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    NOTA CIENTÍFICA

    Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 1, p. 840-842, jul. 2007

    IntroduçãoA família Bombacaceae constitui-se de plantas

    arbóreas, distribuídas em regiões tropicais, predominantemente nas Américas, sendo nativa do suldo México até o norte da América do Sul, podendo serencontrados alguns gêneros na África e Ásia,compreendendo cerca de 28 gêneros e 200 espécies[1,2,3].

    Pertencente a esta família,Pachira aquatica Aubl. é

    uma espécie popularmente conhecida como munguba.Possui tronco grosso de coloração castanho-amarronzado, copa grande e densa, folhas alternas,digitadas, verde-escuras. As flores possuem pétalasestreitas e compridas, de coloração castanho-amareladas,com muitos estames brancos na parte basal e róseo-avermelhados em direção ao ápice. Os frutos possuemnumerosas sementes de testa fina, sendo que esta, a princípio, possui coloração castanho clara escurecendo-se com o tempo [2].

    Esta espécie é muito cultivada como ornamental,sendo recomendada especialmente para a arborizaçãourbana em praças e jardins, pois possui fácil manutençãosilvicultural [2].

    O conhecimento da morfologia, da germinação, docrescimento e do estabelecimento da plântula tem sidoressaltado, como imprescindível para compreender ociclo biológico e os processos de estabelecimento da planta em seu habitat [4]. Este conhecimento auxilia, juntamente com outros fatores, na identificação botânicadas espécies, sendo que as análises dos caracteresmorfológicos de frutos, sementes, plântulas egerminação contribuem para o estudo dos mecanismosde dispersão, sucessão e regeneração natural da espécie,assim como para fins filogenéticos e ecológicos [5,6,7].

    No entanto, apesar da extrema importância dessesestudos, há pouco conhecimento sobre a maioria dasespécies amazônicas, quanto ao potencial de exploração

    econômica e sua contribuição para o bem-estar humanona região, assim como na economia nacional [8].

    São necessários trabalhos científicos para se conhecera morfologia das espécies e, devido à carência deconhecimentos sobre as espécies amazônicas, nessetrabalho objetivou-se analisar esta espécie para o melhorconhecimento morfológico de seus frutos, sementes,germinação e plântula.

    Material e métodosForam coletados seis frutos, dos quais se avaliou o peso fresco e o número de sementes por fruto. De umaamostra de 50 sementes foram determinadas asdimensões de comprimento, largura, espessura e pesofresco. Para as variáveis avaliadas, calculou-se a médiaaritmética e desvio padrão, conforme a metodologiaadotada por Gomes [9] e calculado pelo programaBioEstat 4.0 [10].

    A assepsia das sementes foi feita com hipoclorito desódio (NaClO) a 1% durante 3 minutos e posteriorlavagem em água destilada corrente, antes de colocá-las para germinar em câmara tipo B.O.D., na temperaturaconstante de 30ºC, em bandejas plásticas de 40x20x6cm,em duas repetições de 25 sementes, utilizando-se comosubstrato a mistura de areia e terra preta na proporção de1:1.

    As sementes germinadas foram repassadas para sacosde polietileno de 500g contendo como substrato umamistura de terra preta e areia na proporção de 1:1.

    As características externas para descrição morfológicados frutos, sementes, processo germinativo e plântulasforam observadas em maiores detalhes com auxílio delupa de mesa e o registro gráfico feito através deconfecção de pranchas de desenhos de observação e

    câmara clara.A terminologia empregada para as descrições, foi deacordo com Oliveira [11] e Barroso [12].

    Morfologia do fruto, da semente, germinação e plântula dePachira aquatica Aubl. (Bombacaceae)

    Luciene Zagalo de Oliveira1, Fabiano Cesarino2, Fabiola Vitti Moro3,Tammya de Figueiredo Pantoja4 e Breno Marques da Silva e Silva5

    ________________1. Graduanda da Universidade Federal do Amapá e Bolsista de Iniciação Científica do Programa Institucional de Bolsas CNPq-PIBIC/IEPA.Rodovia Juscelino Kubistschek, Km 10, s/n, Bairro Fazendinha, Macapá, AP, CEP 68912-250. E-mail: [email protected]. Pesquisador do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá – IEPA, Centro de Pesquisas Zoobotânicas e Geológicas,Divisão de Botânica. Rodovia Juscelino Kubistschek, Km 10, s/n, Bairro Fazendinha, Macapá, AP, CEP 68912-250.3. Professora da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal,Departamento de Biologia Aplicada a Agropecuária e Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq – Nível 2. Via de Acesso Rodovia Prof.Paulo Donato Castellane, s/n, Jaboticabal, SP, CEP 14884900.4. Mestranda do Curso de Pós-graduação em Genética e Melhoramento de Plantas da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho,Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal. Via de Acesso Rodovia Prof. Paulo Donato Castellane, s/n, Jaboticabal, SP, CEP14884900.

