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EELA es un programa de COSUDE, ejecutado por Swisscontact y PRODUCE PROGRAMA DE EFICIENCIA ENERGÉTICA EN LADRILLERAS ARTESANALES DE AMERICA LATINA PARA MITIGAR EL CAMBIO CLIMATICO - EELA Panorama da Indústria de Cerâmica Vermelha no Brasil Rio de Janeiro - Brasil Junho - 2012

Panorama Da Industria de Ceramica

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  • EELA es un programa de COSUDE, ejecutado por Swisscontact y PRODUCE

    PROGRAMA DE EFICIENCIA ENERGTICA EN LADRILLERAS ARTESANALES DE AMERICA

    LATINA PARA MITIGAR EL CAMBIO CLIMATICO - EELA

    PPaannoorraammaa ddaa IInnddssttrriiaa ddee CCeerrmmiiccaa VVeerrmmeellhhaa nnoo

    BBrraassiill

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    JJuunnhhoo -- 22001122

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    INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA - INT - Av. Venezuela, 82 - 20081-312 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil -Tel.: (21) 2123-1256 Fax.:

    (21) 2123-1253 www.int.gov.br - [email protected]

    2

    Cooperao Internacional:

    AGENCIA SUIZA PARA EL DESSARROLLO Y LA COOPERACIN - COSUDE FUNDACIN SUIZA DE COPERACIN PARA EL DESARROLLO TECNICO - SWISSCONTAC FUNDAO DE CINCIA, APLICAES E TECNOLOGIAS ESPACIAIS - FUNCATE

    Instituio Executora:

    INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA INT

    Coordenao:

    Joaquim Augusto Pinto Rodrigues

    Equipe Executora:

    Marcelo Rousseau Valena Schwob

    Maria Elizabeth Morales Carlos

    Mauricio F. Henriques Jr.

    Joaquim Augusto Pinto Rodrigues

    Roberto Segundo Henrique Castro Tapia

    Apoio Institucional:

    SERVIO DE APOIO S MICRO E PEGUENAS EMPRESAS - SEBRAE-RN

    ASSOCIAO DOS CERAMISTAS DO VALE DO CARNABA - ACVC

    ASSOCIAO NACIONAL DE CERMICA VERMELHA - ANICER

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    3

    ndice

    1. Introduo geral ....................................................................................................... 8

    1.1. Caracterizao da indstria de cermica vermelha por estados.............................. 10

    1.1.1 Rio Grande do Sul ........................................................................................................ 10

    1.1.2 Santa Catarina.............................................................................................................. 17

    1.1.3 Paran .......................................................................................................................... 20

    1.1.4 So Paulo...................................................................................................................... 25

    1.1.5 Rio de Janeiro............................................................................................................... 30

    1.1.6 Minas Gerais ................................................................................................................ 34

    1.1.7 Esprito Santo............................................................................................................... 39

    1.1.8 Bahia............................................................................................................................. 40

    1.1.9 Sergipe.......................................................................................................................... 45

    1.1.10 Alagoas ......................................................................................................................... 46

    1.1.11 Pernambuco................................................................................................................. 46

    1.1.12 Paraba ......................................................................................................................... 48

    1.1.13 Rio Grande do Norte.................................................................................................... 50

    1.1.14 Cear ............................................................................................................................ 55

    1.1.15 Piau.............................................................................................................................. 57

    1.1.16 Maranho..................................................................................................................... 58

    1.1.17 Par .............................................................................................................................. 58

    1.1.18 Gois............................................................................................................................. 61

    1.1.19 Distrito Federal ............................................................................................................ 63

    1.1.20 Mato Grosso do Sul ..................................................................................................... 63

    1.1.21 Mato Grosso................................................................................................................. 67

    1.1.22 Tocantins...................................................................................................................... 68

    1.1.23 Amazonas..................................................................................................................... 70

    1.1.24 Acre .............................................................................................................................. 73

    1.1.25 Amap .......................................................................................................................... 74

    1.1.26 Rondnia ...................................................................................................................... 76

    1.1.27 Roraima........................................................................................................................ 76

    2. Consumo de energia na indstria de cermica vermelha por Estados.......................... 77

    2.1. Consumo de combustvel por Estados.........................................................................77

    2.2. Consumo de eletricidade por Estados.........................................................................79

    3. CONCLUSO:.................................................................................................................... 80

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    ndice de tabelas

    Tabela 1: Distribuio por Estado da produo nacional de cermica vermelha. .......................... 10

    Tabela 2: Distribuio das Indstrias por Regio ............................................................................. 11

    Tabela 3: Custo dos principais combustveis no Estado do Rio Grande do Sul. .............................. 13

    Tabela 4: Fornos mais utilizados....................................................................................................... 14

    Tabela 5: Participao percentual dos combustveis mais empregados nas cermicas do Rio

    Grande do Sul: ............................................................................................................................................. 15

    Tabela 6: Produo versus consumo nos principais plos do Paran. ............................................ 25

    Tabela 7: Distribuio por regio do nmero total e tipos de fornos. ............................................ 25

    Tabela 8: Distribuio dos tipos de fornos da indstria de cermica vermelha da regio serrana

    fluminense. .................................................................................................................................................. 33

    Tabela 9: Distribuio dos tipos de fornos da indstria de cermica vermelha de Itabora. ......... 34

    Tabela 10: Nmero de empresas integrantes dos plos cermicos de Minas Gerais .................... 35

    Tabela 11: Distribuio dos tipos de forno na indstria de cermica vermelha da Bahia. ............ 45

    Tabela 12: Custos de Produo tpicos das indstrias pernambucanas.......................................... 47

    Tabela 13: Problemas mais destacados pelos empresrios do setor no Estado de Pernambuco.. 47

    Tabela 14: Distribuio dos tipos de fornos no Estado de Pernambuco......................................... 47

    Tabela 15: Tipos de combustvel empregados pelas cermicas pernambucanas........................... 48

    Tabela 16: ndices de produo da indstria potiguar de cermica vermelha. .............................. 50

    Tabela 17: Distribuio percentual dos fornos no Rio Grande do Norte ........................................ 51

    Tabela 18: Distribuio dos tipos de produto cermico na produo do RN.................................. 51

    Tabela 19: Distribuio por tipos de combustveis: ......................................................................... 53

    Tabela 20: Distribuio dos fornos da indstria cermica da regio do Assu / RN por tipo de

    capacidade. .................................................................................................................................................. 54

    Tabela 21: Distribuio da produo mensal em milheiros por ms das indstrias de cermica

    vermelha no Rio Grande do Norte em 2012............................................................................................... 54

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    Tabela 22: Incidncia dos insumos no custo de produo na indstria de cermica vermelha do

    Rio Grande do Norte.................................................................................................................................... 55

    Tabela 23: Distribuio da produo de cermica vermelha do Cear por tipo de produto. ........ 55

    Tabela 24: A localizao das principais aglomeraes de empresas de cermica vermelha por

    municpios a seguinte:.............................................................................................................................. 62

    Tabela 25: Participao percentual dos combustveis nas cermicas de Gois em 2005: ............. 62

    Tabela 26: Universo de empresas de Tocantins envolvido no estudo do INT ................................ 69

    Tabela 27: Estimativa de consumo de lenha equivalente na indstria de cermica vermelha, por

    Estados. ........................................................................................................................................................ 78

    Tabela 28: Consumo e demanda de eletricidade na indstria de cermica vermelha, por Estados.

    ...................................................................................................................................................................... 79

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    ndice de figuras

    Figura 1: Disposio geogrfica dos plos de cermica vermelha em relao malha de

    gasodutos....................................................................................................................................................... 9

    Figura 1: Distribuio das Empresas no Rio Grande do Sul - De 0 a 500 t/ms .............................. 11

    Figura 2: Distribuio das Empresas no Rio Grande do Sul - 500 a 1.500 t/ms............................. 12

    Figura 3: Distribuio das Empresas no Rio Grande do Sul - 1.500 a 3.000 t/ms......................... 12

    Figura 4: Distribuio das Empresas no Rio Grande do Sul - 3.000 a 6.000 t/ms ......................... 12

    Figura 5: Plos cermicos de Serra Gaucha, Santa Maria e Porto Alegre, no Estado do Rio Grande

    do Sul. .......................................................................................................................................................... 13

    Figura 6: Forno de esmaltao de telhas: sada de produto e alimentao com gs natural. ....... 17

    Figura 7: Plos cermicos de Canelinha, Rio Negrinho e Morro do Fumaa, no Estado de Santa

    Catarina........................................................................................................................................................ 19

    Figura 8: Forno projetado e construdo pela Cermica Forgiarini, em Cricima, com apoio da

    RedeGasEnergia/Petrobrs. Utiliza vagonetas menores, mais estreitas e usa serragem na pr-queima.

    ...................................................................................................................................................................... 19

    Figura 9: Plos cermicos de Campo Largo, Imbituva - Prudentpolis e Doutor Camargo, no

    Estado do Paran......................................................................................................................................... 22

    Figura 10: Plos cermicos de Jataizinho, Prudentpolis e Nova Santa Rosa, no Estado do Paran.

