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Perante o crescente fluxo das migrações internacionais, à escala planetária, a EPM-CELP ajusta, permanentemente, a sua resposta educativa às necessidades de uma cidadania ativa e universal, valorizando a diversidade e respeitando as diferenças. O mundo é a nossa grande sala de aula 13.º aniversário da EPM-CELP 1999 - 2012 Ano X - N.º 83 | Nov/Dez 2012 | DIRETORA: Dina Trigo de Mira | Maputo - Moçambique

Pátio das Laranjeiras - Edição 83

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Edição correspondente aos meses de novembro e dezembro de 2012

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Page 1: Pátio das Laranjeiras - Edição 83

Perante o crescente fluxo dasmigrações internacionais, à escalaplanetária, a EPM-CELP ajusta,permanentemente, a sua respostaeducativa às necessidades de umacidadania ativa e universal, valorizandoa diversidade e respeitando asdiferenças.

O mundo é anossa grandesala de aula

13.º aniversário da EPM-CELP1999 - 2012

Ano X - N.º 83 | Nov/Dez 2012 | DIRETORA: Dina Trigo de Mira | Maputo - Moçambique

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EPM-CELP

2 | PL |Nov/Dez 2012

EDITORIAL

ASTRONOMIA | Projeto ”O céu nas nossas mãos” seduziu ministro daEducação e alunos das escolas públicas de Moçambique

NATAL | A visita do Pai Natal levantou suspeitas entre os pequenotes do1.º Ciclo e Consulado de Portugal premiou postais da EPM-CELP

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ENTREVISTA | Francisco Máximo, coordenador do projeto ”O céu nasnossas mãos”, sonha com um planetário em Moçambique

ANIVERSÁRIO | Ondas de magia e arte assinalaram as comemorações do13.º ano de vida da EPM-CELP

SAÚDE | Como a história do Rato Malaquias ensinou as regras de higieneoral às crianças do 1.º Ciclo

COOPERAÇÃO | EPM-CELP dinamizou festa dos livros no Jardim doTunduro para encerramento das atividades do ano letivo 2012

LITERATURA | EPM-CELP inaugurou coleção ”Pensar a Educação” comlançamento de livro de Marília Gago

COOPERAÇÃO | 3.ª Oficina de Formação de Formadores fez abordagemtransversal da Educação Sexual e HIV/SIDA

PROJETO | Maior proximidade das famílias à escola facilita asaprendizagens e a integração escolares dos alunos

TIC | Partilha de informação e de recursos é caminho mais viável paraaprendizagens permanentes e ajustamentos às mudanças

SOLIDARIEDADE | Convívio natalício com crianças e adolescentes da Casado Gaiato revela novas realidades a alunos da EPM-CELP

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TEXTO | ”Mágoas da escola” e o ”Primeiro Olhar” são livros analisados nahabitual rubrica ”Palavra Empurra Palavra”

NA PONTA DA LÍNGUA | A viagem debaixo de água de Ana Bouças e oautoretrato de Miguel Padrão

FINALISTAS | Alunos do ”secundário” serviram o Café Concerto 2012 commuita criatividade e emoção

Para ler nesta edição

PÁTIO DAS LARANJEIRAS | Revista bimestral da EPM-CELP | Ano X - N.º 83 | Edição Nov/Dez 2012

Diretora Dina Trigo de Mira | Editor Geral António Faria Lopes | Editor-Executivo Fulgêncio Samo| Redação António Faria Lopes, Fulgêncio Samo, Sandra Cosme e Sofia Chaby | Editores CláudiaPereira (Artes), Judite Santos (TIC) e Fulgêncio Samo (Palavra Empurra Palavra) Editora GráficaAna Seruca | Colaboradores redactoriais nesta edição Ana Albasini, Centro de Formação e Difusãoda Língua Portuguesa, Ana Paula Relvas, Ana Bouças (4.º E) e Miguel Padrão (10.º A1) | Grafismoe Pré-Impressão Ana Seruca, António Faria Lopes e Fulgêncio Samo | Fotografia Filipe Mabjaia,Firmino Mahumane e Ilton Ngoca | Revisão Graça Pinto, Ana Paula Relvas e Luísa Antunes | Im-pressão e Produção Centro de Recursos Educativos | Distribuição Fulgêncio SamoPROPRIEDADE Escola Portuguesa de Moçambique - Centro de Ensino e Língua Portuguesa, Av.ªpara o Palmar, 562 - Caixa Postal 2940 - Maputo - Moçambique. Telefone + 258 21 481 300 - Fax +258 21 481 343

Sítio oficial na Internet: www.epmcelp.edu.mz | E-mail: [email protected]

Diversidade euniversalidade

Terminámos o ano de 2012 com a renovada con-vição de que podemos e devemos universalizar

a nossa intervenção educativa à medida das trans-formações que a nossa comunidade escolar vai re-gistando. Somos uma entidade em constante porvir,utilizando a matriz cultural portuguesa como pontode partida para a descoberta de novas formas deaprender o Mundo. Há 13 anos partimos para estaaventura e nela têm participado milhares de alunose centenas de professores e funcionários de múlti-plas origens e nacionalidades. Cada um deles tor-nou-se nós, a entidade que nos sustém eimpulsiona.

A diversidade da nossa origem e do caminho atéao momento traçado compromissa-nos o futuro,ainda que sobre este pendam incertezas e inevitá-veis preocupações humanitárias e ambientais.Cabe-nos, neste desafio, ajudar os nossos alunos aserem indivíduos felizes, aproveitando as benessesda vida, e capazes de resolver os problemas que aatualidade do Mundo lhes coloca. Cabe-nos ensiná-los a serem cidadãos responsáveis e ativos e aaprenderem a construir as competências necessá-rias para o mundo do trabalho, marcado pela preca-riedade, flexibilidade e deslocalização crescentes,que exige múltiplas competências centradas na ta-refa e não na carreira. Trabalhamos, diariamente,para fomentar entre os nossos alunos o pensa-mento livre e crítico, o parceiro mais nobre de todae qualquer aprendizagem com significado para aexistência humana, social e económica do indivíduo,para que, tão cedo quanto possível, iniciem a cons-trução dos seus projetos de vida com a ajuda daEPM-CELP. Fazêmo-lo por uma vocação naturalque nos confere obrigações.

Apetece-nos dizer que o céu é o nosso limite.Têmo-lo como meta simbólica do nosso querer eabertura aos muitos mundos que fazem o nossoMundo. Sinal disso é, por exemplo, o desenvolvi-mento do projeto de astronomia «O céu nas nossasmãos», que tão bem foi acolhido pela comunidadeescolar pública de Maputo. Queremos romper hori-zontes longínquos, alcançando os nossos limitesterrenos de intervenção cívica e social, enquantoinstituição geradora e portadora de bens culturaiscapazes de contribuir para o exercício de uma cida-dania interventiva e responsável dos nossos alunosem qualquer latitude cultural do mundo contempo-râneo. Informa-nos, prioritariamente, as realidadesmoçambicana e portuguesa, unidas pela língua epelas diferenças mutuamente respeitadas.

Festejamos, nesta edição, a família e o Natal,que consolida os afetos tão preciosos para a dispo-nibilidade para aprender, e também o nosso 13.ºaniversário, que fortalece a nossa identidade e cul-tura escolar. Feliz Natal e um próspero 2013.

DIREÇÃO

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Nov/Dez 2012 | PL | 3

EPM-CELP

Yunara Zaqueu e a EPM-CELP foramdistinguidas no concurso internacional

de moda - categoria escolas (MFWSchool) -, inserido na 8.ª edição do Mo-zambique Fashion Week (MFW), realizadoem Maputo entre 7 e 15 de dezembro.

Com a vitória, a jovem estilista ascen-deu à categoria de Young Designer, rece-bendo como prémio um cheque do BancoStandard no valor de 27 mil meticais, paraalém de uma viagem, copatrocinada poraquela instituição bancária, à África do Sulpara estagiar no ateliê de um conceituadoestilista sul-africano.

À EPM-CELP coube o prémio de 20mil dólares americanos, também oferecidopelo mesmo banco, que se destina à aqui-

sição de livros para o apetrechamento dabiblioteca escolar.

Momentos após a consagração, AliceFeliciano, subdirectora da EPM-CELP,afirmou ser “sempre muito bom ver osnossos alunos terem sucesso e aplicarem-se naquilo que é importante para eles. Sa-tisfazem, assim, o prazer de fazer coisasnovas”. Por sua vez, Yunara Zaqueu refe-riu que a “vitória constitui um grandeavanço na minha carreira como estilista”.Relativamente à viagem à África do Sul,confessou que “não esperava, pois nãosabia que tinha mais um prémio”, acres-centando: “Agradeço ao Standard Bankpela oportunidade, que vai permitir-me ad-quirir mais conhecimentos sobre a moda”.

Yunara e EPM premiadasem concurso internacional

MODA

José Lopes assumecargo de subdiretorda EPM-CELP

O“Ensino Magazine”, jornal com sedeem Castelo Branco (Portugal) e de-

dicado ao ensino e à educação, assinou,no passado dia 22 de novembro, em Ma-puto, um protocolo de cooperação coma EPM-CELP.

Para o diretor do “Ensino Magazine”,João Carrega, o acordo “reforça a pro-moção do ensino e da educação à es-cala global, numa lógica de que aeducação não tem fronteiras e de que a

EPM-CELP uniu-se ao “Ensino Magazine”

“Gimnodesportivo”beneficiou deobras deremodelação

O pavilhão gimnodesportivo daEPM-CELP beneficiou de obras

de ampliação com o objetivo de au-mentar a capacidade de ventilação doespaço.

As obras consistiram na constru-ção de uma galeria numa das facha-das laterais do pavilhão, de modo apermitir maior ventilação de ar, a qualproporciona, simultaneamente, umazona de acolhimento de pessoas paraa observação das atividades no inte-rior. O projecto de remodelação prevêo aproveitamento da galeria comozona de lazer.

multiculturalidade enriquece a educaçãoe o conhecimento”, defendendo estaparceria com “uma das mais prestigia-das instituições de ensino”, acrescentou.

