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|| Boletim de Análise e Previsão Climática da RPCH || || Boletim de Análise e Previsão Climática da RPCH || || Boletim de Análise e Previsão Climática da RPCH || || Boletim de Análise e Previsão Climática da RPCH || página - 1 - O uso das informações contidas neste boletim é de completa responsabilidade do usuário. O projeto RPCH é financiado pela MCT, através do convênio 3641/06. REDE ESTADUAL DE PREVISÃO CLIMÁTICA E HIDROMETEOROLÓGICA DO PARÁ - RPCH UFPA Faculdade de Meteorologia 2º Distrito de Meteorologia Diretoria de Recursos Hídricos SIPAM - CR-BE Divisão de Meteorologia Divisão de Análise Ambiental ANO ANO ANO ANO V Nº 55 JUL JUL JUL JULHO HO HO HO 20 20 20 2011 Boletim disponível online em: www3.ufpa.br/rpch ►Padrões oceânicos e atmosféricos do último mês: A distribuição espacial das anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) sobre os oceanos Pacífico e Atlântico no mês de junho de 2011 é mostrada na FIGURA 1. É nítido o enfraquecimento do fenômeno La-Niña, tanto em relação às anomalias como a sua área de abrangência, assim como o surgimento de uma área com águas mais quentes, próxima a 2ºC na região do Niño 1+2. Contudo, não se descarta uma possível reativação do La-Niña, em especial no último trimestre do ano, pois o monitoramento das águas subsuperficiais realizado com bóias oceanográficas na região equatorial do Pacífico indica a tendência de afloramento de águas mais frias situadas entre 100 e 200 metros de profundidade. No Atlântico tropical norte as anomalias positivas de TSM mais intensas, entre 0,5ºC e 1,5ºC estão em torno de 15ºN. Já a bacia sul do Atlântico apresenta neutralidade em sua maior parte, exceto a região equatorial e uma extensa faixa abaixo de 30ºS com anomalias de TSM positiva, entre 0,5ºC e 2,5ºC. As águas no Atlântico Sul, próximas a costa da África, que outrora apresentavam intensas anomalias positivas de TSM, agora apresentam anomalias negativas. Essa configuração favorece o posicionamento de bandas de nebulosidade próximas a costa Norte da América do Sul (AS), impulsionadas por sistemas indutores de precipitação embutidos nos ventos de leste, assim como anomalias de nebulosidades associadas à Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). A FIGURA 2 mostra a circulação atmosférica média observada em junho na alta troposfera, 200 hPa, aproximadamente 12 km de altura. Neste mês observou-se a presença de um anticiclone ao que tudo indica ser a Alta da Bolívia. Esta favorece a precipitação na região norte do Brasil, porém nesse período não se mostra tão atuante, haja vista que os totais mensais de chuva na figura 2 não ultrapassaram 250 mm no estado do Pará. ►Padrões climáticos persistentes no último trimestre: A FIGURA 3 representa os padrões médios de anomalias de TSM para o período compreendido entre abril e junho de 2011. Observa-se a redução da área com anomalias negativas de TSM no Pacífico tropical central (agora em estado de neutralidade), assim como uma pequena região próxima a costa oeste da AS, com anomalias positivas de TSM. Quanto ao Atlântico tropical, grande parte da bacia apresentou águas dentro da normalidade, com faixas de anomalias positivas e negativas, em especial a localizada entre 10ºN e 20ºN com águas entre 0,5ºC e 1,5ºC. Essa configuração favorece a ocorrência de pulsos da ZCIT, associados às nuvens que se deslocam nos ventos de leste. FIGURA 1: Anomalia mensal de Temperatura da Superfície do Mar em ºC observada sobre os oceanos Pacífico e Atlântico em junho/2011. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP 1 . FIGURA 2: Precipitação mensal CPC/NCEP e vento (linhas de corrente em preto) em altitude (200 hPa) observados em junho/2011. A escala de cores ao lado da figura indica a intensidade da precipitação em mm. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP. FIGURA 3: Anomalia trimestral de TSM em ºC observada sobre os oceanos Pacífico e Atlântico no período de abril/2011 a junho/2011. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP. 1 National Centers for Environmental Prediction

