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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIA MICHELE FEITOSA REGUEIRA PINTO PERFIL DAS CRIANÇAS VÍTIMAS DE ACIDENTES DOMICILIARES ATENDIDAS NA EMERGÊNCIA DE UM HOSPITAL DE SALVADOR/BA SALVADOR/BAHIA 2010

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL

ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIA

MICHELE FEITOSA REGUEIRA PINTO

PERFIL DAS CRIANÇAS VÍTIMAS DE ACIDENTES

DOMICILIARES ATENDIDAS NA EMERGÊNCIA DE UM

HOSPITAL DE SALVADOR/BA

SALVADOR/BAHIA

2010

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MICHELE FEITOSA REGUEIRA PINTO

PERFIL DAS CRIANÇAS VÍTIMAS DE ACIDENTES

DOMICILIARES ATENDIDAS NA EMERGÊNCIA DE UM

HOSPITAL DE SALVADOR/BA

SALVADOR/BAHIA

2010

Monografia apresentada ao curso de Pós- graduação

Lato Sensu Enfermagem em Emergência da

Universidade Castelo Branco e Atualiza Associação

Cultural, como requisito para obtenção do título de Especialista em Emergência, sob a orientação do

Profº. Dr. Fernando Reis do Espírito Santo.

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Agradecimentos

À Deus, força maior que nos criou e nos guia;

Aos meus pais pelo apoio incondicional;

Ao meu marido Mauro, por estar ao meu lado e me amar;

À nossa princesa Mariana, que está para chegar;

Ao Hospital São Rafael e ao CEP(Centro de Estudos e Pesquisa) pela colaboração imensa

nesse trabalho;

À Conceição, também, pela ajuda nesse estudo;

Ao Prof. Fernando Reis por tornar simples redigir um trabalho monográfico;

À Atualiza pelos ensinamentos na minha Pós-Graduação tão sonhada.

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“O melhor exemplo do amor verdadeiro é o das mães, que sabem amar com renúncia.” C.

Torres Pastorino

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RESUMO

Os acidentes na infância e adolescência constituem atualmente um dos principais problemas

de saúde pública no Brasil, em especial nas crianças menores de cinco anos de idade. Os

acidentes domésticos mais predominantes são: asfixia, quedas, queimaduras, intoxicações,

afogamentos, choques elétricos, mordeduras e traumas no geral. Constituindo assim, um

importante problema de saúde pública, já que esses acidentes na maioria das vezes não são

fatais, mas que deixam sequelas que, a longo prazo, repercutem na família e na sociedade,

penalizando assim a infância das crianças e dos adolescentes. Contudo, esses acidentes

domésticos são passíveis de prevenção por intermédio da orientação de familiares. O presente

estudo tem como objetivo evidenciar o perfil das crianças vítimas de acidentes domiciliares

atendidas na emergência do Hospital São Rafael no período de 2008 a 2009. Trata-se de uma

pesquisa quantitativa, realizada no Hospital São Rafael, através do sistema de informação do

próprio hospital, para identificação as crianças selecionadas foram vítimas de acidentes

domésticos como: quedas, afogamentos, queimaduras, intoxicação, engasgos e mordedura,

atendidas na unidade de emergência pediátrica. Foram catalogadas 253 fichas dos

atendimentos, dos quais foram analisadas as seguintes variáveis: faixa etária, sexo, perfil do

acidente e localidade. A coleta de dados da fundamentação teórica foi obtida por consulta em

artigos científicos em sites confiáveis, levantados no período de 1999 a 2009 em periódicos

indexados e catalogados em bases de dados bibliográficos Lilacs, PubMed, Scielo e Medline,

sendo posteriormente os dados organizados por meio de planilha eletrônica Excel, analisadas

e comparadas tomando como base as estatísticas trazidas pelo referencial. Dentre as 253

fichas analisadas, foram obtidos os seguintes resultados: distribuição por faixa etária:

lactentes (0 – 2 anos incompletos) foi consequentemente mais acometida no estudo, com 120

atendimentos realizados, seguida de 96 atendimentos pré-escolar (2 – 6 anos incompletos).

Com predomínio do sexo masculino (54%), em relação ao sexo feminino (46%). Os

principais acidentes foram: Quedas (84%), seguido por engasgos (4%), intoxicações e

mordeduras (3%), choques e cortes (2%), e, queimaduras e afogamentos (1%). Resultados

condizentes com a maioria dos estudos analisados. Conclui-se com essa pesquisa, a

importância do despertar da implementação de ações educativas aliadas às medidas de

prevenção aos acidentes domésticos com crianças tornando-se um desafio, não somente para

os adultos por elas responsáveis, mais para todos os órgãos e profissionais que estão

envolvidos no acompanhamento do crescimento e desenvolvimento dessas crianças.

Palavras chave: acidentes domiciliares, crianças, emergência, prevenção.

ABSTRACT

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Accidents in childhood and adolescence is currently a major public health problems in Brazil,

especially in children younger than five years old. Domestic accidents are more prevalent:

choking, falls, burns, poisoning, drowning, electric shock, bite, trauma, etc. in general. Thus,

an important public health issue, since such accidents in most are not fatal, leaving more

sequels that in the long term impact on family and society, thereby penalizing the children of

children and adolescents. However, these household accidents are preventable through family

guidance. This study aims to highlight the types of accidents and the period 2008 to 2009.

This is a quantitative research, conducted at the Hospital San Rafael, via an information

system for the hospital to identify children who were victims of domestic accidents such as

falls, drowning, burns, poisoning, choking and biting etc. attending the pediatric emergency

unit. Selecting 253 files of cases, which were analyzed the following variables: age, gender,

profile and location of the accident. Data collection of theoretical was obtained by

consultation papers on trusted sites, raised in the period 1999-2009 in journals indexed and

cataloged in bibliographic databases Lilacs, PubMed, Medline and Scielo, after which the data

organized by Excel spreadsheet, analyzed and compared using as a base reference statistics

brought about by. Data were organized using Excel spreadsheet, analyzed and compared

using as basis the statistics brought about by reference. Among the 253 files examined, we

obtained the following results: distribution by age group, infants (0-2 years incomplete) was

therefore more affected in the study, with 120 calls made, then the 96 calls from preschool (2

- 6 years incomplete). Predominantly male (54%) compared to females (46%). The main

casualties were: fall (84%), followed by choking (4%), poisoning, bites (3%), shock and cut

(2%) and burning and drowning (1%). Results consistent with most of the studies analyzed.

concludes with this research, the importance of awakening implement educational allied to

prevention measures, accidents household with children becoming a challenge, not only for

the adults responsible for them, more for all agencies and professionals are involved in the

growth and development of these children.

