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Perfil epidemiológico e histopatológico de 642 casos de carcinoma basocelular de cabeça e pescoço operados em uma instituição terciária Natália Martins Magacho de Andrade 1 André Bandiera de Oliveira Santos 2 Silvia Vanessa Lourenço 3 Cyro Festa Neto 4 Claudio Roberto Cernea 5 Lenine Garcia Brandão 6 Resumo Introdução: Carcinoma basocelular (CBC) é o câncer de pele mais frequente. A maioria dos CBCs tem comportamento indolente, com cura em 95% dos casos após tratamento local. Uma pequena parcela corresponde a lesões de alta morbidade tratadas pela Cirurgia de Cabeça e Pescoço (CCP). A caracterização desses casos é pouco encontrada. objetivo: Avaliar o perfil epidemiológico dos pacientes operados e características anatomopatológicas de CBCs em uma instituição terciária. método: Prontuários de 642 pacientes operados por CBC foram analisados, sendo comparados os dados de 322 casos tratados pela CCP (grupo CCP) com 320 pela Dermatologia (grupo Derma). Sexo, idade, localização do tumor primário, zona de acometimento, tamanho, subtipo histológico e invasões perineural e angiolinfática foram avaliados. Resultados: 51,8% dos pacientes do grupo CCP e 45,9% do grupo Derma eram homens (p=0,13). A idade média dos grupos CCP e Derma foram de 58,8±11,4 e 76,1±10,1 anos (p<0,01). A zona H foi sede de 78,9% dos tumores do grupo CCP e 71,9% do grupo Derma (p=0,04). A mediana do tamanho tumoral foi de 2,5cm (1,45-4,0) no grupo CCP e 0,6cm (0,4-1,0) no grupo Derma (p<0,01). Os subtipos esclerodermiforme e adenoide foram mais frequentes no grupo CCP (p<0,001), enquanto nodular e esclerosante foram no grupo Derma(p<0,001). Invasão perineural foi observada em 22,5% no grupo CCP e 13,2% no grupo Derma (p<0,01). Conclusão: A caracterização dos casos tratados pela CCP permite maior conhecimento sobre lesões agressivas e possivelmente a identificação precoce dos casos de maior risco. Palavras-chave: Carcinoma Basocelular; Epidemiologia; Histologia; Neoplasias de Cabeça e Pescoço. summaRy Introduction: Basal cell carcinoma (BCC) is the most common skin cancer. Most BCCs have indolent behavior, with cure rates up to 95% after local treatment. A small portion of lesions has high morbidity and are treated by Head and Neck Surgery (HNS). The characterization of these cases is rarely found in the literature. objective: To evaluate epidemiological profile of patients, histological subtypes and pathological features of BCCs operated in a tertiary institution. method: Medical records of 642 patients operated for BCC were retrospectively analyzed. We compared data from 322 cases treated by HNS (HNS group) with 320 by Dermatology (Derma group). Data regarding were sex, age, primary tumor site, tumor zone of involvement, lesion size, histological subtype, perineural and angiolymphatic invasions. Results: 51.8% of patients in HNS and 45.9% in Derma group were men (p = 0.13). Average age of HNS and Derma group were 58.8 ± 11.4 and 76.1 ± 10.1 years (p <0.01). Zone H tumors were in 78.9% of HNS and 71.9% of Derma group (p = 0.04). Median size was 2.5 cm (1.45-4.0) in HNS and 0.6 cm (0.4 to 1.0) in Derma group (p <0.01). Subtypes sclerodermiform and adenoid were more frequent in HNS group (p <0.001), while nodular and sclerosing were in the Derma group (p <0.001). Perineural invasion was observed in 22.5% in HNS and 13.2% in Derma group (p <0.01). Conclusion: Characterization of cases operated by HNS allows greater understanding of aggressive lesions and possibly early identification of higher risk cases. Keywords: Carcinoma, Basal Cell; Epidemiology; Histology; Head and Neck Neoplasms. 1) Médico Residente do quarto ano de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. 2) Doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Médico Assistente da Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). 3) Professora Livre Docente da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. 4) Professor Titular da Disciplina de Dermatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. 5) Professor Livre Docente da Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. 6) Professor Titular da Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Instituição: Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo. São Paulo / SP – Brasil. Correspondência: Natália Martins Magacho de Andrade - Avenida Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 255 - Instituto Central - 8º andar - sala 8174 - São Paulo / SP - Brasil - CEP: 05403-000 - Telefone: (+55 11) 3069-6425 - E-mail: [email protected] Recebido em 20/06/2011; aceito para publicação em 21/09/2011; publicado online em 30/09/2011. Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há. Artigo Original Epidemiological and histopathological profile of 642 cases of basal cell carcinoma of head and neck surgery in a tertiary institution. INTRODUÇÃO O câncer de pele não-melanoma representa a neopla- sia mais frequente na população caucasiana, sendo esti- mados 113.850 casos novos no Brasil no ano de 2010, correspondendo a cerca de um quarto de todos os tumo- res malignos 1 . Destes, 80% são carcinomas basocelula- res (CBCs), sendo a região de cabeça e pescoço sede de 78% deles 2 . A maioria dos CBCs tem comportamento predominante- mente indolente, requerendo abordagens clínico-cirúrgicas de pequeno porte, obtendo-se cura em até 95% dos casos 3 . 138 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.40, nº 3, p. 138-143, julho / agosto / setembro 2011