Padrões oceânicos e atmosféricos do último mês - SEMAS · cores ao lado da figura indica a intensidade da precipitação em mm. ... A distribuição espacial da precipitação

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Page 1: Padrões oceânicos e atmosféricos do último mês - SEMAS · cores ao lado da figura indica a intensidade da precipitação em mm. ... A distribuição espacial da precipitação

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REDE ESTADUAL DE PREVISÃO CLIMÁTICA E HIDROMETEOROLÓGICA DO PARÁ - RPCH

UFPA

Faculdade de Meteorologia

2º Distrito de Meteorologia

Diretoria de Recursos Hídricos

SIPAM - CR-BE

Divisão de Meteorologia Divisão de Análise Ambiental

ANO ANO ANO ANO VVVV Nº Nº Nº Nº 55555555 JULJULJULJULHOHOHOHO 2020202011111111 Boletim disponível online em: www3.ufpa.br/rpch

►Padrões oceânicos e atmosféricos do último mês: A distribuição espacial das anomalias de Temperatura da Superfície

do Mar (TSM) sobre os oceanos Pacífico e Atlântico no mês de junho de 2011 é mostrada na FIGURA 1. É nítido o enfraquecimento do fenômeno La-Niña, tanto em relação às anomalias como a sua área de abrangência, assim como o surgimento de uma área com águas mais quentes, próxima a 2ºC na região do Niño 1+2. Contudo, não se descarta uma possível reativação do La-Niña, em especial no último trimestre do ano, pois o monitoramento das águas subsuperficiais realizado com bóias oceanográficas na região equatorial do Pacífico indica a tendência de afloramento de águas mais frias situadas entre 100 e 200 metros de profundidade.

No Atlântico tropical norte as anomalias positivas de TSM mais intensas, entre 0,5ºC e 1,5ºC estão em torno de 15ºN. Já a bacia sul do Atlântico apresenta neutralidade em sua maior parte, exceto a região equatorial e uma extensa faixa abaixo de 30ºS com anomalias de TSM positiva, entre 0,5ºC e 2,5ºC. As águas no Atlântico Sul, próximas a costa da África, que outrora apresentavam intensas anomalias positivas de TSM, agora apresentam anomalias negativas. Essa configuração favorece o posicionamento de bandas de nebulosidade próximas a costa Norte da América do Sul (AS), impulsionadas por sistemas indutores de precipitação embutidos nos ventos de leste, assim como anomalias de nebulosidades associadas à Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).

A FIGURA 2 mostra a circulação atmosférica média observada em junho na alta troposfera, 200 hPa, aproximadamente 12 km de altura. Neste mês observou-se a presença de um anticiclone ao que tudo indica ser a Alta da Bolívia. Esta favorece a precipitação na região norte do Brasil, porém nesse período não se mostra tão atuante, haja vista que os totais mensais de chuva na figura 2 não ultrapassaram 250 mm no estado do Pará. ►Padrões climáticos persistentes no último trimestre:

A FIGURA 3 representa os padrões médios de anomalias de TSM para o período compreendido entre abril e junho de 2011. Observa-se a redução da área com anomalias negativas de TSM no Pacífico tropical central (agora em estado de neutralidade), assim como uma pequena região próxima a costa oeste da AS, com anomalias positivas de TSM.

Quanto ao Atlântico tropical, grande parte da bacia apresentou águas dentro da normalidade, com faixas de anomalias positivas e negativas, em especial a localizada entre 10ºN e 20ºN com águas entre 0,5ºC e 1,5ºC. Essa configuração favorece a ocorrência de pulsos da ZCIT, associados às nuvens que se deslocam nos ventos de leste.

FIGURA 1: Anomalia mensal de Temperatura da Superfície do Mar em ºC observada sobre os oceanos Pacífico e Atlântico em junho/2011. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP1.

