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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SISTEMÁTICA E EVOLUÇÃO
PEIXES DE ÁGUA DOCE DAS BACIAS COSTEIRAS NO DOMÍNIO
DA MATA ATLÂNTICA NA ECORREGIÃO HIDROGRÁFICA DO
NORDESTE MÉDIO-ORIENTAL
________________________________________________
Dissertação de Mestrado
Natal/RN, agosto de 2017
RONEY EMANUEL COSTA DE PAIVA
RONEY EMANUEL COSTA DE PAIVA
Peixes de água doce das bacias costeiras no domínio da Mata Atlântica na
Ecorregião Hidrográfica do Nordeste Médio-Oriental
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Sistemática e
Evolução da Universidade Federal de Rio
Grande do Norte como requisito parcial para
obtenção de título de mestre.
Orientador: Dr. Sergio Maia Queiroz Lima
Co-orientador: Dr. Telton Pedro Anselmo Ramos
Natal – RN
Agosto de 2017
Paiva, Roney Emanuel Costa de. Peixes de água doce das bacias costeiras no domínio da MataAtlântica na Ecorregião Hidrográfica do Nordeste Médio-Oriental/ Roney Emanuel Costa de Paiva. - Natal, 2017. 68 f.: il.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grandedo Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-Graduação emSistemática e Evolução. Orientador: Prof. Dr. Sergio Maia Queiroz Lima. Coorientador: Prof. Dr. Telton Pedro Anselmo Ramos.
1. Ictiofauna continental - Dissertação. 2. Endemismo -Dissertação. 3. Riqueza de espécies - Dissertação. 4. Nordestedo Brasil - Dissertação. 5. Bacias costeiras - Dissertação. I.Lima, Sergio Maia Queiroz. II. Ramos, Telton Pedro Anselmo. III.Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.
RN/UF/BSE-CB CDU 639.2
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNSistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - Centro de Biociências - CB
RONEY EMANUEL COSTA DE PAIVA
Peixes de água doce das bacias costeiras no domínio da Mata Atlântica na
ecorregião hidrográfica do Nordeste Médio-Oriental
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Sistemática e
Evolução da Universidade Federal de Rio
Grande do Norte como requisito parcial para
obtenção de título de mestre.
Orientador: Sergio Maia Queiroz Lima
Co-orientador: Telton Pedro Anselmo Ramos
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________________
Dr. Sergio Maia Queiroz Lima
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Orientador
______________________________________________________________________
Dr. Eduardo Martins Venticinque
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
______________________________________________________________________
Dr. Ricardo de Souza Rosa
Universidade Federal da Paraíba
Natal – RN
Agosto de 2017
Dedico este trabalho à Cinedina de
Paiva e Gilson Peireira de Paiva (in
memorian), meus únicos Deuses.
AGRADECIMENTOS
Em primeiríssimo lugar, minha Mãe, o principal e único motivo (não ausente de culpa)
da minha existência neste mundo. Por acreditar e apoiar todos os meus objetivos, por mais
loucos e mirabolantes que eles sejam, pelos incentivos, pelos ensinamentos, além de ser
minha fonte principal de superação e exemplo, mesmo quando as mais diversas variáveis
externas e internas convergem contra o “cara”. Dentre estas, a famosa e bendita
desistência que “bateu na minha porta” por diversas vezes desde do início desta saga até
hoje.
Ao meu Pai (in memoriam), fisicamente ausente, por ser (sempre será) meu maior
exemplo de honestidade. Assim lembrando, quando ouço de BNegão & Os Seletores de
Frequência: “...na real, a gente é como o Sol. Não nasce nem morre, só sai do campo de
visão normal, e como ele, energia eterna...”
Aos os meus irmãos e amigos Keyte, Higor e Eric pelo apoio, mais que familiar, seja
ele direto ou indireto nesta empreitada, como em outras desta vida. Além de serem os
únicos que compreendem (por vezes) o que se passar pela minha cabeça, mesmo eu sendo
um ser fechado e de opiniões ríspidas, que exponho quando me convém.
Ao meu sobrinho Arthur, por ser fonte de alegria, inocência e “munganguice”
geneticamente adquirida e aguçada através do convívio com os seres que frequentam
nosso núcleo familiar, ou seja, nós mesmos.
À Laura Moreno, por me aturar, pelo companheirismo, compreensão (às vezes) dos
meus estresses, incentivos e crença na minha pessoa.
Ao meu amigo e orientador Sergio Lima, pela confiança desde a época em que eu era
IC, por compreender o que se passa na cabeça de um aluno, pelas ideias trocadas, pelos
incentivos, sejam eles acadêmicos ou da vida.
Ao meu co-orientador Telton Ramos pelas informações necessárias sobre sistemática
e taxonomia das espécies envolvidas neste trabalho.
Ao Pablo Martinez pela paciência, informações biogeográficas e pela oportunidade
para conhecer mais e discutir sobre os dados no I Workshop em Macroecologia e
macroevolução (Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão - SE, abril de 2017).
Ao quadro de seres classificados como humanos, colegas e amigos, um comboio de
“panca e rafamé”, que fazem parte do Laboratório de Ictiologia Sistemática e Evolutiva
(LISE) e Grupo de Estudos de Ecologia e Fisiologia de Animias Aquático (GEEFAA),
bem como os agregado: pelo apoio direto ou indireto, ajuda nos dados, dicas, ideias
trocadas, levantamento de hipóteses, sejam estas relacionadas ao(s) trabalho(s) ou
qualquer coisa aleatória de um universo paralelo que é visitado constantemente por alguns
de nós. Além das biritas, “risadagens” e presepadas sem fim. Segue a lista dos seres: Ana
Bennemann, Bruna Figueiredo, Carlos Alencar, Carol Xavier, Carol Puppan, Márcio
Silva, Flávia Petean, Isabela Alves, Janaína Gomes, Lucas Medeiros, Luciano Neto,
Mateus Germano, Matheus Arthur, Miguel Neto, Nathalia Kaluana, Sávio Arcanjo, Silvia
Yasmin, Thaís Araújo, Valéria Vale, Waldir Berbel-Filho. Se esqueci alguém...
Paciência!
Ao amigo Luan Sans Terre (o Rasta) pelo apoio, rolés de “camelo” nas ruas de Natal,
pelas biritas, pelas presepadas e risadas.
Aos amigos de longas datas e aos novos que me incentivaram.
Ao Professor Jorge Lins por me aceitar como bolsista em seu projeto da Agência
Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
À Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis pelo fomento da
minha bolsa de mestrado.
Ao professor Bruno Bellini e Helder Espírito Santo, por participarem da banca de
qualificação, pelas sugestões e ideias para melhoria deste trabalho. Acho que deu certo.
Ao meu filho e cachorro, Piaba Demônio de Paiva, por me fazer companhia, mesmo
destruindo objetos, me acordando às 04h30min pedindo comida, por me ouvir e parecer
compreender (me deixando muito feliz), morder meus pés, comer fezes de outros animais
sem o meu consentimento e por me desobedecer na maioria das vezes.
À Zeus (in memoriam) por ser o melhor cachorro que nossa família já teve e
permanecer em nossas lembranças.
Às bebidas alcóolicas de diversas categorias e origem suspeita e duvidosa.
Aos bares espalhados por Natal e principalmente aos próximos à UFRN e minhas
moradias, por serem uma zona de fuga mental, física e espiritual (nas vezes que o santo
baixou). Segue a lista: Churrasquinho do Pedrão, Bar do Thomas, Sabor Diferente, Bar
do Lucas, Espetinho do Chicão, Morre em Pé, Cigarreira Santa Cecília, Bar do Litrão,
Amarelinho, Passarela do Via Direta, dentre outras localidade e ambientes semelhantes
que frequentei durante essa trajetória.
Às novas habilidades, Capoeira de Angola, berimbau e pessoas que conheci
recentemente.
À cafeína, mais que apenas uma droga e sim alimento, estimulante e despertador.
À música regional brasileira, à música pernambucana, ao Coco, Maracatu, Afoxé, ao
Rock, ao Rap, ao Reggae... Por completar os meus dias e fazerem parte do meu bom nível
de informação.
Aos carnavais da vida, Olinda e Recife.
À ictiofauna, aos rios, pontes e riachos.
Aqueles ou aquilo que esqueci. Peço mil desculpas.
Um muito obrigado!
RESUMO
A Mata Atlântica é uma das florestas mais ameaçadas do mundo e classificada como um
dos hotspots de biodiversidade, por apresentar elevadas taxas de riqueza e endemismo.
No entanto, existem divergências quanto ao grau de conhecimento, que varia entre grupos
taxonômicos e entre regiões geográficas. Estudos apontaram que levantamentos
ictiofaunísticos devem ser conduzidos com urgência nas bacias que drenam a Mata
Atlântica do Nordeste do Brasil, devido às ameaças que os corpos d’água estão sujeitos,
provocadas pelos impactos decorrentes das ações humanas. O conhecimento da ictiofauna
da ecorregião hidrográfica do Nordeste Médio-Oriental (NEMO), que abrange as bacias
entre os rios Parnaíba e São Francisco, é considerado parcial e pontual, com algumas
bacias sob influência da Mata Atlântica negligenciadas. O objetivo principal do presente
estudo foi analisar a riqueza e composição das espécies de peixes de água doce das bacias
sob influência da Mata Atlântica no NEMO, através de compilações realizadas em bancos
de dados online e registros em coleções ictiológicas de instituições da região (UFPB e
UFRN). Embora seja discutida a delimitação de espécies de peixes restritas ao domínio
da Mata Atlântica, o presente estudo definiu como recorte para avaliação, somente as
bacias que se encontram total ou parcialmente inseridas neste domínio. Foram registradas
57 espécies de peixes de água doce, em 43 gêneros, 19 famílias e seis ordens, onde nove
(9) espécies consideradas nativas foram registradas apenas nos domínios da Mata
Atlântica e quatro nos limites da Caatinga, o restante (n=34) é compartilhado em ambos
os domínios. Foram listadas também as espécies endêmicas da ecorregião (n=9),
ameaçadas (n=1) e não-nativas (n=9). A bacia do rio Paraíba do Norte, a maior dentre as
bacias estudadas, apresentou maior riqueza de espécies de peixes (n=33). O trabalho
também apresenta uma lista de Unidades de Conservação que foram contabilizadas na
porção leste do NEMO, além de quantas e quais espécies foram registradas nestas. O
estudo também revela padrões na composição de espécies nas diferentes drenagens, sejam
elas microbacias ou bacias de pequeno à médio porte, indicando também lacunas
amostrais existentes nestas. Os resultados elevam a riqueza em 39 espécies de peixes
continentais conhecidas para a Mata Atlântica, e compara dados um estudo que abrangia
mais a ictiofauna situada ao sul da foz do rio São Francisco, resultando em uma nova
expectativa para a fauna de peixes da região.
Palavras-chave: ictiofauna continental, endemismo, riqueza de espécies, nordeste do
Brasil, bacias costeiras.
ABSTRACT
One of the most threatened woodlands in the world is the Atlantic Forest, which is
classified as a biodiversity hotspot since it presents high levels of species richness and
endemism. However, our knowledge level is variable with regards to taxonomic groups
and geographic regions. Fishes freshwater status of the art has pointed that ichthyofaunal
inventories should be immediately managed in Northeastern Brazilian Atlantic Forest
basins due to impacts of human actions. Ichthyofaunal knowledge of the Mid-
Northeastern Caatinga ecoregion (MNCE), which encompasses the basins between
Parnaíba and São Francisco rivers, is considered to be partial with only a few studies
concerning fishes, in the areas under influence of the Atlantic Forest. This ecoregion is
chiefly under the effects of Caatinga, but the drainages that flow into the east coast are
partially or completely inserted in the Atlantic Forest domain. Therefore, the aim of this
research is to define the richness of freshwater fish species of the basins that drain the
MNCE. Within these drainages there were recorded 57 species of freshwater fishes in 43
genera, 19 families, and six orders; 10 native species were recorded only in Atlantic
Forest domains, and five within Caatinga limits. The remaining (n=43) are shared
between both biomes. There are also listed species that are endemic to the ecoregion
(n=9), threatened (n=1), and non-native (n=9). Paraíba do Norte river basin, the largest
among the studied ones, showed the highest species number. This inquiry also presents a
list of protected species in conservation units in MNCE. The study also shows patterns in
the composition of species in the different drainages, be they microbasins, small and
medium basins, also indicating sample gaps in these. The results raise the continental fish
species richness to 39 in the Atlantic Forest, which encompassed mainly the ichthyofauna
southern to São Francisco river.
Key words: continental ichthyofauna, endemism, species richness, Brazilian northeast,
coastal rivers.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
1.2. Mata Atlântica: aspectos gerais e ameaças ...................................................... 14
1.2. Hidrografia, região e conhecimento ictiofaunístico ........................................... 15
1.3.Peixes de água doce no domínio da Mata Atlântica .......................................... 21
2. OBJETIVOS ............................................................................................................................... 24
2.1. Objetivo geral ........................................................................................................................... 24
2.2. Objetivos específicos ............................................................................................... 24
3. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 25
3.1. Área do estudo ...................................................................................................... 25
3.2. Compilação, checagem e preparação dos dados....................................... 28
3.3. Estado de conservação das espécies e UCs...................................................... 29
3.4. Análise de dados ................................................................................... ............... 29
4. RESULTADOS .................................................................................................... 33
4.1. Registros, composição e riqueza de espécies .............................................. 33
4.2. Unidades de Conservação e estado de conservação das espécies ......................... 43
5. DISCUSSÃO .................................................. ................................................... 48
6. CONCLUSÕES ............................................................................................................. 55
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 56
8. ANEXO ................................................................................................................................... 64
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Exemplo de riachos da Mata Atlântica situados ao norte do rio São
Francisco: 1 - bacia do Rio Punaú) e 2 - microbacia do rio Pratagi, ambos
no Rio Grande do Norte. ............................................................................. 17
Figura 2 – Regiões hidrográficas da Caatinga. Retirado de Rosa et al. 2003. ............. 19
Figura 3 – Bacia hidrográfica do rio Paraíba do Norte – PB nas estações de chuva e
seca, respetivamente. .................................................................................. 20
Figura 4 – Bacias e microbacias costeiras no domínio da Mata Atlântica na porção
leste da Ecorregião Hidrográfica do Nordeste Médio-Oriental. ................. 25
Figura 5 – Bacias costeiras do estado do Rio Grande do Norte. LLED - Faixa
Litorânea Leste de Escoamento Difuso. Adaptado de IGARN 2009. ........ 26
Figura 6 – Grupos de pequenos rios litorâneos do estado de Pernambuco. Adaptado
de SRHEPE 2006. ....................................................................................... 27
Figura 7 – Registros de peixes de água doce e localização das bacias e microbacias
costeiras na porção leste da ecorregião hidrográfica do Nordeste Médio-
Oriental. Bacias: 1-37 (1 - Boqueirão, 2 - Punaú, 3 - Maxaranguape, 4 –
Pratagi*, 5 - Ceará-Mirim, 6 – Doce, 7 - Potengi, 8 - Pirangi, 9 – Boacica*,
10 - Trairi, 11 - Jacú, 12 - Catu, 13 - Curimataú, 14 - Camaratuba, 15 -
Mamanguape, 16 - Mirim, 17 - Paraíba do Norte, 18 - Gramame, 19 -
Abiaí, 20 - Goiana, 21 - Itapessoca*, 22 – Utinga*, 23 - Capibaribe, 24 –
Jaboatão*, 25 - Ipojuca, 26 - Sirinhaém, 27 - Dos Gatos*, 28 – União*, 29
– Saltinho*, 30 - Una, 31 - Manguaba, 32 - Prataji, 33 - Mundaú, 34 -
Paraíba do Meio, 35 - Complexo Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba
(CELMM), 36 - São Miguel e 37 - Coruripe); * - microbacias.
