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UNESP Universidade Estadual Paulista Caderno de Resumos do VIII Seminário do Programa de Pós-graduação em Lingüística e Língua Portuguesa: ―Sujeito e Linguagem‖ __________________15, 16 e 17 de outubro de 2008 __________________ __________________________________________________________________________ Faculdade de Ciência e Letras CEP. 14800-901 - Rodovia Araraquara - Jaú, Km 1 - PABX (016)3301-6200 Caixa Postal 174 - Araraquara SP http://www.fclar.unesp.br/poslinpor/publicacoes.php?id=poslinpor 1 ÍNDICE Perfil do seminário 7 I. Resumos de trabalhos apresentados em Fórum de Debates A CONCORDÂNCIA NOMINAL NO PORTUGUÊS FALADO NO INTERIOR PAULISTA A EVOLUÇÃO FONÉTICA DE ALUNOS DE LÍNGUA INGLESA INGRESSANTES EM UM CURSO DE LETRAS A OBSERVAÇÃO DE PROEMINÊNCIAS MUSICAIS E LINGÜÍSTICAS NO ESTUDO DA PROSÓDIA DO PORTUGUÊS ARCAICO A ONTOGÊNESE DOS GÊNEROS DISCURSIVOS NA APROPRIAÇÃO DA LÍNGUA MATERNA A REALIZAÇÃO DO OBJETO DIRETO ANAFÓRICO EM LÍNGUAS ROMÂNICAS: UM ESTUDO SINCRÔNICO NO PORTUGUÊS E NO ESPANHOL A RECEPÇÃO DA TEORIA DE MIKHAIL BAKHTIN NA ANÁLISE DO DISCURSO FRANCESA A SEMIÓTICA DOS LUGARES E OS MODOS DE VALORIZAÇÃO CRIADOS PELA PUBLICIDADE NO ESTADO DO MARANHÃO A TRAMA DISCURSIVA DE SI EM CORA CORALINA E CAROLINA DE JESUS ALFABETIZAÇÃO TECNOLÓGICA MULTISSENSORIAL, NA PERSPECTIVA FÔNICA, PARA DEFICIENTES INTELECTUAIS ANÁLISE FONÉTICO-FONOLÓGICA DOS PADRÕES ENTOACIONAIS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO E DO INGLÊS NORTE-AMERICANO EM FILMES ANIMADOS ASPECTO VERBAL DO GREGO ANTIGO: UMA ABORDAGEM MORFOLÓGICA E SEMÂNTICA CLÍTICOS NO PORTUGUÊS DE SÃO PAULO: 1880 A 1920: UMA ANÁLISE SÓCIO- HISTÓRICO- LINGÜÍSTICA EM BUSCA DA AUTONOMIA NA SALA DE AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA: ARTICULANDO LINGUAGEM, LÍNGUAS NATURAIS E DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA AUTÔNOMA ENSINO DE LATIM: COMPETÊNCIAS LINGÜÍSTICA, TEXTUAL E INTERTEXTUAL 8 9 9 10 11 12 13 13 14 15 16 17 17 18

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1

ÍNDICE

Perfil do seminário 7

I. Resumos de trabalhos apresentados em Fórum de Debates

A CONCORDÂNCIA NOMINAL NO PORTUGUÊS FALADO NO INTERIOR PAULISTA

A EVOLUÇÃO FONÉTICA DE ALUNOS DE LÍNGUA INGLESA INGRESSANTES EM UM

CURSO DE LETRAS

A OBSERVAÇÃO DE PROEMINÊNCIAS MUSICAIS E LINGÜÍSTICAS NO ESTUDO DA

PROSÓDIA DO PORTUGUÊS ARCAICO

A ONTOGÊNESE DOS GÊNEROS DISCURSIVOS NA APROPRIAÇÃO DA LÍNGUA

MATERNA

A REALIZAÇÃO DO OBJETO DIRETO ANAFÓRICO EM LÍNGUAS ROMÂNICAS: UM

ESTUDO SINCRÔNICO NO PORTUGUÊS E NO ESPANHOL

A RECEPÇÃO DA TEORIA DE MIKHAIL BAKHTIN NA ANÁLISE DO DISCURSO

FRANCESA

A SEMIÓTICA DOS LUGARES E OS MODOS DE VALORIZAÇÃO CRIADOS PELA

PUBLICIDADE NO ESTADO DO MARANHÃO

A TRAMA DISCURSIVA DE SI EM CORA CORALINA E CAROLINA DE JESUS

ALFABETIZAÇÃO TECNOLÓGICA MULTISSENSORIAL, NA PERSPECTIVA FÔNICA,

PARA DEFICIENTES INTELECTUAIS

ANÁLISE FONÉTICO-FONOLÓGICA DOS PADRÕES ENTOACIONAIS DO

PORTUGUÊS BRASILEIRO E DO INGLÊS NORTE-AMERICANO EM FILMES

ANIMADOS

ASPECTO VERBAL DO GREGO ANTIGO: UMA ABORDAGEM MORFOLÓGICA E

SEMÂNTICA

CLÍTICOS NO PORTUGUÊS DE SÃO PAULO: 1880 A 1920: UMA ANÁLISE SÓCIO-

HISTÓRICO- LINGÜÍSTICA

EM BUSCA DA AUTONOMIA NA SALA DE AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA:

ARTICULANDO LINGUAGEM, LÍNGUAS NATURAIS E DESENVOLVIMENTO DE

COMPETÊNCIA AUTÔNOMA

ENSINO DE LATIM: COMPETÊNCIAS LINGÜÍSTICA, TEXTUAL E INTERTEXTUAL

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ESTUDO DAS PREPOSIÇÕES A, PARA E EM NO PORTUGUÊS BRASILEIRO: ENTRE

A INVARIÂNCIA DE FUNCIONAMENTO E A VARIAÇÃO SEMÂNTICA

EXERCÍCIOS FECHADOS PARA REFLEXÃO GRAMATICAL DA LÍNGUA ESPANHOLA:

PROPOSTA DE UM PROTÓTIPO DE EXERCÍCIO

FORMAÇÃO CONTINUADA ON-LINE DE PROFESSORES DE ALEMÃO: FOCO NO

LETRAMENTO DIGITAL E NO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA LINGÜÍSTICA

FORMAS DE REPRESENTAÇÃO DO DISCURSO MUSICAL EM CONTOS DE MACHADO

DE ASSIS

LULA LÁ: DE CANDIDATO APAIXONADO A PRESIDENTE DO POVO

MULHER-MACHO SEM SENHOR: DISCURSOS QUE REINVENTAM A IDENTIDADE

DA MULHER POLÍTICA NORDESTINA

O ESQUEMA NARRATIVO DO ROMANCE POLICIAL NO SÉCULO XXI: CANÔNICO OU

INOVADOR?

O PERFIL DO BLOGUEIRO: UM ESTUDO DOS BLOGS MAIS ACESSADOS DO

BRASIL

O PERFIL DO LEITOR DE LIVROS DE AUTO-AJUDA ADAPTADOS PARA O PÚBLICO

INFANTO-JUVENIL: UMA PERSPECTIVA SEMIÓTICA

O PLANO DE EXPRESSÃO VISUAL E A INSTÂNCIA PATÊMICA

O RITMO DO PORTUGUÊS ARCAICO: UMA ANÁLISE ATRAVÉS DAS CANTIGAS DE

SANTA MARIA

O SISTEMA DE FORMAS DE TRATAMENTO NA IMPRENSA NEGRA E EM O

COMBATE: UM ESTUDO DA INTER-RELAÇÃO ENTRE FATORES LINGÜÍSTICOS E

SOCIAIS

O SISTEMA VOCÁLICO DO PORTUGUÊS ARCAICO VISTO A PARTIR DAS RIMAS

DAS CANTIGAS MEDIEVAIS RELIGIOSAS

O ―SOM‖ DO REGGAE NA JAMAICA BRASILEIRA: UM ESTUDO FONOLÓGICO DO

INGLÊS CANTADO POR BRASILEIROS MONOLÍNGÜES FALANTES DE PORTUGUÊS

OS INDÍCIOS DO TRATO COM A ORALIDADE NO ENSINO A DISTÂNCIA DE

LÍNGUA ESTRANGEIRA NO DISCURSO DOS DOCUMENTOS OFICIAIS DOS CURSOS

DE LETRAS

PELAS LETRAS DOS JORNAIS: O DISCURSO DO ‗EIXO‘ RIO/ SÃO PAULO SOBRE A

CULTURA PARAENSE

PERFIL DIALETOLÓGICO DOS AMBIENTES VIRTUAIS DE COMUNICAÇÃO:

PECULIARIDADES FONÉTICAS, MORFOLÓGICAS, SINTÁTICAS E LEXICAIS DE

FALANTES DO PORTUGUÊS BRASILEIRO LUDOVICENSE E ARARAQUARENSE

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3

PRÁTICAS DISCURSIVAS, REDES DE MEMÓRIA E IDENTIDADES DO FEMININO:

ENTRE FADAS, PRINCESAS E LOBOS NO UNIVERSO PUBLICITÁRIO

PROCESSOS MORFOFONOLÓGICOS DESENCADEADOS PELA DERIVAÇÃO: UM

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE PORTUGUÊS ARCAICO E PORTUGUÊS BRASILEIRO

SUSTENTABILIDADE E TURISMO: ANÁLISE DAS VÁRIAS VOZES INSCRITAS NO

DISCURSO SOBRE O PARQUE NACIONAL DOS LENÇÓIS MARANHENSES

UM ESTUDO DA CONSTRUÇÃO DE UM GÊNERO DIGITAL VOLTADO PARA A

ESFERA EDUCACIONAL: O CHAT NO ENSINO DE E/LE

UM ESTUDO SÓCIO-DISCURSIVO DO SISTEMA PRONOMINAL DOS

DEMONSTRATIVOS NO PORTUGUÊS CONTEMPORÂNEO

UM OLHAR SEMIÓTICO PARA AS OBRAS DE FANTASIA MAIS VENDIDAS DE 1980

A 2007

UMA ANÁLISE DE PODE SER QUE COMO ADVÉRBIO EPÍSTÊMICO NA LÍNGUA

PORTUGUESA DO BRASIL, NAS MODALIDADES ORAL E ESCRITA

UMA REANÁLISE DA CONCORDÂNCIA VERBAL NA FALA DOS SÃO CARLENSES

UMA RETOMADA HISTÓRICO-EPISTEMOLÓGICA DA ANÁLISE DO DISCURSO NO

BRASIL

WEBJORNALISMO: CONSONÂNCIAS E DIVERGÊNCIAS ENTRE AMBIENTE VIRTUAL

E SUAS PRÁTICAS JORNALÍSTICAS

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II. Resumos de trabalhos apresentados em Sessões de Comunicações

Individuais

A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO: UM OLHAR FOUCAULTIANO DA CRIANÇA

A EMERGÊNCIA DAS CONDUTAS EXPLICATIVAS E O USO DOS PRONOMES

PESSOAIS NA FALA DA CRIANÇA

A ESCRITA E A ORGANIZAÇÃO DE DOMÍNIOS NOCIONAIS: UMA ARTICULAÇÃO

NECESSÁRIA

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A PREPOSIÇÃO PARA E AS OPERAÇÕES DE LINGUAGEM, UMA ABORDAGEM

CULIOLIANA

ALFABETIZAÇÃO TECNOLÓGICA MULTISSENSORIAL, NA PERSPECTIVA FÔNICA,

PARA DEFICIENTES INTELECTUAIS

APONTAMENTOS SOBRE O ASPECTO VERBAL EM HOMERO: ODISSÉIA

CLÍTICOS SE APRENDEM NA ESCOLA? O CASO DA COMUNIDADE RURAL DE

PIABAS NA BAHIA

ENTRE A REPETIÇÃO E A RUPTURA: O DISCURSO ADULTO E O INFANTIL NA

PERFORMANCE NARRATIVA

ESTUDO DOS VERBOS PRONOMINAIS DO PORTUGUÊS E O ALINHAMENTO

SEMÂNTICO DE WORDNETS

FUNCIONALIDADE DE PARÁBOLAS E IMAGENS NO DISCURSO JORNALÍSTICO EM

CONJUNTURAS DE CRISE

LINGUAGEM, LINGÜÍSTICA E SOCIOLINGÜÍSTICA: ASPECTOS TEÓRICOS QUE

FUNDAMENTAM A ANÁLISE DA ALTERNÂNCIA TU/VOCÊ/SENHOR(A) ENTRE OS

FALANTES DE SÃO LUÍS-MA.

O CONSENSUAL E O POLÊMICO NO TEXTO ARGUMENTATIVO ESCOLAR

O ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: UMA ABORDAGEM ENUNCIATIVA

O ETHOS NA LINGUAGEM DA CRIANÇA: UM CAMINHO PARA A IDENTIDADE

ENUNCIATIVA

O GÊNERO ENUNCIADO DE CAMINHÃO

O LEITOR DOS CONTOS DE MACHADO DE ASSIS

O LIVRO-REPORTAGEM COMO GÊNERO DISCURSIVO

O SUJEITO PRONOMINAL: AS PESSOAS GRAMATICAIS E O TRAÇO SEMÂNTICO

UM OLHAR SOBRE O CONTEXTO DE PRODUÇÃO E SOCIAL EM TEXTOS

CONSTRUÍDOS POR UMA CRIANÇA EM FASE DE ALFABETIZAÇÃO

UMA APROXIMAÇÃO ENTRE NARRATIVAS ESOTÉRICAS E TEXTOS DE AUTO-

AJUDA: ABORDAGEM SEMIÓTICA

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III. Resumos de trabalhos apresentados em Painéis

A CONCATENAÇÃO SEMÂNTICA DO TEMPO NO NÍVEL TEXTUAL 58

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A CONCORDÂNCIA NOMINAL NO PORTUGUÊS FALADO NO INTERIOR PAULISTA

A PRODUÇÃO DO ESPAÇO MARANHENSE EM PROPAGANDAS TURÍSTICAS

OFICIAIS

A REALIZAÇÃO DOS CLÍTICOS NAS CANTIGAS DE SANTA MARIA

ANÁLISE MORFOFONOLÓGICA DO PROCESSO DE ADJUNÇÃO DOS SUFIXOS DE

GRAU NAS CANTIGAS DE SANTA MARIA

ANTROPÔNIMOS DE ORIGEM INGLESA: ADAPTAÇÕES FONOLÓGICAS POR

FALANTES DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

APRENDÍ O HE APRENDIDO: UMA ABORDAGEM COMPARATIVA SOBRE O USO DOS

PRETÉRITOS INDEFINIDO E PERFEITO EM LÍNGUA ESPANHOLA

ESTUDO DO SISTEMA ORTOGRÁFICO EM POEMAS MANUSCRITOS DE

SOUSÂNDRADE NO SÉCULO XIX EM SÃO LUIS-MA

ESTUDO SINTÁTICO-SEMÂNTICO DOS VERBOS DAS TOADAS DE BUMBA-MEU-BOI

INVESTIGANDO PROCESSOS DE AUTORIA ENVOLVIDOS NA PRODUÇÃO DE

RELATÓRIO CIENTÍFICO POR GRADUANDO EM QUÍMICA

LÍRICA TUPI DE ANCHIETA

O ASPECTO VERBAL EM JERÔNIMO SOARES BARBOSA (1822)

O LÉXICO NA PRODUÇÃO DE TEXTOS: UM ESTUDO ENUNCIATIVO

O OUTRO SUJEITO CONSTITUÍDO ATRAVÉS DA APRENDIZAGEM DE UMA LÍNGUA

ESTRANGEIRA

PROCESSOS DE SÂNDI NO PORTUGUÊS ARCAICO: CANTIGAS DE SANTA MARIA

PROCESSOS MORFOFOLÓGICOS DESENCADEADOS PELA FLEXÃO VERBAL NAS

CANTIGAS DE SANTA MARIA

UMA APROXIMAÇÃO ENTRE NARRATIVAS ESOTÉRICAS E TEXTOS DE AUTO-

AJUDA: ABORDAGEM SEMIÓTICA

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Perfil do seminário

Os seminários de pesquisa do Programa de Pós-graduação em Lingüística e Língua

Portuguesa, da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP, campus de Araraquara, têm

como objetivo principal propiciar um intercâmbio de pesquisas entre seus alunos e outros

estudiosos. Anualmente o programa realiza seus seminários para o qual convida

pesquisadores de outras universidades que desenvolvam trabalhos relacionados às linhas

de pesquisa do programa. Além de participarem do seminário apresentado seus trabalhos

em forma de conferências ou de mesas-redondas, os pesquisadores convidados reúnem-

se com um grupo de alunos que realizam pesquisa em área próxima à sua para

debaterem suas pesquisas, durante as atividades do seminário intituladas ―Fórum de

Debates‖. A cada ano a comissão encarregada de organizar o evento elege um tema

central que conduzirá o perfil de suas atividades. Para o ano de 2008 o tema será

"Sujeito e Linguagem". A linguagem consiste na capacidade específica do homem para

estabelecer comunicação e produzir sentido. Sujeito, tempo e espaço são noções que não

somente integram as teorias lingüísticas, mas também as organizam. O seminário deste

ano dedica-se ao exame da primeira, com o objetivo de enfocar e problematizar

diferentes modos da relação sujeito e linguagem: sujeito na linguagem, sujeito da

linguagem, sujeito ante a linguagem. Nesses domínios, diversos conceitos podem

compor, especificar e/ou caracterizar as reflexões: eu/outro, falante/ouvinte,

emissor/receptor, aluno/professor, sujeito da enunciação, enunciador/enunciatário,

autor/leitor, autor/herói, actante, ator, personagem, sujeito da frase, sujeito do discurso,

sujeito empírico, efeito sujeito, corpo, etc. O convite a pesquisadores para participar do

seminário e para refletir sobre a concepção de sujeito de sua área de atuação atende às

diferentes linhas e tendências das pesquisas do Programa.

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I. Resumos de trabalhos apresentados em Fórum de Debates

A CONCORDÂNCIA NOMINAL NO PORTUGUÊS FALADO NO INTERIOR PAULISTA

Natália Cristina OLIVEIRA (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Odette Gertrudes Luiza Altmann de Souza CAMPOS

O caráter social dos fatos lingüísticos e a percepção da variabilidade na qual a

língua está submetida são pontos essenciais no que tange à reflexão sobre a natureza da

linguagem humana. Deste modo, língua, sociedade e sujeito são realidades que se

relacionam, a existência de uma está diretamente relacionada com a existência das

outras. Reconhecer e estudar a variação lingüística como um fenômeno presente em

todas as línguas naturais, incluindo o português brasileiro, é um dos primeiros passos

para contribuirmos para a descrição do português falado. Pensando em colaborar na

caracterização do dialeto falado no interior paulista, o presente projeto tem como tema a

concordância nominal (CN, daqui em diante) que, como comprovam vários trabalhos

sociolingüísticos, constitui uma regra variável presente em vários dialetos do português

brasileiro (PB). Vale ressaltar que este projeto é decorrência de outro, mais abrangente,

pertencente ao Departamento de Estudos Lingüísticos e Literários do IBILCE / UNESP,

sob a denominação ―O português falado no interior paulista: constituição de um banco de

dados anotado para o seu estudo‖ (Processo FAPESP 03/08058-6). Este projeto conta

com a amostra de fala de 152 informantes de São José do Rio Preto e região, que foram

selecionados a partir de um controle das seguintes variáveis sociais: sexo/gênero,

escolaridade, faixa etária e classe social. Utilizando as amostras de fala deste banco de

dados, apresentaremos uma análise, por meio da pesquisa sociolingüística, de algumas

variáveis lingüísticas que contribuem para a realização ou para a não-realização do

fenômeno da CN no dialeto do interior paulista. Para tanto, são controladas as variáveis

gênero, faixa etária (16-25, 26-55 e mais de 55 anos) e escolaridade (Ensino

Fundamental, Médio e Superior). Das 152 amostras do censo lingüístico da região de São

José do Rio Preto, selecionamos 18 para esse estudo, de modo a obtermos uma

distribuição equilibrada, orientada pelas variáveis sociais acima mencionadas. Além

dessas variáveis de natureza social, estamos considerando as seguintes variáveis de

natureza lingüística: quantidade de elementos no SN, elemento que recebe marca de

plural, composição do SN, categoria morfológica do elemento, marcas precedentes,

contexto fonético-fonológico seguinte ao elemento, saliência fônica; processo de

formação do plural e tonicidade da sílaba do item singular. Devo lembrar que o fenômeno

da CN já foi bastante estudado em vários dialetos brasileiros por vários autores, no

entanto, o ineditismo desta pesquisa se dá pelo fato de não haver um estudo acerca da

CN presente, ou não, na fala de habitantes do interior paulista, de modo que esperamos

que a análise de tais falas contribua para estimular a realização de novas pesquisas e

análises do nosso patrimônio lingüístico, ainda um tanto quanto desconhecido dos

próprios lingüistas. Ao final desta pesquisa, será possível perceber as reais manifestações

de fala da nossa comunidade, contribuindo, assim, com o próprio ensino do português.

A EVOLUÇÃO FONÉTICA DE ALUNOS DE LÍNGUA INGLESA

INGRESSANTES EM UM CURSO DE LETRAS

Marcela Ortiz Pagoto de SOUZA (UNESP-FCL-Araraquara)

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Orientador: Luiz Carlos CAGLIARI

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de base etnográfica, produzida de acordo

com os dados obtidos na coleta realizada com seis (6) alunos de um primeiro ano do

curso de Letras (inglês) noturno de uma universidade particular de uma cidade do

interior do estado de São Paulo. Este estudo tem por objetivo analisar o processo de

evolução fonética de tais alunos a partir de seu ingresso na faculdade, observando-se as

influências da fonética da língua materna (língua portuguesa), bem como os obstáculos

por eles encontrados para a aquisição da língua estrangeira (língua inglesa). Com o

intuito de restringir o campo da pesquisa, optou-se por focar a análise na produção de

pares mínimos (minimal pairs), devido à dificuldade geralmente apresentada pelos

alunos na produção de palavras foneticamente semelhantes. Pretende-se averiguar no

decorrer da pesquisa como se dá a evolução fonética dos alunos, nos períodos iniciais de

estudo da língua na graduação, elucidando a importância de se aprender a fonética da

língua inglesa para sua aquisição. Nesse contexto, analisando-se o aprendizado do

sistema fonético da língua inglesa (LI) e sua aquisição, mostra-se relevante observarmos

a influência e a interferência da língua materna (português) na produção oral, uma vez

que há diferenças nos dois sistemas fonéticos.

A OBSERVAÇÃO DE PROEMINÊNCIAS MUSICAIS E LIGÜÍSTICAS NO ESTUDO DA

PROSÓDIA DO PORTUGUÊS ARCAICO

Daniel Soares da COSTA (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Gladis MASSINI-CAGLIARI

O trabalho que apresentamos tem como objetivo propor uma nova metodologia

para o estudo da prosódia de línguas mortas, em especial o português arcaico. Partimos

da metodologia anterior utilizada por Massini-Cagliari (1995, 1999) que focalizava, em

cantigas trovadorescas, a palavra que aparece em posição de rima poética, visto que

somente nessa posição é possível, por meio da observação da estrutura da cantiga e da

maneira como o autor conta as sílabas poéticas, ter certeza da posição do acento

principal da palavra. A partir do contato com esse trabalho, começamos a desenvolver

uma proposta metodológica que desse conta de localizar os acentos lexicais em outras

posições nos versos. Tal metodologia baseia-se, resumidamente, na observação das

proeminências musicais de textos poéticos musicados, na observação das proeminências

lingüísticas do texto dos poemas, junto com a observação da estrutura métrica dos

mesmos. Parte-se da idéia de que é grande a probabilidade de o tempo forte do

compasso musical (o primeiro tempo) coincidir com a sílaba tônica das palavras, o que

poderia fornecer pistas para o estudo do acento lexical de palavras que pertencem a

línguas que não possuem mais falantes e nem mesmo registros orais. Para isso,

desenvolvemos um trabalho de análise das proeminências musicais em comparação com

as proeminências lexicais em transcrições de algumas das Cantigas de Santa Maria para

a notação musical atual, feitas por Anglés (1964). O objetivo é constatar se a observação

do nível musical junto com o nível lingüístico dessas cantigas pode constituir uma

metodologia auxiliar no estudo de fenômenos prosódicos tais como acentos secundários

e/ou eurrítmicos do português arcaico, na medida em que pode constituir um

instrumento de identificação de possíveis proeminências rítmicas, ao lado de informações

trazidas pela estrutura métrica dos poemas. A análise dos resultados será feita no

interior do quadro teórico inaugurado pelas teorias fonológicas não-lineares – em

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especial, o modelo métrico (cf. HAYES, 1995; MASSINI-CAGLIARI, 1995, 1999).

Posteriormente, se verificada a pertinência de comparação com estudos já desenvolvidos

sobre a prosódia do PA (MASSINI-CAGLIARI, 2005), avançar-se-á para uma abordagem

otimalista (cf. PRINCE & SMOLENSKY, 1993).

A ONTOGÊNESE DOS GÊNEROS DISCURSIVOS NA

APROPRIAÇÃO DA LÍNGUA MATERNA

Fabiana GIOVANI (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientador: Luiz Carlos CAGLIARI

O presente projeto de pesquisa tem por intuito responder a seguinte questão de

pesquisa: ‗Qual o processo ontogênico dos gêneros discursivos na alfabetização?‘. O meu

objetivo principal é conhecer o percurso ontogenético dos gêneros discursivos durante o

processo de apropriação da língua escrita. Além deste, outros objetivos põem-se como

secundários, mas não menos importantes como: i) Compreender o processo de

apropriação dos gêneros discursivos escritos na alfabetização; ii)Verificar até que ponto a

teorização sócio-histórica desenvolvida por Schneuwly, com base em Vigotski e Bakhtin

coaduna-se ou não com a psicogênese da língua escrita desenvolvida por Emília Ferreiro

e Ana Teberosky; iii) Conceber a apropriação da escrita de base discursiva não só como

prática, mas também como cognição, como modo ontogênico de constituição da

subjetividade. Enfim, essa pesquisa propõe, em termos gerais, uma reflexão sobre

processos ontogênicos que envolvem a linguagem. Com relação aos pressupostos

teóricos, minha pretensão com este trabalho é provocar o encontro entre os teóricos

Bakhtin, Vigotski e Ferreiro, cada qual com seus interesses, seus conceitos, suas

afiliações teóricas, suas histórias distintas e pertencentes a tempos e a espaços distintos.

