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INTRODUÇÃO A contaminação do solo é um dos principais problemas ambientais da atualidade. Durante séculos, o homem pouco se preocupou com o descarte de lixo, produtos químicos e resíduos industriais. Resultado disso é uma grande quantidade de terrenos contaminados que são inviáveis para a prática da agricultura ou construção de moradias. É também um enorme prejuízo para o meio ambiente. A poluição do solo também pode ser ocasionada por produtos químicos lançados nele sem os devidos cuidados. Isso ocorre, muitas vezes, quando as indústrias se desfazem do seu lixo químico. Algumas dessas substâncias químicas utilizadas na produção industrial são poluentes que se acumulam no solo. Um outro exemplo são os pesticidas aplicados nas lavouras e que podem, por seu acúmulo, saturar o solo, ser dissolvidos pela água e depois ser absorvidos pelas raízes das plantas. Das plantas passam para o organismo das pessoas e dos outros animais que delas se alimentam. Os fertilizantes, embora industrializados para a utilização no solo, são em geral, tóxicos. Nesse caso, uma alternativa possível pode ser, por exemplo, o processo de rotação de culturas, usando as plantas leguminosas; esse processo natural não satura o solo, é mais econômico que o uso de fertilizantes industrializados e não prejudica a saúde das pessoas. Produtos químicos, combustíveis, metais pesados e outros elementos são descartados no solo das fábricas ou proximidades. Estes elementos, com o tempo, penetram no solo contaminando-o. Estas áreas ficam impróprias para a construção de residências (casas e prédios), pois os contaminantes do solo podem provocar doenças nas pessoas. O tratamento destes solos é possível, porém demanda a utilização de muitos recursos, além de ser um processo demorado. Embora existam poucos casos, quando ocorrem geram problemas gravíssimos. Acidentes em usinas nucleares ou descarte de equipamentos quem usam elementos radioativos (máquinas de Raio-X, por exemplo), podem deixar o solo contaminado por séculos. Sem contar que se uma pessoa entrar em contato com o solo com este tipo de contaminação pode morrer ou desenvolver diversos tipos de câncer. 1

