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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO - FACED
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
PATRÍCIA MENEZES VILAS BOAS LAPA
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
SALVADOR MAIO/2015
PATRÍCIA MENEZES VILAS BOAS LAPA
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação, da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do título de Mestra.
Área de Concentração: Educação e Diversidade
Orientador: Profº. Drº. Félix Dias
SALVADOR MAIO/2015
SIBI/UFBA/Faculdade de Educação – Biblioteca Anísio Teixeira Lapa, Patrícia Menezes Vilas Boas. Educação e saúde mental [recurso eletrônico] : um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia / Patrícia Menezes Vilas Boas Lapa. 1 CD-ROM : il. ; 4 3/4 pol. Orientador: Prof. Dr. Félix Díaz. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Educação, Salvador, 2015. 1. Fonoaudiologia - Estudo e ensino. 2. Fonoaudiologia – Currículos. 3. Saúde mental. 4. Educação. I. Díaz, Félix. II. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Educação. III. Título. CDD 616.855 – 23. ed.
PATRÍCIA MENEZES VILAS BOAS LAPA
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção
do grau de Mestra em Educação. Data de aprovação: _________de ______________________ de 2015
BANCA EXAMINADORA
Felix Dias _______________________________________________________ Universidade Federal da Bahia Doutor em Educação Elaine Cristina de Oliveira __________________________________________ Universidade Federal da Bahia Doutora em Linguística
Melissa Catrine da Silva____________________________________________ Universidade Federal da Bahia Doutora em Linguística Aplicada e Estudos de Linguagem
Agradecimentos
A Deus, que me fortaleceu nesta jornada dando-me oportunidades de aprender com diversos Outros que por mim passaram, desde o início da minha graduação em Fonoaudiologia e na vida, dando-me força em forma de pessoas lindas que por mim passaram e comigo estão. A minha mãe, puro amor que sempre, sempre, sempre está do meu lado com seu apoio silencioso em atos, presenças e preces que me ajudam a prosseguir. Ao meu paizão meu obrigado por compreender a minha ausência e por me admirar e acreditar sempre que posso mais do que na verdade sou, mas que por isso me faz querer ser o melhor que posso. À minha filhinha linda que me surpreendeu com sua presença no meio de um percurso bastante preenchido por trabalhos, cursos, mestrado, etc. Minha pelezinha de algodão que me faz perceber o que realmente importa na vida: o amor, a saúde, a família e que tão pequenina conseguiu me fazer desacelerar para viver um amor sem dimensão. Ao meu esposo, Jancarlos que esteve comigo neste projeto desde o início, compreendendo as ausências, a ansiedade, as solicitações de escuta nas madrugadas de estudo que quase fizeram-lhe um físico com habilitação em saúde mental ou um metafísico do cuidado. Obrigada por todo apoio e amor! A minha irmã Rita por me apoiar com sua presença firme e doce sempre que preciso e por suas mensagens constantes de fé e esperança. Agradeço a uma professora muito especial em meu coração, Desirée Begrow que me oportunizou o encontro com o CAPSia Liberdade e de onde sai certamente maior e melhor, tanto enquanto pessoa como profissional. Meu obrigada especial. Admiração e gratidão à esta professora sol, iluminada! Ao meu orientador Professor, Dr. Félix Diaz, que com sua sensibilidade conseguiu me acolher em meus desejos pelos estudos em educação e saúde mental, me orientando a encontrar o caminho desta pesquisa e compreendendo minha necessidade de retirar-me por um período deste percurso para a dedicação dos (como dito por ele) “Ofícios maternos”, nos primeiros meses de vida de minha filha Valentina. Nós duas agradecemos imensamente. Obrigada! Às professoras Dra. Elaine Cristina de Oliveira e Dra. Melissa Catrine da Silva por
suas valiosas contribuições durante a qualificação deste trabalho e por aceitar ao convite desta banca de pesquisa. A todos os usuários e colegas da equipe multiprofissional de trabalho do CAPSia Liberdade que me ensinaram tanto e que fizeram parte de uma linda história. Uma história de luta, de vida, de garra, de amor, de cuidado, de esperança, de aprendizagens múltiplas, de sentimentos extremos de alegria e de tristeza, de empoderamentos, de derrotas, de desconstruções e renovações, de encontros e desencontros com os sujeitos mais incríveis que a vida poderia me proporcionar conhecer. São tantos sentimentos que gostaria de dizer desta vivencia, mas seria impossível em uma página de agradecimentos, por se tratar de uma passagem ímpar de minha história de vida. Aos amigos mais do que especiais que encontrei neste contexto: Aline Góes (amiga música) e George Alencar (amigo Geo). Quão doces os nossos encontros de supervisão e “amigoterapia”. Que maravilha que vocês continuam bem perto. Aos meus amigos que compreenderam a minha ausência para os estudos. Neste caminhar agradeço às palavras de força e foco de Luciana Ventin e Acenísia Azevedo, durante nossos cafezinhos de boa proza.
Dedico este trabalho a minha filha Valentina, por tanto amor e carinho, por tantos beijos e cheirinhos que me fazem retomar os propósitos e me sentir a mãe mais feliz
do mundo.
RESUMO
A Reforma Psiquiátrica configura-se como movimento social nascido em meados dos anos setenta que coloca em debate os aspectos terapêuticos destinados aos indivíduos em situação de sofrimento psíquico e aponta para a construção de novos saberes e práticas sociais em diversas dimensões da realidade. Tendo em vista a dimensão teórica e técnica de enfrentamentos para a desconstrução do ideário da loucura, este trabalho busca entender, através da análise do currículo de Fonoaudiologia de uma universidade federal localizada no estado da Bahia, quais as possibilidades e potencialidades dentro dos componentes curriculares dessa disciplina favorecem a sensibilização e formação teórica técnica do graduando em Fonoaudiologia para as especificidades da atuação no campo da saúde mental coletiva. Para isso foi analisado o projeto pedagógico do curso de Fonoaudiologia, juntamente com as Diretrizes Curriculares Nacionais para esse curso. Os resultados apontam para a necessidade de se levar em conta os princípios e diretrizes do cuidado ampliado e psicossocial na formação do estudante de Fonoaudiologia. Além disso, é importante considerar a potencialidade dentro dos componentes curriculares de caráter prático desta graduação para a formação do Fonoaudiólogo, tendo em vista o desenvolvimento de competências e habilidades para atuação no campo da saúde mental e saúde coletiva.
Palavras Chaves: Fonoaudiologia Estudo e ensino, Currículo, Saúde mental, Educação.
ABSTRACT
The psychiatric reform appears as a social movement born in the mid-seventies that puts under discussion the therapeutic aspects for individuals in psychological distress situation and points to the construction of new knowledge and social practices in different dimensions of reality. Given the theoretical dimension and fighting technique to the deconstruction of the crazy ideas, this work seeks to understand, through the Speech Therapy curriculum analysis of a federal university located in the state of Bahia, the possibilities and potentials within the curricular components that discipline promote awareness and technical theoretical training majoring in Speech to the specifics of the operation in the field of public mental health. For this, the pedagogical project of the course of speech therapy was analyzed, along with the National Curriculum Guidelines for this course. The results point to the need to take into account the principles and guidelines of the expanded and psychosocial care in the formation of speech therapy student. Moreover, it is important to consider the potential within the practical character of curriculum components of this graduation to the formation of speech therapist in order to develop skills and abilities to work in the field of mental health and public health. Keywords: Speech Therapy Study and Teaching, Curriculum, Mental health, Education.
Sumário LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 1. Introdução 11 2. A interlocução teórica 18 2.1 Origem da Fonoaudiologia no Brasil 18 2.2 Movimentos Sociais e Reforma Sanitária 26 2.3 Breve histórico da Reforma Psiquiátrica no Brasil 29 2.4 O currículo em saúde construído na prática Profissional
39
2.5 A formação do profissional de saúde no exercício de seu fazer primordial: o Cuidar
43
3. O percurso metodológico 56 3.1 Opção Metodológica 56 3.2 Campo da pesquisa 57 3.3 Coleta e análise de dados 57 3.4 As unidades de análises 58 4. A Saúde Mental e a formação do Fonoaudiólogo 60 4.1 As Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de saúde
60
4.1.1 A Saúde Mental e o currículo de Fonoaudiologia. 61 4.1.2 Diretrizes Curriculares Nacionais, Fonoaudiologia e Saúde Mental
63
4.2 Um breve perfil do curso de fonoaudiologia 70 4.3 A Saúde Mental no currículo de Fonoaudiologia 71
4.3.1 Dos Objetivos, Competências e Habilidades do Curso
72
4.3.2 Das disciplinas e ementas do curso 74 4.3.3. Presença dos princípios da clínica psicossocial na formação do Fonoaudiólogo.
77
5. Conclusões e considerações Finais 83 6. Referências 86 ANEXOS 90
Lista de Figuras
Figura 1 – Percentual (%) das potencialidades dos princípios nas disciplinas
Lista de Tabelas e Quadros Tabela 1 – Distribuição Docente x Área de concentração Quadro 1 – Disciplinas Potenciais
Listas de Abreviaturas e Siglas CAPS – Centro de Apoio Psicossocial CAPSia – Centro de Apoio Psicossocial da Infância e da Adolescência LDB – Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional DCN – Diretrizes Curriculares Nacionais SUS – Sistema Único de Saúde NAPS – Núcleo de Apoio Psicossocial CAPSad – Centro de Apoio Psicossocial Álcool e Drogas PRH – Programa Anual de Reestruturação da Assistência Hospitalar Psiquiátrica CNE – Câmara Nacional de Educação CES – Câmara do ensino Superior MEC – Ministério da Educação UFBA – Universidade Federal da Bahia PTI – Planejamento Terapêutico Individual
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
11
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
Esta proposta de pesquisa nasce a partir do percurso da autora,
fonoaudióloga, ingressada no mercado de trabalho em 2007, destacando a sua
passagem por um serviço de saúde pública em saúde mental da infância e
adolescência da cidade de Salvador –Bahia.
O encontro da autora com a necessidade da construção do cuidado para
usuários de um serviço substitutivo em saúde mental – Centro de Apoio Psicossocial
– CAPS – , destinado ao acolhimento de crianças e adolescentes em situação de
vulnerabilidade social e sofrimento psíquico, levaram-na ao interesse por revisitar os
caminhos percorridos na graduação em Fonoaudiologia até o encontro com o fazer
na saúde mental, na perspectiva da clínica psicossocial.
As demandas direcionadas à Fonoaudiologia neste recurso da rede de saúde
mental ocorriam no sentido de solicitar respostas e intervenções específicas para
alterações de linguagem, fala, comunicação e motricidade de crianças e
adolescentes imersos em uma realidade social de privação extrema, de sofrimento
psíquico e vulnerabilidade social. Contudo, o cuidado neste cenário quando voltado
para estas manifestações clínicas, falavam por si de sua insuficiência e da
necessidade do extrapolar a forma de pensar o Sujeito e sua linguagem, bem como
de transpor as ações para além dos muros institucionais, e em seu cenário histórico
e social.
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 12
As insuficiências de uma clínica tradicional e tecnicista frente às demandas de
sujeitos em situação de sofrimento psíquico somavam-se ao interdito do exercício de
um fazer puramente ambulatorial no contexto dos serviços substitutivos em saúde
mental, de forma que redirecionava, para as redes de atenção em saúde do
município, as demandas específicas para a Fonoaudiologia. Assim, além da
insuficiência de um fazer ambulatorial o mesmo não cabia dentro de uma proposta
de serviço substitutivo em saúde mental.
Frente a esta realidade, a autora questiona qual seria a dimensão e
especificidade do fazer da Fonoaudiologia neste campo tendo em vista que os
sintomas e apresentações clínicas historicamente consideradas como específicas
para esta profissão não deveriam ser acolhidas neste recurso da rede se não
fossem decorrentes ou estar em comorbidade com as demandas especificas para a
saúde mental como as psicoses, neuroses graves, situações de sofrimento psíquico
e os transtornos mentais graves e persistentes. Diante disto, e da experiência com a
saúde mental questiona-se também como e possível considerar tais demandas sem
considerar prioritariamente o Sujeito, o vínculo, a longitudinalidade da atenção, a
rede e o acolhimento que cada Sujeito necessita? Onde se fala disso nas
graduações em Saúde? Qual o espaço dado a estas discussões na graduação em
Fonoaudiologia?
O interdito de uma clínica onde se prioriza os sintomas, a técnica ou o saber,
tido como núcleo de cada formação, por uma realidade que diz da insuficiência
deste modelo, redireciona a atuação para uma clínica psicossocial, do Sujeito, do
vínculo e do cuidado e impõe reflexões sobre o lugar do profissional de saúde neste
cenário.
Com frequência, alunos em formação de cursos de saúde e que visitam os
serviços de saúde mental pouco sabem sobre o que se espera de um profissional de
saúde nestes contextos e assim, buscam amparo nas técnicas do manejo de seu
saber específico, (psicologia, fonoaudiologia, enfermagem e medicina) ou dos
saberes éticos respaldados pelos conselhos profissionais. Estas técnicas
características de cada profissão, quando não funcionam com base em princípios
claros que consistem em considerar, principalmente, os usuários como sujeitos de
direitos e demandas, evidenciando o vínculo e o cuidado, passam a não fazer
sentido no campo substitutivo da saúde mental.
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
13
Esta percepção da autora sobre o fazer em saúde mental e a formação dos
profissionais de saúde para a atuação neste contexto encontra subsídios nos
estudos de autores que transitam por esta área em sua prática ou no âmbito teórico,
deixando clara a existência de uma lacuna entre a formação acadêmica e as
demandas específicas deste setor (CAMPOS, 2000, 2011; FREITAS 2007;
DESVIAT, 2007; LOBOSQUE, 2007).
Este descompasso entre o ensino e as demandas do campo prático da saúde
mental no país, pode acarretar em formação de profissionais acríticos e com
intervenções e gerenciamentos que não correspondem às demandas em saúde
mental, ou também, em saúde pública coletiva.
A formação de profissionais de saúde é referida por Lobosque (2011), como
completamente divorciada das necessidades destes serviços, reforçando a ideia de
que nas graduações, a maior parte dos cursos distancia-se de questões específicas
da saúde pública e mental, não informando sobre sua história, especificidades e
singularidades.
Diante deste cenário, cuja formação foi marcada por conceitos, abrangência e
alinhamento tecnicista, a autora deu início à sua atuação profissional em um
dispositivo, substitutivo ao modelo tradicional de cuidado em saúde mental,
destinado ao atendimento de crianças e adolescentes em situação de sofrimento
psíquico. Estas vivências em saúde mental exigiram mudanças na forma de pensar
e atuar com o cuidado, tendo em vista que o público acolhido, encaminhados por
dispositivos comunitários, da justiça, da saúde, da educação ou por demandas
espontâneas, significavam o sofrimento psíquico e situações de vulnerabilidade de
crianças e adolescentes através de queixas relacionadas à aprendizagem,
linguagem, socialização e comportamento. Destas famílias, muitas eram
encaminhadas ao serviço de fonoaudiologia de um CAPSia da cidade de Salvador
na Bahia.
Diante da complexa realidade social onde estão imersos estes sujeitos e que
exige deslocamento da clínica ambulatorial para a psicossocial a autora percebe
forças contrárias à efetivação de um modelo alternativo ao modelo hospitalocêntrico,
biomédico e tecnicista de cuidado, tais como as solicitações de respostas e
intervenções padronizadas e de cura para as alterações consideradas como objeto
de trabalho do fonoaudiólogo. Solicitações como estas surgiam da própria equipe
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 14
técnica multiprofissional de saúde mental e de demais dispositivos da rede – o que
dizia da imagem social da Fonoaudiologia. Além disto, a formação acadêmica com
defasagens de conteúdos de cunho social, humanista e da saúde coletiva,
considerando o currículo vigente na formação da autora, também se configurava
como um dificultador para o entendimento da lógica psicossocial.
Esta experiência fez perceber que a dimensão essencial em todo cuidado, o
vínculo, não se limitava a dimensão intersubjetiva como característico das disciplinas
e formações em psicoterapias ou quando se trata da relação profissional paciente.
Este elo que liga todo profissional de saúde ao usuário de um serviço requer o
exercício do acolhimento, do cuidado, do conhecimento de dispositivos das redes de
atenção e da tessitura destas a partir de cada sujeito, bem como da
longitudinalidade da atenção.
Tendo em vista o fundamento da atenção psicossocial que surge no campo
da saúde mental no Brasil a partir da crise de um modelo de atenção ao sujeito com
sofrimento psíquico, onde a psiquiatria configurava-o como seu objeto e o hospital
psiquiátrico como um dos principais dispositivos de sua ação e a sustentação do
cuidado em saúde, o profissional fonoaudiólogo precisa ter claro quais competências
possibilitam uma intervenção onde outros efeitos assistenciais possam ser
produzidos, para além dos tradicionais objetivos de intervenção.
Esta crise desenhada por incompetência terapêutica do antigo modelo,
explicitada nos altos índices de cronificação de casos de transtornos mentais, no
caráter iatrogênico da institucionalização e pelos impasses quando à sua
cientificidade, culmina no movimento da Reforma Psiquiátrica em meio ao período
de reorganização social e civil contra a ditadura militar no fim dos anos 70 (BRASIL,
2005).
O paradigma da atenção psicossocial se estabelece como a mudança
necessária no cuidado em saúde mental, rompendo a lógica da hospitalização e
medicalização da loucura fortalecendo práticas antimanicomiais. Esse paradigma
tem seu espaço de prática principalmente nos CAPS, dispositivos de articulação
com a rede e que concentra como práticas de cuidado o acolhimento, o
gerenciamento de casos e planejamentos terapêuticos singulares que tomam os
determinantes da loucura como frentes de intervenção, promovendo a retomada dos
vínculos sociais a partir da promoção de autonomia e da cidadania. Esses contextos
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
15
de mudanças e demandas sociais encontram o respaldo na Constituição Federal de
1988 que determina a saúde como direito de todos e estabelece direitos de acesso à
saúde, educação e assistência social.
O objetivo norteador da Reforma Psiquiátrica é resgatar direitos civis e sociais
dos sujeitos em situação de prejuízos em seus laços sociais e de privação de
diretos, além de catalisar mudanças na cultura e na forma de pensar a loucura.
Desta forma, a atenção psicossocial historicamente vem se definindo por uma
série de alterações no paradigma de atenção aos indivíduos em situação de
sofrimento psíquico, centrados nos hospitais psiquiátricos, valendo-se de
transformações no âmbito político, ideológico, clínico e teórico, sustentadas por
movimentos sociais em busca do resgate dos direitos humanos, individuais e
coletivos, considerando a particularidade de cada usuário dos serviços de saúde
mental. No âmbito teórico-técnico, considerando as graduações, as transformações
referem-se à produção de novas tecnologias de intervenção que possam produzir
novas formas de assistência, bem como de transformações de fazeres e de
processos éticos, institucionalizados e cristalizados historicamente (COSTA-ROSA,
2000).
No campo da educação as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
- LDB - que norteia o processo de formação na educação superior, prevê a
flexibilização dos currículos e a implementação de projetos pedagógicos inovadores
e com perspectivas de mudanças, apontando para a necessidade de transformação
frente as novas demandas sociais, através da construção das Diretrizes Curriculares
Nacionais – DCN – para cada curso de graduação.
Tais diretrizes para o Curso de Fonoaudiologia explicitam a necessidade de
compromisso com os princípios da Reforma Sanitária Brasileira, com ênfase nas
demandas do SUS – Sistema Único de Saúde, apesar de apresentar ideias que
ainda deixam claro o tecnicismo e cientificismo em suas direções.
A formação de atores sociais esclarecidos sobre a causa da saúde mental, da
saúde do Sujeito, bem como sobre o vínculo, as redes de atenção e com a clínica
ampliada se faz necessário quando se pretender transformar saberes e práticas
historicamente constituídas. Faz-se necessário profissionais capazes de articular
conhecimentos com encontros, de repensarem sua formação e refletirem sobre a
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 16
história de sua prática e, assim, retroalimentarem a academia em sintonia com estes
princípios e com os da grande política de Saúde - SUS e a Política Nacional de
Saúde Mental.
A dimensão, extensão e flexibilidade do cuidado com sujeitos em situação de
sofrimento psíquico é o que valida, para autores como Lobosque (2011), o
profissional da saúde no campo antimanicomial e na prática psicossocial. Assim, a
formação deste profissional necessita de superação de modelos clínicos tecnicistas,
bem como da insuficiência de entendimentos sobre a cultura, lazer, justiça,
educação, rede de cuidados e de funções próprias de cada setor, promovendo a
interlocução entre setores sem os discursos hegemônicos sobre a loucura e doença
que atravessam os diferentes dispositivos de cuidado, assistência e educação e que
aprisionam, igualmente, os sujeitos com algum sofrimento, seja ele psíquico ou não.
Diante das demandas sociais e das diretrizes da grande Política Nacional de
Saúde, nos perguntamos quais as referências e indícios são encontrados nas DCN
para o curso de Graduação em Fonoaudiologia, que atentam para os pressupostos
da Reforma Psiquiátrica.
Assim, considerando o contexto da Reforma Psiquiátrica e as diretrizes
políticas que redirecionam o fazer da clínica neste campo, bem como as
contribuições que esta área pode possibilitar para o entendimento sobre o cuidado, o
vínculo e o Sujeito, a pertinência desta pesquisa aponta para a compreensão das
contribuições da clínica ampliada e a clínica substitutiva em saúde mental para a
formação do fonoaudiólogo.
Partindo do referencial teórico adotado e dos problemas identificados, este
trabalho investiga como o currículo de Fonoaudiologia de uma universidade federal
localizada no estado da Bahia referencia a formação dos estudantes desta
graduação para a atuação em saúde mental, tendo em vista princípios norteadores
para esta clínica, tais como o cuidado, a responsabilização, a rede de atenção e o
território. Assim, procurou-se identificar quais as contribuições da clínica psicossocial
para a formação em Fonoaudiologia e quais disciplinas da estrutura curricular são
propensas a esta discussão.
Uma vez definido os objetivos, buscou-se na literatura elementos teóricos que
pudessem oferecer constructos válidos para fundamentar e orientar esta pesquisa.
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
17
Para atender a demanda das questões metodológicas, foi escolhido o estudo de
caso, o qual nos pareceu mais adequado tendo em vista a nossa questão de
investigação. Neste sentido, optou-se por investigar uma universidade federal no
estado da Bahia, a partir da análise documental do currículo dessa instituição.
O texto desta dissertação está organizado em cinco capítulos. Após a
introdução, o segundo capítulo, reporta-se à revisão bibliográfica da temática. No
terceiro descrevemos os aspectos metodológicos dessa investigação. Em seguida
discutimos nossos resultados e finalmente tecemos nossas conclusões e
encaminhamentos finais dessa dissertação.
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 18
CAPÍTULO 2 – Interlocução Teórica
Neste capítulo focalizamos nossas atenções nos aspectos teóricos sobre os
objetivos pretendidos nesse trabalho. Como já dito, nos interessa elucidar a
existência de componentes ou lugar teórico para a clínica psicossocial na formação
do bacharel em fonoaudiologia.
Sendo assim, consideramos importante discutir o contexto histórico da
Fonoaudiologia no Brasil em paralelo às reformas Sanitárias e Psiquiátrica, dentro
da saúde pública brasileira. Mais ainda, entendemos ser necessário discutir os
desafios da continuidade da Reforma Psiquiátrica, tendo em vista as premissas da
saúde mental como principio norteador para o âmbito teórico assistencial.
2.1 Origem da Fonoaudiologia no Brasil
A representação mais comumente encontrada no que se refere ao
nascimento da Fonoaudiologia relaciona a mesma com a criação de seus cursos
universitários. Entretanto, ao contrário desta perspectiva, esta profissão tem início
entre as décadas de 20 a 40 em meio a luta de classes que marcou a Primeira
República e o Estado Novo e não no período em que foram criados os cursos
universitários especializados. No contexto da Primeira República e por meio dos
profissionais que faziam o trabalho com a linguagem, visava-se o disciplinamento
dos corpos, mentes e ideias de imigrantes desfavorecidos financeiramente,
desmembrando organizações contrárias à política vigente que trabalhava a serviço
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
19
da dominação e do capital.
A desqualificação da classe de trabalhadores pobres em sociedades
capitalistas tem início no século dezenove e se consolida no século vinte. Berberian,
(1995), descreve que a biologia e as ciências humanas se encarregaram de fazer
parecer anormal o que era de origem social e produzida historicamente. A ideia de
que trabalhadores e imigrantes com dialetos diversos constituíam uma parcela da
população de natureza primitiva, com deficiências em suas linguagens e com
atrasos culturais é muito antiga. Essa concepção atinge seu ápice na época da
revolução industrial com a teoria da carência cultural que responsabilizava a criança
pobre e sua família pelo insucesso na alfabetização. O papel da escola não era
questionado no processo de produção do fracasso servido apenas para sugerir
medidas medicalizantes e de identificação dos “desvios”. A teoria da carência
cultural configurou-se como uma resposta das ciências aos pedidos da classe
dominante para igualizar culturalmente a minoria étnica.
Profissionais como psicólogos, fonoaudiólogos e linguistas trabalhavam para
apresentar respostas e “adequações” da fala de crianças negras e latino americanas
ao perfil dominante. Este fazer exigido por preconceito, imposto pela discriminação,
e por escolas de má qualidade, pretendia alcançar os ideais de comunicação,
modelando as falas, aprendizagens e comportamento verbal segundo técnicas do
behaviorismo.
Berberian (1995), refere que no Brasil a produção acadêmica dos cursos de
saúde, educação e ciências humanas adotaram a reprodução deste modo de fazer
ciência, modelando falas e comportamentos. Esta autora refere que este modo de
operar e pensar a ciência se faz refletir até os dias de hoje nas práticas de ensino e
avaliação. Defende ainda que a garantia de direitos do cidadão de classe popular à
norma culta deve ser uma diretriz no fazer de profissionais de educação e saúde,
considerando as singularidades de cada indivíduo, sua cultura e história.
Durante meados e final do século XIX a sociedade brasileira passou por
mudanças significativas em campos político, sociais e na forma de entendimento da
nova realidade vivenciada com a substituição do trabalho escravo por trabalho
assalariado, a partir do crescimento e modernização das cidades e da instalação das
primeiras indústrias. Este processo atraiu para as cidades colonos e grupos
populacionais de diferentes nacionalidades e de diferentes regiões do país. A
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 20
heterogeneidade de costumes, hábitos, língua e necessidades promoveu a
organização de grupos e aglomerados populacionais que construíam grupos
autônomos e organizados com interesses diversos e paralelos aos interesses da
classe dominante que organizava uma nova ordem social de dominação.
Os aglomerados populacionais passaram a representar uma ameaça para
setores da sociedade e à tranquilidade social, na medida em que greves e
reinvindicações começaram a ser frequentes no período, gerando consequências
para as indústrias e economia. Intelectuais, médicos e políticos com discursos
higienistas organizaram-se em nome da não contaminação física e moral, da
ignorância, do analfabetismo, das doenças e desordem social, com justificativas
baseadas em vertentes biológicas e organicistas para combater as diferenças
culturais, morais e de comportamentos de grupos sociais, associando à
heterogeneidade a ideia de patologia social.
Este movimento contra as organizações de grupos de trabalhadores ocorreu
também com o intuito de mudanças nas diretrizes políticas vigentes e da promoção
de discussões sociais em prol da restauração da República, medicalização da
sociedade e a construção da nacionalidade brasileira, visando à reordenação e
regeneração do país como única possibilidade de ingresso no modo capitalista
moderno.
O movimento de identificação de diferenças linguísticas, comportamentais e
culturais na sociedade e as investidas de enfrentamento destas pelos intelectuais,
políticos e empresários, deu início a movimentos reformistas e moralizadores da
República com o objetivo de controle social de diferentes grupos sob a justificativa
de padronização do comportamento, ideais e língua da população.
Para a efetivação desta reforma social, profissionais de diferentes ramos e
especialidades foram convocados para promoção de mudanças na sociedade tendo
em vista a reforma da educação do povo. Assim, a escola foi eleita como local para
erradicar o considerado problema da heterogeneidade social, através de programa
de nacionalização e regeneração do ensino, alinhada à perspectiva escola novista
que se fundamentava na preparação para o trabalho, seletividade e racionalidade,
constituindo física e ideologicamente o local ideal para a criação do brasileiro
padrão.
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
21
A escola passa a ser o veículo de mudanças de hábito, de costumes e de
consciências, assegurando a uniformização da cultura e da língua que assumia um
importante papel de nacionalização. No Brasil, especialmente em São Paulo, a
incorporação de trabalhadores com a uniformização da língua também serviu como
veículo de dominação e diminuição de enfrentamentos populares diante da
imposição de princípios de subserviência no trabalho. A escolarização da população
passa a ser obrigatória e coercitiva, através do controle da frequência e destruição
de formas diversas de cultura, pensamento e ideias, apagando dos estrangeiros, seu
passado, suas tradições e língua.
Para a efetivação destes objetivos as escolas e educadores elaboraram plano
de ação, para incorporação progressiva de valores culturais selecionados de
subserviência, provocando profundas e violentas expropriações mentais, subjetivas
e materiais. O movimento de nacionalização da língua foi parte importante deste
processo educativo e cultural e pulverizou-se não somente no âmbito da educação,
mas da comunicação e do lazer. Nas escolas o lugar de mestre da língua era uma
função de destaque, assim como dos profissionais que, em alguma medida,
trabalhava com a comunicação e com a língua.
Berberian (1995) analisa como a uniformização da língua constituiu-se como
parte de uma construção política para uniformização e reordenação social. A autora
evidencia a preocupação do Estado e de especialistas em assegurar a ordem
através do idioma, tendo em vista que a língua além de constituir-se como a própria
cultura era através dela que se daria o manejo e domínio social. Eventos de cunho
político/ideológico de dominação passaram a assegurar o controle do idioma, tais
como a reforma ortográfica, a nacionalização da imprensa falada e escrita,
propostas aos problemas do ensino da língua portuguesa, congressos de língua
nacional cantada e a nacionalização da língua no ensino.
Deste contexto de uso da língua como objeto de domínio e poder nasce às
concepções de desvios e distúrbios de linguagem que diziam respeito, sobretudo à
diversidade dialetal que contrariava os interesses dominantes de preservação da
língua local. A ideia de uniformização da língua contaminou a opinião pública em um
movimento de reprodução massiva deste discurso, gerando conflitos e segregação
social violenta, sobretudo quando grupos de estrangeiros não aceitavam dividir
espaços educativos com negros e pessoas de diferentes origens étnicas. Assim, as
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 22
variações dialetais passaram a ser o meio principal de expressão das diferenças.
A língua foi alvo de combate aos estrangeiros e elemento de colaboração do
fortalecimento moral e aperfeiçoamento da raça, passou a assumir uma vinculação
importante com a escola configurando-se como um instrumento pedagógico e de
identificação de níveis de desenvolvimento e aprendizagem das crianças. As
variações dialetais e demais distúrbios de linguagem foram absorvidos como objetos
de correção e trabalho para alguns professores que precisaram, por sua vez, ser
capacitados por outros profissionais. O professor passa a constituir-se como um
terapeuta especialista, o que resultou no nascimento do fonoaudiólogo.
A expectativa em torno da escola e seu papel era o de formar pessoas com
perfil adequado para a industrialização, tendo em vista hábitos de subserviência,
docilidade, patriotismo e obediência. A preocupação com a consolidação desta
proposta de formação traduziu-se na função disciplinadora do ensino que Berberian
(1995) caracterizou como ensino das relações para a indústria e produção de
capital. Assim, a escola passa a não ser somente alfabetizadora, mas sim o objeto
de um paradigma político elaborado pela elite dominante e que tinha em vistas,
principalmente, a integração social através da higienização e padronização de
diferentes grupos e perfis de pessoas para a produção industrial e para o mercado
de trabalho. O planejamento deste modelo de escola formadora de pessoas com
perfis específicos dependeu de uma reordenação do fazer interno das escolas e do
papel dos profissionais responsáveis por formar pessoas. O objetivo de padronizar e
higienizar exigiu, contudo, a tecnificação e a racionalização das relações e do uso de
testes para medir objetivos, diagnosticar e modelar.
Os textos utilizados nas escolas visavam traduzir o valor produtivo do tempo
da pontualidade, da obediência e da oposição entre o bem e o mal, construindo um
esvaziamento crítico já nas crianças e reduzindo em jovens e adultos as
possibilidades de compreensão e de intervenção de modo consciente sobre os
conflitos e contradições da realidade. Berberian (1995) esclarece em sua pesquisa
que alguns textos destinados aos professores ressaltam as diferenças linguísticas,
físicas e culturais entre as crianças, fazendo orientações quanto ao percurso social e
escolar das mesmas, considerando que cada sujeito deve ser incluído em uma rota
social onde possa trabalhar de forma eficiente. Assim, a partir de uma identificação
na escola das diferenças e das rotas sociais ditas eficientes, tem início a justificação
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
23
da discriminação, configurando o contexto educacional e de mercado, como um
exercício de poder e de promoção da estratificação e hierarquização social.
A heterogeneidade física, subjetiva e moral passam a ser, no entendimento
de representantes da ciência, educação e política, a causa dos insucessos escolares
e o centro do problema dos sujeitos e seus desvios. As diferenças e distúrbios são
transformados em objeto de estudo, identificados através de testes diagnósticos de
mensuração de capacidade, aptidões e habilidades. A medição das
heterogeneidades passa a ser um instrumento essencial para o diagnóstico e
intervenção técnico pedagógica.
Desta forma, e considerando a breve história, lê-se que a tentativa de
uniformização da língua não se apresenta como uma oportunidade para os
diferentes, mas sim como estratégias de segregação. Os testes e medidas serviram
não só para a identificação dos desvios, mas também para nortear as intervenções
da medicina, psicologia e outras disciplinas em serviços médicos terapêuticos
localizados dentro do próprio sistema escolar, o que colaborava para o entendimento
e disseminação da ideia de que os problemas estavam centrados nos sujeitos.
A adoção destes serviços modificou o perfil dos educadores e a proposta de
estruturação da educação passou a ser planejada com base nas diferenças
orgânicas, sociais e mentais das crianças, resultando na psicologização e
medicalização do campo pedagógico, tornando-a moralizadora e higiênica,
adaptando crianças para o mundo da indústria e para as demandas políticas e do
mercado vigente.
A nova estrutura escolar exigiu a criação de núcleos médico-escolares que
atuavam no sentido de identificar e classificar os anormais, especificar regimes de
educação, orientações técnicas para os profissionais, campanhas sanitárias,
acompanhamento médico e técnico junto ao jardim de infância, enfim, ações que
visavam separar os que não estivessem dentro da norma estabelecida, além de
capacitar a escola e seus profissionais a atuarem dentro de uma vertente tecnicista,
medicalizante e higienista. Nestes espaços a presença do médico (chamado neste
contexto de médico escolar) e a fusão de papeis dos profissionais de saúde e
educação, culminou em uma escola clínica e uma clínica escola.
Professores e médicos somavam forças modeladoras tendo em vista o ideal
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 24
de homem produtivo. No desdobramento deste processo o profissional professor
especializado por outras disciplinas com o objetivo de purificação da língua
configurou a natureza do profissional fonoaudiólogo. Berberian (1995) refere que a
constituição multireferenciada deste profissional e o objetivo para o qual foi criado
situa historicamente a dificuldade de muitos profissionais de definir a sua área de
conhecimento. A autora não delimita todas as possibilidades de determinação das
especificidades do fazer da Fonoaudiologia, mas chama a atenção para o fato de
que a profissão possui historicamente uma dificuldade de delimitação de sua origem
e espaço de atuação.
Historicamente o professor especialista era um profissional destinado a atuar
em vários campos de conhecimento, ganhando muitas vezes o sentido de profissão
técnica e auxiliar de especialidades médicas, auxiliando a conclusão diagnóstica ou
intervenção terapêutica. Desta visão decorre o entendimento da profissão como área
paramédica. Segundo Berberian (1995) quando se toma como referência de análise
as condições da história, é possível perceber a Fonoaudiologia também atuante
como um professor particular que acompanhavam crianças com alterações de fala e
comunicação. Ampliando a análise das influências é possível relacionar a
Fonoaudiologia com a psicologia, na medida em que, para a atuação com sujeitos
se faz necessário o estabelecimento de vínculo, que também se configura como
objeto de trabalho da relação terapeuta paciente e de comunicação/linguagem. A
aproximação com a educação, medicina e psicologia faz com que a Fonoaudiologia
possa ser considerada como pertencente as ciências humanas ou da saúde.
As diferentes influências profissionais e teóricas da Fonoaudiologia sugerem
a origem de diversos conflitos vivenciados por esta profissão, tanto em relação à sua
identidade profissional, como em relação às suas bases teóricas, campo de atuação
e também de que o entendimento deste processo histórico não possibilita o
esgotamento de conflitos na atualidade. O enfrentamento destas questões perpassa
por enfrentamento de suas questões históricas e amadurecimento em seu percurso
histórico formativo.
Paralelamente a esta realidade, onde o profissional da Fonoaudiologia foi
constituído por discursos e influências de profissões atreladas as ciências médicas e
humanas, o seu objeto de trabalho, a língua, a comunicação e a linguagem, foram
igualmente entendidos de forma fragmentada e atravessados por objetivos de cada
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
25
uma destas disciplinas. O entendimento do sujeito enquanto ouvinte e falante foram
adotados a partir de diferentes disciplinas e com base em uma visão funcionalista da
linguagem. A separação e a mecanização do fazer sobre estas “duas” dimensões de
um ser, tornava o assunto didático e facilmente transmissível para os professores.