    ...................................................................................................................................................................... 23

    Figura 11: Plos cermicos de So Carlos do Iva e Siqueira Campos, no Estado do Paran. ........ 24

    Figura 12: Distribuio das indstrias de cermica vermelha por municpio no estado de So

    Paulo ............................................................................................................................................................ 26

    Figura 13: Plos cermicos de It e Santa Gertrudes Rio Claro, no Estado de So Paulo. .......... 27

    Figura 14: Plos cermicos de Santa Gertrudes e Tatu, no Estado de So Paulo. ......................... 28

    Figura 15: Plos cermicos de Campos, Itabora (geral) e Itabora Rio Bonito, no Estado do Rio

    de Janeiro..................................................................................................................................................... 32

    Figura 16: Plos cermicos da regio de Campos e Trs Rios, no Estado do Rio de Janeiro. ......... 33

    Figura 17: Plos cermicos de Grande Belo Horizonte e Vale Paranaba, no Estado de Minas

    Gerais. .......................................................................................................................................................... 36

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    Figura 18: Plos cermicos de Governador Valadares e Par de Minas, no Estado de Minas Gerais.

    ...................................................................................................................................................................... 37

    Figura 19: Plos cermicos de Alagoinhas & Feira de Santana, Ibiassuc Caetit e Camaari

    Dias d'Avila Simes Filho, no Estado da Bahia. ....................................................................................... 41

    Figura 20: Plos cermicos de Jequi e Riacho do Jacuipe, no Estado da Bahia. ......................... 42

    Figura 21: Plo cermico de Itabaiana, no Estado de Sergipe......................................................... 46

    Figura 22: Plos cermicos de Apodi, Goianinha e Ass & Itaj, no Estado do Rio Grande do

    Norte. ........................................................................................................................................................... 52

    Figura 23: Plos cermicos de Natal & So Gonalo do Amarante e Serid, no Estado do Rio

    Grande do Norte.......................................................................................................................................... 52

    Figura 24: Plos cermicos de Aquiraz e Caucaia, no Estado do Cear........................................... 57

    Figura 25: Plos cermicos de Crato e Russas & Limoeiro do Norte, no Estado do Cear. ............ 57

    Figura 26Principais Municpios de produo cermica no Par ...................................................... 60

    Figura 27Plo cermico de Trs Lagoas, no Estado do Mato Grosso do Sul. .................................. 66

    Figura 28Plos cermicos de Manacapuru e Iranduba, no Estado do Amazonas........................... 71

    Figura 29Principais municpios de produo cermica de Roraima ................................................ 76

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    1. INTRODUO GERAL

    O setor cermico no Brasil constitui um dos maiores conglomerados industriais do gnero no

    mundo, tendo uma grande importncia econmica para o Brasil, com uma participao no PIB brasileiro

    de quase 1,0%, alm de apresentar caractersticas de capilaridade no cenrio da economia nacional que o

    distingue de todos os outros setores, envolvendo micros, pequenas, mdias e grandes empresas em

    todos os estados, no interior e nas regies metropolitanas, e em boa parte dos municpios do pas,

    envolvendo produtos derivados de minerais no-metlicos para a construo civil, como elementos

    estruturais e para revestimento, louas domsticas, sanitrias e de decorao, assim como de uso

    especfico, como isoladores eltricos, tijolos refratrios, tubulaes sanitrias, abrasivos, biocermica e

    isolantes trmicos.

    Parte importante desse setor, a indstria de cermica vermelha no Brasil, tambm denominada

    cermica estrutural, envolve a produo de elementos estruturais, de vedao e de acabamento para a

    construo civil (telhas, blocos estruturais e de vedao, tubos, lajotas e pisos) e responde por um

    faturamento de R$ 18,0 bilhes/ano (US$ 9 bilhes/ano), segundo dados da Anicer Associao Nacional

    da Indstria Cermica, com uma participao de 6903 empresas, na maior parte micro e pequenas

    empresas de origem familiar, envolvendo a oferta de 293 mil empregos diretos (mdia de 42,4

    empregados por empresa) e 1,25 milhes de empregos indiretos, constituindo um dos maiores parques

    de produo de cermica vermelha no mundo.

    A produo mensal mdia por empresa da ordem de 700 a 750 milheiros, enquanto que a

    produtividade mdia por trabalhador seria da ordem de 18,3 milheiros/ms (31,1 t/empregado.ms),

    valor de 11 a 12 vezes menor que a produtividade mdia europia atual, acima de 200

    milheiros/trabalhador.ms, onde a automatizao dos processos produtivos pronunciada.

    Por outro lado, pela grande quantidade de empresas e ampla pulverizao geogrfica no territrio

    nacional de suas unidades fabris, participao amplamente dominante do capital nacional, baixo valor

    agregado da produo, alm da freqente natureza familiar dos empreendimentos e da assimetria de sua

    estrutura empresarial (escalas de produo variveis de micro a grandes empresas, nveis diversos de

    qualidade do produto final, natureza dos processos - artesanais e automatizados), a indstria brasileira

    de cermica vermelha apresenta aspectos especficos em relao a outros segmentos industriais, que

    merecem ser considerados e que influenciam sobremaneira na impreciso dos dados estatsticos

    disponveis sobre o mesmo.

    Os dados gerais apresentados neste captulo foram obtidos atravs de visitas a empresas, associaes e

    sindicatos do segmento de cermica vermelha do Rio Grande do Norte, Paraba, Par, Rio de Janeiro,

    Santa Catarina, So Paulo e Bahia. Alm disso, foram obtidas informaes atravs de telefonemas e

    respostas de questionrios enviados para dezenas de sindicatos e associaes de indstria de cermica

    vermelha em todo o pas, assim como atravs de estudos especficos realizados no segmento entre 1997

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    e 2011 por instituies de pesquisa e secretarias estaduais de minas e energia, relativos aos estados do

    Rio Grande do Sul, Paran, Minas Gerais, Pernambuco, Paraba, Bahia, Cear, Amazonas, Rio Grande do

    Norte, Rio de Janeiro, Esprito Santo, Mato Grosso do Sul e Tocantins.

    Figura 1: Disposio geogrfica dos plos de cermica vermelha em relao malha de gasodutos.

    A partir dos dados tcnicos obtidos, como a quantidade e a localizao das empresas, suas capacidades

    de produo, tipos de produto e valor agregado, tipos de equipamentos empregados, perspectivas de

    crescimento do segmento e da oferta de combustveis e energia eltrica, chegou-se ao cenrio geral da

    produo na indstria brasileira de cermica vermelha em todas as suas regies e plos de produo.

    A distribuio da produo nacional da cermica vermelha por estados est indicada na Tabela 1.

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    10

    Tabela 1: Distribuio por Estado da produo nacional de cermica vermelha.

    Estado mil mi-

    lheiros/ms Estado

    mil mi-lheiros/ms

    Estado mil mi-

    lheiros/ms

    So Paulo 731 Pernambuco 68 Mato G.do Sul 24

    Minas Gerais 426 Maranho 57 Mato Grosso 21

    R. G. do Sul 356 Paraba 57 Rondnia 20

    Paran 250 Esprito Santo 50 Acre 9

    Rio de Janeiro 220 Par 46 Amap 5

    Santa Catarina 213 Sergipe 43 Dist. Federal 6

    Bahia 195 Piau 43 Roraima 2

    Gois 170 Amazonas 43

    Cear 170 Tocantins 40

    R. G. do Norte 110 Alagoas 37 TOTAL 3.412

    Obs.: milheiro equivale a 1.000 peas. Fonte: ABC, 2010, INT, 2005 e Anicer, 2012.

    1.1. Caracterizao da indstria de cermica vermelha por estados

    Os plos de produo do segmento de cermica vermelha em cada estado so descritos a seguir.

    1.1.1 Rio Grande do Sul

    O estado do Rio Grande do Sul o terceiro maior produtor de cermica vermelha no pas, com uma

    produo estimada em 356 mil milheiros/ms (10,2% da produo nacional) atravs de 708 empresas

    (10,3% do total de empresas no pas), segundo dados de recente pesquisa realizada pelo Sindicato das

    Olarias e Cermicas para construo no Rio Grande do Sul. Considerando as empresas em atividade, a

    produo mdia por empresa se situa atualmente em 531 milheiros/ms, porm, tal valor inclui um

    montante de cerca de 220 olarias (produo abaixo de 200 milheiros/ms). Portanto, o nmero de

    cermicas acima da categoria de micro-empresas seria da ordem de 480 unidades industriais com uma

    mdia de produo especfica prxima de 700 milheiros/empresa.ms.

    A produo estadual compe-se de cerca de 60% de blocos (destaque para o bloco de 6 furos redondo),

    30% de telhas (destaque para a telha portuguesa) e 10% de outros (lajotas e pisos). O segmento processa

    no estado pouco mais de 700.000 t/ms de argila, produzindo 605.000 t/ms de produto acabado (15%

    de perdas), com uma mdia de 1.700 kg/milheiro. O faturamento mdio mensal do setor da ordem de

    R$ 90.000,00, (mdia de cerca de R$ 250,00/milheiro), ainda que algumas empresas apresentem valores

    de faturamento bem mais elevados em funo de plantas de maior capacidade produtiva e produtos de

    maior valor agregado.

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    Dados de outra pesquisa, realizada em 2006, mostram considervel diferena em relao aos nmeros

    atuais. Na poca, o segmento de cermica estrutural congregava no estado cerca de 1.250 empresas e

    25.000 empregos diretos (20 empregados por empresa), envolvendo centenas de olarias com pequenas

    capacidades de produo, tipificando microempresas de pequeno porte de consumo trmico,

    precariedade e baixo nvel tecnolgico dos equipamentos envolvidos e pela reduzida capacidade de

    investimento. Na poca, havia 126 empresas ligadas ao sindicato estadual, as quais representavam cerca

    de 10% do total. Atualmente, so 144 empresas sindicalizadas que representam 18% do universo de 795

    empresas.

