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NOVEMBRO 2013 | EDIÇÃO Nº 65 António Pinhal, Administrador da Conservas Pinhais & Cª “MANTEMOS O PROCESSO TRADICIONAL POR UMA QUESTÃO DE QUALIDADE, FAZEMO-LO DESDE 1920 E CONTINUAREMOS A FAZÊ-LO”

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Mantemos o processo tradicional por uma questão de qualidade

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António Pinhal, Administrador da Conservas Pinhais & Cª

“MANTEMOS O PROCESSO TRADICIONAL POR UMA QUESTÃO DE QUALIDADE, FAZEMO-LO DESDE 1920 E CONTINUAREMOS A FAZÊ-LO”

ÍNDICE4 Nesta edição, a Dieta Mediterrânica está em destaque11 Formação e Consultadoria na Agricultura13 Monterg aposta na reabilitação urbana 14 Promoção da Segurança de Ativos Técnicos18 Descubra o que melhor se faz no âmbito da Investigação científica21 O Mutualismo tem ganho cada vez mais importância em Portugal. Descubra o trabalho feito pela ASMEE22 500 anos de História, na Misericórdia de Braga23 Saúde: Psoríase em destaque24 Energia Nuclear em Portugal: Vantagens e desvantagens

4-10 | DIETA MEDITERRÂNICA

Propriedade As - Agência, Lda | Morada Apartado 000045 - ECE Vila Nova de Gaia - 4431-901 V.N.Gaia | Depósito Legal 215441/04 | Editora Ana Mota Publicidade Moura Lopes | Email [email protected] | PVP 2€FICHA TÉCNICA

Localização: Situado numa das principais avenidas de Lisboa, a Avenida de Roma, importante zona residencial e de “shopping”. De fácil acesso a transportes públicos, estação de metro, autocarros e comboio e a apenas alguns minutos de táxi, quer do centro de Lisboa, quer do Aeroporto Internacional.

Alojamento: O Hotel Roma, remodelado em 2004, dispõe de 263 quartos (2 camas individuais ou cama de Casal) com casa de banho completa com secador de cabelo, ar condicionado, telefone, TV cabo, cofre (extra) e acesso à Internet.

Facilidades: Este hotel dispõe de restaurante e bar, sala de reuniões, Dispõe ainda de garagem (extra) e serviço de recepção 24h.

DIETA MEDITERRÂNICA

4 Novembro 2013

Manter a tradição para conservar a qualidadeUM DOS PRODUTOS MAIS CONHECIDOS E CONSUMIDOS EM PORTUGAL SÃO AS CONSERVAS. AS ZONAS DE LEÇA E MATOSINHOS, HÁ 60 ANOS ATRÁS, TINHAM MAIS DE 50 FÁBRICAS DE CONSERVAS E EMPREGAVAM MAIS DE SEIS MIL PESSOAS. HOJE, SÃO APENAS QUATRO E A CONSERVAS PINHAIS & Cª, LDA É A ÚNICA QUE MANTEM A PRODUÇÃO ARTESANAL.

António Pinhal frisa que “mantemos o processo tradicional por uma questão de qualidade, fazemo-lo desde 1920 e continuaremos a fazê-lo”. Passados 93

anos, o neto do fundador, manteve tudo como era dantes, e não só na parte da produção, “o edifício, a mobília, tudo continua igual”, numa justa e bonita homenagem ao homem que construiu este projeto.

De geração em geraçãoO projeto Conservas Pinhais & Cª começou a ser desenhado em 1920, fundada pelo avô do atual proprietário. A genética fez com que as duas

Isto apenas denota que o barato muitas vezes sai caro e que a qualidade paga-se e sente-se. É para isso que se trabalha todos os dias na Conservas Pinhais, para ter o máximo de qualidade possível, dignificando a marca que representam.

O estado da indústria conserveira no PortoAntónio Pinhal conta que “as fábricas começaram a fechar porque os empresários se deixaram le-var pelo lucro fácil e se desleixaram na qualidade. Começaram a utilizar o peixe congelado, a meca-nizar todo o processo e, assim, a qualidade foi co-meçando a diminuir. Apesar de visarmos o lucro, como é lógico, nunca deixamos que os números falem mais alto do que a qualidade. Baixar os nossos níveis de exigência seria o primeiro pas-so para arruinar aquilo que se começou a cons-truir em 1920 e nós temos demasiado orgulho no nosso legado para o deixar desmoronar”, finaliza o nosso interlocutor, reiterando a aposta constante na qualidade e na tradição como marcas diferen-ciadoras da Conservas Pinhais.

gerações seguintes lhe seguissem os passos e continuassem a honrar o legado deixado, apos-tando no desenvolvimento da empresa, assente na qualidade e na tradição. No entanto, a quar-ta geração já está envolvida em todo o proces-so. “Todos nós começamos por ir comprar peixe à lota. Temos que saber o que vendemos, o que produzimos”.

Produção tradicionalCom mais de cem funcionários, na sua maioria mu-lheres, a Conservas Pinhais & Cª tem o seu mé-todo de produção completamente estruturado e

bem definido: “De manhã começa a chegar o peixe fresco, vindo da lota, e os nossos homens começam a descarregá-lo. É a partir deste momento que as mulheres entram ao serviço, cortando de imediato as cabeça e as tripas (evisceração). Em seguida co-locam o peixe em salmoura durante 20 minutos”. Depois, retiram o peixe da salmoura, colocando-o em grelhas um a um, em seguida passam as gre-lhas por água para retirar o sal. Na fase seguinte as grelhas são colocadas nos carros que vão para a estufa para cozer o peixe. Depois de cozido, deixa--se arrefecer o peixe para poder ser enlatado. Bem, “depois o peixe começa a ser enlatado. Um pro-cesso ainda artesanal já que as nossas funcionárias colocam o peixe um a um dentro da lata de conser-va para que depois possam ser regados em azeite e com os condimentos necessários para cada produto – tomate, tomate picante, azeite picante, azeite”. A fi-nalizar, as latas vão à cravadeira para cravar as latas de conservas e em seguida são lavadas para remo-ver o azeite e finalmente vão para a esterilização.

A criseCerca de 90 por cento da produção tem em vista a exportação, sendo distribuída pelos diversos con-tinentes. Os restantes dez por cento de produção destinam-se ao mercado nacional e podem ser en-contrados em lojas gourmet, além da loja de fábrica. António Pinhal refere que a crise que se vive em Portugal acabou por não ter grande reflexo na empresa já que a grande aposta é a exportação e, aqui, não existem as oscilações de mercado que existem em Portugal.No entanto, nem tudo são rosas. A empresa pode não sofrer com a crise financeira, mas a verdade é que a natureza por vezes condiciona a ativida-de produtiva. Por exemplo, “com as intempéries os pescadores não vão para o mar, logo ficamos sem matéria-prima, mas também acontece haver es-cassez de matéria-prima”.

A qualidade é o segredo da longevidade António Pinhal crê que as coisas estão a mudar em Portugal. “Os portugueses começam a preferir a qualidade em vez do produto mais barato”. Numa das várias histórias que tem para contar, refere que “por vezes vêm ter comigo e dizem que com-praram uma conserva mais barata num supermer-cado e que compraram uma das nossas. Ao abri-rem, a do supermercado foi para o lixo porque não conseguiram comer e que a nossa era deliciosa”.

Empresa líder de mercadoComo se constrói uma empresa de líder de mercado? Utilizando as melhores matérias--primas e os recursos humanos mais efi-cientes. É isso que acontece na Conservas Pinhais. Utilizando o peixe mais fresco e apostando em matérias-primas e processos de elevada qualidade e tradição, conseguiu manter-se no tempo e ser hoje uma empre-sa líder do mercado da indústria conserveira.

Os produtosSardinha em azeiteSardinha em azeite picanteSardinha em tomateSardinha em tomate picanteCavala inteira picanteFiletes de cavala em azeiteFiletes de cavala em azeite picanteFiletes de cavala em azeite tomate picanteCarapau em azeite puro de oliveiraCarapau em azeite puro de oliveira picanteOvas de sardinha em azeite Ovas de sardinha em azeite picante

António Pinhal, Administrador da Conservas Pinhais & Cª

Qualidade e segurança distinguem Orivárzea

Jorge Parreira, Diretor Comercial e de Marketing

ÚNICA EMPRESA EM PORTUGAL QUE DOMINA O PROCESSO TODO, DESDE A SEMENTE ATÉ À PRATELEIRA DA LOJA OU RESTAURANTE

ENTREVISTA A JORGE PARREIRA, DIRECTOR COMERCIAL E DE MARKETING

Como caracterizaria a Orivárzea?A Orivárzea S.A. é o maior agrupamento de produtores de arroz de Portugal e o maior produtor individual. Toda a sua produção é

feita na Lezíria Ribatejana em cerca de 5300 hecta-res, onde produz cerca de 33 mil toneladas de arroz, dos tipos carolino, agulha e aromático. A totalidade da produção é feita sob as normas da produção in-tegrada, ou seja, não são utilizados produtos nocivos à saúde e ao ambiente. Todo o seu arroz está certifi-cado em termos de qualidade e segurança alimentar.

A Orivárzea é diferente. Independentemente da marca comercializa, como descreveria as diferen-ças que caracterizam a empresa? As grandes diferenças, além da produção própria - é a única empresa em Portugal que domina o processo todo, desde a semente até à prateleira da loja ou restaurante - são também um produto monovarietal em qualquer tipo de arroz, único no mercado português, um arroz cem por cento na-cional e todo da mesma zona geográfica – Lezíria Ribatejana, um produto produzido pelas normas da produção integrada ou seja uma produção ami-ga do ambiente e da saúde e a única empresa na Europa que tem o seu arroz certificado em termos de qualidade e segurança alimentar.

Quais os produtos comercializados pela Orivár-zea e de que forma caracterizaria cada um deles?Arroz carolino Bom Sucesso, um dos melhores arrozes, um arroz que absorve todos os sabo-res que lhe juntamos tornando a refeição mais apetitosa. É um arroz que requer muita atenção na sua preparação.Arroz agulha Bom Sucesso, um arroz que pelas suas característica fica sempre solto.Arroz aromático Bom Sucesso, tem nas suas características um aroma que liberta após a

abertura da embalagem e até depois de con-fecionado, é um arroz que fica solto e que dá às refeições um aroma diferente e muito agradável.Arroz carolino Baby Rice, o primeiro e único ar-roz no mundo direcionado à alimentação infan-til. Um arroz que absorve os sabores que lhe

juntamos tornando a refeição dos mais peque-nos muito mais apetitosa e fácil destes gosta-rem. Trata-se de um arroz homologado pela Di-reção Geral de Saúde e certificado em termos de qualidade e segurança alimentar.

Ao longo dos últimos anos, os produtos Ori-vázea têm sido destacados positivamente. Qual a importância dos prémios e distinções?Os prémios são sempre bem vindos, não tra-balhamos para eles, mas sabe sempre bem recebe-los e quando são genuinos e verdadei-ros ajudam sempre as marcas a crescer. Temos sido muito aliciados para participar em vá-rios concursos, mas recusamos todos os que não têm a mão dos consumidores, pois, mais importante que ganhar, é saber a opinião dos consumidores.

Ser seguidor da dieta mediterrânica significa saber escolher o que se come e o que se deve evita. O arroz é um dos que deve ser privilegiado?Não sou a pessoa mais indicada para responder a esta questão, quer porque não possuo conhe-cimentos para o fazer de uma forma correta, quer porque sou profissional do sector do arroz e aí teria sempre uma opinião tendenciosa.

DIETA MEDITERRÂNICA

6 Novembro 2013

A qualidade em primeiro lugarCONHEÇA MELHOR A EMPRESA QUE SE QUER DESTACAR COMO A MAIOR PRODUTORA DE MORANGO PORTUGUÊS, A FRUTAS CLASSE.

Antes de mais, importa contextua-lizar a Frutas Classe. Quando e com que objetivo foi fundada a empresa?

A Frutas Classe, S.A. foi constituída com esta mesma designação em 2001. No entanto, a em-presa nasceu na sequência do trabalho de co-mercialização de hortofrutícolas, de cerca de 30 anos, desenvolvido por Américo Constantino.

lançou-se na comercialização internacional. Hoje, onde podemos encontrar produtos Fru-tas Classe?A nível nacional, os morangos Frutas Classe podem ser encontrados nas grandes superfí-cies dos grandes grupos nacionais, de venda direta ou a retalho. Quanto aos mercados in-ternacionais, atualmente a empresa exporta o morango nacional para a europa, sobretudo, para França, Bélgica, Holanda e Rússia.

Quais os produtos comercializados atualmente?A Frutas Classe não esquece as suas raízes e, assim, grande parte da sua comercialização centra-se nos produtos Maçã de Alcobaça e Pera Rocha do Oeste, a par, claro do Moran-go. No entanto, a gama de frutas atualmente comercializadas pela empresa, passa também pelo Pêssego, Nectarina, Laranja e Ameixa, tendo outras frutas como Framboesa, Melão e Melancia, menor expressão no que se reporta às vendas.

Uma das grandes apostas da Frutas Classe, neste momento, é a produção de morangos. Como foi equacionada esta opção e como se diferencia a Frutas Classe na produção de morango?A aposta na produção começou, como se diz em bom português, “em jeito de brincadeira”, por ser uma fruto diferente da panóplia a que a empresa estava até então habituada. Inicial-mente a produção começou por ter um carác-ter eminentemente sazonal, mas atualmente a empresa produz ao longo de todo o ano, dada a localização da exploração (clima e solo), bem como a inovação tecnológica e técnica.

Já se pode, hoje, consumir morango Frutas Classe? Em que locais podemos adquirir este produto?Em Portugal o morango Frutas Classe está pa-tente nos hipermercados dos grandes grupos que atuam no nosso país, ora com marca pró-pria, ora com marca das ditas superfícies.

