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1 PARTIDOS POLÍTICOS: UMA DAS PIORES INVENÇÕES DA CIÊNCIA POLÍTICA! 29/09/15 “ A divulgação da ideologia pelo ensino conduz sempre à instauração do sistema político correspondente. A Universidade do Estado é a Universidade Pombalina. Foi criada com uma ideologia, a do Iluminismo, da qual resultou o falso liberalismo do século passado. Ao Iluminismo sucedeu o Positivismo, comandado por Teófilo Braga, que deu origem ao liberalismo ignorante, corrupto, anti - clerical e anti - sindicalista da 1ª República. O Positivismo como mostra H. Marcuse no livro “Razão e Revolução” – prepara mentalmente o Marxismo. Com efeito, a nossa Universidade substitui, nos anos quarenta, o Positivismo pelo Marxismo e o resultado foi a instauração do actual Socialismo. Orlando Vitorino O processo das presidenciais de 86 Os Partidos Políticos (PP) existem hoje na nossa vida sem ninguém saber nada acerca deles; isto é quem os inventou, como surgiram e porquê, o seu historial, como funcionam, nada! Não se sabe nada. No entanto, são os partidos que, no mundo ocidental e tendencialmente no mundo inteiro, detêm melhor dizendo, julga-se que detêm - as rédeas do poder e da governação. Passou a ser assim, porque sim.

PARTIDOS POLÍTICOS: UMA DAS PIORES INVENÇÕES DA …ticos_brandaoferreira... · significa leite amargo ou soro do leite, que no século XVII fazia parte da alimentação dos pobres

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PARTIDOS POLÍTICOS: UMA DAS PIORES

INVENÇÕES DA CIÊNCIA POLÍTICA!

29/09/15

“ A divulgação da ideologia pelo ensino conduz sempre à

instauração do sistema político correspondente. A

Universidade do Estado é a Universidade Pombalina. Foi

criada com uma ideologia, a do Iluminismo, da qual

resultou o falso liberalismo do século passado. Ao

Iluminismo sucedeu o Positivismo, comandado por Teófilo

Braga, que deu origem ao liberalismo ignorante, corrupto,

anti - clerical e anti - sindicalista da 1ª República. O

Positivismo – como mostra H. Marcuse no livro “Razão e

Revolução” – prepara mentalmente o Marxismo. Com

efeito, a nossa Universidade substitui, nos anos quarenta, o

Positivismo pelo Marxismo e o resultado foi a instauração

do actual Socialismo.

Orlando Vitorino – O processo das presidenciais de 86

Os Partidos Políticos (PP) existem hoje na nossa vida sem

ninguém saber nada acerca deles; isto é quem os inventou,

como surgiram e porquê, o seu historial, como funcionam,

nada!

Não se sabe nada.

No entanto, são os partidos que, no mundo ocidental e

tendencialmente no mundo inteiro, detêm – melhor

dizendo, julga-se que detêm - as rédeas do poder e da

governação.

Passou a ser assim, porque sim.

2

E já quase ninguém questiona coisa alguma.

No entanto a acção dos PP tem sido assaz perniciosa para a

vida dos povos.

E no caso de Portugal foram sempre um desastre, uma

verdadeira catástrofe.

E não há maneira de percebermos isto e mudarmos as

coisas. Ou pelo menos tentar.

Para ilustrar o que dizemos, vamos republicar, à laia de

introdução, um pequeno texto escrito em 27/9/10, intitulado

“O Sistema Político e o Comportamento dos Partidos”.

*****

“O público, como todos os soberanos, como os reis, os

povos e as mulheres, não gosta que se lhes diga a verdade”.

Alexandre Dumas

“…O sistema político democrático – como é entendido no

Ocidente e em Portugal – assume na sua doutrina, que os

Partidos Políticos são “estruturantes” da Democracia. Ou

seja sem PP não há Democracia. Não vamos hoje discutir

este “entendimento”, mas observar o comportamento dos

ditos partidos, um nome aliás, infeliz.

Devemos começar por fazer uma pergunta e responder-lhe:

para que servem os PP, qual o seu objectivo primordial?

Pois o objectivo número um – e ao qual todos os demais se

subordinam – é tomar o Poder e mantê-lo.

Como o Poder – nas democracias – é legitimado pelo voto

popular, segue-se que a maioria, senão a totalidade, do

esforço de qualquer PP se resume a tentar convencer o

3

eleitorado a votar no seu programa e nas suas figuras de

proa.

Se os partidos existentes que se reclamam da doutrina

marxista-leninista – que prevê a via revolucionária para a

tomada do poder (na verdade qualquer via…) – se dedicam

à subversão da sociedade ou do Estado e mantêm

capacidades para serem usadas nesse âmbito, é assunto de

especulação, normalmente à boca pequena, pois raramente

estes temas são abordados nos liberalíssimos órgãos de

comunicação social.

E, de facto, se o objectivo primeiro dos PP, não fosse

conseguir o Poder, não se justificava a sua existência.

Manter o Poder é, a seguir, a tarefa fundamental, pois

permite alargar a sua influência e distribuir lugares e

prebendas pelos seus filiados (de que existe uma

sofreguidão insaciável), condição sine qua non para

garantir alguma lealdade canina nas hostes, sem o que

despontarão “tendências”, “dissidências”, “alas críticas”,

“renovadores”, etc., sempre efusiva e democraticamente

saudadas, mas que constituem uma dor de cabeça que enjoa

qualquer dirigente partidário, só de pensar nelas.

Ora quem está no Poder, não o quer abandonar e por isso

fará tudo por lá se manter. A primeira coisa que faz é

ocupar o maior número de lugares possível; depois tentar

arranjar maneira de condicionar a comunicação social e

arranjar uma parafernália enorme de propaganda e relações

públicas; na sequência, distribuem negócios pelos amigos,

verdadeiros ou putativos - isto é fundamental para garantir

apoios e aumentar os réditos do saco azul partidário; a

seguir começam a mentir - leia-se Alexandre Dumas – até

porque as pessoas, de um modo geral, gostam que se lhes

4

minta (só aceitam a verdade em tempos de catástrofes

extremas…).

O início das promessas começa aqui. Como é preciso

garantir o voto, é só facilidades, mais direitos, mais obras,

mais subsídios, quiçá a lua. Ninguém quer ouvir falar em

sacrifícios, deveres, trabalho, disciplina, organização,

hierarquia, restrições, etc.

