Particula Na Caixa

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  • Quim. Nova, Vol. 35, No. 10, 2076-2082, 2012Ed

    uca

    o

    *e-mail: [email protected]#Endereo atual: Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de So Paulo, Estrada Municipal de Campinho, s/n, 12602-810 Lorena - SP

    RESOLVENDO A EQUAO DE SCHRDINGER UTILIZANDO PROCEDIMENTOS NUMRICOS FUNDAMENTAIS

    Rogrio Custodio*, Maurcio Ramalho Custodio# e Eduardo Jos Creatto Instituto de Qumica, Universidade Estadual de Campinas, CP 6154, 13083-970 Campinas So Paulo, Brasil

    Recebido em 27/2/12; aceito em 31/5/12; publicado na web em 31/8/12

    SOLVING THE SCHRDINGER EQUATION USING FUNDAMENTAL NUMERICAL PROCEDURES. A combination of the variational principle, expectation value and Quantum Monte Carlo method is used to solve the Schrdinger equation for some simple systems. The results are accurate and the simplicity of this version of the Variational Quantum Monte Carlo method provides a powerful tool to teach alternative procedures and fundamental concepts in quantum chemistry courses. Some numerical procedures are described in order to control accuracy and computational efficiency. The method was applied to the ground state energies and a first attempt to obtain excited states is described.

    Keywords: Variational Monte Carlo; expectation value; fundamental and excited states.

    INTRODUO

    O mtodo Monte Carlo corresponde a uma das tcnicas num-ricas mais poderosas ao alcance de cientistas, engenheiros e no especialistas. Essa popularidade est associada facilidade, eficincia e preciso com que o mtodo pode ser empregado. Seu espectro de aplicaes vasto e uma busca na literatura ou em bases de dados poder dar um exemplo dos milhares de artigos e livros publicados em diferentes nveis de complexidade. Para uma abordagem didtica do mtodo o leitor pode consultar as refs. 1-8.

    A aplicao do mtodo Monte Carlo para resolver a equao de Schrdinger dependente ou independente do tempo recebeu a denominao genrica de Monte Carlo Quntico (MCQ) e uma abordagem simplificada, explorando as potencialidades do mtodo para a soluo de problemas de estrutura eletrnica, foi publicada em artigo recente.6 O texto concentrou-se na descrio de duas das mais utilizadas aproximaes do MCQ: o Monte Carlo Variacional (MCV) e o Monte Carlo de Difuso (MCD), alm de ilustrar com aplicaes de altssima preciso as caractersticas prprias de cada mtodo, ressaltando vantagens e desvantagens. Tanto a leitura do artigo quanto de trabalhos especializados da literatura usualmente explicita o melhor desempenho em termos de exatido do MCD em relao ao MCV. O MCV visto como um mtodo mais limitado e restrito flexibilidade da funo de onda utilizada, no possibilitando, como ocorre com o MCD, produzir resultados com preciso alm da funo de onda utilizada como guia da simulao.

    Essa perspectiva vem sendo modificada com avanos recentes. Atualmente, possvel utilizar funes de onda altamente flexveis e mtodos de otimizao eficientes com o MCV.9-11 Porm, o MCV pode ir alm do simples ajuste de parmetros em funes de onda flexveis. Esta nova alternativa foi sugerida apenas como uma curiosidade de aplicao didtica do princpio variacional e uso do mtodo Monte Carlo na ref. 4. Realizando testes com o MCV alternativo (MCVA) verificou-se que o mesmo computacionalmente simples, mas inefi-ciente quando aplicado em sistemas mais complexos, porm, permite uma compreenso clara de conceitos frequentemente utilizados em disciplinas de qumica quntica e mal compreendidos por alunos. O

    desenvolvimento numrico e o esforo computacional para atingir a preciso desejada levam ao questionamento da convenincia de procedimentos considerados como mandatrios para a resoluo da equao de Schrdinger.

    O objetivo deste artigo apresentar esta nova verso do MCV como instrumento didtico, explorando sua aplicabilidade em siste-mas simples de forma no ortodoxa, permitindo uma visualizao das necessidades matemticas de alguns mtodos usualmente abordados em disciplinas de qumica quntica.

