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Parecer Técnico Nº 17501-301 i / v - energia.sp.gov.brƒO-DE-BOFETE.pdf · Parecer Técnico Nº 17501-301 i / v RESUMO ... conservação ambiental, sujeitando-se às legislações

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  • Parecer Tcnico N 17501-301 i / v

    RESUMO

    O presente trabalho cumpre solicitao da Secretaria de Desenvolvimento por

    intermdio do Programa de Apoio Tecnolgico aos Municpios- Patem, com o objetivo

    de levantar, avaliar e sistematizar os parmetros tcnicos relevantes ao

    estabelecimento do ordenamento territorial geomineiro do municpio de Bofete.

    Fundamentalmente os temas que foram levantados para embasar tal estudo,

    basearam-se na geologia e seus recursos minerais, devidamente cartografados

    segundo escalas compatveis, assim como temas interferentes abordando a legislao

    mineral, uso e ocupao do solo, unidades institucionais de conservao, interferncias

    urbanas e outros locais de interesse.

    Balizado pelo objeto geomineiro deste trabalho, foi executado um cadastramento

    das atividades de minerao presentes no municpio assim como levantado o interesse

    dos mineradores manifestados pelo cadastramento e pela incidncia de processos

    minerais instalados nos territrios. Juntamente, foram ouvidos os rgos municipais

    envolvidos permitindo uma avaliao da atividade econmico-mineral e a indicao de

    regies municipais que devam ser resguardadas para garantir o suprimento dos

    empreendimentos instalados de uma maneira ambientalmente correta.

    Palavras-chave: Bofete, bens minerais, minerao, ordenamento territorial.

  • Parecer Tcnico N 17501-301 ii / v

    SUMRIO 1 Introduo...........................................................................................................1

    1.1 Objetivos.............................................................................................................1

    2 Mtodo de Trabalho............................................................................................1

    3 O municpio de Bofete ........................................................................................2

    3.1 Caracterizao do Meio Fsico............................................................................3

    3.2 Estado de Uso e Ocupao Territorial do Municpio...........................................5

    3.3 Aspectos Geolgicos ........................................................................................10

    3.4 Recursos Minerais e Unidades Potenciais........................................................19

    3.4.1 Areia para construo civil ................................................................................19

    3.4.2 Argila para cermica vermelha .........................................................................21

    3.4.3 Rocha para cantaria, brita e cascalho...............................................................22

    3.4.4 gua mineral.....................................................................................................23

    3.5 Atividade Mineral no Municpio .........................................................................25

    3.6 Processos de direitos minerrios ......................................................................31

    3.7 Zoneamento Institucional..................................................................................37

    4 Ordenamento Territorial Geomineiro ................................................................41

    5 Consideraes Finais .......................................................................................44

    ANEXOS ANEXO A - Base Topogrfica Empreendimentos ......................................................48

    ANEXO B - Mapa de Uso e Ocupao Territorial Zoneamento Institucional ..............50

    ANEXO C - Mapa Geolgico e de Potencial Mineral.....................................................52

    ANEXO D - Mapa de Processos Minerrios ..................................................................54

    ANEXO E - Mapa de Ordenamento Territorial Geomineiro ...........................................56

    ANEXO F - Cdigo Florestal Brasileiro..........................................................................58

    ANEXO G - Resoluo Conama n 369 ........................................................................68

    ANEXO H - Cadastro Mineiro ........................................................................................76

  • Parecer Tcnico N 17501-301 iii / v

    FIGURAS Figura 1 Situao do municpio de Bofete no Estado de So Paulo e as principais

    vias de acesso. ...............................................................................................3

    Figura 2 Reduo da base cartogrfica e empreendimentos mineiros do municpio,

    constante do Anexo A, na escala 1:50.000. ...................................................4

    Figura 3 Crescimento demogrfico no municpio de Bofete em nmero de

    habitantes (APM, 2009) .................................................................................6

    Figura 4 Distribuio das principais classes de ocupao territorial no municpio. ......8

    Figura 5 Simplificao do Mapa de Uso e Ocupao Territorial apresentado no

    Anexo B. .........................................................................................................9

    Figura 6 Litoestratigrafia simplificada da Bacia do Paran onde as unidades

    coloridas so as que esto aflorantes no municpio de Bofete.....................11

    Figura 7 A Bacia do Paran (em amarelo) na Amrica do Sul e a localizao do

    municpio de Bofete. .....................................................................................11

    Figura 8 Simplificao do Mapa Geolgico e de Potencial Mineral apresentado

    como Anexo C. .............................................................................................18

    Figura 9 Distribuio dos bens minerais solicitados entre os 93 processos de

    direitos minerrios.. ......................................................................................34

    Figura 10 Distribuio entre as diferentes fases dos processos de direitos

    minerrios. ..................................................................................................34

    Figura 11 Distribuio das fases processuais para o bem mineral areia....................35

    Figura 12 Distribuio das fases processuais para o bem mineral argila. ..................35

    Figura 13 Valores arrecadados do CFEM para o municpio de Bofete segundo

    DNPM at 2008 e estimado para 2009. .....................................................36

    Figura 14 Registros da arrecadao do CFEM ao longo de 2008 para o Brasil,

    Estado. de So Paulo e Bofete. .................................................................37

    Figura 15 Comparativo dos permetros urbanos em 1970 e 2008, mostrando o

    desenvolvimento urbano para o lado Oeste...............................................39

    Figura 16 Mapa simplificado do Ordenamento Territorial Geomineiro reproduzido

    do Anexo E.................................................................................................43

  • Parecer Tcnico N 17501-301 iv / v

    FOTOS Foto 1 Relevo suave caracterstico sobre sedimentos arenosos da Formao

    Pirambia que predominam no territrio. ..........................................................5

    Foto 2 Morros testemunhos e escarpas que resistiram aos processos erosionais

    devido silicificao dos sedimentos. Morro das Trs Pedras. ........................5

    Foto 3 Morros e escarpas sustentadas por rochas baslticas. Morro de Bofete. .........5

    Foto 4 Escarpas e canyons sustentados por arenitos silicificados ao lado da

    rodovia Castelo Branco no vale do Rio Bonito. .................................................5

    Foto 5 Cava em argilitos alterados da Formao Teresina. A base da cava est

    sobre argilitos pouco alterados (tagu). Pto 030OPC .....................................12

    Foto 6 Afloramento do Arenito Pirambia mostrando contato entre sedimentos

    depositados em ambiente de lagoas temporrias acima e sedimentos

    elicos abaixo. Pto 031AFA. ...........................................................................13

    Foto 7 Detalhe dos sedimentos da parte de baixo mostrando estratificaes

    cruzadas de origem elica. Pto 031AFA. ........................................................13

    Foto 8 Grande cava para explorao de arenitos Pirambia do Porto de Areia

    Bofete. No centro da foto uma escavadeira serve de escala. Pto 024PAB.....14

    Foto 9 Frente de lavra em basalto semi alterado para utilizao como cascalho,

    prximo ao Morro do Bofete. Pto 036CMB......................................................16

    Foto 10 Afloramento de basalto semi alterado no Stio Lagoa Santo Incio, no

    extremo sul do municpio. Pto 010CC. .........................................................16

    Foto 11 Explorao de areia no leito ativo do Rio do Peixe apesar de o processo

    DNPM ainda estar na fase de Requerimento de Lavra, nesta data, ou seja

    no deveria estar em atividade. Pto 026PAA ...............................................17

    Foto 12 Explorao de areia com desmonte hidrulico nos sedimentos da

    Formao Pirambia na parte centro-leste do municpio. Pto 024PAB. .......21

    Foto 13 Afloramento de basalto alterado com utilizao em pavimentos de

    estradas vicinais. ..........................................................................................23

    Foto 14 Primeiro poo prospectivo de petrleo feito no Brasil em 1904 e adaptado

    para explorao turstica. Pto 018PAY. ........................................................24

    Foto 15 Construo de um salo de convenes prximo ao poo. ..........................24

    Foto 16 Aspecto da cava de explorao de areia do Porto de Areia Extrabase,

    onde a draga ao centro d uma noo de escala.........................................36

  • Parecer Tcnico N 17501-301 v / v

    Foto 17 Vista parcial do Morro das Trs Pedras. .......................................................40

    Foto 18 Vista parcial da seqncia de elevaes conhecida como Gigante

    Adormecido. .................................................................................................40

    Foto 19 Uma das vistas dos vrios canyon existentes na parte Sul do municpio. ..41

    QUADRO Quadro 1 Unidades Geolgicas e Potencialidade Mineral no Municpio de Bofete ....25

    TABELA Tabela 1 - Sntese das informaes obtidas sobre os empreendimentos minerrios

    de Bofete. ...................................................................................................27

  • Parecer Tcnico N 17501-301 1 / 91

    1 INTRODUO O presente trabalho cumpre solicitao da Secretaria de Desenvolvimento por

    intermdio do Programa de Apoio Tecnolgico aos Municpios - Patem visando o

    ordenamento territorial geomineiro do municpio de Bofete.

    Os parmetros tcnico-geolgicos e legais levantados e adequadamente

    interpretados e cartografados no presente trabalho permitem subsidiar o planejamento

    da ocupao territorial do municpio em consonncia com o aproveitamento dos

    recursos minerais de maneira sustentvel.

    1.1 Objetivos

    Este trabalho tem como objetivo a compartimentao do territrio visando um

    ordenamento territorial onde a atividade de minerao deve ser assegurada e

    compatibilizada com outras formas de uso e ocupao do solo. Parte-se do princpio

    que as mineralizaes esto situadas independentemente do uso que se queira fazer

    do solo, e que, embora importantes para o desenvolvimento da sociedade, as

    exploraes devem se harmonizar com as demais prioridades de uso e se adequar

    conservao ambiental, sujeitando-se s legislaes afins e aos interesses do

    municpio, sempre tendo como perspectiva o desenvolvimento socioeconmico.

    2 MTODO DE TRABALHO As atividades foram desenvolvidas segundo metodologia que tem sido aplicada

    com sucesso pelo IPT em diversos projetos e estudos feitos anteriormente e adaptada

    a cada oportunidade ocorrente conforme suas peculiaridades regionais. Tal

    metodologia envolveu a execuo dos seguintes estgios de trabalho:

    1. Diagnstico Tcnico do Setor Produtivo: cadastro de todas as indstrias de minerao presentes e suas participaes na economia local destacando-

    se o tipo de bem mineral utilizado, o nvel tecnolgico de produo e

    utilizao, mercados e contribuio ao setor econmico municipal.

    2. Avaliao da Disponibilidade e Caractersticas das Matrias-Primas: aplicada segundo as potencialidades geolgicas dos terrenos envolvidos

    onde a observao da gnese, metamorfismos e processos intempricos

  • Parecer Tcnico N 17501-301 2 / 91acontecidos no tempo geolgico permitem diagnosticar a susceptibilidade

    dos terrenos presena de determinados bens minerais e suas principais

    caractersticas para aplicao econmica.

