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119 PARTE II– PROJETO DE ENCERRAMENTO E RECUPERAÇÃO DO ANTIGO LIXÃO O presente plano foi desenvolvido com base nas informações obtidas nos estudos de Avaliação Ambiental Preliminar e Investigação Confirmatória de forma a atender o Anexo I do documento nº 001/10/TACR. 12. MEMORIAL DESCRITIVO DAS OBRAS A área denominada Lixão Alvarenga se encontra ocupada por um antigo depósito de lixo de espessuras variáveis, o qual deverá ser envelopado para permitir a implantação do Parque Alvarenga, com áreas e equipamentos para lazer. A área será terraplenada de forma que nos locais mais elevados e de topografia mais suave sejam construídos os platôs necessários e suficientes para receber o parque, e que as encostas e o talvegue do vale sejam preparados para receber o novo canal do córrego existente, a ser recuperado e integrado ao parque. O envelopamento do lixo será feito com a aplicação de uma manta de PEAD em toda a área, de forma a promover o total confinamento dos detritos, e do chorume e biogás produzidos, recoberta por uma camada de aterro de cobertura com espessura suficiente para a proteção da manta, isolamento dos contaminantes e revegetação com vistas ao parque. Todo o chorume produzido pelo lixo será coletado por meio de trincheiras construídas no pé das encostas do vale, ao longo das margens do córrego, para onde o mesmo drenará por gravidade. O biogás será extraído por meio de um sistema de drenos verticais e tubos de drenagem e sucção, que o conduzirão para sul, onde o mesmo será utilizado para produção de energia ou queimado, em função dos volumes obtidos. Ambos os sistemas serão construídos sob a manta de PEAD, ficando totalmente isolados da superfície do terreno. As águas do córrego serão captadas diretamente na nascente por meio de drenos profundos, isentas de contaminantes, e serão lançadas em um novo canal a ser construído sobre a camada de aterro de cobertura da manta, também sem qualquer

PARTE II– PROJETO DE ENCERRAMENTO E RECUPERAÇÃO DO …

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PARTE II– PROJETO DE ENCERRAMENTO E RECUPERAÇÃO DO ANTIGO

LIXÃO

O presente plano foi desenvolvido com base nas informações obtidas nos estudos de Avaliação

Ambiental Preliminar e Investigação Confirmatória de forma a atender o Anexo I do documento

nº 001/10/TACR.

12. MEMORIAL DESCRITIVO DAS OBRAS

A área denominada Lixão Alvarenga se encontra ocupada por um antigo depósito de lixo

de espessuras variáveis, o qual deverá ser envelopado para permitir a implantação do

Parque Alvarenga, com áreas e equipamentos para lazer. A área será terraplenada de

forma que nos locais mais elevados e de topografia mais suave sejam construídos os

platôs necessários e suficientes para receber o parque, e que as encostas e o talvegue do

vale sejam preparados para receber o novo canal do córrego existente, a ser recuperado

e integrado ao parque.

O envelopamento do lixo será feito com a aplicação de uma manta de PEAD em toda a

área, de forma a promover o total confinamento dos detritos, e do chorume e biogás

produzidos, recoberta por uma camada de aterro de cobertura com espessura suficiente

para a proteção da manta, isolamento dos contaminantes e revegetação com vistas ao

parque.

Todo o chorume produzido pelo lixo será coletado por meio de trincheiras construídas no

pé das encostas do vale, ao longo das margens do córrego, para onde o mesmo drenará

por gravidade. O biogás será extraído por meio de um sistema de drenos verticais e

tubos de drenagem e sucção, que o conduzirão para sul, onde o mesmo será utilizado

para produção de energia ou queimado, em função dos volumes obtidos. Ambos os

sistemas serão construídos sob a manta de PEAD, ficando totalmente isolados da

superfície do terreno.

As águas do córrego serão captadas diretamente na nascente por meio de drenos

profundos, isentas de contaminantes, e serão lançadas em um novo canal a ser

construído sobre a camada de aterro de cobertura da manta, também sem qualquer

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contato com o lixo e seus efluentes e devidamente protegido contra erosão. As águas das

chuvas, em toda a área do parque, serão coletadas e conduzidas para o córrego por

sistemas de drenagem superficial, e daí para seu canal natural que desemboca no

Reservatório Billings.

Toda a área será recoberta com grama em placas, para proteção contra erosão, e será

devidamente isolada por meio de cerca metálica do tipo alambrado. Com a construção do

Parque Alvarenga, será procedida sua revegetação final com arbustos e árvores,

conforme o projeto paisagístico a ser futuramente detelhado.

Neste item são descritas as obras de terraplenagem, impermeabilização, drenagem e

extração de biogás a ser realizadas no Lixão Alvarenga, visando seu envelopamento para

a ocupação da área, controle das águas superficiais, drenagem e disposição adequadas

do chorume produzido, e extração de biogás para queima ou geração de energia. Nos

Desenhos 10 a 17 apresentadas no Anexo I, podem ser visualizados o arranjo geral e

os detalhes típicos das obras.

12.1. Seqüência Construtiva das Obras

A execução das obras será realizada conforme uma seqüência construtiva, de forma a

permitir o perfeito entrosamento entre as diferentes etapas e os métodos construtivos a

ser utilizados, bem como garantir a qualidade e eficiência das medidas a ser adotadas. As

cinco etapas – independentes e subseqüentes – são apresentadas a seguir na ordem de

execução a ser observada, sendo cada etapa necessária e preparatória para a etapa

seguinte.

I. Terraplenagem para a conformação do terreno em platôs;

II. Construção dos drenos profundos para o chorume, do sistema de extração do

biogás, dos poços para monitoramento e dos drenos para captação da nascente do

córrego;

III. Construção do aterro para regularização da superfície do terreno e aplicação da

manta de PEAD;

IV. Construção do aterro de cobertura;

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V. Construção do sistema de drenagem superficial, canalização do córrego, tanque

para acumulação do chorume, medidas para proteção superficial do terreno contra erosão

e isolamento da área.

No Anexo XII são apresentadas as Especificações Técnicas da Obra.

12.1.1. ETAPA I – Terraplenagem para a Conformação do Terreno em

Platôs

12.1.1.1. – Desmatamento, Destocamento e Limpeza

As obras de terraplenagem a ser realizadas inicialmente terão, por finalidade, a

conformação do terreno em platôs, visando-se a utilização da área pelo Parque

Alvarenga.

Antes do início das escavações, serão realizados os serviços de desmatamento,

destocamento e limpeza de toda a área. Os materiais provenientes desses serviços –

como galhos, raízes, troncos e solo orgânico – deverão ser dispostos em áreas de bota-

fora, com os cuidados ambientais necessários para seu transporte e disposição.

Também antes do inicio das escavações o Plano de Intervenção deverá ser comparado ao

projeto aqui proposto para que se for necessário sejam realizadas adequações ao mesmo.

Serão implantados 13 platôs dispostos em três conjuntos, em função da topografia atual

do lixão, de forma a ocupar as áreas mais planas e de cotas mais elevadas. Os taludes

dos cortes e aterros serão construídos com inclinação 1(v):2,5(h), 1(v):3(h) ou ainda

mais suaves em função da topografia local , conforme mostrado no Desenho 10 –

Anexo I. No Anexo XIII é apresentado o Memorial de Cálculo de estabilidade dos

Taludes.

A superfície final da terraplenagem deverá se apresentar perfeitamente regularizada e

livre de blocos e objetos pontiagudos, de forma a facilitar a construção e garantir uma

espessura mais uniforme para o aterro de regularização do terreno que irá receber a

manta de PEAD. As seções mostrando onde será necessário corte ou aterro, estão

apresentados no Desenho 11 – Anexo I.

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Na eventualidade de remoção de matacões ou objetos pontiagudos que possam

prejudicar o assentamento da manta impermeável, as escavações deverão ser executadas

manualmente ou por equipamento mecânico.

