Pag 64a69 Uso Medicamentos

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/19/2019 Pag 64a69 Uso Medicamentos

    1/6

    64 Rev. Bras. Farm., 89(1), 2008

    O uso de medicamentos no Brasil:uma revisão crítica

    Medicines use in Brazil: a critical review 

    Rogério Dias Renovato

    Recebido em 22/8/20071Farmacêutico, Doutorando em Educação pela UNICAMP, Pesquisador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Práticas de Educação e Saúde (PRAESA)/UNICAMP,

    Professor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS).

    SUMMARY  

     – The medicine has been the major therapeutic resource of the occidental medical science that has progr essed materially in the latest century. The aim of this article is understand the use of medicines,as a cultural phenomenon that joins yourself with the field of economy and politics. So, I will try to make

     problematic the reality, intend to insert this social practices in a historical dimension, paying attention tothe contradictions that appears and discuss the irrationalities in such vital area to the human being asthe health, health right and the access to the use of medicines. It is important to show briefly the scenery of the health and medicines policy in Brazil, forwarding to necessary contexts to fix dialectic connectionswhen possible, because the use of medicines constitutes itself in social facts, insert in the history dynamic,witch phenomenon is not finished but in permanent transformation. The role of the drug industry and

     pharmacy was also studied, considering their relevancy in relation to the consumption of medicines and

    to the disparities that were formed in the access to these therapeutic resources.KEYWORDS  – Medicines use, health, drug industry, pharmacy.

    RESUMO  – O medicamento tem sido o principal recurso terapêutico da medicina ocidental, que evoluiumaterialmente no último século. O objetivo deste artigo é compreender o uso de medicamentos, como umfenômeno cultural, que se articula com os campos da economia e da política. Assim, pretendo problema-tizar a realidade, e situar tais práticas sociais em uma dimensão histórica, atentando para as contradiçõesque se apresentam, e procurando desvelar as irracionalidades em uma área tão vital para o homem, queé a saúde, o direito à saúde e o acesso a medicamentos. Considero relevante apresentar sucintamente ocenário das políticas públicas de saúde e medicamentos no Brasil, avançando em contextos necessáriospara estabelecer as conexões dialéticas sempre que possível, pois o uso de medicamentos é prática social,inserido na dinâmica da história, cujo fenômeno não se encontra acabado, mas em permanente transfor-mação. O papel da indústria farmacêutica e da farmácia também foi discutido, considerando a relevânciade ambas em relação ao consumo de medicamentos e ás desigualdades que se configuram no acesso aestes recursos terapêuticos.

    PALAVRAS-CHAVE – Uso de medicamentos, saúde, indústria farmacêutica, farmácia.

    INTRODUÇÃO

    P ara os gregos, a terapêutica era uma forma de relacionamento do homem com a natureza, cujosfins específicos eram a cura ou o retorno à saúde. As-sim, o homem buscou no meio ambiente o remédio,elemento externo, que proporcionará a cicatrização dosferimentos, a melhoria dos sintomas, e até a supera-ção da morte.

    O remédio é um conceito abstrato que traz consigo

    elementos de alteridade, ambigüidade, estranheza eproximidade. Tais adjetivações podem ser mais bemexplicadas através da palavra grega “Pharmakon”, quepode significar, tanto corante, como remédio e veneno.Os fármacos ou medicamentos podem, então, propiciar a vida como a morte (Dutra, 1998).

    O uso de medicamentos como recurso terapêuticoevoluiu no decorrer da história da humanidade, e tor-nou-se o principal instrumento tecnológico do campo

    da saúde, cuja evolução maior deu-se a partir da Se-gunda Guerra Mundial, através da sua industrializa-ção acompanhada de avanços na ciência, que permiti-ram a síntese de novos fármacos, bem como a utiliza-ção de recursos instrumentais que pudessem compro-var sua eficácia e segurança.

    O medicamento industrializado moderno é um ob- jeto científico híbrido, que deve ser considerado tantonas suas dimensões de instrumento terapêutico, comode bem de consumo. A caracterização do medicamento

    como bem de consumo é necessária para compreender de maneira crítica o conceito de uso racional (Sevalho,2003).

    O medicamento é uma unidade que possui um valor de uso ao lado do seu valor de troca, e que a exemplodas demais mercadorias, tornou-se um instrumento deacumulação de poder e capital, como decorrentes de umprocesso histórico, que se iniciou na revolução indus-trial e na consolidação do capitalismo (Nascimento, 2005)

    115/415 Farmácia Social – Ponto de Vista Em curso 5/3/08

    Rev. Bras. Farm., 89(1): 64-69, 2008

  • 8/19/2019 Pag 64a69 Uso Medicamentos

    2/6

    65Rev. Bras. Farm., 89(1), 2008

    O medicamento pode apresentar o aspecto dupla-mente simbólico das mercadorias ocidentais contem-porâneas, ou seja, não apenas proporciona saúde atra-vés da promoção da cura das doenças, mas tambémpode ser utilizado e renegociado para enfatizar dife-renças de estilos de vida, demarcando as relações so-ciais, como acontecem com os medicamentos estilos devida – sildenafil e orlistat (Featherstone, 1995; Azize,2002). Neste caso, o medicamento-mercadoria tornou-se a expressão estética da mais valia que sucumbe àlógica do mercado.