    3. Tratamento de Dados: integrao e interpretao de todos os temas desenvolvidos e devidamente cartografados, com foco na compartimentao

    do territrio municipal e a indicao de diretrizes para otimizao da

    explorao dos seus recursos naturais, uso e ocupao territorial.

    4. Resultados Obtidos e Elaborao de Relatrio Final: apresentao dos resultados de forma documentada em escrita, fotogrfica e cartogrfica.

    3 O MUNICPIO DE BOFETE O municpio, situado na parte Centro-Sul do Estado de So Paulo, dista por

    acesso rodovirio 194 km de So Paulo, estando a 11 km da Rodovia Castelo Branco e

    19 km da rodovia Marechal Rondon (Figura 1).

    Seu territrio abrange 653 km2, sendo 1,5 km2 de rea urbana. Faz divisa com

    os municpios de Botucatu, Pardinho, Porangaba, Torre de Pedra, Anhembi, Conchas,

    Guare, Angatuba e Itatinga e sua populao aproxima-se a 8.570 habitantes segundo

    senso APM 2009.

    Apresenta uma economia diversificada nos setores de pecuria, comrcio,

    imobilirio (loteamentos), cultivo de eucalipto e ctricos, granjas, minerao e

    agricultura familiar.

    A minerao tem suas atividades voltadas substancialmente para extrao de

    areia e, de forma incipiente, para extrao de cascalho e argila.

  • Parecer Tcnico N 17501-301 3 / 91

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    B O F E T EB O F E T EB O F E T EB O F E T EB O F E T EB O F E T EB O F E T EB O F E T EB O F E T E

    Figura 1 - Situao do municpio de Bofete no Estado de So Paulo e as principais vias de acesso.

    3.1 Caracterizao do meio fsico

    O territrio municipal apresenta-se com uma forma alongada no sentido NE - SW

    com 43 km lineares de extenso por 23 km de largura no sentido NW-SE (Figura 2 e

    Anexo A). A sede municipal situa-se a uma altitude de 520 metros com cotas extremas

    no territrio atingindo 979 m no Morro da Bela Vista, a oeste do municpio, nas

    coordenadas UTM N 7.440.000, UTM L 774.000 e por volta de 480m na parte mais

    baixa, na calha do Rio do Peixe a leste do municpio.

    A topografia no territrio tende a ser suave devido constituio sedimentar

    horizontalizada predominante dos arenitos (Foto 01) sendo quebrada, no entanto por

    diferenas na dureza destas que ora esto silicificadas (Foto 02) ou recobertas por

    rochas baslticas (Foto 03), determinando as quebras de relevo e formao de

    escarpas e canyon (Foto 04) nos processos erosionais durante a evoluo geolgica.

    A presena dominante dos arenitos no municpio a razo pelo crescente

    interesse na explorao destes para a construo civil.

  • Parecer Tcnico N 17501-301 4 / 91

    Conc

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    774

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    7 448

    770

    7 436

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    7 424

    762

    Pontos Coord_X Coord_Y Descrio_Local Empresa

    014 RM 770.717 7.432.555 Porto de Areia Realmix Real Mix015 CS 771.397 7.433.480 Porto de Areia Concresand Concresand016 AN 771.903 7.434.324 Porto de Areia Areia Nova Areia Nova018 PAY 783.100 7.432.150 Porto de Areia Yunes (Torre de Pedra) Yunes020 CDM 779.307 7.438.345 Cascalheira Duas Montanhas Pedro R N Bofete023 PA 785.532 7.440.070 Porto de Areia Areicom - Paralisado Areiacom Desat024 PAB 783.620 7.440.707 Extrao e Comrcio de Areia Bofete Ltda Areia Bofete025 PAT 784.090 7.441.277 Porto de Areia Tec Maq Tec Maq026 PAA 780.402 7.443.225 Porto de Areia Andrade (em leito do Rio do Peixe) Alcindo029 OP 789.724 7.446.025 Olaria Peres Olaria Peres036 CMB 782.331 7.435.556 Cascalheira no Morro do Bofete Cascalheira040 PEB 790.518 7.453.662 Porto de Areia Extrabase Extrabase044 PAD 779.541 7.441.778 Porto de Areia Desativado Desativado046 PAD 788.392 7.454.979 Porto de Areia Desativado Desativado09 QZ 773.104 7.430.768 Porto de Areia Quartzolit Quartzolit

    0 2 4 Km

    NN

    Figura 2 Reduo da base cartogrfica e empreendimentos mineiros do municpio, constante do Anexo A, na escala 1:50.000.

  • Parecer Tcnico N 17501-301 5 / 91

    Foto 1 - Relevo suave caracterstico sobre sedimentos arenosos da Formao Pirambia que predominam no territrio.

    Foto 2 - Morros testemunhos e escarpas que resistiram aos processos erosionais devido silicificao dos sedimentos. Morro das Trs Pedras.

    Foto 3 Morros e escarpas sustentadas por rochas baslticas. Morro de Bofete.

    Foto 4 Escarpas e canyons sustentados por arenitos silicificados ao lado da rodovia Castelo Branco no vale do Rio Bonito.

    3.2 Estado de uso e ocupao territorial do municipio

    O estado de uso e ocupao do territrio municipal foi levantado a partir de

    imagem de satlite e observaes de campo que permitiram verificar a situao e a

    evoluo da ocupao em unidades de rea georeferenciadas, possibilitando assim

    elaborar planejamentos corretivos ou de continuidade conforme as necessidades

    ambientais, legais e sociais.

    Observando-se o Mapa de Uso e Ocupao Territorial do Anexo B percebe-se

    que as reas com cobertura de matas esto bastante fragmentadas, restringindo-se

    aos vales das drenagens ou em escarpas cujos relevos de maior declividade no

    permitiram a ocupao agropastoril. Esses fragmentos de mata recobrem uma rea de

    pouco mais de 20.000 ha no territrio municipal que totaliza mais de 66.000 ha.

  • Parecer Tcnico N 17501-301 6 / 91Outro aspecto que sobressai a rea utilizada para reflorestamento e

    citricultura, totalizando 11.208 ha ou 17% do territrio, ocupando os terrenos arenosos

    de topografia suave.

    Ao se comparar a rea urbana em 1970 e a atual, percebe-se um crescimento

    de mais de cinco vezes em superfcie, como ilustra os contornos das reas urbanas

    (1970 e 2008) delimitados na base cartogrfica do Anexo A, sendo que o crescimento

    populacional passou de 5.300 quela poca para 8.600 habitantes atualmente. O

    desenvolvimento urbano da sede municipal deu-se mais para oeste, limitando-se ao

    divisor de guas entre o Crrego do Tanque e o Rio do Peixe.

    A Figura 03 ilustra esse crescimento populacional com base nos dados da

    Associao Paulista dos Municpios, consultados em dezembro de 2009.

    Figura 3 Crescimento demogrfico no municpio de Bofete em nmero de

    habitantes (APM, 2009). Outro aspecto importante a ser observado no municpio a ocupao pelas

    atividades de minerao que apesar de tomar uma rea relativamente pequena (295

    ha), acaba por sobressair s demais ocupaes devido s aes de recuperao

    ambiental que no aconteceram concomitantemente ao desenvolvimento da lavra,

    gerando grandes cavas sem cobertura vegetal e expostas s aes erosivas e

    assoreantes empobrecedoras do solo. A Figura 04 ilustra essas ocupaes.

  • Parecer Tcnico N 17501-301 7 / 91A interpretao da ocupao territorial, apresentada no Anexo B, foi efetuada a

    partir do mosaico elaborado com imagens do satlite CBERS 2B (sensores HRC e

    CCD) datadas de 30 de julho de 2008, onde foi gerada a classificao das feies em

    12 classes conforme representadas no Mapa de Uso e Ocupao do solo do municpio

    de Bofete (Anexo B) e assim caracterizadas:

    o gua (9 ha inferior a 0,1% da rea municipal): Represas naturais e artificiais que

    no so utilizadas para o abastecimento pblico. Chave de interpretao: textura

    lisa, tonalidades prximas ao preto.

    o Matas (20.132 ha - 30,43% da rea municipal): Vegetao natural de porte arbreo e cobertura vegetal associada s redes de drenagem. Compreendem matas, matas

    de galeria e campos midos. Chave de interpretao: textura rugosa e reas

    escuras (midas) seguindo cursos dgua.

    o Reflorestamento/ citricultura (11.208 ha 16,94% da rea municipal): Classe que compreende formaes florestais artificiais voltadas para a produo de

    papel/celulose e laranjas. Chave de interpretao: textura homognea, tons mdios

    de verde. Presena de talhes e aceiros.

    o Pasto sujo/capoeira (518 ha 0,78% da rea municipal): Representados por reas aparentemente desprovidas de cuidados e com cobertura de solos residuais,

    vegetaes baixas e rasteiras podendo apresentar arbustos espaados. Formadas

    por reas de pastagens abandonadas ou j cultivadas. Chave de interpretao:

    textura levemente rugosa, tons mdios e escuros de verde.

    o Pasto (28.089 ha 42,46% da rea municipal): Pastagens artificiais, alm de vegetao espontnea que sobrevm aos desmatamentos. Chave de

    interpretao: textura lisa, tons claros a mdios de verde.

    o Loteamento rural (5.202 ha 7,86% da rea municipal): Loteamentos e bairros rurais em vrios estgios de ocupao. Chave de interpretao: Caracterizado pela

    presena de um sistema virio e proximidade de construes, em densidade

    insuficiente para ser classificado como rea urbana, tonalidades variadas em

    funo das construes e lotes vagos.

    o Reservatrio (4 ha inferior a 0,1% da rea municipal): Corpo dgua utilizado para abastecimento pblico. Chave de interpretao: textura lisa e tonalidade

    prxima ao preto.

  • Parecer Tcnico N 17501-301 8 / 91o ETE (2 ha inferior a 0,1% da rea municipal): Estao de tratamento de esgotos

    (mais precisamente os tanques que a compe). Chave de interpretao: textura

    lisa, cor preta forma retangular envolta por linhas brancas.

    o Solo exposto (385 ha 0,58% da rea municipal): reas sem nenhum tipo de cobertura, podendo estar relacionada a reas degradadas ou em transio no uso

    do solo. Chave de interpretao: textura lisa e tons de rsea a branco.

    o rea rural construda (206 ha 0,31% da rea municipal): Construes (isoladas ou agrupadas) distribudas pela zona rural do municpio que pelo porte e densidade

    indicam a presena de alguma atividade produtiva. Chave de interpretao: textura

    lisa, cor branca (reflexo da cobertura metlica dos telhados) forma geomtrica,

    normalmente retangular.

    o rea urbana (153 ha 0,23% da rea municipal): Sede do municpio e localidades com adensamento de casas. Chave de interpretao: textura lisa, tons de rosa e

    branco presena de arruamento.

    o Minerao (295 ha 0,44% da rea municipal): Atividades ligadas extrao de areia. Chave de interpretao: Textura lisa, tons de rosa e branco.