A partir daqui a economia definha, os costumes relaxam-se,

o crime aumenta, a corrupção instala-se. As crises

internacionais e os “azares” que sempre acontecem

agravam o descalabro.

Finalmente, como não sabem fazer mais nada senão isto – o

sistema parece que não se regenera – começam a pedir

dinheiro emprestado. A partir daqui está tudo estragado e é

uma questão de tempo para ser o próprio regime a ser posto

em causa.

Vejamos agora os partidos que estão na oposição. Como o

objectivo é, recorda-se, chegar ao Poder, têm que ser contra

(até por princípio!), o governo em funções, suportado por

um ou mais partidos; têm que o desacreditar, apresentar

soluções diferentes, etc.

Tal resume-se, por norma, numa política de bota abaixo e

por se fazer demagogia, abusando das promessas. Quem

tem meios para isso, provoca greves, cortes de estrada,

manifestações nas ruas e campanhas de propaganda. Os

mais fundamentalistas põem bombas.

Quando, após mais uma campanha eleitoral, longa,

desgastante e cara (e com o uso e abuso, as pessoas já não

as suportam!), a Oposição chega ao Poder, faz exactamente

o que os anteriores fizeram com algumas "nuances" de

circunstância, ou novidades de marketing.

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A seguir pede mais dinheiro emprestado.

Andamos nisto desde 1820, com um intervalo de 48 anos, e

várias guerras civis, pelo meio.

Quando o dinheiro emprestado, normalmente usado no

pagamento da dívida e não em investimento reprodutivo,

atinge uma certa soma, o descalabro financeiro passa do

endividamento na razão aritmética, para a geométrica e a

seguir para o crescimento exponencial. Ora nenhum partido

está em condições de inverter esta tendência não só porque

é contra a lógica de funcionamento do sistema (como se

pagariam as promessas?), como a oposição não permitiria.

Só haveria “solução” se houvesse um amplo consenso

partidário e aceitarem governar juntos.

Ora isso é, justamente aquilo que, novamente, a lógica do

sistema mais repele, porque uma vez (por hipótese), isso

conseguido, deixariam de ser necessários os partidos… Os

tais que são estruturantes da Democracia.

Como casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem

razão, e a forme é má conselheira, diz o povo, não o

Dumas, podem os leitores facilmente ajuizar, onde é que

tudo isto se arrisca a descambar, após uma palete de

confusões e desgraças, que hão-de suceder no entretanto.

Pôr as barbas de molho talvez não fosse má ideia”.

Vamos hoje tentar aprofundar um pouco mais esta

temática.

*****

O DESPONTAR DOS PARTIDOS POLÍTICOS

6

“Ordinariamente todos os ministros são inteligentes,

escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a

faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém,

são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a

concepção, nem o instinto político, nem a experiência que

faz o estadista. É assim que, há muito tempo, em Portugal

são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política

de compadrio, política de expediente. País governado ao

acaso, governado por vaidades e por interesses, por

especulação e corrupção, por privilégio e influência de

camarilha, será possível conservar a sua independência?”

Eça de Queiroz, 1867, in “O Distrito de Évora

O termo “partido” é o particípio passado do verbo “partir”,

tendo neste âmbito o significado de “dividir”. Ou seja uma

parte da sociedade representada num grupo.

Um partido será então (e modernamente) uma união de

pessoas voluntariamente ligadas e legalmente organizado,

de direito privado, constituído com o objectivo de

conquistar o poder político num determinado país. Possui

uma estrutura, uma organização burocrática e uma

ideologia, que pode ser nacional ou transnacional.

A razão principal para a existência de PP é a da formação

de uma organização onde as pessoas que tenham as

mesmas ideias sobre a governação da urbe, se possam

juntar, organizar e lutar pelos seus ideais.

Isto, em tese, tem alguma lógica.

Acontece, porém, que nos esquecemos que o que preside a

tudo e tudo condiciona, é a natureza humana.

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E, neste âmbito, tudo se coaduna para que tudo se deteriore

e não cumpram os supostos objectivos para que foram

criados.

A ideia de “partido” é antiga, mas tomou forma sobretudo

após as Revoluções Americana e Francesa.

De facto, remonta a Aristóteles e à Grécia antiga e também

a Roma, onde se dava o nome de partido a um grupo de

seguidores de uma ideia, doutrina, ou pessoa.

Sem embargo, foi na Inglaterra, no século XVII que

surgiram os primeiros partidos da era moderna: o “Whig” e

o “Tory”, ambos em 1678.

O partido “Whig” – uma palavra de origem escocesa, que

significa leite amargo ou soro do leite, que no século XVII

fazia parte da alimentação dos pobres e indigentes – reunia

as tendências liberais, no Reino Unido e estava ligado às

correntes protestantes (sobretudo calvinista, na sua forma

presbiteriana) das sociedades escocesa e inglesa.

Este Partido foi dissolvido em 1868, dando origem ao

Partido Liberal que alternou no poder, com o Partido

Conservador, até á I Guerra Mundial.

A partir desta perdeu importância e foi substituído pelo

Partido Trabalhista, na alternância do poder político na

Grã-Bretanha.

O Partido “Tory” é um partido de tendência conservadora

que reunia a aristocracia britânica. A palavra “Tory” é de

origem irlandesa, que no princípio tinha conotações

depreciativas pois a origem da palavra significava

bandoleiro – homem armado que se dedicava ao roubo e à

pilhagem, mas que pode ser traduzido significando apenas

a pertença a um “bando”.

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Os Tories foram fundados por Thomas Osborne, o Conde

de Danby, o Lorde Chanceler e o próprio Rei, Carlos II.

Os Tories opunham-se aos Whigs por estes defenderem a

exclusão de Jaime II ao trono, por se ter convertido ao

Catolicismo.

Esta situação ficou apenas resolvida na célebre “Revolução

Gloriosa”, de 1688.

Por influência de Robert Peel o partido foi extinto, em

1834, e substituído pelo Partido Conservador (que herdou o

nome), passando este a ter maiores preocupações sociais.

O Partido Trabalhista (“Labour Party”) só foi fundado, em

17 de Fevereiro de 1900, e embora esteja filiado na

Internacional Socialista é, em muitos aspectos, mais um

Partido Social Democrata. Assume-se de esquerda com

laivos de liberal e tem o seu apoio maior nos sindicatos.