Dina Trigo de Mira, diretora da EPM-CELP, enalteceu igualmente o valor daparceria estabelecida, sublinhando ofacto de a nossa Escola ser “uma casaaberta, multicultural e funcional, aco-lhendo um bocadinho do mundo, o quea todos enriquece".

RECURSOS HUMANOS

INFRAESTRUTURAS

PROTOCOLO

Yunara Zaqueu (direita) num dos momentos da sua consagração, acompanhada da modelo

José Antó-nio Marti-

nho Lopesassumiu, a 12de outubro de2012, o cargode subdirec-tor da EPM-CELP emsubstituiçãode José Mi-guel Costa, que solicitara, entretanto,a aposentação.

O novo subdirector da EPM-CELPtem formação académica em gestãode empresas, engenharia informáticae enfermagem, tendo, neste últimosetor, atuado na área pediátrica.

José Lopes entende a EPM-CELPcomo instituição que deve “expandir-se de forma sustentada”, mas, acres-centa, “esta visão depende da criaçãourgente de um condomínio residencialpara os professores, fundamentalpara garantir o sucesso.”

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EPM-CELP

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Planetário móvel em Maputoseduziu alunos moçambicanosUma dúzia de sessões de observação

astronómica, em 28 e 30 de novem-bro, com recurso a um planetário móvel,proporcionaram a centenas de alunos dasescolas secundárias Josina Machel eFrancisco Manyanga, da cidade de Ma-puto, a oportunidade de verem o «céu aovivo e a cores». Uma iniciativa da EPM-CELP, através do projeto «O céu nas nos-sas mãos», que despertou o interesse doMinistério da Educação de Moçambique eteve vasta cobertura jornalística.

À cerimónia de apresentação do pro-jeto, realizada na “Josina Machel”, assisti-ram, entre outras individualidades, oministro da Educação de Moçambique, aministra conselheira da Embaixada dePortugal, a diretora da EPM-CELP e acoordenadora do Centro de Ciência Vivade Sintra (Portugal), entidade que trouxea Moçambique o planetário móvel.

O planetário e as sessões deslumbra-ram os alunos moçambicanos que, apesardo período de férias que gozavam, com-pareceram em número elevado. Sons deespanto, risos, música, deslumbramentopermanente e mil e uma perguntas forama atividade dominante no interior do plane-tário móvel. Por diversas vezes, no finaldas sessões, geraram-se, espontanea-mente, autênticas aulas em torno dos mo-nitores do planetário.

O planetário esteve também na EPM-CELP para sessões muito vivas com todasas turmas dos 3.º, 4.º, 7.º, 10.º e 11.º anos.Foram muitas centenas de alunos e váriasdezenas de professores que assistiram àssessões, sempre com muito entusiasmoapesar do calor que se fazia sentir dentrodo planetário.

Ao fim de uma semana de trabalho, osdois monitores de Sintra estavam exaus-tos, mas dispostos a nova experiência.

O ministro de

Educação de

Moçambique, Augusto

Jone Luís (esquerda),

conversa, dentro do

planetário móvel, com

o colaborador do

Centro de Ciência

Viva, de Sintra

(Portugal), entidade

que trouxe a

Moçambique o

recurso de observação

virtual dos astros

Alunos da “Josina Machel” aguardam a entrada para o planetário móvel montado no pavilhão da escola

Os alunos da EPM-CELP foram os primeiros beneficiários da visita do planetário móvel

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Nov/Dez 2012 | PL | 5

ENTREVISTA

ASTRONOMIA

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Como surgiu o projecto “O céu nas

nossas mãos” e, sumariamente, do que

consta?

O projeto consiste na construção e dinami-zação de um planetário que estará ao dis-por da comunidade educativa daEPM-CELP. Pretende, também, criar laçosfortes no ensino da astronomia nas esco-las públicas moçambicanas e na formaçãode professores em Moçambique, atravésde parcerias com universidades, em parti-cular a Universidade Pedagógica. A minhaformação de base é Física. Durante o meupercurso académico a astronomia sempreme fascinou e despertou curiosidade.Quando ingressei na carreira docente, ten-tei transmitir este meu gosto, felizmentepartilhado por muita gente, como os alunosda minha escola, onde criei o Clube de As-tronomia, integrado num projeto maior de-signado “Astronomia na Escola”,patrocinado pelo programa Ciência Viva ecoordenado pelo professor Máximo Fer-reira. Foi uma experiência muito interes-sante que deixou sementes em alguns

alunos. Em 2009, quando cheguei à EPM-CELP, sabendo que neste país o ensinoformal de astronomia era muito embrioná-rio, pensei que havia espaço para a cria-ção de um projeto bastante maisambicioso ligado a esta ciência. Do pensa-mento e da maturação da ideia passou-seà apresentação das linhas gerais do pro-jeto à Direção, nomeadamente à doutoraDina Trigo de Mira, que não só apoiou,como também reconheceu a mais-valiapedagógica e o benefício nas relações decooperação com o Estado moçambicano,incrementando o relevo que a EPM-CELPgranjeia na cidade de Maputo.

Qual o valor pedagógico do planetário?

O valor pedagógico de uma infraestruturadesta natureza é imenso, porque permiterecriar, num ambiente especialmente con-cebido para o efeito, o céu visível. Um pla-netário permite viajar no tempo, simulandoo céu passado e o céu futuro, viajar no es-paço, levando os alunos a visitarem o cos-mos mais de perto, com um olhar que só

estaria ao alcance de poderosos telescó-pios. Em síntese, permite aos visitantesentrarem numa viagem conduzida e criadade forma a abarcar conhecimentos maisgenéricos ou mais específicos, em funçãoda faixa etária e do conhecimento préviodetido pelos visitantes. Devido às caracte-rísticas construtivas de um planetário,estas viagens são tradicionalmente ines-quecíveis, pois colocam a assistência numambiente imersivo e tridimensional, permi-tindo um realismo nas imagens muito sig-nificativo. O planetário é, assim, um pontode partida para o estabelecimento denovos conhecimentos no domínio da fí-sica, da química, da matemática, da biolo-gia e de todas as ciências espaciais.

Está prevista a abertura do planetário à

comunidade não estudantil?

A ideia é que, numa primeira fase, o pla-netário esteja ao serviço dos alunos e pro-fessores da EPM-CELP. Depois de

Amante dos astros e da natureza,FRANCISCO MÁXIMO, professor de

Física-Química, lidera o projeto “Océu nas nossas mãos”, cuja ambição

maior é a construção de umplanetário na EPM-CELP. Não hánenhum em Moçambique, o que

constitui desafio acrescido à vontadee persistência do docente que

procura transmitir aos alunos o valore a utilidade do conhecimento dos

astros. Torna-nos mais humildes, dizMáximo. Para já, a vinda a

Moçambique do planetário móvel doCentro de Ciência Viva de Sintra

(Portugal) foi um sucesso eindiciador da viabilidade do projeto.

Entrevista conduzida por FULGÊNCIO SAMO

A humildade entre o infinitamentegrande e o infinitamente pequeno

Page 6: Pátio das Laranjeiras - Edição 83

ENTREVISTA

6 | PL | Nov/Dez 2012

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oleados os processos que se prendemcom a criação e dinamização de algumassessões temáticas, concebidas para darresposta a necessidades curriculares donosso sistema de ensino, passar-se-á auma segunda fase, a de abertura à comu-nidade escolar moçambicana, isto é, dina-mizar sessões e workshops para alunos eprofessores do sistema público moçambi-cano. Quando todos estes processos esti-verem devidamente ajustados, em termosde espaço e de tempo, a ideia é abrir o pla-netário ao público em geral, permitindo,assim, que todos os interessados possamassistir a sessões especialmente concebi-das para eles. Será, com toda a certeza,um espaço que interessará à sociedademoçambicana e expatriada em geral, umavez que, em Moçambique, não existe ne-nhuma estrutura deste tipo.

Como correu a experiência-piloto de

disponibilização do planetário móvel à

comunidade escolar local e qual o aco-

lhimento das autoridades moçambica-

nas a esta iniciativa?

A experiência que realizámos em dezem-bro surgiu de uma ideia ambiciosa que vi-sava a promoção deste projeto, permitindouma primeira abordagem a um planetário.Realizou-se em parceria com o Centro deCiência Viva de Sintra que, generosa-mente, ofereceu os seus equipamentos eserviços a custo zero para a nossa inicia-tiva. Conseguimos trazer um planetáriomóvel que esteve em Moçambique du-rante 10 dias, durante os quais realizámoscerca de 50 sessões na EPM-CELP e emduas escolas públicas moçambicanas, aJosina Machel e a Francisco Manyanga. Arecetividade foi total. A iniciativa foi umenorme sucesso e todos os participantesadmitiram que nunca tinham tido uma ex-periência semelhante, com o céu ali, nassuas mãos. No final das sessões gerou-sequase sempre aulas improvisadas, comuma série de perguntas sobre a dinâmicado universo, onde a curiosidade e sede desaber mais foi uma constante. Relativa-mente à atenção e importância que as au-toridades moçambicanas deram a estainiciativa, diria que foram elevadíssimas.Com efeito, o Ministério da Educação deMoçambique (MINED) fez-se representar,desde o primeiro momento, ao mais altonível, com o senhor ministro a envolver-se,pessoalmente, na iniciativa e a chamartambém todos os diretores nacionais daEducação, alguns diretores adjuntos, o di-retor de Educação e Cultura da Cidade deMaputo e o diretor de Educação do Con-selho Municipal. Penso que todos os en-volvidos reconheceram que esta iniciativada EPM-CELP foi muito importante no de-senvolvimento de interações positivas com

o Governo moçambicano e com o Centrode Ciência Viva de Sintra, contribuindo,também, para o aprofundamento das rela-ções entre Portugal e Moçambique. A co-bertura que os meios de comunicaçãovisual e escrita deram a esta iniciativa sur-preendeu-nos pela positiva e deu-nos maisum sinal claro sobre a relevância desteprojeto.

