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Saddharma-Pundarika / Introdutório / Capítulo 1 SADDHARMA-PUNDARIKA OU O Lótus Branco da Verdadeira Lei Homenagem a Todos os Budas e Bodhisatvas TRADUÇÃO: MARCOS BELTRÃO www.marcosbeltrao.net CAPÍTULO 1 INTRODUTÓRIO ssim ouvi dizer. Uma vez quedava-se o Senhor em Ragagriha, na montanha de Gridhrakuta(1) , com uma numerosa assembléia de monges, mil e duzentos monges. Todos eles Arhats, sem defeitos, livres de mundanidade, dotados de autodomínio, completamente emancipados em pensamento e conhecimento, de casta nobre, parecidos a grandes elefantes, tendo completado o que vieram fazer, cumprido com seu dever, completado suas tarefas, atingido seus objetivos; em quem os elos que os ligavam à existência haviam se rompido por completo, cujas mentes se encontravam perfeitamente emancipadas pelo conhecimento, que possuíam total perfeição no domínio de seus pensamentos; que tinham as faculdades transcendentes; grandes discípulos, tais como o venerável Agnata-Kaundinya, o venerável Asvagit, o venerável Vashpa, o venerável Mahanamam, o venerável Bhadrika(2), o venerável Mahakasyapa, o venerável Kasyapa de Urunvilva, o venerável Kasyapa de Nadi, o venerável Kayapa de Gaya (3), o venerável Sariputra, o venerável Maha- Maudgalyayana(4), o venerável Maha-Katyayana (5), o venerável Aniruddha (6), o venerável Revata, o venerável Kapphina, o venerável Gavampati, o venerável Pilindavatsa, o venerável Vakula, o venerável Bharadvaga, o venerável Maha-Kaushthila, o venerável Nanda (aliás Mahananda), o venerável Upananda, o venerável Sundara-Nanda, o venerável Purna Maitrayanitputra, o venerável Subhuti, o venerável Rahula; com eles ainda outros grandes discípulos, como o venerável Ananda, ainda em treinamento e dois mil outros monges, alguns deles ainda em treinamento, e outros mestres; com suas mil monjas, tendo à frente Mahapragapati (6) e a monja Yasodhara, a mãe de Rahula, junto com seu séquito; (além disto) com oitenta mil Bodhisatvas, todos incapazes de retrogradar em seu treinamento, dotados das maravilhas da iluminação suprema e perfeita, estabelecidos na sabedoria; que movem adiante a roda da lei que nunca se desvia; que haviam feito doações a milhares de Budas; que com muitas centenas de milhares de Budas haviam plantado as raízes da bondade, tendo sido íntimos com muitas centenas de milhares de Budas, e estando completamente penetrados em corpo e mente do sentimento da compaixão; capazes de transmitir a sabedoria dos Tathagatas; muito sábios, tendo alcançado a perfeição da sabedoria; famosos em muitas centenas de milhares de mundos; tendo salvo muitas centenas de milhares de kotis de seres; tais como o bodhisatva Mahasatva Manjusri, como príncipe real; os Bodhisatvas Mahastavas Avalokitesvara, Mahasthamaprapta, Sarvarthanaman, Nityodyukta, Anikshiptadhura, Ratnapani, Baishagyaraga, Pradanasura, Ratnakandra, Ratnaprabha, Purnakandra, Mahavikramin, Trailokavikramin, Anantavikramin, Mahapratibhana, Satatasamitabhiyukta, Dharanidara, Akshayamati, Padmasri, Nakshatraraga, o Bodisatva Mahasatva Maitreya, o Bodisatva Mahasatva Simha. A 1

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Saddharma-Pundarika / Introdutório / Capítulo 1

SADDHARMA-PUNDARIKAOU

O Lótus Branco da Verdadeira Lei

Homenagem a Todos os Budas e Bodhisatvas

TRADUÇÃO: MARCOS BELTRÃOwww.marcosbeltrao.net

CAPÍTULO 1

INTRODUTÓRIO

ssim ouvi dizer. Uma vez quedava-se o Senhor em Ragagriha, na montanha de Gridhrakuta(1) ,com uma numerosa assembléia de monges, mil e duzentos monges. Todos eles Arhats, semdefeitos, livres de mundanidade, dotados de autodomínio, completamente emancipados empensamento e conhecimento, de casta nobre, parecidos a grandes elefantes, tendo completado oque vieram fazer, cumprido com seu dever, completado suas tarefas, atingido seus objetivos; em

quem os elos que os ligavam à existência haviam se rompido por completo, cujas mentes seencontravam perfeitamente emancipadas pelo conhecimento, que possuíam total perfeição no domíniode seus pensamentos; que tinham as faculdades transcendentes; grandes discípulos, tais como ovenerável Agnata-Kaundinya, o venerável Asvagit, o venerável Vashpa, o venerável Mahanamam, ovenerável Bhadrika(2), o venerável Mahakasyapa, o venerável Kasyapa de Urunvilva, o venerávelKasyapa de Nadi, o venerável Kayapa de Gaya (3), o venerável Sariputra, o venerável Maha-Maudgalyayana(4), o venerável Maha-Katyayana (5), o venerável Aniruddha (6), o venerável Revata, ovenerável Kapphina, o venerável Gavampati, o venerável Pilindavatsa, o venerável Vakula, o venerávelBharadvaga, o venerável Maha-Kaushthila, o venerável Nanda (aliás Mahananda), o venerávelUpananda, o venerável Sundara-Nanda, o venerável Purna Maitrayanitputra, o venerável Subhuti, ovenerável Rahula; com eles ainda outros grandes discípulos, como o venerável Ananda, ainda emtreinamento e dois mil outros monges, alguns deles ainda em treinamento, e outros mestres; com suasmil monjas, tendo à frente Mahapragapati (6) e a monja Yasodhara, a mãe de Rahula, junto com seuséquito; (além disto) com oitenta mil Bodhisatvas, todos incapazes de retrogradar em seu treinamento,dotados das maravilhas da iluminação suprema e perfeita, estabelecidos na sabedoria; que movemadiante a roda da lei que nunca se desvia; que haviam feito doações a milhares de Budas; que commuitas centenas de milhares de Budas haviam plantado as raízes da bondade, tendo sido íntimos commuitas centenas de milhares de Budas, e estando completamente penetrados em corpo e mente dosentimento da compaixão; capazes de transmitir a sabedoria dos Tathagatas; muito sábios, tendoalcançado a perfeição da sabedoria; famosos em muitas centenas de milhares de mundos; tendo salvomuitas centenas de milhares de kotis de seres; tais como o bodhisatva Mahasatva Manjusri, comopríncipe real; os Bodhisatvas Mahastavas Avalokitesvara, Mahasthamaprapta, Sarvarthanaman,Nityodyukta, Anikshiptadhura, Ratnapani, Baishagyaraga, Pradanasura, Ratnakandra, Ratnaprabha,Purnakandra, Mahavikramin, Trailokavikramin, Anantavikramin, Mahapratibhana,Satatasamitabhiyukta, Dharanidara, Akshayamati, Padmasri, Nakshatraraga, o Bodisatva MahasatvaMaitreya, o Bodisatva Mahasatva Simha.

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Com eles se encontravam igualmente os dezesseis homens virtuosos, a começar comBhadrapala, ou seja, Bhadrapala, Ratnakara, Susarthavaha, Naradatta, Guhagupta, Varunadatta,Indradatta, Uttaramati, Viseshamati, Vardharmanamati, Amoghadarsin, Susamsthita,Suvikrantavikramin, Anupamamati, Sutyagarbha e Dharanidhara; além de oitenta mil Bodhisatvas,dentre os quais os acima citados sendo os líderes; além destes, Sakra, o regente dos seres celestes, comvinte mil deuses, seus seguidores, como o Deus Kandra (a Lua), o Deus Surya (o Sol), o DeusSamantagandha (o Vento), o Deus Ratnaprabha, o Deus Avabhasaprabha, e outros; além destes, osquatro grandes regentes dos pontos cardeais com outros trinta mil deuses em seus séquitos, a saber, ogrande regente Virudhaka, o grande regente Virupaksha, o grande regente Dhritarashtra, e o granderegente Vaisravana; o Deus Isvara e o Deus Mahesvara, cada qual seguido de trinta mil deuses; alémdisto Brahma Sahampati e seus doze mil discípulos, os deuses Brahmakayika, entre eles Brahma Sikhine Brahma Gyotishprabha, com os outros doze mil deuses Brahamakayika; junto com os oito reis Nagae muitas centenas de milhares de kotis de Nagas em seus séquitos, a saber, o rei Naga Nanda, o reiNaga Upananda, Sagara, Vasuki, Takshaka, Manasvin, Anavatapta, e Utpalaka; além destes, estavamtambém os quatro reis Kinnara com muitas centenas de milhares de kotis de discípulos, a saber, o reiKinnara Druma, o rei Kinnara Mahadharma, o rei Kinnara Sudharma, e o rei Kinnara Dharmadhara.;além disto os quatro seres divinos (conhecidos como) Gandharvakayikas com muitas centenas demilhares de Ganhdarvas em seus séquitos, a saber o Gandharva Manogna, o GandharvaManognasvara, o Gandharva Madhura, e o Gandharva Madhurasvara; além disto, os quatro chefes dosdemônios seguidos de muitas centenas de milhares de kotis de demônios, a saber, o chefe dosdemônios Bali, Kharaskandha, Vemakitri e Rahu; junto com os quatro chefes Garuda seguidos demuitas centenas de milhares de miríades de kotis de Garudas, a saber os chefes Garudas Mahategas,Mahakaya, Mahapurna, e Maharddhiprapta, e com Agatasatru, rei de Magadha e filho de Vaidehi.

Naquele tempo o Senhor foi cercado, assistido, honrado, reverenciado, venerado, louvado pelosquatro tipos de ouvintes, depois de expor o Dharmaparyaya chamado ‘a Grande Exposição,’ um textomuito importante, servindo para instruir os Bodhisatvas e dirigido a todos os Budas, e, tendo sentadode pernas cruzadas no assento da lei, entrou na meditação denominada ‘a estação da exposição doInfinito’; seu corpo ficou imóvel e sua mente havia alcançado a perfeita tranqüilidade. Tão logo oSenhor deu entrada em sua meditação, uma grande chuva de flores divinas foi vertida, Mandaravas egrandes Mandaravas, Mangushakas e grandes Mangushakas, cobrindo o Senhor e as quatro classes deouvintes, enquanto que todo o campo de Buda tremia de seis maneiras: movendo-se, remexendo-se,tremendo, tremendo de um fim a outro, sacudindo-se e sacudindo junto.

Então aqueles que estavam reunidos e sentados naquela congregação, monges, monjas, leigosdevotos, homens e mulheres, deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras,grandes serpentes, homens e seres não humanos, assim como governadores de uma região, líderes deexércitos e regentes dos quatro continentes, todos eles com seus séquitos, fitaram o Senhor comassombro, com admiração, em êxtase.

E naquele momento projetou-se um raio de dentro do círculo de cabelo entre as sobrancelhasdo Senhor. Estendeu-se por dezoito centenas de milhares de campos-de-Buda na região do leste, deforma que todos aqueles campos de Buda apareceram totalmente iluminados por sua radiância, até ogrande inferno de Aviki e até os limites da existência. E os seres em quaisquer dos seis estados deexistência tornaram-se visíveis, todos sem exceção. De forma idêntica os Senhores Budas quedando-se,vivendo e existindo naqueles campos de Buda tornaram-se todos visíveis e a lei pregada por eles foicapaz de ser ouvida completamente por todos os seres. E os monges, monjas, devotos leigos, homense mulheres, Yogins e alunos de Yoga, aqueles que haviam obtido a fruição (dos Caminhos deSantidade) e aqueles que ainda não o haviam feito, eles, também tornaram-se visíveis. E osBodhisatvas, Mahasatvas naqueles campos de Buda que trilhavam o curso do Bodhisatva comhabilidade, devido às suas sinceras crenças em numerosas e variadas lições e nas idéias fundamentais,eles também, tornaram-se todos visíveis. E as Stupas, feitas de jóias e contendo as relíquias dos Budasextintos tornaram-se todas visíveis naqueles campos de Buda. Então surgiu na mente do BodhisatvaMahasatva Maitreya este pensamento: Ó, que grande maravilha nos mostra o Tathagata! Qual poderiaser a causa disto, qual a razão para que o Senhor produza uma tão grande maravilha com essa? E taismilagres surpreendentes, prodigiosos, inconcebíveis, poderosos agora aparecem, apesar do Senhorestar absorvido em meditação! Por que, deixai-me inquirir mais sobre esse assunto; quem aqui poderia

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me explicar isto? Ele então pensou: Aqui está Manjusri, o príncipe real, que exerceu seu ofício sobGinas anteriores e plantou as raízes da bondade, enquanto reverenciava muitos Budas. Manjusri, opríncipe real, deve ter testemunhado antes tais sinais de Tathagatas anteriores, aqueles Arhats, aquelesBudas perfeitamente iluminados; desde então deve ele ter desfrutado dos grandes diálogos sobre a lei.Heis pois que eu lhe perguntarei sobre isto, a Manjusri, o príncipe real.

E as quatro classes de audiência, monges, monjas, leigos devotos homens e mulheres, deusesnumerosos, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras, grandes serpentes, homens, eseres não humanos, ao constatarem a magnificência deste grande milagre do Senhor, foram tomadosde assombro, surpresa e curiosidade, e pensaram: Inquiramos porque este milagre magnífico foiproduzido pelo grande poder do Senhor.

Ao mesmo tempo, naquele mesmo instante, o Bodhisatva Mahasatva Maitreya soube o que elespensavam, os pensamentos que surgiram nas mentes dos quatro tipos de ouvintes e ele disse aManjusri, o príncipe real: Qual, Ó Manjusri, é a causa, qual a razão deste maravilhoso, prodigioso,miraculoso brilho que foi produzido pelo Senhor? Vede, como estes dezoito mil campos de Budaaparecem variegados, extremamente bonitos, dirigidos por Tathagatas e controlados por Tathagatas.

Então Maitreya, o Bodhisatva Mahasatva, dirigiu-se a Manjusri, o príncipe real, nas seguintesestrofes:

1. Por que, Manjusri, brilha este facho dirigido pelo que guia os homens, dentre suassobrancelhas? Este raio único partindo do círculo de cabelo? E por que esta chuva abundante deMandaravas?

2. Os deuses, exultantes, verteram Mangushakas e pó de sândalo, divinos, fragrantes edeliciosos.

3. Esta terra está, em todos os lados, repleta de esplendor e todas as quatro classes daassembléia estão cheias de deleite, enquanto que o campo inteiro treme em seis diferentes direções,ameaçadoramente.

4. E aquele facho na região leste ilumina todos os dezoito mil campos de Buda,simultaneamente, de tal forma que aqueles campos aparecem como tingidos de ouro.

5. (O universo) tão longínquo quanto (o inferno) de Aviki (e) o extremo limite da existência,com todos os seres naqueles campos vivendo em quaisquer dos seis estados de existência, aqueles queestão deixando um estado para nascerem em outro.

6. As suas variadas e diferentes ações naqueles estados tornaram-se todas visíveis; querestejam eles em uma posição feliz, infeliz, baixa, eminente ou intermediária, tudo isto eu posso verdeste lugar.

7. Vejo também os Budas, aqueles leões de reis, revelando e mostrando a essência da lei,confortando a muitos kotis de criaturas e emitindo doces vozes.

8. Eles emitem, cada qual em seu próprio campo, uma voz profunda, sublime, maravilhosa,enquanto que proclamam as leis de Buda por intermédio de miríades de kotis de ilustrações e provas.

9. E às criaturas ignorantes que estão oprimidas com trabalhos e aflitas em mente pelonascimento e velhice, eles anunciam a fruição do Descanso, dizendo: Este é o fim das dificuldades, Ómonges.

10. E àqueles que estão em suas forças e plenitudes e que adquiriram mérito em virtude dacrença sincera nos Budas, eles mostram o veículo dos Pratyekabudas, observando esta regra da lei.

11. E os outros filhos do Sugata, que, procurando o conhecimento superior, constantementerealizando suas várias tarefas, a eles também os incita à iluminação.

12. Deste lugar, Ó Mangughosha, eu vejo e ouço tais coisas e milhares de kotis de outrosparticulares além disto; eu apenas descreverei alguns deles.

13. Eu vejo em muitos campos Bodlhisatvas por muitos milhares de kotis, como as areias doGanges, que estão produzindo a iluminação de acordo com os diferentes graus de seu poderes.

14. Há alguns que caridosamente dão riquezas, ouro, prata, dinheiro em ouro, pérolas, jóias,conchas de moluscos, pedras, coral, escravos homens e mulheres, cavalos e ovelhas;

15. Assim como liteiras adornadas de jóias. Eles estão dando oferendas de coração alegre,desenvolvendo-se para a iluminação superior, na esperança de obterem o veículo.

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16. (Assim pensam eles): ‘O melhor e mais excelente veículo em todo mundo tríplice é oveículo de Buda elogiado pelos Sugatas. Possa eu, com efeito, obtê-lo logo depois de ter dado taisoferendas.”

17. Alguns dão carruagens puxadas por quatro cavalos e equipadas com assentos, flores,bandeirolas, e bandeiras; outros dão objetos feitos de substâncias preciosas.

18. Outros, ainda, dão suas crianças e mulheres; outros suas próprias carnes; (ou) oferecem,quando pedidos, suas mãos e pés, almejando atingir a iluminação suprema.

19. Alguns dão suas cabeças, outros suas vistas, outros seus próprios corpos queridos, edepois de oferecerem alegremente os seus presentes eles aspiram ao conhecimento dos Tathagatas.

20. Aqui e ali, Ó Manjusri, eu percebo seres que abandonaram seus reinos florescentes,haréns e continentes, deixaram todos os seus conselheiros e parentes,

21. E dirigindo-se aos guias do mundo para perguntar sobre a lei muito excelente, para odeleite, envergam mantos amarelos-alaranjados e raspam suas cabeças e barbas.

22. Eu vejo também muitos Bodhisatvas como os monges, vivendo na floresta, e outroshabitando os desertos vazios, aplicando-se a recitar e a ler.

23. E alguns Bodhisatvas eu vejo que, cheios de sabedoria (ou constância), dirigem-se àscavernas nas montanhas, onde pelo cultivo e meditação no conhecimento-de-Buda, chegam à suapercepção.

24. Outros que renunciaram a todos os desejos sensuais, purificando-se, limparam a suaesfera e obtiveram as cinco faculdades transcendentes, vivendo no deserto, como (verdadeiros) filhosdo Sugata.

25. Alguns quedam-se firmes, os pés juntos e as mãos reunidas como mostra de respeito aoslíderes, e estão alegremente a louvar o rei dos maiores Ginas em milhares de estrofes.

26. Alguns pensativos, humildes, e tranqüilos, que dominaram as sutilezas do caminho dodever, perguntam ao mais elevado dos homens pela lei, e retêm em sua memória o que aprenderam.

27. E eu vejo aqui e ali alguns filhos do Gina principal que, depois de se desenvolverem,pregam a lei a muitos kotis de seres vivos com muitas miríades de ilustrações e razões.

28. Alegremente proclamam a lei, despertando muitos Bodhisatvas; depois de conquistaremao Maligno com seus séquitos e veículos, eles ressoam o tambor da lei.

29. Eu vejo alguns filhos do Sugata, humildes, calmos e quietos em conduta, vivendo sob ocomando dos Sugatas e honrados por homens, deuses, duendes e Titãs.

30. Outros novamente, que se retiraram às florestas espessas, estão a salvar as criaturas nosinfernos emitindo uma radiância de seus corpos, e os despertando para a iluminação.

31. Há alguns filhos do Gina que moram na floresta, vigorosos, renunciando completamenteao desleixe, e ativamente engajados em caminhar; é pela energia que eles lutam pela iluminaçãosuprema.

32. Outros completam o seu curso mantendo uma constante pureza e uma moralidade nãoquebrada como pedras preciosas e jóias; pela moralidade lutam estes pela iluminação suprema.

33. Alguns filhos do Gina, cuja força consiste na abstenção, pacientemente agüentam oabuso, a censura, e as ameaças de monges orgulhosos. Eles tentam atingir a iluminação por virtude daabstenção.

34. Além disto, eu vejo Bodhisatvas, que abdicaram a todos os prazeres casuais, evitamcompanhias não-sábias e deleitam-se em ter intercurso com homens gentis (aryas);

35. Que, evitando quaisquer distrações de pensamentos, e com uma mente atenta, durantemilhares de kotis de anos meditaram em cavernas do deserto; estes lutam pela iluminação por força dameditação.

36. Alguns, por outro lado, oferecem na presença dos Ginas e na assembléia de discípulospresentes (consistindo) de comida dura e macia, carne e bebida, medicamentos para os doentes, emquantidade e abundância.

37. Outros oferecem na presença dos Ginas e na assembléia dos discípulos centenas de kotisde roupas, valendo milhares de kotis, e roupas de valor incalculável.

38. Eles ofertam em presença dos Sugatas centenas de kotis de mosteiros que fizeramconstruir de substâncias preciosas e madeira de sândalo, e que estão equipados com numerososalojamentos (ou camas).

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39. Alguns presenteiam os líderes dos homens e seus discípulos com jardins bem tratados ebelos, cheios de árvores frutíferas e flores lindas, para servir como lugares de recreação diária.

40. Quando fizeram, com sentimentos alegres, tais donativos vários e esplêndidos,despertaram sua energia para alcançar a iluminação; estes são aqueles que lutam por alcançar a supremailuminação por intermédio da ação altruísta.

41. Outros sustentam a lei da quietude, por muitas miríades de ilustrações e provas; eles apregam a milhares de kotis de seres vivos; esses tendem à iluminação suprema pela ciência.

42. (Existem) filhos do Sugata que tentam alcançar a iluminação pela sabedoria; elescompreendem a lei da equanimidade e evitam agir pela antinomia (das coisas), desapegados comopássaros no céu.

43. Além disso, eu vejo, Ó Mangughosha, muitos Bodhisatvas que demonstraram firmezasob o comando de Sugatas que já se foram e agora estão venerando as relíquias dos Ginas.

44. Eu vejo milhares de kotis de Stupas, numerosas como as areias do Ganges, que foramerigidas por esses filhos do Gina e agora adornam a kotis de terrenos.

45. Aquelas magníficas Stupas, feitas das sete substâncias preciosas, com seus milhares dekotis de pára-sóis, e bandeirolas, medem em altura não menos que 5000 yoganas e 2000 yoganas decircunferência.

46. Elas estão sempre decoradas com bandeiras; uma multidão de sinos é constantementeouvida a badalar; homens, deuses, duendes e Titãs prestam sua veneração com flores, perfumes emúsica.

47. Tal honra prestam os filhos do Sugata às relíquias dos Ginas, de forma que todas direçõesdo espaço estão refulgindo como se fossem árvores de coral celeste em plena floração.

48. Desta localização eu vejo tudo isso; aqueles numerosos kotis de criaturas; tanto essemundo como o céu cobertos de flores, devido a um só raio de luz partindo do Gina.

49. Ó quão poderoso é o Líder dos homens! Com é extenso e brilhante o seu conhecimento!Que um só raio emitido por ele pelo mundo afora, torne visível tantos milhares de campos!

50. Estamos atônitos de constatar esse sinal e essa maravilha tão grande, tãoincompreensível. Explicai-me essa questão, Ó Mangusvara! Os filhos do Buda estão ansiosos para distose inteirar.

51. As quatro classes da congregação com alegre expectativa vos fitam, Ó heróis, e a mim;alegrai (os seus corações); removei as suas dúvidas; concedei uma revelação, Ó filho do Sugata!

52. Por que o Sugata emitiu agora uma tal luz? Ó, quão grande é o poder do líder doshomens! Ó quão extenso e sagrado é o seu conhecimento!

53. Aquele raio estendendo-se a partir dele por todo o mundo torna visível muitos milharesde campos. Deve ser por algum motivo que esse grande raio foi emitido.

54. Será revelado pelo Senhor dos homens as leis primordiais que ele, o mais Elevado doshomens, descobriu no terreno da iluminação? Ou profetizará ele aos Bodhisatvas os seus destinosfuturos?

55. Deve haver uma sólida razão porque foram feitos visíveis tantos milhares de campos,variegados, esplêndidos, e brilhando com jóias, enquanto Budas de visão infinita estão aparecendo.

56. Maitreya pergunta ao filho do Gina; homens, deuses, duendes, e Titãs, as quatro classes dacongregação ansiosamente aguardam que resposta Mangusvara dará explicando isto.

Com isso, Manjusri, o príncipe real, se dirigiu a Maitreya, o Bodhisatva Mahasatva, e a toda aassembléia dos Bodhisatvas (nestas palavras): é a intenção do Tathagata, moços de boa família,começar um grande discurso para o ensinamento da lei, fazer ressoar o grande tambor da lei, levantar agrande bandeira da lei, acender a grande tocha da lei, soprar a grande trombeta em concha da lei, ebater o grande címbalo da lei. Novamente, é a intenção do Tathagata, moços de boa família, fazer umagrande exposição da lei neste mesmo dia. Assim me parece, moços de boa família, como játestemunhei um sinal parecido dos Tathagatas passados, os Arhats, os perfeitamente iluminados.Aqueles Tathagatas passados, etc., eles também emitiram um raio brilhante e eu estou convencido queo Tathagata está por pregar um grande discurso para o ensinamento da lei e tornar o seu grandediscurso da lei por toda parte conhecido, tendo mostrado um tal sinal prévio. E porque o Tathagata,etc., deseja que este Dharmaparyaya, que encontra oposição por todo mundo seja ouvido por todos,

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por isso ele mostra um tão grande milagre, e este sinal prévio, esse lustro ocasionado pela emissão deum raio.

Eu me recordo, moços de boa família, que nos dias de antanho, muitos Aeons imensuráveis,inconcebíveis, imensos, infinitos, incontáveis, mais do que incontáveis Aeons atrás, não, muito, masmuito antes no tempo, nasceu um Tathagata chamado Kandrasuryapradipa, um Arhat, etc. agraciadocom a ciência e a conduta, um Sugata, conhecedor do mundo, um incomparável instrutor de homens,um mestre (e regente) de deuses e homens, um Buda e Senhor. Ele demonstrou a lei; ele revelou ocurso devido que é sagrado no começo, que é sagrado no meio e que é sagrado no fim, bom nasubstância e na forma, completo e perfeito, correto e puro. Isso eqüivale a dizer, aos discípulos elepregou a lei contendo as quatro Nobres Verdades, e começando da corrente de causas e efeitos,tendendo a ir além do nascimento, decrepitude, doença, morte, tristeza, lamentação, dor, pesar,desânimo, e finalmente conduzindo ao Nirvana; e aos Bodhisatvas ele pregou a lei relacionada com asseis Perfeições, e terminando com o conhecimento do Onisciente, depois de alcançar a iluminaçãosuprema e perfeita.

(Agora, moços de boa família, longo tempo antes do Tathagata Kandrasuryapradipa, o Arhat,etc., apareceu um Tathagata, etc., de forma idêntica chamado Kandrasyryapradipa, depois do qual, ÓAgita, houveram vinte mil Tathagatas, etc., todos eles tendo o nome de Kandrasuryapradipa, da mesmalinhagem e nome de família, isto é, de Bharadvaga. Todos aqueles vinte mil Tathagatas, Ó Agita, doprimeiro ao último, revelaram a lei, mostraram o caminho que é sagrado no começo, sagrado no meioe sagrado no fim, etc. etc.)

O acima mencionado Senhor Kandrasuryapradipa, o Tathagta, etc., quando um jovem príncipee não ainda tendo deixado a sua casa (para entrar na vida ascética), teve oito filhos, a saber, os jovenspríncipes Sumati, Anantamati, Ratnamati, Viseshamati, Vimatisamudghatin, Goshamati, e Dharmamati.Esses oito jovens príncipes, Agita, filhos do Senhor Kandrasuryapradipa, o Tathagata, tinham umaimensa fortuna. Cada qual deles estava em possessão de quatro grandes continentes onde exerciam aprerrogativa real. Quando viram que o Senhor havia deixado a sua casa para se tornar um asceta, eouviram que ele havia alcançado a iluminação suprema e perfeita, eles abandonaram, todos eles, osprazeres da realeza e seguiram o exemplo do senhor renunciando ao mundo; todos eles lutaram poralcançar a iluminação superior e se tornar pregadores da lei. Enquanto que constantemente levandouma vida sagrada, aqueles jovens príncipes plantaram as raízes da bondade sob muitos milhares deBudas.

Foi naquele tempo, Agita, que o Senhor Kandrasuryapradipa, o Tathagata, etc., depois de exporo Dharmaparyaya chamado ‘a Grande Exposição,’ um texto de grande extensão, servindo para instruiros Bodhisatvas e apropriado a todos os Budas, no mesmo momento e instante, no mesmoagrupamento de classes de ouvintes, sentou-se de pernas cruzadas no mesmo assento da lei, e entrouna meditação chamada ‘A Estação da exposição do Infinito’; seu corpo estava imóvel e sua mentehavia alcançado a tranqüilidade perfeita. Tão logo o Senhor entrou em meditação, foi vertida umagrande chuva de flores divinas, Mandaravas e grandes Mandaravas, Mangushakas e grandesMangushakas, cobrindo o Senhor e as quatro classes de ouvintes, enquanto todo o campo de Budatremeu de seis maneiras; moveu-se, remexeu-se, tremeu, tremeu de uma extremidade à outra, sacudiu esacudiu de frente.

Então fitaram, aqueles que estavam reunidos e sentados juntos na congregação, monges, monjas,leigos devotos homens e mulheres, deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas,Kinnaras, grandes serpentes, homens e seres não humanos, assim como governadores de uma região,líderes de exércitos e regentes dos quatro continentes, todos eles com seus séquitos, ao Senhor comassombro, com espanto, em êxtase.

E naquele momento emitiu-se um facho dentre o círculo de cabelo entre as sobrancelhas doSenhor. Estendeu-se por dezoito centenas de milhares de campos de Buda na região leste, de formaque todos aqueles campos de Buda apareceram totalmente iluminados pela sua radiação, assim como ofazem os campos de Buda agora, Ó Agita.

(Naquela conjuntura, Agita, havia vinte kotis de Bodhisatvas seguindo o Senhor. Todos osouvintes da lei naquela assembléia, vendo como o mundo estava iluminado pelo lustro daquele raio,sentiu assombro, espanto, êxtase, e curiosidade.)

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Saddharma-Pundarika / Introdutório / Capítulo 1

Agora aconteceu, Agita, que sob o reino do Senhor acima mencionado, havia um Bodhisatvachamado Varaprabha, que tinha oitocentos discípulos. Foi a esse Bodhisatva Varaparabha que oSenhor, levantando-se de sua meditação, revelou o Dharmaparyaya chamado ‘O Lótus Branco daVerdadeira Lei’. Ele falou plenamente durante sessenta kalpas intermediários, sempre sentando-se nomesmo assento, com o corpo imóvel e mente serena. E toda a assembléia continuou a sentar nosmesmo assentos, ouvindo a pregação do Senhor durante sessenta kalpas intermediários, não havendouma só criatura naquela assembléia que tenha sentido fadiga de corpo ou mente.

Assim como anunciava o Senhor Kandrasuryapradipa, o Tathagata, etc., durante sessenta kalpasintermediários, o Dharmaparyaya chamado ‘o Lótus da Verdadeira Lei,’ um texto de grande amplidão,servindo para instruir aos Bodhisatvas e adequado a todos os Budas, ele instantaneamente anunciou oseu Nirvana completo ao mundo, inclusive aos deuses, Maras e Brahmas, a todas as criaturas, inclusiveascetas, Brahmans, deuses, homens, e demônios, dizendo: Hoje, Ó monges, nesta mesma noite, navigília do meio, irá o Tathagata, entrando no elemento do Nirvana absoluto, tornar-se completamenteextinto.

Nisso, Agita, o Senhor Kandrasuryapradipa, o Tathagata, etc., predestinou o Bodhisatvachamado Srigarbha à iluminação suprema e perfeita e então falou assim à toda assembléia: Ó monges,este Bodhisatva Srigarbha aqui presente alcançará, imediatamente depois de mim, a iluminaçãosuprema e perfeita, e se tornará Vimalanetra, o Tathagata, etc.

Daí para frente, Agita, naquela mesma noite, naquela mesma vigília, o SenhorKandrasuryapradipa, o Tathagata, etc. extinguiu-se pela entrada no elemento do Nirvana absoluto. E oDharmaparyaya acima mencionado, chamado ‘o Lótus da Verdadeira Lei,’ foi guardado de memóriapelo Bodhisatva Mahasatva Varaprabha; durante oitenta kalpas intermediários manteve e revelou ocomando do Senhor que havia entrado no Nirvana. Agora, aconteceu, Agita, que os oito filhos doSenhor Kandrasuryapradipa, Mati e o resto, eram discípulos daquele mesmo Bodhisatva Varaprabha.Eles foram por ele amadurecidos para a iluminação suprema e perfeita, e em tempos posteriores elesviram e reverenciaram a muitas centenas de milhares de kotis de Budas, todos os quais haviam atingidoa iluminação suprema e perfeita, o último deles sendo Dipankara, o Tathagata, etc.

Dentre aqueles oito discípulos havia um Bodhisatva que dava muito valor ao ganho mundano, ahonrarias e a ser bem considerado, e gostava da glória, mas todas as palavras e letras que se lhesensinavam, desapareciam (de sua memória), não aderindo. Então ele foi apelidado de Yasaskama. Elehavia propiciado a muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Budas por aquela raiz debondade, e mais tarde os estimado, honrado, respeitado, reverenciado, venerado, e adorado. Talvez,Agita, sintas alguma dúvida, perplexidade ou arrependimento que naqueles dias, naquele momento,havia um outro Bodhisatva Mahasatva Varaprabha, que pregava a lei. Mas não penses assim. Por que?Porque sou eu mesmo que naqueles dias, naquele tempo, era o Bodhisatva Mahasatva Varaprabha, quepregava a lei; e aquele Bodhisatva chamado Yasaskama, o preguiçoso, eras tu mesmo, Agita, quenaqueles dias, naquele tempo, eras o Bodhisatva chamado Yasaskama, o preguiçoso.

E assim, Agita, tendo uma vez visto um aviso prévio semelhante do Senhor, eu deduzo de umfaixo parecido sendo emitido justo agora, que o Senhor está por expor o Dharmaparyaya chamado ‘OLótus Branco da Verdadeira Lei.’

E naquela ocasião, para tratar do assunto mais copiosamente, Manjusri, o príncipe real,pronunciou as seguintes estrofes:

57. Eu me lembro de um período passado, a inconcebíveis, ilimitados kalpas atrás, quando omais elevado dos seres, o Gina de nome Kandrasuryapradipa, existia.

58. Ele pregava a verdadeira lei, ele, o líder das criaturas; ele educava um número infinito dekotis de seres, e despertava inconcebivelmente numerosos Bodhisatvas para adquirir o supremoconhecimento de Buda.

59. E os oito filhos nascidos dele, o líder, quando era príncipe real, tão logo viram que ogrande sábio havia abraçado a vida ascética, renunciaram aos prazeres mundanos e se tornarammonges.

60. E o Senhor do mundo proclamou a lei, e revelou a milhares de kotis de seres vivos oSutra, o desenvolvimento, que por isso é conhecido como ‘a Excelente Exposição do Infinito.’

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Saddharma-Pundarika / Introdutório / Capítulo 1

61. Imediatamente após pronunciar o seu discurso, o líder cruzou suas pernas e entrou nameditação chamada de ‘a Excelente Exposição do Infinito.’ Lá no seu assento da lei o videntecontinuou absorvido na meditação.

62. E tombou uma chuva celeste de Mandaravas, enquanto que os tambores (celestes)ressoaram sem serem tocados; os deuses e serafins no céu prestaram homenagem ao mais elevado doshomens.

63. E simultaneamente todos os campos (de Buda) começaram a tremer. Uma maravilha foi,um grande prodígio. Então o chefe emitiu, dentre as suas sobrancelhas um raio extremamente bonito.

64. Que, movendo-se desde a região leste brilhou, iluminando o mundo todo pela extensãode dezoito mil campos. Manifestou o aparecer e o fenecer dos seres.

65. Alguns dos campos então se pareciam a jóias, outros mostravam a tonalidade de lapis-lazúli, todos esplêndidos, extremamente bonitos, devido à radiância do raio do líder.

66. Deuses e homens, bem como Nagas, duendes, Gandharvas, ninfas, Kinnaras, e aquelesocupados em servir ao Sugata tornaram-se visíveis nas esferas e prestaram as suas devoções.

67. Os Budas também, aqueles seres auto-gerados, apareceram por suas próprias vontades,parecendo-se a colunas de ouro; como um disco dourado (dentro do lápis-lazúli), eles revelaram a leino meio da assembléia.

68. Os discípulos, verdadeiramente, não podiam ser contados: os discípulos do Sugata sãosem número. E contudo o lustro do raio os torna a todos visíveis em todo o campo.

69. Enérgicos, sem quebra ou falha em seus cursos, parecidos com gemas e jóias, os filhosdos líderes dos homens são visíveis nas cavernas das montanhas onde estão morando.

70. Numerosos Bodhisatvas, como as areias do Ganges, que estão gastando toda a suariqueza fazendo doações, que têm a força da paciência, são dedicados à contemplação e sábios,tornam-se todos visíveis com aquele raio.

71. Imóveis, inabaláveis, firmes na paciência, dedicados à contemplação e absortos emmeditação são vistos os verdadeiros filhos dos Sugatas enquanto estão lutando pela iluminaçãosuprema por força da meditação.

72. Eles expõe a lei em muitas esferas, e indicam o estado verdadeiro, quieto, sem máculas,que conhecem. Tal é o efeito produzido pelo poder do Sugata.

73. E todas as quatro classes de ouvintes vendo a força do poderoso Kandrarkadipaencheram-se de alegria e perguntaram-se uns aos outros: Como é que isso acontece?

74. E logo mais tarde, quando o líder do mundo, venerado por homens, deuses e duendes,levantou-se de seu assento de meditação, se dirigiu a seu filho Varaprabha, o sábio Bodhisatva, eexpositor da lei:

75. “Sois sábio, o olho e o refúgio do mundo; sois o fiel guardião de minha lei, e podes dartestemunho ao tesouro de leis que eu exporei para alívio de todos os seres vivos.”

76. Então depois de despertar, estimular, elogiar e louvar a muitos Bodhisatvas, proclamou oGina as leis supremas durante sessenta kalpas intermediários.

77. E qualquer lei suprema excelente que tenha sido exposta pelo Senhor do mundoenquanto se quedava continuamente no mesmíssimo assento, foi memorizada por Varaprabha, o filhodo Gina, o expositor da Lei.

78. E depois que o Gina e Líder havia manifestado a Lei suprema e estimulado à multidãovariegada, ele falou, naquele dia, para a multidão, incluindo-se os deuses (como se segue):

79. “Eu manifestei a regra da Lei; eu mostrei a natureza da Lei; agora, Ó monges, é o tempodo meu Nirvana; nesta noite mesma, na vigília do meio.

80. “Sede zelosos e fortes em persuasão; aplicai-vos às minhas lições; pois os Ginas, osgrandes videntes, são apenas raramente encontrados no lapso de miríades de kotis de Aeons.”

81. Os muitos filhos do Buda foram tomados de pesar e se encheram de tristeza extremaquando ouviram a voz do mais elevado dos homens anunciar que o seu Nirvana estava próximo.

82. Para consolar a tantos inconcebivelmente numerosos kotis de seres vivos, o rei dos reisdisse: “Não temei, Ó monges; depois de meu Nirvana haverá um outro Buda.

83. “O sábio Bodhisatva Srigarbha, depois de terminar o seu curso em conhecimentoimpecável, alcançará a mais elevada iluminação suprema e se tornará um Gina sob o nome deVimalagranetra.”

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Saddharma-Pundarika / Introdutório / Capítulo 1

84. Naquele mesma noite, na vigília do meio, ele teve a sua completa extinção, como umalâmpada quando a causa (do seu queimar) se acaba. Suas relíquias foram distribuídas, e de suas Stupashavia um número infinito de miríades de kotis.

85. Os monges e monjas naquele momento, que buscavam a iluminação suprema maiselevada, sendo numerosos como as areias do Ganges, se aplicaram ao comando do Sugata.

86. E monge que então era o expositor e guardião da Lei, Varaprabha, expôs as leis maiselevadas durante oitenta kalpas intermediários plenamente, de acordo com o comando do Sugata.

87. Ele tinha oitocentos discípulos, que por ele foram trazidos ao desenvolvimento pleno.Eles viram muitos kotis de Budas, grandes sábios, a quem reverenciaram.

88. Seguindo o percurso normal, eles se tornaram Budas em várias esferas, e como seseguiram um ao outro em sucessão imediata, se predisseram sucessivamente o futuro destino de Budade cada um que se seguia.

89. O último desses Budas que se sucederam foi Dipankara. Ele, o supremo deus dos deuses,honrado por multidões de sábios, educou milhares de kotis de seres vivos.

90. Dentre os alunos de Varaprabha, o filho do Gina, no tempo de sua pregação da Lei,estava um preguiçoso, ambicioso, desejoso de ganhos e status mundano, e espertezas.

91. Ele era também excessivamente desejoso de glórias, mas muito caprichoso, de tal formaque as lições que se lhes dava, desapareciam rápido de sua memória, logo depois de terem sido aliinculcadas.

92. Seu nome era Yasaskama, pelo qual era conhecido por toda parte. Pelo mérito acumuladodaquela boa ação, manchada como estava.

93. Ele propiciou a muitos milhares de kotis de Budas, a quem prestou muitas honrarias. Eletransitou pelo curso comum de deveres e conheceu o presente Buda Sakyasimha.

94. Ele deverá ser o último a alcançar a iluminação suprema e tornar-se um Senhorconhecido pelo nome de família de Maitreya, que deverá educar a milhares de kotis de criaturas.

95. Aquele que pois, sob o reino do Sugata extinto, era tão preguiçoso, eras tu mesmo, e eraeu que então expunha a lei.

96. Como vendo um aviso prévio desse tipo eu reconheço um sinal tal como o que vimanifesto antes, portanto, devido a isso, eu sei.

97. Que decididamente o chefe dos Ginas, o rei supremo dos Sakyas, o que tudo vê, queconhece a verdade mais elevada, está por pronunciar o sutra excelente que eu antes ouvi.

98. Esse mesmo sinal mostrado presentemente é uma prova da habilidade dos líderes; o Leãodos Sakyas está por fazer uma exortação, por declarar a natureza fixa da lei.

99. Permanecei bem preparados e bem atentos; ajuntai vossas mãos: aquele que é afetivopara com o mundo e compassivo vai falar, vai derramar a chuva sem fim da lei e refrescar aqueles queestão esperando pela iluminação.

100. E se alguns sentirem dúvidas, incertezas, ou arrependimentos por quaisquer motivos,então o Sábio os removerá para suas crianças, os Bodhisatvas aqui lutando pela iluminação.

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Saddharma-Pundarika / Meios Habilidosos / Capítulo 2

CAPÍTULO 2

MEIOS HABILIDOSOS

Senhor então levantou-se consciente e concentrado de sua meditação e, imediatamente, dirigiu-se ao venerável Sariputra; O conhecimento do Buda, Sariputra, é profundo, difícil decompreender, difícil de perceber. É muito difícil para os discípulos e para os Pratyekabudas

sondar o conhecimento ao qual chegaram os Tathagatas etc., e isto, Sariputra, porque os Tathagatasveneraram muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Budas; porque eles realizaram seuscursos para a iluminação suprema e completa, durante muitas centenas de milhares de miríades de kotisde Aeons; porque eles viajaram longe, mostrando energia e possuídos de propriedades maravilhosas eespeciais; possuídos de propriedades difíceis de compreender; porque eles descobriram coisas que sãodifíceis de compreender. O mistério dos Tathagatas etc. é difícil de ser compreendido, Sariputra, porque quando elesexplicam as leis (ou os fenômenos, as coisas) que têm causa em si mesmas, eles o fazem porintermédio de meios habilidosos, mostrando o conhecimento, com argumentos, razões, idéiasfundamentais, interpretações e sugestões. Com uma variedade de meios habilidosos são capazes delibertar os seres que ficam apegados a um ponto de vista ou outro. Os Tathagatas etc., Sariputra, todosadquiriram a mais alta perfeição da habilidade e a mostra do conhecimento; eles estão agraciados compropriedades maravilhosas, tais como a mostra do conhecimento livre e desimpedido; os poderes; aausência da hesitação; as condições independentes; a força dos órgãos; os princípios de Bodhi; ascontemplações; emancipações; meditações; graus de concentração mental. Os Tathagatas etc.,Sariputra, são capazes de expor coisas variadas e têm algo de maravilhoso e especial. Basta, Sariputra,que seja suficiente dizer que os Tathagatas etc., têm algo de extremamente maravilhoso, Sariputra.Ninguém senão um Tathagata, Sariputra, pode transmitir a um Tathagata aquelas leis que o Tathagataconhece. Todas as leis, Sariputra, são ensinadas pelo Tathagata, e somente por ele; ninguém senão eleconhece todas as leis, o que são, como são, como o que são, quais são suas características e de quenatureza são.

E naquela ocasião, para apresentar estas coisas mais amplamente, o Senhor pronunciou asseguintes estrofes:

1. Inumeráveis são os grandes heróis no mundo que abarca deuses e homens; a totalidade dascriaturas é incapaz de conhecer completamente os líderes.

2. Ninguém pode conhecer seus poderes e estados de emancipação, suas ausências dehesitação e suas propriedades de Buda, tais como são.

3. Desde muito tempo eu segui, na presença de kotis de Budas, o bom caminho, que éprofundo, sutil, difícil de compreensão, e mais ainda de ser encontrado.

4. Depois de seguir esta carreira durante um número inconcebível de kotis de Aeons, eudescobri no terreno da iluminação o fruto disto.

5. E com isto eu reconheço, como os demais chefes do mundo, como é, com o que separecem e quais são suas características.

6. É impossível explicar isto; é inefável; nem existe qualquer ser neste mundo 7. A quem esta lei pudesse ser explicada ou que pudesse compreender ao ser explicada, com a

exceção dos Bodhisatvas, aqueles que estão firmemente estabelecidos em resolução.8. Quanto aos discípulos do Conhecedor do mundo, aqueles que fizeram seus deveres e

receberam elogio dos Sugatas, que estão livres de erros e que chegaram ao último estágio da existênciaterrena, o conhecimento do Gina fica além de suas esferas.

9. Se toda esta esfera estivesse cheia de seres como Sarisuta, e se eles investigassem com seusesforços combinados, eles seriam incapazes de compreender o conhecimento do Sugata.

O

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Saddharma-Pundarika / Meios Habilidosos / Capítulo 2

10. Mesmo que os dez pontos do espaço estivessem cheios de sábios com você, sim, seestivessem cheios de tais como o restante de meus discípulos,

11. E se todos estes seres combinados fossem investigar o conhecimento do Sugata, todos elesjuntos, não seriam capazes de compreender o conhecimento do Buda em toda sua imensidão.

12. Se os dez pontos do espaço estivessem cheios de Pratyekabudas, livres de erros,abençoados com inteligência arguta, e se quedando em seus últimos estágios de existência, tãonumerosos como bambus ou caniços na floresta;

13. E se juntos durante um infindável número de miríades de kotis de Aeons, eles fosseminvestigar uma parte de minhas leis superiores, eles nunca descobririam seu significado verdadeiro.

14. Se os dez pontos do espaço estivessem cheios de Bodhisatvas que depois de teremcompletado seus deveres sob muitos kotis de Budas, investigado todas as coisas e pregado muitossermões, depois de terem entrado num novo veículo;

15. Se o mundo todo estivesse cheio deles, como um bosque espesso de caniços ou de bambus,sem espaço entre eles, e se todos juntos fossem investigar a lei que o Sugata realizou;

16. Se a investigassem durante muitos kotis de Aeons, tão incalculáveis quanto as areias doGanges, com atenção indivisa e intenções sutis, até mesmo então aquele (conhecimento) estaria alémde suas compreensões.

17. Se tais Bodhisatvas incapazes de deslizar para trás, numerosos como as areias do Ganges, ainvestigassem com atenção indivisa, estaria além de suas capacidades.

18. Profundas são as leis dos Budas, e sutis; todas inescrutáveis e sem erro. Eu as conheço, bemcomo fazem os Ginas nas dez direções do mundo.

19. Você, Sariputra, esteja cheio de confiança naquilo que o Sugata declara. O Gina nada diz defalso, o grande Vidente que por tão longo tempo pregou a verdade mais elevada.

20. Eu me dirijo a todos os discípulos aqui, aqueles que buscam a iluminação de umPratyekabuda, aqueles que são despertos para a atividade pelo meu Nirvana, e aqueles que foramlibertos da série de males.

21. É por minha habilidade superior que eu explico a lei extensivamente para o mundo emgeral. Eu liberto todos aqueles que ficam apegados a um ponto ou outro, e mostro os três veículos.

Os eminentes discípulos na assembléia encabeçada por Agnata-Kaundinya, os mil e duzentosArhats sem erros e com autocontrole, os outros monges, monjas, leigos devotos homens e mulheresusando o veículo dos discípulos, e todos aqueles que entraram no veículo dos Pratyekabudas, todoseles fizeram esta reflexão: Qual será a razão, porque o Senhor está elogiando tanto a habilidade dosTathagatas? Porque a elogia dizendo, ‘Profunda é a lei por mim descoberta;’ elogiando-a dizendo, ‘Édifícil para todos os discípulos e Pratyekabudas de compreendê-la.’ Mas o Senhor ainda não declaroumais que um tipo de emancipação, e portanto nós também deveríamos adquirir as leis de Buda aochegarmos ao Nirvana. Não compreendemos o significado disto que o Senhor disse.

E o Venerável Sariputra, que apreendeu a dúvida e a incerteza das quatro classes da audiência eadivinhou seus pensamentos daquilo que se passava em sua própria mente, ele mesmo estando emdúvida sobre a lei, disse então ao Senhor: Qual é, Ó Senhor, a causa, qual razão que o Senhor tãorepetidamente e continuamente elogia a habilidade, conhecimento e pregação do Tathagata? Por queele, repetidamente, a elogia dizendo, ‘Profunda é a lei por mim descoberta; é difícil de compreender omistério dos Tathagatas.’’ Nunca dantes eu ouvi do Senhor um tal discurso da lei. Estas quatro classesde audiência, Ó Senhor , estão cheias de dúvida e perplexidade. Portanto possa o Senhor, por favor,explicar a que está o Tathagata aludindo, ao repetidamente elogiar a profunda lei dos Tathagatas.

Naquela ocasião o venerável Sariputra pronunciou as seguintes estrofes:22. Pela primeira vez agora o Sol dos homens pronuncia um tal discurso: ‘Eu adquiri os

poderes, emancipações e meditações sem conta.’23. E mencionastes o terreno da iluminação sem que ninguém te perguntasse; mencionastes o

mistério, apesar de ninguém ter te perguntado.24. Falastes sem ser perguntado e elogiastes teu próprio caminho; mencionastes ter obtido o

conhecimento e pronunciastes palavras profundas.25. Hoje surge uma pergunta em minha mente e naquela daqueles seres autocontrolados, sem

erros, que buscam o Nirvana: Por que fala o Gina desta forma?

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Saddharma-Pundarika / Meios Habilidosos / Capítulo 2

26. Aqueles que aspiram a iluminação dos Pratyekabudas, as monjas e monges, deuses, Nagas,duendes, Gandharvas, e grandes serpentes, estão todos conversando juntos, enquanto que observam omais elevado dos homens,

27.E imaginam em perplexidade. Dê uma elucidação, grande Sábio, a todos os discípulos doSugata que estão aqui reunidos.

28. Eu mesmo atingi a perfeição (da virtude), e fui ensinado pelo Sábio supremo; mesmo assim,Ó mais elevado dos homens! Mesmo em minha posição, eu tenho dúvidas se o curso (do dever) queme é mostrado, receberá sua aprovação final pelo Nirvana.

29. Que tua voz seja ouvida, Ó vós cuja voz ressoa como um tambor eminente! Proclame sualei tal que é. Os filhos legítimos do Gina aqui de pé e fitando o Gina, de mãos postas;

30. Bem como os deuses, Nagas, duendes, Titãs, em número de milhares de kotis, como asareias do Ganges; e aqueles que aspiram à iluminação suprema, que estão aqui, em número de oitentamil;

31. Além disto, os reis, regentes de províncias, monarcas proeminentes, que para aqui sedirigiram desde milhares de kotis de países, que agora se quedam com mãos postas, e respeitosos,pensando: Como podemos preencher o curso do dever?

O venerável Sariputra tendo falado, o Senhor lhe disse: Basta, Sariputra; de nada adiantariaexplicar esta questão. Por que? Porque, Sariptura, o mundo, inclusive os deuses, ficariam assustados seesta questão fosse exposta.

Mas o venerável Sariputra pediu ao Senhor uma segunda vez, dizendo: Que o Senhor exponha,que o Sugata exponha esta questão, pois que nesta assembléia, Ó Senhor, existem muitas centenas,muitos milhares, muitas centenas de milhares, muitas centenas de milhares de miríades de kotis deseres vivos que já viram Budas anteriores, que são inteligentes, e que acreditarão, darão valor, eaceitarão as palavras do Senhor.

O venerável Sariputra se dirigiu ao Senhor com esta estrofe:32. Fale claramente, Ó mais eminente dos Ginas! Nesta assembléia estão milhares de seres

vivos que são cheios de confiança, afetivos, e respeitosos para com o Sugata; eles compreenderão a leipor vós exposta.

E o Senhor disse uma segunda vez ao venerável Sariputra: Basta, Sariputra; não adianta explicaresta questão, pois que o mundo, inclusive aquele dos deuses, ficaria assustado, Sariputra, se esta questãofosse exposta, e alguns monges poderiam ficar orgulhosos e virem a ter uma queda súbita.

E naquela ocasião o Senhor pronunciou a seguinte estrofe:33. Não digas mais que eu devo declarar esta lei! Este conhecimento é por demais sutil,

inescrutável, e existem tantos homens não sábios, que em seus orgulho e tolice zombariam em relaçãoà lei assim revelada.

Uma terceira vez o venerável Sariputra pediu ao Senhor, dizendo: Que o Senhor exponha, queo Sugata exponha esta questão. Nesta assembléia, Ó Senhor, existem muitas centenas de seres vivosque são meus iguais, e muitas centenas, muitos milhares, muitas centenas de milhares, muitas centenasde milhares de miríades de kotis de outros seres vivos a mais, que em nascimentos prévios foramtrazidos pelo Senhor ao amadurecimento pleno. Eles crerão, darão valor, aceitarão aquilo que o Senhordeclara, que reverterá para seus benefícios, bem e felicidade no decorrer do tempo.

Naquela ocasião o venerável Sariputra pronunciou as seguintes estrofes:34. Explique a lei, Ó Vós, o mais elevado dos homens! Eu, vosso filho mais velho, te peço.

Aqui estão milhares de kotis de seres que crerão na lei por vós revelada.35. E aqueles seres que, em nascimentos prévios, por tão longo tempo e constantemente foram

por vós trazidos à maturidade plena e estão agora se quedando aqui de mãos postas, eles também,crerão nesta lei.

36. Que o Sugata, observando os mil e duzentos, meus iguais, e aqueles que estão lutando pelailuminação superior, fale a eles e produza neles uma alegria extrema.

Quando o Senhor pela terceira vez ouviu o pedido do venerável Sariputra, ele lhe falou assim:Agora que você pediu ao Tathagata pela terceira vez, Sariputra, eu te responderei. Ouça então,Sariputra, ouça bem e aprenda ou que agora vou dizer; pois eu vou falar.

Aconteceu então que cinco mil monges orgulhosos, monjas, e devotos leigos de ambos ossexos, na congregação se levantaram de seus assentos e, depois de saudarem com suas cabeças os pés

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Saddharma-Pundarika / Meios Habilidosos / Capítulo 2

do Senhor, se retiraram da assembléia. Devido ao princípio do bem que reside no orgulho, elesimaginaram terem atingido o que não haviam, e terem compreendido o que não haviam. Portanto,sentindo-se diminuídos, eles se retiraram da assembléia, ao que o Senhor concordou com seu silêncio.

Naquele momento o Senhor se dirigiu ao venerável Sariputra: Minha congregação, Sariputra,foi livrada do excesso, do lixo; está firmemente estabelecida na força da fé. É uma coisa muito boa,Sariputra, que aqueles orgulhosos tenham ido embora. Agora eu vou expor a questão, Sariputra. ‘Muitobem, Senhor,’ replicou o venerável Sariptura. O Senhor então começou e disse:

É somente de vez em quando, Sariputra, que o Tathagata prega um tal discurso sobre a leicomo este. Da mesma forma que é raramente que vemos a flor da figueira desabrochar, Sariputra, damesma forma o Tathagata, apenas raramente, prega um tal discurso sobre a lei. Creia-me, Sariputra; Eufalo o que é verdadeiro, o que é real, eu digo o que é certo. É difícil compreender a exposição domistério do Tathagata, Sariputra; pois que, elucidando a lei, Sariputra, eu uso centenas de milhares devários meios habilidosos, tais como diferentes interpretações, indicações, explicações, ilustrações. Nãoé pelo raciocínio, Sariputra, que a lei seria encontrada: isto está além do campo do raciocínio e deve seraprendida do Tathagata. Pois, Sariputra, é por um só objetivo, um só propósito, na verdade umobjetivo elevado, um propósito elevado que o Buda, o Tathagata etc., aparece no mundo. E qual é esteobjetivo único, este propósito único, este elevado objetivo, este elevado propósito que o Buda, oTathagata etc., aparece no mundo? Para mostrar a todos os seres a visão do conhecimento doTathagata é que o Buda, o Tathagata etc., aparece no mundo; para abrir os olhos dos seres para a visãodo conhecimento do Tathagata é que o Buda, o Tathagata etc., aparece no mundo. Este, Ó Sariputra, éo objetivo único, o propósito único de sua aparição no mundo. Tal é, então, Sariputra, o objetivoúnico, o propósito único, o elevado objetivo, o elevado propósito do Tathagata. E é atingido peloTathagata. Pois, Sariputra, eu mostro a todos os seres a visão do conhecimento do Tathagata; eu abroos olhos de todos os seres para a visão do conhecimento do Tathagata, Sariputra; eu estabeleçofirmemente o ensinamento do conhecimento do Tathagata, Sariputra; eu conduzo o ensinamento doconhecimento do Tathagata no caminho correto, Sariputra. Por intermédio do veículo único, a saber,o veículo do Buda, Sariputra, eu ensino a todos os seres a lei; não existe um segundo veículo, nem umterceiro. Esta é a natureza da lei, Sariputra, universalmente no mundo, em todas as direções. Pois,Sariputra, todos os Tathagatas etc., que em tempos passados existiram em esferas incontáveis,inumeráveis, em todas as direções, para o bem de muitos, a felicidade de muitos, por piedade domundo, para o benefício, bem e felicidade do grande corpo de seres, e que pregavam a lei a deuses ehomens com meios capazes, tais como variadas direções e indicações, variados argumentos, razões,ilustrações, idéias fundamentais, interpretações, prestando atenção à disposição dos seres cujasinclinações e temperamentos são tão diversos, todos aqueles Budas e Senhores, Sariputra, quepregaram a lei aos seres por intermédio de apenas um veículo, o veículo do Buda que, finalmente,conduz à onisciência; é idêntico a mostrar a todos os seres a visão do conhecimento do Tathagata;com abrir os olhos dos seres para a visão do conhecimento do Tathagata; com despertar (ou avisar)pela mostra do conhecimento do Tathagata; com conduzir o ensinamento do conhecimento doTathagata pelo caminho correto. Tal é a lei que eles pregaram aos seres. E aqueles seres, Sariputra, queouviram a lei de Tathagatas passados etc., todos eles alcançaram a iluminação suprema e perfeita.

E os Tathagatas etc., que existirão no futuro, Sariputra, nas esferas incontáveis, inumeráveis emtodas as direções, para o bem de muitos, a felicidade de muitos, por piedade do mundo, para obenefício, bem, e felicidade do grande corpo de seres, e que devem pregar a lei a deuses e homens(etc., como acima até) o caminho correto. Tal é a lei que eles devem pregar às criaturas. E aquelascriaturas, Sariputra, que ouvirem a lei dos Tathagatas futuros etc., todas elas deverão alcançar ailuminação suprema e perfeita.

E os Tathagatas etc., que agora no presente estão vivendo, se quedando existindo, Sariputra,em incontáveis, inumeráveis esferas, em todas as direções etc., e que estão pregando a lei aos deuseshomens (etc., como acima até) o caminho correto. Tal é a lei que eles estão pregando às criaturas. Eaquelas criaturas, Sariputra, que estão ouvindo a lei dos Tathagatas presentes etc., todas elas deverãoatingir a iluminação suprema e perfeita.

Eu também, Sariputra, sou no período presente um Tathagata etc., para o bem de muitos (etc.,até) muitos; Eu também, Sariputra, estou pregando a lei às criaturas (etc., até) o caminho correto. Tal éa lei que eu prego aos seres. E aqueles seres, Sariputra, que ora estão ouvindo a lei de mim, todos eles

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Saddharma-Pundarika / Meios Habilidosos / Capítulo 2

atingirão iluminação suprema e perfeita. Neste sentido, Sariputra, é que deve ser compreendido que,em parte alguma do mundo, um segundo veículo seja ensinado, muito menos ainda um terceiro.

E contudo, Sariputra, quando os Tathagatas etc., aparecem no fim da época, na decadência dascriaturas, na decadência de pecados aflitivos, a decadência dos pontos de vista, ou a decadência de umavida; quando eles aparecem entre tais sinais de decadência, na perturbação da época; quando os seresestão muito sujos, cheios de cobiça e fracos em raízes de bondade; então, Sariputra, os Tathagatas etc.,costumam, habilmente, designar aquele único veículo do Buda pelo nome de veículo tríplice. Agora,Sariputra, tais discípulos, Arhats, ou Pratyekabudas, que não ouvem a sua chamada para o veículo doBuda pelo Tathagata, que não percebem, nem prestam atenção a isto, aqueles, Sariputra, não devem serreconhecidos como discípulos dos Tathagatas, nem como Arhats, nem como Pratyekabudas.

Novamente, Sariputra, se houver algum monge ou monja que pretenda atingir o Arhatado semuma promessa sincera de atingir a iluminação suprema e perfeita, e que diga, ‘Eu agora me quedoelevado demais para o veículo do Buda, eu estou em minha última aparição no corpo antes do Nirvanacompleto,’ então, Sariptura, considere esta pessoa como sendo convencida. Pois, Sariputra, não éadequado, é feio que, um monge, um Arhat, sem erros, não deva crer na lei que ele ouve do Tathagataem sua presença. Eu deixo fora de questão quando o Tathagata tenha atingido o Nirvana completo;pois naquele período, naquele momento, Sariputra, quando o Tathagata deva estar completamenteextinto, não haverá ninguém que saiba de cor, ou pregue tais Sutras como este. Será sob outrosTathagatas etc., que eles serão libertados de dúvidas. Quanto a isto creia em minhas palavras, Sariputra,dê valor a elas, tome-as ao coração; pois que não existe falsidade nos Tathagatas, Sariputra. Existesomente um veículo, Sariputra, e este é o veículo do Buda.

E naquela ocasião, para explicar mais extensamente esta questão, o Senhor pronunciou asseguintes estrofes:

37. Não menos que cinco mil monges, monjas e leigos de ambos os sexos, cheios de descrençae orgulho,

38. Achando que isto era pouco, foram, ainda defeituosos no treinamento e tolos como eram,embora para tornarem-se cientes do dano.

39. O Senhor, que os sabia serem os piores da congregação, exclamou: Eles não possuemméritos suficientes para ouvirem esta lei.

40. Minha congregação está agora pura, liberta do lixo; o excesso foi removido e sobra apenaso âmago.

41. Ouça de mim, Sariputra, como esta lei foi descoberta pelo mais elevado dos homens, ecomo os poderosos Budas estão ainda pregando-a com muitas centenas de provas de habilidade.

42. Eu conheço as disposições e condutas, as variadas inclinações de seres vivos neste mundo;eu conheço suas variadas ações e o bem que eles fizeram antes.

43. Aqueles seres vivos eu inicio nesta (lei) com a ajuda de muitas interpretações e razões; ecom centenas de argumentos e ilustrações, eu, de uma forma ou de outra, alegrei a todos os seres.

44. E pronuncio tanto Sutras quanto estrofes; lendas, Gatakas, e prodígios, além de centenas deintroduções e parábolas curiosas.

45. Eu mostro o Nirvana para o ignorante com disposições baixas, que nunca seguiu nenhumcaminho sob muitos kotis de Budas, que estão ligados à existência contínua e miseráveis.

46. O auto-nascido usa tais meios para manifestar o conhecimento do Buda, mas ele nunca lhesdirá, vocês todos vão se tornar Budas.

47. Por que não deveria aquele que é poderoso, depois de esperar pelo momento oportuno,falar, agora que ele percebeu que o momento oportuno chegou? Esta é a oportunidade adequada,chegada, de começar a exposição do que realmente é.

48. Agora, a palavra do meu mandamento, como contido nas nove divisões, foi publicada deacordo com os variados graus de força das criaturas. Tal é o meio que mostrei para apresentar (osseres) ao conhecimento do doador de dons.

49. E àqueles no mundo, que sempre foram puros, sábios, de boa mentalidade, filhoscompassivos do Buda e que fizeram seus deveres sob muitos kotis de Budas, eu tornarei conhecidosSutras mais amplos.

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Saddharma-Pundarika / Meios Habilidosos / Capítulo 2

50. Pois que eles estão agraciados com tais bênçãos de disposição mental, e tais vantagens deforma externa sem mácula, que eu posso anunciar para estes: no futuro vocês todos se tornarão Budasbenevolentes e compassivos.

51. Ouvindo isto, todos eles serão penetrados de deleite (no pensamento): Tornaremos-nosBudas proeminentes no mundo. E eu, percebendo suas condutas, novamente revelarei Sutras maisamplos.

52. E aqueles são discípulos do Líder, que ouviram minha palavra de comando. Uma só estrofeaprendida ou mantida na memória basta, sem dúvida, para conduzir todos eles à iluminação.

53. Não existe, verdadeiramente, senão um veículo; não existe um segundo, nem terceiro emqualquer parte do mundo, exceto no caso dos Purushottamas usando um expediente para mostrar queexiste uma diversidade de veículos.

54. O Chefe do mundo aparece no mundo para revelar o conhecimento do Buda. Ele não temsenão um objetivo, de fato, não um segundo; os Budas não fazem os seres atravessarem através de umveículo inferior.

55. Ali onde o auto-nascido se estabeleceu, e onde está o objeto do conhecimento, não importade que forma ou tipo; (onde) os poderes, os estágios de meditação, as emancipações, as faculdadesaperfeiçoadas (estão); ali todos os seres se estabelecerão.

56. Eu seria culpado de inveja, se eu, depois de atingir o eminente e puro estado de iluminação,estabelecesse quem quer que fosse no veículo inferior. Isto não seria típico de mim.

57. Em mim não existe inveja qualquer; nem ciúme, nem desejo, nem paixão. Por isto eu sou oBuda, porque o mundo segue meu ensinamento.

58. Quando, esplendidamente distinguido com (as trinta e duas) marcas características, eu estouiluminando todo este mundo, e venerado por muitas centenas de seres, eu mostro o selo(inconfundível) da natureza da lei;

59. Quando Sariputra, eu penso assim: Como irão todos os seres, pelas trinta e duascaracterísticas perceberem o Vidente auto-nascido que, de sua própria vontade, verte sua luz por todoo mundo?

60. E enquanto eu estou pensando e considerando, quando meu desejo se realizou e minhapromessa se realizou, eu não mais revelo conhecimento do Buda.

61. Se, Ó filho de Sari, eu falasse às criaturas, ‘Vivifiquem em suas mentes o desejo pelailuminação,’ eles em suas ignorâncias, todos se perderiam e nunca perceberiam o significado de minhasboas palavras.

62. E considerando-os desta forma, e que eles não realizaram seus cursos do dever emexistências prévias, (eu vejo como) eles estão apegados e dedicados a prazeres sensuais, enfatuados pelodesejo e cegos com a ilusão.

63. Do desejo eles incorrem em desgraça; eles estão atormentados nos seis estados deexistência e povoam o cemitério repetidamente; eles estão angustiados com o infortúnio, e têm poucavirtude.

64. Ficam constantemente emaranhados nas moitas de teorias (sectárias), tais como , ‘É ou nãoé; é assim e não é assim.’ Tentando obter uma opinião decidida no que é encontrado nas sessenta eduas teorias (heréticas) eles abraçam a falsidade e prosseguem em seus erros.

65. São difíceis de corrigir, orgulhosos, hipócritas, desviados, malignos, ignorantes, chatos; poristo eles não ouvem ao bom chamado do Buda, nem uma só vez em kotis de nascimentos.

66. A estes, filho de Sari, eu mostro um meio habilidoso e digo: Ponham fim às suasdificuldades. Quando percebo criaturas sofrendo com males, eu as faço ver o Nirvana.

67. E assim eu revelo todas aquelas leis que são para sempre sagradas e corretas desde ocomeço. E o filho do Buda, que completou seu curso uma vez, será um Gina.

68. É só um meio habilidoso que me faz manifestar três veículos; pois que existe um só veículoe um caminho; existe também uma só instrução pelos líderes.

69. Remova toda dúvida e incerteza; e caso existam aqueles que sintam dúvidas, ( que elessaibam que ) os Senhores do mundo falam a verdade; este é o veículo único, não existe um segundo.

70. Os Tathagatas também, vivendo no passado durante Aeons inumeráveis, os muitosmilhares de Budas que estão no descanso final, cujo número não pode jamais ser contado,

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Saddharma-Pundarika / Meios Habilidosos / Capítulo 2

71. Aqueles mais elevados dos homens, todos eles revelaram as mais sagradas das leis porintermédio de ilustrações, razões, e argumentos, com muitas centenas de provas de habilidade.

72. E todos eles manifestaram apenas um veículo e apenas apresentaram um na terra; atravésdeste veículo, eles conduziram à maturidade total uma quantidade inconcebível de milhares de kotis deseres.

73. E contudo, os Ginas possuem vários e múltiplos meios através dos quais o Tathagata revelaao mundo inclusive aos deuses, a iluminação superior, levando em conta as tendências e disposições(dos diferentes seres).

74. E todos aqueles no mundo que estão ouvindo, ou que ouviram a lei da boca dos Tathagatas,feito doações, seguido preceitos morais, e, pacientemente, realizaram seus deveres religiosos;

75. Que se quitaram quanto ao zelo e meditação, com sabedoria refletiram sobre aquelas leis, efizeram várias ações meritórias, todos eles atingiram a iluminação.

76. E tais seres que vivem pacientes, controlados, e disciplinados, sob o reino dos Ginasdaqueles tempos, todos eles atingiram a iluminação.

77. Outros também, que prestaram veneração às relíquias dos Ginas que se foram, erigirammuitos milhares de Stupas feitas de jóias, ouro prata ou cristal,

78. Ou que construíram Stupas de esmeralda, pérolas, lápis-lazúli, ou safira; todos eles atingirama iluminação.

79. E aqueles que erigiram Stupas feitas de mármore, sândalo ou jacarandá; construíram Stupasde madeiras de lei ou de uma combinação de diferentes tipos de madeira;

80. E que, em felicidade de coração, construíram para os Ginas Stupas de tijolos ou de cimento;ou que fizeram com que se levantassem montes na terra, em florestas ou em lugares silvestresdedicadas aos Ginas;

81. Os garotinhos, que mesmo brincando, erigiram aqui e ali montes de areia com a intenção deas dedicar como Stupas para os Ginas, todos eles ganharam a iluminação.

82. De forma semelhante, todos aqueles que fizeram com que imagens feitas de jóias fossemfeitas e dedicadas, adornadas com os trinta e dois sinais característicos, atingiram a iluminação.

83. Outros, que fizeram imagens dos Sugatas feitas das sete substâncias preciosas, de cobre oude zinco, todos eles ganharam a iluminação.

84. Aqueles que fizeram com que se construísse belas estátuas dos Sugatas de chumbo, ferro,barro, ou gesso, todos eles ganharam a iluminação.

85. Aqueles que fizeram imagens (dos Sugatas) em paredes pintadas, com membros completose os cem sinais sagrados, quer tenham desenhado eles mesmos , ou que tenham feito outrosdesenharem, todos eles atingiram a iluminação.

86. Mesmo aqueles, quer sejam homens ou crianças, que durante suas aulas, ou por brincadeira,para se divertirem, desenharam nas paredes (tais) imagens com a unha ou com um pedaço de madeira,

87. Todos eles ganharam a iluminação; tornaram-se compassivos, e despertando muitosBodhisatvas, salvaram kotis de seres.

88. Aqueles que ofereceram flores e perfumes às relíquias dos Tathagatas, para Stupas, ummorrinho na terra, imagens de gesso ou desenharam em uma parede;

89. Que fizeram com que instrumentos musicais, tambores, trombetas e grandes tamboresbarulhentos fossem tocados, e levantaram o ruído do címbalo em tais lugares para celebrarem ailuminação mais elevada;

90. Que fizeram com que doces alaúdes, címbalos, tambores, pequenos tambores, flautas debambu, flautas de metal, fossem construídos, todos eles atingiram a iluminação.

91. Aqueles que para celebrarem o Sugatas, fizeram com que címbalos de ferro soassem, oupequenos tambores; que cantaram uma canção doce e encantadora;

92. Todos eles atingiram a iluminação. Prestando vários tipos de reverência às relíquias dosSugatas, fazendo somente um pouco por estas relíquias, fazendo com que nem que seja um sóinstrumento musical fosse soado;

93. Ou que venerasse nem que fosse com uma só flor, desenhando em uma parede as imagensdos Sugatas, prestando reverência, nem que fosse com pensamentos distraídos, no decurso do tempoesta pessoa se encontrará com kotis de Budas.

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Saddharma-Pundarika / Meios Habilidosos / Capítulo 2

94. Aqueles que, quando em presença de uma Stupa, ofereceram suas saudações reverentes, sejade uma forma completa ou meramente juntando as mãos; que, seja por um só momento, inclinaramsuas cabeças ou corpos;

95. E que nas Stupas contendo relíquias, disseram nem que fosse uma só vez: Homenagem aoBuda! Mesmo que o tenham feito com pensamentos distraídos, todos ganharam a iluminação superior.

96. Aqueles seres que nos dias daqueles Sugatas, quer estejam extintos ou ainda em existência,ouviram nem que seja apenas o nome da lei, todos eles ganharam a iluminação.

97. Muitos kotis de Budas futuros, além da imaginação e medida, de forma semelhanterevelarão este meio habilidoso como Ginas e Senhores supremos.

