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Pasta e Papel 68

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Bio economia, matérias-primas,investimentos e pessoas…

Afileira florestal, como fornecedora de produtos sustentáveis, renováveis e recicláveis de madeira e de papel tem a oportunidade de, cada vez melhor,

satisfazer os mercados tradicionais de pasta, papel, embalagens de papel, produtos de madeira e os novos mercados da bioenergia, de produtos químicos, de produtos farmacêuticos e outros. Muitas empresas estão empenhadas no desenvolvimento da nova geração de materiais de fibras de madeira para atender às necessidades da população mundial em crescimento.Com efeito, as indústrias florestais em todo o mundo estão a criar novos produtos e processos competitivos para substituir materiais não-renováveis e, assim, estão a abrir

caminhos para a denominada bio economia com baixa emissão de carbono.O objetivo será chegar a uma bio economia industrial orientada pela mitigação das mudanças climáticas e para a proteção do meio ambiente e a conservação dos recursos naturais com vista a sua utilização pelas gerações futuras.Mas nem tudo são rosas... Se teoricamente esta posição está absolutamente certa, na prática as coisas são mais complicadas.O artigo “Existe Neutralidade de Carbono no Uso de Biomassa para Energia?”, que publicamos neste número, levanta a questão: “A biomassa é um recurso finito e deve ser usada de forma eficiente. O uso para energia é um dos usos possíveis, mas os benefícios económicos e de redução de emissões não são necessariamente maximizados com essa forma de utilização.”Uma nova aplicação da madeira que deverá, pois, ter em conta uma correta análise custo/benefício, atendendo às necessidades da indústria com base na fileira florestal.De acordo com análises disponíveis, a procura mundial de papel e cartão, até 2025, crescerá graças aos papéis tissue e de embalagem e ao aumento do consumo em países como a China, com estabilização nos papéis revestidos e não revestidos. Daqui resultam oportunidades para o crescimento das pastas de eucalipto, que a escassez de madeira impede a indústria papeleira portuguesa de acompanhar. Esta, com efeito, depende da disponibilidade da madeira, sua principal matéria-prima e fator de custo; esta escassez impede o desenvolvimento da indústria e corrói a sua competitividade, obrigando a volumosas e dispendiosas importações.Só uma urgente e indispensável convergência nacional de esforços para o aproveitamento de áreas adequadas e disponíveis para florestar poderá alterar esta situação. “Encarar a realidade sem preconceitos sobre plantações florestais (num país praticamente sem floresta natural) controlando e preservando os recursos naturais com base em critérios científicos e não em preconceitos irracionais”, como é afirmado no artigo de opinião que publicamos, sob o título “A biologia política”, será o caminho.Não sendo este contexto alterado, a indústria ver-se-á, para assegurar a sua viabilidade, na necessidade de realizar os seus investimentos florestais e industriais fora do país. Tal situação é já objeto da estratégia de desenvolvimento do Grupo Portucel Soporcel, que está a realizar grandes investimentos no estrangeiro (ver notícia neste número). Em Moçambique, com a florestação de 300.000 ha de eucalipto e a construção de uma fábrica de pasta para 1,5 milhões t/ano, para além de uma central de cogeração de 250 GWh/ano; nos E.U.A. a construir uma fábrica de pellets, aproveitando a disponibilidade de matérias-primas e os vantajosos custos dos fatores de produção.Melhor correm as coisas no Brasil em que novos investimentos nos sectores florestal e industrial têm sido lançados, como temos oportunidade de exemplificar nesta edição da revista Pasta e Papel: o artigo “A nova fronteira da celulose” relata o investimento realizado pela Suzano Papel e Celulose na sua unidade de Imperatriz; a reportagem sobre o projeto Puma da Klablin dá conta do investimento em curso que deverá ficar finalizado no próximo ano.Mas temos de ser otimistas e confiar nas nossas capacidades em Portugal; as mesmas que permitiram constituir um grupo florestal verticalmente integrado, líder mundial no melhoramento genético do Eucalyptus globulus, sendo o maior produtor europeu, e o quinto a nível mundial, de pasta branqueada de eucalipto e líder na Europa na produção de papéis de escritório de elevada qualidade: o Grupo Portucel Soporcel, que acaba de anunciar a sua entrada no negócio do tissue, com a aquisição da fábrica da AMS e com a futura integração da fábrica de Cacia com a produção deste tipo de papel.Assinalamos, neste número as efemérides relativas aos Complexos Industriais da Figueira da Foz e de Setúbal do Grupo Portucel Soporcel registadas em 2014. É a nossa homenagem a todos aqueles que em Portugal, ultrapassando ventos e marés, foram - e continuam a ser - os grandes e inovadores obreiros deste nosso setor industrial.

João de Sá NogueiraEditor

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Ponto de vista

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Acotepac .................................................................... Capa 3AFCP.......................................................................... 49Asian Paper 2015 ....................................................... 35Enessco ...................................................................... 25Feltest ......................................................................... 4MIAC 2015 ................................................................ Capa 2

Runtech Systems........................................................... Capa 4Solenis........................................................................ 21Tissue World Barcelona ................................................ 37Wenrui Machinery (Shandong) ...................................... 27Zellcheming 2015........................................................ 31

Indice

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Sumário

REVISTA PORTUGUESA PARA A INDÚSTRIA PAPELEIRA

REDAÇÃO em PortugalJOÃO JOSÉ DE SÁ NOGUEIRA

Rua Dr. Leonel Sotto Mayor, 50-3° A2500-227 Caldas da Rainha - PORTUGALTél.: + (351) 918 432 627Fax: + (351) 262 838 569E-mail : [email protected]

REDACÇÃO & PUBLICIDADE no Brasil :ROBERTO T. SEBOK

Av. Piassanguaba, 104604060-001 São Paulo, BRASILTel +5511 9964 2775 /+5511 5587 5750Cel +55 11 9999 10 76Email : [email protected]

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Alameda Um de Março, n° 39 - 1° Esq.2300-431 Tomar - PORTUGALTel. 249 322 073 - Fax 249 321 537Mobil : 917 22 30 42

PUBLICIDADE Internacional : STÉPHANE RICHARD

36, rue Stanislas Julien - 45000 Orléans - FrançaTel : +33 238 42 29 00Fax : +33 238 42 29 10Email : [email protected]

Maqueta :SIMON AND PARTNER’S

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Editor de La Papeterie, l’Annuaire de la Papeterie, La Carte Papetière France, El Mapa Ibérica de la Industria Papelera, El Papel, Anuário Ibérico da Industria Papelera, Turkiye Ka-git Sanayii, Paper Middleast, Guia Latinoamericano

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2015

N° 68 - Inverno-Primavera 2015

PONTO DE VISTA por João de Sá Nogueira 3

EM DESTAQUE 6Portugal- Plano de desenvolvimento estratégico do Grupo Portucel Soporcel:- Entrada no negócio do tissue- III Congresso AIFF - Indústrias de Base Florestal: acrescentando (o) futuro- A AMS voltou a ser uma das 100 melhores- AMS vence prémio europeu em Nápoles- CELPA e Banco Alimentar juntos em ação-piloto- CELPA presente no Seminário Diplomático- Celtejo e EDP: protocolo permite poupar 500 mil euros por ano- Estudante de Design em Lisboa vence Concurso Internacional Inapa- Inapa considerada a empresa Portuguesa mais Internacionalizada- Museu do Papel: Viagem da floresta ao papel pela primeira vez em exposição- Grupo Portucel Soporcel lança concurso mundial na Paperworld 2015- Projeto POLYPULP – Investigando para a pasta do futuro- Grupo Portucel Soporcel arranca com ciclo de crescimento a dez anos (2015-2025)

Brasil- Projeto Guaíba 2 da Empresas CMPC Brasil está 88% concluído- Lwarcel amplia oferta de energia elétrica no mercado livreEspanha- A Lecta apresentou os seus novos papéis para etiquetas de bebidas na BrauBeviale 2014

- A Torraspapel apresenta o seu novo calendário “AIR”Itália- Cartiere del Garda apresenta “Shades”- Gardner Denver compra a GaroFrança- Última aquisição da PapcelFinlândia- A SCA lança o Solo Print, um papel revestido de um ladoCEPI- Estatísticas preliminares 2014

EFEMERIDE 222014 foi ano de festa no Grupo Portucel Soporcel

OPINÃO 28A biologia política

BIO ECONOMIA 32Existe Neutralidade de Carbono no Uso de Biomassa para Energia?

NOVOS INVESTIMENTOS 38A nova fronteira da celulose (Suzano Papel e Celulose)

NOVOS INVESTIMENTOS >> Entrevista 43A Poyry e o Projeto Imperatriz

NOVOS INVESTIMENTOS 44Klablin comemora os 50 anos de presença no Paraná, quando desenvolve o maior projeto da sua história2015

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Portugal

Última hora

Plano de desenvolvimento estratégico do Grupo Portucel Soporcel: Entrada no negócio do tissue

Já depois de termos fechado este número da Pasta e Papel foram divulgados os resultados do Grupo em 2014, num documento que sumariza o seu plano de desenvolvimento, uma reflexão estratégica até 2025. Dada a importância deste assunto, transcrevemos na íntegra a parte relativa a este Plano de Desenvolvimento Estratégico:

Após o período de elevados investimentos desenvolvidos entre

2005 e 2009, que culminou na construção da nova fábrica de papel em Setúbal, o Grupo Portucel Soporcel viveu um importante período de consolidação do seu novo posicionamento como maior produtor europeu de papel não revestido.Entretanto, as alterações ocorridas ao nível do crescimento económico mundial e das tendências de consumo, trouxeram, naturalmente, a necessidade de uma nova reflexão estratégica. Com fracas perspetivas de crescimento do mercado europeu de papel UWF para os próximos anos, o Grupo procurou delinear novos caminhos de crescimento e desenvolver um plano para um novo ciclo de desenvolvimento, mantendo, em simultâneo, uma elevada preocupação relativamente à sua solidez financeira e à sua capacidade de remunerar os seus acionistas.Assim, o plano do Grupo Portucel para um novo ciclo de crescimento é sustentado em duas vertentes: consolidação dos projetos atualmente em curso e entrada em novas áreas de negócio.

• Novas áreas de negócio

A Portucel decidiu diversificar a sua atividade na área do tissue, tendo como objetivo alcançar uma posição de relevo no mercado Europeu. A entrada do Grupo neste segmento irá concretizar-se através da conjugação de um crescimento orgânico com

a aquisição de capacidade existente. O crescimento orgânico será desenvolvido com base num modelo de negócio sustentado na integração direta de pasta na produção de tissue e na localização de linhas de transformação perto dos mercados de destino, possibilitando alcançar claras vantagens competitivas a nível industrial, logístico e comercial, e afirmar o Grupo como um dos produtores mais competitivos da Europa. O complexo de Cacia, a priori, apresenta as características adequadas para a instalação de parte da capacidade de produção de tissue. Importa salientar, no entanto, que é intenção do Grupo continuar a desenvolver uma operação relevante no mercado da pasta BEKP, até ao arranque das operações em Moçambique, focalizando-se nos segmentos de maior valor acrescentado e explorando novas oportunidades de expansão de capacidade de produção de pasta nos três complexos industriais (Cacia, Figueira da Foz e Setúbal).

Por outro lado, a compra de capacidade existente irá permitir entrar rapidamente nas dinâmicas do negócio e beneficiar de uma base de clientes já estabelecida. A Portucel analisou extensamente vários ativos disponíveis no mercado e optou pela aquisição da AMS BR Star Paper S.A. (“AMS”), o produtor de tissue mais eficiente e rentável da Península Ibérica, localizado em Vila Velha de Rodão. Com capacidade atual de produção de 30.000 toneladas de tissue e de 50.000 toneladas de converting, e com 146 colaboradores, esta empresa tem em curso um plano de duplicação da capacidade de produção de papel tissue, que deverá estar concluído em Setembro deste ano. O investimento global na AMS, incluindo os desembolsos necessários ao aumento de capacidade de produção em curso, ascende a cerca de € 80 milhões. A AMS apresentou em 2014 um volume total de vendas de €51,3 milhões, um EBITDA normalizado de € 9,5 milhões, um montante de Dívida líquida normalizada (Net Debt) de € 20,63 milhões e Capitais Próprios Contabilísticos de € 31,6 milhões.

Em resposta a uma oportunidade de negócio, o Grupo anunciou também no final de 2014 o investimento na construção de uma fábrica de pellets nos EUA. Com este projeto, a Portucel pode alavancar a sua experiência em matéria

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de transformação florestal e processos industriais, entrando num sector em grande crescimento, que surge como uma alternativa renovável e sustentável à utilização de combustíveis fósseis. A construção desta fábrica nos Estados Unidos irá permitir também uma internacionalização e diversificação da base industrial da Portucel, reforçando fortemente a sua presença num país que é uma referência incontornável no mundo dos produtos de base florestal. Localizada na Carolina do Sul, a fábrica de pellets terá uma capacidade instalada de 460 mil toneladas, num investimento global estimado em USD 110 milhões. A construção da fábrica irá iniciar-se em 2015 e deverá estar concluída no terceiro trimestre de 2016.De forma a reduzir o risco deste investimento, a Portucel negociou contratos de fornecimento com preço fixo e para um prazo de 10 anos, assegurando por este meio a venda de cerca de 70% da produção da nova fábrica. Localizada na região de Greenwood, a unidade fabril situa-se numa área com condições competitivas favoráveis, designadamente no que respeita ao fornecimento de matéria-prima florestal e de energia.

• Consolidação dos projetos atualmente em curso

Relativamente aos projetos em curso, o Grupo Portucel Soporcel arrancou, durante a segunda metade de 2014, com o projeto de expansão de capacidade de pasta de Cacia, com a negociação e adjudicação dos equipamentos principais e empreitadas de obra civil. O aumento de capacidade irá permitir atingir um nível de produção entre 350 e 360 mil toneladas, com importantes ganhos de competitividade, estando a sua conclusão planeada para o final do 1º semestre de 2015. O valor estimado de investimento é de 56,3 milhões.

A Portucel continua também a progredir com o projeto integrado de produção florestal, de pasta de celulose e de energia em Moçambique, encontrando-se atualmente numa fase de intensificação das operações florestais e de reforço da base operacional no país. Tal como já referido, em Dezembro de 2014, o Grupo deu um importante passo no desenvolvimento deste projeto ao assinar com o IFC - International Finance Corporation -

instituição do grupo do Banco Mundial, um acordo que visa a sua entrada no capital da Portucel Moçambique. Esta participação de 20% poderá atingir 30,4 milhões de dólares nesta fase inicial. Este acordo financeiro constitui mais uma etapa no envolvimento do IFC no projeto de Moçambique, uma vez que esta instituição já se encontra a prestar apoio de consultoria ao Grupo desde 2013, nomeadamente no reforço da sustentabilidade das operações florestais e no planeamento e desenvolvimento de projetos de inclusão das comunidades locais. Um outro importante desenvolvimento foi a conclusão, em Agosto, do Estudo de Impacto Social e Ambiental, elemento importante para a aceleração do processo de florestação, dentro dos elevados parâmetros de qualidade que são objetivo do Grupo. A Portucel Moçambique implementou um processo de consulta pública inédito em Moçambique, tendo apresentado e discutido o projecto, os seus benefícios e os seus impactos com mais de 20.000 pessoas. As consultas públicas finais, no âmbito do Estudo de Impacto Ambiental, alcançaram cerca de 200 aldeias localizadas ao longo de oito distritos nas duas províncias de Manica e Zambézia, para além de terem decorrido nas capitais de províncias e na capital do país, Maputo. Prosseguiu igualmente a construção do primeiro viveiro de grande capacidade na Província da Zambézia, estrutura decisiva para o incremento das áreas de plantação.

Neste contexto, durante o ano de 2014, o Grupo registou um montante global de investimentos de 50,3 milhões, sendo que cerca de € 25 milhões foram relativos ao projeto de Moçambique e cerca de € 10,0 milhões à expansão de capacidade de Cacia.

III Congresso AIFF - Indústrias de Base Florestal: acrescentando (o) futuro

Qual será o cenário de Desenvolvimento Florestal em 2071? E que Política de

Desenvolvimento Florestal é necessária para a Economia Portuguesa de Futuro?Foi para dar resposta a estas grandes questões que a AIFF – Associação Para a Competitividade da Indústria da Fileira Florestal reuniu os principais

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agentes do setor no seu III Congresso Anual. Sob o lema “Indústrias de Base Florestal: acrescentando (o) futuro”, o Congresso foi palco para a apresentação pública do primeiro “Estudo Prospetivo para o Setor Florestal”, que congrega as três principais fileiras industriais e terá como principal missão projetar um Futuro que o Estudo concretiza.