Keywords: domestic accidents, children, rescue, prevention.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

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Figura 1. Fatores envolvidos na ocorrência de acidentes................................................15

Figura 2. Distribuição das Crianças vítimas de Acidentes Domésticos atendidas na unidade de

emergência- Hospital São Rafael (2008-2009) Salvador/Ba........................29

Figura 3. Distribuição dos pacientes vítimas de acidentes domiciliares por faixa etária-

Hospital São Rafael (2008-2009) Salvador/Ba...............................................................31

Figura 4. Distribuição por gênero das crianças vítimas de acidentes domésticos atendidas na

unidade de emergência- Hospital São Rafael (2008-2009)

Salvador/Ba.....................................................................................................................33

LISTA DE QUADROS E TABELAS

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Quadro 1. Distribuição dos Tipos de Acidentes Domésticos e Faixa Etária das crianças

atendidas no Hospital São Rafael (2008-2009) Salvador/Ba.........................................32

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

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LILACS = Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde

PUBMED = United States National Library of Medicine

SCIELO = Scientific Electronic Library Online

SUMÁRIO

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1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................11

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................................14

2.1 – CONCEITOS DE ACIDENTES........................................................................14

2.2 – TIPOS DE ACIDENTES DOMÉSTICOS MAIS FREQUENTES...................16

2.2.1 – Quedas...................................................................................................16

2.2.2 – Afogamentos.........................................................................................16

2.2.3 – Engasgos...............................................................................................17

2.2.4 – Queimaduras.........................................................................................18

2.2.5 – Intoxicações ou Envenenamentos.........................................................20

2.3 – FAIXA ETÁRIA MAIS FREQUENTE DAS CRIANÇAS ACOMETIDAS

PELOS ACIDENTES DOMÉSTICOS......................................................................22

2.4 – ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO.................................................................24

3. METODOLOGIA ......................................................................................................27

3.1– RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................29

4. CONCLUSÃO ...........................................................................................................34

REFERÊNCIAS..............................................................................................................36

1. INTRODUÇÃO

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Apresentação do objeto de estudo

O acidente no contexto atual pode ser definido como uma cadeia de eventos que ocorre em

um período relativamente curto de tempo (geralmente segundos ou minutos), que não tenha

sido desejado conscientemente, começa com a perda de controle do equilíbrio entre um

indivíduo (vítima) e seu sistema (ambiente) e termina com a transferência de energia

(cinética, química, térmica, elétrica ou radiação ionizante) do sistema do indivíduo, ou

bloqueio dos seus mecanismos de utilização de tal energia (BLANK, 2003, 15-24). Está

implícita, ao contrário da violência, a conotação da não intencionalidade, mas não de

fatalidade, pois os acidentes são causados por fatores reversíveis e passíveis de prevenção.

Os acidentes na infância e adolescência constituem atualmente um dos principais problemas

de saúde pública no Brasil, em especial nas crianças menores de cinco anos de idade.

Enquanto na infância o ambiente doméstico é o principal local onde são gerados esses

agravos, na adolescência, o espaço extradomiciliar tem prioridade no acontecimento desses

problemas. Além disso, esses acidentes causam um sofrimento muito grande às famílias e um

custo econômico muito alto ao sistema de saúde, principalmente nos casos em que deixam

seqüelas e invalidez na criança (MACKEENZIE & BARACT, 2000).

Afirmava Guimarães, et al., (2003, apud Haddon 1972) que as circunstâncias causais

relacionadas ao traumatismo eram eventos distintos das lesões conseqüentes ao mesmo. Os

acidentes em crianças seguem padrões específicos, previsíveis, e são diretamente

influenciados pela idade, sexo, local de moradia, hora e clima.

Segundo Guimarães et al., (2003), o ambiente doméstico pode ser especialmente hostil às

crianças. Instrumentos cortantes, móveis, janelas, panelas contendo alimentos fumegantes,

fósforos, garrafas de detergentes e produtos tóxicos deixados embaixo da pia da cozinha se

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constituem atrativos especiais para as crianças, contribuindo de modo efetivo para o aumento

no número de crianças lesionadas, com resultados muitas vezes nefastos.

Na infância predominam os acidentes domésticos como: asfixia, quedas, queimaduras,

intoxicações, afogamentos, choques elétricos, mordeduras e traumas no geral. Contudo, esses

acidentes domésticos que ocorrem com as crianças são passíveis de prevenção por intermédio

da orientação de familiares, de alterações físicas dos espaços domiciliares (AMARAL &

PAIXÃO, 2007).

A infância constitui-se de uma fase da vida da criança considerada tão importante que a

sociedade e os governos do mundo todo têm criado leis para protegê-las. As crianças precisam

de proteção para que possam crescer saudáveis e sem qualquer tipo de lesões. Pois, os

acidentes domiciliares juntamente com a violência, ocupam posição de destaque no perfil de

mortalidade e morbidade entre crianças e adolescentes. Constituindo assim, um importante

problema de saúde pública, já que, esses acidentes na maioria das vezes não são fatais, mas

deixam seqüelas, que, em longo prazo, repercutem na família e na sociedade, penalizando

assim a infância das crianças e dos adolescentes.

Justificativa

Sabendo-se que a maioria dos atendimentos em emergências, especialmente os decorrentes de

acidentes domésticos com crianças, poderia ser evitada com a adoção de medidas preventivas,

esse trabalho de pesquisa justifica-se como um instrumento que estuda as causas e

circunstâncias desses agravos na população infantil, a fim de possibilitar a elaboração de

métodos preventivos, com estratégias específicas de controle e prevenção. Frente à alta

incidência de acidentes domésticos com crianças, torna-se ainda mais relevante o estudo sobre

o tema para que os profissionais de saúde, que atuam na atenção secundária como nos

hospitais, possam reconhecer o perfil desses eventos e procurarem exercer sua co-participação

na tentativa, a partir da literatura estudada, de minimizar os agravos contra a infância.

Problema

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Perfil das crianças vítimas de acidentes domiciliares atendidas na emergência do Hospital São

Rafael no período de 2008 a 2009.

Objetivo

Evidenciar o perfil das crianças vítimas de acidentes domésticos atendidas na emergência do

Hospital São Rafael no período de 2008 a 2009.

Estrutura do trabalho

Para uma melhor compreensão do estudo da pesquisa, a mesma foi dividida em quatro

momentos: 1. Conceitos de acidentes sendo a transferência de energia causa direta do

acidente; 2. Tipos de acidentes domésticos mais frequentes, que podem contribuir para elevar

a morbimortalidade infantil, entre os principais acidentes domésticos com crianças

encontram-se: quedas, afogamentos, engasgos, queimaduras, intoxicações ou

envenenamentos; 3. Faixa etária mais frequente das crianças acometidas pelos acidentes

domésticos, em que a idade das crianças varia de 0 a 6 anos de idade; 4. Estratégias de

prevenção, considerando a educação como um provável caminho para reduzir a incidência dos

acidentes domésticos e muitos outros.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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2.1. CONCEITOS DE ACIDENTES

Na primeira metade do século XX a prevenção de acidentes iniciou-se com a permissão de

que as pessoas que sofriam acidentes eram descuidadas, ignorantes ou indiferentes. Em 1942

DeHaven ressaltou a importância dos mecanismos e da biomecânica dos acidentes e que eles

não seriam inevitáveis. Sete anos após foi instituído, por John Gordon, o conceito da

epidemiologia dos acidentes, ao ser comparado com o que se conhecia das doenças

infecciosas: acidentes poderiam ser caracterizados por possuir variação episódica e sazonal,

tendência a longo prazo e distribuição demográfica. Em 1961 este conceito foi modificado por

Gibson, que introduziu o conceito da transferência de energia como causa direta de acidente.