O material escavado – constituído por solo, lixo ou ambos – será lançado diretamente nas

cotas mais baixas e compactado, para conformação dos taludes dos platôs, suavização do

terreno e preenchimento parcial do fundo do vale.

Caso durante as escavações sejam encontrados tambores contendo produtos químicos,

ou resíduos e outros materiais que possam ser considerados perigosos, estes deverão ser

amostrados quanto à sua classificação segundo a NBR série 10.000, e caso se

classifiquem como perigosos (Classe 1), deverão ser destinados adequadamente, com a

aprovação dos órgãos competentes.

O material excedente da construção dos platôs será disposto na própria área e

compactado. O córrego existente deverá ser desviado por trechos, por meio de tubulação

provisória e/ou sistemas “corta-rio”.

Caso o nível do lençol freático se encontre a pequenas profundidades durante as

escavações, poderá ser necessário um sistema de esgotamento de água e drenagem

provisória, de forma a permitir a realização dos trabalhos. Poderão ser utilizados sistemas

de valas, escoramentos e poço para instalação de bomba, os quais serão devidamente

desativados e reaterrados após o término dos serviços.

Durante as escavações/terraplenagem relativas às obras de reconformação topográfica da

área, serão necessárias todas as medidas de segurança com relação a um potencial risco

de explosão na área, decorrente da presença de metano no subsolo.

O maquinário empregado na obra deve ser dotado de abafadores em seus escapamentos

e outros equipamentos que evitem ou isolem possíveis fagulhas geradas nas máquinas.

Devem ser utilizadas apenas ferramentas elétricas à prova de explosão ou deve se optar

por ferramentas pneumáticas.

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12.1.1.2. Taludes e Limites das Escavações e Aterros Lançados

As escavações e aterros lançados obedecerão aos limites, taludes, cotas e critérios

indicados nos desenhos de projeto. que mesmos foram estabelecidos a partir das

características geológico-geotécnicas e topográficas do local. Se eventualmente for

reveladas situações cão previstas nas condições do subsolo, o projeto pode sofrer

modificações para garantir a estabilidade final dos taludes.

12.1.2. ETAPA II – Construção dos Drenos Profundos, Poços de

Monitoramento e Sistema de Extração do Biogás

12.1.2.1. Drenos Profundos para o Chorume

Para a captação e drenagem adequada do chorume produzido pelo lixão, serão

construídas duas trincheiras drenantes nas cotas mais baixas da área, sendo uma em

cada margem do córrego, desenvolvendo-se paralelamente a este e com um afastamento

de 5,00m do eixo do novo canal, conforme mostra o Desenho 12 – Anexo I.

As trincheiras terão 2,0m de profundidade e 0,80m de largura, e serão escavadas com

taludes verticalizados, os quais deverão ser mantidos estáveis até o preenchimento da

mesma pelos materiais drenantes. Seu fundo irá se posicionar cerca de 1m acima da cota

do fundo do canal do córrego, de forma a captar todo o fluxo subterrâneo de chorume,

desde os níveis mais elevados do lixão.

Durante a realização dos trabalhos, poderá ser necessário um sistema de esgotamento de

água e drenagem provisória, caso o nível do lençol freático se encontre a pequenas

profundidades. Poderão ser utilizados sistemas de valas, escoramentos e poço para

instalação de bomba, os quais serão devidamente desativados e reaterrados após o

término dos serviços.

O material proveniente da escavação das trincheiras será disposto na área e compactado.

Deverão ser utilizados escoramentos nas paredes das trincheiras, durante as escavações,

para que não apresentem instabilidades ou risco para trabalhadores e pessoas envolvidas

nas obras.

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124

Antes e durante o preenchimento das trincheiras, as mesmas deverão estar

absolutamente limpas, sem resíduos ou materiais oriundos das paredes. No caso de

desmoronamentos, sobre escavação ou irregularidades nas paredes, as camadas

drenantes de preenchimento poderão ter larguras variáveis, em função das

irregularidades observadas, mantendo-se suas alturas e os cuidados com a limpeza

durante a aplicação.

O preenchimento das trincheiras compreenderá uma camada basal de brita graduada com

0,50m de altura e um tubo de PVC corrugado e perfurado com 0,10m de diâmetro,

envolvida por manta de PEAD apenas na base da trincheira e paredes laterais da camada

de brita. Sobre essa camada serão aplicados 0,50m de pedrisco, e o restante da

trincheira será preenchido com 1,00m de areia grossa até a superfície do terreno.

Deverão ser utilizados brita graduada, pedrisco e areia no preenchimento dos drenos de

chorume, considerando-se areias, os materiais em que, no máximo, 5% dos grãos, em

peso, atravessam a malha da peneira 200, e que não contenham partículas menores do

que 0,002mm. Todos os materiais serão analisados granulometricamente, de forma a

confirmar suas características. Os coeficientes de permeabilidade das areias irão

apresentar valores mínimos da ordem de 10-2cm/s, quando compactadas com grau de

compacidade relativa de 60%. Tanto a areia quanto a brita e o pedrisco deverão se

apresentar limpos, sem presença de matéria orgânica ou raízes.

Todo o chorume coletado pelos drenos será encaminhado, por meio de tubulação, para o

tanque de acumulação de chorume, previsto para sul

12.1.2.2. Sistema de Extração de Biogás

O biogás será coletado por meio de trincheiras de extração nas áreas onde o nível

freático se encontra próximo à superfície, e por drenos verticais (PE) instalados nas áreas

onde o nível freático é mais profundo.

Os drenos verticais serão instalados em perfurações de 12" de diâmetro, com tubos PEAD

perfurados de 250 mm de diâmetro. O comprimento dos drenos verticais é variável em

função da espessura da camada de lixo. Os PE foram distribuídos em três grupos com

comprimentos de 25m, 15m e 12m, conforme mostrado o Desenho 13 – Anexo I.

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Para dimensionamento do sistema e do espaçamento dos drenos, a diretriz geral em

aterros sanitários, para se determinar o raio de influência de poços de extração,

normalmente estabelece que este deva variar entre 1,25 e 2,5 vezes a profundidade dos

poços. A partir do ensaio piloto de extração realizado na área do lixão Alvarenga,

determinou-se um raio de influencia de 12 metros para um poço de extração de 4 metros

de profundidade (3 vezes a sua profundidade). O ensaio foi realizado com as condições

atuais de solo exposto, o que permite que o ar atmosférico penetre livremente pela

superfície, gerando "curtos-circuitos" que diminuem a área de influência potencial; desta

forma, quando a aterro for impermeabilizado, tal raio de influência poderá ser ainda

maior, uma vez que o vácuo gerado será aplicado totalmente no solo, sem as perdas

causadas pela infiltração no solo do ar externo. Desta forma, adotou-se, como valor

conservador, o limite considerado de 2,5 vezes a profundidade dos drenos, como raio de

influência para a extração, baseando-se nos resultados do ensaio piloto e no projeto de

impermeabilização do aterro.

As trincheiras de extração de biogás serão escavadas na superfície atual do terreno, e

terão aproximadamente 4m de profundidade. Após a escavação das mesmas, os

primeiros 2 metros serão preenchidos com rachão. Em seguida será posicionado no

interior da trincheira um tubo perfurado PEAD 100 mm, e o mesmo será novamente

coberto com rachão até o limite superior da trincheira, a qual será recoberta pela camada

de manta impermeabilizante que estará disposta em toda a área do lixão.

Todos os drenos verticais e trincheiras serão acoplados a um sistema horizontal de tubos

para sucção por vácuo por meio de sistema de extração a ser instalado junto ao flare,

que será instalado obedecendo aos cuidados e diretrizes de normas específicas. Além

disso, as trincheiras serão conectadas por uma rede de tubos PEAD 100 mm, que têm a

finalidade de drenar por gravidade eventuais acúmulos de chorume e/ou umidade,

levando até a área destinada ao tratamento de chorume.