    PROCEDIMENTO NUMRICO

    O mtodo MCV considera o ajuste de uma funo de onda usando nmeros aleatrios e minimizando a energia do estado fundamental de um sistema. A essncia do princpio variacional est em garantir que qualquer funo de onda tentativa Y sempre produzir uma energia para o estado fundamental, que ser sempre maior ou igual ao valor exato. A determinao da energia de um sistema quntico feita atravs da expresso do teorema do valor mdio definido como:

    (1)

    sendo o operador hamiltoniano e Y uma funo de onda tentativa.Usualmente, quando se entra em contato com o princpio varia-

    cional pergunta-se o que exatamente pode ser utilizado como uma funo de onda tentativa. Atravs dos postulados da mecnica quntica verifica-se que a nica exigncia para se elaborar uma funo de onda de que ela seja bem comportada, ou seja, finita, unvoca e contnua, alm da exigncia de que a primeira e segunda derivadas tambm obedeam a tais critrios.12 Desta forma, a resposta para o que se pode usar como funo de onda na Equao1 literalmente qualquer funo que preserve o carter bem comportado. O que normalmente no se considera a aplicao do princpio variacional para gerar a funo de onda em si. At onde sabemos, esta alternativa s foi indicada como exemplo didtico por Giordano e Nakanishi.4 O mtodo permite resolver a equao de Schrdinger numericamente, sem necessidade de recorrer s tcnicas de separao de variveis ou transformao de coordenadas ou modelo de partculas independentes, embora o leitor iniciante deva compreender que o uso desses recursos, alm de

  • Resolvendo a equao de Schrdinger utilizando procedimentos numricos fundamentais 2077Vol. 35, No. 10

    facilitar a descrio do sistema, torna a soluo analtica ou numrica mais simples e eficiente.

    Para descrever o processo, a Equao1 ser reescrita em uma dimenso como:

    (2)

    sendo que o operador hamiltoniano foi substitudo pelo operador de energia cintica e o operador de energia potencial, respectivamente. Numericamente, a derivada segunda da energia cintica pode ser substituda por uma aproximao facilmente deduzida de sries de Taylor:13,14

    (3)

    O clculo da derivada segunda depende do valor da funo de onda em uma coordenada x e em duas posies vizinhas separadas por x. Substituindo-se a Equao3 na Equao 2, tm-se:

    (4)

    A Equao 4 pode ser ainda aproximada empregando-se, por exemplo, um processo de integrao trapezoidal, ou seja, a rea total a ser integrada subdividida em vrios trapzios e suas reas so determinadas e somadas definindo aproximadamente a rea total.13,14 Em termos prticos, substitui-se o elemento infinitesimal dx por um elemento finito x e determina-se a rea associada a cada elemen-to finito. Este elemento finito pode ser igual ou diferente daquele usado na derivada segunda dada pela Equao 4. Por convenincia, considera-se que os valores de x so igualmente espaados e que os elementos finitos das integrais e derivada segunda so todos iguais: x=x. Desta forma, o clculo do valor mdio da energia pode ser estimado para qualquer funo de onda considerando-se a Equao 5:

    (5)

    Para se determinar E necessrio definir quais so as coordenadas {x} a serem utilizadas e quais so os valores da funo de onda nos respectivos valores de x. No limite quando x0, os somatrios na Equao5 tendem aos valores exatos. Assim, a escolha de x ser

    definida pela preciso numrica a ser atingida e a disponibilidade e eficincia computacional.

    A construo da funo de onda tentativa definida pelo princ-pio variacional. Estabelece-se um valor arbitrrio para cada Y(xi) e calcula-se a energia atravs da Equao 5. Sorteia-se uma determinada coordenada xi e modifica-se o valor da funo de onda nessa coor-denada por um nmero aleatrio como, por exemplo: Y(xi) = Y(xi) + (0,5 rand).d, sendo rand um nmero aleatrio com distribuio uniforme entre 0 e 1 e d um parmetro que define o intervalo arbi-trrio de variao da funo de onda. Se d = 1, a funo de onda oscilar entre os valores de 0,5. A energia para a funo de onda modificada calculada (Equao 5) e se o valor for menor, aceita-se a modificao na funo de onda. Se a energia aumentar, preserva-se o valor original da funo de onda. Este processo repetido at que a energia do sistema atinja um limite mnimo desejado.

    conveniente mencionar que existe o mtodo de diferenas finitas, utilizado em clculos numricos da equao de Schrdinger de sistemas simples.13,14 Neste mtodo, resolve-se a equao diferencial e no a equao integral. A vantagem do presente mtodo que est fundamentado no teorema variacional e, em princpio, poderia ser aplicado para qualquer sistema. No mtodo de diferenas finitas a soluo obtida quando o chute dado para a energia do sistema produz uma funo de onda bem comportada.