Depois de onze anos, Dr. William Haddon Jr. desenvolveu este conceito distribuído em duas

fases: a. epidemiológica que prevê a distribuição de risco de acidentes entre populações de

crianças; b. biomecânica que avalia a vulnerabilidade e capacidade de recuperação humana

consequentes à transferência de energia, de modo que esta possa ser limitada a quantidades

toleráveis (BLANK, 2005).

Através desse universo de prevenção dos acidentes, tentando reduzir a morbimortalidade

devido ao trauma, foi criado um modelo epidemiológico aplicado aos acidentes. O modelo

agente-hospedeiro-ambiente foi adaptado para o estudo dos acidentes. Nele, a criança é o

hospedeiro (ou a vítima). O agente patogênico é a energia (mecânica, térmica, química,

elétrica). Os vetores são todos os objetos (automóveis, motos, bicicletas, escadas, mobília,

facas, brinquedos, fios elétricos), elementos naturais (fogo, água), produtos químicos

(medicamentos, produtos de limpeza) ou animais (cães, animais peçonhentos) que

possibilitam a liberação da energia sobre a vítima. Mas para que a injúria não intencional

ocorra, é necessário que exista um meio ambiente que favoreça sua ocorrência, e do ponto de

vista socioeconômico, seja favorável (SCHVARTSMAN, 2003).

Os vetores e o hospedeiro interagem em um meio ambiente que influi fatores

biopsicossociais, os quais podem manter o equilíbrio ou quebrá-lo, causando o ferimento.

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Dessa maneira, todas as possíveis “causas” de acidentes, de alguma forma, passam pelas

ações das pessoas, como mostra a fig.1, que identifica os múltiplos fatores que levam à

ocorrência de acidentes.

Figura 1. Fatores envolvidos na ocorrência de acidentes.

No cenário mundial, as estatísticas imprimem diferenças regionais e mostram que as maiores

taxas de mortalidade (TM) na infância por causas externas encontram-se em países da África

(TM = 53,1/100.000) e Ásia (TM= 21,8/100.000), sendo os menores valores encontrados em

países da América do Norte (TM=14,4/100.000) e Europa (TM= 7,9/100.000). Dentre os

óbitos ocorridos na infância, as principais causas incluem os acidentes de trânsito

(TM=10,7/100.000), afogamentos (TM= 7,2/100.000), queimaduras (TM= 3,9/100.000),

quedas (TM=1,9/100.000) e envenenamentos (TM= 1,8/100.000) (WHO, 2008).

No Brasil, segundo a Estatística da Sociedade Brasileira de Pediatria (1998), 80% dos

acidentes que ocorrem em casa são devidos a tanque de lavar solto, panelas com água

fervendo sobre o fogão, ferros de passar roupa ligados, medicamentos, material de limpeza e

fósforos acondicionados em locais de fácil acesso para a criança. Sendo que a asfixia e o

sufocamento representam cerca de (40%) do total de acidentes em crianças e se deve a balas

(doces), uvas, chupetas pequenas, bolinhas, pecinhas de brinquedo e balões. Os acidentes por

incêndio e queimaduras representam quase 10% de todas as mortes traumáticas, sendo que,

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destas, mais de 20% ocorrem em menores de cinco anos e a grande maioria (85%) se deve a

incêndios domésticos, com morte por inalação de fumaça e asfixia e não por queimaduras

graves. A queimadura doméstica, ocorre principalmente na cozinha (70%) e, está quase

sempre relacionada com líquidos ferventes (água, café, leite e óleo). As quedas, por sua vez,

são as principais causas de acidentes com crianças que procuram o pronto-socorro.

2.2. TIPOS DE ACIDENTES DOMÉSTICOS MAIS FREQUENTES

2.2.1. Quedas

As quedas são as grandes responsáveis por um número significativo de lesões e ferimentos

que não são fatais, podendo ser de dois tipos: quedas do mesmo nível, e quedas em alturas.

Em relação às quedas de altura tem que se prestar atenção especial às mesas, cadeiras altas,

camas, escadas, como também os equipamentos de parques que ficam próximos às

residências. A gravidade da queda depende da idade da criança assim como também da altura

de onde a criança venha a cair. Um bebê com menos de um ano pode cair de uma cama sem

grades de proteção, assim como uma criança entre 3-5 anos pode cair de uma janela do

segundo andar, sem proteção de redes e ambas serem fatais (HARBOURIEW, 2001).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, na faixa etária de 5 a 14 anos, as quedas

ocuparam no mundo em 2000, o quinto lugar como sobrecarga de doenças (PEDEN et al.,

2002). No Brasil, segundo a Datasus, no ano 2002, morreram 443 crianças e adolescentes, na

faixa etária de 0 a 19 anos, vítimas de quedas (Ministério da Saúde, 2002).

2.2.2. Afogamentos

Criança e água são inseparáveis. É uma ligação muito forte que extrapola o nosso completo

entendimento, embora em algumas circunstâncias nos deparamos com crianças com medo de

água (SZPILMAN, 2005).

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Conforme Branche (1998), a cada ano, os afogamentos são, responsáveis por

aproximadamente 500.000 mortes no mundo. O número exato não é conhecido porque grande

parte do número de mortes não é notificada, e a falta de supervisão é um dos principais fatores

de risco para os afogamentos. As crianças, adolescentes e idosos são os grupos etários com

maior probabilidade de afogamento. Mundialmente, o afogamento constitui a primeira causa

de morte da faixa etária dos 5 aos 14 anos, com ênfase para o sexo masculino (WHO, 2006).

No Brasil, em 2002, segundo a Datasus, morreram 1.001 crianças na faixa etária entre 0 e 9

anos, vítimas de afogamentos e submersões acidentais (Ministério da Saúde, 2002). Rimsza et

al., (2003), constataram que a maioria das crianças que se afogam são menores de 5 anos;

61% dessas mortes acontecem em piscinas particulares. Considerada que o maior risco para o

afogamento é encontrado em uma piscina no quintal da casa quando um menino pequeno está

sem a supervisão de um adulto.

O risco de morte em acidentes por submersão é muito alto. Assim, a orientação preventiva aos

responsáveis por crianças pequenas deve incluir informações sobre o perigo de afogamento

em banheiras e piscinas residenciais (AGRAN et al., 2003).