Assim, designar ou especializar um profissional para atuar específica e tecnicamente
em cada uma destas dimensões, tornava o diagnóstico e o manejo técnico, claro e
controlável. No que se refere ao diagnóstico e intervenção, notou-se a influência das
disciplinas da saúde no diagnóstico e da pedagogia nas intervenções. Esta
separação técnica e didática entre falar e ouvir influenciou a caracterização de uma
das principais divisões da Fonoaudiologia, a Audiologia e a Linguagem. Berberian
cita em 1995 um fragmento de escritos que sugeriam a independência entre língua e
linguagem.
A linguagem assim entendida era apresentada como um comportamento mecânico, em que o sujeito falante era um mero receptor e reprodutor de uma língua pronta. Foi baseado nesta visão de que a língua não é constituída e nem constitui o homem, mas é apenas falada por este que podemos compreender por que o processo de produção da fala foi abordado a partir de um enfoque puramente mecanicista.
(...) o uso da língua dificilmente podia nessas circunstancias ser considerado em si mesmo como ativo e constitutivo... Neste contexto ganhou terreno a compreensão do indivíduo como um corpo, composto por órgãos, que funcionava a partir de várias engrenagens e que a fala consistia em uma delas. (BERBERIAN 1995, pag. 103-105)
A prática fonoaudiológica estabeleceu, desde a sua origem, uma relação com
um corpo teórico de um indivíduo fragmentado, dentro de um olhar especializado
sob a linguagem, desconsiderando sua natureza social e subjetiva. Considera ainda,
a aplicação cada vez mais refinada de instrumental científico para o diagnóstico,
descrição e categorização da língua, norteando os procedimentos e reflexões
clínicas, até os dias atuais (BERBERIAN,1995).
A autora explica que muitos dos conceitos sobre aquisição e desenvolvimento
de linguagem, bem como a distinção sobre seu estado normal, teve origem muito
antes da institucionalização acadêmica da Fonoaudiologia. Assim, muito dos
conhecimentos que constituem os referenciais desta profissão são,
equivocadamente, apontados como da graduação própria da Fonoaudiologia, sem
estar relacionado com a sua origem, onde existe uma lógica de domínio moral e
político.
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 26
A análise realizada por Berberian (1995) sobre as condições históricas do
surgimento da Fonoaudiologia conclui que seus conhecimentos e práticas não foram
elaborados a partir de demandas acadêmicas e pesquisas cientificas, nem mesmo
por demandas sociais populares, mas sim por uma classe dominante e com a
ideologia de domínio e poder já descritos acima. Esta autora refere, contudo, o
reconhecimento da eficácia de muitas das práticas que são imprescindíveis para
muitos casos, mas não suficientes para que a terapia fonoaudiologica contribua de
forma significativa para a constituição da linguagem dos indivíduos com quem atua,
por desconsiderar outras dimensões indissociáveis do humano como a sua história,
as relações, o social, a subjetividade e a singularidade de cada caso.
Assim, a Fonoaudiologia surge como objeto de intervenção social
identificador de diferenças de linguagens que inquietavam e ameaçavam o domínio
da classe de proprietários de indústrias e representantes da classe dominante
vigente, em nome do progresso nacional. Em nome dos que ditavam à ordem as
medidas de identificação das diferenças e intervenções terapêuticas, terminaram
promovendo uma importante segregação social entre desviantes e normais, inibindo
a autonomia, a consciência crítica da população e de profissionais atuantes que
acabavam por reproduzir estes objetivos.
2.2 Movimentos Sociais e Reforma Sanitária.
Muitos movimentos sociais surgiram na segunda metade dos anos 70, em
especial nas margens das grandes cidades e em resposta às péssimas condições
de vida, trabalho, transporte, saúde, moradia, educação e alimentação pelas quais
passavam a população. Assim, mesmo com todo o esforço para a identificação e
segregação das diferenças humanas através da língua, as dificuldades pelas quais
passavam a população promovia a identificação de alguma igualdade social bem
como dos interesses coletivos e comuns.
O compartilhamento das experiências e dificuldades ocorria no chão das
fábricas, igrejas em espaços públicos como praças e até em espaços moralizadores
e de intervenções terapêuticas.
Neste processo, surgiram sujeitos com perfis de liderança e articulação que
se firmavam como interlocutores e produtores de autonomia e cidadania,
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
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provocando reinvindicações por melhores condições de vida e promovendo micro
movimentos sociais para a transmissão das informações e compartilhamento das
iniciativas das classes marginalizadas em um contexto histórico marcado pelos
ideais de poder e domínio, em que os meios de comunicação eram silenciados para
a voz popular (YASUI, 2006).
Os micro movimentos sociais transformaram-se também em estratégias que
ultrapassaram as mobilizações locais e possibilitaram o compartilhamento de
experiências de opressão de diferentes locais e contextos, permitindo a conquista de
espaços políticos para articulação e exigências de direitos, fazendo emergir na
sociedade civil a noção de autonomia e provocando ações coletivas que culminaram
na aceleração para a democracia. No inicio eram apenas transformações das
condições de saúde da população que mais tarde se transformaram no movimento
da Reforma Sanitária.
A Reforma Sanitária nasce não apenas no campo específico das reformas da
saúde, mas da luta contra a ditadura, no campo do trabalho e nas relações entre
profissionais e pacientes. O enfrentamento de representantes da saúde ao
autoritarismo político, dentro dos departamentos de saúde e medicina promoveu
mobilizações e denúncias contra as contradições da ditadura e ideologias de poder,
dando origem à Medicina Social. As inquietações e enfrentamentos nascidos deste
âmbito, exigiu uma ampliação da visão e atuação da sociedade, considerando seu
tempo histórico e a compreensão da saúde não apenas em sua dimensão biológica,
mas como determinada também por fatores sociais, o que implicava em entender a
saúde como resultante de fatores, políticos, econômicos e culturais.
Paim (1997) descreve as Bases Conceituais da Reforma Brasileira, em que a
Reforma Sanitária se configurava como um processo emancipatório e político que
direcionava produções intelectuais críticas, além de práticas e ações alternativas às
praticadas no modelo hegemônico tradicional. Assim, para o mesmo autor esta
reforma se configura como um conjunto de várias políticas articuladas que requerem
consciência sanitária e participação popular, além de fortalecimento através de
vinculação com lutas sociais mais amplas. Configura-se, também, como um
processo histórico, pois não se manteve nos escritos intelectuais, mas transformou-
se em bandeira de luta e projeto político cultural, bem como em um conjunto
complexo de práticas, inclusive de saúde, que integram a prática social.
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 28
Teixeira e Mendonça1 (1995, apud YASSUI, 2006) destacam as dimensões
consideradas básicas e estratégicas para a Reforma Sanitária: a politização da
questão saúde com a tomada de consciência sanitária; a alteração da norma política
vigente, necessária a criação do sistema único e universal de saúde; e as mudanças
das práticas institucionais de saúde e ensino sob a orientação dos princípios
democráticos.
Paralelo ao movimento da Reforma Sanitária o campo específico da saúde
mental trilhava caminhos similares a partir de mobilizações de familiares de usuários
de serviços psiquiátricos, representações sociais e profissionais de saúde que a
partir do cotidiano de suas práticas institucionais buscaram problematizar e politizar
a questão da saúde mental, em especial no que se referia a luta contra as
instituições psiquiátricas e a ideologia na qual estavam inseridas, produzindo
reflexões críticas que provocaram desde a ruptura epistemológica como a criação de
estratégias contra - hegemônicas, de efeitos de cuidado no campo sócio cultural.
O movimento social denominado de Reforma Psiquiátrica dialogava com
outros movimentos sociais e com a luta pela redemocratização que, por sua própria
causa, exigia o transcender deste campo, engendrando uma luta maior, A Luta
Antimanicomial, com adesão e formação de militâncias, estudantes, usuários,
jornalistas e intelectuais.
A Reforma Psiquiátrica configura-se como um movimento social que
redireciona a forma de cuidado aos sujeitos em situação de sofrimento psíquico e
vulnerabilidade social. No Brasil a reforma psiquiátrica teve início no fim dos anos
70, simultâneo à eclosão do movimento sanitário com anseios da população,
usuários e profissionais de saúde por mudanças nos modelos de gestão, por
equidade e qualidade dos serviços de cuidado em saúde, inclusão social,
protagonismo e autonomia dos trabalhadores e usuários de saúde mental (BRASIL,
2005).
Apesar do nascimento da Reforma Psiquiátrica no Brasil ser contemporâneo
da Reforma Sanitária tem o seu percurso próprio, dentro de um contexto
internacional de reivindicações sociais pelos direitos dos pacientes com sofrimento
1 TEIXEIRA, S.F. e MENDONÇA, M.H. Reformas sanitárias na Itália e no Brasil: comparações. In TEIXEIRA, S.F. (Org.) Reforma Sanitária: Em busca de uma teoria. São Paulo: Cortez Editora, 1995, p.193-232.
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
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psíquico e por mudanças no antigo modelo asilar que feriu por muito tempo a
dignidade humana. Este movimento, através de várias frentes de reivindicações,
inicia as denúncias de violências dos asilos, das práticas hegemônicas de uma rede
de assistência privada e da mercantilização da loucura, evidenciando a realidade da
época e protagonizando uma postura crítica na sociedade sobre o modelo
hospitalocêntrico no cuidado aos sujeitos em sofrimento psíquico (BRASIL, 2004).
Assim, o processo de Reforma Psiquiátrica transcende as mudanças
políticas, de sanção de novas leis e de mudanças nos serviços de saúde.
A Reforma Psiquiátrica é processo político e social complexo, composto de
atores, instituições e forças de diferentes origens, que incide em territórios diversos,
nacional e internacional, nas instâncias federal, estadual e municipal, nas
universidades, no mercado dos serviços de saúde, nos conselhos profissionais, nas
associações de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares, nos
movimentos sociais e nos territórios do imaginário social da opinião pública.
Compreendida como um conjunto de transformações de práticas, saberes, valores
culturais e sociais, no cotidiano da vida das instituições, dos serviços e das relações
interpessoais, o processo da Reforma Psiquiátrica avança, marcado por impasses,
tensões, conflitos e desafios (BRASIL, 2005).
A Reforma Psiquiátrica se apresenta assim, não como uma parte da Reforma
Sanitária, nem uma reforma de um setor específico, como o da saúde mental, mas
como um processo político de transformação social, lugar de enfrentamentos,
conflitos, transformações e quebras de rígidos paradigmas. Mais ainda, representa
lugar de inclusão dos loucos e diferentes, um lugar para onde ir, dizer e lutar.
Configura-se como espaço de contradições à medida em que se nega e afirma a
cidadania. Esta reforma é assim um movimento político atravessado e impregnado
de ética e ideologia que caminha no sentido da transformação social.
2.3 Breve histórico da Reforma Psiquiátrica no Brasil
Nas ideias de Yasui (2006), Machado de Assis foi o primeiro crítico da
psiquiatria brasileira e do sistema asilar hospitalocêntrico quando em seu livro, o
Alienista, faz analogias e críticas às práticas de cuidado do Asilo de Alienados. Esta
obra, cuja primeira publicação data de 1881, descreve práticas de alienismo em
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 30
disciplina médica para cuidados dos sofrimentos psíquicos, antes mesmo desta
profissão ter início neste asilo. Yasui (2006) faz também referência a outras obras
como a de Lima Barreto, em sua própria experiência de interno em Cemitério dos
Vivos, aos trabalhos de Nise da Silveira e ao Museu de Imagens do Inconsciente,
além de descrever a existência de muitas referências artísticas e relatos de
experiência com origens ao longo do século XX, que falavam da necessidade da
humanização do cuidado aos loucos e expressavam de forma sutil a contraposição
ao modelo de cuidado em saúde mental.
Estas obras apesar de não conseguirem promover modificações na lógica do
cuidado da loucura originaram reflexões críticas e mobilizações de contra
posicionamentos ao modelo hospitalocêntrico e excludente de cuidado estabelecido
desde a criação do Hospício Pedro II em meados do século XIX até os anos setenta
do século XX. A assistência aos sujeitos em situação de sofrimento psíquico
caracterizou-se por intervenção compulsória e exclusiva nestes hospitais.
Passos e Barros (2000) descrevem que, somente após ter sido ignorada por
quase trezentos anos, a loucura passa a ser manejada pelo Estado a partir do final
do século XIX, devido à chegada da Família Real ao Brasil com a ideologia de poder
e domínio, na consolidação da nação brasileira e no ideário higienista que
segregava os diferentes dos padrões normais estabelecidos pela classe dominante.
Os segregados passaram a ser vistos como ameaças à ordem pública. O destino de
pessoas com transtornos mentais era os porões das Santas Casas de Misericórdia
onde viviam exilados e excluídos dos seus vínculos familiares e sociais, em situação
de privações de condições muitas vezes essenciais à vida como higiene, vínculos e
cuidados.
A medicina se impõe como instância de controle social e, em 1830, inicia o
funcionamento da Sociedade de Medicina e Cirurgia que estabelece a ordem de
exílio aos loucos. O hospício passa a ser uma exigência política higienista de
enclausuramento da população considerada desviante, a partir de critérios que a
medicina social estabelecia. Inicia-se um percurso de medicalização da loucura a
partir de discursos médicos que determinavam parâmetros para identificação de
transtornos mentais e a necessidade de reclusão dos mesmos. A função de limpeza
social dos hospitais psiquiátricos acaba por demandar a construção de um perfil
institucional destinado especificamente ao abrigo de loucos e a presença de um
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
31
profissional da medicina especializado.
A assistência psiquiátrica brasileira tem seu início institucionalizado após a
criação do primeiro hospital psiquiátrico, o Hospício D. Pedro II em 1852 no Rio de
Janeiro que era considerado o lugar apropriado para o exercício da ação terapêutica
que deveria promover a transformação do alienado. O mesmo deveria estar isolado
de sua família quando não tivesse condições financeiras para estabelecer o
isolamento em seu lar. Ao contrário das famílias ricas que poderiam realizar o
isolamento dentro de suas amplas dependências.
Após a criação do Hospício Dom Pedro II no Rio de Janeiro foram
inauguradas várias instituições pelo Brasil, destinadas à assistência exclusiva para
os loucos em meio a um entendimento nacional de ameaça à ordem e a paz por
estes indivíduos. Contudo, o entendimento nacional sobre a criação de novos
manicômios não era unânime, tendo em vista a existência de apelos de caráter
humanitário, para a não criação destes dispositivos, sob a justificativa de maus
tratos e condições desumanas no cuidado aos sujeitos em situação de sofrimento
psíquico, já sinalizadas em relatórios de organizações nacionais e internacionais. De
acordo com Resende (1987), dentre as instituições psiquiátricas criadas no segundo
Reinado estavam: em São Paulo (1852), Pernambuco (1864), Pará (1873), Bahia
(1874), Rio Grande do Sul (1884) e Ceará (1886).
O funcionamento destas instituições se dava para Dalgalarrondo (2008) sob
uma lente do amadorismo, haja vista a ênfase no caráter religioso destes hospícios,
uma vez que, até o fim do império não havia presença significativa de médicos e não
havia nosologia psiquiátrica. Os encaminhamentos e definições dos critérios de
admissão eram realizados por autoridades públicas em geral. Somente no início do
século XX os médicos passaram a administrar as Santas Casas.
Engel (2001) esclarece que esta tomada dos médicos ao poder administrativo
dos manicômios embora parecesse imparcial, estiveram pautadas, desde o início, na
ampliação do entendimento da loucura associada ao delírio, procurando tornar
legítimo o internamento de indivíduos com os mais diversos comportamentos que
manifestassem qualquer tipo de risco à ordem social estabelecida, ao mesmo tempo
em que viabilizava com isso a validação política dominante e a ampliação do poder
do alienista.
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 32
Em 1889 com o advento da República notou-se o redimensionamento das
políticas de controle social que se afirmava com os dispositivos estabelecedores da
ordem nacional, do progresso e da modernidade da população, tais como a polícia,
os hospitais psiquiátricos, hospícios, asilo de mendicidade e as casas de correção.
Estas medidas de higiene social garantiam que os loucos e diferentes não
circulassem socialmente em espaços comuns da população por serem considerados
incompatíveis com o entendimento de civilidade acreditado.
Após a proclamação da república no Brasil teve espaço um marco divisório
entre a psiquiatria empírica e amadora do vice reinado e a psiquiatria científica com
a ascensão dos representantes da medicina à direção dos asilos e como porta vozes
do Estado.
Amarante (1998) descreve as décadas de 1940 e 1950 como marcadas por
expansão de redes hospitalares em todo o Brasil, devido à aprovação do Decreto da
Lei 8.555 de 3 de janeiro de 1946 que autorizava a realização de convênios com o
Estado para a construção de hospitais psiquiátricos. Neste período a psiquiatria
buscava se firmar enquanto especialidade médica especialista para atuação em
instituições psiquiátricas, aprimorando instrumentos da psiquiatria biológica e
introduzindo nas redes de hospitais psiquiátricos, instrumentos como o choque
cardiazólico, o uso de insulina, a psicocirurgia e a muito usada
eletroconvulsoterapia.
Para o mesmo autor a assistência psiquiátrica estadual no Brasil, não
acompanhava o desenvolvimento e transformações importantes ocorridas na Europa
e estados Unidos no período de pós guerra. Parte destas grandes transformações
diz respeito ao uso de drogas psicotrópicas que substituíram a contenção física por
química e só apareceram nos hospitais brasileiros a partir de 1950.
A criação de novos hospitais não amenizou a situação crítica dos hospitais
públicos que viviam nesta década em situação de abandono e precariedade, tendo
como consequência a falta de planejamentos terapêuticos para os internos que
viviam em completa situação de exclusão e esquecimento. A incompetência deste
sistema era caricaturada através de denúncias populares em piadas, apelidos dados
aos hospitais e marchinhas de carnaval. A precariedade e atos de crueldade com
sujeitos em situação de sofrimento psíquico no setor público era então um
argumento em prol do apoio à iniciativa privada na esfera do cuidado em saúde
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
33
mental.
A psiquiatria passou a adquirir, contudo o perfil de prática assistencial de
massa mercantil a partir de 1964, com a celebração de convênios entre manicômios
e o Instituto Nacional de Previdência Privada, passando a representar um meio
lucrativo importante para estas instituições. Para a proteção deste lucro, a
psiquiatria, disciplina proprietária até então dos saberes e cuidados para os sujeitos
em sofrimento psíquico, articulou-se em um projeto de proteção deste fazer,
impedindo mudanças na centralização do cuidado. Esta transformação da saúde
para produto de consumo fez parte de um processo de implantação maior de um
modelo médico previdenciário que alcançou diversas disciplinas em saúde (YASUI,
2006).
Neste período, com a loucura gradativamente medicalizada, o tratamento
psiquiátrico continuou a ser o isolamento do louco da vida social. Os hospícios e
colônias agrícolas multiplicaram-se como expressões de modernização deste
cuidado o que para Amarante (1998) constituiu-se a primeira Reforma Psiquiátrica,
tendo em vista a ampliação das intervenções para além dos muros dos hospitais.
Contudo, esta novidade no contexto da saúde mental não se deu por exclusão do
modelo de assistência ao tratamento hospitalocentrico, mas por ter encontrado um
ambiente político e ideológico de exclusão propício ao surgimento destas
estratégias. Entretanto, Resende (2007) destaca que apesar das intenções de
recuperação do louco, continuou-se a manter a prática que caracterizava a
assistência ao alienado no Brasil, excluindo-o de seu convívio social e escondendo-o
da sociedade. O período que se encerra em 1920 se caracteriza então por
transformação da psiquiatria empírica pela psiquiatria científica e a ampliação do
espaço asilar para as colônias agrícolas.
O número de leitos psiquiátricos privados crescia exageradamente e o tempo
de permanência nos asilos oscilava sempre acima de 90 dias, favorecendo a
institucionalização dos pacientes que acabavam por romper seus vínculos sociais e
perder contextos naturais de socialização, constituindo-se assim, em uma parcela de
consumidores cativos e compulsórios das internações psiquiátricas. O número de
internos aumentou também na saúde pública, após o estabelecimento de convênio
entre o INPS e os hospícios, assim como aumentou o perfil nosológico que passou a
ser admitido e vinculado à loucura. Além dos transtornos mentais graves e
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 34
persistentes, os casos de depressão leve, alcoolismo e sofrimentos psíquicos e que
não possuíam indicativos para tratamento em regime de internato passaram a fazer
parte da lista de perfil de doenças admitidas nestes hospitais. (CERQUEIRA,1984).
Com o aumento do número de leitos psiquiátricos, começaram a surgir nos
contextos das lutas sociais, documentos originários de encontros nacionais e
internacionais que apontavam para mudanças urgentes no contexto da assistência
em saúde mental.
Estes documentos faziam semelhança com as propostas da Reforma
Psiquiátrica na medida em que criticavam o modelo centrado em hospitais. Tais
escritos sugeriam a participação comunitária no cuidado, além da diversificação e
ampliação dos serviços em rede extra-hospitalar, além de revisão da legislação
psiquiátrica. Contudo, o Manual para a Assistência Psiquiátrica oriundo dos
contextos de movimentos sociais, não obteve boa aceitação da classe médica
psiquiátrica, haja vista, tratar-se de documento que colocava em pauta a fragilidade
do modelo de intervenção centrado apenas nos hospitais e consultórios privados e
com manejo exclusivo desta categoria profissional.
A indicação de internação nem sempre foi clara e discutível, ficando a decisão
nas mãos da justiça, familiares e médico. O sistema e a cultura popular estavam
direcionados em torno da internação e as empresas hospitalares lucravam de forma
significativa com as internações, única forma de lucro destes hospitais que não eram
controlados pelo Estado, o que favorecia as internações compulsórias por motivos
muitas vezes pouco expressivos. Assim se configurava a indústria da loucura.
(TENÓRIO, 2002).
A necessidade de humanização no cuidado ao sujeito com sofrimento
psíquico teve início em 1970 com as denúncias crescentes contra hospitais
psiquiátricos e a organização de setores da sociedade como a Associação Brasileira
de Psiquiatria que, em ações políticas para defender profissionais de saúde que
haviam sido torturados e presos devido a denúncias de maus tratos, suscitou no
âmbito dos hospitais e do cotidiano profissional, discussões sobre a ética no cuidado
e direitos humanos, considerando que nenhum individuo poderia ser submetido a
tortura, tratamento degradante ou exílio arbitrário. A condição de opressão e
humilhação vivenciadas por pessoas que apresentavam transtornos mentais foi
desvendada no processo brasileiro denominado de “abertura democrática”, que
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
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revelou as torturas e abusos praticados nos hospitais para loucos, o que resultou em
uma profunda insatisfação social e em organizações de grupos de usuários,
profissionais de saúde e familiares, culminando no Movimento Antimanicomial. Este
movimento apesar de ter claro o desejo de extinção dos manicômios e suas práticas,
não tinha definido a proposta de redirecionamento da clínica para indivíduos com
transtornos mentais e em situação de vulnerabilidade social.
No ano de 1978 notou-se o acúmulo de denúncias e a grande mobilização de
profissionais atuantes em Saúde Mental. A mobilização destes atores e de sistemas
sociais foi imprescindível para a transformação do sistema psiquiátrico vigente. Um
dos acontecimentos decisivos para esta queda foi a crise que ocorreu em um setor
do Ministério da Saúde, responsável pela formulação de políticas públicas em saúde
mental. Dentre as causas desta crise estavam as denúncias e constatações de
trabalho escravo, estupro, violências físicas e subjetivas, precarização de higiene,
alimentação e cuidado, além de mortes não esclarecidas e que provocaram grande
revolta e repúdio por parte, principalmente, de representações do movimento de
trabalhadores da saúde mental que impulsionaram a luta pelas mudanças
necessárias neste sistema, através de encontros e congressos decisivos na história,
dando origem no Brasil à Reforma Psiquiátrica Brasileira (AMARANTE, 2010).
A influência dos Movimentos Sociais de crítica à psiquiatria vigente
apresentou espaço para reverberações na sociedade, haja vista, o contexto histórico
situar-se em meio à crise da ditadura militar. A insatisfação social e a fragilização
das vias democráticas de expressão que, até então, se encontravam
impossibilitadas para o acesso a voz popular, fazia com que a população
encontrasse vias de reinvindicação influenciados por teóricos como Foucault,
Gofman, Basaglia, entre outros.
Todo este contexto social era favorável à queda de uma história de modelo de
atuação hospitalocêntrico e psiquiátrico centrado na assistência aos indivíduos em
sofrimento psíquico, que resultou no início da Reforma Psiquiátrica. Contudo, se
fazia necessário uma dimensão de cuidado substitutivo a este modelo de atenção.
Assim, técnicos de saúde, trabalhadores de hospitais psiquiátricos, acadêmicos,
familiares, organizações comunitárias e militantes sociais, uma vez nutridos pela
ideologia da Psiquiatria Democrática Italiana e as ideias de Franco Basaglia,
iniciaram a produção de possibilidades de cuidado que apresentavam-se no sentido
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 36
contra hegemônico, ainda vigente de assistência à Saúde Mental.
A experiência da Reforma Psiquiátrica no mundo, e em especial na Itália,
demonstraram sucessos e influenciaram o movimento Brasileiro no sentido político e
no direcionamento de novas possibilidades de cuidado aos sujeitos com transtorno
mental. Delgado (1992) faz referência a alguns movimentos importantes que
ocorreram no Brasil e que redirecionam o planejamento em saúde com a
participação popular, tais como a I Conferência Nacional de Saúde Mental do Rio de
Janeiro e o II Congresso Nacional de Saúde Mental, além da entrada no Congresso
Nacional em 1989 do Projeto de lei do Deputado Paulo Delgado (PT/MG), que
propunha a regulamentação dos direitos da pessoa com transtornos mentais e a
extinção progressiva dos Manicômios no Brasil, dando início à Luta Antimanicomial e
à Reforma Psiquiátrica no campo legislativo e político normativo.
Vários eventos ocorrem no Brasil, em um movimento contra hegemônico do
modelo hospitalocêntrico em Saúde mental. Entre eles, está o Movimento Nacional
da Luta Antimanicomial como um movimento social que, embora heterogêneo,
apresentava uma ideia norteadora de ação: Não é aceitável que o infortúnio de um
acometimento de um sofrimento psíquico resulte no encarceramento, assujeitando
estes indivíduos às violências mais impensadas, sem cuidados à sua saúde global e
com desrespeito aos seus direitos humanos e civis.
Com o lastro da Declaração de Caracas e da II Conferência Nacional de
Saúde Mental, passaram a entrar em vigor no país, a partir da década de 1990, as
primeiras normas federais regulamentando a implantação dos serviços diários de
atenção, fundadas nas experiências dos primeiros CAPS, NAPS e hospitais, assim
como as primeiras normativas e diretrizes de fiscalização e classificação dos
hospitais psiquiátricos.
As modificações ocorridas no âmbito legislativo, jurídico e administrativo se
configuraram como imprescindíveis para a institucionalização da Reforma
Psiquiátrica e para a garantia de operacionalização das novas práticas terapêuticas.
Contudo, Amarante (2010) faz uma importante consideração quando refere os riscos
da institucionalização da Reforma Psiquiátrica, quando comenta que a legislação
que define a existência de serviços substitutivos direciona a produção do cuidado,
limitando a criação de novas possibilidades inovadoras e induzindo a produção de
um cuidado padronizado em assistência sanitária e tecnologias de tratamento.
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
37
Duas leis foram importantes para a consolidação do início da Reforma
Psiquiátrica no Brasil no sentido da desospitalização da assistência, respeito aos
direitos humanos e atendimento na comunidade: a Lei 10.216 de abril de 2001 que
dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos
mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental; e a Lei Federal nº.
10.708, de julho de 2003 que institui o auxílio-reabilitação psicossocial para
pacientes acometidos de transtornos mentais egressos de internações,
estabelecendo o Programa de Volta para Casa, que garante recursos financeiros
como incentivo a saída dos hospitais psiquiátricos para a retomada da vida em
comunidade ou família estimulando a reinserção social.
Alguns documentos também foram importantes, tais como a portaria nº 106,
de 2000, que dispõe sobre as residências terapêuticas e a portaria de nº 336, de
2002, que regulamenta os novos serviços e o modelo assistencial, introduzindo as
modalidades CAPS I, II e III, CAPSi e CAPSad. Contudo, apesar da existência
destes dispositivos substitutivos, os recursos do Ministério da Saúde ainda eram
destinados aos hospitais psiquiátricos (BRASIL, 2007).
Na terceira Conferência Nacional de Saúde Mental no final de 2001
consolida-se a Reforma Psiquiátrica como política de governo tendo o CAPS como
estratégia para o redirecionamento do cuidado e da clínica e controle social. Nesta
conferência estabelecem-se os substratos políticos e teóricos para a política de
Saúde Mental.
O processo de desinstitucionalização da saúde mental vem avançando no
que se refere aos dispositivos extra hospitalares, avançando na expansão dos
serviços substitutivos como os CAPS, na implantação de novos programas e
modelos assistenciais, levando ao fechamento de muitos hospitais psiquiátricos com
base no Programa Nacional de Avaliação do Sistema Hospitalar/Psiquiatria.
O Programa Anual de Reestruturação da Assistência Hospitalar Psiquiátrica
no SUS (PRH), aprovado em 2004 pelo Ministério da Saúde, tinha como principal
estratégia a redução progressiva e planejada de leitos de macro-hospitais (acima de
600 leitos) e hospitais de grande porte (240 a 600 leitos psiquiátricos), evitando a
falta de assistência. Para tanto, foram definidos os limites máximos e mínimos de
redução anual de leitos para cada classe de hospitais (definidos pelo número de
leitos existentes, contratados pelo SUS). Além disso, se deveria garantir que os
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 38
recursos que deixassem de ser utilizados nos hospitais, com a progressiva redução
dos leitos, fossem redirecionados para incremento das ações territoriais e
comunitárias de saúde mental (BRASIL, 2005). Dados do Ministério da Saúde
mostram, no final de 2011, uma clara reversão dos recursos gastos com hospitais
psiquiátricos para os serviços extra hospitalares, quando mais de 70% dos recursos
são destinados aos gastos destes serviços (BRASIL, 2012).
Outro dado importante no que se refere à evolução histórica da Reforma
Psiquiátrica e a queda de uma estrutura centralizada nos hospitais é a mudança do
perfil dos hospitais psiquiátricos que vem reduzindo os seus leitos progressivamente
desde 2002. Essa redução deve ser estabelecida mediante substituição destes, por
serviços de base comunitária. Assim, os CAPS, NAPS, Hospitais dia, Centros de
Convivência, Serviços de urgência e emergência geral e psiquiátrica, pronto-
socorros gerais e hospitais gerais são estratégias que visam suplantar os leitos
psiquiátricos. Compete ao CAPS, como estratégia substitutiva, o acolhimento de
pessoas com transtornos mentais graves e persistentes e em situação de
vulnerabilidade social, procurando preservar e fortalecer os laços sociais em seus
territórios e comunidades. São serviços que buscam a reinserção no mercado de
trabalho, nas escolas, no reestabelecimento de vínculos familiares e dos direitos que
foram esfacelados por uma história de exclusão.
Embora os primeiros CAPS tenham surgido na década de 1980, em 2002
passaram a receber financiamento específico do Ministério da Saúde, o que
culminou na expansão na implantação destes serviços. Em 2011, de acordo com
registros do Ministério da Saúde a cobertura nacional chegou a 72% com 1742
CAPS, porém são números que ainda são considerados muito aquém da
necessidade da população brasileira e do parâmetro estabelecido no Ministério da
Saúde que é de 1 CAPS para cada 100 mil habitantes. Contudo, o critério
populacional não é a única referência para implantação destes serviços, que devem
levar em consideração também aspectos como a distribuição no território, demandas
sociais, entre outros.
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
39
2.4 O currículo em saúde construído na prática profissional
As discussões sobre currículo vêm ocupando cada vez mais destaque nos
campos das pesquisas em educação. Morin (2002) esclarece que a seleção de
conteúdos em detrimento de outros no currículo pode se configurar como um
paradigma à medida que traz consigo ideias integradas a dado discurso e que afasta
ideias que são rejeitadas por estes norteadores teóricos adotados. Esta prática onde
os conteúdos e referenciais são priorizados com pouca ou nenhuma flexibilidade
dificulta a aproximação com outras dimensões e demandas da realidade de um
mundo concreto que existe e que se mostra fora dos contextos acadêmicos.
Macedo (2002) faz referências ao currículo como campo político pedagógico
onde sujeitos, produção de conhecimento, campo e realidade, constroem novos
saberes, muitos dos quais só se permite desvendar na prática mesma. Assim, o
processo dinâmico e dialético entre o currículo e a realidade é a base sobre a qual o
educador e o educando constroem as aprendizagens.
As condições dialéticas, digo de possibilidades de trocas com a realidade
externa e concreta, podem possibilitar a implementação de um currículo
contextualizado com os componentes históricos e sociais significativos, na medida
em que, em contato com esta realidade, as experiências sejam ancoradas com a
produção científica e teórica num processo dialético de vivência, reelaboração,
ensino e ressignificação. Ainda para Macedo (2002) currículo e contexto são dois
elementos que devem estar tão imbricados que o entendimento de um leva ao
aprofundamento do outro, incluindo narrativas transgressoras gestadas a partir da
experiência prática.
Estudos em educação sobre os saberes da prática profissional apontam para
a importância de um currículo construído na prática (TARDIF, 2000, SCHÖN, 2000;
PIMENTA, 2002;). Tal concepção traz consigo a premissa de que sua formação
profissional não termina na universidade. A academia apenas direciona os futuros
profissionais, ao fornecer ideias e conceitos necessários a sua especialidade. Daí
em diante, é a prática profissional que irá conduzir a sua trajetória profissional.
Muitas vezes, estudantes brilhantes precisam trabalhar, observar, pesquisar e errar
muito para se tornarem profissionais competentes.
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 40
A atualização e a investigação permanentes constituem um processo que
aponta novos caminhos, ao desafiarem a necessidade de ultrapassar o
descompasso entre a formação profissional e as exigências da sociedade
contemporânea.
Com esse entendimento, é fundamental elevar o status da prática profissional
como subsídio de si mesma ao colocar o formando como responsável pela sua
própria formação. Para essa análise, vale enunciar algumas das características do
conhecimento profissional citadas por Tardif (2000)
a) Em sua prática, os profissionais devem se apoiar em conhecimentos especializados e formalizados adquiridos por meio de uma longa formação de alto nível, a maioria das vezes de natureza universitária ou equivalente.
b) Em princípio, só os profissionais, em oposição aos leigos, possuem a competência e o direito de usar seus conhecimentos, por ser o único a dominá-los e a poder fazer uso deles.
c) Somente profissionais são capazes de avaliar, em plena consciência, o
trabalho de seus pares. O profissionalismo acarreta, portanto, na autogestão dos conhecimentos pelo grupo dos pares um autocontrole da prática. A competência ou a incompetência de um profissional só podem ser avaliadas por seus pares.
d) Tanto em suas bases teóricas quanto em suas consequências práticas, os conhecimentos profissionais são evolutivos e progressivos e necessitam, por conseguinte, uma formação contínua e continuada.
(TARDIF, 2000 p. 6 -7)
Essas características reforçam o argumento de que os saberes profissionais
possuem um elemento fundamental na prática efetiva do ofício. Isso nos leva à
reflexão sobre as bases epistemológicas da prática profissional. A epistemologia da
prática profissional é entendida aqui, tal como enunciada por Tardif (2000):
“o estudo do conjunto dos saberes utilizados, realmente, pelos profissionais em seu espaço de trabalho cotidiano para desempenhar todas as suas tarefas”. (p. 10)
Segundo esse autor, a reflexão sobre a epistemologia da prática profissional
é compreender como os saberes são integrados concretamente nas tarefas dos
profissionais e como estes os incorporam, produzem, utilizam, aplicam e
transformam em função dos limites e dos recursos inerentes às suas atividades de
trabalho. Visa também compreender a natureza desses saberes, assim como o
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
41
papel que desempenham tanto no processo de trabalho quanto em relação à
identidade profissional dos professores.
A epistemologia da prática profissional traz consigo algumas consequências
descritas por Tardif (2000), da seguinte forma:
a) o estudo dos saberes dos atores em seu contexto real de trabalho, em situações concretas de ação, onde os saberes da profissão são concebidos no próprio trabalho. Isso implica que os saberes profissionais incorporados durante a prática docente só têm sentido nas situações onde são construídos.
b) a prática profissional deve ser entendida como o filtro dos conhecimentos universitários em função das exigências do trabalho.
Ainda sobre a epistemologia da prática profissional, Tardif (2000) ressalta que
os saberes dos professores são temporais, ou seja, são adquiridos com o tempo e,
portanto, a graduação somente não é garantia de sucesso profissional.
Segundo Tardif (2000), os primeiros anos de prática profissional são decisivos
na aquisição do sentimento de competência e no estabelecimento das rotinas de
trabalho, ou seja, na estruturação da prática profissional. Nesse sentido, os saberes
profissionais são utilizados e se desenvolvem no âmbito de uma carreira, isto é, de
um processo de vida profissional de longa duração do qual fazem parte dimensões
idiossincráticas e dimensões de socialização profissional, bem como suas fases e
mudanças.
Em segundo lugar, os saberes profissionais se apoiam no conhecimento
adquirido na universidade durante o período de formação, bem como nas
experiências de trabalho, ou da troca com seus pares.
Outros achados da epistemologia da prática profissional são o fato de que os
saberes profissionais são heterogêneos e plurais. Esse argumento se sustenta em
dois principais aspectos:
a) Os saberes profissionais são variados pois eles provêm de diversas
fontes;
b) Os saberes profissionais são variados pois não possuem um repertório
unificado.