Perfil epidemiológico e histopatológico de 642 casos de ... · esclerosante, esclerodermiforme, adenoide, cístico, es-camoso, ulcerado, multicêntrico e pigmentado. As invasões

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Perfil epidemiológico e histopatológico de 642 casos de carcinoma basocelular de cabeça e pescoço operados em uma instituição terciária

Natália Martins Magacho de Andrade 1

André Bandiera de Oliveira Santos 2

Silvia Vanessa Lourenço 3

Cyro Festa Neto 4

Claudio Roberto Cernea 5

Lenine Garcia Brandão 6

Resumo

Introdução: Carcinoma basocelular (CBC) é o câncer de pele mais frequente. A maioria dos CBCs tem comportamento indolente, com cura em 95% dos casos após tratamento local. Uma pequena parcela corresponde a lesões de alta morbidade tratadas pela Cirurgia de Cabeça e Pescoço (CCP). A caracterização desses casos é pouco encontrada. objetivo: Avaliar o perfil epidemiológico dos pacientes operados e características anatomopatológicas de CBCs em uma instituição terciária. método: Prontuários de 642 pacientes operados por CBC foram analisados, sendo comparados os dados de 322 casos tratados pela CCP (grupo CCP) com 320 pela Dermatologia (grupo Derma). Sexo, idade, localização do tumor primário, zona de acometimento, tamanho, subtipo histológico e invasões perineural e angiolinfática foram avaliados. Resultados: 51,8% dos pacientes do grupo CCP e 45,9% do grupo Derma eram homens (p=0,13). A idade média dos grupos CCP e Derma foram de 58,8±11,4 e 76,1±10,1 anos (p<0,01). A zona H foi sede de 78,9% dos tumores do grupo CCP e 71,9% do grupo Derma (p=0,04). A mediana do tamanho tumoral foi de 2,5cm (1,45-4,0) no grupo CCP e 0,6cm (0,4-1,0) no grupo Derma (p<0,01). Os subtipos esclerodermiforme e adenoide foram mais frequentes no grupo CCP (p<0,001), enquanto nodular e esclerosante foram no grupo Derma(p<0,001). Invasão perineural foi observada em 22,5% no grupo CCP e 13,2% no grupo Derma (p<0,01). Conclusão: A caracterização dos casos tratados pela CCP permite maior conhecimento sobre lesões agressivas e possivelmente a identificação precoce dos casos de maior risco.