2.2.3. Engasgos

A aspiração de corpo estranho (ACE) é um problema universal, sendo uma importante causa

de morbimortalidade nos dias atuais, principalmente nos dois extremos da vida, em crianças e

idosos (CASSOL, 2003; EMIR, 2001; FRAGA, 2003). Fatores sócio-econômicos, culturais e

educacionais são determinantes na freqüência e particularidades do tipo de corpo estranho

(CE) aspirado (BITTENCOURT, 2002; CASSOL, 2003).

A ACE é o motivo mais preocupante por parte dos profissionais da área de saúde,

principalmente os que atuam na unidade de emergência. Pode se apresentar como uma

situação dramática tanto para a criança (paciente) e para os seus familiares, como para a

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equipe médica. Por sua vez, apesar de ser uma situação frequente nos atendimentos

pediátricos, a ACE nem sempre é diagnosticada imediatamente, parte porque não está na

mente do clínico, mas também por não apresentar uma manifestação clínica específica

(OLIVEIRA et al., 2002).

As crianças apresentam maior risco de engasgos (aspiração corpo estranho), isso atribuído a

diversos fatores: tendência a colocar objetos na boca, ausência de molares para mastigação de

certos alimentos; de chorar, falar e correr com objetos na boca; falta de mecanismo de

coordenação da deglutição, associado à elevação da laringe e ao reflexo de produção da tosse

que é imaturo na criança (CASSOL, 2003). A aspiração de corpo estranho é causa de morte

em 7% das crianças abaixo dos quatro anos (BRKIC; DELIBEGOVIC-DEDIC;

HAJDAROVIC, 2001).

No Brasil, dados disponíveis colocam a ACE como a terceira maior causa de acidente com

morte na faixa etária pediátrica. Os relatos sobre a incidência de óbito são mais frequentes em

crianças menores de quatro anos (CASSOL, 2003; LIMA, 2000).

2.2.4. Queimaduras

Conforme Bicho e Pires (2002, pg.), a queimadura se caracteriza por ser uma lesão de um

tecido produzida pelo efeito do calor, decorrente de substâncias químicas ou eletricidade, que

pode ser resultado da ação direta ou indireta do calor sobre o organismo humano. De acordo

com a quantidade de tecido atingido e a profundidade da lesão, a queimadura pode ser de: (a)

primeiro grau, quando a pele atingida fica hiperemiada, dolorosa, inchada, e não ocorre

formação de bolhas; (b) segundo grau, quando causa lesão profunda, formando bolhas na

pele, com base vermelha ou branca, contendo um líquido claro e espesso, dolorosas ao tato e

(c) terceiro grau, quando produz lesão mais profunda, na qual a área queimada perde a

sensibilidade ao tato, ocasionalmente formam-se bolhas, e, normalmente, são indolores

porque as terminações nervosas da pele são destruídas (MACEDO et al., 2005).

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As mortes por incêndios e queimaduras representam quase 10% de todas as mortes

traumáticas, sendo que, destas, mais de 20% ocorrem em menores de cinco anos e a grande

maioria (85%) se deve a incêndios domésticos, com morte por inalação de fumaça e asfixia e

não por queimaduras graves. A queimadura que ocorre em casa, sendo a cozinha o local mais

comum (70%), está quase sempre relacionada com líquidos ferventes (água, café, leite, óleo),

gerando sofrimento físico e psicológico, além de desfigurar a vítima e gerar elevado custo

econômico e social. (MARTINS et al, 2006). Destes acidentes por queimaduras, 5% das

crianças vão a óbito (Estatística da Sociedade Brasileira de Pediatria).

Segundo Harbourview Injury Prevention (2001), a principal causa de morte por queimadura

são os incêndios, mas muitas causas da morbidade têm a ver com queimaduras provocadas

por água fervendo, aparelhos de aquecimento ou pelo uso errado de isqueiros e de fósforos.

Há um relativo predomínio de lesões deste tipo no sexo masculino (55%) e as principais

vítimas são as crianças com idade menor que dois anos. A manipulação de isqueiros ou de

fósforos por crianças de menos de cinco anos, causa cerca 1.200 incêndios por ano em toda a

Europa, conduzindo à morte de, pelo menos, dezenove crianças deste escalão etário e as

lesões altamente incapacitantes em, pelo menos, mais duzentas e cinqüenta. Tudo isto pela

manipulação errada de um produto simples de uso diário.

De acordo com a Sociedade de Queimaduras, no Brasil acontece um milhão de casos a cada

ano, dos quais 200 mil são atendidos em serviços de emergência e 40 mil demandam

hospitalização. Cerca de um milhão de reais por mês é o valor gasto pelo Ministério da Saúde

com internação destes pacientes (BRASIL, 2002). As queimaduras estão entre as principais

causas externas de morte registradas no Brasil, perdendo apenas para acidentes de transporte e

homicídios. Alguns estudos, como o realizado na Unidade de Queimados do Hospital das

Clínicas de Ribeiro Preto – SP demonstraram que: 80% dos acidentes lá internados ocorreram

em ambiente doméstico, sendo as crianças as principais vítimas (OLIVEIRA et al., 2009).

Para Rossi et al., (2003 apud WERNECK et al., 1997), vários estudos apontam as crianças

como as maiores vítimas de queimaduras. Dentre as situações por eles citadas como as que

oferecem maiores riscos estão: a manipulação de líquidos superaquecidos, produtos químicos

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e/ou inflamáveis, metais aquecidos, o uso de fogões improvisados na presença de crianças,

manipulação de panelas no fogão, cabos de panela para fora do fogão, tomadas elétricas,

bombas festivas e fios desencapados ao alcance de crianças.

Mesmo que o prognóstico para o tratamento de queimaduras tenha evoluído nos últimos anos,

ela ainda configura importante causa de mortalidade, além de resultar em morbidade pelo

desenvolvimento de seqüelas como: a incapacidade funcional, principalmente quando atinge

os membros superiores e inferiores; seqüelas de ordem psicossocial podendo, a depender da

localização das queimaduras, causar danos neurológicos, oftalmológicos e geniturinários

(VALE, 2005). Sendo os programas de prevenção ainda o maior benefício para diminuir a

incidência de queimaduras, principalmente em crianças dentro do seu ambiente domiciliar.

2.2.5. Intoxicações ou Envenenamentos

Representam um dos principais tipos de acidentes envolvendo crianças e alcançam uma

dimensão preocupante. Na sua grande maioria, são considerados acidentes, porém decorrem

de situações facilitadoras, de características peculiares às fases da criança, de comportamentos

inadequados da família e do pouco incentivo às medidas preventivas (MARTINS et al., 2006,

apud SOUZA, 1999).