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INTRODUOA contaminao do solo um dos principais problemas ambientais da atualidade. Durante sculos, o homem pouco se preocupou com o descarte de lixo, produtos qumicos e resduos industriais. Resultado disso uma grande quantidade de terrenos contaminados que so inviveis para a prtica da agricultura ou construo de moradias. tambm um enorme prejuzo para o meio ambiente.A poluio do solo tambm pode ser ocasionada por produtos qumicos lanados nele sem os devidos cuidados. Isso ocorre, muitas vezes, quando as indstrias se desfazem do seulixo qumico. Algumas dessas substncias qumicas utilizadas na produo industrial so poluentes que se acumulam no solo.Um outro exemplo so ospesticidasaplicados nas lavouras e que podem, por seu acmulo, saturar o solo, ser dissolvidos pela gua e depois ser absorvidos pelas razes das plantas. Das plantas passam para o organismo das pessoas e dos outros animais que delas se alimentam.Osfertilizantes, embora industrializados para a utilizao no solo, so em geral,txicos. Nesse caso, uma alternativa possvel pode ser, por exemplo, o processo derotao de culturas, usando as plantas leguminosas; esse processo natural no satura o solo, mais econmico que o uso de fertilizantes industrializados e no prejudica a sade das pessoas.Produtos qumicos, combustveis, metais pesados e outros elementos so descartados no solo das fbricas ou proximidades. Estes elementos, com o tempo, penetram no solo contaminando-o. Estas reas ficam imprprias para a construo de residncias (casas e prdios), pois os contaminantes do solo podem provocar doenas nas pessoas. O tratamento destes solos possvel, porm demanda a utilizao de muitos recursos, alm de ser um processo demorado.Embora existam poucos casos, quando ocorrem geram problemas gravssimos. Acidentes em usinas nucleares ou descarte de equipamentos quem usam elementos radioativos (mquinas de Raio-X, por exemplo), podem deixar o solo contaminado por sculos. Sem contar que se uma pessoa entrar em contato com o solo com este tipo de contaminao pode morrer ou desenvolver diversos tipos de cncer.Nesse trabalho, vamos abordar o Caso Rhodia. A unidade industrial ainda existente, embora inoperante, localizada no polo petroqumico e siderrgico deCubato, instalada durante o perodo doregime militar, marca presena em um polmico escndalo ambiental, conhecido comoCaso Rhodia. O episdio tem como elemento principal a contaminao de funcionrios pororganoclorados, entre outras substncias, alm do despejo de cerca de 12 mil toneladas deresduos qumicos12em diversosaterrosde origem suspeita naBaixada Santista.Restam pelo menos 33 mil toneladas em um aterro conhecido por Estao de Espera da Rhodia, este por sua vez localizado no municpio deSo Vicente, aguardando um destino ainda incerto, uma vez que a justia determinou que a incinerao, realizada no terreno tambm contaminado da prpria fbrica em Cubato, no poderia continuar a ser feita. O caso voltou a ganhar alguma notoriedade noNordeste, com a tentativa de levar o material paraCamaari, naBahia, sendo que cerca de 900 toneladas do material chegaram a ser incineradas antes de uma notificao da justia.Durante alguns anos, vrios lixes qumicos comeam a ser encontrados e a Rhodia foi denunciada peloMinistrio Pblico Estadual por danos ambientais e processada judicialmente na cidade de So Vicente, a mais atingida pelos despejos. A Rhodia reluta em assumir suas responsabilidades, tentando fazer crer que herdou o problema da Clorogil, empresa fundida com a Rhodia em 1972, sem conhecimento do fato. A Justia condena a Rhodia a isolar as reas contaminadas e a remover e incinerar todo o solo contaminado, contrariando a inteno da empresa que era de confinar o material em So Vicente em silos de concreto, proposta que inicialmente provoca indignao nas autoridades da cidade, que temem a perpetuao dos resduos na mesma.A mesma Rhne-Poulenc, responsvel por inmeros crimes contra a sade do ser humano no Terceiro Mundo, detm hoje o potencial da tecnologia mdica mais avanada do Primeiro Mundo para pesquisar e diagnosticar e curar as doenas causadas pelos resduos organoclorados que ela derramou.A multinacional francesa Rhne-Poulenc e a Rover, americana, criaram a primeira rede globalizada de biotecnologia para descoberta da cura do cncer, das doenas cardiovasculares e distrbios do sistema nervoso central, doenas que acometem as vtimas da Rhodia.J investiram 300 milhes de dlares e para 1995 esto destinados mais 100 milhes para a mais bem planejada e completa pesquisa do planeta no setor. Esta pesquisa envolve 14 empresas e organizaes acadmicas de pesquisas.A Rhne-Poulenc - Rover (RPR) deve ser obrigada pelo governo brasileiro a participar da soluo dos problemas de sade pblica que ela produziu e continua produzindo na Baixada Santista e em torno de suas fbricas no Brasil. O crime perpetrados pela Rhodia no Brasil so de responsabilidade do Estado Francs, at a pouco acionista dominante da Rhne-Poulenc hoje privatizada, mas ainda com o governo frances em posio majoritria.O fechamento da fbrica pode abrir os caminhos da soluo definitiva do "caso Rhodia".

Captulo 11.1 A EMPRESA RHODIA.Rhodia o nome adotado no Brasil pelo grupo Rhne-Poulenc, baseado na Frana e com negcios no Brasil desde 1919.Em 1965, a empresa Clorogil (subsidiria da multinacional francesa PROGIL) inicia em Cubato as operaes de uma fbrica que produz os pesticidas organoclorados denominados pentaclorofenol e pentaclorofenato de sdio, ambos conhecidos popularmente como p da China.A PROGIL funde-se ao Grupo estatal tambm francs Rhne-Poulenc em diferentes fases entre 1969 e 1975 (nominalmente em 1972). Em 1982 a Rhne-Poulenc ainda um slido grupo estatal, porm em 1986 Franois Mitterrand inicia o processo de privatizao da empresa, finalizado somente em 1993.Em 1974, a CLOROGIL S.A. - Indstrias Qumicas, ainda tendo como acionista a PROGIL que, por sua vez, agora pertence ao Grupo Rhne-Poulenc, representada no Brasil pela Rhodia S.A., comea a operar a unidade de fabricao de solventes clorados em Cubato.