Palavras-chave: Carcinoma Basocelular; Epidemiologia; Histologia; Neoplasias de Cabeça e Pescoço.

summaRy

Introduction: Basal cell carcinoma (BCC) is the most common skin cancer. Most BCCs have indolent behavior, with cure rates up to 95% after local treatment. A small portion of lesions has high morbidity and are treated by Head and Neck Surgery (HNS). The characterization of these cases is rarely found in the literature. objective: To evaluate epidemiological profile of patients, histological subtypes and pathological features of BCCs operated in a tertiary institution. method: Medical records of 642 patients operated for BCC were retrospectively analyzed. We compared data from 322 cases treated by HNS (HNS group) with 320 by Dermatology (Derma group). Data regarding were sex, age, primary tumor site, tumor zone of involvement, lesion size, histological subtype, perineural and angiolymphatic invasions. Results: 51.8% of patients in HNS and 45.9% in Derma group were men (p = 0.13). Average age of HNS and Derma group were 58.8 ± 11.4 and 76.1 ± 10.1 years (p <0.01). Zone H tumors were in 78.9% of HNS and 71.9% of Derma group (p = 0.04). Median size was 2.5 cm (1.45-4.0) in HNS and 0.6 cm (0.4 to 1.0) in Derma group (p <0.01). Subtypes sclerodermiform and adenoid were more frequent in HNS group (p <0.001), while nodular and sclerosing were in the Derma group (p <0.001). Perineural invasion was observed in 22.5% in HNS and 13.2% in Derma group (p <0.01). Conclusion: Characterization of cases operated by HNS allows greater understanding of aggressive lesions and possibly early identification of higher risk cases.

Keywords: Carcinoma, Basal Cell; Epidemiology; Histology; Head and Neck Neoplasms.

1) Médico Residente do quarto ano de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. 2) Doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Médico Assistente da Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo

(ICESP).3) Professora Livre Docente da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.4) Professor Titular da Disciplina de Dermatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.5) Professor Livre Docente da Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.6) Professor Titular da Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.Instituição: Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo.

São Paulo / SP – Brasil.Correspondência: Natália Martins Magacho de Andrade - Avenida Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 255 - Instituto Central - 8º andar - sala 8174 - São Paulo / SP - Brasil - CEP: 05403-000 - Telefone: (+55 11) 3069-6425 - E-mail: [email protected] em 20/06/2011; aceito para publicação em 21/09/2011; publicado online em 30/09/2011.Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há.

Artigo Original

Epidemiological and histopathological profile of 642 cases of basal cell carcinoma of head and neck surgery in a tertiary institution.

Código 215256

INTRODUÇÃO

O câncer de pele não-melanoma representa a neopla-sia mais frequente na população caucasiana, sendo esti-mados 113.850 casos novos no Brasil no ano de 2010, correspondendo a cerca de um quarto de todos os tumo-

res malignos1. Destes, 80% são carcinomas basocelula-res (CBCs), sendo a região de cabeça e pescoço sede de 78% deles2.

A maioria dos CBCs tem comportamento predominante-mente indolente, requerendo abordagens clínico-cirúrgicas de pequeno porte, obtendo-se cura em até 95% dos casos3.

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Nesse contexto, os subtipos histológicos de CBC mais encontrados são: nodular, superficial, micronodu-lar, esclerodermiforme e metatípico. Os dois primeiros são mais frequentes e menos invasivos, sendo que os tipos mais agressivos, esclerodermiforme e metatípico, ocorrem em menos de 5% dos pacientes4. A localização predominante é na face, sendo o nariz o sítio mais co-mum5,6.

Uma pequena parcela destes casos apresenta-se como lesões agressivas e destrutivas, especialmente na face, com acometimento de órgãos nobres subjacentes. Por demandar intervenções de alta complexidade, estes casos muitas vezes são tratados de modo multidiscipli-nar7.

A caracterização desses casos destrutivos dentro do contexto dos CBCs, que em sua maioria apresentam boa evolução, não é muito encontrada na literatura. Sabe-se que a agressividade dos CBCs está associada às suas características clínicas, histopatológicas e a presença de fatores bioquímicos e moleculares. Assim, o tama-nho tumoral, localização em pontos de fusão embrioná-ria, invasão de estruturas adjacentes, tumor recidivado, subtipos histológicos micronodular, esclerodermiforme e metatípico, invasão perineural e angiolinfática, expres-são de proteína S-100 e mutação do gene PTCH-1 são alguns dos indicadores que podem sugerir pior prognós-tico8. Segundo Cernea et al, reações imunohistoquími-cas mostraram que a invasão perineural esteve presente em 50% dos casos de CBC com invasão de base de crâ-nio, sendo os subtipos metatípico e esclerodermiforme os mais prevalentes nestes pacientes (62,5 e 38,46% respectivamente)9.