     Assim, a proposta deste artigo é compreender o usode medicamentos, como um fenômeno cultural, que searticula com os campos da economia e da política. Omedicamento não é apenas um recurso terapêutico,pautado no modelo tecno-biomédico, mas também umfenômeno vinculado e subordinado às necessidades deprodução e reprodução da força de trabalho, assumin-do a forma de mercadoria. Este estudo pode ser consi-derado como uma revisão crítica, que através de umtrajeto sistematizado de idéias, adota a abordagem in-terdisciplinar tecendo articulações com outros campos

    disciplinares, como a história e a sociologia.Para atingir os objetivos a que me proponho, consi-

    dero relevante apresentar mesmo que sucintamente ocenário das políticas públicas de saúde e de medica-mentos no Brasil, tendo como marco inicial a décadade 80, porém entendendo que tais políticas estão dire-tamente articuladas às políticas econômicas adotadaspelos governos brasileiros, e as suas interfaces com asorganizações mundiais, neste caso, o Fundo Monetá-rio Internacional e os países capitalistas dominantes,como os Estados Unidos e os do continente europeu.

    Em outro momento pretendo aprofundar o papel daindústria farmacêutica e da farmácia, como elementosindispensáveis ao uso de medicamentos e das desi-

    gualdades que se configuram em relação ao acesso. Eao final desse percurso, espero que a realidade apre-sentada possa ser transformada em propostas e contri-buições, entendendo que o uso de medicamentos en-volve práticas culturais e sociais inseridas na dinâmicada história, cujo fenômeno não se encontra acabado,porém, em permanente transformação

    1. Políticas de Saúde no Brasil

    O acesso à assistência à saúde desde 1930 estevevinculado à previdência social. O seguro social, de ca-ráter compulsório, tinha seu financiamento atrelado àmassa salarial, ou seja, à contribuição do empregado edo empregador calculadas como um percentil do salá-

    rio recebido e pago (Cohn, 2002). A partir de meados de 1970, iniciou-se no país oprocesso de transição democrática, que incluiu tambémmilitância política pela conquista da saúde como direi-to e dever do Estado. A reforma sanitária proposta con-sistiu na construção de um sistema de saúde único fun-damentalmente estatal; sendo o setor privado suple-mentar àquele, mas sob poder público, e de caráter descentralizador.

    Essa proposta foi aprovada na 8ª. Conferência Nacio-nal de Saúde, em 1986, e concretizada na Constituiçãode 1988. Porém, nessa época duas correntes sobre o Esta-do se debruçavam: a concepção neoliberal, que estabele-ceu o Estado Mínimo e o mercado como principal agente

    regulador da ordem econômica; e a concepção da neces-sidade da presença de um Estado democrático forte.

    O Sistema Único de Saúde (SUS), fruto dos movi-mentos populares e sanitaristas, ocorreu apenas nogoverno Fernando Collor de Melo, sob fortes embates,que tentaram obstruir inclusive o sistema de financia-mento do SUS.

    Em 1990, o Estado brasileiro experimentou um am-plo processo de redefinição e de reformas, que teveimplicações no âmbito econômico, político e ideológi-co. Na área da saúde, o Estado afirmou em documen-tos oficiais que pretendia deixar de ser o executor dire-to dos serviços de saúde, para apenas restringir-se àformulação das grandes estratégias de saúde, o quedeixa claro a política de redução do papel do Estadona oferta direta desses serviços e a intenção de priori-zar as suas ações na avaliação dos resultados (Rizzotto& Conterno, 2002).

     A ideologia neoliberal atingiu o setor saúde, ou pelomenos parte dele, neste caso a assistência hospitalar, aque mais custos apresentava. Na prática verificou-se aracionalização do acesso hospitalar ou a moderação dademanda. Algumas estratégias foram feitas, como aredução de leitos disponíveis na rede conveniada ao

    SUS, a privatização de leitos na rede pública e as filas,nos casos de cirurgias eletivas (Rizzotto & Conterno,2002).

    Em 1990, também se verificou a ampliação dos ser-viços de cuidados básicos à saúde, como o Programade Saúde da Família, o Programa de Agentes Comuni-tários da Saúde, a Farmácia Básica, que propunhamrupturas com o modelo hospitalocêntrico, centrado nadoença, e na figura do médico. Todavia, para algunscríticos, traziam consigo elementos neoliberais cujo pa-pel do Estado seria garantir um mínimo para aliviar apobreza e produzir serviços que os privados não po-dem ou não querem produzir, além daqueles que eram,a rigor de apropriação coletiva (Laurell, 2002).