98. Sem fim será a habilidade daqueles líderes do mundo, através das quais eles educarão kotisde seres para aquele conhecimento do Buda, que está livre de toda a imperfeição.

99. Nunca houve um tal ser que, depois de ouvir a lei daqueles líderes, não tenha se tornadoBuda; pois que esta é a promessa fixa dos Tathagatas: Que eu, realizando meu curso do dever, possaconduzir os demais à iluminação. 100. Eles exporão, em dias futuros, muitos milhares de kotis de cabeças da lei; em suascondições de Tathagata eles ensinarão a lei, mostrando este veículo único mencionado acima.

101. A linha da lei forma uma continuidade inquebrantável e a natureza de suas propriedades semanifesta sempre. Sabendo isso, os Budas, os mais elevados dos homens, revelarão este único veículo.

102. Eles revelarão a estabilidade da lei, como ela é sujeita a regras fixas, a sua perpetuidadeinamovível no mundo, o despertar dos Budas no elevado terraço da terra, suas habilidades.

103. Em todas as direções do espaço quedam-se Budas, como areias do Ganges, honrados pordeuses e homens; estes também, para o bem de todos os seres no mundo, expõem a iluminaçãosuperior.

104. Estes Budas, enquanto manifestam suas habilidades, mostram variados veículos, apesar de,ao mesmo tempo, indicarem somente o veículo único: o lugar supremo do descanso sagrado.

105. Familiarizados como estão com a conduta de todos os mortais, com suas disposiçõespeculiares e ações prévias; observando seus esforços e vigores, bem como suas disposições, os Budasconferem sua luz a eles.

106. Com o conhecimento, os líderes produzem muitas ilustrações, argumentos e razões; econsiderando como os seres têm tendências várias, eles indicam direções várias.

107. E eu também, o líder dos principais Ginas, estou agora manifestando, para o bem dosseres ora vivos, esta iluminação do Buda por milhares de kotis de direções várias.

108. Eu revelo a lei em sua multiplicidade observando as tendências e disposições dos seres. Euuso diferentes métodos para despertá-los, de acordo com seus caracteres. Tal é o poder do meuconhecimento.

109. De forma semelhante eu vejo os pobre coitados, deficientes em sabedoria e conduta, quecaíram no torvelinho mundano, retidos em lugares horríveis, mergulhados em aflições incessantementerenovadas.

110. Atados como estão pelo desejo como o boi por sua corda, continuamente cegos peloprazer sensual, eles não buscam o Buda, o poderoso; eles não buscam a lei que conduz ao fim da dor.

111. Se quedam nos seis estados da existência, eles ficam amortecidos por seus sentidos, seapegam imóveis a seus baixos pontos de vista, e sofrem dor depois de dor. Por estes eu sinto umagrande compaixão.

112. No terraço da iluminação eu permaneci três semanas ao todo, procurando e considerandoesta questão, observando as árvores que ali estavam.

113. Observando aquele rei de todas as árvores com uma fitada firme, eu andei ao seu pé(pensando): Esta lei é maravilhosa e elevada, enquanto que os seres estão cegos com chatice eignorância.

114. Foi então que Brahma me pediu, bem como Indra, e os quatro regentes dos pontoscardeais, Mahesvara, Isvara e as hordas de Maruts em centenas de kotis.

115. Todos se quedaram com mãos postas e respeitosos, enquanto que eu mesmo revolvia estaquestão em minha mente (e pensei): O que deverei fazer? Naquele instante mesmo em que eu estavadizendo isto, os seres estavam sendo oprimidos pelos males.

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Saddharma-Pundarika / Meios Habilidosos / Capítulo 2

116. Em sua ignorância eles não prestarão atenção à lei que eu anuncio, em conseqüência doque eles incorrerão em alguma falta. O melhor seria que eu nunca falasse. Que minha extinção calmapudesse tomar lugar hoje mesmo!

117. Mas ao me lembrar de Budas prévios e de suas habilidades, (eu pensei): Não, eu tambémmanifestarei esta iluminação tripartite do Buda .

118. Enquanto eu meditava assim sobre a lei, os outros Budas, em todas as direções do espaço,apareceram ante a mim em seus próprios corpos e levantaram suas vozes, dizendo ‘Amem.

119. ‘Amem, Solitário, primeiro Líder do mundo! Agora que você chegou a este conhecimentoinsuperável, e estás meditando sobre a habilidade dos líderes do mundo, você repete seusensinamentos.

120. ‘Nós também, sendo Budas, esclareceremos a palavra mais elevada, dividida em três partes;pois os homens (ocasionalmente) têm tendências baixas, e por ignorância talvez não nos creiam,(quando dizemos), vocês se tornarão Budas.

121. ‘Por isto nós despertaremos muitos Bodhisatvas pela mostra de habilidade e encorajandoo desejo de obter frutos.’

122. E eu fiquei encantado de ouvir as doces vozes dos líderes dos homens; na felicidade domeu coração eu disse aos abençoados santos, ‘As palavras dos sábios eminentes não foram ditas emvão.

123. ‘Eu, também, agirei de acordo com a indicação dos sábios líderes do mundo; tendo eumesmo nascido em meio à degradação das criaturas, eu conheci a agitação neste mundo terrível.’

124. Quando cheguei a esta convicção, Ó filho de Sari, imediatamente fui a Benares, ondehabilmente preguei a lei aos cinco solitários, aquela lei que é a base da beatitude final.

125. Desde este momento a roda de minha lei tem se movido, e o nome do Nirvana fez a suaaparição no mundo, bem como o nome de Arhat, Dharma e Sangha.

126. Durante muitos anos eu preguei e indiquei o estágio do Nirvana, o fim da miséria e daexistência mundana. Assim falava eu sempre.

127. E quando vi, Sariputra, os filhos do mais elevado dos homens em muitos milhares dekotis, sem fim, lutando pela a iluminação suprema e mais elevada;

128. E quando aqueles que ouviram a lei dos Ginas, devido às suas habilidades multifacetadas,se aproximaram de mim e diante de mim se quedaram, todos eles com mãos postas, e respeitosos;

129. Então eu concebi a idéia de que o momento havia chegado para que eu anunciasse a leiexcelente e para revelar a iluminação suprema, para este trabalho tendo eu nascido no mundo.

130. Este (evento) hoje será de difícil compreensão para os ignorantes que imaginam ver aquium sinal, porque são orgulhosos e chatos. Mas os Bodhisatvas, estes me ouvirão.

131. E eu me senti livre de hesitação e muito animado; deixando de lado toda a timidez, eucomecei a falar na assembléia dos filhos do Sugata e os despertei para a iluminação.

132. Ao perceber tais valorosos filhos do Buda (eu disse): Suas dúvidas também serão tiradas, eestes mil e duzentos (discípulos) meus, livres de imperfeições, todos eles se tornarão Budas.

133. Assim mesmo como a natureza da lei dos antigos poderosos santos e Ginas futuros é,assim também é minha lei livre de qualquer dúvida, tal como hoje eu a conto a vocês.

134. Em certos lugares, em certos momentos, de alguma forma os líderes aparecem no mundo,e depois de suas aparições eles, cuja visão é sem limites, em algum tempo ou outro pregam uma leisemelhante.

135. É muito difícil de se encontrar com esta lei superior, mesmo que seja em miríades de kotisde Aeons; muito raros são os seres que se juntarão à lei superior que acabaram de ouvir de mim.

136. Assim como a flor da figueira é rara, apesar de, em alguns lugares e, de alguma forma,possa ser encontrada, como algo agradável de se ver para todos que a vêem, como uma maravilha parao mundo inclusive para os deuses;

137. (Tão maravilhosa) e muito mais ainda é a lei que eu proclamo. Qualquer um que, ao ouvira boa exposição dela, aceitá-la alegremente e recitar nem que seja uma só palavra dela, terá honrado atodos os Budas.

138. Desista de toda dúvida e incerteza quanto a isto; Eu digo que sou o rei da lei(Dharmaraga); e eu estou encorajando outros para a iluminação, mas eu estou aqui sem qualquerdiscípulo que seja.

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Saddharma-Pundarika / Meios Habilidosos / Capítulo 2

139. Que este mistério seja pra você, Sariputra, para todos os meus discípulos, e para oseminentes Bodhisatvas, que manterão este mistério.

140. Pois os seres, no período das cinco depravações, são vis e maus; são cegos pelos desejossensuais, os tolos, e nunca se viram suas mentes para a iluminação.

141. (Alguns) seres, tendo ouvido este uno é único veículo manifestado pelo Gina, irá em diasvindouros se desviar dele, rejeitar o Sutra, e descer aos infernos.

142. Mas aqueles seres que são modestos e puros, lutando pela iluminação suprema e maiselevada, a estes eu, sem hesitar, mostro as formas sem fim deste veículo uno e único.

143. Tal é o domínio dos líderes; tal suas habilidades. Eles falaram em muitos mistérios; poristo é difícil de os compreender.

145. Portanto tente compreender o mistério dos Budas, os santos mestres do mundo;abandone toda a dúvida e incerteza: todos vocês se tornarão Budas; alegrem-se!

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Saddharma-Pundarika / Uma Parábola / Capítulo 3

CAPÍTULO 3

UMA PARÁBOLA

ntão o venerável Sariputra, alegre, agradecido, jubiloso, encantado, vibrando de felicidade ealegria, alçou suas mãos postas em direção ao Senhor, e fitando o Senhor com um olhar firme,dirigiu-se-lhe desta maneira: eu estou espantado, atônito, Ó Senhor! Eu estou em êxtase por ouvirum tal chamado do Senhor. Pois (quando) antes de ter ouvido essa lei do Senhor, eu vi outrosBodhisatvas, e ouvi dizer que os Bodhisatvas do futuro teriam o nome de Budas, eu me senti

então muito triste, extremamente vexado de ser privado de uma tão grande visão como oconhecimento do Tathagata. E sempre que, Ó Senhor, para minha recreação diária eu visitava ascavernas de pedra nas montanhas, bosques, belos jardins, rios e raízes de árvores, eu sempre meocupava com o mesmo pensamento a que sempre recorria: ‘Enquanto a entrada nos pontos fixos dalei é nominalmente igual, fomos dispensados pelo Senhor com o veículo inferior.’ Instantaneamentesenti, contudo, Ó Senhor, que era nosso próprio engano, não do Senhor. Pois que se tivéssemosprestado atenção ao Senhor quando Ele deu a insuperável demonstração da lei, isto é, a exposição dailuminação suprema e perfeita, então, Ó Senhor, deveríamos ter-nos tornado adeptos daquelas leis.Mas porque, sem compreender o mistério do Senhor, nós, no momento em que os Bodhisatvas nãoestavam reunidos, ouvimos apenas às pressas, pregamos, meditamos, pensamos e digerimos asprimeiras lições pronunciadas sobre a lei, portanto, Ó Senhor, eu acabava por passar noite e dia emauto-censura. Mas hoje, Ó Senhor, eu alcancei a extinção completa; hoje, Ó Senhor, eu me torneicalmo; hoje, Ó Senhor, eu cheguei plenamente ao descanso; hoje, Ó Senhor, eu alcancei o Arhatado;hoje, Ó Senhor, eu sou o filho mais velho do Senhor, nascido de sua lei, concebido pela lei, feito pelalei, herdando da lei, realizado pela lei. Meu queimar me deixou, Ó Senhor agora que ouvi essa leimaravilhosa, que não havia aprendido, anunciada pela voz procedente da boca do Senhor.

E naquela ocasião o venerável Sariputra dirigiu-se ao Senhor nas seguintes estrofes:1. Estou espantado, grande líder, estou encantado em ouvir essa voz; eu não mais sinto

dúvidas; agora estou plenamente amadurecido para o veículo superior.2. Maravilhosa é a voz dos Sugatas; elimina a dúvida e a dor dos seres vivos; minha dor

também se foi toda agora que, livre de imperfeições, ouvi aquela voz ou chamado.3. Quando estava em minha recreação diária ou andando pelos bosques, quando indo às

raízes das árvores ou às cavernas nas montanhas, eu não incorri em outro pensamento além desse:4. ‘Ó como sou levado por pensamentos vãos; enquanto que as leis sem erros são

nominalmente iguais, deverei eu no futuro não pregar a lei superior ao mundo?5. ‘As trinta e duas marcas características me escaparam, e a cor dourada da pele desapareceu;

todos os dez poderes e emancipações de forma semelhante perdidos. ‘O como me perdi nas leis iguais!6. ‘As marcas secundárias também dos grandes Videntes, os oitenta excelentes sinais

específicos, e as dezoito propriedades incomuns me faltaram. Ó como sou iludido!’7. E quando eu percebi a vós, tão benigno e compassivo com o mundo, e estava solitário

andando na minha recreação diária, eu pensei: ‘Estou excluído do conhecimento inconcebível,ilimitado!’

8. Dias e noites, Ó Senhor, eu passei pensando sempre no mesmo assunto; eu perguntaria aoSenhor se havia perdido a minha hierarquia ou não.

9. Em tais reflexões, Ó Chefe dos Ginas, eu, constantemente, passava meus dias e minhasnoites; e vendo muitos outros Bodhisatvas louvados pelo líder do mundo.

10 . E ouvindo esta lei de Buda, eu considerava: ‘Por certo, isto é exposto misteriosamente; éuma ciência inescrutável, sutil e sem erros, que é anunciada pelos Ginas no terreno da iluminação.’

E

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Saddharma-Pundarika / Uma Parábola / Capítulo 3

11. Antigamente eu estava apegado a teorias (heréticas), sendo um monge peregrino e emaltas honrarias (ou, da mesma opinião) que os heréticos; mais tarde o Senhor, observando a minhadisposição, mostrou-me o Nirvana para livrar-me de pontos de vista invertidos.

12. Depois de ter me libertado completamente de todos os pontos de vista (heréticos) eatingido as leis do vazio, (eu concebo) que me tornei extinto; contudo isso não é considerado comosendo extinção.

13. Mas quando a pessoa se torna Buda, um ser superior, honrado por homens, deuses,duendes, Titãs, e agraciado com as trinta e duas marcas características, então torna-se completamenteextinto.

14. Todos esses cuidados (antigos) foram agora dispersos, agora que ouvi a voz. Agora estoueu extinto, assim como anunciais o meu destino (de Nirvana) ante o mundo, inclusive dos deuses.

15. Quando primeiro ouvi a voz do Senhor, eu tive um grande terror, a menos que fosseMara, o maligno, que nessa ocasião tivesse adotado o disfarce de Buda.

16. Mas quando a insuperável sabedoria de Buda foi apresentada e estabelecida comargumentos, razões e ilustrações, por miríades de kotis, então eu perdi toda a dúvida sobre a lei queouvi.

17. E quando me mencionaste os milhares de kotis de Budas, os Ginas do passado quechegaram ao descanso final, e como pregaram essa lei, estabelecendo-a firmemente através de meioshabilidosos;

18. Como os muitos Budas do futuro e aqueles que ora existem, como conhecedores daverdade real, exporão ou estão expondo essa lei com centenas de meios habilidosos;

19. E quando mencioneis vosso próprio curso após deixar o lar, como a idéia da roda da leise vos apresentou e como decidistes por pregar a lei.

20. Então eu me convenci: Este não se trata de Mara; é o Senhor do mundo, que mostrou overdadeiro caminho; nenhum Mara poderia permanecer aqui. Então minha mente (por um momento)Ó ficou cheia de perplexidade;

21. Mas quando a doce, profunda e maviosa voz do Buda me alegrou, todas as dúvidas foramdissipadas, minha perplexidade desapareceu, e eu me quedei firme no conhecimento.

22. Eu devo me tornar um Tathagata, sem dúvidas, venerado no mundo inclusive pelosdeuses; eu manifestarei a sabedoria de Buda, misteriosamente despertando a muitos Bodhisatvas.

Depois desse discurso do venerável Sariputra, o Senhor lhe disse: Eu te declaro, Sariputra, eu teanuncio, em presença deste mundo inclusive dos deuses, Maras e Brahmas, em presença deste povo,incluindo ascetas e Brâmanes, que tu, Sariputra, foste amadurecido por mim para a iluminação supremaperfeita, em presença de vinte centenas de milhares de kotis de Buda, e que tu, Sariputra, seguiste hámuito tempo a minha vontade. Tu, Sariputra, és, pelo conselho do Bodhisatva, pelo decreto doBodhisatva, aqui renascido sob meu reinado. Devido à poderosa vontade do Bodhisatva tu, Sariputra,não tens lembrança de tua promessa passada de observar o curso (religioso); do conselho doBodhisatva, do decreto do Bodhisatva. Pensas que alcançaste o descanso final. Eu, querendo reviver erenovar em ti o conhecimento de tua promessa passada para observar o curso (religioso), revelarei aosdiscípulos o Dharmaparyaya chamado ‘o Lótus Branco da Verdadeira Lei’, este Sutranta etc.

Novamente, Sariputra, em um período futuro, depois de Aeons inumeráveis, inconcebíveis,imensuráveis, quando tiveres aprendido a verdadeira lei de centenas de milhares de kotis de Tathagatas,demonstrado a devoção de várias formas, e alcançado o presente curso do Bodhisatva, tornar-vos-eino mundo um Tathagata etc. chamado Padmaprabha, agraciado com ciência e conduta, um Sugata, umconhecedor do mundo, um insuperável orientador de homens, um mestre de deuses e homens, umSenhor Buda.

Naquele tempo então, Sariputra, o campo de Buda daquele Senhor, o Tathagata Padmaprabha, aser chamado Viraga, será plano, agradável, deleitoso, extremamente bonito de se ver, puro próspero,rico, quieto, abundante em comida, repleto de muitas raças de homens; consistirá de lápis-lazuli econterá um tabuleiro enxadrezado com oito compartimentos distinguidos por fios de ouro, cadacompartimento tendo a sua árvore de jóia sempre e perpetuamente cheia de flores e frutos das setesubstâncias preciosas.

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Saddharma-Pundarika / Uma Parábola / Capítulo 3

Agora, aquele Tathagata Padmaprabha etc., Sariputra, pregará a lei por intermédio dos trêsveículos. Alem disso, Sariputra, aquele Tathagata não aparecerá na decadência do Aeon, mas pregará alei por virtude de uma promessa.

Aquele Aeon, Sariputra, será chamado Maharatnapratimandita (i.e. ornamentado de magníficasjóias). Sabes tu, Sariputra, por que aquele Aeon será chamado Maharatnapratimandita? Os Bodhisatvasde um campo de Buda, Sariputra, são chamados ratnas (jóias), e naquele tempo haverão muitosBodhisatvas naquela esfera (chamada) Viraga, inúmeros, incalculáveis, além do cômputo, abstraçãofeita deles por serem computados pelos Tathagatas. Por isso é aquele Aeon chamadoMaharatnapratimandita.

Agora, para prosseguir, Sariputra, naquele período os Bodhisatvas daquele campo irão ao andar,pisar os lótus de jóia. E aqueles Bodhisatvas não estarão executando seus trabalhos pela primeira vez,tendo eles acumulado raízes de bondade e observado o curso do dever sob muitas centenas demilhares de Budas; eles são louvados pelos Tathagatas por suas zelosas aplicações do conhecimento deBuda; são aperfeiçoados nos ritos preparatórios ao conhecimento transcendental; peritos na direção detodas as leis verdadeiras; gentis, considerados. Geralmente, Sariputra, aquela região de Buda estarápululando de tais Bodhisatvas.

Quando à duração devida, Sariputra, daquele Tathagata Padmaprabha, esse durará doze kalpasintermediários, se deixarmos fora de questão o tempo seu de ter sido um jovem príncipe. E a duraçãode vida das criaturas então viventes medirá oito kalpas intermediários. Ao fim de doze kalpasintermediários, Sariputra, o Tathagata Padmaprabha, após anunciar o destino futuro do Bodhisatvachamado Dhritiparipurna à iluminação perfeita superior, entrará no Nirvana completo. ‘EsseBodhisatva Mahasatva Dhritiparipurna, Ó monges, deverá imediatamente, seguindo-se a mim, alcançara iluminação suprema e perfeita. Ele se tornará no mundo um Tathagata chamadoPadmavrishabhavikramin, um Arhat etc., agraciado com ciência e conduta etc. etc.’

Agora o Tathagata Padmavrishabhavikramin, Sariputra, terá um corpo de Buda exatamente damesma descrição. A verdadeira lei, Sariputra, daquele Tathagata Padmavrishabhavikramin durará, apóssua extinção, trinta e dois kalpas intermediários, e a imitação de sua verdadeira lei durará iguais kalpasintermediários.

E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes:23. Tu também, filho de Sari, deverás no futuro te tornar um Gina, um Tathagata chamado

Padmaprabha, de visão ilimitada; deverás educar milhares de kotis de seres vivos.24. Depois de honrar muitos kotis de Budas, fazendo um esforço extremo no curso do

dever, e depois de teres produzido em ti os dez poderes, alcançarás a iluminação suprema perfeita. 25. Dentro de um período inconcebível e imenso haverá um Aeon rico em jóias (ou o Aeonrico-jóia), e uma esfera chamada Viraga, o campo puro dos homens mais elevados;

26. E o seu chão consistirá de lápis-lazuli, e será arrematado por fios de ouro; terá centenasde árvores de jóias, muito bonitas, e cobertas de flores e frutos.

27. Bodhisatvas com boa memória, capazes de mostrar o curso do dever que foramensinados sob centenas de Budas, nascerão naquele campo.

28. E o Gina acima mencionado, então em sua última existência corpórea, deverá, apóspassar o estado de príncipe real, renunciar aos prazeres sensuais, deixar a casa (para tornar-se um ascetaperegrino), e mais tarde alcançar a mais elevada e suprema iluminação.

29. A duração de vida daquele Gina será precisamente de doze kalpas intermediários, e a vidados homens durará então oito kalpas intermediários.

30. Depois da extinção do Tathagata a verdadeira lei continuará por trinta e dois Aeons aotodo, para o beneficio do mundo, inclusive dos deuses.

31. Quando a verdadeira lei terminar, a sua imitação durará trinta e dois kalpasintermediários. As relíquias dispersas do sagrado serão sempre honradas por homens e deuses.

32. Tal será o destino daquele Senhor. Alegra-te, Ó filho de Sari, pois és tu quem será entãoaquele mais excelente dos homens, assim insuperável

As quatro classes de audiência, monges, monjas, devotos leigos, homens e mulheres deuses,Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras, grandes serpentes, homens e seres nãohumanos, ouvindo o destino do venerável Sariputra para a iluminação suprema e perfeita, ficaram tãocontentes, alegres, encantados, vibrando de alegria e deleite, que cobriram o Senhor separadamente

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com seus próprios mantos, enquanto que Indra, o rei dos Deuses, Brahma Sahampati além de centenasde milhares de kotis de outros seres divinos, cobriam-no com vestimentas celestes e o envolveram deflores do céu, Mandaravas e grandes Mandaravas. Giraram alto roupas celestes, e tocaram centenas demilhares de címbalos e instrumentos musicais celestes, alto nos céus; e depois de verterem uma grandechuva de flores pronunciaram essas palavras: A roda da lei foi posta em movimento pelo Senhor, aprimeira vez em Benares, em Rishipatana, no parque dos Veados; hoje novamente o Senhor colocouem movimento a suprema roda da lei.

E naquela ocasião aqueles seres divinos pronunciaram as seguintes estrofes:33. A roda da lei foi colocada em movimento por vós, Ó vós que sois sem rival no mundo,

em Benares, Ó grande herói! (aquela roda que é a rotação do ) surgimento e decadência de todos osagregados.

34. Lá foi colocada em movimento pela primeira vez; agora, uma segunda vez, é girada aqui,Ó Senhor. Hoje, Ó Mestre, pregaste esta lei, que é difícil de se receber com fé.

35. Muitas leis ouvimos nós perto ao Senhor do mundo, mas nunca antes ouvimos uma leicomo essa.

36. Recebemos com gratidão, Ó Grande herói, o discurso misterioso dos grandes Sábios, talcom esta predição que diz respeito ao auto-controlado Arya Sariputra.

37. Possamos nós também nos tornar tais Budas incomparáveis no mundo, que pelodiscurso misterioso anunciemos a suprema iluminação de Buda.

38. Possamos nós também, pelo bem que fizemos nesse mundo e no próximo, e por termospropiciado ao Buda, sermos permitidos a fazer a promessa pelo Budado.

Então, o venerável Sariputra falou assim ao Senhor: Minha dúvida de esvaiu, Ó Senhor, minhaincerteza chegou a um fim, ouvindo da boca do Senhor meu destino para a iluminação suprema. Masestes mil e duzentos (discípulos) autocontrolados, Ó Senhor, que foram por vós colocados no estágiode Saikshas, foram assim advertidos e instruídos: ‘Minha pregação da lei, Ó monges, refere-se a isso,que a libertação do nascimento, envelhecimento, doença, e morte está inseparavelmente conectadacom o Nirvana; e esses dois mil monges, Ó Senhor, vossos discípulos, tanto aqueles que ora estão sobtreinamento e adeptos, todos eles estando livres de pontos de vista falsos sobre a alma, pontos de vistafalsos sobre a existência, pontos de vista falsos sobre a cessação da existência, livres, em resumo, detodos os pontos de vista falsos, que se imaginam ter alcançado o estágio do Nirvana, esses cairiam naincerteza ao ouvirem da boca do Senhor essa lei que não haviam ouvido antes. Portanto Senhor, porfavor fale a esses monges, para dispersar as suas intranqüilidades, para que as quatro classes deaudiência, Ó Senhor, possam ficar livres de suas dúvidas e perplexidades.

Com esse discurso do venerável Sariputra o Senhor lhe disse o seguinte: Não vos disse eu antes,Sariputra, que o Tathagata etc., prega a lei com meios habilidosos, direções várias e indicações, idéiasfundamentais, interpretações adequadas, com a devida consideração às diferentes disposições einclinações das criaturas cujos temperamentos são tão diversos? Todas as suas pregações da lei não têmoutro fim senão a iluminação suprema e perfeita, para a qual ele está despertando os seres ao rumo doBodhisatva. mas Sariputra, para esclarecer essa questão em mais detalhes, eu te contarei uma parábola,pois homens de boa compreensão, geralmente perceberão mais rápido e profundamente o significadodo que é transmitido sob a forma de uma parábola.

Suponhamos o seguinte caso, Sariputra. Em uma certa aldeia, cidade, província, prefeitura, reinoou capital, existe um certo senhor, velho, idoso, decrépito, muito avançado em anos, rico , influente,opulento; ele tinha uma grande casa, alta, espaçosa, construída há muito tempo atrás e já antiga,habitada por uns duzentos, trezentos, quatrocentos ou quinhentos seres vivos. A casa tinha apenasuma porta, e um telhado; os seus terraços estavam bambos, as bases de seus pilares podres, ascoberturas e revestimentos das paredes soltas. De repente a casa inteira foi de todos os ladosincendiada por um grande fogaréu. Suponhamos que o homem tivesse filhos pequenos, digamos cinco,ou dez, ou mesmo vinte, e que ele mesmo havia saído da casa.

Agora, Sariputra, aquele homem, vendo que a casa de todos os lados encontra-se em chamas porum grande fogaréu, ficou temeroso, aflito, apavorado, e fez a seguinte reflexão: eu mesmo sou capazde sair da casa em chamas pela porta, rápido e desembaraçadamente, sem ser atingido ou queimadopor aquele fogaréu; mas meus filhos, aquelas pequenas crianças, ficaram na casa incendiada, brincando,se divertindo, e se distraindo com todo tipo de jogos. Eles não percebem nem sabem, nem

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compreendem, nem ligam que a casa esteja em chamas, e não têm medo. Apesar de queimados poraquele fogaréu, não ligam para a dor, sequer concebem a idéia de escapar.

O homem, Sariputra, é forte, tem poderosos braços, e (assim) faz essa reflexão: eu sou forte, etenho braços poderosos; ora, deixe-me reunir todas as minhas crianças e pegá-las contra meu peitopara fazê-las escapar da casa. Uma segunda reflexão então se lhe apresenta à mente: Essa casa não temsenão uma abertura; a porta está fechada; e esses meninos, sem firmeza, avoados, dispersivos e infantiscomo são, irão, isto é para se temer, correr daqui para ali, e vai acontecer um desastre nesse fogaréu.Portanto eu os advertirei . Assim resoluto, ele chama os meninos: Venham, meus filhos; a casa estápegando fogo; venham a menos que vos queimei nesse fogaréu e um desastre aconteça. mas as criançascaprichosas não ligam para suas palavras, que é de quem lhes quer bem; não estão com medo, nãoestão alarmadas, e não sentem falta de nada; não ligam, não fogem, nem mesmo sabem oucompreendem o que quer dizer a palavra ‘queimar’, muito pelo contrário, correm daqui para ali,perambulam e repetidamente fitam seu pai; tudo porque são ignorantes assim.

Então o homem reflete da seguinte forma: a casa está se consumindo em chamas, está ardendoem um fogaréu. É para se temer que eu, bem como meus filhos, chegaremos à tristeza, ao desastre.Deixe-me então, através de algum meio habilidoso tirar os meninos da casa. O homem conhece asdisposições dos meninos, e tem uma percepção clara de suas inclinações. Agora, acontece que essesmeninos têm muitos e variados brinquedos para se distraírem, bonitos, atraentes, agradáveis, caros,divertidos e preciosos. O homem, conhecendo suas disposições, lhes diz: Meus filhos, teus brinquedos,que são tão bonitos, caros, divertidos e admiráveis, que relutais tanto em perder, que são tão variados ediversos, (tais como) carrinhos puxados a boi, carrinhos puxados a bodes, carrinhos puxados a veados,que são tão bonitos, bons, agradáveis, queridos e valiosos, para vocês, foram todos postos por fim dolado de fora da porta casa para que possam brincar lá. Venham, pois, corram para fora, deixem a casa;e a cada um de vocês eu darei o que quiserem. Venham logo; venham por esses brinquedos. E osmeninos, ouvindo menção de tais brinquedos que eles apreciam e querem tanto, tão atraentes ( aosseus gostos), tão formosos, preciosos, encantadores e queridos, rapidamente correm porta afora dacasa em chamas, com grande alarde, alegria, entusiasmo, empenho e ansiedade, um não tendo tempode esperar o outro, correm se empurrando, aos gritos de “Quem chegará lá primeiro, quem será ovencedor?’

O homem, vendo (que) seus filhos, desenvolta e felizmente escaparam, e sabendo que estãolivres do perigo, vai e senta-se ao ar livre na praça da aldeia, seu coração cheio de alegria e deleite, livrede preocupação e impedimento, bem à vontade. Os filhos vão onde seu pai se encontra e dizem: “Pai,dê-nos aqueles brinquedos que nos prometeste para brincarmos, aqueles carros de boi, carros de cabrae carros de veados.” Então, Sariputra, o homem lhes dá a seus filhos, que correm ligeiro como ovento, carrinhos de bois apenas, feitos com as sete substancias preciosas, aparelhados com assentos,pendurados com uma porção de sininhos, alto, adornado com jóias raras e maravilhosas, embelezadascom fios de jóias, decorada com guirlandas de flores, atapetadas com colchões de algodão e cobertoresde lá, cobertas de tecidos e seda branca, tendo em ambos os lados colchões rosados, atrelados combelos e rápidos bois brandos, conduzidos por uma multidão de homens. Para cada um de seus filhosele dá variados carros de boi de aparências diferentes e de tipos diversos, equipados de bandeiras erápidos como o vento. Aquele homem assim o faz, Sariputra, por que sendo rico, influente, e detendomuitos tesouros e silos de grãos, ele corretamente acha: por que deveria eu dar carros inferiores a meusfilhos, já que são filhos meus, caros e preciosos? Eu tenho carros mil, e deveria tratar a todos os filhosigualmente e sem parcialidade. Como possuo muitos celeiros e tesouros, poderia dar tais grandes carrosa todos os seres, quanto mais a meus próprios filhos. Enquanto isso o meninos estão subindo noscarros., se sentindo deslumbrados e maravilhados. Agora, Sariputra, qual a tua opinião:? Tronou-se ohomem culpado de falsidade por ter primeiro apresentado a seus filhos as promessas dos três carros emais tarde dado a cada qual apenas os melhores veículos, os mais caros e bem aparelhados?

Sariputra respondeu: De jeito algum, Senhor; de jeito algum, Sugata. Isso não basta, Ó Senhor,para qualificar o homem com um mentiroso, já que foi apenas um meio habilidoso de persuadir seusfilhos a sair da casa em chamas e salvar suas vidas. Não, além de recobrar seus próprios corpos, ÓSenhor, eles receberam todos aqueles brinquedos. Se aquele homem, Ó Senhor, não tivesse dado umsó carro, mesmo assim ele não teria sido um mentiroso, pois havia previamente cogitado de salvar aspequenas crianças de uma grande (massa de) dor através de algum meio habilidoso. Mesmo nesse caso,

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Ó Senhor, o homem não teria sido culpado de falsidade, e muito menos agora que, considerando-seter ele muitos tesouros e motivado por nada além que seu amor para com seus filhos, dá a todos, paralhes agradar, carros de um só tipo, e aqueles dos de melhor qualidade, para todos. Esse homem,Senhor, não é culpado de falsidade.

O venerável Sariputra tendo assim falado, o Senhor lhe disse: Muito bem, muito bem, Sariputra,é assim mesmo; é tal com dizes. Assim também, Sariputra, o Tathagata etc. ,está livre de todos osperigos, completamente livre de todo infortúnio, cansaço, calamidade, dor, tristeza, dos espessos véuscircundantes da ignorância. Ele, o Tathagata, agraciado com o conhecimento de Buda, força, ausênciade hesitação, propriedades incomuns, e (poderoso com) faculdades sobrenaturais, é o pai do mundo,que alcançou a sua perfeição mais alta no conhecimento dos meios habilidosos, que é muitocompassivo, paciente, benevolente, tolerante. Ele aparece nesse mundo triplo, que é como uma casacujo telhado e abrigo estão corroídos, (uma casa) queimando com uma massa de miséria, para libertarda afeição, ódio e ilusão os seres sujeitos ao nascimento, velhice, doença, morte, tristeza, ódio, choro,dor, melancolia, cansaço, os obscuros véus circundantes da ignorância, para levá-los à iluminaçãosuprema e perfeita. Uma vez tendo nascido, ele vê como as criaturas são queimadas, atormentadas,sujeitas a vexames, perturbadas pelo nascimento, velhice, doença, morte, tristeza, choro, dor,melancolia, cansaço; como, por causa de distrações e atiçadas pelos desejos sensuais, sofremvariadamente dores múltiplas. Em conseqüência do que buscam nesse mundo e do que adquiriram,ainda sofrerão em um estado futuro dores variadas, no inferno, na criação bruta, no reino de Yama;sofrerão tais dores como pobreza no mundo dos deuses ou homens, união como pessoas ou coisasodiosas, e separação dos entes queridos. E enquanto, incessantemente, se envolvem nessa massa demales, estão a brincar, em folguedos, se divertindo; não temem, nem abominam, nem se tomam depânico; não sabem, nem ligam; não estão assustados, não tentam escapar, mas se distraem, naquelemundo tríplice que é como uma casa em chamas, e correm daqui para ali. Apesar de afogados por essamassa de males, não concebem a idéia de que deveriam disso se precaver.

Nessas circunstâncias, Sariputra, o Tathagata reflete assim: Verdadeiramente eu sou o pai dessesseres; eu os deveria salvar dessa massa de males e dar-lhes alegria imensa, inconcebível doconhecimento de Buda, com a qual deveriam se divertir, brincar e deleitar, onde achariam seusdescansos.

Então, Sariputra, o Tathagata reflete assim: Se, na convicção de possuir o poder doconhecimento e faculdades miraculosas, eu manifestar a esses seres o conhecimento, força e ausênciade hesitação do Tathagata, sem me servir de algum meio habilidoso, esses seres não escaparão. Poisestão apegados aos prazeres dos cinco sentidos, aos prazeres mundanos; não se libertarão donascimento, velhice, doença, morte, tristeza, choro, lamentação, dor, melancolia, cansaço, pelos quaissão queimados, atormentados, submetidos a vexames, aflitos. A menos que sejam forçados a deixar omundo triplo que é como uma casa cujo abrigo e teto estão em chamas, com se familiarizariam com oconhecimento de Buda?

Agora, Sariputra, assim mesmo como aquele homem de braços poderosos, sem se utilizar daforça de seus braços, atrai seus filhos para fora da casa em chamas através de um meio habilidoso, emais tarde lhes dá carros grandes, magníficos, assim, Sariputra, o Tathagata, o Arhat etc., penetrado doconhecimento e da liberdade de toda hesitação, sem os utilizar, para atrair as criaturas para fora domundo triplo que é como uma casa em chamas com abrigo e telhado corroídos, mostra, com seuconhecimento de meios habilidosos, três veículos, a saber, o veículo dos discípulos, o veículo dosPratyekabudas, e o veículo dos Bodhisatvas. Por intermédio desses três veículos ele atrai as criaturas eassim fala a elas: Não se fiem nesse mundo triplo, que é como uma casa em chamas, nessas formasmiseráveis, sons, odores, sabores, contatos. Pois, pelo deleite nesse mundo tríplice, somos queimados,aquecidos, inflamados com a sede inseparável dos prazeres dos cinco sentidos. Fugi desse mundotríplice; refugiai-vos nos três veículos: o veículo dos discípulos, o veículo dos Pratyekabudas, o veiculodos Bodhisatvas. Eu vos dou minha palavra, que eu vos darei estes três veículos; façam um esforçopara fugir desse mundo triplo. E para atrai-los eu digo: Esses veículos são grandes, elogiados pelosAryas e equipados com as coisas mais agradáveis. com tais ides folgar, brincar e se divertir de umanobre maneira. Sentireis grande alegria das faculdades, poderes, constituintes de Bodhi, meditações, os(oito) graus de emancipação, autoconcentração, e os resultados da auto-concentração, e vos tornareisgrandemente felizes e animados.

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Agora, Sariputra, os seres que se tornaram sábios tem fé no Tathagata, o pai do mundo, econseqüentemente aplicam-se às suas (orientações). Dentre eles existem alguns que, desejando seguir omandato de uma voz autoritária, se aplicam ao comando do Tathagata para adquirir o conhecimentodas quatro nobres verdades, para o seu próprio Nirvana completo. Esses se pode dizer serem aquelesque, desejando o veículo dos discípulos, fogem do mundo triplo, da mesma foram que alguns dosmeninos fogem de casa em chamas querendo um carro atrelado com veados. Outros seres desejososde ciência sem um mestre, de autocontrole e tranqüilidade, se aplicam ao comando do Tathagata paraaprender a compreender as causas e efeitos, por causa de seu próprio Nirvana completo. Esses se podedizer serem aqueles que, almejando o veículo dos Pratyekabudas, fogem do mundo tríplice, da mesmaforma que alguns meninos fogem de casa em chamas e desejando um carro atrelado com cabras.Outros, novamente desejosos do conhecimento onisciente, do conhecimento de Buda, doconhecimento do auto-gerado, a ciência sem um mestre, se aplicam ao comando do Tathagata paraaprender a compreender conhecimento, poderes e liberdade de hesitação do Tathagata, por causa dobem e felicidades gerais, por compaixão ao mundo, para o benefício, bem e felicidade do mundocomo um todo, ambos, divino e humano, para o Nirvana completo de todos os seres. Essespoderíamos dizer serem aqueles que desejando o grande veículo, escapam do mundo triplo. Portantosão chamados Bodhisatvas Mahasatvas. Podem ser comparados àqueles dentre os meninos que fugiramda casa em chamas pelo desejo de obter uma carroça atrelada com bois.

Da mesma forma, Sariputra, como aquele homem, ao ver seus filhos fugindo da casa em chamase sabendo que estavam felizmente a salvo e fora de perigo, com a consciência de sua grande riqueza,dá às crianças um só grande carro; assim, também, Sariputra, o Tathagata, o Arhat etc., ao ver muitokotis de seres recobrados do mundo triplo, libertos da tristeza, medo, terror, e calamidade, tendoescapado graças ao comando do Tathagata, livres de todo medo, calamidades e dificuldades, e tendoalcançado a felicidade do Nirvana, assim, também, Sariputra, o Tathagata, o Arhat etc., considerandoque possui uma grande riqueza de conhecimento, poder, e ausência de hesitação, e que todos os seressão suas crianças, os conduz por nenhum outro veículo alem do veículo do Buda ao desenvolvimentopleno. Mas ele não ensina um Nirvana particular para cada ser; ele faz com que todos os seresalcancem o Nirvana completo por intermédio do Nirvana completo do Tathagata. E aqueles seres,Sariputra, que ficam livres do mundo tríplice, a eles o Tathagata dá como brinquedos para que sedivirtam com os elevados prazeres do Aryas, os prazeres da meditação, emancipação,autoconcentração, e os seus resultados; (brinquedos) todos do mesmo tipo. Assim mesmo com aquelehomem, Sariputra, não pode ser dito ter contado uma falsidade por ter prometido aos filhos os trêsveículos e lhes dado a todos apenas um grande veículo, um magnífico veículo feito das sete substânciaspreciosas, decorado com todo tipo de ornamento, um veículo de um tipo, o mais insigne de todos,assim, também, Sariputra, o Tathagata, o Arhat etc., não diz uma falsidade quando, por intermédio deum meio habilidoso, ele primeiro apresenta três veículos e mais tarde os conduz a todos ao Nirvanacompleto pelo grande veículo único. Pois que o Tathagata, Sariputra, que é rico em tesouros e celeirosde abundante conhecimento, poderes, e ausência de hesitação, é capaz de ensinar a todos os seres a leique está relacionada com o conhecimento do onisciente. Dessa forma, Sariputra, deve-se compreendercomo o Tathagata, por um meio habilidoso e direção mostra apenas um veículo, o grande veículo.

E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes:39. Um homem tem uma velha casa, grande, mas muito decadente; os seus terraços estão se

decompondo e as colunas podres na base.40. As janelas e balcões estão parcialmente arruinados, a parede bem como o revestimento e

a argamassa se desfazendo; a cobertura mostra furos de idade; o teto está todo cheio de buracos. 41. Está ocupada por não menos de quinhentos seres; contendo muitos quartos e armários

cheios de excremento e coisas repugnantes.42. As vigas do teto estão completamente arruinadas; as paredes e divisória desmoronando;

kotis de abutres aninham-se nela, bem como pombas, corujas e outros pássaros.43. Há em cada canto terríveis serpentes, venenosíssimas e horríveis; escorpiões, ratos de

aparência terrível; é o domicilio de criaturas extremamente malignas de todo o tipo. 44. Alem disso, poder-se-ia encontrar ali seres que sequer pertenciam à raça humana. Está;

conspurcada com excremento e urina, e apinhada de vermes, insetos e mosquitos; ressoa com uivos decães e hienas.

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45. Nela estão horríveis hienas que devoram carcassas humanas; muitos cães e chacaisafoitamente procurando por matéria decomposta de cadáveres.

46. Aqueles animais enfraquecidos com perpétua fome entram e saem de vários lugares parase alimentarem de suas vítimas e discutindo enchem o lugar com seus uivos. Assim é essa a maishorrenda das casas.

47. Há também duendes extremamente malignos, que violam carcassas humanas; em várioslugares centopéias, enormes aranhas e víboras.

48. Esses animais arrastam-se em todos os cantos, onde constróem ninhos para depositaremas suas crias, que são por sua vez, com frequência, devoradas pelos duendes.

49. E quando aqueles duendes cruéis ficam saciados se alimentando da carne de outrascriaturas, de forma que seus corpos ficaram crescidos e dilatados, então eles mesmos começam a brigarfuriosamente ali.

50. Nos lugares ermos estão horríveis demônios malignos, alguns medindo um metro, outrosdois ou três metros, todos ágeis em seus movimentos.

51. Têm o hábito de pegarem cachorros pelo pés, jogá-los de cabeça para baixo no chão,fisgar-lhes o pescoço e causá-los padecimentos.

52. Vivem também fantasmas uivantes nus, pretos, evanescentes, altos e compridos, que,esfomeados e a cata de comida estão aqui e ali emitindo gritos de desespero.

53. Alguns têm uma boca como um arco, outro têm uma cabeça como uma vaca; são dotamanho de homens ou cães, com cabelos emaranhados e emitem gritos de reclamação por falta decomida.

54. Esses duendes, descorados, como abutres, ficam espreitando pelas janelas (afora) eatravés de buracos ou frestas à cata de comida.

55. Tal é aquela casa horrorosa, espaçosa e alta, mas muito deteriorada, cheia de buracos,frágil e horripilante. (Suponhamos) que seja de propriedade de um certo homem,

56. E que, enquanto ele está fora de casa, esta é envolvida por labaredas, repentinamente éarrebatada por um fogaréu de todos os lados.

57. As vigas e pilares consumidos pelo fogo, as colunas e divisórias em chamas estãoestalando assustadoramente, enquanto que fantasmas e duendes estão gritando.

58. Abutres são arrojados fora às centenas; demônios retiram-se com os rostos chamuscados;centenas de horríveis feras correm, queimadas de todos os lados, gritando e uivando.

59. Muitos pobres diabos perambulam, torrados pelo fogo; (enquanto que em fogo)dilaceram-se com os dentes mutuamente, e cospem os seus sangues uns nos outros.

60. Hienas também perecem ali, ao se consumirem umas às outras. Os excrementosqueimam, e uma fedentina repugnante espalha-se por todos os cantos.

61. As centopéias, tentando fugir, são devoradas pelos demônios. Os fantasmas, com oscabelos em labaredas, param pelo lugar, aflitos tanto pela fome quanto pelo calor.

62. Em tal estado está aquela horrenda casa, onde milhares de línguas de chamas se lançampor toda parte. Mas o homem que é o dono da casa observa de fora.

63. E ele ouve seus próprios filhos, cujas mentes estão ocupadas em brincar com joguetesem seus apegos por aquilo que os diverte, como todos fazem em suas ignorâncias.

64. E assim, logo que os ouve, rapidamente entra para salvá-los, para que as criançasignorantes não pereçam nas chamas.

65. Ele lhes mostra os problemas da casa e diz: Esta, moços de boa família, é uma casamiserável, horrenda; as várias criaturas que ali habitam e esse fogo para completar, fazem um enormeacúmulo de males.

66. Nela se acham cobras, duendes malignos, demônios, e fantasmas em grandesquantidades, hienas, matilhas de cães e chacais, bem com abutres, procurando por presas.

67. Tais seres vivem nessa casa, que, além do incêndio, é extremamente perniciosa, emiserável o bastante; e agora acontece ali o incêndio, crepitando de todos os lados.

68. As tolas crianças, contudo, apesar de advertidas, não ligam para as palavras de seu pai,iludidas como estão com seus brinquedos; nem sequer o compreendem.

69. Então o homem pensa: Eu estou (agora) angustiado por causa dos meus filhos. De queadianta ter filhos se os perdemos? Não, não perecerão neste fogo.

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70. De pronto um artifício lhe ocorre à mente. Essas crianças jovens (e ignorantes) gostamde brinquedos, e justo agora não têm nenhum com o qual se divertir. Ó, como são tolos!

71. Ele então lhes diz: Ouvi, meus filhos, eu possuo carros de diferentes tipos, atrelados comveados, cabras e excelentes bois, grandes, elevados e completamente equipados.

72. Estão fora da casa; corram para fora, façam com eles o que quiserem; por vossa causa euos fiz construir. Corram para fora todos juntos, e alegrai-vos de tê-los.

73. Todas as crianças, ao ouvirem falar de tais carros, excitam-se, e rapidamente vão emgalopada para fora e alcançam o ar livre, finalmente livres do perigo.

74. Vendo que as crianças saíram, o homem, encaminha-se para a praça do centro da aldeia,e dali, no trono em que se assenta, diz: Boas pessoas, agora me sinto aliviado.

75. Esses pobres filhos meus, que (eu) recuperei com dificuldades, meus (próprias ) carosvinte filhos (moços), estavam em uma casa horrível, miserável, cheia de (muitos) animais horripilantes.

76. Enquanto queimava e estava envolta em milhares de labaredas, nela se divertiambrincando, mas (agora eu os ) salvei (a) todos. Portanto (eu me) sinto ora muito feliz.

77. As crianças, vendo seu pai feliz, se lhe aproximaram, dizendo: Caro pai, dê-nos, comoprometeste, aqueles belos veículos dos três tipos;

78. E realize o que prometeste na casa, quando nos disseste, ‘Eu vos darei três tipos deveículos.’ Dá-nos; heis o momento certo.

79. Então o homem (como supúnhamos) tinha um enorme tesouro de ouro, prata, pedraspreciosas, e pérolas; ele possuía gado, numerosos escravos, domésticos, e veículos de vários tipos;

80. Carros feitos de materiais preciosos, atrelados com bois excelentes, com bancos e umafila de sinos tocando, decorados com guarda sóis e bandeirolas, e adornados com uma rede de gemas epérolas.

81. Eles estão embelezados com ouro e guirlandas artificiais dependuradas aqui e ali,recobertos de tecido branco de excelente qualidade .

82. Esses carros estão equipados além disso com almofadas escolhidas de seda brancaservindo para encosto, e cobertos de esmerados tapetes representando as imagens de cisnes e garças, evalendo milhares de kotis.

83. Os carros são puxados por bois brancos, bem alimentados, fortes, de grande porte,muito bois, que são atendidos por numerosas pessoas.

84. Tais carros primorosos aquele homem dá a todos seus filhos, que, alegres e excitados, vãobrincar com eles por toda parte.

85. Da mesma forma, eu, Sariputra, o grande Vidente, sou o protetor e pai de todos os seres,e todas as criaturas, que, como crianças são cativas pelos prazeres do mundo triplo, são meus filhos.

86. Este mundo triplo é tão medonho quanto aquela casa, cheia de inúmeros males,completamente incendiado de todos os lados por centenas de diferentes tipos de nascimento, velhice edoença.

87. Mas eu, que estou desapegado do mundo triplo e sereno, vivo em retiro absoluto em umbosque. Esse mundo triplo é o meu domínio, aqueles que ali estão sofrendo do calor sufocante sãomeus filhos.

88. E eu lhes falei de seus males porque havia resolvido salvá-los, mas eles não me ouviram,porque todos eles eram ignorantes e seus corações estavam apegados aos prazeres dos sentidos.

89. Então eu empreguei um meio habilidoso, e lhes falei dos três veículos, lhes mostrandoassim os meios de se evadirem dos numerosos males do mundo tríplice dos quais estou inteirado.

90. E aqueles de meus filhos que a mim aderirem, que são poderosos nas seis faculdadestranscendentais (Abhignas) e na ciência tríplice, os Pratyekabudas, bem como os Bodhisatvas incapazesde deslizar em retrocesso;

91. E aqueles (outros) que são igualmente meus filhos, a eles estou ora mostrando, porintermédio desta excelente alegoria, o veículo de Buda único. Recebe-o; todos vós vos tornareis Ginas.

92. É muito excelente e doce, o que há de mais exaltado no mundo, aquele conhecimentodos Budas, os mais elevados dentre os homens; é algo sublime e adorável.

93. Os poderes, meditações, graus de emancipação e auto-concentração por muitas centenasde kotis, que é o veículo exaltado no qual os filhos de Buda deleitam-se infindavelmente.

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Saddharma-Pundarika / Uma Parábola / Capítulo 3

94. Brincando com ele, passam dias e noites, semanas, meses, estações, anos, kalpasintermediários, não, milhares de kotis de kalpas.

95. Esse é o elevado veículo de jóias que os Bodhisatvas diversos e os discípulos ouvindo oSugata, empregam para ir brincar no terreno da iluminação.

96. Saiba então, Tishya, que não existe um segundo veículo nesse mundo em parte alguma aser encontrado, em qualquer direção em que procurares, alem do engenho (mostrado) pelo maiselevado dentre os homens.

97. Vós sois meus filhos, eu vosso pai, que vos removeu da dor, do mundo tríplice, do medoe do perigo, quando estáveis queimando por muitos kotis de Aeons.

98. E eu estou ensinando o descanso abençoado (Nirvana), tanto que apesar de não haverdesainda alcançado o descanso (final), estais livres das dificuldades, do torvelinho mundano, contanto quesigais o veículo dos Budas.

99. Quaisquer Bodhisatvas aqui presente obedecem minhas regras de Buda. Tal é a habilidadedo Gina que disciplina inúmeros Bodhisatvas.

100. Quando as criaturas desse mundo se deleitam em prazeres baixos e desprezíveis, então oChefe do mundo que sempre diz a verdade, indica a dor como a (primeira) grande verdade.

101. E aqueles que são ignorantes e primários demais para descobrir a raiz daquela dor euabro o caminho: ‘Despertar para a plena consciência, o desejo forte é a origem da dor.’

102. Tentai sempre, desapegados, suprimir o desejo. Essa é minha terceira verdade, aquela dasupressão. É um meio infalível de libertação; pois que praticando esse método, dever-se-á tornaremancipado.

103. E do que são eles emancipados, Sariputra? Eles são emancipados de quimeras. Contudo,não estão completamente livres; o Chefe declara que ainda não alcançaram o descanso (final ecompleto) nesse mundo.

104. Por que é que eu não anuncio que a pessoa está livre antes de ter alcançado a iluminaçãosuprema mais elevada? (porque) tal é a minha vontade; eu sou o regente da lei, que nasci nesse mundopara levá-lo à felicidade.

105. Essa, Sariputra, é a palavra final de minha lei que agora pela última vez eu pronunciopelo bem do mundo, inclusive dos deuses. Pregai-a por todas as direções.

106. E se alguém vos disser essas palavras, ‘Eu alegremente aceito,’ e com os sinais reverênciamais completa recebe esse Sutra, podes considerar aquele como sendo incapaz de escorregar para trás.

107. Para acreditar-se nesse Sutra, se deve ter visto a Tathagatas anteriores ter-lhes prestadohonras, e ouvido uma lei similar a essa.

108. Para acreditar em minha palavra suprema deve-se ter-me visto; tu e a assembléia demonges viram todos esses Bodhisatvas.

109. Esse Sutra pode surpreender ao ignorante e eu não o pronuncio antes de ter penetradoo conhecimento superior. Verdadeiramente não está ao alcance de discípulos, nem chega a ele osPratyekabudas.

110. Mas tu, Sariputra, tens boa vontade, sem falar de meus outros discípulos aqui. Elescaminharão em minha fé, apesar de cada qual não poder ter o seu conhecimento individual.

111. Mas não divulgue esse assunto a pessoas arrogantes, nem presunçosas, nem a Yogins,que não sejam autocontrolados; pois os tolos, sempre ligados a prazeres sensuais, podem em suascegueiras, zombar da lei manifesta.

112. Agora, ouvi os resultados tenebrosos quando se zomba de minha habilidade e das regrasde Buda para sempre fixas no mundo; quando a pessoa, com a testa franzida, zomba do veículo.

113. Ouvi o destino daqueles que zombaram de um tal Sutra como esse, quer seja durante opercurso de minha vida ou depois de meu Nirvana, ou que lidaram torpemente com os monges.

114. Depois de terem desaparecido dentre os homens, morarão no inferno mais inferior(Avtki) durante um kalpa inteiro, e daí em diante descerão mais e mais, os tolos, passando através derepetidos nascimentos por muitos kalpas intermediários.

115. E quando desaparecerem dentre os habitantes do inferno, descerão mais à condição debrutos, a serem mesmo como cães e chacais, e tornam-se o brinquedo de outros.

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Saddharma-Pundarika / Uma Parábola / Capítulo 3

116. Nessas circunstâncias, ficarão de cor negra, manchados, cobertos de pústulas, secoçando; além disso ficarão sem cabelo e fracos, (todos) aqueles que têm aversão à minha iluminaçãosuprema.

117. São para sempre desprezados entre os animais; atingidos por torrões de lama, ou armaseles gritam; por toda parte são ameaçados com bastões, e seus corpos estão emaciados de fome e desede.

118. Às vezes tornam-se camelos ou burros, levando fardos, e são atiçados com chicotes evaras; constantemente se ocupam com pensamentos de satisfazer o estômago, os tolos que zombaramda regra de Buda.

119. Outras vezes tornam-se feios chacais, morcegos e aleijados; as criaturas indefesas sãohumilhadas pelos garotos da aldeia, que lhes atiram paus e pedras.

120. Novamente, fugindo daquele lugar aqueles tolos se tornam animais com corpos dequinhentos yoganas, girando em volta, broncos e preguiçosos.

121. Não têm pé, e arrastam-se em suas barrigas; para serem devorados por muitos kotis deanimais é a punição que têm que sofrer por terem zombado de um Sutra como este.

122. E, sempre que assumam uma forma humana, nascem aleijados, disformes, tortos, comuma só vista, cegos, broncos, e baixos, não tendo fé nesse Sutra.

123. Ninguém quer ficar perto deles; um cheiro pútrido constantemente exala-se de suasbocas; um espirito mau entra no corpo daqueles que não dão fé nessa iluminação suprema.

124. Necessitados, obrigados a fazerem trabalho servil, sempre a serviço de outros, débeis, esujeitos a muitas doenças vão pelo mundo desprotegidos.

125. O homem a quem aconteça estarem servindo, não tem vontade de lhes dar muito, e oque dado, logo é perdido. Tal é o fruto do pecado.

126. Mesmo os medicamentos mais bem preparados, administrados a si por médicos hábeis,não fazem mais que, nessas circunstâncias, aumentar suas doenças, e a doença não tem mais fim.

127. Alguns cometem crimes, assaltos, ou atos de hostilidade, enquanto que outroscometem furtos de bens; (tudo isso) recai o pecador.

128. Nunca ele percebe o Senhor do mundo, o Rei dos reis, reinando sobre a terra, pois estácondenado a viver em uma época errada, aquele que zomba de minha regra de Buda.

129. Nem ouve, aquele tolo, a lei; ele é surdo e sem tato; nunca acha o descanso, porquezombou dessa iluminação.

130. Durante muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons, iguais às areias doGanges, ele será parvo e defeituoso, esse é o mal resultado de zombar desse Sutra.

131. O inferno é seu jardim (ou mosteiro), um lugar de infortúnio a sua moradia; estácontinuamente vivendo entre burros, porcos, chacais e cães.

132. E quando assumir uma forma humana será cego, surdo e estúpido, o servo de um outro,e sempre pobre.

133. Doenças, miríades de kotis de feridas no corpo, escamas, lepra, pústulas, um cheiroruim são, naquela condição, a sua cobertura e aparência.

134. A sua vista é fraca para distinguir o real. A cólera manifesta-se fortemente nele, e suaspaixões são extremamente violentas; ele sempre se deleita em ventres animais.

135. Fosse eu, Sariputra, durante um Aeon inteiro, prosseguir enumerando os males daquelesque zombam do meu Sutra, não chegaria a um termo.

136. E já que estou plenamente consciente disso, eu vos ordeno, Sariputra, que nãoexponhas um tal Sutra (ante) tolos.

137. Mas aqueles que são sensíveis, instruídos, pensadores, argutos, e bem lidos, que lutampela iluminação suprema mais elevada, a eles exponha o seu real significado.

138. Aqueles que viram muitos kotis de Budas, plantaram imensuravelmente muitas raízes debondade, e cumpriram uma promessa forte, a eles exponha o seu verdadeiro significado.

139. Aqueles que, cheios de energia e sempre bondosos, durante um longo tempodesenvolveram o sentimento de bondade, deixaram cair corpo e vida, em suas presenças podes pregaresse Sutra.

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Saddharma-Pundarika / Uma Parábola / Capítulo 3

140. Aqueles que demonstram amor e respeito mútuo, não mantém intercurso com pessoasignorantes e estão contentes por viverem em cavernas nas montanhas, a eles exponha esse Sutraconsagrado.

141. Se vires filhos de Buda que se ligam a amigos virtuosos e evitam maus amigos, entãorevele a eles esse Sutra.

142. Aqueles filhos do Buda que não quebraram os votos morais, são puros como gemas ejóias, e devotados ao estudo dos grandes Sutras, diante destes podes apresentar este Sutra.

143. Aqueles que não são irritáveis, sempre serenos, cheios de compaixão por todos os seresvivos, e respeitosos frente ao Sugata, diante destes podes apresentar este Sutra.

144. Para aquele que na congregação, sem qualquer hesitação e distração da mente, fala paraexpor a lei, com muitas miríades de kotis de ilustrações, podes manifestar este Sutra.

145. E aquele que, desejoso por obter todo-o-conhecimento, respeitosamente ergue suasmãos postas até sua cabeça, ou que procura em todas as direções encontrar algum monge deeloqüência sagrada;

146. E aqueles que mantém (na memória) os grandes Sutras, enquanto que nunca mostramqualquer gosto por demais livros, nem sequer sabem uma só estrofe de outro trabalho que seja; paraesses todos podes expor esse Sutra sublime.

147. Aquele que procura um tão excelente Sutra como esse, e depois de o obter,devotadamente o reverencia, é como o homem que usa a relíquia do Tathagata que procuravaansiosamente.

148. Não ligues para outros Sutras nem outros livros, onde uma filosofia profana é divulgada;tais livros são para os tolos; evite-os e pregue esse Sutra.

149. Durante um Aeon inteiro, Sariputra, eu poderia discorrer acerca dos milhares de kotis depontos (relacionados), (mas isso basta); podes revelar esse Sutra a todos aqueles que lutam pelailuminação suprema mais elevada.

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Saddharma-Pundarika / Disposição / Capítulo 4

CAPÍTULO 4

DISPOSIÇÃO

uando o venerável Subhuti, o venerável Mahakatyayana, o venerável Maha-Kasyapa, e o venerávelMaha-Maudgalyayana ouviram essa lei que nunca antes havia sido revelada, e da própria boca doSenhor, eles ouviram o destino futuro de Sariputra para iluminação suprema e perfeita, foramtomados de espanto, deslumbramento e êxtase. Imediatamente levantaram-se de seus assentos eforam ao lugar onde sentava-se o Senhor; depois de atirarem seus mantos sobre um dos ombros,

fixarem o joelho direito no chão e levantarem suas mãos postas ante o Senhor, fitando-lhe, seuscorpos curvados, dobrados para baixo e inclinados, (eles) se dirigiram ao Senhor desta forma:

Senhor, somos velhos, idosos, avançados em anos; honrados como veteranos nessa assembléiade monges. Corroídos pela idade, imaginávamos ter alcançado o Nirvana; não fazemos nenhumesforço, Ó Senhor, pela perfeita iluminação suprema; nossa força e prática são inadequadas para tanto.Apesar do Senhor ter pregado a lei e continuado sentado por tanto tempo, e apesar de termosassistido a esse pregar da lei, ainda, Ó Senhor, como estivemos por tanto tempo meditando e portanto tempo atendendo ao serviço do Senhor, nossos membros maiores e menores, bem como juntase articulações começam a doer. Daí, Ó Senhor, somos incapazes, apesar da pregação do Senhor, deperceber o fato que tudo é vaidade (ou vazio), sem propósitos (ou sem causa, ou incondicionado) enão-fixo; não concebemos desejo pelas leis de Buda, as divisões dos campos de Buda, os jogos dosBodhisatvas ou Tathagatas. Pois que tendo fugido do mundo tríplice, Ó Senhor, imaginávamos teralcançado o Nirvana e estamos envelhecidos. Segue-se, Ó Senhor, apesar de termos exortado osoutros Bodhisatvas e instruído-os na iluminação suprema perfeita, ao assim fazermos, nuncaconcebemos um só pensamento de desejo. E justo agora, Ó Senhor, ouvimos (do Senhor) que osdiscípulos podem estar predestinados para a iluminação suprema e perfeita. Estamos espantados eatônitos, e consideramos como um grande ganho, Ó Senhor, que hoje, de repente, ouvimos do Senhoruma voz tal como nunca dantes havíamos ouvido. Adquirimos uma jóia magnífica, Ó Senhor, uma jóiaincomparável. Não procuramos, nem investigamos, nem esperamos, nem requeremos uma talmagnífica jóia. Tornou-se claro para nós, Ó Senhor; tornou-se claro para nós, Ó Sugata.

É o caso, Ó Senhor, como se um certo homem deixasse o seu pai e fosse a alguma outra parte.Ele vive lá, em lugares estrangeiros, durante muitos anos, vinte ou trinta, ou quarenta ou cinqüenta. Nodecorrer do tempo, um (o pai) se torna um grande homem; o outro (o filho) permanece pobre; à catade um ganha-pão para comer e vestir, ele erra em todas as direções e (vai) a algum lugar, enquanto queseu pai se muda para outro país. O último possui agora muita riqueza, ouro, prata, tesouros e celeiros;possui muitas peças de ourivesaria, prataria, muitas jóias, pérolas, lápis-lazuli, corais, conchas e pedraspreciosas; muitos escravos homens e mulheres, serviçais para o trabalho subalterno, e caixeirosviajantes; é rico em elefantes, cavalos, carruagens, gado e ovelhas. Mantém uma grande comitiva; tem oseu dinheiro investido em grandes áreas, e realiza grandes negócios, empréstimo de dinheiro,agricultura e comercio.

No decurso do tempo, Senhor, aquele homem depauperado, à cata de comida, bem como deroupa, vagando pelas aldeias, cidades, vilas, províncias, reinos, e capitais, acaba chegando ao lugar ondeseu pai, o proprietário de excessiva riqueza e ouro, tesouros e celeiros, está residindo. Agora, o pai do homem pobre, Senhor, o proprietário de excessiva riqueza e ouro, tesouros e celeiros,que residia naquela cidade, nunca tinha esquecido completamente o filho que havia perdido cinqüentaanos atrás, mas não menciona isso aos outros, e apenas pensava consigo mesmo: eu sou velho,avançado em anos, e possuo abundância de ouro, prata, dinheiro, e milho, tesouros e celeiros, masnão tenho herdeiros. É para ser temido que a morte me alcance e que tudo isso pereça sem uso.Repetidamente pensava ele naquele filho: Ó como ficaria feliz, se meu filho entrasse na posse destariqueza toda!

Q

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Saddharma-Pundarika / Disposição / Capítulo 4

Nesse meio tempo, Senhor, o homem pobre à cata de comida e roupa, aos poucos chegavaperto da casa do homem rico, o proprietário, de pratarias, ouro, dinheiro e milho, tesouros e celeirosabundantes. E aconteceu que o pai do homem pobre estava sentado à porta de sua casa, cercado eatendido por uma grande multidão de Brahmans, Kshatriyas, Vaisyas e Sudras; sentava-se em um tronomagnifico com o pé de apoio coroado em ouro e prata, enquanto negociava com centenas de milharesde peças de ouro, e abanado por um grande leque , debaixo de um toldo estendido, incrustado compérolas e flores, e adornado com guirlandas suspensas de jóias; sentando-se (em resumo) em grandepompa. O homem pobre, Senhor, viu seu próprio pai revestido de tal pompa, sentando-se à porta dacasa, cercado por uma grande multidão de pessoas e fazendo negócios de um senhor de uma casa. Ohomem pobre, apavorado, terrificado, alarmado, tomado de um sentimento de horror por todo corpo,e agitado espiritualmente, refletiu assim: inesperadamente me deparei aqui, aparentemente com um reiou uma pessoa importante. Gente como eu nada tem a fazer aqui; deixe-me ir embora; na rua dospobres é possível que eu ache comida e roupa sem muita dificuldade. Deixe-me ir logo embora daqui, amenos que eu seja pego para fazer trabalho forçado ou venha a incorrer em alguma outra infelicidade.

Com isso, Senhor, o homem pobre parte precipitadamente, corre dali, não se deixa ficar, commedo de uma série de perigos imaginados. Mas o homem rico, sentado no trono na porta de suamansão , reconhece seu filho à primeira vista, em conseqüência (do que) ele fica feliz, cheio de espírito,encantado, deleitado, cheio de alegria e entusiasmo. Ele pensa: Maravilhoso! aquele que gozará dessaquantidade de prata, ouro, dinheiro e milho, tesouros e celeiros, foi finalmente achado! Aquele emquem tenho estado, repetidamente, pensando, aqui se encontra agora que (eu) estou velho, idoso,avançado em anos.

No mesmo momento, instante e tempo, Senhor, ele despacha mensageiros, a quem ele diz: Ide,senhores, e rapidamente trazei-me aquele homem. Os mensageiros logo correm a toda velocidadeapanham o homem pobre, que, assustado, amedrontado, alarmado, tomado de um sentimento dehorror por todo (seu) corpo, agitado espiritualmente, solta um lamentável grito de desespero, grita eexclama: eu não vos fiz qualquer ofensa! Mas os camaradas, ainda assim, arrastam o homem pobre,embora esse reclamasse, violentamente com eles. Ele, assim alarmado, assustado, amedrontado,tomado de um sentimento de horror por todo seu corpo, agitado espiritualmente, imagina o seguinte:eu temo que isto vá implicar em pena capital; estou perdido. Ele desmaia e cai por terra. Seu pai,desapontado e quase desanimado diz aos empregados. Não transportem esta pessoa desse forma. Comessas palavras ele o borrifa com água fria, mas sem mais se dirigir a ele. Pois o dono da casa conhece adisposição humilde do pobre e sua própria posição elevada; e contudo ele sente que o homem é seufilho.

O dono da casa, Senhor, habilmente esconde de todos que aquele é seu filho. Ele chama um deseus serviçais e lhe diz: Vais, tu, em direção àquele pobre e lhe diga: Vais, tu, onde quiseres; sois livre.O serviçal obedece, se aproxima do pobre e lhe diz: Vais, tu, onde quiseres; sois livre. O pobre homemfica espantado e atônito ao ouvir essas palavras; ele deixa aquele lugar e vagueia pelas ruas dos pobres àcata de comida e roupa. Para atraí-lo, o dono da casa emprega um hábil artificio. Ele encarrega paratanto, dois homens de má reputação e parca personalidade. Ide, diz ele, ide ao homem que vistes nestelugar; emprega-o sob vosso próprio nome por uma diária dupla, e ordena-lhe que faça o trabalho aquiem minha casa. E se ele perguntar: Que trabalho terei que fazer? dizei-lhe: Ajude-nos a limpar omonturo de esterco . Os dois camaradas vão, e procuram o pobre, e o empregam para o tal trabalhocomo combinado. Assim os dois (camaradas) juntamente com o pobre, passam a limpar o monturo deesterco pela paga diária que recebem do homem rico, enquanto (que) dorme em um monte de feno navizinhança da moradia do homem rico. E aquele homem rico vê por uma janela seu próprio filho,limpando o monturo de esterco, e esta visão lhe enche novamente de admiração e espanto.

Então o dono da casa desce de sua mansão, despe sua guirlanda e ornamentos, retira o seuvestuário macio, limpo e suntuoso, coloca roupas sujas, toma de uma cesta em sua mão direita, esfregao seu corpo com poeira, e dirige-se a seu filho, a quem cumprimenta de longe, e diz: por favor, tomeas cestas e sem demora remova a poeira. Com isto, ele consegue dialogar com seu filho, ter umaconversa com ele e diz: Fiques, tu, aqui a meu serviço; não vás novamente a outro lugar; eu te dareipagamento extra, e o que quiseres, podes confidentemente me pedir, seja o preço de um pote, um potemenor, uma panela, ou madeira, ou seja o preço de sal, comida ou roupa. Eu tenho um velho casaco,homem; se o quiseres, pedis por ele, eu o darei a ti. Fique à vontade, camarada; tenha-me em conta de

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Saddharma-Pundarika / Disposição / Capítulo 4

teu pai, pois eu sou mais velho e tu és mais jovem, e tu prestastes bom trabalho, limpando estemonturo de esterco, e enquanto estivestes a meu serviço, nunca mostrastes maldade, ou esperteza,arrogância ou hipocrisia; eu não descobri em vós vicio algum tais como são vistos em outros serviçaishomens. De agora em diante, és como meu próprio filho.

Desde então, Senhor, o dono da casa se dirige ao homem pobre pelo nome de filho e esseúltimo sente-se em presença do dono da casa como um filho em relação a seu pai. Dessa maneira,Senhor, o dono da casa aflito por saudades de seu filho, emprega-o para limpar o monturo de estercodurante vinte anos, ao cabo dos quais o pobre sente-se completamente à vontade na mansão paraentrar e para sair, apesar de continuar a morar no monte de feno.

Depois de um certo tempo, Senhor, o dono da casa fica doente e sente que a hora da morte seaproxima. Ele diz ao pobre: Vem cá, homem, eu tenho prata, ouro, dinheiro, e milho, tesouros eceleiros abundantes. Eu estou muito doente e desejo ter alguém a quem entregar (minha riqueza); porquem será de tal forma recebida e com quem ficará depositada: Aceite-a. Pois da mesma forma que(eu) sou o dono dela, assim és tu, mas não admitirás que nada dela seja desperdiçada.

E assim, Senhor, o homem pobre aceita a prata, ouro, dinheiro e milho, tesouros e celeirosabundantes do homem rico, mas, para si mesmo, é completamente indiferente a ela, e nada requerdela, nem mesmo tanto quanto o preço de uma prastha de farinha; ele continua morando no mesmomonte de feno e se considera da mesma forma tão pobre como anteriormente.

Depois de algum tempo, Senhor, o dono de casa percebe que seu filho é capaz de economizar,maduro e mentalmente desenvolvido; que na consciência de sua nobreza ele se sente envergonhado,diminuído, enojado de pensar em sua pobreza anterior. A hora de sua morte se aproxima e ele mandachamar o pobre, apresentando-o ante uma reunião de seus conhecidos e, ante o rei, ou pares do rei eem presença dos cidadãos e pessoas do campo, faz o seguinte discurso: Ouvi, senhores! este é meupróprio filho, por mim gerado. Faz agora cinqüenta anos que ele desapareceu de tal cidade. ele sechama tal e tal, e eu mesmo me chamo assim e assado. Procurando-o, eu vim daquela cidade até esta.Ele é o meu filho, eu, o seu pai. A ele eu deixo todas as minhas rendas, e toda minha riqueza pessoal(ou particular), deva ele reconhecer-se ( a si mesmo).

O homem pobre, Senhor, ouvindo esse discurso, ficou embasbacado e atônito; ele pensou de sipara si: Inesperadamente adquiri eu essas barras de ouro, prata, dinheiro e milho; tesouros e celeiros.