A exportação do morango é também uma aposta?A exportação do morango Frutas Classe é hoje uma realidade. Contudo, a empresa pretende que esta passe a representar 50 por cente da sua produção anual no decorrer do ano 2014.

Decorrente do trabalho, empenho e experiência desenvolvidos, com o passar dos anos a empre-sa foi-se especializando na comercialização de frutas variadas – Maçã de Alcobaça, Pera Rocha do Oeste, Laranja, Ameixa, Pêssego, Nectarina, entre outras, e, desde 2008 na produção de mo-rangos. Atualmente, o fundador Américo Con-stantino conta com o apoio na administração e execução, dos filhos Sérgio e Vitor.

Quais os principais objetivos da empresa e de que forma se posicionam para atingi-los? Atualmente o principal objetivo da Frutas Classe é ser um dos maiores produtores de morango a nível nacional com a mais-valia patriótica, de ser uma empresa inteiramente constituída por capitais nacionais. A par, ofe-rece um produto certificado pelas normas na-cionais e internacionais, que lhe permite não só cimentar a sua posição no mercado nacio-nal, hipermercados sobretudo, mas também nos mercados internacionais. Neste momento a empresa exporta para países europeus, mas tem como objetivo colocar o morango portu-guês no mundo.

Apesar de ser uma empresa cem por cento portuguesa e de cariz familiar, a verdade é que a Frutas Classe atingiu um patamar ele-vado de qualidade. Neste sentido, a empresa

ATUALMENTE O PRINCIPAL OBJETIVO DA FRUTAS CLASSE É SER UM DOS MAIORES PRODUTORES DE MORANGO A NÍVEL NACIONAL

A FRUTAS CLASSE NÃO ESQUECE AS SUAS RAÍZES E, ASSIM, GRANDE PARTE DA SUA COMERCIALIZAÇÃO CENTRA-SE NOS PRODUTOS MAÇÃ DE ALCOBAÇA E PERA ROCHA DO OESTE, A PAR, CLARO DO MORANGO

O projeto de produção de morango é arrojado e ambicioso, posicionando-se como um pro-motor do emprego nos concelhos de Caldas da Rainha e de Alcobaça. No entanto, o processo tem sido um pouco lento. Quais têm sido os principais entraves e desafios?Um dos principais entraves tem sido a aquisi-ção de terrenos com vista ao aumento da área produtiva. De facto, a expansão territorial da área tem-se pautado por entraves por parte dos proprietários dos mesmos, ora por puro desinteresse ora por razões que se prendem com o facto de pequenas parcelas pertence-rem a cinco proprietários. De notar que quan-do falamos de pequenas parcelas falamos de números inferiores a cinco hectares. Isto é um entrave pois não permite à empresa satisfa-zer as atuais solicitações de clientes e, logo, aumentar não só o seu volume de negócios, a sua cota de exportação, nem mesmo empre-gar mais mão-de-obra. Há ainda o entrave le-gal diretamente ligado aos tempos de traba-lho, nomeadamente, não há flexibilidade de horário de trabalho sem acréscimo de custos para a empresa, quando sabemos que noutros países europeus a jornada de trabalho pode iniciar e terminar mais cedo, o que do ponto de vista dos operários, e num país soalheiro como o nosso, faria todo o sentido pois re-duzir-se-ia a exposição solar em períodos em que a mesma é mais penosa para a saúde, mas também pelo facto das Convenções Coletivas de Trabalho percecionarem o funcionamento da atividade agrícola como a industrial, por exemplo, não entendendo que a colheita de fruta tem de ser realizada seis dias por se-mana cumprindo-se na mesma as 40 horas semanais. Isto pois, o tempo de exposição da

fruta ao sol por exemplo centra-se na dife-rença entre colher para vender ou colher para colocar no lixo.

Que outros entraves tem a empresa denotado?Outro entrave centra-se na mão-de-obra. Pri-meiramente, continua a prevalecer a ideia de que o trabalho agrícola é um trabalho menos credível, e logo, menos rigoroso sendo também entendido, muitas vezes, como um trabalho sa-zonal. Daqui decorre uma denotada falta de profissionalismo no que às obrigações legais diz respeito. Segue-se o entrave da, chamar--lhe-emos, “fuga” pois genericamente tem-se a ideia, errada, de que não são realizados con-tratos de trabalho e por consequência des-contos, o que já levou à desistência de vários potenciais colaboradores no ato de inscrição, beneficiários do Subsídio Social de Desem-prego ou não. Outro entrave prende-se com a baixa escolaridade e quando falamos de um produto certificado, como é o caso do moran-go da Frutas Classe, com regras e parâmetros de Higiene e Segurança Alimentar rigorosos, denota-se falta de conhecimentos/competên-cias. A par com o anteriormente referido e ape-sar da formação fornecida aos colaboradores, denota-se um desinteresse penoso para a em-presa. Por último, importa referir que a oferta de transporte público é inexistente apesar da exploração se encontrar a dois quilómetros da paragem de autocarro urbano mais próxima, a 800metros de um apeadeiro da CP e de empre-gar as já referidas 130 pessoas.

Frutas Classe não é apenas sinónimo de produ-ção e comercialização de frutas de qualidade, mas também de formação e apoio a agricultores locais. De que forma se têm posicionado nesta área e fomentando o desenvolvimento rural?A Frutas Classe, enquanto Organização de Produtores, presta aos seus associados um serviço técnico centrado e especializado no que à produção se reporta permitindo ainda aos mesmos o escoamento da sua produção. Tal permite ainda que o produto chegue mais depressa ao consumidor, porque eliminam-se possíveis intermediários, e logo, existe uma garantida de assegurada qualidade do produ-to quando este chega às prateleiras das su-perfícies comerciais.

Em termos futuros, quais os principais proje-tos da empresa?Para 2014, em primeiro lugar, o grande ob-jetivo é desbloquear o entrave na aquisição de terrenos por forma a aumentar a explora-ção agrícola em 75 por cento. Por corolário, haverá um crescimento em 80 por cento dos postos de trabalho efetivos bem como um au-mento significativo da produção sendo que 65 por cento do destino desta pretende-se que seja a exportação.

Gostaria de deixar alguma mensagem aos nossos leitores?Consuma produto português. Portugal somos todos nós.

A FRUTAS CLASSE, ENQUANTO ORGANIZAÇÃO DE PRODUTORES, PRESTA AOS SEUS ASSOCIADOS UM SERVIÇO TÉCNICO CENTRADO E ESPECIALIZADO NO QUE À PRODUÇÃO SE REPORTA PERMITINDO AINDA AOS MESMOS O ESCOAMENTO DA SUA PRODUÇÃO

DIETA MEDITERRÂNICA

Visão e futuroO PAÍS POSITIVO FOI ENTREVISTAR ANTÓNIO MOREIRA, ADMINISTRADOR E SÓCIO ÚNICO DO GRUPO MOREIRAS. O SEU LADO EMPREENDEDOR LEVOU-O A CRIAR, EM 2007, O GRUPO QUE CONTA HOJE COM VÁRIAS EMPRESAS TANTO NO RAMO DA INDÚSTRIA AGROALIMENTAR COMO NOS SERVIÇOS.

António Moreira é um empreendedor nato. Movido pela vontade de apostar no seu país e fazer mover a economia criou um grupo de empresas que se fundiu por

Portugal. Hoje, o Grupo aposta em sectores como a agricultura, indústria agroalimentar, serviços e co-mércio e a aposta no agroalimentar deve-se a uma razão muito simples: “Estas são as origens do Grupo, são as minhas origens e essa é a razão principal para que todos os investimentos nesta área estejam a ser feitos em Mogadouro. Queremos ir de Mogadouro para todo o lado, nacional ou internacionalmente”. Hoje, a empresa com sede em Bragança, possui em-presas em Mogadouro, Covilhã, Vila Real, Porto e Aveiro. O futuro? “Lisboa”.O Grupo Moreiras iniciou-se em 2007, com a aber-tura da primeira empresa. Apesar do muito trabalho, lágrimas e suor, António Moreira traça uma retros-petiva positiva e a verdade é que “o facto de não me ter centrado numa única área de negócio também fez com que o Grupo se desenvolvesse mais. Neste momento, as empresas são complementares entre si e apoiam-se umas às outras”.Da opinião de que as empresas devem ser sólidas e sustentáveis, António Moreira também que confessa que só ganha quem arrisca e, por isso, “é necessário ir apostando em outros mercados, novos negócios e novas áreas de atividade, desde que sejam comple-mentares entre si”.

ComplementaridadeO Grupo Moreiras tem por base o complemento e apoio entre empresas. Mas como isso é possível? “Por exemplo, a empresa de trabalho temporário capta trabalhadores para as outras empresas do Grupo”. Mas há ainda mais: “Além da empresa de

Psicologia, é já detentor de um Grupo de empresas de sucesso e com um futuro bastante promissor. O empresário encontra o que de melhor existe no nos-so país e potencia-o, apostando em locais e zonas menos desenvolvidas, sendo um promotor do de-senvolvimento local. Com uma aposta forte em Trás-os-Montes, António Moreira olha para a região como uma potencialidade: “É verdade que ao nível agrícola Trás-os-Montes tem características únicas, mas não menos verdade é o fac-to de que temos que fazer mais e melhor, inovando”.No entanto, e apesar de querer conservar as suas origens, António Moreira considera que é necessá-rio existir mais incentivos e apoios, não ao nível de subsídios mas da simplificação de alguns processos e burocracias.

O futuroAntónio Moreira é um lutador e, neste momento, está já a pensar em oportunidades de negócio de futuro. Neste momento, tem já uma aposta forte no azeite, nas carnes, nos enchidos e no leite, mas para o futuro, os dados estão já lançados: “Recentemente lancei-me no sector do cereal, em Mogadouro. Te-mos que ser capazes de aproveitar as mais-valias que possuímos e a verdade é que percebi que esta-mos a duas horas do Porto de Leixões e muito per-to de Espanha e França e, portanto, queremos criar uma espécie de interposto de cereal que permita re-ceber todos os cerais produzidos na zona e apostar na exportação”.

trabalho temporário, temos ainda outra de Higiene e Segurança no Trabalho e uma de Medicina no Tra-balho. Ou seja, conseguimos dar uma reposta eficaz ao nosso Grupo, mas também conseguimos criar um serviço completo ao nosso cliente”.

Apostas atuaisNeste momento, e no que diz respeito à indústria agroalimentar, o Grupo Moreiras está a desenvolver

um projeto ambicioso, assente em bases sólidas, mas o intuito é controlar a fileira. Ou seja, “com a unidade de produção que fizemos em Mogadouro, pretendemos apostar na transformação e venda di-reta e, para isso, necessito controlar toda a produção, a transformação e vender diretamente ao cliente, aproveitando a exploração agrícola que já possuí-mos e controlando todos os componentes que ofe-recem a qualidade que buscamos”.Hoje, já é possível encontrar os produtos Tapada de Moreiras, a marca referência do Grupo, em oito lo-jas próprias por todo o país, mas o futuro será ainda mais promissor com o alargamento da rede de lojas.

Moreiras e ExportaçãoA exportação é hoje o grande desígnio nacional e muitos são os empresários que encaram o mercado internacional como a estratégia a seguir. Também o Grupo Moreiras pretende apostar na exportação, mas António Moreira contextualiza: “Neste momen-to exportamos já para o Brasil através de um in-termediário, mas queremos ir mais longe e levar o nosso azeite e os nossos enchidos além-fronteiras”. Segundo o nosso interlocutor, a aposta na exporta-ção dos enchidos é essencial porque a verdade é “não há povo nenhum no mundo que faça enchidos como os portugueses. Somos únicos, temos qualida-de e tradição”.

O empresárioCom apenas 29 anos, António Moreira, licenciado em

António Moreira, administrador do Grupo Moreiras

DIETA MEDITERRÂNICA

10 Novembro 2013

Tradição e Qualidade“POR MAIS RARO QUE SEJA, OU MAIS ANTIGO,

SÓ UM VINHO É DEVERAS EXCELENTEAQUELE QUE TU BEBES, DOCEMENTE,

COM TEU MAIS VELHO E SILENCIOSO AMIGO”. Mário Quintana sabe bem descrever o prazer de um vinho, acompanhado por uma excelente companhia e com pano de fundo, os sentimentos. Em

busca daquilo que melhor se faz no nosso país, a nossa publicação encontrou a Quinta dos Correias e entrou à conversa com Ricardo Silva e Sousa, res-ponsável pela Quinta.Desde o reinado de D. Maria que esta quinta faz parte da família. Apesar das diferenças visíveis, a verdade é que esta Quinta, localizada em Tavira, onde em tempos esta foi das mais importantes re-giões vinícolas do nosso país, a Fuzeta, é pertença da família há várias gerações e, desde sempre, foi tratada com o carinho de quem gosta.O seu terroir característico, com solos arenosos, ar-gilosos, com pedras, e encostas pouco vincadas dá um corpo único a este vinho, forte e poderoso, do alto dos seus 14 graus de teor alcoólico.

O recomeçoFruto de um sonho e de uma visão de futuro, no ano 2000 foi feito um forte investimento na Quinta dos Correias, com a replantação da vinha, apostan-do em castas nobres e que dão ao vinho aqui pro-duzido um sabor único. Hoje, a Quinta dos Correias conta com castas como Castelão francês, Touriga Nacional, Aragonês e Cabernet Sauvignon e aposta numa produção controlada, de cerca de 30 mil li-tros anos, capaz de fazer sobressair o melhor deste vinho que é dividido em duas marcas – Terras da Luz e Fuzeta.Apostados na qualidade, aqui não se descura a tra-dição e, nesse sentido, o vinho é produzido de acor-do com técnicas ancestrais e a adega artesanal é parte integrante de todo o projeto.

