razoáveis do ponto de vista econômico-financeiro, operacional e

    ambiental. Esta situação causa preocupação, visto que, as perdas de faturamento

    apresentaram um índice médio de 39,50% e um índice de perdas na distribuição é

    45,10% conforme relatório do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento -

    SNIS de 2006 para as empresas de saneamento de abrangência regional.

    Somando-se a isto, o crescimento das populações urbanas de forma

    desordenadas em razão do êxodo rural nos últimos cinqüenta anos, a degradação

    do meio ambiente e dos mananciais tornando a água cada vez mais escassa, a

    distribuição dos recursos hídricos não eqüitativos em relação à distribuição das

    populações.

    Sendo assim, o presente trabalho almeja resolver a seguinte situação

    problema: quais as práticas de gestão possíveis de serem apli cadas para

    controlar e reduzir as perdas no sistema de distrib uição de abastecimento de

    água?

    2.3 Justificativa

    A seguir será apresentada a justificativa do estudo proposto.

  • 18

    2.3.1 Quanto à importância

    A importância de desenvolver este projeto deve-se ao fato de abordar o

    gerenciamento de um recurso natural vital para o ser humano que está sendo

    explorado à exaustão, acompanhando pelo crescimento demográfico das últimas

    décadas. Observa-se que a cada dia, os mananciais próximos as grandes e até das

    médias cidades, estão esgotando-se, forçando as concessionárias dos serviços de

    abastecimento de água, buscarem cada vez mais distante, a matéria-prima, água,

    para garantir o abastecimento e, com isto, elevando os custos de industrialização e

    exigindo maior aporte de capital para investir na expansão dos sistemas de

    abastecimento de água.

    Além dos motivos acima citados, conforme, Alegre, et al, (2005, p 17) justifica-

    se a importância em reduzir as perdas considerando-se a dimensão de saúde

    pública, observa-se que a probabilidade de contaminação é baixa quando rede está

    pressurizada, pressão interna superior a externa, o mesmo não ocorre quando é

    necessário interromper o abastecimento por qualquer razão, portanto mesmo que o

    valor econômico da água perdida não compense o investimento necessário para

    reduzir a perda há que considerar a saúde pública.

    2.3.2 Quanto à viabilidade

    Este estudo se torna viável pela facilidade de acesso às informações, à

    administração e aos processos, através do vínculo empregatício do autor com a

    empresa, aliado ao conhecimento acadêmico e à literatura existente, ainda que

    genérico.

    Outro fator relevante é que não haverá custos para a empresa e o interesse da

    mesma na busca do conhecimento de seus processos para melhoria continua

    buscando o controle e a redução das perdas na distribuição de água através da

    gestão por resultados.

  • 19

    2.3.3 Quanto à oportunidade

    O cenário atual, onde as empresas de saneamento do Brasil precisam ser cada

    vez mais eficientes para que consigam renovar os contratos de programas com os

    municípios, o poder concedente, onde os recursos naturais, em especial a água,

    estão a cada dia mais escassos, onde os clientes estão cada vez mais informados,

    conscientes e exigentes. A busca da CORSAN de ser uma empresa com excelência

    em qualidade percebida pelas partes interessadas, através da melhoria continua de

    seus processos, dos compromissos através do contrato de gestão, assinado com

    seu maior acionista, o Estado do RS, desdobrados no seu planejamento estratégico

    onde o foco é reduzir as perdas de distribuição de água, tornam oportuno à proposta

    deste estudo.

  • 20

    3 OBJETIVOS

    Neste capítulo serão apresentados os objetivos deste estudo, distribuídos em

    objetivo geral e objetivos específicos.

    3.1 Objetivo geral

    Analisar as práticas de gestão para controlar e reduzir as perdas no sistema de

    distribuição de água da CORSAN.

    3.2 Objetivos específicos

    a) Descrever o processo de tratamento e distribuição de água, desde a

    captação no manancial até a distribuição nos domicílios;

    b) identificar e analisar as práticas de controle e de redução de perdas no

    sistema de distribuição de água;

    c) identificar e analisar os indicadores de perdas no sistema de distribuição de

    água;

    d) propor práticas de gestão que contribuam para controlar e reduzir as perdas

    de água.

  • 21

    4 REVISÃO DE LITERATURA

    Este capítulo tem a finalidade de explorar e analisar os conceitos de diversos

    autores sobre controle de perdas e práticas de gestão para mitigar as perdas, de

    acordo com a proposta deste trabalho.

    4.1 Produção enxuta

    A produção enxuta consiste na forma de operação do Sistema Toyota, onde o

    objetivo é a redução de toda perda sem valor agregado que além da aplicação de

    técnicas e ferramentas faz parte da filosofia do Sistema Toyota.

    Conforme Liker e Méier:

    [...] o que a maior parte do mundo conhece da Toyota – a parte técnica do Sistema Toyota de Produção. Ela reduz o tempo entre o pedido do cliente e a entrega eliminando a perda sem valor agregado. O resultado é um processo enxuto que proporciona alta qualidade aos clientes a um baixo custo, dentro do prazo, e que permite que a Toyota seja compensada sem precisar manter enormes quantidades de estoque (2007, p. 38 - 39).

    Os processos enxutos são encontrados no desenvolvimento de produtos, onde

    a Toyota apresenta os menores tempos de desenvolvimento do setor

    proporcionando estilo e características aos clientes, com mais rapidez, mais

    qualidade e menor custo que a concorrência. Estes processos enxutos internos

    fazem parte de todas funções de apoio empresarial como: compras, vendas,

    engenharia da produção e planejamento embora que não sejam tão enfatizados

    nessas áreas em relação ao desenvolvimento de produto e manufatura.

    Shingo (2008, p. 259 - 268), apresenta os princípios básicos e a filosofia sobre

    o quais foi construído o Sistema Toyota de Produção que consiste na produção

    enxuta:

    a) O princípio do não-custo: para reduzir os custos o único método é a

    eliminação total da perda esse fundamento é o alicerce para os demais

    princípios;

  • 22

    b) estoque zero: percebeu-se que manter um estoque era um tremendo

    desperdício, com isto, nasceu o jus-in-time3. A perda por superprodução

    tornou-se uma possibilidade e surgiu a produção contrapedido como

    melhor maneira de atender a demanda;

    c) operações de fluxo: as demandas da produção contrapedido geraram

    soluções para vários problemas sendo a primeira dessas soluções as

    operações de fluxo;

    d) redução dos tempos de trocas de ferramentas e matrizes: para o sistema de

    produção contrapedido é pré-requisito tempo reduzido de troca de

    ferramentas como conseqüência nasce o sistema TRF;

    e) eliminação da quebras e defeitos: a instabilidade da produção criada por

    quebras e defeitos gera necessidade de estoques, entretanto, com um

    sistema de estoque zero fez-se necessário desenvolver um método de

    controle visual chamado andon para informar toda vez ocorrer alguma

    irregularidade juntamente com uma postura determinada em interromper

    uma linha de produção ou máquina para corrigir a anormalidade;

    f) fusão do balanceamento com a produção com estoque zero: propôs um

    equilíbrio da produção com a flutuação de carga;

    g) operações de fluxo totalmente integradas: as operações de fluxo passaram

    a ser totalmente integradas pela expansão do conceito de operações de

    fluxo sendo o sistema Nagara pioneiro nesta área;

    h) redução do custo da mão-de-obra a segunda perda fundamental na

    eliminação da perda: a redução dos custos foi efetivada de três formas:

    melhoria nos movimentos humanos, combinação de folgas marginais e

    transferência de movimentos humanos para as máquinas. Com a criação

    de dispositivos de parada automática observou-se que a perdas unitárias

    são significativas em relação aos homens do que em relação as máquinas;

    i) da mecanização à automação: criou-se dispositivos que além de verificarem

    as anormalidades paravam as máquinas quando da detecção;

    j) mantendo o desenvolvimento operações padrão: os desvios de padrões

    passam a ser verificados;

    3 Está relacionado com produção por demanda, neste sistema, o produto ou matéria prima chega ao

    local de utilização somente no momento exato em que for necessário.