1.2 Fabricao de substncias indevidas

Os solventes fabricados eram: o tetracloreto de carbono (CCl4), substncia utilizada durante algum tempo em extintores de incndios, posteriormente proibido devido aos produtos txicos mais perigosos que eram formados durante o combate ao incndio. Tambm largamente utilizado como matria prima na fabricao do gs Freon, conhecido por agredir e destruir a camada de oznio, bloqueadora do raio solar ultravioleta, que tem freqncia de luz que pode causar o cncer de pele, enfermidade que infelizmente est em grande ascendncia entre as populaes, onde segundo os cientistas, a camada foi mais afetada. E o tetracloroetileno (C2Cl4), comercialmente conhecido como percloroetileno potente desengraxante de metais, principalmente na indstria automobilstica e agente na lavagem de roupa a seco em lavanderias. Recentemente, a ACPO se manifestou sobre a consulta pblica realizada pela ANVISA, acerca da proibio do uso do percloroetileno em lavanderias. Esta unidade de solventes clorados da Rhodia era denominada TETRAPER.Desta fabricao, que operou entre os anos de 1974 e 1993, gerou algo estimado em torno de 20 mil toneladas de resduos txicos compostos de C6Cl6, C4Cl6, C2Cl6, C2Cl4 etc., que foram totalmente dispostos sob o solo ou enterrados. Esta disposio irregular de resduos, direto no solo leva a se estimar que exista ainda algo superior a 300 mil toneladas de solo contaminado.

1.3 DESPEJO DO LIXO QUMICO

Os despejos podem ser divididos em trs grandes fases, a saber:Disposio de resduos txicos dentro da fbrica, eram enterrados no morro ao lado dos tanques de estocagem de propeno e na rea onde se encontram edificadas as instalaes do SINCRE Sistema de Incinerao de Resduos, nestes locais foram dispostos em cavas abertas at o ano de 1976;A partir do ano de 1977, at aproximadamente 1981, a empresa j sob controle total do Grupo Rhne- Poulenc, este por sua vez, ainda sob a tutela do Governo Francs, atravs da subsidiria Rhodia S. A., comea recolher os resduos txicos em caambas e despejar no meio ambiente a cu aberto, em diversos pontos fora da fbrica. Foram encontrados resduos txicos desde a cidade de Cubato at a cidade de Itanham cerca de 80 Km do ponto de origem, onde era oferecido como adubo, e at hoje pairam dvidas sobre a existncia de outros lixes clandestinos da Rhodia na Baixada Santista, se concretizando como um dos maiores crimes ambientais com este tipo de agente txico do nosso planeta.A partir de 1982 at meados de 1993 os resduos passaram a ser drenados em tambores de 300 Kg e estocados sobre o mesmo morro de antes, ao lado da estocagem de propeno, estes tambores com o tempo se oxidavam totalmente e o resduo escorria integralmente para o solo. Sendo que a partir de 1988, os tambores provenientes da produo do TETRAPER, passaram a ser diretamente triturados e incinerados.Ressalta-se que estas substncias ainda hoje, em 2004, que esto enterradas na fbrica, iniciaram sua degradao dando lugar a outras ainda mais txicas, como por exemplo: o cloreto de vinila.Em 1976, quando a Rhodia assume definitivamente a razo social de ambas as fbricas, e diante da falta de espao fsico no interior da unidade, inicia clandestinamente o descarte de seus rejeitos txicos supramencionados eem 1978, surgem as primeiras denncias de problemas de sade nos operrios da unidade de produo do p da China, e a CETESB registra pela primeira vez em seus relatrios os descartes da Rhodia, sem, no entanto, adotar nenhuma medida punitiva.Em 1979, as primeiras reportagens denunciam a formao dos lixes qumicos pela atitude da empresa, mas no h repercusso pela falta de conscincia ambiental da populao. Este fato e a omisso da CETESB permitem a continuidade dos despejos clandestinos at o incio dos anos 80.