    Para uma melhor visualizao das proporcionalidades entre as classes de

    ocupao territorial, na Figura 04 foram agrupadas as classes:

    gua (9 ha) + reservatrio (4 ha)+ETE(2 ha)+rea urbana = Demais (168 ha); Pasto (28089 ha) + pasto sujo (518 ha)= Pasto (28607 ha); Loteamento rural (5202 ha) + rea rural construda (206 ha) = Adensamento

    rural (5408 ha)

    elementos hectares

    Mata 20.132 Reflorestamento 11.208 Pasto 28.607 Adensamento rural 5.408 Solo exposto 385 Minerao 295 Demais 168

    Figura 4 Distribuio das principais classes de ocupao territorial no municpio.

  • Parecer Tcnico N 17501-301 9 / 91A Figura 05 apresenta uma simplificao do Mapa de Uso e Ocupao Territorial

    do municpio de Bofete apresentado no Anexo B.

    Conc

    has

    Pora

    ngab

    a

    Anhembi

    Torre

    de P

    edra

    Guare

    Botuc

    atu

    Pardi

    nho

    Angatuba

    Itatin

    ga

    7 444

    792

    792

    2315'

    4815'

    7 432

    786

    7 456

    4815'780

    7 458

    774

    7 422

    2300'

    7 448

    770

    7 436

    768

    7 424

    762 0 2 4 Km

    NN

    gua

    Matas/vegetao relacionada rede hidrica

    Reflorestamento/citricultura

    Pasto sujo/capoeira

    Pasto

    Loteamento rural

    Reservatrio

    ETE

    Solo exposto

    rea rural construda

    rea urbana

    Minerao Figura 5 Simplificao do Mapa de Uso e Ocupao Territorial apresentado no Anexo B.

  • Parecer Tcnico N 17501-301 10 / 91

    3.3 Aspectos geolgicos

    Os litotipos aflorantes no territrio municipal de Bofete representam uma

    pequena parte em termos de rochas e tempo geolgico de um grande pacote

    sedimentar-magmtico, cuja histria de formao est testemunhada na extensa Bacia

    Sedimentar do Paran, e nos sedimentos mais recentes que se depositam em vales e

    plancies das drenagens atuais.

    A Bacia do Paran uma ampla bacia sedimentar situada na poro centro-

    leste da Amrica do Sul, principalmente no Brasil. Sua ocorrncia abrange o nordeste

    da Argentina, o centro-sul do Brasil, desde o estado do Mato Grosso at o estado do

    Rio Grande do Sul, a poro leste do Paraguai e o norte do Uruguai. uma depresso

    alongada no sentido norte-sul sendo sua rea de cerca de 1,5 milhes de km (Milani et

    al. 2007).

    Esta bacia desenvolveu-se durante parte das eras Paleozica e Mesozica e

    seu registro sedimentar compreende rochas depositadas do Ordoviciano ao Cretceo,

    abrangendo um intervalo de tempo entre 460 e 65 milhes de anos. Sua espessura

    mxima de mais de 7000m na sua poro central e constituda por rochas

    sedimentares e gneas. A Figura 06 expe a litoestratigrafia simplificada da Bacia do

    Paran e a Figura 07 mostra o seu posicionamento na Amrica do Sul e o ponto

    correspondente ao municpio de Bofete.

    No municpio de Bofete afloram cinco formaes da coluna estratigrfica da

    Bacia do Paran, como est ressaltado na colorao da Figura 06, alm dos

    sedimentos quaternrios retrabalhados que se depositam nos vales e plancies das

    drenagens principais, como o Rio do Peixe, ribeires e demais crregos das bacias de

    drenagem.

    A formao mais antiga a Formao Teresina nas partes mais baixas a

    nordeste, culminando com a Formao Marlia nas partes mais altas a oeste, sendo

    que toda a superfcie do municpio, independente da litologia aflorante, sofreu e sofre a

    deposio de sedimentos retrabalhados (Quaternrio) ocupando os vales e plancies

    da drenagem atual.

  • Parecer Tcnico N 17501-301 11 / 91

    Litoestratigrafia simplificada da Bacia do Paran Perodo

    Rio Grande do Sul Santa Catarina Paran So Paulo

    Quaternrio Aluvies, coluvies Tercirio

    Barreiras,Terraos, Aluvies

    Barreiras,Terraos, Aluvies

    Terraos

    Cretceo Grupo Bauru Fm. Marlia

    Fm. Serra Geral Jurssico Cretceo Fm. Botucatu

    Trissico Fm. Pirambia

    Fm. Rio do Rasto Formao Corumbata Fm.

    Teresina Formao Teresina

    Fm. Serra Alta

    Formao Estrada.

    Nova Formao Serra Alta

    Grupo

    Passa

    Dois

    Formao Irati Formao Palermo Grupo

    Guat Formao Rio Bonito

    Permiano

    Formao Rio do Sul

    Formao Mafra Carbonfero Superior

    Grupo Itatar

    Formao Campo do Tenente

    Formao

    Aquidauana

    Formao Ponta Grossa Devoniano Grupo Paran Formao Furnas

    Embasamento

    Cristalino

    Figura 6 Litoestratigrafia simplificada da Bacia do Paran onde as unidades coloridas so as que esto aflorantes no municpio de Bofete.

    Argentina

    Chile

    Bolvia

    Paraguai

    B R A S I L

    Uruguai

    Bofete

    So Pau lo

    Figura 7 A Bacia do Paran (em amarelo) na Amrica do Sul e a localizao do municpio de Bofete.

  • Parecer Tcnico N 17501-301 12 / 91Formao Teresina: Localizada em uma estreita faixa a nordeste do municpio

    (CPRM, 2005) constituda por argilitos, folhelhos e siltitos cinza-escuros a

    esverdeados, ritmicamente intercalados com arenitos muito finos, cinza-claros. Quando

    alterada por intemperismo mostra cores diversificadas em tons creme, violceos,

    bords e avermelhados. Comumente apresenta lentes e concrees carbonticas, com

    formas elpticas e dimenses que podem atingir 2 m de comprimento por 80 cm de

    largura.

    As caractersticas litolgicas e estruturas sedimentares exibidas por esta

    formao indicam uma deposio em ambiente marinho de guas rasas e agitadas,

    dominado por ondas e pela ao de mars.

    uma unidade potencial para argilitos, conhecidos tambm como tagus na

    linguagem dos oleiros, com aplicao na indstria cermica vermelha, como acontece

    no Bairro So Roque Novo, onde a Olaria Peres fabrica canaletas cermicas utilizando-

    se do horizonte superficial mais alterado dessas rochas. A Foto 05 mostra o local onde

    foi explorado o horizonte de alterao desses tagus no Bairro So Roque Novo.

    Existem reservas expressivas desses tagus menos alterados que exige

    procedimentos de moagem para a sua utilizao como matria-prima.

    Foto 5 Cava em argilitos alterados da Formao Teresina. A base da cava est sobre argilitos pouco alterados (tagu). Pto 030OPC.

  • Parecer Tcnico N 17501-301 13 / 91Formao Pirambia: Esta formao compe 88% da superfcie do municpio e

    constitui o principal reservatrio de guas subterrneas do Aqfero Guarani no Estado

    de So Paulo. representado por arenitos esbranquiados, amarelados, avermelhados

    e rseos, mdios a muito finos, ocasionalmente grossos, regularmente classificados,

    sltico-argilosos, quartzosos, com gros subarredondados, e intercalaes de siltitos e

    argilitos, podendo atingir mais de 200 m de espessura.

    A poro basal da unidade constituda por arenitos mdios e finos, em geral

    bem selecionados, com gros subarredondados, que constituem camadas de

    espessura mtrica, com superfcies de truncamento que delimitam corpos de geometria

    cuneiforme, com estratificao cruzada do tipo tangencial na base de mdio a grande

    porte.

    Estes arenitos tm sua origem atribuda ambiente predominantemente elico,

    com os sedimentos pelticos associados representando a acumulao de lamas, em

    lagoas temporrias, nas regies baixas entre as dunas. As fotos 6 e 7 mostram

    aspectos dessa formao.

    Foto 6 Afloramento do Arenito Pirambia mostrando contato entre sedimentos depositados em ambiente de lagoas temporrias acima e sedimentos elicos abaixo. Pto 031AFA.

    Foto 7 Detalhe dos sedimentos da parte de baixo mostrando estratificaes cruzadas de origem elica. Pto 031AFA.

    A formao interpretada como de idade trissica, tendo por base relaes de

    contato com uma superfcie peneplanizada pr-Pirambia.

    Nesta unidade esto localizadas as mais importantes reservas de areia

    atualmente exploradas, onde sofrem um processo simples de ciclonagem para a

    eliminao das fraes finas e a areia resultante, devido ao subarredondamento de

  • Parecer Tcnico N 17501-301 14 / 91seus gros, acarretam boa trabalhabilidade s argamassas. A Foto 8 ilustra uma

    grande cava para explorao dos arenitos Pirambia.

    Foto 8 Grande cava para explorao de arenitos Pirambia do Porto de Areia Bofete. No centro da foto uma escavadeira serve de escala. Pto 024PAB.

    Formao Botucatu: Est situada em uma estreita faixa na parte oeste-noroeste do municpio. constituda por um pacote homogneo de arenitos

    avermelhados, com areia mdia a grossa e muito fina, predominando granulometria

    fina a mdia, com gros arredondados a bem arredondados na frao grossa e

    subangulares a arredondados na frao fina, alta esfericidade e foscos, muito friveis

    ou silicificados, destitudos de matriz.

    Os materiais da Formao Botucatu so derivados de reas de relevo pouco

    acentuado, advindos de rochas cristalinas e sedimentares preexistentes, depositados

    em bacia estvel, com transporte relativamente prolongado e fortemente retrabalhados

    por abraso seletiva em clima semi-rido e rido de ambiente desrtico, eventual e

    temporariamente cortado por rios.

    atribuda idade juro-cretcea a esta unidade, com base no contedo

    fossilfero, admitindo-se uma contemporaneidade entre o topo da Formao Botucatu e

    o vulcanismo bsico evidenciado por uma passagem transicional entre as duas

    unidades.

  • Parecer Tcnico N 17501-301 15 / 91Por sua alta porosidade, permeabilidade, homogeneidade, continuidade e

    dimenses, as formaes Pirambia e Botucatu constituem um dos maiores aqferos

    do mundo, o Aqfero Guarani.