  • 23

    k) Sistema Kanban: é um sistema de controle visual auto-regulador que se

    concentra no chão-de-fábrica, este propicia que seja promovido melhorias.

    As principais características do sistema Toyota de Produção são:

    a) Princípio da minimização dos custos, a empresa depende da redução dos

    custos e isso requer a eliminação completa das perdas;

    b) a produção contrapedido é a melhor resposta à demanda, considerando

    suas exigências como: alta diversidade, produção em baixas quantidades,

    entrega rápida então somente consegue-se atender este tipo de produção

    através eliminação da perda por superprodução;

    c) o Sistema Toyota de Produção utiliza cada vez mais o conceito de mínima

    força de trabalho, pois reconhece a vantagem de usar máquinas.

    A Toyota revolucionou o sistema de produção tradicional e conciliatório,

    desenvolvendo um novo sistema com conceitos inéditos.

    4.2 Conceitos de perdas

    Segundo Shingo (1996, p. 101), o sistema Toyota é 80% eliminação das

    perdas, 15% um sistema de produção e apenas 5% Kanban. Os conceitos e a

    preocupação com as perdas surgiram com o sistema Toyota de produção, onde,

    Shingo (1996, p. 225), identifica sete tipos de perda: superprodução, espera,

    transporte, processamento, estoque, desperdício nos movimentos, o desperdício na

    elaboração de produtos defeituosos.

    Liker e Méier definem os tipos de perdas:

    A Toyota identificou os sete tipos principais de atividades sem valor agregado em processos empresariais ou de manufatura, os quais descrevemos abaixo. Superprodução, espera (tempo à disposição), transporte ou transferência, superprocessamento ou processamento incorreto, excesso de estoque, deslocamentos desnecessários, defeitos produção ou correção de peças defeituosas, (2007, p. 53).

    Conforme os autores, pode-se aplicar os conceitos das perdas não apenas a

    linha de produção, mas também, ao desenvolvimento de produtos, à tomada de

    pedidos e ao escritório. Além das sete perdas, acima citadas, os autores

  • 24

    identificaram a oitava perda, a Não-utilização da criatividade dos funcionários que é

    em conseqüência do impacto das sete perdas e por estas serem tão criticas.

    No quadro abaixo os sete tipos de perdas segundo o Sistema Toyota de

    Produção, baseado em Liker e Meier (2007, p. 53).

    Quadro 1 - Sete tipos de perdas 1 – Superprodução: produzir itens mais cedo ou em maiores quantidades do que o cliente necessita; gera perdas com excesso de pessoal, de estoque e custos com transporte do estoque excessivo;

    2 – Espera (tempo à disposição): controle de máquinas e equipamentos; espera por etapa de processamento anterior não concluída, ferramentas, suprimentos, peças, falta de estoque, gargalos de capacidade;

    3 – Transporte ou transferência: Movimento de trabalho em processo de um local para outro mesmo em curtas distâncias; movimentação de materiais, peças ou produtos acabados entre processos ou dentro do estoque;

    4 – Superprocessamento ou processamento incorreto: atividades desnecessá-rias ou processamento ineficiente devido a má qualidade das ferramentas e do projeto do produto. Também são geradas perdas quando se oferece produtos com qualidade superior à que é necessária;

    5 – Excesso de estoque: excesso de matéria-prima, de estoque em processo ou de produtos acabados. Causa obsolescência, produtos danificados, custos de transporte, de armazenagem e atrasos. O estoque extra, oculta problemas tais como desequilíbrio na produção, defeitos, atrasos dos fornecedores e longo setup.

    6 – Deslocamentos desnecessários: qualquer movimento desnecessários que os funcionários têm que fazer durante o trabalho que não agregue valor, como procurar ferramentas, pegar ou empilhar peças.

    7 – Defeitos: produção de peças defeituosas ou correção. Consertar ou re-trabalhar, descartar ou substituir a produção e inspecionar significam desperdício de tempo de manuseio e de esforço.

    Fonte: Baseado em Liker ; Meier, 2007.

    George define perdas como desperdício:

    [...] desperdício é qualquer coisa - tempo, custos, trabalho - que não adiciona qualquer valor aos olhos do cliente. Todas as organizações têm algum desperdício que, devido a como seus processos operam hoje, é necessário para compensar fraquezas internas. A quantidade de desperdício em cada atividade é proporcional ao quanto ela atrasa o trabalho. [...] Há sete formas específicas de desperdício identificadas na prática de Lean[...] (2004, p. 37).

  • 25

    Assim George (2004, p. 294 - 297), descreve as sete formas de desperdício:

    a) desperdício n° 1: superprocessamento (tentar agr egar mais valor a um

    serviço/produto pelo qual seus clientes não pagariam);

    b) desperdício n° 2: transporte (movimentar desnece ssariamente materiais,

    produtos ou informações);

    c) desperdício n° 3: movimento (movimentação desnec essária de pessoas);

    d) desperdício n° 4: estoques (qualquer trabalho em processo além daquilo

    que é necessário para produzir para o cliente);

    e) desperdício n° 5: tempo de espera (qualquer atra so entre o fim de um

    passo/atividade de processo e o início do passo/atividade seguinte);

    f) desperdício n° 6: defeitos (qualquer aspecto do serviço que não esteja em

    conformidade com as necessidades de clientes);

    g) desperdício n° 7: superprodução (produção de saí das de serviços ou

    produtos além daquilo que é necessário para uso imediato).

    Conforme Correa (2003, p. 83), a produção puxada com Kanbans, contribuiu

    para reduzir os desperdícios e para trabalhar evolutivamente de forma a eliminá-los,

    onde, no processo de montagem acontece somente quando a etapa seguinte

    necessita da produção, portanto puxando a produção e dessa forma não acontece

    mais o acúmulo indesejável de peças entre processos.

    4.3 Conceitos de perdas de água

    Segundo Tsutiya (2005, p. 458) e Gonçalves e Alvim (2007, p. 13 - 14) é

    denominado perda de água a diferença do volume que entra no sistema e o

    consumo autorizado. As perdas de água são conceitualmente de dois tipos:

    Perda física: equivale ao volume de água produzido que não chega ao

    consumidor final, devido à ocorrência de vazamentos nas adutoras, redes de

    distribuição e reservatórios setoriais. De acordo com a nova nomenclatura definida

    pela International Water Associatoin – IWA, este tipo de perda denomina-se Perda

    Real.

  • 26

    Perda não-física: equivale ao volume de água consumido, mas não

    contabilizado pela companhia de saneamento, decorrente de erros de medição nos

    hidrômetros4, fraudes, ligações clandestinas e falhas no cadastro comercial. Nesse

    caso, então, a água é efetivamente consumida, mas não é faturada. De acordo com

    o IWA, esse tipo de perda denomina-se Perda Aparente (há outra denominação,

    freqüentemente utilizada, que é Perda Comercial).