Assim mesmo, Ó Senhor, representamos nós os filhos do Tathagata, e o Tathagata nos diz; Soisos meus filhos, como o fez o dono da casa. Estávamos oprimidos, Ó Senhor, com as três dificuldades,a saber, a dificuldade da dor, a dificuldade das reflexões, a dificuldade da transição (ou evolução); e notorvelinho mundano, dispunhamos-nos ao que era baixo. Então fomos instados pelo Senhor aponderar sobre as numerosas leis inferiores (ou condições) que são semelhantes a um monturo deesterco. Uma vez dirigidos a ele, temos praticado, nos esforçado, e procurado por nada exceto oNirvana como nosso pagamento. Estávamos satisfeitos, Ó Senhor, com o Nirvana obtido, e pensamoster ganho muito das mãos do Tathagata, por termos nos aplicado a essas leis, praticado e feitoesforços. Mas o Senhor não nos dá tento, não se mistura a nós, nem nos diz que esse tesouro doconhecimento do Tathagata pertencerá a nós, apesar do Senhor, habilidosamente, nos indicar comoherdeiros desse tesouro do conhecimento do Tathagata. E nós, Ó Senhor, não estamos desejandoimpacientemente ganhá-lo, porque estimamos como um grande ganho, já ter recebido do Senhor oNirvana como nosso pagamento. Pregamos aos Bodhisatvas Mahasatvas um sublime sermão sobre oconhecimento do Tathagata; explicamos, mostramos, demonstramos o conhecimento do Tathagata, ÓSenhor, sem desejos. Pois que o Tathagata, com sua habilidade, conhece nossa disposição, enquantoque nós mesmos não a conhecemos, nem a compreendemos. É por essa razão mesma que o Senhor,justo agora, nos diz que somos para ele como seus filhos, e que ele nos lembra que somos herdeiros doTathagata. Portanto o caso fica assim: somos como filhos para o Tathagata, mas baixos (ou humildes )de disposição; o Senhor percebe a força de nossa disposição e nos aplica a denominação deBodhisatvas; somos, contudo, encarregados de um duplo emprego, já que, em presença dosBodhisatvas, somos chamados de pessoas com disposição baixa e, ao mesmo tempo, temos de levá-losà iluminação do Buda. Conhecendo a força de nossa disposição, o Senhor nos disse assim, e dessaforma, Ó Senhor, dizemos que obtivemos inesperadamente e sem esperar por isso, a jóia daonisciência, que não desejamos, nem procuramos, nem almejamos, nem esperamos, nem requeremos,e isto tanto quanto somos os filhos do Tathagata.

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Saddharma-Pundarika / Disposição / Capítulo 4

Naquela ocasião o venerável Maha-Kasyapa pronunciou as seguintes estrofes;1. Estamos tomados de espanto, atônitos, e em êxtase ao ouvir uma voz; é a voz adorável, a

voz do líder, que tão inesperadamente ouvimos hoje. 2. Em um breve momento adquirimos uma grande quantidade de jóias preciosas tais como não

pensávamos ou requeríamos. Todos nós estamos surpresos em ouvi-lo. 3. É como a história de um jovem que seduzido por tolos, foi embora de perto de seu pai e

vagueou por outro país distante. 4. O pai ficou triste ao perceber que seu filho havia fugido e, em sua tristeza, caminhou pelo país

em todas as direções por não menos que cinqüenta anos.5. À procura de seu filho ele chegou a uma grande cidade, onde construiu uma casa e ali viveu,

abençoado com tudo o que pode gratificar os cinco sentidos6. Ele tinha muito ouro, prata, dinheiro e milho, conchas, pedras e coral; elefantes, cavalos, e

empregados; vacas, gado e ovelhas.7. Juros, rendas, propriedades rurais; escravos e escravas, e um grande número de serviçais; era

altamente reverenciado por milhares de kotis e um constante favorito do rei.8. Os cidadãos inclinam-se a ele com as mãos postas, bom como os aldeões dos distritos rurais;

muitos mercadores vêm a ele, (e) pessoas encarregadas de numerosos assuntos.9. De tal forma o homem se torna rico, mas fica velho, idoso, avançado em anos, e passa dias e

noites sempre triste, mentalmente, devido a seu filho. 10. ‘Já fazem cinqüenta nos desde que aquele tolo filho meu fugiu. Eu tenho muita riqueza e a

hora de minha morte se aproxima’.11. Enquanto isso, aquele tolo filho está vagueando de aldeia em aldeia, pobre miserável,

procurando comida e roupa.12. Quando mendigando, ele às vezes obtém algo, outras vezes não. Fica magro em suas viagens,

o menino tolo, enquanto o seu corpo fica contaminado com feridas e alergias.13. No decurso do tempo ele, em suas andanças, alcança a cidade onde mora seu pai, e vai à

mansão de seu pai para mendigar comida e roupa. 14. E o homem rico, poderoso, acontece estar sentado na porta, em um trono, sob um toldo

estendido no céu e cercado por muitas centenas de seres vivos.15. Seus empregados sentam-se à sua volta, alguns deles contando dinheiro e barras de ouro,

alguns escrevendo contas e notas, alguns emprestando dinheiro a juros.16. O pobre fica vendo a mansão esplêndida daquele dono de casa, pensa consigo mesmo: Onde

estou eu? Este homem deve ser um rei ou uma pessoa de muita influência.17. Que eu não incorra em alguma injúria e venha a ser pego para fazer trabalho forçado. Com

essas reflexões ele vai embora, perguntando pela estrada para a rua dos pobres.18. O homem rico, no trono, está feliz por ver seu próprio filho e despacha mensageiros com a

ordem de trazê-lo de volta.19. Os mensageiros imediatamente o agarram, mas tão logo ele foi pego, desmaia (pois pensa); o

que será que ele quer comigo?20. Vendo isso, o rico e sagaz homem (pensa): Essa pessoa estúpida e ignorante é de baixa

disposição e não terá confiança em minha magnanimidade, nem crerá que sou seu próprio pai.21. Nessas circunstâncias ele ordena a pessoas de caráter servil, tortuosos, caolhos, aleijados, mal

apresentados e obscuros, para irem e procurarem aquele homem que fará trabalho manual.22. ‘Entra a meu serviço e limpe o monturo pútrido de esterco, repleto de fezes e urina; eu te

darei um salário duplo’(são as palavras da mensagem).23. Ouvindo essa chamada, o homem pobre vem e limpa o dito lugar; ele então passa a habitar

sob um alpendre próximo à mansão.24. O homem rico, continuamente, observa-o pela janela (e pensa): Lá está o meu filho, engajado

em uma ocupação baixa, limpando o monturo de esterco. 25. Então ele desce, pega uma cesta, coloca roupas sujas e se aproxima do homem. Ele o

repreende, dizendo; Não fazes o teu trabalho.26. Eu te darei salário duplo e duas vezes mais óleo para os pés; eu te darei comida com sal, ervas

para cozinhar e, além disso, um manto.

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Saddharma-Pundarika / Disposição / Capítulo 4

27. Assim, ele repreende-o nessa oportunidade, porém, mais adiante (ele) sabiamente reconcilia-se com ele (dizendo): Fazes o teu trabalho muito bem realmente; és o meu filho certamente; não háqualquer dúvida sobre esse assunto .

28. Pouco a pouco ele faz o homem entrar na casa, e emprega-o, a seu serviço, durante vinteanos ao todo, no decurso do qual ele consegue inspirar-lhe (com) confiança.

29. Ao mesmo tempo, ele empilha na casa ouro, pérolas e cristal, faz as somas do total e estásempre ocupado, mentalmente, com toda aquela propriedade.

30. O homem ignorante, que está vivendo fora da mansão, sozinho sob um alpendre, nãoacalenta outras idéias senão as de pobreza, e pensa de si para si: Minhas não são tais possessões!

31. O homem rico, apercebendo-se disto (pensa); Meu filho chegou à consciência da suanobreza. Ele conclama então uma reunião de seus amigos e parentes (e diz): Eu darei todas as minhaspropriedades a esse homem.

32. No meio da assembléia onde o rei, (os) burgueses, cidadãos e muitos mercadores estavampresentes, ele falou assim: Este é o meu filho, que eu perdi há tanto tempo atrás.

33. Faz agora cinqüenta anos — e mais vinte, durante os quais eu o vi - que ele desapareceu detal e tal lugar e que, à sua procura, eu cheguei a este lugar onde moro.

34. Ele é o dono de todas as minhas propriedades; a ele eu as deixo todas e completamente; queele faça delas o que bem entender; eu lhe dou todos meus bens de família.

35. E o homem (pobre) fica surpreso, lembrando-se de sua anterior pobreza, sua disposiçãobaixa e, enquanto recebe aquelas boas coisas de seu pai e os bens de família, ele pensa: Agora sou euum homem feliz.

36. De forma semelhante não nos declarou o líder, que conhece nossa disposição inferior: Vósvos tornareis Budas, ’ mas ‘Vós sois, certamente, meus discípulos e filhos.’

37. E o Senhor do mundo nos exorta: Ensine, Kasyapa, o caminho superior para aqueles quelutam por alcançar o pico mais elevado da iluminação, o caminho segundo o qual eles se tornarãoBudas.

38. Sendo assim ordenados pelo Sugata, nós mostramos o caminho a muitos Bodhisatvas degrande poder, por intermédio de miríades de kotis de ilustrações e provas.

39. E ouvindo-nos, os filhos do Gina realizam aquele caminho elevado para alcançar ailuminação, e nesse caso recebem a predição de que se tornarão Budas neste mundo.

40. Tal é o trabalho que fazemos exaustivamente, preservando este tesouro da lei e revelando-oaos filhos do Gina, da maneira daquele homem que mereceu a confiança daquele (outro homem).

421. Contudo, apesar de difundirmos o tesouro de Buda, nos sentimos pobres; não requeremoso conhecimento do Gina, e contudo, ao mesmo tempo, o revelamos.

42. Imaginamos um Nirvana individual; até aí, não mais, alcança o nosso conhecimento; nemjamais nos alegramos em ouvir as divisões dos campos de Buda.

43. Todas essas leis são sem erro, inamovíveis, isentas de fim e começo; mas não há leis nelas.Ao ouvirmos isso, contudo, não o podemos crer.

44. Deixamos de lado toda a aspiração ao conhecimento superior do Buda há muito tempo atrás;nunca nos devotamos a ele. Essa é a última e decisiva palavra dita pelo Gina.

45. Nessa existência corpórea, finalizada com o Nirvana, acostumamos, continuamente, osnossos pensamentos ao vazio; fomos libertos dos males do mundo tríplice dos quais sofríamos, erealizamos o comando do Gina.

46. Para aqueles, dentre os filhos do Gina, que neste mundo estão no caminho da iluminaçãosuperior, nós revelamos (a lei), e quaisquer leis que tenhamos ensinado, não tivemos nunca nenhumapredileção por ela.

47. E o Mestre do mundo, o Auto-gerado, não toma conhecimento de nós, esperando a suahora; ele não explica a conexão real entre as coisas, como se testasse nossa disposição.

48. Hábil em aplicar engenhos na hora certa, como aquele homem rico (ele diz): ‘Sede constanteem subjugar vossa disposição inferior, e àqueles que estão subjugados, ele confere a sua riqueza.

49. É uma tarefa muito difícil que o Senhor do mundo está perfazendo, (uma tarefa) na qual eledemonstra sua habilidade, quando ele treina seus filhos de disposição baixa e, com isso, transmite a elesseu conhecimento.

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Saddharma-Pundarika / Disposição / Capítulo 4

50. De repente, fomos nós hoje colhidos por uma surpresa, assim como o homem pobre queadquiriu riquezas; agora, pela primeira vez, obtivemos o fruto do reino do Buda, (um fruto) tãoexcelente quanto impecável.

51. Como observamos sempre os preceitos morais sob o reino do Conhecedor do mundo,recebemos agora o fruto daquela moralidade que praticamos anteriormente.

52. Agora obtivemos o insigne, consagrado, exaltado e perfeito fruto, gerado de termosobservado uma perfeita e pura vida espiritual sob o reino do Líder.

53. Agora, Ó Senhor, somos nós discípulos, e proclamamos a iluminação suprema por todaparte, revelamos a palavra da iluminação, pela qual somos discípulos formidáveis.

54. Agora tornamo-nos Arhats, Ó Senhor; e merecedores da veneração do mundo, inclusive dosdeuses, Maras e Brahmas, em resumo, de todos os seres.

55. Quem haverá que, mesmo exercendo durante kotis de Aeons, seja capaz de vos enganar, avós que realizais neste mundo dos mortais coisa estão difíceis como essas, e outras mais difíceis ainda?

56. Seria difícil oferecer resistência com mãos, pés, ombro ou peito (mesmo que se tentasse)durante tantos Aeons completos quanto há areias no Ganges.

57. Poderia-se dar comida caridosamente, líquida e sólida, roupa, bebida, um lugar para dormir esentar, com cobertas limpas, poderia-se construir mosteiros de madeira de sândalo, e depois demobiliá-los com peças (duplas) de bom tecido branco, presenteá-los;

58. Poderia-se ser constante em dar remédios de vários tipos aos doentes, em honra ao Sugata;poderia-se gastar em donativos tanto quanto as areias do Ganges — mesmo então não se poderiaoferecer resistência.

59. De natureza sublime, poder sem igual, poder miraculoso, firme na estabilidade e paciência é oBuda; um grande regente é o Gina, livre de imperfeições. O ignorante não poderia sustentar ( oucompreender) tais coisas como essas expostas.

60. Sempre retornando, ele prega a lei àqueles cujo curso (de vida) é condicionado, ele, o Senhorda lei, o Senhor de todo o mundo, o Grande Senhor, o Chefe dentre os líderes do mundo.

61. Plenamente consciente das circunstâncias (ou lugares ) de (todos) os seres, ele indica os seusdeveres, tão múltiplos e, considerando a variedade de suas disposições, incute a lei com milhares deargumentos. 62. Ele, o Tathagata, que está plenamente consciente do cursos de todos os seres e indivíduos,prega uma lei múltipla, enquanto que aponta para esta iluminação superior.

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Saddharma-Pundarika / De Plantas / Capítulo 5

CAPÍTULO 5

DE PLANTAS

om isso, o Senhor se dirigiu ao Venerável Maha-Kasyapa e aos outros grandes discípulosveteranos, dizendo: Muito bem, muito bem, Kasyapa; fizeste muito bem em proclamar asverdadeiras qualidades do Tathagata. São estas as qualidades verdadeiras do Tathagata, Kasyapa,mas ele tem muitas outras e inumeráveis, incalculáveis, o fim das quais seria difícil de alcançar,mesmo que se continuasse a, indefinidamente, enumerá-las por Aeons imensuráveis. O Tathagata,

Kasyapa, é o mestre da lei, o rei, o senhor, o mestre de todas as leis. E qualquer lei, para qualquer caso,que tenha sido constituída pelo Tathagata, permanece inalterada. Todas as leis, Kasyapa, foramapropriadamente instituídas pelo Tathagata. Em sua sabedoria de Tathagata, ele as instituiu de talforma que, todas essas leis, finalmente, conduzem ao estágio daqueles que a tudo conhecem. OTathagata também conhece distintamente o significado de todas as leis. O Tathagata, o Arhat etc., estápossuído da faculdade de penetrar todas as leis, possuído da mais alta perfeição do conhecimento, detal forma que é capaz de decidir sobre todas as leis, capaz de mostrar o conhecimento do que a tudoconhece, transmitir o conhecimento do que a tudo conhece e estabelecer (as regras do) conhecimentodo onisciente.

É o caso, Kasyapa, parecido àquele de uma grande nuvem, cheia de chuva, advinda a esse grandeuniverso sobre todos os matos, capins, ervas, árvores de vários tamanhos e espécies, famílias de plantasde diferentes nomes crescendo na terra, em planícies, ou em cavernas de montanhas, uma nuvemcobrindo o universo inteiro para despejar a sua chuva por toda parte e ao mesmo tempo. Então,Kasyapa, os matos, capins, ervas e árvores silvestres neste universo, tais que tenham brotos tenros epequenos, galhos, folhas e folhagem, tais que tenham brotos de tamanho médio, galhos, folhas efolhagem, e tais que os tenham plenamente desenvolvido, todos estes matos, capins, ervas e árvoressilvestres, menores e maiores (outras) árvores irão todas, de acordo com sua faculdade e poder, sugar oelemento úmido da água emitido por aquela grande nuvem, e por aquela água que, toda de uma mesmaessência, foi abundantemente vertida pela nuvem, irá, cada uma, de acordo com suas características,adquirir um desenvolvimento regular, crescer, expandir-se, e ficar grandes; e assim produzirão flores efrutos, e receberão cada uma, variadamente, seus nomes. Enraizadas no mesmo solo, todas aquelasfamílias de plantas e sementes são encharcadas e vivificadas através daquela água de essência una.

Da mesma forma, Kasyapa, aparece o Tathagata, o Arhat etc., no mundo. Como uma grandenuvem se aproximando, o Tathagata aprece e manda o seu chamado por todo mundo, incluindodeuses, homens e demônios. E assim mesmo como uma grande nuvem, Kasyapa, movendo-se pelouniverso inteiro, de forma semelhante, Kasyapa, o Tathagata, o Arhat etc., ante todo o mundo,incluindo aqui deuses, homens e demônios, levanta sua voz e fala estas palavras: Eu sou o Tathagata, Óvós, deuses e homens! O Arhat, o perfeitamente iluminado; tendo, eu mesmo, alcançado a margem,levo outros para a margem; sendo livre, faço livre; estando confortado, conforto; estandoperfeitamente em descanso, conduzo os demais ao descanso. Por minha sabedoria perfeita eu conheçoambos, esse mundo e o próximo, tais como realmente são. Eu sou o todo-cognoscitivo, o todovidente. Vinde a mim , vós, deuses e homens! Ouvi a lei. Eu sou aquele que indica o caminho; quemostra o caminho, como cognitivo do mesmo, estando familiarizado com ele. Então, Kasyapa, muitascentenas de milhares de miríades de kotis de seres vêm ouvir a lei do Tathagata; e o Tathagata, queconhece as diferenças quanto às faculdades e energia daqueles seres, produz vários Dharmaparyayas,conta muitas histórias, divertidas, agradáveis, histórias tanto instrutivas quanto deleitosas, porintermédio das quais todos os seres, não apenas ficam contentes com a lei nessa vida presente, mastambém, depois da morte, alcançarão estágios felizes, onde gozarão de muitos prazeres e ouvirão a lei.Pelo ouvir da lei, eles se livrarão de obstáculos no devido tempo, se aplicarão à lei do todo cognitivo,de acordo com suas faculdades, poderes e possibilidades.

C

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Saddharma-Pundarika / De Plantas / Capítulo 5

Assim mesmo como a grande nuvem, Kasyapa, depois de se espalhar por todo universo, verte amesma água e recria com isso todos os matos, arbustos, relvas e árvores, assim mesmo como todasessas relvas, arbustos, ervas e árvores, de acordo com sua faculdade, poder e possibilidade, sugam aágua, e com isso alcançam o pleno desenvolvimento, designado a seu tipo; de forma semelhante,Kasyapa, é a lei pregada pelo Tathagata, o Arhat etc., de uma e mesma essência, isto é, a sua essência éa libertação, o objetivo final sendo a ausência de paixão, aniquilação, conhecimento do todo cognitivo.Quanto a isso, Kasyapa, (deve ser compreendido) que todos os seres que ouvirem a lei, quandopregada pelo Tathagata, que guardam-na de memória e aplicam-se a ela, não conhecem, nempercebem, nem compreendem a si mesmos. Pois que, Kasyapa, apenas o Tathagata, sabe realmentequem, como e de que tipo são esses seres; o que, como e de que forma estão meditando; o que, comoe de que forma estão contemplando; o que, porque e de que forma estão alcançando. Ninguém, excetoo Tathagata, Kasyapa, existe, vendo a tudo intuitivamente, e vendo o estado daqueles seres emdiferentes estados, como os mais baixos, os mais elevados e os médios, como relvas, arbustos, ervas eárvores. Eu sou Ele, Kasyapa, que, conhecendo a lei, que é de uma só essência, a saber, a essência dalibertação, (a lei) sempre serena, finalizando no Nirvana, (a lei) do descanso eterno, tendo apenas umestágio e colocada no Nirvana, (que sabendo disso) não revelo de repente, a todos, o conhecimento dotodo cognitivo, já que presto consideração à disposição de cada um dos seres.

Estais espantado, Kasyapa, que não possais sondar o mistério exposto pelo Tathagata. É porque,Kasyapa, o mistério exposto pelos Tathagatas, os Arhats etc., é difícil de ser compreendido.

E naquela ocasião, para mais plenamente explicar o assunto, o Senhor pronunciou as seguintesestrofes:

1. Eu sou o Dharmaraga, nascido no mundo como destruidor da existência. Eu declaro a lei atodos os seres depois de desvendar suas disposições.

2. Homens superiores, de compreensão sábia guardam a palavra, guardam o mistério, e não orevelam aos seres vivos.

3. Essa ciência, é difícil de ser compreendida, os simplórios ouvindo-a, de repente, ficariamatônitos; em sua ignorância, sairiam do caminho e se perderiam.

4. Eu falo de acordo com seus alcances e faculdades; por intermédio de vários meios, eu adapto aminha visão (ou a teoria).

5. É, Kasyapa, com uma nuvem que se ergue acima do horizonte, cobrindo todo o espaço (etudo escurecendo) e envolvendo a terra.

6. Essa grande nuvem de chuva, cheia de água, está envolta no trovejar dos raios e desperta, comseu chamado de trovão, a todos os seres.

7. Bloqueando raios de sol, refresca a região e, gradualmente descendo, até estar ao alcance dasmãos, começa a verter sua água por toda parte.

8. E assim, relampejando por toda parte, despeja (uma) abundante massa de água por igual,refrescando toda a terra.

9. E todas as plantas que brotam na face da terra, todas as relvas, arbustos, plantas silvestres eoutras árvores, grandes ou pequenas;

10. Os vários campos frutíferos e tudo que é verde; todas as plantas nas encostas, em cavernas,ou bosques;

11. Todas essas relvas, arbustos e árvores são vivificados pela nuvem, que tanto refresca a terrasedenta como rega as ervas.

12. Relvas e arbustos absorvem a água de uma essência, que cai da nuvem de acordo com suasfaculdades e alcances.

13. E todas as árvores, grandes, pequenas e médias, sorvem daquela água de acordo com suascondições e faculdades, e crescem vigorosamente.

14. As grandes plantas, cujos tronco, caule, casca, galhos, âmago e folhas são umedecidas pelaágua da nuvem, dão suas flores e frutos.

15. Dão seus frutos, cada qual de acordo com sua qualidade, alcance e a natureza particular dasemente; ainda assim, a água emitida (pela nuvem) é de uma só essência.

16. Da mesma forma, Kasyapa, o Buda vem ao mundo como uma nuvem de chuva e, uma veztendo nascido, ele, o Senhor do mundo, fala e mostra o verdadeiro curso da vida.

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17. E o grande Vidente, Honrado no mundo, inclusive dos deuses, diz assim: Eu sou oTathagata, o mais elevado dos homens, o Gina; eu apareci neste mundo como uma nuvem.

18. Eu refrescarei todos os seres cujos corpos estão murchados, que estão atarraxados aomundo tríplice. Eu trarei felicidade àqueles que penam com trabalhos, lhes darei prazeres e o descanso(final).

19. Ouvi-me, ó multidões de deuses e homens, aproximai-vos para me ver: eu sou o Tathagata, oSenhor, que não tem superior, que aparece nesse mundo para salvar.

20. A milhares de kotis de seres vivos, eu prego uma pura e muito brilhante lei que tem apenasuma perspectiva, ou seja, a libertação e descanso.

21. Eu prego sempre com a mesma voz, constantemente tomando a iluminação como meutema. Pois isso é igual para todos; não há parcialidade nela, nem ódio ou afeição.

22. Eu sou inexorável, não tenho amor ou ódio por ninguém, e proclamo a lei a todos os seressem distinção, tanto a um quanto ao outro.

23. Quer andando, em pé, ou sentado, eu estou exclusivamente preocupado com essa tarefa deproclamar a lei. eu jamais me canso de sentar no trono ao qual ascendi.

24. Eu recrio o mundo todo como uma nuvem que manda sua água sem distinção; eu tenho omesmo sentimento para com pessoas respeitáveis, bem como para os inferiores, para com osvirtuosos, bom como para os não virtuosos;

25. Para com os depravados, como para aqueles que observam as regras de boa conduta; tantopara aqueles que têm visão sectária e postulados falsos, quanto para aqueles cujas visões são boas ecorretas.

26. Eu prego a lei aos mentalmente inferiores (em cultura) bem como às pessoas decompreensão superior e faculdades extraordinárias; inatingível pelo cansaço, eu esparjo na estação achuva da lei.

27. Depois de me ouvir, cada qual de acordo com sua faculdade, os vários seres encontram seuslugares adequados em situações várias, dentre deuses, homens, seres bonitos, dentre Indras, Brahmas,ou os monarcas regentes do universo.

28. Ouça agora, eu vou explicar o que é simbolizado por aquelas plantas de diferentes tamanhos,algumas delas sendo baixas no mundo, outras de tamanho médio ou grandes.

29. Pequenas plantas são chamadas os homens que caminham no conhecimento da lei, que estãolivres do mal, depois de alcançado o Nirvana, que possuem as seis faculdades transcendentes e a ciênciatríplice.

30. Plantas médias são chamadas os homens que, morando em cavernas nas montanhas,cobiçam o estado de um Pratyekabuda e cuja inteligência está moderadamente purificada.

31. Aqueles que aspiram a se tornarem-se líderes (pensando), eu me tornarei um Buda, um chefede deuses e homens, e que exercem a prática e meditação, são chamados as plantas mais elevadas.

32. Mas os filhos do Sugata, que praticam firmemente a benevolência e uma conduta pacífica,que chegaram à certeza sobre a sua liderança, esses são chamados árvores.

33. Aqueles que rolam em frente, a roda que nunca gira para trás, e com hombridade quedam-sefirmes no exercício de poderes miraculosos, libertando a muitos kotis de seres, aqueles são chamadosgrandes árvores.

34. É, contudo, uma e a mesma lei, que é pregada pelo Gina, como a água que cai de uma nuvemé uma e a mesma; diferentes apenas são as faculdades, com descritas, assim como as plantas na face daterra.

35. Com essa parábola podeis compreender a habilidade do Tathagata, como ele prega uma lei,cujos vários desenvolvimentos podem ser comparados a gotas de chuva.

36. Eu também verto chuva: a chuva da lei pela qual esse mundo inteiro é refrescado; e cada qualde acordo com sua faculdade toma a si esta bem exposta lei, que é una em sua essência.

37. Assim mesmo, como todas as relvas e arbustos, bem como as plantas de tamanho médio,árvores e grandes árvores na época da chuva ficam brilhantes em todas as direções.

38. Assim é a natureza mesma da lei promover o bem eterno do mundo; pela lei o mundointeiro é recriado, e como as plantas (quando refrescadas) fazem florescer suas flores, o mundotambém faz o mesmo quando refrescado.

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39. As plantas, que em seu crescimento ficam de tamanho médio, são Arhats (santos) detendo-sequando superam as fraquezas, (e) os Pratyekabudas, que vivendo em bosques fechados, realizam essabem exposta lei.

40. (Mas) os muitos Bodhisatvas, que, pensadores e sábios, vão em seus caminhos pelo mundotríplice, lutando pela iluminação suprema, continuam a aumentar de tamanho como as árvores.

41. Aqueles que, agraciados com poderes mágicos e sendo versados nos quatro estágios demeditação, sentem felicidade ao ouvir do vazio completo e emitem milhares de raios de luz, esses sãochamados as grandes árvores na terra.

42. Assim então, Kasyapa, é a pregação da lei, como a água vertida pela nuvem, por toda parte amesma; pela qual plantas e homens vivificam, flores são produzidas eterna e infinitamente.

43. Eu revelo a lei que tem a sua causa em si; no devido tempo eu mostro a iluminação do Buda;essa é minha habilidade suprema, e aquela de todos os líderes do mundo.

44. O que eu aqui disse é verdadeiro, no sentido mais lato da palavra; todos os meus discípulosalcançam o Nirvana; seguindo o caminho sublime da iluminação, todos os meus discípulos se tornarãoBudas.

E além disso, Kasyapa, o Tathagata em seu educar das criaturas, é igual (i.e. imparcial) e nãodesigual (i.e., parcial). Como a luz do sol e da lua, Kasyapa, que brilha sobre todo mundo, sobre osvirtuosos e sobre os insolentes, sobre os altos e os baixos, sobre o fragrante e o pútrido; como seusraios recaem sobre tudo igualmente, sem qualquer parcialidade; assim também, Kasyapa, a luzintelectual do conhecimento do onisciente, os Tathagatas, os Arhats etc., o pregar da verdadeira leiprocede, igualmente, em respeito a todos os seres nos cinco estados de existência, a todos que, deacordo com sua disposição particular, estão dedicados ao grande veículo, ou ao veículo dosPratyekabudas, ou ao veículo dos discípulos. Nem há qualquer redução ou excesso no brilho doconhecimento do Tathagata até a pessoa se familiarizar completamente com a lei. Não existem trêsveículos, Kasyapa, existe apenas seres que agem diferentemente; por isso é declarado que existem trêsveículos.

Quando o Senhor assim disse, o venerável Maha-Kasyapa lhe perguntou: Senhor, se não existemtrês veículos, porque razão então é a designação de discípulos (Sravakas), Budas e Bodhisatvas mantidaaté o dia de hoje?

Assim, o Senhor respondeu ao venerável Maha-Kasyapa: É, Kasyapa, como se um oleiro fizessediferentes vasos do mesmo barro. Alguns desses potes conterão açúcar, outros manteiga, outroscoalhada e leite, outros, de qualidade inferior, serão vasos de impurezas. Não existe diversidade nobarro que foi utilizado; não, a diversidade dos potes é devida apenas às substâncias que neles foramvertidas. De forma semelhante, Kasyapa, existe apenas um veículo, ou seja, o veículo do Buda; nãoexiste um segundo veículo, ou terceiro.

Tendo o Senhor falado dessa forma, o venerável Maha-Kasyapa disse: Senhor, se os seres são dediferentes disposições, haverá, para aqueles que deixaram o mundo tríplice, um Nirvana, ou dois, outrês? O Senhor replicou: Nirvana, Kasyapa, é uma conseqüência de compreender que todas as leis sãoiguais. Segue-se que existe apenas um Nirvana, não dois, ou três. Portanto, Kasyapa, eu te contarei umaparábola, pois que, homens de boa compreensão, geralmente, percebem bastante rápido o significadodo que é ensinado sob a forma de (uma) parábola.

É o caso, Kasyapa, parecido com o de um homem que nasceu cego, e que diz: Não existemformas que sejam bonitas ou feias; não existem homens capazes de enxergar formas bonitas ou feias;não existe nem o sol nem a lua; não existem estrelas ou planetas; não existe ninguém que seja capaz deenxergar planetas. Mas outros dizem ao cego: Existem formas bonitas e também feias; existe um sol euma lua; também planetas e estrelas; existem pessoas capazes de vê-los. Mas o cego de nascença nãocrê nisso, nem pode aceitar isso. Mas, existe um médico que consegue curar tudo. Ele vê o cego denascença e reflete assim: A doença deste homem se origina de suas ações perniciosas em tempospassados. Todas as doenças possíveis de acontecer são de quatro espécies: reumáticas, coléricas,fleumáticas e causadas por uma complicação dos humores (deturpados). O médico, depois de pensarrepetidamente numa forma de recuperar a doença, faz a seguinte reflexão: Certamente com as drogasdescobertas, seria impossível curar este caso, mas existe no Himalaia, o rei da montanhas, quatro ervas,a saber: primeiro, uma chamada Possuída-de-todos-tipos-de-cores-e-sabores; segundo, Que-livra-de-todas-as-doenças; terceiro, Que-livra-de-todos-os-venenos; quarto, Provedora-de-felicidade-àqueles-

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que-ficam-no-lugar-certo. Como o médico, que sente pena do cego de nascença, encontra um meio deir até o Himalaia, o rei das montanhas. Lá, ele percorre toda a montanha e acaba por encontrar asquatro ervas. Uma, ele dá depois de mascá-la com os dentes, outra depois de moída; outra depois demisturada com outra droga e fervida; outra depois de misturada com uma droga crua; outra depois delancetar uma veia em alguma parte e injetá-la; outra depois de chamuscá-la no fogo; outra depois decombiná-la com várias outras substâncias, de forma que pudesse ser ingerida etc. Devido a esses meiosaplicados, o cego de nascença recobra sua visão, em conseqüência do que, vê fora e dentro, longe eperto, o brilho do sol e da lua, as estrelas, planetas e todos os fenômenos. Então ele comenta: Ó quãotolo fui de não ter dado crédito ao que me diziam, nem aceito o que me explicavam. Agora tudo vejo;estou livre de minha cegueira e recuperei minha visão; não existe ninguém no mundo que me possasuperar. E, no mesmo momento, Videntes de cinco faculdades transcendentes, fortes na visão eaudição divinas, com o conhecimento do pensar alheio, com sua memória de residências passadas,com ciência mágica e intuição, dizem o seguinte ao homem: “Bom homem, apenas recuperastes tuavisão, nada mais, e o fato permanece que ainda não conheces nada. De onde vem tal presunção? Nãotens sabedoria, nem és um homem inteligente. Além disso lhe dizem: Bom homem, quando estaissentado dentro de teu quarto, não podes ver nem distinguir formas externas, nem discernir os seresque estão animados de sentimentos bondosos dos que estão com sentimentos hostis; não podesdistinguir nem ouvir à distância de cinco yoganas a voz de um homem ou o som de um bambu,trombeta de concha, e assim por diante; não podes sequer caminhar a distância de um kos semlevantares teus pés do chão; fostes produzido e desenvolvido no ventre de tua mãe e sequer te lembrasdesse fato; como então serias sagaz, e como poderias dizer: tudo vejo? Bom homem, tomas a escuridãopela luz, e tomas a luz pela escuridão.

Então o homem indaga aos Videntes:; Por que meios e por que bom trabalho, adquiriria eu talsabedoria e, com vosso favor, adquiriria essas boas qualidades (ou virtudes)? E os Videntes dizem aohomem: Se esse é o teu desejo, estabeleces morada no deserto ou nas cavernas da montanha, parameditar na lei e remover a ignorância. Assim te tornarás familiarizado com as virtudes de um asceta eadquirirás as faculdades transcendentes. O homem apreende (seus) significados e vira um asceta.Vivendo no deserto, a mente fixa em um só objeto, ele se livra dos desejos mundanos e adquire ascinco faculdades transcendentes. Depois de tê-lo feito, ele pensa (assim): Anteriormente, eu não fazia acoisa correta; daí, nenhum bem vinha a mim. Agora, contudo, eu posso ir onde minha mente meimpele; anteriormente eu era ignorante, de compreensão parca, de fato, um verdadeiro cego.

Tal é, Kasyapa, a parábola que eu criei para que percebas o que eu queria dizer. A moral a serderivada disso é a seguinte: A palavra ‘cego de nascença’, Kasyapa, é uma designação para as criaturasque deixam-se quedar no torvelinho do mundo, com os seus seis estados; as criaturas que nãoconhecem a verdadeira lei e estão empilhando a grossa escuridão das más paixões. Estes estão cegospela ignorância e, em conseqüência disso, formam conceitos a partir de nome e forma, e assim pordiante, até a gênesis dessa imensa massa de males.

Assim, as criaturas cegas pela ignorância permanecem no torvelinho da vida, mas o Tathagata,que está fora do mundo tríplice, sente compaixão e, desta forma impelido ( por tal), como um pai porseu (filho) querido e único, (ele) aparece no mundo tríplice e vê, com seu olho de sabedoria, que ascriaturas estão revolvendo no círculo do torvelinho mundano e estão labutando, sem achar o meioapropriado de escapar daquela rotação. E ao ver isso, ele chega à conclusão: Aqueles seres, de acordocom os bons trabalhos que fizeram em estágios anteriores, têm aversões fracas e apegos fortes; (ou)apegos fracos e aversões fortes; alguns têm pouca sabedoria, outros são espertos; alguns têm pontos devista bem desenvolvidos, outros têm pontos de vista incorretos. A eles todos, o Tathagata, habilmente,mostra três veículos.

Os Videntes na parábola, são aqueles que possuem as cinco faculdades transcendentes e visãoclara, são os Bodhisatvas, que produzem o pensamento iluminado e, pela aquisição de aquiescência nasleis eternas, nos despertam para a iluminação suprema e perfeita.

O grande médico na parábola é o Tathagata. Ao cego, pode-se comparar as criaturas cegas deenfatuamento. O apego, a aversão e a presunção são comparadas ao reumatismo, bile e fleuma. Assessenta e duas falsas teorias também podem ser vistas como tal (i.e. doshas, ‘humores e humorescorrompidos do corpo,’ ‘falhas e corrupções’). As quatro ervas são como a impermanência (ou vazio),a não-causalidade, ou falta de causalidade ( ou sem propósito), o não-fixo, e o alcance do Nirvana.

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Saddharma-Pundarika / De Plantas / Capítulo 5

Assim como usando diferentes drogas, diferentes doenças são curadas, assim, desenvolvendo a idéia daimpermanência (ou vazio), o sem-propósito, e o não-fixo, (que são) os princípios da emancipação, é aignorância suprimida; a supressão da ignorância é sucedida pela supressão de concepções (ouimaginações); e assim por diante, até a supressão de uma enorme massa de males. E assim, a mente dapessoa não mais se quedará, nem no bem nem no mal.

Ao homem que recupera sua visão, assemelha-se aos devotos do veículo dos discípulos ePratyekabudas. Ele corta os laços das más paixões no torvelinho do mundo; livre desses laços, ele éliberto do mundo tríplice, com seus seis estados de existência. Portanto, o devoto do veículo dosdiscípulos pode pensar e falar assim: Não há mais leis a serem penetradas; eu alcancei o Nirvana. Entãoo Tathagata prega a ele: Como poderia aquele que não penetrou todas as leis, ter alcançado o Nirvana?O Senhor o desperta para a iluminação, e o discípulo, quando a consciência da iluminação foi despertanele, não mais permanece no torvelinho mundano, mas, ao mesmo tempo, ainda não alcançou oNirvana. Assim como chegou à verdadeira penetração, ele vê esse mundo triplo em toda direção comovazio, parecendo-se ao produto de mágica, semelhante a um sonho, uma miragem, um eco. Ele vê quetodas as leis (e fenômenos) são não nascidos e não destruídos, não ligados e não desligados, nãoobscuros e não brilhantes. Aquele que vê as leis profundas de tal forma, vê como se não visse, todomundo triplo, cheio de seres de disposições e fantasias contrárias de todo gênero.

E naquela ocasião, para mais amplamente explicar o mesmo assunto, o Senhor ainda pronunciouas seguintes estrofes:

45. Como os raios do sol e da lua descem igualmente sobre todos os homens, bons ou maus,sem deficiência (em um caso) ou demasia (no outro);

46. Assim, a sabedoria do Tathagata brilha como o sol e a lua, conduzindo todos os seres semparcialidade.

47. Como um oleiro, fazendo vasos de barro, produz daquele barro potes para o açúcar, leite,manteiga ou água;

48. Alguns para impurezas, outros para a coalhada, assim como o barro usado pelo ceramista, osvasos são todos de um só tipo;

49. Como um vaso é feito para receber quaisquer coisas, de acordo com o que venha ser vertidonele, assim os Tathagatas, por causa da diversidade de gostos,

50. Mencionam uma diversidade de veículos, apesar do veículo de Buda ser o únicoincontestável. Aquele que ignora a rotação da existência mundana, não tem percepção do descansoabençoado;

51. Mas aquele que compreende que todas as leis são vazias e sem realidade (e sem caráterindividual) penetra a iluminação dos Senhores perfeitamente iluminados em sua própria essência.

52. Aquele que ocupa uma posição média de sabedoria é chamado um Pratyekagina (i.e.Pratyekabuda); aquele a quem falta a penetração do vazio, é chamado um discípulo.

53. Mas, depois de compreender todas as leis se é chamado um perfeitamente iluminado; uma talpessoa é constante ao pregar a lei aos seres vivos, por intermédio de centenas de meios habilidosos.

54. É como se um cego de nascença, porque ele não vê o sol, a lua, planetas e estrelas, em suacega ignorância (devesse então dizer): Não existem coisa visíveis, absolutamente.

55. Mas um grande médico, tendo compaixão do cego, vai ao Himalaia, onde, procurandoprofundamente, para cima e para baixo,

56. Ele pega da montanha quatro plantas; a erva de todos os sabores e cores e casos, e outras.Estas ele pretende aplicar.

57. Ele as aplica dessa forma: uma, ele dá ao cego depois de mascá-la, outra depois de sová-la,outra introduzindo-a com a ponta de uma agulha no corpo do homem.

58. O homem, tendo obtido sua visão, vê o sol, lua, planetas e estrelas, e chega à conclusão quefoi por sua própria ignorância que ele falou assim, como havia feito anteriormente.

59. Da mesma forma, as pessoas de grande ignorância, cegas desde o nascimento, se locomovemno tumulto do mundo, porque não conhecem a roda de causas e efeitos, o caminho dos trabalhos.

60. No mundo, tão cego pela ignorância, aparecem os mais elevados daqueles que conhecemtudo, o Tathagata, o grande médico, de natureza compassiva.

61. Como um mestre capaz, ele mostra a verdadeira lei; ele revela a suprema iluminação do Budaàquele que está mais avançado.

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Saddharma-Pundarika / De Plantas / Capítulo 5

62. Àqueles de sabedoria média, o Líder prega uma iluminação média; e uma outra iluminaçãoprega ele àquele que teme o torvelinho mundano.

63. O discípulo que, por sua discriminação, escapou do mundo tríplice, pensa que alcançou opuro e abençoado Nirvana, mas é apenas conhecendo todas as leis (e as leis universais) que o Nirvanaimortal é alcançado.

64. Nesse caso, é como se os grandes Videntes, movidos pela compaixão, lhe dissessem: Estaisenganado; não sejas orgulhoso de teu conhecimento.

65. Quando estás no teu quarto, não podes perceber o que se passa fora dele, tolo como és.66. Tu que, quando detendo-se internamente, não percebes mesmo agora o que as pessoas estão

fazendo fora, ou deixando de fazer, como podes ser sábio, tolo como és?67. Não és capaz de ouvir um som à distância de apenas cinco yoganas, muito menos a uma

distância maior. 68. Não podes distinguir quem é malévolo ou benévolo para contigo. De onde então, vem este

teu orgulho?69. Se tens de andar tanto quanto um kos, não o podes sequer fazer sem que exista já uma trilha

batida; e o que aconteceu a ti no ventre de tua mãe, esquecestes totalmente.70. Nesse mundo, ele é chamado todo sapiente, que possui as cinco faculdades transcendentes,

mas quando tu, que nada sabes, pretendes ser todo sapiente, é um efeito de enfatuação.71. Se desejas a onisciência, dirige tua atenção à sabedoria transcendental; então, vais ao deserto e

meditas na lei pura; por ela adquirirás as faculdades transcendentes.72. O homem alcança o significado, vai ao deserto, medita com a atenção mais extremada, e,

como ele é dotado de boas qualidades, antes de longo tempo, ele adquire as cinco faculdadestranscendentes.

73. Semelhantemente, todos os discípulos imaginam ter alcançado o Nirvana, mas o Gina osinstrui (dizendo): Essa é uma pousada temporária, não o descanso final.

74. É um artifício dos Budas anunciar esse dogma. Não existe nenhum Nirvana (verdadeiro) semonisciência; tenta alcançar isso.

75. O conhecimento sem fim dos três caminhos (do tempo), as seis perfeições máximas(Paramitas), o vazio, a ausência de propósitos, (ou objeto), a ausência de finitude.

76. A idéia de iluminação e as outras leis que conduzem ao Nirvana, ambas, tais que estejammisturadas com imperfeições e tais que estejam isentas delas, tais que sejam tranqüilas e comparáveis aoespaço etéreo:

77. As quatro Brahmaviharas e as quatro Sangrahas, assim com as leis estabelecidas pelos sábioseminentes para a educação das criaturas;

78. (Aquele que conhece essas coisas) e que todos os fenômenos têm a natureza de ilusão esonhos, que são sem cerne, como o caule da bananeira, e parecidas com um eco.

79. E que sabe que o mundo tríplice, inteiramente, é dessa natureza, não rápido e não solto, eleconhece o descanso.

80. Aquele que considera todas as leis como sendo as mesmas, vazias, despidas de particularidadee individualidade, não derivadas de causa inteligente ou racional,; que discerne que o nada é a lei.

81. Uma tal pessoa tem grande sabedoria e percebe o todo da lei, inteiramente. Não existem trêsveículos, absolutamente; existe apenas um só veículo nesse mundo.

82. Todas as leis (ou a lei de todos) são parecidas, iguais, para todos e, para sempre, parecidas.Sabendo disso, depreende-se o Nirvana imortal, abençoado.

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Saddharma-Pundarika / Predição de Budado / Capítulo 6

CAPÍTULO 6

PREDIÇÃO DE BUDADO

epois de ter pronunciado essas estrofes, o Senhor se dirigiu à assembléia repleta de monges: Euvos anuncio, monges, eu torno conhecido de vós, que o monge Kasyapa, meu discípulo, aquipresente, venerará a trinta mil kotis de Budas; os respeitará, honrará e homenageará; e manterá averdadeira lei daqueles senhores e Budas. Em sua última existência corpórea no mundoAvabhasa (i.e. lustro) na era (Aeon) Mahavyuha (i.e. grande divisão) deverá ser um Tathagata, um

Arhat etc. etc., com o nome de Rasmiprabhasa (i.e. brilhando com raios). A duração de sua vida seráde doze kalpas intermediários; a imitação de sua verdadeira lei durará também tantos kalpasintermediários. O seu campo de Buda será puro, limpo, livre de pedras, de areia grossa, cascalho; deabismos e precipícios; livre de esgotos e poços imundos; plano, interessante, bonito e agradável de sever; consistindo de lápis-lazuli, adornado com árvores de jóias, e parecendo um enxadrezado, com oitocompartimentos separados por fios de ouro. Será enfeitado com flores, e muitas centenas de milharesde Bodhisatvas aparecerão nele. Quanto aos discípulos, haverá inumeráveis centenas de milhares demiríades de kotis deles. Nem Mara o maligno, nem o seu séquito, serão acháveis ali, apesar de queMara e seus seguidores, mais tarde, estarão lá; pois aplicar-se-ão a receber a verdadeira lei sob ocomando daquele mesmo Senhor Rasmiprabhasa. E naquela ocasião, o Senhor pronunciou asseguintes estrofes:

1. Com a minha visão de Buda, monges, eu vejo que o senhor Kasyapa aqui se tornará um Budaem uma época futura, em um Aeon incalculável, depois de ter prestado homenagem ao mais elevadodentre os homens.

2. Esse Kasyapa verá, ao todo, trinta mil kotis de Ginas, sob quem levará ele uma vida espiritualpara o conhecimento do Buda.

3. Depois de ter prestado homenagem àqueles mais elevados dentre os homens e adquiridoaquele conhecimento supremo, ele deverá, em sua última existência corpórea, ser um Senhor domundo, um incomparável, grande Vidente.

4. E o seu campo será magnífico, excelente, puro, bom, bonito, interessante, sempre belo,deleitoso, e separado por fios de ouro.

5. Aquele campo, monges (parecendo-se como) uma tábua divida em oito compartimentos, terávárias árvores de jóias, uma em cada compartimento, da qual exala um delicioso perfume.

6. Será adornado com abundantes flores e embelezada com desabrochares variados; nele nãoexistirão poços ou precipícios; é plano, bom, bonito.

7. Serão achados centenas kotis de Bodhisatvas, de mente controlada e de grande poder mágico,poderosos mantenedores de Sutrantas de grande extensão.

8. Quanto aos discípulos, sem erros, príncipes da lei, quedando-se em seu último período devida, o seu número não será nunca conhecido, mesmo que se os contasse durante Aeons, e isso, com aajuda do conhecimento divino.

9. Ele mesmo durará doze kalpas intermediários, e sua verdadeira lei vinte Aeons completos; aimitação durará também tantos Aeons, no domínio de Rasmiprabhasa.

Nisso, o venerável sênior Maha-Maudgalyayana, o venerável Subhuti, e o venerável Maha-Katyayana, com seus corpos tremendo, fitaram o Senhor com olhos límpidos, e ao mesmo tempopronunciaram variadamente, em concerto mental, as seguintes estrofes:

10. Ó consagrado (Arhat), grande herói, Shakyamuni, mais elevado dentre os homens! Porcompaixão por nós, dizei a palavra do Buda.

11. O mais elevado dos homens, o Gina, aquele que conhece o termo fatal, nos espargirá, porassim dizer, com néctar, ao predizer o nosso destino também.

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Saddharma-Pundarika / Predição de Budado / Capítulo 6

12. (É como se) um certo homem, em tempo de fome, vem e obtém boa comida, mas a quem,quando a comida está já em sua mãos, dizem que seria preferível esperar.

13. De forma semelhante ocorre conosco, que após nos ligarmos com o veículo inferior, naconjuntura calamitosa e numa época ruim, queremos agora o conhecimento do Buda.

14. Mas o perfeitamente iluminado grande Vidente, ainda não nos favoreceu com uma predição(de nosso destino), como se dissesse: Não comais a comida que vos foi colocada em mãos.

15. Da mesma forma, Ó herói, esperávamos, quando ouvimos a voz exaltada ( e pensávamos):Então estaremos em descanso, quando tivermos recebido uma predição.

16. Pronunciai uma predição, Ó grande herói, tão benevolente e compassivo! Que haja um fimao nosso sentimento de pobreza!

E o Senhor, que em sua mente compreendeu os pensamentos surgidos nas mentes daquelesgrandes discípulos veteranos, novamente dirigiu-se à assembléia repleta de monges: Esse meu grandediscípulo, monges, o veterano Subhuti, deverá de forma idêntica prestar homenagem a trinta centenasde milhares de miríades de kotis de Budas; os demonstrará respeito, honra, reverência, veneração eculto. Sob eles, deverá levar vida espiritual e atingirá a iluminação. Depois de completar tais deveresdeverá ele, em sua última existência corpórea, tornar-se um Tathagata no mundo, um Arhat etc. etc.,como o nome de Sasiketu.

O seu campo de Buda se chamará Ratnasambhava e sua época, Ratnaprabhasa. E aquele campode Buda será plano, bonito, cristalino, diversificado, como árvores de jóias, livre de poços e precipícios,livre de esgotos, bom, coberto de flores. E lá, terão os homens a sua moradia, em palácios (ou torres)dados a eles para (o seu) uso. Nele estarão muitos discípulos, inumeráveis, tantos que seria impossívelcalcular tudo. Muitas centenas de milhares de kotis de Bodhisatvas também estarão lá. A duração davida daquele Senhor deverá ser de doze kalpas intermediários; a sua lei verdadeira deverá continuar porvinte kalpas intermediários, a sua imitação outros tantos. Aquele Senhor pregará, enquanto de pé,engastado no firmamento, a lei aos monges e educará muitos milhares de Bodhisatvas discípulos.

E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes:17. Eu tenho algo a anunciar, monges, algo a tornar conhecido; ouvi-me então: o veterano

Subhuti, meu discípulo, deverá em dias vindouros tonar-se um Buda.18. Depois de ter visto trinta miríades de kotis de poderosos Budas ao todo, ele deverá entrar no

curso reto para obter esse conhecimento.19. Em sua última existência corpórea ele deverá ser um herói, possuindo as trinta e duas marcas

características, tornando-se um grande Vidente, parecido a um pilar de ouro, benéfico e bondoso como mundo.

20. O campo onde aquele amigo do mundo deverá salvar a miríades de kotis de seres vivos, serámuito bonito, interessante, e deleitoso para as pessoas em geral.

21. Nele, haverão muitos Bodhisatvas para girar a roda que nunca gira para trás (ou nunca sedesvia); agraciado com faculdades aguçadas irão, sob aquele Gina, ser os ornamentos daquele campo deBuda.

22. Os seus discípulos são tão numerosos que passam de cálculo ou medição; agraciado com asseis faculdades transcendentes, a ciência tríplice e poder mágico; firme nas oito emancipações.

23. O seu poder mágico, enquanto que revela a iluminação suprema, é inconcebível. Deuses ehomens, tão numerosos quanto as areias do Ganges, sempre o saudarão, reverentemente, de mãospostas.

24. Ele deverá ficar doze kalpas intermediários; a verdadeira lei daquele mais elevado dos homensdurará vinte kalpas intermediários e a imitação outros tantos.

Novamente o Senhor se dirigiu à assembléia total de monges: eu vos anuncio, monges, eu tornoconhecido que o veterano Maha-Katyayana aqui presente, meu discípulo, prestará homenagem a oitomil kotis de Budas; os demonstrará respeito, honra, reverência, veneração e culto; com a expiraçãodaqueles Tathagatas ele construirá Stupas, de mil yoganas de altura, cinqüenta yoganas de circunferência econsistindo das sete substâncias preciosas, a saber; ouro, lápis-lazuli, cristal, pérolas vermelhas,esmeraldas, e em sétimo lugar, coral. Aquelas Stupas, ele deverá venerar com flores, incenso, coroas,guirlandas perfumadas, óleos, pós, mantos, pára-sóis, flâmulas, bandeiras, galhardetes triunfais. Maistarde, ele, novamente, deverá prestar homenagem a vinte kotis de Budas; mostrar-lhes respeito, honra,reverência, veneração e culto. Então em sua última existência corpórea, sua última aparição física, ele

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Saddharma-Pundarika / Predição de Budado / Capítulo 6

será um Tathagata no mundo, um Arhat etc. etc., chamado Gambunada-prabhasa (i.e. brilho de ouro),agraciado com ciência e conduta etc. Seu campo de Buda será completamente puro, plano, bonito,interessante, belo, cristalino, enriquecido com árvores de jóias, intercalado por fios de ouro, salpicadade flores, livres de seres da criação bruta, do inferno e dos séquitos de demônios, repleto comnumerosos homens e deuses, adornado com muitas centenas de milhares de discípulos e muitascentenas de milhares de Bodhisatvas. A sua longevidade será de doze kalpas intermediários, suaverdadeira lei continuará por doze kalpas intermediários, e sua imitação outros tantos.

E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes: 25. Ouvi-me vós todos, monges, já que vou proclamar uma palavra infalível. Katyayana aqui, o

veterano, meu discípulo, prestará veneração aos Líderes.26. Ele deverá mostrar veneração de vários tipos e de muitas formas aos Líderes, depois de cuja

expiração ele construirá Stupas, venerando-as com flores e perfumes.27. Em sua última existência corpórea ele deverá ser um Gina, em um campo completamente

puro e, após adquirir o conhecimento pleno, deverá pregar a milhares de kotis de seres vivos.28. Ele deverá ser um poderoso Buda e iluminador, altamente honrado nesse mundo, inclusive

pelos deuses, com o nome de Gambunada-prabahasa, e salvar a kotis de deuses e homens.29. Muitos Bodhisatvas, bem como discípulos, além da medida e cálculo, adornarão naquele

campo o reino daquele Buda, todos eles libertos da existência e isentos da existência.Novamente, o Senhor se dirigiu à assembléia completa de monges; Eu vos anuncio, monges, eu

torno conhecido, que o veterano Maha-Maudgalyayana aqui presente, meu discípulo, propiciará a vintee oito mil Budas e prestará a esses Senhores homenagens de vários tipos; ele os demonstrará respeitoetc., e depois de sua expirações, construirá Stupas consistindo de sete substâncias preciosas, a saber,ouro, prata, lápis-lazuli, cristal, pérolas vermelhas, esmeraldas, e em sétimo lugar, coral; (Stupas) de milyoganas de altura e quinhentos yoganas de circunferência, cujas Stupas ele deverá reverenciar dediferentes formas, com flores, incenso, guirlandas perfumadas, óleos, pós, mantos, pára-sóis, flâmulas,bandeiras e galhardetes triunfais. Mais tarde, ele, novamente, prestará veneração similar a vintecentenas de milhares de kotis de Budas; ele lhes demonstrará respeito etc. e em sua última existênciacorpórea se tornará um Tathagata no mundo etc., chamado Tamalapatrakandanagandha, agraciadocom ciência e conduta etc. O campo daquele Buda será chamado Manobhirama; seu período,Ratipratipurna. E aquele campo de Buda será plano, agradável., bonito, interessante, cristalino,enriquecido com árvores de jóias, salpicado com flores diversas, repleto de deuses e homens,freqüentado por centenas de milhares de Videntes, isto é, discípulos e Bodhisatvas. A sua longevidadeserá de vinte e quatro kalpas intermediários; sua verdadeira lei durará quarenta kalpas intermediários esua imitação outros tantos.

E, naquela ocasião, o Senhor pronunciou as seguintes estrofes:30., O descendente da raça Mudgala, meu discípulo aqui, depois de deixar a existência humana,

verá vinte mil poderosos Ginas e oito (mil) mais destes seres sem erros.31. Sob eles, deverá seguir um curso de dever, tentando alcançar o conhecimento do Buda; ele

prestará homenagem de várias forma àqueles Líderes e ao mais elevado dos homens.32. Depois de manter sua verdadeira lei, de alcance amplo e sublime, durante milhares de kotis

de Aeons, ele deverá com a expiração daqueles Sugatas, venerar suas Stupas.33. Em hora àqueles muito elevados Ginas, aqueles poderosos seres, tão benéficos ao mundo, ele

deverá erigir Stupas constituídas de substâncias preciosas, e as decorará com flores, perfumes e sonsmusicais.

34. No período de sua última existência corpórea, ele deverá, em um campo bom e bonito, serum Buda bondoso e compassivo para o mundo, sob o nome de Tamalapatrakandanagandha.

35. A longevidade daquele Sugata será, ao todo, vinte e quatro kalpas intermediários, durante osquais ele será assíduo em declarar a regra do Buda a homens e deuses.

36. Aquele Gina deverá ter muitos milhares de kotis de discípulos, inumeráveis como as areias doGanges, agraciados com as seis faculdades transcendentes e a ciência tríplice, e possuindo podermágico, sob o comando daquele Sugata.

37. Sob o reino daquele Sugata aparecerão também numerosos Bodhisatvas, muitos milharesdeles, incapazes de deslizar para trás (de se desviar), desenvolvendo o zelo, de conhecimento extensivoe hábitos estudiosos.

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Saddharma-Pundarika / Predição de Budado / Capítulo 6

38. Depois do desaparecimento daquele Gina, sua verdadeira lei deverá medir, no tempo, vinte equatro kalpas intermediários ao todo; a sua imitação deverá ter a mesma extensão de tempo.

39. Esses são os meus cinco poderosos discípulos, a quem eu destinei à Iluminação Suprema e ase tornarem no futuro Ginas auto-gerados; agora ouvi de mim o seu percurso.

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Saddharma-Pundarika / Devoção Antiga / Capítulo 7

CAPÍTULO 7

DEVOÇÃO ANTIGA

ntes, monges, no passado, incalculável, mais que incalculável, inconcebível, imenso, Aeons semmedida, apareceu no mundo um Tathagata etc., chamado Mahabhignagnanabhibhu, agraciadocom ciência e conduta, um Sugata etc. etc., na esfera de Sambhava (i.e. origem, gênese), noperíodo Maharupa. (Indagais), monges, há quanto tempo atrás foi que esse Tathagata nasceu?Bem, suponham que algum homem fosse reduzir a pó toda a massa do elemento terra, tanto

quanto possa ser encontrada em todo esse universo; que depois de pegar um átomo de pó dessemundo ele ande mil mundos além para depositar aquele átomo único; que depois de pegar um segundoátomo de pó e andar mil mundos além, ele deposita aquele segundo átomo, e procedendo dessa forma,afinal ele deposita todo o elemento terra na direção leste. Agora monges, o que pensam,: é possívelpelo cálculo achar o fim ou limite desses mundos: Eles responderam: Certamente que não, Sugata. OSenhor disse: Ao contrário, monges, algum aritmético ou mestre de aritmética poderia,verdadeiramente, ser capaz de calcular o fim ou limite dos mundos, tanto aqueles onde os átomosforam depositados, e aqueles onde não o foram, mas é impossível, aplicando as leis da aritmética, acharo limite daquelas centenas de milhares de miríades de Aeons; tão longas, tão inconcebíveis, tão imensoo número de Aeons que se passaram desde o desaparecimento daquele Senhor, o TathagataMahabhignagnanabhibhu. contudo, monges, eu me recordo perfeitamente daquele Tathagata que seextinguiu há tanto tempo atrás, como se tivesse sido hoje ou ontem, porque possuo eu, o poderosoconhecimento e a visão do Tathagata.

E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estâncias:1. Eu me recordo do grande Vidente Abhignagnanabhibhu, o mais elevado dos homens, que

existiu há muitos kotis de Aeons atrás como o Gina superior daquele período.2. Se, por exemplo, alguns homens depois de reduzir esse universo a átomos de pó, pegasse um

átomo para depositá-lo a mil regiões de distância além;3. Se depositasse um segundo, um terceiro átomo, e assim procedesse até que tivesse acabado

com toda a matéria da terra, de tal forma que esse mundo se tornasse vazio e a massa de matériaexaurida;

4. A imensa massa de matéria desses mundos, completamente reduzidos a átomos, eu comparoo número de Aeons passados.

5. Tão imenso é o número de kotis de Aeons expirados desde aquele Sugata extinto; o todo dosátomos (existentes) não o expressa (adequadamente); tantos são os Aeons que se passaram desdeentão.

6. Aquele líder que expirou há tanto tempo atrás, aqueles discípulos e Bodhisatvas, eu me lembrode todos eles como se fosse hoje ou ontem. Tal é o conhecimento dos Tathagatas.

7. Tão infindável, monges, é o conhecimento do Tathagata; eu sei o que se passou a muitascentenas de Aeons atrás, com minha memória precisa e sem erros.

Para prosseguir, monges, a longevidade do Tathagata Mahabhignagnanabhibhu, o Arhat etc., foide cinqüenta e quatro milhares de miríades de kotis de Aeons.

No começo quando o Senhor não havia ainda alcançado a iluminação suprema e perfeita e haviaapenas ocupado o cume do terreno da iluminação, ele desconcertou e derrotou a toda a hoste de Mara,após o que ele pensou: eu vou atingir a iluminação perfeita. Mas aquelas leis (da iluminação perfeita)ainda não haviam surgido para ele. Ele permaneceu no terreno da iluminação ao pé da árvore dailuminação durante um kalpa intermediário. Ele se quedou lá um segundo, um terceiro kalpaintermediário, mas não havia ainda alcançado a iluminação suprema e perfeita. Ele permaneceu umquarto, um quinto, um sexto, um sétimo, um oitavo, um nono, um décimo kalpa intermediário noterreno da iluminação, ao pé da árvore da iluminação, continuando a sentar-se de pernas cruzadas sem

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Saddharma-Pundarika / Devoção Antiga / Capítulo 7

se levantar ele se quedou, a mente sem movimentos, o corpo imóvel e sem ruídos, mas aquelas leis nãohaviam ainda raiado para ele.

Agora, monges, quando o Senhor estava justo no cume do terreno da iluminação, os deuses doParaíso (Trayastrimsas) prepararam para ele um magnífico trono real, de cem yoganas de altura,ocupando o qual, o Senhor atingiu a iluminação suprema e perfeita; e tão logo o Senhor ocupou oassento da iluminação então os deuses Brahmakayika espalharam uma chuva de flores ao redor doassento da iluminação a uma distância de cem yoganas, no céu eles soltaram tempestades através dasquais as flores murchas eram varridas para longe. Desde o começo da chuva de flores, enquanto oSenhor se sentava no assento da iluminação, transbordou sem interrupção essa chuva de floresdurante, ao todo, dez kalpas intermediários cobrindo o Senhor. Aquela chuva de flores, tendo uma vezcomeçado, continuou a cair até o momento do completo Nirvana do Senhor. Os anjos pertencentes àdivisão dos quatro guardiões dos pontos cardeais fizeram os tambores celestes dos deuses ressoar;fizeram-nos ressoar sem interrupção em honra ao Senhor, que havia alcançado o cume do terreno dailuminação. Dali em diante, durante dez kalpas intermediários ao todo, eles fizeram ressoarininterruptamente aqueles instrumentos celestes até o momento da extinção completa do Senhor.

Novamente, monges, depois do lapso de dez kalpas intermediários, o SenhorMahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., alcançou a iluminação suprema e perfeita. Imediatamenteapós terem sabido de sua iluminação, os dezesseis filhos nascidos daquele Senhor, quando ainda eraum príncipe real, o mais velho dos filhos se chamando Gnanakara, cujos dezesseis jovens príncipes,monges, tinham vários brinquedos com que brincar, variados e bonitos— aqueles dezesseis príncipes,eu repito, monges, deixaram seus brinquedos, seus divertimentos e, já que sabiam que o SenhorMahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., havia alcançado o conhecimento supremo e perfeito,foram cercados e atendidos por suas babás e mães chorosas, junto com o nobre e rico rei Kakravartin,muitos ministros, e centenas de milhares de kotis de seres vivos, ao lugar onde o SenhorMahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., estava sentado no cume do terreno da iluminação. Se lheaproximaram para honrá-lo, respeitá-lo, reverenciá-lo, e venerá-lo, saudaram seus pés com suascabeças, fizeram três circunvoluções ao redor dele no sentido da direita para a esquerda, levantaram asduas mãos postas, e elogiaram o Senhor, face a face, com a as seguintes estâncias:

8. Sois o grande médico, não tendo superior, feito perfeito em Aeons infindáveis. O vossodesejo benigno de salvar a todos os mortais (da escuridão) foi hoje realizado.

9. Coisas muito difíceis realizastes durante os dez kalpas intermediários que se passaram;estivestes sentado aquele tempo todo sem mover uma só vez vosso corpo, mão, pés, ou qualquer outraparte.

10., Vossa mente estava também tranqüila e firme, sem movimentos, nunca se mexeu; nãoconhecestes nenhuma distração; estás completamente em descanso e sem erros.

11. A alegria esteja convosco, que tão alegremente e desembaraçadamente, sem qualquerarranhão alcançastes a iluminação suprema. Que grande felicidade é a nossa! congratulamo-nos a nósmesmos, Ó Leão dentre os reis!

12. Essas criaturas infelizes, humilhadas por todas as formas, privadas de visão, por assim dizer, esem alegria, não encontram o caminho que conduz ao fim do trabalho, nem desenvolvem a energiapara a libertação.

13. Os perigos têm estado, durante muito tempo, aumentando e as leis (ou fenômenos, coisas)estão privados da (possessão de um ) corpo celeste; a palavra do Gina não sendo ouvida; o mundointeiro está mergulhado em uma profunda escuridão.

14. Mas hoje (ou agora) alcançastes, Majestade do mundo, esse lugar consagrado, elevado e semmáculas; nós, bem como o mundo, estamos agradecidos a vós, e aproximamo-nos para procurar nossorefúgio convosco, Ó Protetor!

Quando, Ó monges, aqueles dezesseis príncipes na condição de crianças, jovens, e tenros,tinham com tais estâncias celebrado o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., eles insistiamcom o Senhor para movimentar a roda da lei: Pregai a lei, Ó Senhor; pregai a lei, ó Sugata, para o bemde todos, a felicidade do povo, por compaixão ao mundo; para o benefício, bem, e felicidade de todosem geral, ambos deuses e humanos. E naquela ocasião pronunciaram as seguintes estâncias:

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Saddharma-Pundarika / Devoção Antiga / Capítulo 7

15. Pregai a lei, Ó vós que estais marcado com cem sinais auspiciosos, Ó Líder, Ó incomparávelGrande Vidente! Alcançastes o conhecimento exaltado e sublime, que brilha no mundo, inclusive dosdeuses.

16. Libertai-nos, bem como a essas criaturas; mostrai o conhecimento do Tathagatas para quenós também, e ainda além, todos esses seres possam obter esta iluminação suprema.

17. Conheceis todo o curso do dever e conhecimento; conheceis a disposição (metal e moral) eos bons trabalhos feitos em existências passadas; o pendor (natural) de todos os seres vivos. Movei amais exaltada, sublime roda!

Então, monges, assim como o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., alcançou ailuminação suprema e perfeita, cinqüenta centenas de milhares de kotis de esferas em cada uma das dezdireções do espaço, foram saudadas por seis maneiras diferentes e se tornaram iluminadas com umgrande lustro. E nos intervalos entre todas essas esferas, nos lugares assustadores de escuridão, ondemesmo o sol e a lua tão poderosos, fortes e esplêndidos não iluminam, não conseguem levar ali seusbrilhos, mesmo naqueles lugares inacessíveis ao sol e à lua, um grande lustro levantou-seinstantaneamente. E os seres que apareceram naqueles intervalos perceberam-se uns aos outros,reconheceram-se uns aos outros, (e exclamam): Vede, existem outros seres também aparecendo aqui!vede, existem outros seres também aqui aparecendo! Os palácios e veículos aéreos dos deuses em todasaquelas esferas até o mundo de Brahma sacudiram em seis diferentes modos, e se tornaram iluminadoscom um grande lustro, superando a majestade divina dos deuses. Então aí, monges, um grandeterremoto e um grande sublime lustro apareceram simultaneamente. E os veículos aéreos dos anjos deBrahma no leste, nestas cinqüenta centenas de milhares de miríades de kotis de esferas, começaram abrilhar excessivamente, resplandecer e refulgir em esplendor e glória. E aqueles anjos de Brahmafizeram essa reflexão: O que pode estar anunciado com esses veículos aéreos tão excessivamentebrilhantes, resplandecentes, refulgentes em esplendor e gloria? Então, monges, os anjos de Brahma noscinqüenta centenas de milhares de miríades de kotis de esferas foram todos, cada um ao lar do outro ese comunicaram essa questão. Depois disso, monges, o grande anjo de Brahma chamadoSarvasattvatratri (i.e. Salvador de todos os seres), se dirigiu à numerosa hoste de anjos de Brahma nasseguintes estâncias:

18. Nossos veículos aéreos hoje (ou agora) estão todos brilhando com raios em um grauextraordinário, e refulgindo em um lindo brilho e esplendor. Qual a causa provável disso?

19. Vinde, vamos investigar a questão, que ser divino hoje entrou em existência, cujo poder, talcomo nunca dantes tinha sido visto, aparece aqui nesse momento?

20. Ou será que é um dos Budas, o rei dos reis, que hoje nasceu em alguma parte do mundo, ecujo nascimento está anunciado por um tal sinal que todos os pontos no horizonte estão orarefulgindo esplendorosamente?

Então nisso, Monges, os grandes anjos de Brahma nas cinqüenta centenas de milhares demiríades de kotis de esferas montaram todos juntos seus próprios divinos veículos aéreos, levandoconsigo sacos divinos, grandes como o Monte Sumeru, com flores celestes, e foram através das quatrodireções, sucessivamente, até chegarem ao lado oeste, onde aqueles grandes anjos de Brahma, Ómonges, quedando-se na região do oeste, viram o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc.,no cume do exaltado terreno da iluminação, sentado no trono real ao pé da árvore da iluminação,cercado e atendido por deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras, grandesserpentes, homens, e seres não humanos, enquanto que os seus filhos, os dezesseis jovens príncipesinstavam com ele para fazer girar a roda da lei. Vendo que o anjos de Brahma vieram ao Senhor,saudaram os seus pés com suas cabeças, andaram ao redor dele da esquerda para a direita muitascentenas de milhares de vezes, espargindo (flores) e (o) cobrindo e à árvore da iluminação por umadistância de dez yoganas, com aqueles sacos repletos de flores grandes como Monte Sumeru. Depoisdisso apresentaram ao Senhor os seus veículos aéreos (com as palavras): Aceitai, Ó Senhor, essesveículos aéreos por compaixão a nós; usai, Ó Sugata, aqueles veículos por compaixão a nós.

Naquela ocasião, monges, depois de apresentar seus próprios veículos ao Senhor, os anjos deBrahma celebraram o Senhor, face a face, com as seguintes adequadas estâncias:

21. Um (ou o) maravilhoso, incomparável Gina, tão benéfico e compassivo, apareceu no mundo.Sois nascido um protetor, um regente ( e professor) um mestre; hoje todas as regiões são abençoadas.

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22. Viemos desde cinqüenta mil kotis de mundos de distância ao todo daqui para, humildemente,saudar o Gina dando nossos veículos aéreos conjuntamente.

23. Possuímos estes veículos variegados e brilhantes, devido a obras prévias ; aceitai-los para nosagradar, e usai-os como o aprouveres, Ó Conhecedor do mundo!

Depois que os grandes anjos de Brahma, monges , celebraram o SenhorMahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., face a face, com essas adequadas estâncias, eles (o)imploraram dizendo: Possa o Senhor girar adiante a roda da lei! Possa o Senhor pregar o descansofinal. Possa o Senhor libertar todos os seres! Sede favorável, Ó Senhor a esse mundo! Pregai a lei, ÓSenhor, a esse mundo, inclusive a deuses, Maras e anjos de Brahma; a todas as pessoas , inclusiveascetas e brâmanes,, deuses, homens e demônios! Será para o benefício do povo, para felicidade dopovo em geral, ambos, deuses e homens.

Com isso, monges, aquelas cinqüenta centenas de milhares de miríades de kotis de anjos deBrahma se dirigiram ao Senhor, em uníssono, em coro, com as seguintes estâncias:

24. Mostrai a lei, Ó Senhor: mostrai-a, Ó mais elevado dentre os homens: mostrai-a, Ó maiselevado dentre os homens; Mostrai o poder de vossa bondade; salvai os seres atormentados.

25. Rara é a luz do mundo como a flor da figueira aglomerada. Levantai-vos, Ó grande herói; vosrogamos, Ó Tathagata!

E o Senhor, Ó monges, silenciosamente mostrou o seu consentimento aos anjos de Brahma.Um pouco mais tarde, monges, os veículos aéreos dos anjos de Brahma na região sudeste nas

cinqüenta centenas de milhares de miríades de esferas começaram a brilhar excessivamente,resplandecer e refulgir em esplendor e glória. E aqueles anjos de Brahma fizeram essa reflexão: o quepode ser anunciado por esses veículos aéreos tão excessivamente brilhantes, resplandecentes erefulgentes em esplendor e glória? Nisso então, monges, os anjos de Brahma em cinqüenta centenas demilhares de miríades de kotis de esferas foram-se todos ao lar de cada qual e trocaram informaçõessobre a questão. Depois disso, monges, o grande anjo de Brahma, chamado Adhimatrakarunika (i.e.,excessivamente compassivo), dirigiu-se à numerosa hoste de anjos de Brahma com as seguintesestâncias:

26. Que sinal é este que vemos aqui hoje (ou agora), amigos? Quem, ou o que é anunciado pelosveículos celestes brilhando com uma glória tão incomum?

27. Poderá, talvez, algum abençoado ser divino vir aqui, por cujo poder, todos esses carrosaéreos estão iluminados?

28. Ou poderia ser o Buda, o mais elevado dos homens, que tenha surgido nesse mudo, que porseu poder esse carros celestes estão em tal condição como os vemos?

29l. Vamos todos juntos e procuremos; nenhuma bobagem poderia ser a causa disso; um talsinal, verdadeiramente, nunca dantes foi visto.

3k0. Vinde, vamos visitar a kotis de campos, nas quatro direções; um Buda terá certamente feitoagora a sua aparição nesse mundo.

Com isso, monges, os grandes anjos de Brahma nas cinqüenta centenas de milhares de kotis deesferas montaram todos juntos em seus divinos veículos aéreos, levaram consigo sacos divinos, grandescomo o Monte Sumeru, com flores celestes, e foram sucessivamente pelas quatro direções atéchegarem à direção nordeste, onde aqueles grandes anjos de Brahma, postados (na região nordeste),viram o Senhor Mahabhignagnanabhibhu (etc. como acima até compaixão a nós).