A tubulação de drenagem das trincheiras, a ser disposta no perímetro da área ocupada

pelo lixo, será constituída por tubos de PEAD de 100mm-PN6. A tubulação de sucção por

vácuo compreenderá tubos de PEAD com diâmetros de 90mm-PN6, 300mm-PN6 e

450mm-PN6. O ponto final da tubulação, onde o biogás extraído será utilizado para

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geração de energia ou queimado, apresenta coordenadas: 7.373.360,0221 N e

335.718,6901 E.

Todo o sistema de extração estará posicionado abaixo da camada de regularização do

terreno que receberá a manta de PEAD, ficando as tubulações horizontais enterradas

após a terraplenagem da área, sempre niveladas com a superfície do terreno que irá

receber o aterro de regularização para não constituir “altos” que possam danificar a

manta, conforme o Desenho 13 – Anexo I.

12.1.2.2.1. - Operação do Sistema de Extração de Gases

Conforme a estimativa de produção de Biogás da área, determinada anteriormente

através dos ensaios e modelagem da degradação do lixo, e considerando como Tempo 0

(T0 - inicial) o ano de 2010, estima-se como vazão de extração nos 5 primeiros anos (T1

a T5), 1200m3/h, operando 24 horas diárias, dimensionado assim para captar todo o gás

contido e a ser produzido no maciço.

A partir do 6º ano, a vazão produzida pelo maciço cai pela metade; com isso, a operação

da extração passará de 24h para 12h, até o décimo ano de operação (T6 a T10).

A partir do décimo ano, a produção de gás cairá ainda mais, e a extração será realizada 3

h por dia. A partir do 20º ano não é mais esperada produção de biogás em quantidades

justificáveis para extração; a continuidade da operação deverá ser avaliada de acordo

com os monitoramentos de gases a serem realizados periodicamente durante a operação;

de qualquer forma, o plano de operação deverá ser continuamente reavaliado e

calibrado, levando em consideração as concentrações futuramente observadas na

realidade, e as estimativas atualizadas da produção de metano pelo maciço.

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12.1.2.3. Poços de Monitoramento de Águas Subterrâneas e dos Gases

Para realização dos monitoramentos da qualidade das águas subterrâneas, os poços de

monitoramentos destruídos durante a reconformação topográfica e terraplenagem

deverão ser reconstruídos. Os poços de monitoramento serão instalados usando-se como

referência a norma ABNT NBR 15495-1 e 15495-2 (Junho/2007) – “Poços de

Monitoramento de águas subterrâneas em aqüíferos granulares”.

Os poços para monitoramento de gases serão instalados na zona não saturada, com

seção filtrante de no máximo de 1 metro, com diâmetro de 1 polegada, conforme

especificado no documento nº 001/10/TACR.

Nos trecho da tubulação dos poços, tanto de monitoramento de água subterrânea, como

de gases, compreendido entre a manta de PEAD e a cota final do aterro de cobertura

(com 0,80m de espessura), o tubo deverá ser isolado com a manta de forma a manter a

integridade desta e garantir a total impermeabilização e isolamento do topo da camada

de lixo, conforme detalhe mostrado no Desenho 12 – Anexo I.

Essa rede de monitoramento irá fornecer o conhecimento sobre o mapeamento das

plumas e sua evolução, garantindo que os zoneamentos de riscos, que serão previstos na

Investigação Detalhada, Análise de Risco e Plano de Intervenção sejam asseguradas não

gerando riscos para os receptores locais.

12.1.2.4. Captação da Nascente do Córrego

O córrego terá sua nascente captada e isolada, de forma que as águas subterrâneas

aflorantes, juntamente com as águas provenientes dos sistemas de drenagem superficial

de sua bacia, formem um novo curso de água totalmente isento de contaminantes e

isolado das emanações de chorume.

A captação da nascente do córrego será feita por meio de dois tubos de PVC perfurados

com 2” de diâmetro e 10m de comprimento, envoltos em tela de nylon, com inclinação de

10º com a horizontal para o interior do terreno, de forma que os drenos trabalhem

“afogados”, evitando-se a entrada de ar e sua colmatação por compostos de ferro.

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O lançamento das águas captadas será feito em caixa coletora com descarregador de

nível, e o córrego se desenvolverá no canal projetado sobre a superfície do aterro de

cobertura, absolutamente isolado do lixo existente e das emanações de chorume, e

devidamente protegido contra erosão.

12.1.3. ETAPA III – Construção do Aterro de Regularização e Aplicação da

Manta de PEAD

Após a construção das trincheiras drenantes, sistema de extração de biogás e poços de

monitoramento, a superfície do terreno será regularizada e livre de blocos e objetos

pontiagudos, de forma a receber o aterro de regularização sobre o qual será assentada a

manta de PEAD.

O aterro de regularização terá 0,20m de espessura e será constituído por solo de

qualquer natureza, desde que seja inerte e não apresente blocos, fragmentos de rocha,

concreções, etc. que possam danificar a manta. Será devidamente compactado para que

não ocorram recalques localizados que possam provocar deformações na mesma.

Para a impermeabilização de toda a área, será utilizada geomembrana poliolefínica do

tipo PEAD – polietileno de alta densidade – laminada, com espessura de 2,0mm,

denominada manta impermeável, assentada diretamente sobre a camada de aterro

compactado. Antes da instalação, será elaborado o Plano de Instalação, o qual

compreenderá a qualificação e quantificação da manta, a modulação com indicação da

numeração dos painéis, as etapas de aplicação e os ensaios para controle de qualidade.

Os painéis deverão ser posicionados de acordo com o Plano de Instalação e sua

numeração, e a abertura das bobinas, será iniciada na crista dos taludes, sendo feita, de

preferência, mecanicamente. Serão aplicados no sentido da máxima inclinação dos

taludes e posicionados de forma a se evitar ondas e rugas. As emendas serão executadas

no sentido da máxima inclinação dos taludes, sem emendas horizontais, e os trespasses

entre os painéis a ser emendados serão de aproximadamente 15cm, com as soldas sendo

realizadas por termo-fusão.

Nas interseções com poços de monitoramento, drenos profundos para a captação da

água do córrego, extratores de gás, etc., a aplicação da manta será adequada a essas

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interferências e outras eventualmente existentes, de forma a garantir a

impermeabilização do lixão e em conformidade com os critérios preconizados para suas

emendas e trespasses.

A ancoragem da manta será feita na crista dos taludes, por meio de canaletas escavadas

e reaterradas com solo argiloso compactado, a ser executadas previamente à aplicação

da manta, porém com uma defasagem mínima para que se evite desmoronamentos de

suas paredes por ação de chuva ou trânsito local.

Uma vez instalada a manta, serão realizados testes para avaliação dos serviços

executados, de forma a garantir sua qualidade e eficiência, os quais irão compreender:

Testes das máquinas de solda, imediatamente antes de cada jornada de trabalho e

quando houver mudanças nas condições de serviço.

Testes das soldas a partir de corpos de prova, em tensiômetro de obra, para

verificação de resistência ao cisalhamento e ao descolamento.

Ensaios não destrutivos, compreendendo ensaio de vácuo, ensaio de faísca

elétrica, ensaio de pressurização, ensaio de jato de ar e spark test.

Ensaios destrutivos em corpos de prova, compreendendo resistência ao

cisalhamento e resistência ao descolamento.

Durante a realização dos serviços e após o seu término, serão tomados cuidados

especiais de forma a se evitar qualquer tipo de dano que possa afetar ou pôr em risco a

integridade da manta, até que seja aplicado o aterro de cobertura. Os soldadores

deverão utilizar calçados com solado de borracha e não serão permitidas atividades ou

procedimentos que utilizem movimentação de máquinas, veículos e pessoas, apoio ou

disposição de objetos, acesso de animais, etc.