No Estudo Prospetivo da AIFF, primeiro estudo desta natureza, simula-se a evolução da produção nacional das três espécies mais relevantes, em termos de área e de abastecimento industrial, na floresta portuguesa: eucalipto, pinheiro bravo e sobreiro, que representam, no seu conjunto, 72% da área florestal nacional.Os resultados do Estudo mostram que existe uma grande diferença entre a oferta e a procura para cada uma das espécies analisadas (eucalipto, pinheiro bravo e sobreiro), ou seja, a procura é sempre superior à oferta.No Estudo são simulados dois cenários para o futuro florestal, o de manutenção e o de desenvolvimento. No Estudo são destacados os benefícios do último, tanto para as indústrias de base florestal, como para a sociedade em geral. O cenário de desenvolvimento florestal mostra ser possível reduzir significativamente os valores de importação, contribuindo para a sustentabilidade das empresas do setor e, consequentemente, para o País. Por outro lado, o Estudo demonstra a necessidade de se inverterem as atuais tendências, criando condições que atraiam capital para o setor, promovam o aumento da produtividade dos povoamentos já instalados, contribuam para a existência de novas áreas plantadas e reduzam o risco de incêndio e de ataques de pragas e/ou doenças dos espaços florestais, através do aumento da sua resiliência.Para isso, é necessário implementar 4 reformas estruturais na produção florestal, que são elas: a promoção e capacitação das formas de gestão florestal agrupada, profissional e certificada; o desenvolvimento da investigação, da formação e da extensão; a criação de condições favoráveis para a rentabilidade individual da produção

florestal, através de incentivos ao investimento; a reforma estrutural do modo de governação do setor florestal.O Estudo Prospetivo para o Sector Florestal teve como objetivo definir e apresentar propostas de políticas públicas para o setor florestal, e avaliar os custos e benefícios, de forma a promover o aumento da disponibilidade de matéria-prima nacional que satisfaça as necessidades da indústria e as exigências do mercado.A nível económico, o setor florestal representa um forte contributo, uma vez que é fortemente exportador de bens transacionáveis e que as indústrias florestais são líderes de mercado em alguns segmentos. O Valor Acrescentado Bruto do setor florestal representa 1,2% do Produto Interno Nacional.

O valor acrescentado nacional representa mais de 70% do valor acrescentado total, devido ao facto de se tratar de uma atividade económica que usa como matéria-prima a madeira e a cortiça proveniente, preferencialmente, da floresta portuguesa.

A floresta, e as três fileiras associadas, d e s e m p e n h a m importantes funções ao nível dos três

pilares da sustentabilidade (económico, social e ambiental), contribuindo para o crescimento económico do País, com particular impacto nas exportações de bens e para o processo de reindustrialização, para a fixação das populações em zonas mais desfavorecidas e com maior risco de desertificação, para a mitigação dos efeitos das alterações climáticas, para a melhoria da qualidade da água e para a conservação dos solos, habitats e da biodiversidade. Para se entrar num novo ciclo de mudança é fundamental redefinir o papel da floresta para a sociedade, para a economia e para o País, o que implica uma maior consciencialização da relevância e riqueza da floresta, nas suas múltiplas funções diretas e indiretas, e não resumir a importância do setor ao flagelo dos incêndios e a zonas lúdicas.

A nível económico, o sector florestal representa um forte contributo, uma vez que é exportador de bens transacionáveis e que as indústrias florestais são líderes de mercado em alguns segmentos. O

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Valor Acrescentado Bruto (VAB) do sector florestal representa 1,2% do Produto Interno Nacional. Em 2011, o conjunto das empresas que compunham o sector florestal foi responsável por um volume de exportações superior a 4 mil milhões de euros (9,9% do total nacional) e contribuiu com mais de 1,8 mil milhões de euros para a balança comercial portuguesa. A floresta, e as três fileiras associadas, desempenham importantes funções ao nível dos três pilares da sustentabilidade (económico, social e ambiental), contribuindo para o crescimento económico do País, com particular impacto nas exportações de bens e para o processo de reindustrialização, para a fixação das populações em zonas mais desfavorecidas e com maior risco de desertificação, para a mitigação dos efeitos das alterações climáticas, para a melhoria da qualidade da água e para a conservação dos solos, habitats e da biodiversidade.

A AMS voltou a ser uma das 100 melhores

No passado dia 27 de Janeiro,

a AMS-BR Star Paper, SA, voltou a ser consagrada com o prémio de uma

das 100 melhores empresas para trabalhar em Portugal, distinção esta consagrada pela Exame-Accenture.

Ao fim de 5 anos, esta é a terceira vez que a AMS-BR é distinguida com tão honroso prémio, o qual “demonstra que conseguimos transpirar lá para fora, a paixão com a qual vivemos internamente”, afirma José Miranda, Presidente do Conselho de Administração.

Este prémio vem reforçar o sucesso do ano de 2014, no qual já se destaca o Prémio Europeu de Promoção Empresarial. “Este prémio, aliado ao facto de termos sido os vencedores europeus do Prémio Europeu de Promoção Empresarial, vem demonstrar que a sustentabilidade do negócio não se consegue de uma forma isolada mas sim através da otimização de um conjunto de processos. Assim a nossa preocupação é ambiental, económica mas também social”,

reforça José Miranda, o qual sublinha ainda “que os passos assertivos que foram dados no início estão agora a dar os frutos de uma forma consistente e madura”.

Assim, verifica-se que desde 2013, a AMS-BR consta não só na lista das 100 melhores empresas para trabalhar em Portugal, como ainda foi vencedora do prémio evolução excelência no trabalho pela Heindrick and Struggles, e vencedora europeia dos Prémios Europeus de Promoção Empresarial 2014.

Em suma, e como remata o presidente do Conselho de Administração, “as distinções não só reforçam o peso institucional da sociedade com todo o seu meio envolvente, mas sobretudo confirmam que os passos até agora dados foram bem dados. Pois só assim conseguimos ter a certeza de que este, sim, é o nosso papel na vida”.

AMS vence prémio europeu em Nápoles

AAMS, BR – empresa papeleira sedeada

em Vila Velha de Rodão – ganhou o primeiro

prémio europeu de Promoção Empresarial, na categoria de apoio ao desenvolvimento de mercados ecológicos e à eficiência energética.A cerimónia decorreu em Nápoles, na presença do Presidente da República italiana, do Presidente da Comissão Europeia e do Secretário de Estado da Inovação, Investimento e Competitividade de Portugal.

Após a atribuição deste prémio, o administrador da AMS, José Miranda, destacou num breve discurso a visão, diferenciação e o planeamento estratégico como os segredos do êxito da empresa, que em cinco anos de atividade atingiu já uma faturação acumulada de 200 milhões de euros.José Miranda destacou ainda a preocupação permanente na redução dos custos energéticos e a importância estratégica da AMS na revitalização económica e social da região onde está inserida.De salientar que a AMS obteve anteriormente três prémios nacionais e duas referências internacionais.

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CELPA e Banco Alimentar juntos em ação-piloto

ACELPA e o Banco Alimentar (BA)

uniram esforços, no último fim de semana de novembro, numa iniciativa pioneira que

teve lugar durante a já tradicional ação de Natal solidária do Banco Alimentar e que consistiu na utilização de sacos de papel em substituição dos tradicionais sacos de plástico de supermercado.Os sacos de papel -- 100 mil exemplares -- foram utilizados nesta ação-piloto de colaboração entre as duas entidades apenas nas grandes superfícies comerciais de Lisboa e Porto, na expectativa que possam, numa próxima campanha, ter uma utilização mais abrangente.“Esta ação-piloto nasceu por sugestão do Banco Alimentar, na pessoa da sua presidente, Isabel Jonet, e pareceu-nos bastante feliz e oportuna, pois surge na linha de uma mudança de hábitos dos cidadãos que privilegia a utilização do papel como material ecológico por excelência”, explicou o Eng. Armando Goes, Diretor-geral da CELPA.

CELPA presente no Seminário Diplomático

ACELPA - Associação da Indústria Papeleira - fez-se representar no Seminário Diplomático,

encontro anual dos diplomatas portugueses em que se traçam as diretivas para o novo ano pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, realizado entre 6 e 7 de Janeiro, no Museu da Fundação Oriente e no Palácio das Necessidades (este para um encontro mais restrito).Convidada pela AICEP, co-organizadora do evento, a CELPA esteve presente ao lado de outras associações representativas do panorama exportador português, caso das indústrias conserveira, vinícola e têxtil.A CELPA esteve em grande destaque graças à sua campanha «Paper From Portugal» (www.paper-from-portugal.com) amplamente elogiada por várias vozes da AICEP e do corpo diplomático presentes no evento.Refira-se que estiveram presentes o ex-presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, o vice-primeiro ministro Paulo Portas, assim como os

ministros Jorge Moreira da Silva (Ambiente), Assunção Cristas (Agricultura e Pescas), Pires de Lima (Economia), além de Rui Machete, Ministro dos Negócios Estrangeiros.A sessão de encerramento foi conduzida pelo presidente da AICEP, Miguel Frasquilho, e teve como corolário simbólico a entrega do prémio Diplomata do Ano ao embaixador em Berlim, Luís de Almeida Sampaio.

Celtejo e EDP: protocolo permite poupar 500 mil euros por ano

ACeltejo, a fábrica de pasta de papel da Altri, em Vila Velha de Ródão, celebrou um

protocolo com a EDP no âmbito da eficiência energética, que permite poupanças anuais de 500 mil euros.

“Foram listadas várias melhorias para implementar na fábrica que vão permitir a redução do consumo de energia e poupanças na ordem dos 500 mil euros por ano”, disse o diretor fabril da Celtejo Carlos Coelho que explicou “trata-se de um projeto que inclui a substituição de equipamentos na fábrica por outros energeticamente mais eficientes. “Esses equipamentos custam dinheiro e o conceito é inovador, porque a EDP vai patrocinar a sua compra e metade do valor da poupança de energia vai servir para amortizar esses equipamentos”, adiantou.O projeto, desenvolvido no âmbito do programa “Save: to Compete”, envolve um investimento global da EDP de cerca de um milhão de euros. O “Save: to Compete” é um programa de apoio à implementação de projetos de eficiência energética, desenvolvido pela EDP em parceria com a Confederação Empresarial de Portugal (CIP).No âmbito deste programa, a EDP identifica

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potenciais medidas de redução do consumo energético nas empresas aderentes e promove a sua implementação e custeio através das poupanças geradas. A EDP assegura um serviço “chave-na-mão” e, no caso da fábrica de Vila Velha de Ródão, vai implementar medidas de eficiência energética, como a otimização da produção de ar comprimido, melhoria da eficiência nos sistemas de força motriz e “retrofit” da iluminação.O diretor fabril da Celtejo sublinhou ainda que a empresa investiu em 2013 cerca de quatro milhões de euros na cogeração a gás, o que permitiu à fábrica passar a ser autossuficiente em termos energéticos. “Neste momento, a fábrica tem capacidade para produzir toda a energia necessária à sua laboração, de forma independente da EDP”, referiu Carlos Coelho. A empresa investiu ainda 500 mil euros na substituição de todos os empilhadores a gasóleo, por equipamentos elétricos.

Estudante de Design em Lisboa vence Concurso Internacional Inapa

Sofia Pêga foi a vencedora do Concurso Internacional

de Design da Inapa. A proposta desta estudante de Design na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa reuniu 40% do total de votos desta iniciativa.

O objetivo do Concurso foi a criação do logotipo de comemoração do 50º aniversário da Inapa, a ser utilizado em diferentes materiais de comunicação ao longo de 2015. O Concurso desenvolveu-se nos nove países onde a empresa opera, nomeadamente: Alemanha, França, Espanha, Portugal, Suíça, Bélgica, Luxemburgo, Turquia e Angola. Depois de receber quase 40 participações, foi selecionada uma shortlist com as 4 propostas (uma de França, duas de Portugal e uma da Suíça) que melhor responderam ao briefing, refletindo diferentes perspetivas visuais sobre este importante momento da Inapa. As propostas foram depois submetidas a um processo de votação interno aberto a todos os colaboradores da Inapa. Foi uma votação renhida com duas das propostas a registar valores muito aproximados até à última semana.

A vencedora reuniu 40% dos votos ganhando um iMac de 27 polegadas e, assim esperamos, uma dose adicional de motivação para continuar a desenvolver o seu talento e competências na área de design.

Inapa considerada a empresa Portuguesa mais Internacionalizada

Por ocasião do seu 26.º aniversário, o INDEG-IUL

organizou no passado dia 1 de novembro, a 2.ª Conferência Internacional, contando uma vez mais com uma reputada personalidade internacional como speaker. Assim, a Paul de

Grauwe seguiu-se Edward Freeman, académico brilhante e pai de uma das mais importantes teorias na área da gestão (stakeholder theory). Da sua extensa biografia, destaca-se a sua expertise em Liderança, Ética nos negócios, Responsabilidade corporativa, Estratégia de negócio, Capitalismo consciente e, como não podia deixar de ser, Gestão dos stakeholders.Nessa altura foram apresentados os resultados da 1.ª edição do Ranking de Internacionalização das Empresas Portuguesas, um trabalho desenvolvido desde janeiro em parceria com o Núcleo de Relações Internacionais da Fundação Dom Cabral (considerada a melhor Escola de Negócios da América Latina), com o apoio institucional da AICEP Portugal Global. O Ranking pretende ser um instrumento de medição do desempenho e de disseminação das práticas adotadas pelas principais empresas do país, na conceção e implementação das suas estratégias de internacionalização. A metodologia utilizada foi desenvolvida e testada ao longo da última década pelo Núcleo de Relações Internacionais da FDC, produzindo conhecimento relevante na criação de valor para as organizações.Os dados, relativos a 2013, foram recolhidos durante o segundo trimestre de 2014, através de um questionário distribuído às 44 empresas portuguesas que responderam ao questionário e que satisfizeram os critérios de elegibilidade.Esta iniciativa analisou o desempenho e as melhores práticas das empresas portuguesas no que diz respeito à sua estratégia de internacionalização. A Inapa foi a primeira classificada neste Ranking

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de Internacionalização, tendo registado uma pontuação de 92% nos critérios avaliados, sendo a média das restantes empresas do Top 5 de 74%.O INDEG-IUL ISCTE Executive Education foi constituído em 2 de novembro de 1988 e resultou de uma associação entre o ISCTE-IUL e um conjunto de algumas das mais prestigiadas empresas nacionais. Esta associação representou uma iniciativa pioneira na parceria Universidade-Empresa, na senda da tradição que, desde sempre, caracterizou o ensino da Gestão no ISCTE-IUL.Esta distinção confirma a boa execução do Plano de Internacionalização da Inapa.

Museu do Papel: Viagem da floresta ao papel pela primeira vez em exposição

Ogrupo Portucel Soporcel e o Museu do Papel, tutelado pela Câmara Municipal

de Santa Maria da Feira apresentaram no dia 26 de Novembro a exposição “Da Floresta ao Papel”, um núcleo permanente com um forte cariz pedagógico no espaço do Museu do Papel, em Paços de Brandão, Santa Maria da Feira. Dirigida especialmente ao público escolar, esta exposição vem enriquecer a oferta do Museu do Papel com novos conteúdos interpretativos sobre a História mais recente da Indústria de pasta e papel em Portugal, e pretende ser um contributo para dar a conhecer o ciclo sustentável da produção do papel, bem como para mostrar a importância estruturante das indústrias da pasta e papel na geração de riqueza, emprego e bem-estar em Portugal.

Para Emídio Sousa, Presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, “O núcleo expositivo “Da Floresta ao Papel” vem enriquecer a exposição permanente deste espaço museológico dedicado à Indústria do Papel – uma atividade com três séculos de História no concelho de Santa Maria da Feira, impulsionadora, desde o início do século XVIII, do processo de industrialização do Município e desta grande região das Terras de Santa Maria –, conferindo-lhe uma nova dimensão histórica e museológica com uma marca de contemporaneidade, e que reflete a dinâmica inovadora, competitiva e sustentável da Indústria do Papel Portuguesa na atualidade.”

“A participação empenhada nesta iniciativa insere-se na política de responsabilidade social do grupo Portucel Soporcel, que privilegia o apoio a projetos educacionais capazes de sensibilizar a sociedade em geral, e os mais jovens, em particular, para a importância de preservar e a valorizar a floresta nacional e os produtos de base florestal, como é o caso do papel, tão bem representado nesta exposição”, disse José Nordeste, Diretor do Complexo Industrial de Cacia, convicto de que a mostra será importante para “promover o conhecimento sobre o papel estruturante da fileira florestal na geração de valor económico, social e ambiental para Portugal”. Dividida em oito sub-núcleos que permitem ao visitante “viajar” desde a floresta até ao contacto direto com os tipos de papel disponíveis para as mais diversas utilizações, a exposição “Da Floresta ao Papel” integra um conjunto de soluções interativas e vários suportes de comunicação em papel evidenciando a complementaridade dos dois suportes de comunicação: papel e digital. Este novo núcleo expositivo do Museu do Papel vai assim proporcionar aos visitantes uma viagem de conhecimento das diferentes fases do processo

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de fabrico de papel, assente na utilização de fibra virgem, desde a investigação laboratorial (I&D) à reflorestação, com ênfase na conservação da biodiversidade e na proteção florestal, passando pela utilização de energias renováveis e pela adoção de processos de produção eco-eficientes de pasta de celulose e de papel.

A exposição visa também realçar a diversidade e sustentabilidade dos produtos papeleiros e o seu contributo para a renovação e valorização da floresta portuguesa, sublinhando a importância desta indústria para o desenvolvimento económico, social e ambiental do País.