*****

“O Orador: Sr. Presidente! Que me não queiram persuadir

de que estou em casa de orates! Que é isto? Que bailar de

ébrios é este em volta de Portugal moribundo? Como

podem rir-se os enviados do povo, quando um enviado do

povo exclama: Não tireis à nação o que ela vos não pode

dar, governos! Não espremeis o úbere da vaca faminta, que

ordenhareis sangue! Não queirais converter os clamores do

povo em cantorias de teatro! Não vades pedir ao lavrador

quebrado de trabalho os ratinhados cobres das suas

economias para regalos da capital, enquanto ele se priva do

apresigo de uma sardinha, porque não tem uma pojeia com

que comprá-la”

Camilo Castelo Branco, in “A Queda de um Anjo”

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Uma “frente partidária” ocorre quando vários partidos se

unem numa plataforma comum visando um determinado

objectivo eleitoral.

A existência de partidos dá origem ao Parlamentarismo,

isto é, os representantes dos diferentes partidos estão

representados num Parlamento/Cortes, em função da

percentagem de votos obtidos em votação nacional.

O líder do partido mais votado ocupa, por norma, o cargo

de Primeiro-Ministro e forma governo.

O Rei ou o Presidente da República, que estão, ou devem

estar, acima dos Partidos Políticos, são os Chefes de

Estado.

A forma de organização política toma ainda três formas

principais: a presidencialista; a semi - presidencialista e a

parlamentarista, conforme a distribuição de poderes entre o

Chefe de Estado, o Governo e o Parlamento.

Para além disto, partidos com ideologias idênticas ou

semelhantes, organizaram fóruns internacionais e

internacionalistas, em que se filiaram. Destas destacam-se a

III Internacional Comunista (hoje praticamente inexistente,

mas que, provavelmente, inspirou todas as outras); a sua

principal dissidente, a IV Internacional, composta de

Trotskistas; a Internacional Socialista; a Liberal, a

Internacional Democrática e uma miríade de outras como,

os Humanistas, Verdes, Libertários, Monárquicos, etc.

O número de partidos políticos desenvolveu-se como

cogumelos durante todo o século XX e tornou-se a forma

mais comum de alguém se fazer notado ou fazer carreira

para atingir um cargo político.

A terminologia existente de “Partido Único” é uma

contradição dado que o termo “partido” implica divisão,

10

logo a existência de pelo menos dois; e também é comum

ver-se utilizar o termo “pluripartidarismo” em vez do

correcto “pluripartidismo”; já que é este termo que significa

a pluralidade e a existência de vários partidos, enquanto

pluripartidarismo significa pluralidade de partidários.

Uma palavra para o Brasil, dada a sua relação muito

especial com a História Portuguesa e antiguidade da sua

independência.

Consta que a primeira vez que se utilizou o termo “partido”

no Brasil, remonta à ida da Família Real Portuguesa para o

Rio de Janeiro, em 1808. Nessa altura falava-se no “Partido

Português” e no “Partido Brasileiro”, o que era já prenúncio

dos partidários da secessão.

Sem embargo os primeiros partidos com existência legal,

foram o Partido Conservador e o Partido Liberal, ambos no

segundo reinado (1840-1889). Estes partidos e o Partido

Republicano Paulista, foram os partidos políticos que mais

perduraram na sociedade brasileira.

Note-se a similitude com o que se passava em Portugal, por

sua vez muito influenciado com o que ocorria no seu

poderoso vizinho ibérico.

*****

“Acervo de teorias irrealizáveis, se teorias se podiam

chamar, de instituições talvez impossíveis sempre, mas de

certo modo impossíveis numa sociedade como a nossa e na

época em que tais instituições se iam assim exumar do

cemitério dos desacertos humanos.”

Alexandre Herculano, sobre a Constituição de 1822

11

Em Portugal os primeiros PP são uma consequência directa

da Revolução Liberal de 1820 – que foi onde começou a

nossa actual desgraça – e da Constituição a que deu origem,

em 1822.

Por sua vez, esta Constituição encontra a sua motivação

próxima na Constituição Espanhola de Cádis, de 1812 e

ambas se fundamentam na famigerada Revolução Francesa,

a tal que ao contrário dos louvaminheiros, se ilustrou (e

espalhou), maioritariamente, com erros, desgraças e crimes.

Constituição completamente desajustada à sociedade

portuguesa contemporânea (como foi na I República e é

hoje).

Feita a Revolução, que obrigou a Corte a regressar a Lisboa

do seu remanso brasileiro - um regresso tardio que a

Monarquia e o povo português, pagaram com língua de

palmo – logo se desentenderam todos, dividindo-se a

Coroa, o Governo, o Povo e (mais grave de tudo) o

Exército, em “liberais” (uma minoria, mas activa e com

apoios externos) e “absolutistas”, melhor dizendo,

“legitimistas” (a grande maioria, mas pouco coesa e algo

atordoada), sem se conseguir ainda definir algo parecido

com partidos como os concebemos hoje.

Este facto provocou uma grande instabilidade política com

golpes e contra golpes, acabando por se reformar a

Constituição, em 1826; o que deu origem a uma segunda

divisão, que foi a de haver liberais moderados, adeptos da

nova Constituição, e outros mais extremistas que

defendiam a Constituição original, de 1822.

Até que a facção mais conservadora e legitimista operou

um golpe de estado, em 3/6/1823, liderado pelo Infante D.

Miguel, que mandou convocar Cortes á moda antiga (as

12

últimas tinham ocorrido, em 1698, no reinado de D. Pedro

II – cujo fim representou outro erro da Dinastia de

Bragança), proclamando-se Rei Absoluto.

Com a “Abrilada” de 1824, D. Miguel é exilado em Viena

de Áustria.

A morte de D. João VI, em 1826, que teria sido envenenado

– e a deterioração da situação, levaram à outorga da Carta

Constitucional, desse mesmo ano e à guerra civil de 1828-

34 (a pior que alguma vez tivemos) entre os liberais,

capitaneados pelo Infante D. Pedro, que tinha abdicado de

imperador do Brasil, em 1830 (depois de ter traído o País

ao declarar a secessão do Brasil), e se dispôs a defender os

supostos direitos de sua filha D. Maria, ao trono de

Portugal 1.

A guerra civil foi feia, fratricida e provocou feridas e

divisões que ainda hoje não estão completamente saradas.

Não nos vamos alongar nela pois não é esse o objectivo

deste escrito.

Venceram os liberais e a sua vitória ficou consagrada na

Convenção de Évora-Monte, de 1834.