A epidemiologia do CBC é prejudicada pela dificulda-de de registro dos casos em nosso meio e internacional-mente. Tal caracterização também sofre a influência de características étnicas e de latitude10.

A maioria dos estudos realizados até a presente data mostra casuísticas de centros de Dermatologia, com pouca ênfase nos casos agressivos3. Não há na litera-tura estudo com grande casuística comparando as ca-racterísticas epidemiológicas e histopatológicas de pa-cientes tratados por CBC do segmento cérvico-facial na Dermatologia e na Cirurgia de Cabeça e Pescoço.

O objetivo deste estudo teve como propósito avaliar o perfil epidemiológico dos pacientes com CBCs opera-dos nos serviços de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e de Dermatologia de uma instituição de complexidade terci-ária, em relação aos subtipos histológicos e característi-cas anatomopatológicas.

MÉTODO

Este estudo epidemiológico observacional e trans-versal compreendeu a análise retrospectiva de prontu-ários de 642 pacientes. Foram avaliados todos os 322 casos de CBCs operados em uma instituição terciária no período de janeiro de 1994 a janeiro de 2011. Os seguin-tes critérios foram analisados: sexo, idade, localização

do tumor primário, zona de acometimento tumoral, ta-manho tumoral, subtipo histológico, invasão perineural e invasão angiolinfática.

Para fim de análise comparativa, de um universo de 7354 casos operados pelo Serviço de Dermatologia, fo-ram escolhidos 320 pacientes consecutivos com CBCs no segmento cérvico-facial deste serviço para avaliação de prontuário, sendo avaliados os mesmos critérios epi-demiológicos e histopatológicos.

Os critérios de inclusão para ambos os grupos fo-ram: pacientes com carcinoma basocelular, localiza-do no segmento cérvico-facial, tendo conduta cirúrgica como primeiro tratamento e presença de avaliação ana-tomopatológica que contemplasse as variantes acima discriminadas. Os critérios de exclusão foram: pacientes com outros tipos de neoplasia (cutâneas, anexiais e/ou de outros tipos histológicos) e indivíduos com CBCs em outros segmentos corpóreos.

Para a localização do tumor primário nove sítios fo-ram definidos para fim de comparação entre os grupos: cervical, couro cabeludo, fronte, lábio, malar, nariz, ore-lha, pálpebra e sulco nasogeniano.

Todos os tumores foram classificados de acordo com a zona de localização cérvico-facial (H ou M) - Figura 1 - segundo preconizado por Miller SJ et al (NCCN Clinical Practice Guidelines in Oncology 2010)11.

O tamanho tumoral foi considerado o maior diâmetro do tumor medido pela anatomia patológica, após a sua exérese, no momento da análise macroscópica de cada espécime.

Para a análise histopatológica foi considerado não apenas o subtipo predominante, mas também os asso-ciados, quando presentes. Mais de um subtipo foi en-contrado em 72% dos CBCs analisados, sendo assim consideradas as frequências somadas de cada subtipo (como predominante ou associado). Foram descritos os subtipos nodular, superficial, micronodular, metatípico,

Figura 1. Representação gráfica das zonas H (escurecida, conside-rada de maior risco para tumores agressivos e recidivas) e M (sem preenchimento) de localização dos CBCs.- Zona H (“Mask Face Zone”): compreende a área central da face, as-sim como as regiões pré-auricular, nasal, pálpebras superiores e infe-riores, periorbital, lábios (incluindo o vermelhão), mento, mandíbula, temporal e orelha. - Zona M: regiões malar, fronte, couro cabeludo e cervical.

Perfil epidemiológico e histopatológico de 642 casos de carcinoma basocelular de cabeça e pescoço operados em uma instituição terciária. Andrade et al.

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esclerosante, esclerodermiforme, adenoide, cístico, es-camoso, ulcerado, multicêntrico e pigmentado.

As invasões perineural e angiolinfática foram con-sideradas variáveis qualitativas, sendo consideradas como positivas ou negativas.