..................................................................................................................... 31
Figura 8 – Registros de peixes de água doce em unidades de conservação nas bacias
e microbacias costeiras na porção leste da ecorregião hidrográfica do
Nordeste Médio-Oriental. UCs: A-X (A - APA de Jenipabu, B - APA
Bonfim/Guaraíra, C - Flona de Nísia Floresta, D - APA Piriqui-Una, E -
ARIE da Barra do Rio Camaratuba, F - Rebio Guaribas, G - APA Barra
do Rio Mamanguape, H - ARIE Foz do Rio Mamanguape, I - Flona da
Restinga de Cabedelo, J - Resex Acaú-Goiana, K - ESEC de Caetés, L -
PE de Dois Irmãos, M - APA de Sirinhaém, N - Rebio de Saltinho, O -
APA Costa dos Corais, P - APA de Murici, Q - ESEC de Murici, R - Rebio
de Serra Talhada, S - APA do Pratagy, T - APA do Catolé e Fernão Velho,
U - APA de Santa Rita, V - Resex Lagoa do Jequiá, W - APA da Marituba
do Peixe, X - APA de Piçabuçu). .................................................................
346
565
666
565
656
565
656
532
Figura 9 – Registros de peixes de água doce nos domínios da Caatinga e Mata
Atlânticas, das bacias e microbacias costeiras na porção leste da ecorregião
hidrográfica do Nordeste Médio-Oriental....................................................
34
Figura 10 – Algumas espécies de peixes de água doce das bacias costeiras da porção
leste do NEMO. 1 - Characidium bimaculatum; 2 - Hoplerythrinus
unitaeniatus; 3 - Apareiodon davisi; 4 - Metynnis lippincottianus; 5 -
Nannostomus beckfordi; 6 - Triportheus signatus; 7 - Cheirodon
jaguaribensis; 8 - Hemigrammus unilineatus; 9 - Phenacogaster calverti;
10 - Psellogrammus kennedyi; 11 - Serrapinnus potiguar; 12 - Pimelodella
enochi; 13 - Aspidoras depinnai; 14 - Hypostomus pusarum; 15 -
Parotocinclus aff. cearensis; 16 - Parotocinclus cesarpintoi; 17 -
Parotocinclus spilosoma; 18 - Parotocinclus sp.; 19 - Kryptolebias
hermaphroditus; 20 - Pamphorichthys hollandi. Espécies introduzidas: 21
- Poecilia reticulata; 22 - Astronotus ocellatus; 23 - Cichla sp.; 24 -
Coptodon rendalli; 25 - Laetacara curviceps; 26 - Oreochromis niloticus);
27 - Parachromis managuensis. .................................................................. 41
Figura 11 – Dendrograma de similaridade entre bacias e microbacias costeira da
porção leste do NEMO, como os dados de presença e ausência das
espécies. ...................................................................................................... 45
Figura 12 – Mapa da porção leste do NEMO com dendrograma de similaridade da
riqueza de peixes de água doce entre bacias e microbacias costeiras
separado por grupos (G1, G2, G3 e G4). Registros na Mata Atlântica
(círculos brancos) e registros na Caatinga (círculos amarelos). ................... 46
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Dados das bacias hidrográficas sob influência da Mata Atlântica na
ecorregião do Nordeste Médio-Oriental (NEMO) com registro de espécies
de peixes de água doce. ID - localização da bacia no mapa (Figura 3); UF –
Unidade Federativa; RN – Rio Grande do Norte; PB – Paraíba; PE –
Pernambuco; AL – Alagoas; CELMM - Complexo Estuarino Lagunar
Mundaú/Manguaba; ANA – Agência Nacional de Águas; MMA –
Ministério do Meio Ambiente; MA – Mata Atlântica; UC – Unidade de
Conservação; NEMO – número de espécies endêmicas da ecorregião; NAT
– nativas; INT – introduzidas; “-“ - sem informação. .....................................
35
Tabela 2 – Lista de espécies de peixes de água doce registradas nas bacias hidrográficas
sob influência da Mata Atlântica na ecorregião do Nordeste Médio-Oriental
(NEMO) e em Unidades de Conservação. Bacias: 1-37 (1 - Boqueirão, 2 -
Punaú, 3 - Maxaranguape, 4 - Pratagi, 5 - Ceará-Mirim, 6 – Doce, 7 -
Potengi, 8 - Pirangi, 9 - Boacica, 10 - Trairi, 11 - Jacú, 12 - Catu, 13 -
Curimataú, 14 - Camaratuba, 15 - Mamanguape, 16 - Mirirm, 17 - Paraíba
do Norte, 18 - Gramame, 19 - Abiaí, 20 - Goiana, 21 - Itapessoca, 22 -
Utinga, 23 - Capibaribe, 24 - Jaboatão, 25 - Ipojuca, 26 - Sirinhaém, 27 -
Dos Gatos, 28 - União, 29 - Saltinho, 30 - Una, 31 - Manguaba, 32 - Prataji,
33 - Mundaú, 34 - Paraíba do Meio, 35 - Complexo Estuarino Lagunar
Mundaú-Manguaba (CELMM), 36 - São Miguel e 37 - Coruripe); Unidades
de Conservação (UCs): A - APA de Jenipabu, B - APA Bonfim/Guaraíras,
D - APA Piquiri-Una, F - REBIO Guaribas, G - APA Barra do Rio
Mamanguape, L – PE de Dois Irmãos, P - APA de Murucí, S – APA do
Pratagy, T - APA do Catolé e Fernão Velho, U - APA de Santa Rita; * -
Espécies presentes na lista de peixes da Mata Atlântica (Menezes et al.
2007); NA – nativa; DD – dados deficientes; EP – em perigo; IN –
introduzida; QA – quase ameaçada; ND – não descrita; NEMO – espécies
endêmicas do NEMO; CAA – Caatinga; MAT – Mata Atlântica. .................. 38
Tabela 3 – Informações gerais sobre as bacias Área da bacia (km²); Porcentagem de
área da bacia nos limites da Mata Atlântica (%MA); Unidade Federativa
(UF); CELMM - Complexo Estuarino Lagunar Mundaú/Manguaba; NEMO
– número de espécies endêmicas da ecorregião; UF – Unidade Federativa;
RN – Rio Grande do Norte; PB – Paraíba; PE – Pernambuco; AL – Alagoas;
“-“ - sem informação. ..................................................................................... 45
Tabela 4 – Dados das Unidades de Conservação na área Mata Atlântica da ecorregião
do Nordeste Médio-Oriental. ID - localização da UC no mapa (Figura 3);
UF – Unidade Federativa; RN – Rio Grande do Norte; PB – Paraíba; PE –
Pernambuco; AL – Alagoas; US – Uso sustentável; PI – Proteção integral;
NEMO – número de espécies endêmicas da ecorregião; “-“ - sem
informação. .................................................................................................... 47
ANEXO
Anexo – Valores de similaridade de Jaccard para as bacias e microbacias costeiras
da porção leste da ecorregião hidrográfica do Nordeste Médio-Oriental,
gerada através dos dados de presença e ausências das espécies nativas de
peixes de água doce registradas. Bacias: 1 - Boqueirão, 2 - Punaú, 3 -
Maxaranguape, 4 - Pratagi, 5 - Ceará-Mirim, 6 – Doce, 7 - Potengi, 8 -
Pirangi, 9 - Boacica, 10 - Trairi, 11 - Jacú, 12 - Catu, 13 - Curimataú, 14 -
Camaratuba, 15 - Mamanguape, 16 - Mirirm, 17 - Paraíba do Norte, 18 -
Gramame, 19 - Abiaí, 20 - Goiana, 21 - Itapessoca, 22 - Utinga, 23 -
Capibaribe, 24 - Jaboatão, 25 - Ipojuca, 26 - Sirinhaém, 27 - Dos gatos, 28
- União, 29 - Saltinho, 30 - Una, 31 - Manguaba, 32 - Prataji, 33 - Mundaú,
34 - Paraíba do Meio, 35 - Complexo Estuarino Lagunar Mundaú-
Manguaba (CELMM), 36 - São Miguel e 37 – Coruripe. ...............................
69
14
1. INTRODUÇÃO
1.2. Mata Atlântica: aspectos gerais e ameaças
O domínio fitogeográfico da Mata Atlântica apresenta seus limites no litoral brasileiro
desde o estado do Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, com áreas mais largas e
interioranas em alguns trechos e restritas à uma estreita porção costeira em outros (Menezes et
al. 2007), compondo uma grande área heterogênea que abrange aproximadamente 17% do
território brasileiro (Metzger 2009). Anteriormente, a Mata Atlântica abrangia uma área de
aproximadamente 1.450.000 km², sendo uma das maiores florestas tropicais do mundo e a
segunda mais expressiva da América do Sul (Ribeiro et al. 2009; Miranda 2012).
Desde a colonização europeia em 1500, a Mata Atlântica é desmatada, fragmentada, e
tendo sua paisagem substituída por pastagens, plantações, indústrias e centros urbanos, além
da extração de diversos produtos naturais (Joly et al. 2014). Os casos mais emblemáticos dos
processos de alteração da paisagem da Mata Atlântica são a extração do pau-brasil iniciada no
século XVI e a introdução da cana-de-açúcar no século XVII. Esta segunda atividade foi mais
difundida na região Nordeste, se estendendo até os dias atuais (Metzger 2009). Nos limites da
Mata Atlântica, habitam mais de 150 milhões de pessoas nas mais antigas áreas urbanas do
Brasil (Abilhoa et al. 2011) e o crescimento da população humana, nos últimos séculos
compromete a integridade ecossistêmica deste domínio (Silva and Casteleti 2005), bem como
a diversidade biológica ali existente.
Atualmente o domínio da Mata Atlântica é constituído por um aglomerado de fragmentos
florestais que estão ameaçados por diversos tipos de perturbações antrópicas, cujos corpos
d’água ficam sujeitos a degradação causada pela da vegetação ripária, poluição, introdução de
espécies exóticas, barramentos, dentre outras (Miranda 2012). Além disso, o desmatamento,
que contribui para o assoreamento, além aporte de efluentes urbanos, rurais e industriais
(Casatti et al. 2012).
Em decorrência das diversas pressões antrópicas, estima-se que existam apenas 8,5%
destes fragmentos remanescentes com áreas acima de 100 km² (SOS Mata Atlântica 2017),
portanto, a Mata Atlântica é classificada como uma das florestas tropicais mais ameaçadas do
Mundo (Metzger 2009). Por tais motivos é atualmente listada como um hotspot de
biodiversidade do planeta (Myers et al. 2000), resultado da grande taxa de riqueza e endemismo
de diversos grupos de espécies (singularidade biogeográfica), bem como redução de mais de
70% de sua área original (Malabarba 2006).
15
Com mais de 20 mil espécies conhecidas que incluem plantas, mamíferos, aves, anfíbios,
répteis, além das espécies ainda não descritas (Ribeiro et al. 2009), os argumentos para
conservação deste domínio estão associados, em sua maioria, à diversidade de plantas e
vertebrados terrestres, ou seja, grupos mais conhecidos (Malabarba 2006), a diversidade de
peixes de água doce dos rios e riachos da Mata Atlântica ainda é pouco conhecida. De uma
maneira geral há um desconhecimento acerca da diversidade de peixes de pequenos rios e
riachos em parte devido aos próprios ictiólogos (Menezes et al. 2007), a falta de interesse
público, limitações de recurso e dificuldades no acesso as mais diversas localidades como:
nascentes, riachos de cavernas, corredeiras dentre outros (Oyakawa et al. 2006). Além disso,
diversas bacias não estão vinculadas ao domínio fitogeográficos, bem como a falta de estudos
focados aos domínios podem contribuir também para o baixo conhecimento.
Estimativas atuais sobre a diversidade de espécies de peixes de água doce na América do
Sul e Central podem exceder o número de 7.000 espécies ou representar 10% de todas as
espécies de vertebrados na Terra (Albert & Reis 2011). Para Brasil, mais de 2.500 espécies
estão válidas, e onde o número de espécies descritas em rios e riachos da Mata Atlântica
aumentou na última década (Miranda 2012).
1.2. Hidrografia, região e conhecimento ictiofaunístico
As bacias costeiras do leste do Brasil, que estão sobre influência da Mata Atlântica, são
conhecidas pelo elevado grau de endemismo ictiofaunístico à níveis de gêneros e espécies,
resultado do isolamento geográfico entre as bacias que propicia a especiação alopátrica
(Camelier & Zanata 2014). Embora a água doce apresente extremo valor para o consumo
humano, os estudos das comunidades aquáticas aumentaram apenas nas últimas décadas
(Barreto & Aranha 2005). De forma geral, os cuidados para conservação do ambiente aquático
na Mata Atlântica têm sido negligenciados na literatura, inclusive do grupo taxonômico mais
conspícuos, os peixes (Menezes et al. 2007), fazendo com que a diversidade ali presente, passe
despercebida.