    A distribuio das indstrias de cermica vermelha no estado de Rio Grande do Sul se apresenta no

    quadro e nos mapas a seguir, que mostram uma particular concentrao de empresas do setor na regio

    nordeste do estado no entorno das regies de maior densidade populacional, como a rea metropolitana

    de Porto Alegre (4 milhes de habitantes), envolvendo tambm algumas das maiores cidades do estado,

    como Caxias do Sul, Canoas e Novo Hamburgo.

    Tabela 2: Distribuio das Indstrias por Regio

    Regio N Empresas Regio N Empresas

    Alto Jacu -Alegre 24 Noroeste Colonial 16

    Campanha 8 Norte 5

    Central 42 Serra 84

    Centro Sul 35 Vale do Ca 40

    Fronteira Oeste 28 Produo 139

    Fronteira Noroeste 16 Sul 83

    Litoral 13 Vale do Paranhana 6

    Mdio Alto Urug. 20 Vale R. Pardo - Jacu 38

    Metropolitana 56 Vale do Taquari 68

    Misses 25 Vale dos Sinos 38

    Nordeste 11 Total 795

    Fonte: Siocergs, 2012.

    Figura 2: Distribuio das Empresas no Rio Grande do Sul - De 0 a 500 t/ms

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    Figura 3: Distribuio das Empresas no Rio Grande do Sul - 500 a 1.500 t/ms

    Figura 4: Distribuio das Empresas no Rio Grande do Sul - 1.500 a 3.000 t/ms

    Figura 5: Distribuio das Empresas no Rio Grande do Sul - 3.000 a 6.000 t/ms

    Com relao localizao das unidades industriais do segmento, verifica-se entre as empresas

    sindicalizadas que as principais regies de concentrao encontram-se nos municpios de Santa Maria (15

    empresas), na regio central do estado, Campo Bom (11), na regio de Novo Hamburgo / So Leopoldo,

    Ip e Farroupilha, ambas com dez unidades, na Serra Gacha, Gravata (8) na Grande Porto Alegre, Bom

    Princpio (5) (30 km a noroeste de Novo Hamburgo), Feliz, Restinga Seca, Alvorada e Venncio Aires, com

    quatro cada uma. Em seguida, com duas unidades vm os municpios de Pelotas, So Leopoldo,

    Candelria, Arvorezinha, Cachoeira do Sul, Porto Alegre, Passo Fundo e Caapava do Sul. Assim, tomando-

    se como base este cenrio das empresas sindicalizadas, verifica-se uma grande disperso de empresas

    por toda a extenso do estado, caracterizando concentraes significativas apenas nas regies de Santa

    Maria, Campo Bom, Serra Gacha (Ip e Farroupilha) e Gravata.

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    13

    Polos Cermicos do Estado do Rio Grande do SulPlo Serra Gacha (Campo Bom)

    Porto Alegre e regioSanta Maria e regio

    Figura 6: Plos cermicos de Serra Gaucha, Santa Maria e Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul.

    Fonte: Desenvolvimento prprio a partir dos mapas da MultiMap.com; escala 1:1.000.000.

    O espectro dos combustveis consumidos nos fornos representado pelos resduos vegetais (45%) de

    origem agrcola (casca de arroz e outros) e industrial (serragem, cavaco e outros), da lenha (40%) de

    replantio e nativa, do leo combustvel (5%) e outros (10%), dentre eles o GLP. Esta composio de

    consumo indica considervel valor ambiental, pela representativa parcela de emprego de resduos e

    lenha de replantio. Por outro lado, os preos praticados para os combustveis empregados pelas

    cermicas do estado mostram adicionais vantagens dos resduos agrcolas e vegetais, como se verifica

    nos preos mdios a seguir:

    Tabela 3: Custo dos principais combustveis no Estado do Rio Grande do Sul.

    Combustvel /unidade Preo (R$/unidade)

    Custo Energtico (R$/Gcal)

    GLP / kg 2,60 234,2

    leo combustvel / kg 1,40 146,0

    Gs natural / m 1,11 126,1

    Lenha de pinus / m 35,00 28,9

    Combustvel /unidade Preo (R$/unidade)

    Custo Energtico (R$/Gcal)

    Lenha eucalipto / m 40,00 33,1

    Resduo pinus / m 20,00 16,5

    Lenha accia / m 50,00 41,4

    Resduo de casca de arroz / m 15,00 20,0

    Fonte: elaborao prpria

    A maioria das empresas, aproximadamente 65%, foi criada a partir da dcada de 80, evidenciando que

    boa parte dos antigos empreendimentos no perdurou. A mdia total de empregados por empresa gira

    na faixa de 14 a 19 colaboradores. Considerando uma mdia de 16 funcionrios por empresa e a

    produo mdia mensal por empresa (448 milheiros 761 t/ms), chega-se ao ndice de produo mdia

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    por funcionrio de 48 t/empregado.ms, valor acima da mdia nacional (30,8 t/empregado.ms),

    evidenciando um nvel de mecanizao e automatizao mais elevado que a mdia dos outros estados.

    Segundo a pesquisa realizada no setor pelo sindicato, cerca de 6% das empresas apresentam

    administrao no familiar. Quanto s vendas comerciais, 54% se destinam s lojas e revendedoras de

    material de construo e 46% ao consumidor final, sem passar por intermedirios. Quanto s perdas de

    processo, 87% das empresas declararam ter perdas de at 5% na fabricao dos produtos. Somente 19%

    das empresas se preocupam em control-las e apenas 15% das empresas as registram para poder

    trabalhar nas correes e mudanas no processo produtivo. Um dos problemas que o setor enfrenta a

    dificuldade em conseguir a licena ou a renovao ambiental. Os impactos causados pela indstria da

    minerao esto tambm associados ao uso e ocupao do solo, causados pela expanso dos

    loteamentos nas reas metropolitanas.

    No processo de moagem e desintegrao, 75% no possuem desintegrador e 86% no possuem o

    destorrador. Isto influncia na qualidade j que a retirada dos torres facilita a mistura das argilas

    provocando maior uniformidade e menores defeitos superficiais no produto acabado. Quase a metade

    das empresas no possui mquina laminadora.

    Cerca de 55% das empresas utilizam extruso com boquilha de madeira, e outras 20% usam boquilhas de

    ao especial. A quantidade de peas produzidas no registrada em 85% dos casos. Quanto extrao de

    ar, quase metade das empresas tem bomba de vcuo (44%). No processo de corte. Mais da metade das

    empresas realizam o processo de corte de forma manual e 35% realizam de maneira automtica. Apenas

    5% das empresas realizam o registro de perdas de processo.

    Em relao secagem quase 87% utilizam a secagem natural e 13% fazem uso do processo artificial. O

    controle da umidade no realizado em quase 93% das cermicas. Somente 42 empresas fazem este

    registro.

    Com relao queima, os fornos mais utilizados so mostrados na Tabela 4.

    Tabela 4: Fornos mais utilizados

    Tipo de forno Quantidade de fornos

    Tipo de forno Quantidade de fornos

    Reversvel retangular 426 Tnel grande 22

    Reversvel redondo 51 Vago 11

    Hoffman 170 Campanha 691

    Tnel pequeno 48 TOTAL: 1.419

    Fonte: Siocergs, 2012.

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    A temperatura de queima na maioria das empresas regio fica na faixa de 700oC a 800oC (54%), as quais

    no so em geral registradas por mais de 90% das empresas e o tempo de queima entre a enforna e

    desenforna est acima de 50 horas.

    O controle de resistncia mecnica do produto queimado no realizado por 87% das empresas

    pesquisadas. O controle dimensional realizado em mais de 555 das empresas e o maior ndice de falta

    de controle foi na medio de absoro de gua (90%).

    Para os fabricantes de telha, outro tipo de controle analisado foi o de empeno e de impermeabilidade. A

    maioria realiza a medio de empeno; a de impermeabilidade realizada por 46%. O controle das perdas

    nesse processo considerado baixo (20%).

    Em 95% das empresas no h profissional tcnico ou especializado em cermica; as empresas investem

    pouco em qualificao profissional (marketing, vendas e de fabricantes de mquina). Em 71% das

    empresas no h funcionrio que tenha realizado algum curso especfico em reas da produo de

    cermica ou de gesto nos ltimos tempos. A maior preocupao est centrada na concorrncia desleal

    das empresas sem qualidade nos produtos.

    Em relao segurana e sade no trabalho, 96% das empresas no tem CIPA. Dos programas de

    preveno e sade que foram questionados, 42% afirmam no ter nenhum e 60% das empresas

    pesquisadas utilizam equipamentos de proteo individual (EPIs), o que mostra uma preocupao real

    com a proteo contra possveis riscos no ambiente de trabalho. Em 44% das empresas no se paga o

    adicional de insalubridade aos funcionrios e 34% realizam o pagamento aos trabalhadores do grau de

    insalubridade mdio, que corresponde a 20% do salrio mnimo.

    Alm das diferenas de preo, devem ser consideradas as distines de consumo energtico especfico de

    cada combustvel. Com lenha, por exemplo, o consumo energtico especfico nas empresas gachas do

    segmento de cermica vermelha se d entre 1,5 e 1,6 m/milheiro, ainda que nos fornos tnel esse valor

    se apresente prximo de 1,0 m/milheiro (465 kcal/kg) e nos fornos Hoffman, incluindo a secagem,

    prximo de 1,3 m/milheiro (606 kcal/kg).

    Tabela 5: Participao percentual dos combustveis mais empregados nas cermicas do Rio Grande do Sul:

    Combustvel (%) Combustvel (%)

    Lenha 55 Serragem 14

    Cavaco de madeira 14 leo combustvel 3

    Serragem 14 GLP 1

    Fonte: Revista Cermica Industrial, maio/junho de 2004.