De forma a drenar as águas acumuladas sobre a manta após a construção do aterro de

cobertura da mesma, por infiltração das águas das chuvas, serão construídos drenos com

6,00m de comprimento de tubos de PVC perfurados e 3,00m de tubos lisos de PVC, com

0,10m de diâmetro, envoltos em manta geotêxtil filtrante. Serão posicionados nas bordas

dos platôs, descarregando as águas captadas nos taludes a jusante dos mesmos, sobre a

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130

superfície do aterro de cobertura devidamente protegida contra erosão, conforme

mostrado o Desenho 15 – Anexo I.

12.1.4.1. Aterro de Regularização

A manta impermeável será aplicada sobre uma camada de aterro de regularização de solo

inerte de qualquer natureza, conforme indicado nos desenhos de detalhe do projeto,

isento de pedregulhos, fragmentos de rocha, concreções e outros elementos ou objetos

que possam danificar a manta a ser assentada. A superfície de apoio da manta deverá

estar regularizada, isenta de qualquer tipo de material contundente, depressões e

mudanças bruscas de inclinação do terreno.

Na eventualidade de tráfego de veículos durante as obras, a manta deverá ser protegida

por uma cobertura constituída por geosintético BIDIM RT-21 ou similar, e uma camada

superficial de solo.

De forma a se evitar a ação danosa de chuvas, ventos e trânsito local de veículos e

pessoas, a aplicação da camada de aterro de regularização deverá ser feita

imediatamente antes do assentamento da manta impermeável.

Na eventualidade de ocorrer bolsões de solo mole no terreno, e em função de suas

espessuras, os mesmos deverão ser removidos ou escavados até uma profundidade igual

à sua maior dimensão, e substituídos por solo argiloso compactado, conforme

procedimentos descritos no item 4 da ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS presente no Anexo

XII.

12.1.5. ETAPA IV – Construção do Aterro de Cobertura

Após a instalação da manta, será construída a camada de aterro para sua cobertura e

proteção, para permitir a revegetação da área por grama, arbustos e árvores nativas, e

possibilitar a implantação do Parque Alvarenga.

O aterro possuirá espessura mínima de 0,80m e será construído com solo argiloso

devidamente compactado e com controle tecnológico adequado, de forma a garantir a

densidade e as características de resistência especificadas para o material. Para o

escoamento das águas superficiais nos platôs, evitando-se empoçamentos, os mesmos

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serão construídos com caimento de 1,00% no sentido do vale. O memorial de cálculo

hidrológico encontra-se no Anexo XIV

No fundo do vale, as espessuras da camada de aterro deverão ser maiores, de forma a

permitir a implantação do canal do córrego sem que essas obras interfiram com a

integridade da manta de PEAD e esteja garantida a impermeabilização da área.

O solo argiloso a ser utilizado para a construção do aterro de cobertura e reaterro das

canaletas de ancoragem da manta deverá ser proveniente de áreas de empréstimo. Irá

apresentar limite de liquidez (LL) superior a 40%, limite de plasticidade (LP) superior a

20%, e mais de 25% do seu peso representado por partículas inferiores a 0,002mm.

Essas características serão verificadas por meio de ensaios completos de caracterização.

O material a ser compactado deverá ser lançado na umidade ótima, com uma tolerância

máxima de + 2%, e cada camada será compactada até que se atinja um “grau de

compactação” mínimo de 95%. Será compactado em camadas que não poderão exceder

0,20m, sendo lançado, espalhado e nivelado convenientemente de maneira a se obter

uma superfície plana e de espessura consistente da camada de solo solto a ser

compactada.

Antes da compactação, a camada lançada deverá se apresentar homogênea quanto à

umidade, aspecto e textura, e com o material perfeitamente destorroado. Os casos de

umidade insuficiente ou em excesso serão corrigidos por irrigação ou revolvimento

contínuo, respectivamente, até a perfeita homogeneização da umidade.

Os solos serão controlados nos estoques previamente preparados ou nas áreas de

empréstimo, de forma a se garantir que suas propriedades sejam as mais adequadas, e o

controle de umidade será executado sistematicamente, procedendo-se as correções

necessárias para garantir sua trabalhabilidade na compactação. Nas áreas de

empréstimo, as águas das chuvas serão adequadamente drenadas de forma a se evitar

erosões e assoreamentos, e as áreas decapeadas serão revegetadas após sua utilização.

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12.1.6. ETAPA V – Construção dos Sistemas de Drenagem Superficial,

Medidas para Proteção Superficial do Terreno e Isolamento da Área

12.1.6.1. Drenagem Superficial

A drenagem superficial da área compreenderá elementos hidráulicos representados por

canaletas pré-moldadas de concreto com diâmetros de 0,80m, 0,60m e 0,40m; caixas de

coleta e passagem construídas de concreto com fundo de pedra argamassada, e escadas

hidráulicas constituídas por gabiões-manta do tipo colchão Reno de dimensões 0,17m

(espessura) x 1,20m (largura) x 2,00m (comprimento), conformando degraus (Desenhos

14 e 15 – Anexo I.).

Nos pontos de descarga dos drenos da manta de PEAD nos taludes serão aplicadas

camadas de rachão argamassadas para proteção contra erosão, com dimensões 0,20m x

1,00m x 1,00m. Toda a água captada pelas canaletas e pelos drenos será conduzida para

o canal do córrego, e daí para seu canal natural que desemboca no Reservatório Billings.

12.1.6.2. Canalização do Córrego

O córrego será canalizado e terá seu traçado afeito à nova topografia, tornando-se mais

sinuoso e mais adequado ao projeto do Parque Alvarenga. A canalização terá início na

nascente existente no ponto de coordenadas 7.373.823,9015N e 335.384,7146E, onde

será feita a captação.

O canal terá seção trapezoidal escavada no aterro de cobertura, com taludes de

inclinação 1(v):1(h), e será revestido com gabiões-manta do tipo colchão Reno com

0,17m de espessura assentados sobre manta geotêxtil. No fundo, serão colocados blocos

de rocha com 0,10m de diâmetro argamassados, com a face superior saliente de forma a

oferecer a maior rugosidade possível, conforme mostra o Desenho 14 – Anexo I.

Serão utilizadas duas seções distintas, sendo uma de 1,00m (largura do fundo) x 0,60m

(altura) x 2,20m (largura da boca) por cerca de 120m de extensão, e outra de 2,00m x

1,20m x 4,40m por aproximadamente 380m. Em um trecho com declividades mais

acentuadas, de cerca de 140m, toda a seção do canal será revestida por uma camada de

Page 15: PARTE II– PROJETO DE ENCERRAMENTO E RECUPERAÇÃO DO …

133

0,40m de espessura de blocos de rocha com 0,25m de diâmetro, argamassados, com a

face superior saliente de forma a oferecer a maior rugosidade possível.

As águas escoadas pelo canal serão conduzidas para o Reservatório Billings através da

drenagem natural da área.

Ressalta-se que a canalização deste córrego deve ser realizada mediante aprovação do

órgão responsável – DAEE.

12.1.6.3. Tanque para Acumulação do Chorume

Como a idade, espessuras e heterogeneidade do lixo depositado não permitem a

aplicação dos métodos usuais de cálculo de vazão do chorume, o tanque de acumulação

foi dimensionado com 3,00m x 6,00m no fundo, profundidade de 2,50m e capacidade

volumétrica total de cerca de 200m3, impermeabilizado com manta de PEAD.

Essa capacidade de reservação foi considerada suficiente, considerando-se que as

surgências de chorume na área se mostram pouco significativas e que o lixão é antigo e

será impermeabilizado. As dimensões adotadas para o tanque poderão ser alteradas após

sua entrada em operação, em função dos volumes de chorume efetivamente coletados e

da freqüência mais adequada para sua remoção.

Esse efluente será coletado regularmente por caminhão, e levado para a estação de

tratamento da SABESP; ou, dependendo de autorização, poderá ser ligado à rede de

esgoto existente, e então encaminhada, por estação elevatória de bombeamento, para o

tratamento da SABESP.

