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ESTUDO DE MACROESTRUTURAÇÃO URBANA – MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS RELATÓRIO 1– LEITURA DA REALIDADE DEZEMBRO 2014

PARTE A

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ESTUDO DE MACROESTRUTURAÇÃO URBANA – MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS

RELATÓRIO 1– LEITURA DA REALIDADE DEZEMBRO 2014

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APRESENTAÇÃO

O presente documento Relatório 1 – Leitura da Realidade, ora reapresentado em seu formato final, é fruto do contrato de n.º 091/2014 – SEMALI, firmado entre a Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais e a Jaime Lerner Arquitetos Associados para o desenvolvimento do Estudo deMacroestruturação Urbana, subsídio à definição das diretrizes urbanísticas a serem incluídas no Plano Diretor Municipal, em processo de revisão.

Curitiba, Dezembro de 2014.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................................................................................. 1

1 O CENÁRIO REGIONAL .....................................................................................................................................................................................................5

1.1 São José dos Pinhais na Região Metropolitana .....................................................................................................................................................6

1.2 São José dos Pinhais e a Estratégia de Planejamento Metropolitano ........................................................................................................... 10

1.2.1 As Unidades de Conservação e os Mananciais da Região Metropolitana de Curitiba ...................................................................... 17

1.2.2 O Plano Diretor de Drenagem para a Bacia do Rio Iguaçu na Região Metropolitana de Curitiba................................................. 21

1.2.3 A Área de Interesse Especial Regional do Iguaçu ......................................................................................................................................... 22

1.2.4 Parque Metropolitano do Iguaçu ....................................................................................................................................................................... 24

1.3 Dinâmica Socioeconômica Recente........................................................................................................................................................................ 25

1.3.1 Projetos de Infraestrutura ..................................................................................................................................................................................... 31

1.3.1.1 Aeroporto Internacional Afonso Pena .......................................................................................................................................................... 31

1.3.1.2 Oleoduto / Poliduto .......................................................................................................................................................................................... 33

1.3.1.3 Ramal Ferroviário ............................................................................................................................................................................................ 34

1.3.1.4 Plano Multimodal IPPUC ............................................................................................................................................................................... 37

1.3.1.5 Planos Regionais de Curitiba .........................................................................................................................................................................39

2 O MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS ............................................................................................................................................................. 41

2.1 Histórico e Formação.................................................................................................................................................................................................. 42

2.2 Dados Populacionais e Econômicos ....................................................................................................................................................................... 44

2.2.1 Dados Populacionais .............................................................................................................................................................................................. 44

2.2.2 Economia.................................................................................................................................................................................................................... 47

2.3 Base Física Municipal ................................................................................................................................................................................................. 48

2.3.1 Hidrografia ................................................................................................................................................................................................................ 48

2.3.2 Geomorfologia do Município de SJP ................................................................................................................................................................. 50

2.3.3 Caracterização Geotécnica e Adequabilidade ao Uso Urbano ................................................................................................................. 56

2.3.3.1 Áreas Críticas de Inundação – São José dos Pinhais ................................................................................................................................. 57

2.3.4 Remanescentes de Mata Atlântica .................................................................................................................................................................... 60

2.3.5 Os Mananciais em São José dos Pinhais ............................................................................................................................................................ 61

2.3.5.1 Bacia do Rio da Várzea.................................................................................................................................................................................... 62

2.3.5.2 Bacias do Alto Iguaçu ...................................................................................................................................................................................... 62

2.3.5.3 Bacias do Altíssimo Iguaçu .............................................................................................................................................................................63

2.3.6 Parques e Demais Unidades de Conservação ................................................................................................................................................. 66

2.3.1 Síntese das Condicionantes Ambientais .......................................................................................................................................................... 67

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3 A ATIVIDADE MINERÁRIA EM SÃO JOSÉ DOS PINHAIS ................................................................................................................................. 71

3.1 Zoneamento Mineral .................................................................................................................................................................................................. 72

3.2 Direitos Minerários ......................................................................................................................................................................................................73

4 O TERRITÓRIO RURAL ................................................................................................................................................................................................... 76

4.1 Produção Rural ..............................................................................................................................................................................................................78

4.2 Assistência Técnica e Extensão Rural – ATER................................................................................................................................................... 82

4.3 Distribuição e Comercialização da Produção Agrícola .................................................................................................................................... 83

4.4 As Áreas de Proteção Ambiental e o Meio Rural ............................................................................................................................................... 84

4.4.1 Área de Proteção Ambiental de Guaratuba .................................................................................................................................................... 84

4.4.2 Área de Proteção Ambiental Estadual do Rio Pequeno .............................................................................................................................. 88

4.5 Bacias Hidrográficas.................................................................................................................................................................................................... 89

4.5.1 Ações de Saneamento Ambiental ....................................................................................................................................................................... 89

4.5.2 Conflitos pelo Uso das Águas nas Bacias Hidrográficas ............................................................................................................................. 89

4.6 Prognóstico ..................................................................................................................................................................................................................... 91

5 ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO MUNICIPAL ............................................................................................................................................... 95

5.1 Macrozoneamento ....................................................................................................................................................................................................... 96

5.2 Zoneamento, o Uso e a Ocupação do Solo e o Sistema Viário ....................................................................................................................... 97

5.3 Síntese Parâmetros Distrito Industrial Campo Largo da Roseira ............................................................................................................... 101

5.4 Síntese Parâmetros Distrito Industrial de São José dos Pinhais .................................................................................................................. 101

5.5 Síntese Parâmetros Unidade Territorial de Planejamento do Itaqui .........................................................................................................102

5.1 Quadro Síntese dos Parâmetros de Zoneamento - PDM ...............................................................................................................................103

6 O SISTEMA VIÁRIO MUNICIPAL ............................................................................................................................................................................... 110

6.1 Legislação Municipal Existente .............................................................................................................................................................................. 111

6.1.1 Aspectos de Destaque da Legislação Existente ............................................................................................................................................ 114

6.2 Estrutura e Hierarquia Viária .................................................................................................................................................................................. 114

6.2.1 O Sistema Viário Metropolitano ....................................................................................................................................................................... 114

6.2.2 O Sistema Viário Rural ......................................................................................................................................................................................... 118

6.2.3 Sistema Viário Urbano.......................................................................................................................................................................................... 119

6.2.4 Aspectos de Destaque do Sistema Viário Metropolitano..........................................................................................................................120

6.2.4.1 Via de Contorno Leste, Atual BR – 116 ....................................................................................................................................................... 120

6.2.4.2 Rodovia Federal BR-277 ................................................................................................................................................................................ 120

6.2.4.3 Rodovia Federal BR-376 ................................................................................................................................................................................ 120

6.2.4.4 Avenida Rui Barbosa .......................................................................................................................................................................................121

6.2.4.5 Avenida das Torres ..........................................................................................................................................................................................121

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6.2.4.6 Avenida das Américas .....................................................................................................................................................................................121

6.2.5 Aspectos de Destaque do Sistema Viário Rural............................................................................................................................................122

6.2.6 Aspectos de Destaque do Sistema Viário Urbano........................................................................................................................................122

6.2.7 Aspectos de Destaque da Área Central .......................................................................................................................................................... 124

6.2.8 Análise em Relação e Estudos e Projetos Existentes...................................................................................................................................125

6.2.8.1 Avenida Rui Barbosa ...................................................................................................................................................................................... 125

6.2.8.2 Rodovia Federal BR- 376 ............................................................................................................................................................................... 126

6.2.8.3 Estrutural Leste/Oeste - Eixo de Desenvolvimento Regional e Urbano ............................................................................................. 126

6.2.8.4 Acesso ao Terminal São Marcos .................................................................................................................................................................. 126

6.2.8.5 Binário de Circulação ..................................................................................................................................................................................... 126

6.2.8.6 Rede Cicloviária .............................................................................................................................................................................................. 127

7 SISTEMA DE TRANSPORTE COLETIVO DE PASSAGEIROS...........................................................................................................................128

7.1 Sistema de Transporte Coletivo Metropolitano ...............................................................................................................................................129

7.2 Sistema de Transporte Coletivo Urbano ............................................................................................................................................................. 131

7.2.1 Características operacionais ............................................................................................................................................................................... 131

7.2.2 Integração urbana................................................................................................................................................................................................... 136

7.2.3 Evolução do sistema .............................................................................................................................................................................................. 138

7.2.4 Frota ........................................................................................................................................................................................................................... 139

7.3 A Integração entre os Sistemas Urbano e Metropolitano .............................................................................................................................. 141

7.4 A Licitação do Sistema de Transporte Coletivo Urbano ................................................................................................................................143

8 ASPECTOS SOCIAIS ......................................................................................................................................................................................................... 149

8.1 São José dos Pinhais e o Índice de Desenvolvimento Humano ....................................................................................................................150

8.2 Habitação de Interesse Social ................................................................................................................................................................................. 153

8.3 Perfil dos Bairros ......................................................................................................................................................................................................... 158

8.4 Distribuição dos Equipamentos em São José dos Pinhais ..............................................................................................................................169

8.4.1 Unidades de Ensino ............................................................................................................................................................................................... 173

8.4.1.1 CEMAE e CEMEI ........................................................................................................................................................................................... 173

8.4.1.2 Educação Infantil ............................................................................................................................................................................................ 173

8.4.1.3 Educação Fundamental ................................................................................................................................................................................. 174

8.4.1.4 Ensino Médio ................................................................................................................................................................................................... 174

8.4.1.5 Ensino Superior e Profissionalizante .......................................................................................................................................................... 174

8.4.2 Unidades de Saúde................................................................................................................................................................................................. 175

8.4.2.1 Hospital ............................................................................................................................................................................................................. 175

8.4.2.2 Laboratórios ..................................................................................................................................................................................................... 175

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8.4.2.3 Serviços de Apoio e de Saúde........................................................................................................................................................................ 175

8.4.2.4 Unidades de Saúde.......................................................................................................................................................................................... 175

9 O DIAGNÓSTICO TURÍSTICO DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS ........................................................................................................................... 176

9.1 Definições ...................................................................................................................................................................................................................... 177

9.2 Plano Diretor Municipal ...........................................................................................................................................................................................180

9.3 Panorama Geral do Turismo em São José dos Pinhais .................................................................................................................................... 181

9.3.1 Inserção Estadual ................................................................................................................................................................................................... 181

9.3.2 Agentes de Politica Pública no Turismo em São José dos Pinhais ..........................................................................................................182

9.4 Turismo Rural .............................................................................................................................................................................................................. 183

9.4.1 Colônia Mergulhão ................................................................................................................................................................................................ 183

9.4.2 Colônia Murici ....................................................................................................................................................................................................... 184

9.4.2.1 Represamento no Rio Miringuava .............................................................................................................................................................. 184

9.4.3 Colônia Marcelino................................................................................................................................................................................................. 184

9.5 Ecoturismo e Turismo de Aventura ...................................................................................................................................................................... 185

9.5.1 Campina do Taquaral ............................................................................................................................................................................................186

9.5.2 Castelhanos ..............................................................................................................................................................................................................186

9.5.3 Guaricana ..................................................................................................................................................................................................................186

9.6 Cicloturismo ................................................................................................................................................................................................................. 187

9.7 Turismo no Espaço Urbano ..................................................................................................................................................................................... 188

9.8 Departamento de Turismo ....................................................................................................................................................................................... 188

9.8.1 Plano de Ação 2013-2016 ..................................................................................................................................................................................... 190

9.9 Atrativos Turísticos .................................................................................................................................................................................................. 194

9.9.1 Patrimônio Histórico Tombado.........................................................................................................................................................................195

9.9.2 Equipamentos e Serviços Turísticos.................................................................................................................................................................195

9.10 Prognóstico ...................................................................................................................................................................................................................196

10 SÍNTESE DA LEITURA DA REALIDADE, VOCAÇÕES E DESAFIOS .............................................................................................................199

10.1 Processo de Consulta Municipal...........................................................................................................................................................................200

10.1.1 Audiências Públicas ..............................................................................................................................................................................................200

10.1.2 Comissão de Acompanhamento ........................................................................................................................................................................210

10.2 Vazios Urbanos ou áreas com baixa densidade de ocupação ....................................................................................................................... 211

10.3 Leitura do Território Municipal e do Território Urbano .............................................................................................................................. 214

11 REFERÊNCIAS.....................................................................................................................................................................................................................216

11.1 Referências Bibliográficas ........................................................................................................................................................................................ 217

11.2 Referências Mapas ......................................................................................................................................................................................................219

12 ANEXOS ................................................................................................................................................................................................................................ 222

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ÍNDICE DE FIGURAS

1. Infraestrutura Rodoviária do Estado do Paraná ................................................................................................................................................................. 8 2. O Território da Região Metropolitana de Curitiba ............................................................................................................................................................ 9 3. Estrutura de Crescimento, Curitiba ..................................................................................................................................................................................... 11 4. Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Curitiba, 1978. .................................................................................................. 11 5. Evolução da Ocupação Urbana - RMC ............................................................................................................................................................................... 13 6. Planta Genérica de Valores Imobiliários............................................................................................................................................................................. 13 7. Vetores de Expansão Percentual de Acréscimo Populacional 2000-2010 do NUC sem Curitiba ......................................................................... 14 8. Direcionamento da Expansão da RMC e Instrumentos de Gestão Ambiental – SIGPROM ................................................................................. 14 9. Núcleo Urbano Central da RMC ......................................................................................................................................................................................... 15 10. Aptidão Agrícola e Fragilidade a Ocupação Urbana em Território Metropolitano, PDI 2006.......................................................................... 15 11. Áreas Disponíveis à Ocupação – Zoneamentos Urbanos ............................................................................................................................................... 16 12. Áreas para Expansão Urbana - NUC .............................................................................................................................................................................. 16 13. Rebatimentos Territoriais da Proposta de Ordenamento Territorial - NUC ........................................................................................................ 16 14. Unidades de Conservação - RMC ................................................................................................................................................................................... 17 15. Delimitação das Áreas de Mananciais da RMC............................................................................................................................................................ 17 16. Taxas de Crescimento estimadas por Zona de Atendimento.................................................................................................................................... 18 17. Sistema de Produção e Abastecimento - SAIC .................................................................................................................................................................. 19 18. Qualidade Atual x Enquadramento Atual de Acordo com a Classe do Curso de Água - Alto Iguaçu e Afluentes do Alto Ribeira ......... 20 19. Áreas de Risco de Inundação – RMC ............................................................................................................................................................................. 21 20. Pressupostos AIERI – Mapa Síntese .............................................................................................................................................................................. 22 21. Proposta de Zoneamento da AIERI ................................................................................................................................................................................23 22. Parque Metropolitano do Iguaçu – Singularidades - Macroescala ......................................................................................................................... 24 23. Distribuição dos Principais Investimentos Privados – Paraná Competitivo ........................................................................................................ 26 24. Área com Potencialidade Logística e Industrial - NUC............................................................................................................................................. 26 25. Espaços Econômicos Relevantes .....................................................................................................................................................................................27 26. Participação do Faturamento das Indústrias entre as 300 Maiores (PR) no Total do Faturamento Industrial........................................... 28 27. Ocupações Irregulares nos Municípios da RMC, 1997 .............................................................................................................................................. 29 28. Déficit Habitacional Relativo dos Municípios da RMC - 2000................................................................................................................................30 29. Déficit Habitacional Absoluto dos Municípios da RMC - 2000 ..............................................................................................................................30 30. Pobreza, Carência de Infraestrutura e Déficit Habitacional - Paraná .....................................................................................................................30 31. Plano Diretor – Aeroporto Internacional Afonso Pena ...............................................................................................................................................32 32. Localização do Poliduto Sarandi-Paranaguá................................................................................................................................................................. 33 33. Ramal Ferroviário, Alternativas de Traçados Estudadas .......................................................................................................................................... 34 34. Ramal Ferroviário, Traçado Selecionado .......................................................................................................................................................................35 35. Síntese Cenário Regional...................................................................................................................................................................................................36 36. Figura Plano Diretor Multimodal: FERROVIA, RODOVIA, AEROPORTO, PORTO, CICLOVIA ................................................................ 37 37. Alternativas do Novo Traçado Ferroviário .................................................................................................................................................................... 37 38. Novo Traçado Ferroviário Proposto ...............................................................................................................................................................................38 39. Divisão Administrações Regionais, Curitiba ................................................................................................................................................................39 40. Curitiba - Regional Cajuru................................................................................................................................................................................................39 41. Curitiba - Regional Boqueirão......................................................................................................................................................................................... 40 42. Curitiba - Regional Bairro Novo ..................................................................................................................................................................................... 40 43. Território dos Municípios Metropolitanos – 1853, 1950 e 1999. .............................................................................................................................. 43

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44. Taxas de Crescimento – Economia Residencial, Ligação Elétrica e Domicílio Urbano – 2000 a 2010. .......................................................... 45 45. Evolução da Ocupação – 1953 a 2010 ............................................................................................................................................................................. 46 46. Mapa Hidrográfico e Áreas de Preservação Permanente. .......................................................................................................................................... 49 47. Hipsometria no Território Municipal............................................................................................................................................................................. 51 48. Declividades no Território Municipal ........................................................................................................................................................................... 52 49. Modelo Digital do Terreno, São José dos Pinhais ........................................................................................................................................................53 50. Representação do Relevo Sombreado............................................................................................................................................................................ 54 51. Geomorfologia no Território Municipal ........................................................................................................................................................................55 52. Classes de Adequabilidade ao Uso do Solo Urbano ....................................................................................................................................................56 53. Áreas de Risco de Inundação, São José dos Pinhais.....................................................................................................................................................58 54. Planícies e Terraços Aluvionares, São José dos Pinhais ............................................................................................................................................. 59 55. Remanescentes de Mata Atlântica, São José dos Pinhais .......................................................................................................................................... 60 56. Mananciais em São José dos Pinhais ............................................................................................................................................................................... 61 57. Prioridades SAIC – Imediata, Prioridade 1 e Prioridade 2 ......................................................................................................................................... 64 58. Concepção do Sistema - SAIC ..........................................................................................................................................................................................65 59. Parques e Demais Unidades de Conservação, São José dos Pinhais ....................................................................................................................... 66 60. Síntese das Condicionantes Ambientais ........................................................................................................................................................................68 61. Representação do Relevo Sombreado e as Áreas Ocupáveis .................................................................................................................................... 69 62. Síntese das Condicionantes Ambientais com Cones de Aproximação e Curvas de Ruído do Aeroporto Internacional Afonso Pena.....70 63. Macrozoneamento da Mineração, RMC ........................................................................................................................................................................72 64. Estatística dos direitos minerários por fase de legalização, existentes no município de São José dos Pinhais em agosto/2014 ................ 73 65. Relação dos direitos minerários por substância no município de São José dos Pinhais em ago/2014.............................................................. 73 66. Direitos Minerários em São José dos Pinhais ................................................................................................................................................................ 75 67. Zoneamento APA de Guaratuba ...................................................................................................................................................................................... 87 68. Programa de Saneamento Ambiental da RMC ............................................................................................................................................................ 89 69. Macrozoneamento ............................................................................................................................................................................................................. 96 70. Zoneamento Municipal .................................................................................................................................................................................................... 98 71. Hierarquia Viária ................................................................................................................................................................................................................... 100 72. Zoneamento UTP do Itaqui ............................................................................................................................................................................................ 102 73. Localização dos Eixos Especiais de Adensamento no Perímetro Urbano ............................................................................................................104 74. Sintese dos Parâmetros de Uso e Ocupação do Solo .................................................................................................................................................104 75. Mapa Alvarás de Construção.......................................................................................................................................................................................... 107 76. Mapa Alvarás de Funcionamento .................................................................................................................................................................................. 107 77. Mapa Empreendimentos com EIV................................................................................................................................................................................. 108 78. Mapa Destaques da Economia Municipal ................................................................................................................................................................... 109 79. Anexo VI – Setorização da Calçada em Três Faixas................................................................................................................................................... 113 80. Anexo VII – Dimensões Mínimas de Calçadas ............................................................................................................................................................ 113 81. Diretrizes para o Sistema Viário Metropolitano .........................................................................................................................................................116 82. Reclassificação Funcional do Sistema Viário Metropolitano...................................................................................................................................116 83. O Sistema Viário Municipal ............................................................................................................................................................................................. 117 84. O Sistema Viário Rural......................................................................................................................................................................................................118 85. O Sistema Viário Urbano ..................................................................................................................................................................................................119 86. Principais Conflitos Viários ............................................................................................................................................................................................ 123 87. Transito na Área Central ................................................................................................................................................................................................. 124 88. Rede Cicloviária................................................................................................................................................................................................................. 127 89. Rede de Linhas Metropolitanas que operam em São José dos Pinhais.................................................................................................................. 130 90. Rede de Linhas Urbanas que operam em São José dos Pinhais .............................................................................................................................. 133

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91. Número de linhas por terminal ...................................................................................................................................................................................... 136 92. Passageiros/dia por terminal ........................................................................................................................................................................................... 136 93. Ônibus/hora por terminal ................................................................................................................................................................................................ 136 94. Evolução Mensal da Demanda do Sistema .................................................................................................................................................................. 138 95. Evolução Anual da Demanda do Sistema ..................................................................................................................................................................... 138 96. Frota por Empresa............................................................................................................................................................................................................. 139 97. Frota por Modelo de Veículo .......................................................................................................................................................................................... 139 98. Características dos Ônibus .............................................................................................................................................................................................140 99. Proposta de Expansão Futura e Interligação de Várias Regiões de São José dos Pinhais ................................................................................. 143 100. Linhas do LOTE 01 – Regiões Norte, Leste e Oeste ................................................................................................................................................... 145 101. Linhas do LOTE 02 – Regiões Sul ................................................................................................................................................................................. 145 102. Perfil das Vias Estruturais ............................................................................................................................................................................................... 147 103. Déficit Habitacional em São José dos Pinhais e RMC – 2010.................................................................................................................................. 155 104. Inadequação de Domicílios em São José dos Pinhais e RMC – 2010 ..................................................................................................................... 155 105. Áreas com Habitação de Interesse Social..................................................................................................................................................................... 157 106. Densidade dos Bairros ...................................................................................................................................................................................................... 160 107. Cobertura de Água e Esgoto nos Bairros...................................................................................................................................................................... 160 108. Escolaridade ....................................................................................................................................................................................................................... 163 109. População Estudando, excluindo Ensino Fundamental Obrigatório .................................................................................................................... 163 110. Trabalho .............................................................................................................................................................................................................................. 166 111. Renda ................................................................................................................................................................................................................................... 166 112. Zonas de Abastecimento SAIC em São José dos Pinhais e Entorno. ..................................................................................................................... 167 113. Taxa de Crescimento Estimada 2012-2020 ................................................................................................................................................................. 168 114. Economias Residenciais Estimadas 2020 .................................................................................................................................................................... 168 115. Bairros no Perímetro Urbano.......................................................................................................................................................................................... 170 116. Localidades Rurais ............................................................................................................................................................................................................ 170 117. Distribuição dos Equipamentos no Município, Distritos e Bairros ........................................................................................................................ 171 118. Distribuição dos Equipamentos no Perímetro Urbano por Bairro......................................................................................................................... 172 119. Distribuição dos Equipamentos de Ensino – Rede Pública ..................................................................................................................................... 173 120. Distribuição dos Equipamentos de Ensino – Rede Privada ..................................................................................................................................... 173 121. Distribuição dos Equipamentos de Ensino Superior e Profissionalizante .......................................................................................................... 174 122. Distribuição dos Equipamentos de Saúde – Rede Pública....................................................................................................................................... 175 123. Distribuição dos Equipamentos de Saúde – Rede Privada ...................................................................................................................................... 175 124. Rotas do Pinhão, Região Metropolitana de Curitiba .................................................................................................................................................181 125. Acessos Turismo Rural Eco-Turismo ........................................................................................................................................................................... 187 126. Localização dos Atrativos Turísticos em São José dos Pinhais. .............................................................................................................................. 194 127. Áreas de Relevante Interesse Turístico para o Município ....................................................................................................................................... 198 128. Imagens das Audiências Públicas Realizadas em SJP .............................................................................................................................................. 200 129. Cronograma de Realização das Audiências Públicas ................................................................................................................................................ 201 130. Mapa com a Definição das Regiões para Realização das Audiências Públicas ................................................................................................... 201 131. Mapa Síntese Audiência Centro Expandido .............................................................................................................................................................. 202 132. Mapa Síntese Audiência Grande Guatupê ................................................................................................................................................................. 203 133. Mapa Síntese Audiência Grande Afonso Pena........................................................................................................................................................... 204 134. Mapa Síntese Audiência Borda do Campo ................................................................................................................................................................. 205 135. Mapa Síntese Audiência São Marcos/ Jardim Carmen ............................................................................................................................................ 206 136. Mapa Síntese Audiência Rural 1 – Campina do Taquaral ....................................................................................................................................... 207 137. Mapa Síntese Audiência Rural 2 – Campestre da Faxina ....................................................................................................................................... 208

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138. Mapa Síntese Audiência Rural 3 – Colônia Murici .................................................................................................................................................. 209 139. Mapa de Referência da Consulta Municipal ............................................................................................................................................................... 210 140. Áreas Indentificadas comoVazios Urbanos em São José dos Pinhais.....................................................................................................................211 141. Vazios Urbanos | Áreas Públicas ................................................................................................................................................................................... 212 142. Vazios Urbanos sob Base SinteseAmbiental ............................................................................................................................................................... 212 143. Vazios Urbanos | Áreas com Vocação Industrial ....................................................................................................................................................... 213 144. Vazios Urbanos | Áreas com Vocação ao Uso Misto................................................................................................................................................. 213 145. Leitura do Território Municipal .................................................................................................................................................................................... 214 146. Leitura do Território Urbano ......................................................................................................................................................................................... 215

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ÍNDICE DE TABELAS

1. Informações municípios metropolitanos .............................................................................................................................................................................. 7 2. Municípios Metropolitanos, evolução da população e taxas de crescimento, 1970-2010.......................................................................................... 7 3. Regiões metropolitanas brasileiras, taxa de crescimento por década, 1970-2010 ..................................................................................................... 10 4. O Colar Metropolitano de Indústrias.................................................................................................................................................................................. 12 5. População censitária segundo tipo de domicílio e sexo - 2010 ..................................................................................................................................... 44 6. População em Idade Ativa (PIA) e População Economicamente Ativa (PEA) por tipo de domicílio e sexo – 2010 ........................................ 44 7. Produto Interno Bruto (PIB) per capita e preços correntes - 2011 ................................................................................................................................47 8. Evolução do número de empregos formais gerados no município por atividade econômica, 2000-2010 ............................................................47 9. Movimentação de hortifrutigranjeiros na região metropolitana de Curitiba – 2011/2012 ....................................................................................... 78 10. Valor bruto nominal da produção agropecuária – 2012 ..............................................................................................................................................79 11. Estabelecimentos agropecuários e área segundo as atividades econômicas - 2006 ..................................................................................................79 12. Área colhida, produção, rendimento médio e valor da produção agrícola - 2012................................................................................................. 80 13. Efetivo de pecuária e aves - 2012 ..................................................................................................................................................................................... 80 14. Produção de origem animal - 2012 ................................................................................................................................................................................... 81 15. Estabelecimentos agropecuários e área segundo a condição do produtor - 2006................................................................................................. 81 16. Financiamentos a agricultura e a pecuária - 2012 ........................................................................................................................................................ 81 17. Estatística de DAPs em São José do Pinhais ..................................................................................................................................................................... 82 18. Assistência técnica e extensão rural – ATER............................................................................................................................................................... 82 19. ZEE - APA de Guaratuba - zonas, objetivos e diretrizes............................................................................................................................................86 20. Parâmetros de uso e ocupação do solo – Distrito Industrial Campo Largo da Roseira ......................................................................................101 21. Parâmetros de uso e ocupação do solo – Distrito Industrial de São José dos Pinhais.........................................................................................101 22. Parâmetros de uso e ocupação do solo – Unidade Territorial de Planejamento do Itaqui................................................................................ 102 23. Síntese dos parâmetros de uso e ocupação do solo .................................................................................................................................................... 103 24. Resumo das linhas metropolitanas existentes e suas respectivas tarifas ............................................................................................................. 129 25. Operação das empresas de transporte de São José dos Pinhais .............................................................................................................................. 132 26. Dados operacionais ........................................................................................................................................................................................................... 134 27. Dados operacionais (continuação) ................................................................................................................................................................................ 135 28. Terminais de integração – resumo dia útil................................................................................................................................................................... 136 29. Evolução do sistema de transporte coletivo urbano .................................................................................................................................................. 138 30. Frota por empresa e por modelo de veículo................................................................................................................................................................. 139 31. Idade média da frota ......................................................................................................................................................................................................... 139 32. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal e seus componentes, São José dos Pinhais........................................................................... 150 33. Ocupação da população de 18 anos ou mais ................................................................................................................................................................ 152 34. Densidade e Saneamento ................................................................................................................................................................................................. 159 35. Escolaridade e população estudando, indicadores por bairro ................................................................................................................................. 162 36. Trabalho e renda, indicadores por bairro ..................................................................................................................................................................... 165 37. Agentes de politica pública no turismo em São José dos Pinhais ........................................................................................................................... 182 38. Organização oficial de turismo, eventos e projetos ................................................................................................................................................... 188 39. Objetivos e ações do Plano de Ação 2013 – 2016, Turismo ....................................................................................................................................... 190

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INTRODUÇÃO

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A revisão de um Plano Diretor Municipal representa uma oportunidade preciosa de voltar os olhares do poder público, da sociedade e da iniciativa privada para o espaço da vivência cotidiana, mas cuja reflexão sobre seus atributos – positivos ou negativos – acaba por ser relegada a um plano secundário dentro das premências do dia-a-dia.