    Os autores, Alegre, et al, (2005, p. 9), conceituam perdas de água:

    Perdas de água: volume de água correspondente à diferença entre a água que

    entra no sistema e o consumo autorizado. As perdas de água podem ser calculadas

    para todo o sistema ou para subsistemas, como seja a rede de água não tratada, o

    sistema de adução, o sistema de distribuição ou zonas do sistema de distribuição.

    Em cada caso as componentes do cálculo devem ser consideradas em

    conformidade com a situação. As perdas de água dividem-se em perdas reais e

    perdas aparentes.

    Perdas reais: volume de água correspondente às perdas físicas até ao

    hidrômetro do cliente, quando o sistema está pressurizado. O volume anual de

    perdas através de todos os tipos de fissuras, vazamentos e extravasamentos

    depende da freqüência, da vazão e da duração média de cada fuga.

    Apesar das perdas físicas localizadas a jusante do hidrômetro do cliente se

    encontrarem excluídas do cálculo das perdas reais, são muitas vezes significativas e

    relevantes para a entidade gestora (em particular quando não há medição).

    Perdas aparentes: esta parcela das perdas contabiliza todos os tipos de

    imprecisões associadas às medições da água produzida e da água consumida, e

    ainda o consumo nãoautorizado (por furto ou uso ilícito).

    Os registros por defeito dos medidores de água produzida, bem como registros

    por excesso em hidrômetros de clientes, levam a uma subavaliação das PERDAS

    REAIS. As perdas físicas a jusante do hidrômetro do cliente podem contribuir

    significativamente para o aumento das perdas aparentes.

    Tsutiya (2005, p.459) caracteriza de forma geral as perdas conforme o quadro

    abaixo:

    4 É um aparelho destinado a indicar e totalizar, continuamente, o volume de água que o atravessa.

  • 27

    Quadro 2 - Caracterização geral das perdas

    ITEM

    Caracterís ticas Principais

    Perdas Reais Perdas Aparentes

    Tipo de ocorrência mais comum • Vazamento • Erro de medição

    Custos associados ao volume perdido de água • Custos de produção de água tratada

    • Valor cobrado no varejo ao consumidor

    Efeito no meio ambiente

    • Desperdício de recursos naturais

    • Maiores impactos ambientais devido à necessidade de ampliação da exploração dos mananciais

    • Não é relevante

    Efeito na saúde pública • Riscos de contaminação • Não é relevante

    Ponto de vista empresarial • Perda de produto “industrializado” • Perda elevada de receita

    Ponto de vista do consumidor • Imagem negativa da empresa,

    associada ao desperdício e ineficiência

    • Não é uma preocupação imediata

    Efeitos finais no consumidor

    • Repasse de custos à tarifa

    • Desincentivo ao uso racional da água

    • Repasse de custos à tarifa e

    • Incitamento ao roubo e fraudes

    Fonte: Tsutiya, ( 2005, p. 459).

    4.4 Indicadores

    Conforme Gonçalves e Alvim (2007, p. 17), para se ter conhecimento sobre o

    nível de perdas no sistema de abastecimento é preciso saber o volume

    disponibilizado e o volume utilizado, a relação entre estes resulta no Índice de

    Perdas na Distribuição (IPD).

    IPD = Volume disponibilizado – volume utilizado -------------------------------------------------------- Volume disponibilizado IPD > 40% ----------------Sistema com mau gerenciamento 40%>IPD

  • 28

    se lembrar que o IPD leva em consideração todas as perdas de água no sistema,

    não expressando se há predominância de perdas reais ou aparentes, o que impede

    o indicativo das condições de infraestrutura do sistema.

    Ainda, recomenda-se para avaliação do sistema de abastecimento de água

    outros índices, como:

    a) Índice de perda de água por ligação (m3/lig/dia);

    b) Índice de perda de água por extensão de rede (m3/km de rede/dia);

    c) Índice de vazamentos da infraestrutura;

    d) Índice de extravasamentos.

    Para medir as condições de infraestrutura Tsutiya (2005, p. 466) sugere:

    Índice de perdas por ramal: O indicador relaciona o Volume Perdido Total Anual com o número médio de ramais existente na rede de distribuição de água, introduzindo um "fator de escala" para melhor comparar sistemas de diferentes tamanhos. Apresenta a seguinte formulação:

    Volume Perdido Anual

    Índice de perdas por ramal = ------------------------------ (m3/ramal.dia)

    (N° de Ramais x 365) Observa-se que esse indicador foca as perdas nos ramais, ficando muito

    dependente da densidade de ramais existente. Como tende a dar valores muitos

    elevados em áreas com baixa ocupação urbana, o autor recomenda o seu uso nos

    casos em que a densidade de ramais seja superior a 20 ramais/km, valor que ocorre

    praticamente em todas as áreas urbanas. Este indicador não considera a pressão de

    operação do sistema como uma variável na comparação da performance do sistema,

    que influencia sobremaneira o comportamento das Perdas Reais. É comum ratear

    este indicador em Perdas Reais e Perdas aparentes.

    Para medir as condições de infraestrutura Tsutiya (2005, p. 466) sugere,

    também:

    Índice de perdas por extensão de rede: O indicador relaciona o Volume Perdido Total Anual com o comprimento da rede de distribuição de água (também um "fator de escala") existente no sis-tema em análise, apresentando a seguinte formulação:

    Volume Perdido Anual

    Índice de Perdas = ------------------------------- (m3/km.dia) por Extensão de Rede

    (Extensão da Rede x 365) Esse indicador distribui as perdas ao longo da extensão da rede, apresentando

    valores altos quando há uma ocupação urbana muito elevada. Daí recomenda o seu

  • 29

    emprego para áreas com densidade de ramais inferior a 20 ramais/km, o que

    representa geralmente subúrbios com características mais próximas à ocupação

    rural. Este indicador pode ser formulado para cada partição das perdas, ou seja,

    Real ou Aparente, valendo, igualmente, as mesmas considerações do indicador

    anterior quanto à pressão na rede de distribuição.

    Conforme ALEGRE, et al, (2005, p. 65) do ponto de vista ambiental interessa

    avaliar a pressão exercida sobre os recursos hídricos utilizados devido as perdas

    reais, ou seja que se evitaria caso não existissem fugas nem extravasamentos. As

    perdas aparentes são pouco relevantes sob a ótica ambiental uma vez que não

    representam volume de água captado desnecessariamente. O indicador ambiental

    de perdas recomendado é:

    Ineficiência no uso dos recursos hídricos: Perdas Reais (m3/ano)

    Ineficiência no uso dos recursos hídricos (%) = ---------------------------- X 100 Água entrada no sistema (m3/ano)

    Conforme Tsutiya, (2005, p. 460 - 461) o Balanço Hídrico de um sistema de

    abastecimento de água é uma forma estruturada de avaliar os componentes dos

    fluxos e usos da água no sistema e os seus valores absolutos ou relativos. É uma

    poderosa ferramenta de gestão pois através dele pode-se gerar diversos indicadores

    de desempenho para acompanhamento das ações técnicas, operacionais e

    empresariais.

    O quadro abaixo demonstra balanço hídrico conforme Alegre, et al (2005, p.