Grupo Portucel Soporcel lança concurso mundial na Paperworld 2015

Ogrupo Portucel Soporcel, líder europeu no sector de papéis finos de impressão

e escrita não revestidos, voltou a marcar uma significativa presença na Paperworld 2015 – a maior feira mundial do sector que decorreu entre os dias 31 de Janeiro e 3 de Fevereiro na cidade de Frankfurt. O grupo português aproveitou esta oportunidade para divulgar, junto dos mais de 80.000 visitantes verificados no certame, as mais recentes novidades das suas marcas próprias, com natural destaque para a Navigator, reforçando assim a sua estratégia de conquista de novas oportunidades e consolidação de parcerias de negócio a nível internacional. O objetivo foi aproveitar o contacto com todos os principais distribuidores mundiais para reforçar o desempenho comercial do Grupo, aprofundando os resultados assegurados durante os primeiros nove meses de 2014, período em que o grupo Portucel Soporcel não só alargou a sua atividade

de 118 para 127 países, alcançando assim a mais ampla presença a nível internacional entre as empresas portuguesas, como também atingiu um novo máximo histórico de produção de papel, tendo aumentado o volume de vendas em 3,3% para mais de 1,147 milhões de toneladas. Este forte volume de vendas de papel permitiu atenuar o efeito negativo da evolução dos preços da pasta e papel neste período, possibilitando que o Grupo tenha alcançado um ligeiro aumento do seu volume de negócios para € 1.138 milhões. “Queremos prosseguir, em 2015, um caminho de crescimento da atividade e do volume de negócios do Grupo em novas geografias, o que implicará a busca permanente de novas oportunidades, isto sem descurar, naturalmente, o trabalho que visa reforçar a conquista de quota de mercado nas principais geografias em que já operamos”, sublinha Hermano Mendonça, diretor de marketing do grupo Portucel Soporcel, para quem “a presença em certames como a Paperworld assume uma decisiva importância na afirmação das marcas do Grupo junto dos principais distribuidores internacionais, permitindo a conquista de novas oportunidades de negócio e a consolidação de parcerias já estabelecidas”. No stand do grupo Portucel Soporcel estiveram expostas as principais marcas de papel de escritório do Grupo – Pioneer, Inacopia, Explorer, Target e Discovery – bem como a Navigator, líder mundial no segmento Premium, que destacou as suas principais novidades lançadas para o mercado doméstico, como o Home Pack e o On-the-Go.A marca aproveitou para levantar o véu sobre o Concurso Mundial destinado a jovens profissionais e estudantes de design, com o objetivo de desenvolver o novo layout para o Navigator Students. Trata-se de um produto que se destina ao mercado estudantil, disponível durante o período de Regresso às Aulas, que apresenta uma imagem moderna, diferenciadora e adaptada aos requisitos desse target mais jovem. Este concurso irá premiar três trabalhos, dando oportunidade ao vencedor de, além de ganhar um Apple Macbook Pro, ver o seu design da resma Navigator Students a ser comercializado um pouco por toda a Europa, enriquecendo assim o seu portfolio profissional de forma única.O principal foco de comunicação será a página online, através da qual os designers podem enviar os seus trabalhos, contendo também toda

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José Nordeste, Diretor do Complexo Industrial de Cacia, com Emídio Sousa, Presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira

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a informação sobre o concurso, que irá decorrer entre 19 de Janeiro e 31 de Março de 2015. Os mais de 36.000 fãs do Navigator no Facebook vão também ter oportunidade de contribuir para a escolha dos melhores trabalhos, através de um sistema de votação que resultará numa shortlist de 20 propostas, posteriormente analisadas por um júri para a escolha do vencedor.

O Grupo aproveitou também esta edição da feira para anunciar que, no decorrer do ano de 2015, o selo BLI (Buyer’s Laboratory Inc.) passará a figurar nas resmas das principais marcas, reconhecendo os excelentes resultados obtidos pelos produtos do Grupo ao longo dos últimos anos no mais reputado laboratório independente de testes de equipamentos de impressão a nível mundial.Sublinhe-se o facto de as mesmas marcas manterem todas as credenciais de qualidade, sendo certificadas pelos sistemas FSC® (Forest Stewardship Council) e PEFC™ (Programme for the Endorsement of Forest Certification schemes) e ostentando também o selo Ecolabel – Rótulo Ecológico da União Europeia. Todas estas certificações refletem o reconhecido compromisso que o grupo Portucel Soporcel tem com a gestão responsável e sustentada da floresta, bem como uma garantia adicional relativamente à qualidade dos seus produtos e origem da matéria-prima.A edição de 2015 da Paperworld serviu também de palco para mostrar a extensão de gama da marca Navigator, disponível agora também em bobinas para impressão plotter, com uma gama que vai do 75 g/m2 ao 120 g/m2. Este alargamento permitirá à marca reforçar a sua presença junto de um segmento de profissionais para os quais a qualidade do papel é fulcral para mostrar o seu trabalho junto dos seus clientes, tais como arquitetos e designers. A gama de bobinas de plotter vem complementar o já diversificado portfolio de produtos Navigator, que inclui papéis de escritório, papéis para aplicações de pré-impressão e envelopes, todos

com os mesmos níveis qualitativos e garantindo assim uma consistência inigualável. Sempre empenhado em alargar a sua cobertura geográfica, ao mesmo tempo que otimiza o seu mix de produtos nos mercados-chave como a Europa e Estados Unidos, o Grupo procurará continuar a tirar o máximo proveito da forte penetração e notoriedade das marcas próprias e da elevada perceção de qualidade da sua proposta de valor, fazendo com que esta presença na Paperworld 2015 representasse mais uma oportunidade para reforçar a estratégia de sucesso desenvolvida ao nível das marcas do grupo Portucel Soporcel, que são hoje líderes de mercado, distinguindo-se pela inovação e sustentabilidade ambiental.

Projeto POLYPULP – Investigando para a pasta do futuro

Oprojeto Polypulp está a ser desenvolvido em parceria pela Celtejo, a fábrica de pasta de

Vila Velha de Ródão da Altri, e a Universidade da Beira Interior (UBI) com o objetivo de obter pasta de papel com propriedades físicas superiores às atuais, que permitam, por um lado, a obtenção de papéis com melhores propriedades e, por outro, a utilização desta pasta de maior desempenho em produtos mais exigentes ou ainda noutras finalidades.Este projeto nasceu de uma parceria entre a Celtejo, a Universidade da Beira Interior, com décadas de trabalho ligadas ao estudo dos produtos papeleiros e a Universidade de Coimbra, um parceiro reconhecido internacionalmente pela sua competência científica na área dos polímeros.

Grupo Portucel Soporcel arranca com ciclo de crescimento a dez anos (2015-2025)

Adecisão de avançar para a construção de uma fábrica de pellets nos EUA e a

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garantia da entrada do Banco Mundial, através da sua participada IFC (Internacional Finance Corporation), em 20% do capital social do projeto da Portucel Moçambique, concretizam os dois primeiros passos de um plano elaborado pelo grupo Portucel Soporcel que visa assegurar um ciclo de crescimento para a próxima década (2015-2025) e de equilibrar geograficamente a base industrial – isto sem colocar em causa a robustez financeira do Grupo, nem tão pouco a capacidade de remunerar, adequadamente, os seus acionistas.

Este plano de investimentos, que será apresentado em toda a sua abrangência, e de forma pormenorizada, no primeiro trimestre

deste ano, assenta em rigorosos critérios de análise sobre a sua rentabilidade e arrancará com a referida construção de uma fábrica de pellets nos EUA, na Carolina do Sul, com uma capacidade instalada de 460 mil toneladas, num investimento global de cerca de 110 milhões USD (cerca de € 89 milhões de euros).

Com conclusão prevista para o terceiro trimestre de 2016, esta fábrica constitui uma atrativa oportunidade de investimento para o Grupo, que assim poderá alavancar a sua experiência em matéria de transformação florestal e processos industriais, entrando na promissora área da bioenergia, como se sabe uma alternativa renovável e sustentável à utilização de combustíveis fósseis.

Localizada na região de Greenwood, a futura unidade fabril beneficiará de condições muito favoráveis em termos

de matéria-prima florestal e de energia, tendo já negociado contratos de fornecimento com preço fixo para um prazo de 10 anos e garantido, desde logo, a venda de 70% da sua produção. Em relação ao projeto Portucel Moçambique – Sociedade de Desenvolvimento Florestal e Industrial, a Portucel S.A. assinou em dezembro último um acordo com a International Finance Corporation (IFC), membro do Grupo Banco

Muncial que assegura a entrada dessa última entidade no capital social da Portucel Moçambique.Nos termos deste acordo, a IFC, que constitui a maior instituição de desenvolvimento global voltada para o sector privado nos países em desenvolvimento, subscreverá 20% das ações da Portucel Moçambique, num investimento que, numa fase inicial, atingirá até 30,4 milhões USD. O referido acordo encontra-se ainda sujeito ao preenchimento das condições usuais neste tipo de operações, as quis deverão estar completadas no decurso dos próximos três meses.

Recorde-se que a Portucel Moçambique tem com o objetivo desenvolver um projeto integrado de produção florestal, de pasta de celulose e de energia naquele país. O projeto contempla, numa fase inicial, a plantação de 40 mil hectares de plantações sustentáveis de eucalipto a ocorrer até final de 2016 nas províncias de Manica e Zambézia.

Brasil

Projeto Guaíba 2 da Empresas CMPC Brasil está 88% concluído

Oprojeto da fábrica de pasta

Guaiba 2 da Empresas CMPC está perto dos 90% de estar completo. Quando em funcionamento, a unidade terá capacidade para

produzir 1,3 milhão de toneladas por ano de pasta de mercado de eucalipto. Este o anúncio feito no final do mês de janeiro pela CMPC, o produtor latino-americano líder em produtos florestais, pasta, papel, tissue e produtos de embalagem; o projeto está a ser implementado no Estado do Rio Grande do Sul, situando-se no orçamento e no cronograma de entrada em operação no segundo trimestre de 2015.

A instalação estava a 88% da conclusão física em 31 de dezembro de 2014. Os principais avanços alcançados na execução do projeto, até

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O projeto da fábrica de pasta Guaiba 2 da CMPC está praticamente a 90%.

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ao momento, incluem a conclusão da subestação elétrica, o arranque do sistema de abastecimento de água, o teste hidrostático do digestor e, mais recentemente, a primeira ignição da caldeira de recuperação.

Aprovado pelo Conselho de Administração de Empresas CMPC em dezembro de 2012, a expansão da fábrica de celulose de Guaíba, no valor de 2.100 milhões dólares, irá adicionar 1,3 milhões de toneladas de capacidade de pasta de eucalipto, elevando a capacidade total de pasta de fibra curta e fibra longa do CMPC para 4,1 milhões de toneladas por ano. A fábrica é 100% autossuficiente em madeira e irá diminuir o custo médio de produção de pasta da CMPC. Durante a fase de construção, a expansão empregava mais de 9.000 trabalhadores altamente qualificados, um terço dos quais oriundos de comunidades locais.

As próximas etapas do projeto incluirá a limpeza química pré-operacional da caldeira de recuperação, a sopragem de vapor das tubagens dos turbogeradores, a migração dos sistemas de controlo para a nova sala de controlo, o arranque da operação da linha de cavacos no parque de madeiras e a continuação do comissionamento nos restantes sistemas.

Lwarcel amplia oferta de energia elétrica no mercado livre

ALwarcel Celulose, empresa do Grupo Lwart instalada em Lençóis Paulista (SP), anuncia

a venda do excedente de energia elétrica. A companhia comercializou mais de 40.000 MWh no último semestre de 2014, um total suficiente para abastecer cerca de 260.000 residências num mês.

Outubro foi o mês em que a Lwarcel registou o seu recorde de venda de energia, comercializando 8169 MWh o suficiente para abastecer uma cidade de 170.000 mil habitantes durante um mês. “Este aumento significativo na nossa capacidade de exportação ocorreu devido as ações de consciencialização e utilização racional de energia, investimento em manutenção e melhorias de equipamentos e ações de eficiência energética como a criação de uma Comissão Interna de Conservação de Energia”, explica Luis Künzel, Diretor Geral da Lwarcel Celulose.

Perante o atual cenário de volume de chuva abaixo da média para abastecer os reservatórios de hidrelétricas e da grande procura de energia elétrica em todo país, as indústrias que possuem termoelétricas, como as do setor de celulose, estão a contribuir para abastecer a matriz energética.

Desde 2009, a Lwarcel possui uma central termoelétrica, composta por uma caldeira de leito fluidizado e um turbogerador de extração e condensação, com capacidade de geração de 17MW. Também faz parte do sistema de geração de vapor e energia elétrica uma caldeira de recuperação química e um turbogerador de contrapressão, que juntos ultrapassam os 30MW de potência instalada. Esse montante, além de garantir a autossuficiência da Lwarcel, também atende as necessidades da fábrica da Lwart Lubrificantes, outra empresa do Grupo, e o excedente é colocado no mercado.

A termoelétrica utiliza como seu principal combustível a biomassa de eucalipto, resíduos florestais (galhos e madeiras) e de serrações. Segundo Cesar Anfe, gerente de Recuperação e Utilidades da Lwarcel, além de autossuficiência energética, a termoelétrica torna a empresa mais competitiva no mercado por meio da otimização de processos e recursos e também permite autonomia numa eventual escassez de eletricidade.

O diferencial da energia elétrica gerada com a biomassa é o balanço positivo originado a partir do sequestro de carbono, uma vez que sequestra mais CO2 durante a formação da floresta do que emite no processo de queima na caldeira. Dessa forma, a contribuição para a matriz energética brasileira é sustentável e totalmente renovável.

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Espanha

A Lecta apresentou os seus novos papéis para etiquetas de bebidas na BrauBeviale 2014

Agrande feira mundial da indústria de bebidas realizou-se em Nuremberga, Alemanha,

de 11 a 13 de novembro passado. A Lecta participou novamente na Feira BrauBeviale, que este ano contou com cerca de 1.300 expositores e 33.000 profissionais da indústria. Durante este evento foram apresentados os mais recentes desenvolvimentos e tendências em matérias-primas, maquinaria e tecnologia, logística e marketing da cerveja, água e outras bebidas.Foi uma oportunidade única para mostrar a vasta gama de papéis especiais da Lecta para a produção de etiquetas para bebidas, distribuídos em Portugal pela Torraspapel.

Os papéis metalizados Metalvac, usados pelas marcas de cerveja mais prestigiadas, os papéis revestidos de uma face Creaset especialmente desenvolvidos para a impressão a cor de etiquetas e embalagem flexível e a vasta seleção de materiais autoadesivos Adestor para todo o tipo de bebidas, foram os protagonistas desta grande feira.Os papéis metalizados por alto vácuo Metalvac, 100% recicláveis, são concebidos para etiquetas de bebidas de alta qualidade coladas (wet-glue

labels), com resistência à humidade, adequadas para garrafas com e sem retorno, bem como para a sua transformação em etiquetas autoadesivas. A gama Metalvac está disponível com acabamento brilhante e mate, e em gofrado pin-head, escovado e linho.Creaset é a gama de papéis revestidos de uma face desenvolvida especialmente para o setor de embalamento e etiquetagem. As etiquetas padrão e envolventes para bebidas e as etiquetas resistentes à humidade para cervejas, águas, refrigerantes, são algumas das aplicações às quais se destinam os papéis Creaset.“Labels to Celebrate” é uma exclusiva coleção de etiquetas autoadesivas Adestor para vinhos, espumantes, licores e águas de alta qualidade. Nesta gama a empresa dispõe de papéis revestidos brilhante e mate, lâminas metalizadas e de alta brancura para etiquetas de luxo, e papéis vergê e gofrados que dão à etiqueta um aspeto artesanal. Frontais com tratamento anti humidade e combinados com o adesivo permanente BC361 Plus específico para a imersão da garrafa em cuba.O catálogo da coleção apresenta 21 propostas de etiquetas com acabamentos como estampagem, relevo ou serigrafia UVI que são apenas alguns exemplos do que é possível fazer com os papéis autoadesivos Adestor da gama “Labels to Celebrate”.Todos os papéis especiais da Lecta são fabricados com certificação de qualidade ISO 9001, de gestão ambiental ISO 14001 e EMAS, e de eficiência energética ISO 50001. Estão ainda disponíveis as certificações florestais de Cadeia de Custódia PEFCTM e FSC®.

A Torraspapel apresenta o seu novo calendário “AIR”

Oar é apreciado livremente na imensidão dos grandes espaços das terras australianas

que ilustram o novo calendário da Torraspapel, empresa pertencente ao grupo Lecta.

O ar é um elemento da natureza tão invisível quanto vital. Completa-se assim a série baseada nos quatro elementos da natureza com uma seleção de doze instantâneos que nos mostram um leque cromático no qual o ar é o personagem principal, ainda que invisível.

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Os papéis escolhidos para a impressão do Calendário “AIR” 2015 foram o CreatorStar e o GardaGloss Art, especialmente concebidos para as impressões comerciais e de edição mais exigentes. Graças ao seu tato liso e um aspeto especialmente brilhante, as tonalidades são potenciadas e a impressão de imagens a cores é excecional.

Todas as imagens do novo calendário estão disponíveis em formato de protetor de ecrã para transferência gratuita nas páginas web das empresas do Grupo Lecta.O Grupo Lecta, ao qual pertence a Torraspapel Portugal, é um dos maiores produtores mundiais de papel revestido fabricado com pasta química (CWF) e um dos líderes europeus no mercado de papéis especiais, composto por três empresas de grande tradição nos seus mercados de origem: Cartiere del Garda em Itália, Condat em França e Torraspapel em Espanha.O Grupo Lecta preocupa-se com o meio ambiente e todos os seus centros de produção possuem as certificações de gestão ambiental mais exigentes - ISO 14001 e EMAS - de cadeia de custódia PEFC™ e FSC®, garantindo a origem sustentável da madeira e da celulose utilizadas como matéria-prima, tendo obtido recentemente a certificação ISO 50001 de eficiência energética.