Como se posiciona o projecto em rela-

ção às escolas moçambicanas?

Como já referi, a relação com o ensino pú-blico moçambicano é um vetor muito im-portante neste projeto. Pretendemos criarprotocolos com o MINED para que os alu-nos das escolas moçambicanas se deslo-quem à nossa Escola e assistam asessões de iniciação à astronomia. Preten-demos, também, estabelecer protocoloscom o MINED e com a Universidade Pe-dagógica para, juntamente, desenharmoscursos de formação para os professoresdo ensino público moçambicano, sistemaonde a astronomia é matéria curricular.Gostaríamos de, em parceria, ajudar e de-senvolver ferramentas pedagógicas que,depois, possam ser implementadas nasescolas. O MINED mostrou-se, desde oprimeiro momento, muito recetivo a estaideia e a Universidade Pedagógica tam-bém vê virtualidades nesta iniciativa.

Que esforço de formação é necessário

desenvolver para garantir o funciona-

mento e a continuidade do projeto e o

respectivo serviço educativo?

Diria que a formação inicial já existe e épossível, com o que temos, desenvolvertrabalho válido. A colaboração do profes-sor Pedro Garcia tem sido uma mais valiano desenvolvimento deste projeto. Eviden-temente que, se quisermos evoluir para

outros patamares, como seja, integrarmo-nos na rede internacional de planetários,no desenvolvimento de estágios pararecém-licenciados, no desenvolvimento deparcerias com entidades internacionais,em particular a Universe Awerness forYoung Children, ligada à União Astronó-mica Internacional, com quem estamos emcontacto (o coordenador desta organiza-ção já nos honrou com uma visita à nossaEscola), e se pretendermos aprofundarprojetos de colaboração ou outras parce-rias que se vislumbrem no futuro, teremosde, evidentemente, evoluir também em ter-mos de formação, não só científica, mastambém em termos de uso de novas tec-nologias de informação.

Que esforço financeiro está envolvido

na construção do planetário?

A estimativa inicial que temos para a cons-trução do planetário é de cerca de 100 mileuros. A manutenção não será muito dife-rente da de um qualquer espaço existentena nossa escola e penso que se susten-tará com as receitas que este espaço po-derá gerar.

Qual a calendarização da construção

do planetário?

O meu desejo é, desde o início, que esteprojeto seja, todo ele, pago por financiado-res externos. Apesar de já termos reco-lhido algum financiamento junto deinstituições e empresas, não consegui-mos, ainda, a receita necessária. Acredita-mos que, depois da grande projeçãomediática que tivemos em dezembro, con-seguiremos dar um impulso final no sen-tido de se conseguir o financiamento quefalta. Acreditamos que esta visibilidade

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Francisco Máximo (primeiro da direita) com a equipa que dinamizou a visita do planetário móvel

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Nov/Dez 2012 | PL | 7

ENTREVISTA

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PERFIL

Idade

49 anos

Naturalidade

Lisboa (Portugal)

Habilitações académicas

Licenciatura em Física

Experiência profissional

1991: início da carreira docente; 1995-

1997: eleito para a Direção do Sindicato

dos Professores da Região Centro; 1997-

2000: eleito para o Conselho Executivo da

Escola Secundária Amato Lusitano; 2000-

2004: formador de professores no Centro

de Formação de Professores de Castelo

Branco; 2002-2004: coordenador do Pro-

jeto de Astronomia na Escola Secundária

Amato Lusitano; 1994-2006: eleito duas

vezes coordenador do Grupo Disciplinar de

Ciências Físico-Químicas e uma vez coor-

denador do Departamento de Ciências Ex-

perimentais; 2007-2008: gestor de

formação profissional do Parque Nacional

da Gorongosa; 2008-2009: formador em

banco moçambicano de microcrédito; 2009:

iniciou funções docentes na EPM-CELP

Interesses

Astronomia, fotografia, vida selvagem e

conservação ambiental, viajar e voleibol

Lema pessoal

“I will act as if what I do will make a diffe-

rence” é uma frase célebre de um filósofo e

fundador da psicologia moderna, William

James, que, em termos simplistas, significa

que cada um de nós pode fazer a diferença

no pequeno mundo onde interage e pode

contribuir com energia positiva na socie-

dade em que vive, acreditando nas virtuali-

dades da espécie humana.

Francisco MáximoCoordenador do projeto

«O céu nas nossas mãos»

permitirá aos potenciais financiadores re-colherem visibilidade por se associarem aoprojeto. Neste momento, está em fase deconclusão o projeto estrutural elaboradopor um engenheiro civil e esperamos que,até final de 2013, consigamos iniciar aconstrução. Em todo este processo é justoenaltecer a colaboração da arquiteta Ju-dite Santos, que tem sido preciosa, gene-rosa e competente.

Que inovação pode o planetário trazer

em termos de práticas educativas e de

interdisciplinaridade?

Como já referi, o planetário é uma ferra-menta muito poderosa para utilização naatividade pedagógica. Será um ponto departida para um conjunto de atividadescomplementares “hands-on”, que preten-demos implementar. A astronomia, como

ponto de partida para a interdisciplinari-dade, é extremamente poderosa, porquese podem desenvolver atividades que en-tram no domínio da filosofia, da matemá-tica (em particular na aplicação deconhecimentos de trigonometria), na física,na química, na geografia, na biologia e nageologia, para não irmos mais longe. Seráum novo recurso que permitirá aos profes-sores desenvolverem atividades comple-mentares com os seus alunos, com novasestratégias e abordagens. Já antes e du-rante a celebração do Ano Internacional daAstronomia se realizaram iniciativas muitoválidas, que congregaram esforços e vá-rios saberes de diversos departamentos.Assim, acreditamos que, no futuro, o pla-netário incentivará o trabalho cooperativo,criando uma interação positiva e constru-tiva entre os professores de diferentes de-partamentos.

Para que serve cientificamente a obser-

vação das estrelas?

Esta pergunta daria pano para mangas eseria um bom mote para uma sessão noplanetário. Para não me alongar muito, aobservação das estrelas e dos astros emgeral permite compreender como se esta-beleceu a formação do universo, as dinâ-micas que se criaram e, em última análise,a formação do nosso planeta e da própriavida. A magia suprema é que a compreen-são profunda do infinitamente grandeprende-se com a compreensão profundado infinitamente pequeno. As leis da gravi-dade geral do Einstein e as leis da mecâ-nica quântica. Esta dinâmica entre oinfinitamente grande e o infinitamente pe-queno relativiza-nos enquanto seres hu-manos, dá-nos mais humildade e sentidode pertença. Dá-nos um respeito maiorpela vida e pelo planeta Terra. Sensibiliza-nos para a educação ambiental, conserva-ção e sustentabilidade. Compreender einterpretar o cosmos permite-nos não sócompreender melhor o nosso passado eorigem, mas também vislumbrar caminhosfuturos, que serão, necessariamente, ino-vadores.

Qual é, para si, a constelação mais bo-

nita?

Uma das que mais gosto é a constelaçãode Orion, o caçador, que tem associada auma lenda de uma história de amor pro-funda, porém, trágica. É visível em ambosos hemisférios e contém uma das nebulo-sas mais bonitas e das poucas visíveis aolho nu: a nebulosa de Orion ou M72 ouNGC1976, conforme a nomenclatura as-tronómica usada. É considerada uma ma-ternidade de estrelas, pois esta região doespaço contém muitas estrelas jovens eoutras em formação. É, por esta razão,uma das nebulosas mais estudadas pelacomunidade astronómica.

“Pretendemos criarprotocolos com oMINED para que osalunos das escolasmoçambicanas sedesloquem à EPM--CELP e assistam asessões de iniciação àastronomia.”

Page 8: Pátio das Laranjeiras - Edição 83

NATAL

8 | PL | Nov/Dez 2012

As mensagens de Natal do Consulado Geral de Portugal em Maputo foram, esteano, registadas em três originais postais da autoria dos alunos da EPM-CELP,

na sequência do concurso promovido por aquela entidade. Os vencedores foramLindiwe Alexandre (1.º E) e Rita Costa (5.º F), enquanto ao nível do Pré-Escolar aTurma E conquistou o primeiro prémio. Para além dos prémios correspondentes atri-buídos, a organização divulgou os trabalhos vencedores na revista Lua, que integrao semanário “Sol”, distribuído em Moçambique.

Consulado de Portugal em Maputopremiou postais de alunos da EPM

PRÉ-ESCOLAR E 1.º CICLO

Visita do Pai Natallevantou “suspeitas”

Trabalhadores daEPM unidos emalmoço criativo

Oalmoço de Natal da EPM-CELP, quejuntou o pessoal docente e não do-

cente, decorreu com a habitual animação,ao “sabor” do típico calor típico do Verãomoçambicano.

Enfeitado para a ocasião por umaequipa extremosa, o Pátio das Buganvíliasfoi palco do encontro entre os trabalhado-res da nossa Escola, que não perderam aoportunidade de partilhar uma refeição ealguns bons momentos ao redor dasmesas, decoradas com piri-piri e muitacriatividade. A ementa foi diversa, masmais variados foram os presentes troca-dos entre os convivas numa sessão dina-mizada pelos colegas do Departamento deCiências Exatas e Experimentais. Oportu-nidade para constatar a excelente culturageral dos participantes, que responderamentusiasticamente às questões colocadas.