    52)

    Quadro 3 – Balanço hídrico

    Fonte: Alegre, et al (2005, p. 52)

    •Volume de

    Entrada no

    Sistema

    •Consumo Autorizado

    • Perdas de Água

    •Consumo Autorizado Faturado

    •Consumo Autorizado

    Não Faturado

    •Perdas Aparentes

    •Perdas Reais

    •Consumo Medido Faturado

    •C ons umo Não Medido

    F aturado

    •C ons umo Medido Não

    F aturado

    •C ons umo Não Medido Não

    F aturado

    •Consumo Não Autorizado

    •Imprecisão dos Hidrômetros e

    •Erros no Manuseio de Dados

    •Vazamentos em Redes de Adução e Distribuição

    •Vazamentos e Extravasões em Reservatórios

    •Vazamentos nas Ligações até o Hidrômetro

    •Água Faturada

    •Água Não

    Faturada

  • 30

    O quadro abaixo apresenta o significado de cada componente do balanço

    hídrico conforme Alegre, et al (2005, p. 52), observando-se que deve utilizar volumes

    no período de doze meses nas avaliações com o balanço hídrico desta forma

    absorve-se as sazonalidades.

    Quadro 4 – Significado dos componentes do balanço hídrico

    Fonte: Alegre, et al (2005, p. 52)

    4.5 Manutenção

    Faria (1994, p. 5 e 6), define alguns conceitos referentes a manutenção:

    a) manutenção: é manter os equipamentos em funcionamento como foram

    projetados;

    b) manutenção preventiva: todos os serviços executados pela manutenção,

    tem como objetivo a não ocorrência de emergências;

    c) manutenção corretiva: todos os serviços executados pela manutenção que

    visam a melhoria de performance, para evitar emergências.

    Conforme, Heizer e Render (2001, p. 496), existem dois tipos de manutenção:

    Toda a água

    medida que entra no

    sistema ou

    setor de estudo

    Volume de água utilizado por

    consumidores

    autorizados

    Diferença entre o volume fornecido ao

    sistema e o consumo autorizado

    Todo o consumo

    autorizado que éfaturado

    Todo o consumo autorizado que não

    é faturado

    Volume de água consumido, mas não contabilizado (erros

    de medição, fraudes, ligações

    clandestinas)

    Volume de água produzido que não

    chega ao consumidor final

    Todo o consumo que possui medição e para o qual é

    emitido fatura - micromedição

    Todo o consumo estimado – sem medição - para o qual é emitido fatura

    Consumo com medição mas sem faturamento – ex: bombeiros ou prédios próprios que possuem

    micromedição

    Consumo para o qual não há medição nem faturamento – ex: prédio próprios sem micromedição, usos operacionais (descagas e lavagens de rede e

    reservatórios), combate a incêndios

    Fraudes e ligações clandestinas

    Sumedição e erros de leitura/manuseio de dados

    Vazamentos nas redes

    Perdas nos reservatórios

    Vazamentos nos ramais

    Parcela faturada

    que produz renda (não considera inadimplencia)

    Parcela não

    faturada que não produz renda

  • 31

    a manutenção preventiva e a manutenção corretiva. Onde, a manutenção preventiva

    consiste em inspeções de rotina com o foco na conservação dos equipamentos em

    bom estado; essa atividade deve compor um sistema que identifique as potenciais

    falhas modificando-as e ou reparando-as de forma que evite-se as falhas. Esse tipo

    de manutenção é muito mais abrangente que simplesmente conservar máquinas e

    mantê-las em funcionamento, pois abrange também os projetos de sistemas

    técnicos e humanos que manterão o processo produtivo funcionando dentro da

    tolerância, ela possibilita que o sistema funcione com maior confiabilidade. A ênfase

    da manutenção preventiva é conhecer o processo e fazer com que ele funcione sem

    interrupções.

    A manutenção corretiva acontece quando o equipamento apresenta avaria e

    deve ser consertado emergencialmente ou prioritariamente.

    Existem empresas que adotaram os conceitos da gestão de qualidade total nas

    práticas de manutenção preventiva com uma abordagem conhecida como

    Manutenção Produtiva Total (TPM – Total Productive Maintence), que através da

    participação dos empregados e excelentes registros de manutenção desenvolvem o

    conceito de variabilidade, também faz parte deste tipo de manutenção, o projeto de

    máquinas confiáveis fácil de operar e de manutenção, compra de máquinas onde

    esteja incluído custo da manutenção, desenvolvimento de planos de manutenção

    preventiva com aplicação das melhores práticas.

    Segundo Stevenson (2001, p.582), o objetivo da manutenção é conservar o

    sistema de produção em boas condições de operação propiciando um menor custo

    possível. Existem diversos motivos para manter os equipamentos e máquinas em

    boas condições, como exemplo:

    a) evitar interrupções na produção;

    b) evitar aumento de custos de produção;

    c) manter a qualidade elevada.

    As manutenções são caracterizadas como de natureza reativa, ou seja,

    aquela que acontece quando os problemas ou falhas ocorrem conhecida como

    manutenção corretiva e existe também a de natureza proativa, ou seja, aquela que

    acontece antes dos problemas ou falhas ocorrem, como exemplo, lubrificação,

    ajustes, limpeza, inspeção e substituição de peças desgastadas conhecida como

    manutenção preventiva.

    O objetivo da manutenção preventiva é reduzir a ocorrência de quebras, de

  • 32

    falhas e conseqüentemente reduzir os custos associados e as perdas.

    Existem várias classificações para os diversos tipos de manutenções que

    freqüentemente provocam confusão, porém conforme Kardec e Nascif (2003, p. 35 -

    47) algumas práticas básicas definem os principais tipos que são:

    Quadro 5 – Tipos de manutenção

    • Manutenção Corretiva Não Planejada

    • Manutenção Corretiva Planejada

    • Manutenção Preventiva

    • Manutenção Preditiva

    • Manutenção Detectiva

    • Engenharia de Manutenção

    Fonte: KARDEC e NASCIF (2003, p. 35)

    Ainda conforme os autores Kardec e Nascif (2003, p. 35 - 47) definem como:

    a) Manutenção corretiva como atuação para correção da falha ou do

    desempenho menor que o esperado; e ainda pode ser dividida em não

    planejada e planejada, sendo que a planejada é a correção do

    desempenho menor que o esperado ou da falha, por DECISÃO

    GERENCIAL, isto é, pela atuação em função de acompanhamento

    preditivo ou pela decisão de operar até quebra e a não planejada é a

    correção da FALHA de maneira ALEATÓRIA.

    b) Manutenção preventiva é a atuação realizada de forma a reduzir ou evitar

    a falha ou queda no desempenho, obedecendo a um plano previamente

    elaborado, baseado em INTERVALOS definidos DE TEMPO.

    c) Manutenção preditiva é a atuação realizada com base em modificação de

    parâmetro de CONDIÇÃO ou DESEMPENHO, cujo acompanhamento

    obedece a uma sistemática. Esta é considerada a primeira grande quebra

    de paradigma na Manutenção que se intensifica juntamente com o

    desenvolvimento tecnológico, sendo seu objetivo permitir a operação

    contínua do equipamento pelo maior tempo possível;

    d) Manutenção detectiva é a atuação efetuada em sistemas de proteção

    buscando detectar FALHAS OCULTAS ou não perceptíveis ao pessoal de

  • 33

    operação e manutenção.

    e) Engenharia de manutenção e´ a segunda quebra de paradigma pois

    praticar engenharia de produção significa uma mudança cultural. É deixar

    de ficar consertando continuadamente, para procurar as causas básicas,

    modificar situações permanentes de mau desempenho, deixar de conviver

    com problemas crônicos, melhorar padrões e sistemáticas, desenvolver a

    manutenibilidade, dar feedback ao Projeto, interferir tecnicamente nas

    compras.