FIGURA 2: Precipitação mensal CPC/NCEP e vento (linhas de corrente em preto) em altitude (200 hPa) observados em junho/2011. A escala de cores ao lado da figura indica a intensidade da precipitação em mm. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP.

FIGURA 3: Anomalia trimestral de TSM em ºC observada sobre os oceanos Pacífico e Atlântico no período de abril/2011 a junho/2011. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP.

1 National Centers for Environmental Prediction

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►Características Regionais da Chuva observada em junho de 2011:

A FIGURA 4A mostra os volumes mensais de chuva registrados nas estações meteorológicas de superfície. Os acumulados pluviométricos sobre o Estado do Pará neste mês já mostraram reduções significativas em relação aos meses anteriores, principalmente no extremo Sudeste do Estado, onde o município de Conceição do Araguaia não teve chuva registrada. Por outro lado, as regiões Nordeste e região metropolitana de Belém (RMB), mostraram volumes significativos. Os totais mensais mais elevados de chuva ocorreram nas estações de: Tiriós (Calha Norte) 253 mm, seguido de Belém com 241 mm, municípios de Tracuateua e Capanema (região nordeste) 226 mm e 210 mm, respectivamente e o município de Tucuruí com 226 mm, este último se tornando destaque, por estar na região sudeste onde todas as outras estações apresentaram chuvas abaixo de 50 mm. A distribuição espacial da precipitação pode ser visualizada na FIGURA 4B, onde, a RMB, parte da Calha norte e o nordeste Paraense, apresentaram totais mensais de chuva próximos ou acima de 200 mm. A categorização das anomalias de precipitação é observada na FIGURA 4C, onde, o Estado do Pará apresentou uma grande variabilidade de precipitação, com as classes de chuva na categoria acima e muito acima do normal predominando em parte da Calha Norte e porção norte da região Sudeste do Pará. As regiões do Marajó, grande parte do Nordeste, faixa central do estado e região Sudoeste apresentaram categorias abaixo e muito abaixo do normal, para as demais regiões predominaram chuvas dentro da categoria normal.

FIGURA 4A: Precipitação mensal observada nas estações pluviométricas do INMET, ANA/CPRM e SEMA. Os valores indicam o total mensal em mm.

FIGURA 4B: Precipitação interpolada espacialmente sobre o Estado do Pará. A escala de cores indica o volume de chuva acumulado em mm.

FIGURA 4C: Anomalia categorizada da precipitação pelo método dos percentis para as categorias MUITO

ACIMA, ACIMA, NORMAL, ABAIXO e MUITO ABAIXO.

►Características Persistentes da Chuva no Último Trimestre: A FIGURA 5 mostra a anomalia de precipitação categorizada

para o trimestre: abril, maio e junho de 2011. Os municípios situados na RMB, a área situada entre as regiões Nordeste e Sudeste, grande parte da Calha Norte e a região entre o Baixo Amazonas e Sudoeste, tiveram favorecimento aos movimentos ascendentes, formação de nuvens e a ocorrência de chuvas, ficando com a categoria acima e muito acima do normal. Nas demais regiões, houve predomínio do padrão de normalidade, exceto o extremo sudoeste e a região do Marajó com categoria abaixo do normal e muito abaixo do normal.

FIGURA 5: Anomalia categorizada da precipitação no trimestre

abril-maio-junho de 2011.

A climatologia mensal da precipitação foi obtida com base no

método dos percentis aplicado aos dados das estações pluviométricas contendo séries temporais com mais de 30 anos de registros de chuva. Esta metodologia estatística indica os valores mais freqüentes de precipitação da categoria normal em um intervalo entre o mínimo climatológico (painel inferior da Fig. 6) e o máximo climatológico (painel superior da Fig. 6) esperado para cada mês.

O trimestre é heterogêneo no estado do Pará. A porção norte vai apresentando gradual redução nos totais mensais de chuva. Já o sul do Estado apresenta variação entre o fim do período seco e início do chuvoso, com o mês de outubro já sendo de transição, com chuvas acima de 100 mm, 150 mm ao mês. Climatologicamente no sul do Pará, o fim desse trimestre representa o enfraquecimento dos movimentos descendentes que tendem a inibir as chuvas na região.