Turma E - Pré-Escolar Rita Costa (5.º F)Lindiwe Alexandre (1.º E)

Os alunos do Pré-Escolar e do 1.º Ciclo da EPM-CELP recebe-ram, a 14 de dezembro, uma visita especial: o verdadeiro e

único Pai Natal! Devido ao calor que se fazia sentir, o Pai Nataldeixou as suas renas a descansar junto do trenó e trouxe um aju-dante improvisado, mas também trajado a rigor: o professor Antó-nio Lopes, do Centro de Recursos Educativos.

No Pré-Escolar, o Pai Natal distribuíu livros pelas crianças eaproveitou para conversar um pouco com elas, alertando-as paraa necessidade de se comportarem bem, respeitarem as regras, es-cutarem os adultos e colegas, arrumarem o quarto e partilharembrinquedos. “Só recebem presentes os meninos que se portambem!’’, referiu. Como resposta, todos quiseram ser fotografados nacompanhia de tão ilustre figura!

No 1.º Ciclo os alunos receberam, também com entusiasmo, avisita do Pai Natal, a quem mostraram trabalhos alusivos à quadranatalícia, que enfeitavam as salas. Alguns comentaram as muitasparecenças entre o Pai Natal e o professor Ricardo Franco. Defacto, a barriguinha proeminente e o sorriso bem disposto podiaminduzir em erro alguns distraídos, que acreditam que o Pai Natalnão existe e que se tratava, por isso, do professor de TIC disfar-çado. Procurámos esclarecimentos junto do professor em causa,que afirmou nunca ter estado no Pólo Norte, mas admitiu a possi-bilidade de ter um irmão mais velho na Lapónia.

SOFIA CHABY

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Nov/Dez 2012 | PL | 9

COOPERAÇÃO

PROJETO MABUKO YA HINA

Festa no Jardim do Tunduroanimou “cidade com livros”

"Uma cidade com livros" foi o nome dafesta que decorreu no Jardim do

Tunduro, em Maputo, entre 6 e 9 de no-vembro, para assinalar o encerramentodas atividades da biblioteca escolar da Es-cola Primária Completa Polana Caniço "A"e do projeto Mabuko Yahina (Os nossos li-vros) do ano letivo 2012, integrando o pro-grama de comemorações do 125.ºaniversário da Cidade de Maputo.

A iniciativa surgiu no âmbito do Proto-colo de Cooperação entre os governos dePortugal e de Moçambique, nos domíniosdas bibliotecas escolares e da promoçãoda leitura, e resultou dos esforços conjun-tos da Escola Primária Completa PolanaCaniço “A” e dos estabelecimentos de en-sino da Zona de Influência Pedagógica II(ZIP II), sob a coordenação da EPM-CELP.

Foi uma festa de livros, histórias, poe-sias, teatros, danças e cantares que tevecomo principal objetivo sensibilizar ascrianças e os jovens para a importância daleitura. Também animaram o Coreto doJardim Tunduro o Grupo Cultural da Es-cola Comunitária 4 de Outubro, com a dra-matização da história “O Mar de Maputo”,do autor Rafo Diaz, e o Grupo Cultural daEscola Comunitária Maxaquene “D”, coma encenação da peça “A Rainha da Im-bira”, da autoria de Goina Mhlophe.

Inicialmente a festa fora programadapara o anfiteatro da Escola Primária Com-pleta Polana Caniço “A”, por constituir asede da ZIP II, mas a coincidência tempo-ral da “Semana da Cidade” com o períodode exames do ensino secundário do calen-

dário escolar moçambicano, tornou oplano inexequível. Solicitada a colabora-ção do Conselho Municipal de Maputo, natentativa de manter o envolvimento dosprofessores e dos alunos das escolas daZIP II, o projeto foi bem acolhido pelo ve-reador da Educação e da Cultura, SimãoMucavele, que viabilizou a realização dasatividades da “Semana da Cidade” no Jar-dim do Tunduro. Ao Ministério da Educa-ção de Moçambique coube, por sua vez, a

responsabilidade do transporte dos alunosdas escolas envolvidas.

A festa “Uma Cidade com Livros” foiuma experiência ímpar, que permitiu oconvívio alargado entre alunos e professo-res das escolas envolvidas no projeto daRede de Bibliotecas Escolares de Portu-gal. Uma festa banhada com muita cor,alegria e arte, que exaltou a importânciado livro e da leitura na formação cultural ecívica da juventude e dos cidadãos.

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DESPORTO

Na sequência da obtenção de cinco vi-tórias em igual número de jogos, a

EPM-CELP sagrou-se, em dezembro,campeã de 2012 de futsal da cidade deMaputo, escalão etário de sub17 do setormasculino, numa competição organizadapela Federação Moçambicana de Futsal.

O espetacular desempenho da equipada EPM-CELP, que pertence ao escalãode sub16, permitiu a obtenção de 20 golose o encaixe de apenas quatro nos cincojogos disputados pelos nossos alunos comgrande espírito de desportivismo, feridoapenas por um único cartão amarelo du-rante toda a competição.

O conjunto da EPM-CELP venceu, su-cessivamente, o LPM (1-0), a Liga Muçul-mana (6-3), a ANURIL (3-0), o Spiders(5-0) e, por fim, o My Team (5-1). Orien-tada pelo professor Antero Ribeiro, aequipa da EPM-CELP alinhou com os se-guintes jogadores: José Granja, JoséNuno, Rodrigo Correia, Ruben Nélson,Kaamil Abdula, Yuri Dagot, Dércio Cau-pers, André Peres, Tiago Moita, Moham-mad Darsot, Vitor Figueiredo, MarcosValdés, Nuno Tomás e Duarte Menezes.

EPM-CELP é campeã de MaputoFUTSAL

Participaçãohonrosa da EPM--CELP no Torneioda EscolaAmericana

“Interturmas” de final de períodoelege representantes da EPM-CELP

AEPM-CELP participou no Torneiode Futebol e Voleibol da Escola

Americana de Moçambique, entre 2 e4 de novembro, juntamente com vá-rias escolas públicas e privadas da ci-dade Maputo.

As equipas feminina e masculinade voleibol da nossa Escola obtive-ram o quinto lugar nas respetivascompetições da categoria de sub19,enquanto no futebol, o conjunto mas-culino de sub18 logrou alcançar o se-gundo lugar, enquanto a equipa desub16 atingiu as meias-finais. Nosetor feminino a equipa representativada EPM-CELP terminou na quarta po-sição da tabela classificativa.

Aúltima semana de aulas do primeiro período escolar da EPM-CELP acolheu os tra-dicionais torneios interturmas de natação (2.º Ciclo), andebol (3.º Ciclo e Secundá-

rio), atletismo (2.º Ciclo) e aquakids (Pré-Escolar e 1.º Ciclo). A competição de nataçãoapurou os alunos que irão representar a nossa Escola nas provas escolares de Maputoe no Torneio Internacional de Natação, agendado para 9 e 10 de fevereiro de 2013, comorganização da Escola Americana de Moçambique. Por seu turno, as provas de atletismodefiniram o grupo de alunos que representará as “cores” da EPM-CELP nos torneios es-colares da modalidade que terão lugar ao longo do terceiro período escolar.

Os “interturmas” decorreram com elevado “Fair-Play” e muita alegria e energia. Parao segundo período escolar, igualmente na última semana de aulas, estão previstos ostorneios de basquetebol (todos os níveis de ensino), atletismo (3.º Ciclo e Secundário),bola ao capitão (3.º e 4.º anos), aquakids (Pré-Escolar), Multi-Estafetas (1.º e 2.º anos),badminton (3.º Ciclo e Secundário) e Sarau Gímnico.

A equipa de sub16 da EPM-CELP campeã da cidade de Maputo: (esquerda-direita) baixo - Vitor, Yuri, Nuno,

Tiago, Kaamil e Granja; cima - Antero Ribeiro (professor), Dércio, Ruben, Darsot, Nuno e Valdés.

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13.º ANIVERSÁRIO DA EPM-CELP

COMEMORAÇÃO

Ondas de arte e magiaassinalaram aniversárioda EPM-CELP

AEPM-CELP comemorou oseu 13.º aniversário, a 24

de novembro, sob o lema“Mar…elo de ligação entrepovos e culturas”, unindoalunos, professores,funcionários e encarregadosde educação na organizaçãoe fruição da sua grande festaanual, alicerçada em diálogotransdisciplinar e artísticoque consolida aprendizagense aprofunda olhares. Aviagem das comemoraçõesfoi do mundo das artesplásticas à literatura,atravessou a clássica sessãosolene e terminou com otradicional magusto.

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13.º ANIVERSÁRIO DA EPM-CELP

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“Coletiva” de artistas moçambicanosinaugurou programa de festividades

Secretário de Estado da AdministraçãoEscolar participou na sessão solene

ARTES PLÁSTICAS

Em 2012, as comemorações do 13.ºaniversário da EPM-CELP arranca-

ram, a 22 de novembro, no átrio principalda nossa Escola, com a exposição coletivados trabalhos de três jovens artistas plás-ticos do panorama cultural moçambicano.O espaço ganhou, assim, nova alma e foiapurando a sensibilidade de todos quantospor ele passaram durante as semanas se-guintes, despertando-os para refrescadasformas de olhar o mundo.

Pekiwa esculpe objetos de uso quoti-diano, transformando-os em peças de artee tornando-os orgânicos, com novas di-mensões arquitetónicas e humanas. Pintoconstrói o seu trabalho com recurso a vá-rias técnicas, como o desenho a carvão, aaguarela e a colagem, para retratar cenashíbridas que viajam do quotidiano paracenas com pendor surrealista. Pelembe,escultor e desenhador gráfico, usa a cerâ-mica, madeira e o metal para criar formas

tridimensionais originais, que regeneram onosso olhar e o treinam para o novo.