    Conforme Tsutiya (2005, p. 496 - 508), a vida útil das tubulações de redes de

    distribuição de água na fase de projeto é estimada em cinqüenta anos, entretanto,

    essa estimativa depende muito da qualidade do material empregado, das condições

    físico-químicas do solo, considerando esta estimativa é de esperar que a companhia

    de saneamento tenha um programa manutenção através da substituição anual de

    redes que abranja 2% da extensão. O remanejo de redes pode ter dois enfoques,

    quais sejam:

    a) Melhoria das condições hidráulicas dos tubos, substituindo aqueles com

    incrustações que acarretam perdas de carga elevadas prejudicando em

    áreas específicas o abastecimento;

    b) Melhoria das condições estruturais dos tubos, onde são substituídos os

    trechos com elevada taxa de vazamentos, ainda que os padrões de

    pressão sejam adequados, visto que os tubos estão comprometidos pela

    corrosão ou outro fator determinante como, por exemplo, a ma qualidade

    do material.

    A manutenção dos hidrômetros é um dos itens mais importantes para redução

    de perdas aparentes, pois o envelhecimento dos aparelhos, potencializados por

    fatores inerentes ao funcionamento do sistema de abastecimento de água é um fator

    de perda gradativa de precisão da medição e conseqüentemente aumento das

    perdas aparentes.

    O autor sugere três situações básicas para que ocorra a substituição de

    hidrômetros:

    a) Manutenção corretiva: é o caso onde há problemas como travamento nas

    engrenagens, embaçamento da cúpula, violações que não permitem o

    funcionamento do aparelho ou a leitura, exigindo, portanto a sua troca;

  • 34

    b) Manutenção preventiva: é a troca em razão do tempo decorrido da

    instalação ou após um determinado volume medido;

    c) Adequação: é troca em razão da inadequação do consumo verificado na

    ligação para o hidrômetro instalado;

    Diferentemente, da prioridade tradicional para manutenção preventiva, no caso

    dos hidrômetros, deve-se priorizar a manutenção corretiva, pois é nesta situação que

    não há leitura, obrigando-se a faturar pela média histórica do imóvel e com isto

    agregando erros na medição.

    É comum encontrar regras que estipulam tempo máximo de instalação na rede

    de aproximadamente 10 anos para hidrômetros de capacidade pequena enquanto

    que os de grande capacidade sugere-se entre três e cinco anos.

    Entretanto, o critério de troca preventiva por excesso de consumo, sobrepõe ao

    critério de tempo, onde, estão estipulados para os hidrômetros de 1,5 m3/h valores

    máximos de 2.000 m3 e para os hidrômetros de 3 m3/h os valores de 6.000 m3,

    (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - SABESP,1991 apud

    Tsutiya, 2005, p. 508).

    Segundo os autores, Alegre, et al, (2005, p. 28) é fundamental inspecionar e

    realizar manutenções rotineiramente nos sistemas, assim, naturalmente os níveis de

    perdas serão mais baixos. Deve-se inspecionar, calibrar periodicamente e realizar a

    manutenção dos equipamentos de medição como exemplo, macromedidores e

    micromedidores, também é necessário a inspeção e manutenção das válvulas, dos

    reservatórios, das bombas de recalque, das redes de distribuição de água e dos

    ramais de abastecimento domiciliares.

    4.6 Controle e redução de perdas

    O capítulo abaixo descreve as principais práticas para controle e redução de

    perdas reais e aparentes.

  • 35

    4.6.1 Componentes do controle de perdas reais

    Figura 2 - Componentes do controle de perdas reais Fonte: Thornton, 2002 apud Tsutiya, ( 2005, p. 491).

    Observando a figura acima, conforme Tsutiya (2005, p. 491) e Alegre et al

    (2005, p. 42 - 50 e 123 - 203) o nível de perdas existentes representadas pelo

    quadro maior, contém outros dois níveis, quais sejam, o nível econômico e o nível de

    perdas inevitáveis, sendo o que o potencial de recuperação está entre o nível atual e

    o nível de perdas inevitáveis e apesar de uma parcela dessas perdas não ser

    aparentemente vantajoso sob ótica econômica há que se considerar a imagem da

    empresa perante a população, na análise.

    Conforme demonstrado no quadro acima, existem inúmeras práticas para

    controlar e reduzir a perdas físicas, destacam-se conforme segue abaixo, algumas:

    a) Controle e detecção de vazamentos:

    b) Controle de pressão e nível de reservatório:

    c) Melhoria da condição de infraestrutura:

    d) Rapidez e qualidade dos reparos.

  • 36

    4.6.1.1 Controle de vazamentos ativos

    Conforme Tsutiya, (2005, p. 492 - 503) e Alegre et al (2005, p. 42 - 50 e 123 -

    203) o controle ativo de vazamentos opõe-se ao controle passivo, pois no controle

    ativo utiliza-se uma sistemática com o objetivo de localizar os vazamentos não-

    visíveis existentes através de métodos acústicos de pesquisa e na sequência repará-

    los.

    O princípio básico da detecção acústica é ouvir o ruído do vazamento através

    da utilização de equipamentos como: haste de escuta , geofone e correlacionador de

    ruídos, além desses existem os considerados equipamentos complementares tais

    como: barra de perfuração, trena com roda de medição, detector de massas

    metálicas e detectores de tubulações metálicas e não metálicas, apresentados nas

    figuras abaixo.

    Haste de escuta

    Figura 3 - Haste de escuta Fonte: Tsutiya, ( 2005, p. 492).

  • 37

    Geofone

    Figura 4 - Geofone Fonte: Gonçalves e Avim ( 2007, p. 31).

    Correlacionador de ruídos

    Figura 5 - Correlacionador de ruídos Fonte: Gonçalves e Alvim ( 2007, p. 32.).

  • 38

    Roda de medição ou roda trena

    Figura 6 - Roda de medição ou roda trena Fonte: Gonçalves e Alvim ( 2007, p. 37).

    Locador de tubulação metálica

    Figura 7 - locador de tubulação metálica Fonte: Gonçalves e Alvim ( 2007, p. 33).

  • 39

    Locador de tubulação não metálica

    Figura 8 - Locador de tubulação não metálica Fonte: Gonçalves e Alvim ( 2007, p. 34).

    4.6.1.2 Vazamentos em reservatórios

    Conforme Tsutiya, (2005, p.495 ) e Alegre et al (2005, p. 42 - 50 e 123 - 203)

    as ocorrências mais comuns de vazamentos não-visíveis em reservatórios de

    concreto armado são trincas na base ou imperfeições nas junções das tubulações,

    esses vazamentos geralmente acabam drenados pelo sistema do próprio

    reservatório.

    Para identificar este tipo de vazamento aplica-se o teste de estanqueidade

    onde são fechadas a válvulas de entrada e saída do reservatório e verificada a

    variação de nível d’água através do registro (“data logger” ) desse nível durante o

    ensaio, normalmente à noite, alem deste teste aplica outro teste de estanqueidade

    usando técnicas especiais, tais como raios infravermelhos, métodos geográficos,

    etc...