ComercializaçãoPor ser uma Quinta que aposta na produção contro-lada, a totalidade da produção é escoda no Algar-ve, com a restauração e hotelaria a receber grande parte dos vinhos Terras da Luz e Fuzeta. Segundo Ricardo Silva e Sousa, “hoje já é mais fácil entrar neste mercado, mas a verdade é que quando inicia-mos este projeto os vinhos do Algarve não gozavam de muita reputação e, portanto, foi preciso trabalhar muito para conseguir conquistar um lugar no mer-cado. Hoje, grande parte dos restaurantes querem trabalhar com vinhos algarvios e isso mostra que os produtores têm feito um esforço para dotar os seus vinhos de uma qualidade extrema”.

O futuroPara o futuro, os projetos são poucos mas bem de-finidos. Antes de mais, o nosso interlocutor avança com o projeto de produzir vinhos brancos, “por ser um complemento e por termos capacidade para o fazer”. No entanto, na Quinta dos Correias irá con-tinuar a apostar-se em vinhos de qualidade e com produções controladas.

FuzetaVinho Regional AlgarveCabernet-Sauvignon, Castelão e Aragonez13,5%18 ºCCor rubi com laivos avermelhados. Límpido e transpa-rente. Sabor a frutos vermelhos maduros, ligeiro floral, bem arredondado nos seus principais componentes orgânicos. Produzido em pequenos lagares, estagiou oito meses em barricas de carvalho francês. Não foi filtrado para garantir os seus aromas primários. Con-firma os seus aromas primários. Estamos na presença dum belo vinho, persistente, elegante, com bom pro-longado final de boca nos seus taninos adocicados.Um fumeiro de enchidos e presuntos da serra algar-via, carnes de capoeira, caça de penas de confecção não muito elaborada, pratos da cozinha tradicional portuguesa não muito apurados, uma boa tábua de queijos nacionais e estrangeiros.

Terras da LuzAlgarve / Tavira DOCDOCCastelão e Touriga-Nacional14%18 ºCCor granada com ligeiras nuances a violeta. Lím-pido e transparente. Sabor a frutos silvestres bem maduros, ligeiras notas abaunilhadas da madeira de carvalho francês onde estagiou, demonstra boa es-trutura orgânica.Na boca revela os seus aromas. Tem tudo para ser um vinho de futuro. Termina com um belo final de boca, na presença dos seus taninos já muito suaves. Um fumeiro de enchidos e presunto da serra algar-via, carnes vermelhas, caça de pelo e penas, de ca-poeira de confecção elaborada e uma boa tábua de queijos nacionais

Quinta dos CorreiasSítio de Arroteia de Baixo, Luz de [email protected]

FORMAÇÃO AGRÍCOLA

11Novembro 2013

Qual a missão e os principais objeti-vos da Regibio na área da formação profissional?A Regibio é uma empresa de consul-

toria e formação profissional, acre-ditada pela Direção Geral do Emprego e das Re-lações do Trabalho (atualmente com o processo de certificação já submetido), que possui ainda certificação e homologação por parte do Insti-tuto de Emprego e Formação Profissional, Minis-tério da Agricultura – Direção-Geral de Agricul-tura e do Desenvolvimento Rural e do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres, entre outros. Tendo sido criada em 2002, a sua equipa de profissionais conta com quase duas décadas de experiência no desenvolvimento, organiza-ção e gestão de sistemas de formação. Apoian-do-se num crescimento sustentado, desenvolve as suas atividades em todo o espaço nacional, com maior incidência na Região Norte, Centro e LVT, tendo atualmente delegações em Bragança, Chaves, Porto, Amadora e Oliveira do Hospital, estando envolvida em projetos transnacionais

Promover o desenvolvimento do interiorCONHEÇA A REGIBIO QUE, “APOIANDO-SE NUM CRESCIMENTO SUSTENTADO, DESENVOLVE AS SUAS ATIVIDADES EM TODO O ESPAÇO NACIONAL, COM MAIOR INCIDÊNCIA NA REGIÃO NORTE, CENTRO E LVT, TENDO ATUALMENTE DELEGAÇÕES EM BRAGANÇA, CHAVES, PORTO, AMADORA E OLIVEIRA DO HOSPITAL, ESTANDO ENVOLVIDA EM PROJETOS TRANSNACIONAIS EM ANGOLA E NA ROMÉNIA, ONDE DESENVOLVE ATIVIDADE ATRAVÉS DE UMA EMPRESA DEVIDAMENTE ACREDITADA NA ROMÉNIA”.

em Angola e na Roménia, onde desenvolve ati-vidade através de uma empresa devidamente acreditada na Roménia, a R4 - Consultanţă Si Formare Profesională S.R.L., . É missão da Regi-bio cumprir com rigor os contratos assumidos, excedendo as expetativas dos seus clientes, va-lorizando os seus colaboradores e contribuindo para a aquisição e consolidação de competências dos seus formandos, através da apresentação de projetos de formação, nas suas vertentes de for-mação cofinanciada e não financiada, intervindo em todos os momentos do processo formativo. Na sua atuação, a Regibio disponibiliza recursos humanos e físicos que sustentam a organização, execução e gestão de ações de formação profis-sional, numa ótica de prestação de serviços téc-nicos, logísticos e administrativos. Promove ain-da a adoção de soluções de racionalização dos processos de trabalho, suportados em sistemas e tecnologias de informação e comunicação. É nos-so objetivo que esses compromissos, na medida em que enquadram atitudes, comportamentos e condutas, sejam o reflexo da marca da Regibio

e garantia de qualidade: nos prazos e rigor de execução, na eficiência e eficácia e, também, nas condições de trabalho.

Originalmente vocacionada para a formação nas áreas mais rurais e interiores do país, quais os principais diferenciadores da Regibio face à concorrência?Sendo uma empresa originária do interior do país (a sua sede é em Bragança), sempre foi uma preocupação premente da Regibio o combate à interioridade e o desenvolvimento do meio ru-ral. Podemos aliás enaltecer, com orgulho, o facto de a Regibio ter sido (e continuar a ser) um dos principais veículos disseminadores de conheci-mento no interior do país e, em particular, no in-terior rural. Recordamos que iniciámos o nosso percurso profissional numa altura em que não existiam ofertas formativas no interior do País. Foi precisamente por aí que começamos: aldeias e pequenas vilas, onde os índices de qualificação eram mínimos e onde o nosso contributo tem servido para minorar os efeitos da interioridade

e também para melhorarmos os níveis de quali-ficação das populações rurais. Elegemos a faixa interior como principal área de intervenção por-que entendíamos, já na altura, que o desenvol-vimento do país apenas poderia ser conseguido através da qualificação dos portugueses e que essa qualificação deveria ir ao encontro de todas as populações, independentemente da sua loca-lização geográfica, não se podendo limitar aos grandes centros urbanos. É nosso apanágio que a formação deve ir de encontro às pessoas, não as pessoas ao encontro da formação.Para conseguir-se esta finalidade foi necessário envolver não apenas um vasto conjunto de pro-fissionais mas particularmente um vasto conjun-to de entidades, públicas e privadas, com e sem fins lucrativos, que permitiram colocar no terre-no os mecanismos necessários e desenvolver os muitos percursos formativos que, nestes últimos dez anos, têm sido desenvolvidos em prol da me-lhoria das qualificações. A rede de parcerias da Regibio é bastante extensa, está distribuída por todo o país e abrange empresas, associações se-toriais e de fileira, IPSS e Instituições de Ensino Superior. Atribuímos também bastante importân-cia às parcerias com outras entidades formado-ras, cuja partilha de conhecimentos e experiên-cias tem contribuído para a melhoria de todo o processo formativo. Assim sendo, uma importan-te base de sustentação da nossa atividade ad-vém da nossa extensa rede de parcerias (formais e informais) e, por sua vez, da subsequente liga-ção existente entre os nossos próprios parceiros e as suas próprias redes de parcerias. Ao lidarmos diretamente com fornecedores, clientes e parcei-ros, por um lado, e com coordenadores, media-dores, formadores e formandos, por outro lado, temos tido oportunidade de granjear um vasto know-how sobre a situação económica, social e profissional de um vasto conjunto de setores de atividade da nossa sociedade, ao qual temos conseguido também acrescentar a mais-valia do conhecimento profissional e pessoal dos recur-sos humanos afetados à formação profissional e, não menos importante, associar a este know--how a experiência profissional e de vida dos muitos milhares de formandos que, nos últimos dez anos, tivemos o privilégio de qualificar.

Quais as áreas prioritárias da vossa oferta forma-tiva? O que melhor define a vossa oferta?A oferta formativa da Regibio é hoje muito di-versificada e abrangente. Pretendemos manter

FORMAÇÃO AGRÍCOLA

12 Novembro 2013

a aposta na qualificação inicial de jovens, quer através ado sistema de aprendizagem quer através da educação e formação de jovens. Os percursos de formação modular certificada de-senvolvidos pela Regibio que geram novas opor-tunidades de trabalho para os desempregados e a qualificação de adultos são também prio-ridades, tendo também para este fim a Regibio atualmente um CQEP já aprovado pela ANQEP. A formação para a inclusão é igualmente uma área prioritária à qual a Regibio tem dado particular importância, uma vez que a situação socioeco-nómica atual do país tem vindo a agravar as de-sigualdades na nossa sociedade, em particular nas regiões mais desfavorecidas.A formação es-pecializada nos setores agro-florestal e pecuário, quer para jovens agricultores quer para técnicos especializados constitui outra das áreas de inter-venção prioritária.

Quais as áreas com maior procura formativa no segmento agrícola?A recente onda de «novos agricultores» veio alte-rar em parte o paradigma da formação agrícola. Os formandos são hoje muito mais qualificados, exi-gentes e pró-ativos, fruto de qualificações prévias mais elevadas, muitas vezes já com formação de ní-vel superior. Para além da formação em Economia e Gestão da Empresa Agrícola, transversal a toda a atividade agrícola, tem crescido a procura por ações de formação de Agricultura Biológica, Mico-logia, Mirtilos, Helicicultura, Culturas Hidropónicas, entre outros. Para além das formações financiadas,

quer para Jovens Agricultores com projetos subme-tidos à medida 1.1.3 – Instalação de Jovens Agricul-tores quer para Técnicos Especializados dos setores Agro-Florestal e Pecuário, também as solicitações de ações de formação para outros públicos tem vindo a aumentar nos últimos meses.

Tendo em consideração os formandos atuais, como caracteriza esta geração de “novos agricul-tores” e quais as suas principais características diferenciadoras?Acima de tudo, podemos destacar dois fatores fundamentais: os novos agricultores estão mui-to mais recetivos à implementação de avanços tecnológicos no setor e possuem uma visão mais empresarial da atividade agrícola e menos vira-da para a agricultura mais tradicional ou de sub-sistência. O aumento das qualificações dos novos agricultores abre novas possibilidades em maté-ria de inovação e produtividade, sendo que a falta de experiência aporta também novos desafios a este público específico.

Na sua opinião, o que dita, ou não, o sucesso na área agrícola?O sucesso na área agrícola está sempre dependen-te de diversos fatores, alguns não controlados di-retamente pelos agricultores, como por exemplo a meteorologia. A escolha adequada do tipo de exploração em função da orologia e da sua loca-lização física continua a ser um fator muito impor-tante. Também a capacidade de escoamento dos produtos assume cada vez mais importância, assim

como a procura de novos mercados e a capacidade de inovação num setor que tradicionalmente tem alguma resistência à mudança. Procuramos garan-tir nas nossas formações que os novos agricultores adquiram o máximo de conhecimentos mas, em úl-tima análise, a sua flexibilidade, emprenho e deter-minação continuam a ser fatores essenciais para o sucesso das atividades agrícolas.

Quais os principais desafios na área da formação agrícola?Um dos grandes desafios na formação agrícola continua a ser sensibilizar os agricultores para a necessidade e importância da formação, ainda que hoje em dia esta dificuldade seja menor que no passado, nomeadamente no que concerne aos novos agricultores. A resistência à mudança é ou-tro desafio natural que temos encontrado ao lon-go dos anos e que temos procurado minimizar através da escolha de formadores com bastante experiência prática no terreno e que, com esse seu conhecimento real, aportem às formações mais-valias práticas para os grupos de formação. Atualmente levantam-se novos desafios na for-mação agrícola, nomeadamente na mecanização da atividade e na alteração estrutural do tecido agrícola, hoje muito mais empresarial e profis-sional que no passado. Estes novos desafios tra-zem consigo novas necessidades de qualificação, muitas delas complementares e mais específi-cas, que muitas vezes necessitam de uma visão mais «onjob» que a formação presencial mais tradicional não permite responder com a mesma eficácia.

A multidisciplinariedade e transdisciplinaridade são conceitos fundamentais na ação formativa. Como é possível otimizá-los no contexto agrícola?Como em qualquer outro setor, a multidisciplina-riedade e a transdisciplinaridade são elementos fundamentais no processo de aprendizagem. A sua aplicação no setor agrícola tem os mesmos pressupostos de qualquer outra área, ainda que com especificidades próprias do setor: um ade-quado diagnóstico de necessidades formativas, um correto planeamento da intervenção forma-tiva, devidamente ajustado à realidade geográfi-ca, ao grupo de formação e às suas necessidades

individuais, a escolha assertiva dos formadores em função desses mesmos requisitos e necessida-des e um acompanhamento permanente e eficaz da atividade formativa para garantir que os me-canismos de melhoria são aplicados sempre que identificadas necessidades adicionais. A flexibili-dade formativa que incentivamos aos formadores permite que as formações sejam mais dinâmicas, menos restritas exclusivamente aos temas pre-viamente definidos e, por isso, com uma maior produtividade final. A partilha de experiências, saberes e a abordagem de assuntos complemen-tares aos previstos na formação, quando identi-ficadas as necessidades, constituem um elemen-to essencial para que os resultados finais sejam mais proveitosos para os grupos de formação. Em suma, torna-se vital que todo o processo prévio à formação em si seja adequadamente realizado, analisando constantemente as novas realidades e tecnologias e ajustando todo o processo às neces-sidades específicas do grupo. Naturalmente que o formador assume um papel central e fulcral no sucesso deste modelo.