Considerando as divisões do domínio da Mata Atlântica em oito centros de endemismo
de unidades biogeográficas básicas (Campanili & Prochnow 2006), a sub-região Pernambuco
ou Centro de Endemismo Pernambuco, que abrange toda a porção do domínio ao norte do São
Francisco, apresenta bacias costeiras que possuem características de pequena vazão e pouca
extensão em seus corpos d’água (MMA 2006). Esta sub-região é classificada como a mais
ameaçada da Mata Atlântica, apresentando pequenos remanescentes florestais que se encontram
bastante fragmentados, além disso, a fauna e flora estão criticamente ameaçadas (Silva &
16
Casteleti 2005; Campanili & Prochnow 2006; Maciel 2011). Algumas destas bacias de pequeno
porte ou microbacias com águas cristalinas, margeadas por dunas e remanescentes florestais
(Paiva et al. 2014), apresentam uma heterogeneidade ambiental relativamente alta, resultando
em uma variedade de microhabitats aquáticos (Serra et al. 2005; Menezes et al. 2007)
disponíveis para abrigar diferentes espécies (Figura 1), podendo abrigar uma riqueza
considerável de espécies, quando comparadas com as bacias maiores e adjacentes (Súarez 2008;
Paiva et al. 2014). Os riachos de Mata Atlântica apresentam uma alta riqueza espécies de
peixes, com estimativas de mais de 260 (Abilhoa et al. 2011).
17
Figura 1 – Exemplo de riachos da Mata Atlântica situados ao norte do rio São
Francisco: 1 - bacia do Rio Punaú) e 2 - microbacia do rio Pratagi, ambos no Rio
Grande do Norte.
1
2
18
No Nordeste do Brasil, onde o domínio da Caatinga é predominante, o clima semiárido
é caracterizado pela irregularidade de chuvas e elevada evaporação da água, que junto com a
impermeabilidade do solo cristalino e o escoamento superficial das águas é responsável pela
intermitência de diversos rios (Rosa et al. 2003) (Figura 3). Porém, na faixa litorânea, que limita
o domínio Caatinga, entre os estados do Rio Grande do Norte e Alagoas, as chuvas são mais
abundantes nas encostas das serras, zona dos tabuleiros e na baixada litorânea, que mantêm
alguns rios perenes principalmente nos trechos próximo ao mar (Santos 1962). Esta faixa recebe
maior volume de chuvas que as áreas mais interioranas, exibindo uma precipitação média anual
que varia entre 500 a 1900 mm, onde o regime intermitente é substituído por regimes torrenciais
(Rosa et al. 2003; CPRM 2016).
A sub-região Pernambuco da Mata Atlântica, no extremo norte do domínio, está inserida
na ecorregião hidrográfica do Nordeste Médio Oriental (NEMO), que abrange as drenagens
entre os rios São Francisco e Parnaíba (Rosa 2004), e foi apontada com uma lacuna de
conhecimento da ictiofauna mundial (Lévêque et al. 2008). O NEMO é composto por bacias de
pequeno à médio porte (Rosa 2004), além de microbacias costeiras que apresentam poucos
quilômetros de extensão. Esta ecorregião possui uma área de aproximadamente 287.000 km² e
suas bacias são caracterizadas por apresentarem pequenas áreas e pouca vazão nos corpos de
água (ANA 2016a), tendo como principais bacias os rios Jaguaribe, Piranhas-Açu, Paraíba do
Norte, Capibaribe e Ipojuca (Rosa 2004) (Figura 2).
Ainda que alguns pesquisadores tenham feito alguns estudos com peixes nas bacias
hidrográficas do nordeste do Brasil desde o século XVI (Canan 2011), registrando e
descrevendo espécies, os esforços foram pontuais e expressivos apenas para grupos de peixes
de maior porte, principalmente dos rios São Francisco e Parnaíba, em detrimento das drenagens
menores e os peixes de pequeno porte (Ramos et al. 2005). Entretanto, alguns destes trabalhos
apresentam problemas taxonômicos, como sinonímias ou identificações incorretas (Rosa 2004).
19
Figura 2 – Regiões hidrográficas da Caatinga. Retirado de Rosa et al. 2003.
20
Figura 3 – Bacia hidrográfica do rio Paraíba do Norte – PB nas estações de chuva e seca, respetivamente.
21
Os trabalhos mais representativos, que envolvem espécies de peixes de água doce das
bacias hidrográficas do NEMO, são as compilações de dados realizados por Rosa (2004) e Rosa
e et al. (2003). Estes trabalhos apresentam dados de bacias com trechos no domínio da Caatiga.
O trabalho proposto por Rosa (2004) indica o número de espécies registrado em nove bacias
(Acaraú, Ceará-Mirim, Choró, Cocó, Curu, Jaguaribe, Jiqui (Pirangi), Paraíba (do Norte) e
Piranhas) do NEMO. Destas, três apresentam trechos na Mata Atlântica (Ceará-Mirim, Pirangi
e Paraíba do Norte), porém não foi fornecida uma lista de espécies para cada uma desta bacias.
Em termos gerais, o conhecimento sobre a fauna de peixes do nordeste brasileiro ainda é parcial.
Alguns estudos indicaram a carência existente nas informações básicas, que não permitem uma
visão abrangente da diversidade existente na região (Rosa et al. 2003; Langeani et al. 2009;
Albuquerque et al. 2012). Os estudos que abrangem levantamentos podem resultar em
oportunidades para a realização de inferência sobre a definição das áreas biogeográficas
(Rodrigues-Filho et al. 2016). Entretanto, desde o início de 2010, novos grupos de pesquisas,
pesquisadores e projetos realizam trabalhos de inventários maciços em quase todo as bacias do
NEMO, permitindo o aumento do conhecimento da ictiofauna da ecorregião (Sarmento-Soares
et al. 2017).
1.3. Peixes de água doce no domínio da Mata Atlântica
O estado da arte de peixes de água doce em uma escala nacional (Langeani et al. 2009)
apontou que levantamentos ictiofaunísticos devem ser conduzidos com urgência nas bacias de
Mata Atlântica do Nordeste do Brasil, devido aos impactos decorrentes da expansão urbana e
atividades agropecuárias, industriais e de aquicultura. Estes inventários são de extrema
importância, pois podem ser o ponto de partida para ações de manejo e conservação da Mata
Atlântica (Langeani et al. 2009), bem com a realização de estudos biogeográficos envolvendo
bacias ou ecorregiões. Poucos estudos biogeográficos incluindo grupos taxonômicos
específicos foram realizados, porém nenhum estudo incluindo bacias do litoral foi realizado
(Camelier & Zanata 2014).
Discussões sobre biogeografia de peixes da Mata Atlântica não são simples, pois grande
parte das bacias apresenta apenas seus trechos inferiores sob influência do domínio,
principalmente no extremo norte do limite do bioma, onde a faixa vegetacional é mais estreita.
Além disso, muitas espécies apresentam associação íntima com alguns tipos de vegetação,
habitats, além de apresentarem distribuição geográfica restrita a pequenos corpos de água, como
22
características particulares de um determinado domínio fitogeográfico ou até da própria
drenagem (Menezes et al. 2007).
Embora seja questionável a delimitação de peixes restritas a Mata Atlântica, bem como
definir o domínio como área de endemismo, já que o conhecimento taxonômico ainda é
insuficiente, o presente estudo pretender ir além da lista mais atual proposta por Menezes et al.
(2007), que elencou 325 espécies de peixes de água doce e apontou dificuldades com relação
aos registros de espécies de peixes continentais na região Nordeste, principalmente na região
da bacia do São Francisco, bem como ao norte desta. Desde os anos 2000 foram realizados
alguns estudos ictiológicos com dados direcionados às bacias costeiras do litoral leste do
NEMO que incluem inventários, compilação de dados bibliográficos, ampliação de distribuição
geográfica e descrição de espécies (Brito 2000; Gomes-Filho & Rosa 2001; Britski & Garavello
2002; Ramos et al. 2005; Canan 2011; Morais et al. 2012; Jerep & Malabarba 2014;
Nascimento et al. 2014; Paiva et al. 2014; Lira et al. 2015). Destes trabalhos, apenas seis foram
realizados após a publicação de Menezes et al. (2007).
Diversas espécies de peixes que ocorrem nos limites da Mata Atlântica na ecorregião do
NEMO estão classificadas como dados insuficientes (DD), enquanto que nas bacias costeiras
ao sul do rio São Francisco várias espécies estão categorizadas como ameaçadas (Brasil 2014;
MMA 2016a), provavelmente resultado do maior número de grupos de pesquisa e estudos
ictiofaunísticos realizados em outras ecorregiões. No NEMO quatro espécies foram listadas em
categorias de ameaça de extinção: Anablepsoides cearensis (Costa & Vono, 2009) como
‘criticamente ameaçada’, Apareiodon davisi Fowler, 1941 e Parotocinclus spilurus
Fowler, 1941 ‘em perigo’, e Hypsolebias longignatus (Costa, 2008) ‘vulnerável’ (Brasil 2014).
Teoricamente a criação de Unidades de Conservação preservaria os ecossistemas, bem como
sua biota (Silva et al. 2017), porém estas unidades preservam mais as áreas terrestres, sendo
uma prática errada e não levam em conta a rede hidrográfica (Barrella et al. 2014).
Além disso, novos registros de ocorrência de espécies (Langeani et al. 2009, Lira et al.
2015) e descrições de novas espécies (Hypostomus sertanejo Zawaszki, Ramos & Sabaj, 2017,
Hypsolebias martinsi Britzke, Nielsen & Oliveira, 2016, P. seridoensis Ramos, Barros-Neto,
Britski & Lima, 2013, Serrapinnus potiguar Jerep & Malabarba, 2014) corroboram que o
conhecimento da ictiofauna do NEMO ainda é parcial, e que a distribuição de muitas espécies
ainda não encontra-se bem definida (Ramos et al. 2013, Jerep & Malabarba 2014; Britzke et al.
2016; Zawaszki et al. 2017).
Langeani e et al. (2009) atribuem que a natureza biogeográfica do NEMO não favoreceu
uma grande diversificação biológica e o número de espécies de peixes de água doce na
23
ecorregião é relativamente baixo, devido ao contato com a fauna pouco diversa do semiárido.
No entanto, nenhuma compilação abrangente com refinamento taxonômico, integrando dados
de coleções, bibliografia e de campo foi feita até o momento. Um estudo dessa natureza poderia
complementar a lacuna de conhecimento da ictiofauna continental da Mata Atlântica do NEMO
e possibilitar o uso de dados da biota aquática continental para avaliação de áreas prioritárias
para conservação da Mata Atlântica.
24
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral
Analisar a riqueza e composição das espécies de peixes de água doce das bacias que
drenam nos limites do domínio fitogeográfico da Mata Atlântica na porção leste da ecorregião
hidrográfica do Nordeste Médio-Oriental (NEMO).
2.2. Objetivos específicos
• Inventariar as espécies de peixes de água doce que ocorrem nas bacias sob influência
da Mata Atlântica na NEMO, indicando as com maior riqueza;
• Indicar as espécies nativas, endêmicas do NEMO, ameaçadas de extinção, as não-
nativas e as restritas à uma bacia hidrográfica;
• Indicar as espécies compartilhadas entre os trechos de Caatinga e Mata Atlântica e as
exclusivas dos trechos de Mata Atlântica no NEMO;
• Listar as espécies registradas nas unidades de conservação existentes nos limites da
Mata Atlântica da porção leste do NEMO;
• Identificar padrões de riqueza, bacias prioritárias para conservação de peixes e lacunas
amostrais nas bacias costeiras do leste do NEMO.
25
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Área do estudo
A área de estudo abrange as bacias e microbacias costeiras localizadas na porção leste do
NEMO, entre os estados de Alagoas (AL), Pernambuco (PE), Paraíba (PB) e Rio Grande do
Norte (RN) (Figura 4). Estas bacias e microbacias estão inteiras ou parcialmente inseridas nos
limites do domínio da Mata Atlântica (Rosa et al. 2003; Langeani et al. 2009), onde algumas
destas dispõem suas cabeceiras em regiões serranas do Planalto da Borborema, são direcionadas
no sentido oeste-leste para o Oceano Atlântico (Rosa et al. 2003), cujas maiores drenagens são
influencias pelo domínio da Caatinga.
Figura 4 – Bacias e microbacias costeiras no domínio da Mata
Atlântica na porção leste da ecorregião hidrográfica do Nordeste
Médio-Oriental.
26
As drenagens que aqui foram classificadas como microbacias estão inseridas em grupos
de drenagens menores, segundo os órgãos governamentais de recursos hídricos dos estados do
RN e PE, designadas como ‘Faixa Litorânea Leste de Escoamento Difuso’ e ‘Grupos de Bacias
de Pequenos Rios Litorâneos’, respectivamente (SEMARH-RN 2017; SRHE-PE 2017)
(Figuras 5; Figura 6). Estas microbacias apresentam áreas de 13 a 160 km².
Os limites da Mata Atlântica no NEMO (entre as bacias dos rios Boqueirão, RN e
Coruripe, AL) foram definidos com base nos shapefiles de domínios ou biomas obtidos através
dos portais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e
Ministério do Meio Ambiente (MMA) (MMA 2016d) (Figura 7).
Figura 5 – Bacias costeiras do estado do Rio Grande do Norte. LLED - Faixa Litorânea Leste de Escoamento
Difuso. Adaptado de IGARN 2009.
27
Figura 6 – Grupos de pequenos rios litorâneos do estado de Pernambuco. Adaptado de
SRHEPE 2006.
28
3.2. Compilação, checagem e preparação dos dados
Os dados de ocorrências das espécies de peixes nas bacias e microbacias costeiras do
NEMO, que drenam os domínios da Mata Atlântica, foram obtidos através dos registros
primários das coleções ictiológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
e Universidade Federal da Paraíba (UFPB), além das informações disponíveis nos bancos de
dados online: Neodat (http://www.mnrj.ufrj.br/search.htm), SpeciesLink
(http://splink.cria.org.br/) e Portal da Biodiversidade do ICMBio
(http://www.icmbio.gov.br/portal/portaldabiodiversidade). Todos os dados foram extraídos e
compilados até setembro de 2016. As espécies marinhas e estuarinas que ocorrem nos trechos
inferiores das bacias e nas microbacias não foram incluídas na listagem, apenas foram
consideradas as famílias estritamente de água doce, segundo a lista proposta por Buckup et al.
