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nÚmerO 126 15 de maiO a 15 de junhO de 2013 2 € periódico galego de informaçom crítica assOciaçOm PePe rei 20 O jornalista Pepe Rei deixou pegada em Euskal Herria, onde trabalhou nos meios Ekin, Ardi Beltza e Kale Gorria. Desde há meio ano, umha associaçom reivindica a sua figura e a necessidade do jornalismo de investigaçom. memória histórica 21 Maio de 1901 foi na Corunha umha da- ta marcada na luita de classes. Umha greve cobrava na altura a morte de sete pessoas e mais dum cento de deten- çons, nuns feitos que recuperamos pe- rante ao esquecimento geralizado. N ovas da G ali a “A divisom na Real Academia Galega foi por umha questom moral, prévia a todo o demais” XESÚS ALONSO MONTERO NSO MONTERO presidente da Real da Real Academia Galega a Galega Pág. 6 OPiniOm MAIS RIcO é O cALDO por Ernesto v. Souza / 3 UMhA MESMA fERIDA por hadriám Mosquera ‘Senlheiro’ / 3 O PISTOLEIRO DE v.A. por Mauricio Delito / 28 suPlementO central a revista é ROSALIA DE TODOS? Visom de Helena Miguélez-Carballeira acerca do legado de Rosalia de Castro e a sua apropriaçom por parte do poder MANUEL MURGUIA: SEMENTE DE NAÇOM Percurso pola vida e obra do pai da historiografia do nosso país, da infáncia à presidência da Real Academia Galega Parlamento adere sem paliativos o texto da ILP Paz-Andrade, se bem nom há perspetiva de aplicaçom em curto prazo / PÁG.13 Acusam patrom maior de Caiom por fraude dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Coletivos marinheiros acusam o atual patrom maior de Caiom, Evaristo Lareo Viñas, de ser responsável polo desvio de en- tre 80 e 200 milhons de euros de donativos particulares durante o desastre do Prestige. Lareo Viñas, um homem vencelhado com o PP da zona e com diver- sos cargos em pontos estratégi- cos, presidiu a fundaçom Oceá- no Vivo e também estava rela- cionado com a Comissom de Afetados pola Catástrofe do Prestige, cuja conta bancária estava assinada por ele. / PÁG. 15 Mina de ouro ameaça futuro de Bergantinhos PrOjetO transnaciOnal em cOrcOestO O economista Xabier Villares analisa o impacto da mina que a transnacional canadiana Edge- water pretende pór em anda- mento na paróquia de Corcoes- to, no concelho de Cabana de Bergantinhos. Este projeto ame- aça com traer à comarca as de- moliçons e as grandes movi- mentaçons de terra que carate- rizam a mineraçom a céu aber- to. De outra banda, questiona a oferta de postos de trabalho que a empresa publicita. / PÁG. 18 GaiÁs, cidade Pantasma Voto unánime pola lusofonia O ‘PrOjetO estrela’ da cultura fica vaziO e sem futurO clarO A Cidade da Cultura é o edifício mais mediático da Galiza. Situado no cume do monte Gaiás, em Com- postela, o macroprojeto ideado por Manuel Fraga e desenvolvido por Peter Eisenman foi acumulando crí- ticas de cada vez mais setores sociais, a começar por um mundo da cultura que cada vez se vê mais preca- riçado. A decisom tomada polo Parlamento de Galiza de paralisar as obras do complexo com dous edifí- cios sem construir por falta de fundos nom surpren- deu a sociedade galega, já convencida de que o pro- jeto nom podia seguir adiante. Agora, sobre o futuro do conjunto do Gaiás, só ficam dúvidas. / PÁG. 16-17 NURIA PAMPÍN

Periódico galego de informaçom crítica - dOnativOs POlO … · 2013. 6. 27. · responsável polo desvio de en-tre 80 e 200 milhons de euros de donativos particulares durante o

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  • nÚmerO 126 15 de maiO a 15 de junhO de 2013 2 €

    p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i c a

    assOciaçOm PePe rei 20O jornalista Pepe Rei deixou pegadaem Euskal Herria, onde trabalhou nosmeios Ekin, Ardi Beltza e Kale Gorria.Desde há meio ano, umha associaçomreivindica a sua figura e a necessidadedo jornalismo de investigaçom.

    memória histórica 21Maio de 1901 foi na Corunha umha da-ta marcada na luita de classes. Umhagreve cobrava na altura a morte de setepessoas e mais dum cento de deten-çons, nuns feitos que recuperamos pe-rante ao esquecimento geralizado.

