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Língua Portuguesa Professora Eli Miguel Patrícia Quitéria 10.º ano, turma I, n.º 15 Ano letivo: 2011-2012

Patrícia Quitéria - 20 + 4 poemas

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Patrícia Quitéria, 10.º ano, n.º 15, turma I, Escola Artística António Arroio - Disciplina de Português - Professora Eli

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Língua Portuguesa

Professora Eli Miguel

Patrícia Quitéria 10.º ano, turma I, n.º 15 Ano letivo: 2011-2012

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Introdução

Referência bibliográfica

Poemas escolhidos:

-“Vêm de um céu”, de Eugénio de Andrade

- “A vida”, de Florbela Espanca

- “Lágrimas ocultas”, de Florbela Espanca

- “Os versos que te fiz”, de Florbela Espanca

- “Ser poeta”, de Florbela Espanca

- “Teus olhos”, de Florbela Espanca

- “Erros meus, má fortuna, amor ardente”, de Camões

- “O tempo acaba o ano, o mês e a hora”, de Camões

- “O cisne, quando sente ser chegada”, de Camões

- “Busque Amor novas artes, novo engenho”, de Camões

- “Destino”, de Almeida Garrett

- “A Cigarra e a Formiga”, de João de Deus

- “A Vida”, de João de Deus

-“Estrela”, de João de Deus

-“Minha mãe", de João de Deus

“Perdão”, de João de Deus

-“Manias”, de Cesário Verde…

-“Impossível”, de Cesário Verde

-“Lágrimas”, de Cesário Verde

-“Desejo”, ”, de Gonçalves Dias

O poema e a minha ilustração:

. Justificação da imagem

Conclusão

Anexos

4 fotografias e 4 textos de minha autoria

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Introdução

A professora de português propôs, como trabalho para o 2.º período, a

elaboração de um «dossiê poético», com um mínimo de 20 poemas diferentes

e, depois, proceder - com uma fotografia, gravura, escultura, desenho ou

pintura - à ilustração de um desses poemas. A imagem tinha de ser

devidamente justificada.

Desde logo, decidi dar o nome de «20 sonhos para rememorar» ao

meu trabalho, pois, não sendo grande conhecedora de poesia, entendi que

este trabalho me serviria para ficar mais enriquecida no conhecimento da arte

da escrita poética, não só no presente, mas também no futuro.

Assim, para a minha seleção do número de textos pedidos, comecei por

pesquisar em diferentes sítios da internet e, em seguida, escolhi os 20

pedidos,. Decidi também, porque me pareceu tornar o meu dossiê mais

apelativo, ilustrar todos os poemas, com imagens colhidas na internet. Para a

ilustração justificativa, optei por tirar uma fotografia, no local e com o

enquadramento que me pareceram mais adequados. Entendi por bem colocar ,

em anexo, mais quatro fotografias minhas, sobre as quais escrevi quatro

textos..

Oxalá tenham tanto prazer com este meu trabalho quanto eu tive ao

elaborá-lo!

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VÊM DE UM CÉU

Vêm de um céu antigo, um céu

talvez de ficção. Vejo-as chegar,

vejo-as partir. São aves

de passagem, não lhes sei o nome.

Têm como eu pouca realidade.

Seguem a direcção do vento,

rumo a sul, chamadas

pela cal ardendo sobre o mar.

É difícil, a nostalgia;

naturalmente mais difícil quando

o tempo fere o nosso olhar

e o priva do que fora mais seu:

a nudez musical da luz primeira.

Mas de que falo eu, se não forem aves?

Eugénio de Andrade

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Fotografia: colhida na internet

cida na internet

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A VIDA

É vão o amor, o ódio, ou o desdém;

Inútil o desejo e o sentimento...

Lançar um grande amor aos pés de alguém

O mesmo é que lançar flores ao vento!

Todos somos no mundo «Pedro Sem»,

Uma alegria é feita dum tormento,

Um riso é sempre o eco dum lamento,

Sabe-se lá um beijo de onde vem!

A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...

Uma saudade morta em nós renasce

Que no mesmo momento é já perdida...

Amar-te a vida inteira eu não podia.

A gente esquece sempre o bem de um dia.

Que queres, meu Amor, se é isto a vida!

Florbela Espanca

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Picasso: imagem colhida na internet

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LÁGRIMAS

Se me ponho a cismar em outras eras

Em que ri e cantei, em que era querida,

Parece-me que foi noutras esferas,

Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida,

Que dantes tinha o rir das primaveras,

Esbate as linhas graves e severas

E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...