Como é a São José dos Pinhais onde desejamos viver? Qual é a visão de futuro que guia a ação presente de forma que a população do município venha a usufruir de uma melhor qualidade de vida?

É no território que muitas das possibilidades de resposta a esses questionamentos são encontradas. Melhores condições de mobilidade; a presença de espaços qualificados para o encontro, lazer e contemplação; o contato com o semelhante e com a natureza; oportunidades de empreender e trabalhar; oferta de infraestruturas e serviços urbanos; e a amálgama de usos que caracterizam a urbanidade e também a vida no campo.

O presente trabalho vem contribuir para esse processo ao estudar a macroestruturação urbana do município como subsídio ao processo de revisão do Plano Diretor.

Neste primeiro momento, o esforço foi o de tomar ciência e analisar a dinâmica hoje presente no território de São José dos Pinhais. Com o apoio da Prefeitura Municipal, amealhou-se um grande volume de informações relativas às escalas regional e municipal, principalmente em seus aspectos físico-territoriais, mas também procurando compreender os rebatimentos de processos econômicos, sociais, culturais, históricos, institucionais e ambientais vigentes e tendenciais.

Esse cabedal foi analisado e sintetizado, procurando evidenciar quais são os elementos – existentes e/ou potenciais – capazes de criar a estrutura de vida e trabalho desejada para São José dos Pinhais; o que pode fortalecer sua identidade; como melhor proteger e integrar seu patrimônio ambiental, cultural e paisagístico e, ao mesmo tempo, favorecer as oportunidades de desenvolvimento econômico, cultural e social.

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O que se revelou nessa Leitura da Realidade foi um município de muitas oportunidades.

São José dos Pinhais tem sólidas raízes históricas e culturais que fundamentam sua identidade. Tem uma base econômica sólida baseada na indústria, mas também diversificada na agricultura, na mineração e nas atividades do setor terciário. Essa força e diversidade criam empregos e atraem capital humano. Possui um patrimônio ambiental e paisagístico de destaque, com a presença, entre outros, de porções do Rio Iguaçu e da Serra do Mar em seu território. Goza de uma estrutura de mobilidade rodoviária e aeroviária com possibilidades de conexão ferroviária e portuária, potencialmente compondo relações de intermodalidade. Possui em relativa abundância água, recurso indispensável à vida.

Em um cenário de tantas benesses há também escassez e conflitos, os quais surgem principalmente na área social, em particular no atendimento às necessidades habitacionais; ambiental, tanto em termos de infraestrutura de saneamento quanto na gestão/proteção desses espaços; e institucional, que derivam das deficiências dos mecanismos de fiscalização e controle em suas diversas esferas.

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O desafio que é lançado ao novo plano diretor de São José dos Pinhais talvez seja o de como bem trabalhar as transições e interfaces dentro do território municipal: como promover a integração metropolitana e reforçar a identidade local; como fomentar a existência e o convívio da diversidade; como aproximar de forma coerente as áreas urbanizadas e as áreas de proteção ambiental dentro de territórios de uso compartilhado; como conciliar fluxos locais e de passagem; como interligar um território recortado por grandes infraestruturas de mobilidade regional; como relacionar cidade, campo e natureza de forma que os melhores atributos de cada um desses ambientes sejam evidenciados.

O que se apresenta nas páginas subsequentes é uma leitura sintética dos componentes que atuam sobre essas interfaces, e que balizarão o conjunto de propostas que almejam ajudar a construir o sonho compartilhado, a visão do futuro que se deseja para São José dos Pinhais.

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1 O CENÁRIO REGIONAL

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1.1 SÃO JOSÉ DOS PINHAIS NA REGIÃO METROPOLITANA

São José dos Pinhais está localizado na Região Metropolitana de Curitiba - RMC, a qual é composta atualmente por 29 municípios. Estendendo-se no território paranaense às suas divisas norte (São Paulo) e sul (Santa Catarina), seus cerca de 16,5 mil km2 a posicionam como a segunda maior em área do país.

Estão presentes no âmbito da metrópole parte de dois dos principais patrimônios ambientais, simbólicos e paisagísticos do estado: o Iguaçu, rio-símbolo do Paraná tem suas nascentes na RMC; e também nela se encontra parte da Serra do Mar com sua cobertura de Mata Atlântica.

Com aproximadamente 945km2 e fazendo divisa com os municípios metropolitanos de Curitiba, Pinhais, Piraquara, Fazenda Rio Grande, Mandirituba e Tijucas do Sul, além dos litorâneos Morretes e Guaratuba, São José dos Pinhais é o quinto maior município em extensão territorial na RMC, respondendo por cerca 5% de sua área. Tanto o Rio Iguaçu quanto a Serra do Mar são parte de seu território e paisagem.

A estimativa populacional recentemente divulgada pelo IBGE para 2014 contabiliza uma população residente de 3.414.115 para a RMC, posicionando-a em 8º lugar no cenário nacional. Este número é 5,9% maior do que o registrado no Censo de 2010 (3.223.836). Com a população do Paraná estimada em cerca de 11,081 milhões de habitantes (um crescimento estimado de 5,75% - 10.444.526 na medição do Censo de 2010), responde por aproximadamente 30,8% do total.

Entre os 25 municípios mais populosos do Brasil, o Paraná é representado apenas por Curitiba. Com população estimada em 1.864.416 habitantes ocupa a 8ª posição, tanto como município isolado como capital, denotando um crescimento estimado de 6,03% em relação ao Censo de 2010 (1.751.907).

Com população estimada de 292.934 em 2014, São José dos Pinhais é o 90º município mais populoso no ranking do país, 6º do estado e o 2º da RMC. Considerando-se a população residente registrada pelo Censo de 2010 (264.210), o acréscimo seria de 9,8%, superando a média estadual e regional.

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1. Informações municípios metropolitanos

2. Municípios Metropolitanos, evolução da população e taxas de crescimento, 1970-2010

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A Região Metropolitana de Curitiba ocupa uma posição geográfica estratégica no estado, estando próxima dos principais mercados produtores e consumidores brasileiros e dos países do Mercosul. Importantes rodovias nacionais (BR-116, BR-277 e BR-376 (101)) conectam-na com esses polos, e outras infraestruturas relevantes perpassam o seu território, como ferrovias que se ligam ao Porto de Paranaguá, o gasoduto Brasil-Bolívia e o oleoduto Paranaguá-Araucária.

1. Infraestrutura Rodoviária do Estado do Paraná

Fonte: IPARDES. Os Vários Paranás: Identificação de Espacialidades Socioeconômico-Institucionais como Subsídio a Políticas de Desenvolvimento Regional, 2006.

Nesse contexto São José dos Pinhais encontra-se particularmente bem posicionado, podendo conectar-se de forma direta a essa malha viária regional e com grande proximidade do Porto de Paranaguá. Cabe destacar a presença do Aeroporto Internacional Afonso Pena que atende a metrópole e situa-se no território do município, com grande atividade (e previsão de expansão) tanto no transporte de passageiros quanto de cargas.

Cerca de 15km (distância de condução) separam São José dos Pinhais de Curitiba e 80km do Porto de Paranaguá, especializado na exportação agroindustrial. É ainda curta a distância que separa o município dos atrativos do litoral do estado, estando a cerca de 60km de Morretes, 74km de Antonina, 88km de Pontal do Paraná, 100km de Matinhos e 120km de Guaratuba.

Verifica-se que o conjunto de ativos presentes na RMC – tanto de infraestrutura quanto de capital humano – têm se refletido em desenvolvimento econômico, com a atração de muitos investimentos nas últimas décadas.

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2. O Território da Região Metropolitana de Curitiba

Fonte: Comec. Elaboração JLAA.

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1.2 SÃO JOSÉ DOS PINHAIS E A ESTRATÉGIA DE PLANEJAMENTO METROPOLITANO

O recorte territorial “Região Metropolitana de Curitiba - RMC” foi criado em 1973, junto com outras 12 regiões metropolitanas, por legislação federal, com o intuito de lançar as bases para a construção de um arcabouço institucional capaz de pensar o ordenamento territorial e a gestão das funções públicas de interesse comum de forma estratégica e integrada nos principais aglomerados urbanos do país.

Tendo como polo o município de Curitiba, a RMC vivenciou nas décadas de 1970 a 2000 taxas acentuadas de crescimento populacional e alterações importantes na sua base econômica (anteriormente ancorada na indústria extrativa do mate, moveleira e as funções administrativas da capital), ensejando uma série de diretrizes capitaneadas pela Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) – órgão de planejamento metropolitano estadual - em conjunto com os municípios, almejando uma estratégia harmônica de desenvolvimento que dialogasse com a base natural da região, e construísse políticas coerentes para o uso do solo, transporte público, sistema viário, gestão dos resíduos sólidos, saneamento ambiental, habitação e geração de emprego e renda. Essa visão regional foi inicialmente consolidada no Plano de Desenvolvimento Integrado (PDI) em 1978.

Nessa época, Curitiba já havia iniciado a implantação de seu Plano Diretor, que procurava conduzir os principais vetores do crescimento urbano da capital ao longo dos eixos de adensamento representados pelo setor estrutural, que combina o sistema viário e o transporte público de maior capacidade, e o uso do solo, promovendo a densidade e a mistura de usos. Já havia lançado também a construção daquilo que depois se consolidou como a Rede Integrada de Transporte, com abrangência metropolitana (RIT-M), com a primeira linha do ônibus “expresso” em canaleta exclusiva no eixo norte-sul, inaugurando o conceito do que posteriormente ficou conhecido como Bus Rapid Transit (BRT). Datam desse período também alguns dos principais cartões-postais e espaços públicos da cidade, como, por exemplo, o calçadão da Rua XV (a Rua das Flores) e o início da revitalização do setor histórico, o Teatro do Paiol, os parques Barigui e São Lourenço (integrantes do sistema de macrodrenagem urbana), trabalhando questões de identidade da cidade e de sustentabilidade ambiental. Ainda, lançaram-se as bases para a transformação econômica da metrópole com a criação da Cidade Industrial de Curitiba-CIC que, adotando a premissa de atrair indústrias de maior conteúdo tecnológico e menor impacto ambiental, é hoje âncora e alavanca para a instalação de indústrias de maior valor agregado na região. É a casa de empresas de ponta como Volvo, Bosch e Siemens.

Curitiba hoje, dentro do sistema urbano brasileiro, compartilha com Porto Alegre o nível de centralidade máximo na Região Sul, polarizando não somente a rede urbana paranaense,mas colocando sob sua influência as áreas de abrangência das principais cidades catarinenses.

No panorama metropolitano, lançaram-se as diretrizes de ordenamento territorial que protegiam de uma ocupação de maior densidade os quadrantes leste e norte, regiões onde se situam importantes reservas hídricas da RMC. Situada em grande parte na bacia do Alto Iguaçu, a RMC é uma região de cabeceiras dos rios, ensejando cuidado na gestão dos recursos hídricos. Ainda no quadrante leste estão os contrafortes da Serra do Mar, ainda cobertos de mata atlântica, enquanto que ao norte encontram-se aquíferos subterrâneos (carste) e uma região de topografia mais acidentada.

3. Regiões metropolitanas brasileiras, taxa de crescimento por década, 1970-2010

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3. Estrutura de Crescimento, Curitiba

Fonte: Ippuc.

Ficaram, portanto, estabelecidos como principais territórios para receber o crescimento metropolitano os quadrantes sul e oeste, com a ressalva que ao sul corre o Rio Iguaçu, com algumas áreas de várzea menos adequadas a ocupação urbana, o qual foi protegido por uma diretriz de criação de um Parque ao longo de todo o seu curso em território metropolitano. Junto com a CIC, o distrito da Refinaria Presidente Getúlio Vargas - REPAR, em Araucária, trazia um reforço para a base econômica regional.

Delinearam-se também importantes diretrizes do sistema viário regional, com a concepção do anel de contorno, o qual passa pela CIC no quadrante oeste e depois daria acesso aos municípios metropolitanos e a outros estados a partir da malha viária regional, permitindo separar fluxos mais pesados de carga e de passagem dentro do núcleo urbano da RMC.

4. Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Curitiba, 1978.

Fonte: Comec.

A década de 1980 marcou um período de poucas possibilidades de inversões por parte do setor público em face da profunda crise econômica que o país atravessou, marcada por um cenário de inflação elevada e baixo investimento. Muitas das diretrizes previstas para o planejamento metropolitano de 1978 ficam em compasso de espera, enquanto as elevadas taxas de crescimento demográfico acarretam déficits habitacionais e de infraestrutura (produtiva, de saneamento, social) que teriam que ser enfrentados nas décadas seguintes.

Em 1989, com o intuito de complementar o sistema de captação que se alimenta dos mananciais a leste, foi construída a Represa do Passaúna, em área dos municípios de Curitiba, Araucária, Campo Largo e Campo Magro, o que restringiu a possibilidade de crescimento da metrópole nessa direção.

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Durante final da década de 1980 e a primeira metade da década de 1990 vê-se a implantação de uma série de políticas públicas que fortaleceram o caráter de Curitiba como “capital ecológica”, com a implantação de programas como o Compra do Lixo, Câmbio Verde e Lixo que não é Lixo; a implantação de uma série de importantes parques urbanos e equipamentos educativo-culturais como o Parque das Pedreiras, com a Ópera de Arame e a Pedreira Paulo Leminski, o Jardim Botânico e a Universidade Livre do Meio Ambiente. No sistema de transporte surge a inovação do ônibus “ligeirinho” acompanhado das estações-tubo, permitindo o embarque pré-pago e em nível que se traduz em ganhos importantes na eficiência e operação do transporte coletivo.

A segunda metade da década de 1990 e início do novo milênio trazem uma nova transformação no cenário metropolitano.

Obras importantes de saneamento ambiental conduzidas dentro do guarda-chuva do Programa de Saneamento Ambiental da Região Metropolitana de Curitiba - Prosam reforçam o sistema de captação, tratamento e abastecimento público de água, com a construção de novas represas de abastecimento tais como a do Iraí; investe-se em tratamento de esgoto, com a construção de novas ETEs; em macrodenagem, como o Canal Paralelo ao Rio Iguaçu; além de diversas medidas no meio rural como tanques de piscicultura, agricultura orgânica e circuitos de turismo. Dá-se sequência à construção do Anel de Contorno Metropolitano, conectando as rodovias BR-277, BR-376 e BR-116, o que permitiu iniciar a transformação do trecho da BR-116 que atravessa Curitiba e áreas dos municípios vizinhos em uma via urbana de caráter metropolitano, um novo eixo de transporte e desenvolvimento urbano – a Linha Verde - e expande-se a RIT para 13 municípios metropolitanos. O Aeroporto Afonso Pena passa por diversas reformas, adquirindo o status de aeroporto internacional.

Uma série de investimentos do setor produtivo acompanham esse momento, com a instalação de importantes empresas do setor automotivo tais como a Renault e a Audi-Volkswagen, acompanhadas de diversos fornecedores, que agora são conduzidos ao espaço da metrópole em distritos industriais nos municípios de São José dos Pinhais, Fazenda Rio Grande, Araucária, Campo Largo que, junto com as empresas já existentes, transformam a RMC num dos principais polos automotivos do país. Outras indústrias no setor de tecnologia e no ramo alimentício e cosmético, por exemplo, seguem também a investir fortalecendo a base econômica regional e multiplicando as oportunidades de trabalho.

4. O Colar Metropolitano de Indústrias

Fonte: Comec.Metrópolis em Revista, n.º 01, 1999

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5. Evolução da Ocupação Urbana - RMC

Fonte: COMEC. Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Curitiba 2006 – Propostas de Ordenamento Territorial e Novo Arranjo Institucional. 2006.

Outra temática relevante é direcionar o crescimento urbano da metrópole para áreas com maior aptidão para esse fim, protegendo as bacias definidas como mananciais de abastecimento público, superficiais ou subterrâneas; terrenos de maior fragilidade a ocupação, suscetíveis a enchentes, afundamentos ou deslizamentos, por exemplo; e os patrimônios ambientais da região, como matas ciliares, a Serra do Mar, a floresta atlântica e demais remanescentes florestais.

Tarefa essa de grande magnitude, considerando as demandas represadas por habitação, principalmente para as populações de mais baixa renda; a atratividade natural das infraestruturas viárias para a instalação de atividades econômicas e urbanas; e a existência de muitos parcelamentos aprovados em áreas frágeis anteriormente à Lei Federal n. 6.766/79.

6. Planta Genérica de Valores Imobiliários

Fonte: SUDERHSA; CH2MHILL. Plano Diretor de Drenagem para a Bacia do Alto Iguaçu – RMC, 2002.

A Comec inicia em 2000 a revisão do PDI, buscando reavaliar e atualizar as diretrizes do planejamento regional em face desses novos cenários e desafios. Com a implantação da represa do Passaúna no quadrante Oeste e as alterações nos decretos que delimitam as áreas de mananciais no contexto da RMC, fortalece-se a diretriz de expansão regional para o vetor sul da metrópole. Nas áreas de mananciais, dentro do Sistema de Gestão e Proteção dos Mananciais (SIGPROM) são colocados em prática novos mecanismos de ordenamento do solo, tais como as UTPs (unidades territoriais de planejamento), os zoneamentos das APAs (Áreas de Proteção Ambiental), e o Conselho Gestor dos Mananciais. Observa-se o forte crescimento metropolitano em direção a São José dos Pinhais, Colombo, Fazenda Rio Grande e Araucária.

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7. Vetores de Expansão Percentual de Acréscimo Populacional 2000-2010 do NUC sem Curitiba

8. Direcionamento da Expansão da RMC e Instrumentos de Gestão Ambiental – SIGPROM

Fonte: Comec. PDI – Documento para Discussão. 2000 / Comec.Metrópolis em Revista, n.º 01,1999

Pela grande extensão geográfica, pelos diferentes graus de interação com o município polo, por determinações do meio natural, vocações econômicas e aspectos socioculturais, o planejamento da RMC compartimentou o território regional em anéis, os quais são caracterizados de formas distintas, tendo vocações e diretrizes específicas para suas respectivas realidades.

O anel que envolve a capital, acrescido de alguns municípios que não são fronteiriços mas que interagem de forma intensa com Curitiba, constitui o “Núcleo Urbano Central - NUC”. Formado por 14 municípios, é o recorte territorial que efetivamente abriga a dinâmica metropolitana.

Curitiba, São Jose dos Pinhais, Pinhais, Piraquara, Quatro Barras, Campina Grande dos Sul Colombo, Almirante Tamandaré, Campo Largo, Campo Magro, Itaperuçu, Araucária, Fazenda Rio Grande e Mandirituba concentram 93% da população metropolitana em 36% de seu território, representando 96% do seu PIB.

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9. Núcleo Urbano Central da RMC

Fonte: COMEC. Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Curitiba 2006 – Propostas de Ordenamento Territorial e Novo Arranjo Institucional. 2006.

Dentro de um caminho metodológico abrangente, que cruzou uma série de análises que levaram em conta as características do meio físico, biótico e antrópico, bem como questões sociais e econômicas, o novo Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Curitiba, publicado pela COMEC em 2006,buscou-se evidenciar as aptidões dos diversos espaços do território metropolitano, seja para urbanização, uma utilização mais controlada ou para preservação/conservação.

10. Aptidão Agrícola e Fragilidade a Ocupação Urbana em Território Metropolitano, PDI 2006

Pesando-se todas essas variantes, foi reiterada a potencialidade do quadrante sul/sudoeste da RMC como aquele mais apto a acomodar as necessidades de crescimento econômico e populacional da metrópole nas próximas décadas. Observa-se,portanto, que, excluídos os mananciais e unidades de conservação, a região entre São José dos Pinhais, Fazenda Rio Grande e Araucária qualifica-se como área de expansão. Tal aptidão foi expressa na proposta de ordenamento territorial do Núcleo Urbano Central.

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11. Áreas Disponíveis à Ocupação – Zoneamentos Urbanos

12. Áreas para Expansão Urbana - NUC

13. Rebatimentos Territoriais da Proposta de Ordenamento Territorial - NUC

Fonte: COMEC. Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Curitiba 2006 – Propostas de Ordenamento Territorial e Novo Arranjo Institucional. 2006.

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14. Unidades de Conservação - RMC

Fonte: COMEC. Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Curitiba 2006 – Propostas de Ordenamento Territorial e Novo Arranjo Institucional. 2006.

1.2.1 As Unidades de Conservação e os Mananciais da Região Metropolitana de Curitiba

As unidades de conservação presentes no território da RMC, atendendo às disposições do Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, estão divididas em Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável, e estão sobre a tutela das esferas Federal, Estadual ou Municipal. Observa-se que a maioria delas foi instituída pelo governo estadual.

Pode-se dizer que, em que se pesem as particularidades e atrativos de cada área, essas Unidades foram criadas com duas ênfases distintas: aquelas que visam destacar ativos de paisagem natural/cultural, do relevo e da flora/fauna regional, tais como o Decreto de Tombamento da Serra do Mar, a APA de Guaratuba, e a Área de Especial Interesse Turístico do Marumbi (destacando aquelas com participação no território de São José dos Pinhais); e aquelas que priorizam a proteçãodas bacias nas quais haveria represas (existentes ou projetadas) destinadas ao abastecimento público de água, tais como asAPAs do Pequeno, do Piraquara e do Iraí.

Tramita nas esferas competentes a criaçãoda APA do Miringuava, a qual protegerá a bacia contribuinte do reservatório do Miringuava, e recentemente foi criado (Decreto Federal 13/2014) o Parque Nacional Guaricana, ambos com rebatimentos no território de São José dos Pinhais.

Outra lente que incide sobre a metrópole e condiciona de forma importante sua ocupação são as áreas designadas como de manancial de abastecimento público, assim definidas pelo Decreto Estadual n.º 6194/2012.

Conforme mencionado anteriormente, em 1998 o Governo do Estado, baseado no trabalho da Comec, instituiu o Sistema de Gestão e Proteção dos Mananciais (SIGPROM), por meio da Lei Estadual n.º 12.248/98, em consonância com a Lei Federal n.º 9433/97, que define a Política Nacional de Recursos Hídricos e que destaca instrumentos como os planos de bacia e a outorga onerosa do uso da água.

15. Delimitação das Áreas de Mananciais da RMC

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16. Taxas de Crescimento estimadas por Zona de Atendimento

Fonte: SANEPAR. Plano Diretor SAIC: Sistema Integrado de Abastecimento de Água de Curitiba e Região Metropolitana. 2013.

Conforme o Artigo 1º da Lei 12.248/98,são objetivos de do SIGPROM:

I. Assegurar as condições essenciais à recuperação e preservação dos mananciais para o abastecimento público;

II. Integrar as ações dos vários órgãos e esferas do poder público estadual, municipal e iniciativas de agentes privados;

III. Compatibilizar ações de proteção ao meio ambiente e de preservação de mananciais segundo preceitos de descentralização e participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades;

IV. Propiciar a instalação de instrumentos de gestão de recursos hídricos, preconizados pela Lei Federal n.º 9433/97, no âmbito dos mananciais daRegião Metropolitana de Curitiba.

As Unidades Territoriais de Planejamento foram criadas como instrumentos particulares de ordenamento territorial nas sub-bacias contribuintes dos mananciais de interesse metropolitano (em São José dos Pinhais a UTP do Itaqui se faz presente), e fazem uma espécie de transição entre áreas mais densamente urbanizadas e aquelas onde a ocupação do solo precisa atender parâmetros mais restritivos em função da presença das represas que integram o sistema de abastecimento público (APAs).

Em 2013 a Sanepar publicou o Plano Diretor SAIC: Sistema Integrado de Abastecimento de Água de Curitiba e Região Metropolitana, num horizonte para 2040. O SAIC abastece com água tratada os municípios de Almirante Tamandaré, Araucária, Campina Grande do Sul, Colombo, Curitiba, Fazenda Rio Grande, Pinhais, Piraquara, Quatro Barras e São José dos Pinhais.

Cabe destacar que no sistema atual, os mananciais do Altíssimo Iguaçu (Sistema Iraí e Iguaçu) superam com folga o somatório de todas as outras captações, respondendo por cerca de 63% da produção de água. A captação do Iguaçu é a maior do SAIC, com 3.300l/s (a do Iraí é a segunda maior, com 2.600l/s), e assim permanecerá no horizonte do Plano. Com os investimentos previstos, a captação do Iguaçu passará para 3.600l/s e a do Iraí 3.200l/s. Cabe destacar que os rios Itaqui e Pequeno, que irrigam o território de São José dos Pinhais, contribuem para a captação do Iguaçu

Com as obras previstas para o Sistema Miringuava, este deverá atingir a mesma capacidade do Sistema Passaúna que, quando ampliado, produzirá 2.000l/s (hoje o Miringuava oferta até 900l/s e o Passaúna1.800l/s).

Evidencia-se assim a importância da gestão responsável do uso do solo em particular no quadrante Leste da metrópole, em particular nos rios que compõe a bacia do Altíssimo Iguaçu. Cabe destacar que o Paraná tem um Plano Estadual de Recursos Hídricos (2010), e que também já foi elaborado o Plano da Bacia do Alto Iguaçu e Afluentes do Alto Ribeira (2013), sendo necessário seguir com a sua implantação.

Cabe destacar ainda a necessidade de investimentos substanciais nas redes de coleta e nos sistemas de tratamento do esgoto para a recuperação da qualidade das águas nos mananciais metropolitanos. É notória a deficiência do país nesse setor, e a RMC, em que se pesem todos os investimentos realizados nas últimas décadas e aqueles previstos pela concessionária de saneamento, ainda há déficits importantes a sanar. O monitoramento e a fiscalização do uso e ocupação do solo nesses territórios também são cruciais.

O Ranking do Saneamento 20141, divulgado recentemente pelo Instituto Terra Brasil, apontou que 55% das 100 maiores cidades brasileiras tratam menos de 40% de seus esgotos o que equivale, em termos nacionais, ao lançamento de cerca de 7,4bi de litros (2.959 piscinas2) de esgoto em natura nos cursos d’água, com severos impactos no meio ambiente e na saúde da população. Nesse Ranking, São José dos Pinhais aparece na posição de n.º 61, com um indicador de atendimento total de esgoto de 55%.

As figuras subsequentes mostram a situação atual do Sistema Integrado de Abastecimento de Água de Curitiba e Região Metropolitana e o enquadramento dos corpos hídricos versus a situação monitorada dos rios metropolitanos.