    4.6.1.3 Reparo de vazamentos

    Conforme Tsutiya, (2005, p. 495 a 497) e Alegre et al (2005, p. 42 - 50 e 123 -

  • 40

    203) após a identificação do local da fuga d’água, os vazamentos visíveis e não-

    visíveis devem ser reparados de forma ágil e com qualidade para que o problema

    não retorne em curto espaço de tempo.

    É fundamental para um efetivo reparo dos vazamentos dispor de uma

    excelente infraestrutura e logística que permita corrigir o problema o mais rápido

    possível, considerando-se não somente o a viabilidade econômica, mas também o

    impacto na imagem de empresa pois a morosidade em solucionar este tipo de é

    incoerente com as campanhas institucionais de combate ao desperdício e de

    preservação dos recursos naturais para gerações futuras.

    Para uma boa gestão dos reparos de vazamentos preconiza-se boas condições

    de infraestrutura e logística tais como:

    a) linhas de comunicação direta entre o consumidor e a concessionária como

    é institucionalizado no Brasil pelo código nacional de saneamento o

    número telefônico 195;

    b) controle ativo de vazamentos não-visíveis;

    c) sistemas de programação e controle dos reparos de vazamentos que

    possibilitem a definição dos roteiros das equipes de manutenção.

    A figura abaixo apresenta a estrutura básica do sistema para o gerenciamento

    do reparo de vazamentos visíveis e não-visíveis.

    Figura 9 - Sistema para o gerenciamento do reparo de vazamentos visíveis e não-visíveis

    Fonte: ABENDE, 2001/2002 apud Tsutiya ( 2005, p. 497).

    (Telefone 195) (cam po)

    Vazam entos v isíveis Vazam entos não-visíveis

    Sistem a de gerenciam ento do Reparo de vazam entos

    População e concessionárias

    Equ ipes de operação da com panh ia de saneam ento

    Program ação e controle de serv iços

    Contro le ativo de vazam entos Redução de pressãoTem po e qualidade dos preços Rem anejo ou m anutenção de redes

    Pesqu isa e detecção de vazam entos não-

    visíveis

    Execução dos serv iços de correção

    Avaliação dos resu ltados

    Ações de redução de perdas

    Serv iços in ternos/ engenharia

    Serv iços de cam po

    Contro les m anuais ou inform atizados

    P itom etira e T écnicas de Ensaio

  • 41

    4.6.1.4 Controle de pressão

    Conforme Tsutiya, (2005, p. 498) e Alegre et al (2005, p. 42 - 50 e 123 - 203)

    as pressões a que está submetido o sistema de distribuição de água são um dos

    principais fatores que influenciam o número de vazamentos e a vazão desses, por

    conseguinte, o gerenciamento das pressões na distribuição de água é fundamental

    para redução das perdas reais na companhia de saneamento.

    A solução do problema das pressões é o Zoneamento Piezométrico, ou seja, a

    divisão de um setor de abastecimento em zonas com comportamento homogêneo

    dos planos de pressão. Esses planos piezométricos podem ser definidos pela cota

    de nível d’água de um reservatório enterrado, apoiado ou elevado, pela cota

    piezométrica resultante de uma elevatória ou “booster” ou pela cota resultante de

    uma Válvula redutora de pressão – VRP apresntado na figura abaixo.

    Válvula redutora de pressão

    Figura 10 - Válvula redutora de pressão Fonte: Gonçalves e Alvim ( 2007, p. 34).

    4.6.1.5 Controle de extravasamentos

    Conforme Tsutiya, (2005, p. 502) e Alegre et al (2005, p. 42 - 50 e 123 - 203)

    os extravasamentos em reservatórios de água tratada acontecem devido a falhas

  • 42

    dos operadores quando estes acionam manualmente as válvulas, ou dos

    dispositivos automáticos de segurança operacional.

    Para o controle de extravasões, a rega básica é definir níveis operacionais

    escalonados em termos de risco, onde para cada nível é associado uma ação

    operacional correspondente de forma que evite o extravasamento.

    4.6.2 Componentes do controle de perdas aparentes

    Figura 11 - Componentes do controle de perdas aparentes Fonte: Adaptado de Thornton, 2002 apud Tsutiya, (2005, p. 505)

    Observando a figura acima, conforme Tsutiya (2005, p. 505 - 506) e Alegre et

    al (2005, p. 11 - 13) o nível de perdas aparentes existentes representadas pelo

    quadro maior, contém outros dois níveis, quais sejam, o nível econômico de perdas

    aparentes o nível de perdas aparentes inevitáveis, sendo o que o potencial de

    recuperação está entre o nível atual e o nível de perdas aparentes inevitáveis

    considerando-se que uma parcela dessas perdas não ser vantajoso sob ótica

    econômica, pois seria mais caro recuperar esse volume que o benefício monetário a

    ser auferido ao faturar esse volume.

  • 43

    Conforme demonstrado no quadro acima, existem inúmeras práticas para

    controlar e reduzir a perdas aparentes conforme segue abaixo:

    a) Redução de erros de medidores: tem como ações mais significativas a

    especificação correta, instalação adequada, calibração periódica e a

    manutenção corretiva e preventiva dos medidores e hidrômetros,

    apresentados nas figuras abaixo.

    Hidrômetro

    Figura 12 - Hidrômetro Fonte: Documentos da CORSAN, 2008.

    Figura 13 - Macromedidor Fonte: Gonçalves e Alvim ( 2007, p. 23).

    HORIZONTAL VERTICAL COMPOSTO

  • 44

    Macromedidor

    Figura 14 - Macromedidor Fonte: Gonçalves e Alvim ( 2007, p. 21).

    b) Redução de fraudes: envolve a realização de ações de inspeção periódica

    de ligações suspeitas de interferência na contabilização do consumo de

    água e medidas que coíbam essa prática.

    c) Melhorias no cadastro comercial: refere-se a melhoria contínua no

    sistema de gestão comercial da concessionária, especialmente no

    cadastramento das ligações e a medição dos consumos dos clientes.

    d) Qualificação da mão-de-obra: envolve a seleção e o treinamento

    adequado dos profissionais que fazem as leituras dos hidrômetros e a

    gestão comercial de maneira a reduzir erros e melhorar a percepção de

    eventuais problemas na ligação e na apuração dos consumos.

    A figura abaixo apresenta em quais etapas aplica-se a prática para controle e

    redução das perdas aparentes.

  • 45

    Figura 15 - Controle e redução das perdas aparentes Fonte: Tsutiya ( 2005, p. 511).

    4.6.3 Sistemas de informações geográficas

    Conforme Camargo (1997, p. 6) e Tsutiya (2005, p. 520) o G.I.S. Sistema de

    Informação Geográfica é um ambiente computacional no qual é possível integrar

    dados espaciais representados por entidades gráficas relacionado-os entre si e com

    outros dados não espaciais, processando-os e gerando novas informações de

    acordo com as necessidades do usuário. Essa ferramenta é um moderno

    instrumento para auxiliar no planejamento, controle, operação e supervisão com

    aplicação em atividades cuja análise requer a manipulação de mapas e dados, como

    exemplo: operação de redes de água, esgoto, gás, telecomunicações, energia

    elétrica. Pode-se utilizar essa ferramenta como auxiliar no diagnóstico e

    acompanhamento e redução de perdas como exemplo: idade das redes de

    distribuição de água, ocorrências de vazamentos visíveis e não-visíveis, localização

    de medidores de pressão e vazão e distritos pitométricos, comportamento da

    Rede

    - Sistema de gestão comercial - Combate às fraudes - Controle de ligações inativas e clandestinas - Qualidade da mão-de-obra

    MicromediçãoHidrômetros instalados na entrada dos imóveis, que

    apresentam erros devido à submedição, agravados pelaexistência de caixas d'água ou pela inclinação doshidrômetros.