Naquela ocasião, monges, depois de apresentarem os seus próprios carros ao Senhor, os anjosde Brahma celebraram o Senhor, face a face, com as seguintes adequadas estâncias:

31. Homenagem a vós, incomparável Vidente, deus chefe dos deuses, cuja voz é tão doce quantoa cotovia. Líder no mundo, inclusive dos deuses, eu vos saúdo, que sois tão benigno e doador aomundo.

32. Quão maravilhoso, Ó Senhor, (é) que após tanto tempo aparecestes no mundo. Duranteoitenta centenas de Aeons completos viveu esse mundo sem um Buda.

33. Estava privado do mais elevado dos homens; o inferno prevalecia e corpos celestesdesvaneceram-se constantemente durante oitenta centenas de Aeons completos.

34. Mas agora ele apareceu, devido aos nossos bons trabalhos, que é o (nosso)_ olho, refúgio,lugar de descanso, proteção, pai e parente, ele, o benigno e doador, o Rei da lei.

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Depois que os grandes anjos de Brahma, monges, celebraram o Senhor Mahabhignagna-nabhibhu, o Tathagata etc., face a face, com essas estâncias adequadas, eles rogaram: Possa o Senhorfazer girar adiante a roda da lei!(como acima até ambos deuses e homens.)

Com isso, monges, aquelas cinqüenta centenas de milhares de mirardes de kotis de anjos deBrahma dirigiram-se ao Senhor, em uníssono, em coro comum, com as seguintes estâncias:

35. Girai adiante a roda exaltada, Ó grande asceta! revelai a lei em todas as direções; livrai todosos seres oprimidos pelo sofrimento; produzi entre os mortais a alegria e o contentamento.

36. Que eles, ouvindo a lei, tomem parte na iluminação e alcancem lugares divinos. Que todossacudam fora seus corpos de demônio, e sejam pacíficos, humildes e fiquem à vontade.

E o Senhor, Ó monges, silenciosamente mostrou o seu assentimento àqueles anjos de Brahmatambém.

Um pouco mais tarde monges, os veículos aéreos dos anjos de Brahma na região sul (etc., comoacima até uns aos outros). Depois disso, monges, o grande anjo de Brahma chamado Sudharma,dirigiu-se à numeroso hoste de anjos de Brahma em estâncias.

37. Não poderia ser sem motivo ou causa, amigos, que hoje (ou agora) todos esses veículoscelestes estejam tão brilhantes; isso quer dizer algum portento em algum lugar do mundo. Vinde,vamos e investiguemos a questão.

38. Nenhum tal portento apareceu em centenas de Aeons passados. Ou um deus nasceu, ou umBuda apareceu nesse mundo.

Nisso então, monges, os grandes anjos de Brahma, nas cinqüenta centenas de milhares demiríades de kotis de esferas montaram (etc.,., como acima até compaixão a nós).

Naquela ocasião, monges, depois de apresentar os seus próprios carros ao Senhor, os anjos deBrahma celebraram o Senhor, face a face, com as seguintes estâncias adequadas:

39. Muito rara (e preciosa) é a visão dos Líderes. Sede bem vindo, vós que dispensais aconspurcação do mundo. É depois de longo tempo que agora apareceis no mundo; depois de centenasde Aeons completos, (agora) percebe-se a vós.

40. Refrescai as criaturas sedentas, Ó Senhor do mundo! Agora és primeiramente visto; não éfácil de ver-vos. Tão rara (ou preciosa) quanto as flores da figueira aglomerada é o vosso surgimento,Ó Senhor.

41. Por vosso poder esses carros aéreos nossos estão tão incomumente iluminados agora, ÓLíder. Para nos mostrar o vosso favor, aceitai-os, Ó vós cuja visão penetra por toda parte.

Depois que os grandes anjos de Brahma, monges, celebraram o Senhor Mahabhigna-gnanabhibhu, o Tathagata etc., face a face com essas estâncias adequadas, eles (lhe) pediram: Possa oSenhor fazer girar adiante a roda da lei! (como acima até deuses e homens.)

Com isso, monges, aquelas cinqüenta centenas de milhares de miríades de kotis de anjos deBrahma dirigiram-se ao Senhor, em uníssono, em coro comum , com as seguintes estâncias:

42. Pregai a lei, Ó Senhor e Líder! girai adiante a roda da lei, fazei ressoar o grande tambor da lei,e soprai a trombeta de concha da lei.

43. Vertei a chuva da verdadeira lei sobre esse mundo e proclamais a boa palavra que soa doce;manifestai a lei requerida, salvai a miríades de kotis de seres.

E o Senhor, monges, silenciosamente mostrou o seu assentimento aos anjos de Brahma.Repetição; o mesmo ocorreu no sudoeste, no oeste, no noroeste, no norte, no nordeste, no

nadir.Então, monges., os veículos aéreos dos anjos de Brahma no nadir, naquelas cinqüenta centenas

de milhares de miriades de kotis de esferas (etc. como acima até uns aos outros). Depois disso,monges, o grande anjo de Brahma, chamado Sikhin dirigiu-se à numerosa hoste de anjos de Brahmacom as seguintes estâncias:

44. Qual poderá ser a causa , Ó amigos, que nossos carros estejam tão brilhantes de esplendor,cor e luz? Qual poderia ser a razão de estarem tão excessivamente gloriosos?

45. Nunca dantes vimos nada como isto ou de outros ouvimos. Esses (carros) estão orabrilhantes de esplendor e inexcedivelmente gloriosos; qual poderia ser a causa (disso)?.

46. Deve ser algum deus que foi dado ao mundo em recompensa pelos bons trabalhos, e cujagrandeza apareça assim como luz? Ou será talvez um Buda que nasceu no mundo?

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(Nisso) então, monges, os grandes anjos de Brahma nas cinqüenta centenas de milhares demiríades de kotis de esferas montaram todos juntos em seus próprios divinos carros aéreos, levaramconsigo sacos divinos, grandes como o Monte Sumeru, com flores celestes, e foram através das quatrodireções, sucessivamente, até que chegaram ao zênite, onde aqueles grandes anjos de Brahma, postadosno zênite, viram o Senhor Mahabhignagnanabhibhu (etc., como acima até compaixão a nós).

Naquela ocasião, monges, depois de apresentar os seus próprios veículos ao Senhor, os anjos deBrahma celebraram o Senhor, face a face, com as seguintes adequadas estâncias:

47. Que boa é a visão dos Budas, os poderosos Senhores do mundo; aqueles Budas que irãolibertar a todos os seres nesse mundo triplo.

48. Os Mestres onividentes do mundo mandam os seus olhares em todas as direções dohorizonte, e abrindo o portão da imortalidade fazem as pessoas alcançarem a margem (segura).

49. Um número inconcebível de Aeons que ora se passaram estiveram vazios, e todas as direçõesenvoltas em escuridão, como o chefe dos Ginas não aparecia.

50. Os infernos temerosos, a criação bruta e os demônios estavam aumentando; milhares dekotis de seres vivos caíram no estado de fantasmas.

51. Os corpos celestes estavam se desvanecendo; depois de sua desaparição, eles entraram emcaminhos equivocados; o seu curso se tornou errôneo por não ouvirem a lei dos Budas.

52. Todo os seres se ressentiam de comportamento devido, pureza, boa alegria e compreensão; asua felicidade se perdeu, e a consciência da felicidade se esvaneceu.

53. Não observavam as regras da moralidade; estavam firmemente enraizados na falsa lei; nãosendo conduzidos pelo Senhor do mundo, se precipitaram em desviados rumos.

54. Salve! viestes afinal, Ó luz do mundo! vós, nascido para serdes doador a todos os seres.55. Salve! chegastes com segurança ao conhecimento supremo de Buda; sentimo-nos gratos a

vós, a assim também o mundo, inclusive os deuses.56. Por vosso poder, Ó poderoso Senhor, nossos carros aéreos estão brilhando; a vós os

presenteamos, grande Herói; querei aceitá-los, grande Solitário.57. Por misericórdia de nós, Ó Líder , fazei uso deles, para que nós, bem como todos os (outros)

seres, possam alcançar a iluminação suprema. Depois que os grandes anjos de Brahma, Ó monges, celebraram o Senhor

Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., face a face, com as estâncias adequadas, eles (lhe) pediram:Possa o Senhor girar adiante a roda da lei! (etc. com acima até ambos homens e deuses).

Com isso, monges, aquelas cinqüenta centenas de milhares de miríades de kotis de anjos deBrahma se dirigiram ao Senhor, em uníssono, em coro comum, com as seguintes duas estâncias:

58. Movei adiante a roda insuperável, exaltada! soai o tambor da imortalidade! livrai a todos osseres de centenas de males, e mostrai o caminho do Nirvana.

59. Exponde os princípios da lei que rogamos; mostrai (o) vosso favor a nós e a esse mundo.Que ouçamos vossa voz doce e inconfundível que exercitastes durante milhares de kotis de Aeons.

Agora, monges, o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., estando ciente (daaspiração) das centenas de milhares de kotis de anjos de Brahma e dos dezesseis príncipes, seus filhos,iniciou naquela conjuntura a girar a roda que tem três viradas e doze partes, a roda nunca dantesmovida por nenhum asceta, Brahma, deus, demônio, nem por ninguém mais. (O seu pregar) consistianisso: Isto é a dor; esta é a origem da dor; esta é a supressão da dor; este o caminho que leva àsupressão da dor. Ele além disso expôs extensivamente como a série de causas e efeitos se desenvolve,(e disse): É assim, monges. Da ignorância provém as concepções (ou imaginações); das concepções (ouidéias) provém o julgamento; do julgamento o nome e a forma; do nome e da forma os seis sentidos;dos seis sentidos provém o contato; do contato a sensação; da sensação provem o desejo; do desejoprovém o querer; do querer, como causa, vem a existência; da existência o nascimento; do nascimento,a velhice, a morte, a lamentação, a tristeza, o desapontamento, e o desânimo. Assim se origina essamassa de misérias. Da supressão da ignorância resulta a supressão das concepções; da supressão dasconcepções resulta a supressão do julgamento; da supressão do julgamento resulta a supressão donome e da forma; da supressão do nome e da foram resulta a supressão dos seis sentidos; da supressãodos seis sentidos resulta a supressão do contato; da supressão do contato resulta a supressão dasensação; da supressão da sensação resulta a supressão do desejo; da supressão do desejo resulta aquelado querer; da supressão do querer resulta aquela da existência; da supressão da existência resulta aquela

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do nascimento; da supressão do nascimento resulta aquela da velhice, morte, lamentação, prantos,tristeza, desapontamento e desânimo. Dessa forma toda a massa de miséria é suprimida.

E enquanto essa roda da lei, monges, estava sendo colocada em andamento pelo SenhorMahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., em presença do mundo, inclusive de deuses, demônios eanjos de Brahma; da assembléia, inclusive ascetas e Brâmanes; então, naquele momento, naquelaocasião, as mentes de sessenta centenas de milhares de miríades de kotis de seres vivos foram, semesforço, libertadas de imperfeições e se tornaram todos possuidores da ciência tríplice, da sabedoriatranscendental de seis aspectos, de emancipações e meditações. No devido curso, monges, o SenhorMahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., novamente fez uma segunda exposição da lei; igualmenteuma terceira e uma quarta exposição. E a cada exposição, monges, as mentes de centenas de milharesde miríades de kotis de seres, como as areias do rio Ganges, foram, sem esforço, libertadas deimperfeições. Mais tarde, monges, a congregação de discípulos daquele Senhor era tão numerosa quepassava dos cálculos.

Nesse meio tempo, monges, os dezesseis príncipes, os jovens, tinham, cheios de fé, deixado seuslares para empreender uma vida nômade de mendicantes, e tinham todos eles se tornado noviços,espertos, inteligentes, devotos, seguidores do curso (do dever) sob muitas centenas de milhares deBudas, e tudo dando pela iluminação suprema e perfeita. Esses dezesseis noviços, monges, disseram aoSenhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., o seguinte: Ó Senhor, essas muitas centenas demilhares de miríades de kotis de discípulos do Tathagata se tornaram muito poderosos, muito fortes,muito potentes, devido ao ensinamento do Senhor da lei. Querei, Ó Senhor, ensinar-nos também, porcompaixão, a lei com uma visão à iluminação suprema e perfeita, para que possamos também seguir oensinamento do Tathagata. Queremos, Ó Senhor, ver o conhecimento do Tathagata; o Senhor mesmopode testemunhar (quanto a) isso, pois vós, Ó Senhor, que conheceis a disposição de todos os seresconheceis também a nossa.

Então, monges, ao ver que aqueles príncipes, os jovens, haviam escolhido a vida nômade demendicantes e haviam se tornado noviços, metade de todo o séquito do rei Kakravartin, ao número deoito centenas de milhares de miríades de kotis de seres vidos, optaram pela vida nômade demendicantes.

Subseqüentemente, monges, o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., vendo osdesejos daqueles noviços no lapso de vinte mil Aeons, ampla e, completamente, revelou oDharmaparyaya chamado ‘o Lótus Branco da Verdadeira Lei,” um texto de grande extensão, servindopara instruir a Bodhisatvas adequado a todos os Budas, em presença de todas as quatro classes deouvintes.

No decurso do tempo, monges, aqueles dezesseis noviços atingiram, mantiveram e,completamente, penetraram o ensinamento do Senhor.

Subseqüentemente, monges, o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., predisseàqueles dezesseis noviços (os) seus futuros destinos à iluminação suprema e perfeita. E enquanto oSenhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., estava expondo o Dharmaparyaya do Lótus Brancoda Verdadeira Lei, os discípulos, bem como os dezesseis noviços, estavam plenos de fé, e muitascentenas de milhares e miríades de kotis de seres adquiriram a convicção perfeita.

Nisso, monges, após expor o Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei durante oitomil Aeons sem interrupção, o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., entrou no mosteiro,retirando-se com o propósito de meditação, e naquele retiro, monges, o Tathagata permaneceu nomosteiro durante oitenta e quatro mil kotis de Aeons.

Agora, monges, quando os dezesseis noviços perceberam que o Senhor estava absorto,sentaram-se em seus assentos, os tronos reais que haviam sido preparados para cada um deles, eamplamente expuseram, durante oitenta e quatro centenas de milhares de miríades de kotis, oDharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei às quatro classes. Fazendo isso, monges, cada umdaqueles noviços, como Bodhisatvas, desenvolveram plenamente, instruíram, animaram estimularam,edificaram e confirmaram, com respeito à iluminação suprema e perfeita, 60 x 60 centenas de milharesde miríades de kotis de seres vivos, iguais às areias do rio Ganges.

Agora, monges, ao fim do lapso de oitenta e quatro mil Aeons, o SenhorMahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., levantou-se de sua meditação, em possessão de memória econsciência, de onde ele foi ao assento da lei, preparado para ele, para ocupá-lo.

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Saddharma-Pundarika / Devoção Antiga / Capítulo 7

Tão logo o Senhor ocupou o assento da lei, monges, (ele) relanceou o olhar por todo o círculoda assembléia e se dirigiu à congregação de monges: Eles são maravilhosamente dotados, sãoprodigiosamente dotados, esses dezesseis noviços, sábios, servidores de muitas centenas de milhares demiríades de kotis de Budas, observadores do curso (de dever), que receberam o conhecimento doBuda, transmitiram o conhecimento do Buda, expuseram o conhecimento do Buda. Honrai a essesdezesseis noviços, monges, de novo e repetidamente; e todos, sejam eles dedicados ao veículo dosdiscípulos, o veículo dos Pratyekabudas, ou o veículo dos Bodhisatvas, que não repudiarem ourejeitaram a pregação desses moços de boa família, Ó monges, deverão rapidamente ganhar ailuminação suprema perfeita, e obter o conhecimento do Tathagata.

Em seqüência também, monges, esses jovens de boa família repetidamente revelaram esseDharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei sob a tutela daquele Senhor. E os 60 X 60centenas de milhares de miríades de kotis de seres vivos, iguais às areias do rio Ganges, que por cadaum desses dezesseis noviços, os Bodhisatvas Mahasatvas, na qualidade de Bodhisatva, tinham sidodespertos para a iluminação, todos aqueles seres seguiram o exemplo dos dezesseis noviçosescolhendo, como eles, a errante vida de mendicantes, em suas várias existências; aqueles, aproveitarama visão deles e ouviram a lei de suas bocas. Eles propiciaram a quarenta kotis de Budas, e alguns estãofazendo isso até o dia presente.

Eu vos anuncio, monges, eu vos declaro: Aqueles dezesseis príncipes, os jovens, que comonoviços sob a tutela do Senhor eram intérpretes da lei, todos eles alcançaram a iluminação suprema eperfeita, e todos eles estão se quedando, existindo, vivendo agora mesmo, nas várias direções doespaço, em diferentes campos de Buda, pregando a lei a muitas centenas de milhares de miríades dekotis de discípulos e Bodhisatvas, a saber: No leste, monges, no mundo Abhirati o Tathagata chamadoAkshobhya, o Arhat etc., e o Tathagata Merukuta, o Arhat etc. No sudeste, monges, está o TathagataSimhaghosha etc., e o Tathagata Simhadhvaga etc. No sul, monges, está o Tathagata chamadoAkasapratishthita etc., e o Tathagata chamado Nityaparinirvrita etc. No sudoeste, monges, está oTathagata chamado Indradhvaga etc., e o Tathagata chamado Brahmadhvaga etc., No oeste, monges,está o Tathagata chamado Amitayus etc., e o Tathagata chamado Sarvalokadhatupa-dravodvegapratyuttirna etc. No noroeste, monges, está o Tathagata chamado Tamalapatrakandana-gandhabhigna etc., e o Tathagata Merukalpa etc. No norte, monges está o Tathagata chamadoMeghasvarapradipa etc., e o Tathagata chamado Meghasvararaga etc., e o Tathagata chamadoMeghasvararaga etc. No nordeste, monges, está o Tathagata chamado Savralokabayagi-takkhambhitatvavidhvamsanakara, o Arhat etc., e o décimo sexto sou eu mesmo, Sakyamuni, oTathagata, o Arhat etc., que alcancei a iluminação suprema e perfeita no centro desse mundo Saha.

Além disso, monges, aqueles seres que ouviram a lei de nós, quando éramos noviços, aquelasmuitas centenas de milhares de miríades de kotis de seres, numerosos como as areias do rio Ganges,que variadamente iniciamos na iluminação suprema e perfeita, permanecem até o dia presente noestágio de discípulos e maduros para a iluminação suprema e perfeita. Por turnos regulares irãoatingindo a iluminação suprema e perfeita, pois é difícil, monges, penetrar o conhecimento dosTathagatas. E quais são aqueles seres, monges, que inumeráveis, incalculáveis como as areias doGanges, aquelas centenas de milhares de miríades de kotis de seres vivos, a quem eu, quando era umBodhisatva, sob a tutela daquele Senhor, ensinei a lei da onisciência? Sois vós, monges, que eramnaquele tempo aqueles seres.

E aqueles que serão no futuro meus discípulos, quando eu houver atingido o Nirvana completo,deverão aprender o curso (da lei) dos Bodhisatvas, sem conceber a idéia de serem Bodhisatvas. E,monges, todos que têm a idéia do Nirvana completo o atingirão. Deveria ser acrescentado aqui,monges, assim como eu permaneço sob diferentes nomes em outros mundos, eles deverão nascer denovo procurando o conhecimento dos Tathagatas, e deverão novamente ouvir esse princípio: ONirvana completo dos Tathagatas é apenas um ; não existe outro, não existe um segundo Nirvana dosTathagatas. Aqui, monges, deve-se ver um meio habilidoso dos Tathagatas e uma orientação parapregar a lei. Quando o Tathagata, monges, sabe que o momento de sua extinção completa tiverchegado, e vir que a assembléia é pura, forte na fé, penetrada da lei do vazio, dedicada à meditação,dedicada à grande meditação, então , monges, o Tathagata, por ter a hora chegado, convoca (juntos) osBodhisatvas e todos os discípulos para assim ensiná-los: Não existe, Ó monges, nesse mundo umsegundo veículo, absolutamente, nem um segundo Nirvana, muito menos um terceiro. É somente um

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meio habilidoso do Tathagata, monges, que vendo as criaturas tão adiantadas no caminho da perdição,deleitando-se no inferior e afundadas na lama dos desejos sensuais, o Tathagata os ensina aqueleNirvana para o qual estejam apegados.

Como forma de exemplo, monges, suponhais que haja uma floresta densa de quinhentosyoganas de extensão (que foi) alcançada por uma grande companhia de homens. Têm eles um guiapara conduzi-los em suas jornadas à Ilha das Jóias, cujo guia, sendo capaz, esperto, sagaz, bem familiarcom as passagens difíceis da floresta, terá de levar toda aquela gente para fora da floresta. entretanto,aquela grande quantidade de pessoas, cansada, exausta, temerosa, e ansiosa, diz: ‘Verdadeiramente,Mestre, guia e líder, sabes que estamos cansados, exaustos, temerosos, e ansiosos; voltemos; essa densafloresta se estende por tão longe.’ O guia, sendo um homem de meios habilidosos, vendo aquelaspessoas ansiosas por voltar, pensa consigo mesmo: Não deve ser o caso que essas pobres criaturas nãocheguem até a grande Ilha de Jóias. Portanto, por compaixão, ele utiliza um meio habilidoso. No meiodaquela floresta ele produz uma cidade mágica de mais de cem ou duzentos yoganas de comprimento.Em seguida se dirige àquelas pessoas: ‘Não temam , meus caros, não retornem; lá adiante podem veruma grande cidade onde vocês poderão repousar e se refazer; lá vocês permanecerão no deleite deagradável repouso. Que aquele que quiser, depois de ter descansado ali, prossiga então para a grandeIlha de Jóias.’

Assim, monges, os homens que estão na floresta, são tomados de espanto, e pensam: Estamosfora da floresta; alcançamos o lugar do descanso bem-aventurado; quedemo-nos aqui. Eles entramnaquela cidade mágica, querendo crer que alcançaram seus lugares finais, seus destinos, crendo estarsalvos e no gozo do repouso. Pensam assim: Estamos no repouso, estamos refrescados. Depois de umtempo, quando o guia percebe que suas fadigas foram debeladas, ele faz com que a cidade mágicadesapareça, e diz: ‘Venham, senhores, lá está a grande Ilha de Jóias bem próxima; quanto a essa grandecidade, foi produzida por mim para não outro propósito senão o de vos propiciar alguma medida dedescanso.’

Da mesma forma, monges, é o Tathagata, o Arhat etc., o vosso guia, e o guia de todos os outrosseres. Verdadeiramente, monges, o Tathagata etc., reflete assim: Grande é essa floresta de males quedeve ser transposta, evitada, deixada para trás. Não deve ocorrer que esses seres, após ouvirem oconhecimento do Buda, que eles repentinamente dêem as costas e não mais cheguem até o fim porassim pensarem: ‘Esse conhecimento de Buda é alcançado após inúmeras dificuldades para chegar a serealizar.’ Nessas circunstâncias, sabendo o Tathagata, serem os seres fracos de caráter, faz o mesmoque o guia que produziu a cidade mágica para aquelas pessoas poderem repousar, e depois dedescansados, ele lhes diz que a cidade era produção de mágica. Da mesma forma, monges, o Tathagataetc., para dar um repouso aos seres, muito habilmente ensina e proclama dois estágios de Nirvana, asaber, o estágio dos discípulos e aquele dos Pratyekabudas. E, monges quando os seres lá se detêm,então o Tathagata etc., em pessoa revela essas palavras: “Não realizaram suas tarefas, monges, nãoterminaram o que tinham que cumprir. Mas vede, monges! o conhecimento do Buda está próximo;vejam e se convençam: o que vos parece ser o Nirvana, isso não é o Nirvana. Não, monges, é um meiohabilidoso dos Tathagatas etc., que eles exponham três veículos.’

E para explicar esse assunto mais copiosamente, o Senhor naquela ocasião enunciou as seguintesestâncias:

60. O Líder do mundo, Abhignagnanabhibhu, tendo ocupado o terreno da iluminação,continuou por dez kalpas intermediários sem atingir a iluminação, apesar de ver as coisas exatamenteem suas essências.

61. Então os deuses, Nagas, demônios e duendes, zelosos por honrar ao Gina, mandaram umachuva de flores ao lugar onde o Gina atingiu a iluminação.

62. E nos limites do céu eles repicaram o címbalos para venerar e honrar ao Gina, e ficaramenvergonhados que o Gina tivesse levado tanto tempo para atingir o lugar mais alto.

63. Depois do lapso de dez kalpas intermediários o Senhor Anabhibhu atingiu a iluminação;então todos os deuses, homens, serpentes e demônios exultaram e ficaram felizes.

64. Os dezesseis filhos do líder dos homens, aqueles heróis, sendo naquela época jovenspríncipes, ricos em virtudes, vieram juntos com milhares de kotis de seres vivos para honrar aoeminente chefe dos homens.

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65. Após prestarem saudações aos pés do líder, eles pediram: Revelai a lei e nos refresque, bemcomo a esse mundo, com a vossa boa palavra, Ó Leão dentre reis.

66. Após longo tempo sois (novamente) enxergado nos dez pontos desse mundo; apareça,grande Líder, enquanto o carros aéreos dos anjos-de-Brahma se movem para revelar um sinal aos seresvivos.

67. Na região leste cinqüenta mil kotis de campos foram sacudidos, e os elevados veículosangélicos que neles se encontravam, se tornaram excessivamente brilhantes.

68. Os anjos de Brahma, percebendo esse sinal, se aproximaram do Chefe dos Líderes domundo, e cobrindo-o de flores, apresentaram todos os seus veículos a ele.

69. Eles lhe pediram que movesse a roda da lei, e lhe celebraram com suas estâncias e canções.Mas o rei dos reis estava silencioso, (pois refletia): A hora ainda não chegou para vir a ser proclamada alei.

70. De forma idêntica no sul, oeste, norte, o nadir, zênite, e nos pontos intermediários dospontos cardeais, haviam milhares de kotis de anjos de Brahma.

71. Cobrindo o Senhor (de flores) sem cessar, eles fizeram saudações aos pés do Líder,apresentaram todos os seus veículos aéreos, celebraram-no, e novamente rogaram:

72. Girai adiante a roda, Ó Vós cuja visão é infinita! Raramente sois visto (no decorrer) demuitos kotis de Aeons. Mostrai a benevolência que observastes em tantas gerações passadas; abri oportão da imortalidade.

73. Ao ouvir seus desejos, aquele cuja visão é infinita, expôs a múltipla lei e as quatro Verdades,extensivamente. Todas as existências (disse ele) vem a ser, sucessivamente, a partir de seusantecedentes.

74. Começando pela Ignorância, o Vidente prosseguiu para falar da morte, da dor sem fim; todosesses males provêm do nascimento. Saibam igualmente que a morte é o fim de tudo o que nasce.

75. Tão logo tinha ele exposto as leis múltiplas, oitenta miríades de kotis de seres que a elasouviam, rapidamente alcançaram o estágio de discípulos.

76. Em uma segunda ocasião o Gina expôs outros princípios, e numerosos seres como as areiasdo Ganges, instantaneamente se tornaram purificados e discípulos.

77. Desde aquele momento, a assembléia daquele Líder do mundo foi inumerável; ninguémpoderia calcular o quanto exatamente , mesmo que contasse por miríades de kotis de Aeons.

78. Aqueles dezesseis príncipes também, seus próprios caros filhos, que haviam se tornadomendicantes noviços, lhe disseram: ‘Exponha, Ó Chefe, a lei superior;

79. ‘Que todos nós nos tornemos sábios, conhecedores do mundo, tal como vós mesmo o sois,Ó supremo de todos os Ginas, e que todos esses seres possam se tornar como vós, Ó herói, Ó aquelede visão clara.

80. E o Gina, levando em conta a aspiração de seus filhos, os jovens príncipes, explicou ailuminação superior mais elevada, por intermédio de muitas miríades de kotis de ilustrações.

81. Demonstrando com milhares de argumentos e elucidando o conhecimento da sabedoriatranscendental, o Senhor do mundo revelou o verdadeiro curso do dever tal qual era seguido pelossábios Bodhisatvas.

82. Esse Sutra mesmo, de grande extensão, esse bom Lótus Branco da Verdadeira Lei, foi peloSenhor apresentado em muitos milhares de estâncias, tão numerosas que se igualavam às areias doGanges.

83. Depois de apresentar esse Sutra, o Gina entrou no mosteiro com o propósito de se entregarà meditação; e durante oitenta e quatro Aeons completos, o Senhor do mundo prosseguia meditando,sentado no mesmo assento.

84. Aqueles noviços, percebendo que o Chefe permanecia no mosteiro sem dali sair,transmitiram a muitos kotis de seres aquele conhecimento do Buda, que está livre de imperfeições erepleto de alegrias.

85. Nos assentos que fizeram preparar, um para cada qual, eles expuserem esse mesmo Sutra soba tutela do Sugata daquele período. Um serviço do mesmo tipo fizeram para mim.

86. Inumeráveis como as areias dos sessenta mil (rios como o) Ganges foram o seres entãoorientados; cada um dos filhos do Sugata converteu (ou treinou) incontáveis seres.

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Saddharma-Pundarika / Devoção Antiga / Capítulo 7

87. Depois do Nirvana completo do Gina, eles iniciaram uma vida de peregrinação, viram kotisde Budas, e juntos com aqueles alunos, eles prestaram homenagem ao mais exaltado dentro oshomens.

88. Tendo observado o curso do dever amplo e sublime e também atingindo a iluminação nosdez pontos do espaço, aqueles dezesseis filhos do Gina se tornaram, eles mesmos, Ginas, dois pordois, em cada ponto do horizonte.

89. E todos aqueles que haviam sido discípulos seus tornaram-se discípulos daqueles Ginas, egradualmente obtiveram o estado da iluminação por vários meios.

90. Eu mesmo era um deles, e todos vós fostes por mim orientados. Portanto sois meusdiscípulos agora também, e eu vos conduzo à iluminação através de meios habilidosos.

91. Essa é a causa muito antiga, esse o motivo porque eu exponho a lei, pelo qual vos conduzo àiluminação superior. Assim sendo, monges, nada deveis temer.

92. É como se existisse uma horrenda floresta, terrível, deserta, sem qualquer lugar para refúgioou abrigo, cheia de feras selvagens, sem água, temível para pessoas inexperientes.

93. (Suponha além disso que) muitos milhares de homens vieram à floresta, àquele pedaço vaziode deserto, que é, ao todo, de quinhentas yoganas de extensão.

94. E aquele, que é o guia de todos através daquela floresta rude e horripilante, é uma pessoadotada, respeitado, inteligente, sábio, bem instruído, e destemido.

95. E aqueles seres, chegando a muitos kotis, sentem-se cansados, e comunicam ao guia:‘Estamos todos muito cansados, Mestre; não nos sentimos capazes de prosseguir; gostaríamos de umpronto retorno.’

9a6. Mas ele, guia engenhoso e astuto, procura por algum meio habilidoso através do qual salvara situação. Mas que terrível! ele pensa, se todos voltarem serão privados das jóias.

97. Portanto agora vou produzir, por meio de poder mágico, uma grande cidade adornada commilhares de kotis de edifícios e embelezada com mosteiros e parques.

98. Deixe-me produzir lagos e canais; (uma cidade) adornada de jardins e flores, dotada de murose portões, e habitada por um número infinito de homens e mulheres.

99. Após criar essa cidade ele se lhes dirige da seguinte forma: ‘Não temam; e alegrem-se, vocêsalcançaram uma excelente cidade; entrem nela e façam seus assuntos rapidamente.

100. ‘Alegrem-se e sintam-se à vontade; já alcançaram todos os limites de toda a floresta’; paradar-lhes tempo para descansar, ele lhes disse isso, e, de fato, todos se recobraram da exaustão.

101. Assim que percebeu que repousaram suficientemente, ele os reúne novamente, e lhes diz:‘Venham, ouçam o que tenho para lhes dizer; essa cidade, produzi eu pela mágica.

102. ‘Vendo como estavam todos fatigados, eu a fiz, para evitar que voltassem todos para trás,fiz uso desse engenho; agora reunam suas forças para atingir a Ilha.’

103. Da mesma forma, monges, eu sou o guia, o condutor de milhares de kotis de seres vivos; damesma forma vejo as criaturas trabalhando e incapazes de quebrar a casca do ovo dos males.

104. Então, reflito sobre o assunto: Esses seres gozaram de repouso, foram tranqüilizados; agoraeu os lembrarei da miséria de todas as coisas (e direi): ‘No estado de Arhat todos alcançarão seusobjetivos.’

105. Naquela ocasião, quando tiverem alcançado aquele estágio, e quando vir que todos setornaram Arhats, então eu os chamarei e explicarei como a lei é de fato.

106. É um artifício dos Líderes, quando eles, os grandes Videntes, mostram três veículos, poisexiste somente um veículo, sem segundo; é apenas para ajudar (os seres) que dois veículos sãomostrados.

107. Portanto, eu lhes digo agora, monges: Levantai ao máximo suas elevadas energias paraatingir o onisciente; por enquanto, não chegaram a possuir o Nirvana completo.

108. Mas quando chegarem a atingir o conhecimento do onisciente e dos dez poderes adequadosaos Ginas, vos tornareis Budas, marcados pelos trinta e dois sinais característicos e tereis o descansopara sempre.

109. Tal é o ensinamento dos Líderes: para dar a quietude, eles mencionam o repouso, (mas)quando vêem que(os seres) tiveram algum repouso, eles, sabendo disso não se tratar do descanso final,os iniciam então no conhecimento da onisciência.

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CAPÍTULO 8

PREDIÇÃO DE BUDADO DOS QUINHENTOS MONGES

uvindo do Senhor aquela demonstração de habilidosos meios e a instrução através de enigmáticodiscurso; ao ouvir a predição de Budado dos grandes Discípulos, bem como a historia inicialsobre a devoção antiga e a liderança do Senhor, o Venerável Purna, filho de Maitrayani, tomou-se de espanto e maravilhamento, cheio de pureza, emocionado de alegria e encanto. Levantou-sede seu assento, pleno de deleite e alegria, possuído de grande respeito pela lei, e enquanto

prostrava-se aos pés do Senhor, fez, consigo mesmo, a seguinte reflexão: Maravilhoso, Ó Senhor;maravilhoso, Ó Sugata; é uma coisa extremamente difícil o que os Tathagatas etc., realizam, o adequar-se a esse mundo, tão variado, e pregando a lei a todos os seres, com muitas provas de suas habilidades,e engenhosamente livrando-os quando estão apegados a isso ou aquilo. O que podemos fazer, ÓSenhor, em tal caso? Ninguém, exceto o Tathagata, conhece nossa disposição e nosso percursoanterior. Então, após o haver reverenciado com sua fronte os pés do Senhor, Purna se quedou à parte,fitando o Senhor com olhos fixos e demonstrando dessa forma sua veneração.

E o Senhor, vendo a disposição mental do venerável Purna, filho de Maitrayani, dirigiu-se àassembléia completa de monges da seguinte forma: Vocês monges, vejam esse discípulo, Purna, filhode Maitrayani, a quem designei como o maior dos pregadores nessa assembléia, elogiado por suasmuitas virtudes, que estudou de várias formas para compreender a verdadeira lei. Ele é alguém quepode entusiasmar, despertar, e estimular os quatro tipos de audiência; incansável ao pregar a lei; tãocapaz de pregar a lei quanto de atender aos companheiros seguidores do caminho do dever. Exceto oTathagata, monges, não existe ninguém capaz de estar à altura de Purna, filho de Maitrayani, quer sejaessencialmente ou em atributos. Agora, monges, supõem que ele mantém a minha lei unicamente?Não, monges, não devem vocês achar isso. Pois eu me recordo, monges, que no passado, no tempodos noventa e nove Budas, o mesmo Purna manteve a verdadeira lei sob a tutela daqueles Budas.Assim mesmo como está ele agora comigo, assim foi ele, em todos os períodos, o maior dospregadores da lei; foi em todos os períodos um consumado conhecedor do Vazio; adquiriu, em todosos períodos, as quatro distintas qualificações de um Arhat; alcançou, em todos os períodos, a maestriana sabedoria transcendental dos Bodhisatvas. Ele tem sido um pregador da lei firmemente convicto,isento da dúvida e totalmente puro. Sob a tutela daqueles Budas ele observou durante sua existênciainteira uma vida espiritual, e por toda parte o chamavam de ‘o Discípulo.’ Por esse meio ele fomentouo interesse de inumeráveis, incalculáveis, centenas de milhares de miríades de kotis de seres, e trouxeseres inumeráveis, incalculáveis, à plena maturidade para a iluminação suprema e perfeita. Em todos osperíodos ele assistiu às criaturas na função de um Buda e, em todos os períodos, ele purificou seupróprio campo-de-Buda, sempre tentando trazer as criaturas à maturidade. Foi ele também, monges, omaior dentre os pregadores da lei sob os sete Tathagatas, o primeiro dos quais é Vipasyin, e o sétimo,eu mesmo.

E quanto aos Budas, monges, que aparecerão no futuro nesse kalpa-de-Bhadra, ao número demil menos quatro, sob tutela deles também, deverá esse próprio Purna, filho de Maitrayani, ser o maiordentre os pregadores da lei e sustentáculo da verdadeira lei. Assim, manterá ele a verdadeira lei deinumeráveis e incalculáveis Senhores e Budas no futuro, promoverá o interesse de inumeráveis eincalculáveis seres, e trará inumeráveis e incalculáveis seres à plena maturidade para a iluminaçãosuprema e perfeita. Constante e assiduamente ele estará pronto em purificar seu próprio campo-de-Buda e trará as criaturas à maturidade. Após completar um curso-de-Bodhisatva, ao fim de Aeonsinumeráveis e incalculáveis, deverá ele atingir a iluminação suprema e perfeita; deverá ele no mundo sero Tathagata chamado Dharmaprabhasa, um Arhat etc., agraciado com ciência e conduta, um Sugataetc. Deverá ele aparecer nesse mesmo campo-de-Buda.

O

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Além disso, monges, nesse tempo futuro, o campo-de-Buda mencionado parecerá formado demilhares de esferas similares às areias do rio Ganges. Será plano, como a palma da mão, consistindodas sete substâncias preciosas, ser sem colinas, e cheio de altos prédios das sete substâncias preciosas.Haverá veículos do deuses postados nos céus; os deuses verão os homens, e os homens verão osdeuses. Além disso, monges, naquele tempo, o campo-de-Buda estará isento de lugares corretivos, e demulheres, pois todos os seres surgirão por nascimento espontâneo. Levarão uma vida espiritual, terãocorpos ideais, serão auto-iluminados, mágicos, caminhando no firmamento, esforçados, de boamemória, sábios, possuídos de corpos dourados, e agraciados com as trinta e duas características de umgrande homem. E nesse tempo, monges, os seres no campo-de-Buda terão duas coisas com que sealentar, a saber, o deleite na lei e o deleite na meditação. Haverá um número imenso, incalculável decentenas de milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas; todos agraciados com grande sabedoriatranscendental, realizados nas (quatro) distintas qualidades de um Arhat, capazes de instruir os seres.Ele (aquele Buda) terá um número de discípulos, acima de qualquer contagem, poderosos na mágica,fortes, mestres na meditação das oito emancipações. Imensas serão as boas qualidades que haveránaquele campo-de-Buda. E aquele Aeon deverá se chamar Ratnavabhasa (i.e., radiante de jóias), eaquele mundo, Suvisuddha (i.e., muito puro). Sua duração será de Aeons imensos, incalculáveis; e apósa completa extinção daquele Senhor Dharmaprabhasa, o Tathagata etc., sua verdadeira lei deverápermanecer durante um longo tempo, e seu mundo será cheio de Stupas feitas de substânciaspreciosas. Tais inconcebíveis boas qualidades, monges, deverá ter o campo-de-Buda daquele Senhor.

Assim disse o Senhor, e depois disso, ele, o Sugata, o Mestre, acrescentou as seguintes estâncias:1. Ouvi monges, e ouvi como o meu filho atingiu seu curso de dever, e como ele, bem treinado e

hábil, observou o curso da iluminação.2. Vendo que esses seres tinham tendências grosseiras e que ficariam surpresos com o elevado

veículo, os Bodhisatvas se tornaram discípulos e exerceram o Pratyekabudado.3. Com muitas centenas de meios habilidosos eles trazem numerosos Bodhisatvas à maturidade

plena e declaram: Somos apenas discípulos, verdadeiramente, e estamos longe da iluminação suprema emais elevada.

4. É aprendendo deles esse curso (do dever) que kotis de seres chegam à maturidade plena, osquais (inicialmente), com pouca disposição e algo preguiçosos, no decurso do tempo, tornam-se todosBudas.

5. Seguem eles um percurso de ignorância (achando): Nós, discípulos, somos de pouca valia defato! Desanimados eles descem a todos os lugares da existência (sucessivamente), e (assim) limpamseus próprios campos.

6. Demonstram em suas próprias pessoas, que não estão livres da afeição, ódio, e fatuidade; epercebendo (outros) seres se apegando a pontos de vista errôneos, tornam-se, eles mesmos,acomodados àqueles pontos de vista.

7. Seguindo um tal caminho, meus numerosos discípulos, habilmente, salvam aos seres; aspessoas comuns ficariam enlouquecidas se lhes fossem mostrados o curso total da vida (ou história).

8. Purna, aqui presente, monges, meu discípulo, completou anteriormente o seu curso (de dever)sob milhares de kotis de Budas, chegou à conquista dessa verdadeira lei buscando o conhecimento deBuda.

9. E, em todos os períodos, ele foi o mais avançado dentre os discípulos, sábio, orador brilhante,livre de hesitação; ele tem sido, verdadeiramente, sempre capaz de levar alegria e sempre pronto aempreender a tarefa de Buda.

10. Ele foi sempre realizado nas sublimes faculdades transcendentais e agraciado com asqualificações distintas de um Arhat; ele intuía a faculdade e alcance de (outros) seres, e pregou sempre alei perfeitamente pura.

11. Expondo a mais eminente das verdadeiras leis, ele trouxe milhares de kotis de seres àmaturidade completa para esse veículo supremo, o maior de todos, enquanto purificava seu própriomagnífico campo.

12. No futuro, igualmente, ele honrará a milhares de kotis de Budas, adquirirá conhecimento dasmais eminentes boas leis e limpará seu próprio campo.

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13. Sempre liberto da timidez ele pregará a lei com milhares de kotis de engenhosas habilidades,e trará muitos seres à completa maturidade para o conhecimento do oni-sapiente que é livre deimperfeições.

14. Após ter prestado homenagem aos chefe dos homens e sempre mantendo as mais eminentesleis, deverá ele, no mundo, ser um Buda auto-gerado, amplamente conhecido pelo nome deDharmaprabhasa.

15. E seu campo será, permanentemente, muito puro e sempre cravejado das sete substânciaspreciosas; seu Aeon deverá ser chamado Ratnavabhasa, e seu mundo, Suvisuddha.

16. Esse tal mundo será permeado de muitos milhares de kotis de Bodhisatvas, mestresrealizados nas grandes ciências transcendentais, puros em todos os aspectos, e agraciados com poderesmágicos.

17. Nesse período, o Chefe terá também uma assembléia de milhares de kotis de discípulos,agraciados com poderes mágicos, adeptos na meditação das (oito) emancipações, e realizados nas(quatro) distintas qualificações de um Arhat.

18. E todos os seres, nesse campo de Buda, serão puros e terão uma vida espiritual. Tendoaparecido pelo nascimento espontâneo, serão todos de cor dourada e apresentarão as trinta e duasmarcas características.

19. Outra comida não conhecerão além do prazer na lei e o deleite no conhecimento. Nãoexistirão mulheres ali, nem temor de lugares de punição ou de estados miseráveis.

20. Tal será o excelente campo de Purna, que possui todas as boas qualidades; deverá transbordarcom todas as coisas boas, uma pequena porção das quais apenas, foram aqui mencionadas.

Então, esse pensamento surgiu na mente daqueles mil e duzentos (Arhats) autocontrolados:Estamos tomados de assombro e maravilhamento. (E se) o Tathagata predissesse a nós, diversamente,nosso futuro destino, como o Senhor fez àqueles outros grandes discípulos? E o Senhor,compreendendo em sua própria mente o que se passava nas mentes daqueles grandes discípulos,dirigiu-se ao venerável Maha-Kasyapa: Aqueles mil e duzentos ouvintes a quem vejo agora face a face, atodos aqueles mil e duzentos ouvintes autocontrolados, eu predirei agora seus futuros destinos. Dentreeles, Kasyapa, o monge Kaundinya, um grande discípulo, deverá, após sessenta e duas centenas demilhares de miríades de kotis de Budas tornar-se um Tathagata, um Arhat etc., com o nome deSamantaprabhasa, agraciado com ciência e conduta, um Sugata etc. etc., mas daqueles (mil e duzentos),Kasyapa, quinhentos deverão tornar-se Tathagatas do mesmo nome. Dali em diante deverão todosaqueles quinhentos grandes discípulos atingir a iluminação suprema e perfeita, todos portando o nomede Samantaprabhasa; a saber, Gaya-Kasyapa, Nadi-Kasyapa, Uruvilva-Kasyapa, Kala, Kalodayin,Aniruddha, Kapphina, Vakkula, Kunda, Svagata, e o resto dos quinhentos (Arhats) autocontrolados.

E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estâncias:21. O descendente da família Kundina, meu discípulo aqui presente, deverá no futuro tornar-se

um Tathagata, um senhor do mundo, após um intervalo de tempo infindável; ele deverá educarcentenas de kotis de seres vivos.

22. Após ver a muitos Budas sem fim, deverá no futuro, depois da passagem de um período detempo infindável, tornar-se o Gina Samantaprabhasa, cujo campo será completamente puro.

23. Brilhante, agraciado com poderes de um Buda, com uma voz ressonante em todas asdireções, atendido por milhares de kotis de seres, ele deverá pregar a iluminação suprema e eminente.

24. Haverá Bodhisatvas muito zelosos, montados em elevados carros alados e rápidos,meditativos, de moral pura e assíduos na prática do bem.

25. Após ouvir a lei do mais elevado dos homens, eles, invariavelmente, irão a outros campospara saudar a milhares de Budas, mostrando-lhes seus grandes respeitos.

26. Mas logo voltarão ao campo do Líder chamado Prabhasa, o Tathagata. Tão grande será opoder do seu curso (de dever).

27. A longevidade daquele Sugata será de sessenta mil Aeons, e depois da extinção completa dopoderoso, sua verdadeira lei permanecerá pelo dobro desse período no mundo.

28. E a sua impostura continuará por três vezes esse período. Quando a verdadeira lei daquelesanto se exaurir, homens e deuses entristecer-se-ão.

29. Surgirá um número completo de quinhentos chefes, supremos entre os homens, os quaisterão o mesmo nome daquele Gina. Samantaprabhasa, e seguir-se-ão um ao outro em sucessão regular.

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30. Todos deverão ter divisões parecidas, poderes mágicos, campos de Buda, e hostes (deseguidores). Suas verdadeiras leis também deverão ser as mesmas e permanecer pelo mesmo períodode tempo.

31. Todos deverão ter nesse mundo, inclusive dos deuses, a mesma voz que Samantaprabhasa, omais elevado dos homens, tal como eu mencionei antes.

32. Movidos pela benevolência e compaixão deverão eles sucessivamente predizer o destino aoBudado de cada um deles, com as palavras: Esse será o meu sucessor imediato, e comandará ele omundo como eu, no presente, o faço.

33. Assim, Kasyapa, mantém agora em vista esses (Arhats) autocontrolados, não menos quequinhentos (em número), bem como meus outros discípulos e comunica essa disposição aos demais.

Ouvindo do Senhor o anúncio de seus próprios futuros destinos, os quinhentos Arhats,contentes, satisfeitos, em elevado espirito e êxtase, repletos de ânimo, alegria, e deleite, foram ao lugaronde sentava-se o Senhor, respeitosamente fizerem reverencia a seus pés com suas cabeças, e assimfalaram: Reconhecemos nosso erro, Ó Senhor, ao termos, continua e constantemente, supostohavermos chegado ao Nirvana final, como pessoas tolas, ineptas, ignorantes das regras. Pois, ÓSenhor, enquanto devíamos ter penetrado completamente o conhecimento dos Tathagatas, ficamoscontentes com um tal grau insignificante de conhecimento.

É, Ó Senhor, como se um homem, tendo chegado à casa de um amigo, ficasse bêbado ouadormecesse, e aquele amigo atasse uma jóia de preço incalculável dentro de sua roupa, com opensamento: Que essa jóia seja dele. Depois de algum tempo, Ó Senhor, aquele homem se ergue dolugar onde estivera e vai adiante; vai a outro país, onde é assolado por dificuldades intermitentes, eencontra grande dificuldade de conseguir comida e roupa. Com um grande esforço ele consegue obterescassamente um pouco de comida, com a qual, contudo, dá-se por satisfeito. O seu velho amigo, ÓSenhor, o qual amarrara dentro de sua roupa aquela jóia de preço incalculável, encontra-o novamente elhe diz: Como poderá ser, caro amigo, que esteja encontrando tais dificuldades para conseguir comida eroupa, quando eu, para que tivesses conforto, atei dentro de tua roupa uma jóia de preço incalculável,suficiente para tudo que quisesse? Eu te dei essa jóia, caro amigo, a jóia mesma que amarrei dentro detua lapela. E ainda estás deliberando: O que foi atado? Por quem? Por que razão e por que propósito?É tolice, caro amigo, estar satisfeito, quando tivestes tantas dificuldades em obter tua comida e roupa.Vai, meu caro amigo, vai, com essa jóia, a alguma grande cidade, troca a jóia por dinheiro e, com essedinheiro, compre tudo que o dinheiro pode comprar.

Da mesma forma, Ó Senhor, já tinha o Tathagata anteriormente, enquanto seguíamos ainda ocurso de dever de um Bodhisatva, suscitado em nós, também, a idéia de onisciência, mas nós, ÓSenhor, não percebíamos nem sabíamos disso. Imaginávamos, Ó Senhor, que no estágio final deArhat, já havíamos atingido o Nirvana. Vivíamos em dificuldades, Ó Senhor, porque noscontentávamos com um grau tão ínfimo de conhecimento. Mas, como nossa forte aspiração peloconhecimento do todo-sapiente nunca cessou, o Tathagata nos ensina o correto: ‘Não formem umaidéia do Nirvana, monges; há em suas inteligências raízes de bondade que já dantes eu haviaplenamente desenvolvido. Existe nisso um meio habilidoso que uso, ao pregar a lei, e com isso, vocêsacreditavam haver atingindo o Nirvana já naquele momento.’ E após ter-nos ensinado o correto de talforma, o Senhor agora prediz o nosso futuro destino ao conhecimento supremo e perfeito.

E naquela ocasião os quinhentos (Arhats) autocontrolados, Agnata-Kaundinya e o resto deles,pronunciaram as seguintes estâncias:

34. Estamos alegres e contentes de ouvir essa insuperável palavra de conforto de que estamosdestinados à iluminação suprema, mais elevada. Homenagem a vós, Ó Senhor de visão ilimitada.

35. Reconhecemos nossos erros ante a vós; éramos tão infantis, tolos, ignorantes, que estávamosperfeitamente satisfeitos com uma pequena parte do Nirvana, sob a tutela do Sugata.

36. Esse caso é como aquele de um certo homem que entra na casa de um seu amigo, cujoamigo, sendo rico e influente oferece-lhe muita comida, sólida e líquida.

37. Após saciá-lo com alimentos, ele lhe dá de presente uma jóia de grande valor. Prende-a comum nó em seu manto superior e sente-se satisfeito por ter-lhe dado tal jóia.

38. O outro homem, inconsciente disso, vai embora daquela cidade para outra. Ali, ele é vítimade infortúnios e, como um mísero mendicante, procura por comida desesperadamente.

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Saddharma-Pundarika /Predição de Budado dos 500 Monges / Capítulo 8

39. Ele fica satisfeito com as migalhas que obtém sem pensar em coisa saborosa; quanto à jóia,dela ele se esqueceu completamente, não tendo sequer a menor lembrança de tê-la atada a seu mantosuperior.

40. Nessas circunstâncias, seu amigo, de novo, encontra-se com ele, o amigo que lhe havia dadoa jóia. Este amigo, corretamente, chama-lhe a atenção e mostra onde está a jóia atada dentro de seumanto.

41. Com aquela visão o homem se sente muito feliz. O valor da jóia é tal que ele fica muito rico,com grande poder, e entra em possessão de tudo aquilo que os cinco sentidos podem apreciar.

42. Da mesma forma, Ó Senhor, estávamos inconscientes de nossa aspiração anterior, (aaspiração) em nós instilada pelo Tathagata mesmo, em existências prévias desde o tempo memorial.

43. E vivíamos nesse mundo, Ó Senhor, com compreensão pouca e ignorantes, sob a tutela doSugata; pois estávamos satisfeitos com um pouco do Nirvana; não almejando nada mais elevado nemmesmo, para tal, dando qualquer consideração.

44. Mas o Amigo do mundo nos mostrou melhor: ‘Isso não é o Descanso abençoadoabsolutamente; o conhecimento completo dos homens mais elevados, esse é o Descanso abençoado,essa a beatitude suprema.’

45. Após ouvir essa sublime, grande, esplêndida e incomparável predição, Ó Senhor, estamosextremamente tomados de alegria, quando pensamos na predição (que faremos um ao outro) emsucessão regular.

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Saddharma-Pundarika /Anúncio do Futuro Destino de Ananda, etc. / Capítulo 9

CAPÍTULO 9

ANÚNCIO DO FUTURO DESTINO DE ANANDA, RAHULA E DOSDOIS MIL MONGES

aquela ocasião o venerável Ananda fez esta reflexão: Será que nós também receberemos umapredição parecida? Assim pensando, ponderando, desejando, ele se levantou de seu assento,prosternou-se diante dos pés do Senhor e pronunciou as seguintes palavras. E o venerávelRahula também, em quem despertou o mesmo pensamento e mesmo desejo que em Ananda,prosternou-se diante dos pés do Senhor e pronunciou estas palavras: ‘Que seja nossa vez

também, Ó Senhor; que seja nossa vez também, Ó Sugata. O Senhor é nosso pai e progenitor, nossorefúgio e proteção. Pois que neste mundo, inclusive dos homens, deuses e demônios, Ó Senhor,somos particularmente destacados, como dizem as pessoas: Estes são os filhos do Senhor, osassistentes do Senhor; estes são os mantenedores do tesouro da lei do Senhor. Portanto, Senhor,pareceria adequado, se o Senhor predissesse nosso destino à iluminação suprema e perfeita.

Dois mil outros monges, e mais, tanto aqueles que estavam ainda treinando e aqueles que aindanão estavam, de forma semelhante levantaram-se de seus assentos, envergaram seus mantos sobre umdos ombros, elevaram sua mãos postas em direção ao Senhor e permaneceram fitando-o, todospreocupados com o mesmo pensamento, isto é, deste conhecimento de Buda mesmo: Será que nóstambém receberemos uma predição de nosso destino à iluminação suprema e perfeita.

Então o Senhor se dirigiu ao venerável Ananda nas seguintes palavras: Você, Ananda, deveráno futuro tornar-se um Tathagata com o nome de Sagaravaradharabuddhivikriditabhigna, um Arhat etc.,agraciado com ciência e conduta etc. Depois de ter honrado, respeitado, venerado e reverenciadosessenta e dois kotis de Budas, mantido em memória a verdadeira lei daqueles Budas e recebido estemandamento, você chegará à iluminação suprema e perfeita e trará à maturidade plena para ailuminação suprema e perfeita, vinte centenas de milhares de miríades de kotis de Bodhisatvassemelhantes às areias de vinte Ganges. E o seu campo de Buda consistirá de lápis-lazuli e serásuperabundante. A esfera será chamada de Anavanamita-vaigayanta e o Aeon Manognasabdabhigargita.A duração da vida daquele Senhor Sagaravaradharabuddhivikriditabhigna, o Tathagata etc., será deimenso número de Aeons, cujo termo não deve ser achado por cálculos. Tantas centenas de milharesde miríades de kotis de Aeons incalculáveis durará a vida daquele Senhor. Duas vezes este período,Ananda, depois da extinção completa daquele Senhor, deverá sua verdadeira lei permanecer, e duasvezes novamente este período continuará sua imitação. E além disto, Ananda, muitas centenas demilhares de miríades de kotis de Budas, semelhantes às areias do rio Ganges, deverão por todas asdireções do espaço declamarem o elogio daquele Tathagata Sagaravaradharabuddhivikriditabhigna, oArhat, etc.

1. Eu vos anuncio, monges congregados, que Ananda-Bhadra, o mantenedor de minha lei, setornará no futuro um Gina, depois de ter venerado sessenta kotis de Sugatas.

2. Ele será amplamente renomado com o nome de Sagarabuddhidharin Abhignaprapta, em umcampo lindo totalmente limpo, chamado Anavanata Vaigayanti (que quer dizer bandeira triunfaldesfraldada).

3. Haverá Bodhisatvas como as areias do Ganges e mais ainda, aos quais ele trará à maturidadeplena; ele será um Gina agraciado com grande poder mágico, cuja palavra se espalhará amplamente portodos os cantos do mundo.

4. A duração de sua vida será imensa. Ele será sempre benigno e compassivo para com estemundo. Depois da completa extinção daquele Gina e poderoso santo, sua verdadeira lei durará duasvezes mais a duração deste período.

N

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Saddharma-Pundarika /Anúncio do Futuro Destino de Ananda, etc. / Capítulo 9

5. A imitação continuará duas vezes mais sob o reino daquele Gina. Então, deverão seresnumerosos como as areias do Ganges produzir neste mundo o que é a causa da iluminação do Buda.

Naquela assembléia havia oito mil Bodhisatvas que tinham acabado de entrar o veículo. A eleseste pensamento se apresentou: Nunca antes tínhamos ouvido uma tão sublime predição aosBodhisatvas, muito menos ainda aos discípulos. Qual será a causa disto? O Senhor, que percebeu emsua mente o que se passava na mente daqueles Bodhisatvas, se lhes dirigiu nestas palavras: Moços deboa família, eu e Ananda ao mesmo tempo, no mesmo instante, concebemos a idéia da iluminaçãosuprema e perfeita na presença do Tathagata Dharmagahanabhyudgataraga, o Arhat, etc. Naqueleperíodo, moços de boa família, ele (Ananda) se aplicava assídua e constantemente ao grande estudo,enquanto eu me aplicava à prática incessante. Por isto mesmo eu cheguei mais cedo à iluminaçãosuprema e perfeita, enquanto que Ananda-Bhadra era mantenedor do tesouro da lei dos SenhoresBudas; isto quer dizer, moços de boa família, que ele fez uma promessa de trazer Bodhisatvas aodesenvolvimento pleno.

Quando o venerável Ananda ouviu do Senhor o anúncio ao seu próprio destino à iluminaçãosuprema e perfeita, ao ficar sabendo das boas qualidades de seu campo de Buda e suas divisões, aosaber da promessa que havia feito no passado, ele se sentiu feliz, alegre, exultante, confiante, deleitadoe jubiloso. Naquele momento ele se lembrou da verdadeira lei de muitas centenas de milhares demiríades de kotis de Budas e sua própria promessa de antanho.

E naquela ocasião o venerável Ananda pronunciou as seguintes estrofes:6. Maravilhoso, sem limites são os Ginas que nos lembram da lei pregada pelos Ginas extintos

e poderosos santos. Agora eu me lembro como se tivesse acontecido hoje ou ontem.7. Eu estou livre de todas as dúvidas; estou pronto para a iluminação. Tal é minha habilidade,

que sou assistente e mantenho a verdadeira lei para a iluminação.Com isto o Senhor se dirigiu ao venerável Rahula-Bhadra nestas palavras: Você, Rahula, será no

futuro um Tathagata com o nome de Saptaratnapadmavikrantagamin, um Arhat, etc., agraciado comciência e conduta, etc. Depois de ter honrado, respeitado, venerado e reverenciado um número deTathagatas, etc., iguais aos átomos de dez mundos, serás sempre o filho mais velho daqueles SenhoresBudas, assim como és meu filho no presente. E, Rahula, a medida da vida daquele SenhorSaptaratnapadmavikrantagamin, o Tathagata, etc., e a abundância de todo tipo de boas qualidades (quepertencerão a ele) serão exatamente os mesmos que o Senhor Sagaravaradharabuddhivikriditabhigna, oTathagata, etc.; de forma semelhante deverão as divisões do campo de Buda e suas qualidades ser asmesmas que aquelas possuídas por aquele Senhor. E, Rahula, serás o filho mais velho daqueleTathagata Sagaravaradharabuddhivikriditabhigna, o Arhat, etc. Depois chegarás à iluminação suprema eperfeita.

8. Rahula aqui presente, meu filho mais velho, que nasceu para mim enquanto era príncipe real,ele, meu filho, depois de eu ter ganho a iluminação, é um grande vidente, um herdeiro da lei. 9. O grande número de kotis de Budas que ele verá no futuro, é imenso. Para todos aquelesGinas ele será um filho, lutando pela iluminação.

10. Desconhecido é este curso de dever para Rahula, mas eu conheço sua promessa anterior.Ele glorifica o Amigo do Mundo (dizendo): eu sou, verdadeiramente, o filho do Tathagata.

11. Inumeráveis miríades de kotis de boas qualidades, cuja medida não poderá nunca sertomada, pertencem a este Rahula, meu filho; pois foi dito: Ele existe porque a iluminação existe.

O Senhor novamente olhou aqueles dois mil discípulos, tanto aqueles que ainda estavampraticando quanto aqueles que não mais praticavam, que estavam observando-o com mentes serenas,suaves, plácidas. E o Senhor então se dirigiu ao venerável Ananda: Vê você, Ananda, estes dois mildiscípulos, tanto aqueles que ainda estão treinando quanto aqueles que já não mais estão? “Eu vejo,Senhor; eu vejo, Sugata.” O Senhor prosseguiu: Todos aqueles dois mil monges, Ananda, deverãosimultaneamente cumprir o curso dos Bodhisatvas e, após honrarem, respeitarem, venerarem,reverenciarem Budas tão numerosos quanto os átomos de cinqüenta mundos, e depois de adquirirem averdadeira lei, todos eles deverão, em suas últimas existências corpóreas, atingir a iluminação suprema eperfeita ao mesmo tempo, no mesmo momento, no mesmo instante, na mesma conjuntura em todasas direções do espaço, em diferentes mundos, cada qual em seu próprio campo de Buda. Todos eles setornarão Tathagatas, Arhats, etc., com o nome de Ratnaketuragas. A duração de suas vidas deverá serde um Aeon completo. A divisão e boas qualidades de seus campos de Buda deverá ser igual; igual

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Saddharma-Pundarika /Anúncio do Futuro Destino de Ananda, etc. / Capítulo 9

deverá ser também o número de suas congregações de discípulos e Bodhisatvas; igual também serásuas extinções completas e suas verdadeiras leis deverão prosseguir por um tempo igual.

E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes:12. Estes dois mil discípulos, Ananda, que ora estão diante de mim, a eles, os sábios, eu agora

predigo que no futuro deverão se tornar Tathagatas. 13. Depois de terem prestado veneração eminente aos Budas, por intermédio de comparações

infinitas e de exemplos, eles deverão, ao se quedarem em suas últimas existências corpóreas, atingir aminha iluminação última.

14. Todos eles deverão, sob o mesmo nome, em todas as direções, no mesmo momento einstante, e sentados ao pé da mais sublime das árvores, tornar-se Budas, depois que tiverem ganho oconhecimento.

15. Todos terão o mesmo nome de Ketus de Ratna, pelo qual se tornarão amplamenteconhecidos neste mundo. Seus campos excelentes deverão ser iguais, e iguais à congregação dediscípulos e de Bodhisatvas.

16. Fortes em poder mágico, eles deverão simultaneamente, em todas as direções do espaço,revelar a lei neste mundo e simultaneamente se tornarão extintos; suas verdadeiras leis deverão durarigualmente o mesmo tempo.

E os discípulos, tanto aqueles que ainda estava treinando quanto aqueles que não estavam, aoouvirem do Senhor, face a face a predição quanto a eles, ficaram agradados, exultantes, deliciados,alegres, cheios de alegria e deleite e se dirigiram ao Senhor com as seguintes estrofes:

17. Estamos satisfeitos, Ó Luz do mundo, de ouvir esta predição; estamos agradados, ÓTathagata, com se fossemos salpicados com néctar.

18. Não temos dúvidas, nem incertezas de que nos tornaremos supremos dentre homens; hojeganhamos a felicidade, porque ouvimos esta predição.

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Saddharma-Pundarika / O Pregador / Capítulo 10

CAPÍTULO 10

O PREGADOR

Senhor então se dirigiu aos oitenta mil Bodhisatvas Mahasatvas se voltando a Bhaishagyaragacomo seu representativo. Veja você, Bhaishagyaraga, nesta assembléia de muitos deuses, Nagas,duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras, grandes serpentes, homens, e seres nãohumanos, monges, monjas, leigos homens e mulheres, devotos do veículo dos discípulos,devotos do veículo dos Pratyekabudas e aqueles do veículo dos Bodhisatvas, quem ouviu este

Dharmaparyaya da boca do Tathagata? "Eu ouvi, Senhor; eu ouvi, Sugata." O Senhor prosseguiu: Bem,Bhaishagyaraga, todos aqueles Bodhisatvas Mahasatvas que, nesta assembléia, ouviram, nem que fosseuma só estrofe, um só verso (ou palavra), ou que mesmo que fosse por um só pensamento quesurgisse, aceito este Sutra, a todos estes, Bhaishagyaraga, dentre as quatro classes de minha audiência eupredigo seus destinos à iluminação suprema e perfeita. E todos aqueles, Bhaishagyaraga, que, após acompleta extinção do Tathagata, ouvirem este Dharmaparyaya e depois de ouvi-lo, nem que fosse umasó estrofe, alegremente o aceitar, nem que seja com um só pensamento desperto, àqueles também,Bhaishagyaraga, sejam eles moços ou moças de boa família, eu predigo seus destinos à iluminaçãosuprema e perfeita. Aqueles moços ou moças de boa família, Bhaishagyaraga, serão veneradores demuitas centenas de milhares de miríades de kotis de Budas. Aqueles moços ou moças de boa família,Bhaishagyaraga, terão feito uma promessa sob centenas de milhares de miríades de kotis de Budas.Eles devem ser considerados como renascendo entre as pessoas de Gambudvipa, por compaixão atodos os seres. Aqueles que tomarem, lerem, tornarem conhecido, recitarem, copiarem, e depois decopiarem, sempre mantiverem em memória e, de tempos em tempos, virem nem que seja uma sóestrofe deste Dharmaparyaya; que através deste livro sentirem veneração pelos Tathagatas, tratá-loscom o respeito devido ao Mestres, e os honrarem, reverenciarem, venerarem; que venerarem este livrocom flores, incenso, guirlandas perfumadas, óleos, pós, roupas, pára-sóis, bandeiras, flâmulas, música,etc., e com atos de reverência tais como prestar saudação e ficar de mãos postas; em resumo,Bhaishagyaraga, qualquer moço ou moça de boa família que mantiver ou alegremente aceitar nem queseja uma só estofe deste Dharmaparyaya, a estes todos, Bhaishagyaraga, eu predigo seus destinos àiluminação suprema e perfeita.

Se algum homem ou mulher, Bhaishagyaraga, perguntar: Como irão estes seres no futuro setornar Tathagatas, Arhats, etc.? Então este homem ou mulher deve ser referido ao exemplo daquelemoço ou moça de boa família. "Quem quer que seja capaz de recitar, ensinar, nem que seja uma sóestrofe de quatro linhas, e quem quer que mostre respeito a este Dharmaparyaya, este moço ou moçade boa família deverá no futuro se tornar um Tathagata, etc.; estejam certos disto." Pois que,Bhaishagyaraga, tal moço ou moça de boa família deve ser considerado como sendo um Tathagata, epor todo o mundo, inclusive os deuses, honra é devida a um tal Tathagata que mantém nem que sejauma só estrofe deste Dharmaparyaya, e muito mais, claro, àquele que apreender, mantiver,compreender, tornar conhecido, copiar e depois de copiar sempre retiver na memória esteDharmaparyaya por completo e inteiro, ou que honrar este livro com flores, incenso, guirlandasperfumadas, óleos, pós, roupas, pára-sóis, flâmulas, bandeiras, música, mãos postas, prostraçõesreverentes e saudações. Um tal moço ou moça de boa família, Bhaishagyaraga, deve ser consideradocomo realizado na iluminação suprema e perfeita; deve ser tido com sendo igual a um Tathagata, quepor compaixão e benefício ao mundo, em virtude de uma promessa antiga, faz a sua aparição noGambudvipa, para tornar este Dharmaparyaya conhecido de todos. Quem quer que, depois deabandonar sua própria idéia primeira da lei e o alto campo de Buda ocupado por si, para tornarconhecido de todos este Dharmaparyaya, depois de meu Nirvana completo, pode ser estimado comotendo aparecido pregando como o Tathagata, uma tal pessoa, Bhaishagyaraga, seja ele um moço oumoça de boa família, deve ser estimando com fazendo a função do Tathagata, como sendo um enviado

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Saddharma-Pundarika / O Pregador / Capítulo 10

do Tathagata. Um tal, Bhaishagyaraga, deve ser reconhecido como um moço ou moça de boa família,que comunica este Dharmaparyaya, depois do Nirvana completo do Tathagata, nem que fosse emsegredo ou ocultamente, ou para uma só criatura que ele contasse isto.

Novamente, Bhaishagyaraga, se alguma criatura viciosa, má, e cruel deva na Idade (presente)falar algo de injurioso contra o Tathagata, e se alguém pronunciar uma só palavra dura, semfundamentos, ou infundada, àqueles pregadores irrepreensíveis, pregadores da lei e mantenedores desteSutranta, quer sejam devotos leigos ou padres, eu declaro que este último é um pecado ainda maior.Pois que, Bhaishagyaraga, um tal moço ou moça de boa família deve ser tido como adornado comtudo aquilo que pertence ao Tathagata. Ele leva o Tathagata em seu ombro, Bhaishagyaraga, quedepois de ter copiado este Dharmaparyaya e feito um volume dele, o levar em seu ombro. Uma talpessoa, onde quer que vá, deve ser saudado por todos os seres de mãos postas, deve ser honrado,respeitado, venerado, saudado, reverenciado por deuses e homens com flores, incenso, guirlandasperfumadas, óleos, pós, roupas, pára-sóis, bandeiras, flâmulas, instrumentos musicais, com comida,dura e macia, com alimento e bebida, com veículos, com montes de jóias belas e especiais. Estepregador da lei deve ser honrado com montes de jóias belas que são presenteadas àquele pregador dalei. Pois que pode acontecer que se ele expuser este Dharmaparyaya, nem que seja uma só vez,inumeráveis, incalculáveis seres que o ouvirem logo se tornarão realizados na iluminação suprema eperfeita.

E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes:1. Aquele que deseja se estabelecer no Budado e aspira ao conhecimento do Não-nascido, deve

honrar àquele que mantiver esta doutrina.2. E aquele que estiver desejoso da onisciência e pensar: Como posso eu de forma mais breve

possível ganhar isto? Deve conhecer este Sutra de cor, ou ao menos honrar àquele que o conheça.3. Ele foi enviado pelo Senhor do mundo para ensinar aos homens, aquele que, por amor à

humanidade, recitar este Sutra.4. Depois de abandonar uma boa posição no mundo, aquele grande homem veio até aqui,

aquele que por compaixão pelos homens mantém este Sutra (na memória).5. É por força de sua posição, que nos últimos tempos ele é visto pregando este Sutra

insuperável.6. Aquele pregador da lei deve ser honrado com flores humanas e divinas e todo tipo de

perfume; ser presenteado com roupas divinas e coberto de jóias.7. Sempre se deve reverentemente saudá-lo com mãos postas, como se ele fosse o Chefe dos

Ginas ou o Não-nascido, quem nestes últimos e terríveis dias, mantiver este Sutra do (Buda) Extinto.8. Deve-se dar comida, dura e macia, alimento e bebida, abrigo num convento, kotis de mantos

para honrar o filho do Gina, quando ele tiver proposto, nem que seja uma só vez, este Sutra.9. Ele faz o trabalho dos Tathagatas e foi enviado por mim para o mundo dos homens, aquele

que nos últimos dias copiar, mantiver ou ouvir este Sutra.10. Aquele que na maldade de seu coração ou com cenho carregado, deva em qualquer

momento de um Aeon inteiro pronunciar o que quer que seja de injurioso em minha presença, cometeum grande pecado.

11. Mas aquele que abusar ou insultar aqueles guardiões deste Sutranta, quando estiveremexpondo este Sutra, eu digo que ele comete um pecado mais grave ainda.

12. Aquele que, lutando pela iluminação superior, me elogiar em um Aeon completo diante demim com mãos postas, com muitas miríades de kotis de estrofes,

13. Deverá daí derivar um grande mérito, já que ele me glorificou na alegria do seu coração.Mas um maior mérito ainda deverá adquirir aquele que elogiar aqueles pregadores.

14. Aquele que durante dezoito milhares de kotis de Aeons prestar culto àqueles objetos deveneração, com palavras, coisas visíveis, sabores, com perfumes divinos e tipos divinos de toques,

15. Se uma tal pessoa prestando esta veneração aos objetos de veneração durante dezoitomilhares de kotis de Aeons, ouvir este Sutra, nem que seja uma só vez, ele obterá uma vantagemincalculável.

Eu te anuncio, Bhaishagyaraga, eu te declaro, que muitos são os Dharmaparyayas, que eupropus, estou propondo, e proporei. E dentre todos estes Dharmaparyayas, Bhaishagyaraga, é estejustamente que não vai ser aceito por ninguém, que não encontrará eco em ninguém. Este é, de

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Saddharma-Pundarika / O Pregador / Capítulo 10

verdade, Bhaishagyaraga, o cerne espiritual esotérico transcendental da lei, preservado pelo poder dosTathagatas, mas nunca divulgado; é um artigo de credo ainda não tornado conhecido. Pela maioria daspessoas, Bhaishagyaraga, este Dharmaparyaya é rejeitado durante a vida do Tathagata; muito mais aindao será depois de sua extinção.

E contudo, Bhaishagyaraga, é necessário considerar aqueles moços ou moças de boa famíliaque forem vestir os mantos do Tathagata; que forem vistos e abençoados pelos Tathagatas vivendo emoutros mundos, que eles terão a força da persuasão individual, a força que está enraizada na virtude, e aforça de um voto pio. Todos morarão separados nos mosteiros do Tathagata, Bhaishagyaraga, e terãosuas cabeças afagadas pela mão do Tathagata, aqueles moços e moças de boa família, que depois dacompleta extinção do Tathagata crerem, lerem, escreverem, honrarem este Dharmaparyaya e o recitaraos outros.