O tanque será escavado em solo natural, com taludes definitivos de inclinação de

1(v):1,5(h), e sua impermeabilização será garantida por meio de manta impermeável de

PEAD com 2mm de espessura a ser aplicada no seu fundo e taludes. No topo destes,

estará engastada por meio de canaleta escavada e reaterrada com solo argiloso

compactado, como adotado para a fixação nos demais taludes da área.

Não será permitido o afluxo de águas superficiais às obras do tanque, com a construção

de leiras de solo argiloso compactado com 0,30m de altura no perímetro da área. A

manta de PEAD será assentada sobre uma camada de solo argiloso compactado coberta

Page 16: PARTE II– PROJETO DE ENCERRAMENTO E RECUPERAÇÃO DO …

134

com geotextil do tipo BIDIM, após o preparo e regularização do terreno (Desenho 12 –

Anexo I).

Uma vez instalada a manta, serão realizados testes para avaliação dos serviços

executados, conforme descrito anteriormente, de forma a garantir sua qualidade e

eficiência, e a mesma será coberta por uma camada de solo argiloso com 0,20m de

espessura, cuidadosamente compactado segundo os mesmos critérios adotados para o

aterro de cobertura da área, para sua proteção durante a operação do tanque.

Durante a realização das obras, poderá ser necessário um sistema de esgotamento de

água e drenagem provisória, para que as águas das chuvas e de escoamento superficial

não interfiram com os trabalhos. Poderão ser utilizados sistemas de valas e poço para a

instalação de bomba, os quais serão devidamente desativados e reaterrados após o

término dos serviços.

Da mesma forma que para a o restante da área, os trabalhos de instalação da manta no

tanque serão realizados com todos os cuidados necessários para se evitar danos à

mesma, não sendo permitidas atividades ou procedimentos que ofereçam riscos à sua

integridade. Após o término das obras, a área permanecerá isolada e terá seus acessos

controlados.

12.1.6.4. Proteção Superficial

Após a construção do aterro de cobertura, os platôs, taludes e terreno natural de toda a

área do lixão serão revestidos com grama em placas, até que seja implantado o Parque

Alvarenga com as coberturas vegetais previstas no projeto paisagístico a ser

desenvolvido. Nos locais de descarga de águas pluviais e pontos com maior declividade,

sujeitos à instalação de processos erosivos, serão aplicadas camadas de rachão

argamassado.

12.1.6.5. Isolamento da Área

Após o término das obras, a área será devidamente isolada por meio de cerca metálica

do tipo alambrado, com portão, e terá seu acesso controlado, como mostra o Desenho

16 – Anexo I.

Page 17: PARTE II– PROJETO DE ENCERRAMENTO E RECUPERAÇÃO DO …

135

12.1.7. ETAPA VI – Alternativa de Uso Futuro

A proposta de uso futuro será inicialmente de um parque, conforme mostrado o

Desenho 17 – Anexo I, a qual ofereceu um exemplo de como poderá ser realizado. No

Anexo XV é apresentado o projeto arquitetônico.

Observa-se que sobre a área aterrada, com presença de lixo, só há áreas abertas, as

quais são menos suscetíveis a pequenos efeitos de acomodação que poderá ser

observado logo após a execução das obras.

De qualquer forma, após a impermeabilização e controle dos gases em toda a área, não

haverá restrição à construção de áreas fechadas sobre, ou no entorno, da área.

Ressalta-se que a implantação do parque só será realizada após a total estabilização

geotécnica que será observada através do Programa de Monitoramento Geotécnico

previsto.

Com relação à previsão de uso futuro, além da implantação de um parque, a porção

nordeste da área, na qual não foi verificada a presença de lixo (e a qual estará sujeita a

investigações adicionais para confirmar estas observações) poderá ter como uso

alternativo, a implantação de um conjunto residencial, a ser definido pela Prefeitura, para

o qual poderão se realocados os eventuais residentes da área do lixão que necessitarão

ser removidos do local. Desta forma esta área estará sujeita a licenciamento específico,

conforme tal uso seja pretendido pela Prefeitura futuramente, caso as futuras avaliações

mostrem a viabilidade desta ocupação.

Page 18: PARTE II– PROJETO DE ENCERRAMENTO E RECUPERAÇÃO DO …

136

13. PROGRAMA DE MONITORAMENTO GEOTÉCNICO

13.1. Introdução

Este programa tem, por objetivo, definir os procedimentos necessários para o monitoramento

geotécnico da área do Lixão Alvarenga durante e após a conclusão das obras de

envelopamento, drenagem e extração do biogás, e de construção do Parque Alvarenga, quanto

à ocorrência de eventuais rupturas de taludes, recalques, erosões e assoreamentos.

Também são definidos os procedimentos necessários ao monitoramento de outras operações e

processos representados pelo transporte e disposição dos detritos e materiais, e a utilização de

materiais de construção na execução das obras.

13.2. Metodologia dos Trabalhos

As medidas de acompanhamento e controle ambiental das obras serão realizadas em

conformidade com os padrões e metodologias usuais, e com as normas técnicas pertinentes.

Consistirão, basicamente, de procedimentos de observação e medição, os quais permitirão a

identificação dos processos envolvidos, sua investigação, diagnóstico e quantificação, de forma

a se estabelecer as medidas de remediação, controle e prevenção necessárias.

As ações a ser desenvolvidas compreenderão:

Observação periódica de eventuais erosões, rupturas, escorregamentos, recalques e

riscos à manta de PEAD e sua camada de cobertura.

Controle de eventuais erosões e assoreamentos, para a verificação de volumes, taludes

e evolução dos processos.

Instalação, acompanhamento e análise de eventuais necessidades de investigações e

instrumentação para verificação de volumes, características de materiais,

movimentações e recalques quanto à sua magnitude e evolução.

Eventual verificação da estabilidade de taludes e parâmetros de resistência dos solos.

Acompanhamento do transporte e disposição dos detritos e materiais.

Verificação da forma de utilização e qualidade dos materiais de construção.

Page 19: PARTE II– PROJETO DE ENCERRAMENTO E RECUPERAÇÃO DO …

137

13.3. Trabalhos de Monitoramento Geotécnico

13.3.4. Alterações na Drenagem e Escoamento Superficial

O preparo do terreno e a construção dos cortes e aterros para a conformação dos platôs irão

promover alterações na drenagem e nas condições de escoamento superficial, podendo ocorrer

a instalação de eventuais processos de erosão e assoreamento localizados.

O monitoramento da área deverá ser realizado por meio de inspeções e levantamentos

sistemáticos, durante a etapa de construção, registrando-se em croqui e planta

georeferenciada os tipos de erosão, forma da seção, extensão, largura, profundidade,

ocorrência de água e presença de depósito de material de assoreamento associado, e os tipos

de material (lixo ou solo) e suas características.

As inspeções deverão ser realizadas, durante as obras, semanalmente, e durante ou

imediatamente após os eventos de precipitações pluviométricas intensas e períodos de chuvas

continuadas.

Os elementos obtidos durante as inspeções deverão ser consubstanciados em relatórios de

monitoramento que compreenderão:

Localização das obras em planta georeferenciada.

Croqui e cortes típicos esquemáticos das ocorrências.

Identificação e caracterização detalhada das ocorrências.

Fotografias gerais e de detalhes.

Descrição dos materiais envolvidos.

Diagnóstico sobre a origem dos processos e prognóstico sobre sua evolução.

Recomendações para medidas de remediação, controle e prevenção.

As áreas que apresentarem eventuais erosões deverão ser recuperadas e devidamente

drenadas. Como toda a área será recoberta com aterro, os depósitos de assoreamento

poderão ser mantidos, desde que não formem elevações ou outras deformações no terreno

que possam prejudicar a manta.