    A PARTCULA NA CAIXA 1D E 2D E A SEPARAO DE VARIVEIS

    Sero considerados neste item dois exemplos bem conhecidos: a partcula na caixa unidimensional (1D) e a partcula na caixa bidi-mensional (2D) com extremidades com potencial infinito. A partcula na caixa 1D ser definida considerando-se uma caixa com dimenses de 1,0 u.a. de comprimento. As coordenadas inicial e final dos limites da caixa foram: xi = -0,5 u.a. e xf = 0,5 u.a. Nestas extremidades as condies de contorno determinam que Y(x) = 0,0 para x -0,5 u.a. e x +0,5 u.a. Para valores de x dentro da caixa, o potencial nulo e a funo de onda e a energia do sistema devem ser determinadas. As solues analticas para este modelo so dadas pelas seguintes expresses: e , sendo nx um nmero inteiro maior do que zero, a o comprimento da caixa, m a massa da partcula e h a constante de Planck. Assim, o valor exato para a energia de um eltron confinado em um fio com comprimento de 1 u.a. para nx = 1 igual a Enx = 4,93480 u.a.

    Uma vez que o potencial nulo dentro da caixa, a Equao 5 em unidades atmicas simplificada para:

    (6)

    A Figura 1 apresenta um diagrama da funo de onda inicial, Yinicial, e a funo de onda final, Yfinal, para uma simulao empregando 20 valores de x e minimizando-se a Equao 6. Os valores da funo de onda nas extremidades foram mantidos em zero, satisfazendo as condies de contorno, durante toda simulao. A funo de onda inicial foi arbitrariamente definida como tendo valores iguais a 1,00 para 14 pontos e zero para 4 pontos (Figura 1), sendo normalizada durante toda simulao pela Equao 7:

    (7)

  • Custodio et al.2078 Quim. Nova

    A simulao continuou por um nmero de passos suficiente para atingir um nvel de preciso em energia de 10-5 u.a. Na Tabela 1 so apresentados valores de energias para simulaes com diferentes nmeros de pontos para a partcula na caixa 1D (segunda coluna) e para a partcula na caixa 2D (terceira coluna), cujos resultados sero discutidos posteriormente. A primeira e bvia concluso que a tendncia ao valor exato ocorre com o aumento do nmero de pontos utilizado. Pode-se perceber que, embora a preciso alcanada seja excelente, para se atingir o resultado exato, necessrio um nmero significativo de pontos.

    A razo entre o nmero de modificaes na funo de onda que proporcionam uma energia menor dividido pelo nmero total de modificaes define o que se conhece como taxa de aceitao. Em clculos Monte Carlo,6 a simulao controlada para fornecer uma taxa de aceitao em torno de 0,5. No presente mtodo, a taxa de aceitao ajustada a partir do valor de d utilizado para modificar Y(x). Entretanto, medida que a simulao transcorre, a funo de

    onda se aproxima da soluo exata e se o valor de d for fixo, a taxa de aceitao tende a zero. Nossos testes indicam que h necessidade de se modificar d quando a taxa apresentar valores inferiores a 0,01 ou 1%. Para uma maior eficincia, esta reduo na ordem de grandeza em d pode ser feita dividindo-se este parmetro por um nmero menor do que 10, cada vez que a taxa de aceitao atinge um valor inferior a 1% a cada 10.000 passos. Tambm conveniente repetir-se o clculo para um processo que j tenha alcanado taxa de aceitao menor do que 1%, uma vez que a amostragem do espao aleatria e pode ocorrer do espao amostrado ter maior ou menor taxa de aceitao.

    Usualmente, em disciplinas introdutrias de quntica aps o modelo da partcula na caixa 1D apresentado o tratamento para a partcula na caixa 2D ou 3D para ilustrar o uso do recurso de sepa-rao de variveis. Com o MCVA possvel resolver a equao de Schrdinger para a partcula na caixa 2D sem utilizar a separao de variveis. A funo de onda 2D ser dependente das coordenadas (x,y), ou seja, Y = Y(x,y). A partcula em uma caixa 2D estar livre dentro de uma rea definida no intervalo entre -0,5 u.a. x 0,5 u.a. e -0,5 u.a. y 0,5 u.a. Fora desses limites o potencial infinito e a funo de onda ser nula. O operador hamiltoniano para a part-cula na caixa 2D exclusivamente o operador de energia cintica. Substituindo-se o operador de energia cintica para duas dimenses na Equao 1 e rearranjando, tm-se:

    (8)

    A Equao 8 pode ser aproximada por somatrios em cada co-ordenada e a derivada segunda sobre a funo de onda 2D pode ser descrita pela Equao 3, lembrando-se que se tem agora derivadas parciais, que esto sendo aplicadas em uma coordenada de cada vez, o que leva Equao 9:

    (9)