Segundo Ferreira et al., (2001), nos últimos anos, tem crescido a diversidade de produtos

farmacológicos e sanitários com alto teor tóxico, alguns com embalagens inadequadas e sem

informações necessárias sobre composição, medidas preventivas e de tratamento em casos de

acidentes. Além disso, chamam a atenção das crianças pelo conteúdo colorido e estético,

favorecendo a ocorrência de intoxicação.

Conforme o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX), em 2002,

dos 33 Centros de Informações e Assistência Toxicológica em atividade no Brasil, 25 deles

registraram 75.212 casos de intoxicação humana, com maiores letalidades nos casos de

intoxicação por agrotóxicos de uso agrícola (2,3%) e raticidas (1,4%). A faixa etária mais

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acometida foi a de menores de cinco anos (25,4%). Com relação aos principais agentes

causadores de intoxicação destacam-se os medicamentos (37,4%), os produtos

dominossanitários (18,8%) e os produtos químicos industriais (8,4%).

Nos países industrializados do mundo ocidental, como Alemanha, França, Itália, Estados

Unidos, Inglaterra e Canadá, os medicamentos respondem de um terço até metade dos casos

de intoxicações registrados, constituindo, portanto, um grave problema de saúde pública

(MATOS, et al., 2002). No Brasil, a notificação de reações adversas a medicamentos ainda é

incipiente, resumindo-se a alguns estudos isolados, inexistindo um sistema de informações de

âmbito nacional, isso se deve muitas das vezes pela sub-notificação, mas que se encontra em

estágio mais avançado de organização, sob a coordenação do SINITOX.

No Brasil, os medicamentos vêm preocupando as autoridades e os profissionais de saúde,

pois, se apresentam como o principal agente tóxico responsável pelos casos de intoxicação

humana. E isso se deve a existir uma grande variedade de fármacos de segurança e eficácia

duvidosa e a proliferação de farmácias e drogarias onde se adquirem medicamentos

livremente.

Quanto menor a criança é, maior é o risco de intoxicação acidental. A sua curiosidade e a

tentação de levar tudo à boca aumentam o risco exponencial. Cerca de 90% destas situações

ocorrem em casa ou nas suas imediações e os produtos são: os detergentes e produtos de

limpeza, o álcool, os pesticidas, os medicamentos e os cosméticos. Há que se ter em conta,

nestas situações, que as crianças por serem menores, têm uma taxa de metabolização mais

rápida e uma menor capacidade de neutralização orgânica aos produtos tóxicos. Medidas

como a adoção obrigatória de embalagens seguras e resistentes à manipulação de crianças

menores em especial para os medicamentos de utilização comum nestes escalões etários

conduziriam a uma significativa redução das situações de intoxicações (TOWNER, et al.,

2001).

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2.3. FAIXA ETÁRIA MAIS FREQUENTE DAS CRIANÇAS

ACOMETIDAS PELOS ACIDENTES DOMÉSTICOS

De 0 a 3 meses, a coordenação nervosa e a habilidade motora da criança são mínimas,

dependendo dos adultos para a satisfação de suas necessidades, inclusive das

relacionadas com sua própria segurança. A criança vive quase que completamente no

seu habitat natural. Os riscos mais frequentes de acidentes são: queda do colo de

adultos, ferimento com objetos contundentes, cortantes ou perfurantes que caiam

acidentalmente sobre a criança, asfixia durante o sono caso um adulto que dorme com

a criança no mesmo leito durma por cima acidentalmente, queimadura pela água do

banho e quando o adulto trabalha no fogão com o bebê no colo.

De 3 a 8 meses, aumenta a habilidade motora: inicialmente a criança aprende a rolar,

depois sentar, pôr-se em pé apoiada em móveis e engatinhar. Começa a descobrir o

mundo exterior e tende a pôr na boca pequenos objetos, aumentando assim a

motilidade e a crescente atividade exploratória que intensificam os riscos ambientais.

Ainda é dependente dos adultos. Os riscos mais frequentes de acidentes são: queda do

colo de adultos ou de crianças; queda da rede e da cama após rolar sobre a mesma;

ferimentos com objetos cortantes ou perfurantes que caiam acidentalmente sobre a

mesma; queimadura na água do banho, na cozinha quando adulto trabalha no fogão

com o bebê no colo, sufocamento com cobertores, travesseiros e sacos plásticos;

aspiração ou engasgo com pequenos objetos (botões, peças de brinquedos, bola-de-

gude ou chupeta); queda da própria altura e de escadarias; choques elétricos em

tomadas e fios desencapados.

Dos 8 meses aos 4 anos, a capacidade motora da criança desenvolve-se rapidamente.

A criança aprende a andar, cresce a curiosidade e o sentido de descoberta do mundo

exterior. Começa a imitar as crianças mais velhas e os adultos. Os riscos mais

frequentes de acidentes domésticos são: quedas da própria altura (causadas por

tropeções), quedas de redes, de móveis, escadarias, janelas e terraços; cortes

provocados por quinas de móveis, objetos cortantes; quedas em cisternas e poços;

asfixia provocada por brincadeiras com sacos plásticos envolvendo na cabeça;

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afogamento em banheiras, piscinas; aspiração ou engasgo com pequenos objetos e

alimentos (balas, pipocas, chicletes); intoxicação por ingestão de remédios, produtos

de limpeza, inseticidas, raticidas, agrotóxicos, plantas tóxicas; choques elétricos em

tomadas, fios desencapados e aparelhos elétricos; queimaduras no forno ou fogão com

panelas deixadas com o cabo para fora do fogão, queimaduras com leite, sopas

(alimentos quentes); mordeduras de animais (cães, gatos, ratos e cobras).

Dos 4 aos 8 anos, a capacidade motora encontra-se plenamente desenvolvida. A

criança intensifica a exploração e descoberta do mundo exterior. Continua a imitar as

crianças mais velhas e os adultos. Mesmo mais independentes, as crianças dessa faixa

etária ainda dependem muito dos adultos. Os riscos mais frequentes de acidentes

domésticos são: quedas da própria altura e redes durante o sono, de móveis e

escadarias, de árvores, janelas e terraços, quedas em cisternas e poços no quintal, a

chamada “síndrome do tanque”, tanques de cimento para lavar roupa, mesmo sem

água encanada, e não fixados devidamente ao solo (essa síndrome ocorre quando a

criança derruba o tanque sobre si mesma, ao tentar subir para banhar-se); asfixia

provocada por sacos plásticos; intoxicação por bebida alcoólica (bebida deixada pelos

adultos ao alcance das crianças), remédios, produtos de limpeza, inseticidas, raticidas,

agrotóxicos; afogamento em piscinas, riachos; ferimentos com objetos cortantes ou

perfurantes (lâminas de barbear, cacos de vidros, facas e pregos deixados ao alcance

da criança); aspiração ou engasgo com pequenos objetos e alimentos (balas, pipocas,

chicletes); deglutição de objetos cortantes ou perfurantes; choque elétrico em tomadas;

queimaduras com panelas, alimentos quentes (leite, sopa), queimaduras com fogos de

artifícios; mordeduras de animais (cães, gatos e cobras); traumatismos durante a

prática de esportes e atividades lúdicas, como futebol, queda de balanços, velocípedes,

bicicletas, patins e skates.