Page 20: PARTE II– PROJETO DE ENCERRAMENTO E RECUPERAÇÃO DO …

138

13.3.5. Erosões e Rupturas de Taludes

Os processos erosivos tendem a se instalar em áreas desprovidas de proteção superficial, que

sofrem a ação física da água e perdem material sólido que se acumula nas drenagens,

formando os depósitos de assoreamento. Além de tais ocorrências, feições erosivas

eventualmente instaladas nos taludes poderão evoluir para instabilidades que, se não

controladas, podem levar a rupturas.

As erosões podem ser laminares, quando causadas por escoamento difuso das águas das

chuvas, resultando na remoção progressiva das camadas mais superficiais de material, ou

lineares, quando causadas pela concentração das linhas de fluxo das águas de escoamento

superficial, provocando incisões na superfície do talude.

Em função da forma e dimensões atingidas pelas feições formadas, as erosões lineares podem

ser denominadas ravinas, sulcos, grotas, etc., sendo que, quando apresentam forma de “V”, o

processo é recente e se encontra ativo. Profundidades maiores são indicativas de estágios mais

evoluídos.

Os platôs, taludes e encostas da área estarão sujeitos a processos erosivos relacionados à

incidência de chuvas. Também poderão ocorrer eventuais rupturas durante a execução das

obras e após o seu término, relacionadas a inclinações inadequadas dos taludes, falta de

proteção superficial e erosões.

Além dos riscos de ruptura eventual dos taludes, os materiais gerados por erosões, em

especial as do tipo laminar, iriam se encaminhar para as drenagens, formando depósitos de

assoreamento.

Os eventuais processos de erosão deverão ser identificados por meio de inspeções sistemáticas

a ser realizadas nos platôs, taludes, encostas e canal do córrego, bem como nos elementos

dos sistemas de drenagem superficial como valas, canaletas, escadas hidráulicas, etc., onde

irão se depositar os materiais transportados indicativos desses processos.

Para a identificação da erosão laminar – que ocorre em superfícies expostas, pelo escoamento

das águas superficiais sem concentração de fluxo – deverão ser observadas evidências como

alterações na coloração do material superficial para tons mais claros; texturas e estruturas

mais pronunciadas, com o destaque das partículas granulares maiores; e exposição de raízes

da vegetação instalada nos taludes.

Page 21: PARTE II– PROJETO DE ENCERRAMENTO E RECUPERAÇÃO DO …

139

As erosões profundas – que se formam ao longo das faixas onde ocorrem concentrações de

fluxo das águas superficiais e podem comprometer a estabilidade do talude afetado – poderão

ser identificadas pela ocorrência de ravinas; grotas; massas de material descalçadas ou “em

balanço”; solapamentos; trincas e rupturas por descalçamento, e escorregamentos.

O monitoramento consistirá, basicamente, de inspeções sistemáticas semanalmente, durante

as obras, e durante ou imediatamente após os eventos de precipitações pluviométricas

intensas e períodos de chuvas continuadas nas quais deverão ser mapeadas em croqui e

planta georeferenciada, e caracterizadas detalhadamente, as seguintes feições e ocorrências

que eventualmente ocorrerem:

Tipos de erosão, forma da seção, extensão, largura, profundidade, ocorrência de água,

estágio de evolução e presença de depósito de material de assoreamento associado.

Características granulométricas, cor, grau de compacidade ou consistência, textura,

estruturas e outras características obtidas por inspeção tátil-visual, dos materiais

envolvidos (material exposto pela erosão e material do depósito correspondente).

Trincas de tração (abertas), com indicação da forma, comprimento, abertura em

milímetros, evidências de deslocamentos associados, evidências de infiltração de água e

carreamento de materiais.

Trincas de cisalhamento (fechadas, com abatimento de um dos lados ao longo da

superfície de ruptura), com indicação da forma, comprimento, deslocamento vertical

(ou rejeito) em milímetros, e evidências de deslocamentos associados.

Rupturas e escorregamentos relacionados às trincas, com seus limites e superfície de

ruptura, seção típica transversal pela ruptura, volume aproximado do material

mobilizado, tipo de fenômeno e de material rompido, e causa provável.

Presença de água e zonas saturadas, com indicação das áreas nos casos de umidade;

formas de ocorrência das surgências de água (escorrimento, gotejamento ou jorro),

com indicação de vazão (em litros/s) e carga hidráulica (em metros) se necessário.

Deterioração da vegetação de proteção, rachões e gabiões-manta, com croqui das

áreas das ocorrências, volumes, extensões, estado de conservação e identificação das

causas das ocorrências registradas.

Page 22: PARTE II– PROJETO DE ENCERRAMENTO E RECUPERAÇÃO DO …

140

Na eventualidade de uma ruptura profunda, atingindo a manta de PEAD, deverão ser

realizadas análises de estabilidade baseadas em sondagens à percussão, e também poderão

ser realizados ensaios de caracterização sobre amostras deformadas, ensaios de compressão

triaxial drenados (CD) e ensaios de adensamento não drenados, com saturação por contra-

pressão e medidas de pressões neutras (CUsat), sobre amostras indeformadas.

Como as erosões promovem o assoreamento de drenagens, e este tem caráter cumulativo, seu

monitoramento também compreenderá inspeções sistemáticas no canal do córrego e

elementos de drenagem superficial como canaletas, caixas e escadas hidráulicas, onde irão se

depositar os materiais oriundos de processos erosivos.

Os depósitos mapeados serão caracterizados quanto à sua extensão, largura, espessura e tipo

de material, determinando-se, também, sua origem e estágio evolutivo. Deverão ser

elaborados croqui e cortes esquemáticos típicos.

Durante a etapa das obras, as inspeções deverão ser realizadas semanalmente, e durante ou

imediatamente após os eventos de precipitações pluviométricas intensas e períodos de chuvas

continuadas.

Os elementos obtidos durante as inspeções deverão ser consubstanciados em relatórios de

monitoramento que compreenderão:

Localização das obras em planta georeferenciada.

Croqui e cortes típicos esquemáticos das ocorrências.

Identificação e caracterização detalhada das ocorrências e seu estágio de evolução.

Fotografias gerais e de detalhes.

Descrição tátil-visual dos materiais envolvidos quanto à sua granulometria, cor, grau de

compacidade ou consistência, e textura.

Diagnóstico sobre a origem dos processos e prognóstico sobre sua evolução.

Perfis individuais das sondagens, boletins de análises e ensaios de laboratório, e

análises de estabilidade.

Recomendações para medidas de remediação, controle e prevenção.

Page 23: PARTE II– PROJETO DE ENCERRAMENTO E RECUPERAÇÃO DO …

141

Como medidas preventivas, prevê-se a proteção dos platôs, taludes e encostas com grama em

placas, e o canal do córrego com gabiões-manta e blocos de rocha. As drenagens e quaisquer

elementos hidráulicos que apresentarem obstrução por materiais de assoreamento

provenientes de eventuais erosões e rupturas de taludes serão desobstruídos por escavação

manual ou mecânica.

Os taludes e encostas onde os processos erosivos, eventualmente, evoluírem para rupturas,

serão devidamente recuperados e protegidos contra novas erosões, sendo utilizados

retaludamentos e eventuais obras de contenção se necessário.

13.3.6. Recalques

Recalques poderão ocorrer por deformação do lixo ou problemas relacionados a

inconformidades com o projeto no preparo do terreno para a aplicação da manta de PEAD e

construção dos aterros de regularização e cobertura.

As obras, portanto, deverão ser realizadas com monitoramento contínuo – conforme

preconizado pelo projeto – controlando-se os serviços de preparo do terreno, alturas dos

taludes e sua inclinação, lançamento e compactação dos aterros, sua qualidade, e observando-

se o comportamento de áreas vizinhas quanto a indícios de eventuais rupturas.