    Nesta equao, x e y so constantes. Para se utilizar o MCVA deve-se sortear pares de coordenadas (xi,yi), modificar o respectivo valor da funo de onda e calcular o valor de energia mdia com a Equao 9. A aplicao desse procedimento foi realizada com uma funo de onda inicial semelhante quela apresentada na Figura1, mas agora considerando uma superfcie constante no plano (x,y) e o valor igual a zero nos limites e fora da caixa para satisfazer as condies de contorno. Os resultados para simulaes com diferentes nmeros de pontos encontram-se na coluna 2D da Tabela 1. Pode-se verificar que quanto maior o nmero de pontos, mais prximo est o resultado da soluo exata. Alm desse aspecto bvio j exemplificado na caixa 1D, pode-se constatar que as energias para a caixa 2D so exatamente iguais a duas vezes as respectivas energias 1D. Se a separao de variveis fosse considerada, esse seria o resultado correto. Portanto, a avaliao numrica demonstra que o processo de separao de va-riveis, alm de permitir a soluo analtica das equaes diferenciais para este sistema, rigorosamente correto e numericamente poderia ser realizado em um tempo computacional muito menor.

    Existiria alguma vantagem em se resolver o sistema 2D sem lan-ar mo do mtodo de separao de variveis, mesmo que seja uma soluo numrica? Para este sistema em particular a resposta : no!

    Tabela 1. Valores de energia mdia de simulaes empregando o mtodo Monte Carlo para a partcula na caixa unidimensional (1D) com comprimento de 1 u.a. e partcula na caixa bidimensional (2D) com caixa quadrada com arestas de 1 u.a. e considerando diferentes nmeros de pontos (N) no eixo de coordenadas para ambos os sistemas

    1D 2D

    N E/u.a. E/u.a.

    10 4,88489 9,76979

    12 4,90135 9,80270

    14 4,91083 9,82166

    16 4,91679 9,83358

    18 4,92077 9,84155

    20 4,92357 9,84714

    30 4,92998 9,85996

    40 4,93213 9,86426

    50 4,93311 9,86622

    60 4,93365 9,86730

    Exato 4,93480 9,86960

    Figura 1. Funo de onda tentativa (Yinicial) e funo de onda otimizada (Yfinal) para uma simulao de 20 pontos e 100.000 passos para a partcula na caixa unidimensional de comprimento de 1 u.a.

  • Resolvendo a equao de Schrdinger utilizando procedimentos numricos fundamentais 2079Vol. 35, No. 10

    Nada substitui o bom senso ou as solues analticas. Mas, o objetivo de uma soluo numrica no necessariamente produzir nmeros, mas informaes. O esforo computacional utilizado para resolver a partcula na caixa 2D significativamente maior do que para 1D. O tempo gasto para a resoluo MCVA da caixa 2D demonstra que o mtodo factvel, mas converge muito lentamente para um nmero grande de pontos. Para contornar este problema e reduzir o tempo de CPU, determinou-se a funo de onda tima para uma malha bruta, por exemplo, 10 x 10 e utilizou-se esta funo de onda para determinar valores aproximados de funes de onda para uma malha mais fina, por exemplo, 12 x 12. A partir da otimizao desta malha, interpolou-se valores para a malha 14 x 14 e assim sucessivamente. Em nossos clculos considerou-se a interpolao linear atravs do mtodo de diferena dividida de Newton13 utilizando a Equao 10:

    (10)

    sendo xi+1, xi, yi+1 e yi valores conhecidos da malha bruta e xi+1 > x > xi e yi+1 > y > yi, os valores das coordenadas onde se pretende estimar o valor de Y(x,y).

    O tempo de clculo para a caixa 2D, se o sistema for construdo de forma semelhante ao exemplo da caixa 1D, dever ser da ordem de t2, sendo t o tempo para completar o clculo para a caixa 1D, ou seja, o aumento no nmero de dimenses acarreta necessariamente em um aumento significativo no tempo de CPU.

    O procedimento a ser empregado para caixas com potencial interno exatamente o mesmo. A nica diferena para esses casos que no uso das Equaes 5 ou 8 tem-se que calcular tambm o termo potencial.