Os dados foram organizados em planilhas utilizan-do o programa Excel em Windows XP 2007 (Microsoft Corporation® California, USA). A análise estatística foi realizada utilizando o software Statistical Package for the Social Sciences 18.0 (SPSS® Inc; Illinois, USA). A com-paração entre o grupo de pacientes tratado na Dermato-logia e na Cirurgia de Cabeça e Pescoço foi realizada de acordo com a natureza das variáveis. As variáveis cate-góricas (sexo, invasões perineural e angiolinfática, zona de acometimento tumoral) foram avaliadas segundo o teste de qui-quadrado de Pearson ou teste de Fisher. A distribuição por sítios de localização tumoral foi avaliada por razão de verossimilhança. As variáveis quantitativas com distribuição normal (idade) foram avaliadas pelo teste t de Student; as com distribuição não normal (ta-manho) foram analisadas pelo teste de Mann-Whitney. Foi considerado estatisticamente significante o valor de p <0,05, bicaudal. Corrigiu-se o valor de p no estudo dos subtipos histológicos pelo método de Bonferroni, pelo qual o nível crítico de significância é dividido pelo nú-mero de variáveis. Deste modo, passou-se a considerar significativo, neste caso, o valor de p de 0,0042.

RESULTADOS

No total, 642 pacientes portadores de CBCs atendi-dos e operados em uma instituição terciária foram ava-liados (Tabela 1), sendo 322 casos oriundos da disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (grupo CCP) e 320 da disciplina de Dermatologia (grupo DERMA).

A distribuição por sítios do segmento cérvico-facial pode ser observada no Gráfico 1. Não houve diferença na distribuição entre os casos tratados na Cirurgia de Cabeça e Pescoço e na Dermatologia.

Tamanho TumoralA mediana dos valores de maior eixo tumoral no gru-

po CCP foi de 2,5cm (intervalos interquartis 1,45-4,0) enquanto no grupo DERMA foi de 0,6cm (intervalos in-terquartis 0,4-1,0). A diferença entre os grupos foi esta-tisticamente significante (p<0,01) e pode ser observada no Gráfico 2.

Subtipos HistológicosMais de um subtipo histológico foi encontrado em

69,1% dos casos no grupo CCP e em 75,4% no grupo DERMA (p=0,015). As frequências de cada subtipo estão descritas abaixo.

Invasão Perineural e AngiolinfáticaEncontrou-se a descrição anatomopatológica de in-

vasões angiolinfáticas e perineurais em 240 pacientes do grupo CCP e 205 pacientes do grupo DERMA. Des-

Tabela 1. Sexo, idade e zona de acometimento tumoral dos pacientes tratados por CBC na Dermatologia e na Cirurgia de Cabeça e Pescoço em instituição terciária. CCP Derma P value n=322 n=320 Sexo masculino (%) 51,8 45,9 0,13Idade (anos) 58,8 ± 11,4 76,1 ± 10,1 < 0,01Zona H (%) 78,9 71,9 0,04

Gráfico 1: Localização dos CBCs (em porcentagem) tratados em insti-tuição terciária, de acordo com a especialidade.

Gráfico 2. (Box-plot): Tamanho do maior eixo dos CBCs tratados nas duas especialidades em instituição terciária (p<0,01).

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Perfil epidemiológico e histopatológico de 642 casos de carcinoma basocelular de cabeça e pescoço operados em uma instituição terciária. Andrade et al.

ta amostra, identificou-se invasão perineural em 22,5% dos casos no grupo CCP e em 13,2% no grupo DERMA (p<0,01). Observou-se invasão angiolinfática em 1,7% dos casos no grupo CCP e em nenhum caso do grupo DERMA (p=0,32).

DISCUSSÃO

A incidência dos carcinomas basocelulares apresen-tou crescimento acentuado nas últimas décadas, por di-versas causas, tais como envelhecimento populacional, aumento na divulgação e ensino sobre tumores cutâne-os e maior acesso aos serviços médicos2,10,11. O principal fator de risco é a exposição solar, sendo a radiação UVB a grande responsável pela carcinogênese, uma vez que esta faixa de radiação de 290-330 nanômetros leva a de-gradação do DNA e RNA celulares, induzindo a formação de fotoprodutos mutagênicos derivados da pirimidina12.