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    Tomando-se como preos de referncia em 2011 os valores mdios do milheiro do bloco de vedao

    20x20 a R$ 250,00 e da lenha de eucalipto de R$ 40,00/m, verifica-se que os custos energticos e os

    percentuais de custo sobre o produto final variam muito conforme os tipos de fornos empregados. No

    caso do forno tnel, seria de R$ 40,00/ milheiro ou 16%; num forno Hoffman seria de R$ 52,00/milheiro

    ou quase 21% e em fornos intermitentes de baixa eficincia pode chegar a R$ 62,00/milheiro ou 25%.

    Estes resultados indicam a importncia da elevao do valor agregado do produto final, que no caso de

    blocos estruturais ou de telhas esmaltadas, pode permitir a reduo dos percentuais de custo energtico

    a menos da metade. Para a produo com maior valor agregado, no basta mudar a argila ou o processo

    de preparo da mesma. tambm preciso um maior controle do processo, o que exige fornos de maior

    qualidade e, muitas vezes, o uso de combustveis mais nobres, como o GLP e o gs natural. Quanto ao

    GLP, seu custo inviabiliza o emprego no segmento de cermica vermelha, mesmo considerando as

    possibilidades de reduo de custo em funo da concorrncia o que de fato tem ocorrido.

    Com relao ao gs natural, seu preo de equilbrio com a lenha de eucalipto ao custo referido seria da

    ordem de R$ 0,45/m, j considerando sua vantagem de eficincia de queima da ordem de 20% mais

    elevada. Considerando outras vantagens menos tangveis, diante da sua variabilidade, como a reduo de

    custo com mo de obra, o pagamento posterior da conta de combustvel, a necessidade de menor capital

    de giro e a possibilidade de fabricar produtos com maior valor agregado, admite-se como preo de

    equilbrio para o caso em questo valores de custo do gs natural entre R$ 0,60 e 0,70/m. Esses

    resultados dependem da escala de produo e consumo, do nvel salarial e da quantidade de mo de

    obra suprimvel com o gs natural (foguistas, operadores de picao da lenha, auxiliares de operao de

    fornos), da qualidade do sistema de operao com gs natural e outros.

    No caso do Rio Grande do Sul, ocorre uma considervel incidncia (30%) de fornos tnel de pequena

    capacidade (ver Figura 6), com destaque para os do tipo Renascer, que entraram em operao no

    mercado produtivo no comeo da dcada passada, mas os mesmos no corresponderam s expectativas,

    operando com eficincia relativamente baixa, ainda que o desempenho trmico e operacional desses

    fornos venha sendo aprimorado atravs de melhorias na isolao trmica, extenso da zona de

    resfriamento, operao acoplada com secadores de capacidade adequada, aproveitamento do calor dos

    gases de exausto para pr-aquecimento da carga do forno e outras, a partir de iniciativas da Petrobrs,

    TBG, UFSC e SCGs em Santa Catarina, as quais objetivam a reduo de seu consumo especfico de

    650 kcal/kg para 480 kcal/kg. Plenamente ajustado em termos trmicos e operacionais, este constitui o

    forno ideal para o uso do gs natural nas plantas de produo cermica produzindo entre 250 e 500

    milheiros ms, exatamente na faixa onde se encontram a maior parte (80 a 90%) das cermicas do estado

    e de boa parte do mercado produtor nacional (SCHWOB, 2007).

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    Figura 7: Forno de esmaltao de telhas: sada de produto e alimentao com gs natural.

    Fonte: INT, 2005.

    A lenha e os resduos vegetais so os combustveis mais utilizados na cermica vermelha gacha, fazendo

    temer por futuros problemas de escassez e elevao de preos, diante de sua extrema procura. As

    solues estratgicas consideradas com mais freqncia, apontam para a necessidade de aumento do

    reflorestamento (destaque para o eucalipto, por sua velocidade de crescimento e poder calorfico) e uso

    mais intensivo de resduos vegetais como a palha de arroz. A fiscalizao ambiental no estado rigorosa

    e praticamente impede a explorao da lenha nativa. A dinmica de crescimento do mercado produtor

    gacho no segmento de cermica vermelha envolve possibilidades de ampliao atravs da explorao

    de novos plos. o caso, por exemplo, da regio da Campanha, com caractersticas favorveis sob vrios

    aspectos, junto a cidades como Bag, Hulha Negra e Candiota, em funo da qualidade da argila e da

    posio estratgica de exportao para o MERCOSUL.

    1.1.2 Santa Catarina

    O estado de Santa Catarina apresenta trs regies de destaque na produo de cermica vermelha, que

    so os plos de Morro da Fumaa, o principal deles, com cerca de 274 empresas na regio de Cricima, o

    de Canelinha, com 80 empresas e o do Alto Vale Tijucas, congregando 50 empresas, perfazendo um total

    de 404 empresas. No total, o estado apresenta cerca de 625 empresas, sendo 256 sindicalizadas,

    envolvendo 16.000 empregos diretos (24 trabalhadores/empresa), consumindo em mdia 511.000 t de

    argila por ms, produzindo 426.000 t/ms de produto final (2.000 kg/milheiro). Este valor equivale a

    213.000 milheiros/ms ou 6,1% da produo nacional e leva a uma produo especfica de

    13,3 milheiros/trabalhador.ms e de 304 milheiros/empresa.ms, sendo 20% de telhas

    (60.000 milheiros/ms) e 80% de blocos (244.000 milheiros/ms). Todavia, excluindo as cerca de 220

    instalaes mais precrias (olarias), que representam cerca de 10% da produo e 39% do nmero de

    empresas, a produo do segmento mais avanado se restringe a 192 mil milheiros/ms em 404

    empresas (mdia aproximada de 475 milheiros/empresa.ms), correspondente a um faturamento mdio

    por empresa da ordem de R$ 120.000,00 / ms, devendo-se registrar que certo nmero de empresas

    opera com produtos de maior valor agregado (telhas, telhas esmaltadas e blocos estruturais), que podem

    levar a valores de faturamento de cinco a doze vezes mais elevado que a mdia das empresas.

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    O plo de produo de mais destacada importncia no segmento de Morro da Fumaa no litoral sul do

    estado, congregando 161 empresas sindicalizadas (Sindicer) e 113 no sindicalizadas, distribudas por

    treze municpios, sete deles de destaque, num raio de cerca de 20 km: Morro da Fumaa, Sango,

    Jaguaruna, Treze de Maio, Cocal do Sul, Iara e Cricima, todos com atendimento com gs natural; e mais

    sete municpios prximos: Pedras Grandes, Orleans, Siderpolis, Nova Veneza, Maracaj, Urussanga e

    Forquilhinha, os dois ltimos tambm com rede de distribuio de gs natural. S em Morro da Fumaa

    encontram-se 72 empresas do segmento.

    O total das 274 empresas envolve a oferta de 7.000 empregos (32 trabalhadores / empresa) e uma

    produo de 100.000 milheiros/ms, sendo 20% de telhas (3% de telhas esmaltadas) e 80% de blocos

    (10% de blocos estruturais), perfazendo uma produo especfica de 365 milheiros/empresa.ms, com

    parte considervel destinada aos estados do Rio Grande do Sul e Paran e at mesmo Argentina. Numa

    extenso de 150 km ao longo ou prximo da costa catarinense, entre Imbituba e Torres, estima-se a

    ocorrncia de cerca de 350 indstrias de cermica vermelha, equivalente a 50% das empresas do

    segmento no estado. Toda essa regio conta com argila de boa qualidade que propicia produzir com

    competitividade, levando a um forte fluxo de vendas no norte do Rio Grande do Sul, de onde com

    freqncia os caminhes de transporte de mercadoria retornam com serragem e cepilho para

    suprimento dos fornos.

    Os combustveis predominantes nos fornos das empresas da regio so a lenha (R$ 30,00/ m) e os

    resduos vegetais (cepilho-casca, cavaco e serragem ao custo mdio de R$ 10,00 /m), numa proporo

    de 50/50. Por outro lado, tem aumentado de modo gradativo o consumo de gs natural no segmento,

    especificamente nas indstrias que operam com produtos de valor agregado mais elevado. Em 2005, j

    quase vinte empresas (7,0%) operavam total ou parcialmente com gs natural (entre R$ 0,70 e 0,80/m),

    dentre elas as cermicas Forgiarini (piso estrusado), Zanata, Cejatel, Semicil, Silva, Galato, Cer. Silva, Tel,

    Icetec, Ouro Preto, Guaresi, Felismino, Intelcon, Cardoso e outras fabricantes de telha esmaltada

    (R$ 1.000,00 a R$ 1.500,00 / milheiro) e blocos estruturais (R$ 400,00 a R$ 1.000,00/milheiro),

    perfazendo um consumo total estimado de gs natural da ordem de 20.000 m/dia, lembrando que a

    oferta de gs natural atinge praticamente todos os pequenos municpios da regio (SCHWOB, 2007).

    Os fornos mais empregados na regio so os do tipo Abbada e Paulistinha (60%), Garrafo (20%),

    Hoffman (15%) e Tnel (5%).

    Os outros dois plos de importncia em Santa Catarina, Alto Vale do rio Tijucas (50) e Canelinha (80),

    sero a seguir tratados em conjunto, em virtude de sua proximidade e de suas similaridades. A regio

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    agrupa cerca de 130 empresas com uma produo de 30.000 milheiros/ms, atingindo uma mdia de

    231 milheiros/empresa.ms e um consumo de lenha / resduos vegetais da ordem de 10.400 m

    lenha/ms.