Novamente, Bhaishagyaraga, em qualquer lugar da terra onde este Dharmaparyaya for exposto,pregado, escrito, estudado, ou recitado em coro, naquele lugar, Bhaishagyaraga, deve-se construir umtemplo do Tathagata, magnífico, consistindo das substâncias preciosas, alto, e espaçoso; mas não énecessário depositar ali as relíquias do Tathagata. Pois que o corpo do Tathagata está, por assim dizer,depositado coletivamente ali. Qualquer lugar na terra onde este Dharmaparyaya for exposto ouensinado ou recitado ou ensaiado em coro ou escrito ou mantido em um volume, deve ser honrado,respeitado, reverenciado, cultuado como se fosse uma Stupa, com todo tipo de flores, incenso,perfumes, guirlandas, óleos, pós, roupas, pára-sóis, bandeiras, flâmulas, bandeirolas triunfais, com todotipo de canto, música, dança, instrumentos musicais, castanhetas e gritos em coro. E aqueles,Bhaishagyaraga, que se aproximarem de um templo do Tathagata para saudá-lo ou vê-lo, devem serestimados como estando próximos à iluminação suprema e perfeita. Pois que, Bhaishagyaraga, existemmuitos leigos bem com padres que observam o curso de um Bodhisatva sem, contudo, chegarem a ver,ouvir, esclarecer ou venerar este Dharmaparyaya. Enquanto eles não ouvirem este Dharmaparyaya, elesnão são eficazes no curso de um Bodhisatva. Mas aqueles que ouvirem este Dharmaparyaya e então oaceitarem, penetrarem, compreenderem, entenderem, estão naquele momento próximos à iluminaçãosuprema e perfeita, por assim dizer, encostados nela.

É o caso, Bhaishagyaraga, parecido com aquela pessoa que, necessitado e à cata de água, paraobtê-la, faz com que um poço seja perfurado num torrão árido de terra. Enquanto ele vir que a areiaescavada está branca e seca, ele conclui: a água ainda está longe. Depois de algum tempo ele percebeque a areia sendo escavada está úmida, misturada com água, enlameada, com gotas pingando, e que oshomens que estão trabalhando estão cobertos de lama e limo. Vendo este sinal, Bhaishagyaraga, ohomem ficará convencido e certo que a água se aproxima. Da mesma forma, Bhaishagyaraga, estarãoaqueles Bodhisatvas Mahasatvas longe da iluminação suprema e perfeita enquanto não ouvirem, nemperceberem, nem penetrarem, nem sondarem, nem ligarem a este Dharmaparyaya. Mas quando osBodhisatvas Mahasatvas ouvirem, pregarem, penetrarem, estudarem e considerarem esteDharmaparyaya, então, Bhaishagyaraga, eles estarão, por assim dizer, imediatamente próximos àiluminação suprema e perfeita. Deste Dharmaparyaya, Bhaishagyaraga, será acrescentado às criaturas ailuminação suprema e perfeita. Pois que este Dharmaparyaya contém uma explicação do mistério maiselevado, o artigo secreto da lei que os Tathagatas, etc., revelaram para aperfeiçoar os BodhisatvasMahasatvas. Qualquer Bodhisatva, Bhaishagyaraga, que ficar assustado, ansioso, com medo desteDharmaparyaya, deve ser considerado, Bhaishagyaraga, como um novato no veículo. Se contudo, umdevoto do veículo dos discípulos ficar assustado, ansioso, com medo deste Dharmaparyaya, uma talpessoa, devota do veículo dos discípulos, Bhaishagyaraga, deve ser considerado como um homemarrogante.

Qualquer Bodhisatva Mahasatva, Bhaishagyaraga, que depois da extinção do Tathagata, nosúltimos tempos, no último período apresentar este Dharmaparyaya, às quatro classes de ouvintes, devefazê-lo, Bhaishagyaraga, depois de ter entrado na casa do Tathagata, depois de ter envergado o mantodo Tathagata, e ocupado o púlpito do Tathagata. E qual é a casa do Tathagata, Bhaishagyaraga? É oresidir na bondade para com todos os seres; esta é a casa do Tathagata, Bhaishagyaraga, que o moço deboa família tem que entrar. E o que é o manto do Tathagata, Bhaishagyaraga? É a roupa da paciênciasublime; este é o manto do Tathagata, Bhaishagyaraga, que o moço de boa família tem que envergar. Eo que é o púlpito do Tathagata, Bhaishagyaraga? É entrar no vazio de todas as coisas; este é o púlpito,Bhaishagyaraga, no qual o moço de boa família tem que sentar para apresentar este Dharmaparyaya às

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Saddharma-Pundarika / O Pregador / Capítulo 10

quatro classes de ouvintes. Um Bodhisatva tem que propor este Dharmaparyaya com a mente semvacilações, ante os Bodhisatvas congregados, às quatro classes de ouvintes, que estão lutando peloveículo dos Bodhisatvas, e eu, permanecendo num outro mundo, Bhaishagyaraga, farei por intermédiode criaturas fictícias as mentes de toda a congregação favoravelmente dispostas àquele moço de boafamília, e enviarei monges fictícios, monjas, leigos homens e mulheres para ouvirem o sermão dopregador, e ninguém lá será capaz de o contradizer ou negar. Se depois disto ele se retirar para umafloresta, eu enviarei para lá muitos deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnarase grandes serpentes para ouvi-lo pregar, enquanto que eu, permanecendo num outro mundo,Bhaishagyaraga, mostrarei meu rosto àquele moço de boa família, e as palavras e sílabas desteDharmaparyaya que ele esquecer eu novamente as sugerirei a ele quando ele repetir esta lição.

E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes:16. Que se ouça este Sutra exaltado, evitando toda distração; pois que é rara a ocasião de ouvi-

lo, e raro também acreditá-lo.17. É o caso parecido com aquele de uma certa pessoa que necessitando de água vai e perfura

um poço num torrão de terra árida, e constata que apenas fica saindo areia branca e seca.18. Vendo isto ele pensa: a água ainda está longe; um sinal que ainda está longe é a areia seca e

branca que aparece na escavação.19. Mas quando mais tarde ele vê repetidamente a areia úmida e macia, ele fica convencido que

a água não pode estar longe.20. Assim também estão longe do Budado aquelas pessoas que não ouviram este Sutra e que

fracassaram em meditar sobre ele.21. Mas aqueles que ouviram e com freqüência meditaram neste profundo rei entre os Sutras,

este livro cheio de autoridade para discípulos,22. São sábios e estão próximos ao conhecimento de Buda, assim mesmo como a umidade da

areia é um sinal que indica estar próxima a água.23. Depois de entrar na casa do Gina, envergar seu manto e assentar no meu assento, o

pregador deve, sem medo, expor este Sutra.24. A força da compaixão ( ou bondade ) é minha casa; as roupas da paciência, meu manto; e o

vazio, meu assento; que o pregador se estabeleça aqui e pregue.25. Quando paus, lanças, pedras ou palavras abusivas e ameaças forem a sorte do pregador, que

ele seja paciente, pensando em mim.26. Meu corpo existiu inteiro em milhares de kotis de regiões; durante um número de kotis de

Aeons, além da compreensão eu ensino a lei aos seres.27. Àquele homem corajoso que proclamar este Sutra depois de minha extinção completa eu

também enviarei muitas criações.28. Monges, monjas, devotos leigos, homens e mulheres, o honrarão bem como as classes da

audiência.29. E se alguém ali o atacar com pedras, paus, palavras ofensivas, ameaças, zombarias, então as

criações o defenderão.30. E quando ele se quedar sozinho, ocupado no estudo, num lugar solitário, na floresta ou nas

colinas,31. Então eu lhe mostrarei meu corpo luminoso e o possibilitarei a lembrar a lição que ele

esqueceu.32. Enquanto ele está vivendo solitário no deserto, eu lhe enviarei deuses e duendes em grande

número para que ele tenha companhia.33. Tais são as vantagens que ele gozará; quer ele esteja pregando às quatro classes, ou vivendo,

um solitário, em cavernas da montanha e estudando sua lição, ele me verá.34. Sua prontidão de discurso não conhece impedimentos; ele compreende os muitos requisitos

da interpretação; ele satisfaz a milhares de kotis de seres porque ele é, por assim dizer, inspirado peloBuda.

35. E os seres que forem confiados aos seus cuidados irão muito cedo se tornar Bodhisatvas, ecultivando sua intimidade eles perceberão Budas numerosos como as areias do Ganges.

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Saddharma-Pundarika / O Pregador / Capítulo 10

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Saddharma-Pundarika / Aparição de uma Stupa / Capítulo 11

CAPÍTULO 11

APARIÇÃO DE UMA STUPA

ntão apareceu uma Stupa, consistindo de sete substâncias preciosas, do lugar da terra oposto aoSenhor, a assembléia estando no meio, uma Stupa de quinhentas yoganas de altura e proporcionalem diâmetro. Depois de sua aparição, a Stupa, um fenômeno meteórico, se quedou no céubrilhando, linda, belamente decorada com cinco mil terraços sucessivos de flores, adornada commuitos milhares de arcos, embelezada por milhares de bandeiras e flâmulas triunfais, dependurada

com milhares de guirlandas de jóias e com sinos e relógios, emitindo um perfume de Xanthochymus esândalo, cujo perfume encheu este mundo todo. Sua fileira de pára-sóis ia tão alto que tocava as casasdos quatro guardiões do horizonte e os deuses. Consistia de sete substâncias preciosas, a saber, ouro,prata, lápis-lazúli, Musaragalva, esmeralda, coral vermelho e pedra Karketana. Esta Stupa de substânciaspreciosas, uma vez formada, os deuses do paraíso a cobriram e entremearam de flores Mandara egrande Mandarava. E da Stupa de substâncias preciosas veio esta voz: Excelente, excelente, SenhorShakyamuni! Bem expuseste este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. Assim é,Senhor; assim é, Sugata.

Vendo aquela grande Stupa de substâncias preciosas, aquele fenômeno meteórico no céu, asquatro classes de ouvintes se encheram de alegria, deleite, satisfação e felicidade. Instantaneamente elesse levantaram de seus assentos, esticaram suas mãos postas, e permaneceram nesta posição. Então oBodhisatva Mahasatva Mahapratibhana, percebendo o mundo, inclusive dos deuses, homens, edemônios, cheio de curiosidade, disse ao Senhor: Ó Senhor, qual é a causa, qual a razão de tãomagnífica Stupa de substâncias preciosas aparecer no mundo? Quem é que, Ó Senhor, causa este soma sair da Stupa magnífica de substâncias preciosas? Assim indagado, o Senhor falou a Mahapratibhana,o Bodhisatva Mahasatva, da seguinte forma: Nesta grande Stupa de substâncias preciosas,Mahapratibhana, o corpo mesmo do Tathagata está contido em forma condensada; a Stupa é dele; éele que faz com este som seja emitido. No ponto do espaço abaixo, Mahapratibhana, existeminumeráveis milhares de mundos. Além deste ponto está o mundo chamado Ratnavisudhha, ondeexiste um Tathagata chamado Prabhutaratna, o Arhat, etc. Este Senhor que viveu há tempos atrás, fezesta promessa: Antes, quando seguia o curso de um Bodhisatva, eu não havia chegado à iluminaçãosuprema e perfeita antes de ouvir este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, servindopara a instrução dos Bodhisatvas. Mas no momento em que ouvi este Dharmaparyaya do LótusBranco da Verdadeira Lei, tornei-me plenamente maduro para a iluminação suprema e perfeita. Agora,Mahapratibhana, aquele Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., naquele momento em que suaextinção completa tomaria lugar, anunciou na presença do mundo, inclusive dos deuses: Depois deminha extinção completa, monges, uma Stupa deve ser erigida de substâncias preciosas da forma docorpo mesmo do Tathagata; as demais Stupas, novamente, devem ser feitas dedicadas a mim. Comisto, Mahapratibhana, o Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., pronunciou esta benção: Que minhaStupa aqui, esta Stupa de meu corpo mesmo, se levante onde quer que qualquer campo de Buda nasdireções do espaço, em todos os mundos, onde o Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Leifor proposto, e que ele se quede no céu acima da congregação reunida quando este Dharmaparyaya doLótus Branco da Verdadeira Lei estiver sendo pregado por algum Senhor Buda ou outro, e que estaStupa da forma do meu corpo mesmo dê um grito de aplauso àqueles Budas enquanto pregando esteDharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. É aquela Stupa, Mahapratibhana, das relíquias doSenhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., que, enquanto eu pregava este Dharmaparyaya do LótusBranco da Verdadeira Lei neste mundo de Saha, que se levantou acima desta congregação reunida e sequedando como um meteoro no céu, deu seu aplauso.

Então disse Mahapratibhana, o Bodhisatva Mahasatva, ao Senhor: Mostre-nos, Ó Senhor,através de vosso poder o corpo deste Tathagata acima mencionado. Com o que o Senhor respondeu

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ao Bodhisatva Mahasatva Mahapratibhana como se segue: Este Senhor Prabhutaratna,Mahapratibhana, fez uma promessa pia e séria. Esta promessa consistia no seguinte: Quando osSenhores, os Budas, estando em outros campos de Buda, pregarem este Dharmaparyaya do LótusBranco da Verdadeira Lei, então que esta Stupa da forma do meu corpo mesmo esteja próxima aoTathagata para ouvir dele este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. E quando aquelesSenhores, aqueles Budas quiserem descobrir a forma do meu corpo mesmo e mostrá-lo às quatroclasses de ouvintes, então que os corpos dos Tathagatas, feitos pelos Tathagatas em todas as direções,em diferentes campos de Buda, de seus corpos mesmos, e pregando a lei aos seres, sob nomesdiferentes em vários campos de Buda, que todos estes corpos dos Tathagatas, feitos do corpo mesmo,se unam, junto com esta Stupa contendo o corpo de meu corpo mesmo, sejam revelados e mostradosàs quatro classes de ouvintes. Então, Mahapratibhana, eu fiz muitos corpos do Tathagata que em todasas direções, em vários campos de Buda em milhares de mundos, pregam a lei aos seres. Todos estes euprocurei trazer para aqui.

Com isto o Bodhisatva Mahasatva Mahapratibhana disse ao Senhor: Então, Ó Senhor, quereverenciemos e saudemos a todas estas emanações corpóreas do Tathagata e criadas pelo Tathagata.

E instantaneamente o Senhor fez fulgir do círculo de cabelo de suas sobrancelhas um raio, quelogo que foi enviado, todos os Senhores, os Budas que estavam em direção ao leste em cinqüentacentenas de milhares de miríades de kotis de mundos, iguais às areias do rio Ganges, todos se tornaramvisíveis, e os campos de Buda ali, consistindo de cristal, se tornaram visíveis, variegados com árvores dejóias, decorados com cordões de bom tecido, repletos com muitas centenas de milhares deBodhisatvas, cobertos de toldos, preparados com uma rede das sete substâncias preciosas e ouro. Enaqueles campos apareceram os Senhores, os Budas, ensinando com vozes doces e gentis a lei aosseres; e aqueles campos de Buda apareciam repletos com centenas de milhares de Bodhisatvas. Eraassim também, no sudoeste; também no sul; também no sudeste; também no oeste; também nonordeste; também no norte; também no noroeste, também no nadir; também no zênite; também nasdez direções do espaço; em cada direção eram vistos muitas centenas de milhares de miríades de kotisde campos de Buda, parecidos às areias do rio Ganges, em muitos mundos parecidos às areias do rioGanges, Senhores Budas em muitas centenas de milhares de miríades de kotis de campos de Buda.

Aqueles Tathagatas, etc., nas dez direções do espaço então se dirigiram cada qual à sua tropa deBodhisatvas: Temos que ir, moços de boa família, ao mundo de Saha próximo ao Senhor Shakyamuni,o Tathagata, etc., para humildemente saudar a Stupa das relíquias de Prabhutaratna, o Tathagata, etc.Com isto aqueles Senhores, aqueles Budas foram com seus próprios satélites, cada qual com um oudois, a este mundo de Saha. Naquele período, este mundo que a tudo abarcava estava adornado comárvores de jóias; consistia de lápis-lazúli, estava coberta com uma rede de sete substâncias preciosas eouro, perfumada com o incenso oloroso de magníficas jóias, por toda parte coberta de flores deMandarava e grande Mandarava, decorada com uma rede de pequenos sinos, mostrando um tabuleirode xadrez dividido por fios de ouro em oito compartimentos, sem cidades, vilarejos, prefeituras,províncias, reinos e capitais reais, sem as montanhas de Kala, sem as montanhas Mukilinda e grandeMukilinda, sem um monte Sumeru, sem um Kakravala (isto é, horizonte) e grande Kakravala (isto é,horizonte estendido), sem outras montanhas principais, sem grandes oceanos, sem rios e grandes rios,sem corpos de deuses, homens e demônios, sem infernos, sem a criação bruta, sem um reino de Yama.Pois deve ser compreendido que naquele período todos os seres em qualquer dos seis estados deexistência neste mundo haviam sido removidos para outros mundos, com a exceção daqueles queestava reunidos naquela congregação. Foi então que aqueles Senhores, aqueles Budas, assistidos por umou dois satélites, chegaram a este mundo de Saha e foram um depois do outro ocupar seus lugarespróximo à árvore de jóia. Cada uma das árvores de jóia tinha quinhentas yoganas de altura, tamanhogalhos, folhas, folhagem e circunferência proporcionais, e tinha frutos e flores. Ao pé de cada árvorede jóia estava preparado um trono, de cinco yoganas de altura, e adornado com jóias magníficas. CadaTathagata foi ocupar este trono e ali se sentou na postura do lótus. E assim todos os Tathagatas detoda a esfera se sentaram em lótus ao pé das árvores de jóias. Naquele momento toda a esfera estavarepleta de Tathagatas, mas os seres produzidos do corpo mesmo do Senhor Shakyamuni ainda nãotinham chegado, de um só ponto do horizonte. Então o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc.,prosseguiu para fazer espaço para aqueles corpos dos Tathagatas que chegavam um depois do outro.Em todos os lados nas oito direções do espaço apareceram vinte centenas de milhares de miríades de

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kotis de campos de Buda de lápis-lazúli, enfeitados com uma rede das sete substâncias precisas e ouro,decorados com uma borda de pequenos sinos, com flores de Mandarava e grandes Mandaravasespalhadas, cobertos com toldos celestes, dependurados com uma lauréola de flores celestes,perfumado com incenso celeste oloroso. Todos aqueles vinte centenas de milhares de miríades de kotisde campos de Buda eram sem cidades, vilarejos, prefeituras, etc.; sem montanhas de Kala, etc.; semgrandes oceanos, etc.; e sem corpos de deuses, etc. Todos aqueles campos de Buda estavam arranjadosde tal forma por ele como se para formar apenas um campo de Buda, um só, nivelado, adorável,enfeitado com árvores das sete substâncias preciosas, árvores com quinhentas yoganas de altura ecircunferência, com galhos, flores, e frutos em proporção. Ao pé de cada árvore estava preparado umtrono, de cinco yoganas de altura e largura, consistindo de gemas celestes, brilhando e lindas. OsTathagatas chegando um depois do outro ocuparam o trono próximo ao pé de cada árvore e sentaramde pernas cruzadas,. De forma similar o Tathagata Shakyamuni preparou vinte centenas de milhares demiríades de kotis de outros mundos, em todas as direções do espaço, para dar lugar aos Tathagatas quechegavam um depois dos outros. Aqueles vinte centenas de milhares de miríades de kotis de mundosem todas as direções do espaço eram preparados por ele para estarem sem cidades, vilarejos, etc.,(como acima). Eles estavam sem corpos de deuses, etc., (como acima); todos aqueles seres haviam sidoremovidos para outros mundos. Aqueles campos de Buda também eram de lápis-lazúli, etc. (comoacima). Todas aquelas árvores de jóias mediam quinhentas yoganas, e próximo a elas estavam tronos,feitos artificialmente medindo cinco yoganas. Então aqueles Tathagatas se sentaram de pernascruzadas, cada qual num trono ao pé de uma árvore de jóias.

Naquele momento os Tathagatas produzidos pelo Senhor Shakyamuni, que no leste estavampregando a lei aos seres em centenas de milhares de miríades de kotis de campos de Buda, parecidos àsareias do rio Ganges, todos chegaram dos dez pontos do espaço e sentaram nas oito divisões doespaço. Com isto trinta kotis de mundos em cada direção foram ocupados por aqueles Tathagatas dasoito divisões. Então, sentados em seus tronos, aqueles Tathagatas mandaram seus satélites à presençado Senhor Shakyamuni, e depois de lhes dar sacos com flores de jóias, recomendaram-lhes o seguinte:Vão, moços de boa família, até a montanha de Gridhrakuta, onde o Senhor Shakyamuni, o Tathagata,etc., se encontra; saúdem-no reverentemente e indaguem, em nosso nome, como está sua saúde, bemestar, conforto, e disposição tanto dele quanto da multidão de Bodhisatvas e discípulos. Cubram-lhescom este monte de jóias e digam o seguinte: Será que o Senhor Tathagata se dignaria a abrir estagrande Stupa de jóias? Foi desta forma que todos aqueles Tathagatas recomendaram a seus assistentes.

E quando o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, percebeu que suas criações, sem faltar nenhuma,tinham chegado; percebeu que estavam todos sentados cada qual em seu trono, e percebeu que ossatélites daqueles Tathagatas, etc., estavam presentes, ele, em consideração ao desejo expresso poraqueles Tathagatas, etc., levantou-se de seu assento e quedou-se no céu, como um meteoro. E asquatro classes da assembléia se levantaram de seus assentos, esticaram suas mãos postas, epermaneceram fitando o rosto do Senhor. O Senhor então, com seu dedo indicador direito, abriu omeio da grande Stupa de jóias, que parecia um meteoro, e dividiu as duas partes. Da mesma forma queas portas duplas de um grande portão de cidade se separam quando a tranca é aberta, assim o Senhorabriu a grande Stupa, que parecia um meteoro, destrancando ela no meio com seu dedo indicadordireito. A grande Stupa de jóias mal tinha sido aberta que o Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc.,foi visto sentado de pernas cruzadas em seu trono, com membros emaciados e corpo pálido, com seestivesse absorto em meditação, e pronunciou estas palavras: Excelente, excelente, SenhorShakyamuni; bem expuseste este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. Eu repito, bemexpuseste este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, Senhor Shakyamuni, às quatroclasses da assembléia. Eu mesmo, Senhor, vim até aqui para ouvir o Dharmaparyaya do Lótus Brancoda Verdadeira Lei.

Agora as quatro classes da assembléia, percebendo que o Senhor Prabhutaratna, o Tathagata,etc., que havia estado extinto durante muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons,falando desta forma, se encheram de admiração e assombro. Instantaneamente eles cobriram o SenhorPrabhutaratna, o Tathagata, etc., e o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., com montes de floresdivinas e humanas. E então o Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., cedeu ao Senhor Shakyamuni, oTathagata, etc., a metade do assento naquele trono mesmo que estava dentro da grande Stupa de jóiase disse: Que o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., sente aqui. Com isto o Senhor Shakyamuni, o

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Tathagata, etc., sentou naquela metade do assento junto com o outro Tathagata, de tal forma queambos os Tathagatas eram vistos como meteoros no céu, sentados no trono no meio da grande Stupade jóias.

E nas mentes daquela quatro classes da assembléia se levantou este pensamento: Estamos longede ambos os Tathagatas; portanto que nós também, pelo poder do Tathagata, nos levantemos peloscéus. E o Senhor percebeu em sua mente o que se passava nas mentes daquelas quatro classes daassembléia, e instantaneamente, através do poder mágico, estabeleceu as quatro classes como meteorosno céu. Então o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, se dirigiu às quatro classes: Quem dentre vocês,monges, tentará expor este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei neste mundo de Saha?O termo fatal, o momento (da morte), se aproxima; o Tathagata deseja a extinção completa, monges,depois que tiver confiado a vocês este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei.

E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes:1. Aqui vocês vêem, monges, o grande Vidente, Chefe extinto, dentro da Stupa de jóias, que

agora veio ouvir a lei. Quem não reuniria suas forças por causa da lei?2. Mesmo estando extinto durante muitos kotis de Aeons, ele ainda assim veio agora ouvir a lei;

por causa da lei ele se move de cá para lá; muito rara (e muito preciosa) é uma tal lei com esta.3. Este Líder praticou uma promessa quando em existência prévia; mesmo depois de sua

completa extinção ele passeia por este mundo todo nos dez pontos do espaço.4. E todos estes (que aqui vêem) são meus corpos mesmos, aos milhares de kotis, como as

areias do Ganges; eles apareceram para que a lei pudesse ser preenchida e para que este Mestre extintopudesse ser visto.

5. Depois de ter mostrado para cada qual seu campo particular, bem como tendo criado todosos discípulos, homens e deuses, para preservarem a verdadeira lei, tão longo quanto o reino da leidurar,

6. Eu limpei pelo poder mágico muitos mundos, destinados como assentos para aqueles Budas,e transportei todos os seres.

7. Sempre foi meu cuidado mais ansioso como esta linha da lei poderia se manifestar. Assimvocês vêem Budas aqui em número imenso se quedando ao pé das árvores como uma grande multidãode lótus.

8. Muitos kotis de bases de árvores estão iluminadas pelos Líderes sentados nos tronos queestão perpetuamente ocupados por eles e iluminados como a escuridão se ilumina com o fogo.

9. Uma fragrância deliciosa se espalha dos Líderes do mundo por todos os quadrantes, (umafragrância) através da qual, quando o vento sopra, todos os seres ficam intoxicados.

10. Que aquele após minha extinção que mantenha este Dharmaparyaya rapidamente principiesua declaração na presença dos senhores do mundo.

11. O Vidente Prabhutaratna que, apesar de estar completamente extinto, está desperto, ouviráo rugido de leão daquele que tomar tal resolução.

12. Eu mesmo, no segundo lugar, bem com os muitos Chefes que para aqui se deslocaram aoskotis, ouviremos esta resolução dos filhos do Gina, que se esforçará para expor esta lei.

13. E então eu também serei para sempre honrado como Prabhutaratna, o Gina não-nascido,que perpetuamente passeia pelos quadrantes e quadrantes intermediários para ouvir uma lei como esta.

14. E estes (outros) Senhores do mundo aqui presentes, por quem este solo está tão variegadoe esplêndido, a eles também será acrescentado uma grande e múltipla honra deste Sutra ser exposto.

15. Aqui neste assento vocês me vêem, junto com o Senhor que está ao meu lado, no meio daStupa; de forma semelhante muitos outros Senhores do mundo aqui presentes, em muitas centenas decampos.

16. Vocês, moços de boa família, atenção por compaixão a todos os seres, esta é a muito difíciltarefa para a qual o Chefe urge vocês.

17. É possível expor muitos milhares de Sutras, como as areias do Ganges, sem muitasdificuldades.

18. Se a pessoa pegasse a montanha Sumeru no punho e a jogasse à distância de kotis decampos, isto não seria muito difícil.

19. Nem seria muito difícil sacudir todo este universo pelo polegar e o jogar a uma distância dekotis de campos.

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20. Nem seria aquele, que depois de se quedar no limite do mundo existente, expusesse a lei emilhares de outros Sutras, não faria algo de tão difícil.

21. Mas manter e pregar este Sutra no período terrível que se sucederá à extinção do Chefe domundo, isto é difícil.

22. Jogar para baixo a totalidade do elemento do éter depois de tê-lo comprimido em umpunho, e deixá-lo para trás depois de tê-lo jogado fora, isto não é difícil.

23. Mas copiar um Sutra com este no período depois de minha extinção, isto é o que é difícil.24. Coletar todo o elemento terra no fim da unha da pessoa, jogá-lo fora, e então ir embora

para o mundo de Brahma,25. Não é difícil, apesar de requerer uma força que superaria a força de todos fazer um trabalho

tão difícil.26. Algo de mais difícil do que isto é aquele que nos últimos dias depois de minha extinção

pronunciar este Sutra, nem que seja por um só momento.27. Não será muito difícil para ele andar no meio da conflagração do fim do mundo, mesmo

que estivesse carregando com ele um fardo de feno.28. Mais difícil será manter este Sutra depois de minha extinção e ensiná-lo a uma só criatura

que seja.29. É possível manter as oitenta e quatro mil divisões da lei e expô-las, com as instruções e da

maneira com que elas foram apresentadas, a Kotis de seres vivos;30. Isto não é tão difícil; nem é treinar monges no presente, e confirmar meus discípulos nas

cinco partes do conhecimentos transcendentes.31. Mas mais difícil é manter este Sutra, acreditar nele, aderir a ele, e expô-lo repetidamente.32. Até aquele que confirmar muitos milhares de kotis de Arhats, abençoados com a possessão

das seis faculdades transcendentes (Abhyignas), como as areias do Ganges,33. Não faz algo de tão difícil de longe quanto aquele homem excelente que depois de minha

extinção mantiver minha sublime lei.34. Eu preguei em milhares de mundos, a lei, e hoje também eu a prego para que o

conhecimento de Buda possa ser obtido.35. Este Sutra é declarado com sendo o principal de todos os Sutras; quem o mantiver em

memória, mantém o corpo do Gina.36. Falem, moços de boa família, enquanto o Tathagata estiver ainda em suas presenças, quem

entre vocês se esforçará nos tempos que virão em manter este Sutra.37. Não somente eu ficarei feliz, mas os Senhores do mundo em geral, se alguém mantiver por

um momento que seja este Sutra que é tão difícil de manter.38. Uma tal pessoa será para sempre elogiada por todos os Senhores do mundo, afamado como

um herói eminente, e rápido em chegar à sabedoria transcendental.39. Ele será confiado com a liderança entre os filhos dos Tathagatas, aquele que, depois de ter

chegado ao estágio da humildade, da mente flexível, mantiver este Sutra.40. Ele será o olho do mundo, inclusive dos deuses e dos homens, que falar este Sutra depois

da extinção do Chefe dos homens.41. Ele será venerado por todos os seres, o homem sábio que nos últimos tempos pregar este

Sutra nem que for por um só momento.Com isto o Senhor se dirigiu a toda a companhia de Bodhisatvas e ao mundo, inclusive deuses

e demônios, e disse: Em tempos de outrora, monges, nos tempos passados, eu, sem cansaço e semrepousar, busquei o Sutra do Lótus da Verdadeira Lei, durante Aeons imensos, imensuráveis; muitosAeons antes que eu fosse um rei, durante muitos milhares de Aeons. Tendo uma vez tomado a forteresolução de chegar à iluminação suprema e perfeita, minha mente não se desviou de seu objetivo. Eume esforcei para preencher as seis Perfeições (paramitas), oferecendo doações imensas: ouro, dinheiro,gemas, pérolas, lápis-lazúli, conchas, pedras, corais, ouro e prata, esmeraldas, Musaragalva, pérolasvermelhas; cidades, povoados, prefeituras, províncias, reinos, capitais reais; esposas, filhos, filhas,escravos, homens e mulheres; elefantes, cavalos, carros, até o sacrifício de corpo e vida, de membros epedaços, mãos, pés, cabeça. E nunca o pensamento de auto-complacência despertou em mim.Naqueles tempos as vidas dos homens durava muito tempo, e então por um tempo de muitas centenasde milhares de anos eu exercia a função de Rei da Lei por causa do dever, não para o prazer. Depois de

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instalar no governo o príncipe real mais velho, eu saí procurando a melhor lei nos quatro quadrantes, ehavia promulgado com o som do sino a seguinte proclamação: Aquele que me achar a melhor lei oume indicar o que é útil, para tal pessoa eu me tornarei seu assistente. Naquela época vivia um Vidente;ele me disse: Nobre rei, existe um Sutra, chamado o Lótus Branco da Verdadeira Lei, que é umaexposição da melhor lei. Se você consentir em se tornar meu assistente, eu lhe ensino esta lei. E eu,contente, alegre, exultante e maravilhado com as palavras que ouvi do Vidente, me tornei seu discípulo,e disse: Eu farei para vós o trabalho de um assistente. E assim tendo concordado em me tornar oassistente do Vidente, eu fiz o trabalho do assistente, tal como pegar lenha, combustível, água, raízes,tubérculos, frutos, etc. Também tinha o posto de porteiro. Quando tinha feito este trabalho durante odia, à noite eu lhe guardava o sono enquanto dormia, e nunca senti fadiga de corpo ou mente. Em taisocupações passei mais de um milênio.

E para uma elucidação mais ampla desta questão o Senhor naquela ocasião pronunciou asseguintes estrofes:

42. Eu me lembro de eras passadas quando eu era um Dharmika, o Rei da Lei, e exercia ocomando real por causa do dever, não para me aproveitar, no interesse da melhor lei.

43. Eu proclamei em todas as direções o seguinte: Eu me tornarei um assistente daquele queexplicar o Dharma. Naquela época havia um Sábio de visão ampla, um revelador do Sutra chamado daVerdadeira Lei.

44. Ele me disse: Se quiseres conhecer o Dharma, torne-se meu assistente; então eu o explicareia você. Enquanto ouvia estas palavras me alegrei e cuidadosamente fiz o trabalho todo que umassistente tem que fazer.

45. Nunca senti qualquer cansaço mental ou físico já que havia me tornado um assistente porcausa da verdadeira lei. Eu fiz o melhor que pude por causa da verdadeira realidade, não com a visão deganhar honra ou de gozar prazer.

46. Este rei, contudo, esforçadamente e sem procurar outras coisas, errou em todas as direçõesdurante milhares de kotis de Aeons completos sem ser capaz de obter este Sutra chamado Dharma.

Agora monges, qual é a opinião de vocês? Que era um outro que naquele momento, naquelaconjuntura era o rei? Não, com certeza, não pensem assim. Pois era eu mesmo, que naquele momento,naquela conjuntura era o rei. Qual é então, suas opiniões, monges? Que era um outro que naqueletempo, naquela conjuntura era o Vidente? Não, com certeza não devem ter este ponto de vista. Poisera Devadatta, ele mesmo, o monge, que naquele tempo, naquela conjuntura era o Vidente. De fato,monges, Devadatta era meu bom amigo. Com a ajuda de Devadatta eu realizei as seis virtudes perfeitas(paramitas). Nobre bondade, nobre compaixão, nobre simpatia, nobre indiferença, os trinta e doissinais de um grande homem, os oitenta sinais secundários, a cor dourada, os dez poderes, os quatrotipos de ausência de vacilação, os quatro artigos de sociabilidade, as dezoito propriedades incomuns,poderes mágicos, a habilidade de salvar seres em todas as direções do espaço, tudo isto eu tenhodepois de ter vindo de Devadatta. Eu anuncio a vocês, monges, eu declaro a vocês: Este Devadatta, omonge, deverá em uma era vindoura, depois de imensos, inumeráveis Aeons, se tornar um Tathagatachamado Devaraga ( que quer dizer Rei dos deuses), um Arhat, etc., no mundo Devasopana ( que querdizer Escadas dos deuses). A duração da vida daquele Tathagata Devaraga, monges, deverá ser de vintekalpas intermediários. Ele deverá pregar a lei em extensão e seres iguais às areias do rio Ganges deverãoatravés dele se liberar de todos os males e realizar o Arhatado. Vários seres, também deverão elevarsuas mentes ao Pratyekabudado, enquanto que seres iguais às areias do rio Ganges elevarão suasmentes à iluminação suprema e perfeita e se tornar agraciados com a paciência impecável. Além disto,monges, depois da completa extinção do Tathagata Devaraga, sua verdadeira lei deverá durar vintekalpas intermediários. Seu corpo não deverá ser visto diviso em diferentes partes (e relíquias);permanecerá com uma massa dentro de uma Stupa de sete substâncias preciosas, que deverá medirsessenta centenas de yoganas de altura e quarenta yoganas de extensão. Todos, deuses e homens,deverão venerá-la com flores, incenso, guirlandas perfumadas, ungüentos, pós, roupas, pára-sóis,bandeiras, flâmulas, e celebrá-la com estrofes e canções. Aqueles que voltearem aquela Stupa daesquerda para a direita, ou humildemente a saudarem, alguns deles realizarão o Arhatado, outrosatingirão o Pratyekabudado; outros, deuses e homens, em números imensos, elevarão suas mentes paraa iluminação suprema e perfeita, para nunca mais voltarem.

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Saddharma-Pundarika / Aparição de uma Stupa / Capítulo 11

Em seguida a isto o Senhor novamente se dirigiu à assembléia de monges: Quem quer que nofuturo, monges, seja ele um moço ou moça de boa família, ouvir este capítulo do Sutra do LótusBranco da Verdadeira Lei, e o fazendo, ser liberado de dúvida, se tornar de mente pura, e crer nele, auma tal pessoa as portas do infortúnio se fecharão: ele não cairá tão baixo quanto renascer no inferno,entre animais, ou no reino de Yama. Quando ele nascer em campos de Buda nos dez pontos doespaço ele deverá em cada nascimento repetido ouvir este Sutra mesmo, e quando nascido entreDeuses ou homens ele atingirá uma hierarquia eminente. E naquele campo de Buda onde ele nascerele aparecerá por metamorfose em um lótus de sete substâncias preciosas, rosto a rosto com oTathagata.

Naquele momento um Bodhisatva chamado Pragnakuta, depois de ter vindo por debaixo deum campo de Buda até o Tathagata Prabhutaratna, disse ao Tathagata Prabhutaratna: Senhor,voltemos ao nosso campo de Buda. Mas o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, disse ao BodhisatvaPragnakuta: Espere um pouco, moço de boa família, primeiro tenha uma discussão com meuBodhisatva Manjusri, o príncipe real, para averiguar algum aspecto da lei. E naquele mesmo momento,vejam, Manjusri, o príncipe real, levantou-se sentado em um lótus de cem pétalas que era tão grandequanto uma carruagem levada por quatro cavalos, cercado e atendido por muitos Bodhisatvas, dofundo do mar, do reino do Rei Naga Sagara (que quer dizer Oceano). Levantando-se alto no céu ele foiatravés do ar até a montanha de Gridhrakuta à presença do Senhor. Ali Manjusri, o príncipe real, saiude seu lótus, reverentemente saudou os pés do Senhor Shakyamuni e de Prabhutaratna, o Tathagata,foi até o Bodhisatva Pragnakuta e, depois de fazer as costumeiras perguntas sobre sua saúde e bemestar, sentou-se a alguma distância. O Bodhisatva Pragnakuta então se dirigiu a Manjusri, o príncipereal, a seguinte pergunta: Manjusri, quantos seres você educou durante sua estadia no mar? Manjusrirespondeu: Muitos, inumeráveis, incalculáveis seres eu eduquei, tão inumeráveis que palavras não opodem expressar, nem pensamento conceber. Espere um pouco, moço de boa família, presentementevocê verá um exemplo. Tão logo Manjusri, o príncipe real, disse estas palavras e instantaneamentemuitos milhares de lótus se soergueram do fundo do mar e foram até o céu, e naqueles lótus estavamsentados muitos milhares de Bodhisatvas, que voaram pelo ar até a montanha de Gridhrakuta, ondeeles ficaram, parecendo meteoros. Todos eles haviam sido educados por Manjusri, o príncipe real, àiluminação suprema e perfeita. Os Bodhisatvas dentre eles que haviam anteriormente lutado pelogrande veículo exaltavam as virtudes do grande veículo e as seis virtudes perfeitas (Paramitas). Tais quehaviam sido discípulos exaltavam o veículo dos discípulos. Mas a todos reconheceram o vazio de todosas coisas e leis, bem como as virtudes do grande veículo. Manjusri, o príncipe real, disse ao BodhisatvaPragnakuta: Moço de boa família, enquanto que eu me quedava no fundo do grande oceano eu eduqueipor todos os meios aos seres, e aqui tens o resultado. Com isto o Bodhisatva Pragnakuta perguntou aManjusri, o príncipe real, recitando as seguintes estrofes:

47. Ó abençoado, que pela sua sabedoria é chamado de Sábio, por qual poder você educoutodos estes seres inumeráveis? Responda-me, Ó você, deus entre homens.

48. Que lei você pregou, o que Sutra, ao mostrar o caminho da iluminação, de tal forma queaqueles com você agora conceberam a idéia da iluminação? Que, uma vez tendo ganho um lugarseguro, se estabeleceram decisivamente na onisciência? Manjusri respondeu: No fundo do oceano eu expus o Lótus Branco da Verdadeira Lei enenhum outro Sutra. Pragnakuta disse: Aquele Sutra é profundo, sutil, difícil de compreender; nenhumoutro Sutra pode se igualar a este. Existe alguma criatura capaz de compreender esta jóia de Sutra oude chegar à iluminação suprema e perfeita? Manjusri replicou: Existe, moço de boa família, a filha deSagara, o Rei Naga, de oito anos de idade, muito inteligente, de faculdades aguçadas, agraciada comprudência em atos corporais, de discurso e mentais, que apreendeu e manteve todos os ensinamentos,em substância e em forma, dos Tathagatas, que adquiriu em um momento mil meditações e provas daessência de todas as leis. Ela não se desvia da idéia da iluminação, tem grandes aspirações, aplica aoutros seres a mesma medida que a si mesma; ela está apta a mostrar todas as virtudes e nunca édeficiente nelas. Com um leve sorriso no rosto e na florescência de uma aparência extremamente belaela fala palavras de bondade e compaixão. Ela está apta a chegar à iluminação suprema e perfeita. OBodhisatva Pragnakuta disse: Eu percebi como o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, quando lutava pelailuminação, no estado de Bodhisatva, fazia inumeráveis bons trabalhos, e durante muitos Aeons nuncaafrouxou em sua árdua tarefa. Em todo o universo não existe um só lugar tão pequeno quanto uma

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Saddharma-Pundarika / Aparição de uma Stupa / Capítulo 11

semente de mostarda onde ele não tenha renunciado a seu corpo por todos os seres. Depois disto elechegou à iluminação. Quem então creria que ela teria sido capaz de chegar ao conhecimento perfeito esupremo em um momento?

Naquele momento mesmo apareceu a filha de Sagara, o Rei Naga, diante de si. Depois dereverentemente saudar os pés do Senhor ela se quedou a alguma distância e pronunciou naquelaocasião as seguintes estrofes:

49. Sem manchas, brilhante, e de luz insondável é aquele corpo etéreo, adornado com os trintae dois sinais característicos, permeando o espaço em todas as direções.

50. Ele está possuído dos sinais secundários, e elogiado por todos os seres, e acessível a todos,como uma praça do mercado.

51. Eu obtive a iluminação de acordo com o meu desejo; o Tathagata pode testemunhar quantoa isto; Eu revelarei a lei extensivamente que libera do sofrimento.

Então o venerável Sariputra disse à filha de Sagara, o Rei Naga: Você concebeu a idéia dailuminação, moça de boa família, sem retrogradar, e é agraciada com imensa sabedoria, mas ailuminação suprema e perfeita não é ganha tão facilmente. Pode acontecer, irmã, que uma mulherdemonstre energia inquebrantável, faça bons trabalhos por muitos milhares de Aeons, e realize as seisvirtudes perfeitas (Paramitas), mas não existe ainda exemplo dela ter chegado ao Budado, e isto porqueuma mulher não pode ocupar as cinco hierarquias, que são, 1. O estado de Brahma; 2. O estado deIndra; 3 O estado de um guardião chefe dos quatro quadrantes; 4. O estado de um Kakravartin; 5. Oestado de um Bodhisatva incapaz de retrogradar.

Agora a filha de Sagara, o Rei Naga, tinha naquele momento uma jóia que em valor superava ovalor de todo o universo. Esta jóia, a filha de Sagara, o Rei Naga, presenteou ao Senhor, e o Senhorgraciosamente a aceitou. Então a filha de Sagara, o Rei Naga, disse ao Bodhisatva Pragnakuta e aomonge sênior Sariputra: O Senhor aceitou prontamente a jóia com a qual eu o presenteei ou não? Omonge sênior respondeu: Tão logo ela foi presenteada por você, tão prontamente também o Senhor aaceitou. A filha de Sagara, o Rei Naga replicou: Se eu estivesse agraciada com poder mágico, irmãoSariputra, eu deveria ter chegado mais cedo à iluminação suprema e perfeita, e não haveria ninguémque recebesse esta jóia.

Naquele instante, ante as vistas do mundo todo e do monge sênior Sariputra, o sexo femininoda filha de Sagara, o Rei Naga, desapareceu; o sexo masculino apareceu e ela se manifestou como umBodhisatva, que imediatamente foi para o Sul para sentar ao pé de uma árvore feita das sete substânciaspreciosas, no mundo Vimala (quer dizer, sem manchas), onde ele se mostrou iluminado e pregando alei, enquanto que enchendo todas as direções do espaço com a radiância dos trinta e dois sinaiscaracterísticos e todas os sinais secundários. Todos os seres no mundo de Saha observaram aqueleSenhor enquanto ele recebia homenagem de todos, deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios,Garudas, Kinnaras, grandes serpentes, homens, e seres não humanos, e estava engajado em pregar alei. E os seres que ouviram a pregação daquele Tathagata se tornaram incapazes de retrogradarem nailuminação suprema e perfeita. E aquele mundo Vimala e este mundo de Saha sacudiram de seismaneiras diferentes. Três mil seres vivos do círculo da congregação do Senhor Shakyamuni ganharam aaquiescência na lei eterna, enquanto que trezentos mil seres ganharam a predição de seus futurosdestinos à iluminação perfeita e suprema.

Então o Bodhisatva Pragnakuta e o monge sênior Sariputra ficaram mudos e nada tiveram adizer.

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Saddharma-Pundarika / Esforço / Capítulo 12

CAPÍTULO 12

ESFORÇO

aquele ponto em diante o Bodhisatva Bhaishagyaraga e o Bodhisatva Mahapratibhana, com umcontingente de vinte centenas de milhares de Bodhisatvas, disse diretamente para o Senhor oseguinte: Que o Senhor esteja livre de apreensões a esse respeito; exporemos após a extinção doTathagata esse Paryaya a (todos) os seres, apesar de estarmos cientes, Ó Senhor, que naqueleperíodo haverá seres malignos, tendo poucas raízes de bondade, presunçosos, amantes do lucro

e do status, enraizados na falta de pureza, difíceis de dominar, sem boa vontade e cheios de astúcia.Contudo, Ó Senhor naquele período leremos , manteremos, pregaremos, copiaremos, honraremos,respeitaremos, veneraremos, reverenciaremos este Sutra; como o sacrifício de corpo e vida, Ó Senhor,divulgaremos esse Sutra. Que o Senhor fique tranqüilo.

Com isso quinhentos monges da assembléia, tanto aqueles que ainda se encontravam emtreinamento como os que não se encontravam, disseram ao Senhor: nós também, Ó Senhor, nosesforçaremos para divulgar esse Dharmaparyaya, mesmo que seja em outros mundos. Então todos osdiscípulos do Senhor, tanto aqueles que se encontravam ainda em treinamento quanto aqueles que nãomais estavam, que haviam recebido do Senhor a predição de suas (futuras) iluminações supremas,todos os oito mil monges levantaram suas mãos postas para o Senhor e disseram: Que o Senhor fiquetranqüilo. Nós também divulgaremos esse Dharmaparyaya, depois da completa extinção do Senhor,nos últimos dias, no último período, apesar de em outros mundos. Pois que nesse mundo de Saha, ÓSenhor, os seres são presunçosos, possuindo poucas raízes de bondade, sempre viciosas em suasopiniões, maus e naturalmente perversos.

Então a nobre senhora Gautami, a irmã da mãe do Senhor, junto com seis mil monjas, algumasestado em treinamento e algumas não, ergueram-se de seus assentos, ergueram suas mãos postas aoSenhor e se quedaram fitando-o. Então o Senhor se dirigiu à nobre senhora Gautami: Por que tequedas tão deprimida, tia do Tathagata? (Ela replicou): eu não fui mencionada pelo Tathagata, nemrecebi dele uma predição do meu destino à iluminação suprema e perfeita. (Ele disse): Mas, Gautami,recebeste uma predição com a predição que incluiu toda a assembléia. De verdade, Gautami, daqui emdiante, face às trinta e oito centenas de milhares de miríades de kotis de Budas, serás um Bodhisatva epregadora da lei. Essas seis mil monjas também, parcialmente aperfeiçoadas na disciplina eparcialmente não, deverão junto com os outros se tornarem Bodhisatvas e pregadoras da lei ante todosos Tathagatas. Mais tarde, quando completares o curso do Bodhisatva, te tornarás, com o nome deSarvasasttvapriyadarsana (i.e. linda de se contemplar por todos os seres), um Tathagata, um Arhat, etc.,agraciada com ciência e conduta, etc., etc. E aquele Tathagata Sarvasattvapriyadarsana, Ó Gautami,dará uma predição em sucessão regular à aqueles seis mil Bodhisatvas quanto aos seus destinos àiluminação suprema e perfeita.

Então a monja Yasodhara, a mãe de Rahula, pensou assim: Ó Senhor, não mencionastes meunome. E o Senhor compreendendo em sua própria mente o que se passava na mente da monjaYasodhara lhe afirmou: Eu vos anuncio, Yasodhara, eu vos digo: Você também deverá ante a dez milkotis de Budas tornar-se um Bodhisatva pregadora da lei, e depois de regularmente completar o cursodo Bodhisatva se tornará um Tathagata, chamado Rasmisatasahasraparipurnadhvaga, um Arhat, etc.,agraciado com ciência e conduta etc., no mundo Bhadra; e a duração da vida daquele SenhorRasmisatasahasraparipurnadhvaga deverá ser ilimitada.

Quando a nobre senhora Gautami, a monja, com o seu séquito de seis mil monjas, e Yasodhara,a monja, com o seu séquito de quatro mil monjas, ouviram do Senhor os seus futuros destinos àiluminação suprema e perfeita, elas pronunciaram, em espanto e admiração, essa estância:

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Saddharma-Pundarika / Esforço / Capítulo 12

1. Ó Senhor, sois o mestre, sois o líder; sois o mestre do mundo, inclusive dos deuses; soisaquele que dá conforto, que sois venerado por homens e deuses. Agora, de verdade nos sentimoscontentes.

Depois de pronunciarem essa estância as monjas disseram ao Senhor: Nós também, Ó Senhor,nos esforçaremos para divulgar esse Dharmaparyaya nos últimos dias, apesar de em outros mundos.

Dali em diante o Senhor fitou as oitenta centenas de milhares de Bodhisatvas que estavamdotados de poderes mágicos e capazes de mover adiante a roda que nunca roda para trás. Tão logoforam aqueles Bodhisatvas observados pelo Senhor, levantaram-se de seus assentos, ergueram as mãospostas ao Senhor e refletiram assim: O Senhor nos convida a tornar conhecido o Dharmaparyaya.Atiçados por esse pensamento eles se perguntaram uns aos outros: O que faremos, moços de boafamília, para que esse Dharmaparyaya possa no futuro ser conhecido como o Senhor nos aconselha afazer? Então aqueles moços de boa família, em conseqüência de suas reverências pelo Senhor e suaspróprias promessas sinceras em seus cursos prévios, levantaram um rugido de leão ante o Senhor: Nós,Ó Senhor, iremos no futuro, depois da extinção completa do Senhor, à todas as direções para que osseres possam escrever, manter, meditar, divulgar esse Dharmaparyaya, em virtude de nenhum outropoder além do Senhor. E o Senhor, ficando em um outro mundo, nos protegerá, defenderá eguardará.

Então os Bodhisatvas unanimemente, em coro, dirigiram-se ao Senhor com as seguintesestâncias:

2. Esteja tranqüilo Senhor, depois de sua extinção completa, no horrível último período domundo, nós proclamaremos esse sublime Sutra.

3. Nós sofreremos, pacientemente agüentaremos, Ó Senhor, as injúrias, ameaças, golpes eameaças armadas nas mãos de todos seres humanos.

4. E aquela horrível última época será maligna, tortuosa, má, bronca, presunçosa, imaginando terchegado ao limite quando ele estão longe.

5. ‘Queremos apenas habitar no deserto e usar um manto remendado; levamos a vida na maiorfrugalidade’, assim dirão aos ignorantes.

6. E pessoas ambiciosas, ligadas aos prazeres, pregarão a lei aos leigos e serão honrados com sepossuíssem as seis qualidades transcendentes.

7. Homens de mentes cruéis e más, preocupados apenas com cuidados caseiros, entrarão nonosso retiro na floresta e se tornarão nossos caluniadores.

8. Os Tirthikas, que desejam status e lucro, nos acusarão dessas coisas, e — coisa vergonhosa!—pregarão suas próprias ficções.

9. Impulsionados pela cobiça por status e lucro, eles comporão Sutras de suas próprias invençõese aí, no meio da assembléia, nos acusarão de plágio.

10. A reis, príncipes, para a nobreza, bom como para Brahmanes e pessoas comuns, e a mongesde outras seitas,

11. Eles falarão mal de nós e pregarão a doutrina de Tirtha. Agüentaremos isso tudo porreverência aos grandes videntes.

12. E aqueles tolos que não nos darão ouvidos, se tornarão (mais cedo ou mais tarde)iluminados, e por isso tudo, agüentaremos até o fim.

!3. Naquele período horrendo, terrível de temível revolução geral irão muitos mongesdemoníacos surgir como nossos caluniadores.

14. Por respeito ao Chefe do mundo nós os agüentaremos, conquanto difícil isso venha a ser;cingidos com a couraça do autocontrole proclamarei eu esse Sutra.

15. Eu não ligo para meu corpo ou vida, Ó Senhor, mas como preservados da sua confiança, nospreocuparemos em atingir a iluminação.

16. O Senhor mesmo sabe que no último período (haverá) maus monges que não compreendemo discurso mistérios.

17. Teremos que aturar olhares críticos, a desaprovação ferina, expulsões de mosteiros, muitos emúltiplos abusos.

18. Contudo cientes do comando do Senhor do mundo, proclamaremos indômitos esse Sutra nomeio da congregação.

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Saddharma-Pundarika / Esforço / Capítulo 12

19. Visitaremos cidades e aldeias por toda parte e transmitiremos àqueles que forem capazes deouvir, tua confiança depositada, Ó Senhor.

20. Ó Chefe do mundo, nós apresentaremos sua mensagem; fique à vontade portanto, tranqüiloe calmo, grande Vidente.

21. Luz do mundo, conheceis a disposição de todos que aqui vêm de todas as direções, (e sabesque) dizemos a verdade.

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Saddharma-Pundarika / Vida Pacífica / Capítulo 13

CAPÍTULO 13

VIDA PACÍFICA

anjusri, o príncipe real, disse ao Senhor: É difícil, Senhor, muito difícil o que esses BodhisatvasMahasatvas tentarão por reverência ao Senhor. Como irão esses Bodhisatvas Mahasatvaspromulgar esse Dharmaparyaya no fim do tempo, no último período? E o Senhor respondeu aManjusri, o príncipe real: Um Bodhisatva Mahasatva deve ser firme em quatro coisas. Quais sãoessas? O Bodhisatva Mahasatva, Manjusri, deve ser firme em sua conduta e esfera própria, se

deseja ensinar esse Dharmaparyaya. E como, Manjusri, é um Bodhisatva Mahasatva firme em suaconduta e esfera própria? Quando o Bodhisatva Mahasatva, Manjusri, é paciente, humilde, atingiu oestágio da humildade; quando não é precipitado, nem invejoso; quando, além disso, Manjusri, ele nãose apega à lei alguma, absolutamente, e vê as características verdadeiras das leis (ou das coisas); quandose contém de investigar e discutir essas leis, Manjusri; essa é chamada a conduta de um BodhisatvaMahasatva. E qual é a esfera própria de um Bodhisatva Mahasatva, Manjusri? Quando o BodhisatvaMahasatva, Manjusri, não serve, nem corteja, nem se dobra ante reis; quando não serve, nem corteja,nem se dobra ante príncipes; quando não se lhes aproxima; quando não serve, nem corteja, nem sedobra ante pessoas de demais seitas, Karakas, Parivragakas, Agivakas, Nirgranthas, nem a pessoasapaixonadas por literatura; quando não serve, nem corteja, nem se dobra ante adeptos de magiasmundanas e devotos de filosofias mundanas, nem mantém qualquer intercâmbio com eles; quando nãovai visitar Kandalas, impostores, vendedores de porco, criadores de galinha, caçadores de veados,açougueiros, atores e dançarinos, lutadores, nem freqüenta lugares onde outros se agrupam para passartempo e para esporte; quando não mantém intercurso com eles, a menos que de tempos em tempospara pregar a lei quando eles acodem a ele, e isso livremente; quando não serve, nem corteja, nem sedobra ante monges, monjas, devotos leigos, homens e mulheres, que são adeptos do veículo dosdiscípulos, nem mantém intercâmbio com essas pessoas; quando não entra em contato com elespasseando, ou no mosteiro, a menos que de tempos em tempos para lhes pregar a lei quando vêm aele, e mesmo isso livremente. Essa, Manjusri, é a esfera própria de um Bodhisatva Mahasatva.

Novamente, Manjusri, o Bodhisatva Mahasatva não aproveita oportunidade alguma favorávelpara pregar a lei a mulheres aqui e ali, nem está desejoso de ver, freqüentemente, mulheres; nem elepensa ser adequado visitar famílias e aí fazer cerco a uma menina, virgem, ou jovem esposa, nem ascumprimenta muito calorosamente em retorno. Não prega a lei a um hermafrodita, não mantémintercâmbio com uma tal pessoa, nem cumprimenta muito calorosamente de retorno. Não entra emuma casa sozinho para receber esmolas, a menos que tenha o Tathagata em seu pensamento. E quandoacontece pregar a lei a mulheres, ele não o faz por apego à lei, muito menos por apego passional a umamulher. Quando está pregando, não mostra seus dentes, muito menos uma emoção rápida em suafisionomia. Ele não se dirige a nenhum noviço, homem ou mulher, a nenhum monja, nenhum monge,nenhum rapaz, nenhuma rapariga, nem fica conversando com eles; não mostra muita pressa emresponder às suas indagações, nem se preocupa em responder muito freqüentemente. Essa, Manjusri, échamada a primeira esfera adequada de um Bodhisatva Mahasatva.

Além disso, Manjusri, um Bodhisatva Mahasatva vê a todas as leis (e coisas) como vazias; ele asvê devidamente estabelecidas, permanecendo inalteradas, como são na realidade, não passíveis deserem perturbadas, não se movendo para trás, imutáveis, existindo no sentido mais elevado da palavra(ou no sentido absoluto), tendo a natureza do espaço, fugindo a explicação e expressão por meio dodiscurso comum, não nascidas, compostas e simples, agregadas e isoladas, não podendo ser expressaspor palavras, estabelecidas independentemente, manifestando-se devido a uma perversão da percepção.Dessa forma então, Manjusri, o Bodhisatva Mahasatva vê a todas as leis, e se mantiver esse curso, ele

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permanece em sua esfera própria. Essa, Manjusri é a segunda esfera própria de um BodhisatvaMahasatva.

E para expor essa questão em maiores detalhes, o Senhor pronunciou as seguintes estâncias:1. O Bodhisatva que, indômito e inabalável, desejar apresentar esse Sutra no período terrível que

se seguirá, 2. Deve manter-se em seu curso (de dever) e na sua esfera própria; deve ser retirado e puro,

constantemente evitando intercurso com reis e príncipes.3. Nem deve ele manter intercâmbio com os serventes do rei, nem com Kandalas, impostores,

Tirthikas em geral.4. Não deve cortejar pessoas presunçosas, mas ensinar àqueles que não apreciam a religião. Deve

também evitar monges que sigam preceitos do Arhat, e pessoas imorais.5. Deve ser constante em evitar uma monja que goste de conversa e de frivolidade; deve também

evitar leigas e devotas mulheres de vida notoriamente imprópria.6. Deve evitar qualquer intercâmbio com tais devotas leigas mulheres que procuram suas

felicidades mais elevadas nesse mundo transiente. Essa é chamada a conduta adequada de umBodhisatva.

7. Mas se alguém chegar a lhe indagar sobre a lei para a iluminação suprema, ele deve, a qualquermomento, falar livremente, sempre firme e destemido.

8. Não manter intercâmbio com mulheres e com hermafroditas; deve também evitar jovensesposas e meninas nas famílias.

9. Nem deve nunca se dirigir a elas para lhes indagar sobre suas saúdes. Deve também evitarcontato com vendedores de carneiro e de gado.

10. Com quaisquer pessoas que mantiverem animais de vários tipos para lucrar com eles, e comtais que vendam carne, ele deve evitar ter intercâmbio.

11. Deve evitar sociedade com atores, devassos, músicos, lutadores de artes marciais e outraspessoas desse quilate.

12. Não deve freqüentar prostitutas, nem a outras pessoas sensuais; deve evitar qualquerintercâmbio civil com eles.

13. E quando o sábio tem de pregar a uma mulher, não deve entrar em um apartamento a sóscom ela, nem ficar para tagarelar.

14. Quando tem de freqüentemente entrar em uma aldeia a cata de comida, deve ter um outromonge consigo, ou constantemente pensar no Buda.

15. Aqui eu demonstrei a primeira esfera da conduta adequada. Sábios são aqueles que, mantendoesse Sutra em mente, agem de acordo com ele.

16. E quando não se observa nenhum lei, absolutamente, baixa, superior, ou média, composta ounão composta, real ou irreal;

1`7. Quando o sábio não fala, ‘Isso é uma mulher’, nem diz, ‘Isso é um homem;’ quando, aoprocurar, ele não encontra nenhuma lei (ou coisas), porque desde o começo nunca existiram;

18. Isso é chamado a observância dos Bodhisatvas em geral. Agora ouçam-me quando digo oque deveria ser suas esferas próprias.

19. Todas as leis (ou coisas) foram declaradas com sendo não-existentes, não aparecendo, nãoproduzidas, vazias, imóveis, eternas; essa é chamada a esfera própria dos sábios.

20. Foram divididas em existentes e não-existentes, reais e irreais, por aqueles com noçõeserrôneas; outras leis também, de permanência, de ser produzido, de nascimento de algo já produzido,são erroneamente colocadas.

21. Que (o Bodhisatva) seja de mente concentrada, atento, sempre firme como o pico do MonteSumeru e, em tal estado (mental) veja todas as leis (e coisas) como tendo a natureza do espaço.

22. Permanentemente igual ao espaço, sem essência, inamovível, sem substancialidade. Estas são,verdadeiramente, as leis, todas e para sempre. Essa é chamada a esfera própria dos sábios.

23. O monge, observando essa regra de conduta dada por mim, pode, depois de minha extinção,divulgar esse Sutra no mundo e não sentir ansiedade.

24. Que o sábio, primeiramente, durante algum tempo, treine seus pensamentos, exerça ameditação com absorção completa e, corretamente, realize tudo que é requerido para atingir apercepção espiritual, e então, após levantar-se (de sua meditação profunda), fale com mente imóvel.

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25. Os reis desse mundo e o príncipes, que ouvem a lei, o protegem. Outros também, tantoleigos (ou cidadãos) e Brâmanes, serão achados juntos em sua congregação.

Além disso, Manjusri, o Bodhisatva Mahasatva que, após a extinção completa do Tathagata nofim dos tempos, no último período, os últimos quinhentos anos, quando a verdadeira lei estará emestado de decadência, for expor esse Dharmaparyaya, ele deverá estar em um estado (mental) tranqüiloe em seguida pregar a lei, quer ele a saiba de cor ou a tenha aprendido de um livro. Em seu sermão elenão zombará dos demais, nem culpará outros monges pregadores, nem contará escândalos, nemdivulgará escândalos. Ele não mencionará por nome demais monges, aderentes ao veículo dediscípulos, para divulgar escândalo. Ele nem acalentará sequer sentimentos hostis em relação a eles,porque se encontra em um estado pacificado. Todos que vêm, um após o outro, para ouvir o sermão,ele recebe com benevolência, e prega a lei a eles sem amarguras. Ele se contêm de ser guiado para umadisputa acalorada; mas, se questionado por algo ele não responde da maneira (daqueles que seguem) oveículo de discípulos; ao contrário, ele responde com se aquele tivesse atingido o conhecimento deBuda.

E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estâncias:26. O homem sábio está sempre à vontade e, naquele estado, prega ele a lei, sentado em um

púlpito elevado, que lhe foi preparado, em um lugar limpo e bonito.27. Ele enverga um manto vermelho limpo, bom, tingido de boas cores, e uma vestimenta preta

de lã, e uma longa roupa de baixo; 28. Tendo devidamente lavado seus pés e passado em sua cabeça e rosto óleos suaves, ele

ascende ao púlpito que está equipado com um banco para o pé e coberto de pedaços de finos panosde vários tipos e, em seguida, senta-se.

29. Quando ele assim está sentado no púlpito do pregador a que todos se ajuntaram ao redor desi, e estão atentos, ele procede para dar sutis discursos, agradáveis pela variedade, ante a monges emonjas.

30. Ante a devotos leigos, homens de mulheres, reis e príncipes. O sábio sempre (toma cuidado)de dar um sermão, diversificado em seus conteúdos e doce, livre de animosidade.

31. Se ocasionalmente é indagado algo, mesmo depois de ter começado, explicará a questãonovamente em ordem regular, e explicará de tal forma que os seus ouvintes ganhem a iluminação.

32. O sábio é infatigável; nem mesmo o pensamento de fadiga nele aparece; não conhece aindiferença, e dessa forma mostra à assembléia a força da caridade.

33. Dia e noite o sábio prega a lei sublime com miríades de kotis de ilustrações; ele edifica esatisfaz a sua audiência sem nunca pedir nada.

34. Comida sólida, comida macia, alimentação e bebida, roupa, camas, mantos, medicamentospara os doentes, tudo isso não entra em seus pensamentos, nem quer ele nada da congregação.

35. Ao contrario, o sábio está sempre pensando: Como poderíamos eu e esses outros nos tornarBudas? Eu pregarei essa verdadeira lei, da qual depende a felicidade de todos os seres, para o benefíciodo mundo.

36. O monge que, depois de minha extinção, pregar dessa forma, sem inveja, não se depara comdificuldades, impedimentos, tristeza ou desânimo.

37. Ninguém será capaz de o assustar, bater ou culpar; nunca será expulso, porque está firme naforça do autocontrole.

38. O sábio que é pacífico, disposto, como acabo de dizer, possui centenas de kotis de vantagens,tantas que não seria possível enumerá-las mesmo em centenas de Aeons.

Novamente, Manjusri, o Bodhisatva Mahasatva que viver depois da extinção do Tathagata nofim dos tempos, quando a verdadeira lei estiver declínio, o Bodhisatva Mahasatva que mantiver esseSutra não será invejoso, nem falso, nem fraudulento; ele não falará mal de outros discípulos do veículodos Bodhisatvas, nem os difamará ou humilhará. Ele não apresenta os defeitos dos outros monges,monjas, leigos devotos, homens e mulheres, nem dos adeptos do veículo dos discípulos, nem daquelesdo veículo dos Pratyekabudas. Ele não diz: vocês, moços de boa família, vocês estão longe dailuminação suprema e perfeita; vocês estão dando provas de não terem a ela chegado; vocês são pordemais caprichosos em seus fazeres e não são capazes de adquirir o verdadeiro conhecimento. Ele nãomostra dessa forma os defeitos de nenhum discípulo do veículo dos Bodhisatvas. Nem mostra prazerem disputas sobre a lei, ou se envolve em disputas sobre a lei, e nunca abandona a força da caridade

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Saddharma-Pundarika / Vida Pacífica / Capítulo 13

para com todos os seres. Com respeito a todos os Tathagatas ele sente com se fossem seus pais, e emrespeito a todos os Bodhisatvas como se fossem seus mestres. E quanto aos Bodhisatvas Mahasatvasem todas as direções do espaço, ele é assíduo em prestar-lhes homenagem pela boa vontade e respeito.Quando ele prega a lei, ele prega, nem mais nem menos que a lei, sem qualquer predileção especial por(qualquer parte da) lei, e ele não mostra mais amor a um do que outro, mesmo por amor à lei.

Tal, Manjusri, é a terceira qualidade com a qual o Bodhisatva Mahasatva estará agraciado, aqueleque exporá esse Dharmaparyaya após a extinção do Tathagata no fim dos tempos, quando a verdadeiralei estiver em decadência; que viverá à vontade e não estará aborrecido com a exposição desseDharmaparyaya. E no sínodo ele terá aliados, e ele achará ouvintes para seus sermões, que ouvirão esseDharmaparyaya, acreditarão, aceitarão, manterão, lerão, penetrarão e o escreverão, causarão a serescrito e que, depois que tiver sido escrito e um volume feito dele, o honrarão respeitarão, estimarão evenerarão.

Isso disse o Senhor, e por conseguinte ele , o Sugata, o Mestre, acrescentou o seguinte:39. O sábio, o pregador, que deseja expor este Sutra deve, absolutamente, renunciar à falsidade,

orgulho, calúnia e inveja.40. Não deve nunca falar uma palavra vergonhosa com ninguém; nem, caso se encontre em uma

disputa sobre crença religiosa; nunca dizer àqueles que estão errados, que não obterão o conhecimentosupremo.

41. Ele é sempre sincero, sereno contido; (como) um (verdadeiro) filho do Sugata, elerepetidamente, pregará a lei sem qualquer sentimento de impedimento.

42. “Os Bodhisatvas em todas as direções do espaço, que por compaixão aos seres estão semovimentando no meu mundo, são meus mestres;” (assim pensando) o sábio os respeita como seusmestres.

43. Venerando a memória dos Budas, os supremos entre os homens, ele sempre sentirá por elescomo se fossem seus pais e, abandonando toda idéia do orgulho, escapará dos obstáculos.

44. O sábio que ouvir essa lei, deve ser constante em observá-la. Se sinceramente buscar por umavida pacífica, kotis de seres certamente o protegerão.

Além disso, Manjusri, o Bodhisatva Mahasatva, vivendo no tempo da destruição da verdadeiralei, depois da extinção do Tathagata, que é desejoso de manter esse Dharmaparyaya, deve viver tãolonge quanto possível de leigos e monges e levar uma vida de caridade. Deve sentir afeição por todosos seres que estão lutando por obter a iluminação e portanto refletir assim: por certo, eles estão muitopervertidos em mente, aqueles seres que não ouvem, nem percebem, nem compreendem a habilidadee o mistério do Tathagata, que não perguntam por ele, nem acreditam nele, nem sequer se inclinam acrer nele. Claro que esses seres não penetram, nem compreendem esse Dharmaparyaya. Contudo ireieu, que alcancei esse conhecimento supremo e perfeito, poderosamente inclinar isto às mentes detodos, qualquer que seja a posição que ocupem, e fazer com que aceitem, compreendam, e cheguem àmaturidade completa.

Possuindo também esta quarta qualidade, Manjusri, Um Bodhisatva Mahasatva, que expõe a leidepois da extinção do Tathagata, será não-molestado, honrado, respeitado, estimado, venerado pormonges, monjas, e devotos leigos, homens e mulheres, por reis, príncipes, ministros, funcionários dorei, por cidadãos e pessoas do campo, por Brâmanes e leigos; os deuses do céu irão, cheios de fé,seguir a sua pista para ouvir a lei, e os anjos seguirão a sua pista para o proteger; quer ele esteja em umacidade ou em um mosteiro, eles se lhe aproximarão dia e noite para colocar perguntas sobre a lei, eficarão satisfeitos, encantados com sua explicação. Pois esse Dharmaparyaya, Manjusri, foi abençoadopor todos os Budas. Com o Tathagata do passado, presente e futuro, Manjusri, este Dharmaparyayaestá para sempre abençoado. Precioso em todos os mundos, Manjusri, é o som, o rumor ou omencionar desse Dharmaparyaya.

É o caso, Manjusri, semelhante ao de um rei, um regente de exércitos, que pela força conquistouseu próprio reino, em conseqüência do que outros reis, seus inimigos, fazem guerra contra ele. Aqueleregente de exércitos tem soldados de vários tipos para com inimigos variados lutar. Quando o rei vêaqueles soldados lutando, ele fica impressionado com o seu cavalheirismo, encantado e, em suaadmiração, faz a seus soldados várias doações tais como, cidades e terrenos da cidade, aldeias eterrenos da aldeia; roupas e ornamentos de cabeça; ornamentos de mão, colares, fios de ouro, brincos,fileiras de pérola, barras de ouro, ouro, gemas, pérolas, lápis-lazúli, conchas, pedras, corais; ele dá, além

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disso, elefantes, cavalos, carros, soldados de infantaria, escravos homens e mulheres, veículos e liteiras.Mas a nenhum ele faz presente sua jóia de coroa, porque aquela jóia fica bem apenas na cabeça de umrei. Se o rei desse aquela jóia da coroa, então todo aquele exército real, consistindo de quatro divisões,ficaria atônito e confuso. Da mesma forma, Manjusri, o Tathagata, o Arhat, etc., exerce o reinado dajustiça (e da lei) no mundo triplo que ele conquistou pelo poder de seu braço e poder de sua virtude.Seu mundo triplo é assediado por Mara, o Maligno. Então os Aryas, os soldados do Tathagata, lutamcom Mara. Depois, Manjusri, o rei da lei, o senhor da lei, expõe aos Aryas, seus soldados, que ele vêlutando, centenas de milhares de Sutras para encorajar as quatro classes. Ele lhes dá a cidade doNirvana, a grande cidade da lei; ele os atrai com aquela cidade do Nirvana mas ele não os ensina um talDharmaparyaya como esse. Assim, como naquele caso, Manjusri, aquele rei, regente de exércitos,impressionado com o grande valor de seus soldados em batalha lhes dá toda sua propriedade, por fimmesmo a sua jóia de coroa, e assim como aquela jóia de coroa foi mantida pelo rei em sua cabeça até ofim, assim, Manjusri, o Tathagata, o Arhat, etc., que como o grande rei da lei no mundo triplo exerce asua autoridade com justiça, quando vê discípulos e Bodhisatvas lutando contra o Mara das imaginaçõesou o Mara das inclinações tortuosas, e quando elevados pela luta eles destruíram a afeição, o ódio, e afatuidade, superaram o mundo triplo e conquistaram todos os Maras, fica satisfeito e, em sua satisfaçãoele expõe àqueles nobres soldados (arya) esse Dharmaparyaya, que encontra oposição no mundointeiro, a descrença de todo o mundo, um Dharmaparyaya nunca dantes pregado, nunca dantesexplicado. E o Tathagata confere a todos os discípulos a nobre jóia da coroa, aquela muito exaltada jóiada coroa que traz consciência a todos. Pois esses, Manjusri, é o ensinamento supremo dos Tathagatas;esse é o último Dharmaparyaya dos Tathagatas; esse é o discurso mais profundo da lei, umDharmaparyaya encontrando oposição por toda parte no mundo. Da mesma forma, Manjusri, comoaquele rei da justiça e regente dos exércitos removeu a jóia da coroa que havia mantido por tantotempo e deu por fim aos soldados, assim Manjusri, o Tathagata agora revela esse mistério longamentemantido da lei excedendo a todos os demais, (mistérios) que deve ser sabido pelos Tathagatas.