A grande maioria dos CBCs possui pequenas dimen-sões e pode ser curada por diversas modalidades de tratamento, como a crioterapia ou a curetagem, que não resultam costumeiramente a maiores sequelas. Possi-velmente, devido a esse caráter indolente, os estudos sobre fatores de agressividade, tratamento e prognósti-co dos CBCs são escassos, e poucos são os relatos com amostras significativas2 Todavia, uma pequena parcela destes tumores apresenta características extremamente agressivas, com invasão de planos profundos da face e do pescoço, requerendo abordagens multidisciplinares de grande porte7.

O presente estudo é a maior casuística publicada comparando casos de CBCs tratados pela Dermatolo-gia e pela Cirurgia de Cabeça e Pescoço em um mes-mo centro hospitalar. A partir dele, o conhecimento das características epidemiológicas, demográficas e histo-patológicas dos CBCs agressivos e mutilantes de res-

ponsabilidade da especialidade de Cirurgia de Cabeça e Pescoço deixa de ser uma apenas uma opinião, tornan-do-se um estudo com validação estatística.

A prevalência de câncer de pele no sexo masculino é superior à no feminino. Estudos da American Cancer So-ciety mostraram risco entre homens duas vezes superior para o câncer de pele não melanoma e três vezes su-perior para o carcinoma espinocelular. Quanto ao CBC, estudos australianos, finlandeses, e norte-americanos mostram incidência 30% superior em homens13-15. Os hábitos e a exposição solar ocupacional parecem ser as principais causas dessa diferença nos Estados Unidos16.

Houve, nas últimas décadas, aumento da incidência de CBCs no sexo feminino, provavelmente por mudança no estilo de vida e maior exposição solar. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimou para 2010 uma incidência de câncer de pele não melanoma em mu-lheres ligeiramente superior que em homens1. Machado-Filho, em Santo André, e Nasser, em Blumenau, tam-bém encontram maioria feminina nos CBCs tratados por Serviços de Dermatologia em nosso meio17,18. Essa nova tendência foi identificada na amostra do grupo DERMA, com a presença de mais casos do sexo feminino atendi-dos e tratados na Dermatologia. Entre os casos opera-dos pela Cirurgia de Cabeça e Pescoço, permanece um pequeno predomínio masculino. Essa diferença não foi significativa (p=0,13). O hábito de buscar auxílio médico mais precocemente em pacientes do sexo feminino tam-bém pode ser responsável por essa aparente tendência.

Quanto à idade média dos pacientes, no entanto, houve diferença estatisticamente significante. Observou-se predominância de indivíduos mais jovens no grupo CCP. A maioria dos estudos nacionais18 e internacionais2 mostra idade média ao diagnóstico na sétima década de vida, enquanto os pacientes tratados na Cirurgia de Cabeça e Pescoço tiveram idade média de 58 anos. In-

Gráfico 3. Frequência (em porcentagem) de subtipos histológicos de CBCs estudados de acordo com a especialidade. *p>0,004 (não signi-ficativo, após correção de Bonferroni).

Gráfico 4. Freqüência de invasões perineural e angiolinfática encon-tradas nos CBCs, de acordo com a especialidade.

Perfil epidemiológico e histopatológico de 642 casos de carcinoma basocelular de cabeça e pescoço operados em uma instituição terciária. Andrade et al.

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teressantemente, tal diferença pode estar relacionada à suposição de que tumores que se desenvolvem em or-ganismos mais jovens podem apresentar características mais agressivas. Essa evidência pode ser corroborada com alguns estudos que também demonstraram uma tendência de homens mais jovens apresentarem CBCs de maior agressividade, requerendo intervenções de maior porte cirúrgico19,20.

Por ser o segmento cérvico-facial um local de alta exposição solar, os CBCs têm uma incidência muito maior nesta área do que em tronco e membros. De fato, cerca de 80% dos CBCs ocorrem nessa região11. Não há uniformidade entre os estudos na caracterização dos subsítios de cabeça e pescoço, o que dificulta a compa-ração entre as casuísticas. No entanto, é presente em diversas publicações o predomínio de localização nasal, que foi responsável por 29,9% dos CBCs cérvico-faciais em Queensland (Austrália)15 e 44,8% dos CBCs faciais em estudo alemão12.