1.4 VTIMAS E DANOS AS ESPCIES DA REGIO.

Em 1979 a unidade de produo do p da China em Cubato definitivamente desativada sob presso dos operrios contaminados nesta fbrica, que conquistam algumas garantias trabalhistas, como estabilidade vitalcia no emprego. Antes disso, dois operrios morreram com quadros caractersticos de intoxicao aguda nos anos de operao da unidade.Ainda em 1992, os operrios da fbrica de solventes clorados em Cubato descobrem que, a exemplo dos operrios da extinta fbrica de p da China e das comunidades residentes em Samarit/SV/SP e Piles/CBT/SP, tambm esto intoxicados pelos poluentes da Rhodia fato comprovado pela presena do hexaclorobenzeno no soro sanguneo destes operrios (que um agente utilizado como indicador biolgico de exposio) - em virtude do ambiente de trabalho estar totalmente contaminado. O Depto. de Medicina Ocupacional da Rhodia sempre omitiu dos operrios esta situao, que desconheciam o perigo a que estavam expostos. Os operrios denunciam o fato ao MP, que providencia uma inspeo conjunta entre vrios rgos de fiscalizao que comprovam a contaminao ambiental do local e o risco iminente sade dos operrios. Em dezembro deste ano, um outro operrio morre com suspeita de intoxicao pelos poluentes da Rhodia.Nos anos de 1982 e 1985, dois fatos comeam a mudar o cenrio: a consolidao das conquistas trabalhistas dos operrios intoxicados na fbrica do p da china (pentaclorofenol) e o afastamento do contato direto com as substncias qumicas para outra rea (o setor administrativo da fbrica do TETRAPER) que se imaginava sem exposio qumica perigosa; e com a ocupao dos locais de despejo clandestino por populaes de baixa renda em virtude da expanso imobiliria na regio. Novas denncias so veiculadas pela imprensa local provocando desta feita um verdadeiro escndalo regional sem paralelos. A empresa somente aps tais denncias cessa totalmente a retirada do lixo txico de dentro da fbrica, voltando a confin-lo precariamente na sua rea fabril. O Ministrio Pblico paulista abre procedimentos investigatrios, que confirmam que o solo, as guas superficiais e subterrneas e a cadeia alimentar (caranguejos, peixes, hortifrutigranjeiros, etc) da regio foram contaminados.Por Exemplo: algumas anlises foram realizadas tanto na regio dos Piles no municpio de Cubato como na rea Continental do municpio de So Vicente, onde foram encontrados: 23,6 m/Kg (microgramas por quilo) no Car um peixe da regio, 866 m/Kg no chuchu, abundante no p da escarpa e 980 m/Kg no frango, todos utilizados como alimentos de algumas comunidades naquela regio. Nos moradores da regio do Quarentenrio, tambm afetada pelo descarte de HCB, no municpio de So Vicente foram detectados at 4,095 m/L de HCB no soro sanguneo e at 29,03 m/Kg no leite materno.Nos diz em momento de descontrao, um competente sanitarista da Regio que:ao invs de termos chuchu com HCB, tnhamos na verdade HCB sabor chuchu.