A epistemologia da prática profissional dialoga com as teorias sobre o currículo,
sustentando que qualquer conhecimento a ser ensinado não se resume apenas a
um conjunto de saberes, técnicas e métodos a serem seguidos, mas deve sim, estar
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 42
intimamente ligado ao modelo de sociedade que se quer. Além disso, o currículo é
reflexo do modo como é concebido pelos seus autores (SILVA, 2000).
Este autor aponta ainda que, o currículo implica subjetivamente na constituição
da identidade de cada ser humano, pois se recorrermos a
[...] etimologia da palavra currículo, que vem do latim curriculum, pista de corrida, podemos dizer que no curso dessa corrida que é o currículo acabamos por nos tornar o que somos. Nas discussões [..] quando pensamos em currículo pensamos apenas em conhecimento, esquecendo-nos de que o conhecimento que constitui o currículo esta vitalmente [...] envolvido naquilo que somos, naquilo que nos tornamos: na nossa identidade, na nossa subjetividade. Talvez possamos dizer que, além de uma questão de conhecimento, o currículo é uma questão de identidade (SILVA, 2000, p. 15).
Do ponto de vista de formações que tenham grandes cargas horárias de
componentes curriculares de natureza prática, como é o caso dos cursos em saúde,
há que se considerar a possibilidade de um currículo construído in locus. Nesse
sentido Silva(2000) destaca que:
[...] o currículo não é, pois, constituído de fatos, nem mesmo de conceitos teóricos e abstratos: o currículo é um local no qual docentes e aprendizes tem a oportunidade de examinar, de forma renovada, aqueles significados da vida cotidiana que se acostumaram a ver como dados e naturais. O currículo é visto como experiência e como local de interrogação e questionamento da experiência (SILVA, 2000, p.40- 41).
Visto assim, falamos aqui, de um tipo de formação construída socialmente,
cujo processo de construção não é lógico, mas social, a partir de conhecimentos
socialmente validados.
Como já dito, os cursos de saúde são engendrados com elevadas cargas
horárias em atividades de cunho prático. No caso específico dessa investigação
tem-se algumas perguntas subjacentes que buscam elucidar como no currículo da
prática o componente psicossocial surge como uma diretriz da clínica, colaborando
para uma formação que leve em conta possibilidades de ações para a
potencialização do cuidado e do fazer do aluno em formação no curso de
Fonoaudiologia.
É nessa perspectiva que buscamos compreender qual o espaço dado na
prática e na grade curricular da formação em Fonoaudiologia para as discussões e
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
43
possibilidades de cuidado que considerem o cuidado ampliado tendo em vista uma
clínica psicossocial.
2.5 A formação do profissional de saúde no exercício de seu fazer primordial: o Cuidar
O processo da Reforma Psiquiátrica construiu em seu percurso histórico,
nos contextos das mudanças sociais e políticas, transformações no modelo de
cuidado em saúde mental que traz as marcas de seu tempo. As propostas de
transformações de cuidado em saúde impactaram e impactam o setor social da
saúde até os dias atuais, com práticas tidas como transgressoras e construídas a
partir de demandas sociais concretas. Amarante (2003), defende que este perfil de
práticas construídas dentro do âmbito na saúde mental que fizeram e fazem
enfrentamentos e desconstruções de conceitos, sustentam a prática psicossocial e
abre espaços para novas possibilidades.
A práxis do cuidado em saúde mental e sua dimensão teórica é definida por
Amarante (2003) como uma rede de novas possibilidades, de criação de cuidados,
espaços de trocas e potencialidades, ressaltando a existência de uma intrínseca
relação entre os processos da Reforma Sanitária e Psiquiátrica quando as mesmas
a partir da prática buscam a teoria. O mesmo autor refere a práxis em saúde
mental como uma prática de mudança da assistência que se transmutam em
instrumentos teóricos e técnicos para transformar a mesma prática.
Em saúde mental a práxis vem sendo construída tendo por base o cuidado
ampliado e desconstrução do ideário sobre a loucura na sociedade. Estas
estratégias de cuidado e os conceitos que se construíram historicamente definem a
dimensão definida por Amarante (2003), de teórico técnica. Essa dimensão é
essencial nos processos de transformação e manutenção da Reforma Psiquiátrica
nos dias atuais. Essencial porque diz da militância, do matriciamento e da
necessidade da interlocução prática de campo em saúde mental e sua, respectiva,
construção teórica. Diz também da formação de profissionais de saúde e de
setores outros da sociedade.
As estratégias construídas para o cuidado em saúde mental ganharam corpo
de modelo de clínica: a clínica psicossocial. Esta proposta refere-se às estratégias
em saúde que se configuram como ferramentas conceituais e práticas de diferentes
campos sociais e que devem ser utilizadas no centro de construções de
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 44
planejamentos em saúde. A dimensão dada para o planejamento e prática deste
modelo de cuidado se justifica por considerar que os problemas em saúde são
multideterminados. Assim, deve considerar em sua prática as demandas locais, com
seus atores, recursos, conflitos e interesses em um cenário social, político e
econômico.
Yasui, (2006) utiliza o termo de estratégia do Dicionário Houaiss e refere que
este conceito define exatamente a dimensão teórico técnica da Reforma
Psiquiátrica:
O conceito de estratégia, descrita no Dicionário Houaiss, como “a arte de aplicar com eficácia os recursos de que se dispõe ou de explorar as condições favoráveis de que porventura se desfrute, visando ao alcance de determinados objetivos” (HOUAISS, 2001), para mim, define precisamente um dos aspectos mais importantes da proposta de mudança do modelo assistencial que se está a construir no campo da saúde mental. Em um lugar, em um tempo, com diferentes atores e com os recursos disponíveis, aplica-se a melhor maneira de combinar estes elementos para provocar, proporcionar, produzir, ou construir um processo de transformação. (YASUI, 2006, pag. 106)
O mesmo autor defende os CAPS – Centro de Apoio Psicossocial, como uma
estratégia, concretizada, de transformação na medida em que organiza uma ampla
rede de cuidados e que deve ser gerenciada a partir do seu centro de apoio da rede
de atenção. Assim, se configurando como uma estratégia de transformação possui
princípios que direcionam atos de cuidado, na perspectiva de mudanças de um
modelo de atenção antes estabelecido. São princípios que a prática da Reforma
Psiquiátrica vem inventando em atos de cuidado e estabelecendo historicamente
através da apropriação, da validação por resultados de intervenção e criação de
noções de cuidado e sujeito construídos a partir de diversos campos do saber do
humano.
Amarante (2003) discorre que a Reforma Psiquiátrica e sua dimensão teórico
técnica não deve ser entendida apenas como transformação de serviços de saúde,
mas sim de uma forma muito mais ampla para que consiga efetivar o objetivo ao
qual se presta. Trata-se de uma estratégia de cuidado que deve ser adotada por
novos e também por experientes atores sociais. A operacionalização desta
dimensão da Reforma Psiquiátrica requer a compreensão de alguns princípios
norteadores do fazer, como: o território e todas as suas nuances e sutilezas; exige
a compreensão da rede de serviços e dispositivos; implica em assumir
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
45
responsabilidades na continuidade do cuidado a partir de demandas que se
apresentam; requer habilidades e competências de acolhimento e a construção de
projetos terapêuticos singulares que levem em consideração o cuidado em território,
realizado por dispositivos sociais mobilizados por um agente de saúde.
Estes princípios, suas complexidades e abrangências são indissociáveis no
processo de desconstrução, construção e invenção de cuidado tão citada nos
referenciais da saúde mental (LOBOSQUE, 2011; AMARANTE, 2003; COSTA E
ROSA, 2000; DESVIAT, 2000). Princípios nem sempre claros para os atores que os
operam e que não são apenas conceitos exclusivos dos atos de cuidado em saúde
mental e da Reforma Psiquiátrica, mas sim do cuidado realizado em qualquer campo
e por qualquer profissional da saúde, antes mesmo de suas especificidades
técnicas.
Atos de cuidado é a ferramenta básica e essencial de trabalho de qualquer
profissional de saúde. Contudo, ao longo da história da loucura e da psiquiatria a
racionalidade médica que legitimou o cuidado neste setor exerceu práticas
produtoras de violências através de resgates de subjetividades, de almas,
silenciando vozes, maltratando corpos e mentes, excluindo e exercendo o poder
para desqualificar e excluir sujeitos diferentes da norma vigente estabelecida. Assim
a cientificidade norteadora dessa medicina racionalista serviu por muito tempo para
embasar um cuidado em saúde e também no campo específico da saúde mental.
Mattos, (2004) refere a necessidade de precaução e cautela que se deve
adotar na produção de um ato de cuidado, ressaltando que a contribuição do
cuidado é uma vida de qualidade e não a cientificidade racionalista.
O Cuidar para Melman e Cruz, (2010) não se prescreve. Para os autores
receitas e orientações para o cuidar, quase sempre acabam revelando tendência a
possuir um caráter moral. Protocolos fechados e normatizações cristalizam o
potencial de estudantes de graduação e de profissionais de saúde imobilizando-os
no sentido de invenções embasadas nas tecnologias de cuidado. Invenções que se
dão a partir de encontros de subjetividades e criatividade, e que se orienta por
princípios que devem estar em sintonia com a vida. Isso implica o cuidado consigo e
com o outro, transformando a prática e a experiência em conhecimento. A aplicação
prática do cuidado corresponde a um exercício artesanal que conecta de maneira
singular os saberes práticos acumulados em sua história de vida com saberes
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 46
científicos. Quem cuida, precisa definir as estratégias e princípios para elaboração
de um planejamento de ação singular, que deve ter por base o pedido de quem pede
ajuda, e não os interesses de sua formação. O cuidado é uma condição que
possibilita, produz, mantem e preserva a vida, se estabelecendo a partir de uma
relação que não diz respeito à de realizar ações visando tratar a doença que se
instala em um indivíduo. Assim, o cuidador não é apenas quem executa um conjunto
de ações técnico especializadas, pois o sujeito não se resume à sua doença ou ao
seu sofrimento. Cuidar em saúde deve nos colocar em situação de implicação com o
outro em sua complexidade. Basaglia é citado por muitos autores em saúde coletiva
(CAMPOS, 2013) e saúde mental (AMARANTE, 2003) quando diz que é necessário
colocar entre parênteses a doença mental para que possamos enxergar o sujeito, na
perspectiva de desvelar aquele que tem uma história de vida pessoal, marcada
pelas condições sociais, econômicas e culturais. Colocar entre parênteses, contudo,
não significa dizer desconsiderar o núcleo de cada formação em saúde, mas sim
não se reduzir somente as habilidades técnicas especificas de cada profissão o que
poderia resultar em um fazer tecnicista. Para tal, é imperativo saber qual o projeto de
vida e felicidade que está em questão na relação do acolhimento e do cuidado,
reconhecendo no sujeito que demanda mais do que um objeto de estudo e
intervenção.
O “trabalho vivo” é definido por Merhy (2007) como a essência do cuidado,
descrevendo-o como ação no ato relacional. O trabalho se estabelece nas relações,
que podem ser intercessoras, novas e inventadas no encontro; ou ainda sumárias,
burocráticas e centradas em atos prescritivos técnicos, que não dão espaço para a
verdade do outro, pois oferece uma caixa formatada onde deve ser acoplada a
queixa. Neste modelo de relação não se encontra espaços para o Outro, mas sim
para o próprio profissional e o seu saber seguro e científico.
Os encontros intercessores descritos por Merhy (2007) dizem de um cuidado
que só pode se efetivar a partir do encontro e de forma singular. Os conjuntos que
produzem a intercessão fazem analogia ao encontro entre sujeitos. A intercessão
somente se faz se existir o encontro entre dois ou mais. A singularidade desta
intercessão é tão significativa que de um novo encontro dos mesmos sujeitos em
momentos diferentes, dar-se-á uma nova intercessão. Por esta razão não pode
existir bulas, procedimentos e protocolos, capazes de mediar cuidados reais
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
47
demandados por sujeitos que modificam seus posicionamentos subjetivos,
sofrimentos e percursos, a todo o momento.
Espinosa (1991) refere que a vida é feita de encontros e os seres podem ser
definidos por seu poder de afetar e de serem afetados por outros seres. Ainda
segundo esse autor, um bom encontro é como um alimento que se harmoniza com o
nosso corpo e aumenta a nossa potência de existir, agir e pensar. O mau encontro,
ao contrário, é como a ingestão de um veneno que mingua nossa essência de amor
e que decompõe parcial ou totalmente nossa potência de existir, agir e pensar como
somos. O Cuidar exige assim sensibilidade e prudência na medida em que os
excessos podem sufocar, exilando o sujeito em um lugar de dependência
transformando-se em assistencialismo, realizado por seres pretensamente
superiores. O cuidado requer respeito e consideração do outro como alguém capaz
de produzir a sua própria existência.
Para que aconteça a relação de cuidado faz preciso existir uma porta aberta.
O encontro de intercessão de subjetividades e de atos de cuidado pressupõe uma
acolhida, um início de tudo, uma atitude de posicionamento de escuta ao outro: o
acolhimento.
Merhy (2002), ressalta que a atitude do acolher exige o olhar e o fazer falar
do sujeito sobre a complexidade de sua existência. Requer um lugar especial de
escuta e capacidade de moldar-se à demanda vinda deste individuo em sofrimento.
Isso favorece o vínculo entre o cuidador, a equipe e o usuário. Neste lugar, o
acolhimento se configura como uma importante diretriz operacional para mudança
de um modelo técnico assistencial, propondo desde o início, um redirecionamento
da lógica de organização do serviço de saúde, que resulte em atendimento a todas
as pessoas que procuram os serviços. O acolhimento pode ter o potencial de
reorganização do processo de trabalho de um eixo técnico assistencial para um
modelo de cuidado ampliado quando se entender este recurso a partir da
perspectiva de estratégia capaz de metabolizar as complexidades da existência
humana, socializadas e divididas no acolhimento.
O lugar para o cuidado sempre se apresentou como importante na história.
Em 1830 a Sociedade de Medicina enunciava: “Aos loucos o hospício” e denunciava
a defesa de um lugar isolado e especializado para o “cuidar” dos loucos. A
localização de asilos era preferencialmente distante, longe dos dispositivos sociais
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 48
pertencentes aos “normais”. A comparação deste contexto histórico com as
diretrizes da Reforma Psiquiátrica e a dimensão teórico assistencial prevista por
Amarante (2003), convida-nos a pensar criticamente como é possível efetivar o
cuidado, com a qualidade descrita por Merhy e para além dos muros de instituições
especializadas restritas ao campo da saúde, mesmo podendo estar nestas.
Em saúde mental o território tem um importante valor simbólico e concreto
quando se parte do princípio de uma mudança de lógica asilar para a ampliação da
atenção e os resgates de vínculos esfacelados pelo isolamento físico e subjetivo ou
pelo estigma da loucura. Assim, trata-se muito mais do que um espaço físico
geográfico. É um conceito norteador das ações constituídas por um serviço
substitutivo em saúde mental.
O Território é definido por Milton Santos (2002) como não apenas geográfico.
Aliás, esse autor considera esta conceitualização retrograda e insuficiente na
medida em que considera somente as dimensões estáticas como tamanhos,
estruturas construídas, recursos e dispositivos. O autor ressalta que nem mesmo
estas dimensões são inflexíveis, mas sim espaços vivos onde se estabelecem
relações humanas de todos os tipos. Assim, compreende o território as pessoas e
seus gêneros, sexos, gostos, cultura, heranças históricas e sociais, meios de
sobrevivência, divisões político jurídicas, regras de poder e disputa estabelecidas na
comunidade em uma lógica inseparável do território estrutura, território função e
território processo. Um todo que se harmoniza fazendo revelar nesta relação as
especificidades de cada território.
Milton Santos critica a globalização e os efeitos perniciosos que trouxe ao
funcionamento sadio dos territórios enquanto comunidade, instalando uma nova
forma de funcionar tanto quanti como qualitativamente, alterando as relações
mantidas em nível micro das comunidades e em nível macro de um país. Santos diz
que o território se configura como uma ação limite da ação devastadora do mercado
e do capital. Local onde vivem sonham e trabalham pessoas que mantêm relações
das mais diversas e também de dominação e poder, de sujeição.
O trabalho dos profissionais de saúde mental deve ser realizado sempre em
torno de modificar a relação da doença mental com a cidade que, histórica e
hegemonicamente o exclui. As cidades, os territórios e comunidades são os espaços
possíveis de produção de novos sentidos e possibilidades de vida, trocas afetivas,
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
49
de amizades, de relações de confiança de encontros, desencontros e criação.
Franco (2013) refere que o entendimento de mundo interno de cada Sujeito
(subjetividade) e o mundo externo (social) foi dissociada no século XX. Esta ideia,
contudo, foi desconstruída por psicólogos que se debruçaram sobre o estudo da
influência fundamental entre a vida social e a vida psíquica defendendo a ideia de
que a dimensão psíquica do humano é formada a partir das relações sociais e seus
processos econômicos, midiáticos, culturais, ecológicos e políticos. Assim a
subjetividade é entendida como um processo dinâmico, decorrendo daí a ideia de
que novos arranjos de relações sociais favorecem reposicionamentos subjetivos.
Diante da questão de que a constituição subjetiva se faz no campo genérico
da construção social da realidade, Furtado et al (2009) discorre sobre a produção da
subjetividade social, elemento resultante da interação da história pessoal com o
meio. Uma dinâmica histórica que se estabelece entre o mundo objetivo e subjetivo
sem que se possa determinar claramente a origem da realidade de cada um. Assim
os fenômenos sociais influenciam a subjetividade que por sua vez determina o
próprio desenvolvimento social. Esse processo será sempre dinâmico e relacional.
Sem o espaço território o mecanismo de construção e deslocamentos
subjetivos não existiria. O Território é o espaço privilegiado para a constituição
subjetiva, pois é nele que o sujeito toma a consciência de si e do outro, as relações
de amor, de poder, de subsistência e onde homens e mulheres imprimem a sua
marca e por meio dele que a existência humana é possibilitada.
O conceito de território de Milton Santos traz consigo uma conotação dupla,
material e simbólica, leitura feita por Franco (2013). Etimologicamente se aproxima
do sentido de terra territorium que apresenta relação com dominação e terror para
aqueles que, com a apropriação deste espaço por poucos, encontram-se impedidos
de existir, de entrar. Ao mesmo tempo em que, para quem tem o privilégio de
possuir e usufruir inspira-se com a identificação positiva de apropriação. Milton
Santos traz as possibilidades de entender este território sob o sentido concreto da
dominação e sob o sentido simbólico da apropriação.
O sentido de dominação traz em si a lógica capitalista e vincula o território ao
valor de troca. Já o sentido de apropriação traz em si o entendimento do uso
simbólico deste espaço. Os dois sentidos existem juntos, haja vista que o território é
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 50
uma combinação do valor funcional e do valor simbólico. Ao profissional de saúde,
em especial ao de saúde mental, interessa sobremaneira a dimensão simbólica do
território apropriada pelo sujeito.
Tomando a subjetividade como a invenção de si e da vida na experimentação
cotidiana. Amarante (2003) refere que a subjetividade se faz atravessada pelo
espaço. Esta perspectiva de território se faz primordial ao profissional que cria
cuidados, pois é em território que se produz subjetividades que podem estar
aprisionadas. Em território existem potencialidades libertadoras, de criação de novas
possibilidades existenciais, espaços de afirmação, de singularidades, de autonomia
e inclusão social.
Um bom exemplo deste trabalho é a criação de interlocução e criação de
diálogos que estabeleçam alianças com dispositivos das artes, cooperativas de
trabalho, potencializando ações de afirmação e inclusão social, promovendo
espaços de trocas com os recursos existentes e inventando novos recursos e
espaços para o existir e produzir: praças, praias, gramas, quadras, músicas,
esportes lazer, diálogos, tudo em parceria com Outros sociais, passando do
manicômio, lugar vazio de trocas, para o território lugar de imensas possibilidades
de existir.
Atos de cuidado devem ser regidos por alegria, por verdade e pela beleza que
produzem os bons encontros, potencializando a vida e, potencializar a vida exige um
certo olhar, uma certa escuta que se dá na apropriação de sentidos do território,
entendido na complexidade deste conceito. Entender esta ferramenta de cuidar
exige aproximação com o outro que demanda cuidado e que traz em si a sua
história, delineada em um espaço/território e em um tempo.
Aproximação, cuidado longitudinal e em território, construção de linha de
cuidado são práticas substitutivas em saúde mental e exige implicação e
responsabilização do cuidado. A portaria 336 GM/2002 deixa evidente a
responsabilização como princípio norteador de prática no âmbito do território. O
fazer responsabilizado implica em conhecer o território de cada paciente, espaços e
percursos que compõe a sua trajetória de vida em todos os âmbitos sociais
(educação, saúde, lazer, justiça, outros).
Yasui, (2006) refere que a responsabilização pelo cuidado implica em duas
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
51
questões essenciais: atender à crise, ao momento crítico do sofrimento e não
separar as dimensões de cuidado entre prevenir, tratar e reabilitar como instancias
isoladas.
O princípio da responsabilização em saúde diz da segurança, continuidade da
atenção para o sujeito demandante, em sua singularidade e em seu contexto amplo.
Responsabilizar-se no singular e no plural. Plural no sentido de que cada sujeito tem
em si uma pluralidade de vivências e histórias que lhe constitui e atravessa. Assim,
responsabilizar-se no plural requer entender a sua vida em seu território, não apenas
o seu sintoma em quatro paredes o que reduziria o entendimento de um sujeito
complexo em sua dor e o seu contexto, desconsiderando os determinantes sócios
de um dado sofrimento que necessita de forma responsável, ser metabolizada na
articulação em território.
Responsabilizar-se requer uma aproximação com o território e um
reconhecimento das redes de atenção à saúde, não somente enquanto matéria, mas
enquanto subjetividades de cada recurso. Traz em si um importante poder
terapêutico, de vinculação e captura do sujeito em sofrimento, configurando em si
um ato de cuidar. Responsabilizar-se requer estar disponível para o outro, inteiro no
ato. O estabelecimento desta demanda: “Estou aqui para construirmos juntos uma
possibilidade” naturalmente faz emergir a presença de vida do outro, a vinculação.
Na perspectiva de responsabilização de cuidados não cabem estruturas
simples e totais que tudo sabem sobre o sujeito, mas sim de lugares para onde se ir
para produzir sentidos coletivamente, conviver, conversar e trocar experiências de
forma sustentada, por um encontro qualificado. Yasui, (2006), refere para que haja
um responsabilizado, se faz necessário conhecer o território do sujeito para quem se
constrói o cuidado. Caso contrário como articular o cuidado em rede sem centralizar
ações e serviços (atitudes condizentes com instituições totais em saúde). Conhecer
o território para a construção do ato de cuidado significa conhecer o alcance social
da demanda do paciente, ativando organizações e dispositivos da rede para a
potencialização da resolutividade de um dado problema. Requer também, e
especialmente, o acompanhamento deste processo, seu percurso e retorno em um
movimento de referência e contra referência implicados o que significa encontros e
apoio durante dado percurso.
O mesmo autor refere que não há lugar exclusivo no qual ocorre tomada de
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 52
responsabilidades. Podendo ocorrer nos serviços de saúde mental, nas clínicas
escolas, em outras instituições de saúde ou de diferentes campos sociais, mas
sobretudo nos contextos sociais de vida (território) do usuário, de onde emerge sua
história e sua sociabilidade e espaços de construções subjetivas.
Amarante (2003) refere os manicômios e até mesmo os centros
especializados centralizadores de atenção como locais de pouco ou nenhum espaço
de trocas sociais, pouca produção de autonomia e articulação em rede. Adotar uma
postura de trabalho que acolha princípios de ampliação de cuidado e
responsabilização, implica em, não só reconhecer a rede, mas também conhecer o
território do sujeito tomando a responsabilidade de produzir polaridades de cuidado
de forma implicada. Assim, para que se estabeleça esta relação de possibilidades de
sustentação de cuidado em território se faz necessário produzir e garantir acessos,
diálogos, trocas.
Ainda discutindo responsabilização de cuidados e a proposta de
redirecionamento assistencial do centro para a potencialidade do território encontra-
se uma importante ferramenta organizadora do processo de trabalho que se
configura como um recurso amplamente utilizado em diversos serviços substitutivos
em saúde mental no gerenciamento e acompanhamento dos casos como recurso
que favorece a sustentação do cuidado através da responsabilização, da
territorialização, do acolhimento e da articulação em rede. Trata-se dos Projetos
Terapêuticos Singulares de estratégias de cuidados.
O posicionamento de uma instituição de produção de cuidados em saúde
para uma lógica ampliada requer como Merhy, (2002) descreve um modelo centrado
no usuário. Não no sentido de a instituição organizar-se para a lógica de cuidado
que contemple alguns, mas no sentido dessa instituição planejar-se para
compreender a singularidade e dimensionar o cuidado personalizado e responsável
para cada um. Esse redirecionamento pressupõe que a procura pelos profissionais
de saúde em um serviço não são as demandas específicas para cada especialidade
do saber em saúde, (as cardiopatias, as doenças crônicas, as disfagias, os
distúrbios de linguagem, as psicoses e as alucinações, as defesas psíquicas, a dor,
o corpo ferido, os fluidos, os excretos, o sangue...etc.), mas sim o sujeito, sua
singularidade e o seu sofrimento, qual seja.
Assim, Merhy (2002) convida a pensar que um reposicionamento
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
53
teórico/técnico de um modelo médico e institucional centrado para o modelo
centrado no usuário. Isso significa um deslocamento na instituição de práticas
centradas em procedimentos médicos, psicológicos, fonoaudiológicos, de
enfermagem, etc, para práticas produtora de cuidado, com as dimensões e
complexidades aqui descritas.
Partindo deste pressuposto, a organização da prática de cuidado deve ser
singular e organizada tendo em vista o universo de cada sujeito. O planejamento
requer uma complexidade de estratégias que contemplem distintas dimensões do
existir. A concretização deste planejamento não se dá apenas no âmbito subjetivo
dos profissionais, mas a partir de um recurso muito utilizado denominado de PTI –
Planejamento Terapêutico Individual.
A construção deste instrumento para Merhy (2002) se reveste de um grande
desafio. Inicia-se com a semeadura de um vínculo no momento crítico de
aproximação com o usuário, no acolhimento e no momento da escuta de suas
particularidades e queixas, seu modo de viver, seu entorno, sua família, trabalho,
amigos, informações sobre a sua história em um dado tempo e espaço. Merhy
(2002) refere ainda que estes dados jamais emergem mediante perguntas fechadas,
semiabertas e em alguns casos até mesmo as abertas, quando norteadas pelo
saber núcleo de um profissional. Esta modalidade de aproximação vertical, onde o
profissional dita o percurso da prosa em um acolhimento, torna difícil o início do
estabelecimento do vínculo e conhecimento da verdade de vida do outro.
Merhy (2002) descreve o PTI como um instrumento que tem sua construção
coletiva (profissional de saúde, familiares, usuário que demanda cuidados,
profissionais de outros dispositivos da rede que podem ser importantes para o
processo de cuidado e que são pactuados previamente, instituições, outros que a
invenção do cuidado julgar necessário) e que é realizado no período do processo de
acolhimento. Este acolhimento, juntamente instrumento de objetivação e
planejamento deverá ser gerenciado por profissional responsável pela condução da
atenção ao usuário. O pacto do PTI é construindo coletivamente com base nas
discussões/supervisões clínicas e estabelece a organização de uma nova rotina,
assunção de responsabilidades e compartilhamento de tarefas com diferentes
atores. Uma vez estabelecido o PTI o profissional torna-se a referência
gerenciadora teórica e técnica do cuidado, responsabilizando-se por sua efetivação,
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 54
ou seja, por articular a rede e a linha de cuidado para cada usuário sob sua
responsabilidade.
Com a finalidade de elaboração do Projeto Terapêutico Individual o
profissional assume dois importantes papeis o de cuidador e o de administrador das
múltiplas ações do PTI, avaliando e acompanhando todo o processo dos efeitos das
ações no usuário e seu contexto. Passa ainda a desconstruir e reconstruir direções,
sempre considerando a ética do cuidado tendo em vista o núcleo norteador da
atenção: o Sujeito.
Não se pretende com o cuidado ampliado, personalizado e artesanal de
excluir o saber núcleo, mas sim ampliar o menu de opções de ferramentas de
cuidado, não perdendo de vista uma essência primordial para o trabalho em saúde
que é o de cuidar com qualidade e responsabilização. Para Merhy (2002) os
recursos terapêuticos, tidos como os saberes núcleos de cada profissão, devem ser
usados com parcimônia, assim como os recursos farmacológicos, sem trata-los
como milagres ou a “coisa – cuidado” absoluta e total, mas sim com a justa medida
do que realmente são, meios, instrumentos e técnicas.
Yasui (2006) recupera uma discussão sobre esse cuidado e
responsabilização que nos referimos, descrevendo-os como lastro que deve
sustentar o fazer de qualquer profissional de saúde ou que trabalhe com o cuidado.
O autor recupera o sentindo da palavra pharmakon que para os gregos designava
uma substancia capaz de promover alterações, causando o bem ou o mal, a vida ou
a morte.
O sentido de veneno ou remédio não estaria na substância em si, mas no fato
de ser aplicada na hora certa, na dosagem certa, com as combinações certas e,
sobretudo, por quem conhecia a arte e a ciência da cura. Platão citado na mesma
discussão de Yasui (2006), aumenta a complexidade do conceito pharmakon
quando afirma que a linguagem é também um pharmakon que pode se configurar
como veneno ou cura.
A palavra pharmakon pode ser então cura e morticínio, paradoxo e
ambiguidade, o que depende de nossas escolhas e invenções. O pharmakon seria
uma operação que se estabelece a partir da relação manejo – instrumento ou
manejo - técnica e a que se destina. Pharmakon é encontro e intercessão,
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
55
imprescindível ao cuidado qualificado.
O PTI então se configura como esta operação que se constitui em um manejo
muito específico e particular para cada caso e que acontece nas relações
estabelecidas tendo em vista o cuidado. Quanto maior os recursos e ferramentas
disponíveis para a construção de projetos de cuidado (recursos de lazer, esporte,
território, cultura, dispositivos em rede de atenção à saúde, referências teórico
técnicas, outros), maiores as possibilidades de projetos de cuidados ajustados à
complexidade das demandas direcionadas ao profissional de saúde.
O modelo de atenção substitutivo ao modelo médico centrado que propõe
uma clínica ampliada e psicossocial deixa espaços possíveis para a exploração de
diversas ferramentas e recursos disponíveis em redes de atenção e territórios para a
construção de uma rede de cuidados. Assim, para a operacionalização de um
projeto terapêutico de cuidados com as premissas já discutidas, faz-se necessário o
conhecimento do território e dos recursos disponíveis em rede (os recursos de
saúde e de outros setores sociais e do próprio espaço do território) Estas
ferramentas se configuram como indispensáveis para a operacionalização da prática
de cuidado ampliado.
Saraceno, (1999) menciona que inúmeros recursos permanecem escondidos
e indecifráveis no território que se aproxime deste para observação, exploração e
desbravamentos. Recursos que nem sempre são os sanitários, da justiça, da
educação, mas ferramentas com potencial de agregar resolutividade e promover
transformações tanto no estilo de trabalho de um profissional que planeja e faz atos
de cuidados, como para usuários demandantes de cuidados. Assim, os recursos da
rede podem ser os que estão submetidos a áreas jurídico administrativas em seus
campos e com as suas especificidades e recursos que não estão vinculados a
políticas públicas, mas que também possuem seus poderes e domínios.
A articulação em rede pressupõe conhecimento dos mesmos, mas também
um grande aprendizado, na medida em que a aproximação e o estabelecimento de
diálogos revelam especificidades e potencial de cada campo. A aproximação
intersetores é um ato político e que promove transformações sociais na medida em
que as demandas direcionadas à saúde são socializadas intersetorialmente
promovendo novas reflexões, mobilizações e catalisação de mudanças em outras
frentes e dimensões da vida humana e, quiçá, no plano macro político.
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 56
CAPÍTULO 3 – Percurso Metodológico
Descrevemos aqui, o conjunto de princípios metodológicos norteadores dessa
dissertação, no propósito de responder ao problema de investigação apresentado da
seguinte forma: Quais as contribuições da clínica psicossocial para a formação em
Fonoaudiologia e em quais disciplinas da estrutura curricular são propensas a esta
discussão?
Iniciamos esse capítulo discutindo os aspectos teórico-metodológicos desta
pesquisa. Na sequência, abordamos o desenho metodológico desta investigação
apontando o campo de pesquisa, os procedimentos de coleta dos dados e seu
respectivo processo de análise.
3.1 Opção Metodológica
Reconhecemos a concepção dessa pesquisa, como de natureza qualitativa,
pois além dos dados, interessa-nos saber o significado dos resultados conseguidos.
Segundo Bogdan e Biklen,
Os investigadores qualitativos interessam-se mais pelo processo do que simplesmente pelos resultados ou produtos. Os investigadores qualitativos tendem analisar os seus dados de forma indutiva. O significado é de importância vital na abordagem qualitativa. (BOGDAN & BIKLEN, 1994, p.47 -50)
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
57
Em outra medida, entendemos que o estudo de caso, tomando por base a
estrutura curricular da universidade, atende ao objetivo desse estudo, haja vista sua
ênfase à interpretação do contexto, onde a preocupação primordial é a
particularização ao invés da generalização. Isso é consequência direta do objetivo
do trabalho que pretende tratar de uma determinada realidade local.
Segundo Bodgan e Biklen (1994) e Lüdke e André (1986), o estudo de caso é
adequado para observações detalhadas de um contexto, de um acontecimento
específico, que pode ser simples ou complexo, que pode ser similar a outros casos,
mas é ao mesmo tempo distinto, pois possui interesses singulares.
3.2 Campo da pesquisa
Para este trabalho de investigação foi escolhido o curso de fonoaudiologia de
uma universidade baiana. A opção se pautou no fato de ser a única oferta do curso
de Fonoaudiologia de uma instituição pública federal no estado da Bahia.
3.3 Coleta e análise de dados
Para coleta dos dados dessa investigação nos valemos da análise dos
documentos institucionais tais como o projeto pedagógico, a matriz curricular, os
planos de disciplinas, os relatório de avaliação feito do curso. Além disso, será
objetos de estudo, também, a legislação educacional brasileira, especialmente as a
Resolução CNE/CES Nº 5/2002 (BRASIL, 2002) que institui as Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCN) do curso de Graduação em Fonoaudiologia.
Esses documentos foram escolhidos por se tratarem de textos públicos
oficiais que caracterizam o objeto de estudo deste trabalho, na perspectiva de
capturarmos o contexto oficial de onde o curso foi criado, evidenciando sua
autenticidade e confiabilidade.
A análise documental foi escolhida por acreditarmos ser uma técnica
exploratória, capaz de fazer emergir os significados dos documentos pesquisados.
Para isso foi utilizada a abordagem da Análise de Conteúdo proposta por Bardin
(1994), a partir da apreciação dos documentos institucionais previstos para essa
pesquisa. Este tipo de técnica organiza o estudo em três fases, a saber: a pré
análise dos documentos, a exploração do material e a análise final.
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 58
Na fase de pré-análise, os documentos serão organizados de modo a torná-
los operacionais a partir da sistematização inicial das ideias, distribuída em três
etapas:
a) a seleção das fontes, que consiste na escolha do material analisado. Para
o contexto desse estudo, serão selecionadas dentro do fluxograma do curso de
fonoaudiologia das duas universidades as disciplinas que possibilitam a inserção de
conteúdos de Saúde Mental nos programas de disciplinas. Além disso, serão
identificados os currículos.
b) a leitura flutuante dos documentos selecionados para o estabelecimento do
contato inicial com os registros da coleta de dados.
c) formulação das unidades de análises a partir dos objetivos do estudo e do
referencial teórico, que traduzam dados sobre o histórico do curso e o conteúdo
abordado dentro do tema de Saúde Mental.
Na fase de exploração do material foram definidas as categorias (sistemas de
codificação) a partir do agrupamento das unidades de registro dotadas de
significado. Esta é a fase da descrição analítica orientada pelas hipóteses
construídas com os referenciais teóricos.
Na terceira e última fase foi feito o tratamento, a inferência e interpretação
final dos resultados.
3.4 As unidades de análises
Na analise documental foram analisados um grupo de itens que traduzem os
objetivos desse estudo. Nesse sentido, fez necessário elencar um conjunto de
categorias que evidenciam a referência da Saúde Mental, no âmbito da Reforma
psiquiátrica, em um curso de fonoaudiologia de uma universidade pública federal
baiana. Para isso foram tomadas as ações sugeridas pelo Ministério da Saúde no
âmbito do SUS, através da portaria 336/02, em seu artigo 4º:
a - responsabilizar-se, sob coordenação do gestor local, pela organização da demanda e da rede de cuidados em saúde mental no âmbito do seu território. (destaques do autor) (BRASIL, 2002).
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
59
Dito isso, foram elencadas as seguintes unidades de análises:
a) O princípio do Cuidado e da Responsabilização (CR): nessa categoria,
buscamos a ênfase à extensão do vínculo entre o profissional de saúde e o
usuário de saúde, no que diz respeito ao acolhimento e seus respectivos
encaminhamentos. Há que se observar aspectos que traduzam a
preocupação na singularidade do sujeito com sua constituição histórica, suas
questões e desejos pessoais; sensibilidade no manejo clínico e a prática
interdisciplinar;
b) O princípio da Rede de Atenção (RA): analisa-se o diálogos da saúde
com diferentes espaços de cultura, trabalho, educação e lazer. Entende-se a
Rede de atenção como o caminho que traça-se coletivamente tendo em vista
o cuidado do sujeito, em seu território a partir dos serviços e recursos
terapêuticos encontrados em sua comunidade. Esse estabelecimento de
articulações objetiva o cuidado das mãos de um único profissional de saúde
buscando fazer uma interlocução/diálogo com as potencialidades do território
que possam responder ou atender a uma demanda específica. Tecer rede
significa tecer cuidado com os recursos físicos e humanos do território tendo
em vista o laser a justiça a educação a cultura e outras dimensões deste.
c) O princípio do Território (T): discute-se a subjetividade do espaço
terapêutico como um lugar social com potencialidades de afirmação de
singularidades.