Dos 8 aos 15 anos, com a capacidade motora plenamente desenvolvida, a criança

intensifica ainda mais a exploração e a descoberta do mundo exterior. Ainda gostam

de imitar adolescentes e adultos. Os riscos mais frequentes de acidentes domésticos

são: quedas de móveis e escadarias (provocadas por brincadeiras acrobáticas), quedas

de árvores no quintal, janelas, terraços, quedas com contusões, cortes e abrasamento

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da pele provocadas, respectivamente, por quinas de móveis, objetos cortantes e com

superfícies ásperas, quedas em cisternas e poços; afogamentos em piscinas e riachos;

ferimentos com objetos cortantes ou perfurantes (facas, pregos, vidros etc.); aspiração

e engasgo com alimentos; intoxicação por ingestão de álcool, remédios, produtos de

limpeza, inseticidas, raticidas, plantas tóxicas; choque elétrico em tomadas e fios

desencapados e aparelhos elétricos; queimadura no forno ou no fogão e com alimentos

quentes (sopas, leites, óleo) e traumatismos em geral. Lembramos que os adultos são

os exemplos seguidos pelas crianças, principalmente nessa faixa etária.

2.4. ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO

A educação é o caminho mais importante para reduzir a incidência dos acidentes (BLANK,

1998; BLANK, 2002; FILÓCOMO et al, 2002; FONSECA et al, 2002; SAUER, WAGNER,

2003; ASIRDIZER et al, 2005; BRASIL, 2005).

Apesar de sua gravidade, pais ou responsáveis por crianças não recebem orientação a este

respeito de forma sistematizada (GASPAR et al., 2004; GIMENIZ-PASCHOAL et al., 2006)

e mostram maiores preocupações com outros tipos de doenças, apesar de acreditarem que

esses eventos possam ser prevenidos (HU et al., 1996).

Já é sabido que, a maioria dos atendimentos em emergência, especialmente os decorrentes de

causas acidentais como os ocorridos em ambientes domésticos com crianças, poderiam ser

evitados com a adoção de medidas preventivas.

Entre as crianças, a queda é o acidente não intencional mais frequente (BRITTON, 2005). O

estudo realizado por Agran et al., em 2003, com crianças entre 0 e 3 anos, mostrou que as

quedas foram o principal mecanismo de trauma. Para a prevenção de quedas, recomendam-se

as seguintes medidas, baseadas no estudo de Britton (2005): para as crianças que estão

andando ou correndo deve-se recolher os brinquedos e outros objetos do piso, os tapetes

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devem ser fixados com fita adesiva dupla-face ou forro de borracha antiderrapante, líquidos

derramados no chão devem ser limpos de imediato; não deixar objetos nas escadas, colocar

portão de segurança no topo e em baixo da escada, se houver criança pequena em casa,

andador é contra- indicado; deve-se evitar brincadeiras de risco na cama, criança menores de

6 anos não devem dormir na parte de cima do beliche; colocar dispositivos de segurança nas

janelas, assim como, não se deve colocar berço ou outro móvel próximo da janela, etc.

Para a segurança das crianças, baseando-se nas recomendações de Cody et al., (2004), os pais

devem estar atentos a quatro pontos em caso de afogamento: supervisão, ambiente,

equipamentos e educação.

Supervisão: é imprescindível a presença de um adulto responsável durante todo o tempo em

que a criança pequena estiver na água ou próxima dela, como também nenhuma criança pode

nadar sem a supervisão de um adulto. O supervisor é a pessoa cuja única atribuição naquele

momento deverá supervisionar continuamente a criança. Deverá permanecer bem próxima a

ela para que tenha condições de agir, com segurança, se houver necessidade. Se a criança não

sabe nadar, o responsável deverá ficar constantemente muito próximo dela, de tal forma que

possa pegá-la com os braços durante todo o tempo.

Ambiente: para a prática da natação, é necessário local apropriado e supervisão. Além da

cerca, devem instalar cobertura na piscina. Deve-se tomar precaução com os reservatórios de

água em casa, criando-se mecanismos que evitem o acesso da criança a eles, colocando

fechaduras nas portas. As piscinas portáteis e baldes devem ser esvaziadas logo após o uso.

Equipamentos: as crianças devem usar equipamentos de segurança apropriados (ex. bóias

infláveis).

Educação: as crianças devem aprender a nadar e receber orientações a respeito de

comportamento seguro na água.

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Para a prevenção das intoxicações, indicam-se as seguintes medidas, baseadas nas

recomendações da Academia Americana de Pediatria (2003): os medicamentos que não

estejam em uso e também os desnecessários, devem ser descartados de modo seguro; os

frascos de medicamentos devem ser fechados com a tampa de segurança após o seu uso;

nunca se deve falar com criança que o medicamento é doce; as substâncias tóxicas e

medicamentos devem ser mantidos em suas embalagens originais e nunca passados para

outras; os produtos com possibilidade de causar intoxicações não devem ficar à vista e ao

alcance das crianças; os profissionais de saúde que cuidam de crianças devem dar orientações

aos pais e responsáveis a respeito da prevenção das intoxicações.

A queimadura é um tipo de acidente que ocorre predominantemente em casa, em especial na

cozinha, acometendo principalmente crianças de 1 a 4 anos (GASPAR, 2002). Para a

prevenção de queimaduras, recomenda-se as seguintes medidas, baseadas no estudo de

Mukerji et al., (2001): as crianças não devem ter acesso a eletrodomésticos, fósforos e

isqueiros, somente adultos devem usá-los; as crianças pequenas não devem entrar na cozinha,

se houver necessidade, precisam ser continuamente supervisionadas; não é seguro lidar com

líquidos quentes e, ao mesmo tempo, cuidar de lactentes; cozinhar e transportar líquidos

quentes são atividades que devem ser executadas por adultos e nunca por crianças; no

banheiro, a água quente, no balde ou na banheira, representa risco para a criança, a qual nunca

pode ficar desacompanhada, deve-se conferir a temperatura da água antes do banho; na mesa

de refeições, os alimentos devem ser colocados no centro e não se devem usar toalhas; as

crianças não devem ter acesso a fios, linhas elétricas, tomadas e interruptores, devem-se

colocar protetores nas tomadas.

O engasgo (presença de corpo estranho nas vias aéreas) pode levar à morte, pois impede a

passagem de ar para os pulmões. Para a prevenção do engasgo, recomenda-se as seguintes

medidas, baseada em Reis et al., (2003): não usar e não deixar recipiente (ex. frasco de talco)

ao alcance da criança; cordão ou presilhas de chupeta não devem ser utilizados; sacos

plásticos, caroços de frutas, balas, pequenos objetos devem ficar sempre fora do alcance da

criança; lençóis, mantas, cobertores sempre presos ao colchão, travesseiros evitar o seu uso

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em especial nos lactentes. A prevenção deve ser abrangente, incluindo as ações dos pais, dos

profissionais de saúde e dos educadores.