Os eventuais recalques serão monitorados por meio de inspeções sistemáticas da superfície do

terreno onde estão sendo realizadas as obras, e após o seu término, e suas áreas vizinhas,

devendo compreender as seguintes feições e ocorrências que porventura se manifestem, a ser

mapeadas em croqui e caracterizadas detalhadamente:

Trincas de tração (abertas), com indicação da forma, comprimento e abertura em

milímetros.

Trincas de cisalhamento (fechadas, com abatimento de um dos lados ao longo da

superfície de ruptura), com indicação da forma, comprimento e deslocamento vertical

(ou rejeito) em milímetros.

Soerguimentos e ondulações do terreno.

Rupturas e escorregamentos relacionados às trincas instaladas e soerguimentos

próximos, com seus limites e superfície de ruptura.

Page 24: PARTE II– PROJETO DE ENCERRAMENTO E RECUPERAÇÃO DO …

142

Abatimentos, puncionamentos, deslocamentos, basculamentos, degraus e vegetação

inclinada ou tombada, com delimitação da área afetada pela ocorrência.

Presença de água na forma de poças, alagamentos e zonas saturadas, com indicação

das áreas das ocorrências.

Presença de sobrecargas como depósitos de detritos e materiais, equipamentos

pesados, tanques, veículos, etc., com sua descrição, relação provável com a ocorrência

registrada e, se possível, histórico da interferência, como tipo de carregamento, tempo

de permanência, vazamentos, etc.

Na etapa de implantação das obras, as inspeções deverão ser realizadas com freqüência

semanal. Após sua conclusão, deverão ser realizadas semestralmente, e imediatamente após a

notificação de ocorrências de abatimentos, puncionamentos, deslocamentos, basculamentos,

rupturas e escorregamentos de taludes.

Os elementos obtidos durante as inspeções deverão ser consubstanciados em relatórios de

monitoramento que compreenderão:

Localização das obras em planta georeferenciada.

Croqui e cortes típicos esquemáticos das ocorrências.

Identificação e caracterização detalhada das ocorrências.

Fotografias gerais e de detalhes.

Eventuais seções topográficas.

Diagnóstico e prognósticos das ocorrências identificadas.

Recomendações para medidas de remediação.

Para a recuperação das áreas afetadas, deverá ser procedida a recomposição do terreno com

solo argiloso compactado, recompactação do solo de cobertura, trocas de solo e remoção de

eventuais sobrecargas, bem como medidas complementares de proteção das superfícies

expostas e drenagens superficiais.

Page 25: PARTE II– PROJETO DE ENCERRAMENTO E RECUPERAÇÃO DO …

143

13.3.7. Manta de PEAD

O monitoramento da manta de PEAD deverá ser realizado nas etapas de preparo do terreno,

aplicação da manta e construção da camada de aterro de cobertura, de forma a se identificar

eventuais inconformidades com o projeto, problemas construtivos, inadequações, defeitos,

rompimentos, desgastes, erosões e quaisquer outras ocorrências que possam por em risco sua

integridade ou eficiência.

Durante todas essas etapas, deverão ser observados e registrados, para os eventuais reparos e

adequações necessários, os seguintes aspectos e procedimentos:

Destocamento, limpeza rigorosa e regularização da superfície do terreno, de forma a se

evitar a presença de fragmentos de tocos, raízes, rocha, detritos e todos os materiais e

objetos que possam provocar deformações e perfurações na manta.

Compactação adequada do aterro de regularização e uniformidade na sua superfície.

Trespasses e soldas adequados nas junções entre as faixas da manta, para garantir a

eficiência quanto à vedação do conjunto.

Ausência de dobras e imperfeições na manta, durante sua colocação, de forma a se

evitar pontos vulneráveis a futuras infiltrações.

Vedação correta e ausência de imperfeições nos contatos da manta com elementos de

drenagem, poços de monitoramento e outras eventuais estruturas.

Proteção da manta quanto ao trânsito de veículos, pessoas e animais.

Materiais, espessura e compactação adequados do aterro de cobertura.

Durante as obras, as inspeções deverão ser realizadas diariamente. Todas as inconformidades

com o projeto, problemas construtivos, inadequações e defeitos observados deverão ser

caracterizados em boletins de vistoria, registrados no Diário de Obra e informados à

Fiscalização. Após a notificação de cada ocorrência, deverão ser procedidos os devidos reparos

ou adequações, de acordo com o projeto, de forma a garantir a eficiência e integridade da

manta.

Page 26: PARTE II– PROJETO DE ENCERRAMENTO E RECUPERAÇÃO DO …

144

Após o término das obras, o monitoramento consistirá de vistorias e inspeções sistemáticas, de

forma a se identificar e caracterizar ocorrências que possam pôr em risco a integridade da

manta de PEAD, quais sejam:

Ausência de proteção e drenagem superficial, com risco de exposição da manta à

ocorrência de eventuais erosões e rupturas, com indicação e estimativa das áreas

afetadas.

Erosões, com indicação do tipo, forma da seção, extensão, largura, profundidade,

ocorrências de água, estágio de evolução e presença de depósito de material de

assoreamento associado.

Soerguimentos e ondulações do terreno junto aos taludes, indicativos de eventuais

rupturas.

Trincas de tração (abertas) e de cisalhamento (fechadas, com abatimento de um dos

lados ao longo da superfície de ruptura), com indicação da forma, comprimento,

abertura ou rejeito em milímetros e evidências de deslocamentos associados.

Rupturas e escorregamentos relacionados às trincas, com seus limites e superfície de

ruptura, estimando-se a profundidade atingida.

Ondulações, abatimentos e puncionamentos indicativos de recalques do lixo e eventuais

rupturas ou infiltrações, com delimitação da área afetada pela ocorrência.

Presença de sobrecargas como depósitos de materiais, equipamentos pesados,

tanques, veículos, etc., com sua descrição, relação provável com a ocorrência

registrada e, se possível, histórico da interferência, como tipo de carregamento, tempo

de permanência, vazamentos, etc.

Presença de água na forma de empoçamentos e zonas saturadas.

As inspeções deverão ser realizadas mensalmente durante a implantação do parque, e

imediatamente após a notificação de qualquer uma das ocorrências relacionadas.

Os elementos obtidos durante as inspeções deverão ser consubstanciados em relatórios de

monitoramento que compreenderão:

Localização das obras em planta georeferenciada.

Croqui e cortes típicos esquemáticos das ocorrências.

Page 27: PARTE II– PROJETO DE ENCERRAMENTO E RECUPERAÇÃO DO …

145

Identificação e caracterização detalhada das ocorrências.

Fotografias gerais e de detalhes.

Diagnóstico e prognósticos das ocorrências identificadas.

Recomendações para monitoramento.

Recomendações para medidas de remediação.

Para a recuperação das áreas afetadas, deverá ser procedida a remoção de eventuais

sobrecargas; recomposição do aterro eventualmente erodido ou rompido; trocas de solo, e

medidas complementares de proteção das superfícies expostas e drenagem superficial.

13.3.8. Transporte e Disposição de Detritos e Materiais

Durante os trabalhos de desmatamento, destocamento e limpeza superficial para o preparo do

terreno, e os movimentos de terra, será necessária a disposição provisória, em pilhas, dos

detritos vegetais gerados e dos materiais escavados não aproveitáveis, até seu transporte para

áreas de bota-fora. Os solos necessários para a construção dos aterros de regularização e

cobertura serão dispostos em pilhas provisórias de estocagem, até sua utilização.

O transporte inadequado dos detritos e materiais, em cargas mal acondicionadas, superiores à

capacidade das caçambas dos caminhões e/ou com quantidade excessiva de água, poderá

acarretar quedas dos mesmos, transbordamentos e vazamentos indesejáveis, criando situações

de risco no sistema viário.

As pilhas provisórias de detritos e materiais, dispostas conforme a conveniência dos serviços

na área promoverão alterações nas condições de escoamento das águas superficiais, podendo

gerar erosões e assoreamentos em pontos localizados. Alturas excessivas de pilhas e ângulos

de inclinação inadequados também poderão ocasionar rupturas e escorregamentos de taludes.