Essas categorias são discutidas ao longo da análise do currículo do curso.
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 60
CAPÍTULO 4 – A Saúde Mental e a Formação do Fonoaudiólogo.
A primeira parte deste capítulo trata da análise das DCN para os cursos de
saúde, em especial para a graduação em fonoaudiologia. Logo depois é feita uma
breve descrição da estrutura do curso investigado nesse estudo. Em seguida
analisamos as possibilidades de inserção da saúde mental no currículo do curso.
4.1 As Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de saúde
O direcionamento dos cursos de formação profissional em saúde se
fundamenta nas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de saúde. Este
documento, por sua vez, foi constituído tendo como referência documentos de
saúde e educação, dentre as quais a Constituição Federal de 1988, Lei Orgânica do
Sistema único de Saúde No. 8080, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
9.394, Lei que aprova o Plano Nacional de Educação 10.172/2001.
As Diretrizes Curriculares Nacionais constituem-se então como orientações
que devem ser necessariamente seguidas e adotadas por todas as instituições de
ensino superior na elaboração de seus currículos. Este documento assume uma
perspectiva de assegurar a flexibilidade, diversidade e qualidade de formação,
estimulando o abandono das concepções herméticas das grades curriculares em
prol da garantia de uma formação sólida que tome por base enfrentar os desafios
das demandas sociais, culturais, de processo e demanda de trabalho, bem como a
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
61
articulação com a saúde e suas propostas como elemento fundamental a ser
enfatizado na construção do currículo.
As DCN para os cursos de graduação em saúde destacam a articulação entre
Educação Superior e o SUS – Sistema Único de Saúde, como fundamental e
indispensável para a construção dos projetos pedagógicos, objetivando a formação
geral e específica dos egressos com ênfase na promoção, prevenção e recuperação
da saúde indicando a capacidade de competências gerais como capacidade de
atuar com qualidade, eficiência e resolutividade no SUS, considerando o processo
da Reforma Sanitária Brasileira.
4.1.1 A Saúde Mental e o currículo de Fonoaudiologia Amparado por um conceito ampliado de Saúde previsto no relatório final da
VIII Conferência Nacional de Saúde de 1986, onde se estabelece uma contraposição
a ideia paradigmática da saúde como ausência de doença, com argumentos que
justificam a assistência social, a política, a economia e a sociedade como
determinantes e condicionantes da saúde, entende-se que a saúde não pode ser
pensada em separado do acesso à alimentação, trabalho, moradia, educação,
transporte, liberdade, laser, emprego, renda, meio ambiente e relações sociais.
A saúde vista por esta perspectiva propiciou um repensar a formação
profissional por uma lente do modelo Flexneriano da saúde que apresentava a
doença como diretriz para a construção de práticas e saberes.
Este cenário de mudança encontra respaldo na Constituição Federal de 1988
quando afirma que a saúde é um direito de todos e estabelece os direitos sociais à
saúde, a educação atribuindo ao Estado a responsabilidade do processo de
formação de recursos humanos necessários à implementação do Sistema Único de
Saúde.
No campo da Saúde Mental a legislação aponta para o redirecionamento de
saberes e práticas, valores sociais e culturais, bem como sugere novo modelo do
cuidado de sociabilidade dos sujeitos em situação de sofrimento psíquico. As
diretrizes que pactuam este redirecionamento estão pautadas na Lei nº 10.216 de 06
de abril de 2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras
de transtornos mentais e determina o modelo assistencial em saúde mental,
privilegiando o cuidado em serviços de base comunitária.
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 62
A III Conferencia Nacional de Saúde Mental de 2001, por sua vez, prevê o
cuidado ampliado e a inclusão social sugerindo o princípio da integralidade. Este
contexto político e social faz culminar em 2002 a normatização, criação e
funcionamento dos Centros de Apoio Psicossocial, serviços substitutivos à lógica
hospitalocêntrica e asilar no cuidado ao sofrimento psíquico e que preconiza uma
assistência voltada para o modelo ampliado de cuidado à saúde, novas tecnologias
leves e produções subjetivas, preconiza o vínculo social, produção de autonomia e
cidadania.
Estas mudanças implicam na necessidade de transformação da sociedade
frente a loucura, bem como de profissionais que entendam e atuem dentro da lógica
deste redirecionamento da atenção ao sujeito com transtorno mental, que
reformulem seus saberes e práticas construídos, ou não, sobre os sofrimentos
psíquicos, que entendam a complexidade desta atuação ampliando o olhar para
além da concepção corpo doença entendendo os determinantes psicossociais do
sofrimento psíquico. Implica igualmente em articular estes saberes e vivencias com
os dispositivos sociais intersetorialmente, desenvolvendo novas formas de pensar e
agir, reinventando a produção da saúde mental.
É evidente que esta realidade vem requerer das instituições formadoras a
reconstrução de seus projetos político pedagógicos no que se refere à atenção para
a saúde mental, reorientando o processo de formação tendo em vista o
desenvolvimento de competências e habilidades, bem como o acesso a referenciais
que sensibilizem o futuro profissional para atuar, ao menos, dentro da perspectiva da
Reforma Psiquiátrica e atendendo aos princípios desta.
A produção teórica no campo da saúde mental e a aproximação com a prática
demonstra que o ensino superior não vem atingindo a construção de competências
necessárias para a atuação no campo da Saúde Mental, o que leva profissionais de
saúde a buscarem nos cursos de especialização a alternativa para solucionar a falta
de experiência e conhecimento na área. (LOBOSQUE, 2007; LANCETTI, 1990;
DESVIAT, 2000). Para além deste dado, os mesmos autores referem um
descompasso entre o ensino, a prática clínica e as políticas de saúde mental
vigentes no país o que leva a formação de profissionais acríticos para esta
realidade, não reflexivos e reprodutores de uma prática clínica característica de um
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
63
modelo ambulatorial, voltada para a medicalização, para a técnica e não priorizando
nuances imprescindíveis ao fazer desta clínica.
Sobre as sutilezas clínicas deste campo, as quais pretendo me debruçar em
um capítulo deste trabalho, cito a escuta, a clínica do Sujeito, o vínculo, acolhimento,
o conhecimento da prática intersetores como recurso para a construção de uma rede
de cuidados e a própria prática no campo da saúde mental que, em si, apresenta, o
que desta complexa, que não se deixa aprender dentro dos âmbitos acadêmicos por
constituir a individualidade subjetiva e sócio cultural de cada contexto humano, bem
como as demandas sociais emergentes e que requer o olhar da saúde.
4.1.2 Diretrizes Curriculares Nacionais, Fonoaudiologia e Saúde Mental
A grande política de Saúde – SUS – Sistema Único de Saúde influencia as
Diretrizes Curriculares Nacionais de todos os cursos em Saúde no sentido de sugerir
alguns direcionamentos com os seus princípios e diretrizes. As DCN para o curso de
Fonoaudiologia não fogem a este perfil, bem como sugerem que a formação prepare
o profissional egresso para a atuação junto ao SUS.
As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de graduação em
Fonoaudiologia foram propostas e formalizadas pelo parecer CNE/CES de n. 5, de
19 de fevereiro de 2002 e com fundamento no Parecer CES 1.210/2001 de 12 de
dezembro de 2001.
A resolução CES/CNE de nº 5 institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do
Curso de Graduação em Fonoaudiologia a serem consideradas na organização
curricular das Instituições do Sistema de Educação Superior do Brasil e determinam
os princípios, fundamentos, condições e procedimentos para a formação de
Fonoaudiólogos.
Antes de pensar as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação
em fonoaudiologia registre-se que o parecer CES 1.210/2001 que fundamenta
documento, assegura a flexibilidade, a diversidade e a qualidade da formação
oferecida aos estudantes e estimula o abandono das concepções antigas e
herméticas das “grades prisões”, garantindo uma sólida formação básica e
preparando o graduando para o enfrentamento dos desafios das rápidas
transformações da sociedade, das demandas em saúde, do mercado de trabalho e
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 64
da adequação ao exercício profissional.
Toda a exposição deste documento é feita com o intuito de cobrar uma
formação que seja capaz de promover um profissional crítico, reflexivo, apto e capaz
de atuar com qualidade e eficiência no Sistema Único de Saúde, considerando o
processo da reforma Sanitária Brasileira.
Pensando nas demandas emergentes em saúde, nas legislações que
direcionam a atenção em saúde mental no âmbito do SUS, bem como nas
determinações do Sistema único de Saúde cito a Portaria 336/GM do Ministério da
Saúde considerando a lei 10.216 que dispõe sobre a proteção e os direitos das
pessoas com transtorno mental e redireciona o modelo assistencial neste campo e
considerando a NOAS SUS 01/2001, resolve em seu artigo 4º. Paragrafo 4.4.2 a
inserção do profissional Fonoaudiólogo como necessário na equipe mínima do
dispositivo CAPSia.
A Portaria 336/GM no item 4.4 traz ainda as determinações técnicas para que
os dispositivos substitutivos da saúde mental promovam, por meio sua equipe
técnica, a assistência substitutiva nesta rede de saúde através da capacidade de
desempenhar o papel de regulador da porta de entrada da rede assistencial no
âmbito do seu território, supervisionar e capacitar as equipes de atenção básica,
serviços e programas de saúde mental para a infância e adolescência, realizar
atendimentos individuais ou em grupo, oficinas terapêuticas, visitas e atendimentos
domiciliares, atendimento a família, atividades comunitárias e desenvolvimento de
ações intersetoriais, principalmente com assistência social, educação e justiça.
Esta demanda do Sistema Único de Saúde é contemplada nas Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Curso de Fonoaudiologia que refere a garantia de que
o futuro profissional deve estar apto a analisar os problemas de saúde da sociedade
e procurar soluções dentro dos mais altos princípios da ética/bioética com os
sujeitos, tendo em conta que a responsabilidade de atenção à saúde tanto em nível
individual quanto coletivo não se encera com o ato técnico, mas sim com o
gerenciamento e resolutividade do problema, bem como de que esta formação deve
dotar o profissional de conhecimentos requeridos para as competências de
compreensão da constituição do sujeito, das relações sociais e seus efeitos no
psiquismo, linguagem e aprendizagem.
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
65
As Diretrizes Curriculares para a formação do profissional Fonoaudiólogo em
seu Art 3º. Descreve o perfil do egresso profissional como generalista, humanista,
crítico e reflexivo e devendo atuar com base no rigor científico e intelectual. Este
rigor científico referido neste item das Diretrizes Curriculares para a formação em
Fonoaudiologia pode potencializar o entendimento dos conteúdos científicos como
inflexíveis, dificultando o diálogo do currículo com as demandas sociais que
transitam a margem da adoção de determinados referenciais que excluem uma outra
produção do conhecimento que pode se dar através da prática profissional como
refere a a epistemologia da prática profissional descrito por Tardif (2002) e como
defende Macedo (2002) quando refere que as narrativas transgressoras gestadas a
partir da prática funcionam como elemento de atualização e aprofundamento dos
currículos. Ainda, reafirmando a crítica a cientificidade por si no cuidado ao sujeito
lembro Merhy (1998).
O trabalho em saúde, que se realiza sempre mediante ao encontro entre trabalhador e usuário é centrado no trabalho vivo em ato e que consome trabalho morto, visando a produção do cuidado. (MERHY 1998)
O cuidado em saúde baseado em evidências científicas somente deixa de
considerar que este se opera com altos graus de incertezas tendo em vista que
apesar da regularidade das doenças, agravos e desconfortos na produção científica
existe aspectos da singularidade subjetiva, social e cultural de cada sujeito ou
comunidade que opera, muitas vezes em direções diferentes às propostas pelos
livros e cientificidade e isso só se dá a ver por aproximações sucessivas com o
sujeito, com o contexto (FEUERWERKER, 2014).
As competências descritas como necessárias para a formação deste
profissional são elencadas neste documento como habilidades gerais e habilidades
específicas. No Art 4º. as habilidades gerais referem-se à: Atenção: à saúde,
Tomada de decisões, Comunicação, Liderança, Administração e Gerenciamento e
Educação Permanente. (BRASIL 2002, p2)
I - Atenção à saúde: os profissionais de saúde, dentro de seu âmbito profissional, devem estar aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual quanto coletivo. Cada profissional deve assegurar que sua prática seja realizada de forma integrada e contínua com as demais instâncias do sistema de saúde, sendo capaz de pensar criticamente, de analisar os problemas da sociedade e de procurar soluções para os mesmos. Os profissionais devem realizar seus serviços dentro dos mais altos padrões de
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 66
qualidade e dos princípios da ética/bioética, tendo em conta que a responsabilidade da atenção à saúde não se encerra com o ato técnico, mas sim, com a resolução do problema de saúde, tanto em nível individual como coletivo;
II - Tomada de decisões: o trabalho dos profissionais de saúde deve estar fundamentado na capacidade de tomar decisões visando o uso apropriado, eficácia e custo- efetividade, da força de trabalho, de medicamentos, de equipamentos, de procedimentos e de práticas. Para este fim, os mesmos devem possuir competências e habilidades para avaliar, sistematizar e decidir as condutas mais adequadas, baseadas em evidências científicas;
III - Comunicação: os profissionais de saúde devem ser acessíveis e devem manter a confidencialidade das informações a eles confiadas, na interação com outros profissionais de saúde e o público em geral. A comunicação envolve comunicação verbal, não- verbal e habilidades de escrita e leitura; o domínio de, pelo menos, uma língua estrangeira e de tecnologias de comunicação e informação;
IV - Liderança: no trabalho em equipe multiprofissional, os profissionais de saúde deverão estar aptos a assumirem posições de liderança, sempre tendo em vista o bem estar da comunidade. A liderança envolve compromisso, responsabilidade, empatia, habilidade para tomada de decisões, comunicação e gerenciamento de forma efetiva e eficaz;
V - Administração e gerenciamento: os profissionais devem estar aptos a tomar iniciativas, fazer o gerenciamento e administração tanto da força de trabalho, dos recursos físicos e materiais e de informação, da mesma forma que devem estar aptos a serem empreendedores, gestores, empregadores ou lideranças na equipe de saúde;
VI - Educação permanente: os profissionais devem ser capazes de aprender continuamente, tanto na sua formação, quanto na sua prática. Desta forma, os profissionais de saúde devem aprender a aprender e ter responsabilidade e compromisso com a sua educação e o treinamento/estágios das futuras gerações de profissionais, mas proporcionando condições para que haja benefício mútuo entre os futuros profissionais e os profissionais dos serviços, inclusive, estimulando e desenvolvendo a mobilidade acadêmico/profissional, a formação e a cooperação através de redes nacionais e internacionais.
Da leitura do quesito habilidades e competências gerais no currículo do curso
de graduação em Fonoaudiologia, é possível perceber, ainda que sutilmente, a
proposta de possibilidades de atenção às demandas emergentes da sociedade,
alinhados com as instâncias do Sistema Único de Saúde. Percebe-se ainda que o
mesmo quesito discorre que a responsabilidade da atenção à saúde não deve
encerar com o ato técnico e, sim, com a “resolução do problema de saúde” entende-
se que esta diretriz não propõe como suficiente o ato técnico o que condiz com a
realidade complexa das demandas em saúde. Porém, em seguida propõe a
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
67
resolutividade do problema em saúde sem considerar quais outras dimensões que
não a da técnica poderiam perpassar o fazer do profissional com a finalidade de um
cuidado qualificado que, não necessariamente, deve estar atrelado a “resolutividade
do problema de saúde”. A palavra resolutividade dentro do contexto parece remeter
a uma visão flexneriana de saúde na ausência de doença o que se distancia da
concepção da loucura e seus determinantes sociais, bem como do entendimento da
prática e cuidado em Saúde Mental.
No item II do documento, no que se refere às tomadas de decisões, critérios
como a força de trabalho, equipamentos, procedimentos e práticas considerando as
evidências científicas são eleitos em detrimento de outras categorias como o
processo de trabalho, a construção de uma prática que tome por base não só a
cientificidade, mas o diálogo com a realidade da prática e, sobretudo, o cuidado com
o Sujeito, critério este que, aliás, não aparece nas diretrizes curriculares do curso de
Fonoaudiologia. Ainda dialogando com Macedo (2002), esse autor afirma que
As orientações das diretrizes para a comunicação do profissional sugerem habilidades técnicas como as TIC’s – Tecnologias da Informação e Comunicação, domínio de língua estrangeira, leitura e escrita, além da confidencialidade dos dados, não considerando a escuta qualificada como uma importante habilidade específica na formação deste profissional, bem como a habilidade para a comunicação interdisciplinar e intersetorial o que requer algum conhecimento sobre a tessitura de uma rede para o cuidado em saúde.
Chama a atenção no item educação permanente o estímulo por uma
mobilidade acadêmica e profissional, tendo em vista a qualificação mediante a
aproximação e cooperação com redes nacionais e internacionais, sem ressaltar o
importante valor formativo da aproximação com o espaço próprio (rede local,
comunidade) de trabalho, as redes de atenção, a cultura local e a micropolítica da
construção primeira do cuidado e formação conforme Feuerwerker (2014).
A micropolítica, entendida como o plano molecular em que se efetuam os processos de subjetivação a partir das relações de poder, seria o plano a ser analisado. Por isso mesmo estudar o cotidiano da produção do mundo é uma opção forte - que possibilita ir para o campo mais em aberto, com menos a prioris, mapeando em cada território, vão se fabricando as relações, seus limites, suas possibilidades. Esse olhar investigativo aplica-se a todas as áreas. No campo da saúde, por ser este um processo que se produz em ato, essa opção torna-se mais importante ainda.
As práticas de saúde como toda atividade humana são atos produtivos, pois modificam alguma coisa e produzem algo novo. Configuram, portanto, trabalho porque visam produzir efeitos, buscam alterar um estado de coisas estabelecido como necessidades. ASSIM, além de orientadas pelos saberes
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 68
científicos, são também constituídas a partir de sua finalidade social, que é historicamente construída.
Ou seja, o trabalho em saúde tem compromisso com necessidades sociais (relacionadas à estrutura produtiva da sociedade) (GONÇALVES, 1994) e com as necessidades de seu usuário direto (que são também atravessadas pelas molaridades que, por exemplo, a sociedade capitalista fabrica, mas também dizem respeito à sua singular produção no mundo, digo eu). Esse usuário direto busca o consumo de ações de saúde, que lhe proporcionam algo com valor de uso fundamental: mantê-lo vivo e com autonomia para exercer seu modo de andar a vida. (FEUERWERKER 2014 p. 37-38)
No campo das habilidades específicas as diretrizes parecem possibilitar uma
maior flexibilidade de construção de um currículo que desenvolva competências e
habilidades para a atuação no campo da saúde mental coletiva. O entendimento da
constituição do humano, suas relações sociais e psiquismo como condição para
entender a atuação do fonoaudiólogo com diferentes demandas sociais e
considerando em suas intervenções a construção de uma linha de cuidado inter e
trans setorialmente, pensando a profissão e atuação como forma de contribuição
social e para isso articulando-se socialmente.
O documento refere ainda que esta formação deverá atender ao Sistema
Único de Saúde vigente no país, entendendo e atuando dentro da lógica de um
sistema hierarquizado e regionalizado de referência e contra referência. Este item
demonstra a necessidade de se contemplar neste currículo um conteúdo complexo e
que diz do entendimento de um território e sua rede, da lógica de um percurso que
exige referenciamento e contra-referenciamento, das demandas do SUS que são
direcionadas a um profissional de saúde Fonoaudiólogo, dentre elas, entendo, às de
Saúde Mental, conforme a portaria 336GM que preconiza a presença do
Fonoaudiólogo nas equipes mínimas de serviços substitutivos em saúde mental,
destinados à infância e adolescência.
Sobre os conteúdos a serem contemplados na formação observa-se que na
diretriz os mesmos não são expostos de forma dialogada e transversalizada. Os
conteúdos se organizam com uma distribuição distinta e bem delimitada dos
diferentes aspectos humanos. No que se referem aos estágios curriculares de
formação as diretrizes elegem a clínica escola como local prioritário de
aprendizagem das práticas e determinam que as mesmas estejam equipadas
adequadamente para este fim o que nos remete ao uso de tecnologias pesadas,
equipamentos e estruturas.
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
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Pensando no item conteúdos e prática curricular em uma dimensão crítica por
Merhy (1998) consideremos o encontro entre o Fonoaudiólogo e o usuário e as
ferramentas (procedimentos/ equipamentos, saberes e relação) necessárias ao
ato, digo de cuidado. Pois bem, no que se refere aos procedimentos entende-se o
manuseio dos instrumentos como estetoscópio, audiômetros, protocolos e outros
equipamentos que possibilitam acessar dados físicos. São equipamentos que
consomem, segundo Merhy (2007), trabalho morto dos instrumentos e
equipamentos (pois foram produzidos em outro momento) e trabalho vivo de quem
os opera. A esta forma de operar o cuidado em saúde dá-se, por Merhy (2007), o
nome de tecnologia dura.
Os saberes teóricos permitem ao aluno olhar para um usuário e apreender a
sua realidade a partir de um determinado ponto de vista, o da clínica de cada
profissão (os referenciais teóricos adotados - trabalho morto). Articulados com o
trabalho vivo em ato, em sua interação com o usuário, imprevisível, singular, incerto
gera-se sempre um território de tensão entre a dureza do olhar e pensamento
formatado e estruturado por estes referenciais e a leveza da escuta exigida pelo
usuário. Assim, considerando a presença neste ato de cuidado de tecnologias
menos maleáveis como os saberes que moldam pensamentos e a sutileza exigida
no encontro com o imprevisível encontra-se, neste contexto, uma tecnologia de
cuidado leve-dura.
A relação profissional de saúde e usuário seria a ferramenta que permite a
produção do encontro, mediante a escuta, a construção do vínculo e o interesse por
aproximação ao contexto cultural, modos de viver e singularidade deste sujeito. Esta
ferramenta (relacional) é para Merhy (2007), um importante responsável para o
enriquecimento clínico e de raciocínio do trabalhador de saúde.
A aprendizagem produzida na relação só se deixa ocorrer em ato e nas
intercessões entre trabalhador/aluno e usuário. É sem dúvida nesta relação que os
saberes adquirem importância, pois são remodelados, contextualizados, bem como
no território, fora do âmbito institucional e acadêmico onde o usuário tem maiores
possibilidades de atuar, de ensinar e afetar. A esta ferramenta de cuidado chama-se
tecnologias leves.
No cotidiano do trabalho em saúde e em âmbitos de formação muitos
encontros são operados com estas tecnologias, a todo tempo, assim como nas salas
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 70
de aula onde os professores e os alunos se relacionam mediante um tipo ou
determinado predomínio de tecnologia.
Nas Diretrizes Curriculares para o Curso de Fonoaudiologia não fica claro, ou
está praticamente ausente, o uso das tecnologias leves nas sugestões de
habilidades gerais e específicas, ressaltando considerações que deixam claro um
perfil tecnicista como no artigo 7º. Paragrafo único:
Este estágio deve ocorrer, prioritariamente, nos dois últimos anos de formação. A maioria destas atividades deve ser realizada na clínica-escola, adequadamente equipada para tal finalidade.(BRASIL 2002. p.2)
O perfil tecnicista pode ser entendido também com base nas definições de
tecnologias leves e duras descritas em Merhy (2007). Nas DCN’s para o curso de
Fonoaudiologia observa-se com frequência argumentos para a formação que
priorizam os conteúdos, a técnica, o embasamento científico e as evidências,
deixando dizer nas entrelinhas o tipo de tecnologia sugerida para a elaboração dos
currículos do curso de Fonoaudiologia. As categorias sugestivas de uma tecnologia
leve como: encontro cuidado, vínculo, acolhimento, Sujeito, escuta, não são citadas
em nenhum parágrafo desta diretriz e, contextualizado para este trabalho, são
indispensáveis para o contexto da saúde mental onde se opera com a lógica da
clínica do Sujeito, do encontro e da escuta.
4.2 Um breve perfil do curso de fonoaudiologia
O curso de fonoaudiologia investigado, tem sua origem no final da década de
90, a partir do parecer de autorização nº 264/95 da Câmara de Ensino de
Graduação de 05 de junho de 1995. Com a primeira turma ingressante no vestibular
de 1999, o curso foi reconhecido pelo MEC através da portaria 1911/2003, de 16 de
julho de 2003. Segundo o projeto pedagógico, o curso se ampara na resolução nº 05
de 2002 e no parecer nº 213 de 2008, ambos emitidos pela Câmara de Educação
Superior do Conselho Nacional de Educação.
Localizado na capital baiana, o curso está vinculado ao Instituto de Ciências
da Saúde da universidade escolhida para esse estudo, onde ficam situados seu
respectivo Departamento e Colegiado do curso.
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
71
Tomando por base as DCN’s que estabelecem uma carga horária mínima de
3200 horas para os cursos de graduação em Fonoaudiologia (BRASIL, 2002), o
curso, ora estudo, está distribuído em 10 semestres, com oferta anual de 60 vagas,
o curso está dividido em 3.026 horas de disciplinas obrigatórias, 952 horas de
estágios, 272 horas de disciplinas optativas, 100 horas de atividades
complementares, 68 horas para o trabalho de conclusão de curso e 170 horas de
outras atividades, a exemplo do SIF – Seminários Interdisciplinares em
Fonoaudiologia, totalizando 4.588 horas. Das disciplinas obrigatórias, 1547 horas
são conteúdos básicos, seguido 1309 horas de conteúdos profissionalizantes e 170
horas de conteúdos complementares que não são obrigatórios. (UFBA, 2009).
Na tabela 1 relacionamos o corpo docente efetivo, vinculado diretamente ao
departamento do curso em um total de 19 professores, dos quais 06 mestres e 12
doutores, distribuídos da seguinte forma:
Tabela 1 Distribuição Docente x Área de concentração Área de
concentração Motricidade
Orofacial Voz Linguagem Audiologia Saúde
Coletiva Metodologia
Nº de professores
03 03 04 04 04 01
FONTE: PLATAFORMA LATTES, 2015
4.3 A Saúde Mental no currículo de Fonoaudiologia
Uma das primeiras atitudes sobre a renovação curricular do curso de
Fonoaudiologia da universidade estudada é relatada na reescrita do Projeto
Pedagógico de 2009. Entre outros argumentos o colegiado do curso empreende a
renovação a partir das seguintes justificativas:
(...) lacuna de componente curricular prático no campo da Saúde Coletiva, mais especificamente, nas Unidades Básicas de Saúde – UBS. Tal fato foi retificado pela comissão de avaliadores do MEC em 2003;
(UFBA, 2009, p. 4)
Ainda segundo este documento, são incorporados em 2005, estágios de
Saúde Coletiva em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde.
Outras justificativas da renovação curricular apontam ainda para questões
sociais:
(...) A incorporação de novas áreas de conhecimento, e as constantes modificações das demandas sociais;
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 72
(...) discutir os pressupostos teóricos e politico-pedagógicos que norteiam a formação de um profissional de saúde comprometido com sua realidade social; (...)refletir sobre o papel das Universidades, nas respostas aos problemas sociais concretos... (...) auxiliar na co-gestão das politicas de educação e de saúde... (...) facilitar a formação de futuros profissionais comprometidos com os problemas políticos, sociais, educacionais, de saúde e culturais enfrentados no seu município, enquanto cidadãos aptos a entender e buscar respostas para as complexas questões da sociedade contemporânea. (UFBA, 2009, p. 4-5)
Esses elementos demonstram indícios sobre a articulação necessária entre
os profissionais de saúde com outras áreas do conhecimento, em especial, com
questões sociais, educacionais e política.
4.3.1 Dos Objetivos, Competências e Habilidades do Curso
Nesse primeiro bloco de análise observamos os aspectos de cada categoria
dentro dos tópicos dos objetivos geral e específicos do curso, bem como dentro das
competências e habilidades previstas no projeto pedagógico.
Como dito anteriormente, buscamos no currículo traços textuais que tratam
da singularidade do sujeito com sua constituição histórica, suas questões e desejos
pessoais. Esse traço pode ser observado inicialmente, na segunda competência
específica prevista para o curso, enunciada da seguinte forma:
II – Compreender a constituição do humano, as relações sociais, o psiquismo, a linguagem, a aprendizagem. O estudo desse processo como condição para a compreensão da gênese e da evolução das alterações fonoaudiológicas. (UFBA, 2009, p. 9)
Entretanto, entre os demais objetivos, competências e habilidades contidos
no projeto do curso, o sujeito é tratado como um ente que precisa de intervenção
para resolução de um problema de saúde. Nesses tópicos fala-se em definição de
condutas adequadas para resolução dos problemas de saúde individuais e coletivos.
Essa concepção de sujeito vai de encontro com o conceito de Sujeito delineado,
conforme nos diz Ayres:
Cuidar da saúde de alguém é mais que construir um objeto e intervir sobre ele. Para cuidar há que se considerar e construir projetos; há que se sustentar, ao longo do tempo, uma certa relação entre a matéria e o espírito, o corpo e a mente, moldados a partir de uma forma que o sujeito quer opor à dissolução, inerte e amorfa, de sua presença no mundo. Então é forçoso saber qual é o projeto de felicidade que está ali em questão, no ato assistencial, mediato ou imediato. A atitude “cuidadora” precisa se expandir
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
73
mesmo para a totalidade das reflexões e intervenções no campo da saúde (AYRES, 2001, p. 71).
Mais do que características biomédicas, o sentido a ideia de sujeito
pressupõe uma pessoa, alguém possuidor de uma história de vida pessoal, marcada
pelas condições sociais, econômicas e culturais de um dado tempo e lugar.
Mapeamos à extensão do vínculo entre o profissional de saúde e o usuário,
no que diz respeito ao acolhimento e seus respectivos encaminhamentos. Embora o
item da responsabilização desta dimensão seja verificado no trecho abaixo:
Os profissionais devem realizar seus serviços dentro dos mais altos padrões de qualidade e dos princípios da ética/bioética, tendo em conta que a responsabilidade da atenção à saúde não se encerra com o ato técnico, mas sim, com a resolução do problema de saúde, tanto em nível individual como coletivo; (UFBA, 2009, p. 8)
Nos objetivos, competências e habilidades descritas no projeto pedagógico
curso, nenhum traço da dimensão do cuidado é observado explicitamente. Prova
disso é que em nenhum momento, as palavras cuidar ou cuidado são citados nesses
itens do projeto.
Esta constatação incorre em uma ausência importante quando nos referimos
a Saúde Coletiva, em especial ao campo da saúde mental, pois o Cuidar é tido como
a essência do fazer de um profissional de saúde, considerado como alguém produtor
do ato de cuidar (CAMPOS, 2013). Para além da racionalidade técnica, tal
habilidade sugere o cuidado como uma dimensão da condição humana que se
efetiva no encontro, no acolhimento e no envolvimento. Cuidar em saúde significa
pensar em uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de
envolvimento com o outro.
Analisando as articulações da Fonoaudiologia com diferentes espaços de
cultura, trabalho, educação e lazer, nos objetivos, competências e habilidades do
projeto do curso, observa-se esta categoria em vários momentos. Inicialmente em
dois dos objetivos:
e) formar profissional capaz de integrar a atuar dinamicamente em equipes interdisciplinares. f) Formar profissionais capazes de atuar em espaços diversos, em instituições públicas e privadas, assegurando estreita relação com as questões sociais e a aplicação de práticas condizentes com a análise do território ou da conjuntura local.
(UFBA, 2009, p. 7 )
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 74
Mais adiante, em três das competências, também são encontrados traços da
dimensão da rede de atenção:
I - Os profissionais de saúde devem assegurar que sua prática seja realizada de forma integrada e contínua com as demais instâncias da saúde... VIII - desenvolver, participar e/ou analisar projetos de atuação profissional disciplinares, multidisciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares. XI - situar a Fonoaudiologia em relação às outras áreas do saber que compõem e compartilham sua formação e atuação.
(UFBA, 2009, p. 10 )
Embora sejam previstas a atuação do fonoaudiólogo em equipes
interdisciplinares, nesse item do projeto do curso não fica claro como se dá essa
articulação com o conjunto de recursos disponíveis na rede de atenção básica, em
especial aquelas previstas no âmbito da Reforma Psiquiátrica, a exemplo dos
Centros de Apoio Psicossocial – CAPS.
No conjunto dos Objetivos, Competências e Habilidades contidas no projeto
pedagógico o curso, a dimensão do território é percebida em um dos objetivos: f) Formar profissionais capazes de atuar em espaços diversos, em instituições públicas e privadas, assegurando estreita relação com as questões sociais e a aplicação de práticas condizentes com a análise do território ou da conjuntura local. (UFBA, 2009, p. 7 )
Por se tratar de um aspecto fundamental dentro do âmbito da Saúde Mental,
entendemos que a ênfase dada a esta dimensão dentro curso é pouco explicitada,
pois não incorre, por exemplo, na articulação com a rede de atenção local, a partir
dos recursos disponíveis no próprio território.
4.3.2 Das disciplinas e ementas do curso
Nessa análise relacionamos o conjunto de disciplinas que trazem indícios das
categorias de dimensões estudadas no capitulo três deste estudo: Cuidado e
Responsabilização (CR), Rede de Atenção (RA) e Território (T). Para isso foram
identificadas no quadro 1 aquelas que expressam em seus títulos ou em suas
ementas, evidencias textuais que potencialmente sugerem habilidades e
competências para o fazer na saúde mental. Embora essas ementas abram espaços
para uma ou mais dimensões identificamos apenas a(s) dimensões com maior
ênfase. São elas:
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
75
DISCIPLINA CARGA HORÁRIA
PRINCÍPIO(S) EM
POTENCIAL
EVIDÊNCIAS TEXTUAIS NAS EMENTAS
INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA
68h RA e T Politicas de saúde; Saúde e ambiente;
Saúde, sociedade e cultura FUNDAMENTOS EM FONOAUDIOLOGIA I
34h RA Histórico da Fonoaudiologia, sua origem e desenvolvimento no Brasil. Perfil
profissional e campos de atuação. Pesquisa em Fonoaudiologia em outras
disciplinas. SOCIEDADE, CULTURA E SAÚDE I 34h RA e T Saúde, sociedade e cultura;
Fenômenos socioeconômicos e cultuais AUDIÇÃO E SAÚDE 34h CR Promoção e prevenção em saúde PROCESSOS DE AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA COMUNICAÇÃO HUMANA
51h RA Contribuições teóricas da psicologia e linguística
SAÚDE VOCAL 51h CR Promoção da saúde e prevenção EPIDEMIOLOGIA E INFORMAÇÃO I 34h RA Saúde Coletiva; Serviços de Saúde;
Políticas públicas; AUDIOLOGIA CLÍNICA 68h CR e RA Interface entre saúde auditiva, métodos
diagnósticos e a saúde coletiva. LINGUAGEM E ALTERAÇÕES DA COMUNICAÇÃO ORAL
51h CR Distúrbios específicos da linguagem: fatores etiológicos
AUDIOLOGIA INFANTIL 34h CR e RA Interface entre saúde auditiva, métodos diagnósticos e a saúde coletiva
LINGUAGEM E TRANSTORNOS DE FALA NA INFÂNCIA
51h CR e RA Diversas abordagens no tratamento dos desvios fonéticos e fonológicos
DISFONIAS FUNCIONAIS E ORGANOFUNCIONAIS
68h CR e RA Prevenção e promoção da saúde; Interdisciplinaridade
POLÍTICA, PLANEJAMENTO E GESTÃO EM SAÚDE I e II
34h + 34h RA e T Politicas de Saúde no Brasil; Reforma Sanitária Brasileira; Sistema Único de
Saúde; LIBRAS I LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS NÍVEL 1
68h CR e T Características biológicas, socioculturais e linguísticas; Inserção na Sociedade;
VIGILÂNCIA E PROMOÇÃO DA SAÚDE I
34h RA Ações e atividades para promoção da Saúde; Programa Saúde da Família
EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM SAÚDE I
34h RA e T Práticas Institucionais de Comunicação e Educação em Saúde; Contexto Social e
processo Político institucional para saúde da população
LINGUAGEM ESCRITA 51h CR Dificuldades e distúrbios de leitura e escrita
LINGUAGEM E ENVELHECIMENTO 34h CR e RA Avalição da linguagem em adultos nas vertentes contextualizada e
descontextualizada; Diversas abordagens no tratamento dos transtornos da
linguagem. PROCESSAMENTO AUDITIVO E TECNOLOGIAS DE REABILITAÇÃO AUDITIVA
34h CR, RA Interface entre saúde coletiva, métodos diagnósticos, de reabilitação e a saúde
coletiva. SAÚDE COLETIVA E FONOAUDIOLOGIA
51h RA e T História das políticas públicas e modelos de Atenção em Saúde no Brasil; Mudança
de paradigma dos processos de saúde/doença e cuidado da clínica fonoaudiológica na Saúde Coletiva; Extramuros do serviços de Saúde;
Intersetorialidade em Saúde FLUÊNCIA 34h CR e RA Diversas abordagens terapêutica. FONONCOLOGIA 34h CR e RA Prevenção e promoção da Saúde.