Porém, diante desse objetivo, não se pode esquecer que um encontro a três, como este,

se dê a vários, e em cada uma destas vozes, como apontam Geraldi et alii (2005),

ecoam outras muitas vozes no que se apresenta como próprio, mas que efetivamente

resulta do esquecimento das origens. Quanto aos ―procedimentos metodológicos‖, já

manifesto a preferência pelo paradigma indiciário. Abaurre et alii (1997) afirmam que

adotar o paradigma indiciário pode ser muito produtivo em investigações concernentes à

relação sujeito/linguagem, uma vez que os dados da escrita inicial, por sua freqüente

singularidade, são indícios importantes do processo como um todo através do qual se vai

continuamente constituindo e modificando a complexa relação entre o sujeito e a

linguagem. A maior visibilidade de alguns aspectos do processo pode criar dados que

contribuam de forma significativa para uma discussão mais profunda da relação

sujeito/linguagem no interior da teoria lingüística.

A REALIZAÇÃO DO OBJETO DIRETO ANAFÓRICO EM LÍNGUAS ROMÂNICAS: UM

ESTUDO SINCRÔNICO NO PORTUGUÊS E NO ESPANHOL

Niguelme Cardoso ARRUDA (UNESP-FCL-Araraquara / CNPQ)

Orientadora: Rosane de Andrade BERLINCK

Sustentado pelo arcabouço teórico-metodológico da Sociolingüística Variacionista,

este estudo, de caráter descritivo-analítico-comparativo, se propõe a estabelecer uma

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análise da realização do objeto direto anafórico, enfocando, principalmente, o uso de

pronomes pessoais com a respectiva função, o estatuto do objeto nulo e a topicalização

de nosso fenômeno variável. Pretende-se, com o estudo, observar como se comportam

lingüisticamente os falantes das variedades européia e brasileira do português, bem

como os das variedades européia e argentina do espanhol. Considera-se, para tanto, o

fato de português e espanhol serem línguas românicas, apresentando, então, uma

sintaxe e um sistema pronominal que em muito se assemelham: formas pronominais

nominativas distintas de formas pronominais acusativas, assim como uma terceira

pessoa (ou a não-pessoa, usando terminologia cunhada por Benveniste (1995)) que

apresenta um padrão de flexão semelhante ao dos nomes (gênero e número).

Considerando, ainda, a proximidade geográfica entre Portugal e Espanha e entre Brasil e

Argentina, é possível pensar que as variedades européias e americanas apresentam

graus variáveis no seu sistema lingüístico que também as aproximarão. Objetiva-se,

portanto, verificar, em que grau as variedades lingüísticas européia e brasileira do

português, bem como as variedades européia e argentina do espanhol se distanciam e se

esse distanciamento, caso haja, reflete apenas em uma distinção quantitativa entre as

variedades, ou se também causa algum reflexo qualitativo entre elas. Para tanto, serão

observadas as estratégias de realização do referido fenômeno sintático nas variedades

lingüísticas em questão, a fim de se verificar suas particularidades e/ou semelhanças. Tal

proposta buscará avaliar se os processos de variação (e mudança) já observados no PB

também se refletem no PE, estendendo a comparação ao espanhol europeu e ao

espanhol argentino. Assume-se, pois, como hipótese central, que as distinções entre as

variedades européia e brasileira do português e entre as variedades européia e argentina

do espanhol, em relação ao fenômeno que será aqui estudado, são observadas,

sobretudo, em uma análise quantitativa. Em uma análise qualitativa, muito

provavelmente, essas diferenças não se acentuarão. A organização da amostra, da qual

se estruturarão os corpora, será feita a partir de programas de auditório veiculados por

emissoras de televisão de circulação nacional nos países usuários das variedades acima

referidas. Tal escolha se justifica pelo fato de esse gênero apresentar, em sua estrutura,

uma rica variedade de perfis de falantes: informantes de ambos os sexos/gêneros, de

idades diferentes e de diferentes níveis sócio-econômicos, possibilitando, dessa maneira,

uma melhor observação dos níveis de variação. Além da diversidade de perfis de

falantes, o trabalho com o gênero que aqui se denominará programas de auditório

permitirá que se encontrem programas com (e destinados a) públicos diferentes: alguns

de caráter mais popular, outros menos, além de programas destinados ao público de

faixa etária diferente, ao público feminino, assim como os destinados ao público

masculino. O trabalho com o gênero programas de auditório veiculados por emissoras de

televisão permitirá, ainda, verificar o uso lingüístico, seguindo os passos de Duarte

(1989: 20), em uma modalidade de fala que atinge os países de ponta a ponta.

A RECEPÇÃO DA TEORIA DE MIKHAIL BAKHTIN NA

ANÁLISE DO DISCURSO FRANCESA

Claudiana NARZETTI (UNESP-FCL-Araraquara/ FAPEAM)

Orientadora: Renata Maria Facuri Coelho MARCHEZAN

Nosso projeto de pesquisa pretende investigar um momento da história

epistemológica da análise do discurso de linha francesa derivada dos trabalhos de Michel

Pêcheux. Ele trata, especificamente, da recepção e da apropriação de alguns conceitos da

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teoria desenvolvida pelo Círculo de Bakhtin pela teoria do discurso articulada por Pêcheux

e seus colaboradores, no período da terceira época da disciplina, iniciada a partir dos

anos 80. Podemos dizer que é singular a relação entre essas duas teorias, uma vez que a

primeira, apesar do grande interesse que provocou em outras correntes de estudos

lingüísticos marxistas, como a sociolingüística de Gardin e Marcellesi, foi, em meados da

década de 70, explicitamente rejeitada pela AD pecheutiana, mas foi, nos anos 80, aceita

e apropriada por ela. Desde então, a referência à teoria de Bakhtin, principalmente aos

conceitos de dialogismo e de alteridade, tornou-se constante nos trabalhos de análise do

discurso. O conceito de heterogeneidade constitutiva do discurso, produzido por

Jacqueline Authier-Revuz a partir do conceito de dialogismo foi o elo determinante da

articulação entre essas duas teorias. Por causa dessa relação peculiar é que acreditamos

ser necessária uma investigação do processo através do qual os conceitos bakhtinianos

supramencionados entraram na AD. Para isso, pretendemos discorrer sobre dois

momentos da recepção de Bakhtin nessa disciplina, o da recusa (anos 70) e o da

aceitação (anos 80). Em seguida, pretendemos analisar o modo como Authier-Revuz

apropria-se da teoria do Círculo para formular seu conceito de heterogeneidade

constitutiva. Finalmente, pretendemos refletir sobre as conseqüências dessa apropriação

para a teoria do discurso francesa, uma vez que, segundo Canguilhem, a entrada de

novos conceitos em uma teoria resulta em uma nova configuração conceitual. Em outras

palavras, analisaremos as relações que se estabeleceram entre interdiscurso, formação

discursiva, memória, heterogeneidade, dialogismo – conceitos interligados. Ao final,

objetivamos ter compreendido as conseqüências que a apropriação da teoria do Círculo

de Bakhtin trouxe não só para a teoria do discurso, mas também para a interpretação da

própria teoria bakhtiniana.

A SEMIÓTICA DOS LUGARES E OS MODOS DE VALORIZAÇÃO

CRIADOS PELA PUBLICIDADE NO ESTADO DO MARANHÃO

Linda Maria RODRIGUES (UNESP-FCL-Araraquara /UFMA)

Orientador: Arnaldo CORTINA

Este estudo observa uma ―leitura‖ do manifesto publicitário com objetivos de

divulgação dos ―lugares turísticos‖ no Estado do Maranhão. Analisa os suportes de

informações turísticas apresentados para a divulgação da Cidade de São Luís e dos

Lençóis Maranhenses (principais produtos turísticos do Estado) pelas agências e pelas

instituições oficiais de fomento do turismo no Brasil, observando como o enunciador

constrói seu dizer e como este produz determinados efeitos de sentido sobre seu

interlocutor. Trata de uma contribuição aos estudos da imagem e do texto impresso

seguindo a teoria da significação gerativa de sentido proposta pela escola de Paris. O

gênero publicitário turístico parte da análise das expressividades das propagandas

textuais impressas e de sua capacidade de leitura sígnica no contexto mercadológico

maranhense, descrevendo o modo pelo qual a linguagem desses suportes diversos

corresponde às maneiras distintas de leitura dos lugares a serem visitados. Para a uma

análise inicial do corpus foi utilizada uma propaganda local intitulada ―Vote Lençóis”, essa

análise foi caracterizada pela busca de detalhar o tipo de discurso e os seus mecanismos

de persuasão fundamentados na semiótica greimasiana. Como principais resultados,

foram destacados em seqüência, enunciadores preocupados com a utilização da

linguagem a partir da concepção da realidade social, pelo entendimento de que a fala

condensa o espaço no qual se expressam e se confrontam valores sociais. Pode-se

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concluir então, que o uso da linguagem nesse estudo é essencialmente argumentativo

(lógico e afetivo); como panos de fundo da campanha vêm às imagens como estratégia

de conciliação ideológica do público votante no que diz respeito aos aspectos ecológicos e

sua abertura para uma visibilidade internacional. Esses mecanismos foram utilizados para

dar a entender que o texto é monitorado pelo enunciador em um processo interativo com

o leitor para além da informação; nesse momento, os elementos lingüísticos não apenas

transmitem informação, mas, são também vistos como mecanismos de persuasão sobre

o receptor.

A TRAMA DISCURSIVA DE SI EM CORA CORALINA E CAROLINA DE JESUS

Mara Rúbia de Souza Rodrigues MORAIS (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Maria do Rosário GREGOLIN

A partir do referencial teórico-metodológico da Análise do Discurso derivada de

Michel Pêcheux, este trabalho se propõe compreender a construção de um efeito

identitário nos textos memorialísticos de Cora Coralina e Carolina de Jesus, autoras da

literatura contemporânea brasileira. Mais especificamente, interessa-se pela dinâmica

discursiva que dá lugar a determinadas construções identitárias (da mulher, do negro, do

favelado, do trabalhador) articuladas a determinados movimentos identificatórios

capazes de instaurar os sujeitos discursivos na instância de uma ―escrita de si‖, do fazer

da própria vida uma obra de arte (FOUCAULT, 1992). Sendo assim, esta pesquisa se

volta para a rede de relações que se estabelecem no campo associado (domínios de

atualidade, memória e antecipação) de alguns enunciados depreendidos das seqüências

discursivas tomadas como referência. Partindo do princípio da fragmentação do sujeito,

que, tal como o discurso, é freqüentado pelo exterior que o constitui, este estudo busca

compreender: a) Quais são as construções identitárias derivadas da articulação do

intradiscurso com o interdiscurso nas seqüências de referência? b) Como se marcam nas

formas da língua as tomadas de posição dos sujeitos do discurso em relação aos saberes

da formação discursiva que legitima as memórias excluídas e produz determinadas

identidades?; c) Quais são os lances de singularidade que particularizam essas produções

discursivas e que são possibilitados pelos movimentos identificatórios dos sujeitos em

relação à formação discursiva de referência? Como resultado da análise, depreende-se

que a materialidade em questão se estabelece a partir de regularidades, uma vez que,

em ambas as enunciações, o funcionamento discursivo produz efeitos de subjetividade

pautados no trabalho ético sobre si e na legitimação das memórias proscritas. Todavia,

os modos de relação dos sujeitos enunciadores com a forma-sujeito da formação

discursiva que os determina produzem uma configuração fragmentada dos sujeitos

nessas produções literárias, bem como determinados lances de singularidade que

caracterizam o efeito-sujeito produzido em cada uma dessas narrativas de si. Nesse

sentido, visualiza-se que, em Cora Coralina, o funcionamento discursivo produz um

efeito-sujeito cujo trabalho ético sobre si se faz, predominantemente, pela via da

identificação com a formação discursiva de referência, sendo menos freqüente a

ocorrência de furos nesse processo de identificação. Já em Carolina de Jesus, o efeito

sujeito construído na articulação com diferentes produções identitárias (do favelado, do

negro, da mulher) deriva, recorrentemente, dos movimentos de contra-identificação do

sujeito enunciador com os saberes da FD de referência. Em síntese, embora essas duas

invenções de si se inscrevam no interior de uma formação discursiva que legitima as

memórias subterrâneas, as diferenças nos modos de relação dos sujeitos com os saberes

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dessa FD implicam a produção de efeitos-sujeito distintos entre si e fragmentados em

relação a si mesmos.

ALFABETIZAÇÃO TECNOLÓGICA MULTISSENSORIAL, NA PERSPECTIVA

FÔNICA, PARA DEFICIENTES INTELECTUAIS

Isaac Rodrigues SAGLIA (PPG em Educação Especial – UFSCar)

Orientadora: Fátima Elisabeth DENARI

A Lei de Diretrizes e Bases n.º 9694/96, de 20 de dezembro de 1996, é baseada

no princípio de que o Sistema Educacional Brasileiro deve promover a cidadania sem

discriminações, evidenciando a heterogeneidade do aluno e seu fluxo de escolarização,

servindo de orientação à pratica dos educadores, sejam eles especialista ou não. Os

educandos com Necessidades Educacionais Especiais, despojados de noções cognitivas

prévias, decorrentes de privações sócio-econômicas e culturais ou sem a prontidão

necessária, ao iniciarem o processo de alfabetização com os demais colegas, no atual

mote da inclusão escolar, eis a problemática: estes alunos, por sua condição, ficam a

mercê de uma espera pedagógica ou são segregados no contexto inclusivo? Há

alternativa(s) metodológica(s) que possa(m) transformar as práticas da alfabetização e

promover realmente a inclusão escolar? O objetivo principal é apresentar um epítome do

método multissensorial sob a perspectiva fônica, o qual norteou os currículos, recursos

educativos e organização específicos, para atender às necessidades concernentes à

alfabetização de alunos com Deficiência Intelectual; Alvitrar atividades virtuais por meio

de novas tecnologias que exercitem a percepção visual e auditiva, a coordenação motora

e a memorização de formas diversificadas, enfim, que promovam a modificabilidade

cognitiva. A metodologia versa em relatos das situações de ensino e aprendizagem de 15

alunos de uma escola de educação especial, com sessões diárias de 60 a 120 minutos

durante um semestre, os quais apresentaram avanços significativos na alfabetização;

Utilizaram-se os Métodos: Fônico e Fono-Visuo-Articulátorio, com a descrição detalhada

dos recursos sinestésicos empregados que serviram como suporte pedagógico ao

processo de leitura e escrita. Os resultados obtidos correspondem ao encaminhamento à

escola regular e o progresso destes alunos nos Ensino Fundamental. Para tanto, faz-se

necessário um juízo sobre o trabalho de campo, para que posteriormente todo o trajeto

de possa ser refeito por outros interessados em avaliar as experiências descritas.

ANÁLISE FONÉTICO-FONOLÓGICA DOS PADRÕES ENTOACIONAIS DO

PORTUGUÊS BRASILEIRO E DO INGLÊS NORTE-AMERICANO EM FILMES

ANIMADOS

Maíra Sueco Maegava CÓRDULA (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadores: Gladis MASSINI-CAGLIARI e Luiz Carlos CAGLIARI

O presente projeto de pesquisa tem por objetivo relacionar os contornos

entoacionais de dois sistemas lingüísticos, o Português Brasileiro e o Inglês Norte-

americano, a suas respectivas funções semânticas e pragmáticas, por meio da análise de

filmes animados. A escolha por esse tipo de corpus se deu em função da busca de

contextos lingüísticos e extralingüísticos semelhantes. Além disso, como ambos

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dubladores (original e dublado) só têm como instrumento sua voz, a observação da

variação melódica de cada língua pode fornecer dados interessantes, pois excluem as

mudanças acarretadas por variados movimentos corporais possíveis ao ator, mas não ao

dublador. Em primeiro lugar, o material de áudio extraído do filme será recortado em um

trecho ininterrupto selecionado para a análise a partir dos seguintes aspectos: conter

mais falas e menos tempo de música que o restante do material sonoro. Em seguida,

uma análise auditiva e acústica, com o auxílio do programa de edição de som Praat, será

desenvolvida considerando as características prosódicas desencadeadoras das

significações encontradas no corpus, com especial destaque para os elementos de altura

e intensidade. É preciso destacar ainda que a análise acústica da entoação levará em

consideração os pressupostos de Halliday (1970). Além disso, também desenvolveremos,

à luz dos dados conseguidos, uma análise fonológica com suporte nos pressupostos

teóricos da Fonologia Prosódica (SELKIRK, 1980; NESPOR; VOGEL, 1986). O tipo de

análise proposta se justifica na importância dos elementos prosódicos, principalmente a

entoação, na construção de sentidos do texto lingüístico. Além disso, convém destacar

que a entoação é um dos aspectos mais difíceis de serem adquiridos no aprendizado de

uma língua estrangeira, como o inglês, que é comumente estudado no Brasil. Dessa

maneira, este projeto de pesquisa pode contribuir para os estudos na área da Fonética e

da Fonologia, sobre o texto e também para os de natureza aplicada.

ASPECTO VERBAL DO GREGO ANTIGO:

UMA ABORDAGEM MORFOLÓGICA E SEMÂNTICA

Jean Paul Campos e SANT‘ANNA (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientador: Luiz Carlos CAGLIARI

Este trabalho, em nível de mestrado, tem como objetivo compreender o

funcionamento do aspecto verbal em textos originais produzidos em grego antigo.

Restringimos a abordagem do trabalho ao nível verbal do fenômeno, por considerarmos a

mais significativa ocorrência deste, ainda que reconheçamos que outros fatores também

são responsáveis pela geração dos traços aspectuais. Consideramos haver uma lacuna

nos estudos do grego antigo no que diz respeito aos estudos aspectuais, portanto,

cremos que esse trabalho vem colaborar para uma melhor compreensão dos mecanismos

de funcionamento do sistema verbal, e conseqüentemente, da língua dos antigos

helenos. Tomamos como teoria fundamental para este trabalho a obra de Combrie

(1976) e Binnick (1991), sobre aspecto em geral. Sobre aspecto do grego antigo

adotamos as obras de Adrados (1992), Chantraine ( ), principalmente. Nossa abordagem

do aspecto verbal parte do nível morfológico porque o sistema verbal grego apresenta

desinências específicas de aspecto em seus verbos, o que justifica tal abordagem. Pelo

mesmo motivo, de o sitema verbal grego apresentar marcas morfológicas para o

aspecto, neste trabalho distinguimos a noção de aspecto, da noção de tipo de ação ou

Aktionsart, visto que ao contrário daquela, esta não apresenta marcas morfológicas,

prevalecendo a carga semântica do lexema verbal. Por crermos que mediante a soma

desses dois fatores se faz completa a noção de aspecto no verbo grego adotamos uma

abordagem morfológica e semântica. Pretendemos em nossos trabalhos contemplar os

principais gêneros textuais da tradição antiga e, ainda, alguns dos mais significativos

autores do período clássico e do período helenístico, afim de que tenhamos, dessa

maneira, uma visão panorâmica do fenômeno estudado.

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CLÍTICOS NO PORTUGUÊS DE SÃO PAULO: 1880 A 1920:

UMA ANÁLISE SÓCIO-HISTÓRICO- LINGÜÍSTICA

Caroline Carnielli BIAZOLLI (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Rosane de Andrade BERLINCK

Visa-se, nessa pesquisa, o estudo da posição dos clíticos, no período que

compreende os anos de 1880 a 1920, tendo como fonte de análise jornais do estado de

São Paulo. Pretende-se, sob perspectiva da Sociolingüística e da Lingüística Histórica,

observar se essa época é a responsável, a partir das variações nela existentes, pela

substituição da ênclise pela próclise que passa a ser a forma mais produtiva do Português

de São Paulo do século XX até os dias atuais. A escolha desse recorte temporal deve-se

ao fato de que o final do século XIX e o começo do século XX são marcados, no plano

nacional e para a cidade e o interior de São Paulo, por importantes acontecimentos

históricos, sociais e culturais, e por esse período ainda não ter sido suficientemente

investigado no que se refere a processos de variação e mudança lingüística. Ainda em

relação aos fatores extralingüísticos, destaca-se a atenção desse estudo voltada à

questão dos gêneros. Acredita-se que o gênero textual-discursivo jornalístico seja

composto por vários outros gêneros subordinados a ele, e que exista, entre os tipos de

texto que o constituem, diferentes graus de formalidade. Dessa forma, espera-se maior

ou menor ocorrência de determinada posição dos clíticos em determinadas seções que

compõem o hipergênero jornal. Como aspecto interno da língua, é propósito dessa

pesquisa avaliar o papel desempenhado por fatores tais como a natureza morfológica e

sintático-semântica do verbo na posição do pronome átono. A pesquisa leva em

consideração que as mudanças lingüísticas, em sua origem, são desencadeadas por

fatores externos à língua, e que a língua deve ser tomada como um objeto heterogêneo.

Quanto à verificação do uso dos clíticos dentro de cada parte do jornal, pauta-se na idéia

de que os gêneros textuais são fenômenos históricos, vinculados à vida cultural e social,

que apresentam características sócio-comunicativas definidas por conteúdos,

propriedades funcionais, estilo e composição característica. Assim, esse estudo se baseia

na proposta teórico-metodológica da Teoria da Variação e Mudança Lingüísticas e em

conceitos relativos a gênero textual.

EM BUSCA DA AUTONOMIA NA SALA DE AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA:

ARTICULANDO LINGUAGEM, LÍNGUAS NATURAIS E DESENVOLVIMENTO DE

COMPETÊNCIA AUTÔNOMA

Marilia de Melo COSTA (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Letícia Marcondes REZENDE

A autonomia tem sido discutida tanto por professores em sala de aula quanto em

documentos oficiais (PCN). É importante perceber como se define autonomia nessas

diferentes instâncias e como podemos realmente construir uma prática de ensino voltada

para o processo de autonomia do aluno. Nosso intento é articular o conceito de

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autonomia como capacidade de gerenciar seu próprio processo de aprendizagem -

capacidade que se manifesta de diferentes formas em diferentes contextos, seja para um

mesmo sujeito, seja para sujeitos diversos – e a teoria das operações predicativas

enunciativas de Antoine Culioli. Para Culioli, o objeto da lingüística não é só a linguagem,

que também pode ser objeto de estudo de outras ciências, como a psicologia ou a

informática, mas sim a linguagem, entendida como capacidade inata do ser humano, em

sua articulação com as línguas naturais. A linguagem, para ele, é uma atividade, um

trabalho constante, e muito desse trabalho acontece de forma pré-consciente, o que ele

chama de atividade epilingüística. Esse trabalho se traduz em uma constante

referenciação, regulação e representação do sujeito por meio das línguas. Mas a

linguagem em seu domínio puro também não pode ser estudada, já que não é possível

de ser apreendida pelo lingüista. É nesse ponto que Culioli propõe a articulação da

linguagem e das línguas naturais, já que a linguagem vai ser apreendida por meio dessas

últimas. No instante de uma enunciação, não há somente um emissor e um receptor,

visto que, na teoria culioliana, cada emissor é receptor de si próprio, pois existe um

diálogo constante e inconsciente travado em cada sujeito. Esse diálogo é constituído de

produção de formas e de reconhecimento de formas: a mensagem não está inscrita no

meu texto, ela tem de ser trabalhada pelo outro num reconhecimento da forma, e vai ser

―entendida‖ a partir das representações que esse outro tem da sociedade e da cultura.

Nessas nossas perspectivas, o professor tem fundamental importância tanto na

construção da autonomia pelo aluno quanto no papel de auxiliar o aluno a desambigüizar

enunciados, ajudando-o a construir seu próprio repertório sócio-cultural que o insere na

cultura e na língua do meio em que ele vive. Procuramos, então, uma prática que articule

as questões de linguagem, entendida como trabalho, línguas naturais, especificamente a

Língua Portuguesa como língua materna, e a autonomia do aluno.

ENSINO DE LATIM: COMPETÊNCIAS LINGÜÍSTICA, TEXTUAL E INTERTEXTUAL

Giovanna LONGO (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadores: Arnaldo CORTINA e João Batista Toledo PRADO

A visão aclarada pelos ensinamentos lingüísticos e semióticos permite reconhecer

que muitos são os problemas impostos ao ensino do latim. Mas, em grande parte, essas

dificuldades se devem não à natureza dessa língua antiga, e sim à maneira como ela foi

tratada ao longo dos séculos pela escola. Talvez se possa dizer, então, que um ensino

regulado por tão rígida disciplina escolar esteja em conformidade com o tal mito de

superioridade do latim frente às demais línguas. Para desfazer a mistificação do ensino

tradicional é preciso guiar-se por um método que encaminhe a reflexão estrutural da

linguagem. O ensino de uma língua clássica, destinado precipuamente a fazer adquirir

uma competência receptiva escrita, deve trabalhar três níveis de competências

pressupostos para a compreensão eficaz de textos: um lingüístico, um textual e um

intertextual. O ensino inicial feito nesses moldes permite que se tenha a consciência de

que latim é língua materna, embora não seja a de nenhum falante da atualidade. Este

projeto de pesquisa, vinculado a uma proposta mais ampla de renovação ou atualização

dos Estudos Latinos, propõe uma nova abordagem das práticas de ensino-aprendizagem

de modo a garantir uma compreensão sistêmica da língua dos antigos romanos,

preocupando-se em colocar o especialista em contato direto, o mais cedo possível, com

as realizações textuais autênticas do idioma, tomadas como objetos culturais, isto é, em

sua dimensão humana. Pretende-se realizar um trabalho de reflexão teórica que forneça

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bases sólidas para a elaboração de um material didático, fundamentado em um método

analítico-descritivo, que se paute em conceitos lingüísticos capazes de encaminhar de

maneira menos ingênua problemas de ensino de latim, até aqui insolúveis.