1.5 PROCESSOS JUDICIAIS

Nos anos seguintes, vrios lixes qumicos comeam a ser encontrados e a Rhodia e a CETESB so denunciadas peloMinistrio Pblico Estadual(a primeira pelos danos ambientais) em processos judiciais na cidade de So Vicente, a mais atingida pelos despejos. A Rhodia reluta em assumir suas responsabilidades, tentando fazer crer que herdou o problema da Clorogil, sem conhecimento do fato. A Justia condena a Rhodia a isolar as reas contaminadas e a remover e incinerar todo o solo contaminado, contrariando a inteno da empresa que era de confinar o material em So Vicente em silos de concreto, proposta que inicialmente provoca indignao nas autoridades da cidade, que temem a perpetuao dos resduos na mesma. A empresa constri no terreno de sua fbrica em Cubato um incinerador que inicia suas atividades em 1986. Enquanto o equipamento estava em construo, uma grande parte do solo afetado retirado das reas contaminadas depositado provisoriamente numa "Estao de Espera", projetada para abrigar 12.000 toneladas por um perodo de at 5 anos de utilizao (quantidades e prazos que viriam a ser extrapolados). Esta estimativa incorre num erro grosseiro, pois desconsidera que a mistura dos poluentes com o solo multiplicou em vrias vezes esta quantidade.Ao contrrio das recomendaes de retirada da populao, proposta pela Secretaria de Meio Ambiente (atual Ministrio do Meio Ambiente) a omisso das autoridades permite a ocupao desordenada da regio, com a convivncia prxima da populao dos lixes qumicos. A Secretaria Estadual da Sade municipaliza os estudos toxicolgicos nos moradores (o chamado de "Projeto Samarit"), que pouco depois abandonado pela Prefeitura de So Vicente sem produzir aes efetivas para mitigar o problema de sade pblica. A Rhodia investe numa campanha de marketing asfaltando ruas e urbanizando logradouros pblicos nos municpios afetados para melhorar sua imagem junto opinio pblica. Vrias entidades locais pedem e recebem doaes da multinacional para suas atividades. Prefeituras e Cmaras de vereadores locais cessam as presses sobre a empresa.A CPI PC/Collor instalada no Congresso Nacional descobre que a Rhodia colaborou com o esquema PC, assim como a doao realizada em dinheiro para formao da central Fora Sindical, a qual filiou-se o Sindicato dos Qumicos de Cubato, que infelizmente ainda representa os operrios contaminados na empresa amplamente divulgado nos Jornais.Em junho de 1993, em face da contaminao ambiental indiscriminada na rea da fbrica a Justia concede liminar, a pedido do MP Estadual, interditando a fbrica de solventes clorados e o incinerador de resduos txicos (interrompendo assim a queima dos estoques de solo contaminado que no paravam de se acumular na "Estao de Espera"). A Rhodia no contesta a liminar, transparecendo que j tinha intenes de desativar a unidade definitivamente diante de todos estes problemas, pois informaes do conta que durante os ltimos anos a empresa Carbocloro comprava toda a produo de solventes da Rhodia. Os operrios no podem ser demitidos e (contrariando a inteno da empresa), ficam em licena remunerada por deciso judicial at o esclarecimento dos fatos.