    O neoliberalismo também foi incorporado pelos or-ganismos internacionais de saúde, como a Organiza-ção Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Pan-americana de Saúde (PAHO). Estas organizações têmenunciado como proposta de solução para os proble-mas financeiros na área de saúde, os processos de ges-tão adotados pelos mercados e a participação de insti-tuições privadas, como fontes de financiamento e tro-cas de experiências (Waitzkin et al, 2005).

     2. Políticas de Medicamentos no Brasil

    No início do século XX, os medicamentos consumi-dos no Brasil eram originários da atividade de um grandenúmero de pequenos e médios laboratórios nacionais,

    poucos estrangeiros e também de importações. Com adescoberta de novos fármacos, o avanço das pesquisascientíficas, o processo de desnacionalização se avolu-mou acentuadamente, sendo que já em 1970, a produ-ção de medicamentos se concentrou em laboratóriosfarmacêuticos estrangeiros.

    Esses laboratórios avançaram no mercado brasilei-ro adquirindo as pequenas e médias empresas nacio-nais, mediante o conjunto de medidas da política eco-nômica com ênfase na industrialização, não se preo-cupando em desenvolver políticas que fortalecessemo parque fabril brasileiro, e muito menos, programar políticas nacionais de medicamentos, facilitando oacesso da população a esse recurso terapêutico (Gio-

    vanni, 1980). A Central de Medicamentos (CEME) criada em

  • 8/19/2019 Pag 64a69 Uso Medicamentos

    3/6

    66 Rev. Bras. Farm., 89(1), 2008

    1971 teve como política de medicamentos atuar de for-ma a acomodar os interesses das indústrias farmacêu-ticas, e propiciar a expansão do consumo de medica-mentos para a população de baixo poder aquisitivo. A CEME perdurou até 1997, onde foi extinta, e consti-tuiu-se em uma grande distribuidora estatal de medi-camentos, lócus de redes de corrupção, e componentede uma política equivocada e assistencialista.

     A questão problemática dos medicamentos semprefoi tema de debates e de aberturas de Comissões Parla-mentares de Inquérito (CPIs). No período entre 1961 a2000 foram instituídas 7 CPIs, que abordaram ques-tões que têm se repetido desde a primeira CPI (Edito-rial, 1999).

    Em 1998, foi apresentada e aprovada a Política Na-cional de Medicamentos, um documento amplo, masque requer força política para que se concretize. A se-guir, em 1999, ocorreu a criação da Agência Nacionalde Vigilância Sanitária (ANVISA), agência responsá-vel por várias funções, dentre elas a regulamentaçãodo setor farmacêutico.

    E ao final de 1990, foi promulgada a política de

    medicamentos genéricos, que consistiu em fomentar acompetição via preço, cujos fundamentos foram: o usodestacado da denominação genérica para os medica-mentos sem a proteção da patente e a certificação dequalidade, eficácia e segurança desses produtos, quedessa forma poderiam substituir os medicamentos demarca sem risco ao paciente. Porém, apesar dos benefí-cios dessa política em relação ao acesso a medicamen-tos, sua comercialização também pode ser incorporadana lógica do capital, produzindo preferencialmente ape-nas os mais rentáveis, em detrimento dos medicamen-tos essenciais.

    3. O uso de medicamentos e o papel da indústriafarmacêutica

     A indústria farmacêutica é integrante do chamadocomplexo médico-industrial, uma das atividades eco-nômicas privadas mais importantes do mundo globali-zado. O processo de extensão da prática médica nãocorrespondeu a um fenômeno simples e linear de au-mento de um consumo específico, mas através de umarede complexa nos mais variados âmbitos na qual seexpressaram os interesses e o poder de diferentes clas-ses sociais (Donnangelo, 1979). A medicina teve seupapel acentuado no processo de produção da mais va-lia, visto que a melhoria das condições de saúde dotrabalhador confluiu para maior produtividade por umcusto mais reduzido.

    O processo terapêutico ao longo dos anos incorpo-rou novos elementos materiais, que incluíram desdeprodutos sempre inovadores da indústria farmacêuti-ca, até uma enorme variedade de equipamentos, arte-fatos e instrumentos de alta tecnologia produzidos por muitos setores industriais, que devem ser considera-dos como mercadorias, e cujo consumo só se realizaatravés da medicina, mesmo que a produção seja ex-terna a ela. Assim, o monopólio da prática médica as-segura-lhe uma posição central na distribuição e con-sumo dessas mercadorias e, portanto, na realização deseu valor, permitindo que se complete o processo devalorização do capital aplicado na produção industrial(Donnangelo, 1979).