(2007). A nomenclatura das espécies seguiu Eschmeyer et al. (2016). Para os registros gênero
Cichla sp., não foram atribuídas aos níveis de espécies, pois a identificação dos indivíduos ao
menor nível taxonômico é dificulta devido ao tamanho dos exemplares e as características
morfológicas que pouco diferem entre as espécies. Além disso, pelo menos três espécies deste
gênero foram introduzidas na região Nordeste do Brasil (Leão et al. 2011; Baumgartner et al.
2012).
Foram compilados dados para bacias localizadas ao norte da Ecorregião Hidrográfica do
Rio São Francisco até o extremo norte da Mata Atlântica no estado do RN. Para todas as bacias
e microbacias foram atribuídos números (IDs) ordenadas de norte a sul de acordo com a posição
da foz de cada uma destas (Figura 7).
A delimitação das bacias e microbacias foram conferidas e contabilizadas através do
shapefile de bacias hidrográficas e de regiões hidrográficas disponibilizados pela Agência
Nacional de Águas (ANA 2016b). Além disso, as métricas das bacias como: área total da bacia
(km²), área da bacia em Mata Atlântica (km²) e porcentagem de área em Mata Atlântica na bacia
(área da bacia em Mata Atlântica/área total da bacia) foram estimadas através dos shapefiles
supracitados (Tabela 1).
Para cada banco de dados e coleções, os registros foram triados por estados (AL, PE,
PB e RN) e bacias hidrográficas. As bacias que deságuam na costa norte do NEMO não foram
consideradas (e. g. a bacias dos rios Jaguaribe, Apodi-Mossoró e Piranhas-Açu, nos estados do
CE, RN e PB), pois não apresentam trechos no domínio da Mata Atlântica. Todos os dados
foram agrupados em uma planilha no software Microsoft Office Excel 2007.
Os registros que não possuíam coordenadas geográficas foram, sempre que possível,
estimados através do aplicativo Google Earth (Google 2016) e pela base de dados geográficos
29
Geonames (http://www.geonames.org/), seguindo os detalhes das descrições das localidades.
Nestes casos, apenas as descrições detalhadas de localidade foram consideradas. Assim, todos
os dados de registros de ocorrência foram representados em um mapa através do software
ArcGis 10 (ESRI 2011), confirmando as ocorrências no domínio (Caatinga, Mata Atlântica ou
ambos), bacias e limites das Unidades de Conservação (Figuras 7; Figura 8). Todas as etapas
de geoprocessamento foram realizadas como o auxílio do software ArcGis, Google Earth e da
plataforma online Earth Points (http://earthpoint.us/Shapes.aspx).
3.3. Estado de conservação das espécies e Unidades de Conservação
O status de conservação das espécies seguiu a Lista Nacional Oficial de Espécies da
Fauna Ameaçadas de Extinção - Peixes e Invertebrados Aquáticos, e a Lista de Espécies Quase
Ameaçadas e Com Dados Insuficientes (Brasil 2014; MMA 2016a). Além disso, foram
compiladas as Unidades de Conservação (UCs) existentes na área de estudo. Neste caso, apenas
as UCs presentes no Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC) (Brasil 2011).
Os shapefiles referentes as UCs foram obtidos através do portal do Ministério do Meio
Ambiente (MMA 2016d), sendo 18 de uso sustentável: 12 Áreas de Proteção Ambiental (APA),
duas Áreas de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), duas Florestas Nacionais (FLONA), duas
Reservas Extrativistas (RESEX); e seis de proteção integral: duas Estações Ecológicas (ESEC),
três Reservas Biológicas (REBIO), um Parque Estadual (Brasil 2011; MMA 2016b). As UCs
FLONA de Nísia Floresta, ARIE Manguezais da Foz do Rio Mamanguape e ESEC de Murici
encontram-se inseridas nas áreas de APAs (Bonfim/Guaraíras, Barra do Rio Mamanguape e de
Muruci, respectivamente), porém foram contabilizadas como unidades diferentes, já que as
mesmas são administradas por esferas e categorias diferentes (MMA 2016b). Para todas as
bacias foram atribuídas letras (IDs) ordenadas também de norte a sul de acordo com a posição
da foz de cada unidade (Figura 8).
3.4. Análise de dados
Com base nos registros obtidos, foram verificadas as espécies compartilhadas com lista
de peixes de água doce da Mata Atlântica proposta por Menezes et al. (2007). O endemismo
considerou apenas espécies que ocorrem em uma única ecorregião (sensu Albert et al. 2011),
no caso o NEMO, tais informações foram confirmadas através dos trabalhos de Rosa et al.
(2003) e Berbel-Filho et al. (submetido). Este último consiste em uma atualização taxonômica
da ictiofauna da ecorregião.
30
Foram calculados os números de registros de ocorrências de espécies, bem como a o
número de espécies em cada bacia, domínio e unidade de conservação, utilizando o somatório
destes dados. Além de indicar o endemismo e espécies ameaçadas.
Através do software PAST (Hammer et al. 2001) foi realizada uma análise de
similaridade (coeficiente de Jaccard) com os dados de presença e ausência das espécies, com o
objetivo de visualizar a formação de grupos compostos por bacias com diferentes números de
registro e/ou riquezas. Em seguida foi construído um dendrograma de similaridade com os
valores dos coeficientes de Jaccard para a visualização gráfica dos agrupamentos formados
entre as bacias e microbacias no domínio da Mata Atlântica no NEMO.
31
Figura 7 – Registros de peixes de água doce e localização das bacias e microbacias costeiras na porção
leste da ecorregião hidrográfica do Nordeste Médio-Oriental. Bacias: 1-37 (1 - Boqueirão, 2 - Punaú,
3 - Maxaranguape, 4 – Pratagi*, 5 - Ceará-Mirim, 6 – Doce, 7 - Potengi, 8 - Pirangi, 9 – Boacica*, 10
- Trairi, 11 - Jacú, 12 - Catu, 13 - Curimataú, 14 - Camaratuba, 15 - Mamanguape, 16 - Mirim, 17 -
Paraíba do Norte, 18 - Gramame, 19 - Abiaí, 20 - Goiana, 21 - Itapessoca*, 22 – Utinga*, 23 -
Capibaribe, 24 – Jaboatão*, 25 - Ipojuca, 26 - Sirinhaém, 27 - Dos Gatos*, 28 – União*, 29 – Saltinho*,
30 - Una, 31 - Manguaba, 32 - Prataji, 33 - Mundaú, 34 - Paraíba do Meio, 35 - Complexo Estuarino
Lagunar Mundaú-Manguaba (CELMM), 36 - São Miguel e 37 - Coruripe); * - microbacias.
32
Figura 8 – Registros de peixes de água doce em unidades de conservação nas bacias e microbacias
costeiras na porção leste da ecorregião hidrográfica do Nordeste Médio-Oriental. UCs: A-X (A - APA de
Jenipabu, B - APA Bonfim/Guaraíra, C - Flona de Nísia Floresta, D - APA Piriqui-Una, E - ARIE da Barra
do Rio Camaratuba, F - Rebio Guaribas, G - APA Barra do Rio Mamanguape, H - ARIE Foz do Rio
Mamanguape, I - Flona da Restinga de Cabedelo, J - Resex Acaú-Goiana, K - ESEC de Caetés, L - PE de
Dois Irmãos, M - APA de Sirinhaém, N - Rebio de Saltinho, O - APA Costa dos Corais, P - APA de
Murici, Q - ESEC de Murici, R - Rebio de Serra Talhada, S - APA do Pratagy, T - APA do Catolé e Fernão
Velho, U - APA de Santa Rita, V - Resex Lagoa do Jequiá, W - APA da Marituba do Peixe, X - APA de
Piçabuçu).
33
4. RESULTADOS
4.1. Registros, composição e riqueza de espécies
Um total de 3.245 registros de espécies de peixes de água doce foi compilado para 37
bacias hidrográficas, das quais 29 são drenagens de pequeno à médio porte (208,50 a 20.071,83
km²) que estão localizadas do extremo norte do RN (bacia do rio Boqueirão – ID1) ao extremo
sul de AL (bacia do Coruripe - ID37), além de oito (8) microbacias (IDs 4; 9; 21; 22; 24; 27;
28 e 29) costeiras sob influência parcial ou total da Mata Atlântica na porção leste do NEMO.
Dentre o total de registros, 2.490 (77%) são registros primários, ou seja, oriundos das coleções
ictiológicas da UFRN e UFPB, e o restante (23%) são registros secundários de origem nos
bancos de dados online. De todos os registros, 58% ocorreram nos limites do domínio da Mata
Atlântica e os demais (42%) nos limites da Caatinga (Figura 9; Tabela 1).
A compilação de dados destas bacias e microbacias costeiras resultou em 57 espécies de
peixes de água doce que estão distribuídas em 43 gêneros, 19 famílias e seis ordens. A ordem
com o maior número de espécies registradas foi Characiformes (29), acompanhada por
Siluriformes (12), Perciformes (10), Cyprinodontiformes (4), Synbranchiformes (1) e
Gymnotiformes (1) (Tabela 2). Nove espécies (16 %) são consideradas introduzidas: Astronotus
ocellatus (Figura 10.22), Cichla sp. (Figura 10.23), Coptodon rendalli (Figura 10.24),
Laetacara curviceps (Figura 10.25), Megaleporinus obtusidens, Myleus micans, Oreochromis
niloticus (Figura 10.26), Parachromis managuensis (Figura 10.27) e Poecilia reticulata
(10.21), e foram registradas em 22 bacias hidrográficas, ou seja, 49 % do total de bacias
estudadas. Destas, Oreochromis niloticus foi registrada em 13 bacias e em uma microbacia
(ID22), sendo assim a espécie exótica com a maior distribuição nas bacias deste estudo.
Enquanto que L. curviceps e M. micans foram registradas em apenas uma bacia cada (ID8 e
ID30, respectivamente). As espécies não-nativas: A. ocellatus, Cichla sp., C. rendalli, L.
curviceps, P. reticulata e O. niloticus foram registradas nas UCs com IDs B; F; T e U (Tabela
2). Todas as espécies introduzidas foram removidas das demais contagens e análises, para que
os próximos resultados não se tornem subestimados.
34
Figura 9. Registros de peixes de água doce nos domínios da Caatinga e Mata Atlânticas, das
bacias e microbacias costeiras na porção leste da ecorregião hidrográfica do Nordeste Médio-
Oriental.
35
Tabela 1. Dados das bacias hidrográficas sob influência da Mata Atlântica na ecorregião do Nordeste Médio-Oriental (NEMO) com registro de espécies de peixes de água doce.
ID - localização da bacia no mapa (Figura 3); UF – Unidade Federativa; RN – Rio Grande do Norte; PB – Paraíba; PE – Pernambuco; AL – Alagoas; CELMM - Complexo
Estuarino Lagunar Mundaú/Manguaba; ANA – Agência Nacional de Águas; MMA – Ministério do Meio Ambiente; MA – Mata Atlântica; UC – Unidade de Conservação;
NEMO – número de espécies endêmicas da ecorregião; NAT – nativas; INT – introduzidas; “-“ - sem informação.