Toma a brandura plácida dum lago

O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,

Ninguém as vê brotar dentro da alma!

Ninguém as vê cair dentro de mim!

Florbela Espanca

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Fotografia: colhida na internet

cida na internet

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Os versos que te fiz

Deixa dizer-te os lindos versos raros

Que a minha boca tem pra te dizer!

São talhados em mármore de Paros

Cinzelados por mim pra te oferecer.

Têm dolência de veludos caros,

São como sedas pálidas a arder...

Deixa dizer-te os lindos versos raros

Que foram feitos pra te endoidecer!

Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda...

Que a boca da mulher é sempre linda

Se dentro guarda um verso que não diz!

Amo-te tanto! E nunca te beijei...

E nesse beijo, Amor, que eu te não dei

Guardo os versos mais lindos que te fiz!

Florbela Espanca

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3

Fotografia: colhida na internet

cida na internet

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SER POETA

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior

Do que os homens! Morder como quem beija!

É ser mendigo e dar como quem seja

Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor

E não saber sequer que se deseja!

É ter cá dentro um astro que flameja,

É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!

Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...

É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...

É seres alma, e sangue, e vida em mim

E dizê-lo cantando a toda a gente!

Florbela Espanca

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Fotografia: colhida na internet

cida na internet

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TEUS OLHOS

Olhos do meu Amor! Infantes loiros

Que trazem os meus presos, endoidados!

Neles deixei, um dia, os meus tesoiros:

Meus anéis, minhas rendas, meus brocados.

Neles ficaram meus palácios moiros,

Meus carros de combate, destroçados,

Os meus diamantes, todos os meus oiros

Que trouxe d'Além-Mundos ignorados!

Olhos do meu Amor! Fontes... cisternas...

Enigmáticas campas medievais...

Jardins de Espanha... catedrais eternas...

Berço vindo do Céu à minha porta...

Ó meu leito de núpcias irreais!...

Meu sumptuoso túmulo de morta!...

Florbela Espanca

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Fotografia: colhida na internet

cida na internet

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Erros meus, má fortuna, amor ardente

Em minha perdição se conjuraram;

Os erros e a fortuna sobejaram,

Que pera mim bastava amor somente.

Tudo passei; mas tenho tão presente

A grande dor das cousas que passaram,

Que as magoadas iras me ensinaram

A não querer já nunca ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos;

Dei causa [a] que a Fortuna castigasse

As minhas mal fundadas esperanças.

De amor não vi senão breves enganos.

Oh! quem tanto pudesse, que fartasse

Este meu duro Génio de vinganças!

Camões

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Fotografia: colhida na internet

cida na internet

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O tempo acaba o ano, o mês e a hora,

A força, a arte, a manha, a fortaleza;

O tempo acaba a fama e a riqueza,

O tempo o mesmo tempo de si chora;

O tempo busca e acaba o onde mora

Qualquer ingratidão, qualquer dureza;

Mas não pode acabar minha tristeza,

Enquanto não quiserdes vós, Senhora.

O tempo o claro dia torna escuro

E o mais ledo prazer em choro triste;

O tempo, a tempestade em grão bonança.

Mas de abrandar o tempo estou seguro

O peito de diamante, onde consiste

A pena e o prazer desta esperança.

Camões

Page 22: Patrícia Quitéria - 20 + 4 poemas

Fotografia: colhida na internet

cida na internet

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O cisne, quando sente ser chegada

A hora que põe termo a sua vida,

Música com voz alta e mui subida

Levanta pela praia inabitada.

Deseja ter a vida prolongada

Chorando do viver a despedida;

Com grande saudade da partida,

Celebra o triste fim desta jornada.

Assim, Senhora minha, quando via

O triste fim que davam meus amores,

Estando posto já no extremo fio,

Com mais suave canto e harmonia

Descantei pelos vossos desfavores

La vuestra falsa fé y el amor mio.

Camões

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Fotografia: colhida em Nataniel J. Rosa

cida na internet

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Busque Amor novas artes, novo engenho

Pera matar-me, e novas esquivanças,

Que não pode tirar-me as esperanças,

Que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!

Vede que perigosas seguranças!

Que não temo contrastes nem mudanças,

Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, enquanto não pode haver desgosto

Onde esperança falta, lá me esconde

Amor um mal, que mata e não se vê,

Que dias há que na alma me tem posto

Um não sei quê, que nasce não sei onde,

Vem não sei como e dói não sei porquê.

