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Paula Alexandra Martins Pereira Outubro de 2011 Universidade do Minho Escola de Ciências UMinho|2011 Paula Alexandra Martins Pereira Determinação da anatoxina-a em amostras de água por SPME-GC/MS Determinação da anatoxina-a em amostras de água por SPME-GC/MS

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Paula Alexandra Martins Pereira

Outubro de 2011

Universidade do Minho

Escola de Ciências

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Determinação da anatoxina-a em amostras de água por SPME-GC/MS

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Paula Alexandra Martins Pereira

Outubro de 2011

Universidade do Minho

Escola de Ciências

Trabalho realizado sob a orientação da

Doutora Ana Gago - Martínez

e do

Doutor José Manuel Leão Martins

e da

Doutora Dulce Geraldo

Dissertação de Mestrado em Química Área de Especialização em Técnicas de Caracterização e Análise Química

Determinação da anatoxina-a em amostras de água por SPME-GC/MS

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É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO PARCIAL DESTA DISSERTAÇÃO APENAS PARA EFEITOSDE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SECOMPROMETE;

Universidade do Minho, ___/___/______

Assinatura: ________________________________________________

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Agradecimentos

iii

Agradecimentos

Este trabalho não seria possível sem a ajuda de algumas pessoas, cujo contributo foi

determinante para a execução deste trabalho. Fica o meu muito sincero obrigado:

À Universidade do Minho, e ao Departamento de Química de Ciências da Universidade do

Minho pela oportunidade que me deu de realizar este trabalho.

À Universidade de Vigo e ao grupo de Investigação CI8 do Departamento de Química

Analítica y Alimentaria.

À Doutora Dulce Geraldo, que me orientou durante este trabalho, pelo apoio e dedicação.

Ao Doutor José Leão Martins e Doutora Ana Gago-Martínez pela aceitação e pelas boas

experiências ao longo dos 6 meses de estágio e pelo apoio concedido ao longo deste trabalho.

À Doutora Sandra e restantes elementos do Gabinete de Relações internacionais da

Universidade do Minho, por toda a atenção e apoio concedido na realização do projeto via

Erasmus Placement.

A todas as minhas colegas de laboratório, por todos os momentos de boa disposição e pelo

apoio que me proporcionaram ao longo dos meses.

A todos os meus amigos em especial ao Miguel Ribeiro por estarem sempre presentes nos

bons e maus momentos, e pelo apoio concedido.

Um muito obrigado a todos

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Resumo

iv

Resumo

A anatoxina-a é uma neurotoxina produzida por várias espécies de cianobactérias, tais

como, Anabaena, Planktothrix (a anterior Oscillatoria), Aphanizomenon, Cylindrospermum e

Microcystis spp. Esta toxina atua como um inibidor do neurotransmissor de acetilcolina que

irreversivelmente bloqueia o recetor nicotínico de acetilcolina (NAChR), afetando o

funcionamento do sistema nervoso. Estudos experimentais tem demonstrado que em apenas

alguns minutos após o consumo de água contaminada, animais apresentam sintomas típicos de

intoxicação por anatoxina-a, como fasciculação ofegante, convulsões violentas que levam à morte

através de paragens respiratória. A dose estimada como necessária para produzir a morte a 50

% dos ratos expostos (LD50) após administração interperitoneal é de apenas 200 µg/kg. A

anatoxina-a foi pela primeira vez detetada no Canadá (nos anos 1960) e desde então tem sido

responsável por uma serie de mortes de animais e humanos, em diferentes partes do mundo. A

procura de um método analítico eficiente e viável no controlo deste tipo de cianotoxina revela ser

cada vez mais urgente, devido á sua recente descoberta e elevada distribuição mundial. O

presente trabalho, resume o desenvolvimento de um método automatizado combinado com a

microextração em fase sólida (SPME) com a cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de

massa (GC/MS) para a determinação rápida e sensível da anatoxina-a em amostras de água. O

método tem por base a derivatização direta do analito adicionando isobutilcloroformato na

amostra em condições alcalinas. A anatoxina-a derivatizada é extraída por SPME com uma fibra

PDMS num vial âmbar durante 20 minutos sob agitação magnética. A técnica GC/MS é utilizada

na identificação e quantificação do analito em modo SIM recorrendo ao ião quantificador com a

razão m/z 265 e ainda a partir dos fragmentos com m/z de 191e 164. Os parâmetros que

afetam a extração, tais como, concentração de sal, quantidade de derivatizante, tempo de

extração, tempo de reação e velocidade de agitação foram estudados. Realizou-se a validação do

método na análise da anatoxina-a tendo em conta os diversos parâmetros de desempenho,

nomeadamente, linearidade, sensibilidade, limiares analíticos e precisão através da

repetibilidade e reprodutibilidade.

Os resultados obtidos neste estudo permitiram concluir que este método é uma

alternativa rápida e eficiente para o controlo fiável da anatoxina-a presente em águas

contaminadas.

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Abstract

v

Abstract

Anatoxin-a is a neurotoxin produced by various species of cyanobacteria such Anabaena,

Planktothrix (formerly Oscillatoria), Aphanizomenon, Cylindrospermum, and Microcystis spp. This

toxin acts as a mimic of the neurotransmitter acetylcholine and irreversibly binds the nicotinic

acetylcholine receptor (NAChR) therefore affecting the functioning of the nervous system.

Experimental studies have shown that in few minutes after drinking contaminated water, animals

presented typical symptoms of anatoxin-a intoxication such as muscle fasciculation, gasping,

violent convulsions, and death due to respiratory arrest. The estimated dosage needed to

produce death in 50% of exposed mice (LD50) after interperitoneal administration of approximately

200 µg/kg. Anatoxin-a was first detected in Canada (1960‘s) and since then has been

responsible for a number of animal and human fatalities, in different parts of the world. The

search for efficient and reliable analytical methods for the control of such cyanotoxins is

becoming more and more urgent due to their recent appearance and worldwide distribution. The

present work, summarizes the development of an automated method combining Solid Phase

MicroExtraction (SPME) with Gas Chromatography coupled with Mass Spectrometry (GC/MS) for

fast and sensitive determination of Anatoxin-a in water samples. This method is based on the

direct derivatization of the analyte by isobutylchoroformate addition to the sample extract in

alkaline conditions. The derivatized anatoxin-a was extracted by SPME procedure, submersing a

PDMS fiber in an amber vial for 20 minutes under magnetic stirring. GC/MS is used to identify

and quantify the analyte in the SIM mode following the quantification ion of m/z 265 and other

fragments of m/z 191 and 164. Parameters affected extraction such as: salt concentration,

amount of derivatized agent, time of extraction, time of reaction and stirring speed, were

evaluated.

Method was validated taking into account various performance parameters, like linearity,

sensibility, detection and quantification limits, precision through repeatability and reproducibility.

From the results obtained in this study, it is possible to conclude that this method is an

efficient and fast alternative for the reliable control of anatoxin-a present in contaminated waters.

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Índice Geral

vi

Índice

Agradecimentos .......................................................................................................................... iii

Resumo ..................................................................................................................................... iv

Abstract ...................................................................................................................................... v

Abreviaturas Siglas e Símbolos ................................................................................................... viii

Índice de Figuras ......................................................................................................................... x

Índice de Tabelas ...................................................................................................................... xiii

Capitulo I ................................................................................................................................. xvi

Introdução – Anatoxina-a............................................................................................................ xvi

1.Introdução ............................................................................................................................. 17

1.1.Poluição das águas ....................................................................................................... 17

1.3.Anatoxina-a ................................................................................................................... 21

1.4.Metodologias aplicada à análise da Anatoxina-a ............................................................. 23

1.5.Métodos de extração e de pré-concentração .................................................................. 26

Capitulo II ................................................................................................................................. 30

2.Parte Experimental .......................................................................................................... 31

2.1.Equipamento de análise ................................................................................................ 31

2.2.Reagentes ................................................................................................................... 32

2.3.Preparação das soluções .............................................................................................. 33

2.3.1.Solução mãe ............................................................................................................. 33

2.3.2.Solução padrão ......................................................................................................... 33

2.3.3.Amostras .................................................................................................................. 34

2.3.4.Método de adição externa de padrão ............................................................................ 35

2.1.5.Condições cromatográficas ......................................................................................... 36

Capitulo III ................................................................................................................................ 38

3.1.Apresentação e discussão dos resultados ...................................................................... 39

3.2.Desenvolvimento e otimização do método SPME-GC/MS ............................................... 40

3.2.1.Condições cromatográficas ......................................................................................... 40

3.2.2. Reação de derivatização............................................................................................. 43

3.2.3. Estabilidade do derivado utilizando água como matriz .................................................... 47

3.3. Desenvolvimento e otimização do método SPME-GC/MS .............................................. 48

3.3.1. Seleção do tipo de fibra de SPME na extração da anatoxina-a .......................................... 48

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Índice Geral

vii

3.3.2. Otimização das condições de desorção ........................................................................ 49

3.3.3. Otimização da extração da anatoxina-a ......................................................................... 50

3.4. Validação do método SPME-GC/MS ............................................................................. 62

3.4.1. Estudos de repetibilidade e reprodutibilidade ................................................................ 63

3.4.2. Estudos de linearidade e calibração ............................................................................. 65

3.4.3. Determinação dos limites de deteção e quantificação..................................................... 70

3.4.4. Estudo do efeito de matriz .......................................................................................... 73

Capitulo IV ................................................................................................................................ 77

Conclusão .......................................................................................................................... 77

Capitulo V ................................................................................................................................. 81

Bibliografia ......................................................................................................................... 81

Capitulo VI ................................................................................................................................ 90

Anexos ............................................................................................................................... 90

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Abreviaturas Siglas e Símbolos

viii

Abreviaturas Siglas e Símbolos

EDC - Electron capture detection: deteção por

captura eletrónica

GC/MS – Gas chromatography / mass

spectrometry: Cromatografia gasosa acoplada a

espectrometria de massa

HPLC - Hight performance Liquid

chromatography: Cromatografia líquida de alta

eficiência

FID – Flame ionization detector: detetor de

ionização por chama

FLD – Florescence detector: detetor por

florescência

FS – Fused silica: sílica fundida

UV –Ultraviolet detection: deteção por

ultravioleta

IBCF - Isobutilcloroformato

LC – Liquid chromatography: Cromatografia

liquida

ESI/MS - Electrospray ionization/ mass

spectrometry: ionização

eletrospray/espetrometria de massa

ESI/MS/MS – Electrospray ionisation tandem

mass spectrometry: ionização

eletrospray/espetrometria de massas-massas

QTOF - Quadruple time of flight: quadrupolo de

tempo de voo

QIT – Quadruple ion trap: quadrupolo de trampa

iónica

LD - Limite de deteção

LLE – Liquid - liquid extraction: Extração

Líquido – Líquido

LQ – Limite de quantificação

MSPD – Matrix solid phase dispersion: dispersão

de matriz em fase sólida

NBD-F – 4-fluoro-7-nitro-2,1,3-benzoxadiazole

ODS – Octadecyl siloxane: octadecil siloxano

PDMS – Polidimetilsiloxano

PP - Polipropileno

RMN – Ressonância Magnética Nuclear

SIM - Single ion monitoring: monitorização seletiva

de iões

SPE – Solid phase extraction: Extração em fase

sólida

SPME - Solid phase microextraction: Microextração

em fase sólida

TLC – Thin layer chromatography: Cromatografia

em camada fina

UV/DAD –UV diode-array detection: deteção UV e

Detector Fotodiodos

WCX-SPE – SPE weak cation-exchange: Extração

em fase sólida com troca catiónica fraca

a – ordenada na origem

b – declive da reta

c - concentração

min – minutos

m/z – Razão massa/carga

n – Número de réplicas

r – coeficiente de correlação

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Abreviaturas Siglas e Símbolos

ix

R – Ruido

s – Desvio padrão

Sa - Desvio padrão da ordenada na origem

Sb - Desvio padrão do declive

SC– Altura do pico cromatográfico

Sy/x – Desvio padrão dos pontos

experimentais à reta

tR – Tempo de retenção

V – Volume

Vm - incerteza do volume da micropipeta

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Índice de Figuras

x

Índice de Figuras

Capitulo I:Introdução

Figura 1.1. Estrutura química dos diferentes tipos de anatoxinas. 22

Figura 1.2. Dispositivo de microextracção em fase sólida (SPME): (1) fibra

revestida com filme polimérico; (2) agulha de aço; (3) corpo de dispositivo; (4) guia do

êmbolo; (5) êmbolo do dispositivo.

29

Capitulo II: Parte Experimental

Figura 2.1. Ilustração do equipamento de GC-MS (A) e de SPME (B) utilizado. 31

Capitulo III: Apresentação e discussão dos resultados

Figura 3.1. Cromatograma correspondente a análise de uma solução de

anatoxina-a derivatizada com IBCF por SPME-GC/MS (c=1,00 × 102 µg/mL) e respetivos

espectros de massas obtidos em modo SCAN (A) e modo SIM (B).

41

Figura 3.2. Mecanismos de fragmentação da anatoxina-a derivatizada com

IBCF originando os iões de m/z: a) 265, b) 209, c) 191 e d) 164 propostos pelo software

Mass Frontier 1.0.

42

Figura 3.3. Cromatograma correspondente à análise de uma solução de

concentração 160,00 µg/mL de fumarato de anatoxina-a derivatizada com uma mistura

de anidrido acético/piridina (1:1) por GC/MS, no modo SIM (m/z = 207).

45

Figura 3.4. Espetro de massa relativo à análise de uma solução de

concentração 160,00 µg/mL de fumarato de anatoxina-a derivatizada com uma mistura

de anidrido acético/piridina (1:1) por GC/MS, no modo SIM (m/z = 207).

45

Figura 3.5. Representação esquemática das diferentes etapas que constituem

o processo de microextração em fase sólida da anatoxina-a derivatizada com IBCF: A)

processo de adsorção; B) desorção na entrada do injetor e C) Cromatograma obtido pela

análise da anatoxina-a (100,00 µg/ml) derivatizada com 4 µL de IBCF, por SPME-

GC/MS.

46

Figura 3.6. Esquema da reação de derivatização da anatoxina-a com

isobutilcloroformato para a sua posterior análise por SPME-GC/MS.

47

Figura 3.7. Estudo do efeito da adição de NaHCO3 na extração da anatoxina-a

(0,500 ± 0,005 µg/mL) derivatizada com 4 µL de IBCF, tempo de reação entre 16 - 24h,

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Índice de Figuras

xi

20 minutos de tempo de extração, nível de agitação constante (1,5), num volume total de

solução de 2 mL.

52

Figura 3.8. Cromatogramas relativos ao estudo do efeito do volume de IBCF na

eficiência da extração da anatoxina-a (0,100 µg/mL) por SPME-GC/MS: a) 5 µL; b) 10

µL; c) 15 µL e d) 20 µL, para tempo de reação entre16 - 24h, 20 minutos de tempo de

extração, nível de agitação constante (1,5), num volume total de solução de 2 mL.

53

Figura 3.9. Estudo do efeito da variação do volume de IBCF na eficiência da

extração da anatoxina-a (0,100 µg/mL) usando uma fibra PDMS de 100 µm, tempo de

reação entre 16 - 24h, 20 minutos de tempo de extração, nível de agitação constante

(1,5), volume total de solução de 2 mL, para um volume de IBCF adicionado: A) Estudo

na gama entre 0 e 20 µL; B) Estudo na gama entre 0 e 8 µL.

54

Figura 3.10. Representação do estudo da variação de concentração de

anatoxina-a derivatizada com 5 µL de IBCF, 200 mg de NaHCO3, tempo de reação entre

16 - 24h, 20 minutos de tempo de extração, nível de agitação constante (1,5), para um

volume total de solução de 2 mL.

55

Figura 3.11. Estudo do efeito do tempo de reação na eficiência da extração da

anatoxina-a (1,00 µg/mL) usando uma fibra PDMS de 100 µm, 5 µL de IBCF, 200 mg

de NaHCO3, 20 minutos de tempo de extração, nível de agitação constante (1,5), para

um volume total de solução de 2 mL.

56

Figura 3.12. Cromatograma relativo a extração da anatoxina-a (1,00 µg/mL)

por SPME-GC/MS, após 2 horas de reação, 5 µL de IBCF, 200 mg de NaHCO3, 20

minutos de tempo de extração, nível de agitação constante (1,5), para um volume total

de solução de 2 mL.

57

Figura 3.13. Cromatograma relativo a extração da anatoxina-a (1,00 µg/mL)

por SPME-GC/MS, após 8 horas de reação, 5 µL de IBCF, 200 mg de NaHCO3, 20

minutos de tempo de extração, nível de agitação constante (1,5), para um volume total

de solução de 2 mL.

57

Figura 3.14. Estudo do tempo de extração ótimo a aplicar na análise da

anatoxina-a (1,00 µg/ml) derivatizada com IBCF (5 µL), 200 mg de NaHCO3, tempo de

reação entre 16 - 24h, nível de agitação constante (1,5), para um volume total de

solução de 2 mL, usando uma fibra PDMS de 100 µm.

59

Figura 3.15. Estudo do efeito da variação da velocidade de agitação, pela

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Índice de Figuras

xii

aplicação de diferentes níveis de agitação, na eficiência da extração da anatoxina-a (1,00

µg/mL) derivatizada com IBCF (5 µL), 200 mg de NaHCO3, tempo de reação entre 16 -

24h, 20 minutos de tempo de extração, para um volume total de solução de 2 mL,

utilizando uma fibra PDMS de 100 µm.

61

Figura 3.16. Curva de calibração obtida por SPME-GC/MS da área de pico de

soluções padrão de anatoxina-a derivatizada, na gama de concentração entre 0,030 –

0,150 µg/mL, com 5 µL de IBCF, 200 mg de NaHCO3, tempo de reação entre 16 - 24h,

20 minutos de tempo de extração, nível de agitação constante (2), para um volume total

de solução de 2 mL.

66

Figura 3.17. Curva de calibração obtida em matriz de água de rio (rio Minho)

da área do pico em função da concentração da anatoxina-a derivatizada recorrendo ao

método SPME-GC/MS.

67

Figura 3.18. Cromatogramas da anatoxina-a derivatizada em matrizes de água

ultrapura (A) e de água de rio Minho (B) obtidos pelo método SPME-GC/MS. Condições

experimentais idênticas às da figura 3.16.

69

Figura 3.19. Cromatogramas representativos da análise de anatoxina-a (0,050

µg/mL) numa solução com matriz de: a) água ultrapura e b) água do rio Minho pelo

método SPME-GC/MS. Condições experimentais idênticas às da figura 3.16.

70

Figura 3.20. Cromatograma da anatoxina-a derivatizada (0,010 ±

0,003µg/mL) correspondente ao LD do método SPME-GC/MS obtido em matriz de água

ultrapura.

71

Figura 3.21. Cromatogramas relativos ao estudo do efeito de matrizes na

análise da anatoxina-a (0,100 µg/mL) por SPME-GC/MS: a) água ultrapura; b) água do

rio Minho; c) água do rio Lima; d) água do lago Zamanes; e) água do rio Tâmega

contaminada com microcistinas

74

Figura 3.22. Estudo do efeito de matriz das soluções de anatoxina-a de

diferentes concentrações (0,030, 0,050 e 0,100 µg/mL): a) água ultrapura, b) água do

rio Lima, c) água do rio Minho, d) água do lago Zamanes e e) água do rio Tâmega

contaminada com microcistinas

75

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Índice de Tabelas

xiii

Índice de Tabelas

Capitulo I:Introdução

Tabela.1.1. Níveis de concentração máximo aceitável de diferentes tipos de

cianotoxinas em águas para consumo.

20

Capitulo II: Parte Experimental

Tabela 2.1. Apresentação da concentração das soluções mãe, de trabalho e

padrão de fumarato de anatoxina-a preparadas e respetivas incertezas associadas.

34

Tabela 2.2. Concentração de anatoxina-a utilizada na adição de solução padrão

a uma amostra de água não contaminada branco (ctrabalho), volume da solução utilizada na

fortificação (Vm) e concentração obtida após a adição do padrão (cf).