Quais as prioridades formativas futuras da Regibio?A qualificação de adulto é uma prioridade que esperamos venha a ser novamente encarada pela tutela como um mecanismo fundamental para a requalificação profissional da mão-de-obra em Portugal, que mantém ainda baixos níveis de qualificação. Este tema tem vindo a ser progres-sivamente reintroduzido na agenda política, mas a realidade é que há três anos que a situação tem vindo a regredir. Esperamos que o novo qua-dro comunitário venha a possibilitar uma respos-ta adequada aos desempregados que, pelas suas baixas qualificações, não conseguem encontrar trabalho em novos setores laborais e necessi-tam urgentemente de uma completa requalifi-cação, seja a nível escolar mas essencialmente profissional, que lhes permita procurar trabalho em novos setores laborais e assim aumentem as suas possibilidades de reingresso no mercado de trabalho.Neste prisma, a formação em contexto de trabalho assume-se cada vez mais como um fator essencial para garantir que a reintegração profissional pode ser concluída com um maior índice de sucesso.

REABILITAÇÃO URBANA

“Tem existido algum esforço para desenvolvera área da reabilitação urbana”

António Lopes Pinto, Administrador

Como surgiu a Monterg e quais os motivos subjacentes à sua fundação?A Monterg nasceu em 2000 e, desde logo, vocacionada para o mercado da reabilitação.

Apesar de nascer essencialmente para esta área, como o mercado não era suficiente e nós queríamos fazer a empresa crescer, fomos trabalhando em outras áreas, o que gerou uma empresa que cobria praticamente todas as áreas da construção.

Uma das vossas marcas diferenciadoras é a aposta nos funcionários. Qual a importância da formação no seio de uma empresa como a Monterg?A reabilitação é uma área onde, talvez por não haver ainda uma grande tradição nessa área, é difícil encon-trar formação. Dentro das possibilidades da empresa e

AS PALAVRAS SÃO DE ANTÓNIO LOPES PINTO, ADMINISTRADOR DA MONTERG CONSTRUÇÕES. A EMPRESA CONTA COM CINQUENTA COLABORADORES DIRETOS E CONCENTRA A SUA AÇÃO NA ÁREA DA CONSTRUÇÃO, REMODELAÇÃO E REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS.

de um objetivo definido há vários anos, temos vindo a dar formação na área da reabilitação porque é diferente da construção nova e sentimos essa necessidade.Como se deu a aposta na internacionalização?No nosso caso, esse passo foi um passo de necessidade. Quando percebemos que o mercado estava em que-da, tivemos de criar uma alternativa para a empresa se manter estável e sustentável. Assim, e conscientes de que os nossos recursos humanos precisam de con-tinuar a trabalhar, lançamo-nos nessa aventura da in-ternacionalização. O primeiro projeto que se identificou foi Moçambique e tivemos a sorte de contar com um bom cliente para começar, a EFACEC, cujas instalações na cidade de Maputo foram reabilitadas por nós.

Mas agora Moçambique não é o único destino da Monterg…É verdade. Estamos agora a dar os primeiros passos na Argélia, uma oportunidade que se identificou há alguns meses mas que só agora se efetivou, através de uma parceria com uma empresa de renome. Iremos avançar com a construção de cerca de 300 casas de habitação a cerca de 160 quilómetros de Argel e penso que será uma oportunidade bastante interessante.

Em termos futuros, quais são as suas perspetivas? Sinceramente, tenho algumas dificuldades em fazer es-tas previsões. Sou muito cauteloso e não costumo fazer grandes previsões ou ter altas perspetivas. A verdade é que este final de ano tem-nos trazido bastante trabalho e temos já novos projetos em fase de arranque. No en-tanto, o futuro irá ser sustentado em trabalho, dedica-ção e profissionalismo. Só assim conseguiremos vencer num mercado concorrencial e com quebras imensas.

REABILITAÇÃO URBANA EM DESTAQUE

A reabilitação é essencial para a recuperação económi-ca do país?É um passo. Somos um país de turismo e é impensável que as cidades continuassem a viver para o turismo e os centros quase em ruínas. Mesmo em termos econó-micos, existe uma maior procura pelos centros das cida-des, as pessoas querem estar mais próximo do local de trabalho, as cidades continuam a concentrar os centros de atividade. Para além disso, a alteração da lei das ren-das veio criar uma flexibilidade para os imóveis que es-tavam sem intervenção há muitos anos, pelo receio de novos arrendamentos e porque as rendas que existiam não chegavam sequer para a manutenção dos edifícios. Neste momento, temos cinco projetos em execução em Lisboa, dois em Coimbra, dois em Leiria e Caldas da Rai-nha, um em Tomar e acabamos, recentemente, um em Portalegre.

O IVA a seis por cento para a reabilitação e a existên-cia de alguns municípios com programas de incentivo

acaba por ser uma mais-valia ao vosso trabalho?Isso não acontece em todos os casos. Neste momento, todo o centro histórico casco velho de Lisboa está den-tro desse regime, mas quando saímos da zona urbana de Lisboa já não é assim. Na maior parte dos locais o IVA é de seis por cento para a mão-de-obra e de 23 por cento para os materiais. Como na reabilitação há um consumo maior de mão-de-obra, uma grande parte do orçamento acaba por ser taxado aos seis por cen-to do IVA reduzido. Os programas de incentivo acabam também por ser uma ajuda devido às isenções de taxas ou licenças. Existe uma preocupação na simplificação. Acredito que hoje existe algum esforço por parte das câmaras e até de outros organismos no sentido de de-senvolver a área da reabilitação urbana.

Os autarcas estão cada vez mais despertos para as po-tencialidades da reabilitação. Será esta mais uma ala-vanca da reabilitação urbana?Nesta área acredito que tudo o que vier é bem-vindo.

Sabemos que Portugal sempre teve dificuldades no planeamento, não sendo propriamente um ponto for-te entre as nossas qualidades. O boom de construção nova e o facto de se ter deixado de fora a reabilitação, existe porque para as câmaras, em termos de emis-são de novas licenças ou de taxas de compensação, era economicamente mais interessante construir uma nova urbanização do que reabilitar dentro das cidades. As novas urbanizações ocuparam mais solos, criaram a necessidade de uma maior rede de transportes, a obri-gação de novas redes de infraestruturas sem perceber-mos ou pensarmos quem é que iria viver para lá.

A sustentabilidade é também uma das características da reabilitação urbana?A reabilitação tem a vantagem de não impermeabilizar novos solos, não necessitar de criar acessibilidades su-plementares, utilizar menor quantidade de matéria-pri-ma, melhorar a qualidade visual da paisagem urbana e criar valor histórico e turístico..

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SEGURANÇA

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Combate ao furto de metais não preciosos exige ação concertada 40 MILHÕES DE EUROS DE PREJUÍZOS, FORTE IMPACTO AO NÍVEL DA ATIVIDADE ECONÓMICA E POPULAÇÕES INSEGURAS. O FURTO DE METAIS NÃO PRECIOSOS É UM FENÓMENO COM IMPLICAÇÕES DIRETAS NA SOCIEDADE E EXIGE ATUAÇÃO INTEGRADA. A ASSOCIAÇÃO PARA A PROMOÇÃO DA SEGURANÇA DE ATIVOS TÉCNICOS DÁ VOZ A ESTE COMBATE, REUNINDO ALGUMAS DAS MAIS IMPORTANTES EMPRESAS PORTUGUESAS EM PROL DA SEGURANÇA DE INFRAESTRUTURAS DE INTERESSE PÚBLICO.

António Chaleira, Presidente da PSAT

C riada em fevereiro de 2012, a Asso-ciação para a Promoção da Seguran-ça de Ativos Técnicos (PSAT) reúne a EDP Distribuição, a Portugal Tele-

com, a REFER, a EPAL, a REN e a EDP Renová-veis em prol da segurança das redes elétricas, ferroviárias, de telecomunicações e de abas-tecimento de água. Sob a batuta da PSAT, estas empresas de in-teresse público partilham recursos e estraté-gias no combate ao furto de metais. “Temos uma dimensão nacional e trabalhamos pela proteção das infraestruturas públicas, em ar-ticulação com o Ministério da Administração

DESENVOLVEMOS TAMBÉM COM A GNR UM PROTOCOLO DE COMUNICAÇÃO, QUE POSSIBILITA ESTRUTURAR E UNIFORMIZAR O INTERFACE DE COMUNICAÇÃO DAS OCORRÊNCIAS, CRIANDO CONDIÇÕES PARA O REFORÇO DA EFICÁCIA DAS FORÇAS OPERACIONAIS

SEGURANÇA

Novembro 2013 15

Interna (MAI), com o Ministério da Justiça e com a Procuradoria-Geral da Republica”, anuncia António Chaleira, presidente da PSAT. A PSAT previne e combate os furtos de me-tais através da ligação permanente com MAI, que promove o contacto direto com as forças de segurança e a partilha útil de informações entre empresas e autoridades. António Cha-leira não tem dúvidas: quando falamos em metais preciosos, cooperação é palavra de ordem. “Este protocolo com o MAI permitiu--nos começar a analisar a dimensão do furto e passámos a unir esforços e a partilhar boas práticas. Cada empresa detinha uma visão e dimensão do problema e procurava, por si só, encontrar as melhores soluções. Enquanto associação somos mais fortes e mais ativos”, sublinha.

Do Ribatejo Seguro ao Campo Seguro A génese da PSAT está intimamente ligada ao Ribatejo. Foi da união de esforços entre a EDP, o então Governo Civil de Santarém e a GNR que se traçou uma estratégia conjunta de combate à forte incidência de furtos na re-gião da Lezíria. “Sensibilizaram-se agriculto-res, criou-se um sistema de sensorização nos equipamentos, para detetar a sua movimen-tação, e reforçou-se a comunicação entre en-tidades”, recorda António Chaleira. O sucesso da iniciativa permitiu alargar esta estratégia a todo o país e a operação Ribatejo Seguro deu lugar à Campo Seguro. PSAT e MAI com-prometem-se assim no desenvolvimento de um projeto de base tecnológica que permite a monitorização das infraestruturas e equi-pamentos georreferenciados e que atua tam-bém ao nível da instalação de equipamentos de navegação nas viaturas das forças de se-gurança. O projeto segue passo-a-passo e já permitiu criar a Sala de Situação da GNR de Leiria, disponibilizar quatro viaturas todo-o--terreno à GNR e o desenvolvimento do SIG--SIRESP, que assim permite à GNR localizar e gerir eficazmente os meios no terreno. “De-senvolvemos também com a GNR um protoco-lo de comunicação, que possibilita estruturar e uniformizar o interface de comunicação das ocorrências, criando condições para o reforço da eficácia das forças operacionais”, explica António Chaleira.

Ação local precisa-se!O furto de metais não obedece a critérios definidos e, portanto, a atenção e vigilância permanentes são essenciais para obter re-sultados. Para além das forças de seguran-ça, é urgente estimular o envolvimento das populações e das próprias entidades locais no combate a este flagelo, já que este deli-to tem implicações diretas na qualidade de vida das pessoas. António Chaleira destaca os exemplos da Golegã e de Almeirim nesta área. “Ambos os municípios limitaram a mobilida-de de veículos em alguns caminhos durante a noite, reduzindo assim a possibilidade de aceder às infraestruturas públicas e aos bens dos agricultores, nomeadamente aos sistemas

Entrega de viaturas à GNR no Comando Territorial de Santarém

Entrega de viaturas à GNR no Comando Territorial de Santarém

33 por cento relativamente a 2012. “Não te-nho dúvidas que a ação da PSAT foi importan-te para esta diminuição. O envolvimento na criação de um novo quadro legal e a estrei-ta colaboração com as forças de segurança e com as polícias de investigação foram deci-sivos para os resultados alcançados”, observa António Chaleira.

Fenómeno globalizadoO furto de metais revela-se um fenómeno à escala global e o reforço da ação policial e das molduras penais é vital para um com-bate efetivo. Na Europa, Portugal, Espanha, França, Grécia, Itália, Holanda e Reino Uni-do são os países com mais ocorrências re-gistadas. Do outro lado do Atlântico, os EUA assumem-se como outra das áreas do globo particularmente afetada por este problema.

de rega”. O envolvimento das populações é também prioritário. “A instalação de senso-res e alarmes, em especial nos equipamentos agrícolas, é determinante para a prevenção de furtos e para o sucesso do trabalho das forças de segurança”, afirma o responsável.

Partilha de informações é prioritáriaA partilha das bases de dados das diferentes empresas, com o registo de ocorrências dos últimos anos, constituiu um importante ins-trumento de trabalho para as polícias de in-vestigação. “A partilha e o cruzamento de da-dos e de informações com as autoridades e polícias de investigação tem possibilitado a identificação e o desmantelamento de estru-turas organizadas, principalmente ao nível da recetação”, expõe António Chaleira.Nesta vertente a PSAT está a avaliar a criação de uma base de dados comum, como coletor de registos de todas as ocorrências, a parti-lhar com as forças de segurança e polícias de investigação. A Procuradoria-Geral da Repú-blica é outra das entidades comprometidas neste objetivo e a nomeação de um Procura-dor responsável pelo furto de metais não pre-ciosos em cada círculo judicial é a evidência desse forte compromisso. Em pouco mais de um ano, a PSAT exibe resul-tados que atestam que a estratégia seguida está a dar frutos. Com o número de furtos a evidenciar um forte redução desde 2011, as ocorrências registadas em 2013 baixaram 48 por cento face ao ano anterior. Também a di-mensão dos furtos sofreu um decréscimo de

Portugal não baixa a guarda e, rumo a 2014, o objetivo da PSAT é envolver outras empre-sas neste processo para assim poder reforçar a sua capacidade de acção. Para o início do próximo ano está prevista a organização de uma conferência internacional para dar a co-nhecer o trabalho realizado pela associação em colaboração com as autoridades policiais e entidades judiciais. O modelo de trabalho da PSAT, bastante elogiado em vários fóruns internacionais, dá provas da sua eficiência. António Chaleira mostra-se satisfeito com os resultados obtidos, mas, longe de estar conformado, assegura que a adesão de mais empresas à PSAT criará outras capacidades, tornando mais forte o combate ao furto de ativos técnicos. As portas estão abertas rumo à concretização de um objetivo comum: mais segurança para todos.