3. METODOLOGIA

Optou-se pelo estudo do tipo quantitativo, pois mensura e permite resultados mais concretos e

menos passíveis de erros de interpretações. Em muitos casos se criam índices que podem ser

comparados ao longo do tempo, permitindo traçar um histórico de informação.

Quanto às técnicas de elaboração, foi realizada uma pesquisa descritiva.

A coleta de dados ocorreu entre os anos de 2008 e 2009, juntamente foram coletados os

fichários de atendimentos, através do sistema de informação do hospital, para contextualizar a

dimensão do atendimento à crianças vítimas de acidentes domésticos. Sendo realizado em um

hospital de grande porte, de atendimento geral, filantrópico, situado na cidade de Salvador/

Bahia.

Para a parte escrita da pesquisa foi realizada uma revisão bibliográfica, que prolongou-se

durante todo o ano de 2009, sendo consultado através de periódicos integrados aos LILACS,

MEDLINE, SCIELO, PUBMED e para acessá-los, usou-se como indexadores as palavras-

chave: acidentes domiciliares, crianças, emergência, prevenção. Sendo que, os artigos usados

também foram selecionados numa faixa de tempo, ou seja, do ano de 1999 a 2009.

Segundo Gil (1991), a pesquisa descritiva, visa descrever as

características de determinada população ou fenômeno ou o

estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados; questionário e observação

sistemática. Assume, em geral, a forma de Levantamento.

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Esta pesquisa na parte da revisão bibliográfica (fundamentação teórica) enfoca os fatores

envolvidos na ocorrência de acidentes domésticos com crianças. E para melhor compreensão

do tema abordado, foi dividida em quatro momentos: 1. Conceitos de acidentes; 2. Tipos de

acidentes domésticos mais frequentes que podem contribuir para elevar a morbimortalidade

infantil, entre os principais acidentes domésticos com crianças encontram-se: quedas,

afogamentos, engasgos, queimaduras, intoxicações ou envenenamentos; 3. Faixa etária mais

frequente das crianças acometidas pelos acidentes domésticos, em que a idade das crianças

varia de 0 a 6 anos de idade; 4. Estratégias de prevenção.

A identificação dos casos foi feita através do sistema de informação do hospital, priorizando

aquelas crianças que foram vítimas de acidentes domésticos como: quedas, afogamentos,

queimaduras, intoxicações, engasgos e mordeduras, atendidas na unidade de emergência

pediátrica entre os anos de 2008 e 2009. Nesse contexto, foram selecionadas 253 fichas de

atendimentos, das quais foram analisadas as seguintes variáveis: faixa etária, sexo, perfil do

acidente e localidade.

A pesquisa foi pautada conforme Resolução nº. 196/96 do Conselho Nacional de Saúde a qual

incorpora diretrizes e normas regulamentadas envolvendo seres humanos que tem como

pontos importantes a autonomia, justiça, beneficência, não-maleficência e confidencialidade.

Foi preservada a identidade dos pacientes que fazem partes das estatísticas.

Os dados foram organizados por meio de planilha eletrônica Excel, onde foram analisados e

comparados tomando como base as estatísticas trazidas pelo referencial, e pelo método

quantitativo sob a forma de gráficos e tabelas, e os resultados foram apresentados sob a forma

escrita (monografia).

3.1. RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Na pesquisa de coleta de dados realizada entre 2008 e 2009, foram registrados 253

atendimentos de emergência por causa de acidentes domiciliares com crianças na faixa etária

de zero a seis anos. Deste total, conforme mostra a figura 2, os acidentes provocados por

quedas foram 84% dos atendimentos realizados por crianças vítimas de acidentes domésticos

na unidade de emergência (2008 a 2009). Reforçando o resultado obtido, citamos o estudo de

Waksman e Gikas (2003), em que eles ressaltam os acidentes por quedas com crianças como

uma das causas mais comuns de acidentes não fatais, sendo ocorridos na sua grande maioria

dentro do domicílio da criança. Seguido de acidentes por quedas, vieram os por engasgos

(4%), intoxicações e mordeduras (3%), choques e cortes (2%) e queimaduras e afogamentos

(1%).

Gaspar e Paes (2005) relembram: as quedas representam a principal causa de internação na

população pediátrica. Entre as crianças, a queda é o tipo de injúria não intencional mais

freqüente (BRITTON, 2005). Para Macgregor (2000), as quedas da cama, berço e beliches

acontecem, geralmente, com crianças menores de seis anos enquanto dormem. Waksman et

al., (2000), ressalta que, na faixa etária de até um ano, a principal causa de morte é a

obstrução de vias aéreas provocadas por corpos estranhos e alimentos, que no estudo ocupou

o segundo lugar com 4% dos atendimentos, seguida dos casos de intoxicação com 3%. As

intoxicações no estudo realizado por Rangel et al., (2005), a respeito de pacientes vítimas de

Figura 2. Distribuição das Crianças vítimas de Acidentes Domésticos atendidas

na unidade de emergência- Hospital São Rafael (2008-2009) Salvador/Ba.

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intoxicações, com idade de zero a quatorze anos, mostrou que 98,7% dos eventos

aconteceram em casa; sendo que 53% eram crianças na faixa etária de zero e quatro anos.

Para Rimsza et al., (2003), e Alcântara e Souza (2000), a criança nessa faixa etária torna-se

mais hábil, consegue abrir a maioria dos recipientes e embalagens; a maior mobilidade

permite acesso a armários, mesas de cabeceira, gavetas, locais onde as famílias costumam

deixar medicamentos, produtos de limpeza, produtos agrícolas e outros objetos que

constituem ameaça à criança.

A mordedura de animais nesse estudo, também ocupou 3% dos atendimentos, dentre os

eventos classificados. Portanto, a prevenção de acidentes na infância deve incluir a atenção

aos donos de animais para que adotem medidas que diminuam o risco de exposição (coleiras,

focinheiras). Ciampo et al., (2000), enfoca que, no Brasil, no período de 1979 a 1996, foram

registrados 899 óbitos por raiva, sendo 451 (50,16%) em crianças e adolescentes de zero a

quinze anos de idade. É sabido que crianças e adolescentes nessa faixa etária, principalmente

àquelas de menor tamanho, estão sujeitas a acidentes previníveis, inclusive mordedura de

animais.