Bacias Hidrográficas Áreas (km²) (ANA) % das áreas
(MMA) Espécies UCs
ID UF Nome Tipo Total MA UC MA UC Registros N° total NEMO Exclusivas NAT (em UCs) INT (em UCs) N° total
1 RN Boqueirão Bacia 250,50 61,00 0,00 24,35 0,00 49 14 1 - 13 1 -
2 RN Punaú Bacia 447,90 150,00 0,00 33,49 0,00 106 17 2 - 16 1 -
3 RN Maxaranguape Bacia 1.010,20 173,95 0,00 17,22 0,00 7 6 - - 5 1 -
4 RN Pratagi Microbacia 57,00 57,00 0,00 100,00 0,00 85 12 - - 12 - -
5 RN Ceará-Mirim Bacia 2.635,70 82,76 0,00 3,14 0,00 250 25 4 - 23 2 -
6 RN Doce Bacia 387,80 58,01 3,60 14,96 0,93 117 22 1 2 20 (11) 2 1
7 RN Potengi Bacia 4.093,00 69,99 0,00 1,71 0,00 97 21 4 - 18 3 -
8 RN Pirangi Bacia 458,90 304,02 73,00 66,25 15,91 142 23 1 1 20 (7) 3 (3) 1
9 RN Boacica Microbacia 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 1 1 - - 1 - -
10 RN/PB Trairi Bacia 2.867,40 361,00 97,00 12,59 3,38 376 25 3 - 22 (19) 3 (3) 1
11 RN Jacú Bacia 1.805,50 386,92 39,00 21,43 2,16 66 13 2 - 12 (10) 1 (1) 1
12 RN Catu Bacia 208,50 208,00 15,70 99,76 7,53 210 16 3 - 16 (9) - 2
13 RN/PB Curimataú Bacia 3.346,80 459,85 89,00 13,74 2,66 93 21 3 - 18 (11) 3 1
14 PB Camaratuba Bacia 637,16 316,03 22,10 49,60 3,47 112 18 2 - 17 (14) 1 (1) 1
15 PB Mamanguape Bacia 3.522,69 504,09 63,10 14,31 1,70 286 28 4 - 25 (10) 3 1
16 PB Miriri Bacia 436,19 436,19 11,00 100,00 2,52 10 8 1 - 8 - -
17 PB Paraíba do Norte Bacia 20.071,83 991,54 1,16 4,94 0,01 471 39 5 2 33 6 -
18 PB Gramame Bacia 589,38 589,38 0,00 100,00 0,00 155 29 3 - 25 4 -
19 PB Abiaí Bacia 449,50 449,50 0,00 100,00 0,00 171 20 3 - 19 1 -
20 PE Goiana Bacia 2.847,53 1.996,97 44,00 70,13 1,55 26 13 - - 13 3 -
36
Bacias Hidrográficas Áreas (km²) (ANA) % das áreas
(MMA) Espécies UCs
ID UF Nome Tipo Total MA UC MA UC Registros N° total NEMO Exclusivas NAT (em UCs) INT (em UCs) N° total
21 PE Itapessoca Microbacia 13,00 13,00 0,00 100,00 0,00 1 1 - - 1 - -
22 PE Utinga Microbacia 169,00 169,00 0,00 100,00 0,00 3 3 1 - 3 - -
23 PE Capibaribe Bacia 7.454,88 2.562,24 1,20 34,37 0,02 28 12 - - 9 (1) 3 1
24 PE Jaboatão Microbacia 157,00 157,00 0,00 100,00 0,00 1 1 - - 1 - -
25 PE Ipojuca Bacia 3.435,34 1.037,12 0,00 30,19 0,00 159 22 4 1 18 4 -
26 PE Sirinhaém Bacia 2.090,64 1.927,57 66,00 92,10 3,16 2 2 1 - 2 - -
27 PE Dos Gatos Microbacia 33,80 38,00 0,00 100,00 0,00 2 1 - - 1 - -
28 PE União Microbacia 47,00 47,00 0,00 100,00 0,00 1 1 - - 1 - -
29 PE Saltinho Microbacia 44,00 44,00 5,62 100,00 12,77 2 1 - - 1 - -
30 PE/AL Una Bacia 6.740,31 4.859,08 56,00 72,09 0,83 87 27 5 1 22 5 -
31 AL Manguaba Bacia 352,00 352,00 0,00 100,00 0,00 12 8 1 1 8 - -
32 AL Prataji Bacia 1.911,30 1.911,30 225,94 100,00 11,82 5 5 - - 5 (1) - 1
33 AL Mundaú Bacia 4.090,39 3.788,92 512,00 92,63 12,52 13 11 1 1 10 1 1
34 AL Paraíba do Meio Bacia 3.127,83 1.799,12 24,00 57,52 0,77 32 16 4 - 14 2 -
35 AL CELMM Bacia 3.151,00 3.151,00 27,00 100,00 0,86 23 15 1 - 13 2 (2) 2
36 AL São Miguel Bacia 4.368,80 4.368,80 13,00 100,00 0,30 12 9 - - 9 - -
37 AL Coruripe Bacia 1.562,00 1.325,04 46,00 84,83 2,94 32 13 2 - 10 3 -
Caatinga Domínio 238.433,00 0 - 0 - 1.354 46 9 4 39 7 -
Mata Atlântica Domínio 39.467,00 7.133,77 100 18 1.891 54 9 11 45 (31) 9 (6) 24
37
As espécies nativas que apresentaram maiores números de registros (entre 101 e 378) em
ordem crescente foram: Hypostomus pusarum (Figura 10.14), Geophagus brasiliensis,
Astyanax aff. fasciatus, Characidium bimaculatum (Figura 10.1), Serrapinnus piaba,
Hemigrammus marginatus, Crenicichla menezesi, Hoplias aff. malabaricus, Cichlasoma
orientale, Poecilia vivipara, Astyanax aff. bimaculatus. Destas, A. aff. bimaculatus a espécie
com 378 registros distribuídos em 30 bacias. Já as espécies Pamphorichthys hollandi (Figura
10.20), Parotocinclus sp. (Figura 10.18), Pimelodella enochi (Figura 10.12), Phenacogaster
calverti (Figura 10.9), Psellogrammus kennedyi (Figura 10.11), Serrasalmus rhombeus, S.
spilopleura e Triportheus signatus (Figura 10.6) foram registradas em apenas uma bacia
hidrográfica cada (Tabela 2). O número de espécies nativas registradas variou de um (1) a 33.
O registro de uma única espécie ocorreu nas microbacias IDs (9; 21; 22; 24; 27; 29) e bacia do
rio Sirinhaém (ID26), enquanto que a maior riqueza foi registrada na bacia do rio Paraíba do
Norte (ID17) com 33 espécies registradas (Tabela 1).
Dentre as 48 espécies nativas, dez (Cichlasoma sanctifranciscense Hemigrammus
unilineatus (Figura 10.8), Hoplerythrinus unitaeniatus (Figura 10.2), Kryptolebias
hermaphroditus (Figura 10.19), Nannostomus beckfordi (Figura 10.5), Pamphorichthys
hollandi (Figura 10.20), Psellogrammus kennedyi, Serrasalmus brandtii, S. rhombeus e S.
spilopleura) foram registradas somente nos domínios da Mata Atlântica e apenas quatro
espécies (Parotocinclus aff. cearensis (Figuras 10.16), Parotocinclus sp., Phenacogaster
calverti e Triportheus signatus foram registradas nos limites da Caatinga. O restante foi comum
em ambos os biomas.
38
Tabela 2. Lista de espécies de peixes de água doce registradas nas bacias hidrográficas sob influência da Mata Atlântica na ecorregião do Nordeste Médio-Oriental (NEMO) e
em Unidades de Conservação. Bacias: 1-37 (1 - Boqueirão, 2 - Punaú, 3 - Maxaranguape, 4 - Pratagi, 5 - Ceará-Mirim, 6 – Doce, 7 - Potengi, 8 - Pirangi, 9 - Boacica, 10 - Trairi,
11 - Jacú, 12 - Catu, 13 - Curimataú, 14 - Camaratuba, 15 - Mamanguape, 16 - Mirirm, 17 - Paraíba do Norte, 18 - Gramame, 19 - Abiaí, 20 - Goiana, 21 - Itapessoca, 22 -
Utinga, 23 - Capibaribe, 24 - Jaboatão, 25 - Ipojuca, 26 - Sirinhaém, 27 - Dos Gatos, 28 - União, 29 - Saltinho, 30 - Una, 31 - Manguaba, 32 - Prataji, 33 - Mundaú, 34 - Paraíba
do Meio, 35 - Complexo Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba (CELMM), 36 - São Miguel e 37 - Coruripe); Unidades de Conservação (UCs): A - APA de Jenipabu, B - APA
Bonfim/Guaraíras, D - APA Piquiri-Una, F - REBIO Guaribas, G - APA Barra do Rio Mamanguape, L – PE de Dois Irmãos, P - APA de Murucí, S – APA do Pratagy, T -
APA do Catolé e Fernão Velho, U - APA de Santa Rita; * - Espécies presentes na lista de peixes da Mata Atlântica (Menezes et al. 2007); NA – nativa; DD – dados deficientes;
EP – em perigo; IN – introduzida; QA – quase ameaçada; ND – não descrita; NEMO – espécies endêmicas do NEMO; CAA – Caatinga; MAT – Mata Atlântica.
Espécies Ocorrências Status NEMO Domínio Bacias (UCs)
CHARACIFORMES
Crenuchidae
Characidium bimaculatum Fowler, 1941 135 NA X CAA/MAT 1, 2, 5 – 8, 10 – 15, 17 – 19, 25, 33, 34, 37 (B, D, G)
Erythrinidae
Erythrinus erythrinus (Bloch & Schneider, 1801) 6 NA CAA/MAT 5, 10, 17, 18 (B)
Hoplerythrinus unitaeniatus (Spix & Agassiz, 1829)* 10 NA MAT 8, 12, 14, 18 (F)
Hoplias aff. malabaricus (Bloch, 1794)* 211 NA CAA/MAT 1 – 8, 10 – 15, 17 – 20, 22, 25, 28, 30, 32 – 37 (A, B, D, F)
Parodontidae
Apareiodon davisi Fowler, 1941 14 NA, EP X CAA/MAT 13, 15, 17
Serrasalmidae
Metynnis lippincottianus (Cope, 1870) 47 NA CAA/MAT 1, 2, 4, 6, 8, 10, 18 (B)
Myleus micans (Lütken, 1875) 1 IN MAT 30
Serrasalmus brandtii Lütken, 1875 3 NA MAT 30, 31
Serrasalmus rhombeus (Linnaeus, 1766) 6 NA MAT 6 (A)
Serrasalmus spilopleura Kner, 1858 5 NA MAT 6
Anostomidae
Leporinus piau Fowler, 1941 37 NA CAA/MAT 1, 2, 5 – 8, 10, 15, 17, 18 (B)
Megaleporinus obtusidens (Valenciennes, 1837) 2 IN CAA 17, 33
Curimatidae
Steindachnerina notonota (Miranda Ribeiro, 1937) 97 NA CAA/MAT 5 – 8, 10, 13, 15, 17 – 20, 25, 27, 30 (A, B, D)
Prochilodontidae
Prochilodus brevis Steindachner, 1875* 34 NA CAA/MAT 2, 5, 7, 10, 13, 15, 17 – 19, 30 (B)
Lebiasinidae
Nannostomus beckfordi Günther, 1872* 29 NA MAT 8, 11, 12, 35 (B, D)
Triportheidae
39
Espécies Ocorrências Status NEMO Domínio Bacias (UCs)
Triportheus signatus (Garman, 1890) 2 NA CAA 17
Characidae
Astyanax aff. bimaculatus (Linnaeus, 1758)* 378 NA CAA/MAT 1 – 8, 10 – 22, 25, 30 – 37 (A, B, D, F, G, P)
Astyanax aff. fasciatus (Cuvier, 1819)* 109 NA CAA/MAT 5, 6, 10, 11, 13 – 17, 22, 25 (B, F, G)
Cheirodon jaguaribensis Fowler, 1941 40 NA, DD X CAA/MAT 5, 7, 12, 14 – 19, 22, 30 (G)
Compsura heterura Eigenmann, 1915 83 NA CAA/MAT 5, 6, 15, 17 – 20, 22, 25, 30, 31, 33, 35, 37
Hemigrammus marginatus Ellis, 1911 167 NA CAA/MAT 1 – 17 (A, B, D, F, G)
Hemigrammus rodwayi Durbin, 1909 33 NA CAA/MAT 5 – 8, 14, 15, 17 – 19 (B, F)
Hemigrammus unilineatus (Gill, 1858)* 70 NA MAT 14 – 20, 36 (F)
Hyphessobrycon parvellus Ellis, 1911* 23 NA CAA/MAT 2, 5, 8, 13, 15, 17, 18, 20 (D, G)
Phenacogaster calverti (Fowler, 1941) 4 NA CAA 17
Psellogrammus kennedyi (Eigenmann, 1903) 1 NA MAT 33
Serrapinnus heterodon (Eigenmann, 1915) 70 NA CAA/MAT 5, 7, 10, 13 – 15, 17, 19, 20, 25, 30, 31, 37 (B, G)
Serrapinnus piaba (Lütken, 1875) 137 NA CAA/MAT 1, 2, 4 – 8, 10 – 15, 17, 18, 20, 30, 31, 33 – 35 (A, B, D, F, G)
Serrapinnus potiguar Jerep & Malabarba, 2014 20 NA X CAA/MAT 2, 5, 7, 10, 11
SILURIFORMES
Auchenipteridae
Trachelyopterus galeatus (Linnaeus, 1766) 36 NA CAA/MAT 1, 2, 4, 6, 7, 8, 10, 11, 17, 36 (A, B)
Heptapteridae
Pimelodella enochi Fowler, 1941 2 NA X CAA/MAT 17
Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1824)* 30 NA CAA/MAT 5, 8, 10, 12, 15, 17 – 19, 24, 25, 30, 33 – 35 (T)
Callichthyidae
Aspidoras depinnai Britto, 2000 16 NA X CAA/MAT 25, 30, 34
Callichthys callichthys (Linnaeus, 1758)* 9 NA CAA/MAT 15, 17 – 20, 35, 36 (T)
Megalechis thoracata (Valenciennes, 1840) 20 NA CAA/MAT 4, 6, 8, 10, 12, 14, 18, 20 (B, F)
Loricariidae
Hypostomus pusarum (Starks, 1913) 101 NA X CAA/MAT 5, 7, 10, 12, 13, 15, 17 – 19, 25, 30, 31, 34, 35, 37 (B, T)
Parotocinclus aff. cearensis Garavello, 1977 19 NA CAA 15, 17, 22
Parotocinclus cesarpintoi Miranda Ribeiro, 1939* 5 NA X CAA/MAT 26, 30, 34
Parotocinclus jumbo Britski & Garavello, 2002 35 NA CAA/MAT 17, 22, 25, 30, 34
Parotocinclus spilosoma (Fowler, 1941)* 12 NA X CAA/MAT 17, 30
Parotocinclus sp. 11 NA, ND CAA 25
GYMNOTIFORMES
40
Espécies Ocorrências Status NEMO Domínio Bacias (UCs)
Gymnotidae
Gymnotus carapo Linnaeus, 1758* 52 NA CAA/MAT 1 – 4, 6, 8, 12, 14, 15, 17 – 19, 22, 25, 29, 30, 32, 36 (B, F, L)
CYPRINODONTIFORMES
Cynolebiidae
Kryptolebias hermaphroditus Costa, 2011* 11 NA, QA MAT 3, 13, 25
Poeciliidae
Pamphorichthys hollandi (Henn, 1916) 1 NA MAT 31
Poecilia reticulata Peters, 1859 72 IN CAA/MAT 5, 7, 10, 13 – 15, 17, 18, 22, 25, 34, 37 (B, F)
Poecilia vivípara Bloch & Schneider, 1801* 301 NA CAA/MAT 1, 2, 4 – 8, 10 – 13, 15 – 20, 22, 25, 26, 30 – 35, 37 (A, B, D, S)
SYNBRANCHIFORMES
Synbranchidae
Synbranchus aff. marmoratus Bloch, 1795* 54 NA CAA/MAT 1, 2, 4 – 8, 10, 12 – 14, 17 – 19, 22, 25, 20, 34 – 36 (A, B, F, T)
PERCIFORMES
Cichlidae
Astronotus ocellatus (Agassiz, 1831) 5 IN CAA/MAT 6, 8, 10 (B)
Cichla sp. 25 IN CAA/MAT 1 – 3, 6 – 8, 13, 15, 17 – 19, 25, 30 (B)
Cichlasoma orientale Kullander, 1983* 243 NA CAA/MAT 1, 2, 4 – 8, 10 – 20, 25, 30, 32, 34, 37 (A, B, D, F, G)
Cichlasoma sanctifranciscense Kullander, 1983 7 NA MAT 22, 35 – 37 (T, U)
Coptodon rendalli Ploeg, 1991 9 IN CAA/MAT 17, 22, 30, 34, 35, 37 (T)
Crenicichla menezesi (Quoy & Gaimard, 1824) 208 NA CAA/MAT 1 – 8, 10 – 19, 25, 30, 33 (A, B, D, F, G, P)
Geophagus brasiliensis (Ahl, 1923)* 104 NA CAA/MAT 10, 13 – 15, 17 – 20, 22, 25, 30, 33 – 37 (D, F, P, T)
Laetacara curviceps (Linnaeus, 1758) 6 IN MAT 8 (B)
Oreochromis niloticus (Günther, 1867) 71 IN CAA/MAT 5, 7, 10, 11, 13, 15, 17, 18, 22, 25, 30, 35, 37 (B, U)
Parachromis managuensis (Günther, 1867) 6 IN CAA/MAT 17, 18, 25
41
Figura 10. Algumas espécies de peixes de água doce das bacias costeiras da porção leste do NEMO. 1 - Characidium
bimaculatum; 2 - Hoplerythrinus unitaeniatus; 3 - Apareiodon davisi; 4 - Metynnis lippincottianus; 5 - Nannostomus
beckfordi; 6 - Triportheus signatus; 7 - Cheirodon jaguaribensis; 8 - Hemigrammus unilineatus; 9 - Phenacogaster
calverti; 10 - Psellogrammus kennedyi; 11 - Serrapinnus potiguar; 12 - Pimelodella enochi; 13 - Aspidoras depinnai;
14 - Hypostomus pusarum; 15 - Parotocinclus aff. cearensis; 16 - Parotocinclus cesarpintoi; 17 - Parotocinclus
spilosoma; 18 - Parotocinclus sp.;
42
Os valores de similaridade de Jaccard entre as bacias e microbacias variaram de
0,037 (Boacica (ID9) e Gramame(ID18)) a 0,823 (Boqueirão (ID1) e Punaú (ID2))
(Anexo 1). A partir do dendrograma (Figuras 11) gerado com os valores de Jaccard
através dos dados de presença e ausência das espécies, nota-se a formação de quatro
agrupamentos entre as bacias e microbacias. O primeiro grupo (G1) apresenta
similaridade entre sete microbacias, além da bacia do rio Sirinhaém. Este grupo é formado
por microbacias com poucos registros e baixa riqueza (entre 1 e 3) e geograficamente
próximas (todas no estado de PE), com exceção da microbacia Boacica, RN. Além disso,
o grupo apresenta maiores porcentagens de áreas sob os limites do domínio da Mata
Atlântica em relação as demais bacias (Tabela 1; Tabela 3), bem como as menores áreas.