A INSTALAÇÃO DE SENSORES E ALARMES, EM ESPECIAL NOS EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS, É DETERMINANTE PARA A PREVENÇÃO DE FURTOS E PARA O SUCESSO DO TRABALHO DAS FORÇAS DE SEGURANÇA

A PSAT EXIBE RESULTADOS QUE ATESTAM QUE A ESTRATÉGIA SEGUIDA ESTÁ A DAR FRUTOS. COM O NÚMERO DE FURTOS A EVIDENCIAR UM FORTE REDUÇÃO DESDE 2011, AS OCORRÊNCIAS REGISTADAS EM 2013 BAIXARAM 48 POR CENTO FACE AO ANO ANTERIOR

EM DESTAQUE

16 Novembro 2013

O Observatório das Autarquias Fami-liarmente Responsáveis foi criado em Maio de 2008. O Observatório tem como principais objetivos acompa-

nhar, galardoar e divulgar as melhores práticas das autarquias portuguesas em matéria de res-ponsabilidade familiar.

No conceito de “AFR - Autarquias Familiar-mente Responsáveis”, estão presentes duas vertentes: autarquia enquanto entidade em-pregadora, adotando medidas facilitadoras de conciliação de vida familiar e laboral para os seus trabalhadores, tornando-se, laboratório e modelo destas práticas para as empresas lo-cais; e autarquia “Familiarmente Responsável” para com as famílias do seu município, adotan-do políticas que deem resposta às suas neces-sidades concretas em vários âmbitos.A base de trabalho do Observatório é um qua-dro de referência, anualmente revisto e com-plementado com contributos das próprias au-tarquias e da equipa científica que o integra. Nesse quadro de referência são englobadas dez áreas de atuação: apoio à maternidade e pa-ternidade; apoio às famílias com necessidades

O I Campeonato de Futebol Interdepar-tamental junta mais de 150 trabalha-dores da Continental Mabor, Multi-tempo, Schenelleck, Rangel e Eurest,

sendo este o pontapé de saída para um conjunto de iniciativas que o Sindeq tem em carteira. Sem perder a sua vocação sindical de “defesa de um emprego digno”, o Sindeq acredita que a sua mis-são pode e deve passar também por uma atitude proactiva num conjunto de outros factores não menos importantes para os trabalhadores: “A pro-moção do desporto junto da classe trabalhadora fomenta não só a saúde e o bem-estar, mas tam-bém permite ao trabalhador desenvolver vínculos sociais, contribuindo para relações mais saudáveis a todos os níveis”.O apito inicial foi em Outubro, poucos dias depois do Jantar Oficial, onde foi feito o sor-teio das equipas e oficializado o Campeonato. Seguem-se alguns meses de jogos semanais, onde os trabalhadores conciliam os seus ho-rários, grande parte por turnos, porque afinal “quem corre por gosto não cansa”. A verdade é que a iniciativa movimentou não só os traba-lhadores, como também algumas empresas do concelho, que reconheceram desta forma que “trabalhadores motivados são também melho-res trabalhadores”. Há prémios para as melhores equipas, melho-res jogadores, melhor treinador e até para o ár-bitro. Viagens, fins-de-semana e outros mimos, porque afinal o campeonato é a sério e alguns dos trabalhadores já foram outrora jogadores. No final, a verdade é que ganham todos: “os trabalhadores vestem a camisola pela sua em-presa e defendem-na até ao final. Não é essa a melhor vitória para a economia nacional?”

Acompanhe o campeonato em:https://www.facebook.com/sindeqoficialhttp://www.youtube.com/channel/UC3WKnrUtbc4skTm_ETPXHRQ

Observatório das Autarquias Familiarmente Responsáveis

Sindicalismo não é (só) ir para a rua!O SINDICATO DEMOCRÁTICO DA ENERGIA, QUÍMICA, TÊXTIL E INDÚSTRIAS DIVERSAS (SINDEQ) PROMOVE UMA INICIATIVA INÉDITA. DESTA VEZ, O SINDICATO NÃO FOI PARA A RUA, MAS PARA OS RELVADOS DA ACADEMIA DRAGON FORCE, EM V. N. FAMALICÃO. EM CAUSA, ESTÁ A LUTA CONTRA A OBESIDADE E A PROMOÇÃO DO DESPORTO, QUALIDADE DE VIDA E BEM-ESTAR DA CLASSE TRABALHADORA.

especiais; serviços básicos; educação e forma-ção; habitação e urbanismo; transportes; saú-de; cultura, desporto, lazer e tempo livre; coo-peração, relações institucionais e participação social e outras iniciativas. Complementarmen-te são analisados os facilitadores e a cultura interna familiarmente responsável. A avaliação realizada pelo Observatório tem por base a análise dos inquéritos integralmente respondi-dos e a comparação entre o trabalho realizado medida a medida. As respostas encontram-se disponíveis no site do Observatório, em www.observatorioafr.org permitindo a todos os inte-ressados ficar a conhecer o trabalho desenvol-vido pelas autarquias participantes.

As autarquias têm realçado três áreas funda-mentais para a importancia do projeto no de-senho e acompanhamento das suas medidas: a realização de um diagnóstico interno abran-gente; o conhecimento das medidas adotadas pelas outras autarquias e o apoio na seleção e desenvolvimento das suas politicas.

Logo no primeiro ano aderiram a esta propos-ta 78 municípios e esse número tem vindo a crescer todos os anos tendo atingido os 207 municípios em 2013. Também o número de au-tarquias distinguidas tem aumentado, de 13 em 2009 para 37 em 2013. Estes números re-presentam a crescente preocupação do poder local na adoção de políticas mais familiarmen-te responsáveis mas também são reflexo do trabalho do Observatório de disseminação das boas práticas adotadas.

Isabel Paula Santos

DESENVOLVIMENTO REGIONAL8Outubro de 2013

Formação Modular Certificada· Formação CofinanciadaPela primeira vez, a ADIRBA tem disponível um vasto programade “Formações Modulares Certificadas” financiadas no âmbitodo POPH – Medida 2.3. e que estão organizadas em unidades deformação de curta duração (UFCD) de 25 ou 50 horas,capitalizáveis para a obtenção de uma ou mais qualificaçõesdefinidas no «Catálogo Nacional de Qualificações - CNQ».Destinam-se, especialmente, a candidatos activos empregadosassociados ou colaboradores de associados da ADIRBA, comidade igual ou superior a 18 anos, sem qualificação adequadapara progressão no mercado de trabalho, ou que pretendamobter uma requalificação profissional.As condições mínimas de acesso variam em função do referencialde base do curso, respectivamente: - Níveis 2 - destinam-se, prioritariamente, a adultos que nãoconcluíram o ensino básico (3.º ciclo). - Níveis 4 - destinam-se a adultos com habilitação escolar aonível do 3.º ciclo do ensino básico (9.º ano).

· Regalias- Formação Gratuita;- Subsídio de Alimentação (de acordo com a legislação emvigor);- Manual do Curso;- Certificado de Participação.

· CertificaçãoA conclusão com aproveitamento de uma formação modularconfere ao (à) participante, um “Certificado de Qualificações”.

· Oferta Formativa Disponibilizada,nas Seguintes «Áreas de Formação»213 - Audiovisuais e Produção dos Media;346 - Secretariado e Serviço Administrativo;481 - Ciências Informáticas;541 - Industrias Alimentares;523 - Eletrónica e Automação;

811 - Hotelaria e Restauração;862 - Segurança e Higiene no Trabalho.(Oferta formativa integrada no Catálogo Nacional deQualificação)

· Notas ImportantesA calendarização e realização de cada ação de formaçãodependem de um número mínimo de inscrições.A formação pode decorrer na própria empresa ou entidade,pelo que, poder-nos á contactar para obter mais informaçõesatravés dos números:

Telef. 22 832 42 29Telem. 933 980 825E-mail: [email protected]

Novembro 2013

INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

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Integrado na UTAD – Universidade de Trás--os-Montes e Alto Douro – o CECAV é um dos principais centros de investigação nacional relacionados com diversas áreas das ciências

animais e veterinárias, desde a componente de nu-trição e alimentação e bem-estar à avaliação do desempenho produtivo e reprodutivo e melhora-mento genético, passando pela saúde animal e a segurança alimentar. “Nós abrangemos toda a fi-leira de produção ao consumo, fazendo a interface entre o que é a nutrição e alimentação animal, a obtenção de produtos alimentares de origem ani-mal e a saúde animal e das populações”, explica

a diretora, Rita Payan Carreira. Para além disso, o Centro presta ainda apoio ao curso de Medicina Veterinária, Engenharia Zootécnica, mestrados e cursos de doutoramento que se inserem nas áreas científicas em que desenvolve a sua atividade, o que permite uma atualização constante sobre as necessidades mais objetivas que vão surgindo e as respostas de que o mercado necessita.Na verdade, devido à ligação entre a saúde animal e a alimentação humana, uma das grandes preocu-pações do centro de investigação é a saúde pública. “Temos trabalhos desenvolvidos na área de quali-dade dos produtos que chegam ao consumidor,

sejam produtos frescos, como a carne e o peixe, ou produtos transformados como os de salsicharia in-dustrial ou os enchidos tradicionais. A qualidade, as características organolépticas, o modo de aumen-tar a conservação em termos de qualidade e segu-rança alimentar é trabalhado pelas nossas equipas de investigação”, refere a diretora.Aproveitando a produção animal tradicional, mais característica na zona de influência do Centro, ou seja a produção extensiva de bovinos, ovinos e caprinos, o CECAV procura ainda pontos que pos-sam condicionar a qualidade dos produtos animais, como as zoonoses ou a participação dos animais selvagens na transmissão de doenças. Existe tam-bém uma intensa participação no melhoramento do efetivo leiteiro, apesar do número limitado de grandes explorações com forte desenvolvimento na zona, o que demonstra que a sua influência não se limita à zona de implantação da unidade.

Colaboração com outras Unidades de InvestigaçãoO CECAV integra, como Instituição parceira, um projeto europeu recentemente aprovado e que é coordenado por outro centro da UTAD, o Centro de Investigação e Tecnologias Agro-Ambientais e Bio-lógicas (CITAB). Este projeto, que integra unidades de investigação e empresas de dez países europeus, procura investigar fontes alternativas de alimentos, e nele o CECAV irá analisar os efeitos da introdu-ção de algumas leguminosas, como o feijão-frade, a fava e a ervilha, bem como os subprodutos que resultam da transformação do grão na alimentação animal. Adicionalmente, a colaboração com outras Unidades de Investigação, nacionais e Internacio-nais, tem permitido a implementação de parcerias estratégicas que visam a complementaridade e o estabelecimento de sinergias. Salientam-se os con-tactos e parcerias já existentes com países como Espanha, Holanda, França e Suécia, que se tradu-zem no aparecimento cada vez mais frequente de publicações conjuntas entre os investigadores do CECAV e equipas internacionais.

Dificuldades no financiamentoNo que diz respeito às crescentes dificuldades de financiamento existentes no país, e que vão

De Vila Real à Europa, através da ciência animal

Rita Payan Carreira, Diretora do Cecav

LOCALIZADO EM VILA REAL, O CECAV – CENTRO DE CIÊNCIA ANIMAL E VETERINÁRIA – DESENVOLVE INVESTIGAÇÃO EM ÁREAS DE POTENCIAL ACRESCIDO PARA A REGIÃO NORTE, PROCURANDO CONSTITUIR-SE COMO INSTRUMENTO DE REFERÊNCIA AO NÍVEL DA REGIÃO E, EM SIMULTÂNEO, ORIENTAR O TRABALHO PARA AS POLÍTICAS EUROPEIAS E MERCADO INTERNACIONAL, DESENVOLVENDO NOVAS PARCERIAS QUE AJUDEM O CENTRO DE INVESTIGAÇÃO A AUMENTAR A SUA CAPACIDADE DE INOVAÇÃO E DE INTERNACIONALIZAÇÃO.

dificultando o trabalho dos centros de investigação a direção do CECAV explica que “neste momento, a investigação em ciência animal deve ter capacida-de para ser aplicada ao setor primário, fomentando o seu desenvolvimento, e pensar a investigação em termos de fileira. Temos que deixar de ser sectários, individualistas e temos que pensar a longo prazo. De uma vez por todas devemos assumir que as Uni-dades de Investigação só podem ser valorizadas e responder aos desafios que se avizinham se forem avaliadas em função da qualidade e do impacto da investigação que desenvolvem e dos índices de de-sempenho nas atividades de inovação. Se assim for, o CECAV tem todas as condições para se candidatar a fontes de financiamento com base em projectos competitivos ao nível dos fundos europeus”.