ESTUDO DAS PREPOSIÇÕES A, PARA E EM NO PORTUGUÊS BRASILEIRO: ENTRE

A INVARIÂNCIA DE FUNCIONAMENTO E A VARIAÇÃO SEMÂNTICA

Paula de Souza GONÇALVES (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Letícia Marcondes REZENDE

O presente projeto é fruto da evolução de um trabalho de pesquisa que tem sido

desenvolvido desde a iniciação científica, quando foi investigada a variação preposicional

(numa perspectiva Sociolingüística) em verbos de movimento (IR, VIR, VOLTAR, CHEGAR

e PARTIR) e de transferência (LEVAR, TRAZER, ENVIAR e REMETER) no português

paulista do século XX. A conclusão desse trabalho resultou numa descrição da variação

preposicional com tais verbos para o século XX, além da tentativa de analisar as causas

dessa variação e a conseqüente redução no uso da preposição A em detrimento da

preposição PARA.

No mestrado, as investigações da iniciação científica foram aprofundadas e

estudadas sob o enfoque da Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas1. Dizemos

que houve um aprofundamento nesse estudo porque trabalhamos no sentido de buscar,

especificamente, as causas e a verdadeira natureza dessa variação e, para isso,

tomamos uma marca como foco de análise, a saber, a preposição PARA. Esse trabalho

resultou em um estudo detalhado das operações enunciativas em torno da referida

marca e também da conseqüente variação do enunciado, estudo esse que não ocorre na

GT (Gramática Tradicional) 2.

Foi a partir desse contato com a TOPE e, portanto, com o trabalho e valorização

do enunciado, que vimos o quão importante é o papel da marca em si e dos demais

componentes do enunciado na construção de seu sentido. E, como fruto dessa

valorização do enunciado enquanto material de estudo, surgiu a hipótese do presente

projeto, uma vez que, no mestrado, a marca PARA revelou um papel de fundamental

importância no enunciado, sendo, muitas vezes, também influenciada pelos demais

componentes do mesmo; logo, a partir destas pistas, concluímos que as demais

preposições também devem realizar este mesmo papel, numa relação enunciativa de

interdependência, mas também de valores intrínsecos3 que lhes são específicos.

Nosso novo trabalho defende a idéia, já esboçada no mestrado, de que a variação

do sentido é constitutiva das unidades lingüísticas, as quais são interdependentes e

permitem a variação dos sentidos dos enunciados graças às operações de linguagem. É

nesse sentido que afirmamos que os diferentes (e também semelhantes)

comportamentos das preposições A, PARA e EM não envolvem apenas o aspecto

sintático, que é comumente muito enfatizado pelos diversos estudos, mas envolvem

1 Essa teoria foi e vem sendo desenvolvida pelo lingüista francês Antoine Culioli.

2 Em pesquisa de mestrado, a autora do presente projeto, ao analisar vários autores renomados da GT, verificou a

pequena atenção que é dada ao estudo das operações de linguagem e, conseqüentemente, às marcas e ao próprio

enunciado nesse tipo de material de pesquisa. 3 Pode-se dizer, de acordo com nossa perspectiva teórica, que a preposição tem e não tem natureza intrínseca.

Tem, porque traz valores específicos para o enunciado, mas, ao mesmo tempo, não tem, porque sua significação

sempre dependerá do todo (enunciado e fatores extralingüísticos).

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também o aspecto semântico-pragmático. Assim, a interdependência das preposições se

faz pelos valores construídos pelas diferentes categorias gramaticais (aspecto,

modalidade, determinação, diátese) que participam na construção do significado dos

enunciados produzidos pelo sujeito enunciador.

EXERCÍCIOS FECHADOS PARA REFLEXÃO GRAMATICAL DA LÍNGUA ESPANHOLA:

PROPOSTA DE UM PROTÓTIPO DE EXERCÍCIO

Kátia Silene GABRIELLI (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Ucy SOTO

A aparição das novas tecnologias de informação e comunicação vem causando um

grande impacto em muitas áreas e o campo educacional se inclui entre elas. Neste

panorama, nossa pesquisa visa discutir o papel de uma das subcompetências da

competência comunicativa mais geral que todo aprendiz visa adquirir. A saber,

trataremos em nosso trabalho da subcompetência lingüística ou gramatical no processo

de ensino-aprendizagem de espanhol para estudantes brasileiros. Nosso objetivo final é

oferecer um protótipo de exercício tipo ―questionário‖ prático-reflexivo que se

fundamente não na repetição e na criação de hábitos (como acontecia com os exercícios

do tipo drills que tiveram como base um modelo behaviorista de aprendizagem), mas um

exercício voltado para aprendizagem de aspectos gramaticais de língua espanhola (neste

caso serão tratadas as similaridades e diferenças enquanto a questões de forma e usos

dos tempos do passado em língua espanhola ―pretérito imperfecto‖, ―pretérito indefinido‖

e ―pretérito perfecto‖). Buscaremos propor um protótipo que viabilize uma reflexão sobre

as atividades lingüísticas, epilingüísticas e metalingüísticas que trabalhem o potencial

criativo e reflexivo do aluno. Para isso, buscaremos recuperar e analisar os diferentes

tipos de exercícios que fundamenta(ra)m o ensino de espanhol no Brasil e propor e

discutir as novas possibilidades que se oferecem a partir dos meios digitais, a partir da

definição das limitações e possibilidades da ferramenta ―questionário‖ no universo virtual.

Assim, a pesquisa busca responder algumas questões como: como a partir das

possibilidades oferecidas pelo ambiente virtual, exercícios "fechados" podem ser

utilizados para que o aluno aprenda um determinado conteúdo lingüístico

reflexivamente? Que ferramentas hoje disponíveis no mundo virtual podem ser

disponibilizadas para que ele entre efetivamente em contato com o funcionamento da

língua-alvo? A combinação de percursos de exercícios e novas ferramentas virtuais

apontariam para um novo caminho de aprender gramática?

FORMAÇÃO CONTINUADA ON-LINE DE PROFESSORES DE ALEMÃO: FOCO NO

LETRAMENTO DIGITAL E NO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA

LINGÜÍSTICA

Cibele Cecilio de Faria ROZENFELD (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Ucy SOTO

O presente trabalho tem como objetivo investigar um curso on-line de formação

continuada de professores como possibilidade para o letramento na internet e o

desenvolvimento da competência lingüística de professores de alemão. Além disso,

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buscaremos verificar, como tal curso poderá influenciar a percepção dos professores

acerca da relevância do uso computador em rede na prática pedagógica. Para atingirmos

a tais objetivos, buscaremos responder às seguintes questões de pesquisa: 1) Em que

medida um curso virtual de formação continuada de professores é capaz de promover o

desenvolvimento da competência lingüística e do letramento na internet? 2) Ocorre

alteração, no decorrer do curso, da percepção dos professores sobre a relevância e a

possibilidade de utilização da internet como recurso pedagógico?

Para o desenvolvimento da investigação elaboramos um curso de formação

continuada de professores em ambiente on-line. Acreditamos que a pesquisa se justifica

com base em estudos que discorreram sobre a relevância da utilização de novas

tecnologias nos processos de ensino e aprendizagem e da formação continuada de

professores.

O suporte teórico da pesquisa será apresentado com base nos estudos que

focalizam 1) a importância da formação continuada de professores de LE , 2) o conceito

e relevância do letramento digital de professores e 3) o conceito de competência de

professores e alunos.

A investigação será de natureza qualitativa, de caráter etnográfico e será

caracterizada como uma pesquisa-ação, visto que envolve um plano de ação, baseia-se

em objetivos pré-estabelecidos, em um processo de acompanhamento e controle da ação

planejada e relato concomitante desse processo (André, 2000).

O curso será aberto a todos os professores de alemão da rede de ensino regular

público, particular ou de institutos de idiomas, que tenham o nível de proficiência

lingüística mínimo correspondente ao B1, de acordo com o quadro comum de referência

europeu.

Utilizaremos como instrumentos de coleta de dados os próprios dados coletados

no ambiente virtual, questionários, diário de bordo e diários de aprendizagem dos

professores-alunos.

FORMAS DE REPRESENTAÇÃO DO DISCURSO MUSICAL EM CONTOS DE

MACHADO DE ASSIS

Alexsandre Escorsi Messias MORO (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Renata Maria Facuri Coelho MARCHEZAN

A música figura historicamente desde a antiguidade como tônica de discursos

literários, memorialistas, jornalísticos, filosóficos, científicos e religiosos. A linguagem da

teoria musical contribuiu graças à sua potencialidade imagética e criativa em diferentes

épocas como modelo analógico para a construção de teorias lingüísticas e estéticas. O

discurso musical e suas formas de representação lingüística e textual referem-se a um

fenômeno de extrema importância em termos de compreensão semântica da ecologia

acústica textual e das formas de percepção do sujeito. Nosso projeto busca compreender

o alcance estético, teórico e sócio-histórico do discurso musical machadiano em suas

inter-relações com os outros tipos de discurso que regem a vida social representada nos

contos. Analisaremos o diálogo entre a literatura e a música enquanto fenômeno

discursivo e textual. Contraporemos alguns pontos do legado e da fortuna crítica de

Machado de Assis atentos ao tema do discurso musical, do sujeito e da linguagem.

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Objetivamos analisar como ocorre a propagação ideológica da cultura musical nos contos

selecionados estabelecendo e articulando um diálogo interdisciplinar. A partir das

interações entre diferentes saberes e artes, como os contornos discursivos

diferenciadores no processo de figurativização do discurso musical são delineados? Como

esse discurso musical machadiano vem sendo percebido através da história e como ele é

debatido por diferentes áreas (teoria literária, historiografia literária e musicologia)?

Deste modo, visamos iniciar uma reflexão sobre o espaço textual e discursivo reservados

ao discurso musical machadiano.

LULA LÁ: DE CANDIDATO APAIXONADO A PRESIDENTE DO POVO

Camila de Araújo Beraldo LUDOVICE (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Renata Maria Facuri Coelho MARCHEZAN

A proposta deste projeto de pesquisa é analisar o discurso político do atual

presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, após sua reeleição e verificar como o ator Lula se

constrói enquanto presidente da República através de seus discursos. O gênero discurso

político é muito antigo e sempre carregou consigo ao longo da história uma ou várias

críticas subjacentes, parece sempre ter um cunho mentiroso. Frente a esse estigma que

o discurso político sofre quando é confrontado com a eficiência da ação efetiva, encontra-

se uma estratégia muito freqüente por parte dos enunciadores de tentarem construir

uma imagem competente, empreendedora e que estabeleça uma relação de confiança e

verdade com o enunciatário. Ao considerar o discurso político como um jogo de

máscaras, toda palavra pronunciada no campo político deve ser analisada ao mesmo

tempo tanto pelo que ela diz como pelo que ela não diz. A linguagem do discurso político

não é entendida como transparente e ingênua, mas como o resultado de estratégias em

que o enunciador tem o único ou, pelo menos, o principal objetivo de convencer o

enunciatário. E quais seriam então esses artifícios que Lula utiliza mesmo depois de ter

sido reeleito para continuar persuadindo e seduzindo os seus eleitores? Talvez esses

artifícios sejam uma continuidade do que acontece na propaganda eleitoral, ou talvez

eles tenham outro objetivo e outro foco. Pretende-se, através das análises da

propaganda eleitoral do candidato Lula, comparar seu discurso publicitário com seu

discurso político e verificar as semelhanças e coincidências de objetivos, pois diante de

uma breve análise dos discursos pós-eleitorais, pode-se levantar a hipótese de que os

discursos do presidente mantêm características do discurso publicitário de suas

campanhas a candidato, ou seja, um entrecruzamento de discursos. Mesmo na cerimônia

de posse, Lula continua discursando para os pobres, se retratando com eles e se

aproximando deles. O presidente se dirige diretamente ao enunciatário pobre e

marginalizado, que nunca teve acesso ao Palácio do Planalto, mesmo em um país com

um regime democrático e assume publicamente o compromisso de fazer um governo

justo e democrático, pensando nos mais pobres e necessitados.

MULHER-MACHO SEM SENHOR: DISCURSOS QUE REINVENTAM A IDENTIDADE

DA MULHER POLÍTICA NORDESTINA

Fernanda Fernandes Pimenta de Almeida LIMA (UNESP-FCL-Araraquara/UEG)

Orientadora: Maria do Rosário GREGOLIN

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Este trabalho tem como objetivo investigar e compreender, segundo os discursos

circunscritos aos diferentes lugares da política, do gênero feminino e da mídia, o

movimento da construção da identidade da mulher política nordestina, tendo como pano

de fundo a noção de sujeito no discurso. Fundamentados na proposta teórica da Análise

do Discurso de linha francesa e com vistas às obras de Michel Pêcheux e de Michel

Foucault, buscamos problematizar as noções de sujeito, numa perspectiva sócio-

histórica, para compreender alguns direcionamentos discursivos que caracterizam a

mulher na política. A mulher, enquanto sujeito interpelado pelos discursos do campo

político, se vê frente a uma história dessa posição em estado de instabilidade. Identificar-

se torna-se uma premência frente à dispersão dos enunciados políticos que permeiam o

discurso feminino e que contornam as suas singularidades. Esses enunciados, apesar de

obedecerem a certas regularidades, não se desfazem do compromisso em denunciar os

posicionamentos femininos existentes nos discursos e as correlações e transformações

realizadas no processo de construção da identidade da mulher política. Como um produto

regulado por diferentes práticas discursivas, a identidade feminina vai sendo construída

entre o silêncio, reiterado através dos séculos pelas religiões, pelos sistemas políticos e

pelos manuais de comportamento (PERROT, 2005, p. 9), e um discurso invasor que

irrompe nos espaços midiatizados da política. Esse discurso, enquanto lugar de memória,

traz a impressão sedimentada de uma história, de suas continuidades e de suas rupturas

(COURTINE, 2006, p. 92) e recolhe diferentes formas enunciativas na reinvenção dos

sujeitos. Entender esta identidade é mergulhar na relação sinuosa entre o discurso e a

história, observando como a subjetividade feminina se (re)inscreve na identidade da

mulher política nordestina. É um trabalho descontínuo que envolve as individualidades na

sociedade, a partir de acontecimentos singulares suscitados pelos discursos e

provocadores de outros, no exercício da função enunciativa que, em suas movências,

fazem emergir as práticas discursivas.

O ESQUEMA NARRATIVO DO ROMANCE POLICIAL NO SÉCULO XXI:

CANÔNICO OU INOVADOR?

Fernanda MASSI (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientador: Arnaldo CORTINA

Este trabalho foi elaborado em continuação de um projeto de iniciação científica,

financiado pela FAPESP e sob a mesma orientação, que analisou os romances policiais

mais vendidos no Brasil na década de 1970 – a partir de um levantamento realizado por

Cortina (2006) – em sua constituição narrativa sob uma perspectiva semiótica. O

embasamento teórico de nossas pesquisas, tanto a anterior quanto a atual, é a semiótica

discursiva, ou semiótica greimasiana, que estabelece o esquema narrativo canônico,

composto por quatro programas narrativos, quais sejam a manipulação, a competência,

a perfórmance e a sanção, e que se manifesta em todo e qualquer texto. Nos romances

policiais, os programas narrativos são realizados por dois sujeitos indispensáveis à

trama: o criminoso e o detetive. Cada um deles traça seu percurso paralelamente ao

outro e eles se cruzam no último programa narrativo, o da sanção, no qual o detetive

sanciona o criminoso negativamente e é sancionado positivamente pela sociedade. Nesse

projeto de mestrado, analisamos as obras mais vendidas no Brasil nos oito primeiros

anos do século XXI, compreendido entre Janeiro de 2000 a Fevereiro de 2007,

selecionada a partir da mesma fonte usada por Cortina em seu levantamento, qual seja o

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Jornal do Brasil, e classificadas como romances policiais pelos próprios autores e pela

crítica. Estabelecemos um corpus de dezenove romances policiais e fizemos uma análise

dos esquemas narrativos de cada um deles e de seus constituintes. Posteriormente,

comparamos os romances da década de 1970, estabelecidos como tradicionais, clássicos,

e tendo como modelo a famosa autora Agatha Christie, com os romances

contemporâneos, do século XXI, cuja obra mais conhecida é O código da Vinci, de Dan

Brown, a fim de elencar as mudanças ocorridas no gênero. Nosso objetivo foi utilizar

essas diferenças para ampliar o conceito de romance policial, que não corresponde mais

ao modelo proposto por Edgar Allan Poe no século XIX, e mostrar como os chamados

romances policiais contemporâneos foram se distanciando dos romances policiais

clássicos e se transformando em meros objetos de consumo, sem nenhuma preocupação

estética. Com isso, pretendemos, com esse trabalho, apresentar uma nova conceituação

para o gênero romance policial, elaborada não como regra a ser seguida pelos autores

contemporâneos, mas sim formulada a partir do que os autores contemporâneos já

tinham escrito.

O PERFIL DO BLOGUEIRO: UM ESTUDO DOS BLOGS MAIS ACESSADOS DO

BRASIL

Fernando Moreno da SILVA (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientador: Arnaldo CORTINA

A proposta do trabalho é traçar um perfil do blogueiro brasileiro e, por

conseqüência, de seus leitores, já que ao construir a imagem de quem produz o texto

projeto automaticamente a imagem de seu destinatário. A pesquisa será norteada pela

semiótica francesa ou da Escola de Paris, focando os eixos da modalização e enunciação.

Com a modalização, trabalharemos as modalidades intencionais e existenciais. Da

enunciação, faremos uso dos conceitos de enunciador e enunciatários, instâncias

lingüísticas que correspondem ao que a Retórica chama, respectivamente, de ethos e de

pathos: imagens construídas ao longo do texto do destinador e destinatário do texto.

Para chegar ao perfil do blogueiro brasileiro estabeleço como parâmetro de minha

investigação os blogs mais acessados, pois nele estaria, em teoria, a representação da

maioria desses escreventes e leitores. Parto do pressuposto de que nos blogs mais

visitados estaria a maioria dos blogueiros, e onde estivesse a maioria dos blogueiros

estaria o retrato de sua constituição. Para chegar a um corpus que contivesse os blogs

mais acessados do país, vali-me de duas metodologias, reunindo uma amostragem

referente a todo o ano de 2006, ano-base sobre o qual se debruça meu estudo. O

primeiro método foi proceder a um levantamento dos blogs mais votados pelos próprios

internautas. Das 41 listas colhidas ao longo do ano, dois blogs se destacavam, ambos do

portal UOL: ―Paz, amor e magia‖ e ―Espalha merda‖. No segundo método, apreendi meu

corpus duas listas publicadas na mídia. A Revista Época publicou em julho de 2006 os

oito blogs com maior número de acessos. Ao final de 2006, foi a vez do site IDG Now!

lançar um ranking com os dez blogs mais populares da internet brasileira. As duas listas

foram construídas pelo número de links que cada blog possui dentro da blogosfera, de

acordo com monitoramento da Technorati, um serviço norte-americano especializado no

estudo da blogosfera, indicado como a maior autoridade no assunto. Do cruzamento

dessas duas listas, mantendo os blogs que se repetiam e excluindo os que apareciam em

apenas uma, cheguei ao corpus definido de que trata esta pesquisa.

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O PERFIL DO LEITOR DE LIVROS DE AUTO-AJUDA ADAPTADOS PARA O PÚBLICO

INFANTO-JUVENIL: UMA PERSPECTIVA SEMIÓTICA

Marília Lima PIMENTEL (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientador: Arnaldo CORTINA

Além da crescente preocupação da mídia com a publicação e utilização de livros

de auto-ajuda para o público infanto-juvenil, verificamos que alguns autores de livros de

auto-ajuda considerados um sucesso de vendas, publicaram adaptações de seus livros

para crianças, quais sejam, Pai rico, pai pobre de Robert T. Kiyosaki e Sharon L. Lechter;

Quem mexeu no meu queijo? de Spencer Johnson e Christian Johnson e O livro das

virtudes de William J. Bennett, publicaram adaptações de seus livros para crianças.

Assim, temos dos mesmos autores já citados, Pai rico, pai pobre em quadrinhos, Quem

mexeu no meu queijo? para crianças e O livro das virtudes para crianças. Parece-nos

interessante promover um estudo sobre o perfil do leitor dos livros de auto-ajuda

adaptados para crianças, já que algumas questões podem ser suscitadas, quais sejam,

que mudanças são feitas no texto adaptado para criança por esses autores? O que essas

mudanças (uso da história em quadrinhos, por exemplo) revelam no texto dirigido ao

público infantil? Se em todo discurso, para a semiótica greimasiana, o leitor corresponde

à projeção do enunciatário do discurso e que, com o enunciador, constitui a instância da

enunciação, que imagem de leitor é projetada nesses livros adaptados? Se em todo

discurso, para a Semiótica, o leitor corresponde à projeção do enunciatário do discurso e

que, com o enunciador, constitui a instância da enunciação, que imagem de leitor é

projetada nessas adaptações? Pretendemos no presente trabalho, analisar o ethos do

discurso da auto-ajuda, nesses livros.

O PLANO DE EXPRESSÃO VISUAL E A INSTÂNCIA PATÊMICA

Rubens César BAQUIÃO (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Renata Maria Facuri Coelho MARCHEZAN

O texto visual, além de seu caráter semi-simbólico e icônico, também comporta

uma dimensão patêmica. A ilustração The Wake, de Michael Zulli, produzida no século

XX, sensibiliza temas e figuras da peça Hamlet, de William Shakespeare, encenada no

século XVII. Pretendemos estudar os conceitos semi-simbólicos no texto visual e também

seu caráter icônico. Tencionamos entender como figuras míticas e literárias, com toda

sua carga de significados, são projetadas em simulacros passionais e reconstruídas pela

indústria cultural contemporânea. O tema do sonho é representado na ilustração The

Wake na figura da personagem Dream. Refletimos sobre a instância da enunciação no

texto The Wake e compreendemos o sonho como um estado de alma representado,

figurativizado no enunciado. Pensamos no enunciador como aquele que, dotado de

competência, organiza e estrutura o texto plástico e o enunciatário como aquele que, ao

visualizar o texto, capta-lhe o sentido. Na enunciação o leitor é sensibilizado pelos

simulacros passionais projetados no conteúdo e na expressão. Percebemos que o plano

de expressão visual possui uma dimensão patêmica e simula um estado de alma. Ocorre

uma configuração semântica de natureza afetiva que instaura uma nova mitologia que

influi tanto na capacidade cognoscível quanto sensível do leitor. Assim, o leitor é

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atravessado por concepções de arte que diferem no espaço e tempo. A semiótica da

leitura redefine o estatuto do leitor conceituando-o como aquele que participa

diretamente do processo de significação. O leitor é, desse modo, dotado de competência

para interpretar, compartilhar ou rejeitar as significações. Ao ponderarmos sobre as

conseqüências dos simulacros passionais na enunciação entendemos que o leitor é

sensibilizado durante o ato de leitura; mesmo que, em um momento posterior, ele queira

rejeitar essa sensibilização. Salientamos nosso interesse em compreender como o

conjunto de significados míticos e literários estruturados em textos da mídia popular

contemporânea interfere tanto no campo cognitivo quanto no campo afetivo do leitor.

O RITMO DO PORTUGUÊS ARCAICO:

UMA ANÁLISE ATRAVÉS DAS CANTIGAS DE SANTA MARIA

Lívia Monteiro de Queiroz MIGLIORINI (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Gladis MASSINI-CAGLIARI

O presente Projeto de Doutorado tem como objetivo principal realizar um estudo

sobre a tipologia rítmica do Português Arcaico (de agora em diante, PA) – por meio da

análise das Cantigas de Santa Maria (CSM), compostas pelo rei Afonso X de Castela –, à

luz de processos fonológicos lexicais e pós-lexicais. Além disso, será realizada uma

investigação sobre a relação entre o ritmo lingüístico e o ritmo poético dessas cantigas.

Tal relação entre as duas dimensões de ritmo faz-se necessária, pois, em estudos sobre

línguas ―mortas‖, os textos poéticos metrificados podem trazer muitas informações sobre

a prosódia da língua, visto que, a partir da observação de como o poeta conta as sílabas

(poéticas), podem-se caracterizar determinados padrões rítmicos e acentuais, a partir

das pistas fornecidas pela estrutura métrico-poética. Pelo fato de a maioria dos estudos

sobre ritmo considerarem o Português Brasileiro (de agora em diante, PB) como uma

língua de ritmo acentual, pretendemos, através deste trabalho, buscar pistas a respeito

do momento no qual teria se dado esta mudança de ritmo, visto que o PB vem de um

Latim predominantemente de ritmo silábico. Esta análise será delineada a partir da

dicotomia básica do ritmo lingüístico – ritmo silábico/ritmo acentual – e dos processos

fonológicos pós-lexicais em PA, que indiquem uma das ―pontas‖ da clássica dicotomia

rítmica.

O SISTEMA DE FORMAS DE TRATAMENTO NA IMPRENSA NEGRA E EM O

COMBATE: UM ESTUDO DA INTER-RELAÇÃO ENTRE FATORES LINGÜÍSTICOS E

SOCIAIS

Sabrina Rodrigues Garcia BALSALOBRE (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Rosane de Andrade BERLINCK

O objetivo principal desse estudo é analisar o sistema de formas de tratamento

empregado pela população negra do início do século XX e os valores atribuídos a esses

usos a partir de um corpus jornalístico: a Imprensa Negra. O trabalho de investigação

dos jornais que constituem a Imprensa Negra resgata uma inesgotável fonte de

informações sobre a situação da população afro-brasileira após a libertação da escravidão

e início do regime republicano. A formação dessa imprensa se deu pela necessidade de

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veicular as reivindicações por melhores condições de vida e as propostas de inserção na

sociedade brasileira. Assim, a investigação lingüística nesses jornais revela dados de

apropriação da norma culta (típica do gênero jornalístico) pelos editores dos jornais –

como tentativa de inserção social por meio da língua – e índices da variedade vernacular

dessa camada social. Para cumprir o objetivo desse trabalho de se estabelecer relações

interdependentes entre usos lingüísticos e fatos sociais optou-se por analisar três

periódicos da Imprensa Negra – ―O Kosmos‖, ―O Alfinete‖ (ambos do primeiro período da

imprensa negra) e ―O Clarim d‘Alvorada‖ (do segundo período) – e comparar os

resultados obtidos com um jornal de circulação mais ampla na cidade de São Paulo, O

Combate. Essa comparação se justifica pela necessidade de se averiguar quais usos são

típicos da população negra e, por conseguinte a sua motivação, e quais usos são próprios

de um padrão estabelecido para a prática do jornalismo no período em questão. O

sistema de formas de tratamento foi privilegiado nesse estudo por se acreditar que essa

construção lingüística represente um exemplo privilegiado da intersecção que há entre a

história interna e externa da língua, já que evidencia a inter-relação entre fatos sociais e

verbais, representando de forma direta, os fundamentos da organização do status social.