1http://www.tratabrasil.org.br/datafiles/estudos/ranking/tabela-100-cidades2014.pdf 2http://g1.globo.com/brasil/noticia/2014/08/55-das-maiores-cidades-do-pais-tratam-menos-de-40-do-esgoto-diz-estudo.html

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17. Sistema de Produção e Abastecimento - SAIC

Fonte: SANEPAR. Plano Diretor SAIC: Sistema Integrado de Abastecimento de Água de Curitiba e Região Metropolitana. 2013.

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18. Qualidade Atual x Enquadramento Atual de Acordo com a Classe do Curso de Água - Alto Iguaçu e Afluentes do Alto Ribeira

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1.2.2 O Plano Diretor de Drenagem para a Bacia do Rio Iguaçu na Região Metropolitana de Curitiba

O Plano Diretor de Drenagem para a Bacia do Rio Iguaçu na Região Metropolitana de Curitiba foi elaborado em 2002 pela SUDERHSA, com apoio da consultoria CH2MHill, objetivando fornecer às instituições públicas e à comunidade da Bacia do Alto Iguaçu subsídios técnicos e institucionais que permitissem minimizar os impactos das cheias na sua área de abrangência. Compreende as bacias dos afluentes do Rio Iguaçu desde seus formadores (rios Iraí e Atuba), até as bacias dos rios Itaqui e Maurício, abrangendo 14 municípios metropolitanos, entre os quais São José dos Pinhais.

No que se refere à questão dos riscos associados às cheias, para os afluentes da Bacia foram analisados os tempos de recorrência de 10 e 25 anos, enquanto que para o Rio Iguaçu o tempo foi de 50 anos.

O estudo aponta que São José dos Pinhais encontra-se na porção territorial situada na margem esquerda do rio Iguaçu, englobando parte das bacias dos rios Cotia, Miringuava, Pequeno, Ressaca, Avariú, Iraí e planície de inundação do Rio Iguaçu. Foram identificadas 14 manchas de inundação no município.

19. Áreas de Risco de Inundação – RMC

Fonte: http://www2.gazetadopovo.com.br/aguasdoamanha/noticias/post/id/279/titulo/Em+2020,+alagamentos+v%C3%A3o+afetar+mais+gente+no+Alto+Igua%C3%A7u, publicada em 04/06/2011

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1.2.3 A Área de InteresseEspecialRegional do Iguaçu

Já definido como Parque Metropolitano nas diretrizes do PDI-78, o Iguaçu, suas nascentes e suas várzeas tiveram seu papel ambiental, turístico e cultural reforçado com a criação, em 2008, por meio do Decreto N.º 3.742, da Área de Interesse Especial Regional do Iguaçu, na RMC.

Integram essa Unidade as áreas contíguas ao leito do Rio Iguaçu, no trecho compreendido entre as barragens do Rio Irai e do Rio Piraquara, e do Rio Palmital, a jusante da Estrada da Graciosa, em Pinhais, até o início da Área de Proteção Ambiental da Escarpa Devoniana, conforme mapa a seguir.

A COMEC está conduzindo a elaboração do Plano Diretor da Área de Interesse Especial do Iguaçu, com a contratação da Concresolo Engenharia Ltda para a realização dos estudos técnicos.

A demarcação do perímetro definitivo da AIERI tem como referência sua delimitação inicial definida pela cota de inundação do Rio Iguaçu para um tempo de recorrência de 100 anos. Da consulta dos produtos já entregues, verifica-se que, no território de São José dos Pinhais, a AIERI abrange áreas ao longo do rio Iguaçu, desde a foz do rio Itaqui, na divisa com Piraquara, até a foz do rio Cotia, na divisa com Fazenda Rio Grande. Na sede urbana do município a AIERI atinge áreas dos bairros Ipê, Parque da Fonte, Afonso Pena, Cidade Jardim, São Domingos, Aristocrata e Colônia Rio Grande.

20. Pressupostos AIERI – Mapa Síntese

Fonte: COMEC; CONCRESOLO. Plano Diretor da Área de Interesse Especial Regional do Iguaçu. Relatório Final – Vol. 4 – 2ª Versão. Dez. 2013.

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No mapeamento dos pressupostos que condicionam a proposta de zoneamento desta unidade observa-se que estão presentes na porção da AIERI contida no município uma multiplicidade de situações, tais como cavas, áreas urbanizadas e áreas irregulares, remanescentes de florestas de galeria, atividades de mineração, etc., compondo um território plural.

O zoneamento proposto para a AIERI em São José dos Pinhais reflete essa pluralidade com a definição das seguintes zonas:

Zona de Restrição a Ocupação (ZRO) - parcelamento só pode ser liberado nos casos de doação de áreas para compra de potencial construtivo e cujo uso limita-se a atividades de lazer e de conservação definidas em plano de manejo e/ou projeto urbanístico específico;

Zona de Ocupação Orientada II (ZOOII) - lote mínimo de 5.000m² e taxa máxima de ocupação de 25%;

Zona de Urbanização Consolidada I (ZUC I) - lote mínimo de 600m² e taxa máxima de ocupação de 30%;

Setor Especial de Áreas Verdes (SEAV);

Zona Especial de Ocupação Restrita I (ZEOR I) - lote mínimo é de 600 m² e a taxa de ocupação é de 35%;

Zona Rural, - lote mínimo é de 20.000m² e a taxa de ocupação de 5% e onde os usos considerados como adequados incluem até indústrias, desde caseiras até de pequeno e médio porte.

É o Iguaçu que estabelece a divisa entre o polo, Curitiba, e diversos municípios metropolitanos, compartilhando um trecho importante de suas várzeas com São José dos Pinhais. Para além de uma barreira física, este Rio pode ser a linha que costura uma integração urbana-ambiental mais completa no âmbito da RMC.

21. Proposta de Zoneamento da AIERI

Fonte: COMEC; CONCRESOLO. Plano Diretor da Área de Interesse Especial Regional do Iguaçu. Relatório Final – Vol. 4 – 2ª Versão. Dez. 2013.

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1.2.4 Parque Metropolitano do Iguaçu

O Estudo de Concepção do Parque Metropolitano do Iguaçu está sendo conduzido pela COMEC, com a contratação da Concresolo Engenharia Ltda para a realização dos estudos técnicos.

De acordo com o Termo de Referência do estudo, o futuro Parque Metropolitano do Iguaçu está localizado entre os municípios de José dos Pinhais, Pinhais, Curitiba e Piraquara, possuindo uma área de aproximadamente 1.018,34 ha, situada entre o Canal Extravasor e a margem esquerda do Rio Iguaçu, sendo integrante da Bacia do Alto Iguaçu.

Devido às suas características físicas, topográficas e geológicas e precipitações de longa duração, a bacia do Alto Iguaçu tende a ser atingida por enchentes. São agravantes a este processo a baixa capacidade de vazão da calha do Rio Iguaçu e a alta impermeabilização do solo da malha da RMC que, associadas às ocupações irregulares nas várzeas do rio, acabam por contribuir no aumento das vazões de águas superficiais e na redução da infiltração de água, ampliando os problemas sanitários e de inundações na área urbana.

O programa do Parque objetiva soluções que promovam o manejo sustentável das águas pluviais, priorizando dispositivos de amortecimento de cheias e aproveitamento das condições naturais com a implantação de áreas de lazer para a incorporação do parque pela comunidade. Seu escopo considera o Programa de Saneamento Ambiental da RMC, o qual reúne um conjunto amplo e integrado de ações tendo como objetivo principal a melhoria, recuperação e gestão do meio ambiente na Bacia do Alto Iguaçu.

O perímetro do Parque Metropolitano do Iguaçu deverá considerar o leito já implantado do Rio Iguaçu, estabelecendo um corredor de proteção, abrangendo áreas dos municípios de Piraquara e São José dos Pinhais.

22. Parque Metropolitano doIguaçu – Singularidades - Macroescala

Fonte: COMEC; CONCRESOLO. Parque Metropolitano do Iguaçu – Relatório Final. Vol. 2 – Diagnóstico e AID. Tomo I, Versão 1. Nov. 2013

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1.3 DINÂMICA SOCIOECONÔMICA RECENTE

O Paraná vem demonstrando força no cenário brasileiro em termos de atração de investimentos.

Exemplificando, o Ranking de Gestão e Competitividade dos Estados Brasileiros3, estudo realizado desde 2011 pelo The EconomistIntelligence Unit4, com a cooperação do Centro de Liderança Pública5, apresenta um modelo de pontuação dinâmico, construído a partir de 26 indicadores que medem atributos específicos do ambiente operacional de negócios em 26 estados e no Distrito Federal.

A mais recente pesquisa, efetuada entre abril de 2013 e abril de 2014, consistiu em uma avaliação dos aspectos gerais ligados à competitividade de cada unidade federativa do país, com ênfase para os cenários político e econômico, as condições infraestruturais e de regulação, o estoque e fluxo de recursos humanos, além de indicadores de criminalidade, inovação e sustentabilidade.

Entre 2011 e 2014 o Paraná passou da quinta para a terceira posição no ranking nacional, ficando atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro, e suplantando o Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

De acordo com o trabalho, o Paraná teria exibido avanços nas vendas internacionais do agronegócio, na renda per capita, nos dispêndios realizados pelo setor privado com pesquisa e desenvolvimento e nos estímulos fiscais direcionados às políticas ambientais.

Essa força se expressa de forma importante na RMC, particularmente em São José dos Pinhais.

Projeções da Secretaria de Estado da Fazenda, publicadas no caderno Economia da Gazeta do Povo em 28 de Julho do corrente6, indicam que o volume de investimentos privados no Paraná poderá chegar a R$ 30 bilhões em 2014. São empresas de diversos setores que demonstram interesse em se instalar ou ampliar operações no estado dentro do programa Paraná Competitivo, criado em 2011 para induzir o desenvolvimento industrial. Deste montante, cerca de R$ 3,4 bi estariam direcionados para São José dos Pinhais por investimentos da Volkswagen, Renault, Brose, Audi, AlterSolutions, Boticário e Conduspar. Outros quase R$ 500 milhões em investimentos estão previstos para outros municípios metropolitanos.

As regiões mais próximas de Curitiba ainda são as mais procuradas pelas empresas quando se trata de investimentos de maior porte, segundo levantamento da Secretaria de Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, segundo o artigo.

3http://www.bemparana.com.br/noticia/338893/parana-e-o-terceiro-estado-mais-competitivo-do-brasil 4Divisão de pesquisa e análise do The EconomistGroup, companhia irmã do jornal The Economist. Empresa britânica criada em 1946 e com 40 filias mundo afora, tem como foco auxiliar investidores, empresas e governos a entender as mudanças no cenário global e como isso cria oportunidades a serem aproveitadas e riscos a serem gerenciados. 5http://www.clp.org.br/2013/?thinktank=indicaores-dos-estados 6http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=1494655

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23. Distribuição dos Principais Investimentos Privados – Paraná Competitivo

http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=1494655

24. Área com Potencialidade Logística e Industrial - NUC

Fonte: COMEC. Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Curitiba 2006 – Propostas de Ordenamento Territorial e Novo Arranjo Institucional. 2006.

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Buscando entender melhor o posicionamento de São José dos Pinhais no contexto econômico regional, tomou-se como referência o estudo “Os Vários Paranás – Identificação de Espacialidades Socioeconômico-Institucionais como Subsídios a Políticas de Desenvolvimento Regional”, publicado em 2006 pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social.

Esse documento apresentou a síntese de um conjunto de estudos de abrangência estadual sobre sua realidade econômica, social, territorial e institucional, buscando identificar a força e as potencialidades econômicas de determinados setores e regiões, os desafios sociais e sua vinculação territorial. Suas conclusões apontaram um território diverso, com espacialidades expressando dinâmicas próprias – os “Vários Paranás”. Um conjunto de recortes territoriais adveio dessa análise, tendo como fio condutor a divisão social do trabalho.

Curitiba sobressai em relação aos demais municípios, sendo apontada como de altíssima relevância. Entre os 398 municípios restantes, destacam-se cinco com grau de relevância muito alto, que podem ser considerados centrais ao movimento da economia, na detenção e geração do conhecimento e no exercício de funções urbanas mais complexas: Londrina, Maringá, Ponta Grossa, Foz do Iguaçu e São José dos Pinhais. Este se insere na aglomeração metropolitana de Curitiba, juntamente com Araucária, Pinhais e Colombo, com grau de relevância alto.

O território composto pela aglomeração metropolitana de Curitiba (recorte do IBGE), pelo entorno de Ponta Grossa e por Paranaguá foi classificado no território do estado como espacialidade com máxima relevância/1º espaço relevante.

25. Espaços Econômicos Relevantes

Fonte: IPARDES. Os Vários Paranás: Identificação de Espacialidades Socioeconômico-Institucionais como Subsídio a Políticas de Desenvolvimento Regional, 2006.

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Conforme define o estudo, esta espacialidade se caracteriza por um conjunto de atividades econômicas diversificadas, concentrando ativos no que se refere ao poder econômico, institucional e político. Pode ser considerado um espaço receptor e difusor das decisões, inovações, mensagens e capitais internacionais, entre outros, constituindo-se no principal interlocutor entre o Paraná e a esfera nacional e internacional. Tais condições resultam na reprodução, nessa espacialidade, das características concentradoras decorrentes de sua localização privilegiada para o desempenho de atividades ligadas aos segmentos modernos da Indústria e dos Serviços, pertinentes ao papel do Brasil na divisão internacional do trabalho.

O território definido como 1.º espaço relevantereúne a maior proporção de municípios com grau de urbanização superior a 90%, formando extensões urbanas contínuas. É também nessa espacialidade onde ocorrem os maiores fluxos do movimento pendular de população para trabalho e estudo em município diferente do de residência. Do total do movimento pendular paranaense, 55,2% tem origem em municípios da RMC. A quase totalidade desses fluxos se atém ao entorno metropolitano e, secundariamente, ao litoral, destacando-se a busca por Curitiba.

Conforme estudo do IPEA (2002), referenciado no documento, é nítida e significativa a polarização que Curitiba exerce no território da Região Sul, sendo considerada polo de um dos 12 sistemas urbanos identificados no Brasil e classificada como “metrópole nacional”, juntamente com apenas mais sete capitais de estados.

O 1.º espaço apresenta aindagrande relevância em relação à renda estadual, pois responde por mais de 60% do Valor Adicionado Fiscal – VAF do estado (2003). Destacam-se nesse contexto Curitiba, Araucária e São José dos Pinhais, que somavam 46,8% do VAF paranaense, com São José dos Pinhais passando de 0,5% do VAF em 1975 para 6,6% em 2003.

Esse desempenho na geração da renda estadual deve-se à forte presença de grandes empresas. Do conjunto das 300 maiores empresas do Paraná segundo o faturamento em 2002, 132 localizam-se em 11 municípios da RMC e 37 próximas a ela. As empresas do 1º espaço são diversificadas e participam com 69,6% no faturamento total das 300 maiores empresas do Paraná. Observa-se a localização preferencial dos segmentos metalmecânico, químico e não-metálicos.

26. Participação do Faturamento das Indústrias entre as 300 Maiores (PR) no Total do Faturamento Industrial

Fonte: IPARDES. Os Vários Paranás: Identificação de Espacialidades Socioeconômico-Institucionais como Subsídio a Políticas de Desenvolvimento Regional, 2006.

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27. Ocupações Irregulares nos Municípios da RMC, 1997

Fonte: COMEC. Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Curitiba 2006 – Propostas de Ordenamento Territorial e Novo Arranjo Institucional. 2006.

A concentração do VAF industrial, de comércio e de serviços segue em destaque no 1o Espaço. Dados de 2003 tabulados no estudo para o VAF Industrial do Paraná colocam Araucária, Curitiba e São José dos Pinhais somando 50,1%, este último correspondendo a 9,6%. São José dos Pinhais ainda se destacava naquele período na terceira posição, dentro dessa espacialidade, no VAF do Comércio e em segundo no VAF de Serviços.

Em relação ao emprego formal, do conjunto dos municípios com participação igual ou superior a 0,25% do total do Estado, em 2003, o 1.º espaço participava com 45,1% dos postos de trabalho. A análise dos dados relativos à evolução do emprego formal para o período de 1998 a 2003 indica que o melhor desempenho no estado, medido pela variação absoluta, foi obtida por cinco municípios: Curitiba e São José dos Pinhais, além de Londrina, Maringá e Cascavel.

Informações disponíveis no site da Comec apontam que, em 2012, a taxa média de desemprego na RMC foi de 3,8% da População Economicamente Ativa (PEA) enquanto que, no Brasil, a média de desemprego foi de 5,5 %. (cálculo realizado a partir da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) pelo IPARDES e IBGE).

O estudo Vários Paranás também analisou a questão da remuneração, demonstrando que os postos de trabalho melhor remunerados também se concentram no 1.º espaço: Curitiba detêm 56,7% dos trabalhadores com média salarial entre 10 e 20 salários mínimos, 68,6% com mais de 20 salários e 53,9% entre 5 e 10 salários mínimos. Entre seus municípios vizinhos, São José dos Pinhais, Araucária, Paranaguá, Ponta Grossa, Pinhais, Campo Largo e Colombo também se destacam pela remuneração relativamente elevada.

A distribuição espacial dos ativos institucionais do estado segue o padrão dos dados econômicos e se apresenta com elevada densidade no 1.º espaço. A maior concentração de institutos, fundações de pesquisa, desenvolvimento e tecnologia, das incubadoras e instituições de ensino superior, nos municípios paranaenses, aí se verifica, especialmente em Curitiba (preponderante), Ponta Grossa e São José dos Pinhais. São José dos Pinhais se destaca por abrigar dois laboratórios particulares: K&L Laboratório de Metrologia e Equipamentos e Sistemas de Ensaio Ltda. (Emic).

Outros ativos institucionais levantados foram as cooperativas agrícolas, cuja sua presença é pouco expressiva nesse espaço, destacando-se apenas Ponta Grossa, Castro, Carambeí, Lapa e São José dos Pinhais, com duas cooperativas em cada município, predominando aquelas com produção de lácteos e ração animal.

Dentro da mesma série o IPARDES publicou em 2005 o documento “Os Vários Paranás – Estudos Socioeconômico-Institucionais como Subsídio aos Planos de Desenvolvimento Regional”, o qual trouxe um capítulo sobre os Espaços Socialmente Críticos, levando em consideração indicadores de saúde, demografia, educação, renda, moradia e IDH. No contexto da Região Metropolitana de Curitiba são municípios do Vale do Ribera (Doutor Ulysses, Cerro Azul, Tunas do Paraná e Adrianópolis) que aparecem em situação mais critica.

Cabe destacar, contudo, que no recorte territorial analisado anteriormente como 1º Espaço Relevante, quando se avaliam números absolutos, alguns aspectos críticos também se apresentam em indicadores como carência de moradia, deficiência ou carência de infraestrutura e precariedade da renda. Curitiba e São José dos Pinhais, que gozam de uma posição de destaque na avaliação econômica, têm ainda déficits importantes a sanar na esfera socioambiental.

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28. Déficit Habitacional Relativo dos Municípios da RMC - 2000

29. Déficit Habitacional Absoluto dos Municípios da RMC - 2000

Fonte: COMEC. Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Curitiba 2006 – Propostas de Ordenamento Territorial e Novo Arranjo Institucional. 2006.

30. Pobreza, Carência de Infraestrutura e Déficit Habitacional - Paraná

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1.3.1 Projetos de Infraestrutura

1.3.1.1 Aeroporto Internacional Afonso Pena

De acordo com dados da Infraero, o Aeroporto Internacional Afonso Pena ocupa no município de São José dos Pinhais um sítio aeroportuário com 5.236.043 m². A estrutura atual do aeroporto contempla terminal de cargas, terminal de passageiros (em ampliação) com 45.000m²,06 pontes de embarque, 10 posições remotas para estacionamento de aeronaves, pátios de aeronaves e duas pistas, a principal com 2.215m x 45m e a auxiliar com 1.800m x 45m. Essa infraestrutura implantada tem capacidade para atender 7,9 milhões de passageiros ao ano.

A ampliação em andamento do terminal de passageiros irá dobrar sua área construída e acrescentar 08 novas pontes de embarque, expandindo a capacidade do terminal para 14,6 milhões de passageiros/ano em 2016, data prevista para a conclusão das obras.

Conforme dados de movimentação de cargas do mês de julho de 2014, disponibilizados no site da Infraero, o aeroporto Afonso Pena responde por cerca de 7,5% do total de carga movimentado pelos aeroportos administrados pela estatal (excluídos os aeroportos concessionados – Guarulhos, Viracopos e Brasília), figurando em 4º lugar com quase 3.000 toneladas transportadas. A maior movimentação, 12.000 toneladas, cerca de 30% do total, acontece no aeroporto de Manaus (AM), seguida por Galeão (RJ), com aproximadamente 17% e Recife (PE) com 9,5%. Nos meses anteriores a julho, o aeroporto de Curitiba ficou em 5º lugar, atrás também do aeroporto de Porto Alegre (Salgado Filho), cujo volume de movimentação é próximo ao do Afonso Pena.

O novo Plano Diretor Aeroportuário, elaborado pela Infraero e em aprovação na ANAC, propõe uma visão ambiciosa para o aeroporto, atingindo 44 milhões de passageiros por ano no seu horizonte final de implantação (vide figura abaixo). A intenção é reforçar também a vocação de cargas do terminal, que já figura entre os principais aeroportos em movimentação de cargas no cenário nacional.

O Plano Diretor Aeroportuário prevê a implantação da terceira pista (que depende ainda de desapropriações para sua efetivação), com 3.200m x 45m e a consequente desativação da pista auxiliar, permitindo assim a transferência do setor de cargas para a porção nordeste do sítio aeroportuário, separando os acessos de carga e passageiros. Além da criação do Complexo Logístico de Cargas, também estão previstas novas ampliações no terminal de passageiros, edifício garagem para estacionamento de veículos, e a implantação de novas áreas para atividades de comércio e serviços de apoio ao terminal. Ressalta-se que a situação futura prevista para o aeroporto, com duas pistas paralelas, é muito favorável pois permite operação simultânea de aeronaves.

A Infraero, a partir de acordo cooperação técnica com o município, deve conduzir os estudos necessários para viabilizar a ampliação do aeroporto e minimizar os conflitos com o uso do solo do entorno, tais como Planos de Zona de Proteção; Plano de Zoneamento de Ruído; Prevenção de Risco Aviário; Estudo de Mobilidade Urbana, entre outros.

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31. Plano Diretor – Aeroporto Internacional Afonso Pena

Fonte: Infraero

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1.3.1.2 Oleoduto / Poliduto

O Oleoduto Araucária – Paranaguá (OLAPA), bidirecional, com 94km de extensão e 12” de diâmetro, foi implantado em 1975 para transportar petróleo e derivados entre a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR), em Araucária, e o Porto de Paranaguá. Esse oleoduto atravessa o território de São José dos Pinhais, cruzando as várzeas do Iguaçu e passando em grande partedo seu traçado por áreas rurais.

O Poliduto Sarandi – Paranaguá, nova infraestrutura estadual para transporte de álcool, majoritariamente, mas também de gás, cabeamento e fibras óticas, no futuro, teve seu projeto básico concluído e está em fase de licenciamento ambiental. Com 502 km de extensão e 16” de diâmetro, o poliduto passará por 23 municípios no paranaenses. Dentre eles, São José dos Pinhais, onde o traçado proposto, com 35 km, é relativamente próximo ao do oleoduto, e passa pela várzea do Iguaçu, por áreas rurais, e também por áreas de mananciais e proteção ambiental, como a APA do Rio Pequeno.

32. Localização do Poliduto Sarandi-Paranaguá

Fonte: CLP; MRS. Estudo de Impacto Ambiental do Poliduto Sarandi – Paranaguá/PR. Vol1, Julho 2012.

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1.3.1.3 Ramal Ferroviário

A ANTT, dentro do Programa de Investimentos em Logística – PIL, está conduzindo os estudos para um novo ramal ferroviário no Paraná, entre os municípios da Lapa (estação Engenheiro Bley) e Paranaguá, através de um modelo de outorga que visa a ampliação dos investimentos privados em projetos de infraestrutura ferroviária. Esse ramal permitirá uma nova ligação ferroviária do interior do estado ao litoral.

Os estudos técnicos foram elaborados com a colaboração do corpo técnico do Ministério dos Transportes, especialmente da Secretaria de Fomento para Ações de Transportes, da Empresa de Planejamento e Logística S.A. e da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.

Esses estudos de engenharia consideraram inicialmente 04 alternativas de traçado para a ferrovia, com suas respectivas características técnicas e econômicas. Após essa etapa preliminar, foi selecionada uma alternativa para detalhamento, através do método de análise hierárquica – matriz AHP, utilizado para seleção da melhor alternativa com base em critérios selecionados e ponderados em função de sua importância e relevância para o projeto. O traçado referencial escolhido, com 150 km de extensão, passa por 08 municípios, dentre eles São José dos Pinhais.

O primeiro trecho do traçado selecionado, entre os municípios de Lapa e Curitiba, aproveita o corredor da ferrovia existente, que possui faixa de domínio para duplicação em bitola larga. Na área urbana de São José, o traçado referencial adotado segue a faixa de domínio já desapropriada com esse fim pela antiga RFFSA, e atualmente sob gestão da Secretaria do Patrimônio da União – SPU.

Apesar dos estudos ainda estarem em andamento, a proposição desse novo ramal ferroviário foi considerada nas análises apresentadas. Ressalta-se, contudo, que, independentemente do traçado escolhido, é importante para o município de São José dos Pinhais garantir dois pontos:

(a) ligação do ramal ferroviário com o aeroporto, permitindo a intermodalidade aérea-ferroviária-marítima, ainda mais em se considerando os planos da Infraero para o aeroporto;

(b) redução do impacto da futura ferrovia na área urbana do município, por meio da implantação de transposições em desnível nas áreas já ocupadas e nas ligações rurais importantes para escoamento da produção agrícola.

33. Ramal Ferroviário, Alternativas de Traçados Estudadas

Fonte: MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES; ANTT. PROFERR Ferrovias. Programa de Investimento em Logística. Estudo de Engenharia. Relatório II,Vol .1 – Trecho Lapa-Paranaguá. 2013.

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34. Ramal Ferroviário, Traçado Selecionado

Fonte: MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES; ANTT. PROFERR Ferrovias. Programa de Investimento em Logística. Estudo de Engenharia. Relatório II,Vol .1 – Trecho Lapa-Paranaguá. 2013.

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35. Síntese Cenário Regional

Elaboração JLAA

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36. Figura Plano Diretor Multimodal: FERROVIA, RODOVIA, AEROPORTO, PORTO, CICLOVIA

37. Alternativas do Novo Traçado Ferroviário

Fonte: IPPUC, Plano Multimodal.

1.3.1.4 Plano Multimodal IPPUC

Realizado pelo IPPUC em parceria com a COMEC e o DNIT, o Plano Diretor Multimodal tem como objetivo ampliar a integração metropolitana nas áreas de acessibilidade e mobilidade, tanto de passageiros quanto de cargas. A proposta principal é o desvio do Ramal Ferroviário que atravessa Curitiba e Região Metropolitana, passando pelos municípios de Almirante Tamandaré, Curitiba e Pinhais, e tangencia São José dos Pinhais. O desvio deste ramal ferroviário é considerado uma grande oportunidade de reorganização dessa porção do território da metrópole, hoje fragmentada.

As alternativas para o novo traçado da linha férrea foram estudadas pelos órgãos competentes e aquelas adotadas quando da elaboração do Plano Multimodal foram as que melhor possibilitaram a integração do território metropolitano e a potencialização de seus diversos ativos.

A proposta é articular o tecido urbano e melhorar o transporte público através da implantação de um novo modal de transporte de passageiros ao longo do ramal ferroviário a ser desativado, conectando grandes equipamentos regionais como a Rodoferroviária de Curitiba, o Jardim Botânico, o Autódromo Internacional, o Parque Iguaçu, o Zoológico e o Aeroporto Afonso Pena, entre outros. O Plano Multimodal propõe, ainda, uma adequação do zoneamento ao longo do antigo traçado ferroviário, criando um novo eixo de desenvolvimento urbano e viabilizando usos compatíveis com o novo modal de transporte proposto.

No que interfere diretamente no território de São José dos Pinhais, foram estudadas três alternativas para o desvio da ferrovia: (a) novo ramal proposto no canteiro central do Contorno Leste; (b) novo ramal ao longo da faixa de domínio já reservada e do Contorno Leste, e (c) novo ramal ao longo do Canal Paralelo do Iguaçu.

Os impactos desses novos ramais no território de São José precisam ser estudados mais detalhadamente no caso do Plano Multimodal vir a ser aprofundado. De qualquer forma, ressalta-se novamente a importância da conexão ferrovia-aeroporto e a necessidade de se eliminar futuras barreiras a serem criadas na área urbana pela proposta de um novo traçado férreo.

A alternativa (a) foi a preferencial, pois é a que permite liberar todo o ramal ferroviário da porção sul de Curitiba. No entanto, é necessário conformar a viabilidade técnica e institucional de se implantar a ferrovia na faixa de domínio do Contorno Leste, atual BR-116.

Ressalta-se que esses estudos não consideraram a possibilidade de uma nova ligação ferroviária com o litoral, conectando o desvio proposto ao traçado atual da ferrovia Piraquara-Paranaguá.

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38. Novo Traçado Ferroviário Proposto

Fonte: IPPUC, Plano Multimodal.

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39. Divisão Administrações Regionais, Curitiba

40. Curitiba - Regional Cajuru

Fonte: IPPUC.Planos Regionais, 2008.

1.3.1.5 Planos Regionais de Curitiba

Os Planos Regionais de Curitiba foram elaborados e coordenados pelo IPPUC em parceria com as Secretarias Municipais e Administrações Regionais, tendo como principal objetivo se consolidar como instrumento de gestão democrática e integrar a atuação de cada Administração Regional ao planejamento global, indicando prioridades de curto, médio e longo prazos que possam contribuir com a priorização dos investimentos públicos. Esta forma de planejamento está fundamentada nas premissas legais do Estatuto da Cidade e do Plano Diretor de Curitiba.

Os nove Planos Regionais (Bairro Novo, Boa Vista, Boqueirão, Cajuru, CIC, Matriz, Santa Felicidade, Pinheirinho, Portão) foram elaborados no período de três anos, 2006 - 2008, tendo reunido projetos já estruturados a novas ideias apresentadas ao longo do processo de desenvolvimento do trabalho, criando um cenário desejável para toda a cidade.

Três Regionais fazem divisa com o Município de São José dos Pinhais: Cajuru, Boqueirão e Bairro Novo, cujas propostas, principalmente relativas a questões ambientais, de mobilidade e sistema viário, são aqui destacadas:

Plano Regional Cajuru

Estruturação viária e macrodrenagem do bolsão Audi-União;

Ligação metropolitana: prolongamento da Rua Leônidas Marques até a vila Audi-União);

Parque Metropolitano Iguaçu: prevenção de cheias e enchentes com lagos de contenção, preservação ambiental e implantação de ciclovias;

Parque Linear Cajuru: complementação dos trechos restantes, recuperação ambiental do Rio Atuba, implantação de ciclovias e equipamentos de lazer e ligação com o Parque Metropolitano do Iguaçu;

Parque do Centenário da Imigração Japonesa: memorial de 100 anos da imigração Japonesa, ciclovias, equipamentos, portal de acesso junto à Avenida das Torres;

Reciclovia: projeto de estruturação urbana da área lindeira ao ramal ferroviário que cruza a parte sul de Curitiba, envolvendo 5 Regionais (Cajuru, Boqueirão, Bairro Novo, Pinheirinho e CIC) onde há grande concentração de coletores de material reciclável. O projeto propunha transformar a região em marco urbano de referência para a coleta e reciclagem em Curitiba a partir da utilização de materiais reciclados: pavimentação, barracões de reciclagem, mobiliário urbano, gerando potencial educativo e turístico; viabilização da utilização dos produtos através de incentivos e parcerias com empresários do setor com reciclagem especializada por trechos e implantação de transporte ao longo da reciclovia.

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41. Curitiba - Regional Boqueirão

42. Curitiba - Regional Bairro Novo

Fonte: IPPUC.Planos Regionais, 2008.

Plano Regional Boqueirão

Estruturação viária da Marechal Floriano Peixoto até o Parque Náutico;

Regularização fundiária da Vila Pantanal;

Parque Metropolitano Iguaçu: revitalização do Parque Náutico com novo acesso pela Rua Reno Marchesini; prevenção de cheias e enchentes com lagos de contenção, preservação ambiental e implantação de ciclovias;

Ampliação do Zoológico: novas áreas para ampliar recintos de animais, manter e abrigar a fauna e a flora do ecossistema das margens do Rio Iguaçu; instalação de teleférico interligando estacionamentos e aumentando a mobilidade de visitantes e usuários; transferência do Museu de História Natural para o Zoológico; integração das ciclovias ao Parque Náutico; sinalização e novo acesso pela Contorno Leste;

Reciclovia: projeto de estruturação urbana da área lindeira ao ramal ferroviário que cruza a parte sul de Curitiba, envolvendo 5 Regionais (Cajuru, Boqueirão, Bairro Novo, Pinheirinho e CIC) onde há grande concentração de coletores de material reciclável. O projeto propunha transformar a região em marco urbano de referência para a coleta e reciclagem em Curitiba a partir da utilização de materiais reciclados: pavimentação, barracões de reciclagem, mobiliário urbano, gerando potencial educativo e turístico; viabilização da utilização dos produtos através de incentivos e parcerias com empresários do setor com reciclagem especializada por trechos e implantação de transporte ao longo da reciclovia.

Plano Regional Bairro Novo

Novo acesso ao Zoológico: alças da Contorno com Rua Eduardo Pinto da Rocha;

Ligação metropolitana - Estrada do Ganchinho: melhoria da transposição do Rio Iguaçu e pavimentação de trecho em saibro;

Implantação da Via Metropolitana;

APA Iguaçu: incentivo a pousadas ecológicas, hotéis voltados ao ecoturismo e eco resorts para treinamento experiencial;

Bairro Umbará: plano elaborado para a Zona Residencial de Ocupação Controlada - ZR-OC, propõe uma ocupação ao longo da “franja” do Parque Iguaçu fazendo uso de toda sua riqueza ambiental, aliada à proximidade dos grandes polos de desenvolvimento econômico da região e da logística instalada; ocupação esta que permeia o maciço verde, configurando núcleos de assentamento de identidade própria interligados aos corredores de transporte público com deslocamentos pendulares leste-oeste, de maneira a consolidar a região e minimizar os deslocamentos na direção do centro. Estabelece também reserva de áreas públicas tanto para lazer quanto para assentamentos e equipamentos sociais e define modelos de ocupação diversificada que garantam a perfeita integração entre os diversos segmentos da sociedade;

Zoológico - acesso pela Contorno Leste e pelo prolongamento da Rua Tijucas do Sul no Bairro Sítio Cercado;

Reciclovia: projeto de estruturação urbana da área lindeira ao ramal ferroviário que cruza a parte sul de Curitiba, envolvendo 5 Regionais (Cajuru, Boqueirão, Bairro Novo, Pinheirinho e CIC) onde há grande concentração de coletores de material reciclável. O projeto propunha transformar a região em marco urbano de referência para a coleta e reciclagem em Curitiba a partir da utilização de materiais reciclados: pavimentação, barracões de reciclagem, mobiliário urbano, gerando potencial educativo e turístico; viabilização da utilização dos produtos através de incentivos e parcerias com empresários do setor com reciclagem especializada por trechos e implantação de transporte ao longo da reciclovia.

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2 O MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS

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Fonte: INSTITUTO DAS ÁGUAS, SEMA, FNAMA. Plano Estadual de Recursos Hídricos do Paraná . Resumo Executivo. 2010.

2.1 HISTÓRICO E FORMAÇÃO

A colonização do Paraná está atrelada aos diversos ciclos econômicos que marcam a história do Brasil e que se refletem no espaço geográfico, moldando sua paisagem social e cultural.

A ocupação do território que hoje forma São José dos Pinhais iniciou-se no século XVII com o Ciclo do Ouro, em um vetor que se originou no litoral (Paranaguá), subiu a Serra do Mar e adentrou o estado em direção à região de Tibagi7.

Segundo a historiadora Maria Angélica Marochi8, os primeiros europeus que circularam por terras paranaenses eram portugueses e espanhóis em busca de riquezas naturais. Foi de São Paulo que partiram várias expedições para os sertões brasileiros em busca de ouro ou de índios para o trabalho escravo. Uma delas descobriu pequena quantidade de ouro no litoral paranaense e como consequência ali se formou um pequeno povoado. Pouco tempo depois, em janeiro de 1.649, era instalada a Vila de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá.

Procurando descobrir ouro em outras localidades paranaenses, partiram de Paranaguá duas expedições, uma em 1.649 e outra em 1.651. O resultado foi animador, pois Ébano Pereira, chefe das duas expedições, registrou em um relatório a descoberta de ouro em rios do planalto. A notícia da descoberta de ouro nestes rios provocou o surgimento do Arraial Grande, um pequeno povoado situado junto ao Rio do Arraial. Foi ele o primeiro povoado português das terras são-joseenses. Até então, o espaço onde atualmente se localiza o município de São José dos Pinhais era ocupado por grupos das sociedades indígenas. Primeiramente foram os povos caçadores e coletores e, na época da chegada dos portugueses, por grupos que pertenciam às famílias linguísticas dos Jê e Tupi-Guarani. O crescimento do Arraial Grande aconteceu de uma forma rápida e desordenada, pois nele os portugueses pretendiam permanecer somente enquanto houvesse ouro para explorar. Na mesma época do surgimento deste povoado, diversos portugueses se tornaram proprietários de grandes extensões de terras no espaço hoje ocupado pelo Município. Entre eles, estava o Padre João da Veiga Coutinho que se tornou dono das fazendas Águas Bellas e Capocu.

A Fazenda Águas Bellas possuía uma excelente localização, pois era cortada por importantes caminhos percorridos pelos primeiros colonizadores. Foi nesta Fazenda, provavelmente junto à sua sede, que no ano de 1.690 ocorreu a inauguração da Capela de Bom Jesus dos Perdões. A presença da Igreja Católica era importante para o lugar pois, na época, fazia parte do processo administrativo de colonização. Com a inauguração desta Capela, o espaço são-joseense passou a ter uma autoridade que representava o Governo Português. Pouco tempo depois, no ano de 1.721, o Ouvidor Geral Raphael Pires Pardinho solicitava a eleição das primeiras autoridades para a Freguesia de São José. Na organização administrativa colonial, as freguesias eram povoações que contavam com uma autoridade eclesiástica local e possuíam representantes junto à administração pública da vila a que pertenciam.

O ouro era pouco e, por volta de 1.750, sua exploração estava praticamente extinta. Sem outra atividade econômica lucrativa, o crescimento populacional foi muito lento. Durante todo o século XVIII e a primeira metade do século XIX, a Freguesia de São José possuía uma população pobre e dispersa, onde a grande maioria vivia de uma agricultura de subsistência. Embora fosse esta freguesia uma das maiores da região, ela foi abandonada pelas autoridades locais (Câmara Municipal da Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba), como também pelas autoridades regionais (Capitania de São Paulo e depois Província de São Paulo).

No dia 16 de julho de 1.852, foi sancionada a Lei nº 10 da Província de São Paulo, criando a Villa de São José dos Pinhais. A sua instalação e a posse solene dos primeiros vereadores ocorreu no dia 08 de janeiro de 1.853. Com a Lei Estadual nº 259, de 27 de dezembro de 1.897, esta vila recebeu a categoria de cidade. Assim, a sede do Município passou a ser a Cidade de São José dos Pinhais.

Entre os anos de 1870 e 1877, o Governador da Província Adolfo Lamenha Lins estimulou a colonização do território por meio de incentivos e vantagens oferecidas aos imigrantes europeus.

7Fonte: INSTITUTO DAS ÁGUAS, SEMA, FNAMA. Plano Estadual de Recursos Hídricos do Paraná . Resumo Executivo. 2010. 8Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Econômico / Historiadora Maria Angélica Marochi em http://www.guiasjp.com / Conhecimento Interativo, São José dos Pinhais, PR, v. 3, n. 2, p. 110-123, jul./dez. 2007

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Embora a oferta de terras fosse tentadora, muitos imigrantes sofreram até obterem condições mínimas de subsistência. As terras que lhes foram doadas eram intocadas até então, o que exigiu muito trabalho e persistência. A falta de recursos materiais, a dificuldade de acesso à cidade, bem como a pouca atenção das autoridades provinciais dificultaram muito a instalação dos povoados de imigrantes e sua permanência nestas terras. A colonização polonesa em São José dos Pinhais, porém, resistiu, devido ao forte sentimento comunitário, religioso e cultural entre os colonos.

Os conflitos políticos que se alastravam por toda a Europa nos séculos XVIII e XIX estimularam a vinda de grandes massas populacionais para a nova terra, com o atrativo de melhores condições de vida para àquele povo que padecia em meio às revoluções sociais. Com isso novas levas migratórias chegaram a esta região, tais como: os italianos, que se instalaram principalmente na região da colônia Mergulhão, Zacarias. Em São José dos Pinhais, os primeiros ucranianos se instalaram na região de Castelhanos, onde estava sendo construída a Usina Hidrelétrica de Guaricana. Devido às péssimas condições do solo, a mata fechada e a presença de animais selvagens, muitos dos imigrantes vieram a falecer naquele local e ali mesmo improvisaram um cemitério para os sepultamentos. Diante das dificuldades, se direcionaram para regiões mais próximas da cidade, se instalando na chamada Colônia Marcelino.

Do ponto de vista da formação territorial dos municípios metropolitanos, conforme ilustrado na publicação Metrópolis em Revista9, a maior parte deles surge a partir de desmembramentos dos territórios de Curitiba e de São José dos Pinhais. Os municípios fronteiriços de Fazenda Rio Grande, Mandirituba e Tijucas do Sul, por exemplo, são oriundos da área original de São José dos Pinhais.

43. Território dos Municípios Metropolitanos – 1853, 1950 e 1999.

9COMEC. Metrópolis em Revista. Ano 01, N.o 01, Dezembro de 1999.

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2.2 DADOS POPULACIONAIS E ECONÔMICOS

2.2.1 Dados Populacionais

Segundo o Censo Demográfico (IBGE, 2010), São José dos Pinhais possui 264.210 habitantes, sendo que 236.895 encontram-se na área urbana e 27.315, cerca de 9,5%, na área rural. O IBGE estima que residamno município 292.934 habitantesem 2014. A densidade demográfica do município é de 279,16hab/km² (IBGE, 2014).

5. População censitária segundo tipo de domicílio e sexo - 2010

TIPO DE DOMICÍLIO MASCULINA FEMININA TOTAL

Urbano 116.457 120.438 236.895 Rural 14.140 13.175 27.315 TOTAL 130.597 133.613 264.210 NOTA: Dados do universo Fonte: IBGE – Censo Demográfico

A População em Idade Ativa – PIA e a População Economicamente Ativa - PEA concentram-se, em sua maioria, na área urbana, conforme dados abaixo (IBGE, 2010).

6. População em Idade Ativa (PIA) e População Economicamente Ativa (PEA) por tipo de domicílio e sexo – 2010

TIPO DE DOMICÍLIO E SEXO PIA (10 anos e mais) PEA (10 anos e mais)

Tipo de Domicílio Urbano 199.100 131.608 Rural 22.938 15.004 Sexo Masculino 109.177 81.754 Feminino 112.861 64.858 TOTAL 222.039 146.612 NOTA: Dados da amostra. A soma das parcelas por sexo e ou por tipo de domicílio, podem diferir do total. Fonte: IBGE – Censo Demográfico

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No processo de elaboração do Plano Diretor de Abastecimento a Sanepar elaborou um estudo populacional e de demanda para subsidiar o cenário das demandas hídricas elaborado para 2040.

Nesse processo foram consultadas as informações do Censo (IBGE), da Comec/Ipardes a partir do PDI de 2006, informações de novas ligações elétricas fornecidas pela Copel e informações da própria Sanepar sobre novas ligações de água. O foco principal dessa varredura foram as populações urbanas.

Conforme ilustra o gráfico a seguir, as taxas de crescimento registradas em São José dos Pinhais no último intervalo censitário (2000-2010) são expoentes no cenário metropolitano para todos os indicadores - economias residenciais (6,26%a.a.), ligações elétricas residenciais (4,28%a.a.) e domicílios urbanos (3,75%a.a.) – pesquisados. Em números absolutos, a população d município cresceu 30% na última década.

Essa tendência de crescimento é reafirmada nos estudos que a Comec elaborou na revisão do Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Curitiba em 2006, onde aparecem os percentuais de crescimento populacional na metrópole por município. São José aparece com a maior participação, recepcionando 20% dessa expansão.

Finalmente, se observamosa espacialização desse crescimento ao longo das últimas décadas dentro do município verifica-se o fenômeno-padrão nos municípios metropolitanos de crescimento sobre as áreas mais periféricas ao núcleo de urbanização original e sobre áreas menos valorizadas do ponto de vista imobiliário e/ou condicionadas do ponto de vista ambiental.

Tais leituras destacam a pertinência do atual processo de revisão do Plano Diretor Municipal, para que se orientem da melhor forma possível no território de São José dos Pinhais esses vetores de crescimento urbano.

44. Taxas de Crescimento – Economia Residencial, Ligação Elétrica e Domicílio Urbano – 2000 a 2010.

Fonte: SANEPAR. Estudo Populacional e de Demanda. Vol. 03/05. Abril de 2012.

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45. Evolução da Ocupação – 1953 a 2010

Fonte: Comec, Sanepar. Elaboração JLAA.

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2.2.2 Economia

O Produto Interno Bruto - PIB do município é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia para medir atividades econômicas. Segundo o censo 2010 (IBGE, 2010), São José dos Pinhais possui o 3° maior PIB do Estado do Paraná, e o 38° do Brasil. Em 2011, o município apresentou um PIB per capita de R$ 54.785,00.

7. Produto Interno Bruto (PIB) per capita e preços correntes - 2011

PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) VALOR UNIDADE

Per Capita 54.785 R$ 1,00 A Preços Correntes 14.726.558 R$1.000,00 NOTAS: (1) Dados do último ano disponível estarão sujeitos à revisão quando da próxima divulgação. Diferenças encontradas são em razão dos arredondamentos. (2) Nova metodologia. Referência 2002 Fonte: IBGE, IPARDES

Os setores de indústria e serviços são as atividades mais significativas economicamente, com destaque para o setor industrial automotivo, químicos e perfumaria. Na produção agropecuária, destacam-se: produção de milho, banana, feijão, além da avicultura, ovinos e pecuária.

Dados disponibilizados no documento Informações sobre São José dos Pinhais 2014, elaborado pela municipalidade, destacam a força da economia do município, que passou por transformações expressivas nas últimas duas décadas, principalmente a partir da instalação dos distritos industriais da Renault e da Audi-VW.

A título de exemplo, e considerando sempre o intervalo 2000-2010, o Produto Interno Bruto Municipal cresceu 360% (de cerca de R$ 3,7 Bi para R$ 13,8 Bi); a arrecadação de ICMS aumentou 497% (de cerca de R$ 37,8 Mi para R$ 226,3 mi); e a Receita Total do Município foi incrementada em 276% (de cerca de R$ 113 Mi para R$ 487 Mi).

São José dos Pinhais é também o segundo maior município exportador do estado, atrás apenas de Paranaguá, e o 34º no cenário nacional (PMSJP/MDIC/SECEX – Janeiro/2014).

O número de empregos formais gerados no município também ilustra esse bom momento, com um incremento de 135% (2000-2010). Desdobrando essa análise por atividade econômica, verifica-se que todos os setores crescem substantivamente, com destaque para o comércio. Ressalta-se que o avanço do setor terciário na base econômica de uma cidade é um indicativo de economias modernas.

8. Evolução do número de empregos formais gerados no município por atividade econômica, 2000-2010

Fonte: PMSJP. Agência do Trabalhador de São José dos Pinhais (RAIS). Elaboração JLAA.

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2.3 BASE FÍSICA MUNICIPAL

2.3.1 Hidrografia

Em termos de inserção hidrográfica tem-se que o município de SJP é drenado por duas grandes bacias, Alto Iguaçu e Litorânea, conforme ilustrado no mapa Hidrográfico.

No que se refere à área de drenagem, sobressai a Bacia do Alto Rio Iguaçu, ocupando 72% da área total e cujo leito perfaz a divisa NW da área, e seus afluentes pela margem esquerda: Itaqui, Pequeno, Miringuava/Miringuava-Mirim, Cotia e Despique. No extremo SW a drenagem é promovida pelo alto curso do Rio da Várzea, também integrante do sistema Iguaçu.

Entretanto, não menos importante, é a drenagem de toda a porção leste do município que fica a cargo da Bacia Litorânea, abrangendo 28% do território, mais diretamente pelas sub-bacias do Rio Arraial e do Rio São João, de cuja confluência se origina o Rio Cubatão, que vai demandar à Baía de Guaratuba. O Rio Arraial recebe pela margem direita seus principais afluentes, dentro do território de SJP, sendo eles os rios Guaratubinha, Anta Gorda e da Prata, este último desaguando diretamente na altura da Represa de Guaricana, formada pelo barramento do Rio Arraial. Por outro lado, o Rio São João tem como afluentes principais o Rio Castelhanos, o Ribeirão Rancho Grande, o Ribeirão Vermelho, o Rio Capivari e o Rio Osso da Anta, todos pela margem esquerda. O Rio São João propriamente dito nasce da confluência do Rio Capivari com o Ribeirão Rancho Grande, nas proximidades da Colônia Santos Andrade.

O grande divisor d´águas tem direção ligeiramente norte-sul, sendo coincidente com a Serra do Salto a sul, seguindo no sentido da borda leste do Granito Marumbi, mas sempre por sobre os riolitos da Formação Guaratubinha, rochas mais resistentes à erosão. A rede de drenagem é de média a alta densidade, com padrões os mais variados, desde o meandrante verificado na planície do Rio Iguaçu e principais afluentes, até paralelo, sub-paralelo, retangular e treliça, indicando diferentes intensidades de controle tectônico no seu desenvolvimento.

A sub-bacia do Rio Miringuava reveste-se de razoável importância visto sua utilização para abastecimento público e por ser a de maior dimensão dentro do território municipal, passível de ocupação com base em suas características geotécnicas e ambientais. Bossle (2010) relata que a bacia hidrográfica do rio Miringuava, excluindo-se a sub-bacia do rio Miringuava-Mirim, seu principal afluente, possui 161,30 km² de área, o que representa aproximadamente 17% da área total do Município de São José dos Pinhais.

A figura a seguir também apresenta as áreas demarcadas como de preservação permanente definidas no mapeamento disponibilizado pelo município, em que se pesem as disposições do Código Florestal sobre o tema.

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46. Mapa Hidrográfico e Áreas de Preservação Permanente.

Fonte: Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais; Sanepar. Elaboração JLAA

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2.3.2 Geomorfologia do Município de SJP

Na perspectiva geográfica do Estado do Paraná e de acordo com o Mapa Geomorfológico do Estado do Paraná (Santos etalli, 2006), o município de São José dos Pinhais é abrangido pelas seguintes unidades:

Serra do Mar

Sub-unidade Serra do Mar Paranaense

Sub-unidade Blocos Soerguidos da Serra do Mar

Primeiro Planalto Paranaense

Blocos Soerguidos do Primeiro Planalto Paranaense

Planalto de Curitiba

Planalto do Alto Iguaçu

Planícies

Planícies Fluviais

Para ilustrar a morfologia da área do município foram elaborados mapas de declividade, de hipsometria, de relevo sombreado e o modelo digital de terreno, dos quais se vislumbra claramente as unidades e compartimentos mencionados. O Mapa Geomorfológico foi elaborado para a área do município, a partir do Atlas Geomorfológico do Estado do Paraná. As descrições destas unidades encontram-se no Anexo I deste documento.

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47. Hipsometria no Território Municipal

Fonte: Altimetria COPEL, curvas de 20 em 20m. Elaboração JLAA.

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48. Declividades no Território Municipal

Fonte: Altimetria COPEL, curvas de 20 em 20m. Elaboração JLAA.

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Fonte: JLAA (2014)

49. Modelo Digital do Terreno, São José dos Pinhais

Fonte: Curvas de nível com espaçamento de 5 m e pontos cotados (SUDERHSA, 2000) e curvas de nível com espaçamento de 20 m (ITCG). Elaboração JLAA.

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50. Representação do Relevo Sombreado

Fonte: Curvas de nível com espaçamento de 5 m e pontos cotados (SUDERHSA, 2000) e curvas de nível com espaçamento de 20 m (ITCG). Elaboração JLAA.

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51. Geomorfologia no Território Municipal

Fonte: Folha Curitiba, 1:250.000, 2006 - MINEROPAR. Elaboração JLAA.

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2.3.3 Caracterização Geotécnica e Adequabilidade ao Uso Urbano

O mapeamento geológico-geotécnico elaborado pela MINEROPAR (1996), no âmbito do Convênio COMEC-MINEROPAR, e também o Plano Diretor de Drenagem do Alto Iguaçu realizado pela SUDERHSA (2000), estabeleceram classes de adequabilidade quanto ao uso do solo e, consequentemente, indicaram as áreas mais favoráveis do ponto de vista geotécnico e do risco geológico à ocupação pelos mais variados setores, com ênfase no parcelamento do solo para fins urbanos.

Parte da RMC foi contemplada por tais levantamentos em escala 1:20.000 e, no presente caso, a cartografia cobriu a porção do território do município de São José dos Pinhais coincidente com os limites da Bacia do Alto Iguaçu, conforme pode ser visto no Mapa de Adequabilidade. Tanto MINEROPAR quanto SUDERHSA utilizaram metodologia semelhante para a confecção do mapa geológico-geotécnico, a qual foi adotada de Zuquette (1987) e Souza (1992), que em síntese está balizada pelas componentes águas+geomorfologia+geologia, cada qual com seu conjunto de atributos (MINEROPAR, 1996). O detalhamento das classes de adequabilidade encontram-se no Anexo I deste documento.

52. Classes de Adequabilidade ao Uso do Solo Urbano

Fonte: Classes de adequabilidade extraídas da base de dados do Alto do Iguaçu (SUDERSA, 2000). Elaboração JLAA.

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2.3.3.1 Áreas Críticas de Inundação – São José dos Pinhais

Conforme mencionado no capítulo que trata do Plano Diretor de Drenagem para a Bacia do Rio Iguaçu na Região Metropolitana de Curitiba e referenciado no tópico anterior, foram mapeadas 14 manchas de inundação em São José dos Pinhais no ano de 2002.

Na Bacia do Miringuavaforam identificadas quatro manchas críticas de inundação que correspondem a núcleos de moradias de padrão construtivo regular e bom, ocupando os terrenos baixos e planos das planícies de inundação dos rios Miringuava e Miringuava Mirim. As situações presentes correspondem ao cenário de risco V (enchentes, inundações e alagamentos atingindo ocupações urbanas restritas, vias públicas e trechos de rodovias em terrenos de baixada).

Na Bacia do Avariú foi identificada uma mancha crítica de inundação, associada a ocupações esparsas de baixo padrão construtivo, em áreas ribeirinhas do rio Avariú, cuja situação refere-se ao cenário de risco I (enchentes e inundações com alta energia de escoamento atingindo populações ribeirinhas). A mancha de inundação abrange também trechos urbanos de bom padrão construtivo, ocupando terraços marginais do rio Avariú, em situação de cenários de risco I e V.

Na Bacia do Ressaca foram identificadas três manchas críticas de inundação. A mancha localizada na região da foz do ribeirão Ressaca apresenta cenário de risco II (inundação de extensas áreas de baixada ao longo dos cursos d’água principais atingindo grandes adensamentos urbanos), estando à ocupação urbana nessa área sujeita a inundações associadas tanto à dinâmica do ribeirão Ressaca quanto às cheias do rio Iguaçu. As outras manchas correspondem aos cenários de risco I e V, envolvendo ocupações ribeirinhas ao longo do ribeirão Ressaca e de extensas áreas de baixada.

Na Bacia do Pequeno foram identificadas seis manchas críticas de inundação. Três delas compreendem áreas de baixada urbanizadas na planície de inundação do rio Pequeno, relativas aos cenários de risco II e V, enquanto que as localizadas ao longo das margens do córrego Maciel, correspondem a cenários de risco I e V.

Na divisa com o município de Curitiba, apresenta-se uma extensa área de baixada, cuja ocupação urbana, principalmente aquela associada à população de baixa renda, encontra-se em cenário de risco II, associada às cheias do rio Iguaçu.

São José dos Pinhais apresenta risco alto em relação aos processos de enchentes e inundações, face ao número relativamente elevado de manchas de inundação e, principalmente, ao grande contingente populacional passível de ser afetado por esses processos.

O estudo apontou a dificuldade na resolução desses problemas, principalmente em virtude do elevado grau de adensamento urbano presente nas manchas de inundação em extensos terrenos de baixada das bacias abrangidas no município.

Destacou também a importância de os planos municipais envolverem medidas de ordenamento e controle da ocupação urbana em terrenos marginais aos cursos d’água, ajudando a reduzir os cenários de risco atuais e evitar o agravamento da situação. Ainda, a relevância de perseguir a implantação e a operação do Plano de Ação para Situações de Emergência.

Cabe destacar que a lein.º 12.608, de 10 de abril de 2012, a qual institui Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, determina a obrigatoriedade de os municípios incluírem em seus processos de planejamento a identificação e o mapeamento das áreas de risco e de desastre, bem como incorporar as ações de proteção e defesa civil.

As figuras a seguir apresentam o mapeamento dessas manchas de inundação no território municipal e a sua sobreposição as áreas identificadas no mapeamento geotécnico como Planícies e Terraços Aluvionares, observando-se grande coincidência entre esses espaços.

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53. Áreas de Risco de Inundação, São José dos Pinhais

SUDERSHA. CH2MHILL. Plano Diretor de Drenagem para a Bacia do Rio Iguaçu na Região Metropolitana de Curitiba. Dez. 2002. Esc. 10.000. Elaboração JLAA

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54. Planícies e Terraços Aluvionares, São José dos Pinhais

Fonte: Águas do Paraná. Consulta site. Escala 1:20.000. Junho 2000.Elaboração JLAA.

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2.3.4 Remanescentes de Mata Atlântica

O Bioma Mata Atlântica compõe uma das reservas vegetais mais ricas em biodiversidade e também mais ameaçadas do planeta, sendo decretado como “Reserva Mundial da Biosfera” pela UNESCO e Patrimônio Nacional, na Constituição Federal de 1988.

A composição original da Mata Atlântica é um mosaico de vegetações definidas como florestas ombrófilas densa, aberta e mista; florestas estacionais decidual e semidecidual; campos de altitude, mangues e restingas. Atualmente, no território nacional, restam apenas 8,5% dos remanescentes florestais maciços com mais de 100 de hectares ou 12,5% totais se somados todos os resquícios fragmentados de floresta.

De acordo com o relatório técnico sobre o tema elaborado pelos INPE e SOSMA em 2013, os remanescentes de Mata Atlântica em São José dos Pinhais se apresentam na forma de Floresta Ombrófila Mista – nos estágios inicial, médio e avançado de regeneração - com cerca de 30 ha de cobertura vegetal, em geral, fragmentada em sua composição. A Serra do Mar abriga os maciços de floresta atlântica mais preservados e significativos ambientalmente no território do município.

Estas áreas, não passíveis de supressão, foram mapeadas através da associação dos dados presentes no Atlas de Remanescentes Vegetais - Instituto SOS Mata Atlântica e INPE - com os arquivos shape fornecidos pela Prefeitura Municipal. Na análise, foram consideradas as formações florestais da Mata Atlântica identificadas na escala 1:50.000, conforme leitura das imagens de satélite orbitais do sensor LANDSAT 8.

A análise do SOS Mata Atlântica utiliza os preceitos da Legislação Federal da Mata Atlântica, Lei 11.428/2006 e Decreto nº 6.660/ 2008, como referência para a espacialização das formações naturais e monitoramento do desflorestamento, pretendendo, através de seu mapeamento, subsidiar estratégias públicas e ações de conservação deste rico bioma ameaçado de extinção.

55. Remanescentes de Mata Atlântica, São José dos Pinhais

Fonte: Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais. SOS Mata Atlântica. Mapa dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, Período 2012 – 2013. 2014. Elaboração JLAA.

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2.3.5 Os Mananciais em São José dos Pinhais

As bacias mananciais de abastecimento público (Decreto Estadual n.º6194/2012) tem um peso importante no território de São José dos Pinhais, correspondendo a 56% de sua área.

Para melhor ordenar a ocupação desses espaços já existe no município a Unidade Territoral de Planejamento do Itaqui, a Área de Proteção Ambiental do Pequeno e tramita a criação da Área de Proteção Ambiental do Miringuava.

Todos esses espaços tem uma ocupação condicionada e estão retratados na figura Mananciais em São José dos Pinhais.

56. Mananciais em São José dos Pinhais

Fonte: COMEC, Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais. SANEPAR. Elaboração JLAA.

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A seguir, apresenta-se uma síntese do Plano Diretor SAIC: Sistema de Abastecimento de Água Integrado de Curitiba e Região Metropolitana (2013), elaborado pela Companhia de Saneamento do Paraná – SANEPAR, com a avaliação da concessionária quanto aos mananciais disponíveis a as alternativas técnicas para sua utilização no horizonte de 2040, referentes às bacias situadas em São José dos Pinhais.

2.3.5.1 Bacia do Rio da Várzea

O ponto estudado situa-se nas coordenadas UTM 7.136.200 N e 678.150 S, resultando em bacia hidrográfica de 256 km2 (bacia denominada de Alto Várzea).A vazão específica mínima Q95% para a bacia, estimada pela Sanepar em 2005, conforme relatório elaborado pela Unidade de Serviços de Recursos Hídricos (USHI), é de 5,02 l/s/ km2, resultando em vazão mínima no ponto de captação de 1.285 l/s e vazão aproveitável de 642 l/s nas épocas de estiagem. Nas proximidades deste ponto está prevista, no Plano Diretor SAIC, a construção de barragem de regularização de vazão com reservatório de 75,60 hm3, capaz de regularizar uma vazão de 3,30 m3/s. No futuro, além do horizonte deste estudo, essa capacidade deve ser reavaliada de acordo com a necessidade da época. A alternativa estudada consiste na transposição para Rio Maurício ou Despique, com captação a fio d’água.

2.3.5.2 Bacias do Alto Iguaçu

Bacia do Rio Cotia

Manancial em utilização para o sistema Cotia, que atende a montadora Audi e imediações. Inicialmente o Plano Diretor SAIC previa a utilização conjunta dos rios Cotia e Despique com a construção da barragem logo à jusante da confluência destes dois rios, situada próximo do Rio Iguaçu. Devido à pressão exercida pela expansão dos municípios de São José dos Pinhais e Fazenda Rio Grande, na última revisão do Plano Diretor o aproveitamento foi desmembrado em duas barragens localizadas mais à montante individualizando a utilização. Como consequência houve diminuição da vazão regularizada de 1.000 l/s para 590 l/s. A região é propícia para a expansão urbana e a presença da montadora Audi exerce forte influência para o seu desenvolvimento. Esta condição, aliada à tendência de crescimento verificada nas últimas décadas para a Região Sul da RMC, e ainda considerando as diversas restrições existentes para ocupações nas regiões Norte, Leste e Oeste de Curitiba, tais como áreas de mananciais, topografia e disponibilidade de vazios urbanos existentes, fizeram com que este manancial não fosse incluído nas alternativas deste estudo. Considerou-se que o Rio Cotia continuará sendo utilizado para o Sistema Cotia.

Bacia do Rio Despique

Manancial em utilização para o Sistema Despique, que atende ao Sistema de Fazenda Rio Grande. Pelas mesmas razões expostas no item anterior, houve o deslocamento da barragem para ponto mais à montante e consequentemente a diminuição da vazão regularizada de 800 l/s para 650 l/s. O eixo da barragem está situado nas coordenadas UTM 7.156.200 N e 675.700 S. Este manancial está incluído como alternativa para a ampliação do sistema produtor do SAIC, isoladamente, com construção de barragem de regularização de vazão ou em conjunto com o Rio da Várzea, sem as barragens.

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2.3.5.3 Bacias do Altíssimo Iguaçu

Rio Pequeno

Com bacia total de 130,50 km2 contribui atualmente como bacia incremental. Esse rio atravessa áreas já urbanizadas e que apresentam aumento gradativo de densidade demográfica no trecho entre a captação do Sistema Renault e a foz com o Rio Iguaçu. Devido ao comprometimento da qualidade da água, este trecho deverá ser desconsiderado caso futuramente ocorra à efetivação da barragem de regularização localizada nas coordenadas UTM 7.170.100 N e 690.900 S. Este manancial é de fundamental importância para complementar à vazão requerida pelos sistemas produtores Iraí e Iguaçu. A vazão regularizada pelo reservatório é de 1.540 l/s.

Rio Itaqui

Com bacia total de 44,30 km2, contribui atualmente como bacia incremental. O Rio Itaqui também atravessa áreas já urbanizadas, incluindo regiões dos municípios de Piraquara e São José dos Pinhais. Com o intuito de preservar este manancial, foram realizados investimentos em coleta e tratamento de esgotos sanitários. Porém os esforços devem ser continuados para manter a qualidade da água, visto que a sua substituição é economicamente inviável devido ao grande recurso exigido.

Bacia do Rio Miringuava

Neste rio está prevista a construção de uma barragem de regularização nas coordenadas UTM 7.162.690 N e 693.530 S. Apresenta bacia hidrográfica protegida e preservada que mede, à montante do barramento, 66 km2 cujo reservatório terá a capacidade para armazenar 34,3 hm3 e regularizar 1.420 l/s. Até o ponto de captação, mais à jusante, possui uma bacia incremental de aproximadamente 45 km2, obtendo-se vazão total regularizada de 2.000 l/s. O sistema produtor correspondente já está em operação com capacidade implantada de 2.000 l/s. Atualmente opera com uma vazão média de 900 l/s, caindo para até 500 l/s em épocas de estiagem, já que conta apenas com barragem de nível. A construção da barragem de regularização de vazão já está programada e será concluída até o ano 2016. No estudo as Sanepar foi considerado o início de operação em 2017.

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57. Prioridades SAIC – Imediata, Prioridade 1 e Prioridade 2

SANEPAR. Plano Diretor SAIC: Sistema Integrado de Abastecimento de Água de Curitiba e Região Metropolitana. 2013.

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58. Concepção do Sistema - SAIC

SANEPAR. Plano Diretor SAIC: Sistema Integrado de Abastecimento de Água de Curitiba e Região Metropolitana. 2013.

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2.3.6 Parques e Demais Unidades de Conservação

Além das APAs existentes no município em função dos mananciais, São José dos Pinhais ainda abriga em seu território outros parques e unidades de conservação que resguardam e valorizam ativos ambientais do município.

Na região do Iguaçu tem destaque a Área de Interesse Especial Regional do Iguaçu, o Parque Metropolitano do Iguaçu e o Parque Ambiental Itaqui, cujos estudos estão sendo finalizados.

Já na região da Serra do Mar, onde a presença da mata atlântica é marcante, destaca-se o Decreto de Tombamento da Serra do Mar; a Área de Especial Interesse Turístico do Marumbi, nas cadeias de montanha do Marumbi;e o Parque NacionalGuaricana, localizado na região sul do município.

59. Parques e Demais Unidades de Conservação, São José dos Pinhais

Fonte: COMEC, Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais, Sanepar, TCG, Instituto Chico Mendes de Biodiversidade. Elaboração JLAA.

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2.3.1 Síntese das Condicionantes Ambientais

Além do objetivo de melhor entender a base física e ambiental do município, o cruzamento das informações elencadas neste capítulo busca evidenciar quais as áreas em São José dos Pinhais estão mais vocacionadas à preservação/conservação, a uma ocupação mais condicionada, e aquelas onde um uso mais intensivo seria possível.

Essas são informações válidas para determinar a orientação dos vetores de crescimento futuro do município em consonância com os atributos do território.

A lógica que orientou, portanto, a construção do mapa apresentado a seguir foi a de sobrepor as informações que condicionam a ocupação do município, principalmente sob o viés territorial-ambiental, associados aos mecanismos institucionais relacionados.

Assim, no processo do mapeamento destas “áreas ocupáveis” foram primeiramente identificadas as principais Bacias Hidrográficas com seus veios d’águas cardinais, bem como seus respectivos afluentes e subafluentes, conforme arquivo shape disponibilizado pela Prefeitura. Somaram- se as áreas de preservação permanente mapeadas também fornecidas pela PMSJP.

As camadas seguintes de informações abordaram os temas de geologia, geomorfologia e geotecnia e seus desdobramentos (hipsometria, declividades), que analisados em conjunto sinalizam as áreas com maior aptidão à ocupação urbana. Maiores detalhes sobre essas condicionantes podem ser encontradas no Anexo I deste relatório.

Junto aos principais corpos d’água foram identificadas as áreas com Risco de Inundação conforme o Plano Diretor de Drenagem para a Bacia do Rio Iguaçu na Região Metropolitana de Curitiba – estudo realizado em 2002 pela SUDERSHA na escala 10.000. Os solos aluvionares na forma de planícies e terraços, não recomendáveis para loteamentos urbanos e muitas vezes coincidentes com as áreas inundáveis, foram mapeados graças aos estudos de geotécnica e geomorfologia realizados pela MINEROPAR e pela COMEC, presentes no PDM - Plano Diretor de Mineração e pela COMEC – elaborado em escalas de 1:20.000 a 1:50.000.

Os maciços e remanescentes fragmentados de mata atlântica, não suprimíveis, foram identificados pelo Instituto SOS Mata Atlântica e pelo INPE, no mapeamento conjunto realizado entre 2012-2013, em escala 1:250.000. Os demais remanescentes vegetais, as áreas de preservação permanente, bosques e parques presentes em São José dos Pinhais foram considerados nesta análise conforme arquivos disponibilizados pela Prefeitura.

Sobrepuseram-se a seguir os limites dos decretos de mananciais (Decreto Estadual n.º 6194/2012). Agregaram-se subsequentemente as unidades de conservação, regidas por instrumentos próprios, que tiveram seus limites identificados e mapeados conforme arquivos shape referentes ao território em estudo. Estão representadas a APA de Guaratuba (Decreto Estadual n.º 1.234), a UTP do Itaqui (Decreto Estadual nº 1.454/1999), a APA Estadual do Pequeno (Decreto Estadual n° 1752), a AIERI (Decreto Estadual nº 3742/2008), a AETI Marumbi (Lei nº 7.919/ 984), o polígono de Tombamento da Serra do Mar (Tombo 17-I001/86) e o Parque Nacional da Guaricana (ainda sem decreto publicado).

A sobreposição das condicionantes anteriormente descritas resultou na classificação do território de São José dos Pinhais em três categorias: áreas ocupáveis – as que apresentam pouca ou nenhuma restrição direta ao uso do solo urbano; áreas com ocupação condicionada – as que requerem usos do solo de baixo impacto e/ou compatíveis com as condicionantes ambientais ali presentes; e áreas não ocupáveis – as que representam risco à ocupação urbana e/ou locais que abrigam áreas prioritárias à preservação ambiental.

Cabem nesse tópico duas ressalvas importantes. A primeira é que, conforme descrito no caminho metodológico acima, as informações provêm de mapeamentos conduzidos por diversas instituições em múltiplas escalas, nem todas compatíveis entre si. Além disso, muitos levantamentos são feitos para as escalas regionais ou estaduais, o que se reflete em certa imprecisão quando se aproxima da escala municipal e, ainda mais, quando daquela necessária para projetos. Tendo isso em vista, além das determinações da lei federal n.º 12.608, caberá, em estágios posteriores, conduzir estudos análogos na escala adequada ao município.

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60. Síntese das Condicionantes Ambientais

Fonte: Elaboração JLAA.

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61. Representação do Relevo Sombreado e as Áreas Ocupáveis

Fonte: Curvas de nível com espaçamento de 5 m e pontos cotados (SUDERHSA, 2000) e curvas de nível com espaçamento de 20 m (ITCG). Elaboração JLAA.

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Ainda que não pertença ao caminho conceitual de mapeamento das condicionantes de cunho ambiental no território, acresceu-se, em ainda mais uma camada de condicionantes, os limites das curvas de ruído e dos cones de aproximação das pistas do Aeroporto Internacional Afonso Pena. Esses elementos, ainda que de outra natureza, estabelecem restrições à ocupação em suas áreas de abrangência e, portanto, estão aqui representados.

62. Síntese das Condicionantes Ambientais com Cones de Aproximação e Curvas de Ruído do Aeroporto Internacional Afonso Pena

Fonte: Elaboração JLAA.

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3 A ATIVIDADE MINERÁRIA EM SÃO JOSÉ DOS PINHAIS

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3.1 ZONEAMENTO MINERAL

O Zoneamento Mineral estabelecido para São José dos Pinhais segundo oPlano Diretor de Mineração para a Região Metropolitana de Curitiba, realizado em 2004 dentro de um convênio entre a Mineropar e o DNPM, divide o território do município em duas zonas: Zona Controlada para Mineração (ZMC) e Zona Preferencial para Mineração (ZPM).

AZona Controlada para Mineração apresenta restrições ao desenvolvimento da mineração, existindo uma ou mais instâncias adicionais de avaliação no processo de licenciamento. O princípio envolvido é permitir o aproveitamento de bens minerais, desde que o empreendedor se comprometa a procedimentos técnicos mais detalhados de planejamento e controle da atividade, que contornem os riscos ambientais inerentes. Na ZCM de São José dos Pinhais estão as APAs Estaduais do Pequeno e de Guaratuba, o Distrito Mineiro do Alto Iguaçu, o extenso perímetro urbano e as áreas aluvionares, além de zonas especiais de preservação estabelecidas no zoneamento municipal.

A Zona Preferencial para Mineração corresponde às áreas sem unidades de conservação, tanto de proteção integral quanto de uso sustentado, e àquelas externas aos perímetros urbanos. O princípio básico do zoneamento é de que não existindo sobreposição de áreas de interesse para conservação ou de perímetro urbano restritivo, a atividade mineral pode vir a ser desenvolvida normalmente, cumpridas as exigências legais do Código de Minas e a legislação ambiental pertinente.

63. Macrozoneamento da Mineração, RMC

Fonte: DNPM; MINEROPAR. Plano Diretor de Mineração para a Região Metropolitana de Curitiba, 2004.

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3.2 DIREITOS MINERÁRIOS

Os recursos minerais existentes e disponíveis em SJP referem-se, basicamente, aos denominados minerais sociais ou minerais de uso na construção civil, destacando-se a areia, argila, saibro/cascalho e a brita. O caulim, argilo-mineral de uso intensivo na indústria cerâmica para a fabricação de pisos, revestimentos, louças e etc., surge também com boa participação.

O mapa de Direitos Minerários mostra a situação atual em termos de direitos minerários incidentes sobre o território de SJP. Já os quadros trazem o quantitativo tanto no que se refere à fase de legalização minerária quando às substâncias prospectadas e/ou lavradas. Os números apresentados e atualizados revelam que a maioria dos processos minerários (43%) encontra-se em Fase de Autorização de Pesquisa, isto é, possuem Alvará de Pesquisa para a realização dos trabalhos prospectivos e/ou possuem Guia de Utilização, documento que permite a extração de determinadas substâncias ainda durante a vigência do prazo do Alvará de Pesquisa. Processos na fase de Concessão de Lavra somam 16% e na sequência tem-se a fase de Requerimento de Pesquisa, com 9%.

O recurso mineral mais extraído ou lavrado, como esperado, é a areia para agregado (43,5%), seguida por saibro (17,5%) e argila (14,4%), com ampla utilização na construção civil, revestimento de estradas e fabricação de tijolos.

64. Estatística dos direitos minerários por fase de legalização, existentes no município de São José dos Pinhais em agosto/2014

Fonte: DNPM/SIGMINE

65. Relação dos direitos minerários por substância no município de São José dos Pinhais em ago/2014

SUBSTÂNCIAS

Água Mineral 4 Areia 124 43,5% Argila 41 14,4% Argila Caulínica 1 0,35% Argila Refratária 3 1,05% Bentonita 1 0,35% Cascalho 1 0,35% Caulim 24 8,4% Dacito 1 0,35% Dado Não Cadastrado 3 1,05% Diabásio 1 0,35% Feldspato 1 0,35% Granito 16 5,6% Migmatito 5 1,8% Minério de Ferro 7 2,45% Riolito 2 0,7% Saibro 50 17,5% Total 285 100%

Fonte: DNPM/SIGMINE

FASE DE LEGALIZAÇÃO

Autorização De Pesquisa 123 43% Concessão De Lavra 56 16% Disponibilidade 11 3,8% Licenciamento 4 4,8% Requerimento De Lavra 63 22% Requerimento De Licenciamento 2 1,4% Requerimento De Pesquisa 26 9% Total 285 100%

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De acordo com dados da Mineropar (www.mineropar.com.br) o saibro é a substância mineral com maior participação na arrecadação da CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais) no município de São José dos Pinhais, perfazendo 51,3% desta arrecadação no período 2004 a 2008; em seguida, com 24,2% da arrecadação da CFEM, tem-se a areia. Ainda, São José dos Pinhais é o maior arrecadador da CFEM relativa ao saibro no Estado, participando com 80,8% desta arrecadação, e também responde pela maior arrecadação da CFEM relativa a areia na Região Metropolitana de Curitiba, com 11,1% da arrecadação da CFEM para esta substância no Estado do Paraná.

No tocante à questão socioeconômica, em 2007 o município informou no cadastro da RAIS (Relatório Anual de Informações Sociais), 23 indústrias de extração mineral que empregavam 202 pessoas, e 113 indústrias de minerais não metálicos que empregavam 1.331 pessoas. São José dos Pinhais é o município onde as indústrias extrativas minerais somadas às de minerais não metálicos possuem o segundo maior número de estabelecimentos, com 136 unidades em 2007, atrás somente de Curitiba que possuía 204 estabelecimentos. No total, tais indústrias empregaram 1.533 pessoas em São José dos Pinhais e 2.369 pessoas em Curitiba, respectivamente terceira e segunda maior concentração de empregos do setor mineral, atrás somente de Campo Largo.

Relativamente ao estado, São José dos Pinhais apresentou no ano de 2008 uma arrecadação de R$. 934.795,00, correspondendo a 9,0%, em a 0,48% da arrecadação do país. O valor da operação neste mesmo ano foi de R$. 71.345.695,00, equivalendo a 9,8% do valor total do estado.

Portanto, percebe-se pelos valores acima que a indústria da mineração é uma atividade econômica bastante importante no município, o que deverá ser considerado quando do planejamento do uso e da ocupação do solo. Nesse sentido, convém observar que os dados e informações demonstram que a indústria mineral no município é mais intensa e ativa ao longo das planícies aluviais associadas ao Rio Iguaçu e afluentes, com a produção, sobretudo, de areia e argila, sendo esta região caracteristicamente inadequada à urbanização em função de suas condições geológicas e geotécnicas (risco de inundação, nível freático muito raso a aflorante, e ocorrência generalizada de “solos moles”, por exemplo).

Alguns dos tópicos de destaque da legislação mineral e que são pertinentes no presente caso constam no anexo deste documento.

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66. Direitos Minerários em São José dos Pinhais

Fonte: DNPM/Sigmine, em 06/08/2014. Elaboração JLAA.

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4 O TERRITÓRIO RURAL

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Para o planejamento no território rural é preciso entender o meio rural além da produção de matérias primas. Trata-se de um espaço que requer cada vez mais a diversificação de suas atividades e o reconhecimento de sua multifuncionalidade pois, devido às transformações do meio rural e da agricultura, já não é mais possível reduzir um ao outro. Para SCHNEIDER (2006), este fenômeno reforça o argumento dos cientistas sociais que afirmam que o espaço rural também se constitui em um lugar de moradia, de lazer, de identidade cultural, de relação com a natureza, enfim, um espaço multifuncional.

Durante a ECO-92, no Rio de Janeiro, os governos reconheceram o “aspecto multifuncional da agricultura, particularmente com respeito à segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável”. Aprofundando-se no estudo do tema, CAZELLA E MATTEI (2002) afirmam que o rural associa-se à segurança alimentar, valorização do território, proteção e conservação do meio ambiente e da cultura local e manutenção de um tecido econômico e social rural. Sendo assim emergem novas atividades rurais além da esfera de produção e ganha força o debate sobre as “novas ruralidades”, rompendo com a concepção produtivista tradicional.

Uma das estratégias para a diversificação das atividades das famílias rurais é a pluriatividade. Trata-se de um fenômeno que pressupõe a combinação de duas ou mais atividades, sendo uma delas a agricultura, em uma mesma unidade de produção, e que pertencem a um grupo doméstico (SCHNEIDER, 2006). Desta forma surgem as famílias pluriativas que conciliam as atividades agrícolas produtivas com as atividades remuneradas não agrícolas, tornando os agricultores empregados e trabalhadores autônomos simultaneamente (CAZELLA; MATTEI, 2002).

Em São José dos Pinhais a pluriatividade no meio rural é significativa na dinâmica econômica na região. A agroindústria e o turismo rural se fazem presentes em várias localidades. Diversas atividades se realizam em diferentes espaços do território municipal, muitas vezes se sobrepondo umas às outras. Por se tratar de um município com importantes Unidades de Conservação e mananciais, nota-se que algumas áreas possuem maior vocação para a preservação e conservação, como as localizadas na Serra do Mar, enquanto outras apresentam uso compartilhado, onde atividades rurais e urbanas coexistem; e as áreas de uso intenso, caracterizada com atividades urbanas.

Este entendimento faz-se fundamental na discussão do planejamento do zoneamento e uso dos espaços, considerando o intenso processo de modificações por que passa o município, assim como a importância do meio rural e suas atividades para a economia e a dinâmica de São José dos Pinhais.

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4.1 PRODUÇÃO RURAL

De acordo com informações sobre a agricultura disponibilizadas no site da Prefeitura10, São José dos Pinhais possui a maior parte do seu território composta por área rural, cerca de 80%, 773 m², que apresenta altos índices de produtividade, sendo um dos principais fornecedores de hortifrutigranjeiros da Região Metropolitana de Curitiba.

9. Movimentação de hortifrutigranjeiros na região metropolitana de Curitiba – 2011/2012

MUNICÍPIOS/ANO 2011 2012 Volume (t) (%) Volume (t) (%)

São José dos Pinhais 37.261,88 19,36 40.096,47 20,49 Mandirituba 23.082,62 11,99 23.629,73 12,08 Araucária 22.646,51 11,76 24.650,32 12,60 Colombo 20.665,73 10,73 22.565,34 11,53 Cerro Azul 20.227,35 10,51 17.696,89 9,04 Campo Magro 14.226,13 7,39 15.011,93 7,67 Contenda 10.560,62 5,49 8.368,74 4,28 Quitandinha 6.755,41 3,51 7.256,96 3,71 Lapa 5.253,71 2,73 6.282,44 3,21 Almirante Tamandaré 4.533,90 2,36 4.645,54 2,37 Doutor Ulysses 4.356,66 2,26 4.017,00 2,05 Campo Largo 4.305,82 2,24 4.167,97 2,13 Bocaiúva do Sul 4.223,88 2,19 3.180,02 1,63 Curitiba 2.982,49 1,55 2.608,89 1,33 Agudos do Sul 2.503,10 1,30 3.103,57 1,59 Rio Branco do Sul 2.043,71 1,06 1.959,01 1,00 Tijucas do Sul 1.322,71 0,69 1.418,80 0,73 Fazenda Rio Grande 1.227,67 0,64 1.880,12 0,96 Balsa Nova 1.029,23 0,53 880,03 0,45 Campo do Tenente 1.862,04 0,97 768,20 0,39 Campina Grande do Sul 759,80 0,39 720,97 0,37 Rio Negro 392,91 0,20 329,56 0,17 Adrianópolis 105,70 0,05 123,85 0,06 Piên 70,81 0,04 84,16 0,04 Quatro Barras 73,74 0,04 72,84 0,04 Itaperuçu 26,14 0,01 111,90 0,06 Piraquara 9,72 0,01 31,99 0,02 Pinhais 0,01 0,00 9,77 0,00 Tunas do Paraná 0,01 0,00 0,00 0,00 Total RMC 192.510,01 41,59 195.673,01 --- Outros municípios (PR) 270.384,26 58,41 258.266,21 --- Total Geral 462.894,27 100,00 453.939,22 ---

Fonte: CEASA/PR in http://www.sjp.pr.gov.br/agricultura/

A produção é, em geral, familiar, compreendendo aproximadamente 4.500 propriedades. As atividades de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura ocupam 5.649 pessoas no município (IBGE, 2010).

São José dos Pinhais se destaca na produção de hortaliças, sendo um dos maiores produtores do Paraná. Além das hortaliças, o município produz milho, feijão, batata, banana, palmito, flores e frutas.

10 Fonte: Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais, http://www.sjp.pr.gov.br/agricultura/

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Também é importante o cultivo de camomila, sendo a produção destinada à indústria de cosméticos e medicamentos. A produção de morangos em 2011, segundo dados do CEASA/PR, foi de 909,4 toneladas e na safra de 2009/2010 de 2.035 toneladas, colocando o município como um dos principais produtores do Estado.

Ainda com base nos dados do CEASA/PR, São José dos Pinhais ofertou 12.292,8 de toneladas de repolho no ano de 2011, seguido por Piedade (SP) com 1.090,2 toneladas e Caçador (SC) com 648,0 toneladas.

Segundo a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento – SEAB, o valor bruto nominal da produção agropecuária em 2012 foi de R$ 296.318.056,48, considerando a produção de agricultura, florestais e pecuária, conforme tabela abaixo.

10. Valor bruto nominal da produção agropecuária – 2012

TIPO DE PRODUÇÃO VALOR NOMINAL (R$ 1,00)

Agricultura 263.544.505,08 Florestais 2.313.233,50 Pecuária 30.460.317,90 Total 296.318.056,48 Fonte: SEAB – Departamento de Economia Rural (Deral)

Dentre as atividades econômicas no município, as mais representativas quanto à área ocupada são a pecuária e criação de outros animais, as quais ocupam 13.702 ha - divididos em 1.290 estabelecimentos. Em seguida, a horticultura e floricultura, as quais juntas correspondem a 10.891 ha utilizados para produção, em 1.109 estabelecimentos agropecuários. Após aparecem as lavouras temporárias e as permanentes. O total dos estabelecimentos somam 2.956, ocupando 37.129 ha, de acordo com dados do Censo Agropecuário 2006, representados na tabela a seguir. Considera-se, portanto, que os estabelecimentos agropecuários possuem uma área média aproximada de 12,56 ha.

11. Estabelecimentos agropecuários e área segundo as atividades econômicas - 2006

ATIVIDADES ECONÔMICAS ESTABELECIMENTOS ÁREA (ha)

Lavoura temporária 424 8.986 Horticultura e floricultura 1.109 10.891 Lavoura permanente 79 2.831 Produção de sementes, mudas e outras formas de propagação vegetal

1 x

Pecuária e criação de outros animais 1.290 13.702 Produção florestal de florestas plantadas 12 227 Produção florestal de florestas nativas 4 40 Pesca 3 5 Aquicultura 34 394 Total 2.956 37.129 Nota: A soma das parcelas da área não corresponde ao total porque os dados das Unidades Territoriais com menos de três informantes estão desindentificados com o caráter "x". Dados revisados e alterados após divulgação da 2ª Apuração do Censo Agropecuário 2006, em outubro de 2012. Fonte: IBGE - Censo Agropecuário

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Em relação aos produtos agrícolas e seus rendimentos, segundo Censo Agropecuário de 2012, o tomate apresentou maior rentabilidade, (51.000 kg/ha), seguido da banana, (50.000 kg/ha). O produto que obteve maior valor, considerando o total da produção foi o milho, aproximadamente R$ 12 milhões.

12. Área colhida, produção, rendimento médio e valor da produção agrícola - 2012

PRODUTOS ÁREA COLHIDA (ha)

PRODUÇÃO (t) RENDIMENTO MÉDIO (kg/ha)

VALOR (R$1000,00)

Banana 250 12.500 50.000 6.375 Batata-doce 550 10.560 19.200 6.864 Caqui 15 180 12.000 270 Cebola 30 534 17.800 214 Erva-mate (folha verde) 80 1.180 14.750 283 Feijão 990 1.815 1.833 3.458 Mandioca 65 1.201 18.477 199 Milho 4.300 32.517 7.562 12.335 Palmito 22 72 3.273 216 Pera 2 11 5.500 25 Pêssego 14 168 12.000 331 Soja 115 342 2.974 247 Tomate 30 1.530 51.000 918 Trigo 10 20 2.000 12 Uva 76 932 12.263 1.398 Nota: Dados estimados. Os municípios sem informação para pelo menos um produto das lavouras temporárias e permanente não aparecem nas listas. Posição dos dados, no site do IBGE, 25 de outubro de 2013. Diferenças encontradas são em razão da unidade adotada. Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal

A produção pecuária e de aves tem como principal produto os galináceos, seguidos do rebanho de bovinos.

13. Efetivo de pecuária e aves - 2012

EFETIVOS NÚMERO

Rebanho de bovinos 10.578 Rebanho de equinos 5.300 Galináceos (galinhas, galos, frangos(as) e pintos) 129.020 Rebanho de ovinos 7.500 Rebanho de suínos 5.780 Rebanho de bubalinos 20 Rebanho de caprinos 490 Coelhos 300 Rebanho de ovinos tosquiados 3.000 Rebanho de vacas ordenhadas 2.600 Nota: O efetivo tem como data de referência o dia 31 de dezembro do ano em questão. Os municípios sem informação para pelo menos um efetivo de rebanho não aparecem nas listas. Posição dos dados, no site do IBGE, 10 de outubro de 2013.

Fonte: IBGE - Produção da Pecuária Municipal

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Dentre os produtos de origem animal, a produção leiteira é a mais significativa.

14. Produção de origem animal - 2012

PRODUTOS VALOR (R$1000,00) PRODUÇÃO UNIDADE

Lã 15 7.500 kg Leite 7.150 13.000 mil litros Mel de abelha 49 7.000 kg Ovos de galinha 575 500 mil dúzias NOTA: Os municípios sem informação para pelo menos um produto de origem animal não aparecem na lista. Posição dos dados no site do IBGE, 10 de outubro de 2013. Diferenças encontradas é em razão da unidade adotada.

Fonte: IBGE - Produção da Pecuária Municipal

As tabelas e informações apresentadas demonstram os principais produtos agrícolas e pecuários do município, apontando como a área rural é utilizada no território e qual a forma de produção. Entende-se, assim, que a agricultura familiar é predominante, pois nota-se a produção realizada em áreas não extensas e com grande diversidade de produtos, os quais somados são significativos para a economia local.

15. Estabelecimentos agropecuários e área segundo a condição do produtor - 2006

CONDIÇÃO DO PRODUTOR ESTABELECIMENTOS ÁREA (ha)

Proprietário 2.723 35.315 Assentado sem titulação definitiva 1 x Arrendatário 86 659 Parceiro 10 57 Ocupante 126 1.096 Produtor sem área 10 - Total 2.956 37.129 Nota: A soma das parcelas da área não corresponde ao total porque os dados das Unidades Territoriais com menos de três informantes estão desindentificados com o caracter "x". Dados revisados e alterados após divulgação da 2ª Apuração do Censo Agropecuário 2006, em outubro de 2012. Fonte: IBGE - Censo Agropecuário

Para viabilizar a produção agropecuária em 2012, segundo o Banco Central, foram realizados 312 contratos para a agricultura, totalizando R$ 8.831.697,33. E, apenas, 06 contratos para a pecuária, somando R$ 763.330,58.

16. Financiamentos a agricultura e a pecuária - 2012

TIPO DE FINANCIAMENTO CONTRATOS (NÚMERO) VALOR (R$ 1,00)

AGRICULTURA 312 8.831.697,33 Custeio 243 5.079.753,53 Investimentos 68 3.251.943,80 Comercialização 1 500.000,00

PECUÁRIA 6 763.330,58 Custeio 3 491.166,70 Investimentos 3 272.163,88 Comercialização - -

Fonte: BACEN

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O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, o qual financia projetos individuais ou coletivos que gerem renda aos agricultores familiares e assentados da reforma agrária, pode ser acessado atualmente por 1.283 agricultores familiares, os quais possuem a Declaração de Aptidão ao PRONAF, sendo que 965 estão ativadas.

17. Estatística de DAPs em São José do Pinhais

DAPs ATIVAS DAPs DESATIVADAS TOTAL DE DAPs

965 318 1.283 Fonte: Secretaria da Agricultura Familiar – SAF/MDA

O número de DAPs desativadas no município pode ser um reflexo da cultura local, onde os agricultores são mais conservadores quanto aos financiamentos do que em outras regiões do Paraná. Esse comportamento pode indicar que os agricultores de São José dos Pinhais realizam as atividades agrícolas com investimento próprio e baixo endividamento; por outro lado significa também uma menor circulação de recursos na agricultura local, a qual poderia ser dinamizada com os financiamentos do PRONAF.

4.2 ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL – ATER

O serviço de assistência técnica e extensão rural – ATER é realizado no Paraná pelo Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Paraná – EMATER, instituição vinculada à Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado. A ATER é uma área de grande abrangência, pois varia conforme a demanda dos produtores de cada região e município. Inclui, entre suas atribuições, o serviço de educação não formal, de caráter continuado, no meio rural, o qual promove processos de gestão, produção, beneficiamento e comercialização das atividades e dos serviços agropecuários e não agropecuários, inclusive das atividades agroextrativistas, florestais, artesanais e turísticas.

Em São José dos Pinhais a ATER é realizada pelo EMATER e também pela Secretaria Municipal de Agricultura, a qual disponibiliza 06 técnicos para atuação no campo, conforme quadro abaixo. Somados aos técnicos da prefeitura, 05 técnicos do EMATER atuam no município, os quais conjuntamente atendem 2.956 agricultores, considerando assim uma média de 268 agricultores por técnico. Os técnicos do EMATER trabalham com uma média de atendimento de 20 propriedades por técnico, dessa forma percebe-se que o número de técnicos disponíveis em São José dos Pinhais é insuficiente, gerando uma deficiência na ATER local.

Dessa forma, os produtores não são orientados e assistidos da maneira adequada, tratando-se de um município que possui várias áreas de produção inseridas em Áreas de Proteção Ambiental, demandando assim um acompanhamento técnico mais próximo e contínuo.

A ATER realizada na maneira adequada previne inúmeros problemas, incluindo os ambientais, portanto muitos deles poderiam ser prevenidos com uma assistência técnica mais presente localmente, como aqueles causados pelo uso intensivo de agrotóxicos, pelo uso irregular dos recursos hídricos; e pela gestão ineficiente do uso do solo. Além disso, a ATER poderia otimizar tantas outras potencialidades como a agroindústria e o turismo.

18. Assistência técnica e extensão rural – ATER

N° DE AGRICULTORES TÉCNICOS ATER

2.956 5 técnicos - EMATER 6 técnicos - Prefeitura SJP* 11 técnicos (cerca de 268 produtores por técnico)

* Atendem prioritariamente os programas institucionais da Secretaria de Agricultura (piscicultura, análise de solo, vacinação, regularização da produção de origem animal, inseminação, dentre outros) Fonte: dados informados pela EMATER - São José dos Pinhais e Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais.

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4.3 DISTRIBUIÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA

Grande parte da produção agrícola de São José dos Pinhais é comercializada no CEASA – Curitiba, localizado na BR-116, para posterior venda e redistribuição.

Uma interessante estratégia existente para reduzir os custos com transporte e intermediadores é comercializar a produção localmente, nos circuitos curtos de comercialização, abastecendo o mercado local e possibilitando um melhor preço para a produção. Essa venda local aquece a economia do município e possibilita maior interação entre comprador e produtor. Com esse foco a Prefeitura de São José dos Pinhais possui um projeto para a implantação de um Ceasa Municipal, o qual está em fase de negociação com o Governo Estadual. Segundo informações cedidas pela Secretaria Municipal de Agricultura, a construção seria no modelo de gestão parceria público-privado, em parceria com o governo estadual. A unidade seria a mais moderna do Brasil, seguindo modelos italianos e espanhóis.

A produção de alimentos de São José dos Pinhais tem uma atuação no mercado regional e no mercado nacional por meio de ações integradas das Centrais de Abastecimento com os mercados de São Paulo, Londrina, Rio de Janeiro, Maringá, Campo Grande, Cuiabá, Florianópolis, Joinville, Porto Alegre e Caxias do Sul, como alguns exemplos. No mercado internacional alguns produtos como a batata, tomate, tem uma comercialização na região de fronteira, mas ainda é de baixo volume e condicionada aos preços praticados, não sendo rotineiro. A internacionalização do mercado de alimentos é uma tendência que se viabiliza a partir de uma estrutura logística, a qual é favorecida em São José dos Pinhais devido a sua localização privilegiada, conectada com as rodovias BR-116, BR-277 e BR-376, e com o Aeroporto Internacional Afonso Pena, um dos principais do sul do país. Porém, a exportação de alimentos não se apresenta ainda como uma vertente estruturante da atividade agrícola do município, por se caracterizar como uma agricultura familiar e regional. Percebe-se que os circuitos curtos de comercialização são os mais interessantes, pelas facilidades hoje existentes de distribuição, assim como pela forma de produção, a qual se caracteriza mais pela diversidade do que pela escala, favorecendo assim a comercialização local e regional a contribuir para a segurança alimentar na região.

Outro importante ponto a ser destacado é o processo de verticalização que a produção agrícola, como um todo, vem passando, a qual consiste na transformação dos produtos e agregação de valor, como, por exemplo, a venda de alimentos já lavados, descascados, cortados e embalados. Esse tipo de procedimento demanda um investimento dos produtores, o qual pode ser feito de forma coletiva e cooperativa, porém valoriza o produto na hora da venda.

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4.4 AS ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL E O MEIO RURAL

4.4.1 Área de Proteção Ambiental de Guaratuba

A Área de Proteção Ambiental – APA de Guaratuba -, disciplinada pelo Decreto Estadual n° 1.234 de 27 de março de 1992 -, possui 199.586 hectares e compreende boa parte do litoral centro-sul do Estado do Paraná, da região da Serra do Mar, e uma porção do Primeiro Planalto.

Os limites da APA de Guaratuba configuram entorno em interface com o perímetro urbano de Guaratuba e Matinhos, e com terrenos rurais com maior e menor densidade demográfica dos municípios de Morretes, Tijucas do Sul e São José dos Pinhais. Cerca de 11,25% da área da APA encontra-se em São José dos Pinhais.

Plano de Manejo

Visa orientar a gestão participativa de modo a assegurar a conservação dos recursos naturais e a melhoria da qualidade de vida. Estabelece as diretrizes e orienta programas, projetos e ações que venham a ser realizados na região pelos diferentes grupos de interesse, atuantes direta ou indiretamente na APA.

Para acompanhar os trabalhos do Plano, foi criado o Grupo de Apoio ao Planejamento da APA (GAP) de Guaratuba, composto inicialmente por representantes das prefeituras, funcionários do IAP de (gerência da APA, setor de licenciamento, fiscalização e unidades de conservação), IBAMA, SEMA/Conselho do Litoral, SEMA/PRÓ-ATLÂNTICA, Batalhão da Polícia Florestal (BPFlo) e suplentes de cada município da APA.

Uso e Ocupação do Solo

Solo Urbano - São José dos Pinhais, Paranaguá, Guaratuba e Matinhos são classificados como municípios urbanos de média dimensão, com taxa de urbanização superior a 75%.

Solo Rural - no conjunto dos três municípios com maior porção territorial na APA de Guaratuba – Guaratuba, Tijucas do Sul e São José dos Pinhais - verifica-se que:

28,3% do solo é ocupado com lavouras temporárias. São principalmente lavouras de subsistência, com excedente comercializado via atravessadores e no pequeno comércio de beira de estrada. Principais culturas: milho, feijão, mandioca, cana-de-açúcar, batata-salsa, abóbora, arroz, taiá, palmito Jussara. Observa-se a simultânea atividade de criação de animais de produção, aves e suínos;

3,5% com lavouras permanentes. A maior participação de área de lavoura permanente, 11,1%, é observada em Guaratuba.

28,9% com florestas nativas onde é exercido o extrativismo vegetal não legalizado: palmito, bromélias e xaxim; e ainda a caça e a pesca;

16,8% com florestas plantadas, dado revelador da importância dos reflorestamentos na região da APA de Guaratuba;

12,7% da área dos estabelecimentos é mantida com pastagens naturais;

3,7% com pastagens plantadas.

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Atividades Produtivas

Agricultura familiar; agricultura moderna ou comercial; pecuária familiar; exploração mineral; pesca; agroindústria - fabricação de produtos alimentícios; prestação de serviços (chácaras); extrativismo animal (caça); extrativismo florestal (ornamentais, bromélias, xaxins, palmito).

Zoneamento

O Zoneamento é, em linhas gerais, a divisão do território em parcelas com peculiaridades ambientais e condições de ocupação similares. Deve ser um instrumento permanente do processo de planejamento com a finalidade de ordenar o uso do solo e facilitar a gestão.

O território da APA foi dividido em 32 zonas, a saber:

a) Zonas de Proteção Ambiental (total de 5)

b) Zonas de Conservação Ambiental (total de 13)

c) Zonas de Uso Agropecuário (Resolução 010/88 CONAMA) (total de duas)

d) Zonas de Usos Especiais (total de duas) – unidades de conservação de categorias de uso mais restritivo

e) Áreas de Proteção Especial – Em número de doze (11). Áreas que correspondem a situações específicas que foram mapeadas como de grande fragilidade ambiental.

f) Baía de Guaratuba

Dentro do município de São José dos Pinhais, estão inseridas as seguintes zonas da APA de Guaratuba:

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19. ZEE - APA de Guaratuba - zonas, objetivos e diretrizes ZONA OBJETIVOS DIRETRIZES

Zona de Conservação C4 – Castelhanos/Comunidade Alto da Serra

- Ordenar o crescimento das comunidades locais; - Regulamentação do extrativismo vegetal; - Controlar o uso indiscriminado de agrotóxicos.

- Estimular a conversão da agricultura tradicional para agricultura orgânica; - Apoiar iniciativas de turismo sustentável como: ecoturismo, turismo cultural, turismo rural.

Zona de Conservação C5 – Comunidades Santos Andrade (SJP) e Osso da Anta (Tijucas do Sul)

Conservar a zona ecotonal (de transição da Floresta Ombrófila Mista e Floresta Ombrófila Densa); - Controlar a expansão da ocupação.

- Promover o controle das atividades de reflorestamento; - Intensificar o controle da qualidade das águas.

Zona de Proteção P2 – Canavieiras – Araraquara (municípios de Guaratuba, São José dos Pinhais, Morretes e Tijucas do Sul)

- Assegurar a conectividade entre os fragmentos florestais existentes e as unidades de conservação.

- Promover ações intensivas de fiscalização preventiva visando coibir a caça e a extração indiscriminada de recursos vegetais; - Promover os princípios da agroecologia na agricultura local.

Zona de Proteção – Áreas de Proteção Especial das Zonas P2, C4 e C6 (incluindo as APEs da Represa Guaricana e Usina Chaminé)

- Promover a integridade das paisagens naturais; - Conservar os recursos hídricos; - Assegurar a proteção dos sítios arqueológicos nas margens das represas Guaricana e Chaminé; - Ordenar o uso turístico recreativo.

- Estabelecer limites de velocidade dos barcos motorizados; - Normatizar as atividades turísticas e de recreação. - Promover ações intensivas de fiscalização preventiva visando coibir a caça e a extração indiscriminada de recursos vegetais.

Zona de Proteção Área de Proteção Especial (APE) Serra do Salto

- Estimular a substituição das florestas homogêneas de Pinus por florestas nativas.

- Promover ações intensivas de fiscalização preventiva visando coibir a caça e a extração indiscriminada de recursos vegetais.

Fonte: SEMA, Plano de Manejo da APA de Guaratuba (2006)

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67. Zoneamento APA de Guaratuba

Fonte: SEMA, Plano de Manejo da APA de Guaratuba (2006)

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4.4.2 Área de Proteção Ambiental Estadual do Rio Pequeno

A APA Estadual do Pequeno, instituída por Decreto Estadual n° 1752, de o6 de maio de 1996, localizada na bacia hidrográfica do rio Pequeno, no município de São José dos Pinhais, surgiu da necessidade de regulamentar o uso e a ocupação das diversas atividades humanas de modo a assegurar sua proteção, melhoria e recuperação da qualidade ambiental, visando garantir a potabilidade da água coletada para consumo da população da Região Metropolitana de Curitiba. A APA possui 6.200 ha e faz parte do bioma floresta com araucárias.

Segundo a COMEC (2001), verifica-se que as dinâmicas demográficas e socioeconômicas tornam essa região um espaço com significativo processo migratório, enfrentando atualmente uma forte pressão por ocupação urbana.

A atividade agropecuária da bacia hidrográfica do rio Pequeno demonstra uma predominância do modelo baseado na agricultura familiar, respondendo por uma parte significativa da produção de olerícolas e culturas temporárias no município de São José dos Pinhais.

Na região da APA estabeleceu-se uma colônia de imigrantes italianos, a Colônia Mergulhão, os quais exerceram fortes influências na ocupação da área, forma de produção, arquitetura e gastronomia. Atualmente, por suas características culturais, a região da APA é um destino turístico, com destaque para o Caminho do Vinho, circuito de turismo rural na Colônia Mergulhão.

Plano de Manejo

Não possui

Uso e Ocupação do Solo

A cobertura do solo no compartimento leste da bacia sofreu alterações bem menos significativas que nas áreas mais baixas, a oeste.

Na porção menos alterada, boa parte da cobertura florestal original encontra-se ainda representada por estágios sucessionais intermediários e finais (capoeirão e floresta secundária), ocorrendo algumas manchas de floresta clímax nas áreas de mais difícil acesso (Serra do Mar). A ocupação antrópica dessa região está representada por chácaras de lazer e pequenas propriedades agrícolas.

No setor médio da bacia, a ocupação do solo assume um caráter agrícola, com uma certa ocorrência de pastagens associadas aos campos naturais. Ainda se observam fragmentos de Floresta Ombrófila Mista em diferentes estágios de sucessão, assim como a ocorrência de matas de galeria ao longo do rio Pequeno e seus afluentes.

Na região das planícies de inundação do rio Pequeno ainda encontram-se remanescentes dos campos edáficos, ou várzeas, característicos da região. Esta sub-região apresenta uma maior densidade demográfica, relacionada ao perímetro urbano de São José dos Pinhais e a ocupação urbana ao longo da BR-277 (GUIMARAES, 2000).

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68. Programa de Saneamento Ambiental da RMC

Fonte: Revista Metropolis Nº1, COMEC

4.5 BACIAS HIDROGRÁFICAS

4.5.1 Ações de Saneamento Ambiental

Em 1992 o Governo do Estado do Paraná contratou o Programa de Saneamento Ambiental da RMC - PROSAM, o qual previa, por meio de um conjunto de projetos, recuperar as condições ambientais da Bacia do Alto Iguaçu.

Este conjunto estava subdividido em quatro grandes áreas: bases para a execução de políticas públicas na área ambiental; projetos de recuperação ambiental; projetos de melhoria das condições ambientais; e projetos de uso conservacionista do solo.

O PROSAM realizou a estruturação de propriedades rurais localizadas em áreas de mananciais, empregando ações como a construção de tanques, esterqueiras, abastecedores comunitários e lavadores de olerícolas.

Na RMC existe uma agricultura capitalizada, geradora de emprego e renda, onde predomina o sistema de produção de olericultura com uso intensivo do solo, uso de agrotóxicos, adubos químicos e intenso uso de água para irrigação e para as atividades pós-produção, atividades estas impactantes para o meio ambiente.

Por meio deste programa, 30 agricultores de São José dos Pinhais localizados na Bacia da Miringuava foram beneficiados com 70 tanques construídos. Ainda, auxiliou no fomento do turismo rural como atividade produtiva geradora de renda, a qual pode ser apropriada em uma região que demanda cuidados ambientais.

A oferta de serviços de lazer a alimentação associadas à paisagem em processo de recuperação ambiental, à dinâmica de produção de alimentos e ao patrimônio cultural das comunidades rurais possibilitaram a implantação dos circuitos de turismo rural na RMC, assim como ocorreu na Colônia Mergulhão, atestando a vocação da área para o turismo rural e para atividades agrícolas de baixo impacto ambiental.

4.5.2 Conflitos pelo Uso das Águas nas Bacias Hidrográficas

Parte importante das bacias hidrográficas de São José dos Pinhais édefinida como áreas de manancial de abastecimento público. Algumas delas, conforme visto anteriormente, já estão delimitadas por instrumentos específicos, como é o caso dos rios Itaqui e Pequeno.

Atualmente, está em andamento a construção do Reservatório do Miringuava, com o objetivo de armazenamento e fornecimento de água para o município de São José dos Pinhais e para algumas cidades da Região Metropolitana de Curitiba. Os estudos para a delimitação de sua APA e do respectivo zoneamento ecológico-econômico estão em andamento.

A barragem do Miringuava terá 309 metros de crista e 26 metros de altura em relação à fundação. Será inundada uma área de 4,3 km2 que comportará um volume de 38hm3. A área total a ser desapropriada será de 11.181.384,00 m2 incluindo áreas de preservação permanente, sendo 47ha de área cultivável. Serão atingidas 123 propriedades, sendo que 17 propriedades já foram indenizadas.

O valor do financiamento obtido junto à Caixa Econômica Federal é de aproximadamente R$ 87 milhões, necessários para a realização das obras e desapropriações.

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O início das obras está previsto para outubro de 2014, com prazo de 18 meses para construção e previsão do início da operação para início de 2016.

A área da bacia do Miringuava, próxima ao seu limite oeste, é recortada por uma mancha urbana, conforme definido pela legislação vigente, mas em sua maior extensão é caracterizada como rural. A esse respeito, Bossle (2010) alerta para o fato de que o processo de urbanização está avançando por sobre as áreas de APP, remanescentes florestais e as de vocação agrícola, sobretudo aquelas utilizadas para o cultivo de horti-frutigranjeiros, um dos mais ricos da RMC. Menciona ainda que, no período 1980-2000, a área agrícola da bacia decresceu de 25,16% para 21,28%.

Cabe destacar que a agricultura em São José dos Pinhais se caracteriza como um sistema produtivo bastante intenso e diversificado, onde o recurso hídrico tem uma forte contribuição. Ou seja, o uso das águas é um fator importante no processo produtivo. A água é importante como tecnologia de produção através das diversas técnicas de irrigação e também no processo de beneficiamento da produção, visando a sua comercialização.

O conflito pela água entre o abastecimento público e para atender a demandas dos agricultores ocorre de duas maneiras.

1- Pela quantidade coletada: neste caso, apesar dos agricultores familiares de São José dos Pinhais não terem a outorga do Estado para o uso das águas, como um documento público, muitos agricultores captam as águas diretamente dos rios para as suas necessidades. Dessa forma, em algumas comunidades rurais do município, este conflito é visível por meio das inúmeras estações de captações que são feitas diretamente nos rios e tanques. Estes problemas são agravados em determinadas épocas do ano, em que as condições de pluviometria são diminuídas e os agricultores dependem das técnicas de irrigação para a produção de alimentos.

2- Pela qualidade das águas: as águas que são captadas diretamente dos rios após adentrarem um sistema produtivo perdem qualidade e retornam aos mananciais em condição inferior a de quando foram coletadas, pois os recursos hídricos são utilizados como insumo e são devolvidos com resíduos de solos agrícolas, de adubos químicos, de agrotóxicos e da produção. São poucos agricultores que tem um sistema de tratamento eficiente das águas que foram utilizadas. Os maiores impactos ocorrem da seguinte maneira.

A captação de água é feita através de bombas hidráulicas que são acionadas por micro tratores movidos a óleo diesel. Neste caso é muito comum perceber a contaminação dos solos e águas pelo óleo combustível que saiu dos tratores. A captação de águas através de bombas hidráulicas acionado por motores elétricos tem menor impacto.

Quando é realizada a irrigação sem critérios técnicos referentes à conservação dos solos, ao sistema de irrigação, à manutenção de equipamentos e, também, pelas diversas técnicas de irrigação, o impacto na qualidade da água pode ser ainda maior.

Com a aplicação de agrotóxicos os impactos são produzidos na captação das águas, na mistura da calda de aplicação, na técnica de aplicação, na manutenção do equipamento e na limpeza das embalagens e dos equipamentos. Estes problemas são agravados pela falta de um profissional da Assistência Técnica, pelo uso incorreto dos agrotóxicos e pelas condições climáticas do momento da aplicação.

Pelo beneficiamento da produção. Todos os produtos que são levados ao mercado necessitam de uma lavagem ou de um processo de classificação. Neste caso, a contaminação das águas é agravada, pois as águas servidas são devolvidas ao manancial sem nenhum tratamento.

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4.6 PROGNÓSTICO

Com base no diagnóstico realizado e nas conversas com técnicos, produtores e lideranças locais, pode-se considerar os apontamentos seguintes como importantes a serem trabalhados no planejamento do território rural do município.

Apontamento 1 - Uso Intensivo do Solo Agrícola

Os sistemas de produção baseados na olericultura exigem do solo agrícola um manejo intenso na sua na parte física, química e biológica. Neste caso, um conjunto de tecnologias é relacionado para a manutenção da capacidade e aptidão agrícola. Quando os sistemas de produção estão fortemente atrelados às oscilações do mercado consumidor, a tendência é relegar para outro momento os cuidados necessários para um manejo dos solos adequado. Estes fatores tecnológicos devem constar na pauta de trabalho da política pública municipal.

Apontamento 2 - Uso dos Recursos Hídricos para Produção

A água é a base do processo produtivo da agricultura. Para os sistemas de olericultura esta dependência é muito maior, visto que os recursos hídricos são fundamentais no processo produtivo, utilizados nas técnicas de irrigação, na aplicação de agrotóxicos e no beneficiamento da produção que se destina ao mercado consumidor. As tecnologias adequadas para o uso deste recurso estão disponíveis aos agricultores por meia da ação dos instrumentos da Assistência Técnica e Extensão Rural. Em face da situação das bacias hidrográficas do município, os agricultores têm que ser orientados constantemente para que o uso múltiplo dos recursos hídricos seja implantado de forma responsável.

Apontamento 3 - Uso Intensivo de Agrotóxicos

Segundo a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná - ADAPAR, em 2013 foram comercializados 64.234 kg de agrotóxicos em São José dos Pinhais, sendo que destes 54,2% herbicidas, 20,4% fungicidas e 12,9% inseticidas.

O problema do uso de agrotóxicos está inserido em um conjunto de ações que terá como objetivo a diminuição do uso deste produto e proporcionar melhor qualidade aos alimentos produzidos no município.

Esta questão deve estar na pauta dos profissionais que atuam na Assistência Técnica aos agricultores. É importante ressaltar que este profissional tem uma função pública, do município e do Estado; da iniciativa privada e de entidades do terceiro setor.

O controle das ervas daninhas, das pragas e doenças das plantas cultivadas ainda está muito centrada no uso de tecnologias baseada na química. Os usos de outros meios tecnológicos podem proporcionar melhores condições ao ambiente produtivo.

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Apontamento 4 - Integração do Mercado de Abastecimento Familiar

Existe uma forte demanda de alimentos para abastecer a rede de instrumentos que compõe o mercado consumidor do município. Estes instrumentos são as feiras de ruas, mercados públicos e as compras institucionais, como a merenda escolar. A Prefeitura já possui um projeto aprovado para a instalação de um CEASA municipal em São José dos Pinhais. Esta ação é uma ferramenta para promover os circuitos curtos de comercialização no município e dinamizar a economia local.

Alguns agricultores de origem familiar, de acordo com a legislação federal, podem ter acesso ao mercado institucional, pois o poder público local e estadual têm uma demanda como consumidor de alimentos que se destina a apoiar as políticas sociais que atendam creches, hospitais e, principalmente, escolas públicas. Atualmente a legislação federal já privilegia a aquisição de alimentos deste segmento social. Portanto, ações estratégicas para esse setor certamente potencializarão a agricultura familiar em São José dos Pinhais ao promover a venda de alimentos de forma direta e a otimização do mercado institucional.

Apontamento 5 - Melhoria da Qualidade da Produção.

Esta é uma situação constante, pois os alimentos produzidos disputam mercados que estão cada vez mais exigentes. Os alimentos produzidos de forma orgânica, agroecológicas, são diferenciados no mercado consumidor. As redes de supermercados procuram atender estas demandas de uma sociedade que esta mais informada sobre os riscos no consumo de produtos contaminados com agrotóxicos. Os agricultores e suas organizações entendem esta dinâmica do mercado e se especializam para fornecer alimentos de melhor qualidade. A verticalização dos alimentos acontece na realização de etapas de processamento dos produtos, utilizando águas limpas e com o processo de embalagem de acordo com as exigências do mercado. Esta fase de verticalização se completa com o lançamento das marcas que caracterizam o tipo ou a origem de procedência. Esta é uma tendência mundial que deve ser considerada na elaboração das políticas públicas para o setor.

Apontamento 6 - ATER Insuficiente

A ação de Assistência Técnica e Extensão Rural - ATER é exercida por profissionais de natureza pública, privada e do terceiro setor.

Dentre as entidades públicas que atuam neste segmento destacamos o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - Emater, o qual atua com recursos do Governo Federal e Estadual no atendimento aos agricultores. A ADAPAR, entidade vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento - SEAB, atua com a fiscalização dos processos produtivos e tem dado ênfase à questão dos agrotóxicos, do comércio de sementes, mudas e fertilizantes e principalmente na qualidade dos produtos. A CEASA, entidade que atua na comercialização de produtos, tem um papel de regulador na quantidade e qualidade dos produtos e na distribuição dos mesmos.

A Prefeitura Municipal possui profissionais que atuam em políticas públicas e no fomento de novas atividades rurais e na assistência técnica.

As informações existentes indicam à necessidade de adequar a estrutura da ATER, de forma a contemplar satisfatoriamente todos os agricultores do município, considerando a pluriatividade do setor.

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Apontamento 7 - Impacto da Construção do Reservatório do Miringuava

Com a construção do reservatório de água na bacia do Rio Miringuava pela SANEPAR, visando o abastecimento público da Região Metropolitana de Curitiba, trará já em 2015 a esta região uma alteração nas suas diretrizes de uso e ocupação do solo, e o processo produtivo do meio rural sofrerá impactos.

Parte importante da bacia do Rio Miringuava, onde atualmente desenvolve-se uma produção de alimentos com um sistema de produção impactante, passará a integrar de forma substancial o Sistema de Abastecimento Integrado de Água. Todas as comunidades rurais da região afetada, de forma organizada, devem discutir e se inserir neste novo paradigma, onde os aspectos de conservação e de preservação das condições naturais passam a ser prioridade. Do mesmo modo, a SANEPAR tem que se comprometer com os agricultores nesta nova proposta.

O poder público local necessitará planejar ações de reorientação para essa porção do município considerando a alteração da paisagem, da estrutura viária, da estrutura de serviços, entre outras mudanças. Já temos exemplos do Brasil e no mundo desta nova forma de integração. Os agricultores que residem e trabalham em áreas de mananciais passarão a ter um trabalho mais comprometido com os mananciais de abastecimento público.

Apontamento 8 - Gestão do Uso De Solo

Os mecanismos de controle do uso e da ocupação do solo são parcos na área rural, tanto para as atividades produtivas quanto para a construção de residências, barracões e instalação de outras atividades econômicas. Assim, usos urbanos que têm limitações para atuar nos ambientes das cidades se deslocam para o meio rural, acarretando impactos diversos em termos ambientais e socioeconômicos. Este crescimento desordenado na área rural fica evidenciado no surgimento de aglomerações de residências, atividades de comércio e de serviços em regiões que não estão vocacionadas para tal fim, e consequentemente não estão contempladas no planejamento municipal.

Esta situação é mais visível em regiões com forte pressão econômica/urbana e com atividades diversificadas.

O poder público local pode contemplar esta problemática estabelecendo mecanismos de regulação e controle no meio rural, principalmente em áreas de mananciais de abastecimento público.

Apontamento 9 - Fiscalização

O poder público pode empreender diversas ações de fiscalização. A organização dessas ações se faz necessária para trabalhar os territórios contemplados no planejamento municipal tais como as Áreas de Proteção Ambiental - APAs, Unidades Territoriais de Planejamento - UTPs e nas áreas e zonas previstas no Plano Diretor, tanto no espaço urbano como rural.

Na área rural, as entidades de fiscalização relacionadas ao poder público estadual são:

Instituto Ambiental do Paraná -IAP, vinculado à Secretaria de Estado do Meio Ambiente, que atua na fiscalização da legislação ambiental.

Agência de Defesa Agropecuária do Paraná - ADAPAR, entidade vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, atua na fiscalização dos processos produtivos e tem dado ênfase à questão dos agrotóxicos, do comércio de sementes, mudas e fertilizantes e, principalmente, na qualidade dos produtos. A ADAPAR tem agido em parceria com o Ministério Público do Paraná para conter os problemas de contaminação dos alimentos.

Instituto das Águas do Paraná, que atua na fiscalização do uso dos recursos hídricos.

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Apontamento 10 - Êxodo Rural

O espaço rural tem que manter as suas características de ruralidades e de vocação para ser atrativo e promover um modelo de desenvolvimento que seja sustentável nas lógicas ambiental, social e econômica. Para moldar este modelo de desenvolvimento, a participação das organizações de representação é fundamental.

O processo de êxodo rural só pode ser contido por meio da implantação de um conjunto de políticas públicas que considere as outras dimensões do espaço. Não se pode entender o rural apenas como espaço das atividades econômicas e sim com outras vocações.

No âmbito municipal, as políticas com esta finalidade devem também atentar para o contexto regional, pois alguns municípios da RMC, com realidade rural similar, podem apresentar-se mais atrativos para produção do que o próprio município, realizando assim um êxodo rural/rurais, em busca de um território que possibilite maiores vantagens sociais, produtivas e comerciais para os produtores e suas famílias.

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5 ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO MUNICIPAL

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5.1 MACROZONEAMENTO

O Município de São José dos Pinhais fica dividido, conforme Lei Complementar nº 16, de 11 de novembro de 2005, nas áreas descritas a seguir.

I. Área de Proteção Ambiental do Rio Pequeno; II. Área de Proteção Ambiental de Guaratuba;

III. Área Especial de Interesse Turístico do Marumbi; IV. Unidade Territorial de Planejamento do Rio Itaqui; V. Delimitação e Zoneamento da Área Urbana do Distrito de Campo Largo da Roseira;

VI. Distrito Industrial de São José dos Pinhais;

VII. Demais Áreas Urbanas; VIII. Área Rural.

69. Macrozoneamento

Fonte: Plano Diretor Municipal . Elaboração: JLAA

De acordo com legislação específica e alterações

De acordo com a Lei Nº16/2005

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5.2 ZONEAMENTO, O USO E A OCUPAÇÃO DO SOLO E O SISTEMA VIÁRIO

A Lei Complementar nº 16, de 11 de novembro de 2005, dispõe sobre o Zoneamento, o Uso e a Ocupação do Solo e Sistema Viário do município de São José dos Pinhais. A Lei original recebeu 03 alterações significativas tendo sido atualizada pelas Leis Complementares Nº29/2007, Nº 58/2011 e Nº87/2013.

Esta Lei integra o Plano Diretor ao classificar e regulamentar a modalidade e a qualidade do uso e ocupação do solo urbano por meio da divisão do território do município em 24 zonas ou setores.

Destas, duas zonas correspondem aos Distritos Industriais de São José dos Pinhais e de Campo Largo da Roseira, que são regulamentadas por legislação específica possuindo 05 e 04 subzonas cada, respectivamente. A Lei Municipal Nº 03/1996 rege o Distrito de São José dos Pinhais enquanto o Distrito de Campo Largo da Roseira é regulamentado pela Lei N° 01/1997.

A Unidade Territorial de Itaqui corresponde a uma das zonas da Lei Nº16 e também é regulamentada por legislação específica estadual - atualmente em revisão - possuindo 08 subzonas de uso/proteção.

Adicionalmente as demais zonas descritas na Lei Nº 16 possuem subzonas que são definidas de acordo com a categoria das vias quedão testada a seus lotes ou glebas, gerando desta forma 82 “subzonas viárias”.

A Lei Nº 16 ainda define 15 eixos de adensamento intitulados “Vias Especiais”, cada qual com seus próprios parâmetros construtivos.

Ao final, se associadas as Leis Complementares Nº16/2005, nº03/1996, nº01/1997 e o Anteprojeto de Lei da UTP de Itaqui são contabilizadas 114 subzonas de uso e ocupação do solo que regem o território de São José dos Pinhais.

LEI nº16/2005 Uso e Ocupação

24 ZONAS

82 “subzonas viárias”

+ Hierarquia Viária

LEI nº03/1996 DI SJP 05 subzonas

LEI nº01/1997 DI CLR 04 subzonas

LEI UTP Itaqui 08 subzonas

15 “subzonas especiais”

+ Eixos Especiais

Zona Industrial

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70. Zoneamento Municipal

As Zonas da Lei de Uso e Ocupação do Solo, Lei Nº 16/2005, estão assim representadas:

Zona residencial um (ZR1) - aquela predominantemente destinada à implantação de moradias unifamiliares e de baixa densidade (entre 51 e 150 hab/ha), salvo as ruas atingidas por uso específico do sistema viário;

Zona residencial dois (ZR2) - aquela destinada ao uso habitacional de baixa densidade (entre 51 e 150 hab/ha), e atividade comercial;

Zona residencial três (ZR3) - aquela destinada ao uso habitacional de média densidade (entre 151 e 300 hab/ha), e atividade comercial;

Zona residencial especial 1 e 2 (ZRE1 e ZRE2) - aquelas destinadas ao uso habitacional de baixíssima densidade e uso industrial.

Zona residencial quatro (ZR4) - aquela destinada ao uso habitacional de alta densidade (acima de 300 hab/ha), e atividade comercial;

Zona central um (ZC1) que corresponde ao centro tradicional da cidade;

Zona central dois (ZC2) que corresponde ao entorno imediato da ZC1;

Zona central três (ZC3) que corresponde ao subcentro delimitado pelas ruas Profª Marieta S. Silva, Francisco Alves, Tavares de Lyra, Maria Luiza, Lourenço José de Paula e Antônio Dantas.

Zona Especial Estrutural (ZEE), aquela que se caracteriza como expansão do centro tradicional e de indução do crescimento da cidade em direção ao sul, com predominância de habitação coletiva, sendo admitidas atividades comerciais e de serviços. (pode ter aumento de potencial construtivo)

Zona Industrial e de Serviços (ZIS), aquela com predominância de atividades industriais e de serviços, bem como das atividades que lhes são complementares.

Distritos Industriais, aquelas áreas destinadas principalmente à implantação de indústrias e serviços de apoio à indústria constituindo um complexo industrial, são regulamentados através de legislação específica.

Zona especial de serviços intermodais (ZESI) - compreendem as áreas que por suas características locacionais, em função de infraestrutura metropolitana, devem ter usos específicos para utilização dessa infraestrutura;

Unidade Territorial de Planejamento (UTP) do Itaqui - está contida na bacia do Rio Itaqui manancial de interesse de proteção especial para fins de abastecimento público, definidos pelas legislações estaduais e municipais pertinentes.

Setor especial de áreas verdes (SEAV) - compreende as áreas sujeitas às inundações e erosão, onde deve ocorrer a implantação de parques lineares, destinados às atividades de recreação e lazer, à proteção de matas ciliares, a facilitar a drenagem urbana e a preservar áreas críticas.

Zonas Especiais de Ocupação Restrita (ZEOR 1 e 2), as áreas com restrições à ocupação, delimitadas pela Cota de Inundação.

Zona especial de interesse social (ZEIS) - compreende as áreas destinadas ao desenvolvimento de assentamentos urbanos vinculados a programas habitacionais de interesse social ou programas de regularização fundiária (de iniciativa pública ou privada).

Zona especial institucional (ZEI) - compreende as áreas destinadas a todos os equipamentos comunitários, públicos ou privados, ou usos institucionais, públicos ou privados, necessários à garantia do funcionamento satisfatório dos demais usos urbanos e do bem estar da população;

Zona especial de aeroporto (ZEA) - compreende as áreas destinadas às instalações inerentes ao setor, bem como áreas de segurança;

Setor especial de sistema viário (SESV) - compreende as faixas especiais junto à ferrovia e as rodovias que cortam o Município.

Zona Rural (ZRU) - toda área situada no território municipal, não incluída no perímetro da área urbana.

Sede da Colônia Murici (SCM) – considerada como área urbana caracterizada pela edificação contínua e existência de infraestrutura e equipamentos públicos comunitários, destinados às funções urbanas básicas de habitação, trabalho, recreação e circulação.

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A classificação funcional do Sistema Viário do Município de São José dos Pinhais é estabelecida de acordo com as categorias abaixo definidas:

I. Vias Regionais são vias com a função de conduzir, de forma expressa, o tráfego com origem e/ou destino fora do território do Município, são compostas por: rodovias estaduais; e federais;

II. Vias marginais (VM) - são vias paralelas e frontais às Vias Regionais com a função de facilitar o acesso às atividades lindeiras a essas vias;

III. Vias arteriais (VA) - são vias com a função de conduzir o tráfego entre zonas urbanas afastadas entre si, bem como conectar-se com as Vias Regionais facilitando as trocas de viagens com as áreas externas ao Município;

IV. Vias de integração intermunicipal (VII) - são vias com a função de conduzir o tráfego de veículos em viagens entre a área urbana do Município de São José dos Pinhais e as áreas urbanas dos municípios vizinhos;

V. Vias de integração municipal (VIM) - são vias com a função de conduzir o tráfego de veículos em viagem entre a área urbana, as áreas rurais e os distritos industriais do Município;

VI. Via perimetral rural de integração das colônias (PRIC) - são vias de interesse turístico e cultural com a finalidade de interligar as colônias do Município e promover o desenvolvimento do comércio, serviço e indústria local;

VII. Vias coletoras (VC) - são responsáveis pela condução do tráfego entre as vias locais e as demais vias hierarquicamente superioras do Sistema Viário Urbano;

VIII. Vias centrais (VCC) - são as vias que por sua condição de localização, em área de alta densidade de atividades urbanas, trabalham no limite de suas capacidades, conduzindo simultaneamente o tráfego de veículos individuais e coletivos e o tráfego de pedestres;

IX. Vias locais (VL) - são vias responsáveis prioritariamente ao acesso as atividades locais e à condução de veículos em pequenos percursos; e

X. Vias especiais (VE) - são vias de uso diferenciado, com ou sem função específica de tráfego de veículos.

A abertura de novas vias, na modalidade de parcelamento do solo, deverá respeitar a hierarquia viária de seu entorno direto e os usos a serem permitidos nos lotes gerados estão sujeitos à capacidade do sistema viário existente em receber novos fluxos de tráfego.

Já na malha urbana consolidada, enquanto os usos do solo são determinados pelo zoneamento de usos, a densidade destes usos permitidos está sujeita a categoria da via que faz frente aos lotes.

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71. Hierarquia Viária

Fonte: Plano Diretor Municipal Lei Nº 16/2005, Elaboração: JLAA

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5.3 SÍNTESE PARÂMETROS DISTRITO INDUSTRIAL CAMPO LARGO DA ROSEIRA

O Distrito Industrial de Campo Largo da Roseira foi criado em 1997 com o objetivo de abrigar a instalação da indústria automobilística AUDI, pertencente ao Grupo Volkswagen. A Lei Municipal Nº01/1997, que rege o território do Distrito, contribuiu com a efetiva urbanização da região do entorno da indústria, tornando uma extensa área de feições rurais em solo urbano.

A Lei Nº01/1997 classifica o solo em 04 zonas distintas de usos residenciais, centrais, industrial e de serviços, pretendendo desta forma consolidar as funções de um centro distrital independente. Considera-se “Zona Residencial” aquela com absoluta predominância do uso habitacional, admitida uma implantação residual de atividades comerciais e de serviços de natureza e porte compatível com o uso predominante; “Zona Especial de Serviços” aquela com predominância de usos não habitacionais, em especial de atividades de comércio e serviços especiais; “Zona do Centro Distrital” aquela destinada a abrigar usos e atividades comerciais e de prestação de serviços, garantindo também uma adequada densidade habitacional, consolidando as funções do centro distrital tradicional; e “Zona Industrial” aquela com predominância de usos e atividades industriais, com porte variável, sujeito a um permanente controle dos impactos gerados pelos estabelecimentos sobre o meio ambiente.

20. Parâmetros de uso e ocupação do solo – Distrito Industrial Campo Largo da Roseira

Fonte: Lei Municipal Nº01/1997 Elaboração: JLAA

5.4 SÍNTESE PARÂMETROS DISTRITO INDUSTRIAL DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS

Na porção leste da Região Metropolitana de Curitiba foi implantado, em 1996, o Distrito Industrial de São José dos Pinhais que abriga a montadora francesa de veículos Renault e grande parte de suas indústrias fornecedoras.

O Distrito possui legislação própria de regulamentação do solo, a Lei Municipal Nº03/1996, contando com 05 zonas de uso e ocupação cujos índices estão ilustrados na tabela abaixo. Seu zoneamento permite a instalação de condomínios industriais e de logísticas, e áreas habitacionais de interesse social nas categorias residenciais.

21. Parâmetros de uso e ocupação do solo – Distrito Industrial de São José dos Pinhais

Fonte: Lei Municipal Nº03/1996Elaboração: JLAA

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72. Zoneamento UTP do Itaqui

Fonte: Decreto Estadual nº 1.454/1999

5.5 SÍNTESE PARÂMETROS UNIDADE TERRITORIAL DE PLANEJAMENTO DO ITAQUI

As UTPs são territórios em área de manancial que sofrem maior pressão por ocupação urbana. Em geral, têm a finalidade de efetuar a transição entre áreas urbanas já consolidadas e as áreas de maior restrição ambiental como as APAs.

Atualmente a lei que rege o uso do solo na UTP do Itaqui, o Decreto Estadual nº 1.454/1999, está sobre revisão e os parâmetros considerados neste estudo levam em conta os novos índices propostos que classificam o solo em três categorias: uso consolidado, rural e de ocupação orientada. Constituem-se Áreas de Ocupação Orientada as áreas onde serão permitidos parcelamentos de baixa densidade, podendo receber acréscimo de potencial construtivo, desde que não causem qualquer tipo de poluição ou danos nos corpos d’água superficiais ou subterrâneos.

22. Parâmetros de uso e ocupação do solo – Unidade Territorial de Planejamento do Itaqui

Fonte: COMEC (Anteprojeto de Lei em aprovação) Elaboração: JLAA

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5.1 QUADRO SÍNTESE DOS PARÂMETROS DE ZONEAMENTO - PDM

Buscando facilitar a leitura do atual ordenamento do solo no território de São José dos Pinhais, foi elaborado um mapa de zoneamento “sintetizado” onde, pela afinidade conceitual, as zonas da Lei Nº16/2005 foram classificadas em 10 “grandes grupos” de características semelhantes. Desta forma todas as zonas pertencentes a um mesmo grande grupo serão representadas por uma única cor.

Para efeito desta “simplificação” não foram consideradas as subzonas viárias nem foram diferenciados os eixos de adensamento. As subzonas dos Distritos Industriais e da UTP Itaqui estão representadas no mapa dentro da mesma classificação utilizada para as demais zonas urbanas.

Segue a seguir a tabela com o resumo dos parâmetros das diferentes zonas e subdivisões do zoneamento, acompanhas da categoria de seu agrupamento no mapa-síntese. Os parâmetros indicados se referem ao uso entendido como o mais característico da zona, uma vez que na legislação proposta há parâmetros diferentes conforme o uso.

23. Síntese dos parâmetros de uso e ocupação do solo

Fonte: Plano Diretor Municipal Lei Nº 16/2005, Elaboração: JLAA

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73. Localização dos Eixos Especiais de Adensamento no Perímetro Urbano

Fonte: Plano Diretor Municipal Lei Nº 16/2005, Elaboração: JLAA

74. Sintese dos Parâmetros de Uso e Ocupação do Solo

Fonte: Plano Diretor Municipal Lei Nº 16/2005, Elaboração: JLAA

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A partir da leitura do mapa síntese e da análise da legislação de uso e ocupação do solo em São José dos Pinhais, destacam-se as seguintes observações:

O parâmetro denominado “Vias Especiais” atende demandas específicas para a instalação de grandes empreendimentos no município. Sua aplicação se dá por meio da configuração de um eixo de tratamento diferenciado que objetiva o adensamento ao utilizar parâmetros mais permissivos na ocupação do solo. Apesar da intenção descrita no corpo da Lei, sua aplicação espacial se apresenta segmentada em grande parte dos casos, em vias que não configuram eixos de adensamento contínuos ou que não realizam ligações importantes ao município. São exceções as VE1 (São José/Almirante Alexandrino), VE2 (Rui Barbosa), VE3 (Tavares de Lyra), VE6 (Arpo) e VE7 (Joinville);.

Existem diversas zonas dentro de um mesmo grupo de classificação do solo não necessariamente distintas entre si. Como exemplo: as zonas residenciais 1 a 3 permitem as mesmas categorias de usos do solo, divergindo apenas quando tratam do seu porte. Como o porte dos usos permitidos já é determinado pela Hierarquia Viária confrontante ao Lote, há uma sobreposição de parâmetros que pode ser simplificada;

Todas as zonas de uso do solo permitem alguma categoria de uso industrial e serviços. A indústria caseira, a micro indústria ou até mesmo a indústria de médio porte são permitidas nas zonas residenciais de baixa densidade, e indústrias de grande porte são permitidas em zonas de uso misto como a ZR4, localizada em grande parte da área urbana do município. Apesar do uso misto ser positivo pela proximidade de atividades complementares e redução dos deslocamentos, e ainda que o porte destas indústrias esteja sujeito à capacidade do sistema viário lindeiro, usos muito díspares um mesmo espaço urbano tendem a causar conflitos de vizinhança e dificuldade na gestão do território;

A ZR4 se espalha por grande parte da área urbana interna ao Anel de Contorno, tangenciando tanto a região central consolidada quanto as áreas de uso restrito e orientado, como o entorno do Rio Iguaçu e a UTP do Itaqui. Apesar de sua classificação na categoria residencial, a zona possui parâmetros de uso misto permitindo em seus limites até mesmo usos industriais de grande porte. Essa multiplicidade de usos e portes, conforme observado anteriormente, tende a gerar conflitos de circulação viária e de gestão do território, já que a distribuição das atividades, por vezes incômodas, não possui uma orientação clara no território;

O projeto viário em andamento, que propõe um binário entre a Avenida das Torres e BR277, visando retirar parte do tráfego urbano da Avenida Rui Barbosa e criar um novo eixo comercial ao longo das ruas José Claudino Barbosa e Almirante Alexandrino, não possui rebatimento no zoneamento vigente. Seria importante haver uma maior interação entre as propostas de diretrizes viárias e de transporte com o uso do solo;

As áreas no entorno do Aeroporto Afonso Pena estão zoneadas majoritariamente como Zonas de Uso Residencial e Misto. A proximidade desses usos com o sítio aeroportuário gera incômodo e desconforto com os níveis de pressão sonora nas áreas residenciais, e pode impactar futuramente na necessidade de redução das atividades do aeroporto em períodos noturnos. Alguns bairros do entorno já possuem sua ocupação consolidada, mas existem ainda grandes áreas não ocupadas ao norte do aeroporto, onde há oportunidade para conter a expansão residencial e induzir usos mais apropriados à vocação deste território, que possam tirar partido da proximidade com esse equipamento, como a logística;

Na porção do sul do município existem grandes áreas zoneadas com foco residencial, como as ZRE1 e ZRE2, contornando as áreas industriais que acompanham a BR-376. Apesar dessas áreas serem voltadas à ocupação de baixa densidade, é importante garantir as diretrizes viárias que norteiam a ocupação deste território e prever centralidades de bairro que abriguem o comércio e os serviços necessários à futura população residente. Também seria importante avaliar o impacto futuro dessa expansão residencial afastada do centro consolidado do município, que irá gerar necessidade de expansão da infraestrutura urbana e aumentar a pressão do tráfego urbano sobre a rodovia BR-376.