    OSCILADORES HARMNICOS E ANARMNICOS

    Na aplicao do mtodo para o oscilador harmnico ou anar-mnico nos deparamos com a necessidade de definir os limites de integrao de no caso de uso de coordenadas cartesianas. Essas integrais so denominadas de integrais imprprias e existem diferentes abordagens para resolv-las numericamente. A abordagem tecnica-mente mais correta corresponde a reescrever as integrais da Equao 1, dividindo-se cada uma em duas ou mais componentes. Para uma integral unidimensional cujos limites de integrao esto entre pode-se dividi-la arbitrariamente em trs integrais:

    (11)

    Sendo a funo f(x) convergente, a integral central com limites entre a e b representa a componente mais importante. As outras duas integrais so denominadas de caudas da integral. A escolha dos limites a e b deve ser feita de tal maneira que o efeito das caudas seja pequeno. A maneira mais simples para se calcular os efeitos de cauda resolver estas integrais em espaamento no constante. A integral central poder ser dividida em espaamentos constantes e as integrais de cauda tero os respectivos valores de x definidos por uma transformao de coordenadas como, por exemplo, x = 1/s. Nesta transformao os limites para, por exemplo, a primeira cauda passam de - a a para valores finitos de 0 a 1/a. A escolha de um intervalo s constante permite a determinao de valores de si e, consequentemente, dos valores de xi correspondentes. O espaamento

    em x deixa de ser constante, mas a discretizao dada pela Equao 5 pode ser utilizada, desde que se considere para cada ponto xi um xi correspondente. A derivada segunda no operador de energia cintica tambm deve ser modificada, sendo definida neste trabalho pelo mtodo de diferena dividida de Newton,13 ou seja:

    (12)

    Quando xi+2 xi+1 = xi+1 xi tem-se que xi+2 xi = 2(xi+1 xi) que, substitudo na Equao 12 leva Equao 3.

    Para ilustrar o uso desta tcnica de integrao no MCVA, a equao de Schrdinger ser resolvida numericamente para o oscilador harmnico e o potencial de Morse: V(x) = 0,5x2 e

    , respectivamente.As integraes para o oscilador harmnico foram feitas consi-

    derando-se diferentes malhas com diferentes limites de integrao. Foram escolhidos trs limites de integrao internos (a e b): 1 u.a., 2 u.a. e 5 u.a. No limite interno entre 1 u.a. o efeito de cauda no desprezvel e no limite de 5 u.a. praticamente nulo. Cada integral de cauda foi dividida em malhas de 10 pontos e a funo de onda nos dois ltimos pontos quando o limite tende a infinito foi mantida igual a zero durante todo o processo de integrao. Na Tabela 2 encontram-se valores destas simulaes.

    O primeiro aspecto que chama a ateno que no limite interno de 1 u.a. com 10 pontos de integrao, o valor da energia difere em apenas 0,00052 u.a. do valor exato. O mesmo clculo com o mesmo nmero de pontos, mas com um limite interno de 2 u.a. apresenta um desvio de 0,00656 u.a. em relao ao valor exato e para o limite interno de 5 u.a. o desvio vai para 0,03733 u.a. Esse aumento no desvio da energia para os limites de integrao maiores so consequncia do maior espaamento em x. Para os limites de integrao de 1 u.a., 2 u.a. e 5 u.a. os intervalos x so de 0,22222 u.a., 0,44444 u.a. e 1,11111 u.a., respectivamente. Em outras palavras, a densidade de pontos para o limite de 1 u.a. significativamente maior e, portan-to, descreve a regio integrada muito melhor do que ocorre com os limites de 2 u.a. e 5 u.a. Para que as integrais envolvendo os limites

    Tabela 2. Energia do estado fundamental para o oscilador harmnico (E) calculado com o MCVA utilizando diferentes malhas com diferentes limites de integrao para a integral central e 10 pontos para as integrais de cauda

    Nmero de pontos para a integral central

    Limites de integrao internos

    1 u.a. 2 u.a. 5 u.a.

    E / u.a. E / u.a. E / u.a.