Camões

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The Vulture (1994), Kevin Carter

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Quem disse à estrela o caminho

Que ela há-de seguir no céu?

A fabricar o seu ninho

Como é que a ave aprendeu?

Quem diz à planta «Floresce!»

E ao mudo verme que tece

Sua mortalha de seda

Os fios quem lhos enreda?

Ensinou alguém à abelha

Que no prado anda a zumbir

Se à flor branca ou à vermelha

O seu mel há-de ir pedir?

Que eras tu meu ser, querida,

Teus olhos a minha vida,

Teu amor todo o meu bem...

Ai! não mo disse ninguém.

Como a abelha corre ao prado,

Como no céu gira a estrela,

Como a todo o ente o seu fado

Por instinto se revela,

Eu no teu seio divino

Vim cumprir o meu destino...

Vim, que em ti só sei viver,

Só por ti posso morrer.

DESTINO

Almeida Garrett

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Imagem: de Projeto Gutenberg

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A CIGARRA E A FORMIGA

Como a cigarra o seu gosto

É levar a temporada

De Junho, Julho e Agosto

Numa cantiga pegada,

De Inverno também se come,

E então rapa frio e fome!

Um Inverno a infeliz

Chega-se à formiga e diz:

- Venho pedir-lhe o favor

De me emprestar mantimento,

Matar-me a necessidade;

Que em chegando a novidade,

Até faço um juramento,

Pago-lhe seja o que for.

Mas pergunta-lhe a formiga:

"Pois que fez durante o Estio?"

- Eu, cantar ao desafio.

"Ah cantar? Pois, minha amiga,

Quem leva o Estio a cantar,

Leva o Inverno a dançar!"

João de Deus

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Fotografia: colhida na internet

cida na internet

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A VIDA

Foi-se-me pouco a pouco amortecendo

a luz que nesta vida me guiava,

olhos fitos na qual até contava

ir os degraus do túmulo descendo.

Em se ela anuviando, em a não vendo,

já se me a luz de tudo anuviava;

despontava ela apenas, despontava

logo em minha alma a luz que ia perdendo.

Alma gémea da minha, e ingénua e pura

como os anjos do céu (se o não sonharam...)

quis mostrar-me que o bem bem pouco dura!

Não sei se me voou, se ma levaram;

nem saiba eu nunca a minha desventura

contar aos que inda em vida não choraram ...

João de Deus

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ESTRELA

Estrela que me nasceste

quando a vista mal te alcança

nessa abóbada celeste,

onde a nossa alma descansa

a sua última esperança...

Estrela que me nasceste

quando a vista mal te alcança!

Antes nascesses mais cedo,

estrela da madrugada,

e não já noite cerrada...

Que até no céu mete medo

ver essa estrela isolada...

Antes nascesses mais cedo.

estrela da madrugada!

João de Deus

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Pierre-Auguste Renoir. Imagem colhida na internet.

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MINHA MÃE

Quando a minha alma estende o olhar ansioso

por esse mundo a que inda não pertenço,

das vagas ondas desse mar imenso

destaca-se-me um vulto mais formoso.

É minha santa mãe, berço mimoso

donde na minha infância andei suspenso;

é minha santa mãe, que vejo, e penso

verei sempre, se Deus é piedoso.

Como línguas de fogo que se atraem,

avidamente os braços despedimos

um para o outro, mas os braços caem...

porque é então que olhamos e medimos

a imensa distância donde saem

os ais da saudade que sentimos!

João de Deus

Page 36: Patrícia Quitéria - 20 + 4 poemas

.

Fotografia: colhida na internet

cida na internet

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PERDÃO

Seria o beijo

Que te pedi,

Dize, a razão

(outra não vejo)

Por que perdi

Tanta afeição?

Fiz mal, confesso;

Mas esse excesso,

Se o cometi,

Foi por paixão,

Sim, por amor

De quem?... de ti!

Tu pensas, flor

Que a mulher basta

Que seja casta,

Unicamente?

Não basta tal:

Cumpre ser boa,

Ser indulgente.

Fiz-te algum mal?

Pois bem: perdoa!

É tão suave

Ao coração

Mesmo o perdão

De ofensa grave!

Se o alcançasse,

Se o conseguisse,

Quisera então

Beijar-te a mão,

Beijar-te a face...

Beijar? que disse!

(Que indiscrição...)

Perdão! perdão!

João de Deus

Page 38: Patrícia Quitéria - 20 + 4 poemas

Fotografia: colhida na internet

cida na internet

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MANIAS

O mundo é velha cena ensanguentada,

Coberta de remendos, picaresca;

A vida é chula farsa assobiada,

Ou selvagem tragédia romanesca.