As leis que decretaram a seguir, sobretudo por Joaquim

António de Aguiar e Mouzinho da Silveira, viraram o país

do avesso.2

A Constituição também foi mudada e uma nova versão foi

aprovada em 1834, depois alterada em 1838, por via da

Revolução Setembrista e retomada a de 1826 com

1 D. Miguel tinha entretanto casado com sua sobrinha, a futura D. Maria II, por procuração, em 1826; em

1826/7 reuniram-se cortes e D. Pedro confia a regência do reino ao seu irmão, infante D. Miguel. D. Miguel

regressa a Portugal em 22/2/1828 e jura a Carta quatro dias depois. Dá-se entretanto, um golpe de estado

absolutista que divide as Cortes e convoca os três estados do Reino. Os liberais emigram em massa devido

às perseguições de que foram alvo. 2 Algumas tinham sido aprovadas mesmo antes do fim da guerra, como foi o caso da lei que extinguia as

Ordens Religiosas, datada de 28/5/1834.

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variantes, em 10/2/1842, após golpe de estado de Costa

Cabral.

Neste “intermezzo” surgiram dois partidos, um mais à

direita, os Cartistas, e outro mais à esquerda, os

Setembristas.

Tudo desembocou em mais duas guerras civis, a “Maria da

Fonte”, em 1846 e a “Patuleia”, no ano seguinte.

O país estava a saque há demasiado tempo.

O Marechal Saldanha cujas cambalhotas ideológicas e de

campo, ficaram famosas e só tinham equivalência na sua

competência como chefe militar, fez mais um golpe de

estado, em 1851.

A partir daqui a situação política e social foi estabilizando

devagar, dando origem à Regeneração e ao “Rotativismo”,

tentando-se imitar o parlamentarismo inglês, com um

partido mais à direita, o Regenerador, e outro mais à

esquerda, o Histórico ou Progressista; que se iriam

alternando (rodando) no Poder.

É só a partir desta época que se pode passar a falar num

sistema partidário minimamente estabilizado e em que se

criaram partidos semelhantes aos actuais.

O que, aliás, não deixou de gerar toda a desgraça que levou

á queda da Monarquia Liberal, cujo estertor se deu entre

1890 e 1910; á tragédia sanguinolenta da I República e, ao

actual descalabro pós 25/4/1974, que está pura e

simplesmente a alienar e a destruir o país e a nacionalidade.

E só não entrou em convulsão há mais tempo, por causa da

“pesada herança” (em ouro e divisas), das ajudas do FMI e

dos Fundos Comunitários.3 Mesmo assim tudo isto se

conseguiu desbaratar! 3 E de uma “censura” muitas vezes pior que a anterior…

14

Em anexo, apresenta-se uma lista dos partidos existentes

em Portugal desde que este folclore político teve início.

*****

COMO CARACTERIZAR UM PARTIDO

POLÍTICO? 4

“Os diferentes partidos não são mais do que escolas de

imoralidade, e portanto companhias de comércio ilícito,

onde as diferentes lutas que promovem, não são mais do

que o modo de realizarem o escambo das consciências, o

sacrifício dos amigos, e o bem do País, e por conseguinte o

modo de realizarem o fruto do peculato, depois de postas

em almoeda as opiniões.

A classe dos malfeitores é a que mais tem ganho com as

garantias constitucionais”.

Luz Soriano (sobre a política do seu tempo)

Os Partidos Políticos (PP), por norma, são organizações

mal nascidas, mal ponderadas, mal estruturadas e mal

doutrinadas. São falhos de princípios e de coerência, pois

baseiam a sua atitude na conveniência do momento e na

Demagogia – a doença infantil da Democracia.

O seu discurso destina – se a agradar às massas não a

resolver os problemas existentes.

O Estado, que não é mais do que a Nação politicamente

organizada, destina-se a cumprir as funções clássicas (e

utópicas) das necessidades humanas e da Polis: a

4 Análise centrada na realidade portuguesa.

15

Segurança, a Justiça e o Bem-Estar. Por esta ordem, pois

a ordem dos termos não é arbitrária.

O objectivo de um Partido Político – seja ele “democrático”

ou não – é o de alcançar o poder, supostamente através da

apresentação de um programa de acções que levem o

eleitorado a votar neles. O segundo objectivo é o de se

manterem no poder, este alcançado.

Ora estes dois objectivos pouco têm a ver com os três

outros, que os povos anseiam, mesmo que

inconscientemente.

A sua prática é a melhor constatação desta realidade.

Por isso os PP são um erro e estão errados.

Representam uma excrescência do País, o cancro de um

regime e da Democracia e acabam por se representar

apenas a eles mesmos e a divorciarem-se da Nação.

A Nação é representada pelas suas instituições que emanam

da vivência social de séculos.

Nos Municípios que vêm desde Afonso Henriques; nas

Corporações de ofícios e mercadores, que temos desde o

século XIV; na Universidade; nas instituições do Direito;

nas Forças Armadas; nas Academias; na Igreja; nas

Associações Patronais e de Trabalhadores; nos organismos

culturais e desportivos, etc.

Tudo isto não tem nada a ver, nem deve ter, com PP. E não

lhes devem nada: estão, para aquém e além deles.

O Poder Político tinha tradição antiga na Monarquia e no

Direito Natural que o Liberalismo, primeiro, e a República,

depois – não a “Respública”, que é de sempre – veio

interromper e aniquilar.

16

Os PP são, por isso, organizações artificiais que

normalmente importam ideias ou ideologias estranhas à

Nação dos Portugueses.

Até o termo “partido” é infeliz e anacrónico: significa que

não é inteiro e que será uma parte e não o todo.

E quanto a ideologias, todas elas até hoje – todas – se

esgotaram em desastres, miséria, injustiças e guerra!

Não sabem resolver nenhum problema em termos

nacionais. Podem ser considerados, no melhor, como

tentativas de espíritos bem - intencionados que tentaram

melhorar o mundo, mas que falharam redondamente!

Que boas lembranças é que a generalidade da população

retém da miríade de “ismos”, que abalaram o mundo? O

Socialismo, o Comunismo, o Maoismo, o Capitalismo, o

Trostkismo, o Fascismo, o Nazismo, o Marxismo, o

Liberalismo, etc.?

Lembram-se de algum que tenha resolvido algum problema

sério ou tenha contribuído para que se avançasse na

aproximação às metas da Segurança, da Justiça e do Bem-

Estar?

E a razão da falha clamorosa de todas as ideologias, estou

em crer, tem a ver com o facto de elas se terem esquecido

de que o fulcro da existência se encontra no mistério da

vida e na essência da natureza humana.

O que deveria levar à conclusão e consequência de que toda

a organização política e social deve ter este postulado como

alfa e ómega!