A EPM-CELP tem vindo, ao longo dosanos, a apoiar iniciativas de caráter cultu-ral, proporcionando a vários artistas locaisum espaço para divulgação dos seus tra-balhos. Simultaneamente, no quadro dosobjetivos ligados à educação artística dosnossos alunos, as exposições têm facili-tado o contato com uma pluralidade deobras de arte, permitindo o enriquecimentodas práticas letivas aos níveis da observa-ção, interpretação e experimentação doslegados artísticos. Tal e qual o desejo ma-nifestado pela diretora da EPM-CELP,Dina Trigo de Mira: “que esta recriação davida pelo olhar deste triângulo de artistasdesperte uma multiplicidade de leituras eperceções, levando os nossos alunos adesfrutarem do prazer da arte. É, também,o nosso propósito”.

João Casanova, secretário de Estadodo Ensino e da Administração Esco-

lar do Governo português, participou nasessão solene de comemoração do 13.ºaniversário da EPM-CELP, na sequên-cia da visita oficial que efetuou ao nossoestabelecimento de ensino e a Moçam-bique.

O governante português fez-seacompanhar pelo chefe do seu Gabi-nete, Eduardo Fernandes, e pela dire-tora dos Serviços de Ensino e dasEscolas Portuguesas no Estrangeiro,Paula Teixeira. Em conjunto, para alémda participação na sessão solene, man-tiveram encontros de trabalho com a Di-reção da EPM-CELP.

A visita do secretário de Estado aonosso estabelecimento de ensino foi cir-cunstanciada, com visita a todos os se-tores e contactos diretos com osrespetivos responsáveis, terminandocom um almoço de convívio social.

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13.º ANIVERSÁRIO DA EPM-CELP

Mar de poesia e dança

“O nosso desafioé formar seres

pensantese interventivos”

Distinções 2011/12

Os hinos nacionais português e mo-çambicano, cantados pelos alunos do

4.º ano de escolaridade sob a batuta doprofessor Assumane Saíde, abriram a ses-são solene de comemoração do 13.º ani-versário da EPM-CELP, em 23 denovembro último, no nosso pavilhão gim-nodesportivo.

A sessão fica marcada, sobretudo,pelas distinções dos alunos que se desta-caram pelo seu desempenho escolar noano letivo transato, recebendo os diplomasde excelência, os prémios Miguel Torga,Baltazar Rebelo de Sousa e O Melhor Lei-tor da Biblioteca José Craveirinha, paraalém das bolsas de mérito.

EXCERTO DA MENSAGEM DA DIRETORA DA

EPM-CELP, DINA TRIGO DE MIRA

(…) O nosso projeto educativo pauta-se

pela ideia de que, neste contexto, a nossa

missão educativa deve centrar-se, em cada

momento, na escuta atenta do outro, no

diálogo permanente, na construção partilhada

de caminhos que levem a uma aprendizagem

efetiva e que faça sentido para todos os

alunos.

O nosso desafio é formar pessoas, seres

pensantes e interventivos; seres preparados

para ultrapassar qualquer obstáculo; cidadãos

transbordantes de energia criativa. É este o

QUADROS DE EXCELÊNCIA1.º ano: Taynara Ribeiro (turma A); Diogo Melo

Teixeira, Guilherme Rocha (B); João Pedro Candeias,Lippi Mondlane, Maria Francisca Pimenta, MuhammadVahid e Muhammad Karim (C); Chantell Rebelo, Kan-dara Matlaba, Renato Oliveira e Yanick Bagasse (D).

2.º ano: Carolina Ossumane, Patrícia Cabanelas,Fábio Gonçalves, Patrícia Guerra, Gabriel Alpoim, Gui-lherme Lousão, Kássia Milenie Tam, Luiz Filipe Santose Maria Inês Barata (A); Alexandre Marques, AshleyVilla, Beatriz Góis, Khetile Fondo, Malaika Assubuji,Mariana Ascenso, Mariana Coelho, Odete Costa, Pa-tricia Rodrigues e Zara Albasini (B); Deborah Gomes,Erika Vasconcelos, João Candeia e Nabil Omargee(C); Ana Rita Gonçalves , Anika Miquidade, BulandeGranchade, Luna Cabrita e Tiana Gabriela Silva (D);Ana Carolina Peral, Ana Catarina Barbosa, CamilleeVarinde, Duarte Nuno Ribeiro e Urvi Sacarlal (E).

3.º ano: Fernando Câmara e Kyara Ribeiro (A); Fi-lipa Fernandes e Lourenço Mayol (B); Ishara Loureiroe Kyara Rocha (C); Adriana Chaves e Rita Medeiros(D); Luaya Cardoso, Malik Dauto, Mónica Palmeirim eYannick Caupers (E).

4.º ano: Daniela Fernandes e Rita Costa ( A); Da-niela Paixão, Dulce Mijares, Rafael Gomes, RaissaOmargee e João Costa (B); Adriana Ten Jua, Josep-hine Collier e Luana Rossini (C); Beatriz Veiga, MariaIsabel Mayol, Nicole Magane, Pedro Fonseca e So-lange Caravela (D); João Oliveira (E).

5.º ano: Gonçalo Padrão, Manuel Pessoa, TiagoAscenção, João Góis e Vasco Sampaio (A); CarolinaTeixeira e Daniel Bernardo (B); Kayla Clemente e LiliaFekih (C).

6.º ano: Isabel Barbosa (A); Naciah Moreira, OlíviaRocha e Keval Ramnical (B); Elizabeth Oliveira e Hu-maira Mamadbhai (C).

7.º ano: Joana Amorim, Luana Caravela, MariaOliveira e Yara Sidat (B); Gonçalo Rosado (D).

8.º ano: Daniel Câmara, Patrícia Fernandes e Tu-recas Erasmo (B); Mariana Marques (C); Nayma Melo(D); Catarina Tadeu, Lara Gonçalves, Miguel Vieira,Neha Ramnical e Vicxita Mahendralal (E).

9.º ano: Mariana Cardoso, Miriam Lopes e RomilaIsmail (A); Catarina Góis (B); Iva Gonçalves e PedroOliveira (C); Miguel Padrão (D).

10.º ano: Shanice Chale (A1).11.º ano: Catarina Edmond, Francisco Novela e

João Almeida (A1); Suellen dos Santos (A2); Igor Ar-mando (B1); Nicole Iradukunda (B2).

12.º ano: Cassandra Neves, Fábio Ventura eJoana Soares (A1); Dickshay Jaientilal e Richard Fer-reira (A2).

PRÉMIO MIGUEL TORGALuana Rossini (4.º C), Elizabeth Oliveira (6.º C),

Iva Gonçalves (9.º C) e Joana Soares (12.º A1).

BOLSA DE MÉRITODaniel Bernardo (5.º B), Elizabeth Oliveira (6.º C),

Maria Oliveira (7.º B), Nayma Melo (8.º D), Iva Gonçal-ves (9.º C), Shanice Chale (10.º A1), Suellen dos San-tos (11.º A1) e Dickshay Jaientilal (12.º A2).

PRÉMIO BALTAZAR REBELO DE SOUSASuellen Santos (11.º A1)

PRÉMIO MELHOR LEITOR DO ANO DA BEJCTurecas Erasmo (8.º B).

grande desafio que enfrentamos, é este o

compromisso que os nossos docentes devem

assumir, diariamente, quando se preparam

para uma aula. A exigência que pretendemos

imprimir a este processo educativo deve

começar em primeiro lugar connosco.

É com os sentidos atentos aos seres que

são os nossos estudantes e os olhos postos

naquilo que esperamos que eles venham a

ser, que devemos pensar o processo de

ensino e aprendizagem (…).

Que o mar que nos liga a todos, povos e

seres, abra novas rotas, neste momento em

que tanto precisamos de encontrar novos

sentidos e caminhos…

MÉRITO ESCOLAR

O espetáculo de três horas, que evo-cou o mar através da música, poesia edança, contou, ao lado da equipa diretivada EPM-CELP, com as presenças do se-cretário de Estado do Ensino e da Admi-nistração Escolar, João Casanova, dochefe de Gabinete do Secretário de Es-tado, Eduardo Fernandes, da diretora dosServiços de Ensino e das Escolas Portu-guesas no Estrangeiro, Paula Teixeira, dePedro Rebelo de Sousa, do embaixadorde Portugal em Moçambique e do consulportuguês em Maputo, respetivamenteMário Matos e Gonçalo Gomes, para alémde representantes de várias autoridadeseducativas de Moçambique.

SESSÃO SOLENE

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LITERATURA

13.º ANIVERSÁRIO DA EPM-CELP

”A Viagem” de Tatiana Pintorecria imaginário popularNo átrio principal da EPM-CELP, no

final da tarde de 23 de novembro, logoa seguir à sessão solene de comemora-ção do 13.º aniversário da EPM-CELP,procedeu-se ao lançamento do livro “AViagem”, de Tatiana Pinto, ex-aluna danossa Escola. A obra foi ilustrada por LuísCardoso a partir do artesanato de TomásMuchanga.

A nova obra é o quinto volume da co-leção “Contos e Histórias de Moçambi-que”, dinamizada, conjuntamente, pelaEPM-CELP e Fundação Contos para oMundo, de Barcelona (Espanha), e dácontinuidade ao projeto de recolha e re-criação de histórias tradicionais e sua pu-blicação em livro, com vista a dinamizar aleitura e a escrita a partir do imaginário po-pular. Uma vez publicados, os livros sãodistribuídos gratuitamente pelas escolas

Coincidindo com o programa de comemorações do 13.º ani-versário da EPM-CELP, de 22 a 24 de novembro, decorreu

mais uma edição da Feira do Livro da EPM-CELP, organizadapela Biblioteca EscolarJosé Craveirinha (BEJC),subordinada ao tema “Marde livros… elo de ligaçãoentre povos e culturas…” .