Interdisciplinaridade VOZ PROFISSIONAL 68h CR e RA Programas de Saúde Vocal; Atuação
interdisciplinar MOTRICIDADE OROFACIAL NAS NEUROPATIAS EM ADULTOS
68h CR e RA Condutas e ações interdisciplinares e conceitos de saúde;
ESTÁGIO EM SAÚDE COLETIVA I 68h + 68h RA e T Unidade Básica de Saúde; Modelo de
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 76
e II Atenção a saúde e ações extramuros; FONOAUDIOLOGIA EM AMBIENTE HOSPITALAR
34h CR e RA Politicas Públicas de saúde em hospital; Aspectos psíquicos dos pacientes;
Interação Fonaudiólogo e cuidador no ambiente hospitalar; Interdisciplinaridade
e Transdisciplinaridade; Home Care
CLÍNICA EM AUDIOLOGIA 68h CR Discussão de casos clínicos. ESTÁGIO EM LINGUAGEM I, II e III 68h + 68h
+ 68h CR Atendimento Fonoaudiológico e a relação
Terapeuta-Paciente ESTÁGIO EM MOTRICIDADE OROFACIAL I e II
68h + 68h CR Atendimento Fonoaudiológicos e condutas Terapêuticas;
ESTÁGIO EM VOZ I e II 68h + 68h CR Atendimento Fonoaudiológicos e condutas Terapêuticas;
PRÁTICAS FONOAUDIOLÓGICAS I e II
68h + 68h Promoção da Saúde, prevenção, diagnostico e reabilitação.
ESTÁGIO EM AUDIOLOGIA I e II 136h + 136h
CR Discussão de casos clínicos.
ESTÁGIO EM FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR
68h CR Atuação clínica fonoaudiológica supervisionada à beira do leito
SEMINÁRIOS INTERDISCIPLINARES EM FONOAUDIOLOGIA
170h CA, CR e T Temas transversais a profissões da área de saúde e educação, possibilitando a
integração e a articulação entre os diversos temas de interesse e os conteúdos curriculares do Curso.
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
51h CR Marcos desenvolvimentais na infância, adolescência, vida adulta e velhice
FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL
51h CR O papel do Fonoaudiólogo na escola pública, particular, creches, nas escolas
especiais; Orientação a pais e professores
PATOLOGIA DOS ÓRGÃOS DA AUDIÇÃO E DA FONAÇÃO
68h RA Relacionamento interdisciplinar da Otorrinolaringologia e Fonoaudiologia.
SURDEZ E LINGUAGEM 68h CR Reflexões sobre aquisição e desenvolvimento da linguagem do surdo.
Abordagens terapêuticas. SAÚDE AUDITIVA DO TRABALHADOR
34h RA Interface entre a audição, trabalho e a saúde coletiva
GESTÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE
34h RA Incorporação de tecnologias em Saúde no SUS.
PRODUÇÃO E APLICAÇÃO DA INFORMAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA
34h RA Informação em saúde no Brasil, suas características político-institucionais e da
incorporação de tecnologia. GÊNERO, RAÇA, SEXUALIDADE E SAÚDE
34h CR e T Construção cultural e histórica dos significados de gênero e sexo e as suas
interfaces com raça, etnia e classe social. ATIVIDADES COMPLEMENTARES 100h CR, RA e T Experiências e vivências acadêmicas com
a finalidade de ampliar aprendizagens teóricas e práticas, por meio de atividades
extracurriculares. TOTAL 2990h
Quadro 1. Disciplinas Potenciais FONTE: UFBA, 2009.
Contabilizando a carga horária dessas disciplinas, cerca de 2990 horas,
percebe-se que boa parte do curso oferece possibilidades para as discussões das
dimensões elencadas, essenciais para formação do profissional em saúde.
Dentre as potencialidades das categorias é possível observar no gráfico 1 os
seguintes percentuais de ocorrência:
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
77
______________________________________________________________ Gráfico 1. Percentual (%) das potencialidades dos princípios nas disciplinas
Observa-se que no escopo geral das ementas das disciplinas há pouco
espaço para o princípio do Território (T). De fato, esse dado corrobora com os
resultados encontrados nos Objetivos, nas Competências e nas Habilidades
apresentadas no Projeto Pedagógico. Em contraponto, há possibilidades razoáveis
para as discussões das dimensões da Rede de Atenção (RA), do Cuidado e
Responsabilização (CR), embora essa última não fique clara no teor dos Objetivos,
das Competências e das Habilidades previstas no curso.
Nesse contexto é possível considerar alguns encaminhamentos a respeito da
transversalidade dessas premissas na formação do fonoaudiólogo, no âmbito das
potencialidades das disciplinas.
4.3.3 Presença dos princípios da clínica psicossocial na formação do Fonoaudiólogo.
Como descrito no projeto pedagógico, o currículo de Fonoaudiologia é
dividido em quatro áreas, a saber: Voz, Audiologia, Linguagem e Motricidade.
Tomando por base que os atos de cuidado é a ferramenta essencial no trabalho de
qualquer profissional de saúde, em todas as grandes áreas é imperativo o
entendimento sobre a dimensão do cuidar do outro. Neste sentido, a compreensão
do princípio do cuidado e do acolhimento proposto pela grande política de saúde o
SUS, e pela Reforma Psiquiátrica, dentro de uma perspectiva de clínica ampliada e
psicossocial, é essencial para sustentar o processo de formação do estudante de
Fonoaudiologia.
22,7
63,659,1
PrincípiodoTerritório(T)
PrincípiodoCuidadoedaResponsabilização(CR)
PrincípiodaRededeAtenção(RA)
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 78
Traços textuais a respeito deste princípio são encontrados de maneira
transversal nas ementas curriculares das disciplinas analisadas. Verifica-se que em
63,6% dos conteúdos propostos no ementário das disciplinas, trazem algum tipo de
referência ao cuidado. Entretanto não está claro no teor das ementas o nível de
aprofundamento dado a este princípio. Aspectos como a promoção e prevenção da
saúde; das dimensões psíquicas, sociais e culturais; das diversas abordagens
terapêuticas com ações interdisciplinares e das ações extramuros, citadas nas
ementas, são consideradas aqui como indícios de espaços para o aprofundamento e
articulação acerca da dimensão do cuidado no fazer do profissional da
fonoaudiologia. Entendemos aqui, que sutilezas deste princípio, tais como o
acolhimento, a escuta, o encontro e a longitudinalidade da atenção, bem como o
cuidado ampliado propriamente dito, podem e devem ser explorados no âmbito dos
estágios práticos, curriculares e extracurriculares do curso, haja vista que este
princípio parte do pressuposto que o cuidar demanda uma atitude e posicionamento
subjetivo do estudante no sentido de elaborar estratégias singulares para sujeito
demandante de atenção.
De acordo com Merhy (2007) o cuidado qualificado não se estabelece de
imediato, apenas se inicia com a atitude de acolher e encontrar o outro. Este ato se
constrói não só a partir dos sucessivos encontros, mas também a partir da relação
entre os referenciais que norteiam este momento, considerando as ferramentas
técnicas e o entendimento das dimensões deste princípio. Nesse sentido, o
componente prático no currículo deve favorecer as condições necessárias para essa
construção.
Ainda no que se refere ao princípio do cuidado é fundamental, que os itens
curriculares do curso de Fonoaudiologia consigam demarcar um corpo teórico que
trate de conceitos essenciais vinculados a este princípio, tais como a escuta, o
Sujeito, o vínculo, o acolhimento e a subjetividade do encontro para o ato de cuidar.
Além disso, não se pode deixar de enfatizar que tais conceitos devem se apresentar,
em alguma medida, de forma transversal nos componentes curriculares que tratem
direta ou indiretamente do indivíduo.
Para além dos encontros entre os profissionais de saúde e os sujeitos que
demandam atenção, o cuidar exige dedicação, responsabilização e
longitudinalidade. Assim, o amadurecimento desta prática por parte dos estudantes
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
79
de Fonoaudiologia poderá se dar a partir de vivências práticas articuladas com
embasamentos teóricos que sustentem a responsabilização e a longitudinalidade.
Da análise do ementário foi possível perceber espaços, em potencial, para o
tratamento da dimensão de cuidado, da responsabilização e longitudinalidade.
Contudo, assim como descrito acima no item cuidado, não está claro qual o espaço
prático dado para estas discussões, haja vista que tais premissas pressupõem uma
articulação em rede que considere tempo e espaços a partir de cada sujeito e não
apenas o reconhecimento de recursos e dispositivos dispostos no território.
O princípio da longitudinalidade e responsabilização requer um debruçar
sobre o caso clínico que vai além do que se apresenta de demandas específicas
para os saberes da Fonoaudiologia. O princípio do cuidar requer atos de pactuação
entre vários (familiares, recursos da rede, profissionais, etc.), no sentido de
ampliação e garantia longitudinal de cuidado, tendo em vista que as demandas são
dinâmicas e requerem acompanhamento, revisão, desconstruções e construções
constantes.
Acredita-se que o princípio da longitudinalidade e responsabilização pode, em
alguma medida, encontrar-se prejudicado em estágios práticos de clínicas escolas
que se propõe a formar profissionais de saúde que precisam caminhar e vivenciar as
diversas possibilidades práticas de saberes da Fonoaudiologia. Assim, há que se
pensar em estratégias para garantia da responsabilização e longitudinalidade que
sustentem o cuidado qualificado dentro de um contexto onde a formação pode ser o
objetivo principal. Este contexto se apresenta como um nó crítico que demanda
atenção e prudência na condução tanto da dimensão formativa, para que o
estudante não se perca em aprendizados exclusivos, ou predominantemente,
técnicos, quanto da dimensão do usuário que, quando não situado dentro das
diretrizes do cuidado como a responsabilização, a longitudinalidade e o vínculo,
corre o risco de situar-se em um lugar de “objeto” de formação.
O estágio se configura como um momento de encontro, de construção e
transformação dos conhecimentos teórico-práticos em retorno social, a partir da
reflexão e problematização da realidade, do encontro com as demandas concretas
de sujeitos, trazendo questões que mobilizam o estagiário não somente enquanto
estudante aprendiz, mas como sujeito ator de um processo de transformação.
Sendo um momento de encontro com a realidade concreta, torna-se um
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 80
espaço não somente de cuidados, mas espaços para reflexão sobre as questões e
atravessamentos institucionais que dificultam o facilitam a prática do cuidar. Espaço
propício a considerar a existência de lacunas teóricas na formação, sobre as
possibilidades de criação de cuidado potencializada em redes de atenção e sobre a
distância entre a prática de cada um e os princípios da Reforma Psiquiátrica e
Reforma Sanitária. E o momento da interlocução dos saberes, não somente os
técnicos, mas também com os princípios que norteiam o cuidado.
Um instrumento sugerido por Merhy (2007), e muito utilizado nos serviços
substitutivos em saúde mental, se configura como norteador do processo de
cuidado, concretizando a existência de um planejamento de responsabilidades
compartilhadas. O PTI – Planejamento Terapêutico Individual. Não fica evidente no
ementário como se dá a formação para gerenciamento dos casos acolhidos, mas
observa-se, igualmente, espaços de potência para estas discussões como na
disciplina Gestão de Tecnologia em Saúde que se propõe a tratar da incorporação
em Tecnologias de Saúde no SUS.
Considerando o exercício do cuidado dentro de uma perspectiva ampliada e
as Redes de Atenção, buscou-se encontrar nos ementários indícios de tratamento
dado às discussões sobre tais redes. Desta análise encontramos significativos
espaços propensos a discussão sobre Redes de Atenção. Dentre as disciplinas
observadas, encontramos: a Produção e Aplicação da Informação em Saúde
Coletiva, Seminário Interdisciplinar em Fonoaudiologia, Estágios em Saúde Coletiva
I e II, Saúde Coletiva em Fonoaudiologia, Política Planejamento e Gestão em Saúde
I e II. Contudo, também neste item, e somente com a análise do ementário, não
identificamos traços que considerem as Redes de Atenção para além dos recursos
de saúde, bem como as redes descritas por Yasui, (2006) e Merhy, (2007)
escondidas em território, que só podem ser desveladas, por meio de estágios
longitudinais onde o estudante possa aproximar-se dos dispositivos da comunidade.
A importância do conhecimento das Redes de Atenção para além dos campos
temáticos da saúde (Rede de Saúde Mental, Rede da Saúde da Pessoa com
Deficiência, Rede Cegonha, Rede de Atenção à Pessoa com Anemia Falciforme,
Rede de Saúde da Criança, Mulher, Homem...) refere-se, sobretudo, em pensar o
objeto doença como um processo saúde-doença que apresenta diversos
determinantes sociais e que não estão localizados somente no âmbito da saúde.
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
81
Assim, pensar em cuidado ampliado requer o entendimento das Redes de Atenção
para além destes dispositivos situados no âmbito da saúde. Este reconhecimento
territorial, pode se dá a partir das práticas de cuidado onde cada sujeito nos
direciona em seu percurso terapêutico, mas também a partir de uma discussão
teórica prévia onde recursos transdisciplinares sejam apresentados como
possibilidades de cuidado.
Ainda sobre as Redes de Atenção, existem as nuances subjetivas destes
contextos, os chamados espaços “escondidos” do território. Tais apropriações só
acontecem de três maneiras: por aproximações com o sujeito vinculado ao seu
território; com as vivências in locus; ou através de articulações com outros
dispositivos Assim, nota-se que mais do que apresentar as Redes de Atenção em
Saúde faz-se necessário a articulação com recursos inter setoriais tanto dentro
como fora do espaço acadêmico, bem como explorar territórios como espaços de
cuidado.
Explorar o território possibilita ao estudante contato vivo com um universo de
realidades impensáveis da vida. O trabalho com saúde mental, a exemplo, impõe ao
profissional a busca por estratégias e instrumentos de trabalho que só é possível
encontrar no território. Muitas vezes, em espaços tanto físicos como subjetivos, não
há um tempo mínimo suficiente para o reconhecimento de dispositivos de rede de
atenção para além de suas estruturas físicas, geográficas e políticas.
O trabalho em território a partir de um planejamento de cuidado para o sujeito,
coloca o graduando, frente a verdades de cada um, provocando-o reflexões sobre os
recursos técnicos e teóricos que possuem, e sobre a suficiência ou não de saberes
núcleos isolados de sua formação para a concretude do cuidado. Assim, o trabalho
em território sensibiliza, potencializa, transforma o estudante na medida em que tira-
-lhe o véu que o impede de ver o que de fato importa para quem demanda cuidado
no âmbito da saúde pública, movendo-o no sentido da criação, invenção do cuidado,
articulando os seus saberes teóricos e técnicos com as possibilidades
potencializadoras do território.
Pensando assim, os estágios precisam ser orientados considerando uma
lógica de produção de cuidado orientado pelas necessidades dos usuários que
muitas vezes são bem maiores que os sintomas vistos a partir de um olhar técnico.
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 82
Estágios longitudinais que possibilitem a articulação com o território
transformam e sensibilizam os olhos a ver, os ouvidos a ouvir, perceber o que de
fato importa e a refletir sobre o manejo de suas habilidades para o fim do cuidar.
Para tal, faz-se necessário que os estágios realizados em contextos onde a atuação
em território é uma premissa, como nos CAPS, o estagiário possa atuar
longitudinalmente e não apenas conhecendo os dispositivos desta rede. Faz-se
importante inserir-se no contexto, ofertar-se como um recurso a mais, relacionar-se
com a equipe de profissionais, perceber suas angústias e limitações. Isso é o que os
potencializa a perceber a diversidade de formações. Outros recursos considerados
imprescindíveis seria a participação nas reuniões técnicas onde um universo de
riquezas em cuidado emerge da construção coletiva de atores diversos, vivenciar o
não saber, despir-se em suas habilidades para aprender a escutar, exercer a ética
de rupturas com algumas práticas hegemônicas, lidar com decepções, frustrações e
poder falar sobre cada uma destas sutilezas tanto nos CAPS, a exemplo, como de
volta à universidade, retroalimentando a mesma e seus pares em seminários e
momentos de supervisão com subsídios desta prática.
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
83
5. Conclusão e Considerações Finais
Desde meados do século passado, o Movimento Antimanicomial coloca em
debate os aspectos terapêuticos destinados aos indivíduos em situação de
sofrimento psíquico. Este amplo movimento dentre outros que ocorriam no mesmo
período em torno de solicitações por mudanças sociais culminou em um processo de
transformações sociais e de assistência em saúde denominado de Reforma
Psiquiátrica. Neste percurso histórico, após a quebra do totalitarismo e centralização
de cuidados em saúde mental nos manicômios observou-se o início da substituição
destes dispositivos totalitários por recursos comunitários, ambulatórios e novas
formas de cuidado neste setor.
Considerando a dimensão teórica assistencial da Reforma Psiquiátrica e
Sanitária, atuar dentro de uma lógica de clínica ampliada e psicossocial requer um
reposicionamento de planejamentos teórico e técnico nos currículos de saúde.
Essas mudanças propõem novos direcionamentos no campo da saúde
passando a colocar em questão a formação dos profissionais dessa área, no que diz
respeito ao fazer da clínica ampliada. O redirecionamento proposto mediante a
ruptura com o modelo asilar promove a construção de saberes que resultam em
transformações no âmbito teórico científico e técnico assistencial, além de outros
âmbitos sociais.
Nesse contexto este trabalho buscou investigar, através da análise de
documentos curriculares sobre a formação do Fonoaudiólogo, como as premissas e
propostas da Reforma Psiquiátrica encontram eco neste contexto. Parte-se do
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 84
pressuposto que é na formação profissional, que se concretiza a dimensão teórica
técnica da Reforma Psiquiátrica, através de multiplicadores e responsáveis por
desconstruir um ideário que segrega a loucura.
Trata-se aqui não apenas de encontrar pressupostos de um modelo ampliado
e substitutivo em saúde mental ou de indícios de sensibilização sobre a Reforma
Psiquiátrica, mas também de dialogar estes resultados com a experiência da autora,
enquanto testemunha dessa importante lacuna neste setor.
Nesta análise foi possível perceber, como já dito, espaços que possibilitam o
“alinhavo” que une os princípios do cuidado e da rede de atenção com as
especificidades teóricas e técnicas. Contudo, para maior entendimento do
tratamento dado a tais princípios, haveria a necessidade de aproximações
sucessivas e que considerasse, longitudinalmente, a formação do estudante de
Fonoaudiologia, a partir do detalhamento dos planos de curso e aulas e suas
respectivas abordagens nos estágios práticos.
Além disso, sugere-se no decorrer das discussões, propostas ancoradas na
experiência de prática clínica com saúde mental, juntamente com o
redirecionamento do ensino para uma prática de cuidados que contemple a
formação do estudante egresso para a prática na saúde mental e também para o
cuidado em saúde coletiva, haja vista as importantes contribuições deste setor para
o campo da saúde pública.
Nesse sentido, os resultados dessa investigação apontam para algumas
conclusões que devem ajudar na construção de um currículo capaz de preparar o
profissional fonoaudiólogo para o fazer da clinica ampliada.
Um primeiro ponto a ser considerado é a ênfase a ser dada ao componente
prático do currículo. Trata-se não de aumenta a carga horária, mas de planejar a
qualidade dessa abordagem, tomando por base os princípios do cuidado, da rede de
atenção e do território. Tais considerações procuram deslocar o teor dessas
abordagens para um caráter longitudinal, capaz de propiciar todas as nuances
discutidas nesse trabalho sobre esses princípios. Buscar-se-á formar o profissional
da fonoaudiologia capaz de perceber o do usuário da saúde enquanto sujeito
histórico provido de singularidades consideráveis, quando no momento do
atendimento. Os aspectos da territorialidade e da rede de atenção devem fazer parte
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia
85
das discussões do fazer do fonoaudiólogo, pois ganham força quando as
componentes curriculares da prática conseguem propiciar tais vivências.
Embora os objetivos e competências previstos no curso não enfatizem os
princípios da clinica ampliada, os componentes curriculares oferecem
potencialidades para isso, evidenciados nos traços textuais do ementário do curso.
Cabe aqui questionar se a prática docente contempla os pressupostos desse tipo de
clínica.
Outra questão a ser tratada na perspectiva da clínica ampliada, diz respeito à
atuação do fonoaudiólogo em equipes multiprofissionais. Para além do contato
teórico com outras áreas da saúde, é preciso viabilizar possibilidades práticas de
atuação que levem em conta as seguintes orientações:
a) A responsabilização no acolhimento e no cuidado no processo de
utilização da rede de atenção;
b) A consideração dos aspectos da territorialidade e redes de atenção no
cuidado.
c) O planejamento terapêutico individual construído a partir dos múltiplos
olhares para a busca de uma atenção adequada.
Esse trabalho configura-se como uma primeira etapa de um plano de
pesquisa mais amplo sobre as contribuições e possíveis transformações sugeridas
pela clínica ampliada dentro do currículo de Fonoaudiologia. Para é necessário
elucidar algumas lacunas encaminhadas por essa pesquisa, a saber;
a) Qual a trajetória dos egressos do curso de Fonoaudiologia no campo de
atuação com a clínica ampliada?
b) Qual a percepção dos graduandos sobre a clínica ampliada e psicossocial?
c) Quais possibilidades de articulações com outras redes de atenção, tendo em
vista os aspectos citados neste trabalho para a formação do Fonoaudiólogo?
d) Qual o tratamento dado, durante a prática docente, aos princípios da clínica
psicossocial no currículo de Fonoaudiologia?
Tais respostas são fundamentais para uma ação mais propositiva no que diz
respeito à adequação do currículo de Fonoaudiologia para o fazer da clínica
ampliada e psicossocial.
Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 86
CAPÍTULO 6 - Referências
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UFBA. Universidade Federal da Bahia. Curso de Fonoaudiologia. Disponível em:<http://www.ufba.br/>. Acesso em: 15 maio 2009.
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Educação e Saúde Mental: um olhar sobre o currículo na formação em Fonoaudiologia 90
ANEXOS
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR
RESOLUÇÃO CNE/CES 5, DE 19 DE FEVEREIRO DE 2002.(*)
Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Fonoaudiologia.
O Presidente da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação,
tendo em vista o disposto no Art. 9º, do § 2º, alínea “c”, da Lei nº 9.131, de 25 de novembro de 1995, e com fundamento no Parecer CES 1.210/2001, de 12 de dezembro de 2001, peça indispensável do conjunto das presentes Diretrizes Curriculares Nacionais, homologado pelo Senhor Ministro da Educação, em 7 de dezembro de 2001, resolve:
Art. 1º A presente Resolução institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Fonoaudiologia, a serem observadas na organização curricular das Instituições do Sistema de Educação Superior do País.
Art. 2º As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino de Graduação em Fonoaudiologia definem os princípios, fundamentos, condições e procedimentos da formação de Fonoaudiólogos, estabelecidas pela Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, para aplicação em âmbito nacional na organização, desenvolvimento e avaliação dos projetos pedagógicos dos Cursos de Graduação em Fonoaudiologia das Instituições do Sistema de Ensino Superior.
Art. 3º O Curso de Graduação em Fonoaudiologia tem como perfil do formando egresso/profissional o Fonoaudiólogo, com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva. Capacitado a atuar, pautado em princípios éticos, no campo clínico-terapêutico e preventivo das práticas fonoaudiológicas. Possui formação ético-filosófica, de natureza epistemológica, e ético-política em consonância com os princípios e valores que regem o exercício profissional. Conhece os fundamentos históricos, filosóficos e metodológicos da Fonoaudiologia e seus diferentes modelos de intervenção e atua com base no rigor científico e intelectual.
Art. 4º A formação do Fonoaudiólogo tem por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício das seguintes competências e habilidades gerais:
I - Atenção à saúde: os profissionais de saúde, dentro de seu âmbito profissional, devem estar aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual quanto coletivo. Cada profissional deve assegurar que sua prática seja realizada de forma integrada e contínua com as demais instâncias do sistema de saúde, sendo capaz de pensar criticamente, de analisar os problemas da sociedade e de procurar soluções para os mesmos. Os profissionais devem realizar seus serviços dentro dos mais altos padrões de qualidade e dos princípios da ética/bioética, tendo em conta que a responsabilidade da atenção à saúde não se encerra com o ato técnico, mas sim, com a resolução do problema de saúde, tanto em nível individual como coletivo;
II - Tomada de decisões: o trabalho dos profissionais de saúde deve estar fundamentado na capacidade de tomar decisões visando o uso apropriado, eficácia e custo-efetividade, da força de trabalho, de medicamentos, de equipamentos, de procedimentos e de práticas. Para este fim, os mesmos devem possuir competências e habilidades para avaliar, sistematizar e decidir as condutas mais adequadas, baseadas em evidências científicas;
(*) CNE. Resolução CNE/CES 5/2002. Diário Oficial da União, Brasília, 4 de março de 2002. Seção 1, p. 12.
III - Comunicação: os profissionais de saúde devem ser acessíveis e devem manter a confidencialidade das informações a eles confiadas, na interação com outros profissionais de saúde e o público em geral. A comunicação envolve comunicação verbal, não-verbal e habilidades de escrita e leitura; o domínio de, pelo menos, uma língua estrangeira e de tecnologias de comunicação e informação;
IV - Liderança: no trabalho em equipe multiprofissional, os profissionais de saúde deverão estar aptos a assumirem posições de liderança, sempre tendo em vista o bem estar da comunidade. A liderança envolve compromisso, responsabilidade, empatia, habilidade para tomada de decisões, comunicação e gerenciamento de forma efetiva e eficaz;
V - Administração e gerenciamento: os profissionais devem estar aptos a tomar iniciativas, fazer o gerenc iamento e administração tanto da força de trabalho, dos recursos físicos e materiais e de informação, da mesma forma que devem estar aptos a serem empreendedores, gestores, empregadores ou lideranças na equipe de saúde;
VI - Educação permanente: os profissionais devem ser capazes de aprender continuamente, tanto na sua formação, quanto na sua prática. Desta forma, os profissionais de saúde devem aprender a aprender e ter responsabilidade e compromisso com a sua educação e o treinamento/estágios das futuras gerações de profissionais, mas proporcionando condições para que haja beneficio mútuo entre os futuros profissionais e os profissionais dos serviços, inclusive, estimulando e desenvolvendo a mobilidade acadêmico/profissional, a formação e a cooperação através de redes nacionais e internacionais.
Art. 5º A formação do Fonoaudiólogo tem por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício das seguintes competências e habilidades específicas:
I - compreender e analisar criticamente os sistemas teóricos e conceituais envolvidos no campo fonoaudiológico, que abrange o estudo da motricidade oral, voz, fala, linguagem oral e escrita e da audição, e os métodos clínicos utilizados para prevenir, avaliar, diagnosticar e tratar os distúrbios da linguagem (oral e escrita), aud ição, voz e sistema sensório motor oral;
II - compreender a constituição do humano, as relações sociais, o psiquismo, a linguagem, a aprendizagem. O estudo deste processo como condição para a compreensão da gênese e da evolução das alterações fonoaudiológicas;
III - apreender as dimensões e processos fonoaudiológicos em sua amplitude e complexidade;
IV - avaliar, diagnosticar, prevenir e tratar os distúrbios pertinentes ao campo fonoaudiológico em toda extensão e complexidade;
V - apreender e elaborar criticamente o amplo leque de questões clínicas, científico-filosóficas, éticas, políticas, sociais e culturais implicadas na atuação profissional do Fonoaudiólogo, capacitando-se para realizar intervenções apropriadas às diferentes demandas sociais;
VI - possuir uma formação científica, generalista, que permita dominar e integrar os conhecimentos, atitudes e informações necessários aos vários tipos de atuação em Fonoaudiologia;
VII - reconhecer a saúde como direito e atuar de forma a garantir a integralidade da assistência entendida como conjunto articulado e contínuo de ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema;
VIII - desenvolver, participar e/ou analisar projetos de atuação profissional disciplinares, multidisciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares;
IX - possuir recursos científicos, teórico-práticos e éticos que permitam a atuação profissional e reavaliação de condutas;
X - conquistar autonomia pessoal e intelectual necessárias para empreender contínua formação profissional;
XI - situar a Fonoaudiologia em relação às outras áreas do saber que compõem e compartilham sua formação e atuação;
XII - observar, descrever e interpretar de modo fundamentado e crítico as situações da realidade que concernem ao seu universo profissional;
XIII - pensar sua profissão e atuação de forma articulada ao contexto social, entendendo-a como uma forma de participação e contribuição social;
XIV - conhecer métodos e técnicas de investigação e elaboração de trabalhos acadêmicos e científicos;
XV - utilizar, acompanhar e incorporar inovações técnico-científicas no campo fonoaudiológico.
Parágrafo único. A formação do Fonoaudiólogo deverá atender ao sistema de saúde vigente no país, a atenção integral da saúde no sistema regiona lizado e hierarquizado de referência e contra-referência e o trabalho em equipe.
Art. 6º Os conteúdos essenciais para o Curso de Graduação em Fonoaudiologia devem estar relacionados com todo o processo saúde-doença do cidadão, da família e da comunidade, integrado à realidade epidemiológica e profissional, proporcionando a integralidade das ações do cuidar em fonoaudiologia. Os conteúdos devem contemplar:
I - Ciências Biológicas e da Saúde – incluem-se os conteúdos (teóricos e práticos) de base moleculares e celulares dos processos normais e alterados, da estrutura e função dos tecidos, órgãos, sistemas e aparelhos;
II - Ciências Sociais e Humanas – inclui-se a compreensão dos determinantes sociais, culturais, econômicos, comportamentais, psicológicos, ecológicos, éticos e legais, lingüísticos e educacionais; e
III - Ciências Fonoaudiológicas - incluem-se os conteúdos concernentes as especificidades da Fonoaudiologia relativas à audição, linguagem oral e escrita, voz, fala, fluência e sistema miofuncional orofacial e cervical. Deverão ser abordados aspectos relativos à ontogênese e desenvolvimento da linguagem nos seus múltiplos aspectos e especificidades, aos recursos utilizados para o aprimoramento de seus usos e funcionamento, bem como, o estudo dos seus distúrbios e dos métodos e técnicas para avaliação e diagnóstico, terapia e a prevenção neste campo. Essas especificidades dizem respeito, também, à prevenção, desenvolvimento, avaliação, diagnóstico e terapia relativos aos aspectos miofuncionais, orofaciais e cervicais, além dos aspectos de voz, fluência e de fala. Em relação a audição referem-se ao desenvolvimento da função auditiva; alterações da audição; avaliação e diagnóstico audiológico, indicação, seleção e adaptação de Aparelho de Amplificação Sonora Individual e outros dispositivos eletrônicos para a surdez; métodos e técnicas para prevenção, conservação e intervenções nos distúrbios da audição.
Art. 7º A formação do Fonoaudiólogo deve garantir o desenvolvimento de estágios curriculares, sob supervisão docente, no qual o aluno adquira experiência profissional específica em avaliação, diagnóstico, terapia e assessoria fonoaudiológicas. A carga horária mínima do estágio curricular supervisionado deverá atingir 20% da carga horária total do Curso de Graduação em Fonoaudiologia proposto, com base no Parecer/Resolução específico da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação.
Parágrafo único. Este estágio deve ocorrer, prioritariamente, nos dois últimos anos de formação. A maioria destas atividades deve ser realizada na clínica-escola, adequadamente equipada para tal finalidade.
Art. 8º O projeto pedagógico do Curso de Graduação em Fonoaudiologia deverá contemplar atividades complementares e as Instituições de Ensino Superior deverão criar mecanismos de aprove itamento de conhecimentos, adquiridos pelo estudante, através de estudos e práticas independentes presenciais e/ou a distância, a saber: monitorias e estágios; programas de iniciação científica; programas de extensão; estudos complementares e cursos realizados em outras áreas afins.
Art. 9º O Curso de Graduação em Fonoaudiologia deve ter um projeto pedagógico, construído coletivamente, centrado no aluno como sujeito da aprendizagem e apoiado no professor como facilitador e mediador do processo ensino-aprendizagem. Este projeto pedagógico deverá buscar a formação integral e adequada do estudante através de uma articulação entre o ensino, a pesquisa e a extensão/assistência.
Art. 10. As Diretrizes Curriculares e o Projeto Pedagógico devem orientar o Currículo do Curso de Graduação em Fonoaudiologia para um perfil acadêmico e profissional do egresso. Este currículo deverá contribuir, também, para a compreensão, interpretação, preservação, reforço, fomento e difusão das culturas nacionais e regionais, internacionais e históricas, em um contexto de pluralismo e diversidade cultural.
§ 1º As diretrizes curriculares do Curso de Graduação em Fonoaudiologia deverão contribuir para a inovação e a qualidade do projeto pedagógico do curso.
§ 2º O Currículo do Curso de Graduação em Fonoaudiologia poderá incluir aspectos complementares de perfil, habilidades, competências e conteúdos, de forma a cons iderar a inserção institucional do curso, a flexibilidade individual de estudos e os requerimentos, demandas e expectativas de desenvolvimento do setor saúde na região.
Art. 11. A organização do Curso de Graduação em Fonoaudiologia deverá ser definida pelo respectivo colegiado do curso, que indicará a modalidade: seriada anual, seriada semestral, sistema de créditos ou modular.
Art. 12. Para conclusão do Curso de Graduação em Fonoaudiologia, o aluno deverá elaborar um trabalho sob orientação docente.
Art. 13. A estrutura do Curso de Graduação em Fonoaudiologia deverá garantir: I - uma organização curricular estruturada em eixos de formação que levem a um
desenvolvimento coerente e gradual, de modo a garantir a complexidade da formação pretendida;
II - estreita e concomitante relação entre teoria e prática, ambas fornecendo elementos básicos para a aquisição dos conhecimentos e habilidades necessários à concepção clínico - terapêutica da prática fonoaudiológica;
III - na área profissional, o conhecimento das perspectivas ético/teórico/prática sustenta a formação clínico-terapêutica que é básica às diferentes atividades exercidas no campo fonoaudiológico. Apresentados em uma perspectiva histórica, os princípios e métodos fonoaudiológicos relacionados às questões éticas e técnicas explicitam a natureza da atividade desenvolvida em diagnóstico/terapia ou assessoria; e
IV - os campos de conhecimento devem ser dispostos em termos de carga horária e planos de estudo, considerando-se a proporcionalidade entre atividades teóricas, teórico-práticas, e estágios supervisionados priorizando na distribuição das disciplinas os conteúdos específicos contidos na Ciência Fonoaudiologia.
Art. 14. A implantação e desenvolvimento das diretrizes curriculares devem orientar e propiciar concepções curriculares ao Curso de Graduação em Fonoaudiologia que deverão
ser acompanhadas e permanentemente avaliadas, a fim de permitir os ajustes que se fizerem necessários ao seu aperfeiçoamento.
§ 1º As avaliações dos alunos deverão basear-se nas competências, habilidades e conteúdos curriculares desenvolvidos tendo como referência as Diretrizes Curriculares.
§ 2º O Curso de Graduação em Fonoaudiologia deverá utilizar metodologias e critérios para acompanhamento e avaliação do processo ensino-aprendizagem e do próprio curso, em consonância com o sistema de avaliação e a dinâmica curricular definidos pela IES à qual pertence.
Art. 15. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
ARTHUR ROQUETE DE MACEDO Presidente da Câmara de Educação Superior
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
COLEGIADO DE GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA Endereço: Av. Reitor Miguel Calmon. s/nº - Vale do Canela – Cep: 40110-902 – Salvador/Bahia
Telefone: (71) 3283-8886 Fax: (71) 3283-8894 e-mail: [email protected]
PROJETO PEDAGÓGICO: CURSO DE GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA
Salvador (Bahia), 2009
Equipe Responsável
Profª Drª Ana Caline Nóbrega da Costa
(Coordenadora do Colegiado de Graduação em Fonoaudiologia)
Profª Ms. Ana Lúcia Vieira Freitas Borja
Profª Ms. Ana Paula Corona
Profª Ms. Célia Regina Thomé
Profª Drª Desirée De Vit Begrow
Profª Ms. Leda Maria Fonseca Bazzo
Profª Drª Maria Lúcia Vaz Masson
Profª Ms. Sílvia Damasceno Benevides
Profª Drª Silvia Ferrite Guimarães
ÍNDICE
1. Justificativa.................................................................................................................... 05 2. Base Legal ..................................................................................................................... 07 3. Objetivos ....................................................................................................................... 07 4. Perfil do Egresso ........................................................................................................... 08 5. Competências e Habilidades ....................................................................................... 08 6. Titulação ....................................................................................................................... 11 7. Número de Vagas Oferecidas ...................................................................................... 11 8. Quadro Curricular ....................................................................................................... 12 9. Elenco de Componentes Curriculares ........................................................................ 13 10. Normas de Funcionamento do Curso ....................................................................... 19 10.1. Disposições Gerais ............................................................................................. 19 10.2. Regulamentação do Estágio Supervisionado .................................................. 21 10.3. Regulamentação do Trabalho de Conclusão de Curso .................................. 28 10.4. Regulamentação das Atividades Complementares ........................................ 38 11. Normas de Adaptação Curricular ............................................................................ 42 11.1. Quadro de Equivalência ................................................................................... 45 12. Ementário de Componentes Novos ou Modificados ............................................... 46 12.1. Componentes Novos Obrigatórios ................................................................... 46 12.2. Componentes Modificados Obrigatórios ......................................................... 65 12.3. Componentes Novos Optativos ......................................................................... 67 13.Anexos .......................................................................................................................... 69 13.1. Declarações dos Departamentos.........................................................................69 13.2. Legislação vigente................................................................................................81
1. Justificativa
A criação do Curso de Graduação em Fonoaudiologia, na Universidade Federal da Bahia
(UFBA), surgiu em função da carência de fonoaudiólogos no Estado da Bahia, fato que
inviabilizava o acesso da população a este tipo de cuidado em saúde. Essa situação dificultava,
portanto, a socialização do atendimento de saúde através de uma cadeia de assistência integrada,
e lacunas eram também perceptíveis nas áreas de ensino e pesquisa.