No Brasil, a experiência de Machado-Filho mostrou 29,8% de CBCs nasais na região do grande ABC17; em Blumenau, Nasser observou 19,9% nesta localização18. Em nossa experiência, não houve diferenças notáveis nos subsítios de maior prevalência nos grupos DERMA e CCP - regiões nasal e malar tiveram praticamente as mesmas frequências. Houve predomínio pouco acen-tuado de tumores em pálpebras tratados na CCP e em fronte tratados na Dermatologia (sem diferenças estatis-ticamente significativas).

Algumas classificações foram propostas na tentativa de agrupar as diferentes regiões da face e do pescoço, facilitando a análise entre elas e identificando zonas de risco para surgimento de CBCs. O último consenso da National Comprehensive Cancer Network 2010 sobre CBCs procurou identificar áreas de maior risco, dividindo os segmentos corporais em zonas H, M e L. A zona H, de maior risco para recorrência e agressividade, compreen-de a área central da face, pálpebras superiores e inferio-res, região periorbital, nariz, lábios, mento, mandíbula, regiões pré e pós-auriculares, orelhas, genitálias, mãos e pés. A zona M, de menor risco, engloba as bochechas, fronte, couro cabeludo e pescoço; enquanto a zona L in-clui o tronco e as extremidades. Este consenso ainda considera de alto risco os tumores: na zona L ≥ 20 mm, na zona M ≥ 10 mm e na zona H ≥ 6 mm11.

Deste modo, este estudo classificou as lesões neo-plásicas de cabeça e pescoço nas zonas H e M supra-citadas, além de especificar a porcentagem dos CBCs em cada subsítio cérvico-facial. Como esperado, o grupo CCP apresentou significativamente maior número de le-sões em zona H em relação ao grupo DERMA, com a frequência aumentada comparativamente nos subsítios pálpebras e sulco nasogeniano. Em contrapartida, o gru-po DERMA apresentou frequência maior de tumores em regiões cervical e fronte (zona M).

Foram observadas diferenças significativas entre os tamanhos de lesões nos dois grupos. O tamanho media-no foi 4 vezes maior nos tumores tratados pela Cirurgia

de Cabeça e Pescoço, o que se refletiu em grandes in-tervenções cirúrgicas, defeitos de difícil reparo e seque-las funcionais, e consequente pior qualidade de vida.

No grupo CCP, todos os pacientes operados pela Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço desde 1994 foram incluídos neste estudo. Como grupo controle, se-lecionaram-se 320 casos de CBC do segmento cérvico-facial atendidos consecutivamente, de um universo de 7354 casos operados pela Disciplina de Dermatologia da mesma instituição. Dessa forma, acreditamos que a amostra selecionada deve ser representativa do total de pacientes atendidos pela disciplina de Dermatologia.

Quanto aos subtipos histopatológicos, a maioria dos artigos descreveu sua frequência nos pacientes opera-dos apenas em serviços dermatológicos. Scrivener et al mostraram frequência de 78,7% de CBCs nodulares, 15,1% superficiais e 6,2% esclerodermiformes em cen-tro dermatológico francês20.

É notável em nossa casuística não apenas o percen-tual muito elevado de CBCs esclerodermiformes presen-tes no grupo CCP (38%), mas também no grupo DERMA (23,7%). Houve maior frequência de CBCs escleroder-miformes no grupo CCP de maneira estatisticamente significante. É interessante notar, no entanto, que não foi observada tal diferença nos CBCs metatípicos e micro-nodulares, sabidamente mais agressivos e que tiveram frequências semelhantes nos dois grupos.