Além da exposição delivros e materiais didáticos,com o objetivo de promo-ver a leitura, contámoscom a presença da autoraFátima Langa, da AlcanceEditores, e de Paulo Mu-lhanga, da equipa daBEJC, que contaram histó-rias aos alunos maisnovos, no Cantinho doConto. O jornalista e autorEduardo Quive, sob opseudónimo Xiguiana daLuz, fez o pré-lançamentodo seu livro “Lágrimas da Vida, Sorrisos da Morte”. Nesta ativi-dade estiveram presentes alunos dos 2.º, 3.º ciclos e secundárioque, no final, da apresentação “brechtiana”, colocaram questõesrelativas ao monólogo “Sorrisos da Morte” e ao percurso do jovemautor. O professor Fulgêncio Samo, por seu turno, dinamizou

uma aula aberta de Filosofia para Crianças, também no Cantinhodo Conto, promovendo, em espaço informal, a articulação entrea filosofia, o livro e a leitura.

No dia do Magusto, aLivraria Xikolwa, partici-pantes na Feira do Livrocolocou à disposição dosnossos alunos um espaçode pintura onde, da con-jugação de cores e criativi-dade, nasceram pequenasobras primas.

Registo especial para aparticipação dos alunos do7.º C, que zelaram pela vi-gilância permanente doCantinho do Conto, e tam-bém para os alunos quecontribuíram para a monta-gem do espaço da feira.

A Feira do Livro contoucom as seguintes exposi-ções: Movimento Literário

Kuphaluxa, Associação dos Escritores Moçambicanos, Associa-ção Moçambicana de Língua Portuguesa, Cepadarte, Alcance,Plural, Texto/Leya, Kapicua, Escolar Editora e Xikolwa.

ANA PAULA RELVAS

moçambicanas, em paralelo com a forma-ção de professores nas áreas da dinami-zação da leitura e da narração oral nassalas de aula.

O projeto “Contos e Histórias de Mo-çambique” teve início em 2009 e conta já

com as participações de autores consa-grados como Mia Couto, Ungulani BakaKhosa, Marcelo Panguana e Rogério Man-jate e ilustradores como Malangatana,Luís Cardoso, Amos Mavale e CelestinoMudaulane.

Mar de livros anunciou novidades

Tatiana Pinto, ao centro (de óculos) , durante a apresentação do livro por Luísa Quaresma

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FESTA AO AR LIVRE - MAGUSTO

13.º ANIVERSÁRIO DA EPM-CELP

NO último dia do programa do aniversário da EPM-CELP(sábado, 24 de novembro) realizou-se a festa ao ar livre, o

tradicional Magusto. Começou, logo pela manhã, com ativida-des desportivas em que os alunos do 1.º Ciclo cumpriram cor-ridas de corta mato e os do Pré-Escolar se envolveram naanimada aquakids na piscina.

Ainda de manhã houve lugar para a reabertura do Feira doLivro da EPM-CELP, iniciada dias antes, e para a inauguraçãoda Feira do Artesanato. A concluir o período da manhã realizou-se o espetáculo cultural oferecido pelos alunos do Pré-Escolare do 1.º Ciclo do ensino básico.

No almoço-convívio não faltou o bacalhau com natas, aboroa, o frango grelhado, as tão desejadas castanhas assadase, ainda, as irresistíveis sobremesas apresentadas, como ha-bitualmente, pela Comissão de Finalistas.

O período da tarde abriu com o espetáculo cultural a cargodos alunos e professores dos restantes ciclos de escolaridade,dando continuidade à música, dança, teatro e demais expres-sões artísticas, deixando os presentes deslumbrados com asrecorrentes cores do mar que inundaram as almas de encarre-gados de educação, familiares e amigos.

Parabéns EPM CELP!

Mares longínquos ofereceramartes mil, desporto e petiscos

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E P M -CELP

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ENSINO ESPECIALEPM-CELPSAÚDE

PALESTRA

Ahistória do “Rato Malquias”, que perdeu umdente, serviu de pretexto para suscitar a curiosi-

dade dos alunos do 1.º Ciclo da EPM-CELP sobre asregras da higiene oral e do processo de dentição napalestra dinamizada por Paula Tocha, médica e en-carregada de educação, realizada na manhã de 7 denovembro, no Auditório Carlos Paredes.

A palestra, durante a qual foi utilizada uma “boca”gigante para as demonstrações práticas, foi um pro-longamento da atividade de contos de histórias, quereúne, semanalmente, os alunos do 1.º Ciclo na Bi-blioteca Escolar José Craveirinha. A iniciativa tam-bém se integra no projeto familiar de aproximaçãomaior dos encarregados de educação à escola, pro-porcionando momentos de aprendizagens significa-tivas para os alunos.

“Aprendi a comer bem, a escovar os dentes, acomer coisas saudáveis, a não comer doces, chupas,bolos de chocolate, a não beber muito refresco e queé preciso comer muita fruta e beber muito leite por-que tem cálcio”, afirmaram, quase em uníssono, osalunos da turma “A” do 1.º ano, no termo da palestrainfantil.

O Rato Malaquias perdeu um dente

Foto Filipe MabjaiaMOMENTOS EPM-CELP

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LITERATURA

AEPM-CELP inaugu-rou a nova coleção

“Pensar a Educação”com o lançamento dolivro “Pluralidade deOlhares – construtivismoe multiperspetiva no pro-cesso de aprendizagem”da autoria de MaríliaGago, antiga docente danossa Escola. A cerimó-nia realizou-se no átrioprincipal das nossas ins-talações, a 14 de novem-bro, reunindo vastaplateia de familiares,amigos e antigos colegasda autora.

Com uma tiragem demil exemplares, o livro,com desenho gráfico epaginação de Luís Cardoso foi apresen-tado por Teresa Noronha, editora da EPM-CELP e coordenadora editorial destevolume. Esta traçou as diretivas teóricasda obra, destacando o carácter “iniciático”da tese de Marília Gago na medida emque ultrapassa a questão “Como ensinarHistória” para responder à de “Como é queos meus alunos aprenderão História.”

A obra revela uma sensibilidade espe-cial para a questão do modo de pensardos alunos em relação à narrativa histó-rica, bem como aborda as razões da exis-tência de várias narrativas sobre a mesmarealidade. Para o efeito, propõe instrumen-tos de pesquisa, para aplicar junto do pú-blico-alvo, que vai à procura das ideiasdos alunos e visam a (re)definição do “Serhistoricamente competente, hoje”, real-çando o saber ler, confrontar, selecionar,

entender e levantar novas questões, poisreside aqui “a essência da progressão doconhecimento”. A sala de aula de Históriasurge como uma oficina em que o debatedeve levar a uma consciência histórica quese vai sofisticando até atingir a problema-tização do presente. Isabel Barca sintetiza,no prefácio, “Uma forma não facilitista,mas cognitivamente estimulante”. Namesma obra Olga Magalhães conclui que“a divulgação deste trabalho constitui (…)uma excelente oportunidade para que,como educadores, encontremos motivosde reflexão sobre as nossas práticas do-centes e sobre a qualidade das aprendiza-gens dos nossos estudantes”. Finalmente,António Cabrita afirma que “a metodologiaexposta pode ser transversal e aplicada avárias disciplinas e âmbitos, o que iluminao grande interesse cognitivo desta obra”.

“Pensar a Educação” énova coleção da EPM-CELP

Desenhar e(re) construir aulasmais motivadoras

AEPM-CELP, através do Centro deFormação, promoveu uma ação

de formação, ministrada por MaríliaGago, designada “Dia de (Re)Cons-truir a Aula: Desenhar, Implementar eAvaliar - formação em modalidade pro-jecto”, dirigida aos seus docentes dosvários departamentos e ciclos de en-sino.

A ação de formação, com 50 horasde duração, organizou-se em dois mo-mentos de 25 horas cada, tendo o pri-meiro sido cumprido entre 9 e 17 denovembro, para treinamento do dese-nho de aulas como experiências con-cretas de aprendizagem, de modo atorná-las motivadoras e desafiadoraspara o professor e, consequente-mente, para os alunos. O segundomomento prolongar-se-á até janeirode 2013 e consiste na implementaçãoe concretização de um projeto indivi-dual de trabalho em contexto de salade aula. Trata-se de um processo dia-lético no sentido de que a avaliação éo ponto de partida para o desenho deuma nova experiência a partir do quefoi (re)construído, anteriormente, pelosalunos.

Construir e reconstruir é o grandedesafio lançado por Marília Gago.

FORMAÇÃO

LANÇAMENTO EDITORIAL

Doutorada em Educação, com especialização em Metodologia do Ensino da História e das Ciências Sociais,e Mestrada em Supervisão Pedagógica e Metodológica do Ensino pela Universidade do Minho, Marília

Gago é professora com 16 anos de experiência nos ensinos básico, secundário e superior. Neste percursoinclui­se a EPM­CELP. Trabalhou como consultora na definição de Metas de Aprendizagem da História para oensino básico, no Ministério da Educação português. Destaque, ainda, para o seu vasto currículo, onde seinclui a autoria de manuais escolares para as disciplinas de História e Geografia de Portugal.

PERFIL

MARÍLIAGAGO

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FORMAÇÃO

E P M -CELP

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ENSINO ESPECIALCOOPERAÇÃO

3.ª Oficina fez abordagemtransversal do HIV/SIDA

“Embondeiroapaixonado”inspirou açãoem Inharrime

Terminou o segundo módulo de for-mação sobre bibliotecas escola-

res, realizado entre 27 e 29 denovembro na Escola SecundáriaLaura Vicuña, em Inharrime, provínciade Inhambane, com participação ativada EPM-CELP. Esta ação deu conti-nuidade à formação iniciada em 2011,na Escola Profissional DomingosSávio, também em Inharrime.

O trabalho realizado no segundomódulo teve como mote o livro “O Co-ração Apaixonado do Embondeiro”, deRafo Diaz, uma das publicações daEPM-CELP. Com uma componentemais prática, teve como principal ob-jetivo a partilha de conhecimentos ne-cessários para a dinamização deatividades no espaço da biblioteca es-colar, colocando as artes ao serviçoda leitura, enquanto a formação de2011 foi de caráter mais teórico,abrangendo conteúdo relacionadoscom a gestão da biblioteca escolar eo tratamento do fundo documental.