35

Tabela 2.3. Concentração de anatoxina-a utilizada na adição de padrão às

amostras (ctrabalho), volume da solução utilizada na adição do padrão (Vm) e concentração

obtida após a adição do padrão (cf).

36

Tabela 2.4. Condições cromatográficas associadas ao sistema GC-MS, testadas

em soluções com 1,00 × 102 µg/mL de fumarato de anatoxina-a derivatizada com 4 µL

de IBCF, em água ultrapura.

37

Capitulo III: Apresentação e discussão dos resultados

Tabela 3.1. Temperaturas recomendadas e algumas características inerentes

para a utilização dos diferentes tipos de fibras em GC/MS.

49

Tabela 3.2. Resultados obtidos no estudo do efeito da variação da massa de

NaHCO3 na área (A) do pico correspondente à anatoxina-a derivatizada com IBCF, de

concentração 0,500 ± 0,005 µg/mL.

51

Tabela 3.3. Resultados obtidos no estudo do efeito da variação de IBCF na área

(A) do pico correspondente à anatoxina-a, para uma concentração final na solução de

0,100 ± 0,001 µg/mL.

55

Tabela 3.4 Resultados obtidos no estudo do efeito da variação do tempo de

reação na área (A) do pico correspondente à anatoxina-a derivatizada com IBCF, para

uma concentração final na solução de 1,00 ± 0,01 µg/mL.

56

Tabela 3.5. Resultados obtidos no estudo do efeito da variação do tempo de

extração na área (A) do pico correspondente à anatoxina-a derivatizada com IBCF, para

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Índice de Tabelas

xiv

uma concentração final na solução de 1,00 ± 0,01 µg/mL. 59

Tabela 3.6. Resultados obtidos no estudo do efeito da agitação na área (A) do

pico correspondente à anatoxina-a derivatizada com IBCF, de concentração 1,00 ± 0,01

µg/mL.

61

Tabela 3.7. Condições otimizadas para o método de análise da anatoxina-a por

SPME-GC/MS.

62

Tabela 3.8. Resultados obtidos no estudo da repetibilidade do sistema SPME-

GC-MS na determinação da anatoxina-a utilizando água ultrapura como matriz.

63

Tabela 3.9. Resultados obtidos no estudo da reprodutibilidade do sistema

SPME-GC/MS na determinação da anatoxina-a utilizando água ultrapura como matriz.

64

Tabela 3.10. Concentração das soluções padrão (c) e áreas de pico (A) e

respetivas incertezas associadas obtidas na análise da anatoxina-a por SPME-GC/MS.

65

Tabela 3.11. Apresentação dos parâmetros estatísticos obtidos na calibração

do sistema SPME-GC/MS na análise de soluções padrão na gama de concentração entre

0,030 – 0,150 µg/mL. A equação de reta é apresentada na forma de A = (b ± tSb) c + (a

± tSa)..

66

Tabela 3.12. Concentração das soluções padrão (c) e áreas de pico (A) e

respetivas incertezas associadas obtidas na análise da anatoxina-a por SPME-GC-MS.

67

Tabela 3.13. Apresentação dos parâmetros estatísticos obtidos na calibração

do sistema SPME-GC/MS com água do rio Minho de soluções padrão de anatoxina-a

derivatizada, num intervalo de concentração entre 0,030 – 0,150 ng/mL. A equação de

reta é apresentada na forma de A = (b ± tSb) c + (a ± tSa).

68

Tabela 3.14. Apresentação dos valores dos limites de deteção (LD) e

quantificação (LQ) do sistema de SPME-GC/MS, baseados na relação sinal/ ruído de 3 e

10 respetivamente, estimados injetando 3 réplicas de uma solução de concentração 1,00

± 1,00 µg/mL.

71

Tabela 3.15. Resultados obtidos para a área de pico da anatoxina-a na análise

de 10 réplicas de soluções individuais de concentração 0,050 ± 0,016 µg/mL.

72

Tabela 3.16. Equações das retas e coeficientes de correlação obtidos no estudo

do efeito de matriz na análise da anatoxina-a adicionada (0,030, 0,050 e 0,100 µg/mL) a

diferentes tipos de matrizes.

75

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Índice de Tabelas

xv

Tabela 3.17. Estudo do efeito de matriz: comparação do sinal obtido para uma

concentração de 0,100 µg/mL de anatoxina-a utilizando como matriz: água ultrapura,

água do rio Minho, água do rio Lima, água do lago Zamanes e água do rio Tâmega.

76

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xvi

Capitulo I

Introdução – Anatoxina-a

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Capitulo I

17

1. Introdução

1.1. Poluição das águas

A água é a molécula de maior importância para todas as formas de vida na terra.

Entretanto, os problemas ambientais relativos à preservação das águas superficiais e

subterrâneas têm-se agravado exponencialmente nas últimas décadas, principalmente, devido ao

crescimento populacional e do consequente aumento da atividade industrial. Atualmente as

florações de cianobactérias atraem cada vez mais a atenção de agências ambientais,

autoridades responsáveis pela gestão de recursos hídricos e organizações ligada à saúde

humana e animal, pois estas podem promover problemas na qualidade da água e no seu

tratamento, bem como riscos para a saúde humana e animal [1]. O problema é especialmente

agudo no mar Báltico, onde florações de cianobactérias ocorrem todos os verões, cobrindo áreas

de mais de 100 000 km2. Presentemente já é possível realizar o mapeamento quantitativo das

cianobactérias utilizando sensores hiperespectrais [2].

A intervenção humana no uso da água afeta a qualidade dos ecossistemas ambientes e

seus recursos. A sua deterioração a nível dos ecossistemas decorre do aumento de:

Agentes patogénicos (protozoários bactérias, vírus, parasitas);

Suspensão de sólidos e turbidez;

Decomposição da matéria orgânica;

Eutrofização (algas, cianobactérias);

Nitratos como um poluente;

Micropoluentes orgânicos (pesticidas, herbicidas, industrial de micropoluentes);

Metais pesados;

Salinização;

Acidificação.

A importância relativa dos tipos de deterioração na qualidade da água depende,

claramente, do uso do corpo de água em particular ou fornecimento em causa. Em termos de

mortes humanas a nível global, a poluição da água potável por agentes patogénicos é

claramente o de maior ameaça.

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Capitulo I

18

O aumento crescente da pressão humana sobre os recursos naturais e águas

controladas para o fornecimento de água potável, nomeadamente em áreas como a agricultura,

a aquacultura, industria, etc. Tornam a água uma fonte finita surgindo assim a necessidade de

tornar prioritário o controlo da qualidade da água [3 e 4].

O aumento das atividades urbanas e industriais, assim como a descarga de seus

efluentes acarretam consequências como a acumulação de nutrientes ricos em fósforo e azoto

nos corpos de água. Ao fenómeno causado pelo excesso desses compostos dá-se o nome

eutrofização, que aliado à elevada temperatura tem como uma das consequências, a rápida

proliferação de cianobactérias normalmente conhecida como ―floração‖ ou ―bloom‖ [5, 6].

Para além da acumulação de toxinas tanto em água como em organismos vivos, outra

consequência da eutrofização consiste na redução da diversidade de espécies presentes em

corpos de água [7]. As medidas para reduzir a eutrofização devem ser vistas como uma alta

prioridade, contribuindo para os requisitos estabelecidos para o controlo e qualidade da água.

Para tal, alguns tratamentos (filtração por membrana, desinfeção UV, processos de oxidação,

etc.) são aplicados para eliminação de toxinas e seus produtores e a sua eficiência testada a

nível do laboratório [8].

1.2 Cianobactérias e cianotoxinas

As cianobactérias, os fosseis mais antigos até hoje conhecidos, são microrganismos

aeróbios fotoautotróficos que desempenharam um papel importante na oxigenação da atmosfera

terrestre [9]. Os seus processos vitais requerem somente água, dióxido de carbono, substâncias

inorgânicas e luz. A fotossíntese é seu principal modo de obtenção de energia para o

metabolismo. Entretanto, sua organização celular demonstra que esses microrganismos são

procariontes e, portanto, muito semelhantes bioquimicamente e estruturalmente às bactérias

[10].

A sua capacidade de crescimento em diferentes ecossistemas (águas doces, marinhas e

solos) e resistência a ambientes hostis como desertos, águas quentes e ambientes com o Ártico

e Antártico leva a que sejam microrganismos extremamente adaptáveis. Várias espécies vivem

em solos e rochas onde desempenham um importante papel nos processos funcionais do

ecossistema e na reciclagem de nutrientes. Os fatores ambientais que promovem a proliferação

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Capitulo I

19

de cianobactérias em água são principalmente o pH do meio (pH 7,5 e 10), a temperatura entre

15 a 30 °C e alta concentração em nutrientes, principalmente azoto e fósforo [11, 12].

As cianobactérias têm sido estudadas pelo seu possível potencial farmacológico e pela

influência que exercem sobre a fertilidade de solos e águas, uma vez que se encontram em

suplementos dietéticos, peixes, moluscos, etc. [13]. No entanto, algumas espécies de

cianobactérias têm a capacidade de produzir metabolitos secundários que promovem o gosto e

odor desagradáveis à água, para além de serem poderosas toxinas. [14].

Na literatura podem-se encontrar evidências que ligam o aparecimento de determinado

tipo de sintomas em humanos com florações de cianobactérias produtoras de toxinas. Entre os

sintomas mais comuns encontram-se a irritação da pele, resposta alérgica, dores musculares,

dores nas articulações, gastroenterites, consolidação pulmonar, disfunções a nível do fígado, rins

e ainda um conjunto de efeitos neurológicos [15]. Um dos primeiros estudos elaborados na

China comprovou que o aumento da incidência de florações de cianobactérias se relacionava

com a incidência de cancro do fígado nos seres humanos [16]. Por outro lado existem provas do

aparecimento de deficiências respiratórias após a exposição a florações de Trichodesmium e

Lyugbya em águas marinhas e a florações de Anabaena em água doce, devido à inalação destes

microrganismos [6]. Os primeiros relatos em França foram diagnosticados em animais

domésticos [17]. Em Portugal verificou-se a existência de cianobactérias em águas doces desde

1990. O tipo predominante são as microcistinas (microcistima-LR) que afetam diretamente os

ecossistemas e a cadeia alimentar contaminando moluscos, peixes, lagostas, mexilhões e carpas

[18]. Em vários pontos do mundo, foi detetado que o contacto com cianobactérias produtoras de

toxinas pode conduzir a reações alérgicas associadas ao aparecimento de febre, asma,

conjuntivites e irritações a nível da pele e olhos. A inalação, a hemodiálise e a ingestão de água

contaminada ou suplementos dietéticos são consideradas algumas das principais vias de

contaminação por exposição a toxinas [19]. De entre as florações de cianobactérias em água

que causam este tipo de reações encontram-se, por exemplo, as seguintes: Oscillatoria,

Microcistis, Nodularia, Aphanizamenon, Anabaena e Gloeotrichia [6].

Como já foi referido as cianobactérias produtoras de toxinas, denominadas cianotoxinas,

causam graves lesões em animais, terrestres e aquáticos, e humanos, através da ingestão ou

através do contacto direto com água contaminada. As principais e mais perigosas toxinas

produzidas pelos géneros já mencionados de cianobactérias são microcistinas, nodularinas,

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Capitulo I

20

anatoxinas, cilindrospermopsinas e saxitoxinas [20]. Algumas das principais cianotoxinas e

algumas das suas características encontram-se enumeradas em anexo (anexo I). As cianotoxinas

são classificadas atendendo ao seu mecanismo de ação como hepatotoxicas, neurotóxicas,

dermatotoxicas ou promotoras da inibição da síntese de proteínas [21]. Com base em estudos

epidemiológicos em animais estabeleceram-se as concentrações máximas aceitáveis em água

para consumo, para os diferentes tipos de cianotoxinas. Os resultados obtidos para esses

estudos encontram-se apresentados na tabela 1.1 [22].

Tabela.1.1. Níveis de concentração máximo aceitável de diferentes tipos de

cianotoxinas em águas para consumo [22].

Cianotoxinas Diretrizes Concentração máxima aceitável

Hepatoxinas

Microcistinas WHO

Austrália

Canada

Nova Zelândia

EUA

1.0 μg/L

1.3 μg/L*

1.5 μg/L†

1.0 μg/L, 0.1 μg/L‡

1.0 μg/g §

Nodulinas Não existem diretrizes definidas para esta toxina, embora a sua presença deva ser

considerada como um risco para a saúde

Cilindrospermopsina Não existem diretrizes oficiais, mas sugeriu na literatura o valor referência de 1,0

mg / L com base em suspeitas de genotoxicidade

Neurotoxinas

Anatoxinas Não existem diretrizes oficiais, mas a anatoxina-a tem um valor de referência

sugerido de 3 mg / L

Saxitoxinas Não existem diretrizes oficiais, mas na Austrália está considerando um valor de3

mg / L com base em dados toxicidade em marisco

Nota: *Toxicidade total para microcistinas-LR, algumas variantes são convertidas em microcistina-LR e somadas;

† Total de microcistina-LR; ‡ inclui o fator promotor de tumores; § produtos á base de algas.

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Capitulo I

21

1.3. Anatoxina-a

A anatoxina-a (2-acetil-9-azabiciclo [4.2.1] non-2-eno) foi a primeira cianotoxina a ser

quimicamente e funcionalmente definida, por se tratar de uma amina secundária [23]. Trata-se

de um alcaloide que estruturalmente apresenta um anel heterocíclico nitrogenado de baixo peso

molecular. Atualmente sabe-se que a anatoxina-a é produzida por mais de uma espécie de

cianobactérias como: Anabaena, Aphanizomwnom Microcystis, Planktothrix, Raphidiopsis,

Cylindrospermum, Arthrospira, Phormidium, Nostoc e Oscillatoria [24]. Sabe-se também que

esta toxina é instável em condições naturais, sendo praticamente ou parcialmente degradada em

produtos não tóxicos, como por exemplo, dihidroanatoxina-a e epoxianatoxina-a [25].

Existem três tipos de anatoxinas atualmente descritos na literatura: (1) anatoxina-a, (2)

homoanatoxina-a são aminas secundárias e (3) anatoxina-a (s) um éster de fosfato com uma

estrutura cíclica [8]. As respetivas estruturas químicas destas anatoxinas são apresentadas na

figura 1.1. A (+) -anatoxina-a (enanteómero positivo da anatoxina-a) é um agente bloqueador

neuromuscular pós-sináptico, interfere com a transmissão dos impulsos nervosos e liga-se

fortemente aos recetores nicotínicos [26 - 28]. Contudo, o enanteómero negativo (-) anatoxina-a é

menos potente e nunca foi relatada a sua produção por parte das cianobactérias [29, 30].

Relativamente à homoanatoxina-a foi descoberto, por Aas e colaboradores, que esta aumenta o

fluxo de iões Ca2+ em nervos terminais colinérgicos a nível dos brônquios e cérebro de ratos [31].

Ambas podem causar a morte rápida em mamíferos, aves, moluscos e peixes, através de

paragem respiratória [32, 33]. Relativamente à anatoxina-a (s) pode dizer-se que é uma toxina

mais potente e ao mesmo tempo um inibidor de acetilcolinesterase. Ao contrário de anatoxina-a,

a anatoxina-a (s) induz hipersalivação em mamíferos, assim como outros sintomas mais típicos

de neurotoxicidade, como a diarreia [34]. Embora existam varias vias de intoxicação, tais como

ingestão de suplementos dietéticos, inalação, contacto com a pele ou mesmo pela hemodiálise,

a forma mais comum das toxinas ingressaram no corpo é através do consumo da água

contaminada [35, 36].

Embora o seu mecanismo de ação não seja conhecido em detalhe, esta liga-se e

estimula os recetores de acetilcolina e inibe irreversivelmente a enzima acetilcolinesterase [34].

Este tipo de toxina age muito rapidamente e os sintomas começam a manifestar-se em alguns

minutos após a sua ingestão.

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Capitulo I

22

a b c

Figura 1.1 Estrutura química dos diferentes tipos de anatoxinas: a) Anatoxina-a; b)

Anatoxina-a (s) e c) Homoanatoxina-a.

Anatoxina-a também é conhecida como um ―Very Fast Death Factor‖ (VFDF) [34] dado

que as vítimas começam por sofrer de espasmos musculares e paralisia, podendo ocorrer

paragem respiratória [37]. A morte pode ocorrer em minutos ou horas, dependendo da dose

ingerida. As doses letais para animais já foram estudadas em ratos e relatadas na literatura, no

entanto para os humanos esta dose não é conhecida, mas é estimada em menos de 5 mg para

um adulto do sexo masculino [38, 39]. Esta toxina pode ser quimicamente sintetizada e alguns

dos métodos encontram-se evidenciados na literatura com forma de potencializar a sua deteção

e facilitar o reconhecimento e o modo de atuação da anatoxina-a nas cianobactérias e

ecossistemas aquáticos [34, 40, 18]. A homoanatoxina-a é estruturalmente e toxicologicamente

muito semelhante à anatoxina-a. Foi a primeira a ser preparada sinteticamente e mais tarde

encontrada na Noruega em florações de cianobactérias do tipo Oscillatoria [39]

Não existe até ao momento um tratamento específico no caso de intoxicação com

anatoxina-a, no entanto são conhecidos os seus efeitos sobre vertebrados [41]. A deteção e

identificação deste tipo de compostos é difícil e só é possível em laboratórios de análises

devidamente equipados para a sua deteção. Carmichael e Gorham foram os primeiros a

contribuir para o estudo da toxicidade da anatoxina-a, publicando o seu primeiro trabalho em

1964 [34]. Desde ai começaram a surgir um leque de métodos de deteção para a análise desta

toxina, associado com a rapidez dos bioensaios, de modo a avaliar a toxicidade em amostras

naturais. Mais tarde surgiu a investigação da toxicidade da anatoxina-a em ratos e tecidos [42 -

46]. Após alguns anos com o crescimento das ações contra o uso de animais em experiências e

com o aumento de relatos relacionados com a toxicidade desta toxina, como por exemplo,

aparecimento de tumores, lesões e mortes em animais ou seres humanos, levaram à

necessidade de monitorização e identificação rápida de florações de cianobactérias tóxicas em

águas, alimentos, etc. Para este efeito dispõe-se da contribuição de diversos métodos biológicos,

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Capitulo I

23

químicos e até bioquímicos que possibilitam a deteção e a quantificação destas toxinas em

vários tipos de matrizes [47].

1.4. Metodologias aplicada à análise da Anatoxina-a

Aparentemente, a maioria das cianotoxinas uma vez sintetizadas na fase de crescimento

são mantidas no interior das células. De acordo com Chorus et al., a libertação de cianotoxinas

para o meio circundante pode decorrer, embora não exclusivamente, durante o período de

envelhecimento celular onde ocorre morte e lise celular [48]. Existem alguns indícios de que a

anatoxina-a seria libertada durante a etapa de crescimento, especialmente em condições de

baixa luminosidade [6].

Os métodos que permitem a determinação qualitativa e quantitativa de algumas

cianotoxinas apenas começaram a estar disponíveis a partir da década de oitenta [49].

Nas primeiras tentativas de detetar a anatoxina-a em amostras ambientais, foram

propostos protocolos de bioensaios testados em ratos. Alguns dos métodos aplicados neste

âmbito classificam-se como bioensaios bacteriológicos, onde se destacam os bioensaios a

invertebrados e bioensaios a vertebrados (bioensaio a ratos e a peixes) ou bioensaios utilizando

culturas de células in vitro. Apesar de serem técnicas de baixo custo, estas apenas permitem

determinar a toxicidade total em misturas complexas e apenas pela exposição durante algumas

horas, sendo pouco sensíveis e específicos. É importante evidenciar que apenas um método não

é suficiente para promover uma informação adequada sobre a toxicidade de todos os tipos de

cianotoxinas. Contudo estes procedimentos não puderam monitorizar níveis sub-letais nem

diferenciar variantes [6, 50]. Araoz, et al, foi o responsável pelo estudo da afinidade elevada da

anatoxina-a e homoanatoxina-a para os recetores ou colinérgicos nicotínicos e a adaptar o ensaio

radioligante vinculativo na deteção em rotina destas toxinas a partir de extratos de células de

cianobactérias. A posterior confirmação destes resultados e identificação da anatoxina-a e

homoanatoxina-a foram obtidos por GC/MS [51].