Itália

Cartiere del Garda apresenta “Shades”

ACartiere del Garda, empresa pertencente ao Grupo Lecta, acaba de lançar “Shades”,

a oitava publicação de “A better Project”, um projeto que em cada ano explora um tema diferente e apaixonante. Este ano, o livro aborda o tema das sombras, “Shades”. Fá-lo através da repetição de imagens evocadoras com uma força especial. O livro apresenta as mesmas dezoito fotos, repetidamente impressas com um papel diferente: GardaMatt Art, GardaMatt Ultra, GardaPat13 KLASSICA, GardaPat13 KIARA, GardaPat13 BIANKA e Condat matt Périgord. Os tons, página a página, mudam constantemente, por vezes de forma tão subtil que é praticamente impercetível à vista.

“Shades” não é apenas um bonito livro de fotografias, vai muito para além disso; é uma ferramenta especialmente útil

para qualquer profissional do desenho gráfico e da impressão em busca da excelência. Foi concebido para representar situações cromáticas distintas e foi impresso a partir de um único ficheiro, com o mesmo perfil e com a mesma densidade de cor para todos os papéis, o que permite que cada um deles revele plenamente o seu caráter próprio. Não foi feito nenhum ajuste durante a fase de impressão para se proporcionar um ponto de partida neutro e permitir aos desenhadores escolher a melhor solução de acordo com as suas necessidades e futuras adaptações.

O projeto editorial está associado a uma página da Internet responsável pelo mesmo e onde se pode ver um resumo do livro e solicitar uma cópia. http://abetterproject.it/shades/Com este livro, a Cartiere del Garda demonstra uma vez mais como a singularidade de um papel de alta qualidade, associado a conteúdos de valor, pode transmitir emoções através de uma experiência sensorial e intelectual única.As gamas GardaPat13 KLASSICA, GardaPat13 KIARA e GardaPat13 BIANKA são distribuídas em Portugal pela Torraspapel.

Gardner Denver compra a Garo

AGardner Denver anunciou a aquisição da fabricante de compressores de anel líquido e

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sistemas Garo Dott. Ing. Roberto Gabbioneta SpA - mais conhecida como Garo. Os compressores e sistemas Garo são amplamente utilizados numa série de aplicações severas em vários mercados, incluindo a recuperação de gás de queima nas refinarias, em unidades de recuperação de vapor e para tratamento de gases perigosos e corrosivos na indústria de processamento químico. A Garo passará a fazer parte do «Energy Group» da Denver Gardner, do qual a Nash faz parte.

Fundada em 1947, a Garo opera em Monza, Itália e emprega cerca de 80 pessoas. A Garo e a Gardner Denver

têm sido parceiros estratégicos há muitos anos. O relacionamento histórico entre as empresas deve-se ao facto da Gardner Denver ter sido o distribuidor exclusivo da Garo nos EUA, América do Sul (excluindo a Argentina), Europa Ocidental (excluindo Espanha e Itália), e China.Saeid Rahimian, CEO do «Energy Group» de Gardner Denver disse, «Estamos muito animados por adicionar a Garo ao «Energy Group» de Gardner Denver. Garo é uma empresa líder em compressores de anel líquido e unindo forças vamos reforçar o nosso compromisso com os nossos clientes de oferecer soluções técnicas da mais alta qualidade. Esta aquisição vai permitir oferecer aos clientes uma gama completa de bombas e compressores de anel líquido. Este é um grande ajuste estratégico e uma oportunidade tanto para Garo quanto para a Gardner Denver, e vamos continuar a investir no crescimento desses produtos. Damos as boas vindas aos talentosos colaboradores da Garo à família Gardner Denver.

A Garo tem crescido significativamente nos últimos anos sob a liderança de Roberto e Paolo Bassi. Ambos os líderes continuarão a estar intimamente envolvidos com todos os aspetos das operações da Garo. Roberto Bassi, diretor da Garo disse «Estamos muito satisfeitos por participar na Gardner Denver. Ser parte da Gardner Denver aumentará ainda mais a liderança da Garo na conceção e produção de compressores e sistemas projetados com os mais altos padrões de qualidade e confiabilidade e vai permitir oferecer produtos e serviços ainda melhores aos nossos clientes.»

França

Última aquisição da Papcel

Ae m p r e s a Papcel, o

fabricante checo de máquinas e e q u i p a m e n t o s para a indústria

de papel, adquiriu os ativos da ABK Machinery e assumiu os contratos inacabados. Em 15 de outubro de 2014, a empresa francesa Groupe ABK, de Tullins, tornou-se parte do grupo Papcel. A aquisição da ABK Machinery foi realizada através de uma empresa recém-criada ABK Groupe, em que a empresa Papcel Litovel detém 51% de participação.

A ABK francesa tem uma história de mais de 60 anos no campo da indústria de papel. A empresa original foi fundada em 1952 pelo Sr. Aimé Allibe. Em 1980, a empresa Allibe desenvolveu a sua própria tecnologia para o revestimento e para a calandragem do papel. Mais tarde, na década de noventa, a empresa fundiu-se com a empresa alemã Küsters (o fabricante de calandras) e com a empresa americana Beloit (fabricante especialista em bobinagem, revestimento de papel, etc.), respetivamente. A empresa ABK Machinery foi fundada em 2000 (o nome da empresa foi obtido a partir das letras iniciais das empresas fundadoras Allibe-Beloit-Küsters).

A empresa recém-criada «ABK Groupe» tem a sede em Tullins, França. Desde outubro 2014 David Dostál foi nomeado CEO e Presidente do Conselho de Administração. Emmanuel Allibe foi nomeado Vice-Presidente e Diretor-geral.Com a aquisição de sua concorrente francesa ABK pela Papcel foi criado um grupo muito forte, com volume de negócios de mais de 80.000.000 de euros. Mais de 400 funcionários estão envolvidos na produção e no projeto. O grupo oferece soluções completas para linhas de preparação de pastas, partes constantes, máquinas de papel para todos os tipos de papel até uma largura de 8 m, linhas de preparação e dosagem de produtos químicos, linhas de secagem e de revestimento.O grupo é um dos poucos fornecedores qualificados, capazes de implementar contratos EPC (entregas chave na mão), devido à sua

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própria capacidade de engenharia e ao alto nível de fornecimento de sistemas de automação.A empresa recém-criada «ABK Groupe» assumiu encomendas de volume superior a 25.000.000 de euros. O grupo vai vender ativamente toda a gama de produtos e serviços em todos os mercados globais. O «ABK Groupe» irá concentrar-se principalmente nos mercados do Sudeste da Ásia e América do Norte. A «Papcel» irá concentrar-se principalmente nos mercados da Europa Oriental e América Latina. Os clientes da empresa recém-criada irão apreciar particularmente a experiência e as técnicas disponíveis, bem como o nível de preços. A suficiente capacidade de produção e a alta proporção de fornecimentos próprias garantem um alto padrão de qualidade.

Em 2015, o grupo planeia continuar com aquisições, considerando a crescente procura para aumento da produção de pelo menos 20%.

Finlândia

A SCA lança o Solo Print, um papel revestido de um lado

ASCA desenvolveu um papel revestido de um lado, como parte de sua família de produtos

de Embalagens Sustentáveis. Este papel oferece uma capacidade de impressão comparável à encontrada na categoria do papel para revistas, juntamente com um comportamento ambiental do melhor do mercado.

O novo produto Solo Print foi especialmente desenvolvido para embalagens flexíveis e é ideal para sacos, papel de embalagem, flowpack e banners. O Solo Print é caracterizado por uma excelente qualidade de impressão e uma opacidade muito elevada (menor transparência). O Solo Print é certificado para estar em contato

direto com alimentos gordurosos ou secos. Também é adequado para laminar ou para base de extrusão de PE / PP na parte interna, o que permite selagem térmica e fornece adequada proteção contra a humidade. O Solo Print pode também ser usado em aplicações de cartão. A sua elevada opacidade e brilho proporcionam uma superfície perfeita para vários tipos de aplicações em cartão. Graças ao seu bom perfil e boa estabilidade dimensional, o Solo Print também é indicado como capa branca, em aplicações leves, para cartão canelado.

«Os nossos novos produtos de Embalagens Sustentáveis têm sido bem recebidos entre os transformadores e gestores de marcas», diz Rolf Johannesson, diretor de marketing da SCA Forest Products. «Identificámos uma

grande procura por papel revestido de um lado e, por isso, decidimos lançar um».O revestimento é o mesmo do papel de impressão de alta qualidade, que a SCA produz para revistas e publicidade. O papel é fabricado inteiramente com fibra virgem, tornando-se muito adequado para aplicações no setor alimentar.

O Solo Print complementa os Splendo, Operio e Puro, três linhas de produtos que já haviam sido lançadas anteriormente para Embalagens Sustentáveis. Esses produtos incluem papel revestido e não revestido e combinam um material eficiente do ponto de vista ambiental e uma embalagem leve de ótima qualidade de impressão.Também oferecem características atraentes no que toca à segurança dos produtos e desempenho ambiental, tais como a baixa emissão de carbono, fibra virgem proveniente de florestas geridas de forma sustentável e uma produção compatível com o ambiente.

«Aplicamos o nosso extenso conhecimento das soluções de impressão de papel e embalagem para o desenvolvimento de novos produtos. Assim, podemos combinar o rendimento de impressão com a gestão eficiente de recursos, de forma eficaz e com baixo custo. Também estamos

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orgulhosos do nosso trabalho no que toca ao desempenho ambiental», diz Rolf Johannesson, diretor de marketing da SCA Forest Products.A SCA Ortviken, em Sundsvall, tem uma capacidade de produção anual de 900.000 toneladas de papel para impressão e embalagem, revestido e não revestido. Atualmente tem cerca de 700 funcionários.

CEPI

Estatísticas preliminares 2014

Aprodução de papel e cartão dos países membros da CEPI caiu ligeiramente, em

cerca de 0,2% em 2014, de acordo com dados preliminares. A produção total em 2014 foi de cerca de 91 milhões de toneladas, 10% abaixo do nível pré-crise financeira.O resultado das paragens de máquinas de papel na UE-28 em 2014 ascendeu a 0,9 milhões de toneladas, enquanto as novas capacidades ou melhoria das máquinas existentes atingiu 0,5

milhões de toneladas.Estima-se que a produção de pasta (mercado + integrada) diminuiu cerca de 4,3% quando comparado com o ano anterior, com uma produção total de aproximadamente 36 milhões de toneladas. A produção de pasta de mercado diminuiu cerca de 3,7%.Estima-se que a utilização de papel para reciclagem por membros da CEPI se manteve inalterada quando comparado a 2013 com 44 milhões de toneladas.

Como nos últimos anos, a queda da procura de papel pelo setor gráfico foi compensado pela evolução mais positiva do setor de papel e cartão para embalagem.Com base nos dados acumulados até ao final do terceiro trimestre de 2014, espera-se que as entregas totais de papel e cartão durante o ano cairão entre 0,5% e 1,0% quando comparado com 2013.Parece que o consumo global de papel e cartão nos países da CEPI em 2014 aumentou entre 0,5% e 1,0% quando comparado com 2013, com base nos últimos dados disponíveis.

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Efeméride

2014 foi ano de festano Grupo Portucel Soporcel

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O ano de 2014 foi de festa para o grupo Portucel Soporcel. A sua unidade industrial de Setúbal celebrou 50 anos e a da Figueira da Foz comemorou 30 anos. Duas histórias de sucesso que, lado a lado, caminharam para a união que culminou no grupo Portucel Soporcel, hoje um dos mais importantes do mundo no setor da pasta e do papel.

Unidades industriais hoje integrantes de um grupo empresarial com um papel extremamente importante na economia nacional, regional e local. Um grupo com raízes profundas na sua fábrica mais antiga – a fábrica

de Cacia, com início de laboração em 1953, então denominada de Companhia Portuguesa de Celulose – e que, em 1957, se tornou pioneira a nível mundial ao produzir pasta branqueada de eucalipto ao sulfato.

A visão e a capacidade de aproveitar o potencial da pasta de eucalipto deram origem ao Grupo atual, hoje uma das mais fortes presenças de Portugal no mundo.

Primeiro em Setúbal, com o arranque da Socel (1964), seguido da construção da Inapa (1969), fabricando papel a partir de pasta de eucalipto em forma líquida; estava dado o primeiro passo para se fazer a integração vertical da pasta com o papel, que se concretizou, formalmente em 2000, com aquisição da unidade produtora da Inapa, a Papéis Inapa, pela Portucel.

Na Figueira da Foz, em 1984, depois de 10 anos de indecisões quanto à localização, a fábrica, originalmente projetada para Angola, arrancava com a produção de pasta: a Soporcel iniciava a sua atividade industrial; em 1991, com a instalação da sua 1ª máquina de papel, acontece também aqui a integração vertical do negócio.

Estavam assim constituídos os dois polos de produção integrada de pasta e papel que, em 2001, se juntam numa única entidade empresarial: o Grupo Portucel Soporcel.

Ao assinalar esta efeméride, a revista Pasta e Papel presta homenagem a todos (investidores, gestores, técnicos) que lançaram, ajudaram a consolidar e a desenvolver um projeto que constitui hoje um grupo florestal verticalmente integrado, líder mundial no melhoramento genético do Eucalyptus globulus, sendo o maior produtor europeu, e o quinto a nível mundial, de pasta branqueada de eucalipto e líder na Europa na produção de papéis de escritório de elevada qualidade; é o segundo maior exportador em Portugal, sendo o que gera o maior Valor Acrescentado Nacional, representando aproximadamente 1% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e cerca de 3% das exportações nacionais de bens.

Como símbolo de todos que têm contribuído para esta história de sucesso, convidámos os atuais Diretores dos dois Complexos Industriais para evocarem, com breves textos, estas comemorações. Nas pessoas do Carlos Vieira e do Carlos Brás, nossos companheiros de uma já longa caminhada e grandes amigos, corporizo esta homenagem a todos aqueles que foram - e são - os grandes e inovadores obreiros deste nosso setor industrial.

João Sá Nogueira Editor

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Efeméride

Aexposição comemorativa dos 30 anos da Soporcel foi uma homenagem a todos os que criaram, desenvolveram e

consolidaram uma atitude de procura permanente de diferenciação sustentável e de uma competitividade invejável.

Foi a qualidade percebida dos nossos produtos e serviços, a excelência dos nossos ativos, a inovação do nosso modelo de negócio e a atitude dos nossos recursos que permitiram o reconhecimento do mercado, a fidelização dos clientes e o prestígio e bom nome que conquistámos e de que nos orgulhamos imensamente.

É um percurso de sucesso empresarial ímpar que celebrámos nesta exposição.

Ele é o resultado da visão, da energia, da competência, do entusiasmo e dedicação dos nossos gestores e colaboradores. Daqueles que iniciaram com grandes adversidades um projeto em que poucos acreditavam e também dos que o engrandeceram e consolidaram.

São muitos anos da vida, das experiências e dos percursos pessoais e profissionais das nossas pessoas que aqui também estão documentados.

Acompanharam-nos nesta caminhada, com o seu apoio e disponibilidade, entidades e parceiros locais, alguns aqui presentes, que quero relevar e a quem quero agradecer.

A Soporcel é a maior fábrica da europa produtora de papéis de escritório e para a indústria gráfica, os chamados UWF fine papers, e resiste muito bem a comparações com unidades papeleiras de grande dimensão no resto do mundo.

Continua a ser uma referência invejável nesta indústria e é o benchmarking para muitos dos nossos concorrentes que desejam visitar-nos regularmente para saber onde estão os que marcam a diferença.

Sabemos do impacto social e económico, direto e indireto, que a Soporcel, enquanto maior empresa do distrito e da região centro tem na comunidade onde se insere. E acreditamos que os figueirenses, aqueles que o são por nascimento ou por coração, têm razões para ter, também eles, orgulho por ter no concelho uma empresa com esta relevância.

Neste sentido, esta exposição foi também uma oferta e um convite à comunidade local para que nos conheça melhor.

Num mundo com tantas incertezas, alterações nos estilos de vida e padrões de consumo, desequilíbrios entre oferta e procura, debilidades nas economias, ameaças à competitividade, imperativos de redução de custos e mudança nas formas de gestão, o desempenho passado da Soporcel é um capital inestimável para encarar com esperança e determinação os desafios do futuro.

O percurso de um grande projeto industrial**Carlos Vieira, Diretor do Complexo Industrial da Figueira da Foz

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A14 de janeiro de 1964 iniciou-se a caminhada do que hoje é um grupo líder europeu e dos maiores do mundo no setor

da pasta e do papel.

Naquele distante início de ano, certamente, ninguém pensava que, 50 anos depois, a Socel viria a ser o que é hoje. Fruto da dedicação e empenho dos seus colaboradores e da determinação das equipas dirigentes, que ao longo destes anos souberam ultrapassar todas as dificuldades, o Complexo Industrial de Setúbal (CIS) do Grupo Portucel Soporcel é atualmente um dos mais importantes do mundo.

Por imposição do Governo de então, que pretendia valorizar a região de Setúbal, a autorização, obtida a 28 de agosto de 1958, quando já estava constituída a Socel – Sociedade Industrial de Celuloses S.A.R.L., fixou a atual localização.