Futuro está na EuropaFace ao período de transição vivido, um dos prin-cipais objetivos do CECAV é a produção sustentá-vel de produtos de elevada qualidade orientados para o mercado externo, existindo já contactos e parcerias com diversos países europeus, como Espanha, França, Holanda e Suécia. Como afir-ma a diretora do CECAV “o sector pecuário tem a responsabilidade de contribuir para uma Eu-ropa mais sustentável e mais competitiva. Neste sentido, devemos dar resposta aos novos desa-fios europeus deste setor, procurando assegurar o fornecimento de alimentos seguros e saudá-veis, aumentando a eficiência de utilização dos recursos, tendo em mente as necessidades dos consumidores e da sociedade em geral”. O CE-CAV acredita que já tem capacidade para servir de ator no mercado europeu e o trabalho deve passar por potenciar e aumentar a capacidade de trabalho e, posteriormente estabelecer mais consórcios com parceiros europeus, especial-mente ao nível do norte da Europa, aproveitando a necessidade de produzir em todos os setores, nomeadamente no primário. “Temos que ir à luta e que nos esforçar para projetar o CECAV não só em termos nacionais mas também em termos internacionais. Se temos potencialidades temos que as mostrar e que trabalhar”, realça a diretora Rita Payan Carreira.

Novembro 2013

INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

20

José Manuel Correia da Costa, Coordenador do centro, explica que “tudo começou com o Programa Ciência criado na altura em que Cavaco Silva era primeiro-ministro. A FCT

(Fundação para a Ciência e a Tecnologia) foi cria-da aí, anteriormente com outra denominação. Foi durante este período que foram criados o ICETA – Instituto das Ciências e Tecnologias Agrárias e Agroalimentares – e o CECA”.

José Manuel Correia da Costa foi eleito Coordena-dor Científico do Ceca em 2002. As avaliações de painéis internacionais nomeados pela FCT, osci-lavam entre o “Good” e “Fair”. Consciente de que algo deveria mudar, em 2003, promove a reestru-turação do Centro em termos orgânicos e funcio-nais. Os esforços desenvolvidos pelos investiga-dores do CECA propiciaram a grande mudança. Na avaliação efetuada em 2007 por um painel inter-nacional nomeado pela FCT, ao CECA foi atribuída a notação de “Very Good”. Hoje os investigadores deste centro estão distri-buídos por três departamentos: Biotecnologia em Ciência Animal -coordenado por António Rocha, Professor Catedrático do Curso de Medicina Vete-rinária do ICBAS da UP; Cirurgia Experimental e

Há só uma saúdeO CECA (CENTRO DE ESTUDOS DE CIÊNCIA ANIMAL) É UMA UNIDADE DE I&D DA UNIVERSIDADE DO PORTO CUJA ATIVIDADE PROMOVE A ONE HEALTH INITIATIVE: A SAÚDE HUMANA E A SAÚDE ANIMAL EM CONJUNTO. CONGREGA MAIS DE 30 DOUTORES E INVESTIGADORES DA UP, DE LABORATÓRIOS DE ESTADO (INSA E INIAV) E DA UTAD.

de conhecimentos específicos em Microbiologia, Imunologia, Patologia, Oncologia, Clonagem de genes e de expressão dos investigadores do CECA alocados nas previamente três subunidades/De-partamentos do CECA”.Hoje o coordenador pode-se orgulhar de ver o seu centro elogiado por Hércules de Moura, Investi-gador do CDC – Centers for Disease Contro and Prevention, Atlanta -, e membro da Comissão de Acompanhamento do CECA, que, face aos resul-tados produzidos pelo CECA, elaborou ele próprio um documento/parecer a ser entregue à FCT. No relatório pode ler-se: “ foi claro que o centro atin-giu e passou com sucesso os marcos e objectivos e que estão a trabalhar no sentido correto para proteger a saúde pública. Aumentar a capacidade da unidade aumentando o número de cientistas integrados e consequentemente o número de pu-blicações em revistas da área foi um passo impor-tante em direção à excelência. (…) Os três depar-tamentos estão a trabalhar no objectivo comum que é o melhoramento da saúde pública”.E esta, é verdadeiramente a essência do CECA, tra-balhar para a melhoria da saúde pública em Por-tugal, um trabalho hercúleo mas que tem vindo a dar os seus frutos.

Medicina Regenerativa, coordenada por Ana Co-lette Maurício, Professora Associada com Agrega-ção do Curso de Medicina Veterinária do ICBAS da UP e Doenças Emergentes e Zoonóticas, coorde-nada por José Manuel Correia da Costa, Investiga-dor Principal do INSA com Agregação.No entanto, José Manuel Correia tem uma visão crítica de como se faz ciência em Portugal. “Se nós olharmos para o passado, a ciência portuguesa foi sempre dominada por uma coisa muito simples, que é: o segredo é a alma do negócio. Foi-o no negócio das especiarias, que durou pouco tempo, e ficou daí talvez o hábito de não publicar. A Ibéria foi habitada, há muitos anos atrás, por gente culta, mas que foi obrigada a manter-se calada, os ju-deus. Os portugueses não fizeram mais do que pe-gar no conhecimento de judeus, árabes e alguns cristãos e mete-lo no bolso e descobrir o mundo. Muito tem sido feito para melhorar o número e a qualidade das publicações de investigadores portugueses e desse modo obter reconhecimento internacional”.O CECA, na sua nova visão, pretende ser reconhe-cido globalmente como uma Unidade de I&D de Referência na Segurança Alimentar e na saúde e Bem-Estar Animal. Tem como grandes objetivos

de suporte à Investigação a melhoria na com-preensão dos sistemas biológicos, do diagnóstico e do controlo das doenças dos animais, incluin-do as zoonoses, bem como o desenvolvimento de sistemas de produção animal baseados no conhe-cimento tendo em conta opiniões e prioridades da sociedade e das organizações de produtores. Os programas científicos do CECA incorporam os planos estratégicos europeus e nacionais para a agricultura – “A prevenção é melhor que a cura”; melhorar a competitividade da produção animal nacional e os níveis de saúde Animal e de Bem--Estar, prevenindo as patologias dos animais. Como conseguem os investigadores do CECA cumprir estes objetivos? “Reconhecendo que a saúde humana e animal estão relacionados, as equipas do CECA materializam a cooperação e colaboração de médicos, veterinários, biólogos moleculares, microbiologistas e outros profis-sionais de saúde. Atividades relacionadas com a neosporose bovina, uma doença reprodutiva; salmonelose, toxoplasmose, criptosporidiose e giardíase, doenças zoonótica, regeneração óssea, muscular, vascular ou nervosa associando novos biomateriais a “stem cells” autólogos; cancro as-sociado a infeções por Helmintos, beneficiam

MUTUALISMO EM PORTUGAL

21Novembro 2013

Apoiando os trabalhadores do EstadoENTREVISTA A ARTUR FREIRE, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO MUTUALISTA DOS EMPREGADOS DO ESTADO, UMA ASSOCIAÇÃO COM 157 ANOS DE HISTÓRIA E DE APOIO AOS FUNCIONÁRIOS DO ESTADO. SAIBA MAIS SOBRE O PASSADO, PRESENTE O FUTURO DESTA INSTITUIÇÃO.

Equipa da Farmácia da Asmee Artur Freire, Presidente

Como definiria a Associação Mutualista dos Empregados do Estado e quais os objetivos da Associação?A mutualidade dos Empregados do Es-

tado é uma instituição criada em 1856, de raiz eminente social dirigida à previdência e auxílio recíproco dos servidores do Estado. Os seus ob-jetivos, hoje mais do que nunca, são a assistência médica e medicamentosa aos associados. Outras valências (creche, centro dia e apoio domiciliário) estão a ser estudadas para permitir uma maior cobertura previdencial dos seus associados, no domínio da previdência complementar e outras valências.

Qual a área de atuação da Associação e de que forma chegam ao vosso público- alvo?O “core” atual da instituição é a assistência clínica, serviços médicos e enfermagem e a nossa oferta em vários outros domínios e valências. É melhoran-do as nossas valências e criando novas, que vamos tentar abarcar todos os atuais servidores do Esta-do. Temos ainda espalhadas pelo país novas dele-gações ou protocolos com as nossas congéneres, que já hoje, ao longo do país, colaboram connosco através da Redmut dee outras instituições sociais.

mais interesse e mais participação. De que forma pretende cumprir esta intenção?Aumentando o leque de valências sociais, melhoran-do a atual oferta, modernizando a Mutualidade em si. No entanto, agora, estamos a consolidar as contas da instituição que não estão famosas e temos que di-mensionar melhor o quadro de pessoal reafectando--o a novas valências se possível. Não podemos esque-cer que muito em breve vamos deixar de exercer os nossos serviços numa área de 190 metros quadrados (Terreiro Paço) passando para uma de de 900 para uma de na Rua da Madalena, e vamos com certeza com o apoio dos nossos profissionais, a vontade dos sócios e a aderência de muitos empregados do Esta-do cumprir o nosso objetivo.

Como encara o futuro da Instituição? Existem al-guns projetos delineados?O futuro só pode ser o crescimento, dada a situa-ção do país e dos servidores do Estado em espe-cial. Isso significará que estamos a cumprir a nos-sa missão. Temos muitos projetos em mente, mas a sua realização só é possível depois de estabili-zarmos a situação financeira da mutualidade. Para tal, iremos abrir brevemente uma óptica e aumen-tar as valências no ramo de serviços de saúde.

Gostaria de deixar alguma mensagem aos nossos leitores?Se é servidor do Estado venha inscrever-se na sua Associação. Será recebido de braços abertos. Venha crescer connosco, venha ajudar-nos a chegar a to-dos os servidores do Estado. Pense que só com uma Instituição Mutualista como a nossa poderemos responder às necessidades sociais que o Estado não nos faculta para isso precisamos de si. Mais, os novos sócios serão os nossos futuros responsáveis pela continuidade da Associação Socorros Mútuos dos Empregados do Estado.

A farmácia da Associação é também um apoio vi-tal para os associados?Tem sido a essência da nossa imagem de mar-ca. Vamos tentar melhorar a sua rentabilidade e aumentar o leque de produtos comercializados, facultando mais ofertas aos associados. Porém, hà que dizer que face à crise do país neste mo-mento a farmácia sendo um apoio vital para os associados não é rentável.

Os trabalhadores do Estado têm vivido, nos últi-mos anos, momentos complicados. De que forma atua a Asmee?Temos dado a conhecer a Asmee pelos meios mais tradicionais (cada associado traz outro). Mas, no fu-turo, estabilizando a situação financeira da associa-ção iremos lançar campanhas para dar a conhecer mais a Associação. A Asmee tem vindo a crescer, mas não estamos satisfeitos. Os servidores do Estado de-vem apostar em nós porque estão a apostar neles próprios. Sem dúvida que temos que elevar a nossa instituição o mais alto possível e o exemplo tem de vir dos funcionários do Estado.

O Presidente na sua mensagem electrónica, prome-te mais ação, mais colaboração, mais divulgação,

No próximo dia 28 de Novembro, a Asmee inaugura as suas novas instalações. Um local que dignifica a história da instituição onde o atendimento primará pela diferença. Com salas específicas para consultas de es-pecialidade, uma farmácia à disposição dos associados e onde o utente estará sempre em primeiro lugar, as novas instalações da Asmee marcarão um novo rumo na vida da associação.

Novas Instalações

Desde 1856 que a Asmee se dedica ao apoio dos trabalhadores de saúde oferecendo serviços de saúde. Hoje, como está estruturada esta oferta?Atualmente, a Asmee mantém um importante papel de complementariedade na assistên-cia que por força da lei, é prestada aos fun-cionários públicos, especialmente através da A.D.S.E. , dispondo para o efeito de farmácia e serviços clínicos de enfermagem privativos, executados na sua clinica (sede) e facultada no exterior em consultórios individuais ou empre-sas de saúde, através de protocolos celebrados entre a nossa associação e os outorgantes des-ses protocolos.

Além de apoio na saúde, a Asmee aposta tam-bém na ação social Quais as outras valências da instituição?Naturalmente que sim. Já em breve irá ser inau-gurada uma creche na zona de Benfica, e nos princípios de 2014 o centro dia na zona da Bai-xa. Isto será o inÍcio de muitas outras ações que nos propomos a executar no futuro, quer na zona de Lisboa, quer noutras localidades, te-nhamos nós o apoio dos funcionários do Estado, que é para eles que nós damos o nosso melhor.

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE BRAGA

22 Novembro 2013

Foi há dez anos que Bernardo Reis se tor-nou Provedor da Santa Casa da Miseri-córdia de Braga, trazendo para a institui-ção uma gestão mais rigorosa e focada.

Hoje, dez anos volvidos, o País Positivo foi ao en-contro da Misericórdia e encontrou uma institui-ção renovada e com horizontes bem definidos.Ser Provedor de uma Santa Casa é trabalhar de forma totalmente voluntária e desprendida, mas sempre por amor ao próximo e é precisamente isso que Bernardo Reis faz. Apostado em centrar a Misericórdia no seio da comunidade, o Provedor centrou uma parte da sua atividade na recupera-ção do património: “Temos já as nossas duas igre-jas totalmente recuperadas, mas também fizemos a recuperação das creches, dos infantários, dos la-res, e outro património, com o intuito de manter o património edificado da instituição totalmente preservado”. No entanto, também o património ar-tístico e cultural foi alvo de uma forte interven-ção: “Neste momento, toda a arte da Misericórdia está recuperada, desde todo o património de Arte Sacra, as telas, e outros bens artísticos. Falta-nos, no entanto, avançar com a recuperação e preser-vação dos têxteis propriedade da instituição”.Para Bernardo Reis, recuperar e preservar o pa-trimónio da instituição é fundamental na medida em que “são poucos os exemplos como este no país. Temos duas igrejas riquíssimas, temos obras

500 anos de Amor ao próximo

Bernardo Reis, Provedor da SCM de Braga

BERNARDO REIS GERE A MISERICÓRDIA DE BRAGA HÁ CERCA DE UMA DÉCADA, BASEANDO A SUA AÇÃO NA MELHORIA, AUMENTO E CONSOLIDAÇÃO DAS RESPOSTAS SOCIAIS, NA DIVERSIDADE CULTURAL E DANDO ESPECIAL RELEVO À PRESERVAÇÃO E MANUTENÇÃO DO PATRIMÓNIO DA INSTITUIÇÃO. UM TRABALHO ÁRDUO MAS QUE TEM DADO OS SEUS FRUTOS.

de arte únicas e sentimos que tínhamos a obri-gação de manter esse património recuperado e acessível à comunidade bracarense”.Neste momento, e apesar do grande esforço da Instituição, o património existente está ainda um pouco disperso mas a verdade é que existe já um projeto para a adaptação de um espaço já exis-tente para a criação de um Museu e Centro Inter-pretativo onde poderão ser visitadas todas estas riquezas mantidas ao longo de mais de 500 anos. A Misericórdia também tem tido uma forte participa-ção naquilo que é o património imaterial da cidade de Braga, nomeadamente, como membro da Comis-são das Solenidades da Semana Santa de Braga. Mui-to tem contribuído para a projeção a nível nacional e internacional da Semana Santa, recentemente “De-clarada de Interesse para o Turismo”, cujas ações cele-brativas religiosas e culturais são únicas em Portugal e em Espanha, tendo-se efetuado em 2012 a gemi-nação com Medina del Campo (Espanha), e que mui-to tem contribuído para a economia bracarense. No entanto, “temos ido mais longe, com o imprescindível apoio do Turismo do Porto e Norte de Portugal, pois desde que foi criada esta entidade regional, consegui-mos estar presentes nos pontos mais importantes do país e também no estrangeiro, salientando-se a boa cooperação da Câmara Municipal de Braga, atraindo mais visitantes para Braga e conseguindo alavancar o turismo religioso desta cidade”.