Para a realização desse estudo lingüístico em um corpus dessa natureza é relevante a

proposta de Bonini (2001) em que o autor considera que o gênero jornalístico é, na

realidade, um suporte (ou hipergênero) para outros gêneros. Esse cuidado metodológico

é de fundamental importância, uma vez que cada um dos gêneros contidos no jornal tem

características e funções particulares e, portanto, faz um uso lingüístico adequado ao seu

objetivo específico. Nesse estudo também está em foco a proposta de Brown e Gilmam

(1960) de categorizar as formas de tratamento segundo a semântica do poder e da

solidariedade, uma vez que a escolha de uma forma de tratamento pelos redatores dos

jornais em detrimento de outra pode estar relacionada com a semântica do poder. Dessa

forma, esse trabalho se propõe a analisar os jornais da Imprensa Negra e O Combate

estabelecendo alguns pontos de interseção entre a história interna e externa da língua

portuguesa, mais especificamente das formas de tratamento, empregadas pela

população negra e majoritária de São Paulo nos anos iniciais do século XX.

O SISTEMA VOCÁLICO DO PORTUGUÊS ARCAICO VISTO A PARTIR DAS RIMAS

DAS CANTIGAS MEDIEVAIS RELIGIOSAS

Juliana Simões FONTE (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Gladis MASSINI-CAGLIARI

O objetivo deste trabalho é estudar as vogais do português arcaico (século XIII),

a partir das rimas das cantigas medievais religiosas (as Cantigas de Santa Maria, de

Afonso X, o rei Sábio), a fim de se chegar à descrição e à interpretação do sistema

vocálico vigente naquele momento da língua, período em que não havia tecnologia

disponível para a gravação da fala. Granucci (2001) já desenvolveu um estudo dessa

natureza, mas considerando como corpus as cantigas medievais profanas, as cantigas de

amigo mais especificamente. Sendo as cantigas religiosas muito mais ricas em temática e

formatos poéticos do que as cantigas profanas, o objetivo deste trabalho é desenvolver,

a partir das rimas das Cantigas de Santa Maria, um estudo complementar ao

desenvolvido por Granucci (2001), a fim de comparar os resultados aos já obtidos

anteriormente por essa pesquisadora, revisando-os, verificando-os, complementando-os.

Desta forma, a presente pesquisa almeja chegar a uma descrição mais completa do

sistema vocálico da língua falada em Portugal e Galiza na época e utilizada como veículo

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de cultura na Península Ibérica, ao comparar suas duas vertentes: a profana e a

religiosa. Esta pesquisa será desenvolvida à luz de uma abordagem fonológica não-linear,

em especial o modelo da Geometria de Traços de Clements & Hume (1995) (para o

português, Cagliari (1997, 1999)), mesmo modelo utilizado por Granucci (2001) em seu

estudo sobre o sistema vocálico do português arcaico. A metodologia baseia-se no

mapeamento de todas as vogais possíveis nas posições tônica e átona final de palavra, a

partir de sua ocorrência nas rimas das Cantigas de Santa Maria. Betti (1997) já fez um

levantamento de todas as rimas possíveis nas 420 Cantigas de Santa Maria, de Afonso X.

Desta forma, esta pesquisa contará com as informações contidas no Lessico in Rima,

proposto por essa autora, para se chegar aos resultados pretendidos. Portanto, a partir

deste trabalho, pretende-se obter, ao observar as vogais em posição de rima nas

Cantigas de Santa Maria, um quadro mais completo do sistema vocálico do português

arcaico, que possa ser comparado ao sistema vocálico obtido por Granucci (2001), a fim

de complementar o estudo sobre as vogais do português arcaico desenvolvido por essa

pesquisadora, encontrando novas informações e verificando (confirmando ou não)

aquelas identificadas por ela na observação das rimas das cantigas de amigo.

O “SOM” DO REGGAE NA JAMAICA BRASILEIRA: UM ESTUDO FONOLÓGICO DO

INGLÊS CANTADO POR BRASILEIROS MONOLÍNGÜES FALANTES DE PORTUGUÊS

Márcia Helena Sauáia Guimarães ROSTAS (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Gladis MASSINI-CAGLIARI

Esta tese diferencia-se das tantas outras já escritas acerca do Reggae, uma vez que

envolve um estudo fonológico do Inglês cantado por monolíngües falantes de português,

maranhenses, que vivem na zona rural da cidade de São Luís. Nesta fase inicial da

pesquisa, foi feito um levantamento acerca das raízes do reggae desde a África,

passando pela Jamaica e adentrando o Maranhão, até a influência sonora que modificou a

forma de falar dos nativos. Hoje, os dados levantados conduzem-nos a uma nova forma

de olhar esta música, cantada pelo maranhense, que envolve a sonoridade de sua língua

materna, incluindo aí o ritmo que ela possui, as letras jamaicanas e o universo vivido por

ele. A adaptação fonológica aqui acaba sendo denominada pelo falante de ―melô‖, uma

forma de designar o que a melodia significa para ele em Português Brasileiro. Assim, ―I

don´t no‖... vira ―melô do Agenor‖, ―What´s gonna get you‖ – ‖Melô cadê o caranguejo‖,

‖Kill Will Wid the no‖ – ‖Melô do methanol‖, ‖You´re my reason‖ – ‖Melô da Marisa‖, ‖You

can dip‖ – ‖Melô do titanic‖, ‖oh oh Natty Dread‖ – ‖Melô do conhaque Dreher‖, ‖Do bi do

bi do‖, ‖Melô do Scoobydoo‖, ‖Come Inside‖ – ‖Melô do comissário‖, ‖Dread gal oh‖ –

‖Melô que calor... ‖, dentre outros. Cabe ressaltar que o reggeiro, falante do PB, nascido

no Maranhão, toma a parte da música que mais lhe é peculiar com o som de sua língua

materna e sintetiza ou reduz toda a música ao melô, que lhe servirá inclusive de

identificação. Nesta primeira fase, fez-se o levantamento dos melôs que serão estudados,

somente na zona rural da cidade de São Luís, levando sempre em consideração o lócus

social do falante. A hipótese a ser testada é a de que os padrões mais ―fortes‖, ou seja,

mais característicos da fonologia do português, são os últimos a serem perdidos em

direção à pronúncia dos termos ―alienígenas‖; assim sendo, as marcas de português

sobreviventes na pronúncia dos regueiros ao cantarem canções em inglês e as

adaptações (―traduções ao pé do ouvido‖ para o português de trechos do inglês)

operadas sobre a letra original podem mostrar pistas valiosas da identidade fonológica do

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português e os limites da interferência da sua estrutura fonológica sobre a estrutura

fonológica da língua original (inglês).

OS INDÍCIOS DO TRATO COM A ORALIDADE NO ENSINO A DISTÂNCIA

DE LÍNGUA ESTRANGEIRA NO DISCURSO DOS DOCUMENTOS

OFICIAIS DOS CURSOS DE LETRAS

Luciana Rocha CAVALCANTE (UNESP-FCL-Araraquara/ UFMA)

Orientadora: Ucy SOTO

Este estudo faz parte de um projeto de pesquisa, do Doutorado em Lingüística e

Língua Portuguesa, em sua etapa inicial, o qual tem como objetivo analisar o discurso

dos documentos oficiais sobre ensino de língua estrangeira dos Cursos de Letras na

modalidade a distância. Em decorrência do seu novo recorte, encontra-se em fase de

fundamentação teórica e de aperfeiçoamento dos instrumentos de coleta de dados. Deste

modo, esta investigação buscou, em um primeiro momento, apresentar um panorama da

situação atual da educação superior no Brasil, a partir de dados fornecidos no documento

Censo do Ensino Superior, disponível no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais Anísio Teixeira (INEP) do ano de 2006, no que diz respeito ao curso de

licenciatura em Letras à distância com habilitação em Língua Inglesa. A opção por este

recorte deve-se ao fato desse mapeamento configurar-se em um importante corpus, uma

vez que os documentos a serem analisadas serão das Instituições de Ensino Superior que

oferecem cursos de Letras a distância. Esta pesquisa tem uma investigação que

questiona o modo como a oralidade é tratada nesses documentos: se a ideologia neles

contida pressupõe a necessidade de lidar com a tradição oral ou se não a considera. Para

isso, a análise procurará entrever o conceito de linguagem, língua e fala a partir dos

quais esses documentos foram produzidos para analisar de que forma a língua é tratada

teoricamente, independente de ser estrangeira ou materna. O tratamento analítico dos

dados terá por base a Análise do Discurso. Considera-se que esta orientação teórica é a

que mais perto poderá responder a como a oralidade é tratada pelos documentos oficiais.

Nesse sentido, os critérios de análise passarão pelo lingüístico, discursivo, pedagógico e

tecnológico. O quadro teórico de referência de análise fundamenta-se nos postulados de

Bakhtin (2002), Koch (2006), Marcuschi (2005a; 2005b; 2007), Paiva (2001), Ong

(1998), Pais (2005); Crystal (2005), Foucault (1996), Bauer (2002) Ginzburg

(1987/1989), Certeau (1994).

PELAS LETRAS DOS JORNAIS: O DISCURSO DO „EIXO‟ RIO/ SÃO PAULO SOBRE A

CULTURA PARAENSE

Marcos André Dantas da CUNHA (UNESP-FCL-Araraquara)/UFPA)

Orientadora: Ucy SOTO

Entre as diversas tendências que elegeram o discurso como objeto de

investigação, a empreitada teórica desenvolvida por Foucault e Pêcheux (tendo base na

obra de Althusser) é a que parece melhor subsidiar as questões abordadas por esta

pesquisa. Gregolin (2004ª, p.192/193) reconhece na Análise do Discurso representada

no trabalho destes teóricos ―uma relação tensa (...) entre uma teoria da história (Marx),

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uma teoria do sujeito (Freud) que vai se concretizar a partir de releituras feitas por

Althusser, Lacan, Pêcheux, Foucault‖.Então, na encruzilhada da Lingüística, da História, e

da Psicanálise, se produz o conceito de discurso:objeto desta análise. O conceito de

cultura, também aparece como uma temática central a ser discutida, tendo em vista que

se buscará compreender ‗ o discurso acerca de uma cultura‘. O historiador Certeau

(2005, p.169) traz um ponto de vista acerca da cultura, ao pensar o conceito de discurso

―Tudo vem do centro (...) parte do alto (...) a lei que quer que tudo dependa de uma

‗elite‘ fixa igualmente para transmissão da cultura uma via descendente e hierárquica: a

cultura vai do pai aos filhos, (...) uma palavra técnica notável, aos ‗assujeitados‘. No

propósito de se compreender e questionar esta posição acerca da cultura, pensando-a no

bojo da relação entre a cultura do Sudeste e do estado do Pará, é que se optou por

desenvolver este estudo. A apresentação destes conceitos objetiva justificar o fato de

que o próprio objeto da temática pesquisada constrói-se fundamentado-se numa

concepção da Análise do Discurso, da qual emergem posições que entendem de modo

constitutivo a idéia de cultura, identidade e sujeito. Pretende-se enfocar documentos

impressos, representativo da imprensa jornalística dos estados do Rio de Janeiro e São

Paulo. Estes lugares sociais foram escolhidos motivados principalmente pela evidente

projeção econômica e cultural destes estados. Assim, os jornais impressos neste circuito

apresentam maior circulação nacional, emanando imagens centradas na visão centro-

periferia para o resto do país. Sob a égide das condições econômicas e tecnológicas

parece se instaurar na sociedade brasileira um discurso hegemônico negando diferenças.

PERFIL DIALETOLÓGICO DOS AMBIENTES VIRTUAIS DE COMUNICAÇÃO:

PECULIARIDADES FONÉTICAS, MORFOLÓGICAS, SINTÁTICAS E LEXICAIS DE

FALANTES DO PORTUGUÊS BRASILEIRO LUDOVICENSE E ARARAQUARENSE

Agenor ALMEIDA FILHO (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Rosane de Andrade BERLINCK

De acordo com a vertente dialética de Vygotsky, todo processo deve ser estudado em

sua historicidade. Assim, com base nessa premissa, pretende-se acompanhar como está

se dando a nova forma de leitura e escrita, que surge com o auxílio das novas

tecnologias no âmbito da informática. Nesse sentido, pretende-se focalizar a escrita de

um modo especial, como uma tecnologia que revolucionou a humanidade e continua em

fase de evolução. São de relevância os estudos de McLuhan (1967), Goody (1977), entre

outros, que abriram esse campo de modo propedêutico, ao confrontar as sociedades

orais com aquelas em que há a presença da escrita. As primeiras sociedades se formam

em torno do discurso oral, só mais tarde tornam-se letradas, mesmo assim, não em sua

totalidade. Pode-se afirmar, portanto, que a oralidade é a forma de linguagem primária

do homem e a cultura escrita sua decorrência. A escrita poderia ser comparada,

enquanto tecnologia, com a informática. A geração que antecede a atual não nasceu com

a presença desta, assim, se surpreendeu com o seu surgimento, com sua formação e

com o seu desenvolvimento. Seus efeitos desconhecidos e temidos se encontram nesta

instância, pela ausência de domínio. Depreende-se, pois, que muitas pessoas vêem com

reservas o uso do computador, da internet, chegando a se questionar se essa nova forma

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de leitura e escrita não estaria ocupando ou até desativando o lugar do livro enquanto

códex. O grande acúmulo de informações disponíveis e a possibilidade de acesso,

associadas à velocidade de comunicação em tempo real, bem como a aproximação de

pessoas e informações distantes, são fatos que ainda não se compreende bem, por não

saber como lidar com eles, causando estranheza. Esta pesquisa vem em busca de

possíveis discussões acerca dos fenômenos da escrita, vinculados à oralidade e mediados

pela tecnologia computacional. O vínculo entre os processos interativos e a utilização de

ambientes de comunicação virtual (ACV), nos revela uma situação bastante previsível, no

entanto, há que considerar o modo e a intensidade como elas acontecem em realidades

diferentes, bem como os traços característicos em cada uma das cidades selecionadas,

no tocante aos aspectos fonéticos, morfossintáticos e lexicais de falantes do Português

Brasileiro Os elementos a serem trabalhados servirão de subsídio para verificação dos

processos interativos entre as comunidades virtuais, cuja interface será possível através

da utilização de ACV.

PRÁTICAS DISCURSIVAS, REDES DE MEMÓRIA E IDENTIDADES DO FEMININO:

ENTRE FADAS, PRINCESAS E LOBOS NO UNIVERSO PUBLICITÁRIO

Denise Gabriel WITZEL (UNICENTRO – UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Maria do Rosário GREGOLIN

Situado no campo teórico-metodológico da Análise do Discurso filiada à linha de

pensamento aberta por Michel Foucault, o trabalho tem como objetivo contribuir para

uma reflexão sobre o funcionamento discursivo da linguagem publicitária atravessada e

constituída interdiscursivamente pelo discurso dos contos de fadas, focalizando o papel

desses discursos na produção de identidades sociais. Partimos do princípio de que, diante

da imensa orquestração da mídia no cotidiano das pessoas e diante do fato de que a

mídia publicitária figura como uma das vozes mais ativas na ocupação dos espaços

públicos na sociedade de consumo, sua linguagem (sedutora e persuasiva), suas

múltiplas significações e os vestígios de sua historicidade que forjam identidades

precisam ser investigados, descritos e analisados de modo a se explicitarem os processos

de apreensão e de produção de sentidos. Nosso material de análise é constituído por

peças publicitárias veiculadas, na mídia impressa, em três momentos: (i) início do século

XX, época em que a linguagem publicitária era fortemente marcada pelo discurso médico

e exaltava a natureza frágil, doce, pacífica e maternal da mulher; (ii) anos 60 e 70,

momento em que a publicidade enaltecia a imagem de rainha do lar, contrariando os

postulados feministas que começavam a ganhar visibilidade e dizibilidade nas práticas

cotidianas; (iii) na atualidade, atentando para o fato de que a formação do arquivo e da

memória sobre a questão dos gêneros sempre se deu a partir da fixação seletiva de

discursos produzidos pelas/nas relações de poder e pelos/nos sistemas de valores sócio-

histórico-culturais. Para apreendermos o movimento discursivo dessas peças,

examinaremos ―a circulação dos enunciados, as posições de sujeito aí assinaladas, as

materialidades que dão corpo aos sentidos e as articulações que esses enunciados

estabelecem com a história e a memória‖, conforme a analítica foucaultiana, seguindo a

proposta de Gregolin (2007). As práticas discursivas das propagandas que recuperam

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interdiscursivamente os discursos dos contos de fadas, entretecendo-os pelos fios da

memória, ao (re)descreverem o sujeito feminino de acordo com os discursos de verdade

que surgiram com a modernidade, ressignificam e reafirmam as verdades que

tradicionalmente regularam os ideais de feminilidade.

PROCESSOS MORFOFONOLÓGICOS DESENCADEADOS PELA DERIVAÇÃO: UM

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE PORTUGUÊS ARCAICO E PORTUGUÊS

BRASILEIRO

Natália Cristine PRADO (UNESP-FCL-Araraquara/ FAPESP)

Orientadora: Gladis MASSINI-CAGLIARI

Esta pesquisa tem como objetivos principais o mapeamento, a análise e o estudo

comparativo de processos morfofonológicos – sobretudo a partir de teorias fonológicas

não-lineares – entre duas sincronias da língua portuguesa: Português Arcaico (PA) e

Português Brasileiro (PB). A partir desse tipo de estudo pretendemos observar alguns

aspectos da evolução da língua portuguesa no que tange a variações que ocorrem no uso

de sufixos específicos na formação de palavras nos momentos arcaico e atual da língua.

Serão considerados como objeto de estudo os processos que ocorrem através da

adjunção dos sufixos –çon (-ção) e –mento, para o PA, e –ção e –mento, para o PB.

Como corpus de PA serão consideradas as 420 Cantigas de Santa Maria (CSM), de

autoria do rei Afonso X de Castela, o sábio, já para o estudo do PB, faremos o

mapeamento das palavras com os sufixos considerados através de um recorte do banco

de dados do Laboratório de Estudos Lexicográficos da UNESP (LabLEX).Através deste

trabalho pretendemos mostrar o quanto os processos que ocorrem na formação de

palavras da língua se modificaram e o quanto se mantiveram na tentativa de

compreender um pouco mais a história do idioma.

SUSTENTABILIDADE E TURISMO: ANÁLISE DAS VÁRIAS VOZES INSCRITAS NO

DISCURSO SOBRE O PARQUE NACIONAL DOS LENÇÓIS MARANHENSES

Rosélis Barbosa CÂMARA (UNESP-FCL-Araraquara /UFMA)

Orientadora: Ucy SOTO

A apropriação que o homem faz do espaço é um ato simbólico, uma atitude de

poder, que se manifesta em diferentes discursividades. As temáticas sobre o espaço vêm

se tornando alvo de reflexão de vários segmentos da sociedade e a questão aparece

sempre associada a outras, como a temática ambiental, que pouco a pouco é inserida em

nossa sociedade como divisor de água na busca de uma melhor qualidade de vida.

Assim, os discursos sobre o meio ambiente elegem como ―bom‖ um determinado modelo

de desenvolvimento; evocam a preservação da natureza, no entanto estão

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comprometidos com as regras do capitalismo e do consumo. Para a atividade turística o

ambiente natural representa uma fonte de negócios, ao mesmo tempo em que propaga o

discurso de preservação, de conservação e de sustentabilidade. Mas como preservar esse

ambiente natural sem explorá-lo? Sabe-se que os discursos circulam na sociedade

obedecendo a determinadas regras, eles não se movimentam sem antes entrarem em

uma ordem (FOUCAULT, 1999). Em relação ao discurso da preservação ambiental,

observa-se que a sociedade não só produz esse discurso como também o legitima, e o

controla por meio de vários mecanismos, determinando o que pode, o que deve ser

usufruído e como deve ser usufruído pelos turistas. Com base nos pressupostos de

Foucault sobre a ordem dos discursos, sua noção de poder e nos princípios bakhtinianos

sobre a polifonia este projeto busca analisar a tessitura dos discursos sobre o

turismo e a sustentabilidade do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (PNLM),

representante maior do patrimônio natural e turístico do estado do Maranhão, enquanto

unidade de conservação inscrita na categoria de proteção integral. Como procedimento

metodológico analisam-se documentos oficiais sobre o manejo do parque, documentos

oficiais dos órgãos de turismo no âmbito nacional e estadual, distintas falas proferidas

por representantes da comunidade local e do trade turístico sobre o PNLMA. Parte-se da

hipótese de que o discurso sobre o PNLM concentra uma situação utópica, por se tratar

de um discurso essencialmente estratégico, que ressalta sistemática e repetidamente a

preservação daquele ecossistema e ao mesmo tempo busca a harmonia entre a atividade

turística a comunidade local.

UM ESTUDO DA CONSTRUÇÃO DE UM GÊNERO DIGITAL VOLTADO PARA A

ESFERA EDUCACIONAL: O CHAT NO ENSINO DE E/LE

Crisciene Lara BARBOSA-PAIVA (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Ucy SOTO

O tema ―gêneros textuais‖ não é recente e vem sendo tratado desde os anos 60

quando surgiram a Lingüística de Texto, a Análise Conversacional e a Análise do discurso.

A partir das três últimas décadas do século XX, desenvolveu-se um conjunto de novos

gêneros textuais no contexto de hoje denominada mídia virtual, identificada

centralmente na tecnologia computacional. Daí surge um novo tipo de comunicação

conhecido como comunicação mediada por computador (doravante CMC) ou comunicação

eletrônica, que desenvolve uma espécie de discurso eletrônico. Essa comunicação

mediada por computador abrange todos os formatos de comunicação e os respectivos

gêneros que emergem nesse contexto. (MARCUSCHI, 2008). No Brasil, a CMC tem se

tornado alvo de debate acadêmico em diversas áreas da Lingüística, como na Lingüística

Aplicada, na Análise da Conversação e na área de Análise de Gêneros. A Internet é hoje

um espaço-discursivo que amplia as possibilidades de interação e incita o aparecimento

de vários gêneros discursivos. (ARAÚJO & COSTA, 2007). O surgimento de novas

tecnologias e sua popularização nos últimos anos abriram um novo panorama no que se

refere ao ensino a distância. Com o advento da tecnologia, novas formas de interação

têm sido usadas pelo homem e, assim, estamos rodeados com uma grande variedade de

novos gêneros textuais, como o chat, e-mail, blog, lista de discussão e outros. Esse

trabalho enfocará um dos gêneros textuais emergente na mídia virtual: o chat

educacional. . O objetivo geral desse trabalho é apresentar uma discussão acerca da

construção composicional do chat educacional e seu papel no ambiente de aprendizagem

on-line, a partir de análises de sessões de chat em dois cursos de espanhol ministrado à

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distância. Estes cursos, intitulados ―Español para Turismo‖, doravante EPT, foi oferecido

como um curso de extensão de 40h no segundo semestre de 2007, na Faculdade de

Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista, campus Araraquara. O chat foi uma

das atividades obrigatórias do curso, realizado com uma metodologia de trabalho por

tarefas que, necessariamente tinham que ser discutidas via chat entre alunos e entre

alunos e professor. Assim, nosso trabalho consistirá em um estudo de caso a partir da

análise do lugar dos chats nos dois cursos de espanhol ministrados à distância em um

ambiente virtual de aprendizagem.

UM ESTUDO SÓCIO-DISCURSIVO DO SISTEMA PRONOMINAL DOS

DEMONSTRATIVOS NO PORTUGUÊS CONTEMPORÂNEO

Talita de Cássia MARINE (UNESP-FCL-Araraquara/ CNPq/ CAPES-PDEE)

Orientadora: Rosane de Andrade BERLINCK

Nossa pesquisa de Doutorado visa dar continuidade à pesquisa de mestrado, na

qual, partindo do pressuposto de que o sistema dos pronomes demonstrativos do

português do Brasil sofreu uma redução, deixando de ser ternário para tornar-se binário,

procuramos, além de identificar a forma vitoriosa entre as variantes de primeira (este) e

segunda pessoas (esse), verificar quais os possíveis motivos levaram à redução do

sistema, bem como o fenômeno motivador da forma vitoriosa.

Por meio de um estudo descritivo-comparativo desses demonstrativos conforme

ocorrem na língua oral escrita – ou seja, em textos escritos notoriamente marcados por

traços típicos de conversações menos formais - de indivíduos, sobretudo, paulistas, a

partir de um corpus formado por jornais do século XIX e início do século XX, e cartas de

leitoras de revistas femininas do século XX (cf. Marine, 2004), pudemos concluir que o

sistema dos pronomes demonstrativos está passando por um processo de especialização

das formas, em que temos a oposição este vs. aquele para marcar o uso dêitico, e esse

vs. aquele para marcar o uso endofórico.

Diante disso, nossa pesquisa objetiva o estudo descritivo-comparativo dos

pronomes demonstrativos, considerando-se as suas formas variáveis e invariáveis das

modalidades brasileira e européia do Português, a fim de verificarmos se o binarismo que

vem caracterizando o Português do Brasil está presente no de Portugal, bem como se o

fenômeno de especialização das formas é algo comum às duas variedades da língua.

Como corpus, utilizamos as cartas das leitoras de duas revistas femininas

destinadas ao público jovem: a brasileira Capricho e a portuguesa Ragazza, no período

que vai de 1994 até 2005.

Para a análise de nossos dados, a qual contempla um enfoque sócio-discursivo,

consideraremos os seguintes fatores: 1) a função sintática desses pronomes (adjetiva ou

substantiva); 2) a função referencial (endo- ou exofórica) e, por fim, 3) a ausência ou

presença de matiz afetivo.