    5. Mestrando do Curso de Pós-graduação em Tecnologia e Produção de Sementes da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho,Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal. Via de Acesso Rodovia Prof. Paulo Donato Castellane, s/n, Jaboticabal, SP, CEP14884900.Apoio financeiro: CNPq, PIBIC e IEPA.

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    Resultados e Discussão

    A. Morfologia do fruto

    O fruto é uma cápsula septicida, lenhosa, de texturaaveludada [2]. É pentacarpelar, de coloração castanhoescuro, simples e deiscente, com forma oblonga e ápiceobtuso (Fig. 1A). Possuem em média 38,8 ± 14,2

    sementes/fruto, dispostas ao longo do eixo central eligadas pelos funículos. A média do peso do fruto é de1.522 ± 0,4 g.

    B. Morfologia da sementeAs sementes são albuminosas, com coloração castanho

    clara inicialmente, mudando para tons mais escuros como decorrer do tempo. Possuem forma oblonga a circular(Fig. 1B e 1C). Peixoto & Escudeiro [2] afirmam que assementes desta espécie possuem tamanhos variados e,Barroso [12] as consideram como angulosas e grandes,embebidas no dissepimento carnoso do endocarpoapresentando embrião com dois cotilédones brancos,

    foliáceos, um de tamanho maior que o outro. Apesar deBarroso [12] ter considerado o cotilédone foliáceo, propomos que seja classificado como crassofotossintetizante. O hilo é heterocromo, possuindocoloração mais escura que o tegumento, de formaaproximadamente circular e bastante evidente (Fig. 1B).As sementes possuem o tegumento externo de texturarugosa e o interno liso. O embrião possui coloraçãoesbranquiçada, sendo o que cotilédone maior encobre ocotilédone menor, dobrando-se e envolvendo o eixoembrionário (Fig. 1D).

    As sementes têm comprimento médio de 37,7 ± 4,9mm, largura média de 28,9 ± 3,3 mm e espessura médiade 22,6 ± 3,3 mm. A média do peso fresco é de 13,478 ±2,1 g. Quanto ao hilo, a média do comprimento é de 10,0± 1,3 mm e da largura 7,1 ± 1,4 mm.

    C. Morfologia da germinação e plântulaCom três dias de semeadura, a germinação inicia-se

    com a emissão da raiz primária, de coloração branca e pouco pilosa (Fig. 1E). A raiz primária alonga-seapresentando raízes secundárias próximas ao colo, a partir sexto dia após a semeadura (Fig. 1F). Aemergência ocorre, em média, com 12 dias, com oalongamento do hipocótilo ereto, cilíndrico e decoloração verde, situado imediatamente acima da raiz primária e abaixo do nó cotiledonar, elevando oscotilédones acima do solo. Com 14 dias ocorre aexpansão dos cotilédones, expelindo o tegumento. Nessafase já pode ser observado o alongamento do epicótilotambém ereto, cilíndrico e esverdeado, elevando a gemaapical (Fig. 1G). Os cotilédones continuam comdiferentes tamanhos, sendo um menor e outro maior, e possuem coloração verde (Fig. 1H). Comaproximadamente 20 dias após a semeadura, o primeirometafilo expande-se, sendo trifoliolado, glabro, peciolado, com estípulas de forma triangular e com púlvinos de coloração verde. Os folíolos apresentam

    peciólulos, ápice acuminado, base aguda, margem lisa econsistência subcoriácea (Fig. 1I).

    A germinação é do tipo epígea-fanerocotiledonar, poiscomo salienta Aguiar [13], este tipo de germinaçãocaracteriza-se pela elevação dos cotilédones acima donível do solo pelo hipocótilo, liberando-se do tegumento.

    Com 45 dias ocorre o fenecimento do cotilédone

    menor. A plântula com 50 dias possui, ainda, folhas juvenis, como metafilos trifoliolados, com filotaxiaalterna, com estípulas caducas, pecíolo intumescido nasextremidades, com folíolos peciolulados; a plântulaexibe, também, muitas raízes secundárias e terciáriasnesta fase (Fig. 1J). No hipocótilo e epicótilo ocorre a presença de lenticelas de coloração branca.