Um passo acertadoTodas as pessoas se reveem no projeto da Mi-sericórdia de Braga e trabalham todos os dias para que os objetivos sejam concretizados, mas a verdade é que a própria comunidade olha para a Misericórdia com outros olhos, num pe-ríodo de necessidade de auxílio aos mais ca-renciados. Refira-se, “quando avançamos para a criação da primeira Cantina Social, tivemos desde logo o apoio da Primavera Software e do Hospital de Braga (Grupo Mello Saúde), as-sumindo como a sua área de responsabilidade social, tendo outras Misericórdias seguido o nosso exemplo”.

Os projetosNeste momento, Bernardo Reis aponta a econo-mia social como a única forma de dar a volta à situação preocupante que se vive no seio das instituições de ação social e no país já que os apoios do Estado rondam os 33 por cento e “isso não é suficiente para darmos apoio a todas as pessoas que nos procuram. Temos que conse-guir dar a volta à situação e arranjar uma so-lução que dê resposta às necessidades e, nesse sentido, iremos voltar-nos para a área da saúde e outras sem, no entanto, fazer concorrência ao que já existe. Na área da saúde, pretenderemos ser complementares à oferta existente”. A Mi-sericórdia irá reabilitar as instalações de um edifício do antigo Hospital de S. Marcos e trans-formá-las, para já, em instalações adaptadas a dois projetos: “A cidade de Braga é deficitária naquilo que são os cuidados continuados inte-grados de saúde e por isso temos já um projeto em curso para aproveitamento do antigo Hospi-tal de S. Marcos”. O espaço, com 47 mil metros quadrados, assume características únicas e foi necessário fazer um projeto global que garan-tisse a viabilidade do mesmo. O projeto já teve a pré-aprovação da Direção da Cultura do Nor-te e “ iremos tentar aprovar os dois projetos no âmbito do QREN, assumindo a área de fisiatria e reabilitação física, e já temos duas convenções com a ARS Norte para 30 camas de média du-ração, 30 de longa duração e 20 de paliativos”. Desta forma, o espaço será ocupado por cuidados de saúde e um Lar para Demências, um Museu/Centro Interpretativo onde se poderão observar todas as obras da Misericórdia e contar ainda com espaços verdes que tornarão o local bastante aprazível.

500 anos de História das MisericórdiasEste congresso resultou de uma ideia conjun-ta entre a Misericórdia de Braga e a Universi-dade do Minho, a que se agregou a União das

Misericórdias Portuguesas, e conta com a parti-cipação de diversos historiadores/investigadores que abordarão assuntos ligados a mais de 500 anos de existência das Misericórdias Portugue-sas. Além disso, será apresentado o Livro come-morativo dos 500 anos da Santa Casa da Miseri-córdia de Braga, da autoria de dois professores da Universidade do Minho.

Um passado recheado, um futuro promissorForam 500 anos de muita história, recheada de acontecimentos bons e outros mais difíceis, em que o Hospital de São Marcos foi uma referên-cia na área da saúde no distrito e no país, ten-do sido intervencionado pelo Estado em 1974, passando para o Ministério da Saúde. Mas a Mi-sericórdia de Braga depois de passar por um pe-ríodo extremamente difícil, soube reerguer-se apostando nas respostas sociais, tornando-as numa mais-valia para a comunidade bracaren-se, dentro do espírito das 14 obras de Misericór-dia, apoiando os mais necessitados dentro da sua sustentabilidade. Em fins de Maio de 2011 novo desafio, muito complexo e num período de crise económico-financeira que o país atravessa, foi devolvido o Hospital de São Marcos, consti-tuído por seis edifícios, tornando-se necessário encontrar uma solução para a reabilitação ur-bana deste espaço, numa área nobre da cidade de Braga. Tendo em conta o futuro, a Misericórdia de Bra-ga “poderá ter um futuro promissor noutras áreas, mais respostas sociais (Alzheimer), saúde e cui-dados continuados, sempre com qualidade, mas para isso é preciso, por se tratar de um espaço vital para a cidade, definir estratégias seguras e com mais-valia económica e de empregabilidade, com o apoio autárquico e governamental, indis-pensável para construir um futuro com esperança promissor”.

Respostas sociais da SCM de Braga• Creche Rainha Santa Isabel, Creche Rainha D. Leonor• Lar D. Diogo de Sousa, Lar de Nevarte Gul-benkian e Lar Nossa Senhora da Misericórdia• Centro de Dia • Apoio Domiciliário• Farmácia Social• Contrato Local de Desenvolvimento Social/CLDSMaisBraga• 2 Cantinas Sociais• Culto Católico Diário em 2 Igrejas e semanal nas Capelas dos Lares:Igreja da Misericórdia/Sé. XVI e Igreja do Hospital São Marcos/Séc. XVIII, do grande arquiteto Carlos Amarante

SAÚDE

23Novembro 2013

O mito da psoríase

Vítor Baião, Presidente da PSO

A PSORÍASE É UMA DOENÇA AUTOIMUNE QUE NÃO MATA, NÃO TEM CURA E NÃO É CONTAGIOSA. É HORA DE ACABAR COM PRECONCEITOS E ENCARAR A PSORÍASE COMO MAIS UMA DOENÇA CRÓNICA, COMO TANTAS OUTRAS, SEM OLHARES DE ESGUIA OU SENTIMENTOS DE REPUGNÂNCIA. SEJAMOS INTELIGENTES, ABOLAMOS O PRECONCEITO.

Vítor Baião é presidente da PSO – Asso-ciação Portuguesa da Psoríase – uma associação de doentes com psoríase criada em 2004, da necessidade de

defender e apoiar os doentes com psoríase. “É uma instituição de solidariedade social (IPSS) e somos associados da IFPA (International Fede-ration of Psoriasis Associations) e da EUROPSO (Federação Europeia das Associações de Psoría-se). Somos também sócios da “Plataforma Saúde em diálogo” que é uma plataforma de interesses para a melhoria da qualidade de vida dos doen-tes crónicos. É esse um dos nossos objectivos, que a psoríase seja considerada uma doença cró-nica, o que neste momento não acontece”.

A psoríase “A psoríase é uma doença autoimune, que se manifesta na pele através de escamas bran-queadas que são provenientes de uma esca-mação excessiva das células da pele naqueles locais. É uma doença crónica, mas não é conta-giosa. Não tem cura, mas tem tratamentos ade-quados a cada estágio da doença”. Um dos grandes problemas desta doença é a ar-trite psoriática, que ocorre geralmente em cerca de 20 por cento a 30 por cento dos doentes de psoríase. São lesões nas articulações dos joe-lhos e cotovelos que podem ser incapacitantes.Os tratamentos existem e vão desde tópicos a sistémicos, câmaras ultravioletas e mais recen-temente os medicamentos biológicos. Neste úl-timo caso, o preço é um grande entrave apesar da enorme eficácia. De acordo com a regulamen-tação existente, a medicação devia ser gratuita para todos os doentes. Acontece que, dadas a circunstâncias atuais, com os condicionalismos económico-financeiros, há alguma limitação ad-ministrativa de acesso a esses medicamentos. Mas estes medicamentos de última linha “levam à recessão da própria doença. As lesões desapa-recem com um tratamento continuado. Eliminan-do-se as lesões visíveis ficam sem problemas. No fundo, o problema do doente são as lesões ex-ternas e os seus inconvenientes para o dia-a-dia”. Por iniciativa da PSO Portugal, os medica-mentos tópicos e sistémicos foram objectos da lei 6/2010 na Assembleia da República que fez com que o Governo comparticipasse esses medicamentos a 90 por cento. No en-tanto, “os doentes não usam exclusivamente estes medicamentos, usam muito o que nós chamamos auxiliares terapêuticos (champôs, cremes hidratantes, entre outros). Esses produ-tos são muito caros, porque são considerados cosméticos, têm IVA a 23 por cento e não têm comparticipação. Isto obriga a que a fatura da

farmácia de um doente com lesões extensas atinja, mais ou menos, os 200€ por mês”.Ao contrário do que se pensa, “a exposição solar é boa para a psoríase porque actua morfologi-camente e torna-a menos grave. Todos os der-matologistas recomendam a estes doentes que aproveitem o sol, moderadamente, nas horas in-dicadas para qualquer pessoa.

Reconhecimento como doença crónica“Em 2009, fizemos uma petição para a Assem-bleia da República que motivou duas recomen-dações da mesma ao Governo para que legis-lasse no sentido de considerar a doença como crónica. Infelizmente, não obtivemos esse reco-nhecimento”, avança. Mas a luta continua e tudo será feito para que a psoríase seja considerada uma doença crónica já que, na verdade, o é.

Luta contra o preconceito“Temos mais de 800 sócios, do Minho aos Açores e fazemos ações de sensibilização e de angaria-ção de sócios, para que a doença seja conhecida, reconhecida e para lutar contra o preconceito. Esta é uma doença social. Vê-se na pele e por vezes a lesões são tão graves que leva ao incó-modo que se sofra dos olhares de ignorância que podem levar a pensar que a doença é contagiosa. Alguns dos problemas da psoríase são oriundos do preconceito que ainda existe contra a lepra”. Hoje, a discriminação continua ainda a ser uma realidade. Vítor Baião conta que “As pessoas não conhecem a doença, têm ainda o preconceito do contagioso, olham de lado para o doente e isso, por vezes, causa-nos mais transtorno que a pró-pria doença”.

O futuroO futuro passa pela concretização dos objeti-vos centrais da Associação: Reconhecimento da psoríase como doença crónica e erradicar o pre-conceito contra a doença.A finalizar, Vítor Baião refere: “Apesar de ser uma doença visível, a psoríase não é contagiosa e, portanto, é hora de acabar com os mitos e com os preconceitos”.

Para mais informações, contacte a PSO Portugal:

Morada: R. Alberto Sousa, nº6Bairro do Rego1600-002 Lisboa

Telefone: 217 978 201

Email: [email protected]

PORTUGAL NUCLEAR

24 Novembro 2013

Committee” composto por representantes da Co-missão Europeia, da FCT e do IST. De salientar o facto de este verdadeiro Think tank da ciência por-tuguesa assegurar, através de auto-financiamento proveniente de candidaturas a projetos, a execu-ção de dois terços do seu orçamento, sendo o res-tante assegurado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.Em entrevista, Bruno Gonçalves, presiden-te do IPFN, abre-nos as portas deste centro de conhecimento.

Em pleno século XXI, ainda persistem demasiados estigmas associados ao nuclear, nomeadamente quando falamos da aplicação energética. Avalia-dos os prós e os contras, Portugal deve ou não in-vestir neste tipo de solução?Confesso que a resposta não é, de todo, imediata… Trata-se de uma área que Portugal deve, pelo me-nos, considerar como possibilidade. Há que ter em conta que, atualmente, já usamos energia nuclear e estamos a pagá-la. Se virmos a nossa fatura, cer-ca de 8 a 12 por cento da energia que consumimos é nuclear. E, em termos de consequências, quando se trata de um acidente nuclear, dizermos que está em Espanha é praticamente o mesmo que estar em Portugal… É preciso equacionar os custos e ter em conta que a energia nuclear é não poluente do ponto de vista de CO2, não contribuindo para o efeito de estufa. Tem alguns problemas, como já constatámos, mas associados a centrais bastante antigas. Ouvimos recentemente o anúncio do Rei-no Unido, que vai investir numa nova central de fissão nuclear. O principal motivo para este inves-timento está relacionado com o custo do Kilowatt/hora. Estimando este custo para as diferentes for-mas de produção de energia eléctrica disponíveis quando esta central entrar em funcionamento, este será mais barato. Portugal não será diferente.

Mesmo tendo em conta a nossa escala?Apesar de a nossa escala ser diferente, temos cus-tos de produção energética similares e muita da energia eólica que atualmente temos estamos a pagá-la sob a forma de subsídios. Por outro lado, estamos a pagar a disponibilidade das outras cen-trais convencionais para que estas estejam pron-tas a funcionar na ausência de vento. Em suma, é uma equação difícil mas o nuclear não se pode descartar à partida. É um investimento avultado – no caso do Reino Unido, o custo será na ordem dos 18 mil milhões de euros, com recurso a finan-ciamento privado – mas deve ser equacionado em termos de independência energética, diminuição de emissão de gases de efeitos de estufa e de um preço que seja realista para o consumidor sem ser um fardo demasiado pesado.