Em estudos realizados sobre acidentes domésticos causados por cortes e choques em crianças,

Menezes e Eloy (2007), afirmam que, o risco de eletrocussão numa residência por parte de

crianças pequenas é elevado e acontecem principalmente por contato com fios e extensões

desencapados, por inserção de objetos em tomadas elétricas e por contato da boca com

tomadas ou extensões. Em relação aos cortes com objetos contundentes ou penetrantes foi

achado 2% nesse estudo. Relativamente ao risco de queimaduras e afogamento (1% achados

nesse estudo), a Datasus (2002), relatou que no Brasil, morreram 266 crianças e adolescentes,

na faixa etária entre zero e dezenove anos, vítimas de exposição a fumaça, ao fogo e às

chamas. O estudo de Drago (2007), abrangendo pacientes vítimas de queimadura na faixa

etária de zero a cinco anos, mostrou que 33% delas aconteceram com crianças de um ano e

20% com as de dois anos, totalizando 53,9% das queimaduras entre crianças de um e dois

anos, o que reforça a faixa etária encontrada nesse estudo que foi de um a dois anos (quadro

1).

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O resultado encontrado na distribuição por faixa etária mostra (figura 3) que os lactentes (0 –

2 anos incompletos) foi consequentemente mais acometida no estudo, com 120 atendimentos

realizados, seguida dos 96 atendimentos do pré-escolar (2 – 6 anos incompletos).

Vários estudos (CASSOL et al., 2003, LIMA et al., 2000, BITTENCOURT et al., 2006),

reforçam que isso ocorre provavelmente pelas características de desenvolvimento, da faixa

etária e da natureza mais curiosa da criança. Referente ao tipo de acidente doméstico e à faixa

etária (Quadro 1), foi observado durante o estudo, que as crianças vítimas de acidentes

domésticos atendidas na unidade de emergência, no geral estavam na faixa etária de zero a

seis anos de idade, e, esse achado está dentro do perfil encontrado por vários estudiosos

(WAKSMAN e GIKAS, 2003, CAMPOS et al., 2004). Conforme Gaspar et al., (2004) é um

fator de risco para as causas acidentais. De um modo geral, crianças menores de seis anos,

sofrem mais quedas, afogamentos, queimaduras, engasgos e intoxicações. A incidência é

consequentemente maior nessas faixas etárias pelas características do desenvolvimento da

criança, cuja curiosidade, imaturidade, além da incompleta coordenação motora as colocam

em situações de perigo. Também a falta da supervisão de um adulto, pode contribuir muito

Figura 3. Distribuição dos pacientes vítimas de acidentes domiciliares por

faixa etária- Hospital São Rafael (2008-2009) Salvador/Ba.

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para a ocorrência desses eventos e o fato de a casa ser o local mais freqüentemente vivenciado

pela criança, passa a ser possivelmente o local mais perigoso também.

Quadro 1. Distribuição dos Tipos de Acidentes Domésticos e Faixa Etária das crianças atendidas no

Hospital São Rafael (2008-2009) Salvador/Ba.

Tipos de Acidentes Domésticos Faixa Etária

Quedas 0 – 6 anos

Engasgos 0 – 5 anos

Intoxicações 3 – 5 anos

Mordeduras 1 – 6 anos

Choques 1 – 6 anos

Cortes 1 – 5 anos

Queimaduras 1 – 2 anos

Afogamentos 1 – 5 anos

A análise estatística aplicada às variáveis estudadas mostrou (figura 4) que existe

diferenças significativas quanto a ocorrência de acidentes entre os dois sexos. A incidência de

acidentes em pacientes do sexo masculino foi de 54% sobre o feminino que foi de 46%. O

predomínio do sexo masculino também foi observado em outros estudos a cerca dos acidentes

infantis (COSTAL et al., 1999, GASPAR et al., 2004; CAMARGO et al., HARADA et al.,

2000, SÃO PAULO, 2007), que pode estar relacionado, provavelmente, com as diferenças de

comportamento de cada sexo e com fatores culturais, que determinam mais liberdade aos

meninos e, em contrapartida, mais vigilância das meninas. As diferentes atividades

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desenvolvidas também justificam os percentuais encontrados de meninos mais expostos por

exercerem atividades de maior risco.

A maior permissividade relacionada à educação masculina tem constatada no número (54%)

significativo de acidentes e óbitos por causa externa que são registrados nesse sexo. Esse

resultado está de acordo com a literatura estudada, que confirma o maior número de acidentes

no sexo masculino (SCHVARTSMAN & KRYNSKI, 1978; BLANK et al., 1980;

SCHVARTSMAN, 1983, SANTOS, 1988, WHALEY & WONG, 1989; SOUZA &

BARROSO, 1995).

O principal ambiente em que ocorreram os acidentes foi o domiciliar, como já havia sido

demonstrado por Ishi et al., (1999), isto pode estar relacionado com a falta de áreas de lazer,

atribuído à falsa sensação de segurança nos domicílios. Fazendo com que as pessoas deixem

de tomar cuidados simples para evitar acidentes.

Figura 4. Distribuição por gênero das crianças vítimas de acidentes

domésticos atendidas na unidade de emergência – Hospital São Rafael

(2008 a 2009) Salvador/Ba.

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4. CONCLUSÃO

Os resultados obtidos no estudo sobre o perfil dos acidentes domésticos com crianças

atendidas em uma unidade de emergência demonstrou que nos vários tipos de acidentes

domésticos, as quedas obtiveram o maior índice, sendo o gênero masculino o mais atingindo.

Esses acidentes na sua grande maioria ocorreram enquanto a criança estava brincando em

ambiente familiar. Isso tudo, vem reforçar a importância de se incluir os acidentes domésticos

no elenco de agravos como um objeto de vigilância à saúde.

Os acidentes domésticos não ocorrem apenas nos países em desenvolvimento, eles ocorrem

no mundo inteiro, dos lares mais ricos aos mais pobres. Sendo as crianças na faixa etária de 0

a 6 anos as maiores vítimas. Os acidentes são causa crescente de morbidade e mortalidade na

infância e na adolescência, dessa forma, importante fonte de preocupação para todo o mundo.

Não podemos nos esquecer que as crianças nessa faixa etária necessitam de maior proteção e

vigilância, por que a noção de perigo ainda não está concretizada, pelo contrário, estão

fluentes as brincadeiras, a curiosidade, a ânsia pelo desconhecido, características do

comportamento infantil que, se não vigiado, podem induzir a sérios acidentes. Ressaltando

que os acidentes são altamente previsíveis e dispõe-se de mecanismos concretos para essa

prevenção como por exemplo: colocar grades em janelas, proteger tomadas elétricas e evitar

deixar piscinas ou tanques descobertos.

Desse modo, conclui-se com essa pesquisa, a importância do despertar da implementação de

ações educativas aliadas às medidas de prevenção. Os acidentes domésticos com crianças

torna-se um desafio, não somente para os adultos por elas responsáveis, mas para todos os

órgãos e profissionais que estão envolvidos no acompanhamento do crescer e desenvolver das

crianças, existindo uma necessidade urgente de orientação educacional para a população em

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geral, visando despertar mudanças comportamentais para que possam, enfim, contribuir para a

redução dos acidentes domésticos com crianças.

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