Os PP representam pois, a guerra civil permanente, no

mínimo a instabilidade social permanente.

Mesmo que desejavelmente, não seja uma guerra civil por

meios violentos, não deixa de ser uma guerra civil.

17

Lutam entre eles, na lógica do “bota abaixo”; lutam dentro

deles, pois estão constantemente a dividir-se em facções,

tendências, até mesmo noutro partido; criam sistemas de

informações próprios; organismos paralelos; tentam

infiltrar-se noutras organizações e permitem-se andar às

caneladas com outros órgãos de soberania.

Têm uma sofreguidão inaudita e nunca saciada por lugares

e prebendas onde possam colocar membros seus (os

conhecidos “boys” and “girls”) e com o tempo passam a ser

coios de negócios.

Um PP não tem regras de admissão nem faz escrutínio; não

obriga a Ética nem prima pela Deontologia própria. Cada

Partido é apenas um bando. Um PP não tem escola, nem

regras credíveis e a carreira faz-se na linha do “yes

minister”, na intriga e em transportar solicitamente a pasta

do “chefe”.

É o reino dos vira - casacas, dos poltrões dos que dizem

uma coisa hoje e amanhã outra, sem qualquer pudor ou

réstia de consciência e escrúpulo.

Não há notícia da expulsão de um membro de um partido

por mau comportamento, apenas quando critica algum

proeminente.

Os futuros “jotinhas” não crescem pois, num útero, mas

sim num cólon. Por isso não são paridos, mas cagados!

Um PP não é renovável e a tendência é de piorar sempre a

sua performance e a qualidade dos seus membros

destacados.

A razão é simples: os chamados “homens bons dos

concelhos”, ao assistirem a esta degradação, não se alistam

nas fileiras, antes fogem delas como o Diabo da Cruz!

18

E passado pouco tempo a população resume a situação em

três palavras: “são todos iguais!” E deixa de ir votar; pior

entra em descrença compulsiva ou em alinhamento

deplorável.

Está à vista de todos.

Como neste sistema os membros dos partidos – e no nosso

caso, apenas estes – são os que se sentam no Parlamento e

no Governo e, só por excepção, não se sentam em Belém,

ou seja “isto” transformou-se numa verdadeira

Partidocracia.

O Eça chamou-lhe um “sítio e mal frequentado”.

E sendo aqueles que fazem as leis, assistimos ao iníquo e

despudorado, mas muito humano, acto de as mesmas serem

– naquilo que à partidocracia interessa – da sua

conveniência. “Hélas” finalmente um entendimento!

Estamos a falar da lei de financiamento dos partidos, que é

um escândalo para o orçamento; das leis em que

estabelecem os seus próprios vencimentos e prebendas; do

orçamento para o funcionamento dos próprios órgãos de

soberania – que gastam o que querem sem escrutínio que

valha – das leis eleitorais, etc., leis que perpetuam o “status

quo” e que são normalmente “ocultados” da opinião

pública, entre muitas outras.

Nestas entram também as leis que isentam os PP de uma

quantidade de impostos e emolumentos com que se castiga

o comum dos cidadãos, ao mesmo tempo que se lhes

permite terem dívidas enormes, que ninguém obriga a

pagar (só comparável ao que se passa com os clubes de

futebol…) e um património imobiliário e não só, enorme

que também ninguém parece interessado em controlar e

evidenciar.

19

Com assombroso despautério chegam a afirmar que a

“Democracia é cara”, como querendo dizer, se querem

democracia, têm de nos aturar!

Em síntese um PP é a organização mais susceptível a que a

corrupção medre e medre fora de controlo (e quando há

perigo, muda-se a lei, veja-se por exemplo, o caso Casa

Pia).

*****

AS CAMPANHAS ELEITORAIS

“Às vezes, é melhor ficar calado e deixar que as pessoas

pensem que você é um imbecil, do que falar e acabar de

vez com a dúvida”

Abraham Lincoln

As campanhas eleitorais podem definir-se pela elaboração

de manifestos eleitorais que ninguém lê – e que após os

votos contados só vão ser válidos para o que interessar; por

uma chuva de promessas que ninguém espera cumprir, ou

ver cumpridas e a criação de uma suposta atmosfera de

festa, com muitos gritos, ruído e tentativas de juntar muitas

pessoas com bandeirinhas, seja à volta de uns canecos, seja

em arruadas ou espaços confinados, abrilhantados com

bandas rock, foguetes, cabeçudos e parafernália vária.

Tenta-se esquadrinhar o país, o melhor possível, com este

pão e circo omnipresente.

Quanto mais ululante for o espectáculo, mais aquelas

alminhas se sentem reconfortadas e confiantes.

Os que podem distribuem camisolas, canetas, emblemas,

bonés, sacos e miudezas várias com símbolos partidários,

20

que não servem rigorosamente para nada a não ser dar

dinheiro a ganhar a quem os vende.

Alguns autarcas mais afoitos ou endinheirados chegam a

oferecer eletrodomésticos; no século XIX chamavam-lhes

caciques locais e, sempre que podiam, davam umas

“chapeladas”, nas urnas…

Aliás o termo “urna” define bem – certamente por ironia do

destino – o fim de todo este espectáculo que, com o passar

do tempo se assemelha a funeral.

Como os estrategas das campanhas entendem que este

receituário dá votos, os partidos concorrentes esmifram-se

por arranjarem cada vez mais fundos para gastar,

provocando uma espiral de gastos escandalosos e

supérfluos, que são um atentado ao bom senso e uma

ofensa ao comum do cidadão!

O conceito requentado de “esquerda” e “direita” – também

ele com origem na Revolução Francesa – também inquina

tudo e não ajuda a nada.5

Os debates e os discursos são, de um modo geral, de uma

pobreza confrangedora; vazios de ideias; cheios de ataques

pessoais; mentiras avulsas ditas com ar sério; sem qualquer

sentido de Estado, preocupação institucional, ou de

qualquer assunto que seja relevante para a vida da Nação.

Se o saudoso Coronel Homero de Matos fosse vivo estaria,

por certo, a ouvi-lo dizer deles “têm a luminosidade de uma

vela de sebo dentro de um corno de carneiro”!

Não raro o discurso de campanha muda ou inflete,

conforme episódios fortuitos ou provocados, que vão

surgindo; resultado de “sondagens” – outro negócio que só

5 Este conceito tem origem na Assembleia Nacional Francesa, quando os partidários do Rei se sentavam à

direita do Presidente da Assembleia, e os partidários da Revolução se sentavam à esquerda.