Eu sei um bom rapaz, -- hoje uma ossada, --

Que amava certa dama pedantesca,

Perversíssima, esquálida e chagada,

Mas cheia de jactância quixotesca.

Aos domingos a deia já rugosa,

Concedia-lhe o braço, com preguiça,

E o dengue, em atitude receosa,

Na sujeição canina mais submissa,

Levava na tremente mão nervosa,

O livro com que a amante ia ouvir missa!

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Fotografia: colhida na internet

cida na internet

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IMPOSSÍVEL

Cesário Verde

E até posso com ar de rei, que o sou!

Dar-te cautelas brancas, minha rola,

Da grande lotaria que passou,

Da boa, da espanhola.

Já vês, pois, que podemos viver juntos,

Nos mesmos aposentos confortáveis,

Comer dos mesmos bolos e presuntos,

E rir dos miseráveis.

Nós podemos, nós dois, por nossa sina,

Quando o sol é mais rúbido e escarlate,

Beber na mesma chávena da China

O nosso chocolate.

E podemos até, noites amadas!

Dormir juntos dum modo galhofeiro,

Com as nossas cabeças repousadas,

No mesmo travesseiro.

Posso ser teu amigo, até a morte,

E sumamente amigo! Mas por lei,

Ligar a minha sorte à tua sorte,

Eu nunca poderei!

Eu posso amar-te como o Dante amou,

Seguir-te sempre como a luz ao raio,

Mas ir, contigo, a Igreja, isso não vou,

Lá nessa é que eu não caio!

Nós podemos viver alegremente,

Sem que venham, com fórmulas legais;

Unir as nossas mãos, eternamente,

As mãos sacerdotais.

Eu posso ver os ombros teus desnudos,

Apalpá-los, contemplar-lhes a brancura,

E até beijar teus olhos tão ramudos,

Cor de azeitona escura.

Eu posso, se quiser, cheio de manha,

Sonhar, quando vestida,p'ra dar fé,

A tua camisinha de bretanha,

Ornada de crochet.

Posso sentir-te em fogo, escandecida,

De faces cor-de-rosa e vermelhão,

Junto a mim, com langor, entredormida,

Nas noites de Verão.

Eu posso, com valor que nada teme,

Contigo preparar lautos festins,

E ajudar-te a fazer o leite-creme,

E os mélicos pudins.

Eu tudo posso dar-te,tudo, tudo,

Dar-te a vida o calor, dar-te cognac,

Hinos de amor, vestidos de veludo,

E botas de duraque.

Page 42: Patrícia Quitéria - 20 + 4 poemas

Fotografia: colhida na internet

cida na internet

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LÁGRIMAS

Ela chorava muito e muito, aos cantos,

Frenética, com gestos desabridos;

Nos cabelos, em ânsias desprendidos,

Brilhavam como pérolas os prantos.

Ele, o amante, sereno como os santos,

Deitado no sofá, pés aquecidos,

Ao sentir-lhe os soluços consumidos,

Sorria-se cantando alegres cantos.

E dizia-lhe então, de olhos enxutos;

- "Tu pareces nascida de rajada,

"Tens despeitos raivosos, resolutos;

"Chora, chora, mulher arrenegada;

"Lacrimosa por esses aqueductos...

"Quero um banho tomar de água salgada".

Cesário Verde

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Imagem do filme de Win Wenders , “Asas do Desejo”, colhida aqui.

cida na internet

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DESEJO

Ah! que eu não morra sem provar, ao menos

Sequer por um instante, nesta vida

Amor igual ao meu!

Dá, Senhor Deus, que eu sobre a terra encontre

Um anjo, uma mulher, uma obra tua,

Que sinta o meu sentir;

Uma alma que me entenda, irmã da minha,

Que escute o meu silêncio, que me siga

Dos ares na amplidão!

Que em laço estreito unidas, juntas, presas,

Deixando a terra e o lodo, aos céus remontem

Num êxtase de amor!

Gonçalves Dias

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A VIDA

É vão o amor, o ódio, ou o desdém;

Inútil o desejo e o sentimento...

Lançar um grande amor aos pés de alguém

O mesmo é que lançar flores ao vento!

Todos somos no mundo «Pedro Sem»,

Uma alegria é feita dum tormento,

Um riso é sempre o eco dum lamento,

Sabe-se lá um beijo de onde vem!

A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...