    Figura 8: Plos cermicos de Canelinha, Rio Negrinho e Morro do Fumaa, no Estado de Santa Catarina.

    Fonte: Desenvolvimento prprio a partir dos mapas da MultiMap.com; escala

    Em Santa Catarina foram desenvolvidas algumas das mais importantes iniciativas de

    desenvolvimento tecnolgico de fornos cermicos contnuos para o emprego do gs natural,

    capitaneados e financiados pela Petrobras a partir de 2005. Foram realizadas vrias converses,

    que resultaram em redues de consumo, melhoria da qualidade dos produtos, e em outros

    ganhos.

    Figura 9: Forno projetado e construdo pela Cermica Forgiarini, em Cricima, com apoio da

    RedeGasEnergia/Petrobrs. Utiliza vagonetas menores, mais estreitas e usa serragem na pr-queima.

    Fonte: INT, 2005.

    De modo geral, as experincias tm mostrado a necessidade conjunta de, ao transformar um forno para

    o uso de gs natural, implementar iniciativas tcnicas e gerenciais quanto ao processo, destacando que o

    forno contnuo impe uma rotina mais rgida de controle do processo, o que traz benefcios de qualidade

    e eficincia de toda ordem.

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    Por iniciativa recente do Sindiceram da regio de Morro da Fumaa, foi desenvolvida a idia de

    instituio na regio de uma APL Arranjo Produtivo Local, visando numa fase inicial reduzir o custo de

    compra de insumos de custo representativo, atravs de compras conjuntas, como peas de reposio,

    leo lubrificante e diesel, pneus, mquinas e, portanto, equipamentos para converso de fornos para o

    uso de gs natural. Tambm operando em apoio s cermicas da regio, vm sendo operados os

    laboratrios Labcer do Sindcer em Morro da Fumaa e o laboratrio do Senai-Tijucas, atuando na

    realizao de ensaios de controle de qualidade e para o desenvolvimento de produtos, alm da formao

    e aprimoramento de tcnicos para as indstrias locais, visando atender s novas normas e apoiar o setor

    no intento de desenvolver produtos de maior qualidade e valor agregado.

    Vale lembrar que produtos de valor agregado mais alto, que demandam combustveis como o GLP e o gs

    natural, encontram mais mercados de comercializao, por poderem concorrer em reas distantes.

    Enquanto os blocos de vedao, que normalmente saem da fbrica com valores entre R$ 200,00 e R$

    300,00 / milheiro podem percorrer at 150 / 200 km para serem entregues, produtos como os blocos

    estruturais (por exemplo, de R$ 500,00 / milheiro), podem ser entregues em localidades a mais de 400

    km de distncia e telhas esmaltadas (por exemplo, R$ 1.500,00 / milheiro) podem concorrer em

    mercados a mais de 1.000 km da fbrica, o que significa uma considervel vantagem estratgica para a

    empresa (INT, 2005).

    Por fim, considervel parcela das empresas da regio adquire energia eltrica de forma cooperativada,

    podendo negociar em conjunto, preos mais atrativos com a usina da Tractebel (gerao com carvo

    mineral), localizada na regio e com sobras em sua capacidade de gerao, ao invs de adquirir da Celesc.

    Tal fato permite reduzir custos com esse insumo e inibe, de certa forma, as possibilidades de cogerao e

    autogerao na ponta com motores a gs natural.

    1.1.3 Paran

    Segundo o SIOCER do Paran, o estado congregava 1995 cerca de 1.100 unidades de produo de

    cermica vermelha, valor que inclua as olarias (produo de tijolos macios em operao sem extrusora),

    sendo apenas 40 sindicalizadas. Em 2003, estavam cadastradas no estado 756 empresas de cermica

    vermelha. Em 2006, os dados da Anicer apontavam para a existncia de pouco mais de 700 unidades

    industriais para uma produo estadual de 250.000 milheiros/ms, o que dava uma mdia de produo

    mensal para cada empresa da ordem de 350 milheiros, valor que ser considerado nessa avaliao, j

    excluindo as olarias, que representam a diferena de cerca de 100 unidades entre os nmeros do SIOCER

    (2000) e outras fontes de informao. Para 2011, admite-se a operao de 620 empresas de cermica

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    21

    vermelha, sendo 170 olarias e 450 empresas de pequeno porte ou acima, com produo mdia mensal

    acima de 200 milheiros/empresa.ms.

    O segmento de cermica vermelha no estado produz cerca de 210.000 milheiros/ms de blocos (70%

    tijolo de 6 furos redondo), 30.000 milheiros/ms de telhas e 48.000 milheiros/ms relativos a lajotas,

    pisos e outros itens, totalizando 288 mil milheiros/ms, envolvendo a mo de obra direta de cerca de

    16.000 trabalhadores (24 trabalhadores/empresa), perfazendo uma mdia de produo especfica de

    18 milheiros/trabalhador.ms. O consumo de argila da ordem de 650.000 t/ms, para uma produo

    final de 550.000 t/ms de blocos e telhas, indicando uma perda de 15% de matria prima e um peso

    mdio do produto final de 1.900 kg/milheiro. Cerca de 67% da produo comercializada atravs de

    vendas indiretas (casas de material de construo), com as vendas diretas destinadas ao comprador

    particular (13%), construtoras (8%) e outros (12%) (SCHWOB, 2007).

    A Regio Leste do Estado do Paran, segundo informaes do Sindicato das Indstrias de Olarias e

    Cermicas para Construo/PR, congrega 350 empresas das quais somente 100 esto associadas. Estas

    empresas tm uma produo total na regio de 87.500 milheiros por ms. Somente as associadas

    produzem 25.000 milheiros por ms (mdia de 250 milheiros/empresa.ms). O nmero de empregos

    diretos nas empresas associadas de 900, perfazendo uma mdia de 9 empregados/empresa.

    Os principais produtos produzidos so: tijolos (76%); Telhas (15%); Blocos (5%); Lajotas (1%); Outros (3%).

    Os preos mdios locais dos produtos por milheiro, considerando as dimenses, so os seguintes: Tijolos

    de 9x14x19 = R$ 300,00; Blocos 14x19x29 = 1.200,00; Lajotas 8x19x30 = 550,00 e telhas = R$ 850,00.

    Os principais tipos de fornos utilizados na regio so: Caipira (64%); Abboda (5%); Paulistinha (5%);

    Hoffman (!%); Contnuo (5%); Vago (20%).

    A participao percentual dos combustveis utilizados nas empresas da regio a seguinte: Lenha: 11%;

    Resduos: 40%; Outros - Cavaco/serragem: 49%.

    Em relao ao preos mdios dos combustveis de: lenha (R$ 40/m3); Resduos (R$

    25,00/m3); Cavaco (R$ 30,00/m3).

    As localizaes dos principais plos produtores no estado esto indicadas nas Figuras a seguir.

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    Figura 10: Plos cermicos de Campo Largo, Imbituva - Prudentpolis e Doutor Camargo, no Estado do Paran.

    Fonte: Desenvolvimento prprio a partir dos mapas da MultiMap.com; escala 1:1.000.000.

    A produo paranaense de cermica vermelha apresenta concentraes destacadas em quatro regies,

    em funo da qualidade da argila local, da oferta de energia e da proximidade dos mercados de consumo.

    So eles os plos das seguintes regies:

    Mdio Baixo Vale do rio Iva situado na regio norte/noroeste do estado, na rea sudoeste do

    municpio de Maring, s margens do rio Iva, congregando 61 empresas em dez municpios (Doutor

    Camargo, Floresta, Indianpolis, Itamb, Ivatuva, Japur, Mirador, Paraso do Norte, So Carlos do Iva, e

    So Manoel do Paran). Os municpios de destaque so de Carlos do Iva, com 24 empresas, e Paraso do

    Norte, com 13 empresas;

    Costa Oeste situada na regio do extremo oeste do estado, entre Cascavel e Foz do Igua ,

    congregando 82 empresas em 25 municpios (Altnia, Assis Chateaubriand, Capito Lenidas Marques,

    Corblia, Entrerios do Oeste, Foz do Iguau, Francisco Alves, Guara, Itaipulndia, Marechal Cndido

    Rondon, Marip, Medianeira, Mercedes, Missal, Nova Santa Rosa, Palotina, Pato Bragado, Quatro Pontes,

    Santa Helena, So Miguel do Igara, So Pedro do Igua, Terra Roxa, Toledo, Tupssi e Vera Cruz do

    Oeste; Destaque para Nova Santa Rosa, com 9 empresas e So Miguel do Iguau, com 7 empresas;

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    Figura 11: Plos cermicos de Jataizinho, Prudentpolis e Nova Santa Rosa, no Estado do Paran.

    Fonte: Desenvolvimento prprio a partir dos mapas da MultiMap.com; escala 1:1.000.000.

    Eixo Prudentpolis Imbituva situada na regio centro-leste do estado, a oeste da Regio

    Metropolitana de Curitiba, entre Ponta Grossa e Guarapuava, congregando 76 empresas em 7 municpios

    (Imbituva, Ipiranga, Irati, Iva, Prudentpolis, Rebouas e Teixeira Soares); Destaque para Prudentpolis

    (48) e Imbituva (11);

    Norte Pioneiro situada entre Londrina, Cornlio Procpio e Cambar, no norte do estado, congregando

    93 empresas em 27 municpios (Andir, Bandeirantes, Cambar, Carlpolis, Congoinhas, Conselheiro

    Mayrink, Curiva, Figueira, Guapirama, Ibaiti, Jaboti, Japira, Jacarezinho, Joaquim Tvora, Jundia do Sul,

    Pinhalo, Quatigu, Ribeiro Claro, Ribeiro do Pinhal, Santa Mariana, Santana do Itarar, Santo Antnio

    da Platina, Sapopema, So Jernimo da Serra, Sertanpolis, Siqueira Campos e Tomasina; Destaque para

    Jataizinho (19) e Siqueira Campos (13).