Para além dos ensaios biológicos na literatura são também evidenciados um conjunto de

métodos bioquímicos, tanto na análise de microcistinas como de neurotoxinas. A avaliação da

toxicidade da anatoxina-a revelou que este alcoide liga-se aos recetores de acetilcolina na rede

neuromuscular e é também capaz de se ligar a recetores nicotínicos de acetilcolina em tecidos

de Torpedo acellata [49]. Apesar de este princípio ser conhecido há bastante tempo, apenas

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Capitulo I

24

recentemente foi posto em prática na deteção analítica da anatoxina-a em extratos de

cianobactérias, utilizando ensaios competitivos com inibidores de radiomarcação e não-reativos

de acetilcolina [51 - 53]. Um outro método aplicado na análise da anatoxina-a é o método ELISA,

aplicado essencialmente em amostras de milho com um limite de deteção próximo de 1µg/L

[54].

Os métodos analíticos disponíveis atualmente para a determinação da anatoxina-a em

florações, culturas de cianobactérias, água, entre outros, são baseados principalmente nas suas

propriedades físicas e químicas e usam preferencialmente técnicas cromatográficas para

proceder à sua deteção. Técnicas como a cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC)

acoplada com ultravioleta (LC-UV) ou deteção baseada na fluorescência (LC-FLD) ou ainda

acoplada à espectrometria de massa (LC/MS) e a cromatografia gasosa acoplada à

espectrometria de massa (GC/MS) são exemplos de técnicas aplicadas no estudo e análise da

anatoxina-a.

Uma das primeiras técnicas a ser aplicada na análise da anatoxina-a foi a cromatografia

em camada fina (TLC), utilizada na purificação de toxinas, principalmente por se tratar de um

método de baixo custo. Este método apresenta um limite de deteção de apenas 10 µg/g no que

diz respeito à análise da anatoxina-a a partir de estratos de cianobactérias [55].

Apesar dos problemas relacionados com a rápida degradação desta toxina (tempo de

vida menor que um dia, dependendo das condições de pH, luminosidade, temperatura e

nutrientes), esta toxina pode ser determinada por diversos métodos mesmo a quando se

encontra a baixas concentrações. Uma desvantagem advém da falta de padrões ou materiais de

referência comercialmente disponíveis na análise da anatoxina-a e homoanatoxin-a e os seus

produtos de degradação [56].

Os primeiros estudos sobre a determinação de anatoxina-a em água doce foram

realizados usando LC/UV, no entanto este método demonstrou ter inúmeras limitações no que

toca à sensibilidade e um grande número de interferências inerentes a matrizes complexas.

Além disso, esta técnica não permite a deteção dos produtos de degradação de anatoxina-a. A

sensibilidade e limite de deteção desta técnica melhoraram pela introdução da derivatização com

4-fluoro-7-nitro-2,1,3-benzoxadiazole (NBD-F) e posterior deteção fluorimétrica. Por outro lado o

método de LC/FLD acrescentou também a possibilidade da determinação simultânea de

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Capitulo I

25

anatoxina-a (LD <10 ng/L em amostras de água), o seu análogo a homoanatoxin-a e os seus

produtos de degradação, recorrendo também à extração em fase sólida (SPE) com uma resina

de troca catiónica fraca [53, 57, 58]. Uma melhoria deste método foi apresentada por Rawn e

seus colaboradores para a análise de anatoxina-a em algas azuis - verdes recorrendo a técnicas

de pré concentração (C18-SPE) [59]

A técnica de GC é outra das inúmeras técnicas aplicadas na análise da anatoxina-a em

água doce, acoplada a MS ou através da deteção por captura de eletrões (ECD). Neste caso a

derivatização, com base na acetilação e alquilação da anatoxina-a é um dos pré-requisitos para

se atingir uma maior sensibilidade na análise cromatográfica. A aplicação da GC acoplada com

deteção ECD permitiu uma determinação mais sensível (ng) e aplicada com sucesso após uma

extração líquido - líquido (ELL) e derivatização com brometo de pentafluorobenzil ou após C18-

SPE e derivatização com anidrido tricloroacético [60].

A técnica de GC/MS melhorou significativamente a identificação e deteção da anatoxina-

a, homoanatoxina-a e os seus produtos de degradação. Edwards et al. foi o primeiro a aplicar

GC/MS após C18-SPE como técnica confirmativa na análise da anatoxina-a, com acetilação

prévia do grupo amina com piridina e anidrido acético [61]. A sensibilidade atingida por este

método revelou ser similar à obtida por GC/ECD. Na Irlanda a anatoxina-a foi pela primeira vez

detetada em três grandes lagos, a partir de florações de cianobactérias, usando como método de

deteção GC/MS, após acetilação [53].

Tal como a maioria das aplicações, o desenvolvimento de métodos sofisticados como

LC/MS e LC/MS/MS levou a que decorressem avanços importantes quanto à sensibilidade e

rapidez da análise da anatoxina-a, eliminando assim a necessidade da derivatização [62].

Problemas como a baixa resolução cromatográfica foram superados pelo uso de pré-colunas de

derivatização on-line usando o pentafluoropropionico (LD 2,1 ng/L) [63]. A anatoxina-a tal como

algumas hepatoxinas foram ambas determinadas em simultâneo em água usando SPE

suportada e LC/ESI/MS/MS [64]. O limite de quantificação reportado foi de 50 ng/L para a

anatoxina-a e uma recuperação superior 90%. Posteriormente Dell`Aversano e seus

colaboradores adequaram as interações hidrófilas da técnica de LC/ESI/MS na análise de vários

tipos de toxinas, sem recorrer a qualquer tipo de limpeza da amostra ou etapa de pré-

concentração. O método demonstrou ser bastante robusto atingindo limites de deteção na

ordem de 225 pmol de anatoxina-a injetada [65, 66].

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Capitulo I

26

No entanto, a análise por LC/MS demonstrou ser insuficiente e limitativa quando

aplicada na área forense [67, 68]. Em 2002 a morte de um jovem nos EUA foi atribuída a

envenenamento por anatoxina-a sobre a prova da identificação desta toxina usando LC/MS com

quadropolo simples. Tal identificação revelou ser incorreta e o erro encontrava-se associado à

incapacidade da técnica de LC/MS em distinguir a fenilalanina da anatoxina-a, uma vez que

estas demonstram as mesmas capacidades de retenção, massa molecular e produzem

fragmentos de iões isobáricos nos seus respetivos espectros [34]. Tal facto refletiu a

necessidade de complementar ou adicionar outros métodos como UV/DAD, dado que cada um

apresenta uma atividade espectral diferente. Recentemente, a intoxicação de cães num lago em

França associada com a presença da anatoxina-a, levou a que se recorrer à técnica referida

anteriormente para apurar quais a verdadeira causa dos incidentes ocorridos [17].

James e seus colaboradores focaram-se as suas atenções na investigação e elucidação

dos mecanismos de fragmentação para a anatoxina-a, homoanatoxina-a e os produtos de

degradação em amostras na área forense. Tendo como apoio ao seu estudo, analisadores de

massa do tipo quadropolo com ―ion trap‖ e quadropolo com tempo de voo. Toda a pesquisa teve

também como objetivo desenvolver metodologias em LC/MS/MS de modo a evitar os problemas

no que toca à identificação da anatoxina-a investigações forenses, relacionadas com intoxicações

agudas neurotóxicas [69].

Mais recentemente, a aplicação da técnica de ressonância nuclear magnética (RMN)

permitiu a quantificação precisa na ordem dos microgramas da anatoxina-a em amostras

diluídas [70].

1.5. Métodos de extração e de pré-concentração

A complexidade das matrizes nas quais a anatoxina-a está presente, causando uma

toxicidade relativa a baixos níveis de concentração, remete a uma etapa de preparação da

amostra relativamente crítica, que deve ser cuidadosamente realizada não apenas para a

aquisição de dados analíticos precisos e confiáveis, mas também para um desempenho

cromatográfico eficiente. Neste caso a limpeza e extração são as etapas mais críticas no

protocolo de pré-tratamento da amostra.

Em certos casos a extração seletiva pode ser recomendada, pois acelera todas as

operações seguintes, simplificando assim a preparação da amostra e em alguns casos permite a

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Capitulo I

27

análise cromatográfica direta. No entanto, em muitos casos as interferências presentes em

extratos fazem com que o passo de purificação da amostra passe a ser necessário. A pré-

concentração é um outro dos passos a ser considerado nas situações em que se pretende uma

melhor sensibilidade.

A anatoxina-a pode ser extraída a partir de células de cianobactérias, em matrizes

diferentes (biomassa ou água), com sucesso utilizando diferentes tipos de solventes. Os mais

comummente usados são a água, água acidificada, metanol acidificado [58] ou uma mistura de

metanol/água [61, 71 - 74]. Hadara e seus colaboradores começaram por comparar a eficiência

de quatro tipos de solventes diferentes (água, ácido acético 0,05 M em água, metanol e ácido

acético em metanol 0,05 M). Verificou que a extração com ácido acético aquoso é a mais

eficiente [75]. Mais tarde foi avaliada a eficiência de diferentes tipos de solventes para executar a

extração da anatoxina-a em cianobactérias liofilizadas. Neste caso específico a água provou ser o

solvente mais eficaz, porém a mistura de água/metanol (50/50) demonstrou reduzir a

quantidade de picos interferentes e proporcionou uma eficiência de extração elevada (87%). Por

outro lado o metanol tem como vantagem adicional de permitir a concentração rápida apenas

através de evaporação [76].

A extração da anatoxina-a e da homoanatoxina-a do interior das cianobactérias é difícil

sem que seja quebrada a parede celular das células. Para este efeito, diversas metodologias

como a liofilização combinado com secagem, centrifugação e/ou ultrassonicação com extração

prévia com metanol, metanol acidificado, ácido acético ou solução de Tirode são aplicadas na

análise de vários tipos de toxinas [77]. Contudo com a evolução científica, surgiu a extração com

líquido pressurizado como uma alternativa à ultrassonicação, no entanto a anatoxina-a

demonstrou-se instável às condições experimentais, onde a recuperação obtida foi de apenas

50% [78].

No caso de misturas complexas, como é o caso de amostras de moluscos, a extração é

efetuada com uma mistura de metanol, água e acetona. No caso de ser realizada a purificação

com SPE é adicionado ao resíduo aquoso uma mistura de etanol e água. A gama de

recuperações obtidas para a anatoxina-a ronda os 70-73% [79]. Em estudos aplicados a

suplementos alimentares contendo Spirulina foi aplicada a extração por sonificação com metanol

num banho ultrassónico, para posterior análise da anatoxina-a por LC/MS [80]. De entre as

técnicas aplicadas na extração da anatoxina-a encontra-se também a extração líquido-líquido

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Capitulo I

28

(ELL) usando diclorometano, recorrendo ao aumento do pH dos extratos (pH=11) [72, 81].

Contudo o inconveniente relacionado com a necessidade do uso de elevadas quantidades de

solventes orgânicos tóxicos torna esta técnica pouco viável em laboratório.

É importante evidenciar que para além dos métodos de extração já referidos, a SPE é o

mais utilizado na purificação e concentração da anatoxina-a. Recorre-se ao ajuste do pH, utiliza-

se um cartuxo de sílica gel octadecil siloxano (ODS) para a uma eluição eficiente com metanol,

antes da análise por LC/UV e LC/MS [74]. Uma outra possibilidade de limpeza das amostras de

água ou extratos de cianobactérias remete o uso de SPE com um material de troca catiónica

fraca (WCX), ajuste do pH=7 e eluição com metanol contendo 0,2% de ácido trifluoroacético.

Neste caso específico as recuperações atingem os 83-85% [58]. Este procedimento teve como

base um método aplicado por Hadara et al., onde extraiu simultaneamente a anatoxina-a,

homoanatoxina-a e os seus produtos de degradação, para posterior análise por LC/FL [82]

Mais recentemente, a microextração em fase sólida (SPME), desenvolvida em 1990 por

Pawliszyn e Lord, foi aplicada simultaneamente na extração, purificação e concentração da

anatoxina-a [83, 84]. Com esta técnica foi possível introduzir também a automatização da

extração e análise on-line das amostras. O dispositivo básico de SPME, apresentado

esquematicamente na figura 1.2, consiste de um bastão de fibra óptica, de sílica fundida (FS),

com 10 mm de uma extremidade recoberto com um filme fino de um polímero [85, 86]. O

método de SPME possui várias vantagens sobre os métodos tradicionais de extração. É rápido,

simples, livre de solventes, sensível, compatível com a separação e deteção do analito por

diferentes sistemas, fornece resultados lineares para uma ampla gama de concentração do

analito e conveniente para a conceção de dispositivos portáteis aplicados na análise de campo.

Proporciona resultados quantificáveis de concentrações muito baixas de analitos e evita perdas

que possam ocorrer durante a extração, concentração e etapas de limpeza dos métodos de

extração tradicionais. Por outro lado, uma das principais desvantagens da técnica é o número

limitado de fases estacionárias que se encontram comercialmente disponíveis. Algumas das

fibras atualmente disponíveis são as seguintes: PDMS (polidimetilsiloxano), PA (poliacrilato), CW

/ DVB (Carbowax divinilbenzeno), PDMS / DVB, PDMS / CAR (Carboxen), CW / TR (resinas

templated) ou DVB / CAR / PDM. Outra desvantagem está relacionada com o uso limitado da

fibra devido à exposição a solventes orgânicos e ao número limitado de utilização para a mesma

fibra [87].

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Capitulo I

29

Figura 1.2 Dispositivo de microextracção em fase sólida (SPME): (1) fibra revestida

com filme polimérico; (2) agulha de aço; (3) corpo de dispositivo; (4) guia do êmbolo; (5) êmbolo

do dispositivo.

Trata-se de uma técnica que pode ser acoplada com várias técnicas de forma muito

eficiente, como por exemplo, LC/FL (LD 20 ng/mL) [88], tendo surgido algumas melhorias

obtidas nesta análise em diferentes amostras (LD 0,47 ng) [89]. O método de SPME, acoplado

ao GC/MS foi também aplicado à análise da anatoxina-a, em que o passo fulcral foi a

derivatização [90]. A utilização comum da derivatização em aplicações SPME é o tratamento de

compostos polares ou termicamente instáveis, a fim de aumentar as taxas de recuperação. Esta

permite a sua conversão em formas facilmente extraíveis, termicamente estáveis, mais voláteis e

com melhor comportamento cromatográfico [88]. Em comparação com a SPME direta, a SPME

com derivatização permite baixar muito os limites de deteção. Para além de possibilitar o

aperfeiçoamento da separação, seletividade e / ou sensibilidade dos métodos analíticos [87,

91].

Aspetos como o tipo de fibra a usar e a natureza do seu revestimento, condições ideais

adsorção e desorção, foram estudados e melhorados ao longo dos anos por diversos analistas

[92]. O uso de revestimento de polianilina foi relatado por Rodrígues et al e demonstrou ser uma

estratégia viável na análise da anatoxina-a por GC/MS em amostras de água (LD 2 ng/mL) [93].

O método de dispersão de matriz em fase sólida (MSPD) é mais um dos métodos

aplicados na extração da anatoxina-a a partir de tecido muscular de peixes. Embora o seu uso

não seja muito amplo, este novo procedimento oferece vantagens como simplicidade, redução

do uso de solventes tóxicos e elimina a possibilidade de formação de emulsões [24].

O anexo II, apresenta resumidamente os métodos mais relevantes desenvolvidos para a

determinação da anatoxina-a.

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30

Capitulo II

Parte Experimental

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Capítulo II

31

2. Parte Experimental

Neste trabalho otimizou-se um método de cromatografia de gases acoplado a

espetrometria de massa, utilizando a microextração em fase sólida (SPME-GC/MS) com uma

técnica de pré-tratamento na a análise da anatoxina-a em amostras de águas. O método

desenvolvido foi aplicado na análise de diferentes amostras de águas recolhidas em diferentes

locais nomeadamente, rio Minho, rio Lima, lago Zamanes e rio Tâmega.

Neste capítulo serão descritos os equipamentos e reagentes utilizados, assim como os

procedimentos de preparação das amostras de água e das soluções padrão.

2.1. Equipamento de análise

Neste trabalho, foi utilizado um equipamento de cromatografia gasosa acoplada a

espectrometria de massa cuja ilustração é apresentada na figura 2.1, juntamente com o

equipamento para a microextração em fase sólida. As instruções de funcionamento do

equipamento encontram-se apresentadas em anexo (anexo III).

Figura 2.1. Ilustração do equipamento para SPME (A) e de GC/MS (B) utilizados.

Sistema de cromatografia de gases acoplada a espectrometria de massa

(GC/MS)

a) Sistema GC, HP 6890,equipado com:

Coluna cromatográfica 30 m × 0,25 mm HP-5MS

Gás hélio comprimido para cromatografia gasosa, Alphagaz, 200 Bar

Injetor manual

Sistema de aquisição e tratamento de dados: Chemstation para GC/MS,

Hewlett Packard

A B

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Capítulo II

32

b) Espectrómetro de massa de quadrupolo simples: HP 5973 Mass Selective Detector,

equipado com:

Fonte de ionização por impacto eletrónico

Microextração em fase sólida (SPME)

Agitadores magnéticos

Dispositivo portador da fibra para análise por SPME-GC/MS (―manual holder‖).

Supelco, Bellefonte, PA, USA;

Fibra para SPME: 100 µm polidimetilsiloxano (PDMS), adquirida em Supelco,

Bellefonte, USA;

Placa magnética, RTC Basic, IKA® Werke;

Sistema de amostragem fixo para SPME

Viais âmbar, 1,5 e 4 mL, Supelco;

Lacradores de viais, Agilent, USA;

Cronómetro

Outro material e equipamento

Balança analítica, Salter HA – 120 M (± 0,00001 g);

Micropipetas com volumes reguláveis: 2 a 20 µL (± 0,06 µL), Ecopipette; 10 –

100 µL (± 0,44 µL), Wito Pet, Witeg Germany; 1000 µL (± 3,05 µL) Eppendorf

Research;

Banho de ultrassons, Soltec®, 3200 MH;

Purificador de água – Millipore, Milli-Q® (18 MΩcm)

Azoto comprimido, Alphagaz;

Material volumétrico de vidro diverso, de classe A

2.2. Reagentes

Foram utilizados reagentes de pureza analítica (p.a) sem qualquer tratamento prévio. As

características e respetivas frases de risco e segurança encontram-se em anexo (anexo IV).

Metanol, grau HPLC, Merck;

Fumarato de anatoxina-a, Trocris (Bristol, UK);

Acetato de etilo, qualidade PA, Panreac;

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Capítulo II

33

Anidrido acético, para GC, Fulka;

Piridina, para GC, Fulka;

Água ultrapura, Milli-Q (18 MΩcm);

Hidrogeno carbonato de sódio, qualidade PA, Panreac;

Isobutilcloroformato, 98%, Sigma Aldrich.

2.3. Preparação das soluções

As soluções padrão utilizadas foram obtidas por diluição da solução mãe devidamente

preparada e armazenada. A apresentação das incertezas é efetuada com dois dígitos e o número

de algarismo significativo da grandeza é dependente da incerteza determinada.

2.3.1. Solução mãe

A solução mãe (1,00 ± 0,01 mg/ml) de Fumarato de anatoxina-a, Trocris (Bristol, UK) foi

preparada em água Milli-Q e armazenada em duas aliquotas distintas em viais de vidro âmbar a -

20 °C na ausência de luz. A partir destas foram preparadas as soluções de trabalho mediante

diluição em água ultrapura e armazenadas em viais âmbar a 4 °C na ausência de luz. Os restos

de solução obtidos ao longo do trabalho experimental foram descartados para um bidão em

plástico devidamente rotulado.