21

vai servindo para confundir o eleitor; ou com dizeres de

comentadores, que passaram a pulular e que nenhum órgão

de comunicação agora dispensa. Parece até que passaram a

constituir uma espécie de Camara - Baixa do Parlamento…

No meio disto tudo, os candidatos a deputados – os tais

representantes do povo – praticamente não existem,

concentrando-se tudo nas figuras dos chefes partidários.

E ao que eles se submetem, meu Deus!

Como é que pessoas crescidas se dispõem a fazer figuras

ridículas e caricatas como andar a cantarolar, ou a dar um

pé de dança, em festarolas; provar todos os vinhos e

petiscos que lhes põem à frente (este ainda é o menos mau);

andar a beijocar varinas nos mercados e criancinhas com

ranho, em feiras; como se sujeitam a ouvir imprecações nas

ruas e mais um sem número de momices e futilidades, que

uma pessoa no seu estado normal – isto é, não estando em

campanha eleitoral – jamais lhe passaria pela cabeça fazer,

em público?

Tudo isto para pedir um voto?

Mas o voto será assim uma coisa de tão pouco valor que

vale o que eles se sujeitam?

E depois de termos visto e ouvido os futuros governantes a

esfalfarem-se nestas figuras tristes, alguém os pode

respeitar ou levar a sério?

CONCLUSÃO

“Atolados há mais de um século no mais funesto dos

ilogismos políticos, esquecemo-nos de que a unidade

nacional, a harmonia, a paz, a felicidade e a força de um

povo não têm por base senão o rigoroso e exacto

22

cumprimento colectivo dos deveres do cidadão perante a

inviolabilidade sagrada da família, que é a célula da

sociedade; perante o culto da religião, que é a alma

ancestral da comunidade; e perante o culto da bandeira, que

é o símbolo da honra e da integridade da Pátria. Quebrámos

estouvadamente o fio da nossa História, principiando por

substituir o interesse da Pátria pelo interesse do Partido,

depois o interesse do partido pelo interesse do grupo, e por

fim o interesse do grupo pelo interesse individual de cada

um”.

Ramalho Ortigão

Portugal governou-se – e não parece ter-se governado mal

– durante sete séculos sem partidos políticos. Não fizeram

falta nenhuma.

Depois dos partidos aparecerem e terem contribuído para

afundar o país, no mais fundo dos precipícios, houve

apenas uma época de cerca de 40 anos em que se restaurou

a Nação e o Estado, justamente por tudo se ter realizado à

sua margem e influência.

Não fizeram falta nenhuma.

E hoje também não fazem. 6

Portugal como nação, não é um regime político, muito

menos um conjunto de partidos políticos.

É uma comunidade antiga, estruturada e amalgamada por

uma História de muitos séculos (não é velha!), de

vicissitudes, tragédias e glórias, sustentado desde Ourique,

6 Não se empenhem os leitores em criticarem-me já, apontando alternativas. Fá-lo-ei a seu tempo. Para já

alguns deduzem-se do texto. E ainda estamos em fase de consciencialização…

23

com um objectivo teleológico e telúrico, que se transmutou

numa realidade espiritual superior: a Pátria Portuguesa.

Ora os PP são a antítese de tudo isto.

Eles destroem a unidade do Estado, comportando-se como

pequenos estados dentro do estado; minam a coesão da

sociedade e a tranquilidade da população.

Tudo neles é centrífugo, nada é centrípeto.

Vivem em função dos ciclos eleitorais (aliás, é raro o mês

em que não há uma campanha eleitoral qualquer) e da caça

ao voto, não do que têm e devem fazer.

Ninguém consegue governar se estivermos em campanha

eleitoral permanente…

Nada é institucional, com visão de futuro, com vista ao

engrandecimento do país como tal, pois tudo é mesquinho,

virado para o curto prazo, a aliança de circunstância, a

oportunidade de negócio.

Em cevar os apetites do aparelho.

Nos Partidos os valores são substituídos pelas

transigências e a oportunidade do momento onde a

virtude não faz escola e o vício campeia.

Como não têm escoras onde se apoiar, são ainda facilmente

infiltrados ou tomados de assalto por organizações secretas

ou discretas que fizeram da sociedade o seu pasto e do

poder político o seu objecto e esteio.

Quase todos sabem ao que me refiro, mas poucos se

atrevem a falar no tema. É assunto ainda tabu, de que não

há discussão na praça pública.

Os Partidos dividem e subvertem tudo: no ensino, por

exemplo, existem Universidades que estão divididas por

blocos sectários, que afectam o ensino, tornando-se a

antítese do que devem representar; as pessoas passam a

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frequentar espaços públicos ou coletividades, porque são da

mesma cor partidária – nas grandes cidades tal está

esbatido, mas nas cidades e vilas pequenas, tal é muito

notório; nas próprias instituições (e também em empresas)

há uma misturada e concorrência continuada e pestilenta,

relativamente às opções políticas de cada um e mesmo a

nível dos altos cargos da Magistratura, Diplomacia e até

das Forças Armadas, não há quem seja tão “democrata” que

resista a escolher pessoas do gosto da corrente partidária

que esteja no Poder em detrimento de outros.

Dava pano para mangas.

Muitos cidadãos, desesperados com o evoluir da situação,

tentam – dentro do sistema, que é encabeçado pela

Constituição – formar outros partidos para tentar combater

o “sistema” por dentro.

Tudo em vão. Quem chegou primeiro instalou-se e tratou

de bloquear o sistema. O sistema está bloqueado.

Ao contrário do que muitos julgam, o bom do Padre

Américo esteve longe de acabar com os malandros todos…

A juntar a tudo o que foi dito – que já não seria pouco – os

partidos políticos iniciais, passaram do nacionalismo para o

internacionalismo – os partidos comunistas eram até, sem

excepção, correias de transmissão do Partido Comunista da

URSS! 7– e do internacionalismo para o domínio de

organizações de poder financeiro e político sem rosto, que

já chegam ao ponto de recrutar, empregar, “formar” e

inocular, quem lhes interessa nos partidos, parlamentos e

governos.

Ou seja os Partidos Políticos deixaram de ter seja o que for,

com Patriotismo. 7 Até o Mao Zedong se zangar com os soviéticos…

25

São pois tumores malignos no seio da Nação.

Quem tem cancro é melhor tratar de acabar com ele, senão

já sabe o que lhe acontece.