    Esta unidade tambm importante para fornecimento de areia, no entanto esta

    perde em importncia para a Formao Pirambia devido relativa rea de exposio

    ser restrita s bases das escarpas no municpio.

    Formao Serra Geral: Localiza-se em uma estreita faixa na parte oeste-noroeste do municpio, na elevao do morro do Bofete e uma pequena mancha no sul

    do territrio. Esta formao, devido resistncia a eroso de suas rochas, sustenta a

    maioria das elevaes e escarpas no territrio.

    A Formao Serra Geral composta, no municpio, essencialmente por

    basaltos, podendo aparecer tambm variedades como riodacitos e rilitos noutros

    municpios. Associados s rochas efusivas so observados diques e soleiras intrudidos

    nos sedimentos da bacia. As soleiras mais espessas so encontradas em sedimentos

    do Grupo Itarar e Formao Irati, apesar de tambm ser encontrada em sedimentos

    da Formao Botucatu e reconhecido na prpria Formao Serra Geral.

    O magmatismo mesozico da Bacia do Paran apresenta caractersticas

    regionais relacionadas a anomalias qumicas, indicando uma pluralidade de fontes e

    mecanismos na formao do magma. O derrame vulcnico continental composto em

    mais de 90% do volume por basaltos toleticos e andesito basltico, geralmente

    exibindo vesculas e amgdalas no topo do derrame. A durao total do magmatismo

    Paran estendeu-se por volta de 10 milhes de anos.

    Esta unidade importante para a explorao de rochas para cantaria e brita, no

    entanto como a maioria dos afloramentos observados j se encontra num estado de

    alterao adiantado, desagregando a rocha em fragmentos irregulares em meio a

    detritos terrgenos e argilosos provenientes da prpria alterao, estes so usados

    como cascalho para reparo de estradas vicinais. A presena de fragmentos em meio s

    fraes mais finas e argilosas permite uma melhor compactao e resistncia ao

    trfego. As fotos 9 e 10 mostram dois afloramentos que so utilizados para a

    explorao do basalto medianamente alterado (cascalho).

  • Parecer Tcnico N 17501-301 16 / 91

    Foto 9 Frente de lavra em basalto semi alterado para utilizao como cascalho, prximo ao Morro do Bofete. Pto 036CMB.

    Foto 10 Afloramento de basalto semi alterado no Stio Lagoa Santo Incio, no extremo sul do municpio. Pto 010CC.

    Formao Marlia: Esta formao se sobrepe as formaes Serra Geral e

    Botucatu, estando localizada na parte oeste-noroeste do municpio.

    composta por arenitos grosseiros a conglomerticos, com gros angulosos,

    teor de matriz varivel, seleo pobre, ricos em feldspatos, minerais pesados e

    minerais instveis, macios ou com acamamento incipiente, subparalelo e descontnuo,

    raramente apresentando estratificao cruzada de mdio porte, com seixos

    concentrados nos estratos cruzados, raras camadas descontnuas de lamitos

    vermelhos e calcrios so descritas nessa unidade. So caractersticos da unidade

    ndulos carbonticos, que aparecem dispersos nos sedimentos, ou concentrados em

    nveis ou zonas. Cimento carbontico muito freqente.

    A sedimentao da Formao Marlia desenvolveu-se em embaciamento restrito,

    em regimes torrenciais caractersticos de leques aluviais e com a deposio de

    pavimentos detrticos, durante a instalao progressiva de clima semi-rido, o qual

    propiciou a cimentao dos detritos por carbonatos tipo caliche. A idade da Formao

    Marlia interpretada com base nas suas relaes de contato com as diversas

    litofcies da Formao Adamantina, sugerindo deposio no final do Mesozico.

    Esta formao no chega a ter destaque econmico no territrio municipal

    devido aos pontos restritos em que ocorrem nos altos das escarpas.

    Sedimentos quaternrios: Finalmente, ocorrem estes sedimentos como o ltimo evento geolgico recobrindo trechos dos vales e plancies da drenagem atual. A

    depender da energia que predomina no ambiente de deposio, pode haver

    acumulaes de argila, areia ou cascalho, no entanto, devido aos materiais fontes que

  • Parecer Tcnico N 17501-301 17 / 91ocorrem serem predominantemente arenosos, esses depsitos so em sua maioria

    arenosos.

    uma unidade potencial para a explorao de areia, mas suas localizaes so

    em sua maioria em APPs que so reas bastante restritivas para a minerao. Alguns

    mineradores tm preferido a explorao dos sedimentos ativos nas calhas dos rios,

    facilitando a dragagem e lavagem do material, mas esta atividade tem srias

    implicaes ambientais como a turbidez da gua com implicao na fauna, alterao

    das margens, etc.. A Foto 11 mostra uma dessas exploraes no leito ativo do Rio do

    Peixe.

    Foto 11 Explorao de areia no leito ativo do Rio do Peixe apesar de o processo DNPM ainda estar na fase de Requerimento de Lavra, nesta data, ou seja, no deveria estar em atividade. Pto 026PAA

    O Mapa Geolgico do Anexo C, representado tambm pela Figura 08, apresenta

    a disposio das unidades geolgicas no municpio (modificado de CPRM 2005).

  • Parecer Tcnico N 17501-301 18 / 91

    Conc

    has

    Pora

    ngab

    a

    Anhembi

    Torre

    de P

    edra

    Guare

    Botuc

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    Pardi

    nho

    Angatuba

    Itatin

    ga

    7 444

    792

    792

    2315'

    4815'

    7 432

    786

    7 456

    4815'780

    7 458

    774

    7 422

    2300'

    7 448

    770

    7 436

    768

    7 424

    762 0 2 4 Km

    NN

    Quaternrio (AREIA, cascalho, argila)

    Formao Marlia (reas muito restritas no municpio)

    Formao Serra Geral (CASCALHO, cantaria, brita)

    Formao Botucatu (AREIA)

    Formao Pirambia (AREIA)

    Formao Teresina (ARGILA para cermica)

    Figura 8 Simplificao do Mapa Geolgico e de Potencial Mineral apresentado como Anexo C.

  • Parecer Tcnico N 17501-301 19 / 91

    3.4 Recursos minerais e unidades potenciais

    Os bens minerais hoje disponveis so decorrentes da evoluo geolgica que a

    crosta terrestre sofreu ao longo do tempo. Assim que entendida essa evoluo e

    conhecido os seus ambientes de formao torna-se possvel prever a potencialidade de

    uma regio para os bens minerais (IPT, 2008). Esse conhecimento decorrente da

    contribuio de muitos profissionais ao longo da aplicao da cincia geolgica

    permitiu, agora dentro do limite municipal, a delimitao das diversas unidades e a

    interpretao de suas potencialidades segundo seu ambiente, origens, tempo de

    formao, temperaturas e foras atuantes.

    Na regio abrangida por este trabalho so apontados os bens minerais abaixo

    relacionados e constantes no Mapa Geolgico e de Potencial Mineral do Anexo C.

    3.4.1 Areia para construo civil

    As areias utilizadas como agregado mido para construo civil podem ser

    silicosas ou calcrias. As primeiras, mais comumente utilizadas, provm em sua grande

    maioria de sedimentos j trabalhados pelos processos intempricos e de transporte,

    sendo uma pequena parte proveniente da britagem de rochas silicosas. As areias

    calcrias, por sua vez, so provenientes da cominuio de rochas calcrias, que pouco

    so utilizadas como agregado por terem outros usos mais nobres. Deste modo, as

    areias silicosas onde predomina o quartzo so as mais profusamente empregadas e

    encontradas na natureza.

    As areias quartzosas tm sua origem primria na desagregao de rochas

    poliminerlicas que sob ao do intemperismo nos minerais menos resistentes acabam

    por liberar o quartzo, mais resistente, em gros cuja granulometria original pode ser

    alterada pela abraso ou selecionada pelas aes de transporte a que so submetidas.

    A gua, o vento e a gravidade so agentes de transporte que podem fazer uma

    separao granulomtrica e formar depsitos mais ou menos interessantes

    economicamente. Os depsitos sedimentares formados pela deposio de areia podem

    por sua vez, sofrer processos de diagnese e metamorfismo no tempo geolgico, como

    as Formaes Pirambia e Botucatu, originando outros tipos de rocha, mas cuja

    composio enriquecida em quartzo, pode torn-las outras fontes de areia. Assim, a

    segregao e seleo de areia nesses sedimentos e rochas decorrentes podem ser

  • Parecer Tcnico N 17501-301 20 / 91seguidas de processos repetitivos de retrabalhamento ou mesmo de metamorfismos,

    originando novos depsitos que podem trazer, em alguns casos, uma maior seleo

    granulomtrica ou arredondamento de gros. Segundo a Norma ABNT 7211, os

    agregados midos so classificados entre 0,075 mm e 4,8 mm.

    J o arredondamento dos gros facilita a fluidez da argamassa e se esta

    caracterstica for associada com uma distribuio granulomtrica adequada acarreta

    um menor consumo de cimento, baixa porosidade e melhores caractersticas

    mecnicas do concreto.

    O conhecimento geolgico de uma regio permite prever o tipo de areia a ser

    encontrada, se mais ou menos arredondadas ou dentro de determinadas faixas

    granulomtricas, definindo sua utilizao final, se como agregado para concreto,

    argamassa de assentamento ou de acabamento.

    Para essas utilizaes deve ser evitada a presena de minerais deletrios que

    possam prejudicar a argamassa em reaes com cimento ou desagregao, como por

    exemplo, sais, sulfetos, xidos, micas, argilas, entre vrios outros. Neste aspecto as

    areias do Pirambia assumem uma grande vantagem pois esses minerais deletrios j

    foram argilizados e segregados no grande ciclo de transporte que esses sedimentos

    sofreram.

    Desse modo apresentam-se, em ordem de importncia, como unidades

    potenciais para abrigar jazimentos econmicos de areia, os arenitos da Formao

    Pirambia, os arenitos da Formao Botucatu e as coberturas sedimentares

    quaternrias. No entanto, as ocorrncias dos arenitos Pirambia so to vastas no

    territrio que as outras fontes passam a no ter tanta importncia, inclusive devida a

    implicaes ambientais.

    A Foto 12 ilustra uma explorao de areia por desmonte hidrulico na Formao

    Pirambia.

  • Parecer Tcnico N 17501-301 21 / 91

    Foto 12 Explorao de areia com desmonte hidrulico nos sedimentos da Formao Pirambia na parte centro-leste do municpio. Pto 024PAB.

    3.4.2 Argila para cermica vermelha

    As argilas para aplicao na indstria de cermica vermelha podem ter vrias

    origens geolgicas, interessando ao final, na mistura para processamento, um balano

    de massas que permita valores relativos de plasticidade, resistncia antes da queima,

    fusibilidade, resistncia ps queima, cor de queima, baixos valores de absoro de

    gua e retrao linear. Essas caractersticas tero maior ou menor importncia

    dependendo do produto a ser obtido ou da tecnologia a ser empregada na indstria.