    Ações- Instalação de hidômetros adequados à faixa de consumo - Troca periódica de hidrômetros - Desinclinção de hidrômetros

    Gestão comercial Falhas nos processos do

    sistema comercial, tais comocadastramento de clientes,ligações clandestinas, fraudes,etc...

    Ações

    Síntese das ações para controle e redução das perda s aparentes.

    MacromediçãoMedidores de vazão instalados nos

    reservatórios, cujos erros decorrem dainadequação (ou falta) do medidor, falta decalibração, submedição nas baixas vazões.

    Ações - Instalação de macromedidores adequados - Calibração dos medidores de vazão

    Medidor de pressão

    Medidor de vazão

    Hidrômetro

    Caixa d'água

    Consumo

    Reservatório

    Medidor de nível

  • 46

    micromedição por quadra.

  • 47

    5 METODOLOGIA

    Será apresentada neste capítulo a metodologia usada para atingir os objetivos

    propostos neste estudo, em especial a pesquisa e formas de coleta e análise.

    5.1 Caracterização do tipo de estudo

    Esse trabalho é classificado como estudo de caso. Segundo Roesch (2006, p.

    154), a pesquisa qualitativa é apropriada para avaliação formativa e quando se trata

    de melhorar a efetividade de um programa, ou plano; desta forma pode relacionar

    este trabalho com o propósito de propor práticas de gestão que busquem controlar e

    reduzir as perdas no sistema de distribuição de água.

    Conforme Vergara (2007, p. 46 - 48), existem várias taxionomias de tipos de

    pesquisa conforme os critérios utilizados pelos autores, entretanto, eles propõem

    duas classificações, quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins uma

    pesquisa poder classificada de: exploratória, descritiva, explicativa, metodológjca,

    aplicada, intervencionista. Quanto aos meios pode ser classificada de: pesquisa de

    campo, de laboratório, documental, bibliográfica, experimental, ex post facto,

    participante, ação estudo de caso.

    Observa-se que os tipos de pesquisas não excludentes podendo em uma

    pesquisa contemplar mais de um tipo.

    Analisando os objetivos desse estudo com as bibliografias citadas sobre

    pesquisas, adotou-se pesquisa do tipo exploratória de natureza qualitativa

    5.2 Área-alvo

    Segundo Roesch (2006, p. 128) o estágio pode estar concentrado em um

    departamento da empresa, como geralmente ocorre com propostas que visam

    diagnósticos, planos ou sistemas em determinados setores. Neste trabalho, o estudo

  • 48

    foi elaborado no processo da operação da empresa com foco no sistema de

    distribuição de água.

    As informações utilizadas neste trabalho foram fornecidas pelas Diretorias: da

    Presidência , Técnica, Comercial, Administrativa e Financeira e Operações.

    5.2.1 Sujeitos da pesquisa

    Foram entrevistados funcionários das diretorias conhecedores de todo

    processo e especialistas nas diretorias que atuam conforme quadro abaixo:

    Quadro 6 – Composição das entrevistas

    Fonte: Autoria própria, 2009.

    Entrevistado Sujeitos da pesquisa Cargo

    Tempo da

    entrevista

    1 Diretoria Técnica Engenheiro Civil

    1:15 h

    2 Diretoria Técnica Engenheiro Eletrecista

    40 min

    3 Diretoria Técnica Engenheiro Químico

    50 min

    4 Diretoria Comercial Administrador

    45 min

    5 Diretoria de Operações Engenheiro Civil

    2:00 h

    6 Diretoria Técnica Matemático

    40 min

    7 Diretoria Técnica Ciências da Computação

    45 min

    8 Diretoria da Presidência Administrador

    30 min

    9

    Diretoria Adm. e

    Financeira Contador 1:00 h

    Total 8:42 h

  • 49

    5.3 Coleta de dados

    Conforme Roesch (2006, p. 169), as perguntas abertas em questionários são a

    forma mais básica de coleta de dados. O objetivo de formular essas questões é

    propiciar ao pesquisador capturar a perspectiva do respondente, por isso, as

    questões não apresentam uma classificação por categoria.

    Para a coleta de dados foram estudados e analisados os documentos

    fornecidos pela empresa como relatório de controle operacional, relatórios contábeis,

    relatórios de gestão, contrato de gestão, indicadores operacionais e comerciais,

    mapa estratégico, bem como o conteúdo do material e dos sistemas disponíveis na

    intranet da empresa, os questionários das entrevistas em profundidade realizada

    com alguns colaboradores da empresa e também das observações pelo autor.

    O quadro 7 demonstra a forma e os instrumentos utilizados na coleta de dados:

    Quadro 7 – Composição da coleta de dados

    1. Descrever o processo de

    tratamento e distribuição de água,

    desde a captação no manancial

    até a distribuição nos domicílios;

    Pesquisa documental.

    Pesquisa na Intranet.

    Documentos.

    Intranet.

    2. Identificar e analisar as práticas

    de controle e de redução de

    perdas no sistema de distribuição

    de água;

    Pesquisa bibliográfica.

    Pesquisa documental.

    Pesquisa na Intranet.

    Entrevista em profundidade

    Livros, artigos.

    Documentos.

    Intranet.

    Roteiros de entrevistas.

    3. Identificar e analisar os

    indicadores de perdas no sistema

    de distribuição de água;

    Pesquisa bibliográfica.

    Pesquisa documental.

    Pesquisa na Intranet.

    Entrevista em

    profundidade.

    Livros, artigos.

    Documentos.

    Intranet.

    Roteiros de entrevistas.

    4. Propor práticas de gestão que

    contribuam para controlar e

    reduzir as perdas no sistema de

    distribuição de água.

    Pesquisa bibliográfica.

    Entrevistas.

    Livros, artigos, monografias,

    dissertações e teses.

    Roteiros de entrevistas.

    Fonte: Autoria própria, 2009.

    Objetivos específicos Forma de coleta Instrumento de col eta

  • 50

    Na pesquisa exploratória qualitativa foi aplicado o questionário apresentado no

    apêndice A, validado pelo Diretor Técnico da empresa, através de entrevista em

    profundidade para atender os objetivos específicos.

    5.4 Análise de dados

    Conforme Roesch:

    Na pesquisa de caráter qualitativo, o pesquisador, ao encerrar sua coleta de dados, se depara com uma quantidade imensa de notas de pesquisa ou de depoimentos, que se materializam na forma de textos, os quais terá que organizar para depois interpretar (2006, p. 169).

    Segundo Yin, (2005, p.137) a análise de dados consiste em examinar,

    categorizar, classificar em tabelas, testar ou, do contrário, recombinar as evidências

    quantitativas e qualitativas para tratar as proposições iniciais de um estudo.