2.3.2. Solução padrão

Foram preparadas várias soluções padrão de fumarato de anatoxina-a com

concentrações compreendidas entre 1,00 × 10 -2 e 1,00 × 102 µg/mL. As soluções foram

preparadas no dia anterior à análise, devido ao tempo necessário para que se estabeleça o

equilíbrio da reação. Preparam-se soluções padrão por diluição direta da solução mãe, no

entanto as mais diluídas foram obtidas por diluição de uma solução padrão mais concentrada,

chamada de soluções de trabalho de 1,00 × 102 µg/mL. Na tabela 2.1 são apresentadas as

concentrações das soluções padrão, assim como as concentrações (c diluição) utilizadas para

preparar as soluções para análise.

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Capítulo II

34

Tabela 2.1. Apresentação da concentração das soluções mãe, de trabalho e padrão de

fumarato de anatoxina-a preparadas e respetivas incertezas associadas.

2.3.3. Amostras

As amostras de água doce foram recolhidas em diferentes pontos do Norte de Portugal e

a sul da Galiza (rio Minho, rio Lima e lago Zamanes) onde normalmente são utilizadas para

consumo direto ou indireto pelo ser humano. As amostras foram recolhidas segundo um

processo de amostragem simples, tendo sido tomados 90 mL de amostra diretamente da

superfície. O armazenamento foi conduzido no frio e na ausência de luz. Cada amostra foi

conservada a -4 º C até ser analisada num período curto de tempo após a sua recolha.

A amostra de água do rio Tâmega foi recolhida em Marco Canaveses, Portugal, em

1999. Esta amostra de água, existente no laboratório de investigação onde decorreu este

trabalho, estava contaminada com microcistinas. Foi armazenada no frio a -22 °C e na ausência

Solução c ± c

(µg/mL)

Solução mãe 1000,00 ± 10,00

Solução de trabalho 100,00 ± 1,13

Soluções padrão

160,00 ± 1,60

100,00 ± 1,09

1,00 ± 0,01

0,500 ± 0,007

0,150 ± 0,003

0,100 ± 0,001

0,0800 ± 0,0012

0,0500 ± 0,0007

0,030 ± 0,0005

0,025 ± 0,0004

0,010 ± 0,0002

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Capítulo II

35

de luz até à realização das análises por SPME-GC/MS. Não sofreu qualquer tratamento prévio

antes da sua utilização.

2.3.4 Método de adição externa de padrão

a) Branco fortificado com anatoxina-a

Para se proceder à determinação dos parâmetros de desempenho do método SPME-

GC/MS, nomeadamente dos limiares analíticos foi necessário adicionar uma quantidade de

padrão a uma amostra de água não contaminada (branco). Realizou-se a adição de anatoxina-a

obtendo-se uma concentração de 0,0500 µg/mL na amostra de água não contaminada, (tabela

2.2).

Tabela 2.2. Concentração de anatoxina-a utilizada na adição de padrão à amostra de

água não contaminada, branco (ctrabalho), volume da solução utilizada na adição do padrão (Vm) e

concentração obtida após a adição do padrão (cf)

ctrabalho± c

(µg/mL)

V m ± Vm

(µL)

cf ± c

(µg/mL)

1,00 ± 0,01 100,00 ± 0,44 0,0500 ± 0,0007

b) Amostras de água com adição de padrão

Para proceder ao estudo do efeito de matriz e aos ensaios de recuperação e assim

avaliar a exatidão do método, foram adicionadas diferentes quantidades de padrão às amostras

de água do rio Minho, rio Lima, lago Zamanes e rio Tâmega, a partir de soluções padrão de

anatoxina-a de concentrações 1,00 e 0,10 µg/mL, preparadas por diluições sucessivas com

água ultrapura (1:10) da solução de trabalho de 100,00 µg/mL. Obtiveram-se concentrações

finais de 0,030, 0,050 e 0,100 µg/mL (tabela 2.3).

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Capítulo II

36

Tabela 2.3. Concentração de anatoxina-a utilizada na adição de padrão das amostras

(c trabalho), volume da solução utilizada na adição de padrão (Vm) e concentração obtida após a

adição de padrão (cf),.

c trabalho± c

(µg/mL)

V m ± Vm

(µL)

cf ± c

(µg/mL)

1,00 ± 0,01 200,00 ± 0,75 0,10 ± 0,001

1,00 ± 0,01 100,00 ± 0,44 0,050 ± 0,0007

0,100 ± 0,001 600,00 ± 3,05 0,030 ± 0,0005

2.1.5. Condições cromatográficas

Neste trabalho foram estudadas as condições desenvolvidas por Rellán et al. [35] para a

análise da anatoxina-a por GC/MS As quais por sua vez resultam da otimização prévia das

mesmas, proposta por Himberg [72] e Edwadrs [61].

Num estudo inicial estas condições foram testadas de forma a comprovar a sua

aplicabilidade, neste estudo específico. Uma vez finalizada a verificação das condições

experimentais, tanto para o método cromatográfico como para a espectrometria de massa,

consideram-se estas as condições ótimas na aplicação do método SPME-GC/MS na análise da

anatoxina-a derivatizada com IBCF em matriz de água ultrapura.

As condições ótimas para proceder às análises da anatoxina-a estão apresentadas na

tabela 2.4.

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Capítulo II

37

Tabela 2.4. Condições cromatográficas associadas ao sistema GC/MS, testadas em

soluções com 1,00 × 102 µg/mL de fumarato de anatoxina-a derivatizada com 4 µL de IBCF, em

água ultrapura.

Parâmetros Condições

Programa de temperatura do forno

Temperatura inicial: 80 °C

Gradiente de temperatura: 15 °C/min

Temperatura final: 275 °C

Injeção 5 min Splitless; 250 °C

Intervalo de massas (SCAN) 100-300 u.m.a

Ionização Impacto eletrónico (70 eV)

Temperatura da interface 280 °C

Fonte de ionização: 230 °C

Quadrupolo: 150°C

Iões selecionados em modo SIM m/z 265, 209, 191, 164, 150, 136, 122

Voltagem do electro fotomultiplicador

SIM: 800 volts

SCAN: 400 volts

Fluxo da fase móvel 0,9 mL/min

Resolução espectroscópica Baixa (0,8 u.m.a.)

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Capítulo III

38

Capitulo III

Microextração em fase Sólida e Cromatografia

Gasosa acoplada a Espectrometria de Massa

aplicada na análise da anatoxina-a

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Capítulo III Capítulo III

39

3.1. Apresentação e discussão dos resultados

A importância do estudo de diferentes tipos de toxinas, com especial atenção para a

anatoxina-a, como contaminantes naturais do meio aquático e de organismos vivos (peixes,

moluscos, cães, aves, algas e o homem), encontra-se evidenciada na Introdução deste trabalho.

De entre os diversos tipos de toxinas de cianobactérias as anatoxinas são as responsáveis pelos

efeitos nocivos a nível neurológico e foi com base nessa toxicidade que surgiu o interesse no seu

estudo. A sua crescente incidência, distribuição e os estudos limitados nesta área, levaram a que

na atualidade se estudem como mais frequência esta toxina em todo mundo. Com isto justifica-

se o objetivo deste trabalho que aqui se apresenta, o qual se centra em aspetos relacionados

com o desenvolvimento e otimização de metodologias analíticas para levar a cabo o controlo da

anatoxina-a, com um elevado nível de fiabilidade, assim como as condições mais adequadas

especialmente no que toca à sensibilidade e seletividade ao analito.

Quando se pretende abordar estudos analíticos deve se dar especial atenção à natureza

do analito, ao tipo de matriz onde este se encontra e ainda os níveis de concentração em que ele

existe para selecionar a técnica analítica de extração e a forma de deteção mais eficazes. A

matriz de água ultrapura será utilizada na otimização da etapa de preparação de amostra e na

validação do método de forma a testar a aplicabilidade do acoplamento das técnicas (SPME-

GC/MS), sem que a presença de componentes endógenos possam interferir nas análises.

Contudo num trabalho posterior poderá testar-se a aplicabilidade do método SPME-GC/MS na

análise da anatoxina-a presente em matrizes complexas, principalmente a nível dos vestígios.

De um modo geral os objetivos destacados e que estruturam sequencialmente o

presente trabalho são os seguintes:

1. Verificação das condições cromatográficas ótimas a utilizar na análise da

anatoxina-a pelo método SPME-GC/MS, tendo como ponto de partida as condições propostas

por Rellán et al [35]. Esta etapa inclui a verificação da eficiência da reação de derivatização, as

condições cromatográficas e a deteção mediante Espectrometria de Massa

2. Avaliação dos parâmetros experimentais que afetam diretamente a extração da

anatoxina-a por SPME-GC/MS.

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Capítulo III Capítulo III

40

3. Estudo da eficiência do sistema SPME-GC/MS na análise da anatoxina-a em

água, derivatizada com IBCF, em termos de precisão, limites de deteção e quantificação e

linearidade.

4. Aplicação do método SPME-GC/MS na análise de diferentes matrizes de água de

rios.

A execução dos objetivos anteriormente descritos permitirá dispor de dados suficientes

para avaliar a eficiência na determinação da anatoxina-a pela metodologia analítica proposta.

3.2. Desenvolvimento e otimização do método SPME-GC/MS

3.2.1. Condições cromatográficas

As condições cromatográficas foram otimizadas utilizando uma solução contendo

anatoxina-a derivatizada com IBCF de concentração 100,00 µg/mL. Em função dos resultados

obtidos estudou-se a eficiência deste tipo de derivatização, bem como a aplicação das mesmas

na análise da anatoxina-a por SPME-GC/MS.

Na figura 3.1 apresenta-se um cromatograma correspondente à análise da solução de

concentração de 100,00 ± 1,00 µg/mL de fumarato de anatoxina-a derivatizada com IBCF por

SPME-GC/MS assim como os seus respetivos espectros de massas, obtidos em modo SCAN e

modo SIM.

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Capítulo III Capítulo III

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Tempo (min)

Abundância

Anatoxina-a

Figura 3.1. Cromatograma correspondente a análise de uma solução de anatoxina-a

derivatizada com IBCF por SPME-GC/MS (c =1,00 × 102 µg/mL) e respetivos espectros de

massas obtidos em modo SCAN (A) e modo SIM (B).

No cromatograma apresentado na figura 3.1, o pico mais intenso (pico base)

corresponde ao ião com razão massa/carga de 265 cuja formação pode ser explicada pelo

mecanismo de fragmentação da anatoxina-a derivatizada com IBCF, apresentado na figura 3.2 A.

O espectro de massa da figura 3.2 A foi obtido pelo método SCAN, no intervalo de massas de

100 a 300.

A análise pelo modo SIM tem como vantagem, analisar apenas os iões que apresentam

uma massa/carga que está compreendida numo intervalo fixado, aumentando assim a

seletividade e sensibilidade do método. Neste trabalho foram selecionados para a identificação

da anatoxina-a os iões resultantes da fragmentação do ião molecular nomeadamente os que

apresentam m/z = 265, 209, 191 e 164 (ver figura 3.1B). Na figura 3.2 encontram-se os

mecanismos de fragmentação para os iões (164, 191, 209 e 265) selecionados para a análise

no modo SIM.

A B

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Capítulo III Capítulo III

42

Figura 3.2. Mecanismos de fragmentação da anatoxina-a derivatizada com IBCF

originando os iões de m/z: A) 265, B) 209, C) 191 e D) 164 propostos pelo software Mass

Frontier 1.0.

A

B

.

C

.

D

.

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Capítulo III Capítulo III

43

Ao proceder à análise da anatoxina-a por SPME-GC/MS recorrendo à ionização positiva

no detetor de massas, pelo método SIM, obtém-se o pico mais intenso de razão massa/carga de

265 cuja formação se explica pelo mecanismo apresentado na figura 3.2A. A análise do

mecanismo da figura 3.2B, indica que ocorreu a perda de um grupo •CH2CH2CHCH2 pela

abertura do anel, devido à deslocalização eletrónica no mesmo. Neste mecanismo ocorre a

formação do ião de menor intensidade de m/z 209. A figura 3.2C demonstra a formação o

segundo componente de maior intensidade (m/z 191), onde decorre apenas a perda de

•OCH2CH(CH3)2. Por último, o aparecimento do ião de m/z 164 deve-se simplesmente à perda

do grupo isobutilcloroformato. Este último pertence à forma ionizada da anatoxina-a.

3.2.2. Reação de derivatização

A aplicação da técnica SPME-GC/MS na análise e determinação da anatoxina-a em água

é relativamente recente e requer a otimização de um conjunto de etapas sequenciais para a sua

elaboração correta. A primeira a considerar é a reação de derivatização do analito. Esta etapa,

elaborada antes ou durante a extração da anatoxina-a possibilita uma maior sensibilidade e

seletividade, tanto no passo de extração como na deteção da neurotoxina. Torna a reação mais

seletiva, acompanhada pela produção do análogo específico e torna a reação mais livre de

interferências na quantificação. É com base nestes pressupostos que se baseiam as vantagens

do uso da derivatização na determinação de uma variedade de analitos em matrizes complexas

[94].

A reação de derivatização é o procedimento analítico que consome o período de tempo

mais extenso desta análise. Apesar de não passar de um tratamento químico da amostra, onde

se estabelece a substituição dos átomos de hidrogénio ativos da estrutura química (ou apenas

de alguns dos grupos mais reativos) por grupos funcionais que tornam o analito com

características mais adequadas. Na generalidade é importante e desejável que esta substituição

se estabeleça de forma rápida, com o menor número de reagentes e passos de reação. É

fundamental que ao escolher o agente derivatizante se reúnam as condições físico - químicas

para a análise por GC/MS, tanto em termos de volatilidade e estabilidade térmica do produto

final. No caso da anatoxina-a, a sua polaridade intermédia faz com que seja necessária a etapa

de derivatização de modo a torna-la mais hidrofóbica e volátil. Alem disso, vista a diferença de

polaridades entre a fibra PDMS e a anatoxina-a é fundamental utilizar o tratamento prévio da

mesma, para que esta se converta numa forma apolar e seja adsorvida à superfície da fibra. Tal

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Capítulo III Capítulo III

44

facto foi comprovado com alguns testes, onde não se obteve qualquer sinal cromatográfico, na

ausência do agente derivatizante.

Existem diferentes protocolos que permitem levar a cabo a derivatização da anatoxina-a

em meio aquoso e neste trabalho foram analisados dois deles: i) derivatização com anidrido

acético e piridina [61] e ii) derivatização com IBCF em meio aquoso tamponado [93]. Iniciou-se o

trabalho testando a derivatização utilizada anteriormente por Sandra Rellán, 2009, na

determinação da anatoxina-a por SPME-GC/MS. Esta reação é mais sensível e é utilizada na

maioria dos métodos descritos na bibliografia [95] e consiste na acetilação da anatoxina-a

formando um produto mais volátil, a n-acetilanatoxina-a. A derivatização foi efetuada com 200 µL

de solução padrão de fumarato de anatoxina-a (1000 ppm) que foram levados à secura com

corrente de azoto. O resíduo foi redissolvido em 200 µL de uma mistura de anidrido

acético/piridina (1:1) e deixou-se a reação decorrer durante 12 horas à temperatura ambiente e

na ausência de luz [61]. Contudo, devido à instabilidade da n-acetilanatoxina-a na presença da

piridina, removeu-se o excesso com uma corrente suave de azoto e por fim redissolveu-se a n-

acetilanatoxin-a em 400 µL de acetato de etilo [35].

Os primeiros ensaios foram aplicados diretamente às soluções derivatizadas (80 µg/mL

de fumarato de anatoxina-a) por injeções diretas no GC/MS. Os primeiros resultados obtidos,

utilizando este método de derivatização, demonstraram que a resposta obtida não era

satisfatória, mesmo após a tentativa de otimização da resolução cromatográfica alterando os

diferentes parâmetros cromatográficos. Da análise do cromatograma da figura 3.3, obtido pelo

método SIM (m/z=207), pode observar-se que ocorreu o fenómeno de adsorção da n-

acetilanatoxina-a à coluna e que o pico apresenta uma baixa resolução.

Na figura 3.4 encontra-se o espetro de massa referente à análise em modo SIM (m/z =

207) para a anatoxina-a derivatizada com uma mistura de anidrido acético piridina. E através

deste pode comprovar-se a presença do ião que caracteriza o derivado n-acetilanatoxina-a em

solução bem como dos fragmentos que constituem a molécula após a análise no modo SIM,

selecionando os iões de m/z = 207, 165, 150, 136 e 122. Neste caso foram selecionados para

a identificação da anatoxina-a derivatizada com anidrido acético e piridina os iões resultantes da

fragmentação do ião molecular nomeadamente os que apresentam m/z = 207, 165, 150 e 136

e 122.

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Capítulo III Capítulo III

45

Tempo (min)

Figura 3.3. Cromatograma correspondente à análise de uma solução de concentração

160 µg/mL de fumarato de anatoxina-a derivatizada com uma mistura de anidrido

acético/piridina (1:1) por GC/MS, no modo SIM (m/z = 207).

Figura 3.4. Espetro de massa relativo à análise de uma solução de concentração 160

µg/mL de fumarato de anatoxina-a derivatizada com uma mistura de anidrido acético/piridina

(1:1) por GC/MS, no modo SIM (m/z = 207).

Tendo em conta o espetro de massa da anatoxina-a derivatizada da figura 3.4,

juntamente com o cromatograma da figura 3.3 conclui-se que este tipo de derivatização não foi

eficiente na extração da anatoxina-a. Para suportar esta ideia verificou-se com o auxílio do

software do equipamento do GC/MS, a pureza do respetivo pico e comprovou-se que a pureza

do pico correspondente ao pico molecular (m/z = 207) era baixa.

A partir das conclusões tiradas do estudo anterior, alteram-se alguns parâmetros

experimentais para permitir melhorar tanto a resolução do pico como a estabilidade do derivado.

Para o efeito começou-se pela alteração do agente derivatizante e na introdução da técnica de

8 . 0 0 1 0 . 0 0 1 2 . 0 0 1 4 . 0 0 1 6 . 0 0 1 8 . 0 0 2 0 . 0 0 2 2 . 0 0 2 4 . 0 0 2 6 . 0 0 2 8 . 0 00

1 0 0 0 0

2 0 0 0 0

3 0 0 0 0

4 0 0 0 0

5 0 0 0 0

6 0 0 0 0

7 0 0 0 0

8 0 0 0 0

9 0 0 0 0

1 0 0 0 0 0

1 1 0 0 0 0

T im e - - >

A b u n d a n c e

I o n 2 0 7 . 0 0 ( 2 0 6 . 7 0 t o 2 0 7 . 7 0 ) : A N A - 2 S I M . DAbundância

Abundância

m/z

207

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Capítulo III Capítulo III

46

purificação da amostra de água (SPME). Optou-se em primeiro lugar pela seleção de um método

de derivatização alternativo que fosse mais simples e rápido para a análise da anatoxina-a. Nesta

abordagem considerou-se a aplicabilidade dos alquilcloroformatos como agentes derivatizantes e

a sua capacidade de reagir com aminas à temperatura ambiente, podendo ser convertidas

facilmente a carbamatos em meio aquoso [95].

Figura 3.5. Representação esquemática das diferentes etapas que constituem o

processo de microextração em fase sólida da anatoxina-a derivatizada com IBCF: A) processo de

adsorção; B) desorção na entrada do injetor e C) Cromatograma obtido pela análise da

anatoxina-a (100,00 µg/ml) derivatizada com 4 µL de IBCF, por SPME-GC/MS.