Os cidadãos têm que se mobilizar para alterar este estado

de coisas de modo a que possamos evoluir para algo melhor

e que se adapte à índole portuguesa, de preferência sem

termos de passar por revoluções sempre dolorosas e de

custos altíssimos.

Sem embargo terão que ocorrer rupturas.

E a Ciência Política tem que sair do marasmo em que se

encontra e procurar alternativas melhores.8

Parafraseando o Almada Negreiros, ABAIXO OS

PARTIDOS. PIM!9

Na campa dos partidos poderia então ler-se como epitáfio:

“Andaram por cá e não deixaram saudades.

Repousem no Purgatório eternamente (nem o diabo os

quer).

A Nação aliviada.

A Pátria, nada lhes deve.”

João José Brandão Ferreira

Oficial Piloto Aviador

8 Teremos que voltar a estes assuntos, em tempo.

9 Manifesto anti Dantas.

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ANEXO: LISTA DE PARTIDOS POLÍTICOS EM

PORTUGAL

Lista de Partidos e Agremiações Políticas durante o

“primeiro” Liberalismo – 1822-1834

Cartistas – de tendência conservadora, predecessores

do Partido Regenerador;

Vintistas – de tendência radical, a partir de 1836

chamados Setembristas (devido à revolução de

Setembro) ou Arsenalistas, e designados, em 1842

como Progressistas.

Lista de Partidos e Agremiações Políticas durante a

Monarquia Constitucional

Partido Regenerador (1851)

Partido Regenerador Liberal (Partido Franquista,

1903)

Partido Nacionalista (1903)

Partido Progressista (1842), designado Partido

Progressista Histórico (ou apenas Partido Histórico,

em 1852)

Partido Reformista (1862)

Lista de Partidos e Agremiações Políticas durante a I

República

27

Acção Realista Portuguesa

Centro Académico da Democracia-Cristã (do qual

foram membros Oliveira Salazar e Manuel Gonçalves

Cerejeira)

Centro Católico Português

Cruzada Nun’Álvares

Integralismo Lusitano

PCP – Partido comunista Português – fundado em 6 de

Março de 1921

Partido Nacional Republicano (“Partido Sidonista”)

PRP – Partido Republicano Português, que originou

várias divisões:

- Partido Democrático

- Partido Republicano da Esquerda Democrática

- Partido Reformista

- Partido da União Republicana (União Republicana

ou Partido Unionista)

- Partido Republicano Evolucionista (Partido

Evolucionista)

- Partido Centrista Republicano

- Partido Popular

- Partido Radical

- Partido Liberal Republicano (reunião de

evolucionistas e unionistas)

- União Liberal republicana

- Partido Republicano da Reconstituição Nacional

(Partido Reconstituinte)

- Partido Republicano Nacionalista (reunião de

liberais, Reconstituintes e sidonistas)

Partido Socialista Português

28

União Católica

União Cívica (grupo da Seara Nova)

Lista de Partidos e Agremiações Políticas durante o

Estado Novo

Legião Vermelha - (1919)

PCP - Partido Comunista Português, na

clandestinidade (1921)

UNR – União nacional Republicana (1927)

LDR – Liga de Defesa da República (Liga de Paris)

(1927)

Liga 28 de Maio – (1927)

ALP – Aliança Libertária Portuguesa (1931)

ARS – Aliança Republicana e socialista (1931)

FARP – Federação Anarquista da Região Portuguesa

(1932)

UN – União Nacional (1932-1969), partido único do

regime salazarista, fundado em 1932, e que em 1969

seria designado ANP

MNS – Movimento Nacional Sindicalista (1933)

PSI – Partido Socialista Independente (1943)

MUNAF – Movimento de Unidade Nacional Anti -

Fascista (1943)

NS – Nacional Sindicalistas (1943)

US – União Socialista (1944)

GAC – Grupos Anti - Fascistas de Combate (1944)

MUD – Movimento de Unidade Democrática (1945)

PT – Partido Trabalhista (1945)

JSP – Juventude Socialista Portuguesa (1946)

29

AS – Aliança Socialista (1949)

MND – Movimento Nacional Democrático (1950)

FSU – Frente Socialista Unificada (1952)

FS – Frente Socialista /1952)

RRS – Resistência Republicana e Socialista, grupo

liderado por Mário Soares (1953)

ADS – Acção Democrática Social (1956)

PPM – Partido Popular Monárquico (1957)

FN – Frente Nacional (1959)

FPLN – Frente Patriótica de Libertação Nacional

(1962)

JRP – Junta Revolucionária Portuguesa (1962),

presidida pelo General Humberto Delgado

FAP – Frente de Acção Popular e Antifascista (1963)

CM-LP – Comité Marxista-Leninista Português

(1964)

MAR – Movimento de Acção Revolucionária (1964)

MMI – Movimento Monárquico Independente (1965)

LUAR – Liga de Unidade e Acção Revolucionária

(1967)

Ala Liberal – deputados eleitos nas listas da ANP,

que pretendia reformar internamente o regime (1969)

MOD – Movimento de Oposição Democrática (1968)

ANP – Acção Nacional Popular (1969), extinta após o

25 de Abril de 1974

CDE – Comissão Democrática Eleitoral (1969)

CCRM-L – Comités Comunistas Revolucionários

Marxistas-Leninistas (1970)

30

ARA – Acção Revolucionária Armada (1970), criada

pelo PCP para luta armada contra o regime

BR – Brigadas Revolucionárias (1970)

PCP (M-L) – Partido Comunista de Portugal

(Marxista-Leninista) (1970)

MRPP – Movimento Reorganizativo do Proletariado

(1970)

MJD – Movimento da Juventude Democrática (1970)

URML – Unidade Revolucionária Marxista -

Leninista (1971)

MDE – Movimento Democrático Estudantil (1971)

CLAC – Comités de Luta Anti - Colonial e Anti-

Imperialista (1972)

FEM-L – Federação dos Estudantes Marxistas-

Leninistas (1972)

PRP-BR – Partido Revolucionário do Proletariado

(1973) – passa a integrar as Brigadas Revolucionárias

(BR)

PS- Partido Socialista (1973)

LCI – Liga Comunista Internacionalista (1973)

CNSPP – Comissão Nacional de socorro aos Presos

Políticos (1973)

CBS – Comissões de Base Socialistas (1973)

Lista de Partidos e Coligações extintas na III República

Esta lista apresenta os partidos que já foram reconhecidos

pelo Supremo Tribunal de Justiça ou pelo Tribunal

Constitucional mas que já não existem ou cessaram a sua

actividade

31

“Esquerda”