Desta forma, fruto da iniciativa de um grupo de professores do Instituto de Ciências da
Saúde (ICS), o curso de graduação em Fonoaudiologia da UFBA ofereceu suas primeiras 30
vagas no concurso vestibular de 1999, e teve sua grade curricular constituída por disciplinas
ministradas nos diversos departamentos de ciências básicas do ICS, e nos departamentos das
demais Unidades de Ensino responsáveis pelo oferecimento dos cursos das áreas das ciências da
saúde e humanas da UFBA.
Nestes dez anos de funcionamento, ao longo dos quais foram formadas sete turmas de
alunos, o Colegiado do Curso, respaldado pela experiência da implantação e desenvolvimento de
um curso novo, realizou pequenos ajustes curriculares que visavam otimizar a utilização da carga
horária disponível, em função dos objetivos traçados no Projeto Pedagógico. Ressalta-se, no
entanto, que durante este período, o amadurecimento científico vivenciado pela Fonoaudiologia,
com a delimitação e incorporação de novas áreas de conhecimento, e as constantes modificações
das demandas sociais da população brasileira, passaram a exigir uma proposta curricular mais
abrangente, apta a responder às questões sociais emergentes.
Na primeira versão da estrutura curricular do curso de Fonoaudiologia observávamos
uma lacuna pela ausência de componente curricular prático no campo da Saúde Coletiva, mais
especificamente, nas Unidades Básicas de Saúde – UBS. Tal fato, discutido nas reuniões de
Colegiado e Departamento de Fonoaudiologia, e posteriormente ratificado pela comissão de
avaliadores do MEC no ano de 2003, justificou a incorporação de um profissional com formação
em Saúde Coletiva ao corpo docente do Curso, e a inserção de atividades práticas de Saúde
Coletiva nos estágios Supervisionados em Fonoaudiologia.
No entanto, apenas em 2005, após o convênio firmado em 2004 entre a Secretaria
Municipal de Saúde e a UFBA, os estágios em Saúde Coletiva passaram a ocupar um turno dos
Estágios Supervisionados em Fonoaudiologia II e III. Visto como um passo importante no
processo de amadurecimento do curso, o aumento da carga horária dos estágios em Saúde
Coletiva trouxe à tona a fragilidade do atual currículo, na discussão e aprofundamento dos
pressupostos teóricos e político-pedagógicos que norteiam a formação de um profissional de
saúde comprometido com sua realidade social.
Deste modo, inicia-se reflexão relativa ao papel das Universidades na participação, por
meio de estudos e pesquisas, nas respostas aos problemas sociais concretos, pelo investimento na
construção de mudança de cenários sociais e pela cientificidade na formulação de políticas que
vislumbrem impactos sociais.
A mudança curricular ora proposta se configura, portanto, como fundamental para
respaldar uma intervenção condizente com as recentes discussões referente ao papel das
Instituições do Ensino Superior (IES) na sociedade, convocadas a auxiliar na co-gestão das
políticas de educação e de saúde, a partir de uma perspectiva intersetorial que contribua na
construção e no entendimento dos problemas em âmbitos complexos, a exemplo da interferência
de um problema de saúde na educação e vice-versa.
Por outro lado, internamente, a partir da própria vivência acadêmica, foi constatada a
necessidade da redistribuição da carga horária total do curso, de forma equitativa, entre todas as
áreas da Fonoaudiologia, questão esta amplamente discutida nos Seminários Internos realizados
com a participação de discentes e docentes do curso. O equilíbrio entre as cinco atuais grandes
áreas de atuação profissional, a partir das mudanças ora propostas, permitirá a formação
generalista do Bacharel em Fonoaudiologia, exigida na Lei de Diretrizes e Bases do Curso.
Desta forma, o Colegiado de Fonoaudiologia vem propor uma mudança curricular que
reflete avanços e conquistas científicas e políticas alcançadas pela Fonoaudiologia nos últimos
anos, e visa à atualização do fluxograma do curso, com a distribuição equitativa da sua carga
horária total entre todas as grandes áreas de conhecimento da Fonoaudiologia, reconhecidas pelo
Conselho Federal de Fonoaudiologia, bem como, sua adequação a legislação vigente.
Acreditamos, portanto, que a mudança curricular proposta facilitará a formação de
futuros profissionais comprometidos com os problemas políticos, sociais, educacionais, de saúde
e culturais enfrentados no seu município, constituindo-se como cidadãos aptos a entender e
buscar respostas para as complexas questões da sociedade contemporânea.
2. Base legal O curso de graduação em Fonoaudiologia da UFBA tem como respaldo legal os seguintes
pareceres, portarias, resoluções e decretos-lei:
1. Parecer da Câmara de Ensino de Graduação da UFBA nº 264/95 de 05 de junho de
1995. Autoriza a criação do Curso de Graduação em Fonoaudiologia da UFBA;
2. Portaria do Ministério da Educação e Cultura nº 1911 de 16 de julho de 2003.
Reconhece o curso de graduação em Fonoaudiologia da UFBA;
3. Resolução nº 5 do Conselho Nacional de Educação/ Câmara de Educação Superior, de
19 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em
Fonoaudiologia;
4. Decreto nº 5.626 da Presidência da República/Casa Civil/Subchefia para Assuntos
Jurídicos, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que
dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de
dezembro de 2000;
5. Parecer nº 213 do Conselho Nacional de Educação/ Câmara de Educação Superior, de
09 de outubro de 2008. Dispõe sobre carga horária mínima e procedimentos relativos à
integralização e duração dos cursos de graduação em Biomedicina, Ciências Biológicas,
Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição e Terapia
Ocupacional, bacharelados, na modalidade presencial;
6. Resolução nº 02 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão/Universidade Federal da
Bahia, de 1º de julho de 2008. Estabelecem definições, princípios, modalidades, critérios e
padrões para organização dos cursos de graduação da UFBA;
7. Resolução nº 02 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão/Universidade Federal da
Bahia, de 27 de julho de 2009. Estabelece a padronização dos módulos dos componentes
curriculares dos cursos de graduação e pós-graduação da UFBA.
3. Objetivos
3.1. Geral:
Formar o profissional Fonoaudiólogo com perfil generalista e competência para
desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, em nível
individual e coletivo.
3.2. Específicos:
Formar profissionais de saúde:
a) capazes de atuar no campo das práticas fonoaudiológicas, com conhecimento dos fundamentos
históricos, filosóficos e metodológicos da Fonoaudiologia; b) éticos e conscientes do seu papel social;
c) com perfil investigativo e científico, capazes de contribuir com os avanços da área;
d) com senso crítico, capazes de avaliar, sistematizar e definir condutas adequadas para a
resolutibilidade dos problemas de saúde individuais e coletivos;
e) capazes de integrar e atuar dinamicamente em equipes interdisciplinares;
f) capazes de desenvolver ações em espaços de atuação diversos, em instituições públicas e
privadas, assegurando estreita relação com as questões sociais e a aplicação de práticas
condizentes com a análise do território ou da conjuntura local;
g) capazes de atuar desenvolvendo ações de ensino, pesquisa, extensão, planejamento e
gestão.
4. Perfil do egresso
“O Fonoaudiólogo é um profissional com formação generalista, humanista,
crítica e reflexiva, capaz de atuar, pautado em princípios éticos, no campo
clínico-terapêutico e preventivo das práticas fonoaudiológicas. Possui formação
ético- filosófica, de natureza epistemológica, e ético-política em consonância
com os princípios e valores que regem o exercício profissional. Conhece os
fundamentos históricos, filosóficos e metodológicos da Fonoaudiologia e seus
diferentes modelos de intervenção e atua com base no rigor científico e
intelectual”. (Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de graduação em
Fonoaudiologia, 2002, p.1)
5. Competências e habilidades
Em consonância com a Resolução CNES/CES 5, de 19 de fevereiro de 2002, que institui
as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de graduação em Fonoaudiologia, o
fonoaudiólogo formado pela Universidade Federal da Bahia deve possuir conhecimentos
necessários para desenvolver as seguintes competências e habilidades gerais:
I - Atenção à saúde: os profissionais de saúde, dentro de seu âmbito profissional, devem
estar aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da
saúde, tanto em nível individual quanto coletivo. Cada profissional deve assegurar que
sua prática seja realizada de forma integrada e contínua com as demais instâncias do
sistema de saúde, sendo capaz de pensar criticamente, de analisar os problemas da
sociedade e de procurar soluções para os mesmos. Os profissionais devem realizar seus
serviços dentro dos mais altos padrões de qualidade e dos princípios da ética/bioética,
tendo em conta que a responsabilidade da atenção à saúde não se encerra com o ato
técnico, mas sim, com a resolução do problema de saúde, tanto em nível individual
como coletivo;
II - Tomada de decisões: o trabalho dos profissionais de saúde deve estar fundamentado
na capacidade de tomar decisões visando o uso apropriado, eficácia e custo-efetividade,
da força de trabalho [...], de equipamentos, de procedimentos e de práticas. Para este
fim, os mesmos devem possuir competências e habilidades para avaliar, sistematizar e
decidir as condutas mais adequadas, baseadas em evidências científicas;
III - Comunicação: os profissionais de saúde devem ser acessíveis e devem manter a
confidencialidade das informações a eles confiadas, na interação com outros
profissionais de saúde e o público em geral. A comunicação envolve comunicação
verbal, não-verbal e habilidades de escrita e leitura; o domínio de, pelo menos, uma
língua estrangeira e de tecnologias de comunicação e informação;
IV - Liderança: no trabalho em equipe multiprofissional, os profissionais de saúde
deverão estar aptos a assumirem posições de liderança, sempre tendo em vista o bem-
estar da comunidade. A liderança envolve compromisso, responsabilidade, empatia,
habilidade para tomada de decisões, comunicação e gerenciamento de forma efetiva e
eficaz;
V - Administração e gerenciamento: os profissionais devem estar aptos a tomar
iniciativas, fazer o gerenciamento e administração tanto da força de trabalho, dos
recursos físicos e materiais e de informação, da mesma forma que devem estar aptos a
serem empreendedores, gestores, empregadores ou lideranças na equipe de saúde;
VI - Educação permanente: os profissionais devem ser capazes de aprender
continuamente, tanto na sua formação, quanto na sua prática. Desta forma, os
profissionais de saúde devem aprender a aprender e ter responsabilidade e compromisso
com a sua educação e o treinamento/estágios das futuras gerações de profissionais, mas
proporcionando condições para que haja benefício mútuo entre os futuros profissionais
e os profissionais dos serviços, inclusive, estimulando e desenvolvendo a mobilidade
acadêmico/profissional, a formação e a cooperação através de redes nacionais e
internacionais.
O Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal da Bahia deve formar
fonoaudiólogos com as seguintes competências e habilidades específicas:
I - compreender e analisar criticamente os sistemas teóricos e conceituais envolvidos no
campo fonoaudiológico, que abrange o estudo da motricidade oral, voz, fala, linguagem
oral e escrita e da audição, e os métodos clínicos utilizados para prevenir, avaliar,
diagnosticar e tratar os distúrbios da linguagem (oral e escrita), audição, voz e sistema
sensório motor oral;
II - compreender a constituição do humano, as relações sociais, o psiquismo, a
linguagem, a aprendizagem. O estudo deste processo como condição para a
compreensão da gênese e da evolução das alterações fonoaudiológicas;
III - apreender as dimensões e processos fonoaudiológicos em sua amplitude e
complexidade;
IV - avaliar, diagnosticar, prevenir e tratar os distúrbios pertinentes ao campo
fonoaudiológico em toda extensão e complexidade;
V - apreender e elaborar criticamente o amplo leque de questões clínicas, científico-
filosóficas, éticas, políticas, sociais e culturais implicadas na atuação profissional do
Fonoaudiólogo, capacitando-se para realizar intervenções apropriadas às diferentes
demandas sociais;
VI - possuir uma formação científica, generalista, que permita dominar e integrar os
conhecimentos, atitudes e informações necessárias aos vários tipos de atuação em
Fonoaudiologia;
VII - reconhecer a saúde como direito e atuar de forma a garantir a integralidade da
assistência entendida como conjunto articulado e contínuo de ações e serviços
preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os
níveis de complexidade do sistema;
VIII - desenvolver, participar e/ou analisar projetos de atuação profissional
disciplinares, multidisciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares;
IX - possuir recursos científicos, teórico-práticos e éticos que permitam a atuação
profissional e reavaliação de condutas;
X - conquistar autonomia pessoal e intelectual necessárias para empreender contínua
formação profissional;
XI - situar a Fonoaudiologia em relação às outras áreas do saber que compõem e
compartilham sua formação e atuação;
XII - observar, descrever e interpretar de modo fundamentado e crítico as situações da
realidade que concernem ao seu universo profissional;
XIII - pensar sua profissão e atuação de forma articulada ao contexto social,
entendendo-a como uma forma de participação e contribuição social;
XIV - conhecer métodos e técnicas de investigação e elaboração de trabalhos
acadêmicos e científicos;
XV - utilizar, acompanhar e incorporar inovações técnico-científicas no campo
fonoaudiológico.
6. Titulação
Será conferido ao egresso do curso de graduação, através de diploma, o título de Bacharel
em Fonoaudiologia.
7. Número de vagas oferecidas Em função da adesão do Curso de Fonoaudiologia ao Programa de Apoio a Planos de
Expansão e Reestruturação das Universidades Federais - REUNI, são oferecidas 60 vagas no
concurso Vestibular, divididas em ingressos semestrais de 30 alunos. A partir de 2012, 20% das
vagas serão preenchidas, preferencialmente, por alunos oriundos do curso de Bacharelado em
Saúde.
A partir de 2010.1 o curso será oferecido no turno vespertino, no entanto, os componentes
curriculares de estágio poderão ser oferecidos nos turnos matutinos e vespertinos
simultaneamente.
A ampliação para o oferecimento de 45 vagas semestrais encontra-se condicionada a
construção de novos espaços físicos e a ampliação do corpo docente efetivo, condizente a
demanda gerada pelo aumento do número de vagas.
8. Q
UA
DR
O C
UR
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10. Normas de funcionamento do Curso de Fonoaudiologia 10.1. Disposições Gerais 1. O curso de Fonoaudiologia tem uma carga horária total de 4588 horas e a duração ideal de 10
semestres. No percurso esperado, os componentes curriculares obrigatórios serão cursados
durante todos os semestres do curso. Os componentes optativos serão cursados,
preferencialmente, entre o 5º e 8º semestres. A partir do 7º semestre, serão cursados também os
estágios curriculares supervisionados.
2. As disciplinas e atividades obrigatórias serão oferecidas no turno vespertino, com duração de
04 a 06 horas-aula, para turmas organizadas a partir do semestre de ingresso. Os alunos que
desejarem cursar disciplinas obrigatórias isoladas, em turno oposto, poderão fazê-lo, desde que o
pedido seja justificado e haja oferecimento das disciplinas e vagas disponíveis.
3. As disciplinas optativas serão definidas de acordo com as necessidades dos alunos e as
possibilidades do Curso, e poderão ser oferecidas nos três turnos. As escolhas dos componentes
optativos a serem cursados serão livres, favorecendo a formação interdisciplinar e diversificada.
4. A carga horária referente ao Seminário Interdisciplinar de Fonoaudiologia (SIF), atividade
obrigatória de conteúdo interdisciplinar e aberto, que favorece a integração e a articulação entre
os diversos temas de interesse e os conteúdos curriculares do curso, deverá ser cumprida,
preferencialmente, nos 1º, 4º, 6º, 7º e 10º semestres. No entanto, a critério do Colegiado, e
havendo disponibilidade de vagas, poderá ser cumprida em qualquer semestre em que haja seu
oferecimento.
5. Os Estágios curriculares supervisionados, realizados a partir do 7º semestre, se constituirão
num conjunto de experiências diversificadas, desenvolvidas nas diferentes áreas da
Fonoaudiologia, nos diversos níveis de atenção a saúde e cenários de prática profissional
conforme regulamentação aprovada em plenária do Colegiado. Poderão, a critério do Colegiado,
ser oferecidos nos turnos matutinos e vespertinos simultaneamente.
6. A apresentação e defesa de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) individual, sobre
tema fonoaudiológico, perante uma banca de avaliação constituída por três professores, será
requisito para a conclusão do Curso.
7. Os componentes curriculares relacionados à elaboração do TCC serão coordenados pelo
Núcleo de Pesquisa em Fonoaudiologia (NUPEF) e oferecidos nos últimos quatro semestres do
curso, de acordo com regulamentação aprovada em plenária do Colegiado.
8. Os cenários de prática dos componentes curriculares Práticas Fonoaudiológicas I e II
abrangerão as diversas áreas da Fonoaudiologia, e serão definidas semestralmente pelo
Colegiado. Os alunos poderão escolher as atividades a serem cumpridas de acordo com os seus
interesses pessoais. Será dada prioridade aos alunos mais antigos e com maior coeficiente de
rendimento, e não será permitida a repetição da atividade já realizada.
9. As Atividades Complementares se constituirão no aproveitamento de experiências e
vivências acadêmicas extracurriculares, presenciais e/ou à distância, livremente escolhidas pelos
alunos e realizadas ao longo de todo o Curso. As Atividades Complementares serão avaliadas,
reconhecidas e pontuadas conforme regulamentação aprovada em plenária do Colegiado
10. O Colegiado, de forma integrada com o Departamento de Fonoaudiologia, realizará
atividades periódicas de avaliação do curso e orientará os alunos na sua trajetória curricular.
Todas as turmas, organizadas por ordem de ingresso, serão acompanhadas por um orientador
acadêmico, indicado pelo Colegiado do Curso.
10.2. REGULAMENTAÇÃO DOS ESTÁGIOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
COLEGIADO DE GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA Endereço: Av. Reitor Miguel Calmon. s/nº - Vale do Canela – Cep: 40110-902 – Salvador/Bahia
Telefone: (71) 3283 8886 Fax: (71) 3283 8894 e-mail: [email protected]
REGULAMENTAÇÃO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM FONOAUDIOLOGIA
O Colegiado do Curso de Graduação em Fonoaudiologia da Universidade Federal da Bahia, no
uso de suas atribuições, tendo em vista a necessidade de regulamentar os Estágios
Supervisionados do Curso de Fonoaudiologia, requisito obrigatório à graduação no respectivo
curso, e orientar alunos e professores quanto à realização e avaliação deste processo,
R E S O L V E: Capítulo I – Disposições preliminares
Art. 1º - Os Estágios Supervisionados do Curso de Fonoaudiologia são atividades didático-
curriculares obrigatórias, integrantes do currículo do Curso de Bacharelado em Fonoaudiologia.
Art. 2º - Os Estágios Supervisionados são integralizados pelos seguintes componentes
curriculares:
a) Estágio em Linguagem I (68 horas) - 8° semestre
b) Estágio em Linguagem II (68 horas) - 9° semestre
c) Estágio em Linguagem III (68 horas) - 10° semestre
d) Estágio em Audiologia I (136 horas) - 9° semestre
e) Estágio em Audiologia II (136 horas) - 10° semestre
f) Estágio em Motricidade Orofacial I (68 horas) - 8° semestre
g) Estágio em Motricidade Orofacial II (68 horas) - 9° semestre
h) Estágio em Voz I (68 horas) - 8° semestre
i) Estágio em Voz II (68 horas) - 9° semestre
j) Estágio em Ambiente Hospitalar (68 horas) – 10º semestre
k) Estágio em Saúde Coletiva I (68 horas) – 7º semestre
l) Estágio em Saúde Coletiva II (68 horas) – 8º semestre
§ 1º - Estágios Supervisionados, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de
Graduação em Fonoaudiologia, definidos pela RESOLUÇÃO CNE/CES 5, DE 19 DE
FEVEREIRO DE 2002 dizem respeito a: “A formação do Fonoaudiólogo deve garantir o
desenvolvimento de estágios curriculares, sob supervisão docente, no qual o aluno adquira
experiência profissional específica em avaliação, diagnóstico, terapia e assessoria
fonoaudiológicas. [...] Este estágio deve ocorrer, prioritariamente, nos dois últimos anos de
formação. A maioria destas atividades deve ser realizada na clínica-escola, adequadamente
equipada para tal finalidade.”
§ 2º - Quanto ao local de realização dos Estágios. As atividades podem ser realizadas em
clínicas-escola, hospitais, UBS, escolas, indústrias e outras instituições, desde que sejam
supervisionadas por docente - fonoaudiólogo.
Capítulo II – Das funções e atribuições do Professor-supervisor
Art. 3º - São funções do professor-supervisor:
a) Cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do curso, ministrando e
orientando o ensino ou desenvolvendo a pesquisa e a extensão, executando integralmente
a ementa e o plano de execução aprovados pelo Colegiado e Departamento competentes;
b) Avaliar regularmente os alunos sob sua responsabilidade, estabelecendo estratégias de
acompanhamento do rendimento escolar e de recuperação para os alunos de
aproveitamento insuficiente;
c) Ministrar e desenvolver trabalhos acadêmicos efetivos, além de participar integralmente
dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional;
d) Exercer ação disciplinar na área de sua competência.
§ 1º - Consonante com as determinações do Conselho Federal de Fonoaudiologia está
estabelecido na Resolução CFFa nº 223, de 20 de março de 1999 que: “O Supervisor
Fonoaudiólogo é o profissional com registro no Conselho Regional de Fonoaudiologia de sua
jurisdição e em pleno gozo de seus direitos profissionais, tendo que garantir a qualidade da
supervisão, o número adequado de supervisionados e usuários em relação ao supervisor, grupos
de estudos/estudos de casos clínicos”.
§ 2º - A partir da conceituação e caracterização do papel de professor supervisor, é possível
depreendermos as suas principais funções, considerando o exercício da atividade acadêmica não
apenas em ações desenvolvidas na clínica-escola de Fonoaudiologia da UFBA, como também
em outras instituições-sede de estágios de acordo ao que for estabelecido.
Art. 4º - São atribuições do professor-supervisor:
a) Orientação do discente na atividade clínico-terapêutica, acompanhando o processo de
avaliação, planejamento e execução do tratamento fonoaudiológico.
b) Em atividades de natureza preventiva e/ou de consultoria, cabe ao professor-supervisor
orientar a atuação dos alunos de forma a possibilitar a implantação e a realização do
serviço prestado.
§ 1º - Ressalta-se que podem ser realizadas pelo discente, ações voltadas ao exercício reflexivo
da função de assessor e promotor de práticas em promoção da saúde, determinando ao professor-
supervisor a atribuição de potencializar a discussão sobre a caracterização, recursos e estratégias
de atuação, bem como assegurar a elaboração e realização de projetos desta natureza. Desta
forma, o professor-supervisor deve acompanhar o andamento de todas as atividades práticas do
aluno-estagiário de modo a:
I. Estar presente no local de estágio;
II. Verificar a freqüência e avaliar a conduta dos alunos-estagiários nas áreas de atuação;
III. Observar, avaliar e orientar a atuação dos discentes;
IV. Participar de reuniões programadas, a fim de discutir o desenvolvimento do estágio e dos
alunos-estagiários;
V. Realizar contato com profissionais de áreas correlatas, para o incentivo ao trabalho
multiprofissional, e eventuais esclarecimentos que se fizerem necessários.
Capítulo III – Das funções e atribuições do Aluno Estagiário
Art. 5º - São funções do aluno estagiário:
a) Frequentar as aulas e participar das demais atividades curriculares;
b) Utilizar-se dos serviços postos à sua disposição;
c) Seguir as determinações apresentadas pelo docente quanto ao cronograma, ementa,
planos de ensino e normatizações do Estágio;
d) Solicitar o auxílio do professor no que se refere a dificuldades de aprendizado na prática
fonoaudiológica.
Art. 6º - São atribuições do aluno-estagiário:
a) O aluno-estagiário deve respeitar o Código de Ética Profissional do Fonoaudiólogo
(aprovado pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia);
b) Por ser ético, o aluno-estagiário deve guardar sigilo profissional, sendo que todas as
informações referentes aos estágios e disciplinas práticas devem ser solicitadas ao
professor-supervisor da área, no local do estágio;
c) O aluno-estagiário deve comparecer pontualmente nos locais de estágio, não se
permitindo atrasos;
d) Deve seguir as normas internas da instituição a que for designado;
e) Desenvolver as atividades no local do estágio, de forma a contemplar as determinações e
características das disciplinas/áreas relacionadas a cada instituição;
f) O aluno-estagiário deve assinar os documentos de avaliação do estágio/planilha de
avaliação, cabendo ressaltar que tal instrumento segue as normas disciplinares de estágio.
Parágrafo Único: Seguir as Normas de Biossegurança contidas no Manual de Biossegurança –
Medidas de Controle de Infecção para Fonoaudiólogos, editado pelo Conselho Federal de
Fonoaudiologia em setembro de 2007, bem como suas atualizações.
Capítulo IV - Das normas disciplinares Art. 7º – Horários e frequência
§ 1º - Os horários de entrada, retirada de material, atendimento e saída devem ser observados e
cumpridos com rigor.
§ 2º - O discente terá acesso ao local de estágio somente no decorrer do período de atuação.
§ 3º - Recomenda-se que o aluno-estagiário evite faltas, sendo que as ocasionais devem ser
sempre justificadas e comunicadas com antecedência ao supervisor.
Art. 8º – Postura e conduta do aluno-estagiário
§ 1º - É vetado aos alunos fumar nas dependências do local de estágio.
§ 2º - O uso de alimentos e ingestão de bebidas será permitido quando em uso com pacientes
para fins terapêuticos.
§ 3º - Os móveis estão distribuídos de forma definida pela clínica/escola. O aluno-estagiário deve
utilizar-se das dependências do estágio sem modificar a disposição dos móveis. Caso haja a
necessidade de mudanças, o discente deve devolvê-los ao local de origem após o término do
atendimento.
§ 4º - As salas devem ser deixadas em ordem e limpas. Qualquer incidente deve ser comunicado
ao professor-supervisor.
§ 5º - É vetado o uso de telefones da instituição assim como celular, bip e pager para ligações no
decorrer do estágio, salvo com a autorização do docente responsável.
§ 6º - O silêncio deve ser respeitado em todas as dependências da instituição preceptora do
estágio.
§ 7º - É proibida a retirada e cópia xerográfica de relatórios, exames e/ou prontuários, uma vez
que pertencem ao arquivo da instituição salvo por orientação do professor supervisor.
§ 8º - É proibida a retirada de materiais terapêuticos e qualquer aparelho ou objeto pertencente ao
local de estágio.
§ 9º - Todos os objetos utilizados para atendimento/observação devem ser devidamente
devolvidos ao local designado.
§ 10º - Aconselha-se o zelo/discrição em relação ao uso de vestimentas, jóias e maquilagem
durante a realização das atividades práticas, de forma a assegurar a ordem, limpeza e respeito às
pessoas.
§11º - A privacidade do paciente no decorrer do atendimento deve ser garantida, impedindo a
presença de terceiros e mantendo total sigilo sobre as informações colhidas.
§ 12º - É necessário fornecer informações ao paciente e equipe técnica a respeito dos
procedimentos e resultados realizados ao longo da ação/processo terapêutico.
§ 13º - Atestados, laudos, prontuários e relatórios devem conter a assinatura do professor-
supervisor, e em conformidade com as normas de cada local de estágio.
§ 14º - O paciente pode ter acesso ao prontuário caso solicite, sendo que o aluno-estagiário deve
observar as regras de solicitação pertencente a cada instituição.
§ 15º - No momento da recepção de paciente novo ao serviço, é necessária a apresentação do
termo de consentimento por escrito, assinado pelo paciente ou responsável, aluno-estagiário e
professor-supervisor.
§ 16º - É aconselhável que todas as ações a serem desenvolvidas pelo aluno-estagiário estejam
em consonância aos princípios discutidos em supervisão e guiados pelas relações éticas
estabelecidas na instituição, devendo o discente, em caso de dúvida, recorrer ao professor-
supervisor ou responsável pela disciplina/instituição.
§ 17º - O curso não se responsabilizará por horários de condução inadequados ou problemas
particulares que possam interferir no horário estabelecido para a realização da atividade prática.
§ 18º - Os casos omissos serão encaminhados para a coordenação do curso, que dará o devido
encaminhamento para a mais breve solução.
Capítulo V – Da avaliação Art. 9º – A avaliação correspondente aos estágios e disciplinas práticas deve ser realizada
semestralmente através de instrumentos específicos para cada uma das áreas de atuação, cabendo
ressaltar o preenchimento da planilha de avaliação previamente apresentada, discutida e
aprovada em Colegiado por docentes e representantes discentes do Curso de Fonoaudiologia da
UFBA.
Art. 10º - A avaliação dos estágios e disciplinas práticas será realizada mediante os seguintes
critérios:
a) Cumprimento da carga horária prevista para cada estágio ou disciplina prática;
b) Quanto à assiduidade, máximo de 25% de ausências nos estágios;
c) Pontualidade quanto ao início e término das supervisões e atendimentos;
d) Dois atrasos de 15 a 50 minutos corresponderão à falta no dia letivo.
Parágrafo Único: A média de aprovação nos estágios é nota igual ou superior a 5,0.
Salvador, 28 de setembro de 2009
10.3. REGULAMENTAÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
COLEGIADO DE GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA Endereço: Av. Reitor Miguel Calmon. s/nº - Vale do Canela – Cep: 40110-902 – Salvador/Bahia
Telefone: (71) 3283 8886 Fax: (71) 3283 8894 e-mail: [email protected]
REGULAMENTAÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
O Colegiado do Curso de Graduação em Fonoaudiologia da Universidade Federal da Bahia, no
uso de suas atribuições, tendo em vista a necessidade de regulamentar o Trabalho de Conclusão
de Curso (TCC), requisito parcial e obrigatório à graduação no respectivo curso, e orientar
alunos e professores orientadores quanto à elaboração e avaliação deste,
R E S O L V E: Capítulo I – Disposições preliminares
Art. 1º - O Trabalho de Conclusão de Curso é uma atividade didático-curricular obrigatória,
integrante do currículo do Curso de Graduação em Fonoaudiologia.
Art. 2º - A preparação dos alunos para a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso far-se-á
através dos seguintes componentes curriculares:
m) Metodologia Científica (34 horas) - 2° semestre
n) Projeto de Pesquisa I (34 horas) - 7° semestre
o) Projeto de Pesquisa II (34 horas) - 8° semestre
p) Pesquisa Orientada (34 horas) - 9° semestre
q) Trabalho de Conclusão de Curso (34 horas) - 10° semestre
§ 1º - O Projeto de Pesquisa I e II são componentes curriculares com programas específicos que
subsidiam a definição, a elaboração e a qualificação do projeto de pesquisa.
§ 2º - Sessões do professor-orientador com seus orientandos ocorrem a partir da escolha do tema
do Trabalho de Conclusão de Curso em Projeto de Pesquisa I, até a defesa do TCC. O professor
que ministra as aulas desses componentes curriculares participa da orientação metodológica do
projeto em sessões individuais ou em grupo.
§ 3º - A Pesquisa Orientada é componente curricular no qual o aluno, sob a supervisão do
professor-orientador, desenvolverá a sua pesquisa com vistas ao Trabalho de Conclusão de
Curso.
§ 4º - O aluno inscrito no componente curricular Trabalho de Conclusão de Curso deve cumprir
o prazo estabelecido pelo Colegiado para apresentação da versão final escrita do trabalho, sob
pena de ser reprovado.
Art. 3º - Os componentes curriculares Projeto de Pesquisa I e II, Pesquisa Orientada e Trabalho
de Conclusão de Curso serão coordenados pelo Núcleo de Pesquisa em Fonoaudiologia
(NUPEF), ao qual caberá fazer a mediação entre os estudantes e os orientadores designados para
o acompanhamento das atividades de pesquisa.
Art. 4º - O Trabalho de Conclusão de Curso constitui-se em uma produção individual do aluno
sobre tema fonoaudiológico de sua livre escolha, mediante a apresentação de projeto
previamente submetido e aprovado por orientador e apresentado ao Núcleo de Pesquisa em
Fonoaudiologia (NUPEF).
Art. 5º - O Trabalho de Conclusão de Curso poderá ser um artigo científico, um trabalho
monográfico de natureza teórico-conceitual, um relatório técnico ou um produto/tecnologia
aplicável aos serviços de saúde/educação.
Capítulo II – Da matrícula na atividade
Art. 6º - O aluno se inscreverá no Trabalho de Conclusão de Curso apenas no último semestre do
curso, ao final do qual o apresentará perante uma banca examinadora.
Art. 7°- A matrícula no componente curricular Trabalho de Conclusão de Curso não estará
disponível durante o período da matrícula web, somente sendo válida se efetuada na Secretaria
do Colegiado do Curso de Fonoaudiologia, no período de matrícula presencial estabelecido pelas
devidas instâncias da UFBA.
Capítulo III – Das finalidades e objetivos do TCC
Art. 8º - A realização do Trabalho de Conclusão de Curso tem por finalidades:
a) desenvolver no estudante a aptidão para pesquisa;
b) demonstrar o grau de habilitação adquirida;
c) promover o aprofundamento temático de saberes fonoaudiológicos;
d) estimular a produção científica;
e) aferir a apreensão dos conteúdos e a capacidade de sua articulação;
f) avaliar a capacidade de análise e crítica dos conhecimentos adquiridos durante o curso.
Capítulo IV – Da supervisão e coordenação do TCC
Art. 9º - O Núcleo de Pesquisa em Fonoaudiologia (NUPEF) é órgão de supervisão e controle da
execução do Trabalho de Conclusão do Curso e para tanto divulgará cronograma de atividades a
serem cumpridas pelos alunos e professores orientadores no início de cada semestre letivo.
Art. 10º - O Coordenador e o Vice-Coordenador do NUPEF serão indicados pelo Coordenador
do Curso, com aprovação do Colegiado, para mandato de 2 (dois) anos, podendo haver
recondução.
Art. 11º - Compete ao NUPEF:
I - acompanhar as atividades a serem desenvolvidas em Projeto de Pesquisa I e II, Pesquisa
Orientada e Trabalho de Conclusão de Curso, em todas as suas etapas;
II - reunir e catalogar todas as informações relativas aos Trabalhos de Conclusão de Curso já
defendidos no Curso de Fonoaudiologia da UFBA;
III - realizar seminários, palestras, oficinas e outros eventos de divulgação das atividades de
pesquisa realizadas no Curso de Fonoaudiologia;
IV - elaborar e promover, com os responsáveis por cada área, o desenvolvimento da pesquisa em
nível de graduação e reforçar o vínculo com a extensão universitária;
V - elaborar catálogo com as linhas de pesquisa e áreas de interesse dos professores do Curso de
Fonoaudiologia, com o objetivo de auxiliar os estudantes a identificar orientadores adequados a
seus projetos de pesquisa;
VI - manter cadastro de professores habilitados e interessados em orientar trabalhos de conclusão
de curso de alunos da graduação em Fonoaudiologia e de profissionais que potencialmente
poderão integrar bancas examinadoras;
VII - divulgar a relação dos orientadores credenciados e respectivas linhas de pesquisa, se
houver, ou área de interesse;
VIII - organizar a definição dos orientadores mediante os protocolos de projetos apresentados
pelos alunos;
IX - convocar, sempre que necessário, reuniões com os professores-orientadores e alunos em
fase de realização do Trabalho de Conclusão de Curso;
X - agendar e organizar o processo de Qualificação dos projetos de pesquisa entregues ao
NUPEF mediante carta de solicitação do orientador;
XI - homologar e divulgar, com antecedência mínima de oito dias, a composição das bancas
examinadoras, o local e o horário para apresentação pública do Trabalho de Conclusão de Curso
do aluno;
XII - encaminhar os Trabalhos de Conclusão de Curso para as bancas examinadoras;
XIII - lavrar a ata de apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso, assinada pela Banca
Examinadora, a qual será arquivada no Colegiado e a nota devidamente registrada no SIAC;
XIV - providenciar o encaminhamento de cópias, em versão impressa e/ou digital, dos Trabalhos
de Conclusão de Curso à Biblioteca Central da UFBA e à Biblioteca do Instituto de Ciências da
Saúde, além do registro no Banco de TCC da página do Curso de Fonoaudiologia na rede virtual;
XV - resolver sobre os pedidos de prorrogação de prazo para apresentação do Trabalho de
Conclusão de Curso;
XVI - manter à disposição da comunidade acadêmica do Curso de Fonoaudiologia, para
consulta, 01 (um) exemplar das normas da ABNT sobre apresentação de trabalhos acadêmico-
científicos;
XVII - arquivar o Termo de Orientação e o documento de Frequência das Orientações, relativas
a cada aluno do curso;
XVIII - tomar, no âmbito de sua competência, todas as demais medidas ao efetivo cumprimento
deste Regulamento.
Parágrafo único - Compete ao Vice-Coordenador substituir o Coordenador em suas eventuais
ausências e impedimentos, cabendo-lhe, neste caso, exercitar todas as atribuições previstas neste
artigo.
Capítulo V – Das atribuições do Colegiado de Fonoaudiologia
Art. 12º - Para os fins deste Regulamento, compete ao Colegiado:
I - apreciar, em grau de recurso, as decisões do Coordenador do Núcleo de Pesquisa em
Fonoaudiologia (NUPEF);
II - homologar as decisões das bancas examinadoras;
III - apreciar os recursos das decisões das bancas examinadoras;
IV - tomar todas as demais decisões e medidas necessárias ao efetivo cumprimento deste
Regulamento;
V - solicitar ao Departamento a que pertença o orientador que compute 1 (uma) hora de sua
carga horária semanal para cada aluno com projeto sob sua orientação.