As ações de formação realizadasem 2011 e 2012 foram da iniciativa daFundação Portugal-África e abrange-ram docentes e técnicos bibliotecáriosde Caia, Inharrime, Massinga, Chi-buto, Matola e Maputo. A EPM-CELP,enquanto entidade parceira, colabo-rou na produção do material de apoioe dos diplomas de conclusão da for-mação e, ainda, disponibilizou a do-cente Ana Albasini para as funções deformadora.

ANA ALBASINI

A 3.ª Oficina de Formação de Formado-res dos Institutos de Formação de

Professores (IFP) de Chibututíne, Matola,Munhuana e Namaacha, dedicada aotema “Abordagem Transversal da Educa-ção Sexual e Reprodutiva e HIV/SIDA” ter-minou em 3 de novembro, marcando ocumprimento de 75 horas de formação mi-nistradas pelo corpo de formadores daEPM-CELP.

As sessões compreenderam práticaspedagógicas, científicas e didáticas nasáreas da Língua Portuguesa, Ciências Na-turais, Educação Moral e Cívica, Matemá-tica e Técnicas de Expressão.

As oficinas de formação cumprem umdos objetivos do Centro de Formação e Di-fusão da Língua Portuguesa da EPM-CELP, que é responder às solicitações doMinistério da Educação de Moçambiqueprevistas no protocolo de cooperaçãopara a área de formação de professores .

A cerimónia de encerramento da 3.ªOficina de Formação de Formadores dosIFP contou com as presenças da repre-sentante do embaixador de Portugal emMoçambique, do diretor Nacional da For-mação de Professores, do representantedo diretor Nacional do Ensino Técnico edos diretores dos respetivos institutos deformação de professores com os quais aEPM-CELP colaborou neste projeto de for-mação, tendo terminado com um almoçode confraternização.

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EPM-CELP

PROJETO FAMÍLIAS

Ligação entre a escola e a famíliafacilita aprendizagens dos alunos

Tive conhecimento deste projetoapenas no início do ano letivo

2011/2012, quando o meu filho entroupara o Pré-Escolar no grupo das crian-ças com cinco anos.Confesso que,nessa altura, apesar de ter achado ainiciativa “engraçada”, não me tinhaapercebido da importância da mesma,sobretudo do ponto de vista das pró-prias crianças.

A data da minha participação nesteprojeto estava mais para o fim da lista.Cada vez que um pai ou mãe iam àescola desenvolver uma atividade, omeu filho contava-me com todo o en-tusiasmo e revelava-se ansioso paraque chegasse a sua vez de “levar” amãe ou pai à sua sala.

Já participei duas vezes. O anopassado, com a turma dos cinco anos(Pré “E”), tirei uma fotografia da turmaque emolduramos com cartolina paraque cada aluno pudesse levar paracasa uma recordação do seu últimoano do Pré-Escolar, tendo sido este oprincipal objectivo da atividade. Este

Oprojeto “Famílias na Escola” nasceu nosetor do Pré-Escolar em 2007 e, desde

então, contribui para a dinâmica escola-famíliana EPM-CELP. Um dos seus principais objeti-vos é envolver a família no processo educa-tivo de forma direta e consciente, através daparticipação nas actividades escolares.

Os encarregados de educação têm dina-mizado atividades nas salas de aula dos seusfilhos, enriquecendo as aprendizagens dascrianças com vivências e tradições própriasdas diversas culturas que se misturam nanossa Escola.

A recetividade dos encarregados de edu-cação à iniciativa tem sido bastante positiva,afirmando os participantes que esta experiên-cia contribui para reforçar a confiança da fa-mília na escola, facilitando a compreensãodos seus objetivos, funções, rotinas e intera-ções sociais. Para as crianças, por seu turno,a presença dos pais na sala é motivo de ale-gria e orgulho. Sentem-se valorizadas e a suaautoestima sai fortalecida, o que se traduznuma boa adaptação e integração escolares.

SOFIA CHABY

ano, uma vez que a minha filha está naturma dos três anos (Pré “A”) e nestaidade as crianças ainda não têm tanta agi-lidade para os trabalhos manuais, opteipor uma atividade mais simples: plantá-mos feijões. Qualquer criança adoraacompanhar o crescimento do “pé” de fei-jão e aprende algumas coisas novas comisso. Podemos aproveitar para lhe ensinardesde a teoria de “plantar” o alimento atéaos conceitos de respeito pela natureza ea sua importância para as nossas vidas. E,claro, permitir que as crianças deixem aimaginação “voar” com a história do “Joãoe o Pé de Feijão”. Depois é possível, cadaum, em casa com os pais, dar continui-dade e passar a plantinha para a terra.Esta atividade também me trouxe muitaslembranças boas... que delícia, voltei atrásaos tempos de infância!

Infelizmente, vivemos numa era emque a opinião de muitos pais é a de que aescola é o “lugar” onde as crianças pas-sam os dias, com a obrigação de aprenderalguma coisa e onde os professores têmtodas as responsabilidades nesse sentido.

O próprio ritmo de vida faz com que,“sem querer”, mesmo os pais maisatentos e presentes na vida dos filhosvão deixando para trás a vivência es-colar dos mesmos, entregando toda aresponsabilidade ao sistema de en-sino. Este projeto permite maior intera-ção e proximidade entre osencarregados de educação e os pro-fessores, aumentando o contacto entreas partes. Isto permite um maior co-nhecimento sobre o processo deaprendizagem e vem “relembrar” que aescola faz parte do quotidiano familiarda criança e que os pais devem estarenvolvidos nas suas aprendizagens.

Estes projetos têm uma influênciamuito positiva na autoestima das crian-ças, permite aos pais conhecer os co-legas dos seus filhos e, desta forma,melhor entender e participar, atravésdo diálogo, nas histórias que nos con-tam do seu dia-a-dia na escola.

SANDRA SILVEIRAEncarregada de educação

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E P M -CELP

20 | PL | Nov/Dez 2012

ENSINO ESPECIALTIC

Partilhar é o caminho mais viávelEstão em fase de expansão e de aper-

feiçoamento as plataformas de difu-são e partilha de produtos pedagógicosonline. Uma das grandes responsáveis poresta generalização é a Web 2.0, a novageração de comunidades e serviços,tendo como conceito a “web como plata-forma” inspirada nas redes sociais.

Que a educação do século XXI nãopode ignorar as tecnologias da informaçãoe da comunicação é já um dado, inequivo-camente, adquirido por todos. O desafio éo de adquirir o conhecimento inerente àsua utilização, quer retirando proveito pe-dagógico para a prática educativa, quergerindo, eficiente e eficazmente, a sua uti-lização por parte dos alunos. A diversi-dade e a atualização dos instrumentosque vão surgindo é de tal forma aceleradaque temos dificuldade em acompanhar-

mos a revolução. Há mesmo os queoptam pela recusa da inovação.

Lidar com a mudança e com a neces-sidade de atualização e aprendizagempermanentes, num domínio onde, namaioria esmagadora dos casos, nem se-quer foi contemplado na nossa formaçãocientífica e técnica, implica aprendermosde forma intuitiva e autónoma, gerindo, porvezes, individual e silenciosamente, as di-ficuldades. Se lidar apenas com as “má-quinas” é uma dor de cabeça, que evoluipara cefaleia grave quando aquela senega a cumprir as nossas instruções, quedizer da panóplia de plataformas, de apli-cações e de outras inovações que nosaparecem, nos afrontam mesmo, como sede “modas” se tratassem? Mais, comolidar com esta geração de alunos que sóparece reagir a essas “modas”, utilizando

os instrumentos, muitas vezes, de formaacrítica?

As TIC atingiram uma pluridimensiona-lidade que só a Internet possibilitou. A co-municação acontece a uma velocidadevertiginosa, a informação, boa e má, estádisponível à distância de uns cliques.Resta-nos, como escola e professores,procurar um conhecimento que se torne,dia após dia, mais aprofundado e cientifi-camente estruturado. O caminho da for-mação, da partilha e da troca deconhecimento individual ou cooperativo,na procura da inovação e do conheci-mento, parece o único viável.

Este artigo pretende dar a conhecerduas ideias para a pesquisa e partilha deinformação educativa, fazendo uma brevedescrição sobre a sua utilidade prática.

Esperamos encorajar a partilha.

Lançado em setembro de 2008, pela Linkedln, o Edmodo é uma rede social uti-lizada por mais de 12 milhões de professores e alunos de todo o mundo, centrada

em aspetos relacionados com a Educação. É uma ferramenta que permite aos profes-sores irem para além das paredes físicas das salas de aulas e estarem presentes, juntodos seus alunos, tanto através de computadores como de dispositivos móveis, graçasao contínuo crescimento e às melhorias introduzidas na plataforma.

O Edmodo desenvolve-se para professores e estudantes trocarem ideias. É umespaço próprio para a troca de anotações, links e arquivos sem complicações. A apli-cação permite criar um grupo específico de estudantes e excluir quem não foi convi-dado. O Edmodo é gratuito para professores e alunos.

DescriçãoSede: San Mateo, Califórnia (EUA)Slogan: Uma rede social segura para escolas (Safe Social Networking for Schools)Website: www.edmodo.comRegisto: obrigatórioIdiomas: português, inglês, espanhol, alemão, grego e francês.

SegurançaPara ser segura, a plataforma dispõe de vários administradores por país e códigos

especiais de acesso para escolas e turmas/disciplinas. Um aluno para se poder registarno Edmodo tem que ter um código fornecido pelo grupo, ou seja, pelo docente. O factode os utilizadores só poderem trocar informação com os membros do grupo onde estãoinseridos, permite que não haja contacto com utilizadores indesejados.

Funcionalidades– partilha conteúdos;– disponibilização de aplicações educacionais;– biblioteca online;– conexão com o Google Docs;– criação e realização de tarefas/trabalhos online;– inscrição de notas;– notificações.