E para elucidar esta questão mais detalhadamente, o Senhor naquela ocasião pronunciou asseguintes estâncias.

45. Sempre demonstrando a força da caridade, sempre cheios de compaixão por todos os seres,expondo essa lei, os Sugatas aprovaram esse exaltado Sutra.

46. Os leigos, como também monges mendicantes e os Bodhisatvas que viverão no fim dostempos devem todos mostrar a força da caridade, a menos que aqueles que ouçam a lei acabemrejeitando-a.

47. Mas eu, quando tiver atingido a iluminação e estiver estabelecido no estado de Tathagata,iniciarei (os outros), e depois de tê-los iniciado, pregarei por toda parte essa superior iluminação.

48. É (o caso) como aquele de um rei, regente de exércitos, que dá a seus soldados várias coisas,ouro, elefantes, cavalos, carros, soldados de infantaria; ele dá também cidades e aldeias, como sinal deseu contentamento.

49. Em sua satisfação ele dá alguns ornamentos de mão, prata e fios de ouro; pérolas, gemas,conchas, pedras, coral; ele dá também escravos de variados tipos.

50. Mas quando fica totalmente admirado com a ousadia incomparável de um dentre ossoldados, diz ele: Fizeste isso admiravelmente; tirando de sua coroa, lhe faz presente a jóia.

51. De forma semelhante, eu, o Buda, o rei da lei, que tenho a força da paciência e m amplotesouro de sabedoria, com justiça governo o mundo inteiro, benigno, compassivo e piedoso.

52. E vendo como os seres se acham em dificuldades, pronuncio milhares de kotis de Sutrantas,quando noto o heroísmo daqueles seres vivos que pela pureza mental superam as inclinações contrariasà natureza do mundo.

53. E o rei da lei, o grande médico, que expõe centenas de kotis de Paryayas, quando vê que osseres estão fortes, mostra-lhes esse Sutra, comparável à jóias da coroa.

54. Esse é o último Sutra proclamado no mundo, o mais eminente de todos os meus Sutras, queeu sempre mantive e nunca divulguei. Agora vou torná-lo conhecido; que todos ouçam.

55. Existem quatro qualidades a serem adquiridas por aqueles que no período depois de minhaextinção quiserem a iluminação suprema e perfazer o meu comando. Essas qualidades são as seguintes.

56. O sábio não conhece dificuldade, constrangimento, doença; a cor de sua pele não é preta;nem mora ele em uma cidade miserável.

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57. O Grande Sábio tem sempre uma aparência agradável, merece ser honrado, como se fosse oTathagata mesmo, e pequenos anjos serão sempre os seus assistentes.

58. Seu corpo não pode nunca ser ferido por armas, veneno, paus ou pedras, e a língua daqueleque contra ele proferir injúrias, será fechada.

59. Ele é um amigo de todos os seres do mundo. Vai pelo mundo como uma luz, dissipando astrevas de muitos kotis de seres, aquele que mantiver esse Sutra após minha extinção.

60. Em seu sono ele vê visões da forma do Buda; ele vê monges e monjas aparecendo em tronose proclamando a lei múltipla.

61. Ele vê em seu sonho deuses e duendes, (numerosos) como as areias do Ganges, bem comodemônios e Nagas de múltiplos tipos, que levantam suas mãos postas e a quem ele expõe a leieminente.

62. Ele vê em seu sonho o Tathagata pregando a lei a muitos kotis de seres com voz doce, oSenhor de cor dourada.

63. E ele se queda lá, de mãos postas, glorificando o Vidente, o mais elevado dos homens,enquanto que o Gina, o grande médico, está expondo a lei às quatro classes.

64. E ele, alegre de ter ouvido a lei, prazerosamente presta sua homenagem, e depois de ter logoatingido o conhecimento que não escorrega para trás, ele obtém, em sonhos, poderes mágicos.

65. E o Senhor do mundo, percebendo sua boa intenção, anuncia-lhe seu destino de tornar-seum líder entre os homens: Moço de boa família (diz ele), alcançarás aqui no futuro o conhecimentosupremo.

66. Terás um amplo campo e quatro classes (de ouvintes) tais com eu que, respeitosamente e demãos postas, ouviremos de ti a lei vasta e sem erros.

67 Novamente ele vê sua própria pessoa ocupada em meditar sobre a lei em cavernas damontanha; e pela meditação ele atinge o âmago mesmo da lei e, ao obter a absorção completa, vê oGina.

68. E depois de ver em seu sonho aquele de pele dourada, aquele que mostra cem sinaisconsagrados, ele ouve a lei, e depois a prega na assembléia. Tal é o seu sonho.

69. E em seu sonho ele também abandona todo seu reino, harém e numerosos parentes;renunciando a todos os prazeres ele deixa a casa (para se tornar um eremita), e recorre ao lugar doterreno da iluminação.

70. Lá, sentado em um trono, ao pé de uma árvore, para procurar a iluminação, ele irá depois dolapso de sete dias, chegar ao conhecimento dos Tathagatas.

71. Tendo alcançado a iluminação, ele se erguerá daquele lugar e moverá adiante a roda sem errose pregará a lei durante um número inconcebível de milhares de kotis de Aeons.

72. Depois de ter revelado a iluminação perfeita e conduzido a muitos kotis de seres ao descansoperfeito, ele mesmo se extinguirá como uma lâmpada quando óleo se exaure. Tal é aquela visão.

73. Sem fim, Mangughosha, são as vantagens que são, constantemente, daquele que no fim dotempo expõe este Sutra da iluminação superior que eu expliquei perfeitamente.

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CAPÍTULO 14

SAÍDA DE BODHISATVAS DAS FENDAS DA TERRA

a multidão de Bodhisatvas Mahasatvas que se reuniram de outros mundos, Bodhisatvas oito(vezes) iguais às areias no rio Ganges levantaram-se então do círculo da assembléia. Com suasmãos postas estendidas para o Senhor para lhe prestar homenagem, eles lhe disseram: Se oSenhor nos permitir, nós também revelaremos, depois da extinção do Senhor, esteDharmaparyaya neste mundo de Saha; leremos, escreveremos, reverenciaremos, e nos

devotaremos completamente àquela lei. Portanto, Ó Senhor, consinta em nos outorgar também esteDharmaparyaya. O Senhor respondeu: Não, moços de boa família, porque vos ocuparíeis com estatarefa? Eu tenho aqui, neste mundo de Saha, milhares de Bodhisatvas iguais às areias de sessenta riosGanges, formando o séquito de um Bodhisatva; e de tais Bodhisatvas há um número igual às areias desessenta rios Ganges, cada um destes Bodhisatvas tendo um número igual em seu séquito, que no fimdo tempo, no último período depois de minha extinção, manterão, lerão e proclamarão esteDharmaparyaya.

Tão logo o Senhor falou estas palavras o mundo de Saha despedaçou-se de todos os lados, e dedentro das fendas surgiram muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas com oscorpos dourados e as trinta e duas marcas características de um grande homem, que haviam sequedado no elemento do éter sob esta grande terra, próximo deste mundo de Saha. Estes então, aoouvirem as palavras do Senhor vieram de sob a terra. Cada um destes Bodhisatvas tinha um séquito demilhares de Bodhisatvas parecidos às areias de sessenta rios Ganges; (cada um tinha) uma tropa, umagrande tropa, como professor de uma tropa. De tais Bodhisatvas Mahasatvas tendo uma tropa, umagrande tropa, como professor de uma tropa, havia centenas de milhares de miríades de kotis, iguais àsareias de sessenta rios Ganges, que emigraram das fendas da terra neste mundo de Saha. Muitos maispuderam ser achados de Bodhisatvas Mahasatvas, tendo um séquito de Bodhisatvas iguais às areias decinqüenta rios Ganges; muito mais ainda poderiam ser encontrados os Bodhisatvas Mahasatvas tendoum séquito de Bodhisatvas iguais às areias de quarenta rios Ganges; de 303, 20, 10, 5, 4, 3, 2, 1 riosGanges; de 1/2, 1/4, 1/6, 1/10, 1/20, 1/30, 1/50, 1/100, 1/1000, 1/100.000, 1/10.000.000,1/100x10.000.000, 1/1.000X10.000.000, 1/100x1.000x10.000.000, 1/100x1.000x10.000x10.000.000partes do rio Ganges. Muito mais poderiam ser achados de Bodhisatvas Mahasatvas, um séquito demuitas centenas de milhares de kotis de Bodhisatvas; de um koti de cem milhares, de mil; de 500, de400; de 300; de 200; de 100; de 50, 40, 30, 20, 10; de 5, 4, 3, 2. Muito mais poderiam ser encontrados deBodhisatvas Mahasatvas com apenas um seguidor. Muito mais poderiam ser encontrados Bodhisatvasquedando-se isolados. Não poderiam ser enumerados, contados, calculados, comparados, conhecidospela ciência oculta, os Bodhisatvas Mahasatvas que emergiram das fendas da terra para aparecer nestemundo de Saha. E depois que apareceram sucessivamente foram à Stupa de substâncias preciosas quese quedava no céu, onde o Senhor Prabhutaratna, o extinto Tathagata, estava sentado junto com oSenhor Sakyamuni no trono. Onde saudaram os pés de ambos os Tathagatas, etc., bem como asimagens dos Tathagatas produzidas pelo Senhor Sakyamuni de seu próprio corpo, que todos juntosestavam sentados em tronos ao pé de várias árvores de jóias de todos os lados, em todas as direções,em diferentes mundos. Depois que estes Bodhisatvas saudaram muitas centenas de milhares de vezes, ecircungiraram os Tathagatas, etc., da esquerda para a direita, e os celebraram com vários hinos deBodhisatvas, foram e mantiveram-se a pouca distância, as mãos postas estendidas para honrar oSenhor Sakyamuni, o Tathagata, etc., e o Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc.,

E enquanto aqueles Bodhisatvas Mahasatvas, que haviam emergido das fendas da terra, estavamsaudando e celebrando os Tathagatas com vários hinos de Bodhisatva, cinqüenta kalpas intermediáriosao todo decorreram-se, durante os quais cinqüenta kalpas intermediários o Senhor Sakyamunipermaneceu em silêncio, bem como as quatro classes da audiência. Então o Senhor produziu um tal

D

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efeito de poder mágico que as quatro classes pensaram que não mais do que uma tarde se haviaescorrido, e eles viram este mundo de Saha assumir a aparência de centenas de milhares de mundosrepletos de Bodhisatvas. Os quatro Bodhisatvas Mahasatvas que eram os chefes daquele grande hostede Bodhisatvas, a saber, eram o Bodhisatva Mahasatva chamado Visishtakaritra (i.e. de condutaeminente), o Bodhisatva Mahasatva chamado Anantakaritra (i.e. de conduta sem fim), o BodhisatvaMahasatva chamado Visuddha-karitra (i.e. de correta conduta), e o Bodhisatva Mahasatva chamadoSupratishthitakaritra (i.e. de conduta muito estável), estes quatro Bodhisatvas Mahasatvas quedando-seà frente da grande hoste, da grande multidão de Bodhisatvas, levantaram suas mãos postas para oSenhor e dirigiram-se a ele assim: Está o Senhor gozando de boa saúde? Goza de bem estar e está sesentindo à vontade? Estão os seres decorosos, dóceis, obedientes, corretamente perfazendo suastarefas, de tal forma que não criem dificuldade para o Senhor?

E aqueles quatro Bodhisatvas Mahasatvas dirigiram-se ao Senhor com as seguintes duasestâncias:

1. Sente-se o Senhor do mundo, o Iluminado, à vontade? Sente-se livre de doençascorpóreas, Ó Perfeito?

2. As criaturas, esperamos, são decorosas, dóceis, cumprindo as ordens do Senhor domundo, para não causarem dificuldades.

E o Senhor respondeu aos quatro Bodhisatvas Mahasatvas que estavam à frente daquelagrande hoste, daquela grande multidão de Bodhisatvas: Assim é, moços de boa família, eu estou comboa saúde, bem estar, e à vontade. E estas criaturas minhas são decorosas, dóceis, obedientes, fazendobem o que é ordenado; elas não causam dificuldade quando eu as corrijo e isto, moços de boa família,porque estas criaturas, devido a terem sido já preparadas sob os antigos, perfeitamente iluminadosBudas, não têm senão que me ouvir e ver para confiar em mim, para compreender e sondar oconhecimento de Buda. E aqueles que cumpriram os seus deveres no estágio de discípulos foramagora introduzidos por mim ao conhecimento de Buda e bem instruídos na verdade mais elevada. E naquele momento os Bodhisatvas Mahasatvas pronunciaram as seguintes estâncias:3. Excelente, excelente, Ó grande Herói! Estamos contentes de ouvir que aqueles seres estão

decorosos, dóceis, fazendo bem os seus deveres;4. E que ouvem o vosso conhecimento profundo, Ó Líder, e que depois de o ouvir confiaram nele e o

compreenderam.Isto dito, o Senhor declarou a sua aprovação aos quatro Bodhisatvas Mahasatvas que estavam à

frente daquela grande multidão de Bodhisatvas Mahasatvas dizendo: Bem feito, moços de boa família,bem-feito que assim congratulem o Tathagata.

E naquele momento o seguinte pensamento surgiu na mente do Bodhisatva MahasatvaMaitreya e das oito centenas de milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas similares às areias do rioGanges: Nunca dantes vimos uma hoste tão grande, uma multidão tão grande de Bodhisatvas; nuncadantes ouvimos falar de uma tal multidão, que depois de surgir das fendas da terra quedou-se napresença do Senhor para honrá-lo, respeitá-lo, venerá-lo, reverenciá-lo e cumprimentá-lo com jubilosassaudações. De onde vêm estes Bodhisatvas para aqui se reunirem?

Então o Bodhisatva Mahasatva Maitreya, sentindo dentro de si dúvida e perplexidade, einferindo de seus próprios pensamentos aqueles dos oitocentos milhares de miríades de kotis deBodhisatvas, iguais às areias do rio Ganges, levantaram suas mãos postas em direção ao Senhor e oquestionaram sobre a questão pronunciando as seguintes estâncias:5. Aqui estão muitos milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas, sem número, a quem nunca vimos

dantes; diz-nos, Ó supremo dos homens!6. De onde e como vêm estas poderosas pessoas? De onde vêm aqui com a forma de grandes corpos?7. Todos são grandes Videntes, sábios e fortes em memória, cuja aparência exterior é linda de se ver;

de onde vêm? 8. E cada um daqueles Bodhisatvas, ó Senhor do mundo, tem um enorme séquito, como as areias do

Ganges.9. O séquito de (cada) glorioso Bodhisatva é igual às areias de sessenta Ganges ao todo. Todos estão

lutando pela iluminação.10. De tais heróis e poderosos possuidores de uma tropa de seguidores são iguais às areias de sessenta

Ganges.

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Saddharma-Pundarika / Saída de Bodhisatvas das Fendas da Terra / Capítulo 14

11. Há outros, ainda mais numerosos, com um séquito ilimitado, como as areias de cinqüenta,quarenta, e trinta Ganges;

12. 13. Que têm um séquito igual às (areias de) vinte Ganges. Ainda mais numerosos são os poderososfilhos do Buda, que cada um tem um séquito (igual às areias) de dez, de cinco Ganges. De onde, Ólíder, reuniu-se uma tal assembléia aqui?

14. Há outros que têm cada um séquito de discípulos igual às areias de quatro, três, ou dois Ganges.15. Há outros mais numerosos ainda; seria impossível calcular o seu número em milhares de kotis de

Aeons.16. (Iguais a ) meio Ganges, um terço, um décimo, um vigésimo, é o séquito daqueles heróis, aqueles

poderosos Bodhisatvas.17. Há outros ainda que são incalculáveis; seria impossível contá-los mesmo em centenas de kotis de

Aeons. 18. Muitos mais ainda há, com séquitos infindáveis; eles têm em seu atendimento kotis e kotis e

novamente kotis, e também metade de kotis. 19. Outros, novamente, grandes Videntes, além da computação, Bodhisatvas muito sábios são vistos

em uma postura respeitosa.20. Têm mil, cem, ou cinqüenta assistentes; em centenas de kotis de Aeons não se seria capaz de

contá-los.21. O séquito de (alguns destes) heróis consiste de vinte, de dez, cinco, quatro, três, ou dois; aqueles

são incontáveis.22. Quanto àqueles que vão sozinhos e vêm a seus descansos sozinhos, vieram agora aqui em tal

número a ser além da computação.23. Mesmo que alguém com uma vara mágica em sua mão tentasse durante um número de Aeons

iguais às areias do Ganges contá-los, ele não alcançaria o termo.24. De onde vêm todos estes nobres, enérgicos heróis, aqueles poderosos Bodhisatvas?25. Quem os ensinou a lei (ou dever)? E por quem foram eles destinados à iluminação? Ao comando

de quem acatam eles? O comando de quem mantêm eles?26. Explodindo de todos os pontos do horizonte através de toda a extensão da terra eles emergem,

aqueles grandes sábios agraciados com faculdades mágicas e sabedoria.27. Este mundo de todos os lados está sendo perfurado, Ó vidente, pelos sábios Bodhisatvas, que

neste momento estão emergindo.28. Nunca dantes vimos nada como isto. Dizei-nos o nome deste mundo, Ó Líder.29. Repetidamente viajamos em todas as direções do espaço, mas nunca vimos estes Bodhisatvas.30. Nunca vimos um só vosso infante, e agora, de súbito, estes se nos deparam. Conte-nos a história

deles, Ó Vidente.31. Centenas, milhares, dez milhares de Bodhisatvas, todos igualmente cheios de curiosidade, veneram

o homem mais elevado.32. Explica-nos, Ó incomparável, grande herói, que não conhece limites, de onde vêm

estes heróis, estes sábios Bodhisatvas? Enquanto isto os Tathagatas etc., que haviam vindo de centenas de milhares de

miríades de kotis de mundos, eles, criações do Senhor Sakyamuni, que estavam pregando a lei a seresem outros mundos; que estavam todos em volta do Senhor Sakyamuni, o Tathagata, etc. Estavamsentados de pernas cruzadas em magníficos tronos de jóias, ao pé de árvores de jóias, em todas asdireções do espaço; bem como os satélites daqueles Tathagatas, ficaram tomados de espanto ante avisão daquela grande hoste, daquela grande multidão de Bodhisatvas emergindo das fendas da terra eestabelecidos no elemento do éter, e eles (os satélites) perguntaram cada qual a seu próprio Tathagata;de onde, ó Senhor, vêm tantos Bodhisatvas Mahasatvas, tão inumeráveis, tão incontáveis? Com o queaqueles Tathagatas etc., responderam variadamente a seus satélites: Esperai um pouco, moços de boafamília, este Bodhisatva Mahasatva aqui, chamado Maitreya, acabou de receber do Senhor Sakyamuniuma revelação sobre o seu destino à iluminação suprema e perfeita. Ele perguntou ao SenhorSakyamuni, o Tathagata, etc., sobre isto, e o Senhor Sakyamuni, o Tathagata etc., vai explicá-lo; entãosaberemos.

Nisto então o Senhor dirigiu-se ao Bodhisatva Maitreya: Bem feito, Agita, bem feito; é umassunto sublime, Agita, sobre o qual me indagais. Então o Senhor se dirigiu à hoste inteira de

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Bodhisatvas: Atentai todos, moços de boa família; fiquem bem preparados e firmes em vossos postos,vós, e a hoste inteira de Bodhisatvas; o Tathagata, o Arhat, etc., vai agora exibir a visão doconhecimento do Tathagata, moços de boa família, a liderança do Tathagata, o trabalho do Tathagata,o esporte do Tathagata, o poder do Tathagata, a energia do Tathagata.

E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estâncias: 33. Atentai todos , moços de boa família; eu vou pronunciar uma palavra infalível; parem de disputar

sobre isso, ó sábios: a ciência do Tathagata está além da reflexão.34. Sede todos firmes e reflexivos; permanecei atentos todos. Hoje ouvireis uma lei ainda

desconhecida, a maravilha dos Tathagatas.35. Nunca duvideis, vós sábios, pois eu vos fortalecerei, eu sou o Líder que diz a verdade infalível, e o

meu conhecimento é ilimitado.36. Profundas são as leis conhecidas do Sugata, além da reflexão e além da argumentação. Estas leis eu

vou revelar; vós, ouvi quais e com são.Depois de pronunciar estas estâncias o Senhor dirigiu-se ao Bodhisatva Mahasatva Maitreya: eu

vos anuncio, Agita, eu vos declaro: estes Bodhisatvas Mahasatvas, Agita, tão inumeráveis, incalculáveis,inconcebíveis, incomparáveis, incontáveis, a que nunca vistes dantes, que justo agora saíram das fendasda terra, estes Bodhisatvas Mahasatvas, Agita, eu despertei, excitei, animei, desenvolvi plenamente paraa iluminação suprema perfeita depois de ter eu mesmo chegado à iluminação suprema e perfeita nestemundo. Eu, além disto, amadureci plenamente, estabeleci, confirmei, instruí, aperfeiçoei estes moçosde boa família em seus estados de Bodhisatvas. E estes Bodhisatvas Mahasatvas, Agita, ocupam nestemundo de Saha, o domínio do elemento do éter abaixo. Pensando apenas na lição que têm queestudar, e devotados a compreendê-la perfeitamente, estes moços de boa família não têm gosto porajuntamentos sociais, nem por multidões agitadas; eles não adiam suas tarefas e são esforçados. Estesmoços de boa família, Agita, deleitam-se na reclusão, gostam da reclusão. Estes moços de boa famílianão residem na vizinhança imediata de deuses ou homens, não sendo amigos de multidões agitadas.Estes moços de boa família acham o seu luxo no prazer da lei, e aplicam-se ao conhecimento de Buda.

E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estâncias:37. Estes Bodhisatvas, imensos, inconcebíveis, além da medida, agraciados com poderes mágicos,

sabedoria e leitura, progrediram no conhecimento por muitos kotis de Aeons.38. Fui eu que os trouxe à maturidade para a iluminação, e é no meu campo que eles têm seus

domínios; por mim apenas foram eles trazidos à maturidade; estes Bodhisatvas são meus filhos. 39. Todos se devotaram a uma vida de renúncia e são assíduos em evitar lugares de balbúrdia; andam

desapegados, estes meus filhos, seguindo os preceitos em seus percursos elevados.40. Moram no elemento do éter, na porção inferior do campo, aqueles heróis que, sem cansaço, estão

lutando dia e noite para atingir o conhecimento superior.41. Todos esforçados, de boa memória, inamovíveis na força enorme de suas inteligências, aqueles

serenos sábios pregam a lei, todos radiantes, como sendo meus filhos.42. Desde o tempo em que atingi esta iluminação superior (ou mais avançada), na cidade de Gaya, ao

pé da árvore, eu coloquei em andamento a roda da lei que a tudo supera, eu os trouxe todos àmaturidade para a iluminação suprema.

43. Estas palavras que aqui digo são infalíveis, realmente verdadeiras; creiam-me, todos vocês que meouvem: verdadeiramente, eu atingi a iluminação suprema, e é por mim apenas que todos foramtrazidos à maturidade.

O Bodhisatva Mahasatva Maitreya e aquelas numerosas centenas de milhares de miríades dekotis de Bodhisatvas foram tomados de espanto, surpresa e maravilhamento, (e pensaram): com épossível que dentro de um momento tão breve, dentro do lapso de um tempo tão curto, tantosBodhisatvas, tão incontáveis, tenham sido despertos e amadurecidos plenamente para atingir ailuminação suprema e perfeita? Então o Bodhisatva Mahasatva Maitreya indagou do Senhor: Comoentão, Ó Senhor, o Tathagata, após ter partido, quando príncipe real, de Kapilavatsu, a cidade dosSakyas, chegou à iluminação suprema e perfeita no cume do terreno da iluminação, não longe dacidade de Gaya, há mais de quarenta anos atrás, Ó Senhor? Como então foi que o Senhor, o Tathagata,dentro de um período tão curto, foi capaz de completar a tarefa sem fim de um Tathagata, de exercitara lideranças de um Tathagata, a energia de um Tathagata? Como foi que o Tathagata, dentro de umperíodo tão curto, foi capaz de despertar e trazer à maturidade para a iluminação suprema e perfeita

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esta hoste de Bodhisatvas, esta multidão de Bodhisatvas, uma multidão tão grande que seria impossívelcontar toda ela, mesmo que se fosse continuar contando durante centenas de milhares de miríades dekotis de Aeons? Estes Bodhisatvas, tão inumeráveis, Ó Senhor, tão incontáveis, tendo por longotempo seguido um curso de vida espiritual e plantado as raízes da bondade sob muitas centenas demilhares de Budas, tornaram-se no decorrer de muitas centenas de milhares de Aeons, finalmenteamadurecidos.

É justo como se alguém moço e jovem, um moço de cabelo preto na flor da idade, de vinte ecinco anos de idade, apresentasse centenários como seus filhos, e dissesse: “Aqui, moços de boafamília, vedes os meus filhos;’ e aqueles macróbios declarassem: “Este é nosso pai, aquele que nosgerou.’ Agora, Senhor, o discurso daquele homem seria incrível, difícil de ser acreditado pelo público.É o mesmo caso com o Tathagata, que apenas recentemente chegou à iluminação suprema e perfeita, ecom estes Bodhisatvas Mahasatvas, tão imensos em número, que durante muitas centenas de milharesde miríades de kotis de Aeons, tendo observado seu curso de vida espiritual, desde há longo tempo,chegaram à certeza quanto ao conhecimento de Tathagata; que são capazes de mergulhar e de sair decentenas de milhares de tipos de meditação; que são adeptos nas preparatórias à nobre sabedoriatranscendental; que são inteligentes no terreno de Buda, capazes no Conselho (eclesiástico) e nosdeveres do Tathagata; que são a maravilha e a admiração do mundo; que possuem grande vigor, força,e poder. E o Senhor diz: Desde o começo mesmo eu despertei, trouxe à maturidade, e os desenvolviplenamente para serem aptos a esta posição de Bodhisatva. Fui eu que demonstrei esta energia e vigordepois de ter chegado à iluminação suprema perfeita. Mas Ó Senhor, como poderíamos ter fé naspalavras do Tathagata, quando ele afirma: O Tathagata diz a verdade infalível? O Tathagata deveriasaber que os Bodhisatvas que acabaram de entrar no veículo estão aptos a terem dúvidas sobre estaquestão; depois da extinção do Tathagata aqueles que ouvirem este Dharmaparyaya não o aceitarão,nem crerão, nem confiarão. Daí, Ó Senhor, eles planejarão atos tendendo a arruinar a lei. Portanto, ÓSenhor, condescenda a nos explicar esta questão, para que estejamos livres da perplexidade, e que osBodhisatvas que no futuro a ouvirem, sejam moços de boa família ou moças, não caiam em dúvida.Naquela ocasião o Bodhisatva Mahasatva Maitreya se dirigiu ao Senhor nas seguintes estâncias: 44. Quando nasceste em Kapilavatsu, o lar dos Sakyas, o deixastes e atingistes a iluminação na cidade

de Gaya. Isto é um breve tempo atrás, Ó Senhor do mundo.45. E agora tendes uma tão grande multidão de seguidores, estes sábios que por muitos kotis de Aeons

perfizeram os seus deveres, se quedaram firmes no poder mágico, firmes, bem disciplinados,realizados na forças da sabedoria;

46. Estes, que são não-conspurcados como o lótus é pela água; que hoje vieram aqui depois de saíremdas entranhas da terra, e todos se quedam de mãos postas, respeitosos e fortes em memória, osfilhos do Mestre do mundo.

47. Como acreditarão estes Bodhisatvas nesta grande maravilha? Expeli toda dúvida, dizei a causa, emostrai como a questão verdadeiramente é.

48. É como se houvesse alguém, um jovem, de cabelo preto, de vinte anos de idade ou um poucomais, que apresentasse como seus filhos alguns macróbios,

49. E os últimos, cobertos de rugas e de cabelos brancos, declarassem, que o moço fosse seu pai. Masum tal (moço) nunca tendo filhos de tal aparência, seria difícil de crê-lo, Ó Senhor do mundo, quefossem filhos de alguém tão jovem.

50. Da mesma forma, Ó Senhor, somos incapazes de conceber como estes numerosos Bodhisatvas deboa memória e especialistas em sabedoria , que foram bem instruídos dentro de kotis de Aeons;

51. Que são firmes, de inteligência aguçada, encantadores e agradáveis à visão, livres de hesitação nasdecisões da lei, elogiados pelos líderes do mundo;

52. E em liberdade moram nos bosques; que desapegados no elemento do éter, constantementemostram as suas energias, que são filhos do Sugata lutando por este terreno de Buda;

53. Com será isto acreditado quando o líder do mundo estiver completamente extinto? Depoisde ouvi-lo da própria boca do Senhor não mais sentiremos qualquer dúvida.

54. Possam os Bodhisatvas nunca chegarem à tristeza tendo dúvidas quanto a esta questão.Concedei-nos, Ó Senhor, uma narração tão verdadeira como estes Bodhisatvas formatrazidos à maturidade por vós.

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Saddharma-Pundarika / Duração da Vida do Tathagata / Capítulo 15

CAPÍTULO 15

DURAÇÃO DA VIDA DO TATHAGATA

ntão o Senhor se dirigiu a toda assembléia de Bodhisatvas: Acreditem em mim, moços de boafamília, creiam que o Tathagata diz uma palavra veraz. Uma segunda vez o Senhor se dirigiu aosBodhisatvas: Creiam em mim, jovens cavalheiros de boa família, creiam que o Tathagata diz umapalavra veraz. Uma terceira e última vez o Senhor se dirigiu aos Bodhisatvas: Creiam em mim,moços de boa família, creiam que o Tathagata diz uma palavra veraz. Então toda a assembléia de

Bodhisatvas com Maitreya, o Bodhisatva Mahasatva os encabeçando, esticaram sua mãos postas edisseram ao Senhor: Exponha esta questão, Ó Senhor; exponha isto, Ó Sugata; nós creremos napalavra do Tathagata. Um segunda vez toda a assembléia, etc. etc. Uma terceira vez toda a assembléia,etc. etc.

O Senhor, considerando que os Bodhisatvas repetiram seus pedidos por três vezes, se dirigiu aeles assim: Ouçam então, moços de boa família. A força de uma resolução forte que eu tomei é de talordem, moços de boa família, que este mundo, inclusive deuses, homens e demônios, reconhece:Agora o Senhor Shakyamuni, depois de ter partido do lar dos Shakyas, chegou à iluminação suprema eperfeita, no cume do terraço da iluminação na cidade de Gaya. Mas, moços de boa família, a verdade éque muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons atrás eu cheguei à iluminação supremae perfeita. Para dar um exemplo, moços de boa família, que existam átomos de terra de quinhentosmilhares de miríades de kotis de mundos; que exista então algum homem que pegue um destes átomosde pó e então vá para a direção leste por cinqüenta centenas de milhares de miríades de kotis demundos além, e ali deposite aquele átomo de pó; que da mesma forma o homem carregue de todosaqueles mundos toda a massa de terra, e que da mesma forma, e pela mesma ação como a anterior, queele deposite todos aqueles átomos na direção leste. Agora, o que achariam, moços de boa família, quealguém poderia imaginar, pesar, contar ou determinar (o número) daqueles mundos? O Senhor tendodito isto, o Bodhisatva Mahasatva Maitreya e toda a assembléia de Bodhisatvas replicou: Sãoincalculáveis, Ó Senhor, aqueles mundos, incontáveis, além do alcance do pensamento. Nem mesmotodos os discípulos e pratyekabudas, Ó Senhor, com seus conhecimentos de Arya, seriam capazes deimaginar, pesa-los, conta-los, ou determiná-los. Para nós também, Ó Senhor, que somos Bodhisatvasnos quedando no lugar de onde não podemos retrogradar, este ponto está fora da esfera de nossacompreensão; tão inumeráveis, Ó Senhor, são aqueles mundos.

Isto dito, o Senhor falou àqueles Bodhisatvas Mahasatvas o seguinte: eu vos anuncio, moços deboa família, eu vos declaro: Conquanto numerosos sejam aqueles mundos onde aquele homemdepositou os átomos de pó e onde ele não o fez, não existem, moços de boa família, em todos aquelascentenas de milhares de miríades de kotis de mundos tantos átomos de pó quanto existem centenas demilhares de miríades de kotis de Aeons desde que eu cheguei à iluminação suprema e perfeita. Desde omomento, moços de boa família, quando eu comecei a pregar a lei aos seres neste mundo de Saha eem centenas de milhares de miriades de kotis de outros mundos, e (quando) os outros Tathagatas,Arhats, etc., tais como o Tathagata Dipankara e o resto que eu mencionei no lapso de tempo(pregando), (daquele momento) eu, moços de boa família, para o Nirvana completo daquelesTathagatas, etc., criei tudo aquilo com o objetivo expresso de habilmente pregar a lei. Novamente,moços de boa família, o Tathagata, considerando os diferentes graus de faculdade e força das geraçõesque se sucedem, revela em cada (geração) seu próprio nome, revela um estado no qual o Nirvana nãofoi ainda alcançado, e de diferentes formas ele satisfaz as necessidades das (diferentes) criaturas atravésde variados Dharmaparyayas. Este sendo o caso, moços de boa família, o Tathagata declara aos seres,cujas disposições são tão variadas e que possuem tão poucas raízes de bondade, tantas propensões parao mal: Eu sou moço de idade, monges; tendo deixado a casa do meu pai, monges, eu cheguei há poucoà iluminação suprema e perfeita. Quando, contudo, o Tathagata, que há tanto tempo atrás chegou à

E

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iluminação perfeita, diz que apenas há pouco tempo chegou à iluminação perfeita, ele o faz paraconduzir os seres à maturidade completa e os conduzir para dentro. Portanto todos estesDharmaparyayas foram revelados; e é para a educação dos seres, moços de boa família, que oTathagata revelou todos os Dharmaparyayas. E, moços de boa família, a palavra que o Tathagata pregaem prol da educação dos seres, quer seja sob sua própria aparência ou sob a de um outro, quer seja sobsua própria autoridade ou sob a máscara de um outro, tudo o que o Tathagata declara, todos aquelesDharmaparyayas falados pelo Tathagata são verdadeiros. Não pode haver questão de inverdade daparte do Tathagata quanto a este respeito. Pois que o Tathagata vê o mundo triplo como ele realmenteé: não é nascido, nem morre; não é concebido, não salta para a existência; não se move numredemoinho, nem se torna extinto; não é verdadeiro, nem irreal ; não é existente, nem não existente;não é assim, nem de outra forma, nem é falso. O Tathagata vê o mundo triplo, não como osignorantes, pessoas comuns, ele vê coisas que estão sempre presentes a ele; de fato, para o Tathagata,em sua posição, não há leis que estejam ocultas. Neste respeito qualquer palavra que o Tathagata falar éverdadeira, não falsa. Mas para produzir as raízes de bondade nos seres, que seguem objetivos tãodiferentes e que se comportam de acordo com noções diferentes, ele revela vários Dharmaparyayascom vários princípios fundamentais. O Tathagata então, moços de boa família, faz o que tem quefazer. O Tathagata que há tanto tempo atrás se iluminou perfeitamente é ilimitado na duração de suavida, que é eterna. Sem estar extinto, o Tathagata faz um show de estar extinto, em prol daqueles quetem que ser educados. E mesmo agora, moços de boa família, eu não realizei meu antigo curso deBodhisatva, e a medida de minha vida não se esgotou. Não, moços de boa família, eu ainda terei duasvezes mais centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons antes que a medida de minha vida secomplete. Eu anuncio a extinção final, moços de boa família, apesar de eu mesmo não me tornarfinalmente extinto. Pois que desta forma, moços de boa família, eu trago (todos) os seres à maturidade,a menos que os seres em quem a bondade não está firmemente enraizada, que não são santos,miseráveis, ansiosos por prazeres sensuais, cegos e obscurecidos pelo filme de pontos de vista errados,devam, me vendo com muita freqüência, comecem a achar: "O Tathagata está ficando," e achem quetudo não passa de um jogo de crianças; (a menos que) pensando "estamos próximos ao Tathagata" elesdeixem de se esforçar para escapar do mundo triplo e não concebam quão precioso o Tathagata é. Poristo, moços de boa família, o Tathagata habilmente pronuncia estas palavras: A aparição dosTathagatas, monges, é preciosa (e rara). Pois que no decurso de muitas centenas de milhares demiríades de kotis de Aeons seres podem ter visto ou não ao Tathagata. Por isto e por esta razão,moços de boa família, eu digo: A aparição dos Tathagatas, monges, é preciosa (e rara). Estando mais emais convencidos de que a aparição dos Tathagatas é preciosa (ou rara) eles se sentirão surpresos etristes, e enquanto que não vendo o Tathagata eles sentirão uma vontade de vê-lo. As boas raízesdesenvolvidas de seus pensamentos sinceros quanto ao Tathagata reverterão para sempre para seusbenefícios, bem e felicidade; em consideração que o Tathagata anuncia a extinção final, apesar delemesmo não se tornar finalmente extinto, em prol dos seres que tem que ser educados. Tal, moços dboa família, é a forma de ensinar do Tathagata; quando o Tathagata fala desta forma, de sua parte nãoexiste falsidade alguma.

Suponhamos um caso parecido, moços de boa família. Existe algum médico, sábio, inteligente,prudente, hábil ao tratar todo tipo de doenças. Este homem tem muitos filhos, dez, vinte, trinta,quarenta, cinqüenta ou cem. O médico, tendo viajado, enquanto estava fora, seus filhos ficaramdoentes de um veneno ou infeção. Sofrendo com dores terríveis causadas por aquele veneno ouinfeção que os consome, eles rolam no chão. Seu pai, o médico, chega em casa no momento em queseus filhos estão sofrendo daquele ataque de veneno. Alguns deles têm noções perversas, outros têmnoções corretas, mas todos sofrem a mesma dor. Ao verem seu pai eles alegremente o cumprimentame dizem: Salve, caro pai, que voltaste em segurança e bem de saúde! Agora nos livre de nosso mal, querseja causado por veneno ou contaminação; que nós possamos viver, caro pai. E o médico, vendo seusfilhos aflitos com doenças, cheios de dores e rolando pelo chão, prepara um grande remédio, tendo acor, cheiro e gosto requeridos, mói o remédio em uma pedra e dá uma porção para cada um de seusfilhos, com as seguintes palavras: Tomem este grande remédio, filhos meus, que tem a cor, gosto echeiro requeridos. Pois que tomando este grande remédio, meus filhos, vocês se livrarão deste venenoou contaminação; vocês se recuperarão e ficarão saudáveis. Dentre aquelas crianças do médico que têmnoções corretas, depois de ver a cor do remédio, depois de cheirar o cheiro e provar do sabor, eles

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rapidamente o consomem e em conseqüência disto se livram logo e completamente de suas doenças.Mas os filhos que têm noções pervertidas alegremente cumprimentam seu pai e dizem: Salve, caro pai,que voltaste para nós em segurança e com saúde; nos cure. Assim falam eles, mas não tomam doremédio oferecido, e isto porque, devido à perversidade de suas noções, aquele remédio não os agrada,nem em cor, nem em gosto, nem cheiro. Então o médico reflete da seguinte forma: Estes meus filhosdevem ter adquirido noções pervertidas devido à contaminação ou ao veneno, já que eles nem tomamdo remédio, nem me cumprimentam. Por isto eu induzirei estes meus filhos a tomarem do remédiocom algum meio habilidoso. Com este desejo ele diz o seguinte àqueles filhos: Eu estou velho, moçosde boa família, decrépito, avançado em anos, e o término de minha vida se aproxima; mas não fiquemtristes, moços de boa família, não se sintam arrasados; aqui eu preparei um grande remédio para vocês;se vocês quiserem, podem tomá-lo. Tendo os advertido desta forma, ele habilmente vai a uma outraparte do país e deixa seus filhos doentes saberem que ele partiu desta vida, isto é, que ele morreu. Elesficam extremamente tristes e o lamentam extremamente: Então ele está morto, nosso pai e protetor;aquele que nos gerou; ele, que era sempre tão bondoso! Agora estamos sem um protetor. Plenamenteconscientes que se tornaram órfãos e não tendo mais refúgio, eles mergulham continuamente natristeza, pelo que suas noções pervertidas dão lugar à noções corretas. Eles reconhecem que o remédiotem a cor, cheiro e gosto corretos então instantaneamente eles o consomem, e com isto são libertos deseus males. Então, sabendo que aqueles seus filhos estão livres do mal, o médico novamente se mostra.Agora, moços de boa família, qual é suas opiniões? Será que alguém acusaria aquele médico de termentido por ter usado um tal meio habilidoso? Não, certamente que não, Senhor; certamente que não,Sugata. Ele prosseguiu: Da mesma forma, moços de boa família, eu cheguei à iluminação suprema eperfeita já desde um imenso, incalculável número de centenas de milhares de kotis de Aeons, mas devez em quando eu mostro tais meios habilidosos aos seres, com a intenção de educá-los, sem que poristo haja a este respeito qualquer falsidade de minha parte.

Para expor esta questão mais extensivamente o Senhor naquela ocasião pronunciou as seguintesestrofes:

1. Já faz um número inconcebível de milhares de kotis de Aeons, que não podem ser medidos,que eu ganhei a iluminação superior e nunca deixei de ensinar a lei.

2. Eu despertei muitos Bodhisatvas e os estabeleci no conhecimento de Buda. Eu trouxemiríades de kotis de seres, sem fim, à maturidade plena em muitos kotis de Aeons.

3. Eu mostro o lugar da extinção, eu revelo a todos os seres um meio habilidoso para educá-los, apesar de não me tornar extinto naquele momento, e naquele mesmo lugar eu continuo a pregar alei.

4. Ali eu me comando, bem como a todos os seres, eu. Mas homens de mentes pervertidas, emsuas ilusões, não me vêem ali.

5. Na opinião que meu corpo se tornou completamente extinto, eles prestam veneração, demuitas formas às minhas relíquias, mas eles não me vêem. Eles sentem (contudo) uma certa aspiraçãopela qual suas mentes se tornam corretas.

6. Quando tais criaturas corretas, gentis e suaves deixam seus corpos, eu então ajunto amultidão de discípulos e me mostro aqui no Gridhrakuta.

7. E então eu falo assim a eles, neste mesmo lugar: eu não estava completamente extintonaquele momento; nada mais foi senão um meio habilidoso meu, monges; repetidamente nasço nomundo dos vivos.

8. Honrado por outros seres, eu lhes mostro minha iluminação superior, mas vocês nãoobedeceriam minha palavra a menos que o Senhor do mundo entrasse no Nirvana.

9. Eu percebo como os seres estão aflitos, mas eu não lhes mostro meu ser mesmo. Queprimeiro eles tenham uma aspiração para me ver; então eu lhes revelarei minha verdadeira lei.

10. Tal tem sido sempre minha firme resolução durante um número inconcebível de milharesde kotis de Aeons, e eu não deixei este Gridhrakuta por outros lugares.

11. E quando seres percebem este mundo e imaginam que está ardendo, até mesmo então meucampo de Buda está cheio de deuses e homens.

12. Eles dispõem de muitos divertimentos, kotis de jardins de prazeres, palácios, e carrosaéreos; (este campo) está embelezado por colinas de gemas e por árvores cheias de flores e frutos.

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Saddharma-Pundarika / Duração da Vida do Tathagata / Capítulo 15

13. E voando, deuses tocam instrumentos musicais e vertendo uma chuva de Mandaravas pelasquais eles me cobrem, aos discípulos e outros sábios que estão lutando pela iluminação.

14. Assim é o meu campo aqui, para todo o sempre; mas outros o imaginam queimando; emsuas visões este mundo é terrível, miserável, repleto com um número de males.

15. Sim, muitos kotis de anos eles podem passar sem ter sequer mencionado meu nome, a lei,ou minha congregação. Este é o fruto de ações pecaminosas.

16. Mas quando seres gentis e suaves nascem neste mundo dos homens, eles imediatamente mevêem revelando a lei, devido às suas boas obras.

17. Eu nunca falo a eles da infinidade de minha ação. Portanto, eu estou, verdadeiramente,existindo desde há muito tempo, e contudo declaro: Os Ginas são raros (ou preciosos).

18. Tal é o poder glorioso de minha sabedoria que não conhece limites, e a duração de minhavida é tão grande quanto o infinito; eu a adquiri depois de ter seguido o curso devido.

19. Não experimentem dúvidas quanto a isto, Ó sábios, e abandonem toda a incerteza: apalavra que eu aqui falo é verdadeira; minha palavra nunca é falsa.

20. Pois assim mesmo como aquele médico hábil em engenhos, para o benefício de seu filhoscujas noções se tornaram pervertidas, disse que ele havia morrido apesar de estar ainda vivo, e assimmesmo como nenhum homem razoável acusaria aquele médico de falsidade;

21. Assim eu sou o pai do mundo, o Não-nascido, o Curador, o Protetor de todos os seres.Sabendo que eles são perversos, enfatuados e ignorantes eu não ensino o descanso final, eu mesmonão estando no descanso.

22. Que razão deveria eu ter para continuamente me manifestar? Quando homens se tornamdescrentes, ignorantes, sem sabedoria, sem cuidados, chegados a prazeres sensuais, e na falta decompreensão incorrem em infortúnio,

23. Então eu, que conheço o curso do mundo, declaro: Eu sou tal e tal,(e considero): Comoposso eu os inclinar para a iluminação? Como podem eles se tornarem companheiros nas leis de Buda?

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Saddharma-Pundarika / Da Piedade / Capítulo 16

CAPÍTULO 16

DA PIEDADE

nquanto esta exposição da duração da vida do Tathagata estava sendo dada, seres inumeráveis,incontáveis lucraram dela. Então o Senhor se dirigiu ao Bodhisatva Mahasatva Maitreya:Enquanto esta exposição da duração da vida do Tathagata estava sendo dada, Agita, sessenta eoito centenas de milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas, comparáveis às areias do Ganges,adquiriram a faculdade de se estabelecer na lei que não tem origens. Mil vezes mais Bodhisatvas

Mahasatvas obtiveram Dharani; e outros Bodhisatvas Mahasatvas, iguais aos átomos de pó de um terçode macrocosmo, obtiveram ao ouvir este Dharmaparyaya a faculdade de pontos de vista desimpedidos.Outros Bodhisatvas Mahasatvas novamente, iguais aos átomos de pó de dois terços de ummacrocosmo, obtiveram ao ouvir este Dharmaparyaya o Dharani que faz centenas de milhares de kotisde revoluções. Novamente, outros Bodhisatvas Mahasatvas, iguais aos átomos de pó de ummacrocosmo inteiro, moveram, ao ouvir este Dharmaparyaya, a roda da radiância sem manchas.Outros Bodhisatvas Mahasatvas, iguais aos átomos de pó de um pequeno universo, chegaram, ao ouvireste Dharmaparyaya, tão longe que eles atingirão a iluminação suprema e perfeita depois de oitonascimentos. Outros Bodhisatvas Mahasatvas, iguais aos átomos de pó de quatro mundos de quatrocontinentes, se tornaram, ao ouvir este Dharmaparyaya, tais que necessitariam quatro nascimentosantes de ganhar a iluminação suprema e perfeita. Outros Bodhisatvas Mahasatvas, iguais aos átomos depó de três mundos, quatro continentes, se tornaram, ao ouvir este Dharmaparyaya, tais querequereriam três nascimentos antes de ganhar a iluminação suprema e perfeita. Outros BodhisatvasMahasatvas, iguais aos átomos de pó de dois mundos de quatro continentes, se tornaram, ao ouvir esteDharmaparyaya tais que requereriam dois nascimentos antes de atingir a iluminação suprema e perfeita.Outros Bodhisatvas Mahasatvas, iguais aos átomos de pó de um mundo de quatro continentes, setornaram, ao ouvir este Dharmaparyaya tais que requereriam apenas um nascimento antes de ganhar ailuminação suprema e perfeita. Outros Bodhisatvas Mahasatvas, iguais aos átomos de pó de oitomacrocosmos consistindo de três partes, conceberam, ao ouvir este Dharmaparyaya a idéia dailuminação suprema e perfeita.

Tão logo o Senhor havia dado esta exposição determinando a duração e períodos da lei, quecaiu do céu superior uma grande chuva de flores de Mandarava e grande Mandarava que cobriu emaravilhou todos as centenas de milhares de miríades de kotis de Budas que estavam sentados em seustronos ao pé das árvores de jóias em centenas de milhares de miríades de kotis de mundos. Tambémcobriu e maravilhou o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc. e o Senhor Prabhutaratna, o Tathagata,etc., este último sentado plenamente extinto em seu trono, bem como toda aquela assembléia deBodhisatvas e as quatro classes de audiência. Uma chuva de pó celeste de sândalo e agallochum foivertida do céu, enquanto que mais acima no firmamento os grande tambores ressoavam, sem serembatidos, com um som agradável, doce e profundo. Peças duplas de belo pano celeste caíram àscentenas de milhares do céu superior; colares, meio colares, colares de pérolas, gemas, jóias, nobrejóias, e nobre gemas foram vistas alto no firmamento penduradas de todos os lados em todas asdireções do espaço, enquanto que por todos lado milhares de incensórios de jóias contendo incenso devalor e preço incalculáveis, se moviam por si mesmos. Bodhisatvas Mahasatvas foram vistos segurandoacima de cada Tathagata, alto, uma fileira de guarda-chuvas de jóias se prolongado tão alto quanto omundo de Brahma. Assim agiram os Bodhisatvas Mahasatvas em respeito a todos as inumeráveiscentenas de milhares de miríades de kotis de Budas. Cada um por sua vez celebrou aqueles Budas emestrofes apropriadas, hinos sagrados louvando os Budas.

E naquela ocasião o Bodhisatva Mahasatva Maitreya pronunciou as seguintes estrofes:1. Maravilhosa é a lei que o Sugata expôs, a lei que nunca dantes havíamos ouvido; quão grande

é a majestade dos Líderes, e quão infinita a duração de suas vidas!

E

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Saddharma-Pundarika / Da Piedade / Capítulo 16

2. E ouvindo uma tal lei como esta que foi dada pelo Sugata cara a cara, milhares de kotis deseres, os filhos genuínos do Líder do mundo, todos se encheram de alegria.

3. Alguns atingiram o ponto da iluminação suprema e de onde não há retorno, outros sequedaram num estágio inferior; alguns atingiram o lugar de terem pontos de vista desimpedidos, eoutros obtiveram milhares de kotis de Dharanis.

4. Outros, numerosos como átomos, ganharam o conhecimento de Buda supremo. Outros,novamente, após oito nascimentos se tornarão Ginas vendo o infinito.

5. Dentre aqueles que ouvirem esta lei do Mestre, alguns obterão a iluminação e verão averdade após quatro nascimentos, outros após três, outros após dois.

6. Alguns dentre eles se tornarão todo sapientes após um nascimento, na existência seguinte.Tal será o resultado perfeito de conhecer a duração da vida do Chefe.

7. Inumeráveis, incontáveis como os átomos de oito campos, são os kotis de seres que ouvindoesta lei conceberam a idéia da iluminação superior.

8. Tal o efeito produzido pelo grande Vidente, quando ele revela este estado de Buda que é semfim e que não tem limite, que é tão imenso como o elemento do éter.

9. Muitos milhares de kotis de anjos, Indras e anjos de Brahma, como as areias do Ganges, seajuntaram aqui de milhares de kotis de campos distantes e verteram uma chuva de Mandaravas.

10. Eles se movem no céu como pássaros, e espalharam pó fragrante de sândalo e agallochum,cobrindo cerimoniosamente o Chefe dos Ginas com ela.

11. Alto acima, címbalos sem serem tocados emitiram sons doces; milhares de kotis de panosbrancos volteiam por sobre os Chefes.

12. Milhares de kotis de incensórios de jóias de incenso sem preço se movem por si mesmos detodos os lados para honrar o poder do Senhor do mundo.

13. Inumeráveis Bodhisatvas sábios seguram miríades de kotis de guarda-chuvas, elevados efeitos de nobre jóias, como guirlandas, ao mundo de Brahma.

14. Os filhos do Sugata, em suas grandes alegrias, pregaram belas flâmulas triunfais em cima dospaus das bandeiras para honrarem os Líderes que eles celebraram em milhares de estrofes.

15. Tal fenômeno maravilhoso, extraordinário, prodigioso, esplêndido, Ó líder, está sendomostrado por todos aqueles seres que ficam alegres pela exposição da duração da vida (do Tathagata).

16. Grande é a questão agora correndo nos dez pontos do espaço, e grande o som levantadopelos Líderes; milhares de kotis de seres vivos ficaram refrescados e abençoados com virtude para ailuminação.

Com isto o Senhor se dirigiu ao Bodhisatva Mahasatva Maitreya: Aqueles seres, Agita, quedurante a exposição deste Dharmaparyaya, na qual a duração da vida do Tathagata foi revelada, quetenham entretido, seja apenas um só pensamento de confiança, ou tiveram fé nele, quão grande méritoeles produzirão, sejam eles moços ou moças de boa família? Ouça então, e preste atenção, quão grandemérito eles produzirão com isto. Suponha o caso, Agita, que algum moço ou moça de boa família,desejoso pela iluminação suprema e perfeita, durante oitocentos milhares de miríades de kotis deAeons pratique as cinco perfeições da virtude (Paramitas), a saber, perfeita doação, perfeita moralidade,perfeito autocontrole, perfeita energia, perfeita meditação—a perfeita sabedoria estando excluída;suponha, por outro lado, o caso, Agita, que um moço ou moça de boa família, ao ouvir esteDharmaparyaya contendo a exposição da duração da vida do Tathagata, conceba seja um sópensamento de confiança ou creia nele; então aquela acumulação de mérito anterior, aquelaacumulação do bem conectada com as cinco perfeições da virtude, (aquela acumulação) que chegou àsua realização plena nas oitocentos centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons, não é igual àcentésima parte da acumulação de mérito do segundo caso; não é igual a uma milésima parte; nãoadmite cálculos, nem contagem, nem estimativa, nem comparação, nem aproximação, nemensinamento secreto. Aquele que está possuído de uma tal acúmulo de mérito, Agita, seja ele um moço ou uma moça de boa família, não perderá a iluminação suprema e perfeita;não, não é possível que isto aconteça.

E naquela ocasião O Senhor pronunciou as seguintes estrofes:17. Que aquele que procure este conhecimento, o conhecimento de Buda superior, se dedique

a praticar neste mundo as cinco virtudes perfeitas (paramitas):

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Saddharma-Pundarika / Da Piedade / Capítulo 16

18. Que ele, após oito milhares de kotis de Aeons completos, continue a dar oferendas aosBudas e discípulos;

19. Presenteando os Pratyekabudas e kotis de Bodhisatvas dando carne, comida e bebida, roupae abrigo;

20. Que ele construa na terra refúgios e mosteiros de sândalo, e agradáveis jardins de recantoscheios de trilhas e calçadas;

21. Que ele após fazer tais presentes, vários e diversificados, durante milhares de kotis deAeons, dirija sua mente para a iluminação;

22. Que ele então, por causa do conhecimento de Buda, mantenha sem quebrar os preceitosmorais puros que foram recomendados pelos Budas perfeitos e reconhecidos pelos sábios;

23. Que além disto ele desenvolva a virtude do autodomínio, seja forte no estágio dahumildade, seja constante, de boa memória, e pacientemente agüente muitas censuras;

24. Que ele, além disto, em prol do conhecimento do Buda, agüente as palavras de desprezo dedescrentes, que estão enraizadas no orgulho;

25. Que ele, sempre zeloso, esforçado, estudioso, de boa memória, sem qualquer outrapreocupação em mente, pratique meditação, durante kotis de Aeons;

26. Que ele, quer vivendo na floresta ou entrando numa vida errante, vá por aí, evitando apreguiça e torpor, por kotis de Aeons.

27. Que ele, como um filósofo, um grande filósofo, que encontra sua alegria na meditação, naconcentração mental, passe oito mil kotis de Aeons;

28. Que ele energicamente busque a iluminação com o pensamento de ganhar o todo sapiente,e então chegue ao grau mais elevado de meditação;

29. Então o mérito ligado àqueles que praticam as virtudes descritas acima, durante milhares dekotis de Aeons,

30. (É menor que aquele) de um homem ou mulher, que após ouvir a duração de minha vida,seja por um só momento creia nela; este mérito é sem fim.

31. Aquele que renunciando a dúvida, o vacilo e apreensão, crer, mesmo que seja por um curtomomento, obterá uma tal recompensa.

32. Os Bodhisatvas também, que praticaram aquelas virtudes durante kotis de Aeons, nãoficarão surpresos ao ouvirem desta inconcebivelmente comprida vida minha.

33. Eles inclinarão suas cabeças (e pensarão): 'Que eu também no futuro me torne uma talpessoa e liberte kotis de seres vivos!

34. 'Assim como o Senhor Shakyamuni, o Leão da raça Shakya, depois de ter ocupado seuassento no terraço da iluminação, levantou seu rugido de leão;

35. 'Assim também eu no futuro possa estar sentado no terraço da iluminação, honrado portodos os mortais, para ensiná-lo tão longa vida!'

36. Aqueles que possuírem a intenção firme como esta e tiverem aprendido os princípios,compreenderão o mistério e não sentirão insegurança.

Novamente, Agita, aquele que após ouvir este Dharmaparyaya, que contém uma exposição daduração da vida do Tathagata, a apreende, penetra e compreende, produzirá um acúmulo de méritoimensurável que levará ao conhecimento de Buda; desnecessário dizer que aquele que ouvir um talDharmaparyaya como este ou causar com que outros o ouçam; que o mantém na memória, o lê,compreende ou faz com que outros o compreendam; que o escreve ou faz com que seja escrito, ocoleta ou o tenha coletado num volume, o honra, respeita, venera com flores, incenso, guirlandasperfumadas, óleos, pós, roupas, pára-sóis, bandeiras, flâmulas, lâmpadas (acesas) de óleo, lâmpadas deghee, ou lâmpadas cheias de óleo perfumado, produzirão um acúmulo de mérito muito maior quelevará ao conhecimento de Buda.

E, Agita, como um teste se este moço ou moça de boa família que ouve esta exposição daduração da vida do Tathagata decisivamente crê nele pode ser tomado o seguinte. Eles me perceberãoensinando a lei aqui no Gridhrakuta, cercado por uma hoste de Bodhisatvas, atendido por uma hostede Bodhisatvas, no centro da congregação dos discípulos. Eles perceberão aqui meu campo de Budano mundo de Saha, consistindo de lápis-lázuli e formando uma planície plana; formando um tabuleirode xadrez de oito compartimentos com fios de ouro; separado com árvores de jóias. Eles perceberãoas torres que os Bodhisatvas usam com moradias. Com este teste, Agita, a pessoa pode saber se um

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Saddharma-Pundarika / Da Piedade / Capítulo 16

moço ou moça de boa família tem uma crença firme. Além disto, Agita, eu declaro que um moço deboa família que, depois da extinção completa do Tathagata, não rejeitar, mas alegremente aceitar esteDharmaparyaya ao ouvi-lo, que um tal moço de boa família também é sincero em sua crença; muitomais ainda aquele que o mantiver de memória ou o ler. Aquele que depois de coletar esteDharmaparyaya em um volume e o levar no ombro, leva o Tathagata no seu ombro. Tal moço oumoça de boa família, Agita, não precisa fazer Stupas para mim, nem mosteiros; não necessita dar àcongregação de monges medicamentos para os doentes, ou (outros) requisitos. Pois que, Agita, um talmoço ou moça de boa família construiu (espiritualmente) para a veneração de minhas relíquias Stupasdas sete substâncias preciosas até o mundo de Brahma de altura, e com uma circunferênciaproporcional, com os pára-sóis que ali pertencem, com flâmulas triunfais, com sinos repinicando ecestas; mostrou muitos sinais de respeito àquelas Stupas de relíquias com flores celestes e terrestresdiversas, incenso, guirlandas perfumadas, óleos, pós, roupas, pára-sóis, bandeiras, flâmulas, bandeirolas,com címbalos variados e doces, agradáveis, e de som claro, e tambores, afinados, ruídos, sons deinstrumentos musicais e castanhetas, com canções, e danças variadas, de muitos e inumeráveis tipos;fez estes atos de veneração durante muitos, inumeráveis milhares de kotis de Aeons. Aquele quemantém em memória este Dharmaparyaya depois de minha extinção completa, que o lê, escreve,divulga, Agita, também terá construído mosteiros, grandes espaçosos, extensos, feitos de madeira desândalo vermelha, com trinta e dois pináculos, oito andares, que dêem para mil monges, adornadoscom jardins e com flores, tendo caminhos equipados com abrigos, completamente abastecidos comcarne, comida e bebida e medicamentos para os doentes, bem equipado com todos os confortos. Eaqueles numerosos, inumeráveis seres, digamos cem ou mil ou dez mil ou um koti ou cem kotis ou milkotis, ou centenas de milhares de kotis ou dez milhares vezes cem milhares de kotis, eles devem serconsiderados com formando a congregação de discípulos que me vêem face a face, e deve serconsiderados como aqueles a quem eu abençoei plenamente. Aquele que, depois de minha extinçãocompleta, mantiver este Dharmaparyaya, o ler, promulgar, ou escrever, ele, eu repito, Agita, nãonecessita construir Stupas de relíquias, nem venerar a congregação; não é necessário dizê-lo, Agita, queo moço ou moça de boa família que, mantendo este Dharmaparyaya, o coroar com caridade emdoações, moralidade, autodomínio, energia, meditação, ou sabedoria, produzirá um acúmulo de méritomuito maior; é de fato, imenso, incalculável, infinito. Assim como o elemento do éter, Agita, é semfim, para o leste, sul, oeste, norte, em baixo, em cima, e nos quarteirões intermediários, assim imensose incalculáveis acúmulos de mérito, que conduzem ao conhecimento de Buda, serão produzidos poraquele moço ou moça de boa família que mantiver, ler, escrever, ou fizer com que seja escrito, esteDharmaparyaya. Ele será zeloso em venerar os templos do Tathagata; ele louvará os discípulos doTathagata, louvará as centenas de milhares de miríades de kotis de virtudes dos BodhisatvasMahasatvas, e as exporá aos demais; ele será realizado em autodomínio, será moral, de bom caráter,agradável de convívio, e tolerante, modesto, não invejoso de outros, não encolerizado, nem viciosomentalmente, de boa memória, esforçado e sempre ocupado, devotado à meditação lutando porchegar ao estado de Buda, dando grande valor à meditação abstrata, com freqüência engajado nameditação abstrata, hábil em resolver questões e em evitar centenas de milhares de miríades de kotis deperguntas. Qualquer Bodhisatva Mahasatva, Agita, que, depois da completa extinção do Tathagata,mantiver este Dharmaparyaya, terá as boas qualidades que eu acabei de descrever. Um tal moço oumoça de boa família, Agita, deve ser considerado como indo ao terraço da iluminação; aquele moço oumoça de boa família marcha em direção ao pé da árvore da iluminação para ganhar a iluminação. Eonde aquele moço ou moça de boa família, Agita, se quedar, sentar, ou andar, ali se deve erigir umtemplo, dedicado ao Tathagata, e o mundo, inclusive dos deuses, deveria dizer: Esta é uma Stupa dasrelíquias do Tathagata.

E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes:37. Uma massa de mérito imensa, como eu mencionei com freqüência, deverá ser daquele que,

depois da extinção completa do Líder dos homens, mantiver este Sutra.38. Ele terá prestado veneração a mim, e construído Stupas de relíquias, feitas de substâncias

preciosas, variegadas, belas e esplêndidas;39. De altura chegando ao mundo de Brahma, com fileiras de pára-sóis, grandes de

circunferência, lindos e decorados com flâmulas triunfais;

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Saddharma-Pundarika / Da Piedade / Capítulo 16

40. Ressoando com límpidos sons de sinos, e decorada com bandas de seda, enquanto quesininhos, movidos pelo vento formam um outro ornamento no (templo das) relíquias do Gina.

41. Ele terá demonstrado uma grande honra a elas com flores, perfumes, e óleos; com música,roupas, e o (som) repetido de címbalos.

42. Ele fará com que doces instrumentos musicais sejam tocados naquelas relíquias, e lâmpadascom óleo perfumado sejam mantidas acesas em toda parte no templo.

43. Aquele que no período de depravação mantiver e ensinar este Sutra, ele terá me prestadouma veneração tão infinita e variada.

44. Ele erigiu muitos kotis de excelentes mosteiros de madeira de sândalo, com trinta e doispináculos, e de oito andares de altura;

45. Cheios de leitos, com comida dura e macia; mobiliado com cortinas excelentes, e tendomilhares de quartos.

46. Ele terá dado eremitérios e caminhos embelezados com jardins de flores; muitos objetoselegantes de várias formas e variados.

47. Ele demonstrou veneração variada ao conjunto de discípulos em minha presença, aqueleque, depois de minha extinção, tiver mantido este Sutra.

48. Que a pessoa seja a melhor possível, muito maior mérito obterá aquele que mantiver ouescrever este Sutra.

49. Que a pessoa faça com que isto seja escrito e que o encaderne bem em um volume; que elesempre venere o volume com flores, guirlandas, óleos.

50. Que ele sempre o coloque próximo a uma lâmpada cheia de óleo perfumado, junto comlótus desabrochados e oferendas adequadas de Michelia Champaka.

51. Aquele que prestar uma tal veneração aos livros produzirá uma massa de méritos que nãopode ser medida.

52. Da mesma forma que não se pode medira o elemento do éter, em nenhuma das dezdireções, da mesma forma não há medidas a esta massa de méritos.

53. Quanto mais não será o caso com aquele que é paciente, humilde, devotado, moral,estudioso, e dedicado à meditação;

54. Que não irascível, não é traiçoeiro, que é reverente para com o santuário, sempre humildecom os monges, não convencido, nem negligente;

55. Sábio e sensível, não zangado ao ser indagado uma pergunta; aquele que, cheio decompaixão para com os seres vivos, dá tal instrução como é necessária.

56. Se houver uma tal pessoa que (ao mesmo tempo) mantiver este Sutra, ele possuirá umamassa de mérito que não pode ser medida.

57. Se alguém encontrar uma tal pessoa como aquela descrita, um mantenedor deste Sutra, devese prestar homenagem a ele.

58. Deve se lhe presentear com flores divinas, o cobrir com roupas divinas, e inclinar a cabeçapara saudar seus pés, tendo a convicção que ele é o Tathagata.

59. Vendo uma tal pessoa pode se fazer a reflexão que ele está se dirigindo em direção ao pé daárvore para chegar à iluminação suprema e abençoada para o bem de todo o mundo, inclusive dosdeuses.

60. E onde quer que um tal sábio esteja andando, de pé, ou sentado, ou deitado; sempre que oherói pronunciar nem que seja uma só estrofe deste Sutra;

61. Ali devemos construir uma Stupa para o mais elevado dos homens, uma (Stupa) esplêndida,linda, dedicada ao Senhor Buda, o Chefe, e então venerá-la de formas variadas.

62. Aquele lugar na terra que foi ocupado por mim mesmo; ali eu mesmo andei, e ali eu sentei;onde aquele filho do Buda ficou, eu fiquei.

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Saddharma-Pundarika / Indicação do Mérito da Aceitação Alegre / Capítulo 17

CAPÍTULO 17

INDICAÇÃO DO MÉRITO DA ACEITAÇÃO ALEGRE

om isto o Bodhisatva Mahasatva Maitreya disse ao Senhor: Ó Senhor, aquele que, depois de ouvireste Dharmaparyaya sendo pregado, alegremente o aceita, seja aquela pessoa um moço de boafamília ou uma moça, quanto mérito, Ó Senhor, será produzido por um tal moço ou moça de boafamília?

E naquela ocasião o Bodhisatva Mahasatva Maitreya pronunciou este estrofe:1. Quão grande será o mérito daquele que, depois da extinção do grande Herói, ouvir este

exaltado Sutra e alegremente o aceitar?E o Senhor disse ao Bodhisatva Mahasatva Maitreya: Se alguém, Agita, seja um moço de boa

família ou uma moça, depois da extinção completa do Tathagata, ouvir este Dharmaparyaya sendoensinado, seja um monge ou uma monja, um devoto leigo homem ou mulher, um homem decompreensão madura ou um menino ou menina; se o ouvinte alegremente o aceitar, e aí depois dosermão se soerguer para ir a outro lugar, a um mosteiro, casa, floresta, rua, aldeia, cidade, ou província,com o objetivo expresso de expor a lei tal qual ele a entendeu, tal como a ouviu, e de acordo com amedida de seu poder, a uma outra pessoa, sua mãe, pai, parente, amigo, conhecido, ou qualquer outrapessoa; se o último, depois de a ouvir, alegremente a aceitar, e, em conseqüência comunica a outro; seo último, depois de a ouvir, alegremente a aceitar, e a comunicar a outro; se este outro, novamente,depois de ouvi-la, alegremente a aceita, e assim por diante em sucessão até que o número de cinqüentaseja atingido; então, Agita, a qüinquagésima pessoa a ouvir e alegremente aceitar a lei assim ouvida, sejaum moço de boa família ou uma moça, terá adquirido um acúmulo de mérito relacionado com aaceitação alegre, Agita, que eu vou demonstrar-vos. Ouvi, e o aprendei bem; eu vos direi.

É, Agita, como se os seres existindo nas quatrocentas centenas de milhares de Asankyeyas demundos, em qualquer um dos seis estados de existência, nascido de ovo, de ventre, de umidade quente,ou de metamorfose, quer tenham forma ou não, sejam conscientes ou inconscientes, nem conscientesnem inconscientes, sem pés, de dois pés, de quatro pés, ou de muitos pés, tantos seres quantos estejamcontidos no mundo das criaturas, ------, ( como se) tivessem todos estes seres unidos em um lugar.Além disto, suponhamos que algum homem apareça, um amante da virtude, um amante do bem, quedá àquele corpo todo os prazeres, esportes, divertimentos, e gozos que eles desejam, gostam eapreciam. Ele dá a cada qual deles Gambudvipa para os seus prazeres, esportes, divertimentos e gozos;lhes dá barras de ouro, ouro , prata, gemas, pérolas, lápis-lázuli, conchas, pedras, coral, carruagensatreladas com cavalos, com bois, com elefantes; dá-lhes palácios e torres. Deste forma, Agita, aquelemestre de beneficência, aquele grande mestre de beneficência continua a dar seus presentes duranteoitenta anos ao todo. Então, Agita, aquele mestre de beneficência, aquele grande mestre debeneficência reflete assim: Todos estes seres eu permiti que se divertissem e se deleitassem, mas agoraestão cobertos de rugas e de cabelos brancos, velhos, decrépitos, de oitenta anos de idade, e próximosaos términos de suas vidas. Deixe-me então iniciá-los na disciplina da lei, revelada pelo Tathagata, e osinstrui. Com isto, Agita, o homem exorta a todos aqueles seres, e dali em diante os inicia na disciplinada lei revelada pelo Tathagata, e os faz adotá-la. Aqueles seres aprendem a lei dele, em um momento,um instante, um lapso de tempo, todos se tornam Srotaapannas, obtém o fruto da hierarquia deSakridagamin e de Anagamim, até que se tornam Arhats, livres de todas as imperfeições, adeptos nameditação com as oito emancipações. Agora, qual é a vossa opinião, Agita, irá aquele mestre debeneficência, aquele grande mestre de beneficência, por causa de suas ações, produzir grande mérito,imenso, incalculável mérito? Com o que o Bodhisatva Mahasatva Maitreya disse em reposta ao Senhor:Certamente, Senhor; certamente, Sugata; aquela pessoa, Senhor, irá produzir muito mérito por causadisto, porque dá aos seres tudo que é necessário à felicidade; quanto mais se os estabelecer noArhatado!

C

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Saddharma-Pundarika / Indicação do Mérito da Aceitação Alegre / Capítulo 17

Isto dito, o Senhor disse ao Bodhisatva Mahasatva Maitreya o seguinte: Eu te anuncio, Agita,eu te declaro; (pegue) de um lado o mestre de beneficência, o grande mestre de beneficência, queproduz mérito dando a todos os seres nas quatrocentas centenas de milhares de Asankhyeyas demundos tudo que é necessário à felicidade e os estabelecendo no Arhatado; (pegue) do outro lado apessoa que, classificada como qüinquagésima na série de tradição oral da lei, ouve, seja apenas uma sóestrofe, uma só palavra deste Dharmaparyaya e alegremente a aceita; se (compararmos) a massa deméritos ligada com a aceitação alegre e a massa de méritos ligada à caridade do mestre de beneficência,do grande mestre de beneficência, então o maior mérito será daquele que, classificado emqüinquagésimo lugar nas série de tradição oral da lei, depois de ouvir seja apenas uma só estrofe, umasó palavra, deste Dharmaparyaya, alegremente a aceita. Contra esta acumulação de mérito, Agita, estaacumulação das raízes da bondade ligadas àquela aceitação alegre, a acumulação de méritos primeiroligada à caridade daquele mestre de beneficência, daquele grande mestre de beneficência, e ligada àconfirmação no Arhatado, não chega a 1/100 parte, nem a 1/100.000 parte, nem a 1/10.000.000 parte,nem a 1/1.000.000.000 parte, nem a 1/1.000x10.000.000, nem a 1/100.000x10.000.000, nem a1/100.000x10.000x10.000.000 parte; não admite cálculos, nem contas, nem espaçamento, nemcomparação, nem aproximação, nem ensinamento secreto. Tão imenso, incalculável, Agita, é o méritoque uma pessoa, classificada como a qüinquagésima na série da tradição da lei, produz por alegrementeaceitar, seja apenas uma só estrofe, uma só palavra deste Dharmaparyaya; quanto mais então(produzirá) aquele, Agita, que ouve este Dharmaparyaya em minha presença e aí alegremente o aceita?Eu declaro, Agita, que a sua acumulação de mérito será ainda mais imensa, mais incalculável.

E além disto, Agita, se um moço de boa família, ou uma moça, com a intenção de ouvir estediscurso sobre a lei, vai de casa a um mosteiro, e lá ouve este Dharmaparyaya por um só momento,quer de pé ou sentado, então aquela pessoa, meramente pela massa de mérito resultante daquela ação,irá, depois do término de sua vida (presente), e no tempo de sua segunda existência quando receberum (outro) corpo, se tornar possuidor de carruagens atreladas com bois, cavalos, ou elefantes, deliteiras, veículos puxados por búfalos, e de carros aéreos celestes. Se além disto aquela mesma pessoanaquela pregação sentar-se, seja por um só momento, para ouvir este Dharmaparyaya, ou persuadir aoutro para sentar-se ou partilhar com ele seu assento, ele irá pela acumulação de mérito resultantedaquela ação ganhar assentos de Indra, assentos de Brahma, assentos de um Kakravartin. E, Agita, sealguém, um moço de boa família, ou moça, disse a uma outra pessoa: Venha, amigo, e ouça oDharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, e se aquela outra pessoa devido àquela exortaçãofor persuadida a ouvir, seja por um só momento, então o primeiro irá pela virtude daquela raiz debondade, consistindo daquela exortação, obter a vantagem de uma ligação com Bodhisatvas queadquiriram Dharani. Ele tornar-se-á o oposto do bronco, obterá faculdades aguçadas, e terá sabedoria;no curso de centenas de milhares de existências ele não terá nunca uma boca fétida, nem ofensiva; nãoterá doenças na língua, nem na boca; não terá dentes escuros, nem dentes desiguais, amarelos,encravados, quebrados, ou podres; seus lábios não serão pendidos, nem virados para dentro, nem combrechas, nem mutilados, nem feios; o seu nariz não será chato, nem disforme; seu rosto não serácomprido, nem disforme, nem desagradável. Ao contrário, Agita, sua língua, e dentes, e lábios serãodelicados e bem formados; seu nariz comprido; seu rosto perfeitamente redondo; as sobrancelhas bemformadas; a testa bem formada. Receberá um órgão muito completo de masculinidade. Terá avantagem que o Tathagata dê sermões inteligíveis a ele e breve entrará em contato com os SenhoresBudas. Vê, Agita, quanto bem é produzido pela incitação, seja só por um momento de uma só criatura;quanto mais então por aquele que reverentemente ouve, reverentemente lê, reverentemente prega,reverentemente promulga a lei!