Capítulo VI – Do Professor-Orientador
Art. 13º. - O professor-orientador do TCC é um docente efetivo da UFBA, em qualquer área,
desde que afim ao tema do projeto, com titulação mínima de Mestre;
Art. 14º. - Caso o professor-orientador não seja fonoaudiólogo, o aluno deverá ter como co-
orientador um professor efetivo, fonoaudiólogo, com titulação mínima de Mestre;
Art. 15º. - Salvo o disposto no artigo anterior, orientadores que considerem necessária a inclusão
de um co-orientador, devem apresentar exposição de motivos ao NUPEF, para apreciação;
Art. 16º. - Colaborações científicas relevantes de outros professores, pesquisadores e/ou
profissionais devem ser reconhecidas como co-autoria na divulgação dos resultados do estudo,
mas não são justificativa para inclusão de co-orientação;
Art. 17º. - O professor-orientador poderá assumir o máximo de quatro projetos individuais, por
semestre letivo, computadas todas as orientações de graduação do docente na UFBA;
Art. 18º. - O professor-orientador deve dedicar, para cada projeto, 1 (uma) hora semanal,
utilizada para atividades de orientação presencial ou virtual;
Art. 19º. - O professor, mediante a aprovação da indicação como Orientador, assinará o Termo
de Orientação, que estabelece seu compromisso com o projeto do graduando;
Art. 20º. - Ao final do semestre, o professor-orientador deverá entregar ao NUPEF o documento
de Freqüência de Orientação correspondente a atividade de orientação, de no mínimo, 17
(dezessete) horas;
Art. 21º. - O professor-orientador estabelecerá, em conjunto com o graduando, um cronograma
de sessões de orientação, preferencialmente com frequência semanal, que computem, ao final do
semestre, 17 (dezessete) horas;
Art. 22º. - O professor-orientador deverá participar da banca de qualificação do projeto do TCC e
da banca examinadora de defesa do TCC;
Art. 23º. - O professor-orientador deverá seguir as normas e orientações do NUPEF, para o bom
andamento dos seus orientandos no TCC.
Capítulo VII – Do discente Orientando
Art. 24º. - O aluno, mediante a definição do Orientador para seu projeto, assinará o Termo de
Orientação, que estabelece seu compromisso com o orientador para o desenvolvimento do
projeto;
Art. 25º. - A cada sessão com o professor-orientador, o aluno deverá assinar o documento de
Frequência de Orientação, com registro e assinatura do professor-orientador, incluindo o registro
das orientações virtuais, desde que consideradas substitutivas à presencial por ambas as partes;
Parágrafo único - Salvo observação específica, cada registro computará 01 (uma hora) de
orientação;
Art. 26º. - A frequência mínima de 75% às sessões de orientação combinadas com o professor-
orientador é requisito para aprovação nos componentes curriculares;
Art. 27º. - O discente Orientando deverá seguir as normas, orientações e cumprir os prazos
estabelecidos pelo NUPEF, para a evolução adequada no processo de desenvolvimento do seu
TCC.
Capítulo VIII – Do projeto de Pesquisa
Art. 28º. - A estrutura formal de apresentação escrita do Projeto de Pesquisa será estabelecida
por documento complementar a esta Resolução, denominado Normas para Apresentação do
Projeto do TCC - Fonoaudiologia / UFBA.
Art. 29º - O projeto de pesquisa deve ser encaminhado ao NUPEF, acompanhado de ofício do
professor-orientador, solicitando o agendamento da Qualificação.
Art. 30º. - Ao ser concluído, o Trabalho de Conclusão de Curso deve ser entregue ao NUPEF
acompanhado de ofício do orientador, onde atesta que a versão entregue está em condição de ser
defendida pelo aluno concluinte, e solicita o agendamento da defesa, com sugestões de três (03)
membros para a banca examinadora, bem como três (03) suplentes.
Capítulo IX – Da apresentação e avaliação do TCC
Art. 31º - A data em que o Trabalho de Conclusão de Curso será submetido a julgamento deve
ser definida para o período que vai do final das aulas até o penúltimo dia previsto para os exames
finais no calendário acadêmico do semestre letivo.
Art. 32º - O Trabalho de Conclusão de Curso será julgado com base nos seguintes critérios:
I - pertinência do tema ao campo da Fonoaudiologia;
II - relevância do tema para o desenvolvimento do campo;
III – formulação clara, precisa e pertinente de:
a. objetivos do trabalho
b. métodos utilizados
c. base teórica
d. resultados alcançados
e. conclusão;
IV – organização lógica das partes do trabalho;
V – linguagem correta e objetiva, com total respeito às normas gramaticais da língua portuguesa;
VI – pertinência de citações, isto é, autores e textos citados devem ser pertinentes ao tema e aos
argumentos do trabalho;
VII – obediência à normatização estabelecida no documento Normas para Apresentação do TCC
- Fonoaudiologia / UFBA;
Art. 33º - A monografia será defendida pelo aluno perante banca examinadora composta de 03
(três) membros, dentre os quais se inclui necessariamente o orientador, na forma a seguir:
I – pelo professor-orientador e por 02 (dois) professores que desenvolvam pesquisa/atividade
relacionada com o objeto do trabalho submetido à avaliação;
II - pelo menos 01 (um) componente da banca deverá ser fonoaudiólogo, professor efetivo do
Curso de Fonoaudiologia da UFBA;
III – outros integrantes poderão ser escolhidos dentre profissionais vinculados a Instituições de
Ensino Superior ou de Pesquisa, de qualquer área, observada a afinidade de seus conhecimentos
com o tema do trabalho de conclusão de curso.
§ 1º - A presidência da banca examinadora será exercida, privativamente, pelo representante do
NUPEF e, na sua ausência, pelo professor efetivo do Curso de Fonoaudiologia da UFBA com
maior qualificação acadêmica, e, em igualdade de condições, pelo mais antigo na Universidade.
§ 2º - O orientador não poderá presidir banca examinadora.
§ 3º - Cabe ao orientador sugerir ao NUPEF, para homologação, a qualificação dos membros da
banca examinadora e seus suplentes, em razão da natureza do trabalho.
Art. 34º - A banca examinadora somente pode deliberar com três membros presentes.
Art. 35º - Os membros das bancas examinadoras deverão avaliar os Trabalhos de Conclusão de
Curso nos prazos estabelecidos no calendário para defesas.
Art. 36º - As sessões de defesa do Trabalho de Conclusão de Curso serão públicas, podendo ser
gravadas.
Art. 37º - Na defesa, o aluno terá até 15 (quinze) minutos para apresentar seu trabalho, e cada
componente da banca examinadora terá até 5 (cinco) minutos para fazer sua arguição, dispondo
ainda o discente de 15 (quinze) minutos para respondê-las.
Art. 38º - A atribuição de conceitos dar-se-á após o encerramento da etapa de arguição, levando
em consideração as finalidades descritas no Art. 32º deste Regulamento, verificadas no texto
escrito, na exposição oral e nas respostas à arguição feita pela banca examinadora.
§ 1º - A banca examinadora atribuirá ao aluno os conceitos:
a. aprovado;
b. aprovado com recomendações;
c. reprovado.
§ 2º - Considerar-se-á aprovado, ou reprovado, o aluno que assim for considerado pela maioria
da banca.
§ 3º - Será considerado aprovado com recomendações o trabalho que, mesmo em condição de
aprovação, por avaliação da maioria da banca, demonstrar lacunas ou incorreções que necessitam
de inserções ou ajustes para a versão final.
Art. 39º - O resultado da avaliação final será assinado por todos os membros da banca
examinadora e registrado no respectivo livro de atas. Em caso de aprovação, tal resultado
constará das cópias do Trabalho de Conclusão de Curso que se destinarem à Biblioteca da UFBA
e à Biblioteca do Instituto de Ciências da Saúde.
Art. 40º - A colação de grau é condicionada à aprovação Trabalho de Conclusão de Curso.
Art. 41º - A decisão da banca examinadora, salvo vício formal ou erro manifesto, é irrecorrível.
Art. 42º - No caso de reprovação, desde que não ultrapassado o prazo máximo para conclusão do
curso, o aluno pode apresentar novo Trabalho de Conclusão de Curso para avaliação, ainda que
com o mesmo tema ou orientador, reiniciando o processo para elaboração do mesmo, se
necessário.
Art. 43º – A verificação e confirmação de plágio ou de não autoria do TCC pelo aluno concluinte
estão associadas à reprovação no componente curricular Trabalho de Conclusão de Curso,
mesmo que já tenha ocorrido a defesa.
Art. 44º - A estrutura formal de apresentação escrita do TCC será estabelecida por documento
complementar a esta Resolução, denominado Normas para Apresentação do TCC -
Fonoaudiologia / UFBA;
Art. 45º - Os casos omissos serão resolvidos pelo Colegiado do Curso.
Art. 46º - Esta Resolução entra em vigor, na data de sua aprovação.
Salvador, 17 de agosto de 2009.
10.4. REGULAMENTAÇÃO DAS ATIVIDADES COMPLEMENTARES
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
COLEGIADO DE GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA Endereço: Av. Reitor Miguel Calmon. s/nº - Vale do Canela – Cep: 40110-902 – Salvador/Bahia
Telefone: (71) 3283 8886 Fax: (71) 3283 8894 e-mail: [email protected]
REGULAMENTAÇÃO DAS ATIVIDADES COMPLEMENTARES
O Colegiado do Curso de Graduação em Fonoaudiologia da Universidade Federal da Bahia, no
uso de suas atribuições, tendo em vista a necessidade de regulamentar as Atividades
Complementares, requisito parcial e obrigatório à graduação no respectivo curso,
CONSIDERANDO:
As resoluções 05/2002 da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação e
02/2008 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Federal da Bahia,
R E S O L V E:
Art. 1º - As Atividades Complementares compreendem um conjunto de experiências e vivências
acadêmicas livremente escolhidas pelos alunos, oferecidas pela Universidade Federal da Bahia
ou outras instituições, com a finalidade de ampliar aprendizagens teóricas e práticas, por meio do
aproveitamento de atividades extracurriculares, estudos e práticas independentes, presenciais
e/ou à distância.
Art. 2º - As Atividades Complementares têm como finalidade enriquecer a formação do aluno,
voltadas para realização de estudos independentes, transversais, opcionais, interdisciplinares, de
atualização, aprimoramento pessoal e profissional, visando:
I – complementar e flexibilizar o Projeto Pedagógico do Curso;
II – ampliar horizontes de conhecimento, bem como de sua prática para além da sala de aula;
III – favorecer o relacionamento entre grupos e a convivência com as diferenças sociais, culturais
e econômicas;
IV – favorecer processos de iniciativa, tomada de decisão e autonomia;
V – propiciar a inter e a transdisciplinaridade entre as disciplinas da grade curricular.
Art. 3º - As Atividades Complementares são parte integrante do Projeto Pedagógico do Curso de
Graduação em Fonoaudiologia, sendo obrigatório o cumprimento de carga horária mínima de
100 horas/atividades ao longo do curso.
Art. 4º - A carga horária das Atividades Complementares poderá ser cumprida em atividades
organizadas pela própria IES, bem como por outras instituições idôneas, reconhecidas pelo
Colegiado do Curso.
Parágrafo Único: não serão consideradas para integralização das Atividades Complementares as
horas cumpridas em atividades acadêmicas regulares, a exemplo de: trabalho de conclusão de
curso (TCC), estágio curricular supervisionado, apresentação de painéis e exposições orais.
Art. 5º - As Atividades Complementares serão reconhecidas, avaliadas e pontuadas, a depender
do tipo, seguindo o estabelecido nesta regulamentação.
§1º - Cada ponto corresponderá à uma hora/atividade.
§2º - As atividades deverão estar relacionadas diretamente ao campo disciplinar da
Fonoaudiologia, exceção feita aos cursos de línguas e informática.
§3º - Os Estágios Extracurriculares poderão ser no campo fonoaudiológico ou de natureza
multiprofissional, respeitadas as normas estabelecidas pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia
(Resolução no. 358/08).
§4º - Os eventos culturais relacionados à prática pedagógica compreendem atividades guiadas
por professor ou tutor, com interface no campo fonoaudiológico, a exemplo de apresentações
teatrais e musicais, que possam contribuir para o aprimoramento profissional.
§5º - Como publicações indexadas são consideradas aquelas editadas em periódico
técnico/científico indexado. Publicações não-indexadas são aquelas contidas em periódico
técnico/científico não-indexado e anais de eventos.
ATIVIDADE PONTUAÇÃO POR ATIVIDADE
PONTUAÇÃO MÁXIMA
Iniciação Científica com ou sem bolsa (mínimo 12 meses) 20 20 Participação em Projetos de Pesquisa (mínimo 6 meses) 10 20 Publicação indexada Resumo
Trabalho completo 10 20
20
Publicação não-indexada Resumo Trabalho completo
5 15
15
Publicação em jornal de notícias ou magazine 5 10 Elaboração de material didático-pedagógico 5 10 Projetos de Extensão ou Ação Comunitária até 8h
de 9 à 15h acima de 15h
12 16 20
20 Monitoria com bolsa ou voluntária 1 disciplina
2 disciplinas 20 25
25
Estágios Extracurriculares De 51 à 68h Acima de 68h
15 20
20
Participação em Congresso Ouvinte Apresentação de trabalho
10 20
20
Palestra e/ou oficinas Ouvinte Ministrante ou monitor
5 10
20
Curso Presencial ou à Distância Até 8h De 11 à 19h Acima de 20h
10 12 15
15 Jornada Acadêmica / Encontro Ouvinte
Apresentação de trabalho Comissão Organizadora
10 15 15
15 Participação em banca de defesa (ouvinte) Mestrado
Doutorado 5 8
16
Participação em eventos culturais relacionados à prática pedagógica 5 10 Atividades de intercâmbio / viagem ou visita técnica 10 10 Cursos de línguas e informática De 51 à 68h
Acima de 68h 5
10
10
Art. 6º - As solicitações de validação das atividades complementares deverão ser feitas
diretamente ao Colegiado do Curso, a qualquer momento, por meio de formulário específico, em
anexo a esta regulamentação.
§1º - Juntamente ao formulário, deverão ser apresentados os originais dos certificados ou
documentos comprobatórios das atividades realizadas, bem como cópias simples dos mesmos.
§2º - Alunos concluintes têm, como data limite para solicitação de validação de Atividades
Complementares, o último dia do segundo mês do semestre letivo de conclusão do curso.
§3º - Os alunos transferidos poderão solicitar a validação de disciplinas que não constarem no
aproveitamento curricular, seguindo a pontuação correspondente nesta regulamentação.
Art. 7º - As Atividades Complementares poderão ser realizadas a qualquer momento, durante a
graduação, inclusive nas férias escolares, desde que não comprometam as atividades acadêmicas
regulares, e sejam respeitados os preceitos estabelecidos nesta regulamentação.
Art. 8º - A validação das Atividades Complementares ficará a cargo do Colegiado e será
aprovada em reunião da plenária.
Art. 9º - As atividades não previstas nesta regulamentação terão seu mérito e sua pontuação
avaliados pelo Colegiado do Curso.
Salvador, 19 de setembro de 2009
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
COLEGIADO DE GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA Endereço: Av. Reitor Miguel Calmon. s/nº - Vale do Canela – Cep: 40110-902 – Salvador/Bahia
Telefone: (71) 3283 8886 Fax: (71) 3283 8894 e-mail: [email protected]
REQUERIMENTO PARA CONVALIDAÇÃO DAS ATIVIDADES
COMPLEMENTARES Ao Colegiado do Curso de Fonoaudiologia, ___________________________________________________matrícula nº________________ vem solicitar a validação das atividades complementares aqui discriminadas e pontuadas, para as quais apresenta, em anexo, originais e respectivas fotocópias. Titulo da Atividade Descrição resumida PTS* PTA*
Nestes termos, peço deferimento. Salvador, ____ /____ / ______
PTS*: pontuação solicitada; PTA*: pontuação atribuída.
______________________________________________ Assinatura do Requerente
PARECER DO COLEGIADO ( ) Deferido ( ) Deferido com alterações ( )Indeferido Justificativas: ______________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Data _____/_____/______ ______________________________
Coordenação do Curso de Fonoaudiologia PARECER DA PLENÁRIA ( ) Em acordo ( ) Em desacordo Justificativas: ______________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Data _____/_____/______
11. NORMAS DE ADAPTAÇÃO CURRICULAR DO CURSO DE FONOAUDIOLOGIA
1. Alunos com ingresso a partir de 2009.1 passarão, automaticamente, para o currículo novo.
2. Alunos com ingresso até o semestre 2008.1 terão direito a fazer opção pelo novo currículo.
Aqueles que optarem pelo novo currículo assinarão, no ato da matrícula presencial, os termos de
adesão voluntária, e de ciência das regras de adaptação curricular.
3. Os alunos que se mantiverem no currículo antigo observarão as seguintes regras:
3.1. Serão cursados os componentes curriculares obrigatórios do currículo anterior que não
tenham equivalência estabelecida no currículo novo.
Os componentes referidos neste item são:
1. BIO165 – Genética Humana Aplicada à Fonoaudiologia 51 horas
2. FCH006 – Introdução a Sociologia 51 horas
3. IPSA01 - Psicologia I 68 horas
4. EDCA01 – Fundamentos Psicológicos da Educação 68 horas
5. LET001 – Língua Portuguesa I N-100 68 horas
6. ICS076 – Biofísica V – Aplicada a Fonoaudiologia 68 horas
7. LET399 – Fonética e Fonologia 68 horas
8. FOF025 – Ortodontia aplicada à Fonoaudiologia 68 horas
9. ICS105 – Farmacologia aplicada à Fonoaudiologia 34 horas
10. LET396 – Língua Portuguesa XX-A N-100 68 horas
11. IPSA65 – Psicomotricidade 68 horas
12. DAN272 – Abordagem Corporal em Fonoaudiologia 51 horas
13. ICS098 – Ética Profissional 34 horas
3.2 Serão cursados os componentes curriculares obrigatórios do currículo novo, equivalentes a
componentes curriculares obrigatórios do currículo anterior, conforme o discriminado no Quadro
A, página 45.
3.3. Serão cursados os componentes curriculares obrigatórios do currículo anterior, que tiveram a
carga horária reduzida.
Os componentes referidos neste item são:
1. ICS073 – Fundamentos em Fonoaudiologia I 34 horas
2. ICS085 - Surdez e Linguagem 68 horas
3. ICS087 – Fonoaudiologia Educacional 51 horas
4. IPSA077 – Psicologia do Desenvolvimento Humano 68 horas
5. MED240 – Neurologia aplicada à Fonoaudiologia 68horas
6. MED238 – Patologia dos órgãos da audição e fonação 68horas
4. Os alunos com ingresso até 2008.1, que optarem pelo currículo novo passarão por um período
de adaptação curricular, de acordo com as seguintes regras:
4.1 Componentes curriculares obrigatórios do currículo anterior, já cursados, que não serão
oferecidos no currículo novo, nem tenham equivalência, serão aproveitadas como optativas. Os
componentes referidos neste item são:
1. IPSA65 – Psicomotricidade 68 horas
2. EDCA01 – Fundamentos Psicológicos da Educação 68 horas
3. DAN272 – Abordagem Corporal em Fonoaudiologia 51 horas
4.2. Componentes curriculares novos e obrigatórios do currículo novo, sem equivalência no
currículo anterior, serão oferecidos gradativamente. Será dada prioridade aos alunos mais antigos
e com maior coeficiente de rendimento. Os componentes referidos neste item são:
1. ISC__ Introdução à Saúde Coletiva 68 horas
2. ISC__ Sociedade, Cultura e Saúde 34 horas
3. ISC__ Histologia e Embriologia 34 horas
4. ISC__ Educação e Comunicação em Saúde I 34 horas
5. ISC__ Vigilância e Promoção da Saúde I 34 horas
6. LET__ LIBRAS I 68 horas
7. ICS __ Fundamentos em Motricidade Orofacial 51 horas
8. ICS__ Motricidade Orofacial nos Distúrbios
Miofuncionais II 34 horas
9. ICS__ Fonoaudiologia em Ambiente Hospitalar 34 horas
10. ICS__ Fononcologia 34 horas
11. ICS__ Disfonias Orgânicas 34 horas
12. ICS__ Linguagem e Transtornos de Fala na Infância 51 horas
13. ICS __ Práticas em Fonoaudiologia II 68 horas
14. ICS__ Estágio Supervisionado Hospitalar 68 horas
15. ICS__ Saúde Vocal 51 horas
4.3. Todas as disciplinas optativas do currículo anterior, já cursadas, que não estejam no elenco
de optativas do novo currículo serão aproveitadas como optativas.
5. A disciplina ICS086 - Avaliação Fonoaudiológica, cujo conteúdo se encontra distribuído entre
vários componentes curriculares do novo currículo, será extinta de todas as grades curriculares
anteriores a 2010.1
6. Ressaltamos que, de forma obrigatória ou optativa, as disciplinas do currículo antigo, citadas
no item 3.1 e 3.3, serão mantidas no novo currículo, motivo pelo qual não haverá prazo para
finalização do seu oferecimento.
11.1. QUADRO A - EQUIVALÊNCIA DE COMPONENTES CURRICULARES ANTIGOS CH NOVOS CH
1. ICS072 Anatomia V 102 ICS 007 Anatomia I (68) ICS__ Anatomia aplicada à Fonoaudiologia (68)
136
2. ICS075 Fisiologia Básica Aplicada a Fonoaudiologia
68
ICS__ Fisiologia Humana Básica (68)
68
3. ICS077 Fisiologia dos órgãos da audição e da fala
68 ICS__ Fisiologia Aplicada à Fonoaudiologia (68) 68
4. ICS091 Metodologia Científica Aplicada à Fonoaudiologia
51
ICS__ Metodologia Científica (34) ICS__ Epidemiologia e Informação I (34)
68
5. ICS078 – Linguagem
68
ICS __ Processos de Aquisição e Desenvolvimento da Comunicação Humana (51)
51
6. ICS079 - Audiologia I 102 ICS __ Audiologia Clínica (68) ICS__ Audição e Saúde (34)
102
7. ICS080 - Distúrbios Fonoarticulatórios 102 ICS __Motricidade Orofacial nos distúrbios miofuncionais I(68) ICS __Motricidade Orofacial nas neuropatias em adultos (68)
136
8. ICS081 - Audiologia II 102 ICS __ Audiologia Infantil (34) ICS __Avaliação Objetiva da Audição (34) ICS __ Seminário Interdisciplinar de Fonoaudiologia (34)
102
9. ICS082 - Distúrbios da Linguagem relacionados com alterações neurológicas
102 ICS __ Linguagem e envelhecimento (34) ICS __ Motricidade Orofacial nas neuropatias Infantis (34) ICS __ Linguagem e transtornos neurológicos na infância (34)
102
10. ICS083 - Distúrbios da Linguagem Oral e Escrita
102 ICS __ Linguagem Escrita (51) ICS __ Linguagem e alterações da comunicação oral (51)
102
11. ICS084 - Distúrbios da Voz e Fluência
85 ICS __ Fluência (34) ICS__ Disfonias Funcionais e Organofuncionais (68)
102
12. ICS088 - Estágio Supervisionado em Fonoaudiologia I
170
ICS __ Estágio em Linguagem I (68) ICS __ Estágio em Saúde Coletiva I (68)
136
13. ICS089 – Estágio Supervisionado em Audiologia I
153 ICS __ Clínica em Audiologia (68) ICS __ Seminário Interdisciplinar em Fonoaudiologia (68)
136
14. ICS092 - Estágio Supervisionado em Fonoaudiologia II
306
ICS __ Estágio em Linguagem II (68) ICS __ Estágio em Voz I (68) ICS __ Estágio em MO I (68) ICS __ Estágio em Saúde Coletiva II (68)
272
15. ICS093 - Estágio Supervisionado em Audiologia II
204 ICS __ Estágio em Audiologia I (136) ICS __ Seminário Interdisciplinar em Fonoaudiologia (34)
170
16. ICS094 – Fonoaudiologia em Saúde Coletiva
51 ICS __ Saúde Coletiva e Fonoaudiologia (51) 51
17. ICS095 Métodos e Técnicas de Pesquisa em Fonoaudiologia I
51 ICS __ Projeto de Pesquisa I (34) ICS __ Política, Planejamento e Gestão I (34)
68
18. ICS096 - Estágio Supervisionado em Fonoaudiologia III
306
ICS __ Estágio em Linguagem III (68) ICS __ Estágio em Voz II (68) ICS __ Estágio em MO II (68) ICS __ Práticas em Fonoaudiologia I (68)
272
19. ICS097 - Estágio Supervisionado em Audiologia III
204 ICS __ Estágio em Audiologia II (136) ICS __ Seminário Interdisciplinar em Fonoaudiologia (34)
170
20. ICS099 – Métodos e Técnicas de Pesquisa em Fonoaudiologia II
34 ICS __ Projeto de Pesquisa II (34) 34
21. ICS100 – Fonoaudiologia Estética 85 ICS __ Voz profissional (68) 68 22. ICS101 – Audiologia III 85 ICS __ Processamento Auditivo e Tecnologias de Reabilitação
Auditiva (34) ICS__ Avaliação e Reabilitação Vestibular (34)
68
23. ICS108 – Trabalho de Conclusão de Curso
68 ICS __ Pesquisa orientada (34) ICS __ Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação (34)
68
TOTAL 2703 2584
12. EMENTÁRIO DE COMPONENTES CURRICULARES NOVOS OU MODIFICADOS 12.1 COMPONENTES CURRICULARES NOVOS OBRIGATÓRIOS 1º SEMESTRE Nome e código do componente curricular: ISC__ INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA
Departamento: SAÚDE COLETIVA
Carga horária: 68 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: BÁSICA
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: 90 Ementa: Apresenta e discute o campo da Saúde Coletiva - histórico e conceitos, distinguindo os seus principais objetos de intervenção e de investigação. Temas principais incluem: o que é Saúde Coletiva e quais os conceitos básicos aplicados da epidemiologia, das ciências sociais, da gestão, do planejamento e das políticas de saúde; a saúde e sua relação com o ambiente, o modo e a qualidade da vida humana ao longo do seu curso; a relação entre saúde, sociedade e cultura; saúde e seus determinantes e condicionantes; cidadania e atenção à saúde; a história e os modelos de organização da atenção à saúde no Brasil; o SUS e seu financiamento; o processo de trabalho em saúde; o profissional de saúde e as suas práticas formais e informais; situação de saúde da população brasileira; fontes de informação em saúde; proteção e promoção da saúde; vigilância de riscos e agravos.
Nome e código do componente curricular: ICS 007 ANATOMIA I
Departamento: BIOMORFOLOGIA
Carga horária: 68 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: BÁSICA
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: T45 P15 Ementa: Introdução ao estudo da anatomia humana: conceito, divisão, constituição geral do corpo humano. Posição anatômica, planos e eixos. Conhecimento dos sistemas: esquelético, articular, muscular, circulatório, respiratório, digestório, urinário, genital masculino, genital feminino, endócrino e noções gerais sobre o sistema nervoso central e periférico. Integram-se esses conhecimentos às atividades práticas em laboratório.
Nome e código do componente curricular: ISC__SOCIEDADE, CULTURA E SAÚDE I
Departamento: SAÚDE COLETIVA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: BÁSICA
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: 90 Ementa: Relação Saúde, Sociedade e Cultura. Determinantes sociais e saúde. Historicidade dos conceitos de saúde e doença: os diferentes modelos explicativos. Focaliza os fenômenos sócio-econômicos e culturais relacionando-os à saúde enquanto estado vital, campo de saber e setor produtivo, analisando múltiplas dimensões que conformam tais fenômenos nas sociedades contemporâneas e no mundo globalizado.
Nome e código do componente curricular: ICS__ AUDIÇÃO E SAÚDE
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICO-PRÁTICA
Função: BÁSICA
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: 30 (T+P) Ementa: Fundamentos para promoção e prevenção em saúde auditiva de lactentes, escolares, adultos e idosos.
Nome e código do componente curricular:
ICS__ ANATOMIA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA Departamento: BIOMORFOLOGIA
Carga horária: 68 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: BÁSICA
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS 007 – Anatomia I Módulo de alunos: T45 P15 Ementa: A disciplina anatomia aplicada à Fonoaudiologia fundamenta no estudo detalhado dos sistemas envolvidos os processos fonoarticulatórios e no mecanismo da audição: o esqueleto cefálico e da coluna vertebral; os músculos da cabeça e do pescoço; os músculos da boca, da língua e da faringe relacionados com a mastigação e a deglutição; a Articulação Temporomandibular e demais articulações da cabeça e do pescoço; a laringe e demais estruturas relacionadas com o mecanismo da fonação; e a estrutura da orelha , bem como o estudo detalhado do sistema nervoso, incluindo a medula espinhal, o bulbo, a ponte, o mesencéfalo, o cerebelo, o diencéfalo, o telencéfalo, o estudo morfofuncional do sistema nervoso central e o estudo morfofuncional do sistema nervoso central e o estudo das vias medulo - encefálicas.
Nome e código do componente curricular: ICS __ HISTOLOGIA E EMBRIOLOGIA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA
Departamento: BIOMORFOLOGIA
Carga horária: 68 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: BÁSICA
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: T45 P15 Ementa: Estudo das características histológicas e funcionais dos tecidos básicos que constituem o corpo humano. Estudo do desenvolvimento embrionário e das alterações congênitas dos aparelhos auditivo e fonador. Estudo da estrutura e organização tecidual de órgãos do aparelho fonador, aparelho vestíbulo-coclear, articulação temporomandibular, aparelho digestório, sistema cardiovascular, aparelho respiratório e aparelho urinário.
Nome e código do componente curricular: ICS ___ FISIOLOGIA HUMANA BÁSICA
Departamento: BIO-REGULAÇÃO
Carga horária: 68 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: BÁSICA
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: T45 P15 Ementa: Estudo do funcionamento normal dos diversos sistemas e aparelhos do organismo humano (cardiovascular, respiratório, urinário e digestório), bem como o estudo dos fenômenos básicos e reguladores de seu funcionamento (mecanismos homeostáticos, sistema nervoso, sistema endócrino, músculo liso, aparelho locomotor), conferindo-se uma visão perspectiva do conceito de unidade biológica autônoma ao homem, no meio onde vive, e propiciando a facilitação da compreensão da homeostase e seus distúrbios.
3º SEMESTRE Nome e código do componente curricular: ICS ___ FISIOLOGIA APLICADA A FONOAUDIOLOGIA
Departamento: BIO-REGULAÇÃO
Carga horária: 68 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: BÁSICA
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS ___ FISIOLOGIA HUMANA BÁSICA ICS __ HISTOLOGIA E EMBRIOLOGIA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA
Módulo de alunos: T45 P15
Ementa: Estudo dos fenômenos básicos e reguladores do funcionamento do organismo humano: controle motor, sistema nervoso, aparelho auditivo (ouvido externo, médio, interno, cóclea, labirinto, vias auditivas periféricas e centrais), sistema estomatognático e fonoarticulatório, laringe, neurofisiologia da fala, voz e da linguagem, sistema endócrino, sistema respiratório e modificações fisiológicas do exercício físico.
Nome e código do componente curricular: ICS__ SAÚDE VOCAL
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 51h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICO-PRÁTICA
Função: BÁSICA
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: 30 (T+P) Anatomia e fisiologia dos órgãos da fonação. Desenvolvimento ontogenético da voz. Funções da laringe. Teorias da fonação. Conceito de voz normal e alterada. Classificação das disfonias. Cuidados com a Voz. Particularidades e usos da voz cantada. Particularidades e usos da voz falada. Oficinas de Voz. Qualidade de Vida e Voz. Promoção da saúde e prevenção da doença em voz. Pesquisas e atualidades em voz.
Nome e código do componente curricular: ICS__METODOLOGIA CIENTÍFICA
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: BÁSICA
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: 30(T+P) Ementa: Teorias do conhecimento científico. Metodologia da produção de trabalhos acadêmicos e científicos. Normatização. Pesquisa bibliográfica. Apresentação do trabalho científico.
Nome e código do componente curricular: ICS ___ PROCESSOS DE AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA COMUNICAÇÃO HUMANA
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 51 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICO-PRÁTICA
Função: BÁSICA
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: 30(T+P) Ementa: Contribuições teóricas da psicologia e lingüística para o entendimento das questões estruturais concernentes a aquisição da linguagem. Estudo do desenvolvimento normal da linguagem nos níveis: pragmático, discursivo, fonético, fonológico, semântico e morfossintático. Tópicos avançados no estudo da aquisição da linguagem.
Nome e código do componente curricular: ISC__ EPIDEMIOLOGIA E INFORMAÇÃO I
Departamento: SAÚDE COLETIVA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: BÁSICA
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: 90 Ementa: Introdução à Epidemiologia. Epidemiologia em Saúde Coletiva. Apresentam-se os principais conceitos, usos e métodos. Dá-se ênfase nas aplicações da epidemiologia nos serviços de saúde, no planejamento, definição de políticas públicas e no campo da prática científica. Os alunos devem ao final da disciplina: a) entender os principais conceitos e utilizar métodos disponíveis, compreendendo as suas potencialidades e limitações; b) conhecer as principais medidas epidemiológicas, os sistemas de produção de informações epidemiológicas; c) conhecer e utilizar as abordagens básicas para descrição e análise dos padrões epidemiológicos da população e seus determinantes. Compreender os principais aspectos epidemiológicos das doenças infecciosas e parasitárias; identificar as características epidemiológicas das doenças não-transmissíveis e crônico-degenerativas mais relevantes do perfil epidemiológico brasileiro. Abordam-se os fundamentos teórico-conceituais do campo da informação em saúde e as principais fontes de dados nos sistemas nacionais de informação em saúde. Apresentam-se técnicas de leitura e interpretação crítica de artigos relevantes no campo da epidemiologia e dos métodos quantitativos e suas aplicações em saúde coletiva.
Nome e código do componente curricular: ICS__ FUNDAMENTOS EM MOTRICIDADE OROFACIAL
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 51 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICO-PRÁTICA
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__ ANATOMIA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA
Módulo de alunos: 30 (T+P)
Ementa: Estudo no campo da motricidade orofacial, compreendendo a relação de dependência morfofuncional entre os componentes do Sistema Estomatognático. Conhecimento acerca do crescimento e desenvolvimento das estruturas, reflexos e funções do sistema estomatognático nos diferentes ciclos de vida, envolvendo desde a fase intra-uterina até o envelhecimento. Incentivo à discussão e elaboração de estratégias facilitadoras para promoção da saúde e prevenção dos transtornos deste Sistema. Aprofundamento quanto aos princípios terapêuticos aplicados à Motricidade Orofacial. Atualidades em Motricidade Orofacial.
Nome e código do componente curricular: ICS__ AUDIOLOGIA CLÍNICA
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 68 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICA E PRÁTICA COM MÓDULOS DIFERENCIADOS
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__ ANATOMIA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA
Módulo de alunos: 45T 15P
Ementa: Métodos de avaliação audiológica básica em adultos. Anamnese, audiometria tonal, vocal, medidas de imitância acústica e testes complementares. Interface entre a saúde auditiva do adulto, métodos diagnósticos e a saúde coletiva. Pesquisa e atualidades em avaliação audiológica básica.
Nome e código do componente curricular ICS ___ LINGUAGEM E ALTERAÇÕES DA COMUNICAÇÃO ORAL
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 51 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICO-PRÁTICA
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS ___ PROCESSO DE AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA COMUNICAÇÃO HUMANA
Módulo de alunos: 30 (T+P)
Ementa: Contribuições teóricas para o entendimento dos Distúrbios Específicos da Linguagem: conceito, classificação e fatores etiológicos. Distúrbio de Linguagem: conceito, classificação e fatores etiológicos. Transtorno Invasivo Desenvolvimento: conceito, classificação e fatores etiológicos. Avaliação da Linguagem em crianças com e sem oralidade. Estudo do diagnóstico diferencial das alterações de linguagem. Diversas abordagens no tratamento das alterações da linguagem infantil. Tópicos avançados em linguagem e suas alterações na infância. Ação de promoção da saúde na linguagem oral.
4º SEMESTRE Nome e código do componente curricular: ICS__AUDIOLOGIA INFANTIL
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICO-PRÁTICA
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: AUDIOLOGIA CLÍNICA Módulo de alunos: 30 (T+P) Ementa: Desenvolvimento das habilidades auditivas. Métodos de avaliação da audição em crianças. Interface entre a saúde auditiva infantil, métodos diagnósticos e a saúde coletiva. Pesquisa e atualidades em avaliação audiológica infantil.
Nome e código do componente curricular: ICS ___ LINGUAGEM E TRANSTORNOS DE FALA NA INFÂNCIA
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 51 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICO-PRÁTICA
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: LET 396 – FONÉTICA E FONOLOLOGIA ICS ____ - PROCESSOS DE AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA COMUNICAÇÃO HUMANA
Módulo de alunos: 30 (T+P)
Ementa: Contribuições teóricas para o entendimento dos desvios fonéticos. Desvio Fonológico: conceito, classificação e fatores etiológicos. Avaliação da Linguagem nos aspectos fonéticos e fonológicos. Diversas abordagens no tratamento dos desvios fonéticos e fonológicos. Tópicos avançados em linguagem e desvios fonéticos e fonológicos. Ação de promoção da saúde na linguagem oral. Fissura lábio-Palatal e atuação multidisciplinar.
Nome e código do componente curricular: ICS__DISFONIAS FUNCIONAIS E ORGANOFUNCIONAIS
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 68 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICO-PRÁTICA
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__ ANATOMIA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA ICS__ FISIOLOGIA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA ICS__ SAÚDE VOCAL
Módulo de alunos: 30 (T+P)
Disfonias Funcionais. Disfonias Organofuncionais. Disfonias Psicogênicas. Disfonias por Alteração de Muda Vocal. Fendas. Alterações Estruturais Mínimas. Distúrbios de Voz Relacionados ao Trabalho. Procedimentos de intervenção nas disfonias funcionais e organofuncionais: triagem, avaliação, diagnóstico, orientação, terapia, conduta e alta fonoaudiológica. Avaliação perceptivo-auditiva e análise acústica da voz. Métodos e técnicas aplicados à terapia vocal. Qualidade de Vida e Voz. Aspectos epidemiológicos, de prevenção e promoção da saúde na clínica de voz. Interdisciplinaridade. Pesquisas e atualidades em voz clínica.