AOC – Aliança Operária Camponesa

FEC (m-l) – Frente Eleitoral dos Comunistas

(marxistas-leninistas) (Em 1976 altera a sua

designação e sigla para OCMLP)

FER – Frente da Esquerda Revolucionária (Criado em

1989, proveniente da alteração da denominação da

LST)

FSP – Frente Socialista Popular (Integrou a coligação

FEPU com o PCP e o MDP)

FUP – Força de Unidade Popular (Inscrito em 1980,

nunca concorreu a eleições)

GDUP’s – Grupos Dinamizadores de Unidade Popular

(Inscrito em 1976, concorreu somente às eleições

autárquicas de 1976)

LCI – Liga Comunista Internacionalista (Em 1979

funde-se com o PRT no PSR)

LST – Liga Socialista dos Trabalhadores (Inscrito em

1983; em 1989, alterou a sua denominação para FER)

MDP/CDE – Movimento Democrático

Português/Comissões Democráticas Eleitorais

(Plataforma de antifascistas antes do 25 de Abril, mais

tarde tornou-se um partido e concorreu sozinho ou

coligado com o PCP por diversas vezes)

MES – Movimento de Esquerda Socialista

MUT – Movimento para a Unidade dos Trabalhadores

(Surge em 1974, da alteração da denominação do

32

POUS. Concorreu às legislativas de 1995. Em 1999

retomou a denominação original POUS)

OCMLP – Organização Comunista Marxista-

Leninista Portuguesa

PCP (m-l) – Partido Comunista de Portugal (marxista-

leninista)

PC (R) - Partido Comunista (Reconstruído)

PRT – Partido Revolucionário dos Trabalhadores (Em

1979 funde-se com a LCI no PSR)

PSR – Partido Socialista Revolucionário

PST – Partido Socialista dos Trabalhadores (Inscrito

em 1980)

PT – Partido Trabalhista (Criado em 1979, resultante

da alteração da denominação da AOC)

PUP – Partido de Unidade Popular

PXXI – Política XXI

UDP – União Democrática Popular

“Centro-Esquerda”

ASDI – Acção Social-democrata Independente

(Concorreu em 1979 e 1980 em coligação com o PS)

CDM – Centro Democrático de Macau

MD – Movimento pelo Doente (Nunca concorreu a

eleições)

PRD – Partido Renovador Democrático

PSN – Partido da Solidariedade nacional

UEDS – União da Esquerda para a Democracia

socialista

33

“Centro”

MEP – Movimento Esperança Portugal

“Centro-Direita”

ADIM- Associação para a Defesa dos Interesses de

Macau

PG – Partido da Gente

PPR – Partido Português da Regiões (Nunca

concorreu a eleições)

MMS – Movimento Mérito e Sociedade (Em 2011

alterou a sua designação para Partido Liberal-

Democrata)

“Direita”

FN – Frente Nacional (1980)

MIRN/PDP – Movimento Independente para a

Reconstrução Nacional / Partido da Direita Portuguesa

PDC – Partido da Democracia Cristã

Coligações

AD – Aliança Democrática – (Coligação entre o

PPD/PSD, o CDS e o PPM)

APU – Aliança Povo Unido (Coligação entre o PCO e

o MDP)

FEPU – Frente Eleitoral Povo Unido (Coligação entre

o PCP, o MDP e a FSP)

34

FRS – Frente Republicana e Socialista (Coligação

entre o PS, a ASDI e a UEDS; concorreu em 1980)

MPT-P.H. – FEH – Frente Ecologia e Humanismo

Outras Organizações da III República

FN – Frente Nacional

LUAR – Liga de Unidade e Acção Revolucionária

(1967)

PRP-BR – Partido Revolucionário do Proletariado

(1973)

FLA – Frente de Libertação dos Açores (1974)

FLAMA – Frente de Libertação do Arquipélago da

madeira (1974)

PL – Partido Liberal (1974)

ELP – Exército de Libertação de Portugal (1975)

MDLP – Movimento Democrático de Libertação de

Portugal (1975)

SUV – Soldados Unidos Vencerão (1975)

ID – Associação de Intervenção Democrática (1987)

Plataforma de Esquerda (1992)

Ruptura/FER (2000)

MLS – Movimento Liberal Social (2005)

MIC – Movimento de Intervenção e Cidadania (2006)

MAS – Movimento Alternativa socialista (2012)

Lista de Partidos e Coligações Activas.

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Esta lista apresenta todos os partidos existentes

reconhecidos pelo Tribunal Constitucional

Com representação parlamentar na legislatura 2011-

2015

B.E. – Bloco de Esquerda – Fundado em 1998 depois

da fusão entre o Partido socialista Revolucionário

(PSR) (trotskista), União Democrática Popular (UDP)

(marxista-leninista), o Política XXI (PXXI) (marxista-

leninista) e a Frente de Esquerda Revolucionária

(Ruptura/FER) (trotskista).

PCP – Partido Comunista Português – Fundado em

1921, é o partido mais antigo e com a história mais

longa.

PEV – Partido Ecologista “Os Verdes” – Fundado em

1982, concorreu sempre em coligação com o PCP na

Coligação Democrática Unitária.

PS – Partido Socialista – Fundado em 1973, á

semelhança do Partido Social Democrata, é um partido

de tradição social-democrata em Portugal.

PPD/PSD – Partido Social Democrata – Fundado em

1974 por um grupo de deputados afectos à “Ala Liberal”

da Assembleia Nacional.

CDS-PP – CDS – Partido Popular – Fundado em

1974, o CDS é o partido mais à direita do Parlamento

36

embora a sua declaração de princípios declare que a

sua ideologia é Centrista, uma vez que não acredita no

Marxismo ou no Fascismo.

Partidos sem Representação Parlamentar

“Extrema-Esquerda”

PCTP/MRPP – Partido Comunista dos Trabalhadores

Portugueses

POUS – Partido Operário de Unidade socialista

MAS – Movimento Alternativa Socialista

“Esquerda”

L – LIVRE

PAN – Partido pelos Animais e pela Natureza

P.H. – Partido Humanista

“Centro-Esquerda”

PTP – Partido Trabalhista Português

PDA – Partido Democrático do Atlântico

“Centro”

MPT – Partido da Terra

“Centro-Direita”

37

PPM – Partido popular Monárquico

PLD – Partido Liberal-Democrata

“Direita”

PND – Nova Democracia

PPV – Portugal pró Vida

“Extrema-Direita”

PNR – Partido Nacional Renovador