Uma saudade morta em nós renasce

Que no mesmo momento é já perdida...

Amar-te a vida inteira eu não podia.

A gente esquece sempre o bem de um dia.

Que queres, meu Amor, se é isto a vida!

Florbela Espanca

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A MINHA ILUSTRAÇÃO

Fotografia de Patrícia Quitéria

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Justificação da minha ilustração

Sinto que a minha fotografia representa o olhar belo sobre a vida.

As pessoas passeiam nas praias e pensam sobre a vida com as suas

decisões feitas e vagueiam com pés nus para sentir a areia nos pés, para

apreciar e aproveitar o que a vida lhes deu. É por isso que escolhi tirar esta

fotografia, neste local, nesta hora simbólica do ocaso pois via mesmo que

umas pessoas estavam felizes e outras não, mas era acerca da vida pois pode

ter altos e baixos. E a luz solar estará sempre nas nossas vidas, eternamente.

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Conclusão

Gostei imenso de fazer este trabalho, pesquisei e li muitos poemas, apreciei

muito e gostei de ter a minha própria posição na seleção dos que mais me

sensibilizaram e também de poder escolher a imagem que julguei ser mais

adequada para cada um dos textos poéticos. Também me foi muito gratificante

o tempo de escolha do local e enquadramento para a minha fotografia

ilustrativa do poema de Florbela Espanca. Poeta de que gostei muitíssimo,

principalmente devido ao seu vocabulário acessível e porque, de um certo

modo, sinto que me identifico com esta poeta. A parte que me foi mais difícil foi

ter de escolher outros poemas de outros autores pois, inicialmente, só tinha

optado por versos de Florbela Espanca. Depois de ter ultrapassado as

dificuldades, juntei textos de Eugénio de Andrade, Camões, Almeida Garrett,

Cesário Verde e Gonçalves Dias. Pretendi dar um cunho ainda mais pessoal

ao meu trabalho e, em anexo, coloquei quatro fotografias minhas,

acompanhadas de textos, também da minha autoria. Quanto às imagens, que

tanto prazer me deram procurar, cometi o erro de, logo no momento, não ter

anotado a completa indicação dos sítios de onde as retirei. Como tinha de

cumprir o prazo de entrega do trabalho, não tive tempo para tentar reconstituir

o meu percurso de pesquisa. Na falta da apropriada indicação, assinalei, sob

as imagens, «colhido na internet». Aos autores das imagens e aos leitores

deste dossiê, as minhas desculpas. Não voltará a acontecer. Assim se aprende,

também com os erros, não é verdade?

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Anexos

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Fotografia de Patrícia Quitéria

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Amor é raio, fogo, incêndio

bela queimadura

maravilhosa

é como um pássaro

que bate as asas

e não se cansa

é sentimento que nunca aborrece

árvore que grita

pensamento na flor que cresce

Patrícia Quitéria

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Fotografia de Patrícia Quitéria

Page 55: Patrícia Quitéria - 20 + 4 poemas

espalhando

espalhando as folhas

amorosas

caem suave

lentamente

e se vão

desaparecendo

tão afetuosas

em breve haverá mais folhinhas

que da mãe árvore

nascerão

tão bonitas

a crescer

surpreendentemente

a crescer

tão perfeitas

como se no seu saltar feliz

estivessem a cantar

Patrícia Quitéria

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Fotografia de Patrícia Quitéria

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a árvore

no seu lento silêncio

com tanta paciência

fazendo reverência

balança as folhas

para dar a sombra

fresca que no Verão

nos refresca

Patrícia Quitéria

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Fotografia de Patrícia Quitéria

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cores várias

leves e fortes

o azul límpido do mar

o rosa tal a flor tão tão rosa

o vermelho do grosso rubi

o amarelo do enorme lírio

o roxo da paixão

com o pôr de Sol

aparecem

tocando- nos o coração

que de ver

de sentir tamanha beleza

arde de prazer

Patrícia Quitéria

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Sítios consultados (nos meses de janeiro e de fevereiro):

-http://texere.blogspot.com/

-http://www.ruadapoesia.com/texto

-http://www.ruadapoesia.com/content/category/1/17/36/

-http://www.ruadapoesia.com/content/category/1/16/37/

-http://www.google.com/imghp?hl=pt-PT&tab=ii

-http://www.ruadapoesia.com/content/category/1/20/32/

-http://www.ruadapoesia.com/content/category/1/39/42/

-http://www.ruadapoesia.com/content/category/1/37/46/

-http://www.ruadapoesia.com/content/category/1/31/45/