Nome e código do componente curricular: ICS__ MOTRICIDADE OROFACIAL NOS DISTÚRBIOS MIOFUNCIONAIS ORAIS I
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 68 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICO-PRÁTICA
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: FUNDAMENTOS EM MOTRICIDADE OROFACIAL
Módulo de alunos: 30 (T+P)
Ementa: Estudo dos distúrbios miofuncionais orofaciais decorrentes do desequilíbrio das funções estomatognáticas. Favorecimento do aprendizado acerca dos métodos e técnicas de reabilitação (limitações e contribuições terapêuticas). Incentivo à discussão e elaboração de estratégias facilitadoras para promoção da saúde e prevenção dos transtornos deste Sistema. Desenvolvimento de ações interdisciplinares envolvendo a Motricidade Orofacial e as diversas especialidades (Pediatria, Otorrinolaringologia, Odontopediatria, Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares, Prótese Dentária). Conhecimentos avançados em Motricidade Orofacial.
Nome e código do componente curricular: ISC__POLÍTICA, PLANEJAMENTO E GESTÃO EM SAÚDE I
Departamento: SAÚDE COLETIVA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: BÁSICA
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: 90 Ementa: Elementos teóricos e metodológicos para a análise das políticas de saúde: as teorias do Estado, o debate sobre a crise do “welfare state”, movimentos sociais e a burocracia/pessoal do Estado. Análise do processo histórico do desenvolvimento das políticas de saúde no Brasil, com ênfase na análise da conjuntura atual, das perspectivas da Reforma Sanitária Brasileira e do processo de construção do SUS. Reforma Sanitária, modelos assistenciais e vigilância da saúde.
5º SEMESTRE Nome e código do componente curricular: LET __ LIBRAS I LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS NÍVEL 1
Departamento: LETRAS VERNÁCULAS
Carga horária: 68 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: 30 Ementa: Estudos das características biológicas, socioculturais e lingüísticas do surdo, através do exame de seu desenvolvimento lingüístico e sua inserção na sociedade e dos aspectos educacionais envolvidos em sua formação. Prática das estruturas básicas da LIBRAS.
Nome e código do componente curricular: ISC__ VIGILÂNCIA E PROMOÇÃO DA SAÚDE I
Departamento: SAÚDE COLETIVA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: BÁSICA
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: 90 Ementa: A prática do profissional em Saúde Coletiva pressupõe um conjunto articulado de ações, atividades e intervenções voltadas para a promoção da saúde. Sob este entendimento esta disciplina apresenta e discute os modelos de atenção com vistas a iniciar a preparação prática dos profissionais em saúde coletiva para atuar na atenção integral à saúde individual e coletiva, na perspectiva do modelo de vigilância em saúde. Conceitos de promoção da saúde, vigilância epidemiológica e vigilância sanitária são apresentados e discutidos. Atividades práticas serão integradas às demais disciplinas do curso, privilegiando-se os sistemas locais de saúde e o Programa de Saúde da Família.
Nome e código do componente curricular: ISC__ EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM SAÚDE I
Departamento: SAÚDE COLETIVA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: BÁSICA
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: 90 Ementa: Discutem-se modelos conceituais de Comunicação e Educação. Analisam-se as práticas institucionais de Comunicação e Educação em Saúde para a promoção da saúde, considerando o contexto social e o processo político institucional em que se desenvolvem bem como sua adequação às necessidades de saúde da população.
Nome e código do componente curricular: ICS__ AVALIAÇÃO OBJETIVA DA AUDIÇÃO
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICO-PRÁTICA
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__ AUDIOLOGIA CLÍNICA
Módulo de alunos: 30(T+P)
Ementa: Métodos de avaliação objetiva da audição. Pesquisa das emissões otoacústicas e dos potenciais evocados auditivos. Interface entre a saúde auditiva, métodos diagnósticos objetivos e a saúde coletiva. Pesquisa e atualidades em avaliação objetiva da audição.
Nome e código do componente curricular: ICS ___ LINGUAGEM ESCRITA
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 51 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICO-PRÁTICA
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: 30(T+P) Ementa: Estudo da aquisição e do desenvolvimento normal da leitura e da escrita. Métodos de alfabetização. Dificuldades e distúrbios de leitura e escrita. Diferentes abordagens teórico-metodológicas de avaliação e tratamento dos problemas de leitura-escrita e dos distúrbios de aprendizagem.
Nome e código do componente curricular: DISFONIAS ORGÂNICAS
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICO-PRÁTICA
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__ ANATOMIA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA ICS__ FISIOLOGIA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA ICS__ SAÚDE VOCAL
Módulo de alunos: 30(T+P)
Ementa: Disfonias Orgânicas. Disfonias Neurológicas. Disfonias por Refluxo Gastresofágico. Disfonias Endocrinológicas. Disfonias Psiquiátricas. Disfonias Congênitas. Procedimentos de intervenção nas disfonias orgânicas: avaliação, diagnóstico, orientação, terapia, conduta e alta fonoaudiológica. Avaliação perceptivo-auditiva e análise acústica da voz. Métodos e técnicas aplicados à terapia vocal. Qualidade de vida em voz. Aspectos epidemiológicos, de prevenção e promoção da saúde na clínica de voz. Interdisciplinaridade. Pesquisas e atualidades em voz clínica.
Nome e código do componente curricular: MOTRICIDADE OROFACIAL NOS DISTÚRBIOS MIOFUNCIONAIS ORAIS II
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICO-PRÁTICA
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__ FUNDAMENTOS EM MOTRICIDADE OROFACIAL
Módulo de alunos: 30(T+P)
Ementa: Estudo sobre as Dores Orofaciais, Disfunção Temporomandibular (DTM), Traumatismos Faciais e Cirurgia Ortognática. Compreensão dos mecanismos envolvidos na nocicepção e percepção da dor. Conhecimento das principais patologias relacionadas à Articulação Temporomandibular, envolvendo o tratamento cirúrgico e conservador. Identificação das características miofuncionais orofaciais nas Desproporções Maxilomandibulares, bem como da contribuição fonoaudiológica nas fases pré e pós-cirúrgica das bases ósseas do complexo craniomandibular. Incentivo a um ensino reflexivo envolvendo as possibilidades de promoção à saúde inseridos em um contexto transdisciplinar com associação da Fonoaudiologia com a as especialidades da Cirurgia e traumatologia Bucomaxilofacial e da DTM e Dor Orofacial.
Nome e código do componente curricular: ICS __ LINGUAGEM E ENVELHECIMENTO
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: MED 240 NEUROLOGIA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA
Módulo de alunos: 30(T+P)
Ementa: Contribuições teóricas para o entendimento dos transtornos de linguagem de origem neurológica em adultos. Estudo dos conceitos classificação e fatores etiológicos associados às alterações de linguagem associado à Afasia, Traumatismo Cranioencefálico e Demências. Avaliação da linguagem em adultos nas vertentes contextualizada e descontextualizada. Estudo do diagnóstico diferencial e diversas abordagens no tratamento dos transtornos de linguagem de origem neurológica em adultos. Comunicação alternativa e suplementar na reabilitação dos transtornos de linguagem. Tópicos avançados em linguagem e suas alterações na fase adulta e senescência. Ação de promoção da saúde da linguagem na fase adulta e senescência.
6º SEMESTRE Nome e código do componente curricular: ICS__PROCESSAMENTO AUDITIVO E TECNOLOGIAS DE REABILITAÇÃO AUDITIVA
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICO-PRÁTICA
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__AUDIOLOGIA CLÍNICA ICS__ AUDIOLOGIA INFANTIL
Módulo de alunos: 30(T+P)
Ementa: Habilidades auditivas. Métodos de avaliação e reabilitação do processamento auditivo. Conceito, características eletroacústicas, seleção e adaptação de dispositivos eletrônicos de amplificação sonora. Implante coclear. Interface entre a saúde auditiva, métodos diagnósticos, de reabilitação e a saúde coletiva. Pesquisa e atualidades em processamento auditivo e tecnologias de reabilitação auditiva.
Nome e código do componente curricular: ICS__ SAÚDE COLETIVA E FONOAUDIOLOGIA
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 51 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICO-PRÁTICA
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA ISC__POLÍTICA, PLANEJAMENTO E GESTÃO EM SAÚDE I
Módulo de alunos: 30(T+P)
Ementa: Estudo da história das políticas de saúde no Brasil e suas intersecções com a fonoaudiologia. Reflexões a cerca dos modelos de Atenção em saúde no Brasil e suas implicações com a mudança de paradigma dos processos de saúde/doença e cuidado da clínica fonoaudiológica na Saúde Coletiva. Fomentar discussões e análises sobre o Estado democrático e suas repercussões na gestão dos serviços de saúde no planejamento e na avaliação das ações no interior do serviço assim como as extramuros, nos atendimentos individuais e em grupo subsidiado pelos conceitos de intersetorialidade em Saúde, Promoção da Saúde e empoderamento local.
Nome e código do componente curricular: ICS ___ FLUÊNCIA
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICO-PRÁTICA
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: 30(T+P) Ementa: Compreender a relação entre a comunicação e fluência. Estudo da gagueira: conceito, classificação e fatores etiológicos. Procedimentos de avaliação na fluência diferenciando a abordagem contextualizada e a descontextualizada. Diagnóstico diferencial entre gagueira e disfluência fisiológica. Distúrbio da fluência na infância, procedimento de avaliação e abordagem terapêutica. Distúrbio da fluência em adultos, procedimento de avaliação e diferentes abordagens terapêuticas. Ação de promoção da saúde na linguagem e fluência. Tópicos avançados em fluência.
Nome e código do componente curricular: ICS__FONONCOLOGIA
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICO-PRÁTICA
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__ ANATOMIA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA ICS__ FISIOLOGIA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA ICS__ SAÚDE VOCAL
Módulo de alunos: 30(T+P)
Ementa: Câncer de boca, da orofaringe e da rinofaringe. Câncer de laringe. Procedimentos de intervenção nas disfonias por câncer de cabeça e pescoço: avaliação, diagnóstico, orientação, terapia, conduta e alta fonoaudiológica. Avaliação perceptivo-auditiva e análise acústica da voz. Métodos e técnicas aplicados à terapia vocal. Qualidade de vida e voz em Fononcologia. Aspectos epidemiológicos, de prevenção e promoção da saúde em Fononcologia. Interdisciplinaridade. Pesquisas e atualidades em Fononcologia.
Nome e código do componente curricular: ICS__ MOTRICIDADE OROFACIAL NAS NEUROPATIAS INFANTIS
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICO-PRÁTICA
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: FUNDAMENTOS EM MOTRICIDADE OROFACIAL
Módulo de alunos: 30(T+P)
Ementa: Conhecimentos relativos ao campo da motricidade orofacial, através do estudo das alterações do Sistema Sensório Motor Oral, de etiologia neurológica, na prematuridade e infância. Contribuições fonoaudiológicas na promoção de saúde, bem como na prevenção, habilitação e reabilitação das alterações deste Sistema. Desenvolvimento de ações interdisciplinares envolvendo a Motricidade Orofacial e as diversas especialidades (neonatologia, neuropediatra, fisioterapia, psicologia e terapia ocupacional). Conhecimentos avançados em Motricidade Orofacial.
7º SEMESTRE Nome e código do componente curricular: ICS__ VOZ PROFISSIONAL
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 68 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICA E PRÁTICA COM MÓDULOS DIFERENCIADOS
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__ SAÚDE VOCAL ICS__ DISFONIAS FUNCIONAIS E ORGANOFUNCIONAIS
Módulo de alunos: 45T 15P
Ementa: Demanda vocal em voz profissional. Profissionais da voz cantada. Profissionais da voz falada. A voz, fala e gestos como ferramenta para uma comunicação mais eficaz. A voz nas artes (cantores, atores). Voz e meios de comunicação (jornalistas, locutores e apresentadores de TV). Voz e marketing (operadores de telemarketing e call center, vendedores e empresários). Voz na política. Prevenção e promoção de saúde relacionadas ao uso profissional da voz. Expressividade vocal. Aperfeiçoamento da voz. Programas de Saúde Vocal. Atuação interdisciplinar. Atualidades e pesquisas em voz profissional.
Nome e código do componente curricular: ICS__ MOTRICIDADE OROFACIAL NAS NEUROPATIAS EM ADULTOS
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 68 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICA E PRÁTICA COM MÓDULOS DIFERENCIADOS
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__ FUNDAMENTOS EM MOTRICIDADE OROFACIAL
Módulo de alunos: 45T 05P
Ementa: Conhecimentos relativos ao campo da motricidade orofacial, através do estudo dos transtornos do Sistema Estomatognático de etiologia neurogênica. Estudo e pesquisa das abordagens fonoaudiológicas envolvidas na habilitação, reabilitação e gerenciamento dos transtornos de alimentação (disfagias), comunicação (disartrias e dispraxias). Discussão acerca das condutas interdisciplinares e os conceitos de saúde, doença, qualidade de vida e o luto na área da saúde. Desenvolvimento de ações interdisciplinares em pacientes agudos e crônicos, envolvendo a Motricidade Orofacial e as diversas especialidades (neurologia, oncologia, fisioterapia, geriatria, nutrição, psicologia, psiquiatria e terapia ocupacional). Conhecimentos avançados em Motricidade Orofacial.
Nome e código do componente curricular: PROJETO DE PESQUISA I
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICO-PRÁTICA
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: METODOLOGIA CIENTÍFICA
Módulo de alunos: 30 (T+P)
Ementa: Tipos de estudos científicos. Etapas da elaboração e redação de um projeto de pesquisa. Noções de estatística em saúde.
Nome e código do componente curricular: ICS__ AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO VESTIBULAR
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICO-PRÁTICA
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__ AUDIOLOGIA CLÍNICA
Módulo de alunos: 30 (T+P)
Ementa: Métodos de avaliação e reabilitação vestibular. Interface entre o equilíbrio, métodos diagnósticos, de reabilitação e a saúde coletiva. Pesquisa e atualidades em avaliação e reabilitação vestibular.
Nome e código do componente curricular: ICS ___ LINGUAGEM E TRANSTORNOS NEUROLÓGICOS NA INFÂNCIA
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICO-PRÁTICA
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: MED240 NEUROLOGIA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA ICS ___ - PROCESSOS DE AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA COMUNICAÇÃO HUMANA
Módulo de alunos: 30 (T+P)
Ementa: Lesões do sistema nervoso central e periférico, promovendo alterações da fala, da linguagem e da audição. Síndromes genéticas com malformações crânio-faciais. Etiologia e manifestações dos distúrbios da comunicação resultante de alterações neurológicas na infância. Disartria e paralisia cerebral.
Nome e código do componente curricular: ICS__ ESTÁGIO EM SAÚDE COLETIVA I
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 68 h
Modalidade: ESTÁGIO COM ACOMPANHAMENTO INDIVIDUAL OU EM PEQUENOS GRUPOS
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ISC__INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA ISC__POLÍTICA, PLANEJAMENTO E GESTÃO EM SAÚDE I ICS__SAÚDE COLETIVA E FONOAUDIOLOGIA
Módulo de alunos: 6E
Ementa: Atendimento fonoaudiológico generalista na Unidade Básica de Saúde (UBS). Desenvolvimento do modelo de atenção saúde e cuidado aos usuários e instituições durante as ações extramuros. Planejamento das ações em Saúde Coletiva.
8º SEMESTRE Nome e código do componente curricular: ICS__ FONOAUDIOLOGIA EM AMBIENTE HOSPITALAR
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICO-PRÁTICA
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: Não há
Módulo de alunos: 30(T+P)
Ementa: Estudo sobre atuação de o fonoaudiólogo no ambiente hospitalar. Políticas públicas de saúde e hospital. Ética, bioética e biossegurança. Rotinas e equipamentos hospitalares. Registros em prontuários. Aspectos psíquicos dos pacientes hospitalizados. Interação Fonoaudiólogo e cuidador no ambiente hospitalar. Interdisciplinaridade e Transdiciplinaridade. Fonoaudiologia em Home Care
Nome e código do componente curricular: ICS__ CLÍNICA EM AUDIOLOGIA
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 68 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICO-PRÁTICA EM LABORATÓRIO OU CAMPO
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__ AUDIOLOGIA CLÍNICA
Módulo de alunos: 10P
Ementa: Observação e prática dos procedimentos de avaliação audiológica básica em adultos e crianças. Discussão de casos clínicos.
Nome e código do componente curricular: ICS__ ESTÁGIO EM SAÚDE COLETIVA II
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 68 h
Modalidade: ESTÁGIO COM ACOMPANHAMENTO INDIVIDUAL OU EM PEQUENOS GRUPOS
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ISC__INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA ISC__POLÍTICA, PLANEJAMENTO E GESTÃO EM SAÚDE I ICS__SAÚDE COLETIVA E FONOAUDIOLOGIA
Módulo de alunos: 6E
Ementa: Atendimento fonoaudiológico generalista na Unidade Básica de Saúde (UBS). Desenvolvimento do modelo de atenção saúde e cuidado aos usuários e instituições durante as ações extramuros. Planejamento das ações em Saúde Coletiva.
Nome e código do componente curricular: ICS__ ESTÁGIO EM LINGUAGEM I
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 68 h
Modalidade: ESTÁGIO COM ACOMPANHAMENTO INDIVIDUAL OU EM PEQUENOS GRUPOS
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__ LINGUAGEM E ALTERAÇÕES DA COMUNICAÇÃO ORAL; ICS__ LINGUAGEM E TRANSTORNOS DE FALA NA INFÂNCIA; ICS__ LINGUAGEM E ENVELHECIMENTO ICS__ LINGUAGEM E TRANSTORNOS NEUROLÓGICOS NA INFÂNCIA; ICS__ FLUÊNCIA; ICS__ SURDEZ E LINGUAGEM; ICS__ LINGUAGEM ESCRITA
Módulo de alunos: 6
Ementa: Atendimento clínico em grupo e/ou individual com discussão teórico-prática envolvendo os distúrbios da linguagem oral e escrita e surdez, bem como a relação terapeuta-paciente e a construção do raciocínio clínico-fonoaudiológico.
Nome e código do componente curricular: ICS__ESTÁGIO EM MOTRICIDADE OROFACIAL I
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 68 h
Modalidade: ESTÁGIO COM ACOMPANHAMENTO INDIVIDUAL OU EM PEQUENOS GRUPOS
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__MOTRICIDADE OROFACIAL NOS DISTÚRBIOS MIOFUNCIONAIS I ICS__MOTRICIDADE OROFACIAL NOS DISTÚRBIOS MIOFUNCIONAIS II
Módulo de alunos: 6E
Ementa: Atendimento fonoaudiológico junto a pacientes que apresentam Distúrbios Miofuncionais Orofaciais. Desenvolvimento do raciocínio clínico e condutas terapêuticas.
Nome e código do componente curricular: ICS__ESTÁGIO EM VOZ I
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 68 h
Modalidade: ESTÁGIO COM ACOMPANHAMENTO INDIVIDUAL OU EM PEQUENOS GRUPOS
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__ DISFONIAS FUNCIONAIS E ORGANOFUNCIONAIS ICS__ DISFONIAS ORGÂNICAS ICS__ FONONCOLOGIA
Módulo de alunos: 6E
Ementa: Atendimento fonoaudiológico junto a pacientes que apresentam alterações vocais. Desenvolvimento do raciocínio clínico.
Nome e código do componente curricular: ICS__ PROJETO DE PESQUISA II
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICA E PRÁTICA COM MÓDULOS DIFERENCIADOS
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__ PROJETO DE PESQUISA I
Módulo de alunos: 45T 15P
Ementa: Qualificação do projeto de Trabalho de Conclusão de Curso em Fonoaudiologia. Ética na pesquisa com seres humanos. Planejamento da coleta de dados. Uso de recursos para compilação, gerenciamento e análise de dados. Métodos de análise qualitativa e quantitativa.
9º SEMESTRE Nome e código do componente curricular: ICS__ PRÁTICAS FONOAUDIOLÓGICAS I
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 68 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICA E PRÁTICA COM MÓDULOS DIFERENCIADOS
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__AVALIAÇÃO OBJETIVA DA AUDIÇÃO ICS__ MOTRICIDADE OROFACIAL NOS DISTÚRBIOS MIOFUNCIONAIS ORAIS II LET__ LIBRAS I ICS085 SURDEZ E LINGUAGEM ICS__DISFONIAS FUNCIONAIS E ORGANOFUNCIONAIS ICS__ FONONCOLOGIA
Módulo de alunos: 45T 5P
Ementa: Promoção da saúde, prevenção, diagnóstico e reabilitação dos distúrbios da comunicação e das funções orofaciais.
Nome e código do componente curricular: ICS__ ESTÁGIO EM AUDIOLOGIA I
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 136 h
Modalidade: ESTÁGIO COM ACOMPANHAMENTO INDIVIDUAL OU EM PEQUENOS GRUPOS
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__ CLÍNICA EM AUDIOLOGIA
Módulo de alunos: 6E
Ementa: Atuação clínica supervisionada em avaliação audiológica básica de adultos e crianças. Discussão de casos clínicos. Atualidades em métodos de avaliação e reabilitação da audição.
Nome e código do componente curricular: ICS__ ESTÁGIO EM LINGUAGEM II
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 68 h
Modalidade: ESTÁGIO COM ACOMPANHAMENTO INDIVIDUAL OU EM PEQUENOS GRUPOS
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__ ESTÁGIO EM LINGUAGEM I
Módulo de alunos: 6E
Ementa: Atendimento clínico individual com discussão teórico-prática envolvendo os distúrbios da linguagem oral e escrita, bem como a relação terapeuta-paciente e a construção do raciocínio clínico-fonoaudiológico.
Nome e código do componente curricular: ICS__ ESTÁGIO EM VOZ II
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 68 h
Modalidade: ESTÁGIO COM ACOMPANHAMENTO INDIVIDUAL OU EM PEQUENOS GRUPOS
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__ ESTÁGIO EM VOZ I
Módulo de alunos: 6E
Ementa: Atendimento fonoaudiológico a pacientes que apresentam alterações vocais. Aprimoramento do raciocínio clínico. Correlação entre avaliação perceptivo-auditiva, visual e acústica (AVA).
Nome e código do componente curricular: ICS__ ESTÁGIO EM MOTRICIDADE OROFACIAL II
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 68 h
Modalidade: ESTÁGIO COM ACOMPANHAMENTO INDIVIDUAL OU EM PEQUENOS GRUPOS
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__ MOTRICIDADE OROFACIAL NAS NEUROPATIAS EM ADULTOS ICS__ MOTRICIDADE OROFACIAL NAS NEUROPATIAS INFANTIL
Módulo de alunos: 6E
Ementa: Atendimento fonoaudiológico a pacientes que apresentam Distúrbios Miofuncionais Orofaciais. Aprofundamento do raciocínio clínico e condutas terapêuticas.
Nome e código do componente curricular: ICS__ PESQUISA ORIENTADA
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 34 h
Modalidade: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO COM ACOMPANHAMENTO INDIVIDUAL
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__ PROJETO DE PESQUISA II
Módulo de alunos: 5P
Ementa: Acompanhamento individual ou em grupo dos projetos de Trabalho de Conclusão de Curso em Fonoaudiologia. Coleta de dados em campo. Uso de recursos para compilação, gerenciamento e análise de dados.
10º SEMESTRE Nome e código do componente curricular: ICS__ PRÁTICAS FONOAUDIOLÓGICAS II
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 68 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICA E PRÁTICA COM MÓDULOS DIFERENCIADOS
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__PROCESSAMENTO AUDITIVO E TECNOLOGIAS DE REABILITAÇÃO AUDITIVA ICS__MOTRICIDADE OROFACIAL NAS NEUROPATIAS EM ADULTOS ICS__ LINGUAGEM E ALTERAÇÕES DA COMUNICAÇÃO ORAL ICS__ LINGUAGEM E TRANSTORNOS DE FALA NA INFÂNCIA ICS__VOZ PROFISSIONAL
Módulo de alunos: 45T 5P
Ementa: Promoção da saúde, prevenção, diagnóstico e reabilitação dos distúrbios da comunicação humana e das funções orofaciais.
Nome e código do componente curricular: ICS__ESTÁGIO EM AUDIOLOGIA II
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 136 h
Modalidade: ESTÁGIO COM ACOMPANHAMENTO INDIVIDUAL OU EM PEQUENOS GRUPOS
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__CLÍNICA EM AUDIOLOGIA
Módulo de alunos: 6E
Ementa: Atuação clínica supervisionada em avaliação audiológica básica de adultos e crianças. Discussão de casos clínicos. Atualidades em métodos de avaliação e reabilitação da audição.
Nome e código do componente curricular: ICS__ESTÁGIO EM FONOAUDIOLOGIA HOSPITALAR
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 68 h
Modalidade: ESTÁGIO COM ACOMPANHAMENTO INDIVIDUAL OU EM PEQUENOS GRUPOS
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__ FONOAUDIOLOGIA EM AMBIENTE HOSPITALAR ICS__ MOTRICIDADE OROFACIAL NAS NEUROPATIAS EM0 ADULTOS ICS__ AVALIAÇÃO OBJETIVA DA AUDIÇÃO ICS__ FONONCOLOGIA
Módulo de alunos: 6E
Ementa: Atuação clínica fonoaudiológica supervisionada à beira do leito. Atuação em Programa de Triagem Auditiva Neonatal em Hospital Maternidade.
Nome e código do componente curricular: ICS__ESTÁGIO EM LINGUAGEM III
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 68 h
Modalidade: ESTÁGIO COM ACOMPANHAMENTO INDIVIDUAL OU EM PEQUENOS GRUPOS
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__ESTÁGIO EM LINGUAGEM I
Módulo de alunos: 6E
Ementa: Atendimento clínico individual com discussão teórico-prática envolvendo os distúrbios da linguagem oral e escrita, bem como a relação terapeuta-paciente e a construção do raciocínio clínico-fonoaudiológico.
Nome e código do componente curricular: ICS__TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 34 h
Modalidade: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO COM ACOMPANHAMENTO INDIVIDUAL
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__PESQUISA ORIENTADA
Módulo de alunos: 5 P
Ementa: Redação científica. Figuras, tabelas e quadros. Apresentação oral de trabalho científico. Divulgação da produção científica.
COMPONENTES CURRICULARES NOVOS OBRIGATÓRIOS CURSADOS EM VÁRIOS SEMESTRES Nome e código do componente curricular: ICS__SEMINÁRIOS INTERDISCIPLINARES EM FONOAUDIOLOGIA
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 170 h
Modalidade: ATIVIDADE/SEMINÁRIO
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: 150 P Ementa: Atividade de caráter interdisciplinar a ser integralizada pelo aluno pela matrícula e frequência em cinco semestres, consecutivos ou não. Em sessões semanais de duas horas de duração, com a participação de estudantes de diferentes semestres do curso, docentes e convidados, serão discutidos temas transversais a profissões da área de saúde e educação, possibilitando a integração e a articulação entre os diversos temas de interesse e os conteúdos curriculares do Curso. Será estimulada a participação dos alunos, individualmente e em equipe, na preparação e apresentação dos temas selecionados. Teorias, técnicas e métodos, ética e participação social, aspectos da saúde coletiva e o Sistema Único de Saúde, aspectos político-institucionais, técnicos, com repercussão ou que instiguem a reflexão sobre a profissão, serão integrados na discussão dos temas.
Nome e código do componente curricular: ATIVIDADES COMPLEMENTARES
Departamento: COLEGIADO DE FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 100 h
Modalidade: ATIVIDADE COMPLEMENTAR
Função: COMPLEMENTAR
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: Não se aplica Módulo de alunos: Não se aplica Ementa: Conjunto de experiências e vivências acadêmicas livremente escolhidas pelos alunos, oferecidas pela Universidade Federal da Bahia ou outras instituições, com a finalidade de ampliar aprendizagens teóricas e práticas, por meio do aproveitamento de atividades extracurriculares, estudos e práticas independentes, presenciais e/ou à distância.
12.2 COMPONENTES CURRICULARES MODIFICADOS OBRIGATÓRIOS 12.2.1 REDUÇÃO DA CARGA HORÁRIA Nome e código do componente curricular: ICS073 FUNDAMENTOS EM FONOAUDIOLOGIA I
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICA
Função: BÁSICA
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: 30 T Ementa: Histórico da Fonoaudiologia. Origem e desenvolvimento no Brasil. A institucionalização do ensino acadêmico na formação profissional. Busca de um perfil profissional. Papel do Fonoaudiólogo.Campos de Atuação. Pesquisa em Fonoaudiologia em outras disciplinas. Fonoaudiologia no contexto internacional.
Nome e código do componente curricular: IPSA077 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Departamento: INSTITUTO DE PSICOLOGIA
Carga horária: 51 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: BÁSICA
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: IPSA001 PSICOLOGIA I Módulo de alunos: 30(T+P) Ementa: Princípios e questões fundamentais do desenvolvimento humano. Teorias do desenvolvimento humano. Marcos desenvolvimentais na infância, adolescência, vida adulta e velhice. Principais mudanças na percepção, memória, pensamento, emoção e motivação ao longo do desenvolvimento.
Nome e código do componente curricular: MED238 PATOLOGIA DOS ÓRGÃOS DA AUDIÇÃO E DA FONAÇÃO
Departamento: CIRURGIA
Carga horária: 68 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: BÁSICA
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS__ FISIOLOGIA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA
Módulo de alunos: 30(T+P)
Ementa: A disciplina tem por objetivo aprofundar o conhecimento do aluno nos aspectos gerais clínicos e cirúrgicos da Otorrinolaringologia com ênfase na Fonoaudiologia, permitindo o entendimento dos diagnósticos das afecções mais comuns no relacionamento interdisciplinar da Otorrinolaringologia e Fonoaudiologia.
Nome e código do componente curricular: ICS087 FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 51 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICA E PRÁTICA COM MÓDULOS DIFERENCIADOS
Função: Profissional
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS __ LINGUAGEM ESCRITA ICS__ SAÚDE VOCAL
Módulo de alunos: 45T 15P
Ementa: Métodos de alfabetização, aprendizagem da leitura e escrita. O papel do Fonoaudiólogo na escola pública, particular, creches, nas escolas especiais. Participação no planejamento escolar e na avaliação. Orientação a pais e professores. Aspectos de prevenção. Tiragem auditiva, voz e linguagem. Audiologia preventiva na escola.
Nome e código do componente curricular: ICS 085 SURDEZ E LINGUAGEM
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 68 h
Modalidade: DISCIPLINA TEÓRICA E PRÁTICA COM MÓDULOS DIFERENCIADOS
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: ICS ___ PROCESSOS DE AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ICS ___ LINGUAGEM ESCRITA
Módulo de alunos: 45T 15P
Ementa: Reflexões sobre aquisição e desenvolvimento da linguagem do surdo. Retrospectiva histórica da educação dos surdos até o momento atual. Abordagens terapêuticas. Avaliação e terapia fonoaudiológica. A escolarização e o processo de inclusão/integração. O ensino de Língua Portuguesa como segunda língua para surdos.
Nome e código do componente curricular: MED 240 NEUROLOGIA APLICADA À FONOAUDIOLOGIA
Departamento: NEUROCIÊNCIAS E SAÚDE MENTAL
Carga horária: 68 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OBRIGATÓRIA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: 30(T+P) Ementa: Noções básicas de Neurologia. Neurologia do desenvolvimento. Noções de clínica neurológica.. Grandes síndromes neurológicas.Encefalopatia da infância. Demências orgânicas no adulto. Patologias da fala, linguagem, atenção e da memória.Crises convulsivas e eletroencefalograma
12.3 COMPONENTES CURRICULARES NOVOS OPTATIVOS
Nome e código do componente curricular: ICS__ SAÚDE AUDITIVA DO TRABALHADOR
Departamento: FONOAUDIOLOGIA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: PROFISSIONAL
Natureza: OPTATIVA
Pré-requisito: AUDIOLOGIA CLÍNICA
Módulo de alunos: 30 (T+P)
Ementa: Fatores ambientais, ocupacionais e a saúde auditiva. Legislação. Programa de prevenção de perdas auditivas. Interface entre a audição, trabalho e a saúde coletiva. Pesquisa e atualidades em saúde auditiva do trabalhador.
Nome e código do componente curricular: ISC__ PRODUÇÃO E APLICAÇÃO DA INFORMAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA
Departamento: SAÚDE COLETIVA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: BÁSICA
Natureza: OPTATIVA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: 90 Ementa: Apresenta os principais aspectos do desenvolvimento da área de informação em saúde no Brasil, suas características político-institucionais e da incorporação de tecnologia. Discute os princípios teórico-conceituais específicos. Aborda temas relativos ao processo de produção de informações, sua qualidade, difusão e aplicação em serviços, em epidemiologia, em planejamento e avaliação, e em especial para apoio aos processos de decisão e gestão.
Nome e código do componente curricular: ISC__GESTÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE
Departamento: SAÚDE COLETIVA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: BÁSICA
Natureza: OPTATIVA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: 90 Ementa: Elementos teóricos e aplicados sobre o desenvolvimento, a difusão e o uso de tecnologias em saúde. Processo de tomada de decisão em avaliação e incorporação de tecnologias no SUS. Implicações médicas, sociais, éticas e econômicas da adoção ou não-adoção de tecnologias em saúde.
Nome e código do componente curricular: ISC__A PESQUISA ETNOGRÁFICA EM SAÚDE COLETIVA
Departamento: SAÚDE COLETIVA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: BÁSICA
Natureza: OPTATIVA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: 90 Ementa: A trajetória histórica da etnografia e suas transformações no contexto atual da pesquisa acadêmica. A etnografia contemporânea na pesquisa em saúde coletiva: novos objetos e campos. As diferentes etapas do trabalho de campo: exploração x imersão. Ferramentas básicas: observação participante e entrevista. A produção do texto etnográfico. Questões éticas e políticas que permeiam as relações entre o investigador e o grupo de estudo.
Nome e código do componente curricular: ISC__ ESTATÍSTICA EM SAÚDE
Departamento: SAÚDE COLETIVA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: BÁSICA
Natureza: OPTATIVA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: 90 Ementa: Conhecer as principais técnicas estatísticas aplicadas aos estudos em saúde coletiva e na interpretação de artigos científicos. Conceitos e métodos aplicados na coleta, organização, descrição, análise, apresentação, interpretação de dados e sua utilização para a tomada de decisão em saúde. Planejamento estatístico em saúde. Conceito de variável, natureza e nível de mensuração de variáveis. Construção e interpretação de tabelas e gráficos. Estatística descritiva: medidas de tendência central e de dispersão. Análise descritiva dos dados: univariada e bivariada. Probabilidade básica e aplicações em estudos em saúde. Modelos probabilísticos básicos: distribuição normal e binomial. Conceito e processos de amostragem; definição de tamanho de amostras. Introdução à inferência estatística em saúde. Acurácia e reprodutibilidade. Intervalos de confiança. Erro inferencial. Análise de dados em saúde usando estatística descritiva e inferência estatística. Razões de indicadores em saúde. Análise de variância. Modelos de regressão linear e logística.
Nome e código do componente curricular: ISC__POLÍTICA, PLANEJAMENTO E GESTÃO EM SAÚDE II
Departamento: SAÚDE COLETIVA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: BÁSICA
Natureza: OPTATIVA
Pré-requisito: ISC__POLÍTICA, PLANEJAMENTO E GESTÃO EM SAÚDE I
Módulo de alunos: 90
Ementa: Origens e desenvolvimento da planificação em saúde na América Latina: da técnica CENDES-OPS ao enfoque estratégico-situacional. Formulação de políticas, planos e programas de saúde. Planejamento de saúde no Brasil: correntes de pensamento e propostas metodológicas: a) Planejamento como tecnologia de gestão de sistemas e serviços de saúde; b) Planejamento e reorganização do processo de trabalho em saúde: as ações programáticas; c) Planejamento e programação de ações integrais de saúde: a construção da vigilância em saúde. Planejamento em saúde no contexto da construção do SUS: antecedentes, situação atual e perspectivas. Planejamento de saúde nos diversos níveis de governo do SUS: Plano nacional de saúde, Plano estadual e saúde e Plano municipal de saúde. O planejamento e a programação nos Distritos Sanitários. Manejo de informações para a análise da situação de saúde da população, desenho da situação-objetivo, definição de estratégias de intervenção sobre problemas prioritários, elaboração de módulos operações-problemas.
Nome e código do componente curricular: ISC__ GÊNERO, RAÇA, SEXUALIDADE E SAÚDE
Departamento: SAÚDE COLETIVA
Carga horária: 34 h
Modalidade: DISCIPLINA
Função: BÁSICA
Natureza: OPTATIVA
Pré-requisito: Não há Módulo de alunos: 90 Ementa: Empregar um ‘enfoque de gênero’ em estudos de saúde leva à consideração de outras distinções sócio-culturais, tais como ‘raça’, ‘etnia’ e ‘classe’. O curso explora a abordagem destas diferenças em estudos de saúde, examinando a construção cultural e histórica dos significados de gênero e sexo e as suas interfaces com raça, etnia e classe social. As aulas exploram a geração dos significados e sua influência sobre a vivência do corpo e os processos de saúde e doença e focalizam os processos sociais e históricos em que os significados sobre gênero, etnia, raça e classe são construídos, negociados, impostos, ou combatidos. Desse modo, examina as relações sociais nas instituições de saúde (a clinica, o hospital) e nas instituições sociais cotidianas (a família, o casamento, o trabalho na esfera publica, a escola etc.). Ao examinar as estruturas e os processos sociais que constituem gênero e raça, traz para o centro da discussão a questão de poder.