    Desse modo, os medicamentos podem ser um dosinstrumentos que contribuem para a flexibilidade do

    trabalhador exigida pelo capitalismo tardio, cuja prin-cipal característica é a acumulação flexível. Os medi-camentos permitem que o trabalhador cuide de suasaúde ou doença, enquanto realiza suas inúmeras ta-refas. Em um mundo de incertezas e constantes mu-danças, a forte pressão de se manter o emprego, osmedicamentos constituem-se em instrumentos de apoioe suporte para superar o estresse do trabalho e dasrelações interpessoais (Vuckovic & Nichter, 1997).

    Como afirma Antunes (1999) a resposta à crise docapital é o “processo de intensificação do trabalho, como conseqüente aumento da insegurança no emprego,do estresse e das doenças decorrentes da atividade la-borativa”. Assim através dos medicamentos, o consu-midor acredita ser capaz de comprar a paz, a felicida-de, o corpo magro, o prazer sexual e a energia neces-sária para enfrentar o labor diário.

    O mercado farmacêutico encontra-se em crescimen-to há alguns anos, sendo a taxa anual média em tornode 7 a 8%. A lógica do consumo de medicamentos estácada vez mais relacionada com o poder aquisitivo daspopulações, em detrimento das reais necessidades de-

    finidas pelos indicadores epidemiológicos que relatamas condições de vida. Cerca de 1/3 da população mun-dial não tem acesso regular aos medicamentos essen-ciais. Apesar do faturamento crescente da indústria far-macêutica, o número de unidades farmacêuticas nãotem aumentado o que explica que a elevação dos lu-cros se deve ao aumento dos preços dos medicamentos(Santos, 2001).

    Dentre os medicamentos mais vendidos no merca-do farmacêutico, apenas 20% são considerados essen-ciais. A rentabilidade da indústria farmacêutica chegaa 15,1%, superando o setor automotivo, varejista, deconstrução civil e alimentos. Outro dado importante éque 35% dos medicamentos, no Brasil, são adquiridos

    sem receita médica, o que configura automedicaçãoabusiva (Nascimento, 2005).

    Desde 1950, as indústrias farmacêuticas incorpora-ram o processo denominado integração vertical, comoestratégia de dominação do mercado mundial. A inte-gração, então, consiste em realizar todas as etapas dafabricação do medicamento, da produção à comerciali-zação. Porém, como característica de empresas trans-nacionais, nos países em desenvolvimento, como o Bra-sil, as indústrias farmacêuticas operam apenas nas úl-timas etapas do processo produtivo, ficando o aspectotecnológico retido em suas matrizes ou em locais queofereçam condições adequadas para a pesquisa e odesenvolvimento de novos fármacos.

     A indústria farmacêutica apresenta três característi-cas: a internacionalização, a diversificação e a concen-tração, sendo a primeira já explicitada anteriormente(Bermudez, 1994). A diversificação é uma das caracte-rísticas do setor farmacêutico, e também um dos ele-mentos-chave, que garante os monopólios ou oligopó-lios diferenciados. As empresas farmacêuticas se espe-cializam em classes terapêuticas, subclasses terapêuti-cas e principalmente em grupos farmacológicos quími-cos. Como por exemplo, temos indústrias que se espe-cializam em medicamentos para o tratamento de disli-pidemias, neste caso as estatinas, medicamentos indi-cados para reduzir as taxas de colesterol do sangue.Desse modo, não se deve falar em mercado de antibió-

    ticos, deve-se falar nos submercados das tetraciclinas,dos macrolídeos, dos aminoglicosídeos. Esse oligopó-

  • 8/19/2019 Pag 64a69 Uso Medicamentos

    4/6

    67Rev. Bras. Farm., 89(1), 2008

    lio é retro-alimentado pela proteção das patentes e pelaelevada soma de capital para promoção dos produtos(Santos, 2001).

     A diversificação produz a concentração que na maio-ria dos casos remete ao monopólio. À primeira vista, omercado farmacêutico apresenta um número conside-rável de produtores, todos contendo uma fatia relativa-mente pequena do mercado total. Como exemplo, a Aventis Pharma, no período de outubro de 1999 a outu-bro de 200, encontrava-se no 1o lugar do ranking dasindústrias farmacêuticas com 6,56% de participação nomercado brasileiro e a Schering do Brasil, em 10o lu-gar, apresentava 2,55% de participação (Reis & Bermu-dez, 2004).

    Entretanto, quando verificamos o mercado referen-te aos princípios ativos, observamos um elevado graude concentração. O medicamento Prozac®, cujo princí-pio ativo é a fluoxetina, um antidepressivo, dominavaexpressiva fatia do mercado no ano de 1999, sendo queseu índice de dominância por substancia ativa em ter-mos de dólares americanos, atingiu cerca de 70% domercado brasileiro (Santos, 2001).

    O mercado farmacêutico também utiliza formas al-ternativas de concorrência, que não incluem a diferen-ciação dos seus produtos via preço, mas estratégias decompetição que visam à diferenciação de produtos as-sociada à propaganda e à promoção de vendas (con-corrência extrapreço). A diferenciação de produtos e olançamento de novos medicamentos estão fundamen-tados no conceito Inovação.