    10 0,50052 0,49344 0,46267

    20 0,50006 0,49888 0,49119

    30 0,49998 0,49977 0,49626

    40 0,49995 0,50007 0,49794

    50 0,49994 0,50020 0,49869

    60 0,49993 0,50028 0,49910

    70 0,49993 0,50032 0,49934

    80 0,49993 0,50035 0,49950

    90 0,49993 0,50037 0,49961

    100 0,49994 0,50038 0,49968

    150 0,49995 0,50041 0,49986

    200 0,49995 0,50043 0,49996

    Exato 0,50000

  • Custodio et al.2080 Quim. Nova

    maiores apresentem a mesma densidade de pontos, o resultado para 10 pontos com o limite de integrao de 1 u.a. deve ser comparado com resultados para 18 e 45 pontos nos limites de integrao de 2 u.a. e 5 u.a., respectivamente. Se for feita esta comparao, verifi-ca-se ainda que o resultado para o limite de 1 u.a. se encontra mais prximo do valor exato do que os outros dois clculos envolvendo limites de integrao maiores. A resposta para esta tendncia uma combinao de: a) preciso da regio descrita, b) preciso nas integrais de cauda e c) possvel cancelamento de erros dos trs clculos. Se o comportamento das trs simulaes for analisado medida que o nmero de pontos aumenta, verifica-se que as simulaes com maior limite de integrao se aproximam sistematicamente do valor exato. Para as outras duas integrais com limites de convergncia menores, os resultados no necessariamente convergem para o resultado exato, porque as integrais de cauda apresentam um papel no desprezvel. A maior ou menor aproximao em relao ao resultado exato de-pende se a discretizao representa de maneira mais apropriada ou no a regio de cauda. Isto pode ser feito aumentando-se o nmero de pontos nessa regio ou escolhendo-se um mtodo de integrao numrico mais elaborado. De maneira geral, pode-se perceber que a escolha conveniente dos limites de integrao pode levar a excelentes resultados se a malha na integral central for densa e se as integraes das integrais de cauda descreverem apropriadamente as regies, tendendo ao limite apropriado.

    Da mesma forma que para a partcula na caixa, o oscilador har-mnico pode ser resolvido analiticamente. Efeitos de anarmonicidade normalmente so considerados definindo-se potenciais sofisticados. A resoluo da equao de Schrdinger com esses potenciais no trivial e usualmente efetuada numericamente. Para testar a efici-ncia do mtodo MCVA, considerou-se a resoluo da equao de Schrdinger utilizando-se o potencial de Morse. A Tabela 3 apresenta o resultado da energia do ponto zero estimado experimentalmente para uma srie de molculas diatmicas e resultados calculados com o MCVA. A Tabela 3 tambm apresenta os parmetros utilizados para representar o potencial de Morse para cada diatmica. Os limites de

    integrao da integral central foram escolhidos para que as integrais de cauda tivessem valores desprezveis. Entretanto, mantiveram-se as caudas das integrais com 10 pontos de integrao e a integral de cauda esquerda foi avaliada sem necessidade de transformao de coordenadas, uma vez que o intervalo finito (de 0 ao limite inferior da integral central). As simulaes foram feitas com 200 pontos e a convergncia na energia com uma preciso da ordem de 10-6 u.a. Os resultados demonstram uma preciso considervel entre os valores calculados e os estimados experimentalmente. O maior desvio encontrado foi da ordem de 3 cm-1 (~1 x 10-5 u.a.), que pode ser considerado extremamente preciso em relao a outros clculos tericos. O nvel de dificuldade foi limitado apenas ao tempo de CPU para que a energia atingisse o limite desejado.

    Embora estes resultados sejam estimulantes em termos de sim-plicidade e nvel de preciso, o clculo de espectros infravermelho para diatmicas depende da estimativa de estados excitados. O mtodo discutido at o presente foi sugerido apenas para o estado fundamental. Pode-se verificar que as exigncias para o clculo de estados excitados podem ser consideradas, incluindo-se um mnimo de conceitos fundamentais discutidos em disciplinas de quntica.

    Estados excitados

    A nica exigncia adicional necessria para calcular estados excitados a ortogonalidade entre esses estados. Para introduzir o tema de maneira simplificada, ser apresentada a possibilidade de determinao de um nico estado excitado. Considere que o estado fundamental ser descrito por uma funo de onda Ya e o primeiro estado excitado, por uma funo de onda Yb. Considere ainda que estas duas funes de onda no so ortogonais, mas so normaliza-das. Em outras palavras, a integral de recobrimento entre esses dois estados no nula: Sab = Y*aYb dx 0 .

    Existem diferentes maneiras de se ortogonalizar uma funo de onda. Neste caso, ser utilizado o mtodo de ortogonalizao de Schmidt.16,17 Considere que a funo do estado fundamental e excitado

    Tabela 3. Energia do estado fundamental vibracional para molculas diatmicas experimental (Eexp) e calculado com potencial de Morse e o mtodo variacional (EMCV) utilizando em mdia 106 passos e uma malha de 200 pontos para a integral central e 10 pontos para a integral de cauda direita. As constantes utilizadas no potencial de Morse (, De e Re) e os limites da integral central tambm so apresentados

    Molcula Eexp(a) cm-1 (u.a.) EMCV cm-1 (u.a.) a (u.a.) De (u.a.) Re (u.a.) Limites (u.a.)H2 2170,270 (0,009888) 2168,40 (0,009880) 1,02490 0,17447 1,4010 0 a 3