Foi encomendado o projeto de engenharia ao finlandês Kaarlo Amperla, que já antes projetara a fábrica de Cacia da Companhia Portuguesas de Celulose; em 1960, as obras já decorriam com as terraplanagens, captação de água, acessos, estando encomendados quase todos os equipamentos.

No início de 1964, no dia 14 de janeiro, começou a produção de pasta crua de pinho, tendo a 13 de junho arrancado a instalação de branqueamento com capacidade de 150 toneladas/dia,

então com cerca de 600 trabalhadores, mas a inauguração oficial da fábrica só teria lugar a 19 de abril de 1966. A fábrica podia produzir pastas cruas e branqueadas, de pinho e de eucalipto, secas e semi-secas para mercado (duas tiragens, uma com secador para pasta branqueada, outra sem secador para pasta crua), a partir de quatro (depois cinco) digestores descontínuos.

O sucesso da operação permitiu também que, em 1967, se iniciassem estudos para o aumento da capacidade de branqueamento para as 240 toneladas/dia, o que se concretizaria em 1969, o mesmo ano em que se iniciou a produção de papel na MP I da Inapa, a partir da pasta em suspensão proveniente da Socel.

Devido às crescentes preocupações ambientais foi construída, em 1979, uma chaminé com 100 metros de altura para maior dispersão de gases, que substituiu a de 50 metros construída em 1964. E a partir de meados da década de 80 o Centro Fabril de Setúbal começou a ser sujeito a um processo de rejuvenescimento imposto por necessidades de produção, concorrência internacional e exigências ambientais.

Foram realizados elevados investimentos, abrangidos por um contrato programa com o Governo assinado em 1988, que introduziram remodelações e alterações como a reconfiguração para uma só linha de produção (em vez das duas linhas iniciais) nas áreas processuais onde tal foi possível; a instalação de um segundo digestor contínuo e de uma nova caldeira de recuperação); importantes investimentos ambientais no tratamento de efluentes gasosos e líquidos; e aumento da capacidade instalada para 360.000 tAD /ano.

Estas mudanças criaram, na prática, uma fábrica nova, que passou a ser uma das mais modernas da Europa, com o aproveitamento de biomassa a iniciar-se em 1990, reduzindo a dependência

50 anos a crescer rumo à liderança**Carlos Brás, Diretor do Complexo Industrial de Setúbal

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energética da fábrica. Iniciou-se também a venda de energia elétrica excedentária à rede nacional, obtida a partir do processamento de resíduos florestais na caldeira de recuperação de 1978, que foi transformada em caldeira de biomassa. Simultaneamente é instalado o descasque industrial da rolaria rececionada.

Nessa altura, grande parte do equipamento de 1964 é desativado e a Portucel é a primeira empresa nacional a obter a certificação de Qualidade emitido pelo IPQ, para os centros fabris de Cacia e Setúbal.

No âmbito de um plano de reestruturação da Portucel, em 1993, o Centro Fabril de Setúbal passa a integrar a Portucel Industrial – Empresa Produtora de Celulose S.A. conjuntamente com o Centro Fabril de Cacia, retomando- se assim, na prática, a ligação original entre a Socel e a Companhia Portuguesa de Celulose (CPC), ambas vocacionadas para a produção de pasta branca

de eucalipto. Esta integração permite que o chamado “setor branco” da Portucel ganhe maior operacionalidade e um melhor posicionamento no mercado, situação que a empresa vai otimizando ao introduzir sucessivas atualizações tecnológicas e projetos de melhoria da eficiência operacional.

Continuando sempre no rumo do aumento da capacidade produtiva, a fábrica de pasta lança um novo projeto de otimização em 1995 com o objetivo das 450.000 tAD/ano.

A 27 de junho desse ano, dá-se a privatização parcial da Portucel. Em 2000, tem lugar a aquisição de 100% do capital da Papéis Inapa, S.A. pela Portucel Industrial dando origem à Portucel – Empresa Produtora de Pasta e Papel, S.A.

No ano seguinte, em 2001, consolida-se ainda mais esta estratégia, já que a Portucel adquire a Soporcel - Sociedade Portuguesa de

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Papel, S.A., dando origem ao grupo Portucel Soporcel, reforçado em 2004, quando o grupo Semapa adquire 67,1% do capital da Portucel, S.A., constituindo-se como um polo decisivo e estruturante da economia portuguesa.

O anúncio do investimento numa nova fábrica de papel em Setúbal, foi feito em 2006, mas os primeiros estudos de mercado e de viabilidade da nova fábrica iniciaram-se em 2002. A construção começa em janeiro de 2008 e em agosto do ano seguinte dá-se o arranque da produção da nova máquina de papel, cuja inauguração tem lugar a 6 de novembro desse ano. Esta máquina permite transformar toda a pasta produzida na unidade fabril de Setúbal. Simultaneamente é instalada uma central de cogeração, a gás natural, que satisfaz as necessidades energéticas da máquina e permite vender ao exterior a energia elétrica excedentária.

Este novo projeto, a ATF (About the Future), está equipado com a mais sofisticada máquina de papel fino não revestido do mundo.

O investimento nesta unidade state of the art, onde a inovação tecnológica está presente em todos os sistemas e processos de fabrico, ascendeu a cerca de 600 milhões de euros - incluindo a nova central de cogeração - e proporcionou a criação de 350 novos postos de trabalho diretos altamente qualificados.

Em 2010, entra em funcionamento a central térmica a biomassa, destinada exclusivamente à produção de energia elétrica para venda no exterior.

Decorridos 5 anos após o seu arranque, podemos afirmar que a ATF é uma referência mundial na produção deste tipo de papel. Alia uma grande capacidade produtiva, uma elevada eficiência e, principalmente, uma enorme flexibilidade para produzir diferentes grades com elevada espessura e baixa gramagem.

Estes atributos são consolidados nos equipamentos com alto grau de inovação tecnológica, que resultaram de um trabalho extenso e cuidadoso das equipas de engenharia do Grupo, em estreita colaboração com os diferentes fornecedores. São disso exemplos a máquina de papel, os armazéns automáticos de bobinas e paletes e as máquinas de corte e embalagem cut size.

Para tal foi fundamental a forte aposta no capital humano, com recrutamento de novos engenheiros, operadores e técnicos de manutenção que integraram as equipas originárias das outras fábricas do Grupo.

As equipas foram sujeitas a um intensivo programa de formação, com enfoque na componente prática, sempre usufruindo do conhecimento e da experiência alcançados nas outras unidades fabris, em especial a da Figueira da Foz, que apresenta uma realidade mais próxima da ATF.A 14 de janeiro de 2014 completaram-se 50 anos de laboração fabril, com uma produção total neste período de mais de 14 milhões de toneladas de pasta branqueada de eucalipto.

50 anos depois, o Complexo Industrial de Setúbal é uma história de sucesso.

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Opinião

Depois de se ter assistido um pouco por todo o Mundo a um crescendo de consciência ambiental, resultado da reflexão filosófica

e científica sobre os limites do então chamado Desenvolvimento e que teve origem em “clássicos” como o notabilíssimo livro “A Primavera Silenciosa” publicado em 1962 por Rachel Carson, com cujo tradutor da edição portuguesa tive o privilégio de privar, e pelo eco e prestígio do Clube de Roma em 1972 (pese embora o falhanço rotundo das previsões catastróficas contidas no “Limits to Growth”) registou-se um pouco por toda a parte, especialmente nos países económica e socialmente mais prósperos, o aparecimento de movimentos da sociedade civil que se declararam da defesa do Ambiente.

E ainda bem!

A reacção das populações e eleitorados desses países proporcionaram mesmo, depois, o aparecimento de partidos políticos “Verdes”, alguns dos quais, poucos, se integraram com êxito na chamada democracia parlamentar.

E, quanto a isso, nada a dizer.

Acontece que o medo de ir a votos ou o insucesso nas urnas democráticas, deu origem a um novo movimento, esse baseado numa nova “ciência”: A Biologia Política.

Trata-se da técnica de grupos urbanos, com acesso aos media e “guarnecidos” de nomes da Academia, que se propõem ditar e orientar as políticas públicas, através de intervenções, ideológicas, “terroristas” e alarmistas, em nome desta nova “Ciência” que, com mais propriedade, se deveria apelidar “junk science”.

Está neste caso a militância, entre nós e por

exemplo, de franjas “eruditas” que se opõem, por definição, às barragens, às auto-estradas e às plantações florestais (num país praticamente sem floresta natural) e que inventam, exageram ou mentem sobre as supostas “perfeições” das energias renováveis ou sobre os “malefícios” do eucalipto. A tudo isto não é alheio, obviamente, o “tique” de alguma esquerda niilista que continua a considerar que as grandes empresas e as indústrias de capital intensivo são meras emanações do capitalismo feroz e sem regras…na esperança, talvez, de que o ecologismo e a economia verde “consigam finalmente o que o socialismo não foi capaz de fazer: a destruição do capitalismo”. (Cito de cor Sérgio Figueiredo, no DN de 28 de Setembro pp).

Vem tudo isto a propósito da recente publicação (em papel importado, claro) - editada pela Imprensa da Universidade de Coimbra e misturando

os logos da Escolas de onde são originárias, com a paternidade da prosa - por quatro beneficiárias de um projecto financiado por dinheiro dos contribuintes, de um livro intitulado “Guia Prático para a Identificação de Plantas Invasoras em Portugal”, onde o eucalipto é despudoradamente classificado como espécie invasora.

Diz o dito livro, na sua “Breve Apresentação” (na página 11) que “A lista de espécies apresentada resulta do conhecimento dos autores (sublinhado meu) e da consulta a outros especialistas” (sic), embora estes últimos nunca figurem, directa ou indirectamente citados, em nenhuma das espécies listadas.

O eucalipto, em rigor o Eucalyptus globulus Labill.,

A biologia política*

*João M. A. SoaresEng.º AgrónomoEx-Secretário de Estado das Florestas

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Opinião

é pois listado no livro, inequivocamente, como “espécie invasora”, na página 54 (a classificação mais grave de três níveis possíveis!!!)), sobre as quais o livro diz, logo na sua abertura e com relevo, (pág. 19) “NÃO as UTILIZE” (sic) e, digo eu, que é uma sorte que as autoras não recomendem “ARRANQUEM-AS E QUEIMEM-AS”!!!!

Curiosamente, todos os congéneres do dito E.globulus, presentes em Portugal, nomeadamente a sub-espécie do E. globulus, o Eucalyptus maideni (quase “irmão gémeo” daquele) são referidos como espécies semelhantes àquele, “de que deve ser distinguido” (presumindo-se pois que não são invasores…).

A primeira das características invasoras citadas no livro, para o eucalipto, é que “Regenera vigorosamente de touça”(sic) e o facto de ser “muito difícil impedir a regeneração da touça”(sic)…tal qual o castanheiro, a oliveira e o sobreiro… (comentário meu).

Diz também que se “observa frequentemente (sublinhado meu) a germinação das sementes, afastadas da árvore mãe” e que “as plantas jovens chegam a formar mantos contínuos que impedem o desenvolvimento de outras espécies” (sic), nada referindo sobre a taxa de sucesso dessas jovens plantas…

Não sendo eu um especialista no tema global das plantas invasoras, posso considerar-me – porque o estudei como parte interessada e conheço bem as plantações de eucalipto, novas e velhas, bem e mal geridas, antes e depois do fogo – em condições de afirmar que, no citado caso do eucalipto, estamos perante uma grosseira mistificação e tentativa de generalização de situações pontualíssimas (e por isso estatística e biologicamente negligenciáveis)!!!

Não cuido de saber as razões porque uma académica sénior com créditos firmados (noutras áreas), que figura entre as autoras, demorou mais de vinte anos a descobrir esta “terrível ameaça” de uma espécie presente em Portugal há século e meio mas não tenho dúvidas que esta inclusão na publicação não é nada inocente ou distraída, antes pretende, deliberadamente, reacender (mais) uma pseudo-polémica sobre o eucalipto,

pese embora estar em curso um doutoramento sobre a capacidade de regeneração das espécies florestais plantadas mais abundantes em Portugal (do conhecimento das autoras) cujos resultados serão, seguramente, muito pertinentes para esta discussão.

Depois disto tudo, como explicar aos bombeiros deste país e aos produtores florestais que a sua actividade, em defesa deste importante segmento da floresta portuguesa e da mais exportadora das fileiras silvo-industriais deste País, é meritória e se justifica, do ponto de vista do interesse nacional?

Como dizer-lhes que arriscam a vida e fazem investimentos, respectivamente, em algo que não deve ser utilizado, que deve ser arrancado e…eventualmente, queimado?

A fúria ideológica destas pessoas que professam a Biologia Política nunca soube explicar porque é que em 1960 morreram no Mundo 20

milhões de crianças com menos de cinco anos, ao passo que em 2011 – após cinquenta anos de “desmandos biológicos e industriais” – o número de mortes caiu para menos de 7 milhões e porque é que usando vacinas (criadas a partir da manipulação de seres e moléculas da Natureza que são usados fora do seu ambiente natural…) se salvam actualmente 3 milhões de vidas por ano (usando como comparação o que aconteceu no ano de 1970 e um conjunto de doenças que inclui o sarampo, o tétano, a tosse convulsa, a difteria e a poliomielite), ou seja, talvez mais do que todas as pessoas que morreram nesses anos em conflitos armados…

Os “media”, eles próprios, gostam mais de anunciar o Apocologia (Apocalipse+Ecologia) do que promover o bom senso. Talvez porque o bom senso se definia, até há pouco, como sinónimo de senso comum e este é…cada vez menos comum…

Um outro exemplo tão antigo como actual: Nas vésperas da Conferência do Rio em 1992 (erradamente chamada Cimeira da Terra, porquanto os assuntos diziam mais respeito ao Homem do que à Terra…) um conjunto de meio milhar de cientistas (da Ciência, “tout

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court”) subscreveu um apelo às Nações Unidas (organizadora do evento) e aos governantes mundiais no sentido de apelar ao estabelecimento de objectivos globais correctos e de recusar argumentos irracionais, baseados em “má ciência” (como lhe chamaria, muitos anos depois, Ben Goldacre).Nele se dizia :

(…) preocupa-nos o facto de estarmos a assistir, no limiar do séc. XXI, ao aparecimento de uma ideologia irracional que se opõe ao progresso científico e industrial e que prejudica o desenvolvimento económico e social.

(…) Aderimos totalmente aos objectivos de uma ecologia científica cuja preocupação é ter em conta, controlar e preservar os recursos naturais. No entanto, pedimos formalmente, através do presente apelo, que essa consideração, esse controlo e essa preservação sejam baseados em critérios científicos e não em preconceitos irracionais.

Quantos o leram ou o conhecem?

Mais de cinquenta (50 !) Prémios Nobel assinavam o Apelo de Heidelberg, assim ficou chamado e, nem por isso, houve na altura qualquer eco mediático dessa mensagem e o pouco que se encontra hoje na net são “estórias” procurando relacionar este apelo (ao bom senso), com uma sinistra teoria da conspiração (onde até entravam as tabaqueiras!) contra o Painel Internacional sobre as Alterações Climáticas (que iria apresentar no Rio o seu primeiro grande Relatório e que tantos telhados de vidro viria a revelar anos mais tarde) !!!

Curiosamente, Viriato Soromenho Marques, provavelmente ele próprio um aplicado estudante/praticante da Biologia Política, num denso texto filosófico, escrevia na Visão de 17 de Julho pp, criticando e dando como exemplo da “derrota da liberdade” que “…a captura da democracia

representativa pelos grupos de interesses, talvez não seja mais do que a manifestação da ocupação da esfera pública pelo triunfo total de uma ética da felicidade concreta, orientada para a conquista da “terra do leite e do mel”, aqui e agora”(sic).

Aqui está pois a base para defender a “captura da democracia representativa pelos grupos de interesses” desde que essa captura se enquadre na procura de uma felicidade abstracta e da procura da “terra do leite e do mel” que não seja nem para hoje nem para os que agora vivem…mesmo quando se acautelam, na medida do possível, a viabilidade económica e os valores ambientais e sociais das gerações futuras…

E o problema é esse: Havendo “grupos de interesses bons” e “grupos de interesses maus”… (como os Bancos) não pode caber aos que se auto designam por “bons”, colar rótulos nos “maus”, ao contrário do que defende despudoradamente a Biologia Política e os seus seguidores.

É que, como Paul Crutzen escreveu em 2000, deixámos o Holoceno (iniciado há 12 mil anos atrás) em que pensávamos ainda estar, para vivermos, desde a Revolução Industrial, no Antropoceno.

E no Antropoceno, venho-o escrevendo desde 1989, o Homem deixou de ser um “objecto da Natureza” para passar a ser o actor principal da “co-evolução socio-ecológica” dos tecnossistemas que ele próprio engendrou.

Percebe-se pois que exista quem professe a Biologia- Política ou quem a queira transformar em poder para mudar a Sociedade. O que não se percebe nem se aceita é que o faça de forma capciosa, desleal e pseudo-científica. Ainda por cima, com o dinheiro dos contribuintes!

Lisboa, 5 de Outubro de 2014

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Opinião

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Bio Economia

Resumo

Ouso de biomassa para produção de energia (térmica e/ou eléctrica) tem sido promovida por muitos governos como

uma das ferramentas para promover a mitigação às alterações climáticas.

A principal justificação para estas políticas de promoção de biomassa encontra-se no facto de que a biomassa se encontra num ciclo fechado de carbono – o carbono libertado na combustão é recapturado pela vegetação que cresce – enquanto que os combustíveis fósseis se encontram num ciclo aberto – o carbono libertado na combustão acumula na atmosfera. Este ciclo fechado de carbono associado à biomassa é muitas vezes descrito como “neutralidade de carbono”.