     A inovação é a principal justificativa da indústriafarmacêutica para o custo elevado dos medicamentos,principalmente dos medicamentos novos, que são ti-dos como superiores na eficácia e segurança, cuja di-vulgação de seu uso ocorre através da propaganda ex-tensiva envolvendo todo ciclo de comercialização dos

    medicamentos, bem como seus atores, dentre eles osmédicos, os propagandistas, as distribuidoras farma-cêuticas, os farmacêuticos, as farmácias e drogarias, osconsumidores finais, e até os centros de pesquisa.

     A obsolescência dos antigos medicamentos encon-tra fundamento, não apenas no lançamento de medica-mentos novos e mais eficazes, como também na estra-tégia do mercado em promover o aumento da circula-ção de mercadorias frente à redução gradativa do uni-verso de consumidores excluídos principalmente nospaíses em desenvolvimento e naqueles em condiçõesprecárias. Assim “por uma questão de sobrevivênciano mercado-mundo, necessitando ganhar competitivi-dade no seu ramo, os capitalistas desencadeiam um

    processo, que é o da redução ao máximo dos ciclos devida útil dos produtos e serviços” (Mascarenhas, 2005).Em se tratando dos medicamentos é acrescida a ob-

    solescência psicológica. Esses objetos sofrem um pro-cesso de desgaste simbólico, que justifica, em curtotempo, sua substituição por um novo produto. Os me-dicamentos portam uma espécie de usura psicológica,pois a eficácia diminui com o envelhecimento do pro-duto, mesmo na ausência de inovações (Cordeiro, 1980).

     Atualmente, um dos principais embates da indús-tria farmacêutica tem sido o prolongamento dos prazosde patentes, considerando que as exigências e os cus-tos para a aprovação de novas drogas aumentaram con-sideravelmente e o lançamento de novas drogas tem se

    estabilizado e até diminuído, principalmente aquelasdenominadas “blockbusters”, como é o caso do silde-

    nafil, que trouxe faturamentos bilionários para o labo-ratório fabricante.

     A seguir apresento outros dispositivos empregadospela indústria farmacêutica que podem contribuir paraa expansão do uso de medicamentos, como a propa-ganda e a promoção de vendas de medicamentos e arelação indústria-prescritor.

    3.1 A relação médico-indústria e a propaganda e suasimplicações para o uso de medicamentosComo já apresentado acima, a figura do médico é

    importante para que o ciclo do medicamento, pois esseprofissional de saúde detém o poder de prescrever aopaciente quais medicamentos ele deve tomar. A receitamédica contendo medicamentos, em conformidade como diagnóstico por ele definido, é uma ordem que deveser cumprida para que o paciente/usuário obtenha alí-vio dos seus sintomas ou a cura de sua enfermidade.

    Essa relação tem sido discutida cada vez mais, poiso principal beneficiário deve ser aquele que procuraajuda de um especialista para recuperar sua saúde.Segundo Mather (2005), essa relação médico-indús-

    tria é muito discutível entre os próprios médicos. Paraesse autor, muitos destes profissionais parecem igno-rar a influência sutil da indústria farmacêutica em seucotidiano, que envolvem não só instituições da área desaúde, mas todos os segmentos político, econômico ecultural.

    O contato com a indústria e o médico pode se ini-ciar muitas vezes no ensino da graduação e se esten-der durante sua vida profissional, através das visitasregulares dos propagandistas ao seu consultório. A pes-quisa de Mather (2005) verificou essa rede de influên-cias em um centro de pesquisa de renome internacio-nal, que se concretiza através de pequenas ações, comoauxílio de custo para lanches, fornecimento de brin-des, materiais científicos ou pseudocientíficos e passa-gens para congressos.

     As demais influências estão no desenvolvimento defármacos, que devem seguir os interesses da indústria.Para alguns médicos, a interação com a indústria é ine-vitável na pesquisa médica. Todavia também são con-sensos, que as motivações da indústria são os ganhosobtidos com esses fármacos. Para eles, o apoio financei-ro da indústria é necessário para o desenvolvimento daspesquisas (Mather, 2005). Verificamos, então, as con-tradições de uma relação, em que os interesses dos prin-cipais beneficiários nem sequer foram discutidos.

    Quanto à propaganda de medicamentos, existemtrabalhos históricos, como o de Bar ros (1995) e Tempo-rão (1986), que abordam esse tema desde 1980. Recen-temente alguns trabalhos científicos têm observado oque os médicos acham do marketing promovido pelaindústria, e se de fato são influenciados (Doran et al2005). A postura dos entrevistados nessa pesquisa épreocupante, pois muitos consideram que aceitar ounão as informações, os brindes e outros “carinhos”, de-pendem exclusivamente da postura ética e individualdo prescritor, desconsiderando todos os componentesconflitantes dessa relação. O processo de naturaliza-ção do contato médico-indústria foi comprovado por essas pesquisas, em que os médicos consideram salu-tar o aporte de informações científicas ofertadas peloslaboratórios.