FIGURA 6: Climatologia mensal da precipitação sobre o estado do Pará referente aos meses de agosto, setembro e outubro.

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CONSIDERAÇÕES COMPLEMENTARES: Este boletim é resultado da 55ª Reunião de Análise e Previsão Climática organizada pela RPCH no dia 27/07/2011 na Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Belém-PA.

INSTITUIÇÕES PARCEIRAS E DE APOIO TÉCNICO-CIENTÍFICO:

D E F E S A C I V I L

P A R Á

►Prognóstico Climático Mensal: Na FIGURA 7, apresentam-se as previsões de consenso da precipitação para cada mês do próximo trimestre para o Estado do Pará,

sendo que no painel superior tem-se o mapa da previsão da precipitação em anomalias categorizadas e no painel inferior, o volume de chuva correspondente a categoria prevista. A paulatina redução do fenômeno climático La Niña, assim como o fim do período chuvoso, reduz os volumes mensais de chuva no Estado. Assim, as condições favoráveis a formação de nuvens e a precipitação ocorrerão de formas isoladas. Logo, os totais mensais de precipitação devem ficar dentro da categoria normal em grande parte do Estado do Pará no trimestre agosto/setembro/outubro. A exceção fica para o Noroeste da região correspondente a Calha Norte e a área entre a RMB e a porção Nordeste da Ilha do Marajó, onde, devem predominar categorias de chuva acima do normal. Vale lembrar que as áreas com categorias de chuva normal, estão sujeitas a ocorrência de pontos com as categorias abaixo ou acima do normal. Os meses de setembro e outubro, por sua vez, apresentarão chuvas dentro da categoria normal em grande parte do Estado. Exceto a região do Marajó e leste do Nordeste, com chuvas na categoria abaixo do normal no mês de setembro e as regiões do Sudeste e Sudoeste. RMB e parte do Marajó, chuvas na categoria acima do normal para o mês de outubro.

Agosto/2011: Precipitação acima do normal no noroeste da Calha Norte, e áreas entre a Ilha do Marajó e RMB. Nas demais áreas as chuvas ficarão dentro da categoria normal, sujeito a pontos isolados com as categorias abaixo ou acima do normal.

FIGURA 7A: Prognóstico mensal para agosto/2011.

Setembro/2011: Predomínio de chuvas na categoria normal no Estado, exceto em parte das regiões nordeste e região do Marajó, sujeito a pontos isolados com as categorias abaixo ou acima do normal.

FIGURA 7B: Prognóstico mensal para setembro/2011.

Outubro/2011: Categoria acima do normal em parte das regiões Sudoeste, Sudoeste e Marajó, assim como a área correspondente a RMB. Categoria abaixo do normal. Calha Norte, nas demais regiões chuvas dentro do normal.

FIGURA 7C: Prognóstico mensal para outubro/2011.

►Prognóstico Climático Sazonal da Precipitação: A previsão para o trimestre agosto, setembro e outubro de 2011 é

representada pela FIGURA 8, onde, o mapa acima é demonstrativo da anomalia categorizada de chuvas e a figura abaixo, os totais de chuva em milímetros. Predomínio da categoria normal em grande parte do Estado, a exceção fica para o extremo leste da região Nordeste e parte da Calha Norte com chuvas na categoria abaixo do normal. Por outro lado a região Sudoeste ficará dentro da categoria acima do normal. Vale ressaltar que as áreas com chuvas dentro do Normal, estão sujeitos a pontos isolados com as categorias abaixo ou acima do normal. ►Prognóstico de Temperatura:

As temperaturas no trimestre agosto, setembro e setembro em grande parte do Estado ficarão dentro da média ou levemente acima, em torno de 1ºC a 1,5ºC, principalmente nas regiões nordeste e sudeste do Pará.

FIGURA 8: Prognóstico sazonal para o trimestre agosto/setembro/outubro de 2011.