No entanto, a “neutralidade de carbono” tem vindo a ser alvo de intenso debate científico e alvo de ações de lobby político, quer promovendo este conceito como inteiramente válido, quer contestando-o como enviesado ou mesmo falso.

Este artigo discute vários dos argumentos usados dos dois lados do debate e conclui que a “neutralidade de carbono” é uma premisa válida na generalidade dos casos em que:1. O uso de solo não é alterado após o corte

da biomassa para energia, i.e., é dada oportunidade para que a (mesma) vegetação recupere o stock de biomassa (e de carbono) perdidos no momento do corte;

2. A escala temporal de análise é suficientemente longa para as emissões da queima de biomassa (um processo rápido) seja compensado pelo retorno de carbono à vegetação (um processo lento); e/ou

3. A escala espacial de análise seja suficientemente vasta, para que as emissões das áreas a corte em cada ano (normalmente pequenas à escala da paisagem) sejam compensadas pelo sequestro das áreas que se encontram em crescimento (normalmente vastas à escala da paisagem).

A “Neutralidade de Carbono”

O Carbono faz parte de diversos combustíveis como os hidrocarbonetos, o carvão, o gás natural e a biomassa. A combustão destes combustíveis dá origem a energia térmica (usada diretamente ou para produzir electricidade) e a diversos gases, entre os quais o Dióxido de Carbono.

No entanto, há uma diferença substantiva entre o uso de combustíveis fósseis e o uso de biomassa: o Carbono contido nos combustíveis fósseis é um carbono que existe no subsolo há milénios e que não interage com a atmosfera até ao momento da combustão; no caso da biomassa esse mesmo Carbono teve origem na atmosfera (acumulado ao longo dos últimos anos/décadas) e é libertado de novo no momento da combustão (ver Figura 1).

Esta representação, embora simplificada, permite desde já fazer algumas observações sobre a “neutralidade de carbono”.

Existe Neutralidade de Carbono no Uso de Biomassa para Energia?**Paulo CanaveiraTerraprima, Serviços [email protected]

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Figura 1: Ciclo de Carbono associado à produção de energia. Ciclo aberto a partir de combustíveis fósseis (à esquerda). Ciclo fechado a partir de biomassa (à direita).

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Bio Economia

Desde logo, a premissa de ciclo fechado só é válida na medida em que a vegetação cortada seja substituída por outra vegetação que tenha a capacidade de vir a reter pelo menos a mesma quantidade de carbono.

Um exemplo extremo em que tal não acontece encontra-se num hipotético uso de biomassa proveniente de zonas desflorestadas. Neste caso, o carbono libertado na combustão (e que provinha da floresta) não será obviamente substituído por novo sequestro, já que nessa área não tornarão a crescer árvores.

Note-se no entanto que na generalidade dos sistemas de produção usados em Portugal e na Europa a um corte sucede-se a plantação ou regeneração natural de uma floresta do mesmo tipo, pelo que este potencial problema não se colocará na esmagadora maioria dos casos.

A outra observação a fazer é a constatação de que o ciclo de carbono da biomassa nunca é 100% neutro, ne medida em que as operações florestais de plantação, manutenção florestal, exploração florestal, processamento e transporte de biomassa são elas próprias atividades onde ocorrem algumas emissões. No entanto, e na generalidade dos casos, o peso destas emissões no total de carbono contido na biomassa explorada é bastante diminuto e este facto não altera de forma substancial o quadro de “neutralidade” da biomassa. A este respeito note-se ainda que também os combustíveis fósseis precisam de ser explorados, transformados e transportados para poderem ser utilizados, pelo que as emissões destas atividades acrescem ao impacto do seu uso.

A Escala Temporal e a “Dívida de Carbono”

Uma das críticas à noção de neutralidade de carbono no uso de biomassa prende-se com as diferentes velocidades a que ocorrem os processos de combustão (libertação rápida do carbono contido na biomassa) e os processos de fotossíntese (acumulação lenta de carbono na biomassa).

Assim, o carbono retirado de uma área florestal provoca uma emissão que só será gradualmente

compensada ao longo do tempo, à medida que a floresta recupera a biomassa perdida. Dependendo da quantidade de biomasssa inicialmente retirada e do tipo de floresta em causa, este tempo de recuperação pode ir de alguns anos a muitas décadas. Assim cria-se o que alguns chamam uma “dívida de carbono” em que o carbono emitido hoje vai sendo “pago” em pequenas parcelas ao longo do tempo até que seja recuperada a biomassa que estava presente no povoamento antes do corte (ver Figura 2).

No entanto, por vezes este conceito é criticado por ser insuficiente, já que o povoamento florestal original, e na ausência de corte, teria continuado a crescer, pelo que o uso dessa biomassa só se torna neutro quando a floresta em recuperação atinge o volume de carbono que estaria presente “na ausência de corte”, o que pode nunca acontecer, ou levar centenas de anos a acontecer (ver Figura 3).

Na verdade, esta representação não enquadra devidamente a questão, já que a queima de biomassa induz uma poupança de emissões na queima de combustíveis fósseis (que são substituídos por este combustível). Quando levamos em conta esse factor pode-se observar que o benefício de

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Figura 2: Ilustração do conceito de dívida de carbono associado a um corte de biomassa florestal aos 20 anos

Figura 3: Comparação entre o volume de carbono de um povoamento cortado e um povoamento não sujeito a corte

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Bio Economia

usar biomassa acaba por ultrapassar o benefício de não cortar o povoamento (ver Figura 4).

Como é possível inferir também a partir da Figura 4 não é possível determinar de forma universal o tempo que demorará a recuperar um determinado stock de carbono. Na verdade, este tempo irá depender de:• Proporção da biomassa original que é cortada;

quanto maior for, maior será o tempo necessário para recuperar os stocks “em falta”

• Taxa de crescimento do tipo de floresta em causa; quanto maior for a taxa de crescimento, menor será o tempo necessário para recuperar os stocks “em falta” – por exemplo será maior numa floresta boreal do que numa floresta temperada

• Combustível e tecnologia de combustão substituída; quanto mais ineficiente for a tecnologia e/ou poluente for o combustível substituídos menor será o tempo necessário para recuperar os stocks “em falta” – por exemplo será menor quando substitua carvão numa central eléctrica ineficiente do que gás natural numa moderna central de cogeração

No entanto, e sob Gestão Florestal Sustentável, os povoamentos não são cortados apenas uma vez, mas sim em ciclos de crecimento e corte, onde em períodos mais ou menos fixos se extraem quantidades semelhantes de biomassa (ver Figura 5).Nestas situações, a emissão evitada pela substituição de combustíveis fósseis vai aumentando ao longo do tempo, à medida que a biomassa vai sendo produzida e utilizada para produzir energia (ver Figura 6). Embora possa demorar mais tempo, o benefício combinado de extração de biomassa e da poupança de emissões acabará por ser superior ao do povoamento não cortado.

Finalmente, é criticável que nestas análises o cenário florestal de base para fazer estas comparações seja quase sempre um povoamento florestal não cortado, por dois tipos fundamentais de argumentos:• Em florestas de produção e sob gestão privada,

o modelo de “não corte” não é geralmente um modelo de comparação aceitável, já que o proprietário tem expetativas de rendimento que não são materializáveis nesse cenário e existiria sempre algum tipo de extração de biomassa

• A curva de “floresta sem corte” acaba por ser uma curva idealizada que dificilmente se materalizará, já que as florestas estão sujeitas a riscos naturais como fogos, ventos, pragas e doenças que, para este efeito, se comportam como “cortes naturais” de biomassa, mas sem gerarem o benefício de substituição de combustíveis fósseis na produção de energia

A Escala Espacial

O raciocínio descrito só é válido quando estão em análise pequenas parcelas consideradas em isolamento do restante contexto florestal. Olhando

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Figura 4: Comparação entre o volume de carbono num povoamento cortado e num povoamento não sujeito a corte, considerando também a poupança de emissões com combustíveis fósseis

Figura 5: Comparação entre o volume de carbono de um povoamento cortado em regime de Gestão Florestal Sustentável e um povoamento não sujeito a corte

Figura 6: Comparação entre o volume de carbono num povoamento cortado em regime de Gestão Florestal Sustentável e num povoamento não sujeito a corte, considerando também a poupança de emissões com combustíveis fósseis

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para os sistemas florestais a escalas mais alargadas (de uma paisagem), o que se observa é que as parcelas que se encontram a corte num dado momento são quase sempre uma fração diminuta de todas as parcelas florestais existentes, pelo que a emissão que ocorre nessa parcela é provavelmente compensada pelo crescimento florestal que se observa na generalidade das restantes parcelas, pelo que à escala da paisagem esta emissão não se faz sentir.

Uma comparação simples de dois indicadores pode avaliar se estas compensações à escala da paisagem estão a ocorrer: a comparação entre o acréscimo médio anual numa dada área e o volume cortado em cada ano nessa mesma área. Enquanto o acréscimo de volume for superior ao volume extraído estaremos seguros de que a extração de biomassa (para energia, mas também para indústria e por causas naturais) não está a degradar o património florestal dessa paisagem.

Biomassa para Energia não deve dominar Exploração Florestal

A biomassa é um recurso finito e deve ser usada de forma eficiente. O uso para energia é um dos usos possíveis, mas os benefícios económicos e de redução de emissões não são necessariamente maximizados com essa forma de utilização.

Na verdade, muitos produtos podem ser feitos com biomassa florestal ou com materiais alternativos, por exemplo, no sector da construção. Nestas situações tipicamente o uso de matérias-primas florestais traduz-se em reduções significativas de emissões, quando comparada com outras matérias-primas que podem ser utilizadas para o mesmo fim; por ex. vigas de madeira versus betão; soalhos em madeira versus alcatifa sintética; janelas em madeira versus em alumínio; rolhas de cortça versus plástico (ver Figura 7). Com frequência estes benefícios são superiores aos que se obteriam com a utilização dessa mesma biomassa para energia.

Importa assim salvaguardar que a biomassa existente é utilizada da forma mais eficiente possível para a sociedade, devendo ser devidamente triada e cada tipo de biomassa utilizado da forma que gera mais valor (social, ambiental e económico).

Importa também ter presente que a extração de biomassa não produz apenas uma extração de carbono. Com ela saem outros nutrientes pelo que a intensificação da exploração florestal deve ser acompanhada para que não se promova – ainda que de forma involuntária – uma degradação da fertilidade dos nossos solos, que apresentam já sinais preocupantes em muitas regiões do País.

Finalmente importa recordar que a produção de biomassa para energia é uma das múltiplas funções que a sociedade reconhece e exige dos seus espaços florestais. Esta utilização é legítima mas deve ser equilibrada, quer com outras funções ambientais (nomeadamente conservação de solos e da biodiversidade), quer com outras funções sociais e económicas.

Conclusão

Respeitados alguns princípios básicos, o uso de biomassa para energia pode e deve fazer parte das opções energéticas do País. Trata-se de uma fonte endógena de energia, que é explorada a partir de um recurso renovável e, por isso mesmo, contribui para a nossa segurança energética e para o combate às alterações climáticas.

Figura 7: Ciclo de Carbono associado à produção de bens a partir de matérias-primas não renováveis (à esquerda) ou a partir de biomassa (à direita).

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Muito além de suas belezas naturais, riqueza cultural e sua vocação para agropecuária, o Maranhão despontou

no horizonte da Suzano Papel e Celulose no início da década de 1980, como uma região de grande potencial para a produção de celulose. Na época, a empresa iniciou investimentos em um centro de pesquisas florestais, no município de Urbano Santos, com o intuito de adaptar os clones de eucalipto aos regimes de chuva, radiação solar e solo diferentes das demais regiões onde atuava.

Com capacidade de produção de 1,5 milhão de toneladas de celulose, excedente de 100MWh de energia e investimento total de US$ 3 bilhões na área industrial e formação da base florestal, a Unidade Imperatriz, anunciada em meados de 2008, entrou em operação em dezembro de 2013 e marcou o início das comemorações de 90 anos da Suzano, entrando para a história do setor como referência em produção de celulose com rentabilidade diferenciada. Esta competitividade está garantida por seus diferenciais estruturais e a logística de escoamento 100% ferroviária, com exportação via Porto de Itaqui, mais próximo dos mercados europeu e norte-americano, atendidos prioritariamente.

Durante todo o processo de implantação desta nova fábrica, o desafio foi constante. Desbravar uma região totalmente nova, sem tradição industrial, exigiu da Suzano investimentos importantes na formação de mão-de-obra e prestadores de serviços tanto para a etapa de obras quanto para a operação. Na construção civil, a Unidade Imperatriz atingiu o pico de 11,5 mil pessoas trabalhando, com o aproveitamento de mão-de-obra local em algumas fases da obra, da ordem de 70% do total de trabalhadores. Para atingir esse marco, a Suzano capacitou 7 mil pessoas para trabalhar na construção e outras

500 pessoas para a operação da unidade, das quais 300 foram contratadas pela Suzano. No total, com a fábrica já em operação, a perspetiva de geração de empregos é de 3.500 diretos e 15.000 indiretos. A logística durante as obras também desafiou os engenheiros encarregados do projeto: a fábrica está a mais de 600 quilómetros do Porto de Itaqui. O transporte de equipamentos como caldeiras, turbinas, transformadores e tanques exigiu um detalhado planeamento que garantisse a entrega sem danos aos equipamentos e, especialmente, com o menor impacto possível para a população do entorno.

A Unidade Imperatriz foi construída utilizando tecnologias de ponta, eficientes e limpas, e conta com equipamentos considerados estado da arte no setor, entre eles, duas secadoras e dois fornos de cal, que possibilitam maior flexibilidade operacional, maior estabilidade na produção e menores custos.

Parceiros

Para colocar a unidade em funcionamento, a Suzano contou com reconhecidos fornecedores de serviços e equipamentos, como Metso Paper (hoje Valmet), Siemens, Pöyry, entre outros. Ao todo, cerca de 700 empresas fornecedoras estiveram

A nova fronteira da celulose*

*Adriano Canela, Diretor de Projetos e Inovação da Suzano Papel e Celulose

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Novos Investimentos

envolvidas no projeto, sendo 40% do Maranhão.

Os projetos conceitual, básico e detalhado de engenharia da Unidade Imperatriz ficaram sob responsabilidade da Pöyry. A Siemens foi a fornecedora da solução elétrica completa, desde o sistema de distribuição até os turbogeradores. À Valmet (antiga Metso Paper), couberam todas as ilhas de processo.

Caldeira de recuperação

A caldeira de recuperação instalada na Unidade Imperatriz é atualmente a maior em operação na América do Sul com área de secção transversal da fornalha de 323 m2, com tecnologia RECOX, High Power Generation, que permite um alto nível de geração de vapor. O equipamento tem 105 metros de altura, que equivalem a um edifício de 35 andares. Mas não é só no tamanho que a caldeira se destaca. O sistema de monitoramento e as tecnologias de automação embarcadas são o que há de mais atual no mercado.

Fornecida pela Valmet, a caldeira tem capacidade de queima de 7000 tss/dia e as condições de vazão (1207 t/h), pressão (92 bar) e temperatura do vapor (490°C) gerado otimizadas, com o objetivo de maximizar a geração de energia elétrica nos turbogeradores. O aumento da temperatura e da pressão do vapor e a adequação ao conceito RECOX – em que a água de alimentação e o ar de combustão são aquecidos em temperaturas superiores a 180°C e 160°C, respetivamente, e a sopragem é feita com vapor de pressão inferior a 21 bar – exigiram o uso de materiais mais nobres nas áreas de pressão da caldeira e incremento de equipamentos auxiliares.

O tratamento de água da caldeira de recuperação, responsável por cuidar da qualidade do vapor gerado, usa tecnologia de Osmose Reversa e tem capacidade de 600 m3/h e polimento condensado de 840 m3/hora, com tecnologia da Veolia Water.

Pátio de madeira

No pátio de madeira, três linhas de picagem abastecem a fábrica com matéria-prima e têm capacidade de 420m3/h cada, totalizando 1260 m3/h.

A primeira fase de engenharia envolveu o levantamento dos itens que necessitariam de melhorias nos projetos de equipamentos e controles, sendo também realizadas visitas técnicas em plantas similares no Brasil e exterior, com reuniões e discussões entre equipas da Suzano Papel e Celulose, além da diligência realizada no exterior para avaliar a fabricação dos principais equipamentos.

A madeira chega por caminhões, podendo ser armazenada no pátio de armazenamento de toros

com auxílio de gruas móveis ou descarregada diretamente nas mesas por gruas fixas. As linhas de picagem incluem picadores de disco com alimentação por gravidade.

Os cavacos produzidos são estocados na pilha circular e posteriormente peneirados para fabricação da celulose.

O material não aproveitado – finos, overs e cascas oriundos das linhas de picagem – e o lodo primário da estação de tratamento de efluentes são direcionados para a queima na caldeira de força para geração de vapor e energia. Com isso, transformam-se os resíduos de processo em material combustível para geração de energia e reduz-se o descarte sólido da unidade.