OSlideshare é uma plataforma que permite o armazenamento e a partilha deconteúdos online sob a forma de apresentação de slides, de vídeo ou de arquivo

PDF. Foi criado em 2006, pela Humantech, e tem mais de 50 milhões de utilizadoresem todo o mundo. É considerada o youtube das apresentações.

DescriçãoSlogan: As apresentações sempre onlineWebsite: www.slideshare.netRegisto: Não obrigatório para consulta, mas obrigatório para partilha.

SegurançaÉ necessário criar uma conta para disponibilizar e descarregar arquivos. Permite

a disponibilização dos conteúdos apenas para os contactos do utilizador, caso estenão pretenda que os mesmos se tornem públicos.

Funcionalidades– partilha de conteúdos;– disponibilização de apresentações sobre os mais variados temas;– permite o descarregamento de apresentações, à exceção das que tenham sido

bloqueadas pelos autores;– incorpora links e embebe ficheiros;– permite a associação de palavras-chave à apresentação (facilitação da pes-

quisa);– inserção de áudio nas apresentações;– integração com outras redes de divulgação online.

Edição e texto JUDITE SANTOS

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ATIVIDADES

Nov/Dez 2012 | PL | 21

Os alunos das turmas A1, A2, B e C do 11.º ano da EPM-CELP desenvolveram umprojeto de solidariedade que culminou com a realização de uma visita à Casa do

Gaiato, no dia 11 de dezembro, acompanhados pelas respetivas directoras de turma.Para a concretização desta iniciativa, promoveram várias campanhas de recolha de bensalimentares, roupa, produtos de higiene e brinquedos ao longo dos meses de outubro enovembro. Realizaram, igualmente, várias feiras gastronómicas cujas receitas reverte-ram na compra de prendas de Natal personalizadas para cada uma das 154 criançasque residem na Casa do Gaiato.

A festa realizada junto dos jovens e adolescentes da Casa do Gaiato consistiu naorganização de um lanche partilhado entre os alunos da EPM-CELP e os anfitriões. Paraacolher as prendas foi montada, no local, uma árvore de Natal que assim permaneceuaté à “chegada do Pai Natal”. Ao ritmo da música, do canto e da dança, os alunos daEPM-CELP e os “gaiatos” intercambiaram culturas e partilharam experiências, ficandoos primeiros a conhecer como decorre e se organiza a vida diária na Casa do Gaiato.

A visita à Casa do Gaiato é uma iniciativa recriada anualmente na EPM-CELP, cum-prindo uma tradição de pensar nos outros, através de experiências que enriquecem osalunos na compreensão de outras realidades e modos de estar na vida e na sociedade.

A EPM-CELP agradece a colaboração dos encarregados de educação dos alunosenvolvidos no projecto de solidariedade.

Conhecer outrasrealidades no convíviocom os “gaiatos”

SOLIDARIEDADE

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E P M -CELP

22 | PL | Nov/Dez 2012

ENSINO ESPECIALTEXTO

O primeiro olhar

Aobra “Pri-m e i r o

Olhar – Pro-grama Inte-grado de ArtesVisuais” já estádisponível naBiblioteca Es-colar JoséCraveirinha daEPM-CELP naesperança que

seja mais uma fonte de inspiração eferramenta na abordagem e explora-ção artística em contexto escolar.

O programa a que se refere a obrateve início em 1997, sob a responsa-bilidade de Natália Pais e da Fundação

p a l a v r a p a l a v r aempurra...porque há sempre lugar para mais uma palavra!EDIÇÃO FULGÊNCIO SAMO

LITERATURA

Cada menino quando entra numa salade aulas carrega uma mochila. Um

fardo de cargas afetivas e emocionais queos aprendentes transportam, todos osdias, pelos corredores da escola até che-garem ao “laboratório de conhecimentos”.

A mochila desafia a consciência peda-gógica de cada professor, cuja presençacognitiva na sala de aula não encobre asua presença afetiva e social no desenvol-vimento das interações com os alunos. In-centivar, apoiar, motivar e gerir contextosde aprendizagem é o desafio que se co-loca ao professor na hora de enfrentaruma paisagem de rostos configuradoscom distintas emoções e modos de estarque transluzem no espaço comum.

A mensagem do livro “Mágoas da es-cola” não se esgota na alegoria da mo-chila, mas prolonga-se por muitos aspetosassociados à presença da entidade letivaonde, por vezes, se diluem os papéis e

Mágoas da escola

de Daniel PennacPorto Editora

surgem dilemas: ser professor ou um tú-mulo hermeticamente fechado às sensibi-lidades transmitidas pelas almas quediante dos olhos se apresentam? Entre oquadro e a plateia, onde e como se situa oprofessor?

Uma conceção mecanicista do ensinoleva, muitas vezes, ao esquecimento dadimensão sócio-afectiva do relaciona-mento entre professor e aluno, que tam-bém envolve uma postura emocional dodocente que se ajuste às necessidadesdos alunos e do contexto da relação.

O pensamento pedagógico não podedescurar o facto do professor ser tambémtransportador de uma mochila, que, dificil-mente, chega vazia à sala de aula, deonde também leva consigo alguma “mer-cadoria”.

FULGENCIO SAMOProfessor de Filosofia

Calouste Gulbenkian, é da autoria de RuiMário Gonçalves, João Pedro Froís e ElisaMarques, tendo sido esta última a res-ponsável pela apresentação e primeiraabordagem do Programa de EducaçãoEstética e Artística em Contexto Escolarna EPM-CELP, no ano letivo transato.Elisa Marques é, atualmente, chefe da Di-visão de Educação e Ensino Artístico.

O “Primeiro Olhar” conduz-nos à ex-ploração e aprendizagem de conceitosespecíficos das artes visuais, apesar daabordagem transversal às diversas áreasde conhecimento.

A partir da integração de obras dearte dos museus da Fundação CalousteGulbenkian, o “Primeiro Olhar” aborda aeducação artística como um processo

progressivo e abrangente ao longo davida do indivíduo, que pode ser explo-rado e aprendido por todos, não se li-mitando à formação de artistas.

A obra permite o questionamento,a comunicação e a compreensão domundo de uma forma holística. A edu-cação artística é encarada como umaforma de fruição, observação e expe-rimentação de novos meios de cria-ção.

Fica o desafio para a descobertade cada uma das páginas da obra, queenriquece e apetrecha o leitor para umolhar mais atento ao que nos rodeia.

CLÁUDIA PEREIRAProfessora de Educaçâo Visual

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EXPRESSÃO

Nov/Dez 2012 | PL | 23

Quando fui dormir comecei a sonhar que navegava num barco.Naquele sonho, eu estava aborrecida porque não acontecia

nada, mas de repente o barco afundou-se e eu fui vestir um fato demergulhadora e saltei para o Oceano das Letras. Fui até ao fundodo mar e vi uma cauda a passar, nadei mais um bocado e encontreiuma cidade cheia de peixinhos e sereias e também homens sereias.

Cheguei lá, as pessoas eram muito simpáticas, mas disseram-meque era preciso usar um fato de sereia porque sem o fato, a rainhazangava-se e prendia a pessoa sem fato durante dez anos. Umassereias muito simpáticas levaram-me às escondidas para uma loja evestiram-me um fato de sereia e puseram-me uma coisa que me pôsa conseguir respirar debaixo de água.

Depois levaram-me a conhecer várias pessoas, algumas até ti-nham filhos. De repente ouvimos um barulho, que parecia de umbarco a apitar, mas não, era a rainha e o rei a chegarem. Eu senti-me desorientada porque não sabia se tínhamos de nos sentar, dizerbom dia, fazer uma dança...Por sorte, as minhas colegas repararamque eu estava muito perdida e disseram-me que só bastava estarde pé.

A rainha já era velha e feia, mas lidava muito bem com aquilo.Passados alguns dias a rainha descobriu que eu era intrusa e

mandou os seus guardas apanharem-me e eu e as minhas amigasfugimos, mas a rainha também tinha alforrecas venenosas e fica-mos encurraladas. Tivemos que lutar e quando sobrava uma alfor-reca fugimos até muito longe e fomos parar a um sítio de golfinhose peixes coloridos e conchas muito bonitas. De repente chegaramalforrecas gigantes que também eram guardas da rainha e rasga-ram-me o fato na parte dos pés e viram uns pés com cinco dedoscada um.

Lutamos muito e derrotamos os guardas até ao último.Depois apareceram mais e aquilo nunca mais acabava e... eu

acordei do meu sonho!

ANA BOUÇASAluna 4.º E

Umaviagem

debaixo deágua

Autoretrato

Com semblante carregadoAssim se arrasta, se move,Olhos de um castanho mortiço, agastadode castanho que a vida comove.

Alto, de nariz empinadoNo umbigo centra o Universo aplanadoE triste, infeliz, rosto congestionadoCabelo castanho, futuro traçado

Invulgar venerador da CiênciaMesmo pesando a sua indecênciaTenta-se aproximar da luz, do caminhoMas da torre não chegará ao cimo.

Dinâmica deveras intrincadaConsciência um pouco pesadaOlha em redor, seu olhar pesarosoRoupa descomposta, pensamento gravoso.

MIGUEL PADRÃOAluno do 10.º A1

“...espaço de livre expressão da imaginação,

razão ou, simplesmente, da vontade de escrever

ou falar sobre algo que preocupa ou até revolta.”

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24 | PL | Nov/Dez 2012

EPM-CELP

“Nem me falta na vida honesto estudo/Com longa experiência misturado” - Luís de Camões

OCafé Concerto 2012, realizado em 15 dedezembro e dinamizado pelos alunos finalistas

do ensino secundário da EPM-CELP, cumpriu atradição de surpreender e emocionar. No palco dacriatividade desfilaram cantos, danças, vestidoscoloridos e até anedotas.

CAFÉ CONCERTO 2012Servido para surpreender