O procedimento adotado por Rodriguez et al, aplicado neste trabalho, consistiu na

introdução de 200 mg de hidrogenocarbonato de sódio (cf = 100 mg/ml), 4 µL de

isobutilcloroformato (IBCF) de concentração final de 1950 µg/mL e adição de água ultrapura

perfazendo um volume total de 2 mL de solução, dentro de um vial de 4 mL. O vial selado é

colocado no ultrassons durante 10 minutos e armazenado à temperatura ambiente e na

ausência de luz até ao dia seguinte. A microextração em fase sólida é efetuada por imersão

direta da fibra PDMS de 100 µm na solução, com um tempo de extração de 20 min sob agitação

magnética constante. Após a extração o dispositivo é diretamente inserido na entrada do injetor

(250 °C), com um tempo de desorção de 20 min [93]. A figura 3.5 ilustra de forma sucinta o

8 . 0 0 1 0 . 0 0 1 2 . 0 0 1 4 . 0 0 1 6 . 0 0 1 8 . 0 0 2 0 . 0 0 2 2 . 0 0 2 4 . 0 0 2 6 . 0 0 2 8 . 0 00

5 0 0 0 0 0

1 0 0 0 0 0 0

1 5 0 0 0 0 0

2 0 0 0 0 0 0

2 5 0 0 0 0 0

3 0 0 0 0 0 0

3 5 0 0 0 0 0

T im e - - >

A b u n d a n c e

I o n 2 6 5 . 0 0 ( 2 6 4 . 7 0 t o 2 6 5 . 7 0 ) : S P M E B A N 1 . D

A B

C

Abundância

Tempo (min)

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Capítulo III Capítulo III

47

Ponto de derivatização

processo adotado, como também o cromatograma obtido pela derivatização da anatoxina-a com

IBCF.

Como se pode observar no cromatograma da figura 3.5 a cinética da reação é favorecida

pela utilização do IBCF apresentando várias vantagens face ao primeiro processo de

derivatização estudado. Uma vantagem consiste na melhor resposta quer em termos de

resolução e quer em termos de intensidade de pico obtida. Outra vantagem reside no facto deste

método de derivatização ser mais simples e evitar etapas como a evaporação inicial do solvente

e a evaporação intermédia destinada a eliminar a piridina em excesso do meio, etapa que

interfere negativamente na reprodutibilidade final dos resultados no primeiro método de

derivatização.

Uma vez selecionado o método adequado de derivatização, cuja reação está

esquematizada na figura 3.6, testaram-se vários parâmetros experimentais para otimizar a

extração. Um dos parâmetros analisados foi a quantidade necessária de reagente a utilizar de

forma a garantir que a anatoxina-a presente em amostras de água reagisse de forma completa.

Anatoxina-a + Isobutilcloroformato, 5µL Carbamato

O

H

H

H

HN

•C4H4O4

CH3

H3CO

Cl

O

O

H

H

H

N

O

O

CH3

H3C

Figura 3.6. Esquema da reação de derivatização da anatoxina-a com

isobutilcloroformato para a sua posterior análise por SPME-GC/MS.

3.2.3. Estabilidade do derivado utilizando água como matriz

A maior parte das reações de derivatização utilizam reagentes apolares que não são

diretamente compatíveis com a água. Contudo os cloroformatos têm sido aplicados como

Solução Padrão

de Fumarato de

anatoxina-a

16 – 24 h

T. Ambiente

Ausência de luz

+

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Capítulo III Capítulo III

48

agentes derivatizantes na conversão de aminas em carbamatos em meio aquoso tamponado.

Estas reações procedem de forma rápida à temperatura ambiente e aplicam-se frequentemente

na análise de aminas por vários tipos de métodos. De entre vários tipos de agentes de

derivatização, o isobutilcloroformato (IBCF) revelou ser o reagente de eleição no que toca à

derivatização de aminas, tendo em conta o compromisso entre o facto de ser um derivatizante

de massa elevada e por conferir uma elevada estabilidade [96].

Apesar de apresentar estas características, este agente derivatizante quando aplicado na

derivatização de aminas necessita de um período de estabilização antes que seja atingido o

equilíbrio da reação. Ao iniciar a aplicação deste derivatizante, observou-se uma instabilidade do

mesmo que impedia a execução imediata da análise das soluções. Tal instabilidade derivava

apenas da incompatibilidade entre o agente e a matriz. Este problema foi resolvido levando cada

solução preparada ao banho de ultrassons durante 10 min e deixando reagir num período de

tempo entre 8 e 24 h. Posteriormente foi estudado o tempo de reação ideal para atingir o

equilíbrio da reação.

3.3. Desenvolvimento e otimização do método SPME-GC/MS

O desenvolvimento do método de SPME-GC/MS para a análise da anatoxina-a requer a

otimização de uma serie de parâmetros que afetam tanto a etapa de extração, como a

derivatização sobre a fibra ou na posterior desorção da anatoxina-a.

A otimização foi conduzida utilizando água ultrapura à qual se adiciona a solução padrão

de fumarato de anatoxina-a e o agente derivatizante. Para a extração, a fibra foi submersa

manualmente (imersão direta) no vial da solução para análise. O processo de transferência de

massa foi otimizado introduzindo um agitador magnético (agitação constante) dentro do vial

selado com papel de alumínio. Por fim, a fibra com a anatoxina-a derivatizada foi colocada na

interface de SPME-GC/MS durante um tempo determinado para decorrer a desorção.

3.3.1. Seleção do tipo de fibra de SPME na extração da anatoxina-a

Um dos componentes principais constituintes da fibra é a fase estacionária, sendo

determinante que exista afinidade entre o analito e a fibra de extração. Neste âmbito é

importante a seleção da fase estacionária mais apropriada, já que este fator afeta a eficiência da

extração, bem como a sensibilidade do método.

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Capítulo III Capítulo III

49

Para este estudo foi escolhida a fibra de PDMS (100 µm), por ser a que se encontrava

disponível no laboratório, mas também por ser aquela que satisfaz os requisitos necessários

para uma extração eficiente da anatoxina-a. Uma outra possibilidade consistia na utilização da

fibra mista de PDMS/DVB, pois permitia a extração de componentes voláteis e não voláteis, de

baixa e elevada polaridade. A mistura de filmes poliméricos aumenta a capacidade de retenção à

fase estacionária, principalmente para analitos de baixo peso molecular.

3.3.2. Otimização das condições de desorção

A otimização do processo de desorção é uma etapa importante na qual se deve

assegurar a completa desorção dos analitos e evitar o possível efeito de ―carry-over‖, que pode

afetar extrações posteriores [97, 98]. O principal responsável pelo processo é o revestimento

polimérico que deve inicialmente ser ativado a uma temperatura constante num tempo

determinado (1 hora a 250 °C no caso da fibra PDMS). Por outro lado, a temperatura máxima

de desorção é limitada pela estabilidade do revestimento polimérico (reportado pelo fabricante).

Deste modo, a desorção é otimizada assumindo um compromisso para a temperatura do injetor

que deve considerar a temperatura permitida pela fibra e a volatilidade dos analitos. As

temperaturas recomendadas e atualmente utilizadas para os vários tipos de fibras encontram-se

apresentadas na tabela 3.1

Tabela 3.1. Temperaturas recomendadas e algumas características inerentes para a

utilização dos diferentes tipos de fibras em GC/MS [86].

Tipo Composição

química

Espessura do

filme (µm)

ΔT

(°C)

Aplicação

Não-

polares

PDMS 100;

30;

7

200 – 270 °C

220 – 320 °C

Compostos apolares e

polares.

Polares PA

CW-DVB

85

65

220 – 310 °C

200 – 260 °C

Média ou elevada

polaridade. Voláteis de

média a alta polaridade.

Bi-polares PDMS-DVB

Carboxen-

PDMS

65

75

200 – 270 °C

Voláteis e não voláteis de

baixa e alta polaridade.

Voláteis.

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Capítulo III Capítulo III

50

As condições de desorção foram estipuladas considerando o tempo de desorção de 20

min, tempo suficiente para que ocorra a deteção da anatoxina-a (aproximadamente aos 11 min),

uma temperatura de 250 °C na entrada do injetor e uma temperatura máxima de análise de

275 °C.

3.3.3. Otimização da extração da anatoxina-a

No que diz respeito à microextração em fase sólida, a quantidade de analito extraída

pela fibra não depende apenas da polaridade e da espessura da fase estacionária, mas também

do tempo de extração e da concentração de analito presente na solução. Essa extração é

também melhorada pela agitação, adição de sal, alteração do pH e em determinados casos pela

temperatura. O tempo de extração encontra-se principalmente afetado pela velocidade de

agitação e pelo coeficiente de partição do analito entre o revestimento da fibra e a matriz

aquosa. Na SPME a sensibilidade máxima é obtida quando se atinge o equilíbrio da transferência

de massa. No entanto para que seja atingido o equilíbrio e de modo a obter análises com maior

fiabilidade e precisão, é necessário o auxílio de agitação e a adição de sal, acelerando ambos o

processo de transferência de massa [99]. Como se tratam de variáveis que afetam diretamente

a extração, devem ser estudadas de forma a serem bem controladas. Como forma de otimizar a

SPME, foram avaliadas todas as variáveis que possam afetar direta ou indiretamente a sua

eficiência, tais como: i) força iónica; ii) quantidade de derivatizante; iii) tempo de reação; iv)

tempo de extração e v) velocidade de agitação.

3.3.3.1.Estudo do efeito da força iónica

O efeito da adição de sal de modo a aumentar a quantidade máxima de analito a extrair

por SPME foi estudado em detalhe por diversos autores [97, 98]. A adição de sal a soluções

para posterior análise por SPME é bem conhecida como a forma de melhorar a extração de

componentes orgânicos a partir de soluções aquosas, sendo portanto difíceis de extrair. Quando

os analitos se encontram na sua forma dissociada pode observar-se uma diminuição da

quantidade extraída, é portanto importante converter o analito na sua forma neutra antes de

proceder á extração. Tendo em conta que a anatoxina-a possui um pka de 9,6, a extração deve

ser desenvolvida a pH 10 para que se obtenha assim a sua forma neutra, ou seja, tornar a

solução alcalina para que se possa extrair a forma básica em que se encontra a anatoxina-a.

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Capítulo III Capítulo III

51

Teoricamente, quanto maior a concentração de sal, maior a constante de equilíbrio

fibra/água (KFW) e a quantidade extraída [98]. Deste modo, o efeito da força iónica sob a extração

da anatoxina-a foi estudado preparando várias aliquotas de 2 mL de água ultrapura com

concentração 0,500 µg/mL de anatoxina-a. É seguindo um procedimento padrão [93], variando

a quantidade de hidrogenocarbonato de sódio adicionada: 100, 200 e 300 mg (concentração

final de sal na solução para análise: 50, 100 e 150 mg/mL, respetivamente). Os valores das

áreas do pico obtidos por GC/MS estão apresentados na tabela 3.2. Cada amostra foi analisada

em triplicados.

Tabela 3.2. Resultados obtidos no estudo do efeito da variação da massa de NaHCO3

na área (A) do pico correspondente à anatoxina-a derivatizada com IBCF, de concentração 0,500

± 0,007 µg/mL.

Massa NaHCO3

(mg ± 0,01 mg)

A ± A

0 0

100,00 (14,6 ± 5,5) × 104

200,00 (28,0 ± 4,0) × 104

300,00 (27,7 ± 7,5) × 104

Como o objetivo era determinar a quantidade de sal que permita extrair uma elevada

quantidade de anatoxina-a sem comprometer significativamente o tempo de vida da fibra PDMS,

iniciou-se a análise de soluções por ordem crescente em concentração de sal. A figura 3.7

apresenta o efeito da variação da concentração de NaHCO3 (efeito salting out), na extração da

anatoxina-a derivatizada com IBCF por SPME-GC/MS.

O perfil de extração apresentado na figura 3.7 é o esperado, uma vez que existe uma

proporcionalidade entre a quantidade de NaHCO3 adicionada e a área de pico obtida para a

anatoxina-a, até atingir o ponto de saturação da solução quando se adiciona uma elevada

concentração de sal (superior a 200 mg/mL). Deste estudo verifica-se ainda que 200 mg de

NaHCO3 é a quantidade necessária para que ocorra a transferência máxima da anatoxina-a, da

matriz aquosa para a superfície da fibra de PDMS. É importante referir que quantidades

superiores a 200 mg de NaHCO3 apenas vão dificultar o contacto da anatoxina-a com a fibra,

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Capítulo III Capítulo III

52

para além de causar a deterioração prematura da fase estacionária. Por esta razão, após a

desorção, a fibra deve ser cuidadosamente lavada com água ultrapura para retirar restos de sal

e aumentar assim o seu tempo de vida útil.

Figura 3.7. Estudo do efeito da adição de NaHCO3 na extração da anatoxina-a (0,500 ±

0,007 µg/mL) derivatizada com 4 µL de IBCF, tempo de reação entre 16 - 24h, 20 min de

tempo de extração, nível de agitação constante (1,5), num volume total de solução de 2 mL.

3.3.3.2. Otimização da quantidade de derivatizante

Num procedimento de derivatização transformam-se componentes polares numa forma

mais volátil e hidrofóbica, antes de proceder à análise por SPME-GC/MS, melhorando também a

eficiência da extração pela fibra PDMS. De facto, em estudo iniciais com a anatoxina-a verificou-

se que esta praticamente não se adsorvia à superfície da fibra de PDMS mesmo para elevadas

concentrações de analito. Foi necessário derivatizar a anatoxina-a com o IBCF convertendo-a

num carbamato em meio básico à temperatura ambiente.

Nos primeiros estudos com a anatoxina-a por SPME-GC/MS, pretendeu-se determinar o

volume ótimo para derivatizar a anatoxina-a e foi utilizada uma quantidade de IBCF de 4 µL,

tempo de extração de 20 min sob agitação constante, para assegurar o processo de

derivatização e extração. A reação de derivatização foi realizada preparando as soluções (c =

0,100 µg/mL) num volume total de 2 mL de água ultrapura num vial de 4 mL, adicionando 200

mg de NaHCO3 e variando o volume de IBCF: 5, 10, 15 e 20 µL (cf = 2633, 5265, 7898 e

10530 µg/mL). Na figura 3.8 apresenta-se os cromatogramas relativos ao primeiro estudo da

variação do volume de IBCF adicionado à solução padrão de 0,100 µg/mL de anatoxina-a.

0,00E+00

5,00E+04

1,00E+05

1,50E+05

2,00E+05

2,50E+05

3,00E+05

3,50E+05

0 100 200 300

Áre

a d

o p

ico

Massa de NaHCO3 (mg)

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Capítulo III Capítulo III

53

Tempo (min)

Tempo (min)

Abundância

Tempo (min)

Figura 3.8. Cromatogramas relativos ao estudo do efeito do volume de IBCF na

eficiência da extração da anatoxina-a (0,100 µg/mL) por SPME-GC/MS: a) 5; b) 10; c) 15 e d)

20 µL, para tempo de reação entre 16 - 24h, 20 min de tempo de extração, nível de agitação

constante (1,5), num volume total de solução de 2 mL.

Na figura 3.9A apresenta-se o efeito do volume do agente derivatizante na extração da

anatoxina para uma gama de volume mais reduzida. Como a extração aumentou com o volume

de IBCF até 5 µL, decrescendo para valores superiores e aumentando mais abruptamente a

partir de 15 µL, optou-se por reduzir o volume de IBCF para analisar esse efeito na extração. Os

valores selecionados foram: 2, 5, 8 µL (cf = 1053, 2633, 4212 µg/mL) e os resultados estão

apresentados na figura 3.9B. Os valores das áreas do pico determinados por SPME-GC/MS

estão apresentados na tabela 3.3. Cada um dos volumes foi analisado em triplicado.

8 . 0 0 1 0 . 0 0 1 2 . 0 0 1 4 . 0 0 1 6 . 0 0 1 8 . 0 0 2 0 . 0 0 2 2 . 0 0 2 4 . 0 0 2 6 . 0 0 2 8 . 0 0

5 0 0 0

1 0 0 0 0

1 5 0 0 0

2 0 0 0 0

2 5 0 0 0

3 0 0 0 0

3 5 0 0 0

4 0 0 0 0

4 5 0 0 0

5 0 0 0 0

5 5 0 0 0

T im e - - >

A b u n d a n c e

T I C : S P M E 0 5 _ 1 . D

8 . 0 0 1 0 . 0 0 1 2 . 0 0 1 4 . 0 0 1 6 . 0 0 1 8 . 0 0 2 0 . 0 0 2 2 . 0 0 2 4 . 0 0 2 6 . 0 0 2 8 . 0 0

5 0 0 0

1 0 0 0 0

1 5 0 0 0

2 0 0 0 0

2 5 0 0 0

3 0 0 0 0

3 5 0 0 0

4 0 0 0 0

4 5 0 0 0

5 0 0 0 0

5 5 0 0 0

T im e - - >

A b u n d a n c e

T I C : S P M E 1 0 _ 1 . D

8 . 0 0 1 0 . 0 0 1 2 . 0 0 1 4 . 0 0 1 6 . 0 0 1 8 . 0 0 2 0 . 0 0 2 2 . 0 0 2 4 . 0 0 2 6 . 0 0 2 8 . 0 0

2 0 0 0

3 0 0 0

4 0 0 0

5 0 0 0

6 0 0 0

7 0 0 0

8 0 0 0

9 0 0 0

1 0 0 0 0

1 1 0 0 0

1 2 0 0 0

1 3 0 0 0

1 4 0 0 0

1 5 0 0 0

1 6 0 0 0

T im e - ->

A b u n d a n c e

T I C : S P M E 1 5 _ 1 . D

8 . 0 0 1 0 . 0 0 1 2 . 0 0 1 4 . 0 0 1 6 . 0 0 1 8 . 0 0 2 0 . 0 0 2 2 . 0 0 2 4 . 0 0 2 6 . 0 0 2 8 . 0 0

5 0 0 0

1 0 0 0 0

1 5 0 0 0

2 0 0 0 0

2 5 0 0 0

3 0 0 0 0

3 5 0 0 0

4 0 0 0 0

4 5 0 0 0

5 0 0 0 0

5 5 0 0 0

6 0 0 0 0

6 5 0 0 0

T im e - ->

A b u n d a n c e

T I C : S P M E 2 0 _ 1 . D

Tempo (min)

Abundância

a) b)

c) d)

Anatoxina-a

Abundância Abundância

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Capítulo III Capítulo III

54

Figura 3.9. Estudo do efeito da variação do volume de IBCF na eficiência da extração

da anatoxina-a (0,100 µg/mL) usando uma fibra PDMS de 100 µm, tempo de reação entre 16 -

24h, 20 min de tempo de extração, nível de agitação constante (1,5), volume total de solução de

2 mL, para um volume de IBCF adicionado: A) Estudo na gama entre 0 e 20 µL; B) Estudo na

gama entre 0 e 8 µL.

No geral para volumes mais elevados (superior a 15 µL) ocorre uma forte interação do

agente com a fase estacionária de PDMS. A resposta acaba por se tornar instável (maior

variabilidade dos valores obtidos para as áreas de pico) para concentrações de IBCF elevadas

em solução, devido ao excesso de cloreto dissolvido na matriz. Tal comportamento promove o

ataque do suporte epóxido que mantém aderido o polímero de polidimetilsiloxano ao suporte

interior de sílica, fazendo com que o seu tempo de vida diminua drasticamente. Nos

cromatogramas obtidos, figura 3.8, verifica-se o fenómeno do ataque do IBCF, pelo

aparecimento de uma elevada densidade de picos á medida que se aumenta o volume

adicionado. Analisando a figura 3.9B conclui-se que a utilização de 5 µL de IBCF (2653 µg/ml)

garante a existência de reagente suficiente para a derivatização da anatoxina-a (0,100 µg/mL),

sem que o ligeiro excesso, afete a fibra. É importante evidenciar que para volumes de IBCF

0,00E+00

1,00E+07

2,00E+07

3,00E+07

4,00E+07

5,00E+07

0 5 10 15 20 25

Áre

a d

o p

ico

Volume de IBCF (µL)

0,00E+00

1,00E+06

2,00E+06

3,00E+06

4,00E+06

5,00E+06

6,00E+06

7,00E+06

8,00E+06

9,00E+06

1,00E+07

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Áre

a d

o p

ico

Volume de IBCF (µL)

A

B

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Capítulo III Capítulo III

55

superiores a 5 µL existe uma maior variação para a quantidade extraída entre diferentes

análises, o que induz o aumento do desvio associado.