Cozimento, linha de fibras e evaporação

Com capacidade de 4.750 toneladas de polpa branqueada ECF por dia, a área de cozimento inclui um Compact Cooking G2 para alto rendimento e baixa geração de rejeito, e prensas TwinRoll Press Evolution, ambos da Valmet. O principal desafio da Engenharia foi projetar com tecnologias de ponta os equipamentos principais para essa alta produção, incluindo as nove prensas de lavagem e branqueamento – Evolution 5ª geração.

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Novos Investimentos

Na primeira etapa do cozimento, o vaso de impregnação é alimentado com cavaco por meio de correia transportadora que, em seguida, é bombeado para o digestor, onde ocorrerá o cozimento e lavagem. Na etapa seguinte, ocorre a depuração da polpa com a retirada de nós, palitos e areia e, posteriormente, a lavagem desta polpa e deslignificação com oxigênio, para então dar início ao pré-branqueamento. O branqueamento final é realizado em quatro estágios e a polpa produzida é armazenada em duas torres para alimentação das máquinas de secagem. Os efluentes e gases oriundos do processo são captados e tratados.

A planta de evaporação, fornecida pela Valmet, tem capacidade para evaporar 1.600 ton/h de água, aumentando a concentração de sólidos do licor para a queima eficiente na caldeira de recuperação.

Secagem, forno e caustificação

Uma das grandes inovações do projeto da Unidade Imperatriz foi a instalação de duas secadoras e dois fornos de cal fornecidos pela Valmet. Com capacidade para 5 mil toneladas de celulose por dia, as duas secadoras atendem a capacidade anual instalada de 1,5 milhão de toneladas. A duplicação garantiu mais flexibilidade operacional, mais estabilidade na produção e redução de custos. O objetivo é que, caso algum dos equipamentos apresente problemas, seja possível prosseguir com a operação em capacidade reduzida, mas sem a necessidade de parada total da linha.

Os principais desafios em todas as fases de engenharia da área de secagem, que conta ainda com cinco linhas

de enfardamento de alta capacidade, foi a quebra de paradigmas entre os fornecedores e o aproveitamento das lições aprendidas em projetos similares. A primeira fase de engenharia iniciou-se com a verificação de todos os controles principais das máquinas de secagem, dando ênfase aos cálculos de produção em todas as malhas de controlo e também em todos os interlocks de processo, por meio da documentação recebida da Valmet. As próximas fases seguiram em reuniões

e discussões entre equipas de engenharia da Valmet – finlandesa e brasileira – e da Suzano Papel e Celulose, com objetivo de validar todos os cálculos e interlocks.

Após a validação final de toda a documentação com todos os controles das máquinas de secagem, partiu-se para o Teste de Aceitação de Fábrica (TAF) com a participação operacional e também da consultoria especializada, que juntamente com a equipe de operação, validava os cálculos e controles de processo, com o devido conhecimento para esta etapa. Nesta fase houve inúmeras melhorias tendo como referência projetos anteriores e similares, com a participação da equipe de engenharia e de operadores da Suzano Papel e Celulose. Ainda nesta fase, foram realizados testes em todas as funções e cálculos de produção e treinamento operacional por meio de simulador, com vários cenários operacionais criados pela equipe da Suzano de forma prévia.

A planta de caustificação e fornos de cal fornecidos pela Valmet tem capacidade instalada para processar 16 mil m3 por dia de licor branco e possui moderna tecnologia de filtros a disco para licor verde, branco e lama de cal.

Energia elétrica

Outra importante inovação da Unidade Imperatriz é a instalação de dois turbogeradores de 127,42MW cada que, somados a outros equipamentos com elevados níveis de eficiência energética, permitem que a fábrica seja autossuficiente e ainda gere um excedente de 100 MW. Cada turbo gerador pesa cerca de 350 toneladas e tem, aproximadamente, 20 metros de comprimento.

Estes equipamentos, com 13,8kV de potência cada e transformadores de 120/150MVA, estão instalados na Usina Térmica Suzano, que é interligada à rede básica de energia na subestação de Imperatriz, da Eletronorte, por uma linha de transmissão de 230kV e cerca de 10 quilômetros de extensão. A instalação da subestação e da linha de transmissão teve como principais desafios o período chuvoso e a aprovação de documentos junto aos órgãos públicos estaduais e federais para que atendesse o prazo de comissionamento e start-up da fábrica.

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Aproximadamente 80 MW da energia excedente são vendidos e interligados às linhas de transmissão da Eletronorte, enquanto 20 MW são consumidos pelos fornecedores instalados junto à unidade.

Automação

Para a Unidade Imperatriz, a Suzano adquiriu um Sistema Digital de Controlo Distribuído (SDCD) Metso. A solução integrada de automação para todas as áreas de processo inclui controlos de processo avançado, controles transversais, dois sistemas de monitoramento de quebra de folhas (WRM) e sistemas de monitoramento de condições e de gestão da qualidade de fardos.

Fornecido pela Metso Automation, o SDCD permite a otimização e gerenciamento da planta em tempo real, reduzindo a quantidade de insumos e maximizando a estabilidade da produção e qualidade final do produto.

Entre os benefícios do SDCD estão a facilidade e agilidade na identificação de problemas de Hardware e de Software, a Sequência de Eventos (SOE), que auxilia a operação e a manutenção no diagnóstico do primeiro evento e trip nas áreas produtivas; o Gerenciamento de Ativos, que possibilita a manutenção, conhecimento e interação com todos os instrumentos da planta, fornecendo a possibilidade de gerenciar e exibir informações básicas das malhas em “tempo real” e históricos de diagnóstico que agilizam a rotina para encontrar e identificar malhas problemáticas do processo; e a comunicação entre sistema de automação e sistema elétrico, que permite interfaces com motores, no-breaks, sistema de ar comprimido, chiller, ar condicionado, entre outros.

Essa integração só foi possível pelo uso de tecnologia estado da arte definida durante a Engenharia Conceitual, buscando a otimização dos processos, qualidade da informação e gerenciamento da produção.

Tratamento de água e efluentes

O tratamento de água da Unidade Imperatriz utiliza o processo Multiflo, com filtros de alta taxa tipo TGV, com capacidade de 7 mil m3/he inclui o fornecimento de água tratada de alta qualidade para a produção de celulose e água desmineralizada para geração de vapor. O sistema foi fornecido pela Veolia Water.

Para o tratamento de efluentes, a fábrica utiliza tecnologia que reduz ao máximo a carga orgânica, incluindo DQO (80%), DBO5 (99%), sólidos suspensos e outros por processo de lodo ativado de dois tipos: aeração prolongada com seletor aeróbico e dois estágios. O fornecimento da planta ficou sob responsabilidade da Centroprojekt.

Ilha Química e Planta de Oxigênio

De olho na oportunidade de garantir maior segurança ao processo produtivo, reduzir o transporte de algumas substâncias químicas e as emissões e compartilhar a infraestrutura da unidade, a Suzano levou para Imperatriz o modelo de Ilha Química, em parceria com a Akzo Nobel. Esta ilha consiste em uma planta instalada dentro do complexo industrial, abrigando todos os químicos utilizados na produção de celulose desde a fabricação, armazenamento, fornecimento e manipulação destes suprimentos.

A Air Liquide, que fornece o oxigénio e outros gases utilizados na produção, também se instalou no complexo industrial da Unidade Imperatriz.

Com um processo inovador de separação de ar, por destilação criogénica, a planta permite a produção de nitrogénio, argónio e oxigénio líquido, além do oxigénio gasoso, utilizado nos processos de deslignificação e oxidação de licor para o branqueamento.

Esta solução traz aumento significativo de confiabilidade no abastecimento sem que ocorrências como

dificuldades de transporte, falta de mão-de-obra ou estrutura deficiente impactem o fornecimento. Todos estes players são abastecidos com a energia

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Novos Investimentos

excedente da fabricação de celulose e utilizam estas unidades avançadas para atender também outros clientes na região Norte e Nordeste com um volume de produção adicional.

Comissionamento e curva de aprendizagem

O primeiro circuito a entrar em operação foi o de utilidades – água, vapor, energia elétrica e ar comprimido –, dando início aos testes nas áreas de processos representadas por caldeiras, evaporação e pátio de madeira, entre outros.

O teste hidrostático da caldeira de recuperação, que avalia a soldagem das tubulações de pressão, foi um marco na montagem. A caldeira foi alimentada com 1,2 mil m3 de água e pressurizada a 190 bar, com o objetivo de verificar potenciais vazamentos ou fragilidades.

O sucesso nessa etapa deu espaço para avançar nos testes de queima com óleo combustível e licor negro, que representam o início efetivo do processo produtivo.

Durante a fase de comissionamento da máquina de secagem, os testes validaram a montagem elétrica e instrumentação com foco em controlos precisos, por meio de testes com água e polpa dissolvida, aproximando-se de condições operacionais reais. Foram feitos nesse período os ajustes dinâmicos de processo, diminuindo a variabilidade em todos os controles. Hoje, a fábrica opera com aproximadamente 100% dos controles das máquinas de secagem em modo automático, sem intervenção operacional.

Ao longo do primeiro semestre de operação, a companhia centrou esforços em garantir a boa execução da curva de aprendizagem, conforme termos de contrato com fornecedores, previsto para se encerrar em 18 meses a partir do start-up. O ramp-up da operação tem apresentado bons resultados, que já permitiram à companhia atingir a capacidade nominal da linha. O foco, agora, é trabalhar na perenidade das operações e nos investimentos constantes na capacitação de fornecedores locais para manutenção de equipamentos, transporte de produtos, madeira, pessoas e desenvolvimento das atividades comerciais e serviços da região.

Logística

A Unidade Imperatriz está estrategicamente localizada para a distribuição de celulose a mercados internacionais, em especial Europa e Estados Unidos, garantindo um importante diferencial ao projeto, pois apresenta um ganho de quatro dias de frete em relação aos demais portos do Sudeste do País.

Para o abastecimento desta Unidade, a logística inbound é baseada em rodovias já existentes na região. Já para escoar a celulose produzida, é utilizado somente modal ferroviário até o Porto de Itaqui, em um percurso de 630 quilómetros. Esta operação está garantida por contrato com a Vale, que assume a responsabilidade pelo transporte da celulose, entre 2014 e 2043, valendo-se das Ferrovias Carajás e Norte-Sul. Para garantir a ligação entre a fábrica e a malha ferroviária pré-existente, o projeto incluiu também a construção de um ramal ferroviário de 28 quilómetros. A partir deste ponto há uma conexão com a Ferrovia Norte-Sul, percorrendo 100 quilómetros até a Estrada de Ferro Carajás e mais 500 quilômetros até o Porto de Itaqui.

Base florestal

A base florestal da Unidade Imperatriz começou a ser formada em 2008 e reúne a experiência de mais de 25 anos de pesquisa

florestal da companhia na região, garantindo um portfólio genético apropriado.

O suprimento de madeira está, assim, garantido e virá de plantios de eucaliptos próprios e de produtores locais através do Programa de Parceria Florestal no Maranhão e Tocantins; do Programa Vale Florestar, no Pará; e de ativos florestais adquiridos da Vale, em 2009, no sudoeste do Maranhão.

Tanto a fábrica, quanto as florestas da Suzano no Maranhão, já contam com a certificação Forest Stewardship Council® (FSC®). O selo, concedido pela certificadora Imaflora, atesta a rastreabilidade da produção, desde a matéria-prima até o consumidor final.

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Novos Investimentos >> Entrevista

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Neste número da revista Pasta e Papel publicamos

um interessante artigo sobre a nova Unidade Imperatriz que a Suzano Papel e Celulose implantou em pleno Maranhão. Um desafio constante, desde o desbravar uma região

totalmente nova, sem tradição industrial, até à logística durante as obras (a fábrica está a mais de 600 quilômetros do Porto de Itaqui), passando pela escolha dos fornecedores dos serviços e equipamentos, em que foram utilizadas tecnologias de ponta, eficientes e limpas e equipamentos considerados estado da arte no setor.Estas considerações mostram a importância que foi atribuída à elaboração dos projetos conceitual, básico e detalhado de engenharia, determinantes no sucesso do investimento.Coube à Poyry a sua execução, pelo que achámos oportuno trazer ao conhecimento dos nossos leitores uma entrevista sobre este assunto com Márcia Mastrocola, diretora de operações, engenharia e processos para Papel e Celulose da Pöyry na América Latina:

A participação da Poyry no projeto de Imperatriz (MA) da Suzano Papel e Cartão. Quer descrever as várias áreas de intervenção desde o início até ao final?A Pöyry participou de todas as fases do projeto, desde a concepção até o start-up. Na primeira fase, fomos responsáveis pelos estudos conceituais, de localização do site, licenciamento ambiental, de mercado e logística inbound e outbound, definição de CAPEX e viabilidade econômica. Uma vez definido o local de instalação da fábrica, a Pöyry realizou o projeto de engenharia básica, a implantação da infraestrutura e do BOP (Balance of Plant), na modalidade EPCM (Engineering, Procurement and Construction Management).

Um dos projetos realizados foi o Balance of Plant (BOP); quer nos indicar em que consistiu e como foi realizada, com

sucesso, a interação com vários outros fornecedores do projeto?Na fase de implantação, a Pöyry foi a primeira empresa a se estabelecer no site para gerenciar as obras de infraestrutura e do BOP. O Balance of Plant incluiu todas as interligações entre as diversas áreas de processo, as plantas auxiliares –como torres de resfriamento, sistema de ar comprimido, sistema de água gelada, captação de água bruta e emissário de efluente.Além disso, a Pöyry também gerenciou a implantação das Estações de Tratamento de Água (ETA) e Estações de Tratamento de Efluentes (ETE), bem como a Unidade de Tratamento de Água para Caldeira.

A Poyry tem tido uma participação ativa no desenvolvimento da indústria de celulose e papel do Brasil (Rigesa, Fibria, Alcoa, Alumar, Klablin, Veracel, entre outros). Quer destacar algumas especificidades destes projetos e como a Poyry conseguiu dar uma resposta com êxito, contribuindo assim para o sucesso da indústria brasileira? A Pöyry está no Brasil há 40 anos. Neste período, estivemos envolvidos em todos os grandes projetos da indústria de celulose e papel no País. Nosso diferencial é a expertise na área, contando com equipe local e global para apoiar nossos clientes na definição das melhores soluções técnicas e de metodologia de implantação. Isso nos permite atuar em todo o ciclo de vida dos projetos, desde a fase de engenharia conceitual, estudos de localização do site, definição de infraestrutura necessária, estudos ambientais, engenharia de detalhamento e gerenciamento.

Quais as perspectivas futuras da indústria de celulose e papel no Brasil? Será de confirmar uma forte aposta nos segmentos de produção de tissue e papel para embalagens? Para os próximos anos estima-se que a indústria de celulose continuará crescendo com a implantação de grandes projetos já em fase de estudo. Para o mercado de embalagem espera-se um crescimento sustentável e consolidação do mercado.

A Poyry e o Projeto Imperatriz

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Novos Investimentos

AKlabin, a maior produtora e exportadora de papéis do Brasil, está a comemorar 80 anos de presença no Paraná. Este receberá

o maior contributo financeiro privado de sua história com as obras da nova fábrica da empresa, no município de Ortigueira. Com investimentos da ordem de R$ 5,8 bilhões (1 825 milhões de euros) - excluindo ativos florestais, melhorias em infraestrutura e impostos - o Projeto Puma (vd. nº 65 desta revista) deverá ser inaugurado em 2016 e permitirá que a companhia duplique o seu tamanho.

O projeto será responsável pela produção de 1,5 milhão de toneladas de celulose por ano, sendo 1,1 milhão de fibra curta e 400 mil de fibra longa. Parte desta produção será direcionada para a fabricação de pasta fluff, pasta de fibra longa absorvente utilizada na fabricação de fraldas descartáveis. Com a nova fábrica, a Klabin será a primeira empresa a produzir esse tipo de pasta no Brasil.A base florestal da Klabin no Paraná foi iniciada em 1934 com a aquisição da Fazenda Monte Alegre, local que viria a dar origem ao município de Telêmaco Borba. Em 1946, a empresa inaugurou a primeira fábrica integrada de pasta e papel do país, que foi responsável pela produção pioneira de papel de jornal 100% brasileiro. Atualmente, a Unidade Monte Alegre está entre as maiores produtoras de papéis de fibra virgem na América Latina. Responsável pela produção de kraftliner e cartão para líquidos, utilizado em embalagens de alimentos e bebidas, também comercializa toros de madeira. As áreas de florestas da Klabin no Paraná somavam, em dezembro de 2013, mais de 110 mil hectares de áreas para preservação e 142 hectares de áreas reflorestadas com pinheiro e eucaliptoReforçando o compromisso histórico da Klabin com o desenvolvimento social e económico das comunidades que a cercam, a companhia

investe em projetos de meio ambiente, formação profissional, educação e cultura para a população local.

O Projeto PUMA

Engenharia geralPöyry, multinacional finlandesa de consultoria e serviços de engenharia, fechou contrato com a Klabin para a prestação de serviços para uma significativa parte do BOP (Balance of Plant) na modalidade EPCM (Engineering, Procurement and Construction Management) do Projeto Puma, no Brasil. O programa do trabalho inclui a interligação entre as diversas áreas do processo, sistemas de captação de água bruta e emissão de efluentes, torre de refrigeração, sala de controlo central, movimentação e dosagem de produtos químicos e outros sistemas complementares.