UM OLHAR SEMIÓTICO PARA AS OBRAS DE FANTASIA

MAIS VENDIDAS DE 1980 A 2007

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Bruna Longo BIASIOLI (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientador: Arnaldo CORTINA

Por meio do levantamento que será feito através do Jornal Leia, do Jornal do

Brasil, da revista Veja e da revista Época, pretende-se chegar à lista dos livros que se

enquadram no gênero Fantasia mais vendidos durante o período de 1980 e 2007 e,

posteriormente, analisar todos os livros coletados de acordo com a teoria semiótica

greimasiana. Tendo em mente que a Fantasia é uma configuração discursiva que se

expande e, cada vez mais, é aceito pelos públicos jovem e adulto, o objetivo principal

deste projeto de doutorado é delinear o perfil do leitor desse tipo de texto, a fim de

detectar o que esse público busca nos livros que lê. Esse projeto de doutorado é uma

continuação de trabalhos desenvolvidos pela pesquisadora em sua graduação (Estágio

Departamental e Iniciação Científica) e em sua pós-graduação (mestrado), desenvolvidos

nesta mesma Instituição de ensino e sob os cuidados do mesmo orientador proposto para

o curso de doutorado. Para este evento, propõe-se apresentar os objetivos, as

justificativas e as hipóteses deste projeto, visto que a pesquisa se encontra em seu

início. Propõe-se, também, uma explanação sobre o conceito de configuração discursiva,

no lugar de ―gênero literário‖ ou mesmo ―tema‖, como comumente costuma-se falar ao

delinear uma semelhança discursiva entre as obras. Tal conceito foi analisado no

mestrado da aluna e, então, passou a ser usado em seus trabalhos. Uma das hipóteses

da qual parte este trabalho é a de que a Fantasia é uma configuração discursiva que

pode abordar vários temas, e pode agradar tanto ao público infanto-juvenil, seu principal

alvo, mas também a adultos. Vale lembrar que a semiótica age, neste trabalho, no

sentido de depreender o sentido do texto, como a teoria propõe, partindo do princípio de

que toda forma de comunicação é um texto, verificando, também, como se dá a

composição discursiva dessas obras.

UMA ANÁLISE DE PODE SER QUE COMO ADVÉRBIO EPÍSTÊMICO NA LÍNGUA

PORTUGUESA DO BRASIL, NAS MODALIDADES ORAL E ESCRITA

Cibele Naidhig de Souza CARRASCOSSI (UNESP-FCL-Araraquara/ Bolsista CNPq)

Orientadora: Maria Helena de Moura NEVES

As modalidades constituem um fenômeno lingüístico bastante complexo e de difícil

delimitação. Embora assumam variadas formas de expressão, grande parte dos trabalhos

restringe a análise aos verbos modais, considerados a expressão básica das modalidades.

A polissemia dos modais é bastante conhecida e estudada. Poder e dever, entendidos

como os mais autênticos verbos modais, expressam tanto valores epistêmicos (como

possibilidade e probabilidade) quanto valores deônticos (como obrigação e permissão).

Em estudo sobre a polissemia de poder e dever, empregos do verbo modal poder como

em ―Pode ser que Silvana vá à festa‖ chamou-nos a atenção, pois, nesses enunciados, o

modal não forma predicado de estado com o verbo ser que o acompanha. A possibilidade

expressa por poder recai sobre o predicado da oração que segue; ou seja, poder

modaliza o predicado da oração seguinte. Assim, poder, nesses casos, forma predicados

de ação ou processo, mesmo combinado com o verbo ser. Verifica-se que poder, em tais

construções, em geral, deixa de exercer a função de perífrase verbal e passa a assumir

uma função mais especializada, semelhante à de uma expressão adverbial de dúvida,

correspondendo a talvez. Expressa atenuação, falta de certeza do falante e atua como

um elemento modalizador epistêmico.Objetiva-se, portanto, com base na teoria

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funcionalista da linguagem (Halliday, 1985 e Dik, 1989), analisar pode ser que,

estudando-se o possível processo de gramaticalização que envolve a expressão.

Pretende-se observar tal uso do modal poder em diferentes tipos de textos. Para tanto,

serão selecionados textos do português contemporâneo do Brasil de língua falada do

NURC (Projeto da Norma Urbana Culta) e do projeto Amostra Lingüística do Interior

Paulista(ALIP) e de língua escrita do Laboratório de Lexicografia da Faculdade de Ciências

e Letras da UNESP de Araraquara.

UMA REANÁLISE DA CONCORDÂNCIA VERBAL NA FALA DOS SÃO CARLENSES

Alexandre MONTE (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Rosane de Andrade BERLINCK

Investigaremos, com esta pesquisa, o fenômeno da concordância verbal de

terceira pessoa do plural no português falado da cidade de São Carlos, localizada no

interior do Estado de São Paulo. São Carlos já possui uma fotografia sociolingüística

(MONTE, 2007), mas é desejável ampliar essa fotografia, dada a complexidade do

assunto, a partir de uma estratificação mais detalhada, como também aprofundar a

análise das variáveis lingüísticas e sociais que se mostraram mais relevantes e

acrescentar outras variáveis. Escolhemos a concordância verbal por ser um fenômeno

variável que atrai muito a atenção social e, conseqüentemente, é um dos tópicos

gramaticais que os professores de Língua Portuguesa, de um modo geral, mais se

empenham em corrigir nos seus alunos. Há na literatura lingüística um grande número

de estudos que se ocupam da análise da concordância verbal de terceira pessoa do plural

no português do Brasil. Esses estudos têm evidenciado que a variação da concordância

verbo/sujeito na terceira pessoa gramatical plural é controlada por diversas variáveis,

entre as quais destacamos a saliência fônica da oposição singular/plural dos verbos; o

traço humano do sujeito; a posição e a distância do sujeito em relação ao verbo; a

presença/ausência do ‘que’ relativo; o paralelismo formal no nível oracional e discursivo;

o tipo de verbo; a escolaridade; o gênero. Não podemos deixar de ressaltar que temos

muitas questões ainda abertas. Necessitamos investigar, por exemplo, se a variável

paralelismo é de base funcionalista ou não, pois grande parte dos pesquisadores

assumem explicitamente que esta variável tem um caráter contra-funcional. Nossa

pesquisa será realizada com base nos princípios teóricos da ―Teoria da Variação e

Mudança Lingüística‖. Para esse modelo, a natureza variável da língua é um pressuposto

fundamental, que orienta e sustenta a observação, a descrição e a interpretação do

comportamento lingüístico.

UMA RETOMADA HISTÓRICO-EPISTEMOLÓGICA DA

ANÁLISE DO DISCURSO NO BRASIL

João Marcos Mateus KOGAWA (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Profa. Dra. Maria do Rosário GREGOLIN

Quando se buscam textos sobre a história da Análise do Discurso no Brasil, nem

sempre se chega a um resultado satisfatório. De acordo com alguns estudiosos, a

disciplina se inicia aqui enquanto está em franca re-elaboração na França. A dificuldade

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em encontrar textos relativos à constituição desse campo de saber no maior país da

América Latina é um problema que suscita reflexão. A escassez de textos histórico-

epistemológicos sobre a ADF no Brasil pode ser atribuída à naturalização da idéia de que

a AD deve ser um instrumento de análise textual. Assim, na medida em que se domina a

terminologia e se aplicam os conceitos, nada mais há a fazer com a AD a não ser a

aplicação. Com o intuito de pensar a formação desse campo teórico, este projeto propõe-

se a investigar os ―inícios‖ dessa disciplina no Brasil. Nesse sentido, pode-se de-marcar,

pelo menos, dois percursos: um que se inicia na década de 80 e outro – menos

conhecido, mais silencioso – que se inicia nas décadas de 60/70. Carlos Henrique

Escobar, autor que publicava artigos em uma revista intitulada Tempo Brasileiro nas

décadas de 60/70, trabalhava a re-leitura sintomal de Saussure para ―libertá-lo‖ dos

efeitos ideológicos derivados da leitura empirista do Curso de Lingüística Geral e

constituir uma ciência que se voltasse para a questão da produção/circulação dos

discursos em um dado momento histórico. Filiado às teses althusserianas, o trabalho de

Escobar é fundamental para a emergência da AD no Brasil, na medida em que sua

ciência dos discursos ideológicos identifica-se com as idéias desenvolvidas, na França,

por Pêcheux. Influenciados pela atmosfera viva das idéias althusserianas, tanto Pêcheux

quanto Escobar, trabalhavam com a re-leitura sintomal – que procura diferenciar o

científico do ideológico – de Saussure. No entanto, a leitura feita por Escobar apresenta

diferenças no que concerne à teoria lingüística. Enquanto Pêcheux e o grupo francês

fundamentavam-se especialmente no modelo sintático, Escobar estendia sua

problemática para uma semiologia materialista. O modelo automático iniciado por

Pêcheux – a questão da tradução automática que o aproximou por algum tempo de

Culioli – também não foi adotado no Brasil. É da revista Tempo Brasileiro também a

tradução dos primeiros textos de Michel Pêcheux (sob o pseudônimo de Thomas Herbert)

no Brasil, o que reforça a idéia de que há certa continuidade entre o trabalho de Escobar

– que cita constantemente o filósofo francês – e o de Pêcheux.

WEBJORNALISMO: CONSONÂNCIAS E DIVERGÊNCIAS ENTRE AMBIENTE

VIRTUAL E SUAS PRÁTICAS JORNALÍSTICAS

Renan Belmonte MAZZOLA (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientador: Maria do Rosário GREGOLIN

O presente projeto de pesquisa propõe ampliar e aprofundar a análise do texto

digital, focalizando o webjornalismo em relação ao lugar de onde ele emerge e no qual

tem existência material. Pretende-se ter como constante dois olhares durante todo o

percurso investigativo, a saber: a) voltando-nos para o ciberespaço e suas configurações

de sentido, nossa atenção estará centrada na análise daquilo que faz com que esse

espaço se constitua como tal a partir de leis que regem seu funcionamento, isto é, as

materialidades específicas das linguagens digitais, e para isso, apoiaremo-nos mais

precisamente no texto ―Outros espaços‖, de Michel Foucault; b) ao mesmo tempo,

focalizaremos um gênero específico, o webjornalismo, como manifestação de uma das

práticas discursivas desse ambiente virtual. Assim como uma língua manifesta-se através

da fala, o ciberespaço manifesta-se, de igual maneira, através de práticas que o

atualizam, conectando-o à rede interdiscursiva dos arquivos sociais. Pretende-se, com o

presente projeto de pesquisa, o aprofundamento nos estudos em Análise do Discurso de

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linha francesa, visando o exercício da análise de um corpus, subsidiado pelo aparato

teórico-metodológico desse campo do saber constituído de interdisciplinaridades. Esta

proposta justifica-se pela sua relevância teórica e social. Socialmente, ao tratarmos do

webjornalismo, estaremos enfrentando o desafio de compreender um dos principais

elementos da sociedade da informação, um meio colaborativo que veicula notícias e se

remodela constantemente de acordo com as necessidades do sujeito contemporâneo,

exposto a um fluxo de dados e informações. Trata-se, portanto, de um tema que envolve

a reflexão sobre práticas de linguagem que submetem os sujeitos aos modelos

maquínicos. Os impactos desse novo meio digital de comunicação, por sua vez, atingem

os demais meios. Os jornais impressos disponibilizam cada vez mais links que sugerem

uma continuação online do assunto tratado na matéria impressa. Teoricamente, a análise

de um gênero específico dos meios digitais oferecerá oportunidade de testar, aprofundar

e repensar vários conceitos e métodos da Análise do Discurso, na medida em que o

corpus tem natureza multimodal.

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II. Resumos de trabalhos apresentados em Sessões de Comunicações

Individuais

A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO: UM OLHAR FOUCAULTIANO DA CRIANÇA

Emerson Caetano Lanças LUCCHESI (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Alessandra DEL RÉ

Este trabalho objetiva observar, na fala de uma criança dos 20 aos 30 meses de

idade, a constituição do sujeito dentro de uma perspectiva foucaultina. Trata-se de uma

abordagem discursiva que considera a interação com o outro a base sobre a qual a

criança se constitui como sujeito social. Considerando que a linguagem é atividade

constitutiva do conhecimento de mundo pela criança, é onde ela se constrói como sujeito

e por meio da qual ela se segmenta e incorpora o conhecimento do mundo e do outro

(De Lemos, 1999), este estudo abordará a questão do cuidado de si, destacada por

Foucault como uma prática de subjetivação e preparação do indivíduo para a convivência

em sociedade. Durante o processo de aquisição da linguagem, a criança se prepara para

a vida de adulto e adquire, junto com a linguagem, comportamentos e conceitos que a

acompanharão por toda a vida. Bruner (1983) destaca a importância das situações

familiares para o desenvolvimento da função cognitiva. Considerando a importância da

família para o acesso à cultura e que esse processo se dá discursivamente e se constrói

em diferentes domínios (sociais, nacionais, lingüísticos, educativo...), através de

formações discursivas que circulam em uma determinada sociedade, este trabalho

abordará a questão da constituição do sujeito/criança enquanto ser social. Como se trata

de uma olhar Foucaultiano da criança, faremos um breve relato das relações de Foucault

com o sujeito. Foucault critica a concepção de que o sujeito é como consciência solipsista

e a-histórica, auto-constituída e absolutamente livre como pensam Descartes e Sartre.

Coloca o sujeito como um objeto historicamente constituído sobre as bases de

determinções que lhe são exteriores. (REVEL, 2002: 84). Foucault esboça as diferentes

maneiras como os homens elaboram um saber sobre eles mesmos em nossa cultura, que

são colocados como técnicas específicas das quais os homens se utilizam para

compreenderem aquilo que são. Essas técnicas se dividem em: técnicas de produção,

técnicas de sistemas de signos, técnicas de poder e técnicas de si. Para este trabalho nos

atentaremos às técnicas de si e à hipótese de que no contexto familiar e nos contextos

interativos da criança com o outro, em que se estabelecem as relações cognivito-

lingüísticas, há o jogo dessas técnicas numa relação mediada pelo cuidado de si, que

para Foucault são práticas de subjetivação. Destacaremos duas técincas: a askêsis que

não é a revelação do si secreto, mas um ato de rememoração e a hupomnêmata, que,

em seu sentido técnico, são livros de registros, mas que na prática do cuidado de si são

utilizados como livro da vida, guia de conduta. Partiremos da hipótese de que a criança

depende dos pais para a realização dessa atividade. Faremos uma relação entre o

relacionamento dos pais e dos filhos com a de quem escreve seu próprio hupomnêmata.

O resultado dessa pesquisa será apresentado através da análise dos diálogos registrados

em ambiente familiar e cotidiano.

A EMERGÊNCIA DAS CONDUTAS EXPLICATIVAS E O USO DOS PRONOMES

PESSOAIS NA FALA DA CRIANÇA

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Alessandra Jacqueline VIEIRA (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Alessandra DEL RÉ

O presente trabalho tem como objetivo identificar o uso dos pronomes pessoais

pelas crianças, relacionados às condutas explicativas, observando detalhadamente a

situação interacional. Sendo assim, examinamos algumas teorias que tratam a respeito

das condutas explicativas e de sua emergência, dos pronomes e sua função dentro dos

enunciados pelas crianças produzidos. Estudar de que maneira a utilização dos

pronomes, dentro das condutas explicativas, auxilia na construção da identidade da

criança leva-nos a conhecer melhor os processos pelos quais passa a criança antes de se

constituir enquanto sujeito;falante. A interpretação de fatos lingüísticos, em um discurso

produzido em um contexto específico (as relações pais-criança), pode explicitar a grande

heterogeneidade dos tipos de manifestações lingüísticas, bem como contribuir

efetivamente para um melhor entendimento do funcionamento da linguagem. Nessa

perspectiva, analisamos os dados de uma criança de 20 a 30 meses, coletados em

contexto familiar, levando-se sempre em consideração a relação estabelecida entre a

criança e o interlocutor (pai, mãe) durante a produção linguageira. Vale dizer que os

dados pertencem a uma pesquisa intitulada Diversité de la socialisation langagière selon

les cultures: place et role de l’explication, desenvolvida pelas professoras Silvia Dinucci

Fernandes e Alessandra Del Ré em cooperação com a França (Marie –Thérèse Vasseur,

da Universitá du Maine e Christiane Préneron do CNRS), de julho de 2004 a dezembro de

2006. É importante observar, no ato da explicação, a circunstância interacional na qual a

fala da criança está envolvida. A explicação ocorre em situações nas quais um dos

interlocutores transmite uma nova informação que faz referência a um objeto de atenção

conjunta e, ao mesmo tempo, esclarece o que estava obscuro ou problemático no

diálogo. Já os pronomes são importantes ferramentas lingüísticas utilizadas tardiamente

pela criança. O uso do pronome ocorre por volta dos três anos, o que, em termos de

desenvolvimento da linguagem, é algo demorado. A utilização do pronome pessoal eu

pode ser considerada como uma importante etapa no desenvolvimento da criança, pois

demonstra sua vontade de se apropriar da linguagem. Para explicar, a criança utiliza

argumentos que fazem parte do seu meio social, de sua realidade ou de sua expectativa

com relação ao assunto ou objeto e, ao se produzir um enunciado com o pronome eu,

diz-se algo a propósito de um sujeito e marca-se uma identificação entre o sujeito falante

e a si mesmo. Dessa forma, podemos inferir que as condutas explicativas e a utilização

dos pronomes pessoais, principalmente o pronome eu, contribuem efetivamente para o

desenvolvimento da consciência da criança como indivíduo, permitindo a ela demonstrar

seus desejos, suas vontades, suas preferências, entre outros aspectos.

A ESCRITA E A ORGANIZAÇÃO DE DOMÍNIOS NOCIONAIS:

UMA ARTICULAÇÃO NECESSÁRIA

Marcos Luiz CUMPRI (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Letícia Marcondes REZENDE

Esta comunicação resulta de um trabalho que tem em seu bojo um estudo da

organização das noções e dos domínios nocionais de textos dissertativos escritos a partir

do tema ―o ciúme nas relações humanas‖. A reflexão teórico-metodológica que nos

sustenta é a Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas (TOPE) de Antoine Culioli e

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seus colaboradores. A intenção de fundamentar um trabalho teórico sobre uma reflexão

de ordem epistemológica e evidente faz-se presente por acreditarmos que o

conhecimento teórico está vinculado ao conhecimento prático, e, ambos, consistem em

descrever e explicar uma realidade lingüística, sendo que a natureza da lingüística e o

seu objeto são constantes que sustentam uma concepção de ciência da linguagem.

Privilegia-se, neste texto, a busca dos processos percorridos pelos sujeitos ao lidarem

com língua e linguagem ao invés da constituição de um trabalho lingüístico que se

encerra em si próprio. Tal busca é basicamente fomentada a partir de três premissas

básicas: Tratar dos domínios nocionais é o mesmo que tratar do alto grau das

representações das ocorrências abstratas, dar minimamente conta de um estudo a

propósito dos domínios nocionais é dar um grande salto nos estudos que foquem a

complexidade da enunciação (e por conseqüência da linguagem), lidar com noções, é

indubitavelmente lidar com conceitos (não conceitos no sentido universalista do termo,

mas no sentido de serem representações das atividades simbólicas das línguas). Assim,

as noções por serem complexos sistemas representacionais das propriedades físico-

culturais condicionam-nos a verificar como elas são organizadas e expressas

lingüisticamente e, concomitantemente a isto, como essa organização se dá por meio dos

arranjos léxico-gramaticais realizados pelos sujeitos enunciadores. Além disso, os

percursos enunciativos percorridos pelos sujeitos enunciadores fazem-se observados a

fim de averiguarmos como a construção e a organização dos domínios nocionais podem

influenciar no desenvolvimento textual. Por fim, colocamos em pauta, se não as

principais operações que se manifestam no momento em que os interlocutores dão

sentido e significação a seus textos por meio de suas percepções de cunho cultural (as

noções), pelo menos, algumas reflexões que apontam para relevância da inserção do

sujeito (enquanto um ser dotado de uma cultura de ordem sócio-psicológica) na

discussão estabelecida pela lingüística textual a respeito da escrita do texto.

A PREPOSIÇÃO PARA E AS OPERAÇÕES DE LINGUAGEM:

UMA ABORDAGEM CULIOLIANA

Paula de Souza GONÇALVES (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Letícia Marcondes REZENDE

O presente trabalho propõe uma reflexão sobre o uso da preposição ―para‖

tomando-a como parâmetro para obter respostas em um contexto mais amplo, o das

―preposições‖. Tomamos como perspectiva teórico-metodológica a Teoria das Operações

Predicativas e Enunciativas de Antoine Culioli (TOPE). Conduzimos a investigação com

base em exemplos extraídos de um corpus composto por jornais do estado de São Paulo.

Nossa perspectiva teórica tem como objeto o enunciado e o fenômeno referencial; de

acordo com tal visão, os sujeitos constroem, por meio de práticas enunciativas e

cognitivas, as versões públicas do mundo. Assim, na nossa concepção, a marca não se

reduz apenas às relações previstas no léxico e na gramática, mas é tributária do

enunciado, que envolve a dimensão cognitivo-interacional. O enunciado que contém a

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preposição ―para‖ foi estudado como um processo de construção de significação, ou seja,

de valores referenciais por meio de operações. Tendo como objetivo central analisar as

funções dessa marca em diferentes contextos e as implicações de seu uso, buscamos

contribuir para a elaboração de uma gramática enunciativa da língua portuguesa. Trata-

se de um trabalho relevante, porque a marcação das relações gramaticais constitui um

fenômeno de linguagem responsável por um conjunto de operações que viabilizam a

presença de marcas que antecedem os termos, tais como a ―preposição‖. Construímos

glosas que permitiram-nos colocar os enunciados em famílias parafrásticas, com

posterior análise das construções com a marca percebendo-se que ela representa atos

enunciativos dentro da enunciação central e estes atos são enunciações reportadas para

a enunciação atual e projetadas para uma outra enunciação. Dessa maneira, pudemos

depreender as operações enunciativas geradas a partir da marca ―para‖ que são regidas

pelo movimento dos instantes de enunciação Ti (instante anterior à enunciação) e T0

(instante da enunciação). Concluímos, assim, que a marca ―para‖ (parte) funciona como

um relator dentro do enunciado sendo de fundamental importância da construção

referencial do mesmo além, é claro, de ser também influenciada pelo enunciado (o todo).

ALFABETIZAÇÃO TECNOLÓGICA MULTISSENSORIAL, NA PERSPECTIVA FÔNICA,

PARA DEFICIENTES INTELECTUAIS

Isaac Rodrigues SAGLIA (UFSCar)

Orientadora: Fátima Elisabeth DENARI

A Lei de Diretrizes e Bases n.º 9694/96, de 20 de dezembro de 1996, é baseada

no princípio de que o Sistema Educacional Brasileiro deve promover a cidadania sem

discriminações, evidenciando a heterogeneidade do aluno e seu fluxo de escolarização,

servindo de orientação à pratica dos educadores, sejam eles especialista ou não. Os

educandos com Necessidades Educacionais Especiais, despojados de noções cognitivas

prévias, decorrentes de privações sócio-econômicas e culturais ou sem a prontidão

necessária, ao iniciarem o processo de alfabetização com os demais colegas, no atual

mote da inclusão escolar, eis a problemática: estes alunos, por sua condição, ficam a

mercê de uma espera pedagógica ou são segregados no contexto inclusivo? Há

alternativa(s) metodológica(s) que possa(m) transformar as práticas da alfabetização e

promover realmente a inclusão escolar? O objetivo principal é apresentar um epítome do

método multissensorial sob a perspectiva fônica, o qual norteou os currículos, recursos

educativos e organização específicos, para atender às necessidades concernentes à

alfabetização de alunos com Deficiência Intelectual; Alvitrar atividades virtuais por meio

de novas tecnologias que exercitem a percepção visual e auditiva, a coordenação motora

e a memorização de formas diversificadas, enfim, que promovam a modificabilidade

cognitiva. A metodologia versa em relatos das situações de ensino e aprendizagem de 15

alunos de uma escola de educação especial, com sessões diárias de 60 a 120 minutos

durante um semestre, os quais apresentaram avanços significativos na alfabetização;

Utilizaram-se os Métodos: Fônico e Fono-Visuo-Articulátorio, com a descrição detalhada

dos recursos sinestésicos empregados que serviram como suporte pedagógico ao

processo de leitura e escrita. Os resultados obtidos correspondem ao encaminhamento à

escola regular e o progresso destes alunos nos Ensino Fundamental. Para tanto, faz-se

necessário um juízo sobre o trabalho de campo, para que posteriormente todo o trajeto

de possa ser refeito por outros interessados em avaliar as experiências descritas.

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APONTAMENTOS SOBRE O ASPECTO VERBAL EM HOMERO: ODISSÉIA

Jean Paul Campos e SANT‘ANNA (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientador: Luiz Carlos CAGLIARI

Este resumo destina-se a discussão da pesquisa de Mestrado, fomentada pelo

CNPq, ainda em fase inicial, que propõe uma análise do aspecto verbal na língua grega

antiga. Para esta comunicação restringiremos a abordagem de tal fenômeno lingüístico

aos níveis morfológico e semântico. Utilizaremos textos de Homero, em especial os

primeiros cantos da Odisséia a fim de tornarmos a discussão mais concreta e produtiva.

Aspecto é, em linhas gerais, o traço verbal que caracteriza a ação expressa pelo verbo

quanto a sua duração. Na língua grega o aspecto é morfologicamente marcado, uma vez

que os temas verbais, mas conhecidos como radicais temporais, trazem consigo noções

essencialmente aspectuais (ADRADOS, 1992), ou seja, o sistema verbal do grego antigo

está organizado com base em lexemas aspectuais e não temporais, como a tradição

costuma apresentá-los e como é em geral na maioria das línguas neolatinas.Em nossas

discussões levaremos em conta a distinção entre Aspecto e Aktionsart, por julgarmos que

esses dois traços são bastante diferenciados quanto o assunto é língua grega.

Entendemos que no grego o aspecto verbal está diretamente ligado a morfologia verbal,

uma vez que há marcas que diferenciam fundamentalmente cada tipo de radical verbal

quanto ao aspecto; já o tipo de ação ou Aktionsart, conceito proposto por Agrell, está

ligado à carga semântica do referido verbo, não apresentando assim marcações no nível

morfológico. Neste nível da pesquisa ainda não serão contempladas as formas nominais

do verbo grego nem, conseqüentemente, construções complexas formadas de forma

nominal mais verbo conjugado.