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    Figura 12: Plos cermicos de So Carlos do Iva e Siqueira Campos, no Estado do Paran.

    Fonte: Desenvolvimento prprio a partir dos mapas da MultiMap.com; escala 1:1.000.000.

    No total dos plos mencionados, no incluindo a regio metropolitana de Curitiba, so 308 empresas

    (44% do total) em 70 municpios, agrupando 170 pequenas (at 9 empregados), com produo de at

    100 milheiros/ms, 113 de porte mdio (10 a 24 empregados), com produo de 120 a

    300 milheiros/ms e 25 grandes (mais de 25 empregados), com produo superior a 300 milheiros/ms,

    as quais so normalmente as empresas que contam com fornos Hoffman e tipo tnel. A partir do incio da

    dcada de 90, a lenha comeou a escassear no estado, passando-se a empregar de forma mais intensiva a

    serragem, a maravalha, o bagao de cana e a casca de arroz. Com isso, conforme a oferta local de

    energticos, cada regio passou a adotar composies diferentes de combustveis. Na regio do rio Iva,

    predomina o bagao de cana (60%) e lenha (40%), na regio da Costa Oeste, 90% de serragem e 10% de

    lenha, no Eixo Prudentpolis Imbituva, 60% de lenha e 40% de serragem e na regio do Norte Pioneiro

    ainda predomina o emprego da lenha (70%), em virtude da mais elevada taxa de reflorestamento da

    regio, ao contrrio da regio do rio Iva, onde o reflorestamento baixo compensado pela cultura da

    cana.

    O consumo de lenha (no contando resduos agrcolas e industriais) e a produo dos quatro principais

    plos so os seguintes:

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    Tabela 6: Produo versus consumo nos principais plos do Paran.

    Produo (milheiros/ms) Regio

    (regio) (mdia p/ empresa)

    Consumo de Lenha (m/ms)

    Rio Iva 187.453 256 94.428

    Costa Oeste 244.872 249 45.136

    Eixo Prudentpolis Imbituva 136.192 149 56.598

    Norte Pioneiro 220.968 198 211.392

    Fonte: Mineropar, 1997.

    Mesmo considerando um uso intensivo de resduos vegetais (casca de arroz, bagao de cana) e industriais

    (serragem, maravalha), o setor de cermica vermelha ainda emprega considervel parcela de lenha de

    replantio, cujo consumo vem crescendo em virtude de uma demanda no s restrita ao setor cermico. A

    fiscalizao ambiental no estado severa e por isso alguns grupos de ceramistas vm se mobilizando para

    efetivar projetos de replantio, buscando cumprir com metas de auto-sustentabilidade. Isto exigir

    elevados investimentos, levando a um encarecimento do custo energtico da lenha consumida.

    Com relao ao emprego de fornos, h um predomnio dos do tipo abbada (com 47% de participao),

    conforme mostrado na Tabela 8, seguidos dos fornos caipira com 23%, fornos corujinha com 14%, tnel

    (4%), Hoffman (3%), garrafo (2%) e outros (7%). Os fornos tnel e Hoffman apresentam normalmente

    capacidades de 3 a 4 vezes mais elevadas que os fornos intermitentes, e, assim, representam cerca de

    25% da produo dos quatro plos. Por outro lado, considerando seus ndices de eficincia trmica (20 a

    50% mais elevados), estima-se que representem de 15 a 18% do consumo de energia trmica dos quatro

    plos considerados.

    Tabela 7: Distribuio por regio do nmero total e tipos de fornos.

    Utilizao na Regio (%) Regio

    Qtd. Fornos

    Qtd./ empr.

    Abboda Caipira Catarina Corujinha Paulista Garrafo Hoffman Tnel

    Rio Iva 261 4,3 58 42 -- -- -- -- -- --

    Costa Oeste 430 5,2 18 14 -- 50 8 4 4 3

    Prudentpolis Imbituva

    167 2,2 42 14 14 7 -- 3 8 11

    Norte Pioneiro 378 4,1 70 20 8 -- -- -- -- 2

    Fonte: Mineropar, 1997

    1.1.4 So Paulo

    O estado de So Paulo conta com o mais dinmico segmento de cermica estrutural do pas, produzindo

    731.000 milheiros/ms (92,6% de blocos e 7,4% de telhas), valor que representa 21,2% da produo

    nacional. O segmento envolve a oferta de cerca de 36.000 empregos diretos em cerca de 750 unidades

    industriais (48 trabalhadores / empresa), incluindo cerca de 100 olarias, o que perfaz a elevada mdia de

    produo de 975 milheiros/empresa.ms e de 20,3 milheiros/trabalhador.ms, esta ltima uma mdia

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    ligeiramente mais elevada que em outros estados, fato evidenciado pelo nvel de automatizao um

    pouco maior. O processamento de argila da ordem de 1.800.000 t / ms (SCHWOB, 2007).

    O estado conta com alguns sindicatos e associaes de produtores de cermica vermelha, como os de

    Tatu, It, Presidente Epitcio, Ourinhos, Tamba e Avanhandava, com destaque para as regies de Itu,

    Tatu e Barra Bonita, onde esto a ACERVIR Associao das Cermicas Vermelhas de It e Regio, a

    ACERTAR Associao das Cermicas Vermelhas de Tatu e Regio, e a ACEIBB Associao dos

    Ceramistas de Igarau Tiet e Barra Bonita. As duas primeiras so localidades que contam com argila de

    boa qualidade, como a formao de argilito de Itu, oferta de gs natural em vrios municpios,

    fornecendo produtos para a considervel demanda do estado, principalmente para a capital. J a regio

    de Barra Bonita congrega plantas industriais de menor capacidade, carecendo de tecnologias mais

    avanadas em seus equipamentos e processos produtivos.

    Figura 13: Distribuio das indstrias de cermica vermelha por municpio no estado de So Paulo

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    Figura 14: Plos cermicos de It e Santa Gertrudes Rio Claro, no Estado de So Paulo.

    Fonte: Desenvolvimento prprio a partir dos mapas da MultiMap.com; escala 1:1.000.000.

    No plo de Itu e regio, esto associadas 67 cermicas, empregando cerca de 3.000 trabalhadores,

    envolvendo uma produo de cerca de 65.000 milheiros/ms, (mdia de 970 milheiros/empresa.ms)

    sendo 54% de blocos (70% de vedao e 30% estrutural) e 46% de telhas (destaque para as dos tipos

    romana, portuguesa e paulista). Os fornos empregados so de diversos tipos, com predomnio dos fornos

    intermitentes, tipo garrafo e paulistinha / abboda, com participao acima da mdia de fornos

    contnuos, empregando lenha e resduos vegetais em 90% dos casos, apesar de seu custo elevado (se

    aproximando de R$ 45,00 / m).

    O valor referido do preo da lenha leva a um valor de equivalncia energtica com o gs natural de

    ordem de R$ 0,43 / m, o qual, considerando sua eficincia de queima 20% superior, vantagens como

    reduo de custo de mo de obra e outros, leva a um preo de equilbrio para o gs natural da ordem de

    R$ 0,60 / m, no incluindo as vantagens menos tangveis de melhor controle de processo, maior

    qualidade do produto final e conseqente elevao de faturamento da empresa, aspectos que tem

    favorecido a penetrao do gs natural na regio.

    As empresas ligadas associao se localizam em 21 municpios prximos a It, com as seguintes

    incidncias, pela ordem: Itu (16), Indaiatuba (8), Jundia (6), Campinas (5), Conchas (4), Valinhos (4),

    Cabreva, Elias Fausto, Jaguarina, Laranjal Paulista, Salto, Tatu e Vinhedo, com 2 cada e Amparo,

    Boituva, Iguape, Leme, Limeira, Sorocaba e Vrzea Paulista, com uma empresa cada, totalizando 67

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    empresas associadas, todas elas produzindo blocos de vedao (na maior parte: 9x19x19, 11,5x14x24 e

    9x19x29), sendo que 24 delas, tambm produzindo blocos estruturais (na maioria, 14x19x29, 9x19x30 e

    19x19x39) e 21 delas, produzindo telhas(na maioria, portuguesas, romanas e de cumeeira).

    Figura 15: Plos cermicos de Santa Gertrudes e Tatu, no Estado de So Paulo.

    Fonte: Desenvolvimento prprio a partir dos mapas da MultiMap.com; escala 1:1.000.000.

    Em conjunto, as empresas da rea da ACERTAR consomem cerca de 80.000 m/lenha de replantio e

    resduos vegetais por ms (demanda que exigiria uma rea de plantio de eucaliptos da ordem de 2.400

    hectares 4,9 x 4,9 km). Com isso, considerando os fabricantes de telhas e principalmente de blocos

    estruturais, produtos de valor agregado mais alto, que envolvem normalmente o emprego de fornos de

    boa qualidade de controle de processo, verifica-se a existncia de 20 indstrias com amplas

    potencialidades de adoo do gs natural como combustvel, numa proporo que permitiria um

    consumo da ordem de 75.000 m/dia (INT, 2005).