O monitoramento dos serviços de transporte de detritos e materiais, e de sua disposição

provisória na área do lixão e áreas de bota-fora será procedido por meio de inspeções das

operações de carga e descarga dos caminhões transportadores, e disposição das pilhas quanto

à sua localização na área, características geométricas, manutenção e desativação.

Os elementos e procedimentos a ser observados e controlados no monitoramento das

atividades de transporte e disposição deverão ser fotografados ou representados em croqui e

seções esquemáticas, e caracterizados detalhadamente conforme descrito a seguir:

Page 28: PARTE II– PROJETO DE ENCERRAMENTO E RECUPERAÇÃO DO …

146

Condições de segurança, estado de conservação e vedação das caçambas dos

caminhões, de forma a se evitar a ocorrência de acidentes com a carga e vazamentos

no seu transporte.

Tipo, condições de fixação, estado de conservação e segurança de lonas ou outros

materiais, elementos e dispositivos utilizados para a cobertura e proteção da carga nas

caçambas dos caminhões, de forma a se evitar quedas de detritos e materiais, e

transbordamentos no seu transporte.

Localização das pilhas provisórias na área do lixão, preferencialmente em áreas isoladas

pelos elementos de drenagem, evitando-se depressões e locais identificados como de

escoamento natural das águas superficiais.

Alturas das pilhas limitadas a 5m e inclinação dos taludes compatível com os ângulos

de repouso dos materiais.

Processos erosivos nas pilhas e seu entorno, e assoreamentos associados.

Trincas de tração (abertas) e de cisalhamento (fechadas, com movimentação de um

dos lados da superfície de ruptura), nos taludes das pilhas e seu entorno, com

indicação da forma, comprimento, abertura ou deslocamento vertical em milímetros e

evidências de deslocamentos.

Soerguimentos, abatimentos e ondulações do terreno no entorno das pilhas, com

delimitação da área afetada pela ocorrência.

Rupturas e escorregamentos relacionados às trincas instaladas e soerguimentos

próximos, com seus limites e superfície de ruptura.

Presença de água na forma de poças e zonas saturadas no entorno das pilhas, com

indicação das áreas das ocorrências e provável causa.

Histórico de eventuais erosões, assoreamentos, recalques e rupturas nos locais

destinados às pilhas provisórias na área do lixão, descrevendo-se as ocorrências

registradas na época.

Durante a etapa de implantação das obras, as inspeções das pilhas de detritos e materiais

deverão ser realizadas diariamente na área do lixão, e imediatamente após a notificação de

ocorrências de abatimentos, rupturas e escorregamentos de taludes das pilhas.

Page 29: PARTE II– PROJETO DE ENCERRAMENTO E RECUPERAÇÃO DO …

147

A inspeção dos caminhões será realizada com freqüência diária na área do empreendimento e

semanalmente nas áreas terrestres de bota-fora, por amostragem, inspecionando-se, pelo

menos, 10% das viagens realizadas.

Os elementos obtidos durante as inspeções deverão ser consubstanciados em relatórios de

monitoramento que compreenderão:

Croqui e cortes típicos esquemáticos das ocorrências.

Identificação e caracterização detalhada das ocorrências.

Fotografias gerais e de detalhes.

Diagnóstico e prognósticos das ocorrências identificadas.

Recomendações para medidas de remediação, controle e prevenção.

Nos casos de eventuais rupturas, a geometria das pilhas deverá ser readequada. No caso de

eventuais processos erosivos e assoreamentos provocados por alterações nas condições de

escoamento das águas superficiais, deverão ser restauradas as condições naturais ou originais

de fluxo e recompostas as áreas erodidas, a ser devidamente protegidas contra novos

processos. Os elementos hidráulicos do sistema de drenagem superficial serão desobstruídos

ou desassoreados, para o restabelecimento e manutenção de suas seções hidráulicas.

13.3.9. Materiais Naturais de Construção

Os materiais necessários para a construção dos aterros de regularização e cobertura,

trincheiras de drenagem do chorume, gabiões-manta e rachões são representados por solos

inertes argilosos, areia, pedrisco, brita e pedra.

As características geotécnicas dos materiais a ser utilizados são preconizadas pelo projeto, que

estabelece os métodos construtivos, procedimentos, análises, e ensaios de campo e laboratório

necessários para a fiscalização e controle da qualidade das obras durante sua execução,

objetivando seu desempenho futuro, integridade e segurança.

São, portanto, especificadas e controladas as curvas granulométricas dos materiais granulares

utilizados; índices de plasticidade e consistência dos solos argilosos; graus de compactação,

densidade e umidade ótima dos aterros compactados, e as litologias e mineralogias desejáveis,

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evitando-se a presença de restos vegetais nas areias e minerais reativos, deletérios ou

expansivos nas rochas para os gabiões e rachões.

Após o término das obras, fatores mecânicos, físico-químicos e biológicos poderão

comprometer o desempenho, integridade e mesmo a segurança dos aterros, sistemas de

drenagem e medidas de proteção do terreno contra erosão, a partir de alterações provocadas

nas suas características e funções originais, como por exemplo:

Alteração e/ou desagregação de rachões e blocos de rocha utilizados nos gabiões-

manta, que possam dar origem a eventuais focos de erosão e rupturas.

Carreamento de material fino pelos vazios existentes entre os blocos dos gabiões-

manta e blocos de proteção do canal, com a instalação de eventuais processos erosivos

e assoreamentos.

Erosões e instabilidades em aterros, associadas à presença de restos vegetais, matéria

orgânica, insetos e outros organismos.

Colmatação física e/ou química de drenos, por vegetação, atividade biológica, retenção

de material em suspensão ou precipitação de compostos químicos, reduzindo sua

permeabilidade e eficiência.

Tais alterações deverão ser detectadas por meio de vistorias, nas quais serão identificadas e

caracterizadas as seguintes ocorrências porventura observadas:

Trincas de padrão irregular nas superfícies de blocos de rocha, associadas à alteração

superficial, oxidação e descamação, com preservação de um núcleo mais resistente.

Redução de dimensões de blocos e de espessura de camadas de rachão, com ou sem

instalação de processo erosivo.

Cavidades tubulares nos taludes dos aterros, sem relação com a presença de insetos,

com ou sem surgência de água. No caso de surgência, indicar a forma de ocorrência

(gotejamento ou jorro, com estimativa de vazão) e turbidez (cor e presença ou não de

material fino).

Processos erosivos e assoreamentos associados.

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Para o diagnóstico mais preciso da presença de minerais deletérios em blocos de rocha e

materiais granulares, poderão ser realizadas análises mineralógicas para a detecção de

minerais de quartzo na forma amorfa (opala, calcedônia, etc.), pirita, hidróxidos de ferro, etc.

Após o término das obras, as inspeções deverão ser realizadas semestralmente, ou

imediatamente após a notificação de qualquer uma das ocorrências descritas anteriormente.

Os elementos obtidos durante as inspeções deverão ser consubstanciados em relatórios de

monitoramento que compreenderão:

Croqui e eventuais cortes típicos esquemáticos das ocorrências.

Identificação e caracterização detalhada das ocorrências.

Fotografias gerais e de detalhes.

Boletins de análises mineralógicas.

Diagnóstico e prognósticos das ocorrências identificadas.

Recomendações para medidas de detalhamento, remediação, controle e prevenção.

Como medidas remediadoras, prevê-se a recomposição de camadas de rachão e de gabiões,

com as características preconizadas em projeto; recomposição de áreas erodidas, a ser

devidamente protegidas contra novos processos; desobstrução de drenos colmatados,

restabelecendo-se suas funções e eliminando-se ou minimizando-se as causas diagnosticadas

para a colmatação, e desobstrução de elementos hidráulicos dos sistemas de drenagem

superficial eventualmente afetados, restabelecendo-se suas seções hidráulicas.