    A depender das condies geolgicas de formao dessas substncias podem

    ser esperados diferentes comportamentos das matrias-prima: as argilas de origem

    aluvionar costumam apresentar maior plasticidade enquanto que aquelas provenientes

    de formaes pelticas (formacionais) apresentam melhor fusibilidade, quando no

    lixiviadas; as argilas vermelhas, com presena significativa de xidos de ferro,

    determinam a cor final de queima mais escura e avermelhada enquanto que a possvel

    vantagem na eliminao desses xidos por processos intempricos e lixiviao acarretam

    o enriquecimento em alumina, aumentando o ponto de fusibilidade, ou seja, maior

  • Parecer Tcnico N 17501-301 22 / 91refratariedade; outro aspecto a resistncia para desagregao do material que pode

    aumentar bastante em se tratando de argilas formacionais, como os tagus, obrigando-

    se a moagens e beneficiamentos que encarecem o processo produtivo. Por outro lado,

    a lavra dessas argilas formacionais pode ser facilitada, no aspecto ambiental, por se

    localizar fora de reas de vrzea onde so impostas maiores restries.

    No municpio apontada como rea potencial para este bem mineral a parte

    nordeste onde afloram os sedimentos da Formao Teresina e cuja explorao ainda

    bastante incipiente, como j foi citado no item 3.3.

    3.4.3 Rocha para cantaria, brita e cascalho

    As rochas baslticas da Formao Serra Geral, dependendo do estado fsico em

    que se encontram, tm importantes aplicaes como agregado em argamassas ou nos

    produtos de cantaria como guias de sarjetas, paraleleppedos e outras fraes para

    pavimentos.

    Os basaltos ou os demais bens minerais para brita, utilizados como agregados

    grados na construo civil, seguem os mesmos conceitos aplicados para areia

    (agregados midos) no que diz respeito a rochas silicosas e calcrias e tambm quanto

    a minerais deletrios, citado acima.

    A granulometria segundo a norma ABNT 7211 especifica o tamanho dos

    fragmentos entre 4,8 mm e 152 mm e, neste caso, so produtos da cominuio de

    macios rochosos, derrames, diques ou estratos.

    As rochas baslticas aflorantes no municpio apresentam-se num estado

    adiantado de alterao permitindo sua utilizao apenas como cascalho para

    pavimentao de estradas vicinais, com boas caractersticas para compactao.

    Rochas mais frescas poderiam ser encontradas em subsuperfcie viabilizando outras

    aplicaes.

    A Foto 13 ilustra um afloramento de basalto na forma mais comum observada no

    territrio, mostrando um estgio de alterao em que podem ser vistos fragmentos

    decimtricos resultantes da esfoliao esferoidal caracterstica dos basaltos.

  • Parecer Tcnico N 17501-301 23 / 91

    Foto 13 Afloramento de basalto alterado com utilizao em pavimentos de estradas vicinais.

    3.4.4 gua mineral

    Segundo o Cdigo de guas Minerais (decreto-lei 7.841, de 8/08/45), em seu

    artigo 1, guas minerais naturais "so aquelas provenientes de fontes naturais ou de

    fontes artificialmente captadas que possuam composio qumica ou propriedades

    fsicas ou fsico-qumicas distintas das guas comuns, com caractersticas que lhes

    confiram uma ao medicamentosa".

    Tecnicamente, todas as guas naturais so minerais, diferindo nas

    concentraes e intensidades das caractersticas fsico-qumicas. A maior ou menor

    porcentagem de elementos dissolvidos segue uma proporcionalidade com a

    profundidade que o ciclo hidrolgico alcana no subsolo.

    Sendo assim, considerando-se o clima da regio como tropical mido, onde

    existe um abastecimento cclico dos mananciais, conta-se sempre com um lenol

    fretico, oscilante, que pode ser aproveitado por poos de pequena profundidade,

    sendo, contudo, passveis de maiores contaminaes e com poucos elementos

    menores presentes, desclassificando-a como gua mineral, mas no impossibilitando

  • Parecer Tcnico N 17501-301 24 / 91 sua utilizao como gua potvel. Existe tambm a possibilidade de aproveitamento

    de guas mais profundas, semi-confinadas, com possveis elementos menores

    presentes permitindo, eventualmente, classific-la como gua mineral, segundo o

    Cdigo de guas Minerais. Na regio estes mananciais podem ser alcanados por

    sondagens mais profundas direcionadas em falhamentos, fraturas, planos de fraqueza

    e ou litotipos permeveis.

    No territrio municipal existe uma ocorrncia de gua mineral sulfurosa,

    identificada em uma antiga sondagem para petrleo, feita em 1904, com jorro

    espontneo, ilustrada pela Foto 14. H um projeto para explorao turstica que est

    sendo executado, j com algumas edificaes como pode ser visto na Foto 15.

    Foto 14 Primeiro poo prospectivo de petrleo feito no Brasil em 1904 e adaptado para explorao turstica. Pto 018PAY.

    Foto 15 Construo de um salo de convenes prximo ao poo.

    O Quadro 01 a seguir resume as unidades geolgicas aflorantes no municpio,

    relacionadas aos seus potenciais minerais.

  • Parecer Tcnico N 17501-301 25 / 91

    UNIDADES GEOLGICAS POTENCIALIDADE MINERAL

    Quaternrio: areias, cascalhos e argilas Areia, cascalho, argila

    BACIA DO PARAN Grupo Bauru

    Formao Marlia: arenito grosso a fino, imaturo, amarelo e vermelho, conglomertico com clastos arenosos e de

    calcrio fino; arenito fino a mdio, imaturo, com frao

    subordinada de areia grossa e grnulos; ambiente

    continental desrtico, leque aluvial mdio a distal

    reas muito restritas no

    municpio

    Grupo So Bento

    Formao Serra Geral: basalto e andesito basltico tholetico intercalado com camadas de arenitos e litarenitos.

    Cascalho, cantaria, brita

    Formao Botucatu: arenito fino a grosso de cor vermelha, gros bem arredondados com alta esfericidade,

    estratificaes cruzadas de grande porte, ambiente

    continental desrtico: depsitos de dunas elicas.

    Areia

    Grupo Passa Dois

    Formao Pirambia: arenito mdio e fino com cores esbranquiadas, avermelhadas e alaranjadas, geometria

    lenticular bem desenvolvida; ambiente continental elico

    Areia

    Formao Terezina: argilito, siltito e arenito muito fino a fino, cinza escuro a esverdeado, geometria tabular ou

    lenticular alongada, lentes e concrees de calcrio;

    ambiente marinho.

    Argila para cermica

    Quadro 1 Unidades Geolgicas e Potencialidade Mineral no Municpio de Bofete

    3.5 Atividade mineral no municpio

    A atividade de minerao em Bofete caracterizada prioritariamente pela

    extrao de areia, sendo que o municpio encontra-se hoje como um importante

    produtor no Estado, suprindo parte da enorme e crescente demanda da

    Regio Metropolitana de So Paulo (RMSP) e tendo implicao importante no quadro

  • Parecer Tcnico N 17501-301 26 / 91socioeconmico regional. A areia de Bofete possui uma ampla aceitao no mercado

    consumidor sendo reconhecida como uma areia de qualificao especial para as

    diversas aplicaes na indstria da construo civil. Portanto, trata-se de um bem

    mineral de grande importncia econmica, cuja escala de produo atual deve se

    ampliar no futuro e que merece ateno especial do ponto de vista da ocupao e do

    ordenamento territorial da atividade minerria.

    As extraes de areia (e tambm de outros bens minerais) se desenvolvem

    necessariamente sobre depsitos minerais determinados e caracterizados pela rigidez

    locacional, condicionada aos aspectos geolgicos. Esta caracterstica natural extrapola

    os demais interesses de uso e ocupao do solo superficial, e deve ser considerada no

    cenrio de demanda crescente pelo produto, resultante tanto da expanso econmica e

    crescimento natural do mercado, mas tambm do bloqueio de outros depsitos por

    motivos ambientais ou da exausto das reservas de minas mais prximas a So Paulo.

    Diante da complexidade de fatores que influenciam a atividade de minerao de areia,

    fundamental assegurar sua convivncia sustentvel com as demais formas de usos e

    ocupaes territoriais predominantes no municpio.

    Outras atividades minerrias identificadas no municpio incluem duas

    cascalheiras, uma extrao de argilito alterado que fornece matria-prima para uma

    olaria e uma fonte de gua mineral que ainda no comercializada.

    A Tabela 01 rene informaes sobre: a situao atual dos empreendimentos

    minerrios identificados (A - ativos ou D desativados); fase dos processos no DNPM;

    escala de produo mdia; preo mdio do produto; nmero de funcionrios diretos na

    atividade produtiva; bem mineral produzido; e estimativa do faturamento bruto.

    Cabe observar que os dados quantitativos apresentados constituem estimativas

    dos valores, considerando os levantamentos de campo e as entrevistas com os

    responsveis pelos empreendimentos, havendo ainda os efeitos de variao da

    produo por influncia sazonal e tambm pelas flutuaes naturais de demanda pelo

    produto para o mercado consumidor.