    Situado na regio do Mdio Tiet, o plo de Barra Bonita-Igarau Tiet compreende cerca de 60

    empresas em operao, sendo 35 ligadas associao local dos ceramistas (ACEIBB). Estima-se que cerca

    de 20 dessas sejam micro-empresas, com produo abaixo de 150 milheiros/ms. As indstrias locais se

    concentram fortemente (95%) na produo de telhas (dos tipos francesa e portuguesa). A oferta local de

    empregos diretos da ordem de 2.000 postos de trabalho (30 a 35 empregados por empresa) e a

    produo total do plo da ordem de 15.000 milheiros/ms, com predomnio do emprego de fornos do

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    tipo abboda, correspondendo a uma produo mdia especfica de 250 milheiros/empresa.ms,

    destinada aos estados de So Paulo, Rio de Janeiro e Paran.

    No final da dcada de 90, o mercado brasileiro de cermica vermelha e em particular o da regio de

    produo de So Paulo comeou a ser procurado por empresas estrangeiras, que adquiriram instalaes

    industriais de tradio. A exemplo de Santa Catarina, onde o grupo portugus J. Coelho se associou

    Cermica Rainha de Rio do Sul na construo de uma fbrica de telhas esmaltadas para exportao, o

    grupo espanhol Uralita, se associou a uma importante fbrica de telhas (2.000 milheiros/ms) em Leme,

    antiga Maristela, alm de ter se associado em Itu a uma fbrica de telhas (antiga Selecta), com

    capacidade de 2.000 milheiros/ms e adquirido outra, de blocos estruturais, antiga Incerpal. Da mesma

    forma, o grupo francs Lafarge adquiriu nos ltimos anos quatro unidades de produo de telhas e de

    materiais de acabamento para telhados das empresas Tgula e Telcan, situadas em Atibaia (SP) e Quatro

    Barras (PR), onde j foram investidos mais de R$ 40 milhes, que permitiram dotar as unidades de

    processos e equipamentos de alta tecnologia.

    Estas unidades industriais, aps receberem grandes investimentos em automatizao, controle de

    processo, logstica, tecnologia de produto e de equipamentos, como fornos mais eficientes, passaram a

    servir de referncia tecnolgica e gerencial dentro do mercado. No caso da Uralita Blocos (80% de

    produo de blocos estruturais, j atendendo s novas normas da ABNT), um desses aspectos se refere

    ao seu desempenho trmico (365 kcal/kg), em mdia 40% abaixo da concorrncia, fato decorrente da

    operao de um forno tnel com recuperao de calor das zonas de resfriamento e da abbada, o que faz

    prescindir o emprego de outra fonte de energia trmica no processo de secagem, alm de operar com

    processo via seca e com argila propcia (mistura de argilito) para a reduo da umidade no processo de

    extruso e secagem. Alm disso, a empresa apresenta ampla automatizao do processo de produo,

    com uma reduo da mo de obra envolvida em cerca de 75% na rea produtiva e a conseqente

    reduo de perdas por manipulao. Outro ganho de eficincia evidente da empresa se refere ao sistema

    prprio de paletizao em pequenos mdulos, com fitas de ao de amarrao vertical e horizontal, o que

    reduz de modo drstico as perdas na entrega ao cliente, o que se reflete em economia direta de matria

    prima, energia e custo final.

    No estado tambm se encontra a ACERTUBOS Associao dos Fabricantes de Tubos Cermicos, sediada

    em Tamba, municpio onde se encontra o maior fabricante de tubos cermicos para gua e esgoto do

    pas, responsvel pela produo de 70% (cerca de 2.000 km/ano, nos dimetros de 100 a 600 mm e

    comprimentos de 1000 a 1700 mm) da oferta produtiva nacional (3.200 km/ano), congregando 200

    trabalhadores e uma produo faturada de R$ 5 milhes / ano. Em Tamba tambm se localiza um plo

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    importante de produo de telhas e blocos cermicos, congregando 11 empresas de mdio porte, dentre

    elas as cermicas Del Fvero, Santo Expedito, So Carlos, Morandin, Santa Marta, Bagatta e outras.

    Juntamente com a regio de Vargem Grande do Sul, o plo de Tamba congrega um conjunto de 23

    empresas de cermica vermelha de mdio porte.

    1.1.5 Rio de Janeiro

    O segmento de cermica vermelha no estado o quarto maior do pas e apresenta cerca de 220

    empresas em operao, com 207 produtoras de material cermico, sendo 37 olarias, e 15 extratoras de

    matria prima, com uma produo de 220 mil milheiros/ms (1.062 milheiros/empresa.ms), gerando

    12.000 empregos (58 trabalhadores / empresa). Desse total, cerca de 170 empresas (82%) encontram-se

    em trs reas de concentrao, divididas em Campos (94), Itabora (51) e regio e Regio Serrana-Mdio

    Vale do Paraba (25) (SCHWOB, 2007). As demais (37) se encontram dispersas em diversos municpios. Do

    total de fabricantes (207), 13 so de telhas (colonial, romana e francesa). A produo dos trs plos da

    ordem de 150.000 milheiros/ms, (92% de blocos de vedao, 4% de telhas e 4% de blocos estruturais),

    indicando uma mdia elevada de produo por empresa (882 milheiros/empresa.ms) envolvendo a

    oferta de 8.500 empregos diretos (50 trabalhadores / empresa) e a produo especfica de

    15,2 milheiros/trabalhador.ms, a mais elevada do pas. No mercado fluminense, 50% dos blocos

    cermicos e 90% das telhas so provenientes dos mercados produtores de So Paulo e Minas Gerais. Por

    outro lado, algumas regies, como o plo de Campos, exportam produtos para o Esprito Santo e Minas

    Gerais (Zona da Mata), alm de atender o Grande Rio e o Sul Fluminense, enquanto o plo da regio

    serrana atende em parte aos mercados mineiro e paulista.

    As caractersticas principais dos plos de produo do estado so as seguintes:

    Plo de Campos

    O plo de Campos localiza-se no norte fluminense numa rea de cerca de 900 km com abundncia em

    argilas aluviais formadas por sedimentos quaternrios levados pelo Rio Paraba do Sul. Esse plo o

    segundo maior produtor de cermica vermelha do pas, superado em nmero de empresas apenas pelo

    de Morro da Fumaa (SC), contando com 98 empresas (90 sindicalizadas / 6.000 empregos diretos / 61

    empregados/empresa), todas localizadas na margem direita do Rio Paraba do Sul, ao longo da estrada

    RJ-216, que liga Campos ao Farol de So Tom. As empresas produzem cerca de 90.000 milheiros/ms

    (mdia de 957 milheiros/empresa. ms), com predomnio da produo de blocos de vedao (80%). Em

    2011, considerando um preo mdio de R$ 230,00 / milheiro, estima-se um faturamento do plo da

    ordem de R$ 250 milhes / ms (R$ 220.000,00 / empresa. ms).

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    At a dcada de 80, as empresas da regio usavam leo combustvel em seus fornos e sistemas de

    secagem, todavia, com o aumento relativo dos preos do mesmo, o setor voltou a usar a lenha de forma,

    como ocorrera at a dcada de 60. Alguns anos aps, diante da intensa demanda de lenha na regio,

    passou-se a empregar de forma complementar os resduos de poda de cafeeiro do noroeste fluminense,

    sul de Minas e sul do Esprito Santo, assim como restos de eucalipto da fbrica de celulose da Aracruz no

    norte do Esprito Santo. No entanto, a incerteza de fornecimento desses tipos de combustveis acabou

    levando as empresas locais a investirem no plantio de eucalipto. Seus custos mais levados vieram a ser

    compensados com os ganhos logsticos da certeza de fornecimento, ganhos econmicos da maior

    estabilidade de preo e vantagens tcnicas de maior homogeneidade do produto gerando condies mais

    constantes no processo de queima nos fornos e fornalhas. Em paralelo, com a produo considervel de

    cinzas (3% em massa) resultantes da combusto do eucalipto, vem sendo realizadas em algumas

    empresas da regio experincias de introduo das cinzas na massa cermica, conferindo maior

    porosidade aos produtos e dando destinao a um potencial agente poluidor.

    Levando em conta um consumo mdio especfico de 1,5 m de lenha por milheiro, verifica-se um custo

    energtico especfico de R$ 52,50 / milheiro, que representa 25% do preo de venda do produto. Um

    dado importante na regio a caracterstica da argila local, que permite a operao em temperaturas de

    queima mais baixa, em torno de 650 C, favorecendo a reduo do consumo trmico no processo de

    queima, ainda que tal valor ponha eventualmente em risco a qualidade do produto final. Pesquisa

    realizada pelo SINCERCAMPOS em 2005 indica que apenas 14 cermicas operam com temperaturas

    acima do valor referido, caso dos fabricantes de telhas e blocos estruturais. Outro dado importante

    que, em funo da grande insolao mdia anual e do regime constante de ventos na regio, o segmento

    de cermica vermelha da regio emprega de modo freqente os processos de secagem natural, o que

    limita em parte a velocidade de produo das empresas, havendo apenas trs delas empregando

    processos de secagem artificial.

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    Figura 16: Plos cermicos de Campos, Itabora (geral) e Itabora Rio Bonito, no Estado do Rio de Janeiro.

    Fonte: Desenvolvimento prprio a partir dos mapas da MultiMap.com; escala 1:1.000.000.