    H19F 2046,690 (0,009325) 2044,85 (0,009317) 1,16891 0,22498 1,7325 0 a 3H35Cl 1482,268 (0,006754) 1479,917 (0,006743) 0,98481 0,16968 2,4086 1 a 4H79Br 1313,183 (0,005983) 1310,264 (0,005970) 0,95391 0,14409 2,6728 1 a 4H127I 1144,596 (0,005215) 1141,049 (0,005199) 0,92312 0,11746 3,0409 1 a 5

    12C16O 1081,585 (0,004928) 1080,818 (0,004925) 1,21686 0,41255 2,1322 1 a 314N16O 948,581 (0,004322) 947,252 (0,004316) 1,45178 0,24306 2,1747 1 a 314N14N 1175,704 (0,005357) 1175,726 (0,005357) 1,42276 0,36400 2,0743 1 a 316O16O 787,100 (0,003586) 785,939 (0,003581) 1,40459 0,19159 2,2818 1 a 319F19F 455,511 (0,002075) 454,093 (0,002069) 1,57405 0,06096 2,6681 2 a 4

    35Cl35Cl 279,191 (0,001272) 278,732 (0,001270) 1,05971 0,09238 3,7566 3 a 579Br79Br 162,391 (0,000740) 161,972 (0,000738) 1,03992 0,07314 4,3107 3 a 5

    127I127I 107,097 (0,000488) 106,884 (0,000487) 0,98343 0,05717 5,0386 4 a 635Cl19F 391,535 (0,001784) 391,104 (0,001782) 1,21251 0,09796 3,0770 2 a 4

    23Na23Na 79,381 (0,000362) 79,381 (0,000362) 0,44808 0,02744 5,8183 5 a 739K39K 45,940 (0,000209) 45,940 (0,000209) 0,38958 0,02059 7,3796 6 a 8

    a. Dados da ref. 15.

  • Resolvendo a equao de Schrdinger utilizando procedimentos numricos fundamentais 2081Vol. 35, No. 10

    ortogonais so YA e YB, respectivamente. O mtodo de Schmidt considera que YA = Ya e que YB = N(Yb + Ya), sendo N um fator de normalizao e um fator que determinar a condio de ortogo-nalidade entre os dois estados. A definio destes dois parmetros feita atravs das integrais de normalizao (Y*BYBdx = 1 = Y*AYAdx) e ortogonalizao (Y*AYBdx = 0), levando a e = Sab .

    Para determinar a funo de onda YB e a energia desse estado excitado, necessrio que se conhea a funo de onda do estado fundamental ou, ento, que ambas sejam geradas na mesma simula-o. A energia do estado A deve ser obtida pela Equao 5 e a energia do estado B ser definida por:

    (13)

    A ltima integral direita corresponde energia do estado A, a primeira integral direita da igualdade a energia da funo de onda no ortogonal do estado B que est sendo modificada durante a simulao, para produzir o mnimo de energia desse estado, e a integral intermediria corresponde energia de interao das funes de onda no ortogonais. Estas trs integrais sero discretizadas como mostrado anteriormente. As funes de onda Ya e Yb devem ser sempre normalizadas (Equao 7) antes do clculo das respectivas energias. Isto sendo feito, a discretizao dada pela Equao 5 no necessita das integrais nos denominadores. A integral de recobrimento Sab discretizada da mesma forma como todas as outras integrais. Finalmente, uma vez programada a Equao 13, basta aplicar o princpio variacional modificando aleatoriamente a funo de onda Yb para a determinao da energia e funo de onda do primeiro estado excitado.

    A Figura 2a ilustra as funes de onda Ya e Yb iniciais antes da normalizao para a determinao simultnea do estado fundamen-tal e primeiro estado excitado do oscilador harmnico e a Figura 2b mostra as funes ortogonais e otimizadas para os dois estados. Nota-se que a funo de onda inicial do estado B foi propositalmente construda com um n para facilitar a convergncia da simulao. Funes de onda construdas com nmeros aleatrios podem ser con-sideradas, mas consumiro um tempo de CPU superior para convergir. Nesta simulao simultnea do estado fundamental e do primeiro estado excitado respectiva energia de cada estado com limites de integrao de 5 u.a., malhas de 100 pontos com caudas contendo mais 10 pontos proporcionaram energias iguais a 0,49968 e 1,49855 u.a. O valor exato para estes dois estados corresponde a 0,50 e 1,50 u.a. Como nas aplicaes anteriores, este exemplo deixa claro que a combinao do princpio variacional e do mtodo de Monte Carlo em uma verso de malha fixa permite resolver a equao de Schrdinger no apenas para o estado fundamental como tambm para estados excitados. Para considerar outros estados excitados, basta apenas que as respectivas funes de onda mantenham a ortogonalidade em relao a todos os estados j descritos.