    Novas da Gali a

    “A divisom na

    Real Academia

    Galega foi por

    umha questom

    moral, prévia a

    todo o demais”

    XESÚS ALONSO MONTERONSO MONTEROpresidente da Realda RealAcademia Galegaa GalegaPág. 6

    OPiniOm

    MAIS RIcO é O cALDO por Ernesto v. Souza / 3

    UMhA MESMA fERIDApor hadriám Mosquera ‘Senlheiro’ / 3

    O PISTOLEIRO DE v.A. por Mauricio Delito / 28

    suPlementO central a revista

    é ROSALIA DE TODOS?Visom de Helena Miguélez-Carballeira acerca do legado de Rosalia de Castro e a sua apropriaçom por parte do poder

    MANUEL MURGUIA: SEMENTE DE NAÇOMPercurso pola vida e obra do pai da historiografia do nosso país,da infáncia à presidência da Real Academia Galega

    Parlamento adere sem paliativos o texto da ILP Paz-Andrade, se bem nom há perspetiva de aplicaçom em curto prazo / PÁG.13

    Acusam patrom maiorde Caiom por fraude

    dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe

    Coletivos marinheiros acusamo atual patrom maior de Caiom,Evaristo Lareo Viñas, de serresponsável polo desvio de en-tre 80 e 200 milhons de euros dedonativos particulares duranteo desastre do Prestige. LareoViñas, um homem vencelhado

    com o PP da zona e com diver-sos cargos em pontos estratégi-cos, presidiu a fundaçom Oceá-no Vivo e também estava rela-cionado com a Comissom deAfetados pola Catástrofe doPrestige, cuja conta bancáriaestava assinada por ele. / PÁG. 15

    Mina de ouro ameaçafuturo de Bergantinhos

    PrOjetO transnaciOnal em cOrcOestO

    O economista Xabier Villaresanalisa o impacto da mina que atransnacional canadiana Edge-water pretende pór em anda-mento na paróquia de Corcoes-to, no concelho de Cabana deBergantinhos. Este projeto ame-

    aça com traer à comarca as de-moliçons e as grandes movi-mentaçons de terra que carate-rizam a mineraçom a céu aber-to. De outra banda, questiona aoferta de postos de trabalho quea empresa publicita. / PÁG. 18

    GaiÁs, cidade Pantasma

    Voto unánime pola lusofonia

    O ‘PrOjetO estrela’ da culturafica vaziO e sem futurO clarO

    A Cidade da Cultura é o edifício mais mediático daGaliza. Situado no cume do monte Gaiás, em Com-postela, o macroprojeto ideado por Manuel Fraga edesenvolvido por Peter Eisenman foi acumulando crí-ticas de cada vez mais setores sociais, a começar porum mundo da cultura que cada vez se vê mais preca-

    riçado. A decisom tomada polo Parlamento de Galizade paralisar as obras do complexo com dous edifí-cios sem construir por falta de fundos nom surpren-deu a sociedade galega, já convencida de que o pro-jeto nom podia seguir adiante. Agora, sobre o futurodo conjunto do Gaiás, só ficam dúvidas. / PÁG. 16-17

    NU

    RIA

    PA

    MP

    ÍN

  • 02 OPiniOm Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

    Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

    GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociaisintoleráveis. Endereço: [email protected]

    O PelOurinhO dO nOvas

    alcaldadas

    Eu, desde a minha obriga de fisca-lizaçom do governo como primei-ro edil da oposiçom em Jove, criti-quei recentemente um feito indu-bitável: o cobro de dietas do meualcalde por acudir à manifestaçomde Alcoa em Santiago. Um proble-ma este, o da tarifa elétrica para amultinacional do alumínio, que foiutilizado em plena campanha elei-toral às autonómicas dum modoobsceno para proveito políticopróprio, sem sentido da medidanem sentido do ridículo.