    Todavia, Barros e Joany (2002) alertaram que osanúncios de medicamentos veiculados em revistas mé-

  • 8/19/2019 Pag 64a69 Uso Medicamentos

    5/6

    68 Rev. Bras. Farm., 89(1), 2008

    dicas omitiam elementos indispensáveis para a pres-crição de medicamentos, como reações adversas, con-tra-indicações e outros dados que pudessem obstruir aimagem positiva daquele medicamento.

    Kassirer (2005) relata que muitos dos periódicos cien-tíficos podem ser instrumentos de divulgações científi-cas que circulam informações sobre novos usos de me-dicamentos ainda não regulamentados. Para os órgãosde regulamentação como o Food and Drug Administra-tion (FDA) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitá-ria (ANVISA), o médico deve prescrever o fármaco ape-nas para seu uso aprovado. Esse autor alerta que mui-tas dessas publicações podem estimular o uso de me-dicamentos, todavia convém lembrar que nem todos osperiódicos são suscetíveis de tais ardis, mas tambémdevemos elucidar que tais estratégias se fazem pre-sentes.

     A eficácia da propaganda de medicamentos tambémse deve à estratégia que a indústria criou para divul-gar seus produtos. Essa estratégia requer o contato facea face, que é realizado pelos propagandistas de medi-camentos. Oldani (2004) descreveu a atividade desses

    profissionais, sua rotina diária, e seu papel fundamen-tal na divulgação dos medicamentos. Os laços de ami-zade que se estabelecem, os elos de comunicação coma indústria, e a construção de uma relação amigável eduradoura são necessárias para garantir a reciprocida-de característica na relação médico-indústria.

     4. O papel das farmácias e drogariasO último de todo esse ciclo são as farmácias e as

    drogarias que, em inúmeros casos, tornaram-se entre-postos comerciais. A legislação brasileira vigente so-bre o comércio de medicamentos que foi promulgadanos meados de1970, e estabeleceu uma situação suigeneris. As drogarias só podem comercializar medica-

    mentos industrializados. E as farmácias podem vender os medicamentos citados acima, como também prepa-rar e dispensar medicamentos magistrais.

     Assim, partir da década de 70, essa legislação favo-receu o consumo de medicamentos junto à população,que ficou a mercê de profissionais sem formação supe-rior, e a figura do farmacêutico foi expropriada de suaatividade profissional.

    Nesta mesma época, deu-se a reformulação do cur-rículo do farmacêutico, que devido à precariedade desuas atividades nas drogarias e nas farmácias, afas-tou-se de seu lócus de atuação profissional, ou seja, afarmácia, e buscou espaço para desempenhar suas fun-ções principalmente nas análises clínicas. A reforma

    curricular promulgada em 1969 auxiliou o afastamentodo farmacêutico da farmácia, que se transformou emfarmacêutico-bioquímico. Tais fatos contribuíram paraa expansão do consumo de medicamentos, a empurro-terapia, e a ruptura de uma parceria histórica entremédicos e farmacêuticos.

    No movimento de fortalecimento da assistência far-macêutica a partir de 1980 e a exigência do cumpri-mento da obrigatoriedade desse profissional em todosos estabelecimentos a nível nacional, culminou na dis-cussão do papel social do farmacêutico. Essa exigênciasempre esteve presente na legislação, mas seu cum-primento foi obstruído por interesses mercantilistas. A ausência do farmacêutico era tida como natural, pois

    sua presença não se justificava, visto que os medica-mentos industrializados já continham em suas bulas,

    todas as informações necessárias, para garantir o usoseguro desse fármaco. Esse discurso que circulou com-prova e reforça a visão mercantilista do medicamento.

    Em 1990, os estabelecimentos farmacêuticos passa-ram a incorporar novos elementos de gestão, a fim deaperfeiçoar seus custos. O controle de estoques passoua ser mais rígido, sendo recomendado que não se fi-zessem grandes estoques de medicamentos. Além dosmedicamentos e da perfumaria, outros produtos passa-ram a ser comercializados nas drogarias e farmácias,mesmo contrariando a legislação sanitária. Essa novaproposta é proveniente do modelo de farmácia estadu-nidense, as chamadas “drugstores”.

    O lay out da farmácia também sofreu modificações.Os produtos ficaram mais expostos, principalmenteaqueles com maior margem de lucro, deixando a olhosvistos as mercadorias, incluindo os medicamentos quenão requerem prescrição médica, chamados de medi-camentos de venda livre, para que desse modo as ven-das sejam intensificadas.