A escolha da narrativa homérica como texto base a ser analisado se deu

primeiramente pela relevância do texto dentre as tantas obras escritas nesta língua, mas

também seguiu critérios de acessibilidade à traduções em língua portuguesa e, ainda,

segue o cronograma da pesquisa por nós desenvolvida que prevê análises iniciais na

prosa de Homero. Trabalharemos com pequenas porções dos textos iniciais da Odisséia

onde poderemos contemplar brevemente as teorias apresentadas. Também

pretendemos, com isso, incitar as discussões sobre o aspecto verbal e sobre as teorias

apresentadas.

CLÍTICOS SE APRENDEM NA ESCOLA?

O CASO DA COMUNIDADE RURAL DE PIABAS NA BAHIA

Juvanete Ferreira Alves BRITO (UFMG/UESB)

Orientadora: Jânia Martins RAMOS

O presente estudo tem por objetivo analisar o uso de clíticos na função acusativa

e dativa na fala de moradores da comunidade rural de Piabas, localizada no município de

Caem, que faz parte do semi-árido baiano. Pretende-se verificar se os clíticos estão

desaparecendo mesmo do Português Brasileiro falado, conforme relatado em diversos

estudos encontrados na literatura lingüística, e se falantes não escolarizados ou com

pouca escolarização não utilizam os clíticos, como também tem sido atestado em

diversos estudos. O corpus faz parte do banco de dados do Projeto ―A língua portuguesa

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falada no semi-árido baiano‖ e é composto de doze entrevistas sociolingüísticas, tipo DID

(diálogo entre informante e documentador), com mais de cinqüenta minutos de duração,

com informantes de ambos os sexos, distribuídos em três faixas etárias, sendo que

apenas dois são alfabetizados. A variável social analisada foi faixa etária e os fatores

internos função sintática, pessoa gramatical e número do pronome. A principal hipótese

defendida é que o uso de clíticos é produtivo, sendo preferencial o uso de ‗lhe‘ em função

de objeto direto. Outra hipótese a ser testada é a de que os falantes da faixa etária mais

elevada estariam realizando mais os clíticos do que os informantes mais jovens. Para

análise dos dados, foi empregada a proposta teórico-metodológica da Teoria da Variação

e Mudança Lingüísticas (Weinreich, Labov, Herzog 1968, Labov 1972, 1994, 2001).

Nossos resultados mostram que não só há presença de clíticos na fala de moradores do

semi-árido baiano, como também permitem identificar um índice superior àqueles

verificados em estudos realizados sobre o português falado na cidade do Rio de Janeiro

(Pereira, 1981 e Freire, 2000), na cidade de São Paulo (Duarte, 1986), e na cidade Mata

Grande (AL) (Mendonça, 2004).

ENTRE A REPETIÇÃO E A RUPTURA:

O DISCURSO ADULTO E O INFANTIL NA PERFORMANCE NARRATIVA

Marcos André Dantas da CUNHA (UNESP-FCL-Araraquara/UFPA)

Orientadora: Ucy SOTO

O material lingüístico que serviu de base para realização desta análise foi uma

situação de enunciação planejada. Esta tinha como objetivo favorecer a produção

lingüística de crianças de 4(quatro) a 5(cinco) anos. A situação comunicativa realizou-se

num ambiente escolar, com a participação de vários sujeitos1: uma turma de educação

infantil; uma locutora/documentadora adulta1 e a professora da turma. Assim, a partir da

concepção foucaultiana de discurso estudamos a enunciação de uma narrativa por uma

locutora adulta e a posterior enunciação do discurso por três enunciadores infantis.

Destacamos a repetição enquanto índice de constituição do discurso, fio condutor da teia

discursiva. Pelo fato de repetir-se o discurso do sujeito se faz continuidades: retomadas

que se constroem também nas diferenças. A repetição do que o outro diz e/ou o

acréscimo, a refutação ao que o outro diz, o modo igual ou diferenciado de contar seriam

índices de um sujeito que se faz em continuidades e rupturas? Falando em repetição

recorramos a uma reflexão acerca desta temática em (CHARAUDEAU & MAINGUENAU,

2008, p.420) para os quais o discurso pode ter uma função explicativa ou imitativa. A

primeira se situa no nível da significação textual. A segunda no nível do significante,

procurando reproduzir a materialidade do texto base.‖O sujeito criança para se identificar

enquanto tal, retoma a fala do adulto, abrindo fendas: possibilidades de rupturas que lhe

promove a identidade. Analisada as cenas enunciativas delimitadas da locutora

documentadora e das crianças podemos verificar então, a presença da repetição,

aparecendo nas funções imitativa e explicativa. Também se verificou o acréscimo de

informações ao que foi enunciado pela locutora adulta. Os sujeitos da performance

narrativa se colocam na mesma na medida em que se observam diferenças entre as

narrativas das crianças, ressaltadas entre as cenas enunciativas. O silêncio, por parte das

crianças, a muito do que o locutora documentadora disse, enunciando-se aquilo que lhes

parecia de maior importância, mostra-se índice de um sujeito presente na performance.

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ESTUDO DOS VERBOS PRONOMINAIS DO PORTUGUÊS E O ALINHAMENTO

SEMÂNTICO DE WORDNETS

Aline Camila LENHARO e Bento Carlos Dias da SILVA (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientador: Bento Carlos Dias da SILVA

Partindo dos principais tipos de alinhamento semântico que se pode estabelecer

entre as bases da WordNet.Br (WN.Br) e da WordNet de Princeton (WN.Pr) estudados

nas atividades de Iniciação Científica, propôs-se, no projeto de Mestrado, investigar os

tipos de alinhamento sintático-semântico que podem ser especificados entre os verbos do

português caracterizados como sendo pronominais (Vp, como traduzir-se), impessoais

(Vi, como fazer), unipessoais (Vu, como sobrevir) e de sujeito afetado/paciente (Vsa,

como apanhar). O trabalho investiga essa questão em dois domínios complementares: o

lingüístico e o lingüístico-computacional. No primeiro, os estudos mostram que os Vi

({fazer} = {take} e os Vu ({sobrevir} = {supervene}) alinham-se de modo transparente

aos verbos correspondentes do inglês. Por outro lado, os estudos visam, sobretudo,

caracterizar a classe dos verbos pronominais do português, valendo-se dos estudos sobre

alternâncias de diátese e sobre a especificação da estrutura de argumentos e da

semântica dos verbos. Destaca-se que os Vp do português apresentam características

semânticas específicas que dificulta o trabalho de alinhamento. Há autores que

argumentam que o clítico que os acompanha é parte integrante desses verbos. São

classificados como verbos que se constroem com um clítico que serve como índice do

grau de participação do sujeito naquilo que o verbo expressa. Do ponto de vista

comparativo e diacrônico, os Vp corresponderiam aos verbos mediais do indo-europeu,

onde sujeito e agente (coincidentes ou não) exercem uma ação sobre si mesmos, em seu

benefício ou em seu interesse, podendo ser realizados como sujeito. Rodrigues (1998)

analisa a voz média do português, distinguindo três classes de verbos médios, sendo a

terceira a dos Vp: os verbos da Classe I não combinam-se com o clítico ―se‖ (Esse leite

ferve rápido); os da Classe II combinam-se com esse clítico opcionalemente (Esse vaso

(se) quebra facilmente), os da Classe III exigem a presença do clítico (Línguas eslavas se

traduzem facilmente). Já no domínio lingüístico-computacional, o trabalho caracteriza a

especificação dos alinhamentos entre as bases. Com vistas à especificação dos

alinhamentos entre synsets de verbos das duas bases, em andamento, encontra-se o

levantamento de todos os verbos pronominais do português e da sua expressão no inglês

registrados no Webster´s Portuguese English Dictionary para auxiliar no estabelecimento

de critérios operacionais de identificação desses verbos e da sua especificação na base da

WN.Br.

FUNCIONALIDADE DE PARÁBOLAS E IMAGENS NO DISCURSO JORNALÍSTICO EM

CONJUNTURAS DE CRISE

Marta Maria PAGADIGORRIA (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientador: Antonio Suarez ABREU

Tem esta comunicação o objetivo de discutir uma das estratégias mais utilizadas

por jornalistas, em especial aqueles que escrevem artigos de opinião em situações de

crise: a projeção de parábolas e imagens sobre a situação que pretendem pôr em foco.

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Utilizamos parábola em nossa pesquisa como projeção de uma história. Essa

história pode ser uma lembrança pessoal de quem escreve, fatos históricos conhecidos

ou desconhecidos ou ter natureza ficcional. Segundo Turner (1996, p. 12), ―story,

projection, and parable do work for us; they make everyday life possible; they are the

root of human thought; they are not primarily – or even importantly – entertainment‖.

Vejamos um exemplo num texto escrito pela jornalista Eliana Catanhêde na Folha

de S. Paulo:

Alguém perguntou ao site "SexoCristão" se freqüentar

motéis seria pecado. Resposta: "Não há pecado em ir a motel com

o seu marido. O problema está no fato de um conhecido (ou outra

pessoa) vê-los entrando no motel. Isso, sim, pode prejudicar a

imagem do casal cristão". Traduzindo: pode fazer qualquer coisa,

mas faça escondido. O pecado não é fazer, é ser pego com a boca

na botija.

Essa moral tem uma versão política —"o que é bom a gente mostra, o que é ruim

a gente esconde" — e está neste momento em discussão no governo. O pecado não é a

ministra Matilde gastar R$ 171 mil dos cofres públicos em férias, aluguel de carros,

almoços e comprinhas em free shop. O problemaço é que descobriram e foi parar na

imprensa.

A culpa não é dela e dos outros ministros que caem na folia

por aí usando o cartão corporativo do governo para tudo e qualquer

coisa, nem dos seguranças da filha do presidente que o sacam até

para material de construção. A culpa é de quem mostrou e de quem

divulgou. (Folha de S. Paulo, 5 de fev. 2008)

LINGUAGEM, LINGÜÍSTICA E SOCIOLINGÜÍSTICA: ASPECTOS TEÓRICOS QUE

FUNDAMENTAM A ANÁLISE DA ALTERNÂNCIA TU/VOCÊ/SENHOR(A) ENTRE OS

FALANTES DE SÃO LUÍS-MA

Honorina Maria Simões CARNEIRO (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Odette Gertrudes Luiza Altmann de Souza CAMPOS

O objetivo deste trabalho é apontar a linguagem, a lingüística e a sociolingüística

com seus aspectos teóricos que servirão como aporte de análise da variação

tu/você/senhor(a) entre os falantes ludovicenses. A linguagem pertence ao ser humano.

Ela é a capacidade que os homens possuem e desenvolvem para se comunicarem uns

com os outros. Por isso, a língua sempre foi um objeto de reflexão filosófica – e mais

tarde, científica – ao longo da história do conhecimento humano, mas foram os gregos

quem primeiro quiseram desvendar a sua origem e natureza, descobrir se havia relação

entre a palavra e as coisas que ela nomeava. Em qualquer comunidade lingüística, a

língua recebe sugestivas criações que vão, gradativamente, sendo assimiladas pelos

falantes, vitalizando-a e permitindo um enriquecimento com a modificação e inclusão de

palavras. Os estudos lingüísticos podem ter caráter diacrônico ou sincrônico. No século

XIX, prevaleceram os estudos de caráter diacrônico, enquanto que no século XX a ênfase

foi dada aos estudos de caráter sincrônico. Sob essa perspectiva nasce a sociolingüística

– área da lingüística que trata da estrutura e do contexto social da linguagem. Ela estuda

as variações lingüísticas de uma língua numa determinada comunidade, tendo como

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objeto de estudo suas determinações lingüísticas e não lingüísticas, esta última é a que

sustenta a observação e a interpretação do comportamento lingüístico. Assim, pode-se

notar que o objeto de estudo da sociolingüística é a língua falada em uma determinada

comunidade, ou seja, o objeto de estudo é a variação, entendendo-a como um princípio

geral e universal. Em outras palavras, a sociolingüística é um ramo da lingüística que

avalia a relação entre língua e sociedade, isto é, o uso da linguagem no contexto social.

Nesse contexto, as alternâncias de uso são influenciadas por fatores estruturais e sociais.

Portanto, este artigo esta focado na variação da Língua Portuguesa, no que diz respeito

as formas tu/você/senhor(a) no português falado do ludovicense.

O CONSENSUAL E O POLÊMICO NO TEXTO

ARGUMENTATIVO ESCOLAR

Rinaldo GUARIGLIA (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Renata Maria Facuri Coelho MARCHEZAN

Este estudo examina duas categorias dialógicas regidas pela argumentação nas

redações argumentativas escolares: o consenso e a polêmica, que respondem pela

propagação de idéias do senso comum, e, por extensão, de outras idéias que se

confrontam com esses enunciados consensuais: os enunciados polêmicos. Por meio da

reflexão bakhtiniana, três matrizes dialógicas são investigadas em redações escolares: os

diálogos do sujeito-produtor com outras vozes sociais, com a proposta de redação e,

principalmente, com o interlocutor-examinador. Esses diálogos inserem, em meio à

dispersão do discurso, um conjunto de propriedades que ora são manifestações da

categoria consensual, ora da polêmica; e estão de acordo com o exercício argumentativo

do texto. Entre as propriedades dialógicas estão: a aplicação de aspectos generalizantes,

a organização de enunciados descritivo-causais, a observação de um raciocínio lógico

formalizado, o distanciamento da proposta de redação ou a aproximação com ela, a

inserção de enunciados interrogativo-retóricos e a ocorrência de determinados

marcadores lingüísticos. O texto argumentativo escolar apresenta invariavelmente não

apenas enunciados consensuais, mas também rompimentos com a ordem do senso

comum, que caracterizam a categoria polêmica. O córpus de pesquisa compreende

redações produzidas durante um processo seletivo universitário em 2004.

O ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA:

UMA ABORDAGEM ENUNCIATIVA

Milenne BIASOTTO-HOLMO (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Letícia Marcondes REZENDE

O objetivo deste trabalho era o de comprovar a hipótese de que os aprendizes de

uma língua, ao traduzirem um enunciado, partem de um esquema chamado léxis, para

então anexar a ele as categorias gramaticais de modalidade, aspecto, determinação e

diátese, por meio de marcas lingüísticas, e que, ao passo em que o aprendizado evolui,

há uma melhor compreensão dessas categorias.

Para atingir tal objetivo, fizemos uso de um corpus constituído de traduções feitas

por aprendizes de língua francesa em diferentes estágios de seu aprendizado.

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Escolhemos as traduções de um enunciado em francês (À ne pas croire!) como base para

nossas análises.

Sob o enfoque da Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas de Antoine

Culioli, recorremos ao estudo e observação dos processos de parafrasagem subjacentes a

essas traduções, com o intuito de observar como se dava a anexação das categorias

gramaticais.

Nosso desejo é que o resultado desse trabalho contribua no sentido de aprimorar

o ensino/aprendizado de línguas, para que os aprendizes possam alcançar melhores

níveis de incorporação das categorias já mencionadas em suas traduções e,

conseqüentemente em seus textos.

Nesse sentido, acreditamos que uma orientação enunciativa pode trazer grandes

benefícios ao aprendizado de uma língua. Trata-se de uma orientação que se constitui de

operações e reflexões sobre a linguagem e que se baseia em processos de categorização.

Dentro dessa perspectiva, a conscientização dos aprendizes em relação ao seu

saber metalingüístico, grosso modo, sua capacidade de explicar a língua, torna-se

fundamental, pois acreditamos que o seu aprendizado é conquistado partindo-se de um

trabalho árduo de montagem e desmontagem de textos, marcas e valores, que em

seguida, têm seus significados construídos e reconstruídos, o que em suma, caracteriza

os processos de parafrasagem e desambigüização, isto é, sua capacidade epilingüística.

O ETHOS NA LINGUAGEM DA CRIANÇA:

UM CAMINHO PARA A IDENTIDADE ENUNCIATIVA

Ana Paula CINTA (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Alessandra DEL RÉ

Partindo da noção de éthos proposta por Maingueneau (1999) e dos dados de uma

criança (A, 20-30 meses), pretende-se desvendar a relação entre a construção da

identidade e de sua própria imagem, em situações de interação com seus pais e pessoas

próximas, em atividades de seu dia-a-dia.

Para tanto, dentro de uma perspectiva sócio-interacionista (Bruner), verificar

como se dá a relação dessa criança com a linguagem, uma espécie de espelho refletida

pela língua.

A linguagem da criança sempre foi alvo de especulações de toda natureza desde a

Antiguidade, como apontam os relatos. Há algumas décadas, começou-se a registrar a

fala de crianças em áudio e vídeo, com intervalos regulares (sessões semanais, mensais,

etc.), de acordo com a intenção do pesquisador. E, após registrados, esses dados eram

transcritos, a fim de que pudessem ser analisados.

Em meados dos anos 1980, começaram a se formar bancos de dados de crianças

do mundo todo, o mais conhecido deles e que ainda é referência para os estudos na área

é o CHILDES.

Para F.François (2006), a criança entra na linguagem de maneiras diferentes e é

porque ela já fala que pode desenvolver a linguagem. Dessa maneira, será analisada a

trajetória de uma criança em particular no processo de aquisição, resultado de escolhas

feitas por ela, escolhas estas que contribuíram para a formação de seu éthos (entende-se

por éthos o estilo que o orador deve adotar para captar a atenção e ganhar a confiança

de seu auditório, apelando, portanto, para a imaginação do locutor).

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Se houver uma boa correspondência entre a imagem que o orador faz de seu

auditório, e vice-versa, haverá eficácia do discurso, fato a partir do qual se depreende

que a construção discursiva se faz num jogo especular em que o orador constrói sua

imagem em função da imagem que ele cria de seu auditório.

Considerando que os estudos que têm privilegiado a questão do éthos referem-se

ao discurso do adulto, propomos observar como se constrói a imagem do enunciador,

isto é, a criança que desempenha o papel de ator da enunciação, no discurso por ela

produzido, e que revela um processo de constituição de um sujeito (enunciador).

Tentaremos mostrar ao longo desse trabalho um dos caminhos possíveis para se

entrar na linguagem, o de A., e ressaltar a importância da interação, que é um dos

fatores essenciais da linguagem de um ser humano. Sabemos que muitos outros

interferem também nesse processo, como é o caso da classe social, grau de escolaridade

e disponibilidade dos pais para com os filhos, mas acreditamos, por fim, que todos esses

fatores se refletem na interação.

Não há um ponto ideal para a linguagem, pois apesar de comum, universal, ela

também é propriedade particular de cada ser, o que sabemos, por meio dos estudos

lingüísticos, é que a infância é apenas o início da aquisição de uma linguagem que será

continuamente refletida e, portanto, modificada, durante toda a existência de uma

pessoa à medida que ela constrói a sua realidade. Portanto, no que se refere à

linguagem, devemos ter em mente que o que realmente importa é o percurso, pois o

resultado será sempre provisório.

O GÊNERO ENUNCIADO DE CAMINHÃO

Maria Auxiliadora Gonçalves de MESQUITA (UNESP-FCL-Araraquara/UEMA)

Orientador: Antonio Suarez ABREU

O presente trabalho tem como objetivo apresentar algumas reflexões sobre o

gênero discursivo enunciado de caminhão. As sentenças lingüísticas usadas pelos

caminhoneiros são exemplos bem nítidos da simbologia lingüística, que expressam a

relação que os caminhoneiros estabelecem com o mundo. Essas expressões são as mais

diversas, as quais apresentam pontos de vista, crenças, anseios, medos, expectativas de

vida, protestos e insatisfações ante o sistema sociopolítico. Bakhtin define gêneros como

sendo ―tipos relativamente estáveis de enunciados‖. Para ele os gêneros são numerosos,

uma vez que a capacidade produtiva do homem é inesgotável, isto é, a cada momento

surgem novas manifestações de representações de sentido engendradas pelo poder

criativo do sujeito. As frases de pára-choque de caminhão fazem parte da vida dos

caminhoneiros de forma viva e atuante. Podem ser consideradas como um gênero em

virtude de sua especificidade ante as várias formas de expressões lingüísticas. Este

gênero é um produto da ação de sujeitos concretos (caminhoneiros) que o gera a partir

de sua vivência, experiência e atuação na sociedade. Os enunciados de caminhão nascem

de um contexto real e exprimem os pensamentos e sentimentos dos caminhoneiros.

O LEITOR DOS CONTOS DE MACHADO DE ASSIS

Sílvia Maria Gomes da Conceição NASSER (UNESP-FCL-Araraquara)

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Orientador: Arnaldo CORTINA

O escritor produz o seu texto para um público real, presença física que lê e

consome a obra. Ambos, escritor e leitor real, não pertencem ao texto, mas a um

momento histórico e caracterizam-se por traços culturais determinados pela sociedade à

qual pertencem. Esse autor, cultural e socialmente constituído, ao produzir o seu texto,

assume o papel de um enunciador de sentidos, de um sujeito produtor de um discurso.

Assim, a pessoa real, presença concreta do escritor, desaparece, e emerge do texto o

autor implícito, virtual. Transfigurado em narrador, suas marcas características se

espalham por todo o seu discurso. Ao elaborar o seu texto, esse enunciador instaura

também o seu interlocutor com quem estabelece um diálogo e divide os valores

expressos. Essa imagem de leitor construída pelo narrador não equivale integralmente ao

leitor real que visualiza, que lê a obra, presença física que consome o livro como uma

mercadoria. Sua existência deixa de ser biológica, social e política. Emerge o leitor

virtual, a imagem daquele para quem o texto foi construído, capaz de estabelecer o

diálogo próprio da leitura. Diferentemente do leitor concreto, de ―carne e osso‖, o leitor

implícito não é um mero espectador, mas um interventor: todas as escolhas do

enunciador se fazem em função da imagem que elaborou do seu destinatário. O leitor,

portanto, interfere também como filtro e produtor de sentidos. Este trabalho pretende

apresentar a imagem do leitor virtual configurada nos contos de Machado de Assis.

Busca-se, a partir da imagem materializada do leitor presente nos contos, (re) construir

seu perfil elaborado no instante da enunciação. Para a realização dessa análise proposta,

são considerados somente os contos machadianos em que o sujeito para quem o

enunciador se dirige é materializável na língua. O suporte teórico empregado para a

conformação do perfil desse leitor é a semiótica greimasiana. Os elementos focalizados

na análise dos contos foram as relações estabelecidas no discurso entre enunciação e

enunciado e as projeções do enunciatário no enunciado - visto, então, como narratário.

Também houve a preocupação de abordar os recursos argumentativos empregados, os

temas e as figuras recorrentes e o emprego da intertextualidade como elementos

indicadores do perfil do leitor machadiano. Da análise dos contos, emergem perfis de

leitores que possibilitam o estabelecimento de uma tipologia. O primeiro modelo é de

um leitor presente como testemunha ficcional ou, se ausente, que recebe do narrador

detalhes pormenorizados da narrativa que lhe permitem localizar-se diante dos fatos

apresentados. Esses são talhados para corresponder às expectativas desse leitor e, ao

mesmo tempo em que o narrador conquista a sua confiança, demonstra sutilmente a

necessidade de se ter uma postura reflexiva e crítica diante dos episódios narrados. O

segundo tipo de leitor configura-se como um crítico não só dos valores humanos e

sociais a ele apresentados, mas também da artificialidade dos procedimentos narrativos

comuns à época. Assim é capaz de construir, ao lado do escritor, uma literatura moderna

livre das imposições dos textos ficcionais modelares.

O LIVRO-REPORTAGEM COMO GÊNERO DISCURSIVO

Antonio Heriberto CATALÃO Jr. (UNESP-FCL-Araraquara /UFMA)

Orientador: Arnaldo CORTINA

A constituição de um corpus de pesquisa constituído pelos livros-reportagem mais

vendidos no Brasil de 1966 a 2004 exigiu, em um primeiro momento, a definição das

obras que pudessem ser consideradas como tais – em outras palavras, foi necessário

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responder à seguinte questão: entre os vários livros presentes nas listas de mais

vendidos no Brasil durante o período pesquisado, quais podem ser considerados como

livros-reportagem? Não existe, no entanto, caracterização satisfatória do que seja o livro-

reportagem, quais os elementos e características que o distinguam em meio a

publicações não-ficcionais de natureza diversa, como ensaios e obras memorialísticas ou

paradidáticas, entre outras, ou mesmo de livros que têm como característica a diluição

de supostas fronteiras entre ficção e não-ficção, como é o caso dos ―romances-

reportagem‖. De fato, não é aceitável que se defina o livro-reportagem, simplesmente,

como extensão do texto jornalístico noticioso, como propõem alguns acadêmicos, por

diferentes razões: há diferenças formais evidentes entre notícia e reportagem, e mais

ressaltadas ainda entre o livro-reportagem e a notícia; apesar de ambos terem,

normalmente, jornalistas como enunciadores, as práticas enunciativas das quais resultam

são bastante distintas, além de suas respectivas esferas e condições de produção

também não serem as mesmas; além disso, relações entre enunciador, texto e

enunciatário são bastante diferenciadas em um caso e outro, implicando regimes de

leitura diferentes; finalmente, além de ser uma opção por demais simplista, a proposta

de considerar o livro-reportagem como extensão da notícia tem um viés prescritivo que

deve ser evitado em uma pesquisa que busca justamente, entre outros objetivos,

identificar as características (formais, inclusive) das obras de maior sucesso entre o

leitorado brasileiro. Assim, foi necessário realizar um trabalho de pesquisa cujos

resultados foram, por um lado, a caracterização do livro-reportagem como gênero

discursivo, no sentido bakhtiniano do termo, e, por outro, a identificação dos livros-

reportagem mais vendidos no Brasil de 1966 a 2004.