1.6 REPARAO DOS DANOS

Com o apoio da ACPO, o MPE em Cubato j em 1995 celebra um Termo de Ajustamento de Conduta - TAC na Ao Civil que interditou a fbrica (a ltima das quatro instauradas), que pioneiramente prev algumas garantias trabalhistas inditas. Por questes legais, alm da Rhodia e do MP, o Sindicato dos Qumicos assina o acordo extrajudicial apesar das restries dos operrios entidade. O TAC dividido em trs captulos, a saber: I - OBRIGAES DE CARTER AMBIENTAL; II - PRECEITOS RELATIVOS SADE e III - DISPOSIES GERAIS.Tambm neste perodo, em virtude da interrupo da incinerao dos estoques de solo contaminado (tcnica que comea a sofrer crticas em escala mundial pelos riscos envolvidos na gerao de novas e mais perigosas toxinas durante a queima), a Rhodia adota uma nova tentativa de reparao ambiental nos locais dos lixes qumicos, inclusive na rea da fbrica em Cubato: implanta processos de remediao nas prprias reas contaminadas, a partir de tcnicas de conteno e filtragem do lenol fretico poludo. A CETESB aprova os mtodos, mas por declarar falta de maior estrutura concede empresa o direito de autofiscalizar tais medidas, restringindo seu controle a auditorias ocasionais. Porm em relao rea da fbrica, anos depois a CETESB se convence que a metodologia ali aplicada insuficiente para atingir os objetivos.Em Itanham, nem medidas de conteno so adotadas, apenas a remoo superficial do solo contaminado e sua substituio por solo limpo, seguida de reflorestamento e isolamento precrio na superfcie. Em So Vicente, onde as autoridades locais inicialmente no admitiam a permanncia do solo contaminado na cidade, a empresa passa at mesmo a ser elogiada por alguns vereadores por essa remediao. Na nica das quatro Aes Civis Pblicas em que a empresa se nega a assinar um TAC (em So Vicente), um juiz local condena a empresa alm da remediao ao pagamento de indenizao ao Fundo de Direitos Difusos do Estado, em valor superior a oito milhes de reais.Em maio de 2001, a ONU celebra em Estocolmo (curiosamente onde se originou o Caso Rhodia a partir da desastrosa posio do governo em 1972) a assinatura por 120 pases, inclusive o Brasil, de um Tratado Internacional chamado de "Conveno de Estocolmo sobre POPs", que prope a eliminao global dos 12 poluentes orgnicos persistentes - POPs considerados mais perigosos ao meio ambiente e sade pblica, entre eles o hexaclorobenzeno, principal poluente da Rhodia presente nos lixes qumicos e diagnosticado no organismo das vtimas da intoxicao. Com apoio do movimento ambientalista internacional, a ACPO a nica ONG brasileira a enviar representante para acompanhar a assinatura do protocolo em Estocolmo, pois o episdio protagonizado pela Rhodia na Baixada Santista considerado um dos mais graves do mundo envolvendo este tipo de poluio.16.Em janeiro de 2002 a Rhodia anuncia oficialmente atravs dos meios de comunicao sua "sada definitiva" da regio da Baixada Santista, sem oferecer maiores garantias quanto ao cumprimento das obrigaes impostas judicialmente perante o imenso passivo scio-ambiental.A ACPO teme uma possvel manobra corporativa da empresa para escapar da responsabilidade, pois visvel a dana do capital da empresa que: em 1993 totalmente privatizada pelo governo francs; em 2000 fragmentada sendo que a parte boa e rentvel da empresa conhecida como cincia da vida fundida com a empresa HOESCHT para formao de nova empresa denominada AVENTIS. A parte qumica (podre) desmembrada e segue deficitria com a denominao de Rhodia Mundial. A AVENTIS detm 20% das aes da Rhodia Mundial e assim se extingue definitivamente o Grupo Rhne-Poulenc. Recentemente a Rhodia Mundial se v obrigada a tentar sanar seu dficit operacional e busca reestruturar a empresa deficitria, imprimindo um ritmo alucinado, onde converteram 1,5 bi de Euros de sua dvida em aes e patrocina a venda de vrios ativos financeiros, o que poder levar a empresa insolvncia diante dos enormes passivos ambientais e de sade pblica envolvido. Estes fatos so de conhecimento do Ministrio Pblico Estadual e Federal, onde estamos pedindo ateno especial e medidas de Segurana Jurdica.

Captulo 2 2.1- Pentaclorofenol, o que ?

O pentaclorofenol -PCF utilizado no Brasil, na forma de sais (pen taclorofenato de sdio) como preservante de madeira com ao algicida, fungicida e inseticida. Sua principal utilizao est no tratamento de madeiras recm-cortadas e recm -serradas para combater fungos que causam manchas e deteriorao d os substratos lig no-celulsicos. So autorizados os seguintes mtodos de aplicao: pulverizao, pincelamento e imerso, sendo este ltimo de uso exclusivamente industrial (IBAMA, 2006). O uso agrcola do Pentaclorofenol foi cancelado, pela Portaria do Ministrio daAgricultura n. 329, de 02 de setembro de 1985 e a sua monografia foi excluda , pelo Ministrio da Sade, atravs da Portaria n. 11, de 08 de janeiro de 1998 e consequentemente proibidos seus usos para campanhas de sade pblica ou domissanitrio s. Restando at o presente momento somente o uso como preservante de madeiras. A tabela 1 apresenta os produtos preservantes de madeira registrados no Brasil:

2.2 REAVALIAO TOXICOLGICA

amplamente conhecido que o mecanismo de ao do pentaclorofenol e seus sais afetam a fosforilao oxidativa mitocondrial, causando uma acelerao no metabolismo e aumentando a produo de calor. Isto causa perda da resistncia eltrica da membrana (PIC, 2002).As principais questes que levaram a necessidade de reavaliao deste produto so:

toxicidade para humanos e animais; persistncia no ambiente; solubilidade em gua; efeitos na reproduo e no desenvolvimento interferente endcrino; leses no fgado e rins; impurezas dioxinas; banimento e restries ao uso em vrios pases.