“Portugal deve considerar a possibilidade nuclear”

“O Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear existe com esta designação desde 2007. Resultou da junção de dois centros de in-vestigação, o Centro de Fusão Nuclear e o Centro de Física de Plasmas do Instituto Superior Técnico. Tem 85 doutorados num universo de 160 colaboradores. As áreas de investigação são a fusão nuclear contro-lada e as tecnologias de plasmas e lasers intensos. Cerca de metade da nossa ativi-dade é focada no desenvolvimento da fu-são nuclear controlada como uma fonte de energia para o futuro. Temos projetos eu-ropeus e trata-se de uma atividade que de-senvolvemos integrados no Programa Eu-ropeu de Fusão. Participamos na grande máquina europeia de fusão nuclear, o JET, e temos projetos de montante significativo de financiamento (de valor superior a 10 M€) para a nova máquina de fusão nuclear que está a ser construída no sul de Fran-ça, o ITER. Temos também muitas ativida-des ao nível das tecnologias de plasmas, que estão no nosso dia-a-dia, desde uma lâmpada fluorescente a reatores para tra-tamento de materiais de superfície. Existe muitas atividade ao nível das tecnologias de plasmas, desde a produção de mate-riais, pre-tratamento de biomassa, estudos no domínio do aeroespacial a aplicações médicas (por exemplo, sintetização de na-no-partículas para introdução de fármacos, cauterização de feridas). Temos também muita atividade ao nível da investigação da interação entre os lasers e os plasmas mas também desenvolvimentos de siste-mas de lasers intensos, óptica e a fusão nuclear inercial, que usa lasers intensos. Nesta área o IPFN tem uma prestigiosa European Research Council (ERC) Advan-ced Grant no valor de 1.6M€ (atribuída ao investigador Luís Silva). Através dos pro-jetos financiados que assegurámos, conse-guimos financiar dois terços do nosso orça-mento, sendo a restante parte assegurada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. Por cada euro investido pelo contribuinte português o IPFN atrai cerca de 2 euros de contratos europeus/internacionais, sendo portanto um exportador de conhecimen-to. Este é também o maior instituto de fí-sica do país e, uma vez que os nossos in-vestigadores não estão localizados apenas em Lisboa mas igualmente noutras univer-sidades, temos uma cobertura de pratica-mente todo o país. É importante salientar que o IPFN tem um programa de investi-gação ambicioso, assente numa estratégia institucional de médio e longo-prazo, que aposta no incremento da projecção e fian-ciamento internacional ”.

O Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear

Bruno Gonçalves, Presidente do IPFN

O Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN) é uma das maiores instituições portuguesas de investigação em física. Constituída como unidade de inves-

tigação do Instituto Superior Técnico, em Lisboa, o IPFN tem o estatuto de Laboratório Associado, concedido pela Fundação para a Ciência e a Tec-nologia, nas áreas temáticas de fusão nuclear con-trolada e tecnologias de plasmas e lasers inten-sos. A actividade de fusão nuclear está incluída no programa de fusão da EURATOM, através do Con-trato de Associação EURATOM/IST, em vigor desde

Janeiro de 1990. Mais de 160 pessoas trabalham no IPFN, das quais 85 são doutoradas.O IPFN está organizado em oito grupos de in-vestigação: Física Experimental, Diagnósticos de Microondas, Controlo e Aquisição de Dados, Ca-racterização de Materiais, Lasers e Plasmas, Elec-trónica de Gases e Física Fundamental no Espaço. A actividade no âmbito do Laboratório Associado é avaliada por uma Comissão de Acompanhamen-to Externo e as actividades no âmbito do Contra-to de Associação são coordenadas pelo “Head of Research Unit” e monitorizadas por um “Steering

PORTUGAL NUCLEAR

25Novembro 2013

Além desses custos relacionados com a instalação da central, existem outros investimentos que são necessários realizar, nomeadamente ao nível da formação. Como estamos a esse nível?Existe alguma formação em Portugal ao nível das tecnologias nucleares. Temos, inclusive, um pe-queno reator experimental no Campus Tecnoló-gico Nuclear, em Sacavém mas, obviamente, não temos nem de perto a intelectual necessária para podermos levar a cabo um empreendimento des-ses. Outros países também já não o têm. A Itália optou há muitos anos pelo não nuclear e perdeu grande parte das competências que tinha nessa área e, atualmente, os grandes jogadores nesta área são os franceses. Não é por acaso que os in-vestidores do projeto do Reino Unido são a EDF (francesa) e chineses.

Quer dizer que também poderá abrir-se uma nova oportunidade ao nível da formação em Portugal?Sim, é uma oportunidade. O nuclear não é só pro-dução energética. Há todas as tecnologias asso-ciadas e a formação tem vindo a aumentar. Cada vez mais, o nuclear e as tecnologias nucleares es-tão no nosso dia-a-dia, o que aumenta a necessi-dade de formação de técnicos especializados. Por exemplo, ao nível da proteção radiológica, cada vez são mais os diagnósticos de medicina que re-correm ao nuclear.

Consideraria um investimento deste género à es-cala ibérica?É uma possibilidade. Atualmente, no mercado de eletricidade já estamos todos mais ou menos unidos. Consumimos eletricidade produzida em Espanha e França. Mas como é sabido, estas co-laborações são difíceis porque requerem inves-timentos avultados e compromisso de ambas as partes. Temos como exemplo o caso do TGV. Mas se falarmos de investimento privado, claramen-te, seria uma possibilidade termos algo a nível ibérico. A grande questão é onde se vai instalar a central. Até mesmo as pessoas que são a favor do nuclear preferirão um certo distanciamento da central…

Que riscos poderão advir para as populações pró-ximas de uma central nuclear?É hoje muito mais seguro e o risco está significa-tivamente minimizado. Toda a segurança das cen-trais atuais está pensada de forma a evitar pro-blemas como os que aconteceram em Fukushima, que serviu de uma espécie de lição para a indús-tria nuclear. As centrais atuais dispõem de muitos mais sistemas de segurança, quer passivos quer ativos, para reduzir o risco mas, como é óbvio, é sempre impossível prever todas as situações. O que as populações atuais podem ter presente é que é muito mais seguro do que era há uma déca-da. E temos exemplos, como a central de Almaraz, que está a 80 km da nossa fronteira e tem popu-lações a viverem ao lado. Atualmente, o risco é mí-nimo e não será diferente de viver ao lado de uma central termoeléctrica, uma central de incineração ou de uma cimenteira.

Quanto tempo será necessário até um investimen-to numa central nuclear produzir retorno?

Com infraestruturas únicas e capacidades experimentais extensas, a estrutura Insti-tuto Superior Técnico e Instituto Tecnoló-gico e Nuclear (IST/ITN) continua a atrair

cientistas, engenheiros e grupos de investigação de todos os pontos do país e do estrangeiro, estabele-cendo com eles colaborações frutuosas para o aper-feiçoamento das suas áreas de especialização, refor-çando a sua missão como um Laboratório Nacional.São cinco as áreas de especialização em que de-senvolve a sua actividade: Ambiente e Preserva-ção Cultural, Saúde e Ciências da Vida, Ciências e Tecnologias dos Materiais, Protecção Radiológica e Educação e Formação.As suas áreas de especialização, nomeadamente as relacionadas com a utilização das radiações ioni-zantes, com as infraestruturas de investigação, com os equipamentos especializados (alguns deles úni-cos no País), aliadas ao “know-how” das suas equi-pas de investigação, permitem-lhe oferecer exce-lentes oportunidades para aprendizagem científica e técnica de estudantes e de jovens cientistas, nas áreas de actividade do Instituto (ambiente, estudo e preservação do património cultural, ciência e tec-nologia de materiais, ciências da vida, entre outras). Os formandos poderão participar em projetos em curso nas equipas de investigação, ou participar em cursos de formação avançada, organizados em colaboração com universidades. Sob a supervisão ou acompanhamento de investigadores, jovens es-tudantes preparam as suas teses finais de licencia-tura, de mestrado e doutoramento, ou mesmo de formação pós-doc.Também ao nível da aprendizagem para profissio-nais, é vasta a atividade do IST/ITN, destinada àque-les que interagem com radiações ionizantes e suas aplicações, em diversos domínios de actividade. A IST/ITN possui um Núcleo de Formação que, no-meadamente, organiza cursos sobre a manipulação segura de equipamentos que utilizam fontes radioa-tivas, lecionados por formadores certificados.Por outro lado, a IST/ITN promove regularmente

O retorno, tipicamente, ronda os 10 a 20 anos. Mas uma central nuclear atual tem um tempo de vida na ordem dos 50…

O que significa que está muito para além dos nos-sos ciclos políticos, o que poderá transformar a aposta numa mera miragem…Sim, está muito além dos nossos ciclos políticos… E é algo que requer uma aposta de longo prazo. Os próprios prazos de construção situam-se entre os sete e os dez anos e a definição de uma estra-tégia deste tipo também não se coaduna com os ciclos políticos. É importante pensar estrategica-mente, definir onde queremos chegar e que toda a gente tenha bem presente o objetivo final.

Quais são as consequências ao nível do impacto ambiental?Não produz CO2, desde logo um avanço signi-ficativo. Mas produz resíduos, que terão que ser armazenados, embora as novas centrais estão a ser projetadas no sentido de minimizarem os re-síduos produzidos. De facto, estamos a trocar uma poluição imediata por outra que terá que se man-ter durante o longo prazo mas há muita investiga-ção a ser produzida no sentido de minimizar esse impacto. No entanto, se fizermos o balanço entre os riscos associados ao armazenamento e a emi-nência de chegarmos a uma sociedade em que a eletricidade é demasiado cara, a questão deverá ser equacionada. O que não podemos é esquecer que uma política energética assenta também em poupança, em eficiência e diversificação. É difícil pensar que poderemos ter energia elétrica unica-mente baseada em centrais nucleares. A eólica e a solar constituem fontes importantes a equacio-nar no portfólio energético. Não podemos depen-der de uma só energia mas diversificar de forma a obter flexibilidade. Por outro lado, no caso da central nuclear também é preciso pensar como se vai redefinir a nossa rede elétrica. Uma central com grande capacidade de produção num deter-minado ponto tem implicações ao nível da rede de distribuição elétrica, o que também representa custos.

Mas também se abririam novas oportunidades, nomeadamente ao nível da exportação…Sim. Aliás, o mercado europeu de eletricidade está aberto. O que acontece é que actualmente somos consumidores em vez produtores.

Não se resumindo o nuclear à produção energéti-ca, que outros tipos de aplicações poderá ter?O exemplo mais simples será a medicina nuclear. Existem técnicas de diagnóstico que recorrem a tecnologias nucleares, existem terapias nucleares, como a radioterapia. Existem muitas aplicações nucleares para estudo de património, datação de artefactos antigos, para esterilização de alimen-tos (por exemplo, para aumentar o tempo de con-servação de fruta ou legumes)… É difícil elencar todas as variedades possíveis mas há muita ati-vidade a ser feita com base no nuclear. Tudo isso exige técnicos, ao nível da proteção radiológica, da engenharia nuclear para desenvolvimento dos sistemas e existe formação nessas áreas feita nas nossas universidades.

Campus Tecnológico e Nuclear. Um embrião preparado para a fusão.

iniciativas destinadas ao público em geral, dando particular atenção ao público mais jovem. Para este fim, abre as suas portas aos estudantes do secun-dário e do ensino superior, recebendo tipicamente, uma visita por semana. Também a par desta inicia-tiva, contribui para estimular o interesse dos mais novos nas ciências experimentais, através da oferta de uma a duas semanas de “treino no local”, a estu-dantes do ensino secundário, nos seus laboratórios. Estas iniciativas são levadas a cabo em colabora-ção com entidades externas, como seja a “Ciência Viva nas Escolas”.Como explica Carlos Varandas, presidente do IST/ITN, “o Campus Tecnológico e Nuclear é o herdei-ro de uma história com 50 anos, que aconteceu num período em que havia, nos países europeus, uma tendência para experimentarem a energia nuclear. Falamos dos anos 60, altura em que Por-tugal não quis ficar atrás e criou a Junta de Ener-gia Nuclear e este Campus, dedicado à formação de pessoas em física e em energia nuclear para, mais tarde, quando Portugal decidisse enveredar pela energia nuclear, o que chegou a fazer, no princípio dos anos 70, ter pessoas que pudessem liderar um processo de instalação de uma central nuclear. Este Campus gravitou à volta do reator português de investigação, de baixa potência, que tem servido essencialmente para treino de pes-soas. Chegámos a ter cerca de 500 pessoas a tra-balhar aqui, onde figurava um importante núcleo relacionado com a operação e exploração desse reator. Ao longo dos anos, para dar apoio ao reator, foram necessários sistemas de controlo radioló-gico, tendo surgido o Departamento de Proteção e Segurança Radiológica. Depois, o nuclear tam-bém tem aplicações ligadas com a física e com a química, tendo surgido igualmente estas duas áreas. Hoje, o Campus tem quatro macro departa-mentos: o departamento reator, o departamento protecção e segurança radiológica, o departamen-to de física e o de química. Posteriormente, com a decisão do governo português posterior ao 25 de Abril de abandonar o projeto de instalação de uma central nuclear em Ferrel, a importância da energia nuclear começou a decair, o que se no-tou desde logo nas universidades e, mais tarde, se veio a repercutir nesta instituição, que andou aqui numa espécie de ping-pong. Foi integrada no INE-TI, depois passou a ser autónoma, agora está no IST. Como consequências, observámos a diminui-ção dos investimentos aqui dentro e na redução de pessoal. Neste momento, dispomos de todo o pessoal necessário para realizarmos as nossas atividades com qualidade, profissionalismo e se-gurança mas temo que, daqui a alguns anos, a persistirem as políticas em vigor, se afigurem difi-culdades”, alerta.

Carlos Varandas

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