O SUJEITO PRONOMINAL:

AS PESSOAS GRAMATICAIS E O TRAÇO SEMÂNTICO

Maria Zelma Meneses de Santana MATOS (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientador: Rosane de Andrade BERLINCK

O objetivo deste trabalho é mostrar a variação do sujeito pronominal na fala

urbana itabiense em relação aos fatores lingüísticos: as pessoas gramaticais e o traço

semântico. Cunha (1986) observa que os pronomes eu, tu, ele (ela), nós, vós, eles (elas)

são normalmente omitidos em português, porque as desinências verbais bastam, de

regra, para indicar a pessoa a que se refere o predicado, assim como o número

gramatical (singular ou plural) dessa pessoa. Em oposição a este postulado, estudos

mostram que o português do Brasil (PB) estaria se tornando uma ―língua de sujeito

obrigatório‖, deixando de ser uma ―língua de sujeito nulo‖ como o português europeu e

as demais línguas românicas (TARALLO, 1983; DUARTE, 1996; ROBERTS, 1996). Lira

(1988) ressalta que o sujeito lexicalizado ocorre mais freqüentemente com referentes de

1ª e 2ª pessoas do que com os de 3ª pessoa. Duarte (1995) justifica que o sujeito nulo

de terceira pessoa é o mais resistente à mudança, porque conta com um referente

externo. Assim, presume-se que ―a identificação do sujeito nulo esteja ancorada na sua

coindexação com um SN numa posição acessível, seja no contexto discursivo, seja em

estruturas subordinadas com sujeitos correferentes‖ (p. 21). A referida autora afirma que

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―o sujeito nulo deixa, pois, de ser obrigatório para ser opcional, não havendo mais uma

relação direta entre flexão distintiva e sujeito nulo. Prova disso é, de um lado, a perda

significativa da realização do sujeito nulo na primeira pessoa do singular, que mantém a

única desinência exclusiva, e, de outro, o percentual superior na terceira pessoa, cuja

forma verbal no singular apresenta desinência número-pessoa zero, e é uma forma

polivalente no sistema lingüístico atual‖ (p.126-127). Quanto ao traço semântico,

estudos (DUARTE, 1995; 1997; AVERBUG, 2000) evidenciam que quando o traço

semântico do antecedente é [- animado], há uma tendência ao sujeito nulo. E, quando é

[+ animado], favorece o sujeito lexicalizado. Esta pesquisa está fundamentada na Teoria

da Variação e Mudança lingüísticas (LABOV, 1966; 1972 e 1982; WEINREICH, LABOV e

HERZOG, 1968). Segundo Labov (1972), uma das características das línguas é o seu

dinamismo, ou seja, não são estáticas, pois se modificam com o passar do tempo. Em se

tratando do sujeito pronominal, a variação se dá com a ausência e a presença de formas

lexicalizadas. O corpus foi constituído de 550 ocorrências de sujeito pronominal, com

referência específica, da fala de dezesseis moradores da cidade de Itabi - SE, de ambos

os sexos, escolarizados e não-escolarizados, com idade a partir de 20 anos. Para chegar

a uma caracterização, de fato, do português brasileiro, é preciso que o maior número

possível de variedades regionais seja descrito. Este é um dos motivos justificáveis para a

pesquisa.

UM OLHAR SOBRE O CONTEXTO DE PRODUÇÃO E SOCIAL EM TEXTOS

CONSTRUÍDOS POR UMA CRIANÇA EM FASE DE ALFABETIZAÇÃO

Fabiana GIOVANI (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientador: Luiz Carlos CAGLIARI

A presente comunicação expõe uma análise de algumas condições pressupostas

para o processo de criação de um texto, levando-se em consideração que para tal

processo ocorrer é preciso que se tenha o que dizer, uma razão para dizer, além da

necessidade de o autor ser sujeito do que diz, tenha para quem dizer e faça as escolhas

das estratégias para realizá-lo. A alfabetização não implica apenas na aprendizagem da

escrita de letras, palavras ou orações. Tampouco envolve simplesmente uma relação da

criança com a escrita. A criança pode escrever para si mesma, palavras soltas ou listas

para não esquecer ou para organizar o que já sabe. Pode, ainda, tentar escrever um

texto, mesmo que fragmentado, para narrar, registrar ou apenas dizer. O importante é

saber que essa escrita necessita ser, incondicionalmente, permeada por um sentido, por

um desejo, além de implicar ou pressupor, sempre, em um interlocutor. Assim, sabemos

que a língua, no seu uso prático, é inseparável de seu contexto e de seu conteúdo

ideológico, e a forma lingüística (signos) sempre se apresenta aos locutores no contexto

de enunciações precisas, o que implica sempre em um contexto ideológico preciso. A

análise de duas narrativas recontadas por meio da escrita por uma mesma criança em

diferentes épocas do ano, resgata aspectos trabalhados antes da produção textual,

procurando analisar a escrita e detalhando alguns procedimentos posteriores à produção.

Consideramos ser, no espaço da produção de textos, que o sujeito articula um ponto de

vista sobre o mundo além de marcar o seu próprio lugar no mesmo. Assim, a criança ao

escrever um texto, ainda que fosse recontar uma história já existente, tinha a liberdade

de se comprometer com sua palavra, e de apresentar uma articulação individual para

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contar sua história. Essa análise faz-se necessária devido ao fato de que, na escola,

muitas são as crianças que, em processo de alfabetização, acabam fracassando pelo

simples fato de seus textos não se enquadrarem exatamente nos padrões que costumam

ser esperados nesse momento de apropriação da escrita.

UMA APROXIMAÇÃO ENTRE NARRATIVAS ESOTÉRICAS E TEXTOS DE AUTO-

AJUDA: ABORDAGEM SEMIÓTICA

Levi Henrique MERENCIANO (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientador: Arnaldo CORTINA

Este trabalho é fruto do projeto de Iniciação Científica ―A leitura no Brasil de 1975

a 1990‖. O seu propósito foi analisar, baseado na teoria semiótica greimasiana, os livros

de ficção mais vendidos no país, de 1975 a 1990, com vistas a reconstituir as

expectativas do leitor. A partir dos resultados obtidos nessa primeira pesquisa,

sustentamos a hipótese de que os livros de ficção mais vendidos de cada ano

incorporaram à sua organização discursiva, no decorrer dos anos 1970 e 1980,

elementos típicos dos textos místico-esotéricos e de auto-ajuda. Sugerimos que esse fato

deu ensejo, devido à grande procura por discursos mais intimistas, ao surgimento da

classificação ―auto-ajuda e esoterismo‖, nos rankings dos livros mais vendidos,

publicados pela revista Veja, a partir de 1997. Tendo em vista que, de acordo com

nossas análises, os textos de ficção mais vendidos passaram a veicular um conteúdo

místico-esotérico a partir dos anos 80 – construindo leituras mais subjetivas –

acreditamos que os elementos vinculados a esse conteúdo (bruxaria, magia,

transcendência, espiritualismo, pensamento positivo, etc.) passaram a ser incorporados

aos textos de auto-ajuda, legando, dessa forma, uma tentativa de unir

autoconhecimento com teorias ocultistas ―pasteurizadas‖ para um público mais geral.

Tentamos estabelecer, a partir de tais constatações, as nuances e os entrecruzamentos

no que se refere à conjunção do ―misticismo-esoterismo-auto-ajuda‖, a fim de

descrevermos a organização e o funcionamento dos textos que fazem parte dessa

manifestação discursiva, classificados por Veja, nas suas listas semanais, como ―auto-

ajuda e esoterismo‖. Baseamos a construção de nosso corpus nessas listas, que

compõem o nosso objeto, com o intuito de observar a progressão, semana a semana,

dos mais vendidos, no decorrer dos anos de 1991 a 2006 (como continuação do projeto

da graduação). A partir delas, selecionamos os 20 (vinte) textos mais vendidos no

período em questão e examinamos o seu plano de conteúdo. Para o refinamento da

análise semiótica pretendida, baseamo-nos nas tipologias discursivas propostas por José

Luiz Fiorin, em seu texto Sobre as tipologias dos discursos. Nele, o autor afirma a

importância de elaborar tipologias específicas para os diferentes tipos de discurso – e não

classificá-los segundo gêneros normativos. Para tanto, é necessário observar a incidência

dos componentes dos níveis fundamental, narrativo e discursivo, do percurso gerativo de

sentido criado pela semiótica, a respeito dos quais podemos notar a relevância: dos tipos

de junção (textos conjuntivos ou disjuntivos); dos percursos dos actantes funcionais

(destinador-manipulador, destinatário-sujeito, destinador-julgador); dos procedimentos

de manipulação (sedução, tentação, intimidação, provocação); das fases da narrativa

(competência, manipulação, perfórmance e sanção); do objeto-valor (modal ou

descritivo); do predomínio de temas ou de figuras; da projeção do enunciador no

enunciado. De acordo com o artigo de Fiorin (Significação. Revista brasileira de

Semiótica. São Paulo, n. 8, p. 91-8, out. 1990), observa-se que um texto policial

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privilegia a fase da perfórmance, por isso, valoriza o percurso da sanção, em que o

criminoso é julgado, enquanto um texto jornalístico sensacionalista expõe a fase da

competência e da perfórmance, ou seja, os meios para o acontecimento do fato e o

desenrolar da sua ação. Auto-ajuda e esoterismo, à maneira dos textos programadores

(manuais técnicos e bulas de remédio), tendem a privilegiar a fase da manipulação e da

competência, por isso, o percurso do destinador-manipulador contribui para que o seu

destinatário (o leitor), enquanto sujeito operador, adquira, primeiramente, um querer e

um dever-fazer, a fim de que saiba e possa adquirir o conhecimento específico, doado

pelo livro enquanto um objeto-valor de natureza cognitiva. Concluímos até o momento

que a maioria dos textos examinados incidem sobre os seguintes componentes: na

conjunção; no percurso do destinador-manipulador, na fase da manipulação, em objetos-

valor modais e descritivos essenciais; no enunciador e enunciatário explícitos; em uma

organização discursiva tão temática quanto figurativa.

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III. Resumos de trabalhos apresentados em Painéis

A CONCATENAÇÃO SEMÂNTICA DO TEMPO NO NÍVEL TEXTUAL

Patricia Ormastroni IAGALLO (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientador: Luiz Carlos CAGLIARI

Além das informações trazidas pelos advérbios e pelos verbos, o falante dispõe de

muitas outras possibilidades para lidar linguisticamente com a noção de tempo nos

enunciados. O poder de criação nesse sentido é sempre seguro porque segue as intuições

que o falante nativo tem a respeito das estruturas lingüísticas de sua língua. Apesar da

complexidade da noção lingüística de tempo, os falantes não apresentam dificuldades

para falar nem para entender essa noção. A complexidade desta noção aparece somente

quando o lingüista começa a explorar todas as suas implicações. Com relação ao

mecanismo de uso das flexões verbais de modo e tempo, o falante não dispõe apenas

das tradicionais regras gramaticais que definem a ordem dos tempos e modos verbais

nos enunciados, mas há outros valores discursivos que interferem na estrutura temporal

das orações. Isto se torna bastante óbvio quando, por exemplo, se leva em conta a

tradicional afirmação que diz que, no discurso, um tempo verbal está sendo usado por

outro, sem levar em conta outros elementos da oração que, na verdade, comandam o

significado temporal das orações. As idéias de tempo, expressas pelas noções de

passado, presente e futuro podem ser colocadas numa escala temporal, em seqüência.

Neste contínuo, a marca do tempo é sempre muito coerente: passado é sempre passado,

futuro é sempre futuro e presente é sempre presente. Portanto, não existe mais de um

sentido para um morfema de modo e de tempo na língua portuguesa. O resultado

semântico nos enunciados não deve desconsiderar os valores atribuídos pela língua aos

morfemas. As aparentes equivalências devem ser vistas não sobre o morfema, mas

sobre todo o enunciado. À medida que o texto se alonga, a complexidade na definição do

tempo lingüístico também aumenta, é por esta razão que os falantes precisam sempre

reestruturar o esquema temporal do discurso. Este painel apresentará alguns esquemas

temporais que vem sendo formulados no mestrado da autora deste painel, cuja

dissertação se propõe a descobrir um modelo formal descritivo dos modos de expressão

lingüística do tempo (verbo, parágrafos, léxico) para provar, com o que irá refletir desse

modelo, que o tempo da língua possui regularidades e essas podem explicar qualquer

formação temporal lingüística que possa aparentemente estar em discordância com as

gramáticas normativas. Os esquemas temporais que serão apresentados seguem o

modelo descritivo de Reicheinbach (1956) que opera com três construtos fundamentais:

ME (momento do evento), MR (momento de referência) e MF (momento da fala).

A CONCORDÂNCIA NOMINAL NO PORTUGUÊS FALADO

NO INTERIOR PAULISTA

Natália Cristina OLIVEIRA (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Odette Gertrudes Luiza Altmann de Souza CAMPOS

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O caráter social dos fatos lingüísticos e a percepção da variabilidade na qual a

língua está submetida são pontos essenciais no que tange à reflexão sobre a natureza da

linguagem humana. Deste modo, língua, sociedade e sujeito são realidades que se

relacionam, a existência de uma está diretamente relacionada com a existência das

outras. Reconhecer e estudar a variação lingüística como um fenômeno presente em

todas as línguas naturais, incluindo o português brasileiro, é um dos primeiros passos

para contribuirmos para a descrição do português falado. Pensando em colaborar na

caracterização do dialeto falado no interior paulista, o presente projeto tem como tema a

concordância nominal (CN, daqui em diante) que, como comprovam vários trabalhos

sociolingüísticos, constitui uma regra variável presente em vários dialetos do português

brasileiro (PB). Vale ressaltar que este projeto é decorrência de outro, mais abrangente,

pertencente ao Departamento de Estudos Lingüísticos e Literários do IBILCE / UNESP,

sob a denominação ―O português falado no interior paulista: constituição de um banco de

dados anotado para o seu estudo‖ (Processo FAPESP 03/08058-6). Este projeto conta

com a amostra de fala de 152 informantes de São José do Rio Preto e região, que foram

selecionados a partir de um controle das seguintes variáveis sociais: sexo/gênero,

escolaridade, faixa etária e classe social. Utilizando as amostras de fala deste banco de

dados, apresentaremos uma análise, por meio da pesquisa sociolingüística, de algumas

variáveis lingüísticas que contribuem para a realização ou para a não-realização do

fenômeno da CN no dialeto do interior paulista. Para tanto, são controladas as variáveis

gênero, faixa etária (16-25, 26-55 e mais de 55 anos) e escolaridade (Ensino

Fundamental, Médio e Superior). Das 152 amostras do censo lingüístico da região de São

José do Rio Preto, selecionamos 18 para esse estudo, de modo a obtermos uma

distribuição equilibrada, orientada pelas variáveis sociais acima mencionadas. Além

dessas variáveis de natureza social, estamos considerando as seguintes variáveis de

natureza lingüística: quantidade de elementos no SN, elemento que recebe marca de

plural, composição do SN, categoria morfológica do elemento, marcas precedentes,

contexto fonético-fonológico seguinte ao elemento, saliência fônica; processo de

formação do plural e tonicidade da sílaba do item singular. Devo lembrar que o fenômeno

da CN já foi bastante estudado em vários dialetos brasileiros por vários autores, no

entanto, o ineditismo desta pesquisa se dá pelo fato de não haver um estudo acerca da

CN presente, ou não, na fala de habitantes do interior paulista, de modo que esperamos

que a análise de tais falas contribua para estimular a realização de novas pesquisas e

análises do nosso patrimônio lingüístico, ainda um tanto quanto desconhecido dos

próprios lingüistas. Ao final desta pesquisa, será possível perceber as reais manifestações

de fala da nossa comunidade, contribuindo, assim, com o próprio ensino do português.

A PRODUÇÃO DO ESPAÇO MARANHENSE EM PROPAGANDAS

TURÍSTICAS OFICIAIS

Rosélis Barbosa CÂMARA (UNESP-FCL-Araraquara/

Orientadora: Ucy SOTO

A publicidade é uma poderosa ferramenta para promover o turismo moderno,

juntamente com um discurso tecido por uma linguagem sedutora acompanhado de belas

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imagens. No cerne desse jogo de linguagens está um incessante trabalho de produção de

subjetividade, um trabalho que de acordo com Michel Foucault (em Vigiar e Punir) traduz

a mecânica de um poder que se desenvolve de modo estratégico a partir do século XVII.

Em Vigiar e Punir, o filósofo estuda as relações entre o discurso e os demais fatores -

sociais, econômicos, culturais etc - que produziam o indivíduo normalizado. São

observadas que as intrincadas relações entre o saber e o poder fabricaram sujeitos e se

materializavam em práticas que Foucault chamou de disciplinares, as quais se derivaram

da nova maneira de o capitalismo nascente produzir riqueza. O autor parte do princípio

de que o sujeito é uma permanente construção, no interior da história, e Foucault mostra

isso a partir da análise do funcionamento das prisões, das práticas de exame e da

correção. Daí ele conclui que o capitalismo traçou uma série de estratégias de poder para

ligar o indivíduo ao trabalho, para torná-lo força produtiva. O turismo é uma dessas

estratégias do capitalismo que leva o sujeito a se pensar livre, mas que o mantém dentro

de suas amarras. Este trabalho apresenta uma breve análise de como a propaganda

turística, veículo da indústria cultural, promove uma imagem do Maranhão a partir de um

discurso edênico, que procura demonstrar uma perfeita harmonia entre homem, natureza

e paisagem urbana. Tal relação aliada ao discurso da singularidade, de paraíso terrestre,

constrói uma representação de um lugar ideal: um produto vendável para o consumo.

Para tanto, utilizamos um corpus constituído pelo gênero propagandas oficiais sobre o

Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (PNLM), representante maior do patrimônio

natural e turístico do estado do Maranhão. O referencial teórico da pesquisa segue os

postulados da Análise do Discurso francesa (AD), pois para essa teoria o discurso,

enquanto processo enunciativo, exibe em sua materialidade a articulação do lingüístico

com a História. E é nessa ordem do histórico que se podem resgatar os vestígios da

memória discursiva que edifica uma identidade para o espaço maranhense.

A REALIZAÇÃO DOS CLÍTICOS NAS CANTIGAS DE SANTA MARIA

Tauanne Tainá AMARAL (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Gladis MASSINI-CAGLIARI

O projeto irá apresentar a realização dos clíticos no Português Arcaico, a partir das

Cantigas de Santa Maria, a fim de se chegar à determinação do direcionamento da

cliticização e a pistas da constituição de constituintes prosódicos maiores (tais como

palavra fonológica, grupo clítico, frase fonológica, grupo entoacional e enunciado

fonológico), considerando-se, como ponto de partida, a estrutura sintática dos

enunciados e o direcionamento da cliticização sintática. Será exposto um estudo que

mapea o posicionamento de clíticos com relação à palavra prosódica (se antes – posição

proclítica; ou depois – enclítica; ou, ainda, no meio - mesoclítica) e a verificação do

direcionamento da subordinação prosódica, com relação à formação dos constituintes de

níveis superiores, nas Cantigas de Santa Maria. Como a origem e a evolução dos

fenômenos prosódicos do Português ainda são, em grande parte, um dos pontos mais

inexplorados da história da nossa língua, a descrição dos fenômenos prosódicos e de sua

relação com os processos segmentais de um período passado desta língua (no caso, o

PA) constitui uma contribuição importante e inédita no sentido de elucidar mais

completamente a história da Língua Portuguesa. O trabalho exposto está vinculado a um

projeto mais amplo, intitulado ―Fonologia do Português Arcaico‖, registrado no Diretório

dos Grupos de Pesquisa do CNPq e coordenado pela orientadora deste Projeto, Profa.

Dra. Gladis Massini-Cagliari. Resumidamente, o que pretende tal grupo é o estudo dos

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vários aspectos fonológicos de tais cantigas. Portando, a pesquisa que será exposta, dá

continuidade ao referido projeto maior, pretende ir além do nível do acento lexical, ao

investigar também os processos rítmicos e prosódicos, descrevendo a interação entre a

palavra prosódica e os clíticos que a ela podem se subordinar. A metodologia baseia-se

no mapeamento de todos os elementos possivelmente clíticos (artigos, pronomes

oblíquos e conjunções/preposições), a partir de sua ocorrência nas Cantigas de Santa

Maria. Desta forma, a pesquisa a ser desenvolvida neste Projeto visa uma análise

quantitativa e qualitativa dos dados, uma vez que, a partir da quantificação da ocorrência

dos clíticos nas cantigas e do seu posicionamento, pretende-se chegar a afirmações

quanto à constituição de constituintes prosódicos superiores.

ANÁLISE MORFOFONOLÓGICA DO PROCESSO DE ADJUNÇÃO DOS SUFIXOS DE

GRAU NAS CANTIGAS DE SANTA MARIA

Thais Holanda de ABREU (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Gladis MASSINI-CAGLIARI

O foco do presente trabalho incide sob o estudo dos processos morfofonológicos

desencadeados pela derivação, isto é, processos que alteram a forma de morfemas,

gerando alomorfias em vários níveis, a partir da adjunção de sufixos de diminutivo (-inho

e variações) e de aumentativo (-on(a) ) a bases nominais no galego-português medieval,

fase trovadoresca, século XIII. Os processos tratados como morfofonológicos nesta

pesquisa são analisados por meio de cantigas medievais galego-portuguesas nas quais

estão inclusas as cantigas religiosas em louvor da Virgem Maria, denominadas Cantigas

de Santa Maria (CSM). Tais cantigas têm notação musical, foram mandadas compilar

pelo Rei Afonso X e chegaram até nós através de quatro manuscritos antigos, conhecidos

como códices, a cujos microfilmes o Grupo de Pesquisa Fonologia do Português Arcaico

(ao qual a presente pesquisa está vinculada) tem acesso. As CSM são de suma

importância para o estudo do passado da língua portuguesa, pois de acordo com Leão

(2007, p.9) ―As Cantigas, nas brumas da história, coincidem com o momento fundador

do Reino de Portugal e também da língua portuguesa‖. Além disso, a maior riqueza

lexical, de temas e formatos, faz destas cantigas um testemunho imprescindível para a

investigação dos processos de ampliação do léxico produzidos naquele momento da

língua. Até o presente momento está sendo feito um levantamento da ocorrência de

nomes aumentativos e diminutivos em glossários e vocabulários presentes nas edições

das CSM além do mapeamento de tais ocorrências no corpus das duzentas e trinta

primeiras cantigas. A partir dos dados coletados referentes a essas duzentas e trinta

cantigas, é possível observar que naquela época o diminutivo era mais produtivo que o

aumentativo, pois foram encontradas no corpus da presente pesquisa muito mais

ocorrências para o sufixo –inho. Os resultados preliminares desta pesquisa têm apontado

para hipóteses promissoras a respeito do status e do processo de adjunção dos

morfemas de grau no Português Arcaico. Objetiva-se em um momento futuro, analisar, a

partir dos dados que estão ainda sendo coletados, os processos morfofonológicos de

adjunção desses morfemas específicos sob o ponto de vista de modelos da fonologia não-

linear, em especial o modelo lexical de Mohanan (1986), pretendendo contribuir para a

descrição mais geral do componente fonológico da língua naquela época.

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ANTROPÔNIMOS DE ORIGEM INGLESA: ADAPTAÇÕES FONOLÓGICAS POR

FALANTES DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

Suzana Maria Lucas Santos de SOUZA

Orientadora: Gladis MASSINI-CAGLIARI

Esta pesquisa tem como propósito investigar os processos fonológicos utilizados

pelos falantes do Português Brasileiro (PB)ao pronunciar os nomes próprios de pessoas -

oriundos da língua inglesa - e adaptá-los ao seu sistema fonológico. Com esse estudo,

pretende-se mostrar que na escolha desses antropônimos, os falantes do PB,

desavisados da estrutura fonológica da língua de origem desses nomes, desencadeiam

vários processos, entre eles o de ressilabação, reestruturando a organização das sílabas

dessas palavras de acordo com seu sistema fonético-fonológico, o que as torna bem

diferentes da estrutura silábica da língua de partida. O tema da pesquisa relaciona-se de

forma direta com a definição de uma "identidade fonológica" do português, inserindo-se

na polêmica discussão dos limites entre o que se convenciona chamar "estrangeirismo"

(palavra estrangeira não adaptada) e "empréstimo" (palavra estrangeira já adaptada à

língua de chegada). Destaca-se a relevância de outras línguas, em especial, o inglês,

como fonte de empréstimo ao léxico português. Verifica-se que, com o passar do tempo,

os anglicismos podem também sofrer um processo de adaptação morfológica, passando a

fazer parte da língua portuguesa. Trata-se, dessa forma, não apenas de um processo de

nativizacao ortográfica, mas de uma questão de incorporação ao léxico da língua de

destino. Levanta-se o seguinte questionamento: os antropônimos graficamente

naturalizados ou não, ainda que com grafias alienígenas, distanciadas do sistema

ortográfico da língua portuguesa, podem ou não ser classificados como "brasileiros", do

ponto de vista fonológico, a partir do momento em que perderam as características da

língua de partida e incorporaram regras fonológicas da língua de chegada? O corpus

dessa investigação científica é constituído por uma lista de nomes próprios, de origem

inglesa, adquirida em escolas públicas na cidade de São Luís do Maranhão. Pretende-se,

através de gravações realizadas com os sujeitos informantes, realizar análises

espctrográficas para uma interpretação mais apurada dos dados,os quais serão avaliados

com base no instrumental fornecido pelas teorias fonológicas não-lineares, em especial

as teorias métrica, lexical e a auto-segmental (geometria de traços).

APRENDÍ O HE APRENDIDO: UMA ABORDAGEM COMPARATIVA SOBRE O USO

DOS PRETÉRITOS INDEFINIDO E PERFEITO EM LÍNGUA ESPANHOLA

Leandro Silveira de ARAÚJO

Orientadora: Mônica Ferreira MAYRINK

O objetivo deste trabalho é proceder ao estudo do uso dos tempos verbais

Pretérito Perfecto de Indicativo e Pretérito Indefinido de Indicativo, em língua espanhola.

Esse tema foi escolhido em razão das dificuldades que esses tempos verbais costumam

apresentar durante o processo de aprendizagem de língua espanhola por estudantes

brasileiros devido à distância que parece haver entre os usos descritos pelas gramáticas

e pelo uso real desses tempos verbais por falantes nativos de espanhol. Partindo da

análise da descrição feita pelas gramáticas e da perspectiva de uso dos passados

conforme sua manifestação na língua falada por falantes nativos de espanhol, o estudo

pretende contribuir para a elaboração de um material explicativo que aborde o tema em

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questão, conciliando as duas referências acima expostas. Pretende-se que esse material

possa vir a alimentar ambientes virtuais de aprendizagem de língua espanhola.