Saldanha et al discorreram sobre os diversos subti-pos histológicos dos CBCs, classificando desde os con-siderados de baixo risco (como os CBCs nodulares), até os com diferenciação escamosa (CBCs basoescamoso). Ainda neste estudo, houve um relevante comentário so-bre a dificuldade de classificação e padronização de re-sultados, pois geralmente os CBCs apresentam, em sua avaliação anatomopatológica, mais de um subtipo, resul-tando em percentis de apresentações muito diferentes em cada publicação; além da ausência de investigação acerca da influência de demais subtipos histológicos nos CBCs21. De fato, em nossa casuística encontrou-se mais de um tipo histológico em 72,4% dos casos nos dois gru-pos.

Neste estudo, optou-se por considerar todos os sub-tipos histológicos presentes, independente da porcenta-gem que este ocupa nas lâminas avaliadas pelo serviço de patologia. Esta decisão foi tomada pelos autores por julgarem que a presença de diferentes subtipos histo-lógicos, ainda que em pequena área, pode agregar um fator de maior agressividade ao tumor.

Em relação à invasão perineural, os maiores relatos na literatura também são provenientes de serviços der-matológicos. Bechert et al apresentaram uma metanáli-se com as maiores casuísticas da literatura que agrupou 14120 pacientes de diferentes centros. Dentre esses ca-sos, 310 (2,2%) apresentavam invasão perineural, sendo 114 pacientes com CBCs primários (0,81%) e 196 com CBCs recorrentes/recidivados (1,4%)22. O presente es-tudo encontrou 13,2% de invasão perineural nas lesões pertencentes ao grupo DERMA, consideradas de menor

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Perfil epidemiológico e histopatológico de 642 casos de carcinoma basocelular de cabeça e pescoço operados em uma instituição terciária. Andrade et al.

agressividade, incidência muito acima da literatura, pro-vavelmente por se tratar de um serviço terciário que atua como referência para outros centros dermatológicos re-gionais. Essa hipótese é também corroborada pela inci-dência de subtipos histológicos considerados agressivos no grupo DERMA, ainda que estas lesões possam ser de menor porte cirúrgico.

Brown et al encontraram 9,9% de tumores com his-tologia mais agressiva (esclerodermiforme, esclerosante e infiltrativo) em sua casuística e, dentre eles, 3% apre-sentavam invasão perineural23. Cernea et al, em seu estudo de neoplasias com invasão de base de crânio, apresentaram uma frequência de 50,0% de CBCs com invasão perineural após estudo com metodologia espe-cífica (uso de imunohistoquímica para proteína S-100)9. No grupo CCP a casuística avaliada agrupou todos os tumores operados pela disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, desde aqueles em que foram realizadas exé-reses menores com fechamento primário e/ou recons-trução com retalhos locais até ressecções crânio-faciais, com a identificação de invasão perineural em 22,5% dos casos. Essa porcentagem foi significativamente superior à da Dermatologia e dez vezes superior a frequência en-contrada na literatura22.

É importante ressaltar que esta é a maior casuística já reportada na literatura comparando dois grupos de car-cinomas basocelulares de uma mesma instituição, com o objetivo de identificar características demográficas e ana-tomopatológicas mais prevalentes nos tumores de maior agressividade. Acreditamos que a identificação de tais perfis poderá ajudar na elaboração de estudos epidemio-lógicos multicêntricos, nacionais e internacionais.

CONCLUSÃO

No presente estudo, observamos que os pacientes tratados na Cirurgia de Cabeça e Pescoço apresenta-ram menor idade média, maior frequência de tumores localizados na zona H, maior tamanho mediano, maior frequência de subtipos histológicos esclerodermiforme e adenoide e maior frequência de invasão perineural.

Os pacientes tratados na Dermatologia apresenta-ram maior idade média, maior frequência de tumores localizados na zona M e maior frequência de subtipos histológicos nodular e esclerosante.

Não foram estatisticamente significativas a maior fre-quência do sexo feminino entre os pacientes tratados na Dermatologia, nem tampouco as diferenças na localiza-ção dos tumores em subsítios. O local mais comumente acometido foi à região nasal nos dois grupos. Não houve diferença estatística na frequência dos subtipos histoló-gicos superficial, micronodular, cístico, escamoso, multi-cêntrico, pigmentado, ulcerado e metatípico, bem como na frequência de invasão angiolinfática no grupo tratado pela Cirurgia de Cabeça e Pescoço.

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