O pentaclorofenol e seus sais so altamente txicos para mamferos e pssaros. o mais agudamente txico dos clorofenis testados. A maioria dos efeitos agudos provocados pela exposio ao PCF so atribudos aos contaminantes presentes nas preparaes tcnicas (IPCS, 1987). Este produto est banido ou tem seu uso restrito em 25 pases e sua importao proibida em 67 pases. Segundo a Rede Pan 1os pases que baniram o pentaclorofenol so: India, Indonsia, Nova Zelndia, ustria, Sua, Gambia,Togo, Malsia, Coria do Sul, Tailndia, Armnia, Alemanha, Holanda, Slovenia, Turquia, Costa Rica, Trindade e Tobago, Kuait. Os EUA adotamsevera restrio ao uso e atualmente est reavaliando o produto (EPA, 2006).Um resumo dos estudos toxicolgicos agudos relativos ao PCF e seus sais indicam que sua DL50 Oral varia entre 27-205 mg/kg (testado com vrias espcies) (IPCS,1987) ; inalatria CL 50: 294 mg/m3 de ar, ratos ; d rmica: 80-350 mg/kg (testado com vrias espcies) (IPCS,1987) . O produto irritante para pele, olhos e mucosas (IPCS, 1987).Em estudos realizados com animais considerado fetotxico e teratognico quando administrado durante a fase inicial da gestao (PIC, 2002). Ficou comprovado que o PCF imunotxico para camundongos, ratos, galinhas e gado (IPCS, 1987). Uma preocupao referente ao uso do PC F e seus sais a presena, nos produtos, deimpurezas de grande relevncia toxicolgica, destacando -se as dioxinas. Outras impurezas encontradas so: teres policlorodifenlicos, policlorofenoxifenis, policlorociclohexenos, policlorobifenilas (PCBs), HCB, pentaclorobenzeno e ismeros de HCH. Efeitos na sade humana associados exposio ao pentaclorofenol e seus saisOs rgos alvo da ao do PCF e seus sais so: fgado, rins, sistema nervoso, sistemaendcrino e imunolgico. Estudos que avaliaram a exposio aguda ao PCF em humanos citam como efeitos neurolgicos delrio, febre, convulso e outros. O PCF pode afetar de maneira adversa o fgado, os rins, a pele, os pulmes e o sistema nervoso central (ATSDR, 2001). Em fbricas de PCF a exposio aguda de trabalhadores t m levado ao aparecimento de cloracne, associada s impurezas contidas n o produto . Em estudos que relatam seu uso como fungicida foram identificados nove bebs em enferma ria que apresentaram febre alta, sudorese, respirao ofegante, taquicardia, irritabilidade seguida de letargia, proteinria, pneumonia ou bronquite. O PCF foi dosado no soro e urina, resultando em duas mortes (Smith et al., 1996).A exposio crnica ao P CF e seus sais est associada ao desencadeamento de alteraes endcrinas, nos hormnios tireoidianos, e hipotlamo; alm da infertilidade.Tambm foram encontradas evidncias de associao entre s arcoma de tecidos mole eLinfoma no-Hodgkins e nveis de PCF em humanos.No Brasil existem casos de acidentes com PCF na rea porturi a de Rio de Janeiro nos anos 80, que resultarem em mortes. Outros problemas e sto associados contaminao de camas de avirio que utilizam serragem ou maravalha que podem contaminar a criao ou as culturas agrcolas onde estas venham a ser utilizadas como adubo, outro aspecto so as contaminaes de alimentos embalados com madeira tratada.Aspectos de sade ambiental. Devido s olubilidade e persistncia do pentaclorofenato em gua existem srios riscos de contaminao do lenol fretico com conseqente contaminao da gua para consumo humano .Atualmente, por meio da Portaria N 518/2004 do Ministrio da Sade, esto regulados os padres de potabilidade de gua, que incluem aes de vigilncia e control e o nde o PCF uma das substncias a serem monitoradas.O pentaclorofenato, como fungicida e inseticida de amplo espectro, apresenta elevada toxicidade para diversos organismos no-alvo tanto no solo como na gua. Considerando -se ainda a elevada volatilidade e persistncia e que a aplicao dessa substncia, pelos mtodos autorizados, ocorre em sistemas abertos e semi -abertos, h uma perigosa exposio do trabalhador e do meio ambiente ao produto. O passivo ambiental gerado pela Rhodia em Cubato, por meio de aterros clandestinoscontendo PCF, considerado pela OMS como um dos oito maiores desastres ecolgicos mundiais.