  • Parecer Tcnico N 17501-301 27 / 91

    Tabela 1 - Sntese das informaes obtidas sobre os empreendimentos minerrios de Bofete. cd mapa cd cad min Empresa fase DNPM informado t/ms informado R$/t funcionrios produto R$ ms

    014RM 36 Real Mix CL 25000m/ms 37.500 R$ 9,38/t 9,38 17 areia 351.750,00R$ 040PEB 28 e 43 Extrabase CL 3000m/ms 4.500 R$ 15,00/m 10,00 10 areia 45.000,00R$ 016AN 19 Areia Nova CL 1000m/dia 1.500 R$ 12,00/m 8,00 15 areia 12.000,00R$ 015CS 32 Concresand CL 1000m/dia 1.500 R$ 12,00/m 8,00 15 areia 12.000,00R$

    024PAB 14 Areia Bofete RL 15000m/ms 22.500 R$ 13,00/m 8,67 13 areia 195.000,00R$ 025PAT 24 Tec Maq CL 9000m/ms 13.500 R$ 7,00/m 4,67 8 areia 63.000,00R$ 026PAA 11 Alcindo RL 400m/ms 600 R$ 15,00/m 10,00 5 areia 6.000,00R$

    09QZ 5 Quartzolit CL 40000t/ms 60.000 32 areia023PA 72 Areicom desat 0 areia

    044PAD 35 desativado CL 0 areia046PAD 49 desativado AP 0 areia020CDM 31 Pedro R N Bofete L R$ 5,00/m 3,33 0 basalto036CMB 63 cascalheira AP espordica 0 basalto029OP 27 Olaria Peres L 75000p/ms R$ 380,00/mil 4 cermica018PAY 60 Yunes AP 15 gua

    141.600 134 684.750,00R$

    So comentados, de forma sucinta, alguns aspectos importantes sobre os

    empreendimentos de minerao presentes no municpio.

    a) O mtodo de lavra predominante nas principais mineradoras de areia da

    formao Pirambia o desmonte hidrulico com formao de cava que,

    posteriormente, usualmente utilizada para disposio das fraes finas (silto-

    argilosas) constituindo-se ento numa bacia de disposio destes rejeitos que so

    originados no processo de beneficiamento de areia. O ciclo bsico de produo utiliza

    operaes de bombeamento de polpa (estaes intermedirias de dragagem

    hidrulica), peneiramento e lavagem da areia em diferentes estgios de classificao,

    havendo ainda algumas instalaes com estgios de hidrociclonagem para

    recuperao das fraes mais finas de areia. As pilhas da areia classificada e lavada

    so retomadas por meio de carregadeiras frontais sobre pneus e carregadas

    diretamente nos caminhes basculantes convencionais de transporte do produto,

    preponderando o uso dos veculos com 2 ou mais eixos. A expedio pode ainda

    envolver uma operao de pesagem, quando o produto comercializado por unidade

    de massa (em toneladas), sendo esta uma tendncia do mercado de comercializao

    da areia nas empresas mais estruturadas. Outras operaes auxiliares produo

    utilizam escavadeiras hidrulicas tipo retro sobre esteiras, tais como na estabilizao

    de taludes adjacentes lavra ou nos locais j destinados como bacias de disposio, e

    ainda em outros tipos de movimentao intermediria de material. Observaes

    expeditas das atividades operacionais em geral indicam que h situaes que podero

    necessitar algum aprimoramento sobre aspectos de planejamento e controle

  • Parecer Tcnico N 17501-301 28 / 91operacional visando tanto melhoria na logstica das operaes de lavra como no

    implemento das operaes auxiliares para recuperao de reas mineradas.

    b) A areia de Bofete tem uma grande aceitao pelo mercado consumidor da

    construo civil. Considerando-se os fatores determinantes de forte demanda pelo

    produto, aliada ainda sua qualificao, de se esperar um crescimento na

    capacidade produtiva local, seja na ampliao dos empreendimentos atualmente em

    operao ou no surgimento de novas instalaes. H sete empreendimentos de

    extrao de areia ativos em Bofete conforme constam na Tabela 01. Destes, as

    mineradoras identificadas por Real Mix, Areia Bofete e Tec Mac apresentam maior

    escala de produo, (faixa de 9.000 a 25.000 m3/ms) As mineradoras Extrabase,

    Areia Nova e Concresand operam com produes significativamente menores que as

    anteriores (faixa de 1.000 a 3.000 m/ms), mas podero ampliar suas capacidades

    produtivas no futuro. Estes empreendimentos desenvolvem suas operaes por

    desmonte hidrulico com formao de cava. H ainda uma mineradora identificada com

    pertencente a Alcindo Pereira de Andrade que opera por dragagem semi-mvel no leito

    de rio do Peixe, cuja produo foi informada como sendo de 400 m3/ms.

    c) Todos os empreendimentos de minerao de areia citados fornecem seus

    produtos (areia lavada e classificada) para o abastecimento da construo civil seja no

    consumo na prpria regio e tambm na Regio Metropolitana de So Paulo. A

    exceo a Tecmac que produz areia apenas para a fabricao de blocos de concreto.

    Os preos do produto situam-se na faixa de R$ 7,00 a R$ 15,00 por m3 para aquisio

    nos respectivos locais de expedio. A estimativa da produo mensal no municpio

    como um todo (tendo como base as informaes fornecidas pelos produtores) de

    aproximadamente 54,5 mil m, com um faturamento bruto mensal do setor produtivo

    estimado em R$ 685 mil, gerando pelo menos 83 empregos diretos. Pode-se

    considerar ainda um nmero desta ordem de grandeza de empregos indiretos gerados,

    ou at maior, vinculado s atividades de transporte de areia e outras de apoio ao

    processo produtivo (manuteno de equipamentos e da infra-estrutura, etc.).

    d) Dentre as mineradoras instaladas em Bofete para o aproveitamento dos

    depsitos da Formao Pirambia, cabe destacar a mina de areia industrial quartzosa

    da empresa Weber Quartzolit do grupo empresarial Saint Gobain. A incorporao da

    Weber pelo Grupo Saint-Gobain, um das maiores fabricantes de argamassa da Europa,

  • Parecer Tcnico N 17501-301 29 / 91ocorreu em 1997. As instalaes da mina localizam-se na Fazenda Ribeiro no Bairro de

    Santo Incio. o maior empreendimento de minerao do municpio e sua produo

    destina-se exclusivamente ao abastecimento da fbrica de argamassas no municpio

    de Jandira, na grande So Paulo. A lavra se desenvolve em meia encosta com

    rebaixamento do nvel fretico avanando sobre uma camada com horizonte mdio de

    30 m, por meio de escavao mecnica a seco utilizando escavadeiras hidrulicas de

    mdio porte e carregamento em caminhes basculantes de 3 ou 4 eixos com

    capacidade de at 20 m. A cava atual ocupa uma rea de aproximadamente 1,5 ha. O

    minrio transportado at o sistema de beneficiamento que ocorre por processo via

    mida envolvendo operaes de peneiramento mais grosseiro e de hidrociclonagem

    visando a deslamagem do produto com a mxima recuperao das fraes finas. No

    beneficiamento, o material fino no aproveitado (rejeito) representa de 15% a 20% do

    volume total do material lavrado, sendo destinado ao preenchimento dos tanques (ou

    bacias) de disposio localizados nas reas de antigas cavas formadas pela lavra. No

    momento h pelo menos 5 tanques com reas de 2 ha a 2,5 ha cada um, sendo que a

    escolha para preenchimento depende diretamente do controle operacional colocado em

    prtica em termos de estabilizao, tempo de alteamento dos tanques e tambm dos

    procedimentos de reaproveitamento da gua em circuito fechado nas operaes de

    beneficiamento. Aps o beneficiamento, o produto ainda mido segue para trs

    unidades de secagem (tipo leito fluidizado) que utilizam leo combustvel BPS como

    fonte de energia. A capacidade individual de 30 t/h trabalhando em trs turnos iguais

    e ininterruptos, ou seja, um ciclo contnuo de 24 h por dia. Por meio de torres de

    distribuio cada secador descarrega a areia industrial seca distribuindo-a em 4 pilhas.

    Estas so retomadas por carregadeiras frontais sobre pneus e carregadas para o

    armazenamento em silos e posterior carregamento nos caminhes e expedio com

    destino fbrica de Jandira. Quanto ao controle de qualidade da areia, as exigncias

    na sua utilizao condicionam o contedo de material fino, sendo tolerveis

    determinadas quantidades percentuais retidas em malhas de referncia previamente

    especificadas (28# e 48#). As reservas medidas atuais so suficientes para que o

    empreendimento mantenha suas atividades por pelo menos 75 anos, tendo-se como

    base o ritmo atual de produo que de 40.000 t/ms. Estima-se que o custo de

    produo do minrio deve se situar na faixa de R$15,00 a R$20,00 por tonelada do

    produto final beneficiado e seco (matria-prima para fabricao da argamassa). Os

  • Parecer Tcnico N 17501-301 30 / 91procedimentos de recuperao ambiental incluem o reafeioamento do relevo por meio

    da disposio do rejeito (lama argilosa), o recapeamento destas reas utilizando solo

    contendo material orgnico, preparando-o ento para o plantio, primeiramente com

    pinus e, aps o corte para venda, uma nova etapa de revegetao com espcies

    nativas. O desenvolvimento das atividades da mina segue padres satisfatrios de

    planejamento e controle operacional do ciclo bsico de produo da lavra e

    beneficiamento. Uma preocupao da empresa a melhoria constante do processo

    produtivo, visando maximizar a recuperao da areia e buscando tambm outras

    formas de utilizao da lama gerada como rejeito (fraes argilosas), cujas

    caractersticas poderiam qualific-las para o uso cermico; esta alternativa ainda

    carece de novos estudos mais conclusivos. Quanto aos aspectos administrativos e

    gerenciais cabe destacar que a atividade produtiva da mina conduzida por meio de

    um sistema de gesto integrada (SGI) envolvendo Certificao ISO 14001 (Meio

    Ambiente) e OHSAS (Segurana e Higiene do Trabalho) seguindo tambm as

    orientaes e estratgias de produo da WCM Lean preconizado pela Toyota. Trata-

    se, portanto, do empreendimento de minerao mais bem estruturado de Bofete e pode

    ser considerado como uma referncia tcnica para o desenvolvimento de atividade

    mineradoras desta natureza em seu territrio.

    e) Foram constatados trs empreendimentos paralisados de minerao de

    areia, um deles identificado como Areicom e outros dois no identificados conforme

    constam na Tabela 01. No momento atual no foram constatados indcios de retomada

    destas atividades.

    f) H duas cascalheiras ativas operando sobre basalto alterado ou semi-

    alterado identificadas como Duas Montanhas e Morro do Bofete. A primeira deve estar

    atuando de maneira mais regular desde 1999, no se tendo informao precisa sobre

    sua escala de produo, sendo que o produto comercializado a R$ 5,00 / m no

    mercado regional. Na cascalheira do Morro do Bofete h indcios de uma atividade

    pouco expressiva e espordica.

    g) Uma olaria identificada como sendo de propriedade do Sr. Nildo Peres

    utiliza como matria-prima o argilito alterado da Formao Teresina (tagu alterado)

    sob o qual seguem camadas mais profundas do argilito menos alterado (tagu duro)

    que depende de moagem para sua utilizao. Na propriedade da olaria, a camada de

    argilito alterado com espessura varivel de at 2 m aproximadamente j foi totalmente

  • Parecer Tcnico N 17501-301 31 / 91lavrada por escavao mecnica utilizando tratores de pequeno porte, sendo que a

    matria-prima atualmente utilizada proveniente de outro municpio. A olaria emprega

    quatro funcionrios cujo sistema produtivo constitudo de um alimentador, um

    destorroador, uma laminadora, uma extrusora e um forno tipo abboda com

    capacidade para 24.000 peas para cada 24 m de lenha. As peas produzidas so

    canaletas cermicas que so comercializadas por R$ 380,00 o milheiro sendo

    destinadas ao abastecimento do mercado de Sorocaba.

    h) A Yunes Minrios detm um processo para gua mineral sulfurosa no

    municpio de Bofete cuja estrutura est sendo construda para fins tursticos visando o

    uso em banhos medicinais. A surgncia da gua sulfurosa est no mesmo local onde

    foi perfurado o primeiro poo brasileiro em busca de petrleo no ano de 1904. A

    empresa possui ainda um empreendimento de minerao de areia em nome da

    Minerao Rio do Peixe Ltda. localizado no municpio vizinho de Torre de Pedra.