    Os ataques para a minha pessoa(e ainda os insultos que recebimno passado) nom som algo novono meu alcalde. Mesmo aceito quese podam entender como legíti-mos, dado que para algumhas pes-soas som intrínsecos à exposiçompública de um cargo institucional.Porém, o que nunca me passaranestes quatro anos de dedicaçomà política municipal (dous comoresponsável local do BNG jovensee dous como concelheiro) é que daequipa de governo se utilizasse àminha filha para me fazer dano po-lítico. Umha reaçom que denotadum modo objetivo muito pouca

    inteligência. Nom deixa de serruim coma a fame valer-se de um-ha nena de três anos como contra-golpe na crítica pública. Só se podeentender como um comportamen-to canalha que do nosso governi-nho se alegue um presunto abusoda minha nena pola sua escolari-zaçom no infantário municipalque, a propósito, pago mês a mêsreligiosamente e se justifique esteataque infame no feito de que a Es-cola Infantil de Jove é deficitária.Também é deficitária a equipa degoverno local e a mim nom se meocorre botar-lhe a culpa aos filhosdos seus membros, entre outrascousas porque me merecem bas-tante mais respeito que os seuspróprios pais. Este tipo de argu-mentaçom realizada pola alcaldiaassemelha-se cada vez mais à dascortes, mas nom às Cortes de Ma-drid, senom às que se escrevemcom minúscula e das que se quitao esterco. Nom se podem misturaralhos com bugalhos, meus amigos.

    Nom lhes nego que, depois destaalcaldada, pensei em sacar a minhafilha da Escola Infantil para nomabusar mais dos recursos de umConcelho com dous milhons de eu-ros no banco; mas na minha casaimpedirom-mo, com bom critério,

    porque “a cativa nom tem culpa”.Contudo fiquei com um remorso, ode demonstrar-lhe tanto ao gover-ninho que nos dirige como aos queo apoiam que eu tenho dignidade,mas existem momentos na vida emque há que ceder o orgulho e dei-xar-lhe passo ao sentido comum.

    Nom sei se me expliquei bem,mas por se nom fum claro davon-do vou-lho resumir com todas asletras: vale mais um sorriso da

    minha pícara que todos os gover-nantes do Concelho de Jove jun-tos, incluído um alcalde que seerigiu em fiel reflexo da cataduramoral da corporaçom municipal.Ainda que algum bom haverá. Al-gum ao que nom lhe pareça bema utilizaçom dumha nena de trêsanos para fazer-lhe dano ao opo-nente político. Ou algumha.

    Marco López (BNG Xove)

    carta aO Presidente da raG

    Estimado senhor Presidente daReal Academia Galega:

    Dirigimo-nos a você para lhefazer chegar o nosso mais profun-do desagrado pola maneira de no-mear a nova equipa plenária daentidade que você representa.

    (...) A professora Rosário Álva-rez Blanco exerce como Tesourei-ro, enquanto que dona MargaritaLedo Andión ocupa o cargo de Ar-quiveiro-Bibliotecario.

    Achamos que vocês, mais queninguém, deveriam ser conscien-tes da importância da dualidadegenérica e das nefastas conse-quências sociais que leva aparelha-do o uso indevido das palavras. (...)

    Entendemos que posto que atrajetória em prol da igualdade daRAG tem piorado muito desde asua fundaçom, o que podem fazeragora, no mínimo, já que por pri-meira vez tenhem duas mulheresna cúpula de tam significada ins-tituiçom, é ser justos e responsá-veis no tratamento da mulher ga-lega e da sua língua.

    Redaçom de ‘Andaina. RevistaGalega de Pensamento Feminista’

    Umha instituiçom para cadavez menos gente. Esse pa-rece o projeto com o que o

    recente novo presidente da RealAcademia Galega se achega aoposto de máxima representaçomda RAG. Xesús Alonso Monterovem, em cousa de semanas, de in-sultar nom só os reintegracionis-tas, mas também a toda a base so-cial do BNG, ao que acusa de “aba-far” a língua. O velho militante doPCE aprofunda assim na linha doanterior presidente, que opinava

    ter-se que fazer com o reintegra-cionismo “o mesmo que com 'Gali-cia Bilingüe'” por ser “gente queestá em contra do idioma”.

    Repartir agora culpas ou ordenarpor gravidade os mais recentes re-presentantes públicos da Academiaque pretende ser defensora da lín-gua de pouco há-de valer. O caso éque a instituiçom caminha a mar-cha rápida para conseguir o desa-feto de cada vez mais setores impli-cados na defesa da língua. Escuda-dos no labor de vigilância e defesa

    da norