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Embrapa CerradosPlanaltina, DF

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Embrapa CerradosPlanaltina, DF

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Reatto & Martins

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Solos e paisagem

INTRODUÇÃO

O conceito de paisagem pode serdefinido no espaço como um território,ou uma região resultante de açõesestáticas e dinâmicas em uma escala deobservação. Essas ações são reflexos dasinterações entre diversos fatoresambientais que podem ser subdivididosem bióticos, ação dos organismos e dohomem, e abióticos, ação do clima,características das rochas, relevo, que seinteragem e se modificam ao longo dotempo. A definição clássica de solo é oresultado de cinco variáveis interdepen-dentes, denominadas fatores de

Figura 1Fatores de formação

do solo epedogênese.

1 Controle de paisagem será abordado no texto como um domínio físico de fatores ambientais inter-relacionadoscom as classes de solos: composição e estrutura dos materiais de origem, formas de relevo, comportamentohídrico, clima e fitofisionomia.

formação do solo, que são: clima,organismos, material de origem, relevoe tempo. O material de origem e o relevosão considerados fatores ambientaispassivos, que se modificam pela atuaçãodos outros fatores. Os outros fatoresambientais – clima e organismos – sãoconsiderados ativos. O clima age sobreas rochas, transformando-as em solos esedimentos (Figura 1).

Este capítulo tem como objetivoestudar as relações entre as classes desolos e os controles de paisagem1 nosseguintes domínios físicos: geológico,geomorfológico, hídrico, climático efitofisionômico.

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Latossolos

São solos altamente intem-perizados, resultantes da remoção desílica e de bases trocáveis do perfil (Buolet al., 1981; Resende et al., 1995). Napaisagem ocorre em relevo plano asuave-ondulado, solo muito profundo,poroso, de textura homogênea ao longodo perfil e de drenagens variando debem, forte a acentuadamente drenado.No bioma Cerrado, estima-se umaocorrência de aproximadamente 46% dasuperfície total da região com base noMapa de Solos do Brasil na escala1:5.000.000, (Reatto et al., 1998). Estaclasse é representada por: LatossoloVermelho (LV), correspondendo aoLatossolo Roxo e ao Latossolo Vermelho-Escuro, na antiga classificação (Camargoet al., 1987), com 22,1 % da área dobioma Cerrado; Latossolo VermelhoAmarelo (LVA), denominados deLatossolo Vermelho Amarelo e LatossoloAmarelo, na antiga classificação(Camargo et al., 1987), com 21,6% daárea e Latossolo Amarelo (LA)denominados de Latossolo Amarelo eLatossolo Variação Una, na antigaclassificação (Camargo et al., 1987), com2,0% da área. A composiçãomineralógica destes solos é dominadapor silicatos como a caulinita e (ou) soba forma de óxidos e oxihidróxidos de Fee Al como hematita, goethita, gibbsita eoutros. Os respectivos controles físicosda paisagem para essas classes de solospodem ser visualizados na Tabela 1.

Neossolos Quartzarênicos

Geralmente são solos profundos(com menos 2m), apresentando texturaarenosa ou franco-arenosa, constituídos

essencialmente de quartzo, com máximode 15% de argila, são muito porosos eexcessivamente drenados, normal-mente em relevo plano ou suave-ondulado. No bioma Cerrado, estima-seuma ocorrência de aproximada-mente 15% da superfície total da região(Reatto et al., 1998), denominados deAreias Quartzosas, na antigaclassificação (Camargo et al., 1987).

Estes solos possuem baixacapacidade de troca catiônica emconseqüência dos teores baixos em argilae de matéria orgânica, mineralo-gicamente são dominados por quartzo,portanto com baixa reserva de nutrientespara as plantas. Os respectivos controlesfísicos da paisagem para essas classesde solos podem ser visualizados naTabela 1.

Argissolos

Formam classes de solos bastanteheterogênea, que tem em comumaumento substancial no teor de argilacom a profundidade e (ou) evidênciasde movimentação de argila do horizontesuperficial para o horizonte subsu-perficial, denominado de B textural. Nobioma Cerrado, estima-se umaocorrência de aproximadamente de 15%da superfície total da região (Reatto etal., 1998), denominados de ArgissoloVermelho (PV), com 6,9 % da área eArgissolo Vermelho Amarelo (PVA), com8,2% e na antiga classificação (Camargoet al., 1987), respectivamente PodzólicoVermelho Escuro e Podzólico VermelhoAmarelo. Ocupam, na paisagem, aporção inferior das encostas, em geralnas encostas côncavas, onde o relevoapresenta-se ondulado (8 a 20% de

PRINCIPAIS CLASSES DE SOLOS DO BIOMA CERRADO

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Solos e paisagem

declive) ou forte-ondulado (20 a 45% dedeclive). Os respectivos controles físicosda paisagem para essas classes de solospodem ser visualizados na Tabela 1.

Nitossolos Vermelhos

Classes de solos derivados de rochasbásicas e ultrabásicas, ricas em mineraisferromagnesianos, ou com influência decarbonatos no material de origem,apresentam semelhança com osArgissolos porém com gradiente texturalmenos expressivo. Sua cor vermelha-escura tende à arroxeada. Possuiestrutura normalmente bem desenvol-vida no horizonte B textural (Bt),conferida por ser prismática ou emblocos subangulares. A cerosidade emgeral é expressiva. No bioma Cerrado,estima-se uma ocorrência deaproximadamente de 1,7% da superfícietotal da região (Reatto et al., 1998),denominados de Terra Roxa Estruturada,na antiga classificação (Camargo et al.,1987). Ocupam as porções média einferior de encostas onduladas até forte-onduladas. A vegetação original, quandoremanescente, normalmente é Mata SecaSemidecídua. Os respectivos controlesfísicos da paisagem para essas classesde solos podem ser visualizados naTabela 1.

Cambissolos

Geralmente apresentam mineraisprimários facilmente intemperizáveis,teores mais elevados de silte, indicandobaixo grau de intemperização e com umhorizonte B incipiente. Podem ser desderasos a profundos, com profundidadeatingindo entre 0,2 a 1m. Sãoidentificados no campo pela presença de

mica na massa do solo em alguns solos,outros pela sensação de sedosidade natextura, devido ao silte. No Cerradocorrespondem a aproximadamente 3,1%(Reatto et al., 1998). Geralmente estãoassociados a relevos mais movimentados(ondulados e forte-ondulados), mas nãoexclui os relevos planos a suave-ondulados. Os respectivos controlesfísicos da paisagem para essas classesde solos podem ser visualizados naTabela 1.

Chernossolos

Correspondem às antigas classesBrunizém e Brunizém Avermelhado(Camargo et al., 1987). São solos não-hidromórficos, pouco profundos,eutróficos, com um horizonte Achernozêmico2 sob um horizonte Btextural ou B incipiente, com argila deatividade alta. São solos com boadisponibilidade de nutrientes. No biomaCerrado correspondem a menos de 0,1%(Reatto et al., 1998). Os respectivoscontroles físicos da paisagem para essasclasses de solos podem ser visualizadosna Tabela 1.

Plintossolos

Estas classes correspondem às antigaLaterita Hidromórfica (Adámoli et al.,1986) e (ou) Concrecionários Lateríticos(Resende et al., 1988). São solosminerais, hidromórficos, com sériarestrição à percolação de água,encontrados em situações de alagamentotemporário e, portanto, escoamento lentoem épocas atuais ou pretéritas as quaisnão são mais evidenciados situações dehidromorfismo. Ocorrem em relevoplano e suave-ondulado, em áreas

2 Horizonte A Chernozêmico - Horizonte mineral de cor escura e saturação em bases maior ou iguala 65%, com predomínio de Ca e Mg. O carbono orgânico apresenta valores iguais a maiores que0,6%. A estrutura apresenta agregação e grau de desenvolvimento moderado ou forte. A espessurapode variar, sendo maior ou igual a: 10cm se o solo não tiver horizontes B e C; 18cm para solos comespessura < 75cm; para solos com espessura maiores ou igual a 75cm.

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deprimidas e nos terços inferiores daencosta os Plintossolos Háplicos, com6% da área ou nas bordas das chapadasos Plintossolos Pétricos, correspondendoa 3% da área total do Cerrado (Reatto etal., 1998). Os respectivos controlesfísicos da paisagem para essas classesde solos podem ser visualizados naTabela 1.

Gleissolos

São solos hidromórficos, queocupam geralmente as depressões dapaisagem, sujeitas a inundações.Apresentam drenagem dos tipos: maldrenado ou muito mal drenado,ocorrendo, com freqüência, espessacamada escura de matéria orgânica maldecomposta sobre uma camadaacinzentada (gleizada), resultante deambiente de oxirredução. No Cerrado, aárea estimada desses solos é de 2,3%,denominados de Gleissolo Melânico(Gley Húmico) e Gleissolo Háplico (GleyPouco Húmico), na antiga classificação(Camargo et al., 1987). Os respectivoscontroles físicos da paisagem para essasclasses de solos podem ser visualizadosna Tabela 1.

Neossolos Litólicos

São solos rasos, associados a muitosafloramentos de rocha. No Cerradocorrespondem a aproximadamente 7,3%(Reatto et al., 1998), denominados deSolos Litólicos, na antiga classificação(Camargo et al., 1987). São poucoevoluídos, com horizonte A assentadodiretamente sobre a rocha (R) ou sobreo horizonte C pouco espesso.Normalmente ocorrem em áreas bastanteacidentadas, relevo ondulado atémontanhoso.

Neossolos Flúvicos

São solos minerais, pouco evoluídos,formados por uma sucessão de camadas

estratificadas sem relação pedogenéticaentre si e comumente acompanhada poruma distribuição irregular de matériaorgânica variando de estrato para estrato.Esta classe era denominada de Aluvialsegundo Camargo et al., 1987. Osrespectivos controles físicos da paisagempara essas classes de solos podem servisualizados na Tabela 1.

Organossolos Mésico ou Háplico

Compreendem solos poucoevoluídos, constituídos por materialorgânico proveniente de acumulações derestos vegetais em grau variável dedecomposição, acumulados emambiente mal drenado, de coloraçãoescura, (Embrapa, 1999). Esta classe eradenominada de Orgânico, segundoCamargo et al., 1987. Os respectivoscontroles físicos da paisagem para essasclasses de solos podem ser visualizadosna Tabela 1.

CONTROLES DA PAISAGEM NOBIOMA CERRADO

Controle geológico

De acordo com Almeida et al., 1984,o Brasil possui 10 províncias estruturais,sendo que seis destas estão situadas nobioma Cerrado. As províncias são asseguintes: Tocantins, Paraná, Parnaíba,Tapajós, São Francisco e Mantiqueira.Tocantins ocupa a região nuclear doCerrado, representando mais de 60%,enquanto as outras estão situadas nastransições com outros biomas.

As rochas que ocorrem na ProvínciaTocantins têm sua composição bastantevariável. No setor leste desta provínciadominam rochas metassedimentares decomposição pelítica (compostas pormateriais onde dominam frações argilae silte), psamítica (compostas por fraçãoareia ou maior) e carbonáticas. No setor

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Solos e paisagem

central ocorrem grandes variações detipos petrográficos. Rochas metaígneasmáfico-ultramáficas (ex. Maciço Máfico-Ultramáfico de Niquelândia, ComplexoMáfico-Ultramáfico de Itauçu-Anápolis)e ácidas (ex. granitos de Rubiataba)ocorrem adjacentes às rochas metasse-dimentares pelíticas. No setor centro-oeste dominam rochas granito-gnáissicasentrecortadas por matabasitos, decomposição básica. No setor noroestedominam rochas metassedimentares decomposição psamítica e pelítica. Essasvariações de composição litológicacondicionam os tipos de perfis deintemperismo da região, as carac-terísticas de fertilidade natural dos solose condiciona as formas de relevo.

Controle geomorfológico

As paisagens do domínio morfo-climático do Cerrado, definidas porsuperfícies residuais de aplainamento –designadas como chapadas – comdiferentes graus de dissecação, resultamde uma prolongada interação de regimeclimático tropical semi-úmido comfatores lito-estruturais, edáficos e bióticos(Ab’Saber, 1977).

Os resíduos de aplainamento sãofortemente controlados pela lito-estrutura. Há uma tendência geral dosresíduos de aplainamento serem maisextensos, quando o acamamento dasrochas é próximo da horizontal. Deforma inversa, a dissecação aumenta suainfluência, quando o acamamentoapresenta caimento elevado (Martins,2000).

Ocorrem dois principais tiposmorfológicos de resíduos de superfíciesde aplainamento. O tipo I ocorre sobrerochas metamórficas (Ia) e sedimentares(Ib), na porção nuclear do Cerrado e nasbacias intracratônicas, respectivamente.A característica morfológica que define

esse tipo de superfície é a sua posiçãonas porções mais elevadas da paisagem.

O subtipo (Ia) apresenta perfis deintemperismo espessos, da ordem dedezenas a centenas de metros. Ocorrenível de couraça laterítica em seu topoou na base do horizonte de solum, emdiversos graus de degradação física equímica. A dissecação deste subtipo écontrolada pela organização e compo-sição das rochas. Quando a rocha nãomostra variações laterais em suacomposição, as vertentes dissecadas dosresíduos tendem a ser côncavas e aapresentar transição brusca entre asporções planas de topo e as porçõesíngremes de encosta. Por outro lado,quando as variações laterais nacomposição das rochas são importantes,as vertentes dos resíduos tendem aapresentar uma borda convexa, na formade uma transição suave entre as porçõesplanas de topo e as porções íngremes deencosta. O recuo dos resíduos deaplainamento é limitado geralmente pelonível de couraça laterítica.

O subtipo (Ib) é o mais comum dese desenvolver sobre rochassedimentares. Rampas longas, na formade cuestas, condicionadas pelo caimentosuave das camadas é o mais típico dessasregiões. A dissecação tende a ser linear,acompanhando zonas de fraturas e (ou)de falhas.

O tipo II ocorre sobre rochasmetamórficas, especialmente nasporções periféricas e em algumas baciashidrográficas na porção nuclear dobioma Cerrado, principalmente astributárias do rio Tocantins, como é ocaso do vão do Paranã e na planície doTocantinzinho. Os limites do biomaCerrado, sobre rochas metamórficas eígneas apresentam esse tipo desuperfície. Ocorre também nas porçõesmais elevadas da Chapada dos

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Veadeiros. Geralmente, está associada arelevos na forma de serras.

Essas extensas superfícies planas sãoretocadas por córregos e rios, com baixograu de aprofundamento de drenagem.A característica que define o tipo II é apresença de relevos mais positivos quea superfície plana, na forma de inselbergse conjuntos de serras. Outra característicaimportante é o pequeno desen-volvimento do perfil de intemperismo,com rochas frescas aflorantes ou empequena profundidade, na ordem dealguns metros. A presença de couraçaslateríticas também é comum, mas poucodesenvolvidas e geralmente associadasa horizonte de linha de pedras (ing.,stone line profiles).

As regiões dissecadas, adja-centes aos resíduos de aplainamentodescritos, são controladas também pelalito-estrutura.

As porções dissecadas, adjacentes àssuperfícies do tipo I, geralmenteapresentam saprólitos e (ou) solosespessos, aumentando a influênciadestes no desenvolvimento dasdrenagens. As porções dissecadasassociadas ao tipo II, geralmenteapresentam saprólitos e solos rasos,aumentando a influência da rocha nodesenvolvimento das drenagens.

Controle hídrico

A maior densidade de drenagem emrelevo acidentado no bioma Cerrado estáassociada à maior abundância das Matasde Galeria, controlada por materiais combaixa permeabilidade. A menordensidade de drenagens está associadaa materiais com alta permeabilidade emenor abundância de Matas de Galeria(Martins et al., 2001). Esses materiaispodem constituir rochas, saprólitos ou

solos. As rochas, saprólitos e solosargilosos de estrutura maciça tendem aapresentar permeabilidade baixa. Asrochas e saprólitos arenosos, além dossolos com estrutura granular, tendem aapresentar permeabilidade elevada.

As drenagens formadas sobre rochasmetamórficas geralmente são assi-métricas devido ao caimento dascamadas. As vertentes que apresentaminclinação no mesmo sentido docaimento das camadas tendem a ser maissuaves e a apresentar solos maisdesenvolvidos que as vertentes queapresentam inclinação oposta ao sentidodo caimento das camadas. Neste últimocaso, a transição entre a vertente e ocanal de drenagem tende a ser brusca,em relevos movimentados.

Estas vertentes e as áreas com maiordensidade de drenagens geralmenteapresentam menor aptidão agrícola e sãotípicas de agricultura familiar ou desubsistência, o que leva o agricultor autilizar os recursos das Matas de Galeriacomo forma de capitalização.

Controle climático

O bioma Cerrado apresentacaracterísticas climáticas próprias, comprecipitações variando entre 600 a800mm no limite com a Caatinga e de2.000 a 2.200mm na interface com aAmazônia (Figura 2). Com estaparticularidade, existe uma grandevariabilidade de solos, bem como,diferentes níveis de intemperização.

Dois parâmetros devem serconsiderados, uma vez que definem oclima estacional do bioma: a precipitaçãomédia anual de 1.200 a 1.800mm e aduração do período seco, que oscila entrecinco a seis meses, denominado deveranico. Na região amazônica o déficit

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hídrico é inferior a três meses e naCaatinga entre sete a oito meses(Adámoli et al., 1986; Assad eEvangelista, 1994).

Controle fitofisionômico

O bioma Cerrado apresentavegetação cujas fisionomias englobamformações florestais, savânicas ecampestres. Em sentido fisionômico,floresta é a área com predominância deespécies arbóreas, onde há formação dedossel, contínuo ou descontínuo. Asformações florestais são representadaspor Mata Ciliar, Mata de Galeria, MataSeca e Cerradão. Savana é a área comárvores e arbustos espalhados sobre umestrato graminoso onde não há formaçãode dossel contínuo. As formaçõessavânicas são representadas por Cerrado:denso, típico, ralo e rupestre; Vereda,Parque de Cerrado e Palmeiral. O termocampo designa áreas com predomíniode espécies herbáceas e algumasarbustivas, observando-se a inexistênciade árvores na paisagem. As formaçõescampestres são representadas por

Campo: sujo, limpo e rupestre (Ribeiroet al., 1983 e Ribeiro & Walter, 1998).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A cor do solo é uma carac-terística intrínseca de cada classe de solo,a ela é atribuída uma importância muitogrande na identificação e distinção dossolos. Assim, por intermédio da cor,pode-se compreender o comportamentodo ambiente que nos cerca, já que o soloestá associado aos controles da paisagemnos seus aspectos geológicos, geomor-fológicos, climáticos, hídricos efitofisionômicos (Resende et al., 1988;Prado, 1991, 1995a, 1995b). Por meioda caderneta de Munsell (1975) apadronização das cores tornou-seuniversal e compreendida nos diversoscampos da ciência do solo,principalmente na pedologia, onde porintermédio do matiz, valor e croma dossolos é possível diferenciá-los em classes.A Tabela 1 procura enfatizar como a coré capaz de diagnosticar a relação dasclasses de solos com os controles dapaisagem. A Figura 3 mostra uma chave

Figura 2Índices

pluviométricos dobioma Cerrado.

FonteLaboratório de

Biofísica Ambiental,Embrapa Cerrados.

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de identificação para distinguir asclasses Neossolo quartzarênico deLatossolos, por meio dos controlesda paisagem, especifica-mente ogeológico. A Figura 4 indica como ocontrole geomorfológico associado ao

controle pedogenético distingue as classescom B textural e B incipiente. Já a Figura 5,por intermédio dos controles geomor-fológicos e hídricos variados, identifica asclasses de solos em ambiente dehidromorfismo.

Figura 3Fluxograma deidentificação doscontroles da paisagemde NeossoloQuartzarênico eLatossolos .

Figura 4Fluxograma deidentificação doscontroles das classes desolos com B textural e Bincipiente.

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Solos e paisagem

Figura 5Fluxograma de

identificação doscontroles da paisagemdas classes de solo sob

hidromorfismo.

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Tabela 1. Relações entre cor do solo associado às classes de solo e os

controles geológicos, geomorfológicos, climático, hídricos, e

fitofisionômicos da paisagem.

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