     A venda de medicamentos similares também foi es-timulada visto que a margem de lucro seria bem me-

    lhor que a dos medicamentos genéricos e dos medi-camentos de marca. Mesmo que o mercado varejistafarmacêutico tenha sofrido retração, como conseqüên-cia do controle de preços pelo governo, aumento daconcorrência, expansão das grandes redes, aumentodas exigências sanitárias, sua capacidade de se adap-tar e criar novas possibilidades é evidente quandoatentamos para a quantidade de farmácias e drogari-as no Brasil, cerca de 53.000 (Naves & Merchan-Ha-mann, 2005). E mesmo diante da política pública deassistência farmacêutica, o principal acesso a medica-mentos do brasileiro ainda são os estabelecimentosprivados.

     Assim, o presente artigo não pretende esgotar o fe-

    nômeno da medicamentalização da sociedade brasilei-ra, mas problematizar as contradições que se apresen-tam na utilização desse recurso terapêutico tão rele-vante na medicina, em que grande parcela da popula-ção encontra-se excluída dos benefícios dos medica-mentos. Todavia, outra situação se apresenta visto que,aqueles que têm acesso aos fármacos não estão isentosdo uso irracional de tais artefatos influenciados pelasforças do mercado que vê no medicamento, sua funçãode mercadoria com alto valor agregado.

    5. Considerações finais

    Dessa forma, partimos do princípio de que para com-preender o fenômeno cultural, e neste caso, a cultura

    do medicamento, da medicamentalização, do uso demedicamentos faz-se necessário buscar na história, napolítica e na economia, elementos que possam contri-buir à problematização do mundo real, do mundo vivi-do, enfim do homem e suas relações.

    Em tempos de globalização, é possível constatar quegrande parte da população brasileira ainda se encon-tra privada da utilização de medicamentos e da apro-priação dos benefícios que estes artefatos refinadospodem trazer.

    Como afirma Garcia (2004), em nenhum outro as-pecto da atenção médica existe tanta injustiça e tama-nha desigualdade como no campo dos medicamentos.Porém cabe ressaltar que muitos dos problemas de saúde

    estão relacionados à desigualdade social e ao não acessoaos serviços de saúde

  • 8/19/2019 Pag 64a69 Uso Medicamentos

    6/6

    69Rev. Bras. Farm., 89(1), 2008

     As proposições são amplas e complexas, passandopela formação profissional daqueles envolvidos direta-mente com os medicamentos, como os farmacêuticos emédicos, não mais limitada a uma formação alienada ecurativista. A assunção do Estado como agente regula-dor e que de fato busque os interesses dos cidadãos,porém seria utopia desconsiderar que o próprio Estadopode muitas vezes servir a seus próprios interesses.

    Os problemas da medicamentalização não se res-tringem apenas ao Brasil, mas se expandem por todosos lados. No entanto, quando o Brasil propôs a quebrade patentes dos anti-retrovirais para o tratamento da AIDS, é possível acreditar que a assistência farmacêu-tica pode se tornar concreta e não se limita apenas aoacesso a medicamentos.

    É preciso que o cidadão brasileiro possa ter conhe-cimento dos seus direitos e dos caminhos tortuosos queo medicamento trilha para chegar a uma farmácia, poisnão se trata apenas de questionar preços, mas tambémconhecer os elementos envolvidos na prescrição daque-le medicamento, as influências mercadológicas sobre aprescrição, bem como as políticas que fomentam as

    pesquisas de novos fármacos. Dessa forma, as proposi-ções se alicerçam na dialética marxiana que consisteem desvelar as contradições desse mundo capitalista.

    Evidenciamos, assim, resistências diante dessa glo-balização que separa, discrimina e exclui, cujo inte-resse da solidariedade humana se desvanece em prolda lucratividade, num mundo capitalista onde as feli-cidades precisam ser vendidas e compradas. E nestecaso, o direito à saúde é subsumido pela mercantili-zação da saúde em frascos contendo pílulas mágicasque alimentam a utopia de uma saúde perfeita e indi-vidualista.

    Finalizo aludindo ao caminho proposto por PauloFreire: o retorno à sombra da mangueira, aos cheiros e

    sabores da mangueira, ao ser humano completo e soli-dário (Dowbor, 2000).

    6. REFERÊNCIAS

    1. Antunes, R. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação dotrabalho. São Paulo: Editora Boitempo, 1999. 258p.

    2. Azize, R.L. A Química da qualidade de vida: um olhar antropológico sobre usode medicamentos e saúde em classes médias urbanas brasileiras. 2002, 118 fl.Dissertação (Mestrado em Antropologia Social), Universidade Federal de San-ta Catarina.

    3. Barros J.A.C.; Joany, S. Anúncios de medicamentos em revistas médicas: aju-dando a promover a boa prescrição? Ciênc Saúde Coletiva. 2002 7(4):891-898.

    4. Barros, J.A.C. Propaganda de Medicamentos: atentado à saúde? 2 ed. São

    Paulo: Editora HUCITEC, Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamen-tos, 1995. 222p.5. Bermudez, J. Medicamentos genéricos: uma alternativa para o Mercado bra-

    sileiro. Cad Saúde Publica. 1994 10(3):368-378.