    Os exemplos apresentados neste artigo proporcionam um mtodo numrico alternativo, no ortodoxo, possibilitando uma viso da re-levncia de alguns conceitos fundamentais em qumica quntica e a convenincia de outros recursos usualmente apresentados nesta disci-plina como mandatrios para a resoluo da equao de Schrdinger. As perspectivas de aplicao do mtodo em sistemas mais complexos proporcionaro uma viso alternativa de problemas fundamentais em disciplinas similares. Em artigo publicado anteriormente foram apresentadas e discutidas quatro alternativas diferentes para resolver a equao de Schrdinger para o tomo de hidrognio.18 Com o pre-sente mtodo possvel antecipar que existe, portanto, uma quinta maneira para resolver a equao de Schrdinger para esse sistema. Nesta quinta alternativa, o tratamento numrico levar naturalmente necessidade de se resolver um problema que usualmente no

    percebido nas solues anteriores. Por meio da necessidade de se definir uma malha de pontos no processo de integrao numrica, verifica-se que dependendo da escolha da malha, surge naturalmente um problema denominado de correlao eltron-ncleo, conhecido tambm pelo nome de cspide nuclear.19 Da mesma forma, a utili-zao do mesmo procedimento para sistemas com um, dois ou mais eltrons suscitar o questionamento das necessidades e convenincias de procedimentos, tais como, a aproximao de Born-Oppenheimer, o modelo de partculas independentes de Hartree ou Hartree-Fock,17 ou como o clculo de propriedades atmicas ou moleculares, como as foras de Hellmann-Feynman,20,21 pode ser afetado com as malhas utilizadas, embora as energias dos sistemas sejam razoavelmente bem descritas, etc. Trabalhos nestas questes fundamentais esto em andamento. Gostaramos de ressaltar que grande parte dos clculos realizados neste artigo foi efetuada por dois alunos de iniciao cien-tfica utilizando laptops convencionais em linguagens de programao de escolha pessoal. Interessados em exemplo de programa podem contatar o autor para correspondncia.

    CONCLUSO

    A combinao do princpio variacional com o teorema do valor mdio e o mtodo de Monte Carlo corresponde a uma ferramenta didtica e acadmica extremamente poderosa, no sentido de possi-bilitar uma avaliao criteriosa da relevncia de tcnicas usualmente consideradas imperativas na soluo da equao de Schrdinger. Neste artigo esta combinao de mtodos, que denominamos de MCVA, foi aplicada em sistemas simples, tais como, partcula na caixa 1D e 2D e oscilador harmnico e anarmnico representado pelo potencial de Morse. Os trs primeiros sistemas foram considerados para apresentar de forma didtica a simplicidade do mtodo, algumas dificuldades e alternativas numricas e preciso possvel de ser alcan-ada. O oscilador anarmnico foi apresentado como um exemplo de aplicao do mtodo em um sistema usualmente considerado como

    Figura 2. Funes de onda para os estados fundamental e primeiro estado excitado do oscilador harmnico: a) funes de onda no ortogonais iniciais e b) funes de onda otimizadas e ortogonais. Simulaes realizadas utilizando em mdia 106 passos e uma malha de 100 pontos para a integral central e 10 pontos para a integral de cauda direita

  • Custodio et al.2082 Quim. Nova

    de soluo no trivial. Com a soluo para o estado fundamental, o artigo esboou as condies necessrias para o clculo de estados excitados empregando os mesmos princpios e acrescentando a condio de ortogonalidade entre os estados. O mesmo alto nvel de preciso foi demonstrado para o clculo do primeiro estado excitado para o exemplo do oscilador harmnico.

    Alm da preciso, a apresentao do mtodo tem o objetivo de suscitar o questionamento por parte de alunos e usurios de mtodos computacionais sobre alguns aspectos frequentemente utilizados na resoluo de problemas em qumica quntica.

    O novo Monte Carlo variacional, como todo mtodo, possui limi-taes que sero discutidas e aprofundadas futuramente no tratamento de sistemas eletrnicos. De maneira geral, pela facilidade de uso para sistemas simples e carter no ortodoxo na resoluo da equao de Schrdinger, a combinao dos procedimentos extremamente atrativa e refora fundamentos e mtodos usados em trabalhos de qumica computacional.

    AGRADECIMENTOS

    Ao apoio financeiro das agncias de fomento FAPESP, CNPq e FAEPEX UNICAMP. A disponibilidade computacional do Centro Nacional de Processamento de Alto Desempenho CENAPAD, Campinas, tambm est auxiliando no desenvolvimento deste projeto, ao qual somos gratos.

    REFERNCIAS

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