Tabela 3.3. Resultados obtidos no estudo do efeito da variação de IBCF na área (A) do

pico correspondente à anatoxina-a, para uma concentração final na solução de 0,100 ± 0,001

µg/mL.

V IBCF

(µL ±0,06 µL)

A ± A

0 0

2,00 (39 ± 25) × 105

5,00 (88 ± 76) × 105

8,00 (90 ± 82) × 105

10,00 (45 ± 33) × 105

15,00 (53 ± 14) × 105

20,00 (46 ± 55) × 106

De seguida pretendeu-se determinação da gama de concentração de anatoxina-a que

podia ser derivatizada com 5 µL de IBCF. Como demonstra a figura 3.10, a área de pico máxima

foi obtida para uma concentração próxima de 5,00 µg/mL. É importante evidenciar que para a

derivatização de concentrações muito baixas de anatoxina-a o volume deve ser reduzido.

Figura 3.10. Representação do estudo da variação de concentração de anatoxina-a

derivatizada com 5 µL de IBCF, 200 mg de NaHCO3, tempo de reação entre 16 - 24h, 20 min de

tempo de extração, nível de agitação constante (1,5), para um volume total de solução de 2 mL.

0,00E+00

1,00E+07

2,00E+07

3,00E+07

4,00E+07

5,00E+07

6,00E+07

7,00E+07

8,00E+07

9,00E+07

0 2 4 6 8 10 12

Áre

a d

o p

ico

Concentração anatoxina-a (µg/ml)

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Capítulo III Capítulo III

56

3.3.3.3. Otimização do tempo de reação

O tempo de reação é um dos parâmetros que, apesar de não influenciar diretamente a

extração, é um complemento para a melhoria da eficiência. Como já foi mencionado

anteriormente uma das características do agente derivatizante é a insolubilidade em água, sendo

essencial determinar se o agente derivatizante atua de forma imediata ou se necessita de um

determinado tempo de estabilização antes de proceder á análise. Assim, é fundamental

determinar o intervalo de tempo em que as soluções preparadas se mantêm estáveis até ser

analisadas.

Para o estudo da influência do tempo de desenvolvimento da reação de derivatização

prepararam-se simultaneamente várias soluções com concentração de 1,0 µg/mL, efetuando

apenas uma análise para diferentes tempos de reação: 2, 4, 6, 8, 16 e 24 horas. As soluções

foram armazenadas à temperatura ambiente e na ausência de luz até serem analisadas por

SPME-GC/MS. Os valores das áreas do pico obtidos na análise por SPME-GC/MS estão

apresentados na tabela 3.4. Cada um dos volumes foi analisado apenas uma vez. Os resultados

do estudo encontram-se apresentados na figura 3.11.

Tabela 3.4 Resultados obtidos no estudo do efeito da variação do tempo de reação na

área (A) do pico correspondente à anatoxina-a derivatizada com IBCF, para uma concentração

final na solução de 1,00 ± 0,01 µg/mL.

Tempo

(horas)

A

2 54 × 106

4 48 × 106

6 26 × 105

8 75 × 105

16 68 × 105

24 81 × 105

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Capítulo III Capítulo III

57

Figura 3.11. Estudo do efeito do tempo de reação na eficiência da extração da

anatoxina-a (1,00 µg/mL) usando uma fibra PDMS de 100 µm, 5 µL de IBCF, 200 mg de

NaHCO3, 20 min de tempo de extração, nível de agitação constante (1,5), para um volume total

de solução de 2 mL.

Como se pode observar na figura 3.11 e com auxílio da tabela 3.4, a quantidade de

derivado formado é máxima nas primeiras horas de reação, no entanto o cromatograma

apresenta uma dispersão elevada de picos indicando o ataque por parte do IBCF á fibra PDMS.

A partir de 8 h de reação começa a existir uma concordância entre os valores de área de pico

obtida para a anatoxina-a derivatizada, indicativo da estabilidade e equilíbrio da reação. O

equilíbrio da reação de derivatização da anatoxina-a é apenas atingido após várias horas de

reação, principalmente devido à baixa solubilidade do IBCF em água. Como tal é necessário um

maior período de tempo de contacto entre derivatizante o meio aquoso alcalino e a anatoxina-a.

É importante frisar que apesar de ser ter obtido uma área de pico elevada após 2 h de

reação, a pureza da anatoxina-a derivatizada ainda é baixa (ou seja o analito não é apenas

extraído na forma derivatizada). Este facto foi avaliado pelo aparecimento de picos relativos á

extração do IBCF no cromatograma apresentado na figura 3.12. Foi concluído que o período de

tempo de estabilização a considerar fosse superior a 8 horas, a fim de minimizar o ataque do

IBCF, como se pode constatar pelas figuras 3.12 e 3.13. Outro aspeto importante está no

aumento substancial da eficiência da extração se forem feitas análises em amostras quando

estas não excedam as 16 a 24 horas de reação.

0,00E+00

1,00E+07

2,00E+07

3,00E+07

4,00E+07

5,00E+07

6,00E+07

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

Áre

a d

o p

ico

Tempo de reacção (horas)

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Capítulo III Capítulo III

58

Anatoxina-a

Tempo (min)

Tempo (min)

Abundância

Figura 3.12. Cromatograma relativo a extração da anatoxina-a (1,00 µg/mL) por

SPME-GC/MS, após 2 horas de reação, 5 µL de IBCF, 200 mg de NaHCO3, 20 min de tempo de

extração, nível de agitação constante (1,5), para um volume total de solução de 2 mL.

Figura 3.13. Cromatograma relativo a extração da anatoxina-a (1,0 µg/mL) por SPME-

GC/MS, após 8 horas de reação, 5 µL de IBCF, 200 mg de NaHCO3, 20 min de tempo de

extração, nível de agitação constante (1,5), para um volume total de solução de 2 mL.

3.3.3.4. Otimização do tempo de extração

A dependência da quantidade extraída de analito com o tempo de extração promove

uma informação valiosa no desenvolvimento do método de SPME-GC/MS e permite a

determinação experimental do tempo de equilíbrio. Uma vez avaliados alguns dos parâmetros

relacionados com a extração, desorção e derivatização, do modo a garantir a máxima eficiência,

avalia-se agora o tempo de extração com o fim de alcançar a máxima sensibilidade mediante

SPME-GC/MS.

8 . 0 0 1 0 . 0 0 1 2 . 0 0 1 4 . 0 0 1 6 . 0 0 1 8 . 0 0 2 0 . 0 0 2 2 . 0 0 2 4 . 0 0 2 6 . 0 0 2 8 . 0 0

4 0 0 0

6 0 0 0

8 0 0 0

1 0 0 0 0

1 2 0 0 0

1 4 0 0 0

1 6 0 0 0

1 8 0 0 0

2 0 0 0 0

2 2 0 0 0

2 4 0 0 0

2 6 0 0 0

2 8 0 0 0

3 0 0 0 0

T im e -->

A b u n d a n c e

T I C : S P M E R E 2 H . D 1 0 . 8 5

8 . 0 0 1 0 . 0 0 1 2 . 0 0 1 4 . 0 0 1 6 . 0 0 1 8 . 0 0 2 0 . 0 0 2 2 . 0 0 2 4 . 0 0 2 6 . 0 0 2 8 . 0 0

1 0 0 0 0

2 0 0 0 0

3 0 0 0 0

4 0 0 0 0

5 0 0 0 0

6 0 0 0 0

7 0 0 0 0

8 0 0 0 0

9 0 0 0 0

1 0 0 0 0 0

1 1 0 0 0 0

1 2 0 0 0 0

1 3 0 0 0 0

1 4 0 0 0 0

1 5 0 0 0 0

1 6 0 0 0 0

1 7 0 0 0 0

1 8 0 0 0 0

1 9 0 0 0 0

2 0 0 0 0 0

T i m e - - >

A b u n d a n c e

T I C : S P M E R E 8 H . D

Abundância

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Capítulo III Capítulo III

59

O efeito do tempo de extração sobre a eficiência foi avaliado com a fibra PDMS (100

µm), aplicando as condições otimizadas para a extração, reação de derivatização e desorção, em

soluções padrão de concentração 1,00 µg/mL para diferentes tempos de extração na gama

entre os 10 e os 25 minutos. Os valores das áreas do pico obtidos na análise por SPME-GC/MS

estão apresentados na tabela 3.5. Cada um dos volumes foi analisado em duplicado. Os

resultados do estudo encontram-se na figura 3.14 que apresentam o efeito da variação do tempo

da extração.

Tabela 3.5. Resultados obtidos no estudo do efeito da variação do tempo de extração

na área (A) do pico correspondente à anatoxina-a derivatizada com IBCF, para uma concentração

final na solução de 1,00 ± 0,01 µg/mL.

Tempo

(min)

A ± A

0 0

10 (9,4 ± 11) × 105

15 (45 ± 42) × 105

20 (43 ± 36) × 105

25 (46 ± 40) × 105

Figura 3.14. Estudo do tempo de extração ótimo a aplicar na análise da anatoxina-a

(1,00 µg/ml) derivatizada com IBCF (5 µL), 200 mg de NaHCO3, tempo de reação entre 16 -

24h, nível de agitação constante (1,5), para um volume total de solução de 2 mL, usando uma

fibra PDMS de 100 µm.

0,00E+00

1,00E+06

2,00E+06

3,00E+06

4,00E+06

5,00E+06

0 5 10 15 20 25 30

Áre

a d

o p

ico

Tempo de extracção (min)

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Capítulo III Capítulo III

60

Um tempo de extração de 20 minutos é suficiente para que a anatoxina-a atinja o

equilíbrio entre a matriz de água ultrapura e a fase estacionária da fibra. O tempo necessário

para atingir o equilíbrio, está limitado pela velocidade do processo de transferência de massa da

anatoxina-a através da interface estabelecida entre a solução e a fibra. Os analitos com valores

baixos de constante de distribuição (K), geralmente apresentam tempos de equilíbrio mais curtos

e portanto são também necessários tempos de extração mais reduzidos. Tendo em conta os

resultados obtidos, pode constar-se que a anatoxina-a apresenta uma afinidade razoável para a

fase estacionária da fibra, que a leva a ser extraída num período de equilíbrio relativamente

pequeno de 20 minutos. Este facto deve-se provavelmente as características como o seu

tamanho reduzido, a elevada afinidade pela fase aquosa associada ao seu valor de solubilidade

em água (15 mg/mL) [100].

3.3.3.5. Otimização da velocidade de agitação

A agitação mecânica é aplicada na maior parte dos casos como forma de facilitar o

processo de transferência de massa da matriz aquosa para a fibra. A agitação magnética é o

processo geralmente aplicado nos casos em que se utiliza a SPME manual. No entanto, devem-

se considerar um conjunto de cuidados, como por exemplo, assegurar que a velocidade

rotacional seja constante assim como a temperatura da placa magnética. Para evitar que tal

aconteça deve-se utilizar placas de agitação digitais.

Geralmente, a agitação com barras magnéticas é eficiente quando são aplicadas

velocidades elevadas. No entanto, para este tipo de estudos a agitação constante tem como

vantagem a diminuição do tempo de equilíbrio na extração e consequentemente a obtenção de

resultados mais precisos. De acordo com o modo de funcionamento da placa magnética,

apresenta-se o efeito do aumento da velocidade de agitação com os diferentes níveis de agitação

descritos como 1, 2 e 3. A partir da análise da tabela 3.6 e da figura 3.15, pode-se concluir

deste estudo que o equilíbrio da extração decresce progressivamente com a aplicação de um

nível de agitação mais elevado (superior 3). A utilização de um nível de agitação superior a 3

promove o descontrolo do processo, nomeadamente, mudanças no tempo de equilíbrio, na

quantidade de anatoxina-a extraída e na aquisição de medições com baixa precisão.

O nível de agitação 2 juntamente com o conjunto de todos os outros parâmetros

otimizados é aquele que permite obter uma maior quantidade de anatoxina-a extraída da matriz

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Capítulo III Capítulo III

61

de água ultrapura. A análise para cada uma das velocidades de agitação foi levada a cabo em

triplicado.

Tabela 3.6. Resultados obtidos no estudo do efeito da agitação na área (A) do pico

correspondente à anatoxina-a derivatizada com IBCF, de concentração 1,00 ± 0,01 µg/mL.

Nível de agitação A ± A

0 0

1 (9,4 ± 11) × 105

2 (45 ± 42) × 105

3 (43 ± 36) × 105

Figura 3.15. Estudo do efeito da variação da velocidade de agitação, pela aplicação de

diferentes níveis de agitação, na eficiência da extração da anatoxina-a (1,00 µg/mL) derivatizada

com IBCF (5 µL), 200 mg de NaHCO3, tempo de reação entre 16 - 24h, 20 min de tempo de

extração, para um volume total de solução de 2 mL, utilizando uma fibra PDMS de 100 µm.

Uma vez estabelecidas as condições otimizadas para efetuar a análise por SPME-GC/MS

da anatoxina-a, apresentadas na tabela 3.7, foram iniciados os estudos para a validação do

método.

0,00E+00

5,00E+05

1,00E+06

1,50E+06

2,00E+06

2,50E+06

3,00E+06

3,50E+06

4,00E+06

4,50E+06

5,00E+06

0 1 2 3 4

Áre

a d

o p

ico

Nivel de agitação

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Capítulo III Capítulo III

62

Tabela 3.7. Condições otimizadas para o método de análise da anatoxina-a por SPME-

GC/MS.

Extração Derivatização Desorção no sistema

GC/MS

Fibra PDMS, 100 µm Tempo de reação: 8 a 24h Tempo: 20 min

Modo: Imersão direta;

Temperatura ambiente

Temperatura ambiente Temperatura na entrada

do injetor: 250 °C

Nível de Agitação 2 5 µL de IBCF (1,00 µg/mL de

anatoxina-a) *

200 mg de NaHCO3

Tempo: 20 min

*Para a derivatização de concentrações baixas em anatoxina-a reduz-se a quantidade de IBCF para 2 µL.

3.4. Validação do método SPME-GC/MS

A validação de um método analítico é um aspeto crucial da garantia da qualidade

analítica pelo que tem recebido uma atenção considerável por parte da comunidade científica,

comités industriais e entidades reguladoras. Isso decorre da necessidade de uniformizar os

critérios utilizados com o fim de demonstrar que um método de ensaio, nas condições em que é

praticado apresenta as características necessárias para assegurar a obtenção de resultados com

a qualidade requerida.

Um método de ensaio é um processo que envolve manipulações suscetíveis de

acumularem erros (sistemáticos e/ou aleatórios), o que, em algumas situações, pode alterar de

forma significativa o resultado final.

A validação de um método deve ser efetuada quando é desenvolvido um novo método,

como foi o caso deste trabalho. Inclui o cálculo dos limiares analíticos (LD e LQ), realização de

ensaios de recuperação, o estudo da precisão e posterior calibração de modo a efetuar análises

da anatoxina-a em matrizes de água de cromatografia. Numa última etapa são estudadas

diferentes tipos de matrizes, como água de diferentes rios, lago e de uma matriz contaminada,

como forma de estudar a influência da matriz na deteção da anatoxina-a em matrizes de água.

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Capítulo III Capítulo III

63

3.4.1. Estudos de repetibilidade e reprodutibilidade

i. Repetibilidade

Para efetuar o estudo de repetibilidade do sistema realizaram-se uma serie de análises

em soluções com matriz de água ultrapura com diferentes níveis de concentração: baixo, médio

e alto (0,030, 0,050 e 0,100 µg/mL), no mesmo dia. Para cada nível de concentração foram

realizadas 5 réplicas. Os valores de coeficiente de variação (RDSs) obtidos no estudo de

repetibilidade ou precisão em termos de área e de tempo de retenção, para cada nível de

concentração encontram-se apresentados na tabela 3.8.

Tabela 3.8. Resultados obtidos no estudo da repetibilidade do sistema SPME-GC/MS

na determinação da anatoxina-a utilizando água ultrapura como matriz.

Nível de concentração

(µg/mL)

Parâmetro Área tR (min)

0,0300 ± 0,0005

Média Desvio padrão

32 ×103 ± 59×102

11,19 ± 0,083

% RDS 18 0,75 Média ± σt (n=3, P = 95%)

(32 ± 19)×103 11,19 ± 0,27

0,0500± 0,0007

Média Desvio padrão

74 × 103 ± 76×102

11,14 ± 0,010

% RDS 10 0,090 Média ± σt (n=3, P = 95%)

(74± 24) ×103 11,14 ± 0,032

0,100 ±0,001

Média Desvio padrão

13,4 × 104 ± 17×103

11,14 ± 0,020

% RDS 13 0,18 Média ± σt (n=3, P = 95%)

(13,4± 5,4)×104 11,14 ± 0,062

Estes valores foram considerados satisfatórios tal como a variabilidade completa

associada ao método, incluindo a eficiência da etapa de derivatização, da SPME e análises

cromatográficas. A principal forma de manter a repetibilidade dos resultados centra-se em

reproduzir todas as condições experimentais de forma constante, para todas as etapas do

processo: a preparação da amostra, tratamento e análise da anatoxina-a.

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Capítulo III Capítulo III

64

ii. Reprodutibilidade

De forma semelhante, teve-se em conta o estudo da reprodutibilidade do sistema. Foram

realizadas uma serie de 5 injeções para cada nível de concentração (0,030, 0,050 e 0,100

µg/mL) em 3 dias diferentes não consecutivos. Calculados os valores médios para cada dia, os

resultados estatísticos de reprodutibilidade ou fidelidade do sistema para a anatoxina-a em

termos de tempo de retenção e áreas de pico estão apresentados na tabela 3.9.

Tabela 3.9. Resultados obtidos no estudo da reprodutibilidade do sistema SPME-

GC/MS na determinação da anatoxina-a utilizando água ultrapura como matriz.

Nível de

concentração

(µg/mL)

Parâmetro Áreas tR

(min)

0,0300 ± 0,0005

Média

Desvio padrão

17,6 × 104

± 27×103

11,09

± 0,024

% RDS 16 0,22

Média ± σt

(n=3, P = 95%)

(17,6 ± 8,6)×104 11,09 ± 0,08

0,050 ± 0,0007

Média

Desvio padrão

40,1 × 104

± 28×103

11,04

± 0,024

% RDS 6,9 0,21

Média ± σt

(n=3, P = 95%)

(40,1 ± 8,9)×104 11,04 ± 0,08

0,100 ± 0,001

Média

Desvio padrão

10,9 × 105

± 14×104

10,99

± 0,0078

% RDS 13 0,071

Média ± σt

(n=3, P = 95%)

(10,9 ± 6,1)×105 10,99 ± 0,02

Os valores obtidos de desvio padrão e coeficientes de variação relativos ao tempo de

retenção são satisfatórios ao longo deste estudo. No que diz respeito aos valores obtidos para as

áreas de pico da anatoxina-a, revelaram ser superiores. No entanto, estes valores de % de RDS

para todos os níveis de concentração, encontram-se numa gama aceitável no caso da aplicação

da SPME (<15%) [101].

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Capítulo III Capítulo III

65

3.4.2. Estudos de linearidade e calibração

Calibração do método com água ultrapura

Os estudos de linearidade e calibração do sistema SPME-GC/MS realizaram-se

preparando soluções de 2 mL de água ultrapura às quais foram adicionadas diferentes

quantidades de solução padrão de anatoxina-a, retiradas a partir da solução mãe de fumarato de

anatoxina-a, numa gama de concentração entre 0,030 – 0,150 µg/mL. As soluções foram

extraídas e analisadas em triplicado.

Na tabela 3.10 encontram-se apresentadas as áreas obtidas para cada nível de

concentração estudado e respetivas incertezas associadas. O gráfico apresentado na figura 3.16

corresponde à representação da resposta do detetor para o ião quantificador (m/z 265) em

função da concentração da anatoxina-a. O ajuste da relação linear foi realizado recorrendo ao

método dos mínimos quadrados.