E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estofes:2. Ouvi quão grande é o mérito daquele que, o qüinquagésimo em uma série (de tradição), ouve

uma só estrofe deste Sutra, e com a mente plácida alegremente o adota. 3. Suponha que haja um homem com o hábito de fazer doações a miríades de kotis de seres, a

quem eu aqui indiquei como uma comparação; a todos eles os satisfaz durante oito anos.4. Então vendo que a velhice se lhes aproxima, que suas testas estão enrugadas e suas cabeças

cinzas (ele pensa): Céus, como todos os seres decaem! Deixe-me portanto admoestá-los (falando) dalei.

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Saddharma-Pundarika / Indicação do Mérito da Aceitação Alegre / Capítulo 17

5. Ele os ensina a lei aqui na terra e aponta o estado do Nirvana no além. 'Todas asexistências'(diz ele) 'são como uma miragem; apressai-vos a ficarem nauseados com toda existência.'

6. Todos os seres, ouvindo a lei desta pessoa caridosa, se tornam imediatamente Arhats, livresde imperfeições, e vivendo suas últimas vidas.

7. Muito mais mérito do que por aquela pessoa, será adquirido por aquele que através datradição contínua ouça seja só uma estrofe e alegremente a receber. A massa de mérito do primeironão é tanto quanto uma pequena parcela da do último.

8. Tão grande será o mérito da pessoa, sem fim, imensurável, devido a se ter ouvido meramenteuma só estrofe, na tradição regular; quanto mais então se a vir face a face.

9. E se alguém exorta seja apenas uma só criatura e diz: Vá, ouça a lei, pois este Sutra é raro emmuitas miríades de kotis de Aeons;

10. E se a criatura assim exortada ouvir este Sutra mesmo que seja por um momento, vejamque fruto virá desta ação. Ele nunca terá uma doença de boca;

11. Sua língua não ficará nunca ferida; seus dentes nunca cairão, não estarão jamais pretos,amarelos, desiguais; seus lábios nunca se tornarão feios;

12. Seu rosto não é disforme, nem magro, nem comprido; seu nariz não é chato; é bemformado, bem como sua testa, dentes, lábios e face redonda.

13. Seu aspecto é sempre agradável aos homens; sua boca não é nunca fétida, constantementeemite um cheiro doce como o lótus.

14. E se algum homem sábio, para ouvir este Sutra, vai de sua casa para um mosteiro e lá oouve, seja só por momento, com uma mente plácida, vejam o que resulta disto.

15. O seu corpo é muito bem formado; ele anda em carruagens puxadas a cavalo, aquele sábio,monta em carruagens elevadas de elefantes e variegadas com gemas.

16. Ele possui liteiras cobertas de ornamentos e carregados por numerosos homens. Tal é ofruto abençoado de ter ido ouvir a pregação.

17. Devido à realização deste trabalho pio, ele obterá, quando sentando-se na assembléia,assentos de Brahma, assentos de reis.

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Saddharma-Pundarika / Vantagens de um Pregador Religioso / Capítulo 18

CAPÍTULO 18

VANTAGENS DE UM PREGADOR RELIGIOSO

Senhor então se dirigiu ao Bodhisatva Mahasatva Satatasamitabhiyukta (i.e. sempre econstantemente esforçado). Quem quer que seja, moço de boa família, que mantiver, ler, ensinar,escrever este Dharmaparyaya ou o tiver escrito, seja aquela pessoa um moço de boa família ouuma moça, obterá oitocentas boas qualidades de vista, mil e duzentas de audição, oitocentas deolfato, mil e duzentas da paladar, oitocentas de corpo e mil e duzentas de mente. Com estas

muitas centenas de boas qualidades o todo dos seis órgãos será perfeito, completamente perfeito. Porcausa do olho natural, carnal obtido de seus pais ser perfeito, ele verá a todo o universo triplo por forae por dentro, com suas montanhas e bosques cerrados, até o grande inferno de Aviki e até àextremidade da existência. E isto verá ele com o seu olho natural, bem como as criaturas aliencontradas, e ele saberá o fruto de seus trabalhos.

E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes:1. Ouvi de mim que boas qualidades pertencerão àquele que sem hesitação e sem desânimo

pregar este Sutra à assembléia congregada.2. Primeiramente então, o seu olho (ou órgão da visão) possuirá oitocentas boas qualidades

pelas quais estará correto, límpido e despreocupado.3. Com sua vista carnal obtida de seus pais ele verá a todo mundo por dentro e por fora. 4. Ele verá o Meru e o Sumeru, todo o horizonte e outras montanhas, bem como os mares.5. Ele, o herói, vê a tudo, até o inferno de Aviki e acima à extremidade da existência. Tal é a sua

vista carnal. 6. Mas ele não obteve ainda o olho divino, não tendo sido produzido em si; tal como aqui

descrito é o alcance de sua vista carnal.Além disto, Satatasamitabhiyukta, o moço de boa família, ou moça que proclame este

Dharmaparyaya e o pregue a outros, está possuído das mil e duzentas boas qualidades do ouvido. Osvários sons que são emitidos no universo triplo, até o grande inferno de Aviki e acima até os limites daexistência, dentro e fora, tais como os sons de cavalos, elefantes, vacas, pessoas do campo, cabras,carros; os sons de choro e lamentação; de horror, de trombetas de concha, sinos, címbalos; de brincare cantar; de camelos, de tigres; de mulheres, homens, meninos e meninas; da justiça (piedade) e dainjustiça (impiedade); do prazer e da dor; de homens ignorantes e aryas; sons agradáveis edesagradáveis; sons de deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras, grandesserpentes, homens e seres não-humanos; de monges, discípulos, Pratyekabudas, Bodhisatvas, eTathagatas; tantos sons quantos são emitidos no mundo triplo, dentro e fora, todos estes ele ouve como seu órgão natural de audição quando perfeito. Ainda assim ele não possui o ouvido divino, apesar deperceber os sons das diferentes criaturas, compreender, discernir os sons daquelas diferentes criaturas,e quando, com o seu órgão natural de audição, ele ouve os sons daquelas criaturas, o seu ouvido não édominado por nenhum daqueles sons. Tal, Satatasamitabhiyukta, é o órgão de audição que oBodhisatva Mahasatva adquire; contudo ele não possui ainda o ouvido divino.

Assim falou o Senhor; e ele, o Sugata, o Mestre, prosseguiu acrescentando: 7. O órgão de audição de tal pessoa se torna (ou, é) limpo e aperfeiçoado, apesar de ser ainda

natural; com ele percebe os diferentes sons, sem exceção, neste mundo. 8. Ele percebe os sons de elefantes, cavalos, carros, vacas, cabras e ovelhas; de barulhos entre

os tambores, címbalos, tambores, alaúdes, flautas, alaúdes Vallaki.9. Ele pode ouvir o canto, encantador e doce e, ao mesmo tempo, é constante o bastante para

não ser seduzido por isto; ele percebe os sons de kotis de homens, o que quer que e onde quer que elesestejam falando.

O

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Saddharma-Pundarika / Vantagens de um Pregador Religioso / Capítulo 18

10. Ele, além disto, sempre ouve as vozes dos deuses e Nagas;; ele ouve as melodias, doces etangentes, da canção, bem como as vozes de homens e mulheres, meninos e meninas

11. Ele ouve os gritos de habitantes de montanhas e ravinas; as notas suaves de Kalavinkas,cucos, pavões, faisões e outros pássaros.

12. Ele também (ouve) os gritos que cortam o coração daqueles que estão sofrendo dores nosinfernos, e os berros emitidos pelos Espíritos, perturbados como estão pelas dificuldades de obtercomida;

13. De forma semelhante os diferentes gritos produzidos por demônios e os habitantes dooceano. Todos estes sons o pregador é capaz de ouvir de seu lugar na terra, sem ser dominado poreles.

14. De onde ele está estacionado aqui na terra ele também ouve os diferentes e múltiplos sonsatravés dos quais os habitantes dos reinos dos brutos conversam uns com os outros.

15. Ele apreende todos os sons, sem quaisquer exceções, com os quais os numerosos anjosvivendo no mundo de Brahma, os Akanishthas e Abhasvaras, chamam-se uns aos outros.

16. Ele igualmente ouve o som que os monges na terra levantam quando se ocupam de ler, equando pregando a lei às congregações, depois de se ordenarem sob o comando dos Sugatas.

17. E quando os Bodhisatvas aqui na terra têm uma leitura juntos e levantam suas vozes nossínodos gerais, ele os ouve variamente.

18. O Bodhisatva que prega este Sutra deverá, uma vez, também ouvir a lei perfeita que oSenhor Buda, o que controla os homens, anuncia às assembléias.

19. Os numerosos sons produzidos por todos os seres no mundo triplo, neste campo, dentro efora, (abaixo até) o Aviki e acima até a extremidade da existência, são ouvidos por ele.

20. (Em resumo), ele percebe as vozes de todos os seres, o seu ouvido estando aberto. Estandoem possessão de seus seis sentidos, ele discernirá as diferentes fontes (do som), e isto enquanto o seuórgão de audição for aquele natural.

21. O ouvido divino ainda não está operando nele; o seu ouvido continua no estado natural.Tais como aqui descritas são as boas qualidades do sábio que deverá ser um mantenedor deste Sutra.

Além disto, Satatasamitabhiyukta, o Bodhisatva Mahasatva que mantiver, proclamar, estudar,escrever este Dharmaparyaya se torna possuidor de um perfeito órgão de olfato com oitocentas boasqualidades. Por intermédio daquele órgão ele percebe os diferentes odores que podem ser achados nomundo triplo, dentro e fora, tais como cheiros fétidos, cheiros agradáveis e desagradáveis, a fragrânciade diversas flores, como o jasmim de muitas flores, o jasmim Arábico, Michelia Champaka, trombetas;de forma idêntica os diferentes cheiros de flores aquáticas, como o lótus azul, o lótus vermelho, a flordo açucena branco e o lótus branco. Ele percebe o odor das frutas e flores de várias árvores que dãofrutos e flores, tais como o sândalo, Xanthochymus, Tabernaemontana, agallochum. As múltiplascentenas de milhares de misturas de perfumes que ele percebe e discerne, sem mover-se de seu lugar.Ele percebe os diversos cheiros das criaturas, como elefantes, cavalos, vacas, cabras, animais, bemcomo o cheiro vindo do corpo de vários seres vivos na condição de brutos. Ele percebe os cheirosexalados pelos corpos de mulheres e homens, de meninos e meninas. Ele percebe, mesmo à distância,o cheiro das relvas, arbustos, ervas, árvores. Ele percebe aqueles cheiros tais como realmente são, enão fica surpreso ou chocado com eles. Quedando-se nesta terra mesma ele percebe o odor de deusese a fragrância de flores celestes, tais como Erythrina, Bauhinia, Mandarava, e grandes Mandaravas,Mangusha e grandes Mangusha. Ele cheira o perfume dos pós divinos do sândalo e agalochum, bemcomo daquele de centenas de milhares de misturas de diferentes flores divinas. Ele cheira o odorexalado pelos corpos dos deuses, tais como Indra, o chefe dos deuses, e com isto sabe se (o deus) estáem folguedos, jogando, e se divertindo em seu palácio Vaigayanta ou está contando a lei aos deuses doparaíso no salão da assembléia dos deuses, Sudharma, ou está utilizando o parque de prazeres parafolguedos. Ele sente o odor proveniente do corpo dos vários outros deuses, bem como aqueleproveniente das meninas e esposas dos deuses, dos jovens e senhoritas dentre os deuses, sem ficarsurpreso ou chocado com estes odores. Ele igualmente sente o odor exalado pelos corpos de todos osDevanikayas, Brahmakayikas e Mahabrahmas?. Da mesma forma ele percebe os cheiros vindo dediscípulos, Pratyekabudas, Bodhisatvas, e Tathagatas. Ele sente o cheiro advindo dos assentos dosTathagatas e assim descobre onde aqueles Tathagatas, Arhats, etc. moram. E por nenhum de todos

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estes diferentes odores é o seu órgão de olfato obstruído, bloqueado, ou dificultado; e, se necessário,ele poderia dar um relato daqueles cheiros de todos sem que sua memória fosse prejudicada com isto.

E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes:22. O seu órgão de olfato está completamente correto, e ele percebe os vários e múltiplos

cheiros, bons e maus, que existem neste mundo.23. A fragrância do jasmim de muitas flores, jasmim Arábico, Xanthochymus, sândalo,

agallochum, de várias flores e frutos.24. Ele percebe igualmente os cheiros exalados por homens, mulheres, meninos e meninas, a

uma distância considerável, e pelo cheiro ele sabe onde eles estão.25. Ele reconhece imperadores, regentes de exércitos, governadores de província, bem como

príncipes reais e ministros e todas as damas do harém pelo seu (cheiro) peculiar.26. É pelo odor que o Bodhisatva descobre as múltiplas jóias das coisas, tais como são achadas

na terra e tais que sirvam como jóias para mulheres.27. Aquele Bodhisatva sabe igualmente, pelo odor, de vários tipos de ornamentos que as

mulheres usam para os seus corpos, mantos, coroas e óleos.28. O sábio que mantiver este Sutra exaltado reconhecerá, pelo poder de um órgão que cheira

bem, uma mulher de pé, sentada, ou deitada: ele descobrirá o esporte vadio e o poder mágico.29. Ele percebe imediatamente onde ele está, a fragrância de óleos perfumados, e os diferentes

odores de flores e frutos e com isto sabe de que fonte o odor provem.30. O homem que discerne, reconhece pelo odor as numerosas árvores de sândalo em pleno

desabrochar nas encostas das montanhas, bem como todas as criaturas que lá se quedam.31. Todos os seres vivendo no compasso do horizonte ou morando nas profundezas do mar

ou no seio da terra, o homem que discerne sabe distinguir por seu cheiro (peculiar).32. Ele discerne os deuses e demônios, e os filhos dos demônios; ele descobre os folguedos dos

demônios e o seu luxo. Tal, verdadeiramente, é o poder de seu órgão de olfato.33. Pelo cheiro ele descobre as moradias dos quadrúpedes nas florestas, leões, tigres, elefantes,

cobras, búfalos, vacas, crocodilos.34. Ele infere pelo cheiro, se a criança que aquela mulher, lânguida da gravidez, traz no ventre é

menino ou menina.35. Ele pode perceber se um mulher está grávida com uma criança morta; ele discerne se ela

está sujeita a dores de parto e, além disto, se, as dores sendo removidas, deverá dar à luz a uma criançasaudável.

36. Ele adivinha os vários desígnios dos homens, ele cheira (por assim dizer) um cheiro dedesígnios; ele descobre o cheiro de pessoas passionais, más, hipócritas, ou quietas.

37. Aquele Bodhisatva pelo cheiro percebe tesouros escondidos no chão, dinheiro, ouro, barrasde ouro, prata, arcas e potes de metal.

38. Colares de dois tipos, gemas, pérolas, jóias belas sem preço ele conhece pelo cheiro, bemcomo as coisas sem preço e brilhantes em geral.

39. Aquele grande homem de seu lugar mesmo na terra cheira as flores aqui acima (no céu)como os deuses, tais como Mandaravas, Mangushakas, e aquelas crescendo na árvore de coral.

40. Pelo poder de seu órgão do olfato, ele, sem deixar seu lugar na terra, percebe como e dequem são os carros aéreos, de tamanhos grandes, pequenos e médios, e outras formas brilhantesfaiscando ( pelo firmamento).

41. Ele percebe igualmente o paraíso, os deuses (no salão) de Sudharma e no muito gloriosoparaíso de Vaigayanta, e os anjos que lá estão se divertindo.

42. Ele percebe, aqui na terra, um ar deles; pelo cheiro ele conhece os anjos, e onde cada umdeles está agindo, quedando-se, ouvindo, ou andando.

43. Aquele Bodhisatva descobre pelo cheiro as ninfas que estão decoradas com muitas flores,enfeitadas de coroas e ornamentos e de vestimentas completas; ele sabe se elas estão partindo ou sequedando naquele momento.

44. Pelo cheiro ele apreende os deuses Brahmanes, e Brahmakayas se movendo em carrosaéreos alados, acima das extremidades da existência; ele sabe se eles estão absortos em meditação oudespertaram dela.

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Saddharma-Pundarika / Vantagens de um Pregador Religioso / Capítulo 18

45. Ele percebe os anjos Abhasvara caindo (e faiscando) e aparecendo, mesmo aqueles que elenunca viu antes. Tal é o órgão de olfato do Bodhisatva que mantiver este Sutra.

46. O Bodhisatva também reconhece a todos os monges sob o comando do Sugata, que estãoestrenuamente ocupados em suas andanças e acham o seus deleites em suas lições e leituras.

47. Inteligente como é, ele discerne aqueles dentre os filhos do Gina que são discípulos eaqueles que estão acostumados a viver ao pé de árvores, e ele sabe que o monge tal e tal se queda emtal e tal lugar.

48. O Bodhisatva sabe pelo cheiro se outros Bodhisatvas são de boa memória, meditativos, sedeleitando em suas lições e leituras, e assíduos em pregar às congregações.

49. Em qualquer ponto do espaço o Sugata, o grande Vidente, tão benigno e doador, revela alei em meio a uma multidão de discípulos que o atende, o Bodhisatva pelo odor o reconhece como oSenhor do universo.

50. Ficando na terra, o Bodhisatva também percebe aqueles seres que ouvem a lei e se alegramcom ela, e toda a assembléia do Gina.

51. Tal é o poder de seu órgão de olfato. Contudo não é o órgão divino que ele possui, mas (onatural) antes da faculdade do olfato perfeito e divino.

Além disto, Satatasamitabhiyukta, o moço de boa família ou a moça que mantiver, ensinar, proclamareste Dharmaparyaya deverá ter um órgão do gosto possuído de mil e duzentas boas faculdades dalíngua. Todos os sabores que ele degustar apresentarão um gosto divino e raro. E ele prova de uma talforma que ele não degusta nada desagradável; e mesmo os sabores desagradáveis que são tomados porsua língua apresentarão um sabor divino. E o que quer que pregue na assembléia, as criaturas ficarãosatisfeitas com isto; ficarão contentes, perfeitamente contentes, cheias de deleite. Uma voz doce, suave,agradável, profunda procede dele, uma voz amável que vai ao coração, como aquela que encantará emaravilhará os seres; e aqueles a quem ele prega, depois de terem ouvido a sua voz doce, tão suave emelodiosa, serão, mesmo (que sejam) deuses, da opinião que deveriam ir e vê-lo, venerá-lo, servi-lo. Eos anjos e as ninfas serão de opinião, etc. Os Indras, Brahmas, e Bhramakayikas serão de opinião, etc.Os Nagas e meninas Nagas serão da opinião etc. Os Garudas e suas moças serão de opinião, etc. OsKinnaras e suas moças, as grandes serpentes e suas moças, os duendes e suas moças, os diabos e suasmoças serão de opinião que deveriam ir e vê-lo, venerá-lo, servi-lo, e ouvir o seu sermão, e todos lhemostrarão honra, respeito, estima, devoção, reverência e veneração. Monges e monjas, leigos devotoshomens e mulheres, estarão igualmente desejosos de vê-lo. Reis, príncipes reais, e pessoas importantes,(ou ministros) também estarão desejosos de vê-lo. Reis regendo exércitos e imperadores possuindo ossete tesouros, junto com príncipes reais, ministros, damas do harém, e seus séquitos estarão desejososde vê-lo e prestar-lhe a sua homenagem. Tão doce será o discurso dado por aquele pregador, tãoverdadeiras e de acordo com o ensinamento do Tathagata serão suas palavras. Outros também,Brâmanes e leigos, cidadãos, pessoas do campo, sempre e constantemente seguirão aquele pregador atéo fim de sua vida. Mesmo os discípulos do Tathagata estarão desejosos de vê-lo; igualmente osPratyekabudas e os Senhores Budas. E onde quer que aquele moço de boa família ou moça deva ficar,lá ele (ou ela) pregará com a face dada para o Tathagata, e ele (ou ela) será um veículo valoroso dasqualidades de Buda. Tal, tão agradável, tão profunda será a voz da lei que sair dele.

E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes:52. Seu órgão de gosto será muito excelente e ele nunca degustará nada de sabor inferior; tão

logo os sabores sejam postos em sua boca, eles se tornam divinos, e possuídos de gosto divino.53. Ele tem uma voz suave e diz palavras doces, agradáveis de ouvir, encantadoras, prazerosas;

no meio da assembléia ele está acostumado a falar com uma voz profunda, melodiosa.54. E quem quer que ouça quando está pregando um sermão com miríades de kotis de

exemplos, sente uma grande alegria e o mostra uma imensa veneração.55. Os deuses, Nagas, demônios, e duendes sempre anseiam por vê-lo, e respeitosamente

ouvem sua pregação. Todas aquelas boas qualidades são suas.56. Se ele quisesse, poderia tornar sua voz ouvida por todo o mundo; sua voz é (tão) boa, doce,

profunda, suave, e persuasiva.57. Os imperadores na terra, junto com suas crianças e esposas, vão a ele com o propósito de

honrá-lo, e ouvem o tempo todo o seu sermão de mãos postas.

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Saddharma-Pundarika / Vantagens de um Pregador Religioso / Capítulo 18

58. Ele é constantemente seguido por duendes, multidões de Nagas, Gandharvas, diabinhos,homens e mulheres, que o honram, respeitam, e veneram.

59. Brahma mesmo se torna o seu servente obediente; os deuses Isvara e Mahesvara, bemcomo Indra e as numerosas ninfas celestes, se lhes aproxima.

60. E os Budas, benignos e compassivos para com o mundo, junto com seus discípulos,ouvindo sua voz, protegem-no mostrando os seus rostos, e sentem satisfação ao ouvi-lo pregar.

Além disto, Satatasamitabhiyukta, o Bodhisatva Mahasatva que mantiver, ler, promulgar,ensinar, escrever este Dharmaparyaya terá as oitocentas boas qualidades de corpo. Será puro, emostrará uma tonalidade tão límpida quanto lápis-lázuli; será agradável à visão das criaturas. Naquelecorpo perfeito ele verá todo o universo triplo; os seres que no mundo triplo aparecem e desaparecem;que são nobres ou desprezíveis, de boa ou má cor, em condição afortunada ou desafortunada, bemcomo os seres morando no plano circular do horizonte e do grande horizonte, nas montanhasprincipais Meru e Sumeru, e os seres morando abaixo do Aviki, e acima às extremidades da existência;todos eles ele os verá em seu próprio corpo. Os discípulos, Pratyekabudas, Bodhisatvas, e Tathagatasmorando no universo triplo, e a lei ensinada por aqueles Tathagatas e os seres servindo aos Tathagatas,ele os verá a todos em seu próprio corpo, porque ele recebe o corpo mesmo de todos aqueles seres, eisto por causa da perfeição de seu corpo.

E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes:61. Seu corpo torna-se perfeitamente puro, límpido, como se consistisse de lápis-lázuli; aquele

que mantiver este sublime Sutra é sempre uma visão agradável para (todos) os seres.62. Como na superfície de um espelho uma imagem é vista, assim em seu corpo o mundo.

Sendo não-nascido, ele não vê a outros seres. Tal é a perfeição de seu corpo.63. Verdadeiramente, todos os seres que estão neste mundo, homens, deuses, demônios,

duendes, os habitantes do inferno, os espíritos, e a criação bruta são vistos refletidos naquele corpo.64. Os carros aéreos dos deuses até o limite da existência, as rochas, a barra do horizonte, o

Himalaia, Sumeru, e o grande Meru, todos são vistos naquele corpo.65. Ele vê também a Budas em seu corpo, junto com os discípulos e outros filhos do Buda; de

forma semelhante os Bodhisatvas que levam uma vida solitária, e aqueles que pregam a lei àscongregações.

66. Tal é a perfeição de seu corpo, apesar de não ter ainda obtido um corpo divino; apropriedade natural de seu corpo é assim.

Além disto, Satatasamitabhiyukta, o Bodhisatva Mahasatva que depois da extinção completa doTathagata mantiver, ensinar, escrever, ler este Dharmaparyaya terá um órgão mental possuidor de mil eduzentas boas qualidades de intelecto. Com este perfeito órgão mental ele reconhecerá, mesmo seouvir uma só estrofe, os seus vários significados. Compreendendo plenamente a essência ele acharánela o texto para pregar por um mês, por quatro meses, não, por um ano inteiro. E o sermão quepregar não desvanecerá de sua memória. As máximas populares da vida cotidiana, quer sejam ditadosou conselhos ele saberá conciliar com as regras da lei. Quais forem os seres neste universo triplo queestejam sujeitas ao torvelinho mundano, em quaisquer das seis condições da existência, ele saberá osseus pensamentos, ações e movimentos. Ele saberá e discernirá seus movimentos, propósitos, eobjetivos. Apesar de não ainda ter atingido o estágio de um Arya, seu órgão intelectual serácompletamente perfeito. E tudo que ele pregar depois de ter pensado na interpretação da lei serárealmente verdadeiro; ele fala o que todos os Tathagatas disseram, tudo o que foi declarado nos Sutrasdos Ginas anteriores.

E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes:67. O seu órgão mental é perfeito, lúcido, certo e despreocupado. Com ele descobre as várias

leis, inferiores, superiores e medianas.68. Ao ouvir o conteúdo de uma só estrofe, o sábio apreende seus múltiplos significados e ele é

capaz de por um mês, quatro, meses, ou mesmo um ano, prosseguir expondo tanto o seu sentidoconvencional como o verdadeiro.

69. E os seres vivendo neste mundo dentro ou fora, deuses, homens, demônios, duendes,Nagas, brutos,

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Saddharma-Pundarika / Vantagens de um Pregador Religioso / Capítulo 18

70. Os seres estacionados em quaisquer das seis condições de existência, todos os seuspensamentos o sábio conhece instantaneamente. Estas são as vantagens de manter este Sutra.

71. Ele também ouve o som sagrado da lei que o Buda, agraciado com cem sinais auspiciosos,prega por todo o mundo, e ele apreende o que o Buda diz.

72. Ele pensa muito na lei suprema, e costuma esmiuçar este assunto; ele nunca hesita. Estassão as vantagens de manter este Sutra.

73. Ele conhece as conexões e os nós; ele discerne em todas as leis, antíteses; ele conhece ossignificados e interpretações e as expões de acordo com o seu conhecimento.

74. O Sutra que desde há longo foi exposto pelos velhos Mestres do mundo é a lei que ele,nunca hesitando, está sempre pregando na assembléia.

75. Tal é o órgão mental daquele que mantém ou lê este Sutra; ele ainda não tem oconhecimento da emancipação , mas aquele que o precede.

76. Aquele que mantiver este Sutra do Sugata se queda no nível de um mestre; ele poderiapregar a todas as criaturas e é hábil em kotis de interpretações.

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Saddharma-Pundarika / Sadaparibhuta / Capítulo 19

CAPÍTULO 19

SADAPARIBHUTA

Senhor então se dirigiu ao Bodhisatva Mahasatva Mahasthamaprapta. De uma formasemelhante, Mahasthamaprapta, se poderia inferir do que foi dito que aquele que rejeita um talDharmaparyaya como este, que abusa dos monges, monjas, devotos leigos homens e mulheresque mantiverem este Sutra, os insulta, tratando-os com palavras falsas e ásperas, experimentarátristes resultados, de uma tal forma que é difícil colocar em palavras. Mas aqueles que

mantiverem, lerem, compreenderem, amplamente ou expuserem a outros, experimentarão felizesresultados, tais como eu já os mencionei: atingirão uma tal perfeição do olho, ouvido, nariz, língua,corpo e mente como eu já descrevi.

Nos dias de antanho, Mahasthamaprapta, em um período passado, antes de incalculáveisAeons, não, mais que incalculáveis, imensos, inconcebíveis, e mesmo longo tempo antes disto,apareceu no mundo um Tathagata, etc., chamado Bhishmagargitasvararaga, agraciado com ciência econduta, um Sugata, etc., no Aeon de Vinirbhoga, no mundo Mahasambhava. Agora,Mahasthamaprapta, aquele Senhor Bhishmagargitasvararaga, o Tathagata, etc., naquele mundoVinirbhoga, mostrou a lei em presença do mundo, inclusive deuses, homens, e demônios; a leicontendo as quatro nobres verdades e começando da corrente de causas e efeitos, tendendo a superaro nascimento, a decrepitude, a doença, a morte, a tristeza, a lamentação, dor, arrependimento,desânimo, e finalmente conduzindo ao Nirvana, ele os mostrou aos discípulos; a lei relacionada com asseis Perfeições da virtude e terminando no conhecimento do Onisciente, depois de atingir a iluminaçãosuprema e perfeita, ele a mostrou aos Bodhisatvas. A longevidade daquele SenhorBhishmagargitasvararaga, o Tathagata, etc., durou quarenta centenas de milhares de miríades de kotisde Aeons iguais às areias do rio Ganges. Depois de sua completa extinção sua verdadeira leipermaneceu centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons iguais aos átomos (contidos) emGambudvipa, e a impostura da verdadeira lei continuou durante centenas de milhares de miríades dekotis de Aeons iguais aos átomos de pó nos quatro continentes. Quando a impostura da verdadeira leido Senhor Bhishmagargitasvararaga, o Tathagata, etc., depois de sua extinção completa desapareceu nomundo Mahasambhava, Mahasthamaprapta, outro Tathagata Bhishmagargitasvararaga, o Arhat, etc.,apareceu, agraciado com ciência e conduta. Assim em sucessão, Mahasthamaprapta, apareceramnaquele mundo Mahasambhava vinte centenas de milhares de miríades de kotis de Tathagatas, etc.,chamados Bhishmagargitasvararaga. Naquele tempo, Mahasthamaprapta, depois da completa extinçãodo primeiro Tathagata dentre todos aqueles de nome Bhishmagargitasvararaga, o Tathagata, etc.,agraciado com ciência e conduta, etc., quando sua verdadeira lei desapareceu e a impostura daverdadeira lei estava desaparecendo; quando o reino (da lei) estava sendo oprimido por mongesorgulhosos, havia um monge, um Bodhisatva Mahasatva, chamado Sadaparibhuta. Por que razão,Mahasthamaprapta, era aquele Bodhisatva Mahasatva chamado Sadaparibhuta? Era,Mahasthamaprapta, porque aquele Bodhisatva Mahasatva tinha o hábito de exclamar a todo o mongeou monja, leigos devotos, homens e mulheres, quando se lhes aproximava: Eu não vos desprezo,veneráveis. Não mereceis desprezo, pois todos observais o curso de dever de Bodhisatvas e vostornareis Tathagatas, etc. Desta forma, Mahasthamaprapta, aquele Bodhisatva Mahasatva, quandomonge, não ensinava ou estudava; o única coisa que fazia era, sempre que avistava de longe um mongeou monja, um devoto leigo homem ou mulher, se lhes aproximava e dizia: Eu não vos desprezo,irmãos. Não mereceis desprezo pois todos observais o curso de dever de Bodhisatvas e vos tornareisTathagatas, etc. Assim, Mahasthamaprapta, o Bodhisatva Mahasatva naquela época costumava se dirigira todo monge ou monja, devotos leigos, homens e mulheres. Mas todos ficavam extremamenteirritados e zangados com isto, mostravam-lhe o seu desprazer e lhe abusavam e insultavam: porque ele,sem ser perguntado, declara que não sente desprezo por nós? Só ao fazer isto ele nos mostra desprezo.

O

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Saddharma-Pundarika / Sadaparibhuta / Capítulo 19

Ele se faz desprezível predizendo a nós nosso futuro destino à iluminação suprema e perfeita; nós nãoligamos para o que não é verdadeiro. Muitos anos, Mahasthamaprapta, decorreram durante os quaisaquele Bodhisatva Mahasatva estava sendo abusado, mas ele não ficava zangado com ninguém, nemsentia malignidade, e àqueles que, quando ele se os dirigia da maneira acima comentada, jogavam neleum pau ou uma pedra, ele exclamava em voz alta de longe: Eu não desprezo vocês. Aqueles monges emonjas, devotos homens e mulheres, sendo sempre assim chamados por ele, com aquela frase, lhederam o apelido de Sadaparibhuta (sempre desprezado, nunca desprezado, tem sentido duplo).

Nestas circunstâncias, Mahasthamaprapta, o Bodhisatva Mahasatva Sadaparibhuta ouviu poracaso este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei quando o fim de sua vida estavachegando, e o momento de morrer se aproximando. Era o Senhor Bhishmagargitasvararaga, oTathagata, etc., que expunha este Dharmaparyaya em vinte vezes vinte centenas de milhares demiríades de kotis de estrofes, o qual o Bodhisatva Mahasatva Sadaparibhuta ouviu de uma voz noscéus, quando se aproximava o momento de sua morte. Ao ouvir aquela voz do céu, sem que ninguémestivesse falando, ele apreendeu este Dharmaparyaya e obteve as perfeições já mencionadas: aperfeição da vista, da audição, do gosto, de corpo e de mente. Ao atingir estas perfeições ele ao mesmotempo fez uma promessa de prolongar sua vida por vinte centenas de milhares de miríades de kotis deanos, e promulgou este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. E todos aqueles seresorgulhosos, monges, monjas, devotos homens e mulheres a quem ele havia dito: Eu não desprezovocês, e que lhe haviam lhe dado o nome de Sadaparibhuta, se tornaram seus seguidores para ouvir alei, depois de terem constatado a força e alcance de suas faculdades mágicas sublimes, de sua promessa,de sua prontidão de humor, e de sua sabedoria. A todos aqueles e muitas centenas de milhares demiríades de kotis de outros seres foram por ele despertados para a iluminação suprema e perfeita.

Depois disto, Mahasthamaprapta, aquele Bodhisatva Mahasatva desapareceu daquele lugar epropiciou a vinte centenas de kotis de Tathagatas, etc., todos tendo o mesmo nome deKandraprabhasvararaga, sob todos os quais ele promulgou este Dharmaparyaya. Em virtude de sua raizprévia de bondade, ele, do decurso do tempo, propiciou vinte centenas de milhares de miríades dekotis de Tathagatas, etc., todos portando o nome de Dundubhisvararaga, e sob todos ele obteve estemesmo Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei e o promulgou às quatro classes. Emvirtude de sua raiz prévia de bondade ele, novamente, no decurso do tempo, propiciou vinte centenasde milhares de miríades de Tathagatas, etc., todos tendo nome de Meghasvararaga, e sob todos eleobteve este mesmo Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei e o promulgou às quatroclasses. E sob todos eles ele era possuidor das acima mencionadas perfeições de vista, audição, gosto,olfato, corpo e mente.

Agora, Mahasthamaprapta, aquele Bodhisatva Mahasatva Sadaparibhuta, depois de ter honrado,respeitado, estimando, venerado, reverenciado e cultuado tantas centenas de milhares de miríades dekotis de Tathagatas, e depois de ter agido da mesma forma em relação a muitas centenas de milharesde miríades de kotis de outros Budas, obteve sob todos eles este mesmo Dharmaparyaya do LótusBranco da Verdadeira Lei, e devido a sua prévia raiz de bondade ter chegado à sua maturidade plena,ganhou a iluminação suprema e perfeita. Talvez, Mahasthamaprapta, você tenha alguma dúvida,incerteza, ou reticência e pensará que aquele, que naquele tempo, naquela conjuntura era o BodhisatvaMahasatva chamado Sadaparibhuta era um, e ele, que ora sob o reino daquele SenhorBhishmagargitasvararaga, o Tathagata, etc., geralmente chamado Sadaparibhuta pelas quatro classes,por quem tantos Tathagatas eram propiciados, era algum outro. Mas não deves pensar assim. Pois quesou eu mesmo que naquele tempo, naquela conjuntura era o Bodhisatva Mahasatva Sadaparibhuta.Não tivesse anteriormente apreendido e mantido este Dharmaparyaya, Mahasthamaprapta, eu não teriatão cedo chegado à iluminação suprema e perfeita. É justamente porque eu mantive, li, preguei esteDharmaparyaya (derivado) dos ensinamentos dos antigos Tathagatas, etc., Mahasthamaprapta, que eucheguei tão cedo à iluminação suprema e perfeita. Quanto às centenas de monges, monjas, devotoshomens e mulheres, Mahasthamaprapta, sob quem aquele Senhor, o Bodhisatva MahasatvaSadaparibhuta promulgou este Dharmaparyaya dizendo: Eu não vos desprezo; todos vocês observamo curso de dever dos Bodhisatvas; vocês todos se tornarão Tathagatas, etc., e em quem despertou umsentimento de malignidade para com aquele Bodhisatva, eles, em vinte centenas de milhares demiríades de kotis de Aeons, nunca viram um Tathagata, nem ouviram o chamado da lei, nem ochamado da assembléia, e por dez mil Aeons sofreram dores terríveis no grande inferno de Aviki.

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Saddharma-Pundarika / Sadaparibhuta / Capítulo 19

Depois disto, liberados da proibição, eles, pela habilidade daquele Bodhisatva Mahasatva foram todostrazidos à plena maturidade para a iluminação suprema e perfeita. Talvez, Mahasthamaprapta, vocêtenha alguma dúvida, incerteza ou reticência quanto a quem naquele tempo, naquela conjuntura eramas pessoas zombando e rindo daquele Bodhisatva Mahasatva. Eles eram, nesta mesma assembléia, osquinhentos Bodhisatvas chefiados por Bhadrapala, as quinhentas monjas seguidos de Simhakandra, osquinhentos devotos leigos seguindo Sugataketana, que todos eles foram tornados inflexíveis para ailuminação suprema e perfeita. Tão grandemente útil é manter e pregar este Dharmaparyaya, que tendea resultar para os Bodhisatvas Mahasatvas na iluminação suprema e perfeita. Segue-se que,Mahasthamaprapta, os Bodhisatvas Mahasatvas devem, após a completa extinção do Tathagata,constantemente manter, ler e promulgar este Dharmaparyaya.E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes:

1. Eu me lembro um período passado, quando o rei Bhishmasvara, o Gina, viveu, muitopoderoso, e reverenciado por homens e deuses, o líder dos homens, deuses, duendes e gigantes.

2. E naquele momento, em seguida à extinção completa daquele Gina, quando a decadência daverdadeira lei estava muito avançada, havia um monge, um Bodhisatva, chamando pelo nome deSadaparibhuta.

3. Outros monges e monjas que não acreditavam senão naquilo que viam, ele se lhesaproximaria (e diria): Eu nunca os desprezarei, pois vocês observam o curso que conduz à iluminaçãosuprema e perfeita.

4. Era seu costume sempre dizer estas palavras, o que não lhe trazia senão abuso e provocaçõesda parte deles. No momento em que sua morte era iminente ele ouviu este Sutra.

5. O sábio, então, não expirou; ele tomou uma resolução por uma vida muito longa, epromulgou este Sutra sob o reino daquele líder.

6. E aquelas muitas (pessoas) que apenas reconheciam a evidência da percepção sensória foramtrazidas por ele à iluminação plena e maturidade. Então, desaparecendo daquele lugar, ele propiciou amilhares de kotis de Budas.

7. Devido a sucessivas boas ações feitas por ele, e a sua constante promulgação deste Sutra,aquele filho do Gina ganhou a iluminação. Aquele Bodhisatva então sou eu mesmo, Shakyamuni.

8. E aquelas pessoas que apenas acreditavam em percepções dos sentidos, aqueles monges,monjas, devotos homens e mulheres, que por aquele sábio foram encorajados para a iluminação,

9. E que viram muitos kotis de Budas, são os monges que estão aqui diante de mim, — nãomenos que quinhentos, —monjas, e devotas mulheres.

10. Todos eles foram trazidos por mim à maturidade completa e depois de minha extinçãotodos eles, cheios de sabedoria, manterão este Sutra.

11. Não uma só vez em muitos, inconcebivelmente muitos kotis de Aeons, foi um tal Sutracomo este ouvido. Houve, verdadeiramente, centenas de kotis de Budas, mas eles não elucidaram esteSutra.

12. Que então, aquele que ouviu esta lei exposta pelo não-nascido ele mesmo, e querepetidamente o propiciou, promulgar este Sutra depois de minha extinção deste mundo.

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Saddharma-Pundarika / O Poder Transcendental dos Tathagatas / Capítulo 20

CAPÍTULO 20

CONCEITO DO PODER TRANSCENDENTAL DOS TATHAGATAS

om isto aquelas centenas de milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas iguais aos átomos de póde um macrocosmo, que haviam saído das fendas da terra, todos saudaram o Senhor com suasmãos postas, e lhe disseram: Todos nós, Ó Senhor, iremos, após a completa extinção doTathagata, promulgar este Dharmaparyaya por toda parte, em todos os campos de Buda doSenhor, sempre que ou quando quer que) o Senhor esteja completamente extinto. Estamos

ansiosos para obter este sublime Dharmaparyaya, Ó Senhor, para que o mantenhamos, leiamos, opubliquemos e o escrevamos.

Com isto as centenas de milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas, encabeçados porManjusri; os monges, monjas, leigos devotos, homens e mulheres vivendo neste mundo; deuses,Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras, grande serpentes, homens e seres nãohumanos, e os muitos Bodhisatvas Mahasatvas iguais às areias do rio Ganges, disseram ao Senhor:Também nós, Ó Senhor, promulgaremos este Dharmaparyaya após a completa extinção do Tathagata.Enquanto que permanecendo em um corpo invisível no céu, Ó Senhor, nós enviaremos uma voz, eplantaremos as raízes da bondade de tais seres que ainda não plantaram raízes de bondade.

Então o Senhor se dirigiu ao Bodhisatva Mahasatva Visishtakaritra, seguido de uma tropa, umagrande tropa, uma mega tropa, que era o primeiro mesmo daqueles Bodhisatvas Mahasatvasmencionados acima, seguidos de uma tropa, uma grande tropa, uma mega tropa: Muito bem,Visishtakaritra, muito bem; assim deveis todos fazer; é por causa deste Dharmaparyaya que o Tathagatalhes trouxe à maturidade.

Com isto o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., e o totalmente extinto SenhorPrabhutaratna, o Tathagata, etc., ambos sentados no trono no centro da Stupa, começaram a sorrir umpara o outro, e de suas bocas abertas esticaram-se suas línguas, de tal forma que com suas línguas elesatingiram o mundo de Brahma, e destas duas línguas refulgiram muitas centenas de milhares demiríades de kotis de raios. De cada um destes raios saíram muitas centenas de milhares de miríades dekotis de Bodhisatvas, com corpos de cor de ouro e possuídos com os trinta e dois sinais característicosde um grande homem, e sentados em tronos consistindo no interior de lótus. Aqueles Bodhisatvasespalhados em todas as direções em centenas de milhares de mundos, e enquanto que em todos oslados se quedavam nos céus, pregavam a lei. Assim como o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc.,produziu um milagre de mágica com sua língua, assim também, Prabhutaratna, o Tathagata, etc., e osdemais Tathagatas, etc., que, após terem vindo de centenas de milhares de miríades de kotis de outrosmundos, estavam sentados em tronos no sopé da árvore de jóias, com suas línguas produziram ummilagre de mágica.

O Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., e todos aqueles Tathagatas, etc., produziram aqueleefeito mágico durante plenamente mil anos. Depois do lapso daquele milênio aquele Tathagatas, etc.,recolheram de volta suas línguas, e todos simultaneamente, no mesmo momento, no mesmo instante,fizeram um grande ruído como se expectorassem e estalassem os dedos, por cujo som todas ascentenas de milhares de miríades de kotis de campos de Buda em todas as direções do espaço forammovidos, removidos, mexidos, totalmente mexidos, sacudidos, sacudidos em frente, sacudidos ao lado,e todos os seres, em todos aqueles campos de Buda, deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios,Garudas, Kinnaras, grande serpentes, homens, e seres não humanos perceberam, pelo poder do Buda,do lugar onde se quedavam, este mundo de Saha. Eles perceberam as centenas de milhares de miríadesde kotis de Tathagatas sentados cada qual em seu trono ao sopé da árvore de jóia, e o SenhorShakyamuni, o Tathagata, etc., e o Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., totalmente extinto, sentadono trono no centro da Stupa de magníficas substâncias preciosas, junto com o Senhor Shakyamuni, oTathagata, etc.; eles perceberam, finalmente, todas as quatro classes da audiência. Com esta visão se

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Saddharma-Pundarika / O Poder Transcendental dos Tathagatas / Capítulo 20

sentaram tomados de espanto, admiração e maravilhamento. E ouviram uma voz do céu chamando:Veneráveis, além de uma distância de um imenso, incalculável número de centenas de milhares demiríades de kotis de mundos, existe um mundo chamado Saha; ali existe um Tathagata chamadoShakyamuni, o Arhat, etc., que justo agora está revelando aos Bodhisatvas Mahasatvas oDharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, um Sutranta de grande extensão, que serve parainstruir Bodhisatvas, e pertencendo na verdade a todos os Budas. Aceitem-no alegremente com todosseus corações, e prestem homenagem ao Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., e o SenhorPrabhutaratna, o Tathagata, etc.

Ouvindo uma tal voz do céu todos aqueles seres exclamaram do lugar onde se quedavam, comas mãos postas: Homenagem ao Senhor Shakyamuni, o Tathagata. Então eles jogaram em direção aomundo de Saha várias flores, incenso, lauréis perfumados, óleos, ouro, roupas, pára-sóis, flâmulas ebandeiras triunfais, bem como ornamentos, colares, adornos, jóias, e gemas de todos os tipos, paravenerar o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, e este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei.Aquelas flores, incenso, etc.., e todos aqueles colares, etc., desceram para este mundo de Saha, ondeformaram uma grande cobertura de flores dependuradas no céu acima dos Tathagatas ali sentados,bem como naqueles em centenas de milhares de miríades de outros mundos.

Com isto o Senhor se dirigiu aos Bodhisatvas Mahasatvas liderados por Visishtakaritra:Inconcebível, moços de boa família, é o poder dos Tathagatas, etc., Para transmitir esteDharmaparyaya, moços de boa família, eu poderia prosseguir por centenas de milhares de miríades dekotis de Aeons explicando as múltiplas virtudes deste Dharmaparyaya através de diferentes princípiosda lei, sem chegar a um fim para estas virtudes. Neste Dharmaparyaya eu resumidamente ensinei todasas leis de Buda, toda a superioridade, todo o mistério, toda a profunda condição dos Budas. Portanto,moços de boa família, vocês, devem, depois da completa extinção do Tathagata, com reverênciamantê-lo, lê-lo, promulgá-lo, cultuá-lo e venerá-lo. E sempre que na terra, moços de boa família, esteDharmaparyaya for tornado conhecido, lido, escrito, meditado, exposto, estudado ou coletado em umvolume, seja num mosteiro ou em casa, no deserto ou em uma cidade, ao pé de uma árvore ou numpalácio, numa construção ou numa caverna, naquele lugar se deve erigir um templo dedicado aoTathagata. Pois um tal lugar deve ser visto como o terraço da iluminação; tal lugar deve ser visto comoaquele onde todos os Tathagatas chegaram à iluminação suprema e perfeita; naquele lugar todos osTathagatas movem adiante a roda da lei; naquele lugar se pode dizer que todos os Tathagatas atingirama extinção completa. E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes:

1. Inconcebível é o poder de promover o bem do mundo possuído por aqueles que,firmemente estabelecidos no conhecimento transcendental, por intermédio de suas visões ilimitadasmostram suas faculdades mágicas para alegria de todos os seres vivos na terra.

2. Eles estendem suas línguas sobre todo o mundo, emitindo milhares de raios para o espantodaqueles a quem este efeito de mágica é mostrado e que estão se dirigindo à iluminação suprema.

3. Os Budas fazem um barulho de expectoração e de estalar os dedos, (e com isto) chamam aatenção de todo o mundo, todas as partes do mundo nas dez direções do espaço.

4. Aquelas e outras qualidades miraculosas eles mostram em suas benevolências e compaixões(com o intento) de que todos os seres, alegremente excitados naquele momento, possam (também)manter este Sutra depois da completa extinção do Sugata.

5. Mesmo que eu continuasse por milhares de kotis de Aeons fazendo o elogio daqueles filhosdo Sugata que mantiveram este Sutra eminente depois da extinção do Líder do mundo,

6. Eu não teria terminado a enumeração de suas qualidades; inconcebíveis como as qualidadesdo espaço infinito são os méritos daqueles que constantemente mantém este Sutra sagrado.

7. Eles me percebem bem como àqueles chefes, e o Líder do mundo agora extinto; (elespercebem) todos aqueles numerosos Bodhisatvas e às quatro classes.

8. Uma tal pessoa agora aqui me propicia e a todos aqueles líderes, bem como aos extintoschefes dos Ginas e aos demais em todas as direções.

9. Os Budas do futuro e do passado estacionados nos dez pontos do espaço todos serão vistose venerados por aquele que mantiver este Sutra.

10. Aquele que mantiver este Sutra, a lei verdadeira, sondará o mistério do mais elevado doshomens; em breve compreenderá a qual verdade foi chegada no terraço da iluminação.

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Saddharma-Pundarika / O Poder Transcendental dos Tathagatas / Capítulo 20

11. A rapidez de sua apreensão será sem limites; como o vento ele não encontraráimpedimentos em lugar algum; ele conhece o propósito e a interpretação da lei, aquele que mantémeste Sutra exaltado.

12. Ele irá, depois de alguma reflexão, sempre descobrir as conexões dos Sutras falados peloslíderes; mesmo após a completa extinção do líder ele perceberá o verdadeiro significado dos Sutras.

13. Ele se parece com o sol e com a lua; ele ilumina tudo ao redor de si, e enquanto quepercorre a terra em muitas diferentes direções desperta muitos Bodhisatvas.

14. Os sábios Bodhisatvas que, depois de ouvirem a enumeração de tais vantagens, mantiveremeste Sutra depois de minha extinção completa, sem dúvida chegarão à iluminação.

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Saddharma-Pundarika / Encantamentos / Capítulo 21

CAPÍTULO 21

ENCANTAMENTOS

om isto o Bodhisatva Mahasatva Bhaishagyaraga se levantou de seu assento, e tendo seu mantosuperior sob um ombro e fixando o joelho direito no chão levantou suas mãos postas ao Senhore disse: Quão grande, Ó Senhor, é o mérito pio que será produzido por um moço de boa família,ou uma jovem senhorita que mantiver este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei,quer seja de memória ou em um livro? Com o que o Senhor disse ao Bodhisatva Mahasatva

Bhaishagyaraga: Suponha, Bhaishagyaraga, que algum homem de boa família ou uma jovem senhorita,honre, respeite, reverencie, venere centenas de milhares de miríades de kotis de Tathagatas iguais àsareais de oitenta rios Ganges; você acha, Bhaishagyaraga, que um moço ou moça de boa famíliaproduzirá com isto muito mérito pio? O Bodhisatva Bhaishagyaraga replicou: Sim, Senhor; sim, Sugata.O Senhor disse: Eu te anuncio, Bhaishagyaraga, eu te declaro: qualquer moço ou moça de boa família,Bhaishagyaraga, que mantiver, ler, compreender, e na prática seguir, nem que seja uma só estrofe desteDharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, aquele moço ou moça de boa família,Bhaishagyaraga, produzirá com isto um mérito muito mais piedoso.

Então o Bodhisatva Mahasatva Bhaishagyaraga imediatamente disse ao Senhor: Àqueles moçosou moças de boa família, Ó Senhor, que mantiverem este Dharmaparyaya do Lótus Branco daVerdadeira Lei em suas memórias ou em um livro, nós daremos palavras talismânicas para sua guarda,defesa e proteção; tais como, anye manye mane mamane kitte karite same, samitavi, sante, mukte,muktatame, same avishame, samasame, gaye, kshaye, akshine, sante sani, dharani alokabhashe,pratyavekshani, nidhini, abhyantaravisishte, utkule mutkule, asade, parade, sukankshi, asamasame,buddhavilokite, dharmaparikshite, sanghanirghoshani, nirghoshani bhayabhayasodhani, mantremantrakshayate, rutakaussalye, akshaye, akshavanantaya, vakule valoda, amanyataya. Estas palavras deencantamentos e mágicas, foram pronunciadas pelos reverendos Budas (em número) igual às areias desessenta e dois rios Ganges. Todos estes Budas ficariam ofendidos por qualquer um que atacasse taispregadores, tais mantenedores do Sutranta.

O Senhor expressou sua aprovação ao Bodhisatva Mahasatva Bhaishagyaraga dizendo: Muitobem, Bhaishagyaraga, com estas palavras talismânicas pronunciadas por compaixão a todos os seres, obem comum dos seres é promovido; suas guardas, defesas e proteção está garantida.

Com isto o Bodhisatva Mahasatva Pradanasura disse ao Senhor: Eu também, Ó Senhor, dareipara o benefício de tais pregadores, palavras talismânicas, que qualquer um que esteja aguardando poruma ocasião para surpreender tais pregadores, não possa achar como, seja ele um demônio, gigante,duende, feiticeiro, pequeno demônio ou fantasma; que nenhum destes quando procurando eespionando por uma ocasião para surpreender possa achar tal ocasião. E então o BodhisatvaMahasatva Pradanasura instantaneamente pronunciou as seguintes palavras de um encantamento: gvalemahagvale, ukke mukke, ade adavati, tritye, trityavati, itini vitini kitini, tritti trityavati svaha. Estaspalavras talismânicas, Ó Senhor, foram pronunciadas e aprovadas pelos Tathagatas, etc. (em número)igual às areias do rio Ganges. E todos estes Tathagatas ficariam ofendidos por qualquer um queatacasse tais pregadores.

Com isto Vaisravana, um dos quatro regentes dos pontos cardeais, disse ao Senhor: Eutambém, Ó Senhor, pronunciarei palavras talismânicas para o bem e o benefício daqueles pregadores,por compaixão a eles, para suas guardas, defesas e proteção: atte natte vanatte anade, nadi kunadisvaha. Com estes encantamentos Ó Senhor, eu guardarei aqueles pregadores por uma período de cemyoganas. Assim estarão aqueles moços ou moças de boa família, que mantiverem este Sutranta, a salvose seguros.

Naquele encontro estava presente Virudhaka, um outro dos quatro regentes dos pontoscardeais, sentado, cercado e atendido por centenas de milhares de miríades de kotis de Kumbhandas.

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Saddharma-Pundarika / Encantamentos / Capítulo 21

Ele se levantou de seu assento, colocou seu manto superior em um ombro, levantou suas mãos postasao Senhor e lhe falou como se segue: Eu também, Ó Senhor, pronunciarei palavras talismânicas para obenefício das pessoas em geral e para guardar, defender, proteger tais pregadores que estiveremqualificados, que mantiverem este Sutranta como mencionado; ou seja, agane gane gauri gandharikandali matangi pukkasi sankule vrusali svaha. Estas palavras talismânicas, Ó Senhor, forampronunciadas por quarenta e duas centenas de milhares de miríades de kotis de Budas. Todos aquelesBudas ficariam ofendidos por qualquer um que atacasse tais pregadores que estiverem qualificados.

Com isto as gigantas chamadas Lamba, Vilamba, Kutadanti, Pushpadanti, Makutadanti, Kesini,Akala, Maladhari, Kunti, Sarvassattvogahari, e Hariti, todas com suas crianças e seguidores foram aolugar onde se encontrava o Senhor e com uma voz lhe disseram: Nós também, ó Senhor, daremosguarda, defesa e proteção a tais pregadores que mantiverem este Sutranta; nós lhes daremos segurança,que ninguém que esteja procurando por uma ocasião para lhes surpreender possa achá-la. E as gigantastodas simultaneamente, em um coro, deram ao Senhor as seguintes palavras de encantamentos: iti me,iti me, iti me, iti me, iti me; nime, nime, nime, nime, nime; ruhe ruhe ruhe ruhe ruhe; stuhe stuhe stuhestuhe stuhe, svaha. Ninguém dominará e machucará tais pregadores; nenhum duende, gigante,fantasma, demônio, pequeno demônio, feiticeiro, espectro, gnomo; nenhum espírito que causeepilepsia, nenhum feiticeiro da raça dos duendes, nenhum feiticeiro da raça não-humana, nenhumfeiticeiro da raça humana; nenhum feiticeiro que produza malária terciária, malária quaterna, maláriacotidiana. Mesmo que em seus sonhos ele tenha visões de mulheres, homens, meninos ou meninas,será impossível que eles os prejudiquem.

E as gigantas simultaneamente e num coro se dirigiram ao Senhor com as seguintes estrofes:1. A cabeça daquele que, após ouvir este encantamento, atacar um pregador, se dividirá em sete

pedaços, como um broto de Symplocos Racemosa. 2. Ele irá no caminho dos parricidas e matricidas, quem atacar um pregador.3. Ele irá no caminho de um moleiro de óleo e de um batedor de sésamo, quem atacar um

pregador.4. Ele irá no caminho daqueles que usam pesos e medidas falsas, quem atacar um pregador.Com isto as gigantas encabeçadas por Kunti disseram ao Senhor: Nós também, Ó Senhor,

daremos proteção a tais pregadores; nós lhe garantiremos a segurança; nós os protegeremos contraassalto e veneno. Com isto o Senhor disse àquelas gigantas: Muito bem, irmãs, muito bem; fazeis bemem garantir guarda, defesa e proteção àqueles pregadores, mesmo àqueles que não mantiverem maisque o nome simplesmente deste Dharmaparyaya; quanto mais àqueles que mantiverem esteDharmaparyaya por inteiro e completo, ou que, tendo um texto dele num volume, o honrar comflores, incenso, guirlandas fragrantes, óleos, pós, roupas, bandeiras, flâmulas, lâmpadas com óleo desésamo, lâmpadas com óleo perfumado, lâmpadas com óleo perfumado de Kampaka, com óleo deperfume de Varshika, como óleo perfumando de lótus, com óleo perfumado de jasmim; que por taismaneiras múltiplas de centenas de milhares de formas de veneração honrarem, respeitarem,reverenciarem, saudarem (este Sutra), merecem serem guardadas por você e por suas seguidoras,Kunti!

E enquanto que este capítulo dos encantamentos estava sendo exposto, sessenta e oito milseres vivos receberam a faculdade de aquiescência na lei que não tem origem.

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Saddharma-Pundarika / A Devoção Antiga de Bhaishagyaraga / Capítulo 22

CAPÍTULO 22

A DEVOÇÃO ANTIGA DE BHAISHAGYARAGA

om isto o Bodhisatva Mahasatva Nakshatraragasankusumitabhigna falou da seguinte maneira aoSenhor: Por que, Ó Senhor, é que o Bodhisatva Bhaishagyaraga continua seu caminho nestemundo de Saha, enquanto que ele está plenamente consciente das muitas centenas de milhares demiríades de kotis de dificuldades que ele terá pela frente? Que o Senhor, o Tathagata, etc., queiranos dizer qualquer parte do caminho do dever do Bodhisatva Mahasatva Bhaishagyaraga, que

ouvindo isto os deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras, grandesserpentes, homens e seres não humanos, bem como os Bodhisatvas Mahasatvas de outros mundosaqui presentes, e estes grandes discípulos aqui presentes, possam ficar contentes, deleitados, cheios dealegria.

E o Senhor, respondendo àquele pedido do Bodhisatva Mahasatva Nakshatraragasanku-sumitabhigna, lhe disse o seguinte: Desde épocas remotas, moço de boa família, numa época que já láse foi, num tempo (tantos) Aeons atrás como existem grãos de areia no rio Ganges, apareceu nomundo um Tathagata, etc., com o nome de Kandravimalasuryaprabhasasri, agraciado com ciência econduta, um Sugata, etc. etc. Agora aquele Tathagata, etc., Kandravimalasuryaprabhasasri tinha umagrande assembléia de oitenta kotis de Bodhisatvas Mahasatvas e uma assembléia de discípulos iguais àsareias de setenta e dois rios Ganges. Seu reino espiritual estava isento do sexo feminino, e seu campode Buda não tinha inferno, nem criação bruta, nem fantasmas, nem demônios; era plano, limpo, maciocomo a palma da mão. Seu chão consistia de lápis-lazuli celeste e estava adornado com árvores de jóiase madeira de sândalo; incrustado com uma multidão de jóias, com longas bandas de seda penduradas ecom incenso de incensórios feitos de jóias. Debaixo de cada árvore de jóias, a uma distância nãomenor que o alcance de uma flecha, foi feita uma pequena casa de jóias, e em cima daquelas pequenascasas de jóias se quedava cem kotis de anjos realizando um concerto de instrumentos musicais ecastanhetas, para honrar aquele Senhor Kandravimalasuryaprabhasasri, o Tathagata, etc., enquantoaquele Senhor expunha extensivamente este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei aosgrande discípulos e Bodhisatvas, dirigindo-se ao Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana. Agora,Nakshatrara-gasankusumitabhigna, a duração da vida daquele Senhor Kandravimalasuryaprabhasasri, oTathagata, etc., durou quarenta e dois mil Aeons e, de forma semelhante, aquela dos BodhisatvasMahasatvas e grandes discípulos. Foi sob o reino espiritual daquele Senhor que o BodhisatvaMahasatva Sarvasattvapriyadarsana se aplicou a este difícil caminho. Ele perambulou doze mil anosestrenuamente engajado em contemplação. Depois da expiração daqueles doze mil anos, ele adquiriu oSamadhi chamado Sarvarupasandarsana (que quer dizer visão de todas as formas). Tão logo ele ganhouaquele Samadhi e satisfeito, alegre, jubiloso, contente e deleitado, ele fez a seguinte reflexão: É devido aeste Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei que eu adquiri o Samadhi doSarvarupasandarsana. Então ele fez uma outra reflexão: Deixe-me ir prestar homenagem ao SenhorKandravima-lasuryaprabhasasri e a este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. Tão logoele havia entrado em tal meditação e uma grande chuva de flores Mandarava e grande Mandaravacariam do céu superior. Uma chuva de sândalo Kalanusarin se formou, e uma chuva de sândaloUragasara caiu. E a natureza daquelas essências era tão nobre que um karhsa dela valia todo o mundode Saha.

Depois de um tempo, Nakshatraragasankusumitabhigna, o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattva-priyadarsana se levantou daquela meditação com memória e plena consciência, e assim refletiu: Estaamostra de poder mágico não fará tanta honra ao Senhor e Tathagata quanto o sacrifício de meupróprio corpo o fará. Então o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana instantaneamentecomeçou a comer Agallochum, Olibanum, e a resina de Boswellia Thurifera, e a beber o óleo deKampaka. Então, Nakshatraragasankusumitabhigna, o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriya-darsana

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Saddharma-Pundarika / A Devoção Antiga de Bhaishagyaraga / Capítulo 22

passou doze anos, sempre e constantemente, comendo aquelas substâncias fragrantes e a beber o óleode Kampaka. Depois da expiração daqueles doze anos o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsanaenrolou seu corpo em roupas divinas, as embebeu em óleo, fez sua (última) promessa e, depois distoqueimou seu próprio com corpo com o objetivo de prestar veneração ao Tathagata e a esteDharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. Então, Nakshatraraga-sankusumitabhigna, oitentamundos iguais às areias do rio Ganges ficaram brilhantes como fulgor das chamas do corpo ardente doBodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana, e os oitenta senhores Budas iguais às areias do Gangesnaqueles mundos, todos gritaram seus aplausos e (exclamaram): Bem feito, bem feito, moço de boafamília, este é o verdadeiro heroísmo que os Bodhisatvas Mahasatvas deveriam desenvolver; esta é averdadeira veneração do Tathagata, a verdadeira veneração da lei. Não há veneração com flores,incenso, lauréis perfumados, óleos, pós, roupas, pára-sóis, bandeiras, flâmulas; não há veneração compresentes materiais ou com sândalo de Uragasara que se o iguale. Este, moço de boa família, é opresente mais sublime, mais elevado que abandonar a realeza, que abandonar caros filhos e esposa.Sacrificar o próprio corpo da pessoa, moço de boa família, é o mais distinguido, o principal, o melhor,o muito melhor, a veneração mais sublime da lei. Depois de pronunciar este discurso, Nakshatrara-gasankusumitabhigna, aqueles Senhores Budas voltaram ao silêncio.

O corpo de Sarvasattvapriyadarsana continuou a queimar por doze mil anos sem acabar dequeimar. Depois da expiração daqueles doze mil anos, o fogo se extinguiu. Então, Nakshatrara-gasankusumitabhigna, o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana, tendo prestado tal veneraçãoao Tathagata, desapareceu daquele lugar, e reapareceu sob o reino (espiritual) daquele mesmo SenhorKandravimalasuryaprabhasasri, o Tathagata, etc., na casa do rei Vimaladatta, por nascimento deaparição, e sentado de pernas cruzadas. Imediatamente após sua aparição o Bodhisatva MahasatvaSarvasattvapriyadarsana se dirigiu a seu pai e mãe na seguinte estrofe:

1. Este, Ó rei exaltado, é o caminho pelo qual eu adquiri a meditação; eu atingi um feitoheróico, preenchi um grande voto sacrificando meu próprio e caro corpo.

Depois de pronunciar esta estrofe, Nakshatraragasankusumitabhigna, o Bodhisatva MahasatvaSarvasattvapriyadarsana disse a seu pai e mãe: Mesmo agora, pai e mãe, o Senhor Nakshatraraga-sankusumitabhigna, o Tathagata, etc., está ainda vivendo, existindo, permanecendo neste mundo, oSenhor, venerando quem eu adquiri o encantamento de conhecer todos os sons e este Dharmaparyayado Lótus Branco da Verdadeira Lei, consistindo de oitenta centenas de milhares de miríades de kotisde estrofes, de cem Niyutas, de Vivaras, de cem Vivaras, as quais eu ouvi daquele Senhor. Portanto, paie mãe, eu gostaria de ir àquele Senhor e o venerar novamente. Instantaneamente, Nakshatrara-gasankusumitabhigna, o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriya-darsana se soergueu por sete talas altono céu e sentou de pernas cruzadas em cima de uma torre das sete substâncias preciosas. Então, ele foià presença daquele Senhor, e tendo se lhe aproximado, humildemente lhe saudou, circundando-lhe setevezes da esquerda para a direita, esticou suas mãos postas em direção ao Senhor, e depois de assim lheprestar sua homenagem se lhe dirigiu na seguinte estrofe:

2. Ó vós cujo rosto é tão imaculado e brilhante; vós, rei e sábio! Como vosso brilho se infundeem todas as direções! Depois de antigamente ter lhe prestado homenagem, Ó Sugata, agora eu venhonovamente lhe ver, Ó Senhor.

Depois de ter pronunciado esta estrofe, o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana disseao Senhor Kandravimalasuryaprabhasasri, o Tathagata, etc.: Estás então ainda vivo, Senhor? Com oque o Senhor Kandravimalasuryaprabhasasri, o Tathagata etc. replicou: A hora de minha extinção final,moço de boa família, chegou; o momento de minha morte chegou. Portanto, moço de boa famíliaprepare meu leito; eu vou entrar na extinção completa. Então, Nakshatraragasan-kusumitabhigna, oSenhor Kandravimalasuryaprabhasasri disse ao Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana: Euconfio a você, moço de boa família, minha maestria; eu confio a você aqueles Bodhisatvas Mahasatvas,aqueles grandes discípulos, esta iluminação de Buda, este mundo, estes carros de jóias, estas árvores dejóias, e aqueles anjos, meus serventes. Eu confio a você também, moço de boa família, minhas relíquiasapós minha extinção completa. Deves prestar uma grande veneração às minhas relíquias, moço de boafamília, e também as distribuir e construir muitos milhares de Stupas. E,Nakshatraragasankusumitabhigna, depois que o Senhor Kandravimala-suryaprabhasasri, o Tathagata,etc., deu estas instruções ao Bodhisatva Mahasatva Sarvasattva-priyadarsana, ele, na última vigília danoite, entrou na extinção final absoluta.

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Com isto, Nakshatraragasankusumitabhigna, o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriya-darsana,percebendo que o Senhor Kandravimalasuryaprabhasasri, o Tathagata, etc., havia expirado, fez umapira de madeira de sândalo de Uragasara e queimou o corpo do Tathagata. Quando ele percebeu que ocorpo estava queimando até as cinzas e o fogo extinto, ele pegou os ossos e chorou, se lastimou elamentou. Depois de ter chorado, se lastimado e lamentado, Nakshatraragasan-kusumitabhigna, oBodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana fez com fossem construídas oitenta e quatro mil urnasdas sete substâncias preciosas, e depositou nelas os ossos do Tathagata, fundou oitenta e quatro milStupas, chegando em altura ao mundo de Brahma, adornadas com uma fileira de pára-sóis, e equipadascom faixas de sedas e sinos. Depois de fundar aquelas Stupas ele fez a seguinte reflexão: Eu presteihonra às relíquias do Senhor Kandravimalasuryaprabhasasri, mas eu prestarei àquelas relíquias umahonra mais elevada e mais distinta. Então, Nakshatraragasankusumitabhigna, o Bodhisatva MahasatvaSarvasattvapriyadarsana se dirigiu àquela assembléia inteira de Bodhisatvas, àqueles grandes discípulos,àqueles deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras, grandes serpentes,homens e seres não humanos: Vocês todos, moços de boa família, unanimemente prometam prestarveneração às relíquias do Senhor. Imediatamente depois disto, Nakshatraragasankusumitabhigna, oBodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana, na presença daquelas oitenta e quatro mil Stupas,queimou seu próprio braço que estava marcado por cem sinais auspiciosos, e assim prestou veneraçãoàquelas Stupas contendo as relíquias do Tathagata, durante setenta e dois mil anos. Depois de prestarveneração, ele educou incontáveis centenas de milhares de miríades de kotis de discípulos daquelaassembléia, em conseqüência do que todos aqueles Bodhisatvas adquiriram o Samadhi chamadoSarvarupasandarsana.

Então, Nakshatraragasankusumitabhigna, toda a assembléia de Bodhisatvas e todos os grandesdiscípulos, vendo o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana destituído de um membro,disseram, com lágrimas em seus olhos, chorando, se lastimando e lamentando: o Bodhisatva MahasatvaSarvasattvapriyadarsana, nosso mestre e instrutor, está agora destituído de um membro, destituído deum braço. Mas o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana se dirigiu àqueles Bodhisatvas, grandesdiscípulos, e anjos nos seguintes termos: Não chorem, se lastimem ou lamentem, moços de boafamília, vendo meu ser destituído de um braço. E todos os Senhores Budas que existem, que são, quevivem nos mundos sem fim, e sem limites em todas as direções do espaço, eu tomo como testemunha.Ante seus rostos eu fiz uma promessa da verdade, e por aquela verdade, por aquela palavra de verdade,eu deverei, depois do sacrifício de meu próprio braço, em honra ao Tathagata, ter um corpo de cordourada. Por esta verdade, por esta palavra da verdade, que este meu braço se torne tal com eraanteriormente, e que esta grande terra sacuda em seis diferentes maneiras, e que os anjos no céuvertam uma chuva de flores. Tão logo, Nakshatraragasankusumitabhigna, o Bodhisatva MahasatvaSarvasattvapriyadarsana fez aquela promessa de verdade, e todo o triplo macrocosmo foi sacudido deseis diferentes formas, e do céu acima caiu uma grande chuva de flores. O braço do BodhisatvaMahasatva Sarvasattvapriyadarsana se tornou novamente o que era antes, e pelo poder deconhecimento e pelo poder do mérito pio, pertencendo àquele Bodhisatva Mahasatva. TalvezNakshatraragasan-kusumitabhigna, você tenha alguma dúvida, incerteza ou insegurança, (e pensará) queo Bodhisatva Mahasatva Nakshatraragasankusumitabhigna naquela época e naquele momento eramoutros. Mas não deve pensar assim; pois que o Bodhisatva Mahasatva Bhaishagyaraga aqui, era, naqueletempo e naquela época, o Bodhisatva Mahasatva Nakshatraragasan-kusumitabhigna. Tantas centenasde milhares de miríades de kotis de coisas difíceis, Kandravimalasuryaprabhasasri, e sacrifícios de seucorpo este Bodhisatva Mahasatva Nakshatraragasankusumitabhigna realizou. Agora,Nakshatraragasankusu-mitabhigna, o moço ou moça de boa família lutando no veículo dos Bodhisatvasem direção ao objetivo e aspirando pela iluminação suprema e perfeita, que naqueles altares doTathagata queimarem um dedão, um dedo, um polegar, um membro inteiro, um tal moço ou moça deboa família, eu te asseguro, produzirá muito mais mérito pio, muito mais resultados do que abandonarum reino, filhos, filhas e esposas, todo o mundo triplo com seus bosques, oceanos, montanhas, fontes,córregos, tanques, poços e jardins. E, Nakshatraragasankusumitabhigna, o moço ou moça de boafamília, lutando no veículo dos Bodhisatvas pelo objetivo, que depois de encher com as setesubstâncias preciosas este mundo triplo inteiro deva dá-lo como oferenda a todos os Budas,Bodhisatvas, discípulos, Pratyekabudas, aquele moço ou moça de boa família,Nakshatraragasankusumitabhigna, não produz tanto mérito pio quanto aquele moço ou moça de boa

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família que mantiver, nem que seja um só verso deste Dharmaparyaya do Lótus Branco da VerdadeiraLei. Eu positivamente declaro que o acúmulo de mérito deste último é maior do que se a pessoa,depois de encher todo o mundo triplo com as sete substâncias preciosas, o der como oferenda a todosos Budas, Bodhisatvas, discípulos ou Pratyekabudas.