Na sequência, o grupo com bacias com riqueza entre 5 e 13 espécies (G2), mas com baixo
número de registros (entre 5 e 27). Há neste grupo o conjunto de bacias com tamanhos de
áreas intermediários. O G3 é composto por bacias com as maiores riquezas (18 e 33
espécies), e maiores números de registros (85 a 429), bem como os maiores números de
Figura 10. Continuação. Algumas espécies de peixes de água doce das bacias costeiras da porção leste do NEMO.
19 - Kryptolebias hermaphroditus; 20 - Pamphorichthys hollandi. Espécies introduzidas: 21 - Poecilia reticulata; 22
- Astronotus ocellatus; 23 - Cichla sp.; 24 - Coptodon rendalli; 25 - Laetacara curviceps; 26 - Oreochromis
niloticus); 27 - Parachromis managuensis.
43
espécies do endêmicas do NEMO, além das maiores áreas e mais distribuídas entre si.
Por fim, o grupo (G4) com números de registros equivalentes ao grupo anterior, porém
com riquezas menores que este (12 a 20). Neste grupo há a presença de uma microbacia
(Pratagi, RN), além de um agrupamento geográfico, ou seja, bacias estão localizadas mais
ao norte em relação as demais (Tabela 3; Figuras 11; Figura 12).
4.2. Unidades de Conservação e estado de conservação das espécies
As 24 unidades de conservação (UCs) registradas na neste estudo, representam
aproximadamente 18% de área do NEMO sob o domínio da Mata Atlântica, e 2% da área
total do NEMO (Tabela 1 e Tabela 4). Além disso, a UCs com IDs B; D; O e T
contemplam áreas de mais de uma bacia hidrográfica. Do total de registros de espécies
de peixes de água doce, para a área da Mata Atlântica, 468 (14%) foram registrados em
UCs (Tabela 4).
As nove (18%) espécies Characidium bimaculatum, Apareiodon davisi, Cheirodon
jaguribensis, Serrapinnus potiguar, Pimelodella enochi, Aspidoras depinnai,
Hypostomus pusarum, Parotocinclus cesarpintoi e P. spilosoma (Figuras 10.1; 10.3;
10.7; 10.11-14; 10.16; 10.17) foram classificadas como endêmicas do NEMO (Berbel-
Filho et al. (submetido). As bacias com maiores números de espécies endêmicas (cinco)
foram Paraíba do Norte (ID17) e Una (ID30). Já para as microbacias, a única com único
registro (C. jaguribensis) foi Utinga (ID22). P. enochi foi registrada somente na bacia do
rio Paraíba do Norte. C. bimaculatum foi registrada em 19 (51%) bacias.
Desta, cinco (5) foram registradas nas bacias dos rios Paraíba do Norte (ID17) (C.
bimaculatum, Apareiodon davisi, P. enochi, H. pusarum e Una (ID30) (Tabela 2). A única
microbacia que apresentou registro de espécie endêmica foi Utinga (ID22) (C.
jaguribensis)
Foram registradas 31 (64%) espécies de peixes de água doce nativas do NEMO nas
áreas de dez UCs (37%), oito de uso sustentável (IDs A; B; D; G; L; P; R; T; U), e uma
de proteção integral (REBIO Guaribas ID F), distribuídas em oito bacias hidrográficas e
além das áreas de microbacias (Tabela 1; Tabela 4). As espécies Astyanax aff.
bimaculatus, A. aff. fasciatus, Cichlasoma oriental, Crenicichla menezesi, Hemigrammus
marginatus, H. unilineatus e Megalechis thoracata foram registradas na REBIO
Guaribas, e o restante (24) em APAs (Tabela 1; Tabela 2).
As riquezas de espécies nativas registradas nos interiores das UCs variaram de uma
(1) a 22 espécies, sendo 22 na UC como o maior número de registros (APA
44
Bonfim/Guaraíra, RN (IDB) com 266 registros) (Tabela 4). As espécies Apareiodon
davisi (Figura 10.3), Cheirodon jaguaribensis (Figura 10.7) e Kryptolebias
hermaphroditus (Figura 10.19), classificadas como ‘em perigo’, ‘dados insuficientes’ e
‘quase ameaçada’, respectivamente (Brasil 2014; MMA 2016a), não foram registradas
nos limites de nenhuma das UCs (Tabela 2). As demais espécies não estavam listadas nas
listas nas referências propostas.
45
Figura 11. Dendrograma de
similaridade entre bacias e
microbacias costeira da porção leste
do NEMO, como os dados de
presença e ausência das espécies.
Tabela 3. Informações gerais sobre as bacias Área da bacia (km²); Porcentagem de
área da bacia nos limites da Mata Atlântica (%MA); Unidade Federativa (UF);
CELMM - Complexo Estuarino Lagunar Mundaú/Manguaba; NEMO – número de
espécies endêmicas da ecorregião; UF – Unidade Federativa; RN – Rio Grande do
Norte; PB – Paraíba; PE – Pernambuco; AL – Alagoas; “-“ - sem informação.
Tipo km² % MA ID Registros Riqueza NEMO UF
Micro 33,80 100 27 2 1 - PE
Micro 157,00 100 24 1 1 - PE
Micro 100,00 100 9 1 1 - RN
Micro 44,00 100 29 2 1 - PE
Micro 13,00 100 21 1 1 - PE
Micro 47,00 100 28 1 1 - PE
Bacia 2090,64 92,20 26 2 2 1 PE
Micro 169,00 100 22 3 3 1 PE
Bacia 3151,00 100 35 20 13 1 AL
Bacia 1562,00 84,83 37 27 10 2 AL
Bacia 4090,39 92,63 33 12 10 1 AL
Bacia 2847,53 70,13 20 26 13 - PE
Bacia 7454,88 34,37 23 22 9 - PE
Bacia 352,00 100 31 12 8 1 AL
Bacia 1010,20 17,22 3 6 5 - RN
Bacia 1911,30 100 32 5 5 - AL
Bacia 436,19 100 16 10 8 1 PB
Bacia 4368,80 100 36 12 9 - AL
Bacia 2635,70 3,41 5 245 23 4 RN
Bacia 4093,00 1,71 7 86 18 4 RN
Bacia 2867,40 12,59 10 356 22 3 RN/PB
Bacia 3346,80 13,74 13 86 18 3 RN/PB
Bacia 589,38 100 18 145 25 3 PB
Bacia 449,50 100 19 169 19 3 PB
Bacia 3522,69 14,31 15 268 25 4 PB
Bacia 20071,83 4,94 17 429 33 6 PB
Bacia 3435,34 30,19 25 131 18 4 PE
Bacia 6740,31 72,09 30 75 22 5 PE/AL
Bacia 3127,83 57,52 34 30 14 4 AL
Bacia 1805,50 21,43 11 64 12 2 RN
Bacia 250,50 24,35 1 46 13 1 RN
Bacia 447,90 33,49 2 104 16 2 RN
Micro 57,00 100 4 85 12 - RN
Bacia 387,80 14,96 6 114 20 1 RN
Bacia 458,90 66,25 8 132 20 1 RN
Bacia 637,16 49,60 14 109 17 2 PB
Bacia 208,50 99,76 12 210 16 3 RN
G1
G2
G3
G4
3,0 Similaridade 0,0
46
Figura 12. Mapa da porção leste do NEMO com dendrograma de similaridade da riqueza de peixes de água doce entre bacias e
microbacias costeiras separado por grupos (G1, G2, G3 e G4). Registros na Mata Atlântica (círculos brancos) e registros na Caatinga
(círculos amarelos).
47
Tabela 4. Dados das Unidades de Conservação na área Mata Atlântica da ecorregião do Nordeste Médio-Oriental. ID - localização da UC no mapa (Figura 3); UF – Unidade
Federativa; RN – Rio Grande do Norte; PB – Paraíba; PE – Pernambuco; AL – Alagoas; US – Uso sustentável; PI – Proteção integral; NEMO – número de espécies endêmicas
da ecorregião; “-“ - sem informação.
Unidades de Conservação Espécies
ID UF Nome Categoria Área (km²) Bacia Registros Total NEMO Nativas Introduzidas
A RN APA de Jenipabu US 18,72 6 20 11 - 11 -
B RN APA Bonfim/Guaraíras US 428,92 8, 10, 11, 12 266 27 2 22 5
C RN Flona de Nísia Floresta US 1,68 10 - - - - -
D RN APA Piriqui-Una US 120,06 12, 13 26 12 1 12 -
E PB ARIE da Barra do Rio Camaratuba US 1,67 14 - - - - -
F PB Rebio Guaribas PI 26,96 14 74 15 - 14 1
G PB APA Barra do Rio Mamanguape US 149,17 15 14 10 2 10 -
H PB ARIE Foz do Rio Mamanguape US 57,69 15 - - - - -
I PB Flona da Restinga de Cabedelo US 1,16 17 - - - - -
J PE Resex Acaú-Goiana US 66,76 20 - - - - -
K PE ESEC de Caetés PI 0,10 Outra - - - - -
L PE PE de Dois Irmãos - 2,31 23 1 1 - 1 -
M PE APA de Sirinhaém US 75,63 26 - - - - -
N PE Rebio de Saltinho PI 5,62 29 - - - - -
O PE/AL APA Costa dos Corais US 4042,78 29, 30, 31, 32 - - - - -
P AL APA de Murici US 1295,26 33 3 3 - 3 -
Q AL ESEC de Murici US 61,31 33 - - - - -
R PE/AL Rebio de Serra Talhada PI 37,42 34 - - - - -
S AL APA do Pratagy US 225,94 32 1 1 - 1 -
T AL APA do Catolé e Fernão Velho US 37,12 35, 33 10 7 1 6 1
U AL APA de Santa Rita US 98,96 35 2 2 - 1 1
V AL Resex Lagoa do Jequiá US 102,03 36 - - - - -
W AL APA da Marituba do Peixe US 185,34 37 - - - - -
X AL APA de Piçabuçu US 91,06 37 - - - - -
48
5. DISCUSSÃO
No trabalho mais abrangente sobre peixes de água doce nas bacias que drenam a
Mata Atlântica, que listou 325 espécies (Menezes et al. 2007), das quais apenas 18 (5,5%)
ocorrem nas bacias costeiras da Mata Atlântica ao norte do Rio São Francisco. Parte desta
discrepância pode ser decorrente do viés geográfico e amostral, visto que no estudo de
Menezes et al. (2007) foram compilados dados bibliográficos e das principais coleções
ictiológicas do país, que estão concentrados nas regiões sudeste e sul do Brasil (Langeani
et al. 2009). Além disso, os autores indicaram deficiências na quantidade de dados
disponíveis para as regiões de Mata Atlântica do São Francisco, bem como ao norte desta,
ou seja, o NEMO. O presente estudo poderá ser comparado a compilação proposta por
Menezes et al. 2007, pois ambos tiveram a mesma delimitação nos grupos de espécies a
serem abordados. Ou seja, as listas levam em consideração apenas as espécies de peixes
pertencentes as famílias extremante de água doce, bem como abrangem bacias que
drenam o domínio da Mata Atlântica.
Em um patamar geral, os estudos ictiofaunísticos no Brasil encontram-se
distribuídos de forma desigual (Silva et al. 2014). A ictiofauna do NEMO foi
historicamente negligenciada até que os trabalhos propostos por Rosa et al. (2003) e Rosa
(2004), que estimaram riqueza e endemismo dos peixes de água doce das ecorregiões no
domínio da Caatinga. Nestes trabalhos também foram pontuadas carências de estudos de
cunho taxonômico, biogeográfico, além da escassez de grupos de pesquisas para a região
(Sarmento-Soares et al. 2017). Portanto, é esperado que as coleções mais representativas
do país apresentem poucos registros de peixes nas bacias costeiras do NEMO, já que estas
encontram-se distantes dos centros de pesquisas mais antigos. Entretanto, nos dados do
presente estudo possui 76% dos registros originados das instituições (UFPB e UFRN)
localizadas no NEMO, nos estados da Paraíba e Rio Grande do Norte, respectivamente.