2.3 DISCUSSO Em funo das caractersticas toxicolgicas e da contaminao ambiental provocada pelo uso do PCF e seus sais , existe uma tendncia mundial de banimento e imposio de severas restries ao produto. O mercado europeu j vem restringindo a import ao de madeira tratada com PCF e seus sais em decorrncia da emisso de dioxinas e outras substncias txicas quando da queima da madeira tratada com esta substncia. No Brasil existem outros produtos registrados, junto ao IBAMA, para as mesmas aplicaes que as formulaes base de Pentaclorofenol e seus sais.

3.1 CONCLUSO Aps reavaliao toxicolgica efetuada pela ANVISA, que caracterizou o IngredienteAtivo como interferente endcrino; a toxicidade para animais e humanos, a persistncia no ambiente, a solubilidade em gua, a toxicidade heptica e renal, a presena de impurezasextremamente txicas como as dioxinas; alm d a tendncia mundial de banimento e restries j adotadas em vrios pases , com os quais o Brasil mantm relaes diplomticas e comerciais, concluiu-se pelo banimento de todos os usos remanescentes do Pentaclorofenol e seus sais e adotou os seguintes encaminhamentos: - Indeferir, a partir desta data (17/07/2006), os pleitos de licenas de importao para esse princpio ativo, seus sais e derivados, para fins de uso na preparao de produtos preservativos de madeira;- interromper os processos de formulao dos produtos listados, em todas as plantasindustriais, a partir do dia 30/11/2006;- proibir a comercializao dos produtos listados, em todo s os tipos e volumes de embalagens, a partir do dia 30/03/2007;- permitir a utilizao dos produtos listados, comercializados legalmente e a usuriosidentificados, at 30/06/2007;- priorizar a anlise de solicitaes de registros de pro dutos com outros ingredientes ativos, com funo de preservativos de madeira, com vistas a substituir os atuais usos do pentaclorofenol e seus sais;- estabelecer ao integrada entre o IBAMA e o sistema nacional de vigilncia sanitria na fiscalizao da formulao de produtos base de pentaclorofenol e seus sais, controle de estoques e destinao adequada de produtos que se tornem obsoletos e entrada ilegal dos produtos;- divulgar, na pgina eletrnica da ANVISA, IB AMA, ABPM e outros que couber, a Nota Tcnica a ser elaborada pela ANVISA em conjunto com o IBAMA, a memria da reunio, e as apresentaes da reunio de reavaliao;- publicar Resoluo Normativa, no mbito da ANVISA, dando ampla divulgao ao sprazos das decises e suas implicaes;- excluir a monografia do pentaclorofenol e seus sais em 30/06/2007;- adequar todos os Certificados de Registro emitidos pelo IBAMA para os produtos listados, a fim de adequ -los s medidas de interrupo de formulao, comercializao e uso, firmadas na reunio, com vistas ao cancelamento dos mesmos em 30/06/2007;- controlar a comercializao e o uso desses produtos por seus clientes convencionais, a fim de gerenciar o uso racional dos mesmos e no permitir a gerao de estoques de difcil e oneroso procedimento de destinao final, ao trmino do prazo autorizado para os seus usos.

REFERENCIAS

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Ozrio,L.S .V. Principais tipos de contaminao do solo, poluentes, solo contaminado e consequncias, problemas ambientais, Ecologia e Meio Ambiente disponvel em .Acesso em 19 de set.2014S biologia.Os perigos da poluio do solo disponvel em

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