    A análise morfológica do fruto, da semente, dagerminação e da plântula apresentou resultadosconfiáveis quanto ao seu reconhecimento para trabalhosfuturos de tecnologia para produção de mudas.

    Referências[1] CRONQUIST, A. 1981. An integrated system of classification of

    flowering plants. New York: Columbia University Press. 1262p.[2] PEIXOTO, A.L. & ESCUDEIRO, A. 2002.Pachira aquatica

    (Bombacaceae) na Obra “História dos Animais e Árvores doMaranhão” de Frei Cristóvão de Lisboa. Rodriguésia . 53 (82):123-130.

    [3] PAULA,V.F.; CRUZ, M.P.; BARBOSA, L.C.A. 2006.Constituintes químicos de Bombacopsis glabra (Bombacaceae).São Paulo. Química Nova, 29 (2): 213-215.

    [4] KAGEYAWA, P.Y. & VIANA, V.M. 1989. Tecnologia desementes e grupos ecológicos de espécies arbóreas tropicais. In:Anais do simpósio brasileiro sobre tecnologia e sementesflorestais. (série documentos), 2: 248

    [5] DONADIO, N.M.M. & DEMATÊ, M.E.S.P. 2000.Caracterização morfológica de frutos, sementes e plântulas de

    Sapuva ( Machaerium stipidatum (DC.) Vog.) – Fabaceae. Revista Brasileira de Sementes , 22 (1): 193-199.[6] OLIVEIRA, D.M.T. 2001. Morfologia comparada de plântulas e

    plantas jovens de leguminosas arbóreas nativas: espécies dePhaseoleae, Sophoreae, Swartzieae e Tephrosieae . Revista

    Brasileira de Botânica , 24 (1): 87-97.[7] MELO, M.G.G; MENDONÇA, M.S & MENDES, A.M.S. 2004.

    Análise morfológica de sementes, germinação e plântulas de jatobá ( Hymenaea intermedia Ducke var. adenotricha (Ducke)Lee & Lang.) (Leguminosae-caesalpinioideae). Acta Amazônica,34 (1): 9-14.

    [8] CLEMENT, C.R; MÜLER, C.H. & FLORES, W.B.C. 1982.Recursos Genéticos de Espécies Frutíferas da AmazôniaBrasileira. Acta Botânica , 12 (4): 677-695.

    [9] GOMES, F.P. 1987.Curso de estatística experimental . São Paulo.ESALQ. 467p.

    [10] AYRES, M.; AYRES Jr, M.; AYRES, D.L. & SANTOS, A.S.2004. BioEstat 4.0: Aplicações estatísticas nas áreas das ciênciasbiológicas e médicas . Sociedade Civil Mamirauá, Manaus - AM.

    [11] OLIVEIRA, E.C. 1993. Morfologia de plântulas florestais. In: AGUIAR, I.B.; PIÑA-RODRIGUES, F.C.M. & FIGLIOLIA,M.B. Sementes florestais tropicais. Brasília: ABRATES. p.175-214.

    [12] BARROSO, G.M.; AMORIM, M.P.; PEIXOTO, A.L.; &ICHASO, C.L.F. 1999.Frutos e Sementes: Morfologia Aplicadaà Sistemática de Dicotiledôneas . Universidade Federal de Viçosa – UFV. p.87-391.

    [13] AGUIAR, I.B.; PIÑA RODRIGUES, F.C.M. & FIGLIOLIA,M.B. 1993.Sementes Florestais Tropicais . ABRATES. Brasília. p.175-213.

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    Figura 1. Fig. 1A, fruto dePachira aquatica . Fig. 1B, semente em vista frontal. Fig. 1C, semente em vista lateral. Fig. 1D,embrião. Fig. 1E, desenvolvimento da raiz primária. Fig. 1F, alongamento da raiz primária. Fig. 1G, cotilédones expandidos semo tegumento, exibindo o hipocótilo e epicótilo. Fig. 1H, detalhe dos cotilédones com diferentes tamanhos. Fig. 1I, metafilotrifoliolado. Fig. 1J, plântula com 50 dias, exibindo metáfilos, catáfilos, raízes secundárias e terciárias. Abreviaturas: ca, catáfilo;cl, colo; ct, cotilédone; ep, epicótilo; fo, folíolo; hi, hilo; hp, hipocótilo; rd, radícula; rp, raiz primária; rs, raiz secundária; rt, raizterciária; pm, primeiro metafilo; sm, segundo metafilo; tm, terceiro metafilo.

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