Tabela 3.10. Concentração das soluções padrão (c) e áreas de pico (A) e respetivas

incertezas associadas obtidas na análise da anatoxina-a por SPME-GC/MS.

c ± c

(µg/mL)

A ± A

0,0300 ± 0,0005 (34 ± 17) × 103

0,0500 ± 0,0007 (84 ± 16) × 103

0,0800 ± 0,0012 (13,2 ± 4,4) × 104

0,100 ± 0,001 (18,0 ± 2,6) × 104

0,150 ± 0,003 (28,1± 2,1) × 104

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Capítulo III Capítulo III

66

Figura 3.16. Curva de calibração obtida por SPME-GC/MS da área de pico de soluções

padrão de anatoxina-a derivatizada, na gama de concentração entre 0,030 – 0,150 µg/mL, com

5 µL de IBCF, 200 mg de NaHCO3, tempo de reação entre 16 - 24h, 20 min de tempo de

extração, nível de agitação constante (2), para um volume total de solução de 2 mL.

Os parâmetros estatísticos correspondentes a regressão linear encontram-se descritos

na tabela 3.11.

Tabela 3.11. Apresentação dos parâmetros estatísticos obtidos na calibração do

sistema SPME-GC/MS na análise de soluções padrão na gama de concentração entre 0,030 –

0,150 µg/mL. A equação de reta é apresentada na forma de A = (b ± tSb) c + (a ± tSa).

Parâmetro b a r Sy/x tSa tSb LD

(µg/mL)

LQ

(µg/mL)

Valores 18,5×105 7,8×103 0,994 3,3×108 24,2×103 2,9×105 1,6×10-2 4,9×10-2

Equação da reta: A = (18,5 ± 2,9) × 105 c (µg/mL) - (7,8 ± 24,2) × 103

A partir dos resultados obtidos verifica-se que existe uma relação linear no intervalo

considerado para a calibração, podendo portanto quantificar anatoxina-a nas amostras de água

contaminadas com esta toxina. A incerteza associada ao declive é um pouco elevada dado que o

seu erro relativo associado é de cerca de 15%. Por outro lado a incerteza associada à ordenada

na origem reflete a inclusão do ponto 0,0.

-2,00E+04

3,00E+04

8,00E+04

1,30E+05

1,80E+05

2,30E+05

2,80E+05

3,30E+05

0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1 0,11 0,12 0,13 0,14 0,15 0,16

Áre

a d

o p

ico

Concentração de fumarato de anatonina-a derivatizada (µg/ml)

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Capítulo III Capítulo III

67

Calibração do método usando como matriz água de rio

Para efetuar a calibração com matriz de água de rio, preparam-se soluções às quais se

adicionaram quantidades distintas de anatoxina-a, numa gama entre 0,030 – 0,150 µg/mL.

Neste caso foi realizada uma calibração com apenas três pontos (0,030, 0,050 e 0,100 µg/mL),

uma vez que já foi determinada a respetiva linearidade do método. Simultaneamente foram

também preparadas soluções com matriz de água ultrapura e os respetivos brancos. As soluções

resultantes foram extraídas e cada nível de concentração foi analisado em triplicado.

Tabela 3.12. Concentração das soluções padrão (c) e áreas de pico (A) e respetivas

incertezas associadas obtidas na análise da anatoxina-a por SPME-GC/MS.

c ± c

(µg/mL)

A ± A

0,030 ± 0,0005 (34 ± 17) × 103

0,050 ± 0,0007 (84 ± 16) × 103

0,100 ± 0,001 (18,0 ± 2,6) × 104

Figura 3.17. Curva de calibração obtida em matriz de água de rio (rio Minho) da área

do pico em função da concentração da anatoxina-a derivatizada recorrendo ao método SPME-

GC/MS

Na tabela 3.12 encontram-se apresentadas as áreas obtidas para cada nível de

concentração estudado e respetivas incertezas associadas e na figura 3.17 apresenta-se a reta

-1,00E+04

9,00E+04

1,90E+05

2,90E+05

3,90E+05

4,90E+05

5,90E+05

6,90E+05

7,90E+05

0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1 0,11

Áre

a d

o p

ico

Concentração de fumarato de anatonina-a derivatizada (µg/ml)

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Capítulo III Capítulo III

68

de calibração obtida. Na tabela 3.13 apresentam-se os parâmetros estatísticos associados aos

cálculos da regressão linear obtida recorrendo ao método de mínimos quadrados.

Tabela 3.13. Apresentação dos parâmetros estatísticos obtidos na calibração do

sistema SPME-GC/MS com água do rio Minho de soluções padrão de anatoxina-a derivatizada,

na gama de concentração entre 0,030 – 0,150 ng/mL. A equação de reta é apresentada na

forma de A = (b ± tSb) c + (a ± tSa).

Parâmetro b a r Sy/x tSa tSb LD

(µg/mL)

LQ

(µg/mL)

Valores 71,9×105 8,1×103 0,999 15,0×103 43,5×103 7,5×105 6,9×10-3 2,1×10-2

Equação da reta: A = (71,9 ± 7,5) × 105 c (µg/mL) - (8,1 ± 43,5) × 103

Os resultados apresentados na tabela 3.13 demonstram que se obteve um elevado

coeficiente de correlação e um declive muito elevado indicativo da elevada sensibilidade do

método. Para o declive verifica-se um erro relativo aceitável de 10% atendendo a que só se

utilizaram três soluções padrão. Os limites de deteção e quantificação são relativamente mais

baixos utilizando a matriz de água de rio, com apenas três níveis de concentração. Na figura

3.18 comparam-se alguns cromatogramas obtidos no estudo da linearidade do método, em que

as soluções foram preparadas em matrizes diferentes: (A) água ultrapura e (B) água do rio

Minho.

Os critérios para avaliar a linearidade seguem normas estabelecidas por guias de

validação publicados por agências reguladoras oficiais. De acordo com as normas atualmente

em vigor, aceita-se um coeficiente de variação menor ou igual a 20% em relação à concentração

nominal para o LQ e menor ou igual a 15% para as demais concentrações [102, 103] Além

disso, o coeficiente de correlação linear deve ser igual ou superior a 0,98, tal como acontece

neste caso.

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Capítulo III Capítulo III

69

Figura 3.18. Cromatogramas da anatoxina-a derivatizada obtidos com diferentes

concentrações em matrizes de água ultrapura (A) e de água de rio Minho (B) obtidos pelo

método SPME-GC/MS. Condições experimentais idênticas às da figura 3.16.

1000

6000

11000

16000

21000

26000

6 8 10 12 14 16 18 20

Abundância

Tempo (min)

2800

4800

6800

8800

10800

12800

14800

16800

6 8 10 12 14 16 18 20

Abundância

Tempo (min)

1800

3800

5800

7800

9800

11800

13800

6 8 10 12 14 16 18 20

Abundância

Tempo (min)

Anatoxina-a

2500

7500

12500

17500

22500

6 8 10 12 14 16 18 20

Abundância

Tempo (min)

1100

3100

5100

7100

9100

11100

13100

6 8 10 12 14 16 18 20

Abundância

Tempo (min)

7000

12000

17000

22000

6 8 10 12 14 16 18 20

Abundância

Tempo (min)

1200

6200

11200

16200

21200

6 8 10 12 14 16 18 20

Abundância

Tempo (min)

4000

9000

14000

19000

24000

6 8 10 12 14 16 18 20

Abundância

Tempo (min)

A B

Branco Branco

0,030 µg/mL

0,030 µg/mL

0,050 µg/mL 0,050 µg/mL

0,100 µg/mL

0,100 µg/mL

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Capítulo III Capítulo III

70

De forma geral pode dizer-se que se obtiveram bons coeficientes de correlação para

ambas as curvas de calibração, apresentando um comportamento linear dentro da gama de

concentrações estudadas. No entanto, quando se comparam as curvas obtidas, encontram-se

diferenças significativas nos declives, demonstrando à partida que a microextração em fase

sólida com a fibra PDMS (100 µm) aplicada na análise da anatoxina-a pelo método SPME-

GC/MS é dependente da matriz e consequentemente, para a análise da anatoxina-a será então

indicado considerar esse efeito. O possível efeito de matriz encontra-se justificado na figura 3.19,

onde se analisa uma solução de anatoxina-a de 0,050 µg/mL, com matriz de água ultrapura e

com matriz de água do rio Minho.

Figura 3.19. Cromatogramas representativos da análise de anatoxina-a (0,050 µg/mL)

numa solução com matriz de: a) água ultrapura e b) água do rio Minho pelo método SPME-

GC/MS. Condições experimentais idênticas às da figura 3.16.

3.4.3. Determinação dos limites de deteção e quantificação

Geralmente, a aplicação de métodos que incluem a SPME na análise de água conduz a

obtenção de bons limites de deteção, quando utilizados detetores como o detetor de massa. Os

valores para os limites de deteção (LD) e quantificação (LQ) do sistema de SPME-GC/MS,

baseados na relação sinal/ruído de 3 e 10 respetivamente, foram estimados injetando 3 réplicas

de uma solução de concentração 1,00 µg/mL. A partir do sinal obtido para a análise desta

solução, obteve-se a respetiva relação sinal/ruido. Em função desta foi então obtida a estimativa

do valor do limite de deteção e quantificação (tabela 3.14) Estes limites foram posteriormente

confirmados analisando soluções padrão de concentrações decrescentes de 0,100, 0,050,

0,025 e 0,010 µg/mL. Os limites de deteção e quantificação determinados a partir de uma

1000

6000

11000

16000

21000

26000

6 8 10 12 14 16 18 20

Abundância

Tempo (minutos)

a)

b)

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Capítulo III Capítulo III

71

solução de 1,00 µg/mL, em termos de concentração e massa de anatoxina-a injetada em coluna

estão apresentados na tabela 3.14, de acordo com o critério utilizado.

Tabela 3.14. Apresentação dos valores dos limites de deteção (LD) e quantificação

(LQ) do sistema de SPME-GC/MS, baseados na relação sinal/ ruído de 3 e 10 respetivamente,

estimados injetando 3 réplicas de uma solução de concentração 1,00 ± 1,00 µg/mL.

A ± A

SC

R

LD LQ

Concentração

(µg/mL)

Massa

(µg)

Concentração

(µg/mL)

Massa

(µg)

(4,5±3,9) × 106 52,7 × 103 112,9 6,4 × 10-3 6,4 21,4 × 10-3 21,4

* As equações utilizadas na determinação dos limiares analíticos encontram-se no anexo V.

Comparando os valores de limite de deteção obtidos por Rodrigues et al na análise da

anatoxina pelo mesmo método de 0,002 µg/mL e os aqui apresentados, pode dizer-se não foi

atingida uma melhoria dos limites de deteção [93].

Na figura 3.20 encontra-se apresentado o cromatograma relativo à análise da solução de

menor concentração possível a ser analisado por SPME-GC/MS. A baixo deste nível de

concentração não se obtém qualquer pico cromatográfico para a anatoxina-a derivatiza com

IBCF.

Figura 3.20. Cromatograma da anatoxina-a derivatizada (0,010 ± 0,003µg/mL)

correspondente ao LD do método SPME-GC/MS obtido em matriz de água ultrapura.

O

H

H

H

N

O

O

CH3

H3C

Abundância

Tempo (min)

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Capítulo III Capítulo III

72

Como para as análises da anatoxina-a o valor medido para o branco foi nulo, uma forma

alternativa para determinar os limiares analíticos de um método centra-se na análise de 10

réplicas independentes fortificadas com um nível de concentração baixo. O LD é obtido a partir

do valor de três vezes o desvio padrão das áreas de pico enquanto o LQ é determinado a partir

de dez vezes o valor do desvio padrão.

Na tabela 3.15, encontram-se os resultados obtidos para a área de pico na análise de 10

réplicas de soluções individuais de concentração 0,050 ± 0,016 µg/mL.

Tabela 3.15. Resultados obtidos para a área de pico da anatoxina-a na análise de 10

réplicas de soluções individuais de concentração 0,050 ± 0,016 µg/mL e limiares analíticos.

c ± c

(µg/mL)

A ± A LD

(µg/mL)

LQ

(µg/mL)

0,050 ± 0,0007 (30,0 ± 8,0) × 104 1,5 × 10-1 4,3 × 10-1

Verifica-se por comparação dos dados da tabela 3.14 e 3.15 que quando se avaliam as

10 réplicas de uma solução de 0,050 µg/mL de anatoxina-a estas conduzem a valores de limite

de deteção e quantificação muito mais altos do que o esperado. A possível causa relaciona-se

com a elevada variabilidade das áreas de pico obtidas entre análises o que levou ao aumento do

desvio padrão e consequentemente ao aumento do valor obtido para LD e LQ. Por outro lado

quando se utilizam as equações do anexo A 5.16 e 5.17 obtém-se valores de limite de deteção

mais adequados para este método, pois se analisa um intervalo de concentração restrito e para

valores de concentração menores.

Considerando que usualmente as concentrações encontradas de anatoxina-a em água

estão acima de 0,002 µg/mL e tendo em conta, que até aos dias de hoje não existe legislação

oficial aplicada às anatoxinas, conclui-se que os limites obtidos indicam que o método proposto

poderia ser aplicado na monitorização da anatoxina-a em água. Contudo é importante referir que

existe uma proposta provisória de 1 µg/L de anatoxina-a em água [38], como um limite de

segurança, obtido a partir de um estudo da toxicologia da anatoxina-a em ratos.

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Capítulo III Capítulo III

73

3.4.4. Estudo do efeito de matriz

A investigação do efeito de matriz durante a quantificação da anatoxina-a é um

parâmetro importante a ser avaliado durante o desenvolvimento e validação de um método

analítico. Este efeito ocorre quando substâncias inerentes à matriz aquosa são arrastadas pelo

gás de arraste juntamente com o composto de interesse. Este fenómeno, em virtude da elevada

seletividade e especificidade quando na presença de matrizes aquosas, apresenta-se propício a

erros, uma vez que a presença de substâncias não monitorizadas na matriz podem afetar a

deteção da anatoxina-a comprometendo a eficiência de ionização da mesma, caracterizando

assim o efeito de matriz. Neste caso especifico o mecanismo exato do efeito de matriz é

desconhecido, mas é provavelmente originado pela competição entre um analito e de um

componente interferente presente na matriz que não está a ser monitorizado.

Partindo do pressuposto que o efeito de matriz pode ter interferência na intensidade do

sinal obtido para a anatoxina-a, resolveu-se testar esse efeito de matriz. Para o estudo foram

preparadas várias soluções com matrizes de água de diferentes proveniências e com soluções

de concentrações de anatoxina-a adicionadas preparadas a partir da solução stock de fumarato

de anatoxina-a. Foram assim testadas soluções para diferentes níveis de concentração (0,030,

0,050 e 0,100 µg/mL) e com matrizes distintas: água ultrapura, água do rio Lima, água do rio

Minho, água do lago Zamanes e água do rio Tâmega contaminada com microcistinas. As

soluções foram derivatizadas e injetadas em duplicado para cada nível de concentração

estudado. O efeito de matriz é analisado verificando se existe alteração da sensibilidade, medida

pelo declive de cada reta, obtida para os diferentes tipos de matrizes.

Na figura 3.21 apresentam-se os cromatogramas da anatoxina-a onde se pode visualizar

o respetivo efeito de matriz, obtidos por SPME-GC/MS.

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Capítulo III Capítulo III

74

Figura 3.21. Cromatogramas relativos ao estudo do efeito de matrizes na análise da

anatoxina-a (0,100 µg/mL) por SPME-GC/MS: a) água ultrapura; b) água do rio Minho; c) água

do rio Lima; d) água do lago Zamanes; e) água do rio Tâmega contaminada com microcistinas.

Na figura 3.22 encontram-se apresentadas as diferentes curvas de calibração obtidas no

estudo do efeito de matriz na determinação da anatoxina-a. Posteriormente é discutida a

diferença entre os declives e respetivos coeficientes de correlação obtidos para os diferentes

tipos de matriz de água.

1200

6200

11200

16200

21200

6 8 10 12 14 16 18 20

Abundância

Tempo (min)

Anatoxina-a

4000

9000

14000

19000

24000

6 8 10 12 14 16 18 20

Abundância

Tempo (min)

3000

8000

13000

18000

23000

6 8 10 12 14 16 18 20

Abundância

Tempo (min)

4000

9000

14000

19000

24000

29000

6 8 10 12 14 16 18 20

Abundância

Tempo (min)

5000

25000

45000

65000

85000

105000

125000

145000

6 8 10 12 14 16 18 20

Abundância

Tempo (min)

a) b)

c) d)

e) Anatoxina-a

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Capítulo III Capítulo III

75

Figura 3.22. Estudo do efeito de matriz das soluções de anatoxina-a de diferentes

concentrações (0,030, 0,050 e 0,100 µg/mL): a) água ultrapura, b) água do rio Lima, c) água

do rio Minho, d) água do lago Zamanes e e) água do rio Tâmega contaminada com

microcistinas.

Na tabela 3.16 apresentam-se os parâmetros correspondentes a cada reta na análise

dos diferentes tipos de matrizes. Posteriormente são discutidos os valores de área obtido para as

diferentes matrizes, a diferença entre os declives das retas, bem como os coeficientes de

correlação obtidos para as diferentes matrizes de água.

Tabela 3.16. Equações das retas e coeficientes de correlação obtidos no estudo do

efeito de matriz na análise da anatoxina-a adicionada (0,030, 0,050 e 0,100 µg/mL) a diferentes

tipos de matrizes.

Água Equação da reta

A = (b ± tsb) c(µg/mL) + (a ± tsa)

r cdeterminada

(µg/mL)

Ultrapura A = (71,1 ± 18,4) × 105 c- (1,8 ± 10,6) × 103 0,996 2,5 × 10-3

Rio Minho A = (71,9 ± 7,5) × 105 c - (8,1 ± 43,5) × 103 0,999 1,1 × 10-3

Rio Lima A = (74,0 ± 6,4) × 105 c - (6,5 ± 37,2) × 103 0,999 8,8 × 10-4

Lago Zamanes A = (52,4 ± 19,5) × 105 c - (2,1 ± 11,3) × 103 0,992 4,0× 10-3

Rio Tâmega A = (18,7 ± 1,6) × 106 c - (0,8 ± 9,4) × 104 0,999 4,4× 10-4

-5,00E+04

4,50E+05

9,50E+05

1,45E+06

1,95E+06

2,45E+06

0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1 0,11

Áre

a d

o p

ico

Concentração de anatoxina-a (µg/mL)

e)

d)

a) b) c)

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Capítulo III Capítulo III

76

Os resultados obtidos para o sinal da anatoxina-a a diferentes níveis de concentração

(figura 3.22), nas matrizes de água dos rios Lima e Minho apresentam bons coeficientes de

correlação e não diferem significativamente dos obtidos na matriz de água purificada, portanto

considera-se que não existe um efeito de matriz importante. Por outro lado, o sinal da anatoxina-

a em matriz de água do rio Tâmega contaminada com microcistinas é significativamente

diferente do obtido na matriz de água purificada, verificando-se um aumento do mesmo.

Estabelecendo um termo comparativo entre a figura 3.21a e 3.21e juntamente com os dados da

tabela 3.16, com a análise das respetivas retas (figura 3.22), confirma-se a presença de um

efeito de matriz, que de alguma forma contribui de positivamente para o enriquecimento do sinal

da anatoxina-a. No estudo da matriz do lago Zamanes decorre o processo inverso, já que a

quantidade extraída diminui, embora não se considere que exista um efeito de matriz

significativo. No geral todas as retas obtidas apresentam uma baixa incerteza associada ao

declive, relativamente à ordenada na origem, observa-se que a equação da reta engloba o ponto

(0,0).

Tabela 3.17. Estudo do efeito de matriz: comparação do sinal obtido para uma

concentração de 0,100 µg/mL de anatoxina-a utilizando como matriz: água ultrapura, água do

rio Minho, água do rio Lima, água do lago Zamanes e água do rio Tâmega.