Assim mesmo como o grande oceano, Nakshatraragasankusumitabhigna, supera todas asfontes, rios e lagos, assim, Nakshatraragasankusumitabhigna, este Dharmaparyaya do Lótus Branco daVerdadeira Lei supera todos os Sutras falados pelo Tathagata. Assim como o Sumeru, o rei dasmontanhas, Nakshatraragasankusumitabhigna, supera a todas as elevações nos pontos cardeais, círculose grande horizontes, assim, Nakshatraragasankusumitabhigna, este Dharmaparyaya do Lótus Branco daVerdadeira Lei supera, como o rei de todos os Sutrantas falados pelo Tathagata. Como a lua,Nakshatraragasankusumitabhigna, como luminária, tem o primeiro lugar entre todos os asterismos,assim, Nakshatraragasankusumitabhigna, este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei temo primeiro lugar entre todos os Sutrantas falados pelo Tathagata, apesar dele superar centenas demilhares de miríades de kotis de luas. Assim como a órbita do sol, Nakshatraragasankusumitabhigna,dispersa a sombria escuridão, assim, Nakshatraragasan-kusumitabhigna, este Dharmaparyaya do LótusBranco da Verdadeira Lei dispersa toda a sombria escuridão de trabalhos que não são sagrados. ComoIndra, Nakshatraragasankusumitabhigna, é o chefe dos deuses do paraíso, assim, Nakshatraragasan-kusumitabhigna, este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei é o principal dos Sutrantasfalados pelo Tathagata. Como Brahma Sahampati, Nakshatraragasankusumitabhigna, é o rei de todosos deuses Brahmakayika e tem a função de um apoio no mundo de Brahma, assim, Nakshatraragasan-kusumitabhigna, este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei exerce a função de um paipara todos os seres, quer estejam sob treinamento ou que já o deixaram para trás, a todos os discípulos,Pratyekabudas, e àqueles que no veículo dos Bodhisatvas estão lutando pelo objetivo. Como oSrotaâpanna, Nakshatraragasankusumitabhigna, bem como o Sakridagamin, Anagamin, Arhat, ePratyekabuda, excedem os ignorantes e o vulgo, assim, Nakshatraragasankusumitabhigna, oDharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei deve ser estimado como excedendo e superandotodos os Sutrantas falados pelo Tathagata; e tais que mantenham este rei dos Sutras,Nakshatraragasankusumitabhigna, devem ser estimados como superando os demais (que não o fazem).Como um Bodhisatva deve ser tido como superior a todos os discípulos e Pratyekabudas, assim,Nakshatraragasankusumitabhigna, este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei é tidocomo superior a todos os Sutrantas falados pelo Tathagata. Assim mesmo como o Tathagata é o reicoroado da lei de todos os discípulos, pratyekabudas e Bodhisatvas, assim,Nakshatraragasankusumitabhigna, este Dharmaparyaya é um Tathagata para aqueles que no veículo dosBodhisatvas estão lutando para atingir o objetivo. Este Dharmaparyaya do Lótus Branco da VerdadeiraLei, Nakshatrara-gasankusumitabhigna, salva a todos os seres de todo o medo, os libera de todas asdores. É como um poço para os sedentos, como um fogo para aqueles que estão sofrendo de frio,como uma roupa para os nus, como um líder da caravana para os mercadores, como uma mãe paraseus filhos, como um barco para aqueles que atravessam, como um sanguessuga para os doentes, comouma lâmpada para aqueles que estão envoltos no escuro, como uma jóia para aqueles que queremriqueza, como o oceano para os rios, como uma tocha para debelar a escuridão. Assim,Nakshatraragasankusumitabhigna, este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei livra detodos os males, extirpa todas as doenças, libera dos estreitos laços do redemoinho mundano. E aqueleque ouvir este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, que o escrever ou fizer com queseja escrito, produzirá um acúmulo de mérito pio cujo termo não pode ser calculado sequer com oconhecimento de Buda; tão grande é o acúmulo de mérito pio que será produzido por aquele moço deboa família, ou moça que depois de ensinar ou o aprender, o escrever ou o coletar em um volume, ohonrar, respeitar, venerar, cultuar com flores, incenso, guirlandas fragrantes, óleos, pós, pára-sóis,bandeiras, flâmulas, flâmulas triunfais, com música, com as mãos postas, com lâmpadas queimandocom ghee, óleo perfumado, óleo de Kampaka, óleo de jasmim, óleo de flor de trombeta, óleo deVarshika, ou óleo duplo de jasmim.

Grande será o mérito pio, Nakshatraragasankusumitabhigna, a ser produzido por um moço deboa família ou uma moça, lutando para chegar ao objetivo no veículo dos Bodhisatvas, que mantivereste capítulo da devoção antiga de Bhaishagyaraga, que o ler e aprender. E, Nakshatraraga-sankusumitabhigna, se uma mulher, depois de ouvir este Dharmaparyaya, o apreender e o mantiver,

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então esta existência será sua última existência com uma mulher. Qualquer mulher, Nakshatrara-gasankusumitabhigna, que nos últimos quinhentos anos de um milênio ouvir e penetrar este capítulo daDevoção Antiga de Bhaishagyaraga, renascerá, depois de desaparecer da terra, no mundo Sukhavati,onde o Senhor Amitayus, o Tathagata, etc., mora, existe, vive cercado por uma hoste de Bodhisatvas.Ali ele (que anteriormente era uma mulher) aparecerá sentado num trono consistindo do interior deum lótus; Nenhum tipo de afeto, ódio, enfatuação, orgulho, inveja, raiva, malignidade o vexará. Comseu nascimento, ele também receberá as cinco faculdades transcendentes, bem como aquiescência nalei eterna, e, uma vez em possessão disto, Nakshatraragasankusumitabhigna, ele como um BodhisatvaMahasatva, verá Tathagatas iguais às areias de setenta e dois rios Ganges. Tão perfeito será seu órgãode visão que, por intermédio dele, ele verá aqueles Senhores Budas, e estes Senhores Budas oaplaudirão (e dirão): Bem feito, bem feito, moço de boa família, que depois de ouvir esteDharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei que foi promulgado pela proclamação espiritual doSenhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., você estudou, meditou, examinou, esmiuçou, o expôs a outrosseres, outras pessoas. Este acúmulo de mérito pio, moço de boa família, não pode ser queimado pelofogo, nem levado pela água. Mesmo mil Budas não seriam capazes de determinar este acúmulo demérito pio, moço de boa família. Você dominou a oposição do Maligno, moço de boa família. Você,moço de boa família, emergiu vitorioso da batalha da existência mundana, esmagou os inimigos que teperturbavam. Você, moço de boa família, foi supervisionado por milhares de Budas; seu igual, moçode boa família, não pode ser encontrado no mundo, inclusive os deuses, com a exceção única doTathagata; não existe nenhum outro, seja ele discípulo, Pratyekabuda, ou Bodhisatva, capaz de tesuperar em mérito pio, conhecimento, sabedoria ou meditação. Tal poder de conhecimento,Nakshatraragasankusumitabhigna, será adquirido por aquele Bodhisatva.

Qualquer um, Nakshatraragasankusumitabhigna que, ao ouvir este capítulo da antiga devoçãode Bhaishagyaraga, o aprovar, emitirá de sua boca um hálito tão doce quanto aquele do lótus. E de seusmembros, uma fragrância como aquela da madeira de sândalo. Tais vantagens temporais como euacabei de indicar justo agora pertencerão àquele que aprovar este Dharmaparyaya. Por isto então,Nakshatraragasankusumitabhigna, eu te transmitirei este capítulo da Antiga Devoção do BodhisatvaMahasatva Sarvasattvapriyadarsana, de tal forma que no fim do tempo, no último período, na partefinal do milênio possa ocorrer aqui no Gambudvipa e não ser perdido; de tal forma que nem Mara, oMaligno, nem seres celestes chamados Marakayikas, Nagas, duendes, fantasmas, possam ter aoportunidade de o machucar. Portanto, Nakshatraragasankusumitabhigna, eu transmito esteDharmaparyaya; será como um medicamento para as criaturas sofredoras e doentes do Gambudvipa.Nenhuma doença atingirá aquele que ouvir este Dharmaparyaya, nenhuma decrepitude, nenhumamorte fora de hora. Sempre que uma pessoa lutando para atingir o objetivo no veículo dosBodhisatvas vir um tal monge que estiver mantendo este Sutranta, então ele deve espargi-lo com pó desândalo e lótus azuis, e refletir assim: Este moço de boa família vai atingir o terraço da iluminação; eleespalhará o feixe de capim no terraço da iluminação; ele colocará em fuga o partido de Mara, soprará aconcha em trombeta da lei, ressoará o tambor da lei, atravessará o oceano da existência. Assim,Nakshatraragasankusumitabhigna, deve um moço de boa família, lutando por atingir o objetivo noveículo dos Bodhisatvas, refletir, ao ver um monge que mantém este Sutra, e ele adquirirá taisvantagens como foram indicadas pelo Tathagata.

Enquanto este capítulo da Antigo Devoção de Bhaishagyaraga estava sendo exposto, oitenta equatro Bodhisatvas atingiram o encantamento ligado com habilidade em todos os sons. E o SenhorPrabhutaratna, o Tathagata, etc., indicou sua aprovação (dizendo): Bem feito, bem feito, Nakshatrara-gasankusumitabhigna; você fez muito bem ao indagar o Tathagata, que está agraciado com tantasqualidades e propriedades inconcebíveis.

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CAPÍTULO 23

GADGADASVARA

aquele momento o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., projetou um raio de luz do círculo decabelo entre suas sobrancelhas, um dos sinais característicos de um grande homem, por cujo raiode luz centenas de milhares de miríades de kotis de campos de Buda, iguais às areias de dezoitorios Ganges, se tornaram iluminados. Além destes campos de Buda, iguais, etc., está o mundochamado Vairokanarasmipratimandita (que quer dizer embelezado pelos raios do sol). Ali mora,

vive, existe um Tathagata chamado Kamaladalavimalanakshatraragasankusumitabhigna, que, cercado eatendido por uma grande e imensa assembléia de Bodhisatvas, pregava a lei. Imediatamente, o raio deluz projetado do círculo de cabelo entre as sobrancelhas do Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc.,encheu o mundo Vairokanarasmipratimandita com um grande lustro. Naquele mundo Vairokana-rasmipratimandita, havia um Bodhisatva Mahasatva chamado Gadgadasvara, que havia plantado raízesde bondade, que havia anteriormente visto raios semelhantes emitidos por muitos Tathagatas, etc., eque havia adquirido muitos Samadhis, tais como Samadhi Dhvagagrakeyura (que quer dizer braceletena parte final do mastro da bandeira), Saddharma-pundarika (que quer dizer Lótus Branco daVerdadeira Lei), Vimaladatta (que quer dizer dado por Vimala), Nakshatraragavikridita (que quer dizeresporte do rei dos astros, o deus da lua), Anilambha, Gnanamudra (que quer dizer o selo da ciência),Kandraprakipa (que quer dizer luz da lua), Sarvarutakausalya (que quer dizer habilidade com todos ossons), Sarvapunyasamukkaya (que quer dizer compêndio ou coleção de toda a piedade) Prasadavati(que quer dizer a dama favoravelmente disposta), Riddhivikridita (que quer dizer esporte de mágica),Gnanolka (que quer dizer tocha do conhecimento), Vyuharaga (que quer dizer rei das expansões ouespeculações), Vimalaprabha (que quer dizer lustro sem máculas), Vimalagarbha (que quer dizer parteinterna imaculada), Apkritsna, Suryavarta (que quer dizer volta do sol); resumindo, ele havia adquiridomuitas centenas de milhares de miríades de kotis de Samadhis iguais às areias do rio Ganges. Agora, ofulgor do raio chegou até o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara. Então o Bodhisatva MahasatvaGadgadasvara se levantou de seu assento, envergou seu manto superior em um ombro, fixou seujoelho direito no chão, esticou suas mãos postas em direção ao Senhor Buda, e disse ao TathagataKamaladalavimalanakshatraragasankusumitabhigna: Ó Senhor, eu gostaria de ir ao mundo de Saha paraver, saudar e assistir ao Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc.; para ver e saudar Manjusri, o príncipereal; para ver os Bodhisatvas Bhaishagyaraga, Pradanasura, Nakshatraragasankusumitabhigna, Visishta-karitra, Vyuharaga, Bhaishagyaragasamudgata.

Então o Senhor Kamaladalavimalanakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc., disse aoBodhisatva Mahasatva Gadgadasvara: Ao ir ao mundo de Saha, moço de boa família, não deves formaruma opinião baixa dele. Aquele mundo, moço de boa família, tem suas vantagens e desvantagens,consiste de terra, está cheio de montanhas de Kala cheios de esgotos. O Senhor Shakyamuni, oTathagata, etc., é baixo de altura, e assim também são os Bodhisatvas Mahasatvas, enquanto que tu,moço de boa família, tens um corpo de quarenta e duas centenas de milhares de yoganas de altura, e eumesmo tenho um corpo de sessenta e oito centenas de milhares de yoganas de altura. E, moço de boafamília, você Gadgadasvara é simpático, elegante, de aparência agradável, agraciado com o plenodesabrochar de uma cor extremamente boa e abundantemente agraciado com centenas de milhares desinais sagrados. Portanto então, moço de boa família, quando fores ver o mundo de Saha, não concebauma impressão desfavorável do Tathagata, nem dos Bodhisatvas, nem daquele campo de Buda. Assim avisado, o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara disse ao Senhor Kamaladalavimalanakshatrara-gasankusumitabhigna, o Tathagata, etc.: Eu assim o farei, Senhor, como o Senhor comanda; Eu ireiàquele mundo de Saha em virtude da resolução do Senhor, do poder do Senhor, da força do Senhor,da vontade do Senhor, e com a visão do Senhor. Com o que o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara,sem deixar aquele campo de Buda e sem deixar seu assento, mergulhou em meditação tão profunda

N

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que imediatamente depois disto, de repente, apareceram diante do Tathagata nas montanhas deGridhrakuta no mundo de Saha oitenta e quatro centenas de milhares de miríades de kotis de lótus detalos de ouro, com folhas de prata e com flores da tonalidade de lótus rosados e Butea Frondosa.

Vendo a aparição desta massa de lótus o Bodhisatva Mahasatva Manjusri, o príncipe real,indagou do Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc.: Por que causas e por quem, Ó Senhor, foramproduzidos estas oitenta e quatro centenas de milhares de miríades de kotis de lótus de talos de ourocom folhas de prata e com flores da tonalidades do lótus rosados e Butea Frondosa? Com o que oSenhor respondeu a Manjusri, o príncipe real: É, Manjusri, o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara, que,acompanhado e atendido por oitenta e quatro centenas de milhares de miríades de kotis deBodhisatvas chegou do leste, do mundo de Vairokanarasmipratimandita, o campo de Buda do SenhorKamala-dalavimalanakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc., neste mundo de Saha para ver,saudar, me assistir, e ouvir este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. Então Manjusri, opríncipe real, disse ao Senhor: Que massa de raízes de bondade, Ó Senhor, tem este moço de boafamília coletado, o que ele merece ganhar tal distinção? E que meditação é esta, Ó Senhor, que oBodhisatva pratica? Que nós também aprendamos esta meditação, Ó Senhor, e pratiquemos estameditação. E que nós vejamos aquele Bodhisatva, Senhor; vejamos qual é a cor, forma externa, caráter,figura e comportamento daquele Bodhisatva. Que o Senhor conceda produzir um sinal que oBodhisatva Mahasatva seja trazido através dele a este mundo de Saha.

Então o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., disse ao Senhor Prabhutaratna, o Tathagata,etc., que estava completamente extinto: Produza um tal sinal, Senhor, para que o BodhisatvaMahasatva Gadgadasvara seja trazido através dele a este mundo de Saha. E o Senhor Prabhutaratna, oTathagata, etc., que estava completamente extinto, instantaneamente produziu um sinal para advertirao Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara (e disse): Venha, moço de boa família, a este mundo de Saha;Manjusri, o príncipe real, saudará sua vinda. E o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara, apóshumildemente saudar os pés do Senhor Kamaladalavimalanakshatraragasankusumitabhigna, oTathagata, etc., e depois de lhe circundar três vezes da esquerda para direita, desapareceu do mundoVairokanarasmipratimandita , junto com oitenta e quatro centenas de milhares de miríades de kotis deBodhisatvas que o cercaram e seguiram, e chegaram a este mundo de Saha, entre um agito de camposde Buda, uma chuva de lótus, um ruído de centenas de milhares de miríades de kotis de instrumentosmusicais. Seu rosto mostrava olhos parecidos a lótus azuis, seu corpo era da cor de ouro, sua pessoamarcada por centenas de milhares de sinais sagrados; ele brilhava com lustro, refulgia com radiância,tinha membros marcados por sinais característicos, e um corpo compacto como o de Narayana.Montado numa torre feita de sete substâncias preciosas, ele se movia pelo céu a uma altura de seteTalas (ou amplitudes), cercado de uma multidão de Bodhisatvas na direção deste mundo de Saha, e seaproximou do Gridhrakuta, o rei das montanhas. Na sua chegada, ele desceu da torre e foi com umcolar de pérolas que valia centenas de milhares, ao lugar onde o Senhor estava sentado. Depois dehumildemente saudar os pés do Senhor, e o circundar sete vezes da esquerda para a direita, ele lheofereceu o colar de pérolas como presente em homenagem, com o que ele disse ao Senhor: O SenhorKamaladalavimalanakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc., indaga da saúde, bem estar e boadisposição do Senhor; se está se sentindo livre de aflição e à vontade. Aquele Senhor também mepediu para indagar: Há algo que você esteja sofrendo, ou doença a que esteja se submetendo? Oshumores no corpo, não estão em um estado desfavorável? Suas criaturas estão decentes de maneiras,tratáveis e fáceis de curar? Seus corpos estão limpos? Não estão eles passionais demais, eu espero, nãoestão irascíveis, nem com falta de sabedoria no que fazem? Não estão invejosos, Senhor, nemciumentos, nem ingratos aos seus pais e mães, nem ímpios, nem heterodoxos, nem de menteinsubmissa, nem sem controle nos desejos sexuais? São os seres capazes de resistir ao Maligno? Veio oSenhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., que está completamente extinto, ao mundo de Saha paraouvir a lei, sentado no meio de uma Stupa feita das sete substâncias precisas? E quanto a isto, SenhorPrabhutaratna, o Tathagata, etc., o Senhor Kamaladalavimalanakshatraragasankusumitabhigna, indaga:Há algo que o Senhor Prabhutaratna, etc., esteja sofrendo, ou doença a que esteja se submetendo? OSenhor Prabhutaratna, etc., vai ficar muito tempo? Estamos também, Ó Senhor, desejosos de ver asrelíquias de ossos daquele Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc. Possa o Senhor portanto por favornos mostrar as relíquias de ossos do Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc.

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Saddharma-Pundarika / Gadgadasvara / Capítulo 23

Então o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., disse ao Senhor Prabhutaratna, o Tathagata,etc., que estava completamente extinto: Senhor, o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara aqui, deseja vero Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., que está completamente extinto. Com isto o SenhorPrabhutaratna, o Tathagata, etc., falou ao Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara como se segue: Bemfeito, bem feito, jovem cavalheiro, que aqui vieste com o desejo de ver o Senhor Shakyamuni, oTathagata, etc.; de ouvir este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, e de ver Manjusri, opríncipe real.

Subseqüentemente o Bodhisatva Mahasatva Padmasri disse ao Senhor: Que raiz de bondade oBodhisatva Mahasatva Gadgadasvara plantou anteriormente? E na presença de qual Tathagata? E oSenhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., disse ao Bodhisatva Mahasatva Padmasri: Nos dias de antanho,moço de boa família, num período passado apareceu no mundo um Tathagata chamadoMeghadundubhisvararaga (que quer dizer rei do som de tambores das nuvens), perfeitamenteiluminado, agraciado com ciência e conduta, um Sugata, etc., no mundo Sarvabhuddhasandarsana (quequer dizer vista ou mostra de todos os Budas), no Aeon Priyadarsana. Àquele SenhorMeghadundubhisvararaga o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara prestou homenagem fazendo ressoarcentenas de milhares de instrumentos musicais durante doze mil anos. Ele o presenteou também comooitenta e quatro mil vasos das sete substâncias preciosas. Sob a pregação do TathagataMeghadundubhisvararaga, moço de boa família, o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara obteve talbeleza como ele ora ostenta. Talvez, moço de boa família, você tenha alguma dúvida, incerteza ouinsegurança, (e pensará) que naquele tempo, naquela época, havia um outro Bodhisatva Mahasatvachamado Gadgadasvara, que prestava aquela homenagem ao Senhor Meghadundubhisvararaga , oTathagata, e o presenteava com oitenta e quatro mil vasos. Mas, moço de boa família, não pense assim.Pois era o mesmo Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara, moço de boa família, que prestava aquelehomenagem ao Senhor Meghadundubhisvararaga, o Tathagata, e o presenteava com os oitenta equatro mil vasos. Assim, moço de boa família, o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara assistiu a muitosBudas, e plantou boas raízes sob muitos Budas, e preparou o solo sob cada um deles. E esteBodhisatva Mahasatva Gadgadasvara havia previamente visto Senhores Budas similares às areias do rioGanges. Vês, Padmasri, a aparência do Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara agora? Padmasri replicou:Eu vejo, Senhor; Eu vejo, Sugata. O Senhor disse: Agora, Padmasri, este Bodhisatva MahasatvaGadgadasvara pregou este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei sob as muitas formasque ele assume; às vezes sob a forma de Brahma, às vezes sob aquela de Indra, às vezes sob aquela deShiva, às vezes sob aquela de Kubera, às vezes sob aquela de um rei, às vezes sob aquela de um duque,às vezes soba aquela de um mercador chefe, às vezes sob aquela de um cidadão, às vezes sob aquela deum Brâmane. Às vezes novamente o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara prega este Dharmaparyayado Lótus Branco da Verdadeira Lei sob a forma de um monge, às vezes sob aquela de uma monja, àsvezes sob a forma de um devoto leigo, às vezes sob a forma de uma devota mulher, às vezes sobaquela da esposa de um mercador chefe, às vezes sob aquela da esposa de um cidadão, às vezes sob ade um menino, às vezes sob a forma de uma menina. Com tantas variações da forma em que semostra, o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara prega este Dharmaparyaya do Lótus Branco daVerdadeira Lei aos seres. Ele assumiu até a forma de um duende para pregar deste Dharmaparyaya atais que seriam convertidos por um duende. A alguns ele pregou este Dharmaparyaya do Lótus Brancoda Verdadeira Lei sob a forma de um demônio, a alguns sob aquela de um Garuda, a alguns sob formade um Kinnara, a alguns sob a forma de uma serpente. Mesmo aos seres em quaisquer dos estadosdesafortunados, nos infernos, na criação bruta, no reino de Yama, o Bodhisatva MahasatvaGadgadasvara é um arrimo. Até mesmo aos seres no útero neste mundo de Saha este BodhisatvaMahasatva Gadgadasvara, depois de se metamorfosear em uma mulher, pregou deste Dharmaparyayado Lótus Branco da Verdadeira Lei. De verdade, Padmasri, o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara é oarrimo dos seres que vivem neste mundo de Saha. Sob tantas formas, assumidas à vontade, esteBodhisatva Mahasatva Gadgadasvara pregou este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Leiaos seres. E contudo, não há diminuição de sabedoria, nem diminuição de poder mágico naquele bomhomem. Tantas, moço de boa família, são as manifestações de conhecimento pelas quais esteBodhisatva Mahasatva Gadgadasvara se fez conhecido neste mundo de Saha. Em outros mundostambém, parecidos às areias do rio Ganges, ele pregou a lei, sob a forma de um Bodhisatva a tais queseriam convertidos por um Bodhisatva; sob a foram de um discípulo a tais que seriam convertidos por

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Saddharma-Pundarika / Gadgadasvara / Capítulo 23

um discípulo; sob a forma de um Pratyekabuda àqueles que seriam convertidos por um Pratyekabuda;sob a forma de um Tathagata a tais que seriam convertidos por um Tathagata. Não, ele se mostraráàqueles que seriam convertidos por uma relíquia do Tathagata como uma relíquia, e àqueles que seriamconvertidos pela extinção completa ele se mostrará completamente extinto. Tal é o poderosoconhecimento, Padmasri, que possui o Bodhisatva Mahasatva.

Depois disto o Bodhisatva Mahasatva Padmasri disse ao Senhor: O Bodhisatva MahasatvaGadgadasvara então plantou boas raízes, Senhor. Que meditação seria, Senhor, pela qual o BodhisatvaMahasatva Gadgadasvara, com firmeza, sem temores, converteu (ou educou) tantas criaturas? Com oque o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., replicou ao Bodhisatva Mahasatva Padmasri: É, moço deboa família, a meditação chamada Sarvarupasandarsana. Pela estabilidade nela é que o BodhisatvaMahasatva Gadgadasvara promoveu tão imensamente o bem de todos os seres.

Enquanto este capítulo de Gadgadasvara estava sendo exposto, todos as oitenta e quatrocentenas de milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas Mahasatvas que, junto com o BodhisatvaMahasatva Gadgadasvara, haviam vindo a este mundo de Saha, obtiveram a meditação Sarvaru-pasandarsana, e quanto ao número de Bodhisatvas Mahasatvas neste mundo de Saha que obtiveram ameditação Sarvarupasandarsana, estava além do cálculo.

Então o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara, depois de ter prestado ampla e grande veneraçãoao Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., e à Stupa das relíquias do Senhor Prabhutaratna, o Tathagata,etc., novamente montou na torre feita das sete substâncias preciosas, entre um agito dos campos, achuva dos lótus, o ruído das centenas de milhares de miríades de kotis de instrumentos musicais, e comos oitenta e quatro centenas de milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas cercando-o e seguindo-o,retornaram aos seus próprios campos de Buda. Lá chegando ele contou ao Senhor Kamaladala-vimalanakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc.: Ó Senhor, eu promovi no mundo de Saha obem dos seres; eu vi e saudei a Stupa das relíquias do Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc.; eu vi esaudei o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc.; eu vi Manjusri, o príncipe real, bem como o BodhisatvaBhaishagyaraga, que está possuído de um poderoso conhecimento e impetuosidade, e o BodhisatvaMahasatva Pradanasura; e estes oitenta e quatro centenas de milhares de miríades de kotis deBodhisatvas Mahasatvas, todos obtiveram a meditação chamada Sarvarupasandarsana.

E enquanto o relato desta ida e vinda do Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara estava sendoexplanada, quarenta de dois mil Bodhisatvas adquiriram a faculdade de aquiescência em coisas futuras, eo Bodhisatva Mahasatva Padmasri adquiriu a meditação chamada o Lótus Branco da Verdadeira Lei.

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Saddharma-Pundarika / As Transformações de Avalokitesvara / Capítulo 24

CAPÍTULO 24

CAPÍTULO CHAMADO AQUELE DO OMNILATERAL, DE MIL

BRAÇOS E MÃOS CONTENDO UMA DESCRIÇÃO DASTRANSFORMAÇÕES DE AVALOKITESVARA.

ntão o Bodhisatva Mahasatva Akshayamati levantou-se de seu assento, envergou seu mantosuperior em um obro, esticou suas mãos postas em direção ao Senhor, e disse: Por qual razão, ÓSenhor, é o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara chamado Avalokitesvara? Assim ele indagou, eo Senhor respondeu ao Bodhisatva Mahasatva Akshayamati: Todas as centenas de milhares demiríades de kotis de seres, moço de boa família, que neste mundo estão sofrendo problemas irão,

se ouvirem a menção do Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara, ser libertos daquela massa dedificuldades. Aqueles que mantiverem o nome deste Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara, moço deboa família, irão, se tombarem em uma grande massa de fogo, ser livrados dela pela virtude do lustrodo Bodhisatva Mahasatva. No caso, moço de boa família, que seres, levados pela corrente de rios,devam implorar ao Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara, todos os rios darão passagem. No caso,moço de boa família, em que muitas centenas de miríades de kotis de seres, navegando num navio nooceano, devam ver seus tesouros, ouro, gemas, pérolas, lápis-lázuli, conchas, pedras, corais, esmeraldas,Musaragalvas, pérolas vermelhas, e outros bens perdidos, e o navio por uma súbita e terríveltempestade, seja jogado na ilha das Gigantas e, se naquele navio um só ser implorar por Avalokitesvara,todos irão ser salvos daquela ilha das Gigantas. Por tal razão, moço de boa família, o BodhisatvaMahasatva Avalokitesvara é chamado Avalokitesvara.

Se alguém for sofrer a pena capital e esta pessoa implorar por Avalokitesvara, moço de boafamília, as espadas dos carrascos todas se quebrariam. Além disto, moço de boa família, se todo otriplo chilocosmos estivesse cheio de duendes e de gigantes, eles iriam, em virtude do nome doBodhisatva Mahasatva Avalokitesvara, ser chamados a perder a faculdade de vista para seus desígniosmalvados. Se alguma criatura, moço de boa família, ficar preso em algemas de madeira ou de ferro,correntes, ou ataduras, seja ele culpado ou inocente, então aquelas ataduras, correntes ou algemascederiam tão logo o nome do Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara fosse pronunciado. Tal, moço deboa família, é o poder do Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara. Se todo este chilocosmo triplo, moçode boa família, estivesse cheio de patifes, inimigos e ladrões armados com espadas, e se um mercador,líder de uma caravana, marchasse com uma caravana rica em jóias; se então eles percebessem aquelesladrões, patifes, e inimigos armados de espadas e, em suas ansiedades e pânicos, achassem que estavamperdidos; se, além disto, aquele mercador chefe falasse à caravana da seguinte forma: Não fiquem commedo, cavalheiros, não estejam amedrontados; invoquem, todos vocês, em uníssono o nome deAvalokitesvara com as seguintes palavras: Adoração, adoração ao doador da segurança, aoAvalokitesvara Bodhisatva Mahasatva! Então, meramente pela pronúncia daquele nome, a caravanaseria livrada de todo o perigo. Tal, moço de boa família, é o poder do Bodhisatva MahasatvaAvalokitesvara. No caso em que seres ajam sob o impulso da paixão impura, moço de boa família, elesirão, depois de adorar o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara, estar livres da paixão. Aqueles queagirem no impulso do ódio, irão, após adorarem o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara, estar livresdo ódio. Aqueles que agirem sob o impulso da enfatuação irão, após adorarem o Bodhisatva MahasatvaAvalokitesvara, estar livres da enfatuação. Tão poderoso, moço de boa família, é o BodhisatvaMahasatva Avalokitesvara. Se uma mulher, desejosa de ter filhos homens, moço de boa família, adoraro Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara, ela terá um filho, belo, simpático e lindo; um possuído dascaracterísticas de uma criança do sexo masculino, geralmente amado e vitorioso, um que plantou asboas raízes. Se uma mulher quiser ter uma filha, uma bela, simpática e linda filha nascerá para ela; uma

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Saddharma-Pundarika / As Transformações de Avalokitesvara / Capítulo 24

possuída das (boas) características de uma menina, geralmente amada e vitoriosa, uma que plantou asboas raízes. Tal, moço de boa família, é o poder do Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara.

Aqueles que adorarem o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara derivarão daí um lucro semerros. Suponha, moço de boa família, (de um lado) alguém que adore o Bodhisatva MahasatvaAvalokitesvara e que venere o seu nome; (do outro lado) um outro que adore um número de SenhoresBudas iguais a sessenta e duas vezes as areias do rio Ganges, reverenciando seus nomes e venerandotantos Senhores Budas durante suas estadias, existências, e vidas, dando roupas, tigelas de mendicância,camas, remédios para os doentes; quão grande é então em sua opinião, moço de boa família o acúmulode mérito pio que aquele moço ou moça produzirá em conseqüência disto? Assim indagado, oBodhisatva Mahasatva Akshayamati disse ao Senhor: Grande, Ó Senhor, grande, Ó Sugata, é o méritopio que aquele moço ou moça irá produzir em conseqüência disto. O Senhor prosseguiu: Agora, moçode boa família, o acúmulo de mérito pio produzido por aquele moço prestando homenagem a tantosSenhores Budas, e o acúmulo de mérito produzido por aquele que faça nem que seja um só ato deadoração ao Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara e respeite seu nome, são iguais. Aquele que adoraum número de Senhores Budas iguais a sessenta e duas vezes as areias do rio Ganges e respeite seusnomes, e aquele que adore o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara e respeite seu nome, têm umacúmulo igual de mérito pio; ambas as massas de mérito pio não são fáceis de serem destruídas mesmoem centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons. Tão imensa, moço de boa família, é o méritopio resultante de respeitar o nome do Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara.

Novamente o Bodhisatva Mahasatva Akshayamati disse ao Senhor: Como, Ó Senhor, é que oBodhisatva Mahasatva Avalokitesvara freqüenta este mundo de Saha? E como é que ele prega a lei? Equal é o alcance da habilidade do Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara? Assim indagado, O Senhorreplicou ao Bodhisatva Mahasatva Akshayamati: Em alguns mundos, moço de boa família, oBodhisatva Mahasatva Avalokitesvara prega a lei aos seres na forma de um Buda; em outros ele o fazna forma de um Bodhisatva. A alguns seres ele mostra a lei na forma de um Pratyekabuda; a outros eleo faz na forma de um discípulo; a outros novamente sob a forma de Brahma, Indra ou um Gandharva.Àqueles que seriam convertidos por um duende, ele prega a lei assumindo a forma de um duende;àqueles que seriam convertidos por Isvara, ele prega a lei na forma de Isvara; àqueles que seriamconvertidos por Mahesvara, ele prega a lei assumindo a forma de Mahesvara. Àqueles que seriamconvertidos por um Kakravartin, ele mostra a lei assumindo a forma de um Kakravartin; àquele queseria convertido por um demônio, ele prega a lei assumindo a forma de um demônio; àqueles queseriam convertidos por Kubera, ele mostra a lei pregando na forma de um Kubera; àqueles que seriamconvertidos por Senapati, ele prega a lei na forma de Senapati; àquele que seriam convertidosassumindo a de um Brâmane, ele prega na forma de um Brâmane; àqueles que seriam convertidos porVagrapani, ele prega na forma de Vagrapani. Com tais qualidades inconcebíveis, moço de boa família,está o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara agraciado. Portanto então, moço de boa família, honre oBodhisatva Mahasatva Avalokitesvara. O Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara, moço de boa família,dá segurança àqueles que estão ansiosos. Por isto ele é chamado de Abhayandada (Que quer dizerAquele que dá segurança) neste mundo de Saha.

Além disto, o Bodhisatva Mahasatva Akshayamati disse ao Senhor: Será que nós devemos darum presente de piedade, uma decoração de piedade, Ó Senhor, ao Bodhisatva MahasatvaAvalokitesvara? O Senhor replicou: Faça assim, se você achar que é oportuno. Então o BodhisatvaMahasatva Akshayamati pegou de seu pescoço um colar de pérolas, que valia centenas de milhares (depeças de ouro) e o presenteou ao Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara como uma decoração depiedade, com as palavras: Receba de mim esta decoração de piedade, bom homem. Mas ele não oaceitou. Então o Bodhisatva Mahasatva Akshayamati disse ao Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara:Por compaixão a nós, moço de boa família, aceite este colar de pérolas. Então o Bodhisatva MahasatvaAvalokitesvara aceitou o colar de pérolas por compaixão ao Bodhisatva Mahasatva Akshayamati e àsquatro classes e por compaixão aos deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas,Kinnaras, grandes serpentes, homens e seres não humanos. Então ele dividiu (o colar) em duas partese ofereceu uma parte ao Senhor Shakyamuni, e a outra à Stupa de jóias do Senhor Prabhutaratna, oTathagata, etc., que havia se tornado completamente extinto. Com tais capacidades de transformação,moço de boa família, o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara está se movendo neste mundo de Saha.

E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes.

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Saddharma-Pundarika / As Transformações de Avalokitesvara / Capítulo 24

1. Kitradhvaga indagou de Akshayamati a seguinte pergunta: Porque, filho do Gina, éAvalokitesvara assim chamado?

2. E Akshayamati, aquele oceano de visão profunda, depois de considerar como se quedava aquestão, disse a Kitradhvaga: Atente à conduta de Avalokitesvara.

3. Perceba de minha indicação como, por numerosos inconcebíveis Aeons, ele realizou seuvoto sob muitos milhares de kotis de Budas.

4. Ouvindo, vendo, regularmente e constantemente, irá infalivelmente destruir todo osofrimento, a existência (mundana) e o pesar dos seres vivos aqui na terra.

5. Se a pessoa for jogada num poço de fogo, por um inimigo malévolo com o objetivo de lhematar, ele tem somente que pensar em Avalokitesvara e o fogo se extinguirá com se fosse apagadocom água.

6. Se acontecesse que se caísse num oceano horrendo, o lar dos Nagas, monstros marinhos, edemônios, ele não tem senão que pensar em Avalokitesvara, e ele nunca afundará no rei das águas.

7. Se alguém for precipitado da borda de um precipício no Meru, por uma má pessoa com oobjetivo de matá-lo, ele não tem senão que pensar em Avalokitesvara e ele irá, como o sol, pairar noscéus.

8. Se pedras de raios e tempestades forem atiradas em direção à cabeça de alguém para matá-lo,não serão capazes de ferir um só cabelo de seu corpo.

9. Se alguém for cercado por uma multidão de inimigos armados de espadas, que têm aintenção de matá-lo, ele não deve senão pensar em Avalokitesvara, e eles imediatamente se tornarãobondosos.

10. Se alguém, entregue ao poder de carrascos, está já no lugar da execução, ele deve apenaspensar em Avalokitesvara, e suas espadas se farão em pedaços.

11. Se a pessoa estiver presa em algemas de madeira ou de ferro, ele deve apenas pensar emAvalokitesvara, e seus ligamentos rapidamente se soltarão.

12. Encantamentos poderosos, magia negra, ervas, fantasmas e espectros, perniciosos à vida,revertem para onde se originaram, quando se pensa em Avalokitesvara.

13. Se alguém estiver cercado por duendes, Nagas, demônios, fantasmas ou gigantes, queestiverem no hábito de se apropriarem do vigor corpóreo, ele não tem senão de pensar emAvalokitesvara, e eles não poderão jamais machucar um só cabelo de seu corpo.

14. Se alguém estiver cercado por feras temíveis de aguçados dentes e garras, ele não tem senãode pensar em Avalokitesvara, e eles todos fugirão em todas as direções.

15. Se alguém estiver cercado de cobras maliciosas e assustadoras por causas das chamas efogos (que emitem), ele não deve senão pensar em Avalokitesvara, elas rapidamente perderão seusvenenos.

16. Se um raio pesado fulgurar de uma nuvem cheia de raios e trovões, que se pense somenteem Avalokitesvara, e o fogo dos céus rapidamente, instantaneamente será debelado.

17. Ele (Avalokitesvara), com seu conhecimento poderoso, percebe a todos os seres que estãoaflitos com muitas centenas de dificuldades e afligidos por muitas tristezas, e é com isto o salvador domundo, inclusive dos deuses.

18. Como ele é perfeitamente hábil no poder da magia, e possuído de um vasto conhecimentoe habilidade, ele se mostra em todas as direções e em todas as regiões do mundo.

19. O nascimento, a decrepitude e a doença chegarão a um fim para aqueles que se encontramnos estados miseráveis da existência, no inferno, na criação bruta, no reino de Yama, para todos osseres (em geral).

Então Akshayamati na alegria de seu coração pronunciou as seguintes estrofes: 20. Ó vós cujos olhos são límpidos, cujos olhos são bondosos, distintos pelo conhecimento e

pela sabedoria, cujos olhos estão tão cheios de piedade e de benevolência; vós, tão adorável por vossolindo rosto e lindos olhos!

21. Vós que sois puro, cujo brilho é sem máculas, cujo conhecimento está livre da escuridão,vós, brilhando como o sol, que não baterás em retirada, radiante como a chama do fogo, espalhais emteu curso alado vosso lustros pelo mundo.

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Saddharma-Pundarika / As Transformações de Avalokitesvara / Capítulo 24

22. Ó vós que vos alegrais na bondade, tendo sua fonte na compaixão, grande nuvem de boasqualidades e de mente benevolente, vós apagais o fogo que vexa aos seres vivos, verteis o néctar, achuva da lei.

23. Na briga, disputa, guerra, batalha, em qualquer grande perigo, a pessoa tem apenas quepensar em Avalokitesvara, que irá dispersar a maldosa tropa de inimigos.

24. Se deve pensar em Avalokitesvara, cujo som é como o da nuvem, e do tambor, que trovejacomo uma nuvem de chuva, que tem uma boa voz como Brahma, (uma voz) que atravessa toda agama de tons.

25. Pense, Ó pense com tranqüilidade em Avalokitesvara, aquele ser puro; ele é um protetor,um refúgio, um recurso na morte, desastre, e calamidade.

26. Ele que possui a perfeição de todas as virtudes, e percebe a todos os seres com compaixãoe benevolência, ele, um oceano de virtudes, a Virtude mesma, ele Avalokitesvara, é digno de adoração.

27. Ele, tão compassivo para com o mundo, irá uma vez se tornar um Buda, destruindo todosos perigos e tristezas; Eu humildemente reverencio Avalokitesvara.

28. Este Senhor universal, chefe dos reis, que é uma rica mina de virtudes monásticas, ele,universalmente venerado, atingiu a iluminação pura e suprema, após trilhar seu curso (de dever)durante muitas centenas de Aeons.

29. Uma vez se quedando à direita, de outra feita à esquerda do Chefe Amitabha, a quem eleestá abanando, ele, em virtude da meditação, como um fantasma, em todas as regiões faz honra aoGina.

30. No oeste, onde o mundo puro Sukhakara está localizado, está o Chefe Amitabha, odomador dos homens, que ali fixou residência.

31. Ali não existem mulheres; o intercurso sexual ali é totalmente desconhecido; ali os filhos doGina, saltando para a existência por nascimento de aparição, estão sentados em flores de lótusimaculadas.

32. E o Chefe Amitabha, ele mesmo, está sentado em um trono na pura e bela flor de um lótuse brilha como o rei de Sala.

33. O líder do mundo, cujo estoque de mérito foi elogiado, não tem igual no mundo triplo. Ósupremo dentre homens, que nós prontamente nos tornemos como vós!

Como isto o Bodhisatva Mahasatva Dharanindhara levantou-se de seu assento, colocou seumanto superior em um ombro, fixou seu joelho direito na terra, esticou suas mãos postas em direçãoao Senhor e disse: Eles devem estar possuídos de não poucas boas raízes, Ó Senhor, os que virem estecapítulo do Dharmaparyaya sobre o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara e este miraculoso poder detransformação do Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara.

E enquanto este capítulo do Omnilateral estava sendo exposto pelo Senhor, oitenta e quatromil seres vivos naquela assembléia sentiram suas mentes atraídas àquela iluminação suprema e perfeita,com a qual nada mais se pode comparar.

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Saddharma-Pundarika / Devoção Antiga / Capítulo 25

CAPÍTULO 25

DEVOÇÃO ANTIGA

om isto o Senhor se dirigiu a toda a assembléia de Bodhisatvas: Nos tempos de antanho, moçosde boa família, numa época passada, incalculável, mais que incalculáveis Aeons atrás, naqueletempo apareceu no mundo um Tathagata chamado Galadharagargitaghoshasusvarana-kshatraragasankusumitabhigna, um Arhat, etc., agraciado com ciência e conduta, etc. etc., noAeon Priyadarsana, no mundo Vairokanarasmipratimandita. Agora, havia moços de boa família,

sob o reino espiritual do Tathagata Galadharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna umrei chamado Subhavyuha. Este rei Subhavyuha, moços de boa família, tinha uma esposa chamadaVimaladatta, e dois filhos, um chamado Vimalagarbha, o outro, Vimalanetra. Estes dois meninos, quepossuíam poder mágico e sabedoria, se aplicavam ao curso do dever dos Bodhisatvas, isto é, aosParamitas perfeitos de doação, moralidade, paciência, energia, meditação, sabedoria, e habilidade; eleseram realizados em benevolência, compaixão, simpatia alegre e equanimidade e em todos os trinta esete constituintes do verdadeiro conhecimento. Eles haviam perfeitamente dominado a meditaçãochamada Vimala (que quer dizer sem manchas), a meditação Nakshatraragaditya, a meditaçãoVimalanirbhasa, a meditação Vimalabhasa, a meditação Alankalasura, a meditação Mahategogarbha.Agora naquele tempo, naquele período, o dito Senhor pregava o Dharmaparyaya do Lótus Branco daVerdadeira Lei por compaixão aos seres viventes e para o rei Subhavyuha. Então, moços de boafamília, os dois jovens príncipes Vimalagarbha e Vimalanetra foram à sua mãe, a quem eles disseram,depois de esticarem suas mãos postas: Gostaríamos de ir, mãe ao SenhorGaladharagargitaghoshasusvaranakshatraragasan-kusumitabhigna, o Tathagata, etc., e isto, mãe, porqueo Senhor Galadharagargitaghoshasusvaranaksha-traragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc., expõe,em grande extensão, ante o mundo, inclusive os deuses, o Dharmaparyaya do Lótus Branco daVerdadeira Lei. Gostaríamos de ouvi-lo. Com o que a rainha Vimaladatta disse aos dois jovenspríncipes Vimalagarbha e Vimalanetra: Seu pai, moços cavalheiros, o rei Subhavyuha, favorece osBrâmanes. Portanto vocês não conseguirão permissão para ir ver o Tathagata. Então os dois jovenspríncipes Vimalagarbha e Vimalanetra, esticando suas mãos postas, disseram à sua mãe: Apesar determos nascido numa família que adere a doutrinas falsas, nos sentimos como filhos do rei da lei.Então, moços de boa família, a rainha Vimaladatta disse aos jovens príncipes: Bem, jovens cavalheiros,por compaixão por seu pai, o rei Subhavyuha, mostrem algum milagre, para que ele possa ficarfavoravelmente disposto a vocês e com isto permita que vocês vejam o SenhorGaladharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc.

Imediatamente os jovens príncipes Vimalagarbha e Vimalanetra se levantaram na atmosfera auma altura de sete árvores Tal e realizaram tais milagres que foram permitidos pelo Buda, porcompaixão com seu pai, o rei Subhavyuha. Eles prepararam no céu um leito e levantaram poeira; elestambém emitiram da parte inferior de seus corpos uma chuva de água e da parte superior, uma massade fogo; então novamente eles emitiram da parte superior de seus corpos uma chuva de água e daparte inferior, uma massa de fogo. Enquanto que no meio tempo no firmamento, ora elesaumentavam, ora diminuíam. Então eles desapareceram do céu apenas para voltar da terra e reaparecerno ar. Tais, moços de boa família, foram os milagres produzidos pelo poder mágico dos jovenspríncipes, com o que seu pai, o rei Subhavyuha, foi convertido. Vendo o milagre produzido pelo podermágico dos dois jovens príncipes, o rei Subhavyuha ficou contente, em altos espíritos, deleitado, alegre,contente e feliz, e, com as mãos postas elevadas, disse aos meninos: Quem é seu mestre, moçoscavalheiros? De quem sois alunos? E os dois jovens príncipes responderam ao rei Subhavyuha: Existe,nobre rei, existe e vive um Senhor Galadharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, umTathagata, etc.; sentado no assento da lei, ao pé da árvore da iluminação; ele extensivamente revela oDharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei para o mundo, inclusive os deuses. Aquele Senhor

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Saddharma-Pundarika / Devoção Antiga / Capítulo 25

é nosso Mestre, Ó nobre rei; somos seus discípulos. Então, moços de boa família, o rei Subhavyuhadisse aos jovens príncipes: Eu gostaria de ver vosso Mestre, moços cavalheiros; eu mesmo irei àpresença daquele Senhor. Depois que os dois jovens príncipes desceram do céu, moços cavalheiros,eles foram até suas mães e com as mãos postas esticadas para ela, disseram: mãe, convertemos nossopai para o conhecimento supremo e perfeito; agimos como mestres para com ele; portanto deixe-nosir agora; desejamos entrar na vida monástica junto com aquele Senhor. E naquela ocasião, moços deboa família, os jovens príncipes Vimalagarbha e Vimalanetra se dirigiram à sua mãe com as seguintesduas estrofes:

1. Permita-nos, Ó mãe, sair de casa e abraçar a vida sem lar; sim, nos tornaremos ascéticos, poisque é raro de se encontrar com um Tathagata.

2. Como a flor da figueira agrupada, não, mais raro ainda é o Gina. Que partamos;renunciaremos ao mundo; o momento favorável é precioso (e difícil de ser encontrado).

Vimaladatta disse:3. Agora eu dou a permissão para que partam; vão, meus filhos, eu dou minha permissão. Eu

mesma renunciarei a este mundo, pois que é raro de se encontrar com um Tathagata.

Tendo pronunciado estas estrofes, moços de boa família, os dois jovens príncipes disseram aosseus pais: Que vocês também, pai e mãe, venham junto conosco, ao SenhorGaladharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc., para vê-lo,humildemente saudá-lo e assisti-lo, e para ouvir a lei. Pois que, pai e mãe, a aparição de um Buda é rarade se encontrar como a flor da figueira agrupada, como o pescoço de uma tartaruga entrar ou encaixarnum buraco de uma madeira flutuante vagando pelos vastos mares. Por isto, pai e mãe, somos muitofelizes nisto, de termos nascido na época de um tal profeta. Portanto, pai e mãe, nos deixem partir;gostaríamos de ir nos tornar praticantes na presença do Senhor Galadharagargitaghoshasusvarana-kshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc., pois que ver o Tathagata é algo de muito raro. Um talrei da lei é raramente encontrado; uma tal ocasião favorável é raramente encontrada.

Agora, naquela conjuntura, moços de boa família, as oitenta e quatro mil mulheres do harémdo rei Subhavyuha se tornaram dignas de serem receptáculos deste Dharmaparyaya do Lótus Brancoda Verdadeira Lei. O jovem príncipe Vimalanetra praticou este Dharmaparyaya, enquanto que o jovempríncipe Vimalagarbha, durante muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons, praticou ameditação Sarvasattvalpapagahana, com o objetivo de que todos os seres abandonassem todos osmales. E a mãe dos dois jovens príncipes, a rainha Vimaladatta, reconheceu a harmonia entre todos osBudas e as questões tratadas por eles. Então, moços de boa família, o rei Subhavyuha, tendo sidoconvertido à lei do Tathagata, por meio dos dois jovens príncipes, tendo sido iniciado e trazido à plenamaturidade nele, junto com todos seus parentes e séquito; a rainha Vimaladatta, com toda a multidãode mulheres em seu séquito e os dois jovens príncipes, os filhos do Rei Subhavyuha, acompanhadospor quarenta e dois mil seres vivos, junto com as mulheres do harém e os ministros, todos foramjuntos e unanimemente ao Senhor Galadharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, oTathagata, etc. Chegando ao lugar onde se encontrava o Senhor, eles humildemente saudaram seus pés,circundaram-no três vezes da esquerda para direita e se quedaram a alguma distância. Então, moços deboa família, o Senhor Galadharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata,etc., percebendo o rei Subhavyuha, que havia chegado com seu séquito, o instruiu, encorajou, excitou econfortou com um sermão. E o rei Subhavyuha, moços de boa família, depois de ter sido bem edevidamente instruído, encorajado, excitado e confortado pelo sermão daquele Senhor, ficou tãocontente, alegre, deleitado, feliz, exultante e encantado, que pôs seu diadema na cabeça de seu irmãomais moço e o estabeleceu no governo, enquanto que ele mesmo, com seus filhos, parentes e séquito,bem como a rainha Vimaladatta e seu numeroso séquito de mulheres, os dois jovens príncipesacompanhados por quarenta e dois mil seres vivos todos foram juntos e unanimemente e saíram decasa, abraçando a vida sem lar, encorajados como estavam por suas fés na pregação do SenhorGaladharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc. Tendo se tornadoum asceta, o Rei Subhavyuha, com seu séquito, permaneceu durante oitenta e quatro mil anos seaplicando a estudar, meditar, e perfeitamente penetrar este Dharmaparyaya do Lótus Branco daVerdadeira Lei. Ao fim daqueles oitenta e quatro mil anos, moços de boa família, o rei Subhavyuhaadquiriu a meditação chamada Sarvagunalankaravyuha (que quer dizer disposição dos ornamentos de

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todas as boas qualidades). Tão logo ele adquiriu aquela meditação, ele se levantou sete Tals no céu, eenquanto se quedava no ar, moços de boa família, o rei Subhavyuha disse ao SenhorGaladharagargitaghoshasus-varanakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc.: Meus dois filhos, ÓSenhor, são meus mestres, já que é devido ao milagre produzido por seus poderes mágicos que eu fuisalvo daquele grande monte de doutrinas falsas, que fui estabelecido na Lei do Senhor, trazido à plenamaturidade nela, apresentado a ela e encorajado a ver o Senhor. Eles agiram como verdadeiros amigospara mim, Ó Senhor, aqueles dois jovens príncipes que, como filhos, nasceram em minha casa,certamente para me lembrar de minhas prévias raízes de bondade.

Com estas palavras o Senhor Galadharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna,o Tathagata, etc., falou ao rei Subhavyuha: É como dizes, nobre rei. De fato, nobre rei, tais moços oumoças de boa família que possuem raízes de bondade e irão em qualquer existência que seja, qualquerestado, descendência, renascimento ou lugar, facilmente encontrar verdadeiros amigos, que com elesfarão o papel de mestre, que os advertirão, plenamente os prepararão para obter a iluminação supremae perfeita. É uma posição exaltada, nobre rei, o trabalho de um verdadeiro amigo que desperta umoutro para ver o Tathagata. Vês estes dois jovens príncipes, nobre rei? Eu vejo, Senhor; eu vejo,Sugata, disse o rei. O Senhor prosseguiu: Agora, esses dois jovens cavalheiros, nobre rei, prestarãoveneração a sessenta e cinco (vezes o número de) Tathagatas, etc., iguais às areias do Ganges; elesmanterão este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, por compaixão aos seres quesustentam doutrinas falsas e com o objetivo de produzir naqueles seres um sincero buscar peladoutrina correta.

Com isto, moços de boa família, o rei Subhavyuha desceu dos céus e, tendo levantado suasmãos postas, disse ao Senhor Galadharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, oTathagata, etc.: Por favor, Senhor, condescenda em me dizer, de que conhecimento o Tathagata estápossuído, de tal forma que a protuberância em sua cabeça está brilhando; que os olhos do Senhorestão tão límpidos; que entre as sobrancelhas o Urna (círculo de cabelo) está brilhando, parecendo obranco da lua; que em sua boca uma fileira de dentes brancos e bem dispostos está resplandecendo;que o Senhor tem lábios vermelhos como o de Bimba e olhos tão bonitos.

Enquanto o rei Subhavyuha, moços de boa família, celebrou o Senhor Galadharagargitagho-shasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc., enumerando tantas boas qualidades ecentenas de milhares de miríades de kotis de outras boas qualidades além destas, ele disse ao SenhorGaladharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc.: É maravilhoso, ÓSenhor, como é valioso o ensinamento do Tathagata, e com quantas virtudes inconcebíveis a disciplinareligiosa proclamada pelo Tathagata está acompanhada; como são benéficos os preceitos moraisproclamados pelo Tathagata. Daqui em diante, Ó Senhor, não mais seremos escravos de nossa mente;não mais seremos escravos de falsas doutrinas; não mais escravos da temeridade; não mais escravos depensamentos maldosos que despertam em nós. Estando possuídos de tantas boas qualidades, ÓSenhor, eu não desejo me afastar da presença do Senhor.

Após humildemente saudar os pés do Senhor Galadharagargitaghoshasusvaranakshatraragasan-kusumitabhigna, o Tathagata, etc., o rei se levantou até o céu e ali se quedou. Com isto, o reiSubhavyuha e a rainha Vimaladatta do céu, jogaram um colar de pérolas que valia cem mil (peças deouro) para o Senhor; e tão logo aquele colar de pérolas desceu para a cabeça do Senhor, que assumiu aforma de uma torre com quatro colunas, regular, bem construída e linda. No cume da torre apareceuum leito coberto com muitas centenas de milhares de peças de fino pano e no leito foi vista a imagemde um Tathagata sentado de pernas cruzadas. Então o seguinte pensamento se apresentou ao reiSubhavyuha: O conhecimento de Buda deve ser muito poderoso e o Tathagata agraciado cominconcebíveis boas qualidades que esta imagem do Tathagata se mostra no cume de uma torre, umaimagem tão bonita, linda, possuída de uma extrema abundância de boas cores. Então o SenhorGaladharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc., se dirigiu às quatroclasses (e indagou): Vêem monges, o rei Subhavyuha que, se quedando no céu, está emitindo o rugidode um leão? Eles responderam: Vemos, Senhor. O Senhor prosseguiu: Este rei Subhavyuha, monges,depois de ter se tornado um monge sob meu comando deverá se tornar um Tathagata no mundo ,com o nome de Salendraraga, agraciado com ciência e conduta, etc. etc., no mundo Vistirnavati; suaépoca será chamada Abhyudgataraga. Aquele Tathagata Salendraraga, monges, o Arhat, etc., terá umaenorme congregação de Bodhisatvas, uma imensa congregação de discípulos. O dito mundo

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Saddharma-Pundarika / Devoção Antiga / Capítulo 25

Vistirnavati será plano como a palma da mão, e consistirá de lápis-lázuli. Então ele será um,inconcebivelmente grande, Tathagata, etc. Talvez, moços de boa família, vocês tenham alguma dúvida,incerteza ou insegurança (e pensarão) que o rei Subhavyuha naquele tempo, naquela conjuntura era umoutro. Mas não deveis pensar assim; pois que era aquele mesmo Bodhisatva Mahasatva Padmasri aquipresente, que naquele tempo, naquela conjuntura era o rei Subhavyuha. Talvez, moços de boa família,vocês tenham alguma dúvida, incerteza ou insegurança (e pensarão) que a rainha Vimaladatta naqueletempo, naquela conjuntura, era uma outra. Mas não devem pensar assim; pois que é aquele mesmoBodhisatva Mahasatva chamado Vairokanarasmipratimanditaraga, que naquele tempo, naquelaconjuntura era a rainha Vimaladatta, que por compaixão ao rei Subhavyuha e aos seres, havia assumidoo estado de ser esposa do rei Subhavyuha. Talvez, moços de boa família, vocês tenham alguma dúvida,incerteza, ou insegurança (e pensarão) que os dois jovens príncipes eram outros. Mas não devempensar assim; pois que era Bhaishagyaraga e Bhaishagyaragasamudgata, que naquele tempo, naquelaconjuntura eram os filhos do rei Subhavyuha. Com tais inconcebíveis qualidades, moços de boa família,eram os Bodhisatvas Mahasatvas Bhaishagyaraga e Bhaishagyaragasamudgata agraciados, eles, os doisbons homens, tendo plantado boas raízes sob muitas centenas de milhares de miríades de kotis deBudas. Aqueles que venerarem o nome destes dois bons homens deverão se tornar dignos de receberhomenagem do mundo, inclusive dos deuses.

Enquanto este capítulo da Devoção Antiga estava sendo exposto, a visão espiritual de oitenta equatro mil seres vivos, em respeito à lei, foi purificada para se tornar sem nuvens e imaculada.

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Saddharma-Pundarika /Encorajamento de Samantabhadra / Capítulo 26

CAPÍTULO 26

ENCORAJAMENTO DE SAMANTABHADRA

ntão o Bodhisatva Mahasatva Samantabhadra, no leste, cercado e seguido por BodhisatvasMahasatvas superando todo o cálculo, e entre o estremecimento dos campos, uma chuva delótus, o tocar de centenas de milhares de miríades de kotis de instrumentos musicais, precedidosda grande pompa de um Bodhisatva, a grande mostra de transformação típica de um Bodhisatva,a grande magnificência de um Bodhisatva, o grande poder de um Bodhisatva, o grande lustro de

um glorioso Bodhisatva, a grande marcha triunfal de um Bodhisatva, a grande mostra miraculosa deum Bodhisatva, uma grande visão fantasmagórica dos deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios,Garudas, Kinnaras, grandes serpentes, homens e seres não humanos, que, produzidos por sua mágica,lhe cercavam e seguiam; Samantabhadra, então, o Bodhisatva, entre tais milagres inconcebíveisrealizados pela mágica, chegou neste mundo de Saha. Ele se dirigiu para onde o Senhor se encontravano Gridhrakuta, o rei das montanhas e, se aproximando, ele humildemente saudou os pés do Senhor,fez sete circunduções da esquerda para a direita, e disse ao Senhor: Eu vim aqui, Ó Senhor, do campodo Senhor Ratnategobhyudgata, o Tathagata, etc., porque estou ciente, Senhor, que aqui neste mundode Saha está sendo ensinado o Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, para ouvir aquiloda boca do Senhor Shakyamuni, eu vim até aqui acompanhado por estas centenas de milhares deBodhisatvas Mahasatvas. Possa o Senhor anuir em expor, extensivamente, este Dharmaparyaya doLótus Branco da Verdadeira Lei a estes Bodhisatvas Mahasatvas. Assim requisitado, o Senhor disse aoBodhisatva Mahasatva Samantabhadra: Estes Bodhisatvas, moço de boa família, são, de fato, rápidosde compreensão, mas este é o Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, isto é, uma verdadenão misturada, nua e crua. Então os Bodhisatvas exclamaram: De fato, Senhor; de fato, Sugata. Então,para confirmar no Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, as mulheres dentre os monges,monjas, e devotos leigos reunidos na assembléia, o Senhor novamente falou ao Bodhisatva MahasatvaSamantabhadra: Este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, moço de boa família, seráconfiado a uma mulher se ela estiver possuída dos quatro requisitos, a saber: ela se quedará sob asuperintendência dos Senhores Budas; ela terá plantado boas raízes; ela se absterá à massa deregulamentações disciplinares; ela terá, para salvar aos seres, os pensamentos fixados na iluminaçãosuprema e perfeita. Estes são os quatro requisitos, moço de boa família, dos quais uma mulher deveráestar possuída, a quem este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei for confiado.

Então o Bodhisatva Mahasatva Samantabhadra disse ao Senhor: No fim dos tempos, no fim doperíodo, na segunda metade do milênio, eu protegerei os monges que mantiverem este Sutranta; Eutomarei conta de sua segurança, desviarei golpes e anularei o veneno, de tal forma que ninguémdeitando armadilhas para aqueles pregadores os possa surpreender, nem Mara, o Maligno, nem osfilhos de Mara, os anjos chamados Marakayikas, as filhas de Mara, os seguidores de Mara e todos osservidores de Mara; que nenhum deus, duende, fantasma, demônio, espectro, feiticeiro montandoarmadilhas para aqueles pregadores os possa ensarilhar. Incessantemente e constantemente, Ó senhor,eu protegerei um tal pregador. E quando um pregador que se aplicar a este Dharmaparyaya der umaandada, então, Ó Senhor, eu montarei num elefante branco de seis presas e, com uma hoste deBodhisatvas me dirigirei ao lugar onde aquele pregador estiver andando, para proteger esteDharmaparyaya. E quando aquele pregador, se aplicando a este Dharmaparyaya, se esquecer, nem queseja ma só palavra ou sílaba, então eu montarei o elefante branco de seis presas, mostrarei meu rostoàquele pregador e repetirei este Dharmaparyaya inteiro. E quando o pregador tiver visto meu corpomesmo e ouvido de mim este Dharmaparyaya inteiro, ele, contente, em altos espíritos, deleitado,encantado, feliz, alegre, e jubiloso, fará o seu máximo para estudar este Dharmaparyaya, eimediatamente depois de me perceber ele adquirirá a meditação e obterá encantamentos, chamados de

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Saddharma-Pundarika /Encorajamento de Samantabhadra / Capítulo 26

talismãs de preservação, o talismã de centenas de milhares de kotis e o talismã de habilidade em todosos sons.

Novamente, Senhor, os monges, monjas, leigos devotos homens e mulheres, que no fim dostempos, no fim do período, na segunda metade do milênio, estudarem este Dharmaparyaya, quandoestiverem andando durante três semanas, (ou) vinte e um dias, a eles eu mostrarei meu corpo, com cujavisão todos os seres se alegram. Montado naquele mesmo elefante branco de seis presas, e cercado poruma hoste de Bodhisatvas eu, no vigésimo primeiro dia me dirigirei ao lugar onde os pregadoresestiverem caminhando; ali eu os despertarei, excitarei e estimularei, e os darei encantamentos atravésdos quais aqueles pregadores se tornarão invioláveis, de forma que nenhum ser, nem humano, nemnão humano, será capaz de os surpreender, e nenhuma mulher capaz de os fazer cair. Eu os protegerei,tomarei conta de sua segurança, desviarei golpes e destruirei o veneno. Além disto, eu darei, Ó Senhor,àqueles pregadores palavras de encantamentos talismânicos, tais como Adande dandapati, dandavartanidandakusale dandasudhari dhari sudharapati, buddhapasyani dharani, avartani samvartanisanghaparikshite sanghanirghatani dharmaparikshite sarvasattvarutakausalyanugate simhavikridite. OBodhisatva Mahasatva, cujo órgão de audição ouvir estas palavras talismânicas, Senhor, estaráconsciente que o Bodhisatva Mahasatva Samantabhadra está por trás disto.

Além disto, Senhor, os Bodhisatvas Mahasatvas a quem este Dharmaparyaya do Lótus Brancoda Verdadeira Lei for confiado, enquanto ele dure no Gambudvipa, aqueles pregadores, Senhor,devem ter o seguinte ponto de vista: É devido ao poder e à grandeza do Bodhisatva MahasatvaSamantabhadra que este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei seja confiado a nós.Aquelas criaturas que escreverem e mantiverem este Sutra, Ó Senhor, irão participar do curso de deverdo Bodhisatva Mahasatva Samantabhadra; eles pertencerão àqueles que plantaram boas raízes sobmuitos Budas, Ó Senhor, e cujas cabeças são afagadas pelas mãos do Tathagata. Aqueles queescreverem e mantiverem este Sutra, Ó Senhor, me darão prazer. Aqueles que escreverem este Sutra,Ó Senhor, e o compreenderem, irão, ao desaparecerem deste mundo, depois de o haver escrito,renascer na companhia dos deuses do paraíso, e naquele nascimento irão se aproximar deles,imediatamente, oitenta e quatro mil ninfas celestes. Adornados com uma alta coroa, eles irão, comoanjos, morar entre aquelas ninfas. Tal é a massa de mérito resultante de escrever este Dharmaparyaya;quanto maior ainda será a massa de mérito colhida por aquele que o recitar, estudar, meditar sobre ele,e o lembrar! Portanto, moços de boa família, a pessoa deve honrar este Dharmaparyaya do LótusBranco da Verdadeira Lei e o escrever com a maior atenção. Aquele que o escrever com atenção plena,será sustentado pelas mãos de mil Budas, e no momento de sua morte ele verá outros mil Budas face aface. Ele não afundará para um estado miserável e, depois de desaparecer deste mundo, ele entrará nacompanhia dos deuses de Tushita, onde o Bodhisatva Mahasatva Maitreya está residindo, e onde,marcado pelas trinta e duas sublimes características, cercado por uma hoste de Bodhisatvas e atendidopor centenas de milhares de miríades de kotis de ninfas celestes, ele está pregando a lei. Portanto,então, moços de boa família, um sábio moço ou moça de boa família deve respeitosamente escrevereste Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, respeitosamente recitá-lo, respeitosamenteestudá-lo, respeitosamente o entesourar em sua mente. Escrevendo, recitando, estudando esteDharmaparyaya, e o entesourando em sua mente, moços de boa família, ele irá adquirir inumeráveisboas qualidades. Segue-se que um moço ou moça de boa família sábio deve manter esteDharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. Eu mesmo, ó Senhor, irei superintender esteDharmaparyaya, que através de minha superintendência ele possa se espalhar aqui no Gambudvipa.

Então o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., expressou sua aprovação ao BodhisatvaMahasatva Samantabhadra. Muito bem, muito bem, Samantabhadra. É uma coisa feliz que você estejatão disposto a prover o bem e a felicidade das pessoas em geral, com compaixão pelas pessoas, para obenefício, bem e felicidade do grande corpo dos homens; que estejas agraciado com tais inconcebíveisqualidades, com uma mente tão cheia de compaixão, com intenções tão inconcebivelmente bondosas,de tal forma que, por vontade própria, tomarás aqueles pregadores sob tua proteção. Os moços deboa família que reverenciarem o nome do Bodhisatva Mahasatva Samantabhadra podem estarconvencidos que eles viram Shakyamuni, o Tathagata, etc.; que eles ouviram este Dharmaparyaya doLótus Branco da Verdadeira Lei do Senhor Shakyamuni; que eles prestaram homenagem ao TathagataShakyamuni; que eles aplaudiram a pregação do Tathagata Shakyamuni. Eles terão alegremente aceitoeste Dharmaparyaya; o Tathagata terá deitado sua mão em suas cabeças e eles terão vestido o Senhor

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Saddharma-Pundarika /Encorajamento de Samantabhadra / Capítulo 26

Shakyamuni com suas roupas. Aqueles moços e moças de boa família, Samantabhadra, devem serestimados como tendo aceito o comando do Tathagata. Eles não encontrarão prazer em filosofiasmundanas; ninguém que goste demasiado de poesia os agradará; nem dançarinos, atletas, vendedoresde carne, açougueiros de carneiros, vendedores de galinhas, açougueiros de porcos, ou dissipadores osagradarão. Depois de ter ouvido, escrito, mantido, ou lido tais Sutrantas como este, eles nãoencontrarão deleite nestas pessoas. Eles devem ser estimados como estando possuídos de umacorreção natural; eles terão a mente correta por si mesmos, possuirão o poder de fazer o bem por simesmos e darão uma impressão agradável aos outros. Tais serão os monges que mantiverem esteSutranta. Nenhum apego passional os impedirá, nenhum ódio, nenhuma enfatuação, nenhuma inveja,nenhum ciúme, nenhuma hipocrisia, nenhum orgulho, nenhum convencimento, nenhuma mentira.Aqueles pregadores, Samantabhadra, estarão contentes com o que eles receberem. Ele, Samantabhadra,que no fim dos tempos, no fim do período, na segunda metade do milênio, vir um monge mantendoeste Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, deve assim pensar: Este moço de boa famíliaatingirá o terraço da iluminação; este moço conquistará a tropa do malvado Mara, moverá adiante aroda da lei, baterá o tambor da lei, soprará a trombeta e a concha da lei, espalhará a chuva da lei eascenderá ao trono real da lei. Os monges que no fim dos tempos, no fim do período, na segundametade do milênio, mantiverem este Dharmaparyaya, não serão cobiçosos, nem avaros de mantos e deveículos. Aqueles pregadores serão honestos e possuídos das três emancipações; eles se refrearão denegócios mundanos. Tais pessoas, que conduzem ao erro, monges que conhecerem este Sutranta,nascerão cegos; e tais que abertamente os difamem, terão um corpo cheio de manchas neste mundomesmo. Aqueles que zombam e caçoam de monges que copiarem este Sutranta, terão dentesquebrados e separados uns dos outros; lábios horrendos, um nariz chato, mãos contorcidas e péstambém, olhos que piscam; um corpo pútrido, um corpo coberto com furúnculos fedorentos,erupções, ferimentos e urticária. Se alguém disser uma palavra maldosa, verdadeira ou falsa, a estesescritores, leitores e mantenedores deste Sutranta, deve ser considerado um pecado capital. Portantoentão, Samantabhadra, as pessoas devem, mesmo de longe, se levantarem de seus assentos diante dosmonges que mantiverem este Dharmaparyaya e mostrarem a mesma reverência que ao Tathagata.

Enquanto este capítulo do Encorajamento de Samantabhadra estava sendo exposto, centenasde milhares de kotis de Bodhisatvas Mahasatvas, iguais às areias do rio Ganges, adquiriram oencantamento talismânico Avarta.

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Saddharma-Pundarika / O Período / Capítulo 27

CAPÍTULO 27

O PERÍODO

ntão o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., se levantou do púlpito, pegou os Bodhisatvas,tomou de suas mãos direitas com sua própria mão direita, que havia se tornado forte com oexercício da mágica e falou naquela ocasião como se segue: Em suas mãos, moços de boa família,eu transfiro e transmito, confio e deposito esta iluminação suprema e perfeita chegada por mimapós centenas de milhares de miríades de kotis de incalculáveis Aeons. Sim, moços de boa família,

façam o melhor possível de tal forma que possa crescer e se espalhar.Uma segunda vez, uma terceira vez o Senhor falou com a hoste de Bodhisatvas após tê-los

tomado pela mão direita: Em suas mãos, moços de boa família, eu transfiro e transmito, confio edeposito esta suprema e perfeita iluminação chegada por mim após centenas de milhares de miríadesde kotis de Aeons incalculáveis. Recebam-na, moços de boa família, mantenham-na, leiam-na, sondem-na, ensinem-na, promulguem-na, e preguem-na a todos os seres. Eu não sou avaro, moços de boafamília, nem mesquinho; eu estou confiante e com vontade de dividir o conhecimento de Buda, detransmitir o conhecimento do Tathagata, o conhecimento do não-nascido. Eu sou um doadorabundante, moços de boa família e vocês, moços de boa família, sigam o meu exemplo; me imitem emmostrar liberalmente este conhecimento do Tathagata, e na habilidade, e preguem este Dharmaparyayaaos moços de moças de boa família que sucessivamente se juntarem ao redor de vocês. E com apessoas que em nada acreditam, despertem-nos para aceitar esta lei. Fazendo isto, moços de boafamília, vocês quitarão suas dívidas para com os Tathagatas.

Assim falados pelo Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., os Bodhisatvas, cheios de deleite ealegria, e com um sentimento de grande respeito, inclinaram, curvaram, e dobraram seus corpos emdireção ao Senhor e, com a cabeça inclinada e as mãos postas esticadas, eles falaram em uníssono aoSenhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., as seguintes palavras: Faremos isto, Ó Senhor, o que oTathagata comandar; nós realizaremos o comando de todos os Tathagatas. Que o Senhor estejatranqüilo quanto a isto, e perfeitamente confiante. Uma segunda vez, uma terceira vez a assembléiainteira de Bodhisatvas falou em uníssono as mesmas palavras: Que o Senhor esteja tranqüilo quanto aisto e perfeitamente confiante. Nós faremos, Ó Senhor, o que o Tathagata nos comanda; realizaremoso comando de todos os Tathagatas.

Com isto o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., dispensou todos aqueles Tathagatas, etc.,que haviam vindo à reunião de outros mundos e desejou a eles uma existência feliz com as palavras:Possam os Tathagatas, etc., viver com felicidade. Então ele restaurou a Stupa de substâncias preciosasdo Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., ao seu lugar e lhe desejou também uma existência feliz.

Assim falou o Senhor. Os incalculáveis, inumeráveis Tathagatas, etc., que tinham vindo deoutros mundos e estavam sentados em seus tronos ao pé das árvores de jóias, bem comoPrabhutaratna, o Tathagata, etc., e toda a hoste de Bodhisatvas chefiados por Visihtakaritra, osinumeráveis, incalculáveis Bodhisatvas Mahasatvas que haviam saído das fendas na terra, os grandesdiscípulos, as quatro classes, o mundo, inclusive os deuses, homens, demônios, e Gandharvas, emêxtase aplaudiram as palavras do Senhor.

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