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Além dessa análise do zoneamento, algumas outras leituras puderam auxiliar no diagnóstico da estrutura urbana de São José dos Pinhais.

Foram estudadas a espacialização dos alvarás construção (residencial, comércio, serviço, indústria, misto) e dos alvarás de funcionamento (comércio, indústria e serviço) autorizados pelo município nos últimos anos. Também foi elaborado um mapa com os empreendimentos de maior porte, de diferentes usos, cuja aprovação necessita de Estudo de Impacto de Vizinhança – EIV.

Esses mapas mostram o que já foi diagnosticado na análise do zoneamento: como não há um desenho claro que direciona o crescimento da cidade, orientando a instalação dos empreendimentos habitacionais ou das atividades econômicas de maior dimensão, os diferentes usos estão distribuídos por toda a malha urbana. Apesar da mistura de usos ser positiva para o espaço das cidades, quando ela envolve atividades incômodas, de maior porte ou que geram tráfego pesado, criam-se conflitos no território.

Além disso, a falta de clareza sobre o direcionamento das atividades no espaço urbano do município dificulta o controle da ocupação em áreas frágeis, como as áreas de várzea e as áreas de manancial, ou vocacionadas a usos específicos, como o entorno do aeroporto e das rodovias.

Complementarmente, a previsão de equipamentos públicos voltados ao lazer, educação, saúde, transporte e segurança da população, entre outros, seria facilitada pela definição de uma estrutura de crescimento, que ajudaria também a diminuir a pressão sobre o território rural, de grande importância para a identidade e produção agrícola de São José dos Pinhais.

Ainda foi avaliada a distribuição das principais atividades econômicas geradoras de emprego no município de São José dos Pinhais, nas áreas industrial, de logística e varejo. Da mesma forma que nas análises anteriores esses equipamentos estão distribuídos por toda a mancha urbana, com maior peso nas áreas de melhor acessibilidade regional junto às rodovias federais e Av. Rui Barbosa.

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75. Mapa Alvarás de Construção

Fonte: Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais,

76. Mapa Alvarás de Funcionamento

Fonte: Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais,

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77. Mapa Empreendimentos com EIV

Fonte: Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais, Elaboração: JLAA

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78. Mapa Destaques da Economia Municipal

Fonte: Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais, Elaboração: JLAA

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6 O SISTEMA VIÁRIO MUNICIPAL

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A avaliação em relação ao sistema viário do município de São José dos Pinhais focou três questões principais: a legislação municipal existente, a estrutura e hierarquia viária, e estudos e projetos existentes.

6.1 LEGISLAÇÃO MUNICIPAL EXISTENTE

A legislação municipal relacionada ao sistema viário esta contida nas Leis e no Decreto a seguir relacionados:

LEI COMPLEMENTAR Nº 09, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2004 Institui o Plano Diretor do Município de São José dos Pinhais, Estado do Paraná.

A lei complementar que institui o Plano Diretor do município de São José dos Pinhais, em seu “Capítulo V – Das Diretrizes Urbanísticas”, na Seção III – Da Mobilidade Urbana, define a estratégia, a política e as diretrizes para a mobilidade urbana no município, colocando como prioridade o transporte coletivo, os ciclistas e os pedestres.

LEI COMPLEMENTAR Nº 16, DE 11DE NOVEMBRO DE 2005 Dispõe sobre o zoneamento, o uso e a ocupação do solo e sistema viário no Município de São José dos Pinhais, Estado do Paraná.

A Lei complementar que dispõe sobre o zoneamento, o uso e a ocupação do solo e sistema viário no Município de São José dos Pinhais, dentre outras questões, trata dos seguintes assuntos:

Subdivide o sistema viário de São José dos Pinhais em urbano e rural;

Estabelece a hierarquia e a classificação das vias urbanas do município objetivando, induzir uma estrutura urbana linear, otimizar o potencial das diversas zonas e setores da cidade, e, proporcionar equilíbrio nos fluxos na rede viária urbana.

Estabelece critérios e parâmetros de uso e ocupação do solo, com o objetivo de orientar e ordenar o crescimento das áreas urbanas;

Define as zonas, os setores e vias especiais do sistema viário compatibilizando com a ocupação e o uso do solo;

Define os parâmetros para a definição de vagas de estacionamento para as diversas atividades, inclusive para carga e descarga de mercadorias;

É considerado Sistema Viário Urbano, o conjunto das vias contidas dentro do quadro urbano, limitadas pelo perímetro urbano da sede do Município.

É considerado Sistema Viário Rural o conjunto das demais vias do Município, salvo as rodovias e as vias dos núcleos das colônias.

A Classificação Funcional do Sistema Viário do Município de São José dos Pinhais está representada no “Mapa 04” do Anexo VII desta Lei Complementar, conforme as seguintes categorias:

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I - Vias Regionais

a) rodovias estaduais; e

b) federais;

II - vias marginais (VM)

III - vias arteriais (VA)

IV - vias de integração intermunicipal (VII)

V - vias de integração municipal (VIM)

VI - via perimetral rural de integração das colônias (PRIC)

VII - vias coletoras (VC)

VIII - vias centrais (VCC)

IX - vias locais (VL) e

X - vias especiais (VE)

LEI COMPLEMENTAR Nº 77, DE 30 DE OUTUBRO DE 2012 Institui o Código de Obras e Edificações do Município de São José dos Pinhais.

DECRETO Nº 1.225, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2012 Regulamenta a Lei Complementar nº 77, de 30 de outubro de 2012 - Código de Obras e Edificações do Município de São José dos Pinhais.

O Código de Obras e Edificações do Município de São José dos Pinhais, dentre outras questões, trata da responsabilidade pela construção, reconstrução, reforma e conservação das calçadas públicas no Município, definindo:

Parâmetros para a sua implantação;

A setorização das calçadas;

Tipos de revestimento;

A necessidade de atendimento ao contido na NBR 9050/2004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, em relação aos portadores de deficiência ou com mobilidade reduzida;

Parâmetros para a arborização em vias públicas.

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79. Anexo VI – Setorização da Calçada em Três Faixas

Fonte: Decreto Nº 1.225, de 12 de Novembro de 2012

De acordo com o Decreto, as calçadas públicas poderão ser setorizadas em até 3 (três) faixas, conforme Anexo VI, de acordo com as dimensões mínimas de largura especificadas no Anexo VII e obedecendo às seguintes definições e ordem de prioridade:

Faixa livre ou passeio: destinada exclusivamente à circulação de pedestres, deve estar livre de qualquer obstáculo físico, permanente ou temporário. Deve possuir piso regular e antiderrapante com inclinação transversal constante e menor que 2% (dois por cento);

Faixa de serviço: situada de maneira adjacente à pista de rolamento, é destinada à instalação de mobiliário urbano, tampas de caixas de inspeção, arborização, postes, sinalização de trânsito e rampas de acesso de veículos;

Faixa de acesso: situada em frente ao imóvel, destina-se ao acesso e apoio à propriedade, podendo abrigar rampas, desde que não prejudiquem o acesso ao imóvel e sejam devidamente autorizados pelo órgão municipal competente.

80. Anexo VII – Dimensões Mínimas de Calçadas

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6.1.1 Aspectos de Destaque da Legislação Existente

Observa-se que não existe uma Lei específica (Lei do Sistema Viário) no arcabouço legal de São José dos Pinhais. A Lei Complementar que dispõe sobre o Zoneamento, o Uso e a Ocupação do Solo dispõe também sobre o Sistema Viário Urbano.

As estratégias e as diretrizes para a mobilidade urbana no município estão definidas no Plano Diretor de dezembro de 2004.

O Município não tem ainda um Plano de Mobilidade Urbana integrado ao Plano Diretor, conforme a Lei Federal Nº 12.587 de janeiro de 2012.

A legislação existente relativa ao Sistema Viário Urbano, com as ressalvas apresentadas, em princípio atende as necessidades relativas ao tema.

6.2 ESTRUTURA E HIERARQUIA VIÁRIA

6.2.1 O Sistema Viário Metropolitano

O município de São José dos Pinhais integra a Região Metropolitana de Curitiba.

Perpassam seu território Rodovias Federais (BR-277; BR-376; BR-116) que ligam Curitiba aos estados de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Outras vias, de interesse metropolitano, permitem a ligação de São José dos Pinhais a outros municípios da Região Metropolitana de Curitiba.

A COMEC – Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba, no documento “Diretrizes de Gestão para o Sistema Viário Metropolitano”, desenvolvido em 2000, definiu uma hierarquia, nomenclatura, e a classificação para as vias de interesse metropolitano.

No PDI/2006 e no estudo de Reclassificação Funcional do Sistema Viário Metropolitano de 2006, foi mantida a nomenclatura e a classificação anteriormente definida, e a seguir apresentada:

Vias Expressas

Vias de Integração

Via Estruturante

Vias de Ligação

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Vias Expressas - São vias para deslocamentos interurbanos de maior percurso e tráfego de passagem. Apresentam continuidade com as principais rodovias.

São classificadas como Vias Expressas:

A Via de Contorno Leste, atualmente denominada de Rodovia Federal BR-116;

A BR- 277, a partir da Via de Contorno Leste em direção a Paranaguá;

A BR - 376, a partir da Via de Contorno Leste em direção a Joinville.

Vias de Integração Metropolitana - São vias para deslocamentos urbanos e interurbanos de maior percurso. Apresentam continuidade com as vias expressas, podendo ter características de via expressa.

São classificadas como Vias de Integração Metropolitana:

A BR- 277, entre a Via de Contorno Leste e a Linha Verde em Curitiba;

A BR – 376, entre a Via de Contorno Leste e a Avenida Rui Barbosa;

A Avenida das Torres da Avenida Rui Barbosa até a Linha Verde em Curitiba.

Via Estruturante - São vias para deslocamentos de longo percurso com tráfego direto, apresentando interface com os sistemas urbanos.

No município de São José dos Pinhais é classificada como Via Estruturante a Avenida Rui Barbosa, no trecho compreendido entre a BR-277 e a Via de Contorno Leste (BR-116).

Vias de Ligação - São vias para deslocamentos de média distância, entre áreas urbanas de municípios vizinhos.

São classificadas como Vias de Ligação Metropolitana:

A Avenida Rui Barbosa a partir da BR-277 até a divisa com o Município de Pinhais;

A Avenida Rui Barbosa a partir da Via de Contorno Leste (BR - 116), até a divisa com o Município de Fazenda Rio Grande.

A Avenida das Américas e Avenida Marechal Floriano (Curitiba), entre a Avenida das Torres e a Linha Verde em Curitiba.

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81. Diretrizes para o Sistema Viário Metropolitano

No documento “Diretrizes de Gestão para o Sistema Viário Metropolitano” foram também elencadas outras possíveis ligações entre os municípios de São José dos Pinhais e Curitiba, ligações a seguir identificadas e que, até o momento não foram viabilizadas:

Rua Francisco Derosso em Curitiba ligando com as Ruas HugoZem/Pedro Trevisan/João Dombroski;

Rua Francisco Derosso em Curitiba ligando coma Rua João Elias Killiam;

Diretriz de vias junto a Linha de Transmissão da Copel paralela a Rodovia BR-277 em Curitiba com sequência em São José dos Pinhais.

82. Reclassificação Funcional do Sistema Viário Metropolitano

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83. O Sistema Viário Municipal

Fonte: PMSJP. Lei Complementar Nº 16 de novembro de 2005. Elaboração JLAA

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6.2.2 O Sistema Viário Rural

O Sistema Viário da Área Rural Urbano de São José dos Pinhais, representado juntamente com o sistema viário urbano no Mapa 04 do Anexo VII da Lei Complementar Nº 16 de novembro de 2005, é um conjunto de vias que se interliga com o sistema viário urbano e/ou metropolitano, e permite o escoamento de produtos da área rural, bem como o acesso às regiões com atrativos relacionados ao Turismo Rural.

No sistema viário rural, destacam-se duas categorias de vias:

Via de integração municipal (VIM) - são vias com a função de conduzir o tráfego de veículos em viagem entre a área urbana, as áreas rurais e os distritos industriais do Município; e

Via perimetral rural de integração das colônias (PRIC) - são vias de interesse turístico e cultural com a finalidade de interligar as colônias do Município e promover o desenvolvimento do comércio, serviço e indústria local;

84. O Sistema Viário Rural

Fonte: PMSJP. Lei Complementar Nº 16 de novembro de 2005. Elaboração JLAA.

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6.2.3 Sistema Viário Urbano

A hierarquia a nomenclatura e a classificação do Sistema Viário Urbano de São José dos Pinhais também estão representadas no Mapa 04 do Anexo VII da Lei Complementar Nº 16 de novembro de 2005.

A área urbana de São José dos Pinhais está dividida em compartimentos confinados entre rodovias, tendo cada qual um conjunto de vias urbanas principais do sistema viário que permitem a circulação interna nestes compartimentos, com algumas destas vias transpondo as rodovias e interligando outras porções do território.

Nos dois principais compartimentos, temos:

No compartimento em que está localizada a área central, as vias principais de acesso a ela são: a Avenida das Américas, a Rua Joaquim Nabuco, A Avenida Rui Barbosa (que é definida como “via arterial” e faz parte do corredor metropolitano e transpõe este território no sentido noroeste/sudeste); e a Rua Joinville, que tem a direção noroeste/sudeste.

No compartimento situado entre a Avenida das Torres e BR-277, a Avenida Rui Barbosa continua sendo a principal ligação na direção nordeste/sudoeste, e tem um trecho do binário de circulação entre as Ruas Rua Almirante Alexandrino e José Claudino Barbosa como alternativa nesta direção. No sentido noroeste/sudeste, as principais vias de circulação são as Ruas Harry Feeken; Tavares de Lyra e Alfredo Pinto.

85. O Sistema Viário Urbano

Fonte: PMSJP. Lei Complementar Nº 16 de novembro de 2005. Elaboração JLAA.

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6.2.4 Aspectos de Destaque do Sistema Viário Metropolitano

6.2.4.1 Via de Contorno Leste, Atual BR – 116

Quando de sua implantação, esta rodovia tinha a função de formar o anel de contorno de Curitiba. O segmento entre a Rodovia Federal - BR-116 em Curitiba e a mesma Rodovia BR-116 em Campina Grande do Sul foi denominada de Via de Contorno Leste.

Como via de contorno, foi implantada com duas pistas distintas com duas faixas de circulação por sentido, e separadas por um canteiro central divisor.

A rodovia não tem vias marginais em sua faixa de domínio, com exceção de pequenos trechos em algumas das transposições.

No trecho correspondente ao território do município de São José dos Pinhais a rodovia possui duas transposições com viadutos completos (com todas as opções de movimentos), sendo um na transposição com a BR- 277, e outro na transposição com a BR-376.

Existem outras sete transposições em nível diferente, as quais se caracterizam como transposições simples de vias do Sistema Viário Urbano de São José dos Pinhais, sem opções de retorno, e/ou acesso à rodovia.

Com a municipalização do trecho urbano da BR-116 em Curitiba, a Via de Contorno Leste assumiu o papel de ligação rodoviária entre São Paulo e os estados do sul do país, passando a ser denominada como Rodovia Federal BR - 116.

6.2.4.2 Rodovia Federal BR-277

A Rodovia Federal BR–277 permite a ligação entre a região de Curitiba e Paranaguá/Litoral.

No trecho urbano de São José dos Pinhais apresenta um ponto de conflito na transposição com a Avenida Rui Barbosa, transposição esta caracterizada por um viaduto simples no sentido da rodovia e rotatórias na Avenida Rui Barbosa junto às vias marginais para permitir as conversões e retornos.

Em períodos de maior movimento em razão do intenso fluxo de veículos, existem retenções nos dois sentidos da Avenida Rui Barbosa e nas vias marginais da rodovia, nas aproximações da transposição.

Antes da implantação das rotatórias, a intersecção debaixo do viaduto já foi semaforizada, e a situação era mais critica do que atualmente.

6.2.4.3 Rodovia Federal BR-376

A Rodovia Federal BR-376 dá continuidade para à Avenida das Torres de Curitiba e de São José dos Pinhais, e permite a ligação com os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

No trecho Urbano de São José dos Pinhais existem duas transposições semaforizadas, uma com a Rua XV de novembro e outra com a Rua Joinville. Nesta última a solução de transposição e retorno utiliza trechos de vias marginais e funciona como uma rótula alongada com semáforos nas extremidades.

Estas transposições semaforizadas são dois gargalos existentes neste trecho urbano da rodovia, principalmente aquela da Rua Joinville, local em que os fluxos de conversão são bastante significativos. Nos períodos de maior movimento são comuns a existência de retenções nas diversas aproximações desta intersecção.

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6.2.4.4 Avenida Rui Barbosa

Esta Avenida faz parte do Corredor Metropolitano, que será um eixo viário e de transporte metropolitano ligando os municípios de Colombo, Pinhais, São José dos Pinhais, Fazenda Rio Grande e Araucária.

A Avenida Rui Barbosa tem fundamental importância na estruturação urbana de São José dos Pinhais.

Em sua extensão apresenta segmentos com configurações distintas:

Segmento da Rodovia BR-277 no sentido norte

Este segmento possui pista simples com revestimento em paralelepípedo e apresenta intenso fluxo de veículos principalmente veículos de carga.

Segmento entre a BR-277 e a Avenida das Torres

Neste segmento a Avenida possui duas pistas separadas por um canteiro central divisor com duas faixas de circulação por sentido de direção, e não permite o estacionamento de veículos ao longo da via.

Possui um fluxo intenso de veículos, tem nove intersecções semaforizadas e com fases de conversão à esquerda para acessos a vias principais do sistema viário urbano, situação que provoca retenções em períodos de maior movimento.

Segmento entre a Avenida das Torres e a Rua Joinville

Este segmento transpõe a área central e possui duas pistas separadas por um canteiro central divisor com duas faixas de circulação por sentido de direção e estacionamento nas laterais da via.

Segmento entre a Rua Joinville e a Via de contorno Leste (BR-116)

Este segmento possui pista simples com revestimento em paralelepípedo e apresenta intenso fluxo de veículos, inclusive veículos de carga.

6.2.4.5 Avenida das Torres

É o principal corredor viário de ligação entre Curitiba e São José dos Pinhais e na sua continuidade permite a ligação com a Rodovia BR – 376 (saída para Santa Catarina e Rio Grande do Sul).

Esta avenida esta em fase final de obras de readequação, sendo que duas transposições semaforizadas serão eliminadas com a conclusão das obras de duas passagens inferiores à Avenida.

6.2.4.6 Avenida das Américas

A Avenida das Américas, sequência da Avenida Marechal Floriano de Curitiba, é um corredor viário e de transportes de interesse metropolitano.

A Avenida Marechal Floriano, um dos eixos de transporte coletivo de Curitiba (Eixo Boqueirão) já tem uma extensão até o terminal central de São José dos Pinhais.

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6.2.5 Aspectos de Destaque do Sistema Viário Rural

O sistema viário da Área Rural de São José dos Pinhais está representado no Mapa 04 do Anexo VII da Lei Complementar Nº 16 de novembro de 2005. Apresenta as seguintes situações de conflitos:

Falta de alternativas de acesso para localidades relativamente isoladas;

Trechos de vias com revestimento precário, ou com revestimento primário;

Trechos com traçado irregular;

Falta de sinalização Indicativa de Direções;

Falta de sinalização de Advertência e de Regulamentação de Trânsito.

6.2.6 Aspectos de Destaque do Sistema Viário Urbano

O sistema Viário Urbano de São José dos Pinhais também representado no Mapa 04 do Anexo VII da Lei Complementar Nº 16 de novembro de 2005. Apresenta as seguintes situações de conflitos:

Descontinuidade da malha viária;

o Barreiras Rodoviárias

o Área do Aeroporto Afonso Pena

o Ampliação do Aeroporto (terceira pista)

o Traçado do Ramal Ferroviário (não implantado)

o Barreiras Naturais,como rios, áreas de preservação ambiental;

Conflitos entre Ocupação e Uso do Solo e Sistema Viário (Zoneamento);

o Usos conflitantes com a hierarquia viária;

o Existência de atividades geradoras de tráfego pesado em áreas residenciais e em vias com caixa de rolamento e calçadas com dimensões reduzidas;

Falta de alternativas de vias paralelas (binários de circulação);

Deficiência na Infraestrutura das Vias, como largura das pistas e tipo de revestimento;

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Deverá ser promovida uma compatibilização entre o sistema viário; o sistema de transporte coletivo e a ocupação e o uso do solo para que possa ser promovido o adensamento de determinadas regiões, e/ou mesmo serem melhoradas as condições atuais de deslocamentos.

86. Principais Conflitos Viários

Fonte: PMSJP. Lei Complementar Nº 16 de novembro de 2005. Elaboração JLAA

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6.2.7 Aspectos de Destaque da Área Central

A maioria das vias da área central de São José dos Pinhais tem larguras que permitem uma boa capacidade para o fluxo de veículos, e a permissão do estacionamento lateral em pelo menos um dos lados da via.

Nas principais vias predomina o sentido único de trânsito, situação que facilita a circulação de veículos por evitar conflitos, principalmente de conversões à esquerda.

Não existe prioridade para o Transporte Coletivo, ou seja, a definição de vias, e/ou faixas exclusivas para a circulação de ônibus.

Na área central também não existem ciclovias e/ou ciclofaixas nem bicicletários para os usuários desta modalidade de deslocamentos.

87. Transito na Área Central

Fonte: PMSJP. Lei Complementar Nº 16 de novembro de 2005. Elaboração JLAA

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6.2.8 Análise em Relação e Estudos e Projetos Existentes

6.2.8.1 Avenida Rui Barbosa

A Avenida Rui Barbosa, Corredor Metropolitano, tem projeto desenvolvido pela COMEC, com as seguintes características:

Trecho BR277/ Avenida das Torres

O projeto contempla 02 pistas de 10,00m de largura e com 03 faixas de circulação por sentido de tráfego, separadas por um canteiro central divisor.

As calçadas laterais à via estão previstas com 3,00m de largura sendo compartilhadas com ciclofaixa de 1,20m e passeio de 1,30m. Ressalta-se que essas duas dimensões são inferiores àquelas recomendadas para a finalidade de acordo com o Código de Obras do município e o Plano de Mobilidade por Bicicletas nas Cidades, do Ministério das Cidades.

Neste trecho serão implantadas 02 rotatórias, uma na RuaAlfredo Pinto e outra na Rua Henri Freek, e dos 09 semáforos existentes ficarão 04.

O projeto não define áreas de estacionamento. Atualmente, nos trechos da via em que existem usos comerciais de pequeno porte, o estacionamento ocorre na área de recuo/passeio.

Trecho Avenida das Torres/ Rua Joinville

Neste trecho a situação atual será mantida, ou seja, 02 pistas distintas com 02 faixas de circulação por sentido de tráfego e estacionamentos laterais, não estando prevista a implantação de ciclovias e/ou ciclofaixas.

Trecho Rua Joinville/ Contorno Leste

O projeto contempla a implantação de 02 pistas com 03 faixas de circulação por sentido de tráfego e estacionamentos laterais em alguns trechos.

As calçadas laterais à via estão previstas com 2,50m de largura sendo compartilhadas com ciclofaixa de 1,20m e passeio de 1,30m. Ressalta-se que essas duas dimensões são inferiores àquelas recomendadas para a finalidade.

Trecho Contorno Leste/Fazenda Rio Grande

O projeto contempla a implantação de 2 pistas com 2 faixas de circulação por sentido de tráfego e estacionamentos laterais em alguns trechos, e ciclovia compartilhada em um dos lados da via. A caixa da via prevista no projeto é de 30,00m mais cortes e/ou aterros com dimensões variáveis.

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6.2.8.2 Rodovia Federal BR- 376

Um estudo desenvolvido pelo DNIT em 2011 define duas transposições em nível diferente (trincheiras) para as intersecções:

BR – 376 confluência com a Rua Joinville

BR – 376 confluência com a Rua XV de Novembro

A Administração Municipal de São José tem previsão de implantação de transposição em nível diferente na interseção da BR -376 com a Rua Prof. João Climaco de Carvalho.

A implantação destas três transposições neste trecho urbano da Rodovia Federal BR-376, vai eliminar os conflitos existentes entre o fluxo de veículos de passagem pela rodovia e o fluxo urbano de transposição.

6.2.8.3 Estrutural Leste/Oeste - Eixo de Desenvolvimento Regional e Urbano

É um estudo desenvolvido pela Administração Municipal em 2010, e consiste em uma ligação viária e corredor de Transportes de Integração Metropolitana ocupando parte no traçado do ramal ferroviário não ativado.

Este estudo precisa ser revisto, uma vez que o Programa de Investimentos em Logística – PIL / ANTT contempla a implantação de um novo Ramal Ferroviário entre o Município da Lapa e o Porto e Paranaguá, e a alternativa com maior índice de viabilidade utiliza o traçado do ramal ferroviário não ativado dentro de São José dos Pinhais.

6.2.8.4 Acesso ao Terminal São Marcos

A administração municipal de São José dos Pinhais tem um estudo para um novo acesso ao Terminal São Marcos, por meio de uma ligação viária a ser implantada paralela à Rodovia Federal BR–376. A implantação desta via possibilitaria o acesso à área central da cidade sem a necessidade de circulação pela Rodovia.

6.2.8.5 Binário de Circulação

O projeto para a continuidade do binário de circulação entre as Ruas Rua Almirante Alexandrino e José Claudino Barbosa prevê duas faixas de circulação com estacionamentos laterais, não estando prevista a implantação de ciclovias e/ou ciclofaixas.

Este binário tem relativa importância por se constituir em uma alternativa de circulação para a Avenida Rui Barbosa.

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6.2.8.6 Rede Cicloviária

Um estudo de 2012 da administração municipal prevê a implantação de uma rede de ciclovias e/ou ciclofaixas em um anel na área central e em diversas vias de acesso aos bairros.

Anel Central

Estão previstas a implantação de ciclofaixas formando um anel cicloviário na área central configurado pelas seguintes vias:

Rua Souza Naves

Rua Marechal Deodoro da Fonseca

Rua Padre Bitencourt

Rua Passos de Oliveira

Rua Veríssimo Marques

No anel cicloviário central estão previstas Ciclofaixas Bidirecionais 2,00m de largura 0,45m de sinalização para a separação com o fluxo de veículos. Observa-se que a dimensão prevista é inferior a dimensão mínima recomendada de acordo com o Código de Obras do município e o Plano de Mobilidade por Bicicletas nas Cidades, do Ministério das Cidades, que é de 2,50m.

Este anel cicloviário circunda o centro tradicional, mas não permite o acesso ao seu interior.

Não estão previstos bicicletários na área central nem em locais de demanda para esta modalidade de deslocamento.

Demais Vias

Para as demais vias estão previstos passeios com 2,30m de largura, compartilhados entre pedestres e ciclistas.

Observa-se que a dimensão prevista é inferior a dimensão mínima recomendada para as duas situações, para pedestres a largura mínima de passeios prevista no Código de Obras e para ciclistas no Plano de Mobilidade por Bicicleta nas Cidades.

88. Rede Cicloviária

Fonte: PMSJP. Lei Complementar Nº 16 de novembro de 2005. Elaboração JLAA