Apesar da UFPB ser a primeira e mais tradicional instituição depositária da ictiofauna do
NEMO e responsável por conduzir trabalhos seminais relacionados a ictiofauna da
Caatinga, a UFRN é resultado de investimentos recentes que fixaram grupos de pesquisas
na região, obtendo avanços significativos para o conhecimento da ictiofauna de água doce
(Sarmento-Soares et al. 2017).
A natureza hidrológica do NEMO, principalmente nas bacias sob influência da
Caatinga e do clima semiárido, faz com que nos períodos longos de estiagem muitas
espécies fiquem restritas aos locais com pouca água e de difícil acesso, tais como: poças,
49
olhos d’água e nascentes, que podem dificultar estimativas mais precisas sobre a riqueza
de espécies nos rios temporários (Sarmento-Soares et al. 2017). Embora Paiva (1978)
tenha atribuído que a diversidade da fauna de peixes no NEMO é baixa, com
aproximadamente 50 espécies, mas com espécies bem adaptadas ao regime hidrológico
da região, outros estudos estimaram uma riqueza de aproximadamente 90 espécies (Rosa
et al. 2003; Rosa 2004; Albert et al. 2011). Entretanto, no estudo de Albert et al. (2011)
não é fornecida uma lista de espécies e os trabalhos de Rosa et al. (2003) e Rosa (2004)
referem-se aos peixes das bacias sob o domínio da Caatinga, onde são incluídos apenas
dados das maiores drenagens do NEMO. Consequentemente, informações sobre as bacias
e microbacias totalmente influenciadas pela Mata Atlântica não foram consideradas.
Porém, à lista de Rosa et al. (2003), Langeani et al. (2009) acresceu apenas Hemigrammus
unilineatus e Nannostomus beckfordi (Figura 10.8; Figura 10.5) em pequenos riachos
costeiros da Mata Atlântica do NEMO, que também estão listadas no presente estudo.
Os resultados deste estudo revelam padrões de riqueza e composição de espécies
de peixes de água doce nas bacias costeiras da porção leste do NEMO, porém a
composição entre as bacias e/ou grupos de bacias é bem variado, pois algumas drenagens
estão subamostradas, e tal característica pode resultar em algum viés nos resultados de
similaridade. Provavelmente a variação na riqueza e composição de espécies entre as
bacias, sejam reflexos do tamanho amostral e de características das próprias bacias, ou
até mesmo o tempo de origem destas bacias menores e microbacias, que são relativamente
mais jovens, em tempos geológicos, que as maiores drenagens desta mesma ecorregião.
Esta variação temporal pode refletir na ausência de algumas espécies, principalmente nas
microbacias, bem como em ambientes lacustres próximos ao mar, que podem ter sido
extintas nos eventos de mudanças do nível do mar (Bezerra et al. 2002; Petry et al. 2016),
tornando um ambiente adequado para espécies de água doce com tolerância a salinidade
(e. g. Cichlidae e Poecilidade) (Paiva et al. 2014) que se encontram bem distribuídas entre
as bacias.
O registro de 33 espécies nativas na bacia do rio Paraíba do Norte (ID17)
corresponde a 69% do total de espécies registradas para as bacias costeiras do NEMO
neste estudo, e pode ser resultado das características da própria bacia, como tamanho,
número de registros ou até mesmo presença de espécies reofílicas (e. g. Aspidoras
depinnai e Parotocinclus sp.), que habitam ambientes lóticos de cabeceiras e podem ser
encontrados nos brejos de altitude (Rosa & Groth 2004). Estes locais são responsáveis
pela manutenção e conservação da fauna de peixes de uma determinada bacia ou região,
50
abrigando diferentes espécie e resultando em uma área de endemismo (Rodrigues-Filho
et al. 2016). Esta bacia apresenta maior área territorial em relação as demais aqui
estudadas, com aproximadamente 20.100 km² (ANA 2017), onde a segunda maior bacia
(ID23) apresenta 37% de desta área. Outra característica que pode ter contribuição para
este resultado, é a proximidade de um dos principais e mais antigos grupos de estudos de
peixes de água doce da região, lotado na UFPB. Neste caso, cabe ressaltar que esta bacia
é a única com trechos inseridos nos limites da Mata Atlântica, que está envolvida no
Projeto de Transposição do Rio São Francisco (Feijó & Torggler 2006). O
desenvolvimento e execução do projeto poderá trazer consequências negativas para biota
aquática (Silva et al. 2017), já que para a mesma foi atribuída uma fragilidade intrínseca
e alta vulnerabilidade (Rosa et al. 2004).
As drenagens costeiras do Brasil já foram reconhecidas como áreas distintas em
relação à composição da ictiofauna, pois apresentam elevada riqueza de espécies
endêmicas (Camelier & Zanata 2014) e pode resultar em oportunidade para pesquisas
sobre ecorregiões hidrográfica e inferências biogeográficas para bacias, bem como
domínio, onde algumas bacias apresentam trechos em mais de um domínio
fitogeográfico. Além disso, o endemismo de espécies é um dos pilares para a conservação
de áreas.
O total (18%) de espécies nativas, classificadas como endêmicas do NEMO, que
foram registradas neste estudo podem encorajar ações de manejo e conservação para as
bacias, por exemplo Apareiodon davisi (Figura 10.3) é classificada como ‘em perigo’ não
foi registrada em nenhuma UC. Por outro lado, apenas três (3) espécies (Characidium
bimaculatum, Cheirodon jaguribensis e Hypostomus pusarum) foram registradas em
UCs, das quais C. jaguribensis é classificada como ‘dados insuficientes’ (Brasil 2014).
Estas informações indicam que as áreas da UCs não protegem as espécies endêmicas e/ou
ameaçadas, já que as nove espécies endêmicas foram registradas nos domínios da Mata
Atlântica e Caatinga.
Os registros de espécies de peixes nas microbacias independentes somam 70% do
total de espécies registradas neste estudo. Este valor corrobora a importância destas na
conservação de peixes de água doce (Paiva et al. 2014). No entanto, muitas microbacias
costeiras do NEMO não tiveram sua ictiofauna estudada. Diversos ictiólogos que
realizaram estudos e coletas no nordeste do Brasil, concentraram seus esforços nas
maiores bacias hidrográficas (Rosa & Groth 2004). As microbacias, que apresentam
menores áreas em relação às demais bacias adjacentes, geralmente não possuem
51
processos de barramentos e açudagens em suas áreas, pois na região em que estão
inseridas há uma disponibilidade maior de chuvas (CPRM 2016). Porém, estas estão
sujeitas a degradação, já que apresentam maior fragilidade ambiental e áreas próximo aos
centros urbanos (Paiva et al. 2014). Além disso, os dados revelados aqui mostraram que
houve maior número de espécies introduzidas nas áreas sob domínio da Mata Atlântica
nas bacias estudas, porém, estas espécies exóticas não foram registradas em nenhuma das
microbacias. Em ambientes costeiros, como os lagos, o processo de introdução de
espécies é mais relacionado com a frequência de uso pela população local, sendo as
espécies do gênero Cichla as mais difundidas nestes corpos d’água (Petry et al. 2016). A
introdução de espécies exóticas é uma das principais causas de extinção de espécies das
espécies nativas.
A introdução de espécies de peixes de água doce, no Nordeste do Brasil, teve início
em 1930 através do Departamento de Obra Contra a Seca, onde pelo menos 14 espécies
peixes foram introduzidas em lagos e açudes que se estabeleceram em vários estados da
região Nordeste. Dentre várias espécies de peixes introduzidas, algumas espécies da
família Cichlidae, que representam a maior parte destas, foram introduzidas para
atividade de piscicultura (Figura 10.24; Figura 10.26), pesca esportiva (Figura 10.23) e
aquicultura (Figura 10.22) (Leão et al. 2011). O ciclídeo Laetacara curviceps (Figura
10.25), registrado apenas na bacia do rio Pirangi, foi provavelmente introduzido para
aquariofilia (Berbel-Filho 2014). Além destas introduções, Poecilia reticulata (Figura
10.21), também usada para aquariofilia e recentemente incentivada por gestores de vários
municípios brasileiros no controle biológico de larvas de mosquito Aedes aegypti
(Azevedo-Santos et al. 2016). Tal estratégia poderá afetar mais ainda as espécies nativas,
já que P. reticulata pode ter causado exclusão competitiva de outras espécies nativas da
família Poeciliidae em rios costeiros nas regiões nordeste e sudeste (Rosa & Groth 2004).
As espécies (Pamphorichthys hollandi e Psellogrammus kennedyi) (Figuras 10.20
e 10.10) supostamente endêmicas da bacia do São Francisco (Froese & Pauly 2016) foram
registradas apenas em uma microbacia e uma bacia (ID31 e ID33, respectivamente) no
estado de AL. Os registros no NEMO podem indicar o limite norte destas espécies. A
espécie Aspidoras depinnai e espécies do gênero Parotocinclus foram registrada somente
até as bacias dos rios Ipojuca (ID25) e Mamanguape (ID15), respectivamente, sendo
ausentes nas bacias mais ao norte. Assim, nota-se um padrão de distribuição geográfica
destas espécies que parecem estar mais relacionadas com ambientes lóticos e substrato
rochoso (Rosa & Groth 2004), necessitando de condições ecológicas específicas que
52
podem estar ausentes nas menores bacias, principalmente aquelas que apresentam menor
variação de altitude, como as drenagens que nascem nas Serra da Borborema. Tais
inferências podem ser investigadas através de análises biogeográficas e ecológicas, já que
as condições ambientais das cabeceiras podem influenciar na composição de espécies.
Por exemplo, um substrato diverso que oferece recursos alimentares, além de refúgios
para um determinado grupo de espécies com funcionais semelhantes (Rodrigues-Filho et
al. 2017).
A maior parte dos dados aqui apresentados são originais e provenientes de coletas
realizadas pelos grupos de pesquisa regionais e complementados com dados secundários.
Os dados obtidos neste estudo podem sem somados ao catálogo mais abrangente de peixes
das bacias da Mata Atlântica (Menezes et al. 2007), representando um acréscimo de 12%
de espécies de peixes registrada para a Mata Atlântica. Embora esse aumento possa ser
resultado de estudos realizados após 2007 (Morais et al. 2012; Jerep & Malabarba 2014;
Nascimento et al. 2014; Paiva et al. 2014; Lira et al. 2015) para bacias do NEMO, ele
também representa um refinamento taxonômico e maior cobertura amostral, tanto de
bacias como microhabitats. A partir desse panorama mais abrangente da ictiofauna das
bacias costeiras do NEMO, algumas observações podem ser feitas sobre a distribuição
geográfica e relação espécie-área, que é um dos padrões ecológicos mais consistentes
(Begon et al. 2007).
Assumindo as dificuldades em reconhecer uma ictiofauna tipicamente relacionada
a um domínio fitogeográfico, a ocorrência de algumas espécies parece estar relacionada
com os limites da Mata Atlântica (e. g. Hemigrammus unilineatus (Figura 10.8);
Hoplerythrinus unitaeniatus (Figura 10.2); Kryptolebias hermaphroditus (Figura 10.19);
Nannostomus beckfordi (Figura 10.5)). O registro de H. unitaeniatus, restrito à Mata
Atlântica, pode representar apenas um viés amostral, visto que a espécie está amplamente
distribuída na região Neotropical, em diversos biomas, inclusive na Caatinga (Rosa et al.
2003). Hemigrammus unilineatus e N. beckfordi são espécies amazônicas (Albert et al.
2011) com distribuição geográfica disjunta que pode ser decorrente de introdução
antrópica acidental já que ambas são utilizadas na aquariofilia, como sugerido para a
última por Menezes et al. (2007). No entanto, também podem representar uma
distribuição geográfica relictual decorrente de períodos em que estes ambientes florestais
eram contínuos, antes da suposta extinção nas áreas semiáridas. Recentemente N.
beckfordi também foi registrada em uma bacia no norte do Estado do Ceará, em área
costeira de Caatinga (Teixeira et al. 2016). Assim, análises filogenéticas destas espécies
53
podem elucidar a natureza destes táxons. Enquanto isso, por abordagem conservadora,
assumiremos estas espécies como nativas no NEMO.
No caso de K. hermaphroditus, que é restrita a ambientes salobros de manguezais
(Costa 2011; Lira et al. 2015), esta pode ser considerada como tipicamente de Mata
Atlântica, pois os manguezais são ecossistemas associados ao bioma (MMA 2016c). Esta
espécie também foi recentemente registrada nos manguezais do norte do Rio Grande do
Norte, em áreas no domínio da Caatinga (Costa 2016) e também da Amazônia, nos
estuários que deságuam no litoral do Pará (Guimarães-Costa et al. 2017). Trata-se de uma
espécie eurialina que pode viver em condições adversas como ambientes extremamente
rasos e anóxicos, além de usarem galhos e troncos como refúgios que se desprendem das
árvores de manguezais e podem ser levados para outros estuários através de corrente
marítimas (Taylor 2012).
Nas bacias costeiras do NEMO não foram registradas outras espécies de peixes da
família Cynolebiidae (ex-Rivuliidae). Aparentemente o limite norte das espécies desta
família, em ambientes associados à Mata Atlântica, é ao sul da foz do São Francisco, onde
recentemente uma espécie de Cynolebiidae não anual foi descrita, Melanorivulus
atlanticus Costa, Bragança & Ottoni 2015, para o estado Sergipe (Costa et al. 2015).
Embora outras espécies estejam presentes em trechos de Mata Atlântica e Caatinga,
seus registros são mais abundantes na Mata Atlântica e/ou nas áreas de transição entre
estes biomas (e. g. Aspidoras depinnai e Geophagus brasiliensis), entretanto, A. depinnai,
endêmica do NEMO, foi registrada apenas nas bacias dos rios Ipojuca (ID25), Una (ID30)
e Paraíba do Meio (ID34) como registros visualizados em aproximadamente 15 km fora
dos limites da Mata Atlântica. Já a espécie Geophagus brasiliensis, que apresenta ampla
distribuição nas bacias costeiras da Mata Atlântica (Menezes et al. 2007), no NEMO tem
seu limite norte de ocorrência na bacia do rio Trairi (ID10), onde apresenta registros
também na Caatinga. Inversamente, Hyphessobrycon parvellus e Parotocinclus
cesarpintoi (Figura 10.16) que foram listadas por Menezes et al. (2007) para Mata
Atlântica, foram registradas somente no NEMO nos trechos sob influência da Caatinga.