    No plo h grande participao dos fornos do tipo Hoffman (86%) e alguma participao dos fornos tipo

    tnel (3%), o que favorece a converso para gs natural, a exemplo do que muitas empresas realizaram

    na regio entre 2000 e 2001, com o apoio da CEG RIO. Os outros tipos de fornos encontrados na regio

    so: Caieira (7%), vago (2%), cmara e abbada (1%, cada). Todavia, em funo da concorrncia do

    preo da lenha, que tem variado muito conforme a sua oferta, dependente da poltica de oferta dos

    principais fornecedores da regio (a Aracruz Florestal e a Celulose da Bahia fornecem 75% da lenha

    consumida nas cermicas da regio) e de certas carncias tcnicas da converso realizada, o gs natural

    tem sido consumido por apenas algumas das 18 empresas que converteram seus fornos no ano 2000. No

    final de 2004, em virtude da crise de fornecimento ocorrida durante aquele ano, diversas empresas

    passaram a adotar a lenha de poda de cafeeiro (R$ 25,00 / m). Este fornecimento apresenta uma

    caracterstica de sazonalidade que indica a impossibilidade de atendimento permanente. Em funo

    disso, alguns empresrios da regio passaram a investir no plantio de eucalipto, medida que somente

    agora comea a trazer resultados prticos. O plo conta com uma rede de compras, criada em 2005,

    congregando mais de vinte empresas da regio, visando negociar melhor o preo de seus produtos, que

    se destinam em geral ao Grande Rio, Sul Fluminense, Zona da Mata Mineira e Esprito Santo. A presena

    da UENF, com o apoio da Finep, atravs de atividades de pesquisa e de seu laboratrio de ensaios de

    materiais, tem promovido e desenvolvido iniciativas para a melhoria da qualidade do produto local,

    visando elevar seu preo no mercado. Em paralelo, j foi criado pela Escola Tcnica de Campos um curso

    tcnico para atendimento da demanda de profissionais para o setor, visando capacit-lo melhor.

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    Figura 17: Plos cermicos da regio de Campos e Trs Rios, no Estado do Rio de Janeiro.

    Fonte: Desenvolvimento prprio a partir dos mapas da MultiMap.com; escala 1:1.000.000.

    Plo da Regio Serrana

    Apresenta 25 empresas distribudas nos seguintes municpios: Paraba do Sul (8), Trs Rios (6), Barra do

    Pira (3), Pinheiral (2), Resende (2) e Levi Gasparian, Porto Real, Areal e Pira. A produo estimada desse

    plo de 28.000 milheiros/ms (cerca de 60 mil t /ms), com mdia de 1.120 milheiros/empresa.ms,

    indicando a participao de empresas de maior porte que a mdia estadual. Este plo constitui em

    termos tecnolgicos um dos ncleos de empresas de tecnologia mais avanada (fornos tnel,

    automatizao, qualidade de produto etc.) e de escala produtiva mais elevada, contando com algumas

    plantas de produo acima de 5.000 t/ms, valor muito acima da mdia nacional, caso da Cermica Porto

    Velho, uma das maiores do pas, produzindo atualmente cerca de 9.000 t/ms. A participao dos tipos

    fornos encontrados nas empresas da regio a seguinte:

    Tabela 8: Distribuio dos tipos de fornos da indstria de cermica vermelha da regio serrana fluminense.

    Tipo de forno Percentual de incidncia (%)

    Abbada 35

    Hoffman 30

    Caieira 10

    Plataforma 5

    Tnel 20

    Fonte: elaborao prpria.

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    Regio de Itabora

    Trata-se do segundo maior plo do estado, congregando 51 empresas, distribudas nos seguintes

    municpios: Itabora (30). Rio Bonito (10), Tangu (5), So Gonalo (3), Silva Jardim (2) e Maric (1). A

    produo do plo da ordem de 52.000 milheiros/ms, com uma mdia de 1.019

    milheiros/empresa.ms, indicando a presena de empresas de porte menor que a mdia do estado, em

    funo da menor incidncia de fornos Hoffman, por exemplo.

    Os tipos de fornos predominantes na regio so:

    Tabela 9: Distribuio dos tipos de fornos da indstria de cermica vermelha de Itabora.

    Tipo de forno Percentual de incidncia (%)

    Abboda 60

    Hoffman 30

    Tnel 10

    Fonte: elaborao prpria.

    1.1.6 Minas Gerais

    O segmento de cermica estrutural em Minas Gerais congrega 740 empresas, sendo cerca de 270 olarias,

    com uma produo total de 426.000 milheiros/ms (576 milheiros/empresa.ms), que o coloca em

    segundo lugar entre os maiores produtores estaduais do pas, ficando atrs apenas do estado de So

    Paulo, com uma participao nacional de 12,3%. A produo se divide em 362.000 milheiros/ms (85%)

    de blocos e 64.000 milheiros/ms (15%) de telhas, com um consumo mensal de argila da ordem de

    1.000.000 t/ms, para uma produo de 810.000 t/ms, gerando um ndice mdio de peso por produo

    de 1.900 kg/milheiro, ligeiramente superior mdia nacional, indicando a produo de peas maiores

    que em outra regies (SCHWOB, 2007).

    O segmento emprega no estado cerca de 28.000 trabalhadores (35 trabalhadores / empresa.ms) e

    apresenta uma produo especfica de 15,4 milheiros/trabalhador.ms, valor prximo da mdia nacional

    (15,9), indicando menor nvel de automatizao do processo. A produo de tijolos do estado se encontra

    em boa parte prxima aos grandes centros consumidores, at 200 km dos locais de consumo, em funo

    de seu menor valor agregado em relao s telhas, principalmente no entorno de Belo Horizonte, onde

    esto s maiores plantas de produo de blocos, como em Ribeiro das Neves, Sete Lagoas, Par de

    Minas e Igaratinga. Tambm h plos de produo de tijolos em Montes Claros e Governador Valadares.

    Quanto produo de telhas, o principal plo se localiza no Vale do Rio Paranaba, localizado na macro-

    regio do Alto Paranaba e do Tringulo Mineiro, onde se destacam os plos de Monte Carmelo e

    Ituiutaba.

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    A seguir, esto apresentadas 10 regies econmicas distintas de produo cermica, congregando as 318

    empresas de maior capacidade (46,1% das empresas do estado e 60% da produo estadual), j excludas

    as empresas de pequeno porte (olarias), caracterizando um grupo de empresas de maior

    representatividade, pela produo (566 milheiros/empresa.ms) e pelo consumo energtico:

    Tabela 10: Nmero de empresas integrantes dos plos cermicos de Minas Gerais

    Nmero de Empresas Plos

    Absoluto Relativo (%)

    Regio Central: regio de Belo Horizonte e entorno 69 21,70

    Zona da Mata: sudeste do estado 4 1,26

    Sul de Minas 34 10,69

    Tringulo Mineiro: regio de Uberlndia e Ituiutaba 37 11,64

    Centro-Oeste: regio de Par de Minas e Igaratinga 33 10,38

    Noroeste 12 3,77

    Jequetinhonha Mucuri 12 3,77

    Rio Doce: regio de Governador Valadares 36 11,32

    Alto Paranaba: regio de Monte Carmelo e Abadia dos Dourados

    48 15,09

    Norte de Minas: regio de Montes Claros 33 10,38

    Fonte: INT, 2005

    Dentre estas dez regies, destacam-se quatro plos produtivos, em funo da maior concentrao de

    empresas, maior mdia de produo e consumo energtico por empresa, alm da localizao mais

    prxima da rede de distribuio de gs natural e/ou dos maiores centros econmicos. Os quatro plos

    referidos congregam 160 empresas operando com cerca de 85% da capacidade nominal de produo

    (88%, no caso das empresas de telhas de Monte Carmelo e regio), que representam cerca de metade do

    universo das 318 maiores, considerado anteriormente.

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    Figura 18: Plos cermicos de Grande Belo Horizonte e Vale Paranaba, no Estado de Minas Gerais.

    Fonte: Desenvolvimento prprio a partir dos mapas da MultiMap.com; escala 1:1.000.000.

    Plo cermico da Grande Belo Horizonte

    Envolve as cidades de Ribeiro das Neves, Santa Luzia, Igarap, Betim, Esmeraldas, So Joaquim de Bicas,

    Rio Acima, So Jos da Lapa, Pedro Leopoldo e Matosinhos. Neste grupo restrito dentro da regio central

    (69 empresas) esto localizadas 31 empresas de porte mdio, cerca de 45% das empresas da regio

    central, com destaque para as cermicas Branas, Marbeth e Jacarand. Em Sete Lagoas, fora da regio

    metropolitana de BH, encontram-se mais cinco empresas de porte razovel. Nelas, verifica-se predomnio

    do consumo de lenha e serragem, em fornos intermitentes (apenas uma empresa na regio emprega

    forno tnel), com consumo especfico da ordem de 1,6 m/milheiro e mdia de produo de

    566 milheiros/ms, estabelecendo um consumo mensal equivalente de lenha da ordem de 906 m por

    empresa ou de 28.086 m de lenha / ms na regio do plo. Todavia, apenas uma delas conta com forno

    tnel

    Plo cermico do Vale do Rio Paranaba

    Envolve cerca de 60 empresas de porte mdio (incluindo a ACEMC - Associao dos Ceramistas de Monte

    Carmelo, com 27 cermicas associadas), localizadas em Monte Carmelo (33 empresas), Ituiutaba (12), e

    outras localidades, como Abadia dos Dourados, Araguari, Capinpolis e Santa Vitria, tratando-se de

    modo geral de uma regio com predomnio da produo de telhas planas (30 a 33 peas/m2 e

    1,5 kg/pea), colonial (26 a 28 peas/m2 e 1,9 kg/pea), romana (16 a 18 peas/m2 e 2,6 kg/pea), alm

    de francesa, telha de cumeeira e portuguesa), e ainda blocos de vedao e de laje. Trata-se, portanto, de

    um dos maiores plos de produo de telhas no pas, inclui