Particularmente, o estudo em questão contribuirá para o aprimoramento do material

disponibilizado no ambiente do curso Oficina Virtual de Língua Espanhola (versão

piloto em desenvolvimento no primeiro semestre de 2008), dirigido a alunos do curso de

Letras Espanhol da FCLAr. Esse ambiente virtual de aprendizagem, desenvolvido na

Plataforma Moodle, conta com um Fichero Gramatical que armazena informações

diversas sobre aspectos gramaticais que representam dificuldades para o aluno brasileiro

de LE. Os resultados dessa pesquisa poderão alimentar o fichário com informações

pertinentes ao estudo desses tempos verbais, indo mais além das referências que podem

ser encontradas em gramáticas, pois contará também com informações a respeito da

língua em uso. As seguintes perguntas orientam a pesquisa: a) Que descrição as

gramáticas fazem do uso do Pretérito Indefinido de Indicativo e no Pretérito Perfecto de

Indicativo, em espanhol? b) Que percepção têm falantes nativos (professores) de língua

espanhola a respeito do uso do Pretérito Indefinido de Indicativo e do Pretérito Perfecto

de Indicativo, na língua falada? Assim, nesta apresentação serão destacados, entre

outros, os objetivos, a metodologia adotada e resultados já obtidos até o momento da

apresentação, a saber: sistematização dos usos segundo as gramáticas normativas,

ferramenta de entrevista e dados iniciais dos primeiros contatos com os falantes

entrevistados.

ESTUDO DO SISTEMA ORTOGRÁFICO DE POEMAS MANUSCRITOS DE

SOUSÂNDRADE NO SÉCULO XIX EM SÃO LUIS-MA

Vilma de Fátima Diniz de SOUZA

Orientador: Luis Carlos CAGLIARI

Este estudo do sistema ortográfico de poemas manuscritos no século XIX em São

Luis do Maranhão é uma pesquisa em processo embrionário da análise descritiva e

comparativa da escrita daquele século. O corpus utilizado para tal análise provém, a

priori, das análises dos poemas manuscritos entre 1889 – 1899 do grande poeta

maranhense Joaquim de Sousa Andrade, cognominado e conhecido por Sousândrade.

Esses poemas foram retirados do livro fac-similado intitulado, Poesia e Prosa reunidas de

Sousândrade organizado por Frederick G. Willians e Jomar Moraes, 2003. A metodologia

utilizada, em um primeiro momento, parte de alguns poemas do livro acima citado. As

primeiras análises e descrições estudadas foram retiradas do texto Harpa de Ouro, que é

composto por 285 estrofes e Liras Perdidas com 48 poemas. A partir do corpus foi

possível fazer um levantamento de todos os vocábulos, estudando a grafia dos mesmos

em comparação a ortografia atual utilizada no Brasil. Foram distribuídos em tabelas

dividindo-os em categorias para se fazer as comparações devidas. Desta forma, pode-se

saber as regras e o emprego das letras e marcas da escrita nesse gênero em estudo.

Partiu-se, metodologicamente, do estudo da história da ortografia de autores renomados

dos séculos passados, como podemos exemplificar Duarte de Souza, Madureira Feijó,

Fernão de Oliveira dentre outros. Os artigos, livros e trabalhos do professor Luis Carlos

Cagliari e da professora Gladis Massine-Cagliari servem-nos de pressupostos teóricos

para uma análise e comparação desse estudo. Essa pesquisa partiu do estudo organizado

em categorias feito da ortografia em todo o seu contexto como; as letras do alfabeto, sua

contribuição em diferentes contextos de vocábulos, sinais de pontuações, tipos de letras,

seqüências de letras, como as mudas e as duplicadas etc. Acredita-se que a partir do

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estudo com os fac-símiles dos manuscritos de Harpa de Ouro e Liras Perdidas,

inicialmente, e, posteriormente com os outros documentos históricos manuscritos do

século XIX em São Luis há possibilidades de análise descritivo-comparativa da escrita

ortográfica do português do Brasil.

ESTUDO SINTÁTICO-SEMÂNTICO DOS VERBOS DAS TOADAS

DE BUMBA-MEU-BOI

Joelina Maria.da Silva SANTOS (UNESP-FCL-Araraquara/UFAM)

Orientador: Sebastião Expedito IGNÁCIO

A presente pesquisa visa o estudo da tipologia verbal das toadas de Bumba-meu-

boi baseado na Gramática de Valências e na Gramática de Casos. Para a descrição

lingüística das toadas são observados aspectos referentes ao envolvimento do autor, do

assunto e do leitor. Longe estamos de penetrar no mistério do processo criador das

toadas, mas as considerações feitas por nós sobre as toadas. A proposição de uma

análise sintático-semântica nos permitirá algumas deduções e conclusões, para

revelarmos do que se valeu o autor, o que buscou para caracterizar uma realidade

apoiada em vivências humanas. Considerando que não haja nenhum trabalho dessa

natureza realizado, julgamos importante o desenvolvimento dessa pesquisa, como

contribuição não apenas de representação estrutural, mas que possa abrir novas

discussões e reflexões que possam descrever as realizações verbais fora dos paradigmas

tradicionais. Para Ignácio (2003), os verbos podem representar uma visão dinâmica da

realidade, e representar uma visão estática da realidade, nessa perspectiva, os verbos

das toadas podem ser dinâmicos: de ação – em que há um FAZER por parte do

argumento de primeiro grau, o sujeito; processo – em que há uma ACONTECER em

relação ao sujeito ou ao objeto; ação-processo – em que há, ao mesmo tempo, um

FAZER por parte do sujeito e um ACONTECER em relação ao objeto; ou de estado que

são aqueles em que, sendo o sujeito inativo, a eles se atribuem um estado, uma

qualidade ou uma condição e os principais casos semânticos, que são: agente ou

agentivo; paciente; receptivo; beneficiário; experimentador; causativo; objetivo; origem;

locativo, o que através da pesquisa vamos avaliar se a tipologia verbal das toadas retrata

as características desses textos (escritos). A pesquisa descreve os verbos de várias

toadas para identificar as particularidades existentes. A recorrência de mais de um

modelo de descrição é necessária, valendo-se dos aspectos pertinentes que cada um

possa oferecer. Recorreremos ao modelo de Tesnière (1961), Chafe (1970), Vilela

(1984), Borba (1996) e Ignácio(2003).Para a análise dos valores semânticos dos

constituintes oracionais, servem de base os estudos de Fillmore.

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INVESTIGANDO PROCESSOS DE AUTORIA ENVOLVIDOS NA PRODUÇÃO DE

RELATÓRIO CIENTÍFICO POR GRADUANDO EM QUÍMICA

Luciana MASSI (Universidade Nove de Julho)

Orientadora: Salete Linhares QUEIROZ (IQ/USP-São Carlos)

Neste trabalho analisamos os discursos envolvidos na produção do relatório de

Iniciação Científica (IC) de um aluno de graduação em Química. Essa análise foi feita

com base nos critérios estabelecidos por Eni Orlandi para a classificação dos tipos de

repetição envolvidos na produção de um texto em: empírica, formal e histórica. A

repetição empírica é aquela na qual o indivíduo repete exatamente da forma como leu ou

ouviu. A repetição formal se constitui num exercício gramatical, no qual o indivíduo

repete o que leu ou ouviu de maneira um pouco diferenciada, mudando as frases, mas

dizendo essencialmente a mesma coisa. Enquanto na repetição histórica o sujeito

historiciza seu dizer, num jogo com a memória discursiva diretamente ligado à

interpretação. Analisamos o relatório científico intitulado ―Medidas de hidrofobicidade da

parede celular de leveduras por adesão a hidrocarbonetos: diferentes leveduras,

hidrocarbonetos e meios de suspensão de células‖, produzido pelo aluno Eduardo, sob

orientação do co-orientador Pedro (nomes fictícios). O relatório do aluno, redigido no

intervalo de aproximadamente um mês, trata dos dados por ele coletados no decorrer de

um ano, no qual realizamos pesquisa de caráter etnográfico e registramos (na forma

escrita e em áudio) as suas atividades no laboratório. O documento foi produzido em

várias etapas e versões, às quais tivemos acesso, que conduziram à produção do

relatório final, o que nos permitiu conhecer o processo de produção do relatório e

viabilizou nosso trabalho de análise. Eduardo deu continuidade a um projeto de pesquisa

iniciado por outra aluna de IC, sendo que o relatório dessa serviu de base para o seu

texto, assim, verificamos as relações entre esse ―texto primeiro‖ e o relatório de

Eduardo. Em nossa análise, identificamos a presença dos três tipos de repetições, nas

diferentes seções do relatório, incluindo a repetição histórica que sugere o

posicionamento do aluno enquanto autor. De maneira geral acreditamos que mesmo

tendo copiado algumas partes do relatório da bolsista anterior, pelo funcionamento da

repetição formal, o aluno compreendeu a maior parte do texto e operou com a gramática

de forma a aprimorar a redação do relatório. Nos trechos em que observamos a repetição

histórica, percebemos o desenvolvimento da compreensão do tema de pesquisa e da

autonomia do aluno, ao escrever os trechos de forma livre, mas trazendo pela via da

memória discursiva, informações corretas e específicas para sua pesquisa. A partir das

correções que o co-orientador fez no texto percebemos o sucesso do aluno nas operações

descritas. Na nossa análise, destacamos, ainda, a distinção entre deslocamentos de

sentidos que não apontavam para o sentido original do texto. Nossa preocupação se

apóia na própria constituição do discurso científico que não permite abertura para a

inserção de novos sentidos. Desta forma, consideramos que apesar de nem sempre

deslocar o ―já-dito‖, o aluno se manteve atrelado às regras do discurso científico, o que

sugere a apropriação da linguagem científica, dada, essencialmente, pela experiência da

prática da pesquisa vivenciada diariamente no laboratório. Encontramos ao longo da

análise marcas que sugerem e confirmam nossa conclusão.

LÍRICA TUPI DE ANCHIETA

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Fernanda Regina MISTIERI (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Cristina Martins FARGETTI

A pesquisa focaliza-se na lírica tupi de Anchieta, discutindo a possibilidade de

análise do acento via métrica adotada pelo autor. Da sua antologia poética, 18 poesias

foram escritas inteiramente em língua tupi, dentre as quais destacamos para análise aqui

a ―Cantiga por ‗O sem ventura‘ a Nossa Senhora‖ e ―Dos Mistérios do rosário de Nossa

Senhora‖. Na primeira, nos focamos em analisar as diferentes traduções já feitas e

propor uma outra possibilidade de tradução da mesma. Na segunda nos dedicamos aos

aspectos da língua tupi, como a acentuação e sílabas tônicas, que são bastante

explorados por Anchieta nessa composição. Para tanto, foi essencial adquirir uma visão

geral da língua tupi antiga (principalmente através de Navarro, 2006a, 2006b) iniciando

nossos estudos na área de lingüística indígena, nos familiarizando com textos que

descrevem e documentam línguas brasileiras. Obtivemos um conhecimento de fonética e

fonologia inicial (Cagliari, 2002, Silva, 2005), complementado por disciplinas cursadas na

graduação. Também pudemos observar como foi documentado o tupi antigo, língua

amplamente falada na costa do país na época da colonização, e que desapareceu,

deixando hoje como reflexo a ainda existente língua geral amazônica, o nheengatu,

objeto de estudo de vários pesquisadores atuais. Pudemos ver a produção anchietana na

língua tupi e lançar hipóteses sobre a sua estrutura prosódica através da observação da

métrica dos poemas (tipo de abordagem prevista em trabalhos como os de Massini-

Cagliari (1995), por exemplo, para o Português Arcaico). Contudo, para uma análise

adequada, precisamos contar com um estabelecimento confiável dos textos anchietanos

e por isso observamos várias edições dos mesmos (Anchieta, 1954, 1984, 2004),

conferindo, a princípio, as traduções também. Observamos divergências na transliteração

e na tradução feitas pelos diversos organizadores das edições. Uma delas (de 1954)

apresenta fac similes, contudo estão em forma reduzida, requerendo ampliação. O ideal

seria o trabalho com uma edição fac similar mais aprimorada, em termos gráficos, uma

vez que o acesso aos originais seria, para este momento, praticamente impossível, pois

se encontram na sede da Companhia de Jesus, em Roma, necessitando de aprovação

eclesiástica para sua manipulação. E, a partir do que foi já observado por nós,

percebemos a possibilidade de continuidade da pesquisa em projetos futuros.

O ASPECTO VERBAL EM JERÔNIMO SOARES BARBOSA (1822)

Alexandre Wesley TRINDADE (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientador: Luiz Carlos CAGLIARI

Este trabalho tem por objetivo apresentar pontos fundamentais da teoria sobre o

aspecto verbal em Jerônimo Soares Barbosa (1737-1816), expostos em sua Grammatica

Philosophica da Lingua Portugueza (1822). Utilizamos o método comparativo contrastivo

entre gramáticas normativas tradicionais do século XX e a citada gramática filosófica do

século XIX. Como ponto de partida, mostramos a conceitualização e categorização de

verbo apresentado nas gramáticas tradicionais, enfatizando a abordagem de seus

elementos constitutivos e terminologias adotadas. Na Grammatica Philosophica da Lingua

Portugueza, o autor privilegia o encadeamento dos elementos constitutivos da estrutura

do verbo na organização do discurso e introduz a noção de aspecto verbal destacando

seus princípios semânticos, morfológicos e sintáticos.

O LÉXICO NA PRODUÇÃO DE TEXTOS: UM ESTUDO ENUNCIATIVO

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Jacqueline JORENTE (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Letícia Marcondes REZENDE

Pautada na ―Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas‖, do lingüista

francês Antoine Culioli, nossa pesquisa de Mestrado estuda relações léxico-gramaticais

no processo de produção de significação em redações escolares. O objetivo que temos é

dar continuidade a estudos enunciativos focalizando o léxico, tal como desenvolvemos ao

longo do ano de 2007 em iniciação científica sobre a questão, a fim de por meio de tais

reflexões apresentarmos discussões voltadas ao ensino/aprendizagem de Língua

Portuguesa. Abordar o léxico a partir de uma perspectiva culioliana significa trabalhar

com o conceito de ―noção‖, colocando-se em um momento anterior a cristalizações. Tal

posicionamento aparece ligado a uma concepção de linguagem como forma de apreensão

do mundo pelo sujeito que se constrói mediada por fatores físico-culturais e mentais.

Para Culioli, a linguagem é uma atividade de construir representações, que são

referenciadas e reguladas. Na construção destas representações é que a ―noção‖ estaria,

permeando produções de significações que se dão sempre entre sujeitos enunciadores a

partir da relação destes com o mundo. Por meio de tal fundamentação teórica, no

trabalho que temos desenvolvido focamos especificamente construções tradicionalmente

classificadas como sinonímicas, selecionadas como ocorrências a partir das quais

discutimos a hipótese de que a construção lexical é delineada por relações léxico-

gramatical-discursivas. Tal perspectiva implica repensar os conceitos clássicos de

relações sinonímicas ou parafrásticas e vem confrontar-se com a visão tradicional acerca

do léxico, que geralmente é abordado como tendo um estatuto pleno na língua,

independentemente do contexto em que atua. O desenvolvimento das etapas iniciais de

nosso estudo tem nos mostrado a fundamental importância do contexto na produção de

significação, o que leva a uma discussão acerca da relevância de se adotar no ensino

uma abordagem lexical sob uma perspectiva enunciativa. Tal perspectiva implica propor

uma articulação entre questões léxico-gramaticais e produção/interpretação de textos, e,

desse modo, seria capaz de promover o desenvolvimento da capacidade discursiva dos

alunos, tais como os PCNs de Língua Portuguesa sugerem.

O OUTRO SUJEITO CONSTITUÍDO ATRAVÉS DA APRENDIZAGEM

DE UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA

Patrícia FALASCA (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Alessandra DEL RÉ

O presente trabalho insere-se em uma pesquisa mais ampla que pretende, entre

outras questões, tratar do processo de constituição de identidade/alteridade na fala da

criança pequena. Diante disso, esta pesquisa procurará cercar essa constituição da

subjetividade/identidade em indivíduos adultos, ao aprenderem uma língua estrangeira.

Para a realização desta pesquisa, parte-se da idéia de que uma língua não deve ser

concebida simplesmente como um instrumento utilizado na comunicação humana, mas

sim como um recorte de uma realidade específica, veículo de transmissão de uma visão

de mundo, intrinsecamente atrelada a uma cultura. Acredita-se, também, que é na

linguagem e através dela que o indivíduo se constitui como sujeito no mundo. É a partir

destas concepções que se faz possível afirmar que ―o eu da língua estrangeira não é,

jamais, completamente o da língua materna‖ (Revuz, 1998, p.225). Ao se confrontar

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com uma língua que não aquela na qual está inserido diariamente desde a infância, o

indivíduo é colocado em uma posição de deslocamento em relação à realidade recortada

por sua língua materna, tendo a necessidade, para se inserir e adaptar-se a esta nova

realidade que se configura, de desenvolver um outro sujeito, necessariamente diverso do

sujeito em língua materna. Como base teórica para o desenvolvimento desta pesquisa

são utilizados autores como Bakhtin (1990), Vigotski (2000), Bruner (1997) e Krashen

(1999, 2003), entre outros, para a formação dos conceitos básicos que se farão

presentes durante toda a discussão proposta. Objetiva-se, com este trabalho, buscar

marcas lingüísticas e não-lingüísticas (como elementos prosódicos, etc.), que

evidenciem, na fala de adultos aprendizes de uma língua estrangeira, o processo de

constituição de um outro sujeito emergente na linguagem, considerando o deslocamento

identitário causado pela inserção do indivíduo em uma língua que difere de sua língua

materna. O corpus utilizado na análise será obtido através de gravações de aulas

semanais de inglês como língua estrangeira em uma escola de idiomas, com uma turma

de dois alunos. As aulas serão gravadas durante um ano e, após a transcrição do

material obtido, esses dados serão submetidos à análise com base na teoria abordada e

discutida no trabalho. Serão realizadas, também, entrevistas com os aprendizes

participantes das gravações, que se darão antes de serem iniciadas as gravações e

depois do término das mesmas, totalizando duas entrevistas de cada aluno. Estas

entrevistas também farão parte dos documentos a serem analisados na pesquisa. Este

trabalho abre caminhos, também, para o entendimento de certas dificuldades

apresentadas por alunos ao aprenderem uma língua estrangeira.

PROCESSOS DE SÂNDI NO PORTUGUÊS ARCAICO: CANTIGAS DE SANTA MARIA.

Ana Carolina Freitas Gentil Almeida CANGEMI (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Gladis MASSINI-CAGLIARI

O objetivo desta pesquisa de Iniciação Científica é a análise do sistema vocálico

encontrado nas Cantigas de Santa Maria (CSM). Escritas em Português Arcaico (PA) e

conseqüentemente veículo de um grande número de processos característicos da língua

da época dos trovadores, as CSM serão estudadas a fim de observar, descrever e

analisar os processos de sândi vocálico externo. Elisão, ditongação e crase constituem

exemplos de encontros de vogais em juntura de palavra e o objetivo será interpretar tais

processos baseando-se nas teorias fonológicas não-lineares.

Em um primeiro momento serão mapeados os processos encontrados em uma

seleção de 20 entre as 420 cantigas religiosas em louvor da Virgem Maria para

posteriormente acrescentar as peças analisadas em um âmbito maior: um mosaico da

fonologia do Português na época dos trovadores, a partir de aspectos da Fonologia do

Português Arcaico (PA) vistos em várias dimensões – tanto na dimensão dos aspectos

segmentais quanto dos supra-segmentais.

Os resultados obtidos nesta etapa da pesquisa já nos mostram denominadores

quantitativos de alguns processos cujas ocorrências se destacam em comparação a

outros. Tem-se como exemplo o caso do processo de elisão, o qual compreende o

apagamento da vogal átona final da palavra quando a seguinte começar por vogal.

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PROCESSOS MORFOFOLÓGICOS DESENCADEADOS PELA FLEXÃO VERBAL NAS

CANTIGAS DE SANTA MARIA

Gisela Sequini FAVARO (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientadora: Gladis MASSINI-CAGLIARI

O objetivo deste painel é a análise de processos morfofonológicos desencadeados

pela flexão verbal em dois tempos específicos: pretérito perfeito e imperfeito do modo

indicativo. A análise, de cunho comparativo, focalizará formas verbais presentes em um

corpus do Português Arcaico (PA) e do Português Brasileiro (PB) atual. Escolhemos estes

dois tempos verbais, pois são as formas mais recorrentes entre os dados já coletados. O

corpus de base deste trabalho é constituído pelas Cantigas de Santa Maria (CSM), que

correspondem a um monumento literário de mais elaborada importância, ocupando um

lugar privilegiado na literatura medieval galego-portuguesa. São uma coleção de 420

cantigas religiosas em louvor da Virgem Maria, mandadas compilar pelo Rei Sábio de

Castela (Afonso X). A análise parte do mapeamento das formas verbais, a partir de

glossários e vocabulários relativos às Cantigas de Santa Maria. Em seguida, as formas

flexionadas são analisadas em seu próprio contexto, em cada ocorrência dos verbos

focalizados. Posteriormente, são realizadas as comparações entre a forma verbal

registrada nas CSM e a forma verbal do PB. O resultado obtido nesta etapa da pesquisa

consiste na observação das alomorfias recorrentes na flexão verbal dos tempos pretérito

perfeito e imperfeito do modo indicativo nos dois períodos relatados anteriormente.

Podemos notar que, nas formas do imperfeito, tanto no PA quanto no PB ocorrem

processos de alomorfia relacionados à neutralização, e à crase da vogal temática na

primeira pessoa do singular da 2ª e 3ª conjugação. Além disso, nas formas do perfeito,

verifica-se, na 1ª conjugação, a alteração do timbre da vogal temática, nas 1ª e 3ª

pessoas do singular. Nosso objetivo para o futuro é mapear todas as formas verbais nas

Cantigas de Santa Maria (CSM). A longo prazo pretende-se chegar a uma tabela com as

diferenças relativas à aplicação de processos desencadeados pela flexão verbal entre o

PA e o PB.

UMA APROXIMAÇÃO ENTRE NARRATIVAS ESOTÉRICAS E TEXTOS DE AUTO-

AJUDA: ABORDAGEM SEMIÓTICA

Levi Henrique MERENCIANO (UNESP-FCL-Araraquara)

Orientador: Arnaldo CORTINA

Este trabalho é fruto do projeto de Iniciação Científica ―A leitura no Brasil de 1975

a 1990‖. O seu propósito foi analisar, baseado na teoria semiótica greimasiana, os livros

de ficção mais vendidos no país, de 1975 a 1990, com vistas a reconstituir as

expectativas do leitor. A partir dos resultados obtidos nessa primeira pesquisa,

sustentamos a hipótese de que os livros de ficção mais vendidos de cada ano

incorporaram à sua organização discursiva, no decorrer dos anos 1970 e 1980,

elementos típicos dos textos místico-esotéricos e de auto-ajuda. Sugerimos que esse fato

deu ensejo, devido à grande procura por discursos mais intimistas, ao surgimento da

classificação ―auto-ajuda e esoterismo‖, nos rankings dos livros mais vendidos,

publicados pela revista Veja, a partir de 1997. Tendo em vista que, de acordo com

nossas análises, os textos de ficção mais vendidos passaram a veicular um conteúdo

místico-esotérico a partir dos anos 80 – construindo leituras mais subjetivas –

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acreditamos que os elementos vinculados a esse conteúdo (bruxaria, magia,

transcendência, espiritualismo, pensamento positivo, etc.) passaram a ser incorporados

aos textos de auto-ajuda, legando, dessa forma, uma tentativa de unir

autoconhecimento com teorias ocultistas ―pasteurizadas‖ para um público mais geral.

Tentamos estabelecer, a partir de tais constatações, as nuances e os entrecruzamentos

no que se refere à conjunção do ―misticismo-esoterismo-auto-ajuda‖, a fim de

descrevermos a organização e o funcionamento dos textos que fazem parte dessa

manifestação discursiva, classificados por Veja, nas suas listas semanais, como ―auto-

ajuda e esoterismo‖. Baseamos a construção de nosso corpus nessas listas, que

compõem o nosso objeto, com o intuito de observar a progressão, semana a semana,

dos mais vendidos, no decorrer dos anos de 1991 a 2006 (como continuação do projeto

da graduação). A partir delas, selecionamos os 20 (vinte) textos mais vendidos no

período em questão e examinamos o seu plano de conteúdo. Para o refinamento da

análise semiótica pretendida, baseamo-nos nas tipologias discursivas propostas por José

Luiz Fiorin, em seu texto Sobre as tipologias dos discursos. Nele, o autor afirma a

importância de elaborar tipologias específicas para os diferentes tipos de discurso – e não

classificá-los segundo gêneros normativos. Para tanto, é necessário observar a incidência

dos componentes dos níveis fundamental, narrativo e discursivo, do percurso gerativo de

sentido criado pela semiótica, a respeito dos quais podemos notar a relevância: dos tipos

de junção (textos conjuntivos ou disjuntivos); dos percursos dos actantes funcionais

(destinador-manipulador, destinatário-sujeito, destinador-julgador); dos procedimentos

de manipulação (sedução, tentação, intimidação, provocação); das fases da narrativa

(competência, manipulação, perfórmance e sanção); do objeto-valor (modal ou

descritivo); do predomínio de temas ou de figuras; da projeção do enunciador no

enunciado. De acordo com o artigo de Fiorin (Significação. Revista brasileira de

Semiótica. São Paulo, n. 8, p. 91-8, out. 1990), observa-se que um texto policial

privilegia a fase da perfórmance, por isso, valoriza o percurso da sanção, em que o

criminoso é julgado, enquanto um texto jornalístico sensacionalista expõe a fase da

competência e da perfórmance, ou seja, os meios para o acontecimento do fato e o

desenrolar da sua ação. Auto-ajuda e esoterismo, à maneira dos textos programadores

(manuais técnicos e bulas de remédio), tendem a privilegiar a fase da manipulação e da

competência, por isso, o percurso do destinador-manipulador contribui para que o seu

destinatário (o leitor), enquanto sujeito operador, adquira, primeiramente, um querer e

um dever-fazer, a fim de que saiba e possa adquirir o conhecimento específico, doado

pelo livro enquanto um objeto-valor de natureza cognitiva. Concluímos até o momento

que a maioria dos textos examinados incidem sobre os seguintes componentes: na

conjunção; no percurso do destinador-manipulador, na fase da manipulação, em objetos-

valor modais e descritivos essenciais; no enunciador e enunciatário explícitos; em uma

organização discursiva tão temática quanto figurativa.