    Os dados da pesquisa foram tratados de forma qualitativa seguindo as

    seguintes etapas:

    a) leitura do material pesquisado, organizando-o de forma a manter a

    coerência como os objetivos específicos propostos;

    b) análise comparativa da revisão de literatura com o material coletado na

    organização para buscar atender ao objetivo geral e aos objetivos

    específicos;

    c) análise das respostas ao questionário aplicado através da entrevista em

    profundidade.

    Os dados da pesquisa foram tratados de forma qualitativa seguindo as

    seguintes etapas:

    a) análise do índice de perda na distribuição;

    b) análise do índice de perdas de faturamento;

    c) análise do índice de rendimento comercial;

    d) análise índice de perdas por ligação.

  • 51

    6 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

    Este capítulo tem por objetivo apresentar a descrição e a análise dos dados

    pesquisados relacionando-os com a revisão de literatura.

    6.1 Processo de tratamento e distribuição de água, desde a captação no

    manancial até a distribuição nos domicílios

    Através desse estudo é descrito abaixo o processo de abastecimento de água

    convencional através ETA, constituído pelas seguintes etapas conforme

    demonstrado na figura 16:

    Figura 16 – Sistema de tratamento e distribuição de água Fonte: CORSAN, 2009.

    Adutora de água

    bruta

    Manancial

    Floculador Decantador Filtro

    Reservatório enterrado Reservatório

    elevado

    Cidade

    Bombas

  • 52

    a) captação: a CORSAN capta águas em mananciais de superfície como

    nos rios, lagos, fontes e mananciais subterrâneos através dos poços

    tubulares profundos5 por meio de bombas. Essa água é conduzida

    através de adutoras até a Estação de Tratamento de Água (ETA), o tempo

    desta etapa varia de acordo com a distância entre o manancial e a estão

    de tratamento;

    b) floculação: nessa etapa do processo, a água recebe uma substância

    química chamada sulfato de alumínio, esta faz com que as impurezas se

    aglutinem, formando flocos mais pesados que água onde são facilmente

    removíveis, o tempo de realização deste processo é de aproximadamente

    quinze minutos;

    c) decantação: na decantação os flocos de partículas aderidas, que são

    mais pesados que a água, decantam e se depositam no fundo do

    decantador ao longo de quatro horas;

    d) filtração: nesta etapa a água passa pelos filtros constituídos por várias

    camadas de seixos e areia para a retenção dos flocos menores que não

    foram eliminados durante a decantação;

    e) desinfecção: a desinfecção consiste na adição de cloro cuja a função

    deste produto a destruição de microorganismos patogênicos presentes na

    água;

    f) fluoretação: consiste na adição de flúor cuja a função é reduzir a

    incidência de cárie dentária na população consumidora ;

    g) reservação e distribuição: concluídas as etapas acima a água é

    armazenada em reservatórios do tipo: enterrado, semi-enterrado, apoiado

    e elevado e distribuída até as residências através de canalizações

    chamadas de redes de distribuição.

    Os Poços de captação profunda, na sua grande maioria, não são submetidos a

    processos de tratamento convencional descrito acima através de ETA, necessárias à

    clarificação da água nestes acontece somente a cloração e a fluoretação e na

    seqüência a distribuição.

    As captações da empresa são de superfície e subterrâneas distribuídas

    conforme abaixo:

    5 Poços e captação profunda, na sua grande maioria, não são submetidos ao processo de tratamento

    convencional (ETA), mas, somente a cloração e fluoretação.

  • 53

    a) A CORSAN possui 197 captações superficiais e 784 poços, que

    representam respectivamente 87,5% e 12,5% da água bruta.

    b) Barragem de Acumulação: 48

    c) Barragem Nível: 49

    d) Captações Diretas em mananciais (rios, lagos, arroios): 78

    e) Fontes: 22

    A CORSAN opera com 174 Estações de Tratamento de Água e 784 poços, 56

    Estações de Tratamento de Esgoto e possui uma rede de distribuição com extensão

    de 23.923.780 metros, empregando aproximadamente 4.500 funcionários envolvidos

    diretamente no sistema de produção para atender 1.741.709 ligações cadastradas

    além das 87.085 clandestinas estimadas equivalente a cinco por cento.

    6.2 Análise das práticas de controle e de redução d e perdas no sistema de

    distribuição de água

    Através da análise documental, das informações contidas na intranet da

    empresa, das entrevistas com alguns colaboradores da empresa e do conhecimento

    tácito do autor, são descritas abaixo as práticas de controle e de redução de perdas

    no sistema de distribuição de água aplicadas na CORSAN.

    Desde 2004, a empresa vem melhorando suas práticas de gestão através da

    implantação do PMG, Programa de Melhoria de Gestão, cuja adesão é voluntária

    onde já aderiram mais de 60 filiais, este programa tem objetivo estimular a aplicação

    de práticas de gestão boas e inovadoras na empresa, através da busca constante da

    excelência na prestação de serviços às comunidades e a todas partes interessadas.

    Para fomentar a busca pela excelência na gestão, entre várias ações

    implementadas através do PMG, estão: a implantação do planejamento estratégico

    com a utilização da ferramenta do BSC, Balanced Scorecard, onde um dos focos é o

    controle e redução de perdas, a participação de 25 filiais no PGQP, Programa

    Gaúcho de Qualidade e Produtividade, a participação no prêmio setorial PNQS,

    Prêmio Nacional da Qualidade em Saneamento e através da certificação ISO,

    International Organization for Standardization.

  • 54

    Na maior parte dos sistemas de abastecimento e distribuição de água

    constatou-se a prática de controle e conserto de vazamentos de forma passiva, ou

    seja, são consertados aqueles vazamentos que afloram tornando-se visíveis

    identificados por algum colaborador ou comunicados à empresa por algum cidadão

    ou quando o sistema entra em colapso causando desabastecimento.

    Segundo o entrevistado 5, “ a prática de detectar ativamente os vazamentos

    ocorre em número reduzido de sistemas em razão da carência de recursos humanos

    treinados para esta atividade sendo necessário priorizar os sistemas a serem

    atendidos”. Para suprir parte desta carência, está em processo de licitação a

    contratação de um serviço de detecção e conserto de vazamentos nos oito maiores

    sistemas que representam sessenta por cento do volume produzido da empresa com

    uma meta de reduzir as perdas em até vinte por cento nesses sistemas.

    Conforme o entrevistado 1, “a empresa não investe em macromedição desde

    2000, porém está licitando a aquisição de macromedidores para os oito maiores

    sistemas que representam sessenta por cento do volume produzido da empresa”.

    É utilizado pela empresa, a calha Parshall6, nas estações de tratamento de

    água para medir a água bruta, conforme Frangipani e Gomes (2007, p. 46, 49) é

    considerado um instrumento de baixo custo e confiável, desde que assegurado os

    devidos cuidados relativos à sua aferição e calibração oferece bons índices de

    precisão. Possui diversas vantagens como não necessitam de fornecimento externo

    de energia, dispensam manutenções freqüentes limitando-se à limpeza de seus

    canais e permite a medição de líquidos com sólidos dissolvidos . É um equipamento

    simples conforme demonstrado na figura 17.

    6 Calha Parshall: constitui em um canal de entrada com convergência das paredes e base, uma

    garganta com paredes paralelas e base inclinada para baixo e um canal de saída com paredes divergentes e base inclinada para cima.

  • 55