Água Ultrapura Rio Minho Rio Lima Lago Zamanes Rio Tâmega

Área média

(n=2)

(71 ± 23)×104 (72 ± 62)×104 (74 ± 30)×104 (53 ± 15)×104 (19 ± 12)×104

Fazendo a leitura da tabela 3.16 comprova-se a variação para as áreas do pico da

anatoxina-a analisada nas diferentes matrizes de água. Para o caso da área obtida para o sinal

da anatoxina-a na matriz de água do rio Minho é importante referir que o valor do erro associado

á área é elevado, pois para as duas réplicas efetuadas se obtiveram dois valores de área que

diferiam bastante entre si.

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77

Capitulo IV

Conclusão

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Capítulo IV

78

IV. Conclusão

Um método simples e eficiente é aqui proposto para a determinação da anatoxina-a em

água por SPME-GC/MS. Este projeto centra-se no desenvolvimento, otimização e aplicação de

um protocolo analítico, incluindo a etapa da preparação de amostra (SPME) na análise deste

contaminante natural neurotóxico.

Algumas investigações recentes efetuadas por vários grupos de investigação sobre a

SPME, aplicada na análise de águas diretamente no local, demonstram que esta é uma

ferramenta eficaz e prática na determinação qualitativa e quantitativa da anatoxina-a. Para além

disto, a SPME possui um conjunto de outras vantagens quando comparada com outras técnicas

como LLE e SPE e que se constataram ao longo do desenvolvimento deste trabalho. Trata-se de

um método robusto, fácil de manipular, económico e não requer o uso de solventes tóxicos.

Torna-se útil mesmo para análise de pequenas quantidades de amostra. A resposta é linear para

várias ordens de grandeza e os valores obtidos para a precisão e limites de deteção são

usualmente satisfatórios. No que toca à seletividade e sensibilidade, pode dizer-se que são

parâmetros analíticos que se encontram em constante melhoria á medida que surgem mais

tipos de revestimentos. Todas as características reunidas contribuem para a sustentação da

ideia de implementar um procedimento padrão para a análise da anatoxina-a em água por

SPME-GC/MS.

As conclusões gerais que se podem tirar do presente trabalho são as seguintes:

1. Numa primeira fase foram testadas as condições para a GC/MS, nomeadamente

no diz respeito aos parâmetros cromatográficos, bem como os relacionados com a

espectrometria de massa. As condições estudadas foram baseadas no estudo efetuado por

Rellán et al. [35] e revelaram ser aplicáveis a este trabalho. Nomeadamente os parâmetros

relacionados com a injeção da amostra, com grande importância com a finalidade de conseguir

uma sensibilidade e eficiência máximas. Na otimização do caudal da fase móvel, verificou-se que

efetivamente 0,9 mL/min é o mais indicado. No que se refere à espectrometria de massa,

selecionou-se o modo SIM para a análise por SPME-GC/MS, por apresentar uma maior

sensibilidade que o modo SCAN.

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Capítulo IV

79

2. O método SPME-GC/MS resultou ser uma técnica simples e de fácil aplicação na

análise da anatoxina-a derivatizada com IBCF em diferentes tipos de matrizes. A derivatização,

apesar de bastante simples é bastante demorada até ser atingido o equilíbrio da reação (8 a 16

h). O excesso de tempo despendido entre análises tem como consequência uma limitação no

número de réplicas a poderem ser aplicadas num determinado estudo. Ao longo da realização

do trabalho constou-se que o máximo de injeções a serem realizadas num dia útil, seriam

apenas 15 no total.

3. A técnica de microextração em fase sólida (SPME) é apresentada neste trabalho

como uma alternativa para a preparação da amostra antes da sua análise por GC/MS, de forma

a minimizar interferências e aumentar a deteção da anatoxina-a. Para tal testaram-se e

otimizaram-se todos os parâmetros que promovem a melhoria da eficiência da extração, como a

seleção da fibra, o tipo de derivatização e a respetiva quantidade de IBCF, a concentração de sal

em solução, o tempo de reação, o tempo de extração, a velocidade de agitação e as condições

de desorção. Após a otimização das condições de extração foi então possível realizar a validação

do método SPME-GC/MS na análise da anatoxina-a derivatizada com IBCF em água.

4. Como parâmetros de validação do método analisou-se a linearidade na gama de

concentração estudada (0,030 – 0,150 µg/mL) e verificou-se que a correlação apresentava um

coeficiente elevado (r = 0,994). O processo de validação confirmou que se trata de um método

viável na análise da anatoxina-a e apropriado no controlo e qualidade da água detetando a

anatoxina-a a baixos níveis de concentração (0,010 µg/mL). A sensibilidade do método SPME-

GC/MS não é muito elevada, mas é suficiente para realizar a determinação da anatoxina-a em

águas para consumo humano, tendo em conta também os limites provisórios propostos na

literatura (1 µg/L de anatoxina-a em água) [38]. A complexidade da matriz comprovou ser um

fator responsável pela perda de sensibilidade e apesar de serem controlados todos os

parâmetros de forma constante, a alteração do tipo de matriz promove interferência na análise

desta toxina. É desconhecido o tipo de interferência, mas no caso da utilização da matriz do rio

Tâmega é de prever que a concentração de microcistinas presente na amostra interfira de forma

positiva para o sinal e no tempo de retenção obtido para a anatoxina-a.

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Capítulo IV

80

5. É importante destacar as desvantagens relacionadas com a manutenção do

sistema, como o aparecimento de sujidade prematura no sistema de injeção, assim como na

fonte de ionização, possivelmente proveniente da complexidade da natureza dos derivados. É

importante dar uma especial atenção a frequência com que se efetua a manutenção para que

não ocorra a diminuição da eficiência do método em certas ocasiões.

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Capitulo V

Bibliografia

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Capítulo V

88

[83] Lord, H., et al., Evolution of solid-phase microextraction technology. Journal of

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Capítulo V

89

[97] Bicking, M.K.L., Extraction/Analytical extractions, Encyclopedia of Separation

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[99] Dewulf, J., et al, Solid phase Microextraction of volatile organic compounds, Journal

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[100] Catálogo sigma Aldrich: http://www.sigmaaldrich.com/etc/medialib/docs/

Sigma/Datasheet/6/a224dat.Par.0001.File.tmp/a224dat.pdf

[101] Catálogo da Supelco: http://www.sigmaaldrich.com/etc/medialib/docs/

Supelco/Bulletin/4547.Par.0001.File.tmp/4547.pdf

[102] United States Food and Drug Administration (US-FDA); Guidance for Industry,

Bioanalytical Method Validation, 2001.

[103] Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); Guia para Validação de Métodos

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[106] Stewart, I., et al., Recreational and occupational field exposure to freshwater

cyanobacteria – a review of anecdotal and case reports, epidemiological studies and the

challenges for epidemiologic assessment. Environmental Health: A Global Access Science Source

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[107] Takino, M., et al., Analysis of anatoxin-a in freshwaters by automated on-line

derivatization–liquid chromatography–electrospray mass spectrometry. Journal of

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[108] Bogialli, S., et al., Simple and rapid determination of anatoxin-a in lake water and

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Chromatography, 2006, 1122, 180–185.

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90

Capitulo VI

Anexos

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Anexo I

91

Anexo 1. Estrutura química das principais cianotoxinas [19, 54, 104 - 106].

Nome Estrutura Química Fontes Mecanismo de ação

HE

PA

TO

XIN

AS

Microsistina-LR

Microcystis,

Nostoc,

Anabaena,

Oscillatoria

Hepatotóxico, promotor de

tumor, inibidor de fosfatases

Nodularina-R

Nodularia

Hepatotóxico, promotor de

tumores, inibidor de

fosfatases

Cilindrospermopsina

Aphanizomenon,

Cylindrospermopsis

Hepatotóxico, inibidora de

síntese de proteínas

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Anexo I

92

Anexo 1. Estrutura química das principais cianotoxinas [19, 54, 104 - 106] (continuação).

Nome Estrutura Química Fontes Mecanismo de ação

NE

UR

OT

OX

INA

S

Saxitoxina

Aphanizomenon

Neurotóxico, bloqueador de

canais de sódio

Anatoxina-(s)

Anabaena flos-aquae

Neurotóxico e inibidor de

colinesterase

Anatoxina-a

Anabaena, Aphanizomenon,

Plaktothrix

Neurotóxico depolarisador e

bloqueador de junção

neuromuscular

DE

RM

AT

OX

INA

S

´

Debromoaplisiatoxina

Lyngbya,

Schizothrix,

Planktothrix

Inflamação na pele, promotor de

formação de tumor

Lingbiatoxina

Lyngbya

Inflamação na pele e

gastrointestinal

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Anexo II

93

Anexo II. Métodos desenvolvidos utilizados no pré-tratamento e análise da anatoxina-a e respetivos limites de deteção.

Método Matriz Pré-tratamento da amostra LD Comentários Referência

TLC Cianobactérias Tratamento por ultrassons da amostra com água acidificada (pH = 2,5) e LLE com CH2Cl2

10µg/g Método barato e semi-quantitativo [55]

HPLC/UV Cianobactérias Extração com 0,05 M em ácido acético, fase reversa ODS e purificação com troca iónica (COOH)

Não especificado Consumo de tempo excessivo no pré-tratamento. Baixa sensibilidade. Não é útil para amostras complexas e análise dos produtos de degradação.

[75]

HPLC/FID Água e cianobactérias

Extração com metanol (pH 4), purificação com troca catiónica fraca SPE

10 ng/L Uso da derivatização. Alta sensibilidade. Determinação da anatoxina-a, homoanatoxina-a e produtos de degradação.

[58]

HPLC/FID Água SPME 20 ng/mL Baixa sensibilidade. Derivatização em fibra. Design experimental complexo.

[88]

HPLC/FID Cianobactérias Extração com metanol-0,2 M HCl e SPE-C18 10-50 µg/kg Elevada sensibilidade. [59]

HPLC/FL Água e cianobactérias

Tratamento por ultrassons aplicado à extração intracelular e purificação com SPE de troca catiónica fraca

SPE->24 ng/L

SPME-> 290 ng/L

Derivatização com 4-fluoro-7-nitro-2,1,3-benzodiazole (NBD-F). E levada eficiência na extração.

[89]

GC/ECD Água e cianobactérias

Tratamento por ultrassons. Dois passos na limpeza das amostras com SPE-C18

5 ng injetadas Derivatização com anidrido tricloroacético. Consumo de tempo no pré-tratamento da amostra.

[71]

GC/MS Água e cianobactérias

Extração das cianobactérias com metanol acídico e limpeza com cartuxos de sílica. LLE para as amostras de água

0,1 ng injetadas Derivatização a N-acetil anatoxina-a. Tempo de derivação longo (16 h).

[73]

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Anexo II

94

Anexo II. Métodos desenvolvidos utilizados no pré-tratamento e análise da anatoxina-a e respetivos limites de deteção (Continuação).

Método Matriz Pré-tratamento da amostra LD Comentários Referência GC/MS Água e

cianobactérias Extração com metanol, pré-concentração com SPME usando polianilina como sorvente

11,2 ng/mL Bons resultados usando os filmes de polianilina em SPME; bons resultados na análise dependem de um maior tempo de extração (30 min).

[90]

GC/MS Água SPME com fibras PDMS (polidimetilsiloxano) 2 ng/mL Uso da norcocaina como padrão interno; derivatização com hezilcloroformato em solução alcalina (pH=9.0)

[93]

LC-ESI-MS Água Extração usando discos de SPE apos o ajuste do pH=10

2 ng/L Pré-coluna de derivatização com fluoril metilcloroformato para aumentar a retenção da anatoxina-a na coluna de LC.

[107]

LC-QTOF/QIT-MS

Água e cianobactérias

Extração com metanol (pH=4), purificação com SPE de troca catiónica fraca

2 µg/L Fragmentação detalhada da anatoxina-a, homoanatoxina-a e produtos de degradação. Baixa sensibilidade.

[108]

LC-ESI-MS/MS

Água e tecido de peixes

Filtração da água. Extração das amostras de peixe por MSPD usando areia como matriz dispersa em água

8 ng/L; 0,2 ng/g Elevada sensibilidade. Equipamento caro [69]

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Anexo III

95

Anexo III. Instruções de funcionamento do GC/MS.

a) Ligar o equipamento

1. Verificar a pressão de entrada e de saída;

2. Ligar o sistema de cromatografia no botão (ON – OK);

3. Ligar o detetor de massa no botão (ON – OK);

4. Ligar o computador;

5. Arrancar com o programa Instrument #1;

6. Para o software do sistema de gases pressionar a tecla Oven, após aparecerem as

condições para ligar o forno, pressiona-se a tecla ON;

7. Deixar estabilizar o sistema GC/MS entre 2-3 horas;

8. No menu ―HRCHEMISTATION‖ selecionar ―view‖, para diagnosticar o vácuo;

9. Dentro do menu anterior selecionar ―Pump Down‖ e deixar o sistema a estabilizar

durante 2 horas;

b) Obter cromatogramas

1. Em ―Enhanced Data Analysis‖ seguido de ―Load Data File‖ podem abrir-se os

cromatogramas se a análise tiver terminado;

2. Ao selecionar ―Tools‖ seguido de ―Overlay Cromatograms‖ para sobrepor os

cromatogramas;

3. Para se realizar uma nova análise deve se esperar que o equipamento esteja OK,

esperar que apareça a luz verde no equipamento.

c) Autotune

1. Para efetuar o autotune do programa Instrument #1 que controla o funcionamento do

GC/MS, abrir o menu ―Instrument‖ e selecionar ―Perform MS Autotune‖

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Anexo IV

96

Anexo IV. Características e frases de risco e segurança.

a) Características inerentes aos reagentes utilizados neste trabalho:

Reagente Formula química Massa Molecular

(g/mol)

Pureza

(%)

Metanol CH3OH 32,04 99,9

Acetato de etilo CH3COOC2H5 88,11 99,0

Fumarato de anatoxina-a C10H15NO.C4H4O4 281,31 99,9

Anidrido acético C4H6O3 102,09 99,0

Piridina C5H5N 79,10 99,9

Hidrogeno carbonato de

sódio

NaHCO3 84,01 99,7

Isobutilcloroformato C5H9ClO2 136,58 99,8

b) Frases de risco e segurança.

1. Metanol

R 11: Facilmente inflamável.

R 23/24/25: Tóxico por inalação, em contacto com a pele e por ingestão.

R 39: Perigo de efeitos irreversíveis muito graves.

S 7: Manter o recipiente bem fechado.

S 16: Conservar longe de fontes de ignição – Não fumar.

S 36/37: Usar luvas e vestuário de proteção adequados.

S 45: Em caso de acidente ou indisposição consultar imediatamente um médico (se

possível mostrar-lhe o rótulo do produto).

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Anexo IV

97

2. Acetato de etilo

R 11: Facilmente inflamável.

R 36: Irritante para os olhos.

R 66: Exposição contínua pode causar a secagem da pele ou formação de fissuras.

R 67: Vapores podem causar sonolência e tonturas.

S 16: Conservar longe de fontes de ignição – Não fumar.

S 26: Em caso de contato com os olhos, lavar imediata e abundantemente em água e

chamar um especialista.

S 33: Tomar as devidas precauções contra descargas estáticas.

3. Anidrido Acético

R 10: Inflamável.

R 20/22: Perigoso por inalação e por ingestão.

R 34: Causa queimaduras.

S 26: Em caso de contato com os olhos, lavar imediata e abundantemente em água e

chamar um especialista.

S 36/37/39: Usar luvas e vestuário de proteção adequados bem como proteção para

os olhos/cara.

S 45: Em caso de acidente ou indisposição consultar imediatamente um médico (se

possível mostrar-lhe o rótulo do produto).

4. Piridina

R 11: Facilmente inflamável.

R 20/21/22: Perigoso por inalação em contato com a pele e por ingestão.

S 26: Em caso de contato com os olhos, lavar imediata e abundantemente em água e

chamar um especialista.

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Anexo IV

98

S 28: Após o contato com a pele lavar abundantemente com água.

5. Isobutilcloroformato

R 10: Inflamável.

R 22: Perigoso se ingerido.

R 23: Perigoso se inalado.

R 34: Causa queimaduras.

S 26: Em caso de contato com os olhos, lavar imediata e abundantemente em água e

chamar um especialista.

S 36/37/39: Usar luvas e vestuário de proteção adequados bem como proteção para

os olhos/cara.

S 45: Em caso de acidente ou indisposição consultar imediatamente um médico (se

possível mostrar-lhe o rótulo do produto).

6. Fumarato de anatoxina-a

R 20/21/22: Perigoso por inalação em contato com a pele e por ingestão.

R 62: Possível risco de diminuição da infertilidade

R 63: Possível risco para grávidas.

S 22: Não respirar o resíduo na forma de pó.

S 24/25: Evitar o contato com a pele e olhos.

S 36/37/39: Usar luvas e vestuário de proteção adequados bem como proteção para

os olhos/cara.

S 45: Em caso de acidente ou indisposição consultar imediatamente um médico (se

possível mostrar-lhe o rótulo do produto).

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Anexo V

99

Anexo V. Tratamento de resultados

A reta de calibração é apresentada se acordo com a seguinte expressão:

y = bx + a

onde b é o declive e a ordenada na origem.

As incertezas associadas ao declive (Sb) e à ordenada na origem (Sa) são determinadas

a partir das seguintes expressões:

em que s x/y representa o desvio padrão dos pontos experimentais à reta

Os intervalos de confiança na ordenada na origem e do declive são apresentados sob a

seguinte forma:

a ± tSa

b ± tSb

A partir da reta de calibração pode ser determinado o erro associado à concentração

obtida por extrapolação:

onde m é o número de réplicas cujo valor médio das leituras é y0, e x0 o valor da concentração

correspondente a yo.

O intervalo de confiança correspondente à concentração determinada (x0) é dado pela

expressão seguinte:

x0 ± t x0

(A 5.1)

(A 5.2)

(A 5.3)

(A 5.4)

(A 5.5)

(A 5.6)

(A 5.7)

(A 5.8)

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Anexo V

100

em que o valor de t corresponde ao nível de confiança desejado (P =95%), para n = 2

graus de liberdade.

A qualidade do ajuste linear foi avaliado a partir do coeficiente de correlação dado por:

Os limites de deteção (LD) e de quantificação podem ser avaliados a partir dos

parâmetros estatísticos da reta, recorrendo às seguintes expressões:

Outra forma de determinar os limiares analíticos do sistema de SPME-GC/MS, baseia-se

na relação sinal/ ruído de 3 e 10 respetivamente, as expressões utilizadas são as seguintes:

onde R é a altura média do ruido (para as três réplicas efetuadas) e S a altura do pico

cromatográfico caraterizado por ser três vezes a altura do ruido no caso da determinação do LD

e 10 vezes a altura do ruido no caso do LQ.

Uma outra alternativa para determinar os limiares analíticos do método SPME-GC/MS

centra-se na análise de 10 réplicas independentes fortificadas com um nível baixo de

concentração e aplicando as seguintes expressões:

LD = 0 + 3,3s

LQ = 0 + 10s

onde s representa o valor do desvio padrão .

A concentração (c) de uma solução preparada a partir da massa de anatoxina-a é dada

por:

c = m/V

(A 5.9)

(A 5.10)

(A 5.11)

(A 5.12)

(A 5.13)

(A 5.16)

(A 5.17)

(A 5.18)

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Anexo V

101

Considerando que a massa da anatoxina-a fornecida é de 1,00 mg, estima-se para a

incerteza da concentração da solução mãe o valor de 1,00 ± 0,01 mg/mL obtido recorrendo a

expressão:

Quanto às concentrações das soluções padrão preparadas por diluição são calculadas

recorrendo à seguinte expressão:

Ci × Vi= cf × Vf

onde, ci é a concentração inicial, Vi o volume inicial, cf a concentração final e Vf o volume final.

A incerteza associada à concentração das soluções padrão é dada por:

(A 5.19)

(A 5.20)

(A 5.21)