    O Anexo H mostra um conjunto de fichas individuais, cada uma contendo uma

    sntese das informaes bsicas e fotos ilustrativas das mineradoras ativas e

    paralisadas localizadas em Bofete.

    3.6 Processos de direitos minerrios

    O nmero de 93 processos minerrios existentes no municpio demonstra o

    grande interesse dos mineradores na regio e mais especificamente nos domnios dos

    sedimentos da Formao Pirambia que apresenta excelente potencial para areia e

    ocupam 88% em rea do territrio. Este interesse crescente para areia tem sido

    motivado tanto pela exausto de jazidas prximas s metrpoles, como por maiores

    exigncias restritivas ambientais ou conflitos com outros tipos de uso e ocupao da

    terra, compensando cada vez mais as maiores distncias de transporte como o caso

    de Bofete.

    O Mapa de Processos Minerrios apresentado no Anexo D mostra trs

    concentraes de reas notrias: uma a nordeste e outra a sudoeste sob domnio

    predominante da Formao Pirambia e uma concentrao na parte central onde

    afloram predominantemente rochas baslticas.

    A Tabela 02 lista os 93 processos em tramitao no DNPM mostrando a grande

    incidncia para os bens minerais areia, areia quartzosa, areia para fundio e areia

  • Parecer Tcnico N 17501-301 32 / 91industrial, que no entendimento simples o mesmo bem mineral, variando apenas a

    pureza em gros de quartzo que pode ser diferente entre os jazimentos ou pode ser

    modificada no tipo de beneficiamento. Casos semelhantes so os processos para

    basalto, diabsio e cascalho, que na verdade se tratam de uma mesma rocha onde

    varia, principalmente, a cristalizao e o estado de alterao da mesma.

    Tabela 2 Processos de Direitos Minerrios no Municpio de Bofete. NUMERO ANO ha FASE NOME SUBSTNCIA Cdigo

    mapa

    820003 2009 13 RP Extrabase Extrao Ltda Areia 71 820452 2009 96 RP Extrao e Comrcio de Areia Bofete Ltda Areia 72 820587 2009 50 RP Jos Dimas de Alencar Caldas EPP Areia 73 820611 2009 997 RP Hlio Aires da Silva Areia 74

    820612 2009 808 RP Minerao Rio do Peixe Ltda Areia 75 820623 2009 979 RP Minerao Rio do Peixe Ltda Areia 76

    820638 2009 908 RP Minerao Rio do Peixe Ltda Areia 77 820644 2009 41 RP Mineradora Curua Ltda ME Areia 78

    820654 2009 768 RP Minerao Rio do Peixe Ltda Areia 79 820711 2009 959 RP Minerao Rio do Peixe Ltda Areia 83 820738 2009 939 RP Minerao Rio do Peixe Ltda Areia 84

    820739 2009 938 RP Minerao Rio do Peixe Ltda Areia 85 820748 2009 904 RP Minerao Rio do Peixe Ltda Areia 86

    820759 2009 922 RP Minerao Rio do Peixe Ltda Areia 87 820760 2009 875 RP Minerao Rio do Peixe Ltda Areia 88

    820761 2009 939 RP Minerao Rio do Peixe Ltda Areia 89 820797 2009 963 RP Minerao Rio do Peixe Ltda Areia 92 820798 2009 936 RP Minerao Rio do Peixe Ltda Areia 93 820694 2009 319 RP Flvia Romio Marchionno ME Argila 80 820696 2009 594 RP Vladimir de Cssio Moiss Argila 81 820697 2009 556 RP Portomais Ltda Argila 82 820792 2009 533 RP Porto de Areia Tubaro Ltda Argila 90 820793 2009 285 RP Porto de Areia Tubaro Ltda Argila 91 820096 2008 407 RP Extrabase Extrao Ltda Areia 65 820145 2008 42 RP Saint Gobain Brasil Prod Ind. Constr Ltda Areia 66 820239 2008 214 RP Realmix Agregados Minerais Ltda Areia 67 820503 2008 981 RP Extrabase Extrao Ltda Areia 68 821022 2008 127 RP Extrao e Comrcio de Areia Bofete Ltda Areia 69 821094 2008 201 RP Extrao e Comrcio de Areia Bofete Ltda Areia 70 820238 2007 47 AP Yunes Minrios Ltda gua Mineral 60 820324 2007 50 AP Antonio Jos Zillo gua Mineral 61 820657 2007 100 AP Extrabase Extr., Comrcio e Transp Ltda Areia 62 820885 2007 35 RP Mineradora Ponte Alta Ltda Areia 64 820763 2007 50 AP Eduardo Machado Silveira Basalto 63

    ...continua

  • Parecer Tcnico N 17501-301 33 / 91820002 2006 71 AP Extrabase Extrao Ltda Areia 56 820642 2006 318 AP Extrabase Extrao Ltda Areia 58 820674 2006 10 AP Extrao e Comrcio de Areia Bofete Ltda Areia 59 820360 2006 11 AP Fernando de Cassia Felipe Cascalho 57 820495 2005 465 AP Marcos da Costa Boucinhas Argila Refr. 54 820783 2005 457 AP Icotema Madeira e Concreto Ltda Argila Refr. 55 820033 2004 60 AP Realmix Agregados Minerais Ltda Areia 48 820128 2004 354 AP Extrabase Extrao Ltda Areia 49 820334 2004 50 AP Realmix Agregados Minerais Ltda Areia 51 820335 2004 85 AP Realmix Agregados Minerais Ltda Areia 52 820538 2004 169 AP Realmix Agregados Minerais Ltda Areia 53 820215 2004 50 AP Jos Dimas de Alencar Caldas EPP Basalto 50 820693 2003 190 AP Realmix Agregados Minerais Ltda Areia 47 820213 2003 47 AP Jos Dimas de Alencar Caldas EPP Areia Quartz 45 820517 2003 21 RL Extrao e Comrcio de Areia Bofete Ltda Areia 46 820597 2002 39 CL Extrabase Extrao Ltda Areia 43 820888 2002 100 RP Extrabase Extrao Ltda Areia 44 820541 2002 154 AP Lidio Francischinelli Argila Refrat 42 821131 2001 5 RL Extrabase Extrao Ltda Areia 41 820094 2000 50 RP Felipe Augusto Tanus Barletta Areia 40 820327 1999 26 CL By Trans Transportes e Minerao Ltda Areia 35 820340 1999 49 CL Realmix Agregados Minerais Ltda Areia 36 820930 1999 16 L Giacomazzi Ltda ME Areia 38 821765 1999 24 L Minerao de Areia Benetom Ltda Areia 39 820341 1999 50 RL Realmix Agregados Minerais Ltda Areia 37 820495 1998 34 CL Extrabase Extrao Ltda Areia 28 821185 1998 50 CL Concresand Minerao Ltda Areia 32 820302 1998 140 RL Romiyoshi Sasaki ME Areia 26 820509 1998 923 RL Vale do Paititi Ltda ME Areia 29 820581 1998 50 RL Jos Dimas de Alencar Caldas EPP Areia 30 821190 1998 50 RL Mineradora Areia Nova Ltda ME Areia 33 820051 1998 50 RP Geraldo Guimares Vieira dos Santos Areia 25 820485 1998 10 L Nildo Peres Bofete ME Argila 27 821258 1998 947 RP Ind. Com. Extrao de Areia Khouri Ltda Argila 34 820607 1998 50 L Pedro Ramos Nogueira Bofete FI Diabsio 31 821062 1997 17 CL TecMaq Ltda Areia 24 820344 1997 572 RL Realmix Agregados Minerais Ltda Areia 23 821177 1996 49 Disp. Minerao Santa Eliza de Tiet Ltda Areia Fundio 22 821077 1996 959 RP Marlise Mazzotti Valrio Areia Industr 21 820899 1995 50 AP Areias de Cana Ltda Areia Fundio 20 820326 1995 50 CL Mineradora Areia Nova Ltda ME Areia 19 820325 1995 50 RP Cidenei Bataglini Areia Fundio 18 820004 1994 966 AP Ind. Com. Extrao de Areia Khouri Ltda Areia Quartz 13 820079 1994 50 CL Extrao e Comrcio de Areia Bofete Ltda Areia Industr 15 820150 1994 166 RL Saint Gobain Ltda Areia Quartz 16

    ...continuao

    Continua...

  • Parecer Tcnico N 17501-301 34 / 91820526 1994 50 RP Cristiane Vieira ME Areia Industr 17 820005 1994 50 RP By Trans Transportes e Minerao Ltda Areia Quartz 14 820588 1993 50 RL Alcindo Pereira de Andrade Areia 11 820551 1993 48 RL Saint Gobain Ltda Areia Quartz 10 820838 1993 370 RL Saint Gobain Ltda Areia Quartz 12 820239 1988 736 RL Vivana Empreendimentos Ltda Areia Fundio 09 820350 1985 50 RL Saint Gobain Ltda Areia Industr 08 820676 1984 765 RL Minerao Jundu Ltda Areia Fundio 07 820225 1983 48 CL Saint Gobain Ltda Areia 05 820259 1983 110 RL Minerao Jundu Ltda Areia Industr 06 806793 1973 197 CL Maion & Maion Ltda ME Areia 02 806794 1973 198 CL J. de Augustinis e Cia Ltda Areia 03 806795 1973 322 CL Luimar Ltda Areia Fundio 04 11631 1943 31 Disp. Rita Spinola Dias Esplio gua Mineral 01

    A Figura 09 ilustra a distribuio dos processos de direitos minerrios entre os

    bens minerais requeridos e a Figura 10 ilustra a distribuio das fases dos processos.

    Figura 9 Distribuio dos bens minerais solicitados entre os 93 processos de direitos minerrios.

    Figura 10 Distribuio entre as diferentes fases dos processos de direitos minerrios.

    Dentre os processos de maior incidncia, para areia e argila, nota-se que a fase

    predominante a de requerimento de pesquisa, o que pode mostrar uma preocupao

    dos mineradores em ampliar suas atividades, como pode ser observado nas figuras 11

    e 12.

    ...continuao

  • Parecer Tcnico N 17501-301 35 / 91

    Figura 11 Distribuio das fases processuais para o bem mineral areia.

    Figura 12 Distribuio das fases processuais para o bem mineral argila.

    Essa tendncia de ampliao das atividades de minerao pode ser notada ao

    longo dos anos onde os registros das CFEMs1 recolhidos (Figura 13) atestam isso, se

    no totalmente, ao menos parcialmente devido a imprecises de clculo (CFEM

    Compensao Financeira pela Explorao de Minrio).