O projetoO projeto Puma consiste numa nova fábrica de celulose que utilizará o que há de mais moderno em termos de tecnologia e será instalada em Ortigueira, Estado do Paraná, na região Sul do País. A matéria-prima da fábrica será madeira de eucalipto e de pinheiro, proveniente de plantações próprias da Klabin em áreas adjacentes à fábrica. A capacidade anual da fábrica será de 1,1 milhão de toneladas de pasta branqueada de fibra curta (em fardos) e 0,4 milhão de toneladas de pasta branqueada de fibra longa (fardos e também “fluff”).

Klablin comemora os 50 anos de presença no Paraná, quando desenvolve o maior projeto da sua história

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Novos Investimentos

O Projeto Puma é o maior investimento da história da Klabin. A empresa, fundada em 1899, já mantém em funcionamento 16 unidades industriais – 15 no Brasil e uma na Argentina, focando-se em mercados como o de embalagens de papel e cartão, embalagens de cartão canelado e sacos industriais.O início das operações da nova fábrica está programado para o primeiro semestre de 2016.

Páteo de Madeiras e Linha de Produção de FibraA empresa de engenharia austríaca Andritz recebeu a encomenda para o fornecimento de cerca de 300 milhões de euros (412 milhões de dólares) em equipamentos para esta fábrica de celulose da Klabin. A Andritz irá fornecer equipamentos para o pátio de madeira e para a linha de fibras da unidade:

•Pátio de madeira completo (quatro linhas de descasque e picagem de madeira, transportadores, dois sistemas de armazenamento e recuperação de cavacos, crivos e sistema de armazenagem e distribuição de biomassa).

•Duas linhas de fibra completas: Fibra longa(Pine Line) de 400 mil ADT/ano e Fibra curta (EucaLine) de 1,1 milhão de ADT/ano (digestor Lo-Solids® + lavagem, depuração e branqueamento baseado na tecnologia DD Washer);

•Linha de lixívia branca completa (caustificação e forno de cal) projetada para produzir 16 mil m³/dia de lixívia branca destinado à linha de cozimento e dois fornos de cal, cada um de 650 t/dia.

A linha é baseada nas tecnologias LimeGreen™,LimeFree, LimeWhite™ e LimeDry™.

Linhas de secagem de pastaA Valmet e a Klabin SA assinaram um contrato de fornecimento. De acordo com o mesmo, a Valmet fornecerá duas linhas de secagem de celulose para nova fábrica da Klabin em Ortigueira, no Paraná, Brasil.

O acordo envolve uma linha de secagem de celulose de fibra curta (eucalipto) com capacidade para até 3.500 toneladas diárias de celulose e outra linha com capacidade para até 1.300

toneladas diárias de celulose fluff, de fibra longa, além de outros equipamentos como cortadores e linhas de enfardamento.

O valor do contrato não foi revelado, mas, segundo a Valmet, projetos com esse perfil estão avaliados entre 150 milhões e 200 milhões de euros.O acordo também inclui obras de construção civil, além das atividades de comissionamento e treino de funcionários, entre outras iniciativas. A previsão da Valmet é de que o contrato com a Klabin gere 500 empregos, incluindo funcionários na Finlândia, na Suécia e no Brasil.

EnergiaA ABB irá fornecer um sistema de distribuição de energia de 34,5kV, com base na tecnologia de painéis isolados a gás (GIS). O contrato, efetuado no segundo trimestre de 2014, está avaliado em U$ 20 milhões e inclui os serviços de projeto, fornecimento, comissionamento e arranque. A engenharia para o sistema já está em andamento. A implementação e o comissionamento serão realizados no segundo trimestre de 2015.

A fábrica em Ortigueira será autossuficiente em energia elétrica, gerando 270MWh de energia. Desse total, 120MWh serão utilizados para consumo próprio e um excedente de cerca de 150MWh – energia suficiente para abastecer uma cidade de meio milhão de habitantes – será vendido ao mercado. Toda a energia produzida pela Klabin será limpa, proveniente de fontes renováveis, sem queima de combustíveis fósseis.

A localizaçãoO aprofundamento dos estudos de implementação da nova fábrica resultou na escolha do município de Ortigueira (PR) como o local que melhor atende aos requisitos necessários para o desenvolvimento do projeto.

Ortigueira, município com o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Paraná, segundo a ONU, terá um impulso relevante em sua economia e desenvolvimento social com a implantação do novo empreendimento.A partir da escolha do município, foi elaborado o estudo e o relatório do impacto ambiental (EIA-RIMA) que avaliou multidisciplinarmente aspectos sociais, históricos e ambientais tais

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como a qualidade da água, ar e solo do local de instalação, nível de ruído, investigação arqueológica, entre outros elementos passíveis de monitoramento com a implementação da fábrica.Em dezembro de 2012, a Licença Ambiental de Instalação, documento que autoriza a construção da fábrica, foi emitido pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP).

Além dos requisitos legais para a obtenção da Licença e objetivando pensar no desenvolvimento sustentável da área influenciada pela sua nova unidade, a Klabin mapeou as principais necessidades da região a partir do envolvimento das partes interessadas nas comunidades, envolvendo a sociedade civil, instituições de ensino, o poder público dos municípios da região e colaboradores da própria empresa.Como próximos passos, estão previstos o aprofundamento da compreensão das realidades locais, o envolvimento de atores-chave e o mapeamento de oportunidades, para que a proposta da empresa para o desenvolvimento da região esteja de acordo com os anseios, expectativas e necessidades locais.

Mão de obra O projeto dará origem a 8,5 mil empregos no auge da obra e, posteriormente, a 1,4 mil empregos durante a operação da fábrica.

A logísticaA GE Transportation, divisão da multinacional americana GE, começou a desenvolver a produção de um novo modelo de locomotiva na fábrica da empresa em Contagem (MG). A nova máquina, denominada Evolution ES43BBi, foi concebida no Brasil para operar em ferrovias de bitola métrica, que representam a maior parte da malha ferroviária brasileira. Um primeiro contrato, para fornecimento de sete unidades Evolution, foi fechado pela GE com a Klablin, por valor não divulgado.

As novas locomotivas serão usadas para transportar celulose do Projeto Puma. Além da compra das locomotivas da GE, o projeto da Klabin também envolve a encomenda de 306 vagões ferroviários junto à gaúcha Randon, para entrega em 2015. Estimativas de mercado indicam que o investimento total da Klabin, incluindo locomotivas e vagões, pode ficar em cerca de R$ 160 milhões (média de R$ 7 milhões por locomotiva e de R$ 350 mil por vagão).

Ao mesmo tempo, a Klabin firmou um contrato de longo prazo, até 2027, com a ALL Logística, concessionária ferroviária que atua na região Sul do país. O contrato acertado entre as empresas prevê o transporte de cerca de 900 mil toneladas de celulose por ano, por 450 quilômetros de ferrovia, até ao porto de Paranaguá, no Paraná. A ALL informou que a Klabin vai investir na construção de um ramal ferroviário de 25 quilômetros que ligará a fábrica à ferrovia em Mojinho (PR) e será dedicado à movimentação exclusiva de pasta.

As novas locomotivas Evolution vão permitir que o comboio saia carregado com pasta na fábrica da Klabin em Ortigueira e vá direto ao porto de Paranaguá sem necessidade de trocas de locomotivas. Hoje a ALL já transporta bobinas de papel para a Klabin de Telêmaco Borba (PR) até Paranaguá. Mas é preciso fazer uma paragem na capital paranaense, Curitiba, para fazer a troca de locomotivas maiores por máquinas de menor porte, capazes de descer até Paranaguá por meio de uma serra com curvas fechadas.

A situação atualAs obras do Projeto Puma, fábrica de celulose que a Klabin constrói em Ortigueira, na região dos Campos Gerais, orçada e R$ 5,8 bilhões,

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avançam e já contam com mais de 25% do projeto concluído. A informação foi revelada pelo diretor geral da companhia, Fabio Schvartsman, durante a reunião pública anual com profissionais de investimento do mercado de capitais (Apimec), realizado em outubro passado. O executivo revelou, ainda, o investimento projetado pelo grupo em 2015: R$ 4,08 bilhões, sendo a grande parte deste montante, mais de 80%, no Projeto Puma. Até o momento, R$ 1,57 bilhão já foi investido no empreendimento.

“O Projeto Puma está em franco andamento, chegando, em outubro, a 25,5% do andamento da obra, o que significa que avança rapidamente”, destacou o executivo no evento, confirmando que a inauguração da fábrica deve ocorrer em março de 2016. Atualmente, são mais de 5,5 mil trabalhadores, pertencentes a diversas empresas terceirizadas, executando os serviços na área superior a 800 hectares. Até outubro, 98% das obras de terraplanagem estavam concluídas.

De acordo com o relatório da empresa, dos R$ 4,08 bilhões investidos em 2015, um total de R$ 3,4 bilhões serão destinados especialmente para o Projeto Puma – outros R$ 300 milhões serão aplicados em projetos especiais e expansões, e outros R$ 380 milhões em manutenções Dessa forma, somando os valores investidos em 2013 (R$ 99 milhões) e os que serão consolidados em 2014 (R$ 2,47 bilhões), a empresa consolidará, já em 2015, o montante total dos investimentos projetados para a nova fábrica. Cabe destacar, ainda, que a empresa, até setembro, aplicou R$ 1,47 bilhão no projeto, e que, no último trimestre de 2014, deverá ter aplicado mais R$ 1 bilhão em Ortigueira. No terceiro trimestre, entre julho e setembro, o avanço foi significativo, segundo o relatório, com avanço ‘em todas as frentes, tais como montagem dos equipamentos, construção civil e infraestrutura logística’.

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1887Chegada de Maurício Freeman Klabin ao Brasil.

1890Maurício Klabin trabalha numa tipografia no centro de São Paulo (SP), a qual arrenda, criando a empresa M.F. Klabin e Irmão. Além de tipografia, o estabelecimento era uma casa importadora de artigos para escritório.

1899Fundação da Klabin Irmãos e Cia. (KIC), por Maurício Klabin, seus irmãos Salomão Klabin e Hessel Klabin, e seu primo Miguel Lafer. A empresa importa produtos de papelaria e produz artigos para escritórios, comércios, repartições públicas e bancos.

1902Família Klabin-Lafer entrou no setor de produção de papel ao arrendar a Fábrica de Papel Paulista, na vila de Salto de Itu.

1909Constituição da Companhia Fabricadora de Papel (CFP) pela KIC e outros acionistas. A fábrica iniciou o seu funcionamento no ano de 1914.

1920Instalação do escritório da Klabin Irmãos e Cia. no Rio de Janeiro, então capital do Brasil.

1924A Klabin é considerada uma das três maiores produtoras do setor papeleiro nacional.

1929É constituída a Sociedade Anônima Jardim Europa em São Paulo, como filial da Klabin.

1931A KIC arrenda a Manufatura Nacional de Porcelanas S.A. (MNP), na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Cinco anos depois, a Klabin compraria a fábrica.

1934Aquisição da Fazenda Monte Alegre no Paraná, onde foi construída a primeira fábrica integrada de pasta e papel do Brasil, denominada primeiramente Indústrias Klabin do Paraná e, a partir de 1941, Indústrias Klabin do Paraná de Celulose (IKPC).

1943Getúlio Vargas visita a Fazenda Monte Alegre para vistoriar as obras da unidade. Início do florestamento de araucárias na Fazenda Monte Alegre.

1946Início das operações da fábrica em Monte Alegre. Pela primeira vez na história do setor de papel de jornal, uma parcela do mercado interno é fornecida por uma indústria nacional. Um ano depois, o Jornal do Commércio é o primeiro a ser impresso em papel 100% nacional, produzido pela Klabin.

1952Começo da produção de cartão canelado na cidade de São Paulo, na Companhia Fabricadora de Papel.

1953Inauguração da Usina Hidrelétrica Presidente Getúlio Vargas (PR), com a presença do próprio Getúlio, então presidente da República. A KIC inaugura a Fábrica Universal de fósforos promocionais, na cidade de São Paulo.

1955Constituição da Unidade Del Castilho (RJ), no setor do cartão canelado.

1961Constituição da Unidade Vila Anastácio. Na época, a sua capacidade de produção de papel para canelado da Vila Anastácio era considerada a maior da América Latina.

1963Inauguração da máquina de papel nº 6 (Projeto de Expansão III). O evento teve a participação do Presidente da República João Goulart.

1969Início das atividades da fábrica de papel kraft e pasta de fibra longa Papel e Celulose Catarinense (PCC), em Lages (SC). Foi pioneira no país em branqueamento de pasta por dióxido de cloro.

1973Início da produção da Cartão Canelado do Nordeste (Ponsa), em Goiana (PE), pioneira na fabricação de pasta a partir de bagaço de cana. Constituição da Celucat Artes Gráficas, em Lages (SC) para produção de sacos e envelopes.

1979Com a criação de nova lei de Sociedades Anónimas, em 1979, foi estabelecido o Conselho de Administração constituído pelos acionistas da empresa. O processo de profissionalização é encaminhado de forma nítida, com direções eleitas pelo Conselho. Os sócios-gerentes conduziram a profissionalização das empresas, com o apoio de especialistas e participaram ativamente de todo

História

Em mais de cem anos de história, a Klabin já passou por diversas transformações e inúmeras conquistas. Nesta linha do tempo, destacamos os principais factos marcantes ligados à Klabin S.A. Uma empresa que, desde a chegada de

seus fundadores ao Brasil, acredita e investe no futuro, com foco no desenvolvimento sustentável.

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o processo. Abertura de capital na Bolsa de Valores de São Paulo (SP). Criação do parque ecológico Samuel Klabin em Telêmaco Borba (PR).

1980Visita do presidente da República João Figueiredo para inauguração da máquina de papel nº 7 (Projeto de Expansão IV). Este foi o primeiro grande projeto de expansão da Klabin.

1984Começo das atividades do programa de fitoterapia da Klabin.

1989Começam os trabalhos de educação ambiental nas Indústrias Klabin de Papel e Celulose, no Paraná.

1990Klabin conquista a posição de maior empresa de produção brasileira de papéis sanitários.

1997Em joint venture com a Kimberly-Clark,é criada a Klabin Tissue S.A., para a produção de papéis sanitários. Dois anos depois, tornado-se Klabin Kimberly. Nesse ano, acontece também a separação das Unidades de Negócio Embalagens e Descartáveis.

1998As florestas da Klabin são certificadas pelo Forest Stewardship Council® (FSC®) pela adoção de práticas ambientalmente corretas, socialmente justas e economicamente viáveis. É a primeira empresa das Américas do setor de celulose e papel a receber essa certificação.Na Unidade de Piracicaba foi inaugurada máquina de produção da TetraPak.

2001Criada a Klabin S.A. após reestruturação societária, concentrando as operações numa empresa de capital aberto. Acontece também a estruturação da Unidade de Negócios Papéis.

2002Torna-se signatária do Pacto Global, iniciativa da ONU. Início da exportação de cartão Carrier Board para o mercado norte-americano. Conquista de novos clientes no exterior com exportação de pasta solúvel.

2003Saída do setor de papel de jornal e do setor de descartáveis.

2004Lançamento de cartão Klafold para embalagem de alimentos perecíveis e congelados. Lançamento do Programa Caiubi de Educação Ambiental. Anúncio do investimento na expansão da Unidade Monte Alegre (PR).

2005A Klabin recebeu a certificação Forest Stewardship Council® para suas florestas em Santa Catarina. Nesse ano, acontece ainda a conquista da certificação FSC®

para a cadeia de custódia de cartão e kraftliner no Paraná, sendo a única empresa do mundo a receber tal selo. É também inaugurado o projeto Plasma, a primeira unidade do mundo para reciclagem de embalagens longa vida.

2006Conquista do selo FSC® para a produção de papéis, sacos industriais, cartão e kraftliner em diversas unidades. Foi a primeira no Brasil a obter essa certificação em embalagem de cartão. O selo garante a rastreabilidade das matérias-primas em toda a cadeia produtiva.

2007Conquista do selo FSC® para a produção de papéis reciclados e embalagens de cartão canelado em oito unidades. Lançamento da palete de cartão canelado, mais leve e resistente. Conquista do selo FSC® para papel reciclado em três unidades e para cartão canelado em quatro unidades. Lançamento do Programa Caiubi de Educação Ambiental em Santa Catarina.

2008Inaugurado o Projeto de Expansão MA-1100, com isso, a Unidade Monte Alegre ocupa a posição entre as dez maiores fábricas de papel do mundo e a Klabin entre os seis maiores fabricantes globais de cartões de fibras virgens. Nova máquina de papel duplica a produção de cartão num processo caracterizado por iniciativas de eficiência energética e ambiental. A capacidade da fábrica foi elevada de 700 mil para 1,1 milhão de toneladas/ano.

2010Uma nova tecnologia que garante fechamento seguro e eficiente dos sacos industriais é lançada em Lages (SC). Criação e participação no Programa de Desenvolvimento de Telêmaco Borba e região com base na diversificação da indústria madeireira, com diversas parcerias locais e estaduais.

2011Aquisição de terras para construção de uma fábrica de pasta de pinho e de eucalipto no Paraná. Instalação de nova caldeira de biomassa em Otacílio Costa (SC) para redução nas emissões de gases de efeito estufa e do consumo de óleo combustível. Estruturação do Comitê de Sustentabilidade. Conclusão de linha de alta-tensão em Monte Alegre (PR) que aumenta a estabilidade no fornecimento de energia.

2012Anunciado investimento de R$ 220 milhões em nova máquina de sackraft em Correia Pinto, (SC) com capacidade de 80 mil toneladas/ano, que será concluída em 2013.

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