Considerando que algumas bacias apresentam distribuição heterogênea de registros sob
suas drenagens, com diversos trechos sem amostragem, como por exemplo, as bacias dos
rios Maxaranguape (ID3), Capibaribe (ID23) e diversas microbacias adjacentes além de
outras sem amostragens (Tabela 1; Figura 9). Este padrão pode ter subestimado a
composição de espécies por bacias, mas provavelmente reflete um panorama real da
riqueza das bacias costeiras no domínio da Mata Atlântica no NEMO. Além disso, muitos
54
trechos de bacias, principalmente nas regiões de cabeceiras, não se encontram protegidos
por UCs estas contemplam mais as áreas costeiras e trechos inferiores destas (Figura 8).
Algumas espécies que são dependentes de regiões de cabeceiras com leito rochoso,
principalmente espécies de pequeno porte, onde foram listadas como endêmicas do
NEMO, podem sofrer com a perda de habitat. Além destas, Apareiodon davisi, que é
listada como ‘em perigo’, habita também estas áreas desprotegidas, consequentemente,
não foi registrada em nenhuma UC.
Os dados deste estudo revelaram 57 espécies de peixes de água doce para as bacias
sob influência do domínio da Mata Atlântica, equivalendo 48% da riqueza estimada para
toda a ecorregião do NEMO (Berbel-Filho et al. Submetido). E acrescenta espécies à lista
mais abrangente de peixes de Mata Atlântica, indo além da compilação proposta por
Menezes et al. 2007, onde deficiências na quantidade de dados sobre a ictiofauna foram
indicadas para a região de Mata Atlântica do NEMO. Vale salientar que muitas das
amostragens reveladas aqui são resultados de investimento recentes do Governo do Brasil
que fixou pesquisadores, bem a formação de profissionais voltados à pesquisa. Apesar da
compilação deste estudo possuir 3.245 registros em uma área de aproximadamente 39.467
km², diversas bacias parecem refletir a riqueza de espécies para suas próprias áreas.
Porém existem diversas bacias subamostradas e outras que apresentam total lacuna.
Compilações que abrangem área biogeográficas identificam diversos padrões, como área
de endemismo bem como limites geográficos para as espécies. Entretanto avanços devem
ser realizado na Mata Atlantica do NEMO, pois para a mesma foram identificadas áreas
críticas para a conservação, onde pelo mesmo 24 áreas são de extrema importância
biológica (Tabarelli et al. 2006). Os resultados aqui apresentados podem auxiliar na
indicação de áreas prioritárias para a conservação, bem como medidas mitigadoras para
conservação e manejo das bacias e UCs representadas, além de contribuir para redução
da lacuna de conhecimento da ictiofauna continental desta do NEMO.
55
6. CONCLUSÕES
• Foram revelados dados inéditos sobre ictiofauna continental para 37 bacias, que
incluem microbacias independentes, sob influência da Mata Atlântica da
ecorregião hidrográfica do Nordeste Médio-Oriental (NEMO);
• Foram registradas 57 espécies de peixes, 48 nativas, nove (9) não-nativas, nove
(9) endêmicas do NEMO e onde Apareiodon davisi, Cheirodon jaguaribensis e
Kryptolebias hermaphroditus foram classificadas como ‘em perigo’, ‘dados
insuficientes’ e ‘quase ameaçada’, respectivamente;
• Das 48 espécies nativas, 10 foram registradas na Mata Atlântica e quatro (4) para
a Caatinga, e o restante (71%) nos dois domínios;
• Foram contabilizadas 24 Unidades de Conservação (UCs) na área estudada, todas
sob o domínio da Mata Atlântica, onde 64% das espécies nativas foram registradas
em 10 UCs, sendo uma de proteção integral (REBIO Guaribas). A. davisi, C.
jaguaribensis e K. hermaphroditus não foram registradas nestas;
• A bacia do rio Paraíba do Norte apresentou a maior número de espécies, com 33
espécies registradas;
• Apenas 45% das bacias e microbacias apresentam pontos amostrais bem
distribuídos sob sua rede hidrográfica, sendo que as bacias com as maiores
riquezas de espécies possuem maiores áreas (e. g. Paraíba do Norte e Una);
• Foram identificadas lacunas nas bacias Maxaranguape (ID 3), Potengi (ID 7),
Pirangi (ID 8), Jacú (ID 11), Miriri (ID 16), Goiana (ID 20), Capibaribe (ID 23),
Sirinhaém (ID 16), Manguaba (ID 31) e São Miguel (ID6 36), bem como em sete
(7) microbacias. Além de outras microbacias que não apresentaram registros
espécies de peixes de água doce;
• Todas as nove (9) espécies endêmicas do NEMO foram registradas nos domínios
da Caatinga e Mata Atlântica;
56
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Disponível em: http://www.cbh.gov.br/Default.aspx (acessado em 17 de novembro de
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8. ANEXO
Anexo 1. Valores de similaridade de Jaccard para as bacias e microbacias costeiras da porção leste da ecorregião hidrográfica do Nordeste Médio-Oriental, gerada através dos
dados de presença e ausências das espécies nativas de peixes de água doce registradas. Bacias: 1 - Boqueirão, 2 - Punaú, 3 - Maxaranguape, 4 - Pratagi, 5 - Ceará-Mirim, 6 –
Doce, 7 - Potengi, 8 - Pirangi, 9 - Boacica, 10 - Trairi, 11 - Jacú, 12 - Catu, 13 - Curimataú, 14 - Camaratuba, 15 - Mamanguape, 16 - Mirirm, 17 - Paraíba do Norte, 18 -
Gramame, 19 - Abiaí, 20 - Goiana, 21 - Itapessoca, 22 - Utinga, 23 - Capibaribe, 24 - Jaboatão, 25 - Ipojuca, 26 - Sirinhaém, 27 - Dos gatos, 28 - União, 29 - Saltinho, 30 - Una,
31 - Manguaba, 32 - Prataji, 33 - Mundaú, 34 - Paraíba do Meio, 35 - Complexo Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba (CELMM), 36 - São Miguel e 37 - Coruripe.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
1 1
2 0,82353 1
3 0,42857 0,35294 1
4 0,8 0,66667 0,46154 1
5 0,40741 0,51852 0,2 0,32143 1
6 0,66667 0,58333 0,28571 0,61905 0,5 1
7 0,57143 0,63636 0,25 0,45455 0,72 0,53846 1
8 0,66667 0,65217 0,28571 0,61905 0,5 0,68 0,53846 1
9 0,14286 0,11765 0,33333 0,15385 0,083333 0,095238 0,10526 0,095238 1
10 0,54167 0,6 0,20833 0,5 0,67857 0,57143 0,68 0,57143 0,086957 1
11 0,58824 0,57895 0,35714 0,52941 0,42308 0,47826 0,52381 0,47826 0,15385 0,5 1
12 0,55 0,47826 0,35294 0,57895 0,46429 0,46154 0,5 0,65217 0,11765 0,48148 0,5 1
13 0,43478 0,5 0,25 0,3913 0,65385 0,42857 0,58333 0,42857 0,10526 0,61538 0,45455 0,44 1
65
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
14 0,45455 0,4 0,33333 0,47619 0,44828 0,5 0,48 0,5 0,11111 0,46429 0,40909 0,59091 0,48 1
15 0,37931 0,43333 0,23077 0,3 0,66667 0,46875 0,55172 0,46875 0,076923 0,53125 0,34483 0,43333 0,60714 0,51724 1
16 0,35294 0,3 0,36364 0,375 0,32 0,30435 0,33333 0,25 0,22222 0,28 0,46667 0,36842 0,33333 0,42105 0,34615 1
17 0,37143 0,41667 0,17647 0,30556 0,61111 0,44737 0,51429 0,44737 0,058824 0,54054 0,46667 0,37838 0,51429 0,44444 0,76471 0,26471 1
18 0,42857 0,48276 0,18519 0,39286 0,6129 0,51613 0,5 0,62069 0,037037 0,58065 0,25806 0,53571 0,45161 0,51724 0,67742 0,25 0,62162 1
19 0,36 0,37037 0,2381 0,32 0,57143 0,41379 0,56 0,41379 0,047619 0,48276 0,26923 0,48 0,5 0,52 0,7037 0,31818 0,58824 0,7037
20 0,27273 0,29167 0,17647 0,35 0,35714 0,34615 0,32 0,34615 0,066667 0,37037 0,28571 0,29167 0,43478 0,3913 0,48148 0,27778 0,37143 0,48148
21 0,14286 0,11765 0,33333 0,15385 0,083333 0,095238 0,10526 0,095238 0,33333 0,086957 0,15385 0,11765 0,10526 0,11111 0,076923 0,22222 0,058824 0,076923
22 0,125 0,10526 0,11111 0,13333 0,12 0,086957 0,15 0,086957 0,2 0,08 0,0625 0,16667 0,095238 0,15789 0,071429 0,18182 0,085714 0,11111
23 0,26316 0,22727 0,33333 0,27778 0,21429 0,29167 0,16 0,19231 0,090909 0,22222 0,27778 0,22727 0,26087 0,27273 0,33333 0,26667 0,29412 0,24138
24 0,066667 0,055556 0,14286 0,071429 0,083333 0,045455 0,05 0,095238 0,33333 0,086957 0,071429 0,11765 0,05 0,052632 0,076923 0,1 0,058824 0,076923
25 0,375 0,33333 0,25 0,33333 0,48276 0,42857 0,40741 0,37931 0,05 0,5 0,33333 0,44 0,52 0,42308 0,5 0,27273 0,47222 0,45161
26 0,13333 0,11111 0,125 0,14286 0,08 0,090909 0,1 0,090909 0,25 0,083333 0,14286 0,11111 0,1 0,05 0,074074 0,2 0,057143 0,074074
27 0,066667 0,055556 0,14286 0,071429 0,083333 0,095238 0,10526 0,095238 0,33333 0,086957 0,071429 0,055556 0,10526 0,052632 0,076923 0,1 0,058824 0,076923
28 0,14286 0,11765 0,33333 0,15385 0,083333 0,095238 0,10526 0,095238 0,33333 0,086957 0,15385 0,11765 0,10526 0,11111 0,076923 0,1 0,058824 0,076923
29 0,14286 0,11765 0,33333 0,15385 0,04 0,095238 0,05 0,095238 0,33333 0,041667 0,071429 0,11765 0,05 0,11111 0,076923 0,1 0,058824 0,076923
30 0,32143 0,33333 0,20833 0,33333 0,51613 0,375 0,44828 0,33333 0,041667 0,48387 0,28571 0,42857 0,5 0,41379 0,53125 0,28 0,54054 0,48485
66
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
31 0,21053 0,18182 0,15385 0,22222 0,26923 0,2 0,27273 0,15385 0,1 0,23077 0,22222 0,2381 0,27273 0,17391 0,25 0,2 0,19444 0,2069
32 0,42857 0,35294 0,5 0,46154 0,2 0,28571 0,25 0,28571 0,14286 0,20833 0,35714 0,35294 0,25 0,26316 0,23077 0,36364 0,17647 0,23077
33 0,38889 0,33333 0,30769 0,33333 0,34615 0,33333 0,30435 0,33333 0,083333 0,36 0,41176 0,4 0,36364 0,31818 0,37037 0,25 0,28571 0,37037
34 0,27273 0,24 0,17647 0,28571 0,35714 0,25 0,26923 0,2963 0,066667 0,32143 0,28571 0,40909 0,375 0,23077 0,33333 0,15 0,2973 0,37931
35 0,38095 0,33333 0,16667 0,33333 0,39286 0,33333 0,36 0,33333 0,0625 0,46154 0,4 0,45455 0,47826 0,375 0,36667 0,26316 0,36111 0,36667
36 0,33333 0,28571 0,33333 0,35294 0,13333 0,24 0,20833 0,24 0,090909 0,22222 0,21053 0,22727 0,20833 0,33333 0,24138 0,1875 0,25714 0,28571
37 0,31579 0,27273 0,21429 0,26316 0,34615 0,28 0,36364 0,2307 0,083333 0,36 0,33333 0,33333 0,42857 0,31818 0,37037 0,25 0,28571 0,32143
67
Continuação do Anexo 1.
19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36
19 1
20 0,47826 1
21 0,1 0,14286 1
22 0,14286 0,058824 0,2 1
23 0,30435 0,33333 0,2 0,076923 1
24 0,1 0,066667 0,33333 0,2 0,090909 1
25 0,625 0,375 0,10526 0,095238 0,45 0,10526 1
26 0,095238 0,13333 0,25 0,16667 0,18182 0,25 0,1 1
27 0,1 0,14286 0,33333 0,2 0,090909 0,33333 0,10526 0,25 1
28 0,1 0,14286 0,33333 0,2 0,2 0,33333 0,10526 0,25 0,33333 1
29 0,1 0,066667 0,33333 0,2 0,2 0,33333 0,10526 0,25 0,33333 0,33333 1
30 0,59259 0,37037 0,086957 0,125 0,375 0,086957 0,68 0,13043 0,086957 0,086957 0,086957 1
31 0,26087 0,35294 0,22222 0,083333 0,26667 0,1 0,27273 0,2 0,1 0,1 0,1 0,33333 1
32 0,3 0,33333 0,33333 0,11111 0,45455 0,14286 0,31579 0,28571 0,14286 0,33333 0,33333 0,26087 0,25 1
33 0,40909 0,38889 0,18182 0,071429 0,4 0,18182 0,42857 0,16667 0,083333 0,18182 0,083333 0,36 0,33333 0,30769 1
34 0,41667 0,4 0,14286 0,2 0,33333 0,14286 0,375 0,13333 0,066667 0,14286 0,066667 0,37037 0,35294 0,25 0,47059 1
68
19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36
35 0,4 0,31818 0,13333 0,11765 0,38889 0,13333 0,61905 0,2 0,0625 0,13333 0,0625 0,58333 0,26316 0,3125 0,44444 0,45 1
36 0,36364 0,33333 0,2 0,27273 0,33333 0,090909 0,26087 0,083333 0,090909 0,2 0,2 0,22222 0,11765 0,33333 0,23529 0,41176 0,25 1
37 0,47619 0,47059 0,18182 0,15385 0,4 0,083333 0,5 0,16667 0,083333 0,18182 0,083333 0,36 0,42857 0,41667 0,46667 0,47059 0,44444 0,3125