    Um caso detectado o do Porto de Areia Extrabase (Foto 16), considerada de

    porte grande para a regio, que recolhe a CFEM, segundo informaes locais, para o

    municpio vizinho de Anhembi, sendo que na verdade a cava est localizada no

    municpio de Bofete (Empreendimento 040PEB no mapa do Anexo A).

    1 A compensao financeira calculada em 1% a 3%, conforme o bem mineral, sobre o valor do

    faturamento lquido, obtido por ocasio da venda do produto mineral. Entende-se por faturamento lquido o valor da venda do produto mineral deduzindo-se os tributos (ICMS, PIS, COFINS), que incidem na comercializao, como tambm as despesas com transporte e seguro. Quando no ocorre a venda, porque o produto mineral consumido, transformado ou utilizado pelo prprio minerador, ento considera-se como valor, a soma das despesas diretas e indiretas ocorridas at o momento da utilizao do produto mineral.

  • Parecer Tcnico N 17501-301 36 / 91

    Figura 13 Valores arrecadados da CFEM para o municpio de Bofete segundo DNPM at 2008 e estimado para 2009.

    Foto 16 Aspecto da cava de explorao de areia do Porto de Areia Extrabase, onde a draga ao centro d uma noo de escala.

    A evoluo de arrecadao da CFEM acompanha de uma maneira geral a

    evoluo de arrecadao no Estado de So Paulo e no Brasil como mostra a sntese

    dos registros para 2008 na Figura 14, desconhecendo-se, no entanto, o motivo da

    queda observada no ms de Dezembro.

  • Parecer Tcnico N 17501-301 37 / 91CFEM 2008 R$ x 10

    Br SP BofeteJan 95401,5 1479,8 22,5Fev 59951,5 1505,6 21,6Mar 65915,8 1531,6 24,0Abr 54239,2 1540,0 21,6Mai 47201,9 1629,9 22,2Jun 52005,6 1800,2 22,2Jul 50825,5 2005,9 25,2

    Ago 75520,4 2210,5 25,9Set 77418,3 2138,4 25,7Out 81429,3 2257,4 28,3Nov 89036,2 2161,7 27,8Dez 108873,7 2213,3 16,5

    Figura 14 Registros da arrecadao do CFEM ao longo de 2008 para o Brasil, Est. de So Paulo e Bofete.

    Se esta tendncia proceder, de se esperar para 2009 uma arrecadao da

    ordem de R$ 340.000,00, com a distribuio de 65% ao municpio, 23% ao Estado,

    10% ao DNPM e 2% ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico.

    3.7 Zoneamento institucional

    So consideradas no zoneamento institucional todas as unidades de superfcie

    total ou parcialmente impeditivas para atividades de minerao, seja por fora de

    legislao ambiental, seja por conflitar com outras prioridades de uso e ocupao ou

    por guardarem aspectos paisagsticos e ambientais favorveis a uso turstico. Neste

    sentido so colocadas as seguintes unidades:

    a. APA Estadual Corumbata, Botucatu e Tejupa Criada em 1983, a APA Corumbata/Botucatu/Tejup engloba uma rea total de

    6.492 km, sendo subdividida em trs permetros distintos. Corresponde faixa das

    cuestas baslticas, desde as cabeceiras do rio Mogi-Guau at a divisa do Estado de

    So Paulo com o Paran, s margens do rio Paranapanema, no Planalto Ocidental

    Paulista e Depresso Perifrica

    O Municpio de Bofete tem 472 km contidos nessa APA, mais especificamente

    no Permetro de Botucatu correspondendo a 70% do territrio de Bofete. Os 30%

  • Parecer Tcnico N 17501-301 38 / 91restantes so reas a Norte-Nordeste abrangendo o permetro urbano da sede

    municipal, como est ilustrado no Mapa de Uso e Ocupao do Anexo B.

    O Permetro de Botucatu abrange alm de parte do municpio de Bofete, os

    municpios de Itatinga, Botucatu, Avar, Guare, Porangaba, So Manuel, Angatuba e

    Pardinho, parcialmente, totalizando uma rea de 218.306 ha.

    Foi criada pelo Decreto Estadual n 20.960, de 8 de junho de 1983 com o

    objetivo de proteger uma rea localizada na Serra de Botucatu, no reverso da cuesta

    basltica, entre os rios Tiet e Paranapanema.

    O relevo das cuestas uma das feies mais marcantes da regio e resulta do

    trabalho contnuo de eroso sobre as rochas, formando grandes plataformas que se

    destacam nos vales suaves ao seu redor (SMA 2009).

    As formaes de cuestas, pela fragilidade de seus solos, e os mananciais que

    abastecem de gua a regio, constituem os atributos naturais que merecem proteo,

    acrescido da presena do aqfero Guarani (Botucatu-Pirambia), considerado o

    segundo maior do mundo e com excelente padro de potabilidade, responsvel pelo

    abastecimento de muitas cidades do Centro-Oeste paulista.

    b. Zona urbana do municpio So as unidades de superfcie ocupadas por urbanismo e representadas no

    Mapa de Uso e Ocupao Territorial do Municpio do Anexo B. Nestas unidades so

    consideradas, alm das sedes municipais, as vilas e ncleos rurais adensados e que,

    pela sua amplitude, se destacam na imagem utilizada para a elaborao do mesmo.

    Estas totalizam 5561 ha correspondendo a 8% do municpio.

    A princpio parte dessas reas deveria constar em mapa como zonas

    bloqueadas para a minerao, ao menos para aquelas mineraes do tipo mais

    conhecida na regio, que so as mineraes de areia, mas se for considerado outros

    tipos de minerao como por exemplo uma explorao de gua mineral ou mesmo

    aproveitamento de materiais de emprstimo, estas zonas no podem ser

    caracterizadas como bloqueadas e sim restritivas, como foi colocado no Mapa de

    Ordenamento Territorial Geomineiro.

  • Parecer Tcnico N 17501-301 39 / 91c. Zona reservada ao crescimento urbano

    Este detalhe no est cartografado no mapa apresentado, mas deve ser

    estudado pela administrao municipal a fim de reservar espao para tal. Observa-se

    que desde 1970 o permetro urbano tem-se desenvolvido para Oeste, seguindo o

    divisor de guas, como est ilustrado na Figura 15, por possuir uma topografia mais

    suave e aproveitar a infra-estrutura presente, deixando entender que o restante desse

    divisor de guas poder suportar o crescimento urbano por mais algumas dezenas de

    anos.

    Faz. Franc

    GUA RASA

    GRAMA

    Faz. Santa HelenaSALTINHO

    Faz. Ponte Alta

    B O F E T EB O F E T EB O F E T EB O F E T EB O F E T EB O F E T EB O F E T EB O F E T EB O F E T E

    Faz. Irma

    ROSEIRA

    Faz. N.S. da Conceio

    610

    510

    585

    565

    622

    515

    615

    638615

    623

    595

    619

    609

    588

    638

    626

    616

    610

    657

    654

    643

    D

    D

    D

    D

    D

    D

    D

    D

    D

    D

    D

    D

    D

    D

    D

    D

    D

    D D

    D

    D

    D

    D

    784 000

    Ras

    a

    dos

    Peixe

    Rib.

    Orgos

    Tanq

    ue

    782 000

    dag

    ua

    Cr

    r.do

    Saltinho

    do

    Fratoni

    Crre

    go

    do

    778 000 780 000776 000

    Rio

    Crrego

    7 440 000

    7 442 000

    Crre

    go

    do

    7 446 000

    7 444 000

    leo

    Rib.do

    Sede Atual Sede 1970

    Figura 15 Comparativo dos permetros urbanos em 1970 e 2008, mostrando o desenvolvimento urbano para o lado Oeste.

    d. Zonas de Matas Nativas As reas que mantm matas nativas esto bastante fragmentadas, sendo que

    na maioria dos casos esto restritas aos vales das drenagens. Uma boa parte ficou

    preservada devido s dificuldades de se ocuparem os relevos mais acidentados como

    as faixas escarpadas.

  • Parecer Tcnico N 17501-301 40 / 91O Mapa de Uso e Ocupao ilustra uma malha de retalhos de mata nativa mais

    ou menos homognea em todo o territrio, deixando salientes trs ncleos um pouco

    mais expressivos ao norte ao redor do Morro Grande, ao centro na escarpa Sul do

    Morro de Bofete e ao sul na regio de Lajinha prximo Rodovia Castelo Branco.

    Estas reas so restritivas para atividades de minerao devendo-se ter o

    cuidado de sempre incentivar a ampliao dessas manchas de mata constituindo

    corredores para a fauna, principalmente em reas coincidentes com a APA, embora

    esta ainda no tenha Plano de Manejo.

    e. Zonas com potencial turstico e valor paisagstico O territrio municipal de Bofete guarda valores paisagsticos importantes para o

    desenvolvimento turstico e esportivo da regio. So os acidentes topogrficos

    suportados pelos derrames baslticos da Formao Serra Geral e pelos arenitos da

    Formao Pirambia, formando elevaes, escarpas e canyon de grande atrativo

    paisagstico e tambm histrico pelas referncias na ocupao da regio. As fotos 17,

    18 e 19 ilustram essas paisagens.

    Algumas reas j motivam constantes visitas como as elevaes das Trs

    Pedras e do Gigante Adormecido. Outras reas apresentam elevado potencial como os

    canyon da parte Sul do municpio, prximo Rodovia Castelo Branco.

    Foto 17 Vista parcial do Morro das Trs Pedras. Foto 18 Vista parcial da seqncia de

    elevaes conhecida como Gigante Adormecido.

  • Parecer Tcnico N 17501-301 41 / 91

    Foto 19 Uma das vistas dos vrios canyon existentes na parte Sul do municpio.

    f. Legislaes restritivas para minerao Existem duas legislaes importantes, alm da minerria, a serem consideradas

    quando da implantao de uma atividade mineira. Uma o Cdigo Florestal Brasileiro,

    apresentado no Anexo F e, a outra, a Resoluo Conama 369 apresentada no Anexo

    G. Ambas possuem algumas caractersticas possveis de serem cartografadas na

    escala 1:50.000, como as reas de mata, vales e espelhos dgua, enquanto que

    outras fogem escala do mapa apresentado sendo descritas nas leis especficas

    anexas.

    4 ORDENAMENTO TERRITORIAL GEOMINEIRO O ordenamento territorial geomineiro apresenta a compartimentao do territrio

    municipal segundo as aptides geolgicas para determinados bens minerais, levando

    em considerao fatores favorveis, restritivos (controlados) ou impeditivos

    (bloqueados) implantao de atividades mineiras de acordo com os interesses

    econmicos, sociais, legais e ambientais que o municpi