    6. Cohn, A. Mudanças Econômicas e Políticas de Saúde no Brasil. In: Laurell, A.C.Estado e políticas sociais no neoliberalismo. 3 ed. São Paulo: Editora Cortez,2002, p.225-244.

    7. Cordeiro, H. A Indústria da Saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Edições Graal,1980. 229p.

    8. Donnangelo, M.C.F. Saúde e Sociedade. 2 ed. São Paulo: Editora Duas Cida-des, 1979. 124p.

    9. Doran E.; Kerridge, I.; McNeill, P.; Henry, D. Empirical uncertainty and moralcontest: a qualitative analysis of the relationship between medical specialistsand the pharmaceutical industry in Australia. Soc Sci Med . 2005 62(6):1510-1519.

    10. Dowbor L. Prefácio. In: Freire P. À Sombra desta Mangueira. São Paulo: Editora

    Olho dÁgua, 2000.120p.11. Dutra, J.S. Mediar, Medicar, Remediar: aspectos da terapêutica na medicinaocidental. Rio de Janeiro: Editora da UERJ, 1998. 193p.

    12. Editorial. Boletim da Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos. 199935: 1-2.

    13. Featherstone, M. Cultura de Consumo e Pós-modernismo. São Paulo: EditoraStudio Nobel, 1995. 223p.

    14. Garcia, G.G. Medicamentos ese raro objeto entre la ciencia, el mercado y lamagia. In: Bermudez, J.A.Z. Acesso a medicamentos: derecho fundamental,papel del Estado. Rio de Janeiro: Editora ENSP, 2004, p.13-24.

    15. Giovanni, G. A Questão dos Remédios no Brasil. São Paulo: Editora Polis, 1980.148p.

    16. Kassirer, J.P. On the Take. How medicine’s complicity with big business canendanger your health. New York: Oxford University Press, 2005. 251p.

    17. Laurell, A.C. Avançando em direção ao passado: a política social do neolibera-lismo. In: Laurell, A.C. Estado e políticas sociais no neoliberalismo. 3 ed. SãoPaulo: Editora Cortez, 2002, p.151-224.

    18. Mascarenhas, F. Entre o ócio e o negócio: teses acerca da anatomia do lazer.2005, 306 fl. Tese (Doutorado em Educação Física), Universidade Estadual deCampinas.

    19. Mather, C. The pipeline and the porcupine: alternate metaphors of the physici-an-industry relationship. Soc Sci Med . 2005 60(6):1323-1334.

    20. Nascimento, A. “Ao persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado”Isto é regulação? São Paulo: Editora Sobravime, 2005. 151p.

    21. Naves, J.O.S.; Merchan-Hamann, E.; Silver, L.D. Orientação farmacêutica paraDST: uma proposta de sistematização. Ciênc Saúde Coletiva. 2005 10(4):1005-1014.

    22. Oldani, M.J. Thick Prescriptions: toward an interpretation of pharmaceuticalsales practices. Med Anthropol Q. 2004 18(3):325-357.

    23. Reis, A.L.A.; Bermudez, J.A.Z. Aspectos Econômicos: mercado farmacêuticoe preços de medicamentos. In: Bermudez, J.A.Z. Acesso a medicamentos:derecho fundamental, papel del Estado. Rio de Janeiro: Editora ENSP, 2004,p.139-156.

    24. Rizzotto, M.L.F.; Conterno, S.F.R. A Reforma do setor de saúde nos 90: desdo-bramento da reforma do Estado brasileiro. In: Nogueira, F.M.G. Estado e políti-cas sociais no Brasil. Cascavel: Editora EDUNIOESTE, 2002, p.73-95.

    25. Santos, S.C.M. Busca da Eqüidade no Acesso aos Medicamentos no Brasil: osdesafios impostos pela dinâmica da competição “extrapreço”. 2001, 201 fl.Dissertação (Mestrado em Saúde Pública), Escola Nacional de Saúde Pública,Fundação Osvaldo Cruz.

    26. Sevalho, G. O medicamento percebido como objeto híbrido: uma visão críticado uso racional. In: Acurcio, F.A. Medicamentos e Assistência F armacêutica.Belo Horizonte: Editora COOPMED, 2003, p.1-8.

    27. Temporão J.G. A propaganda de medicamentos e o mito da saúde. Rio deJaneiro: Editora Graal, 1986. 183p.

    28. Vuckovic, N.; Nichter, M. Changing patterns of pharmaceutical practice in theUnited States. Soc Sci Med. 1997 44(9):1285-1302.

    29. Waitzkin H.; Jasso-Aguilar, R.; Landwehr, A.; Mountain, C. Global trade, publichealth, and health services: Stakeholder’s constructions of the key issues. SocSci Med. 2005 61:893-906.

    Endereço para correspondênciaRogério Dias RenovatoRua Hilda Bergo Duarte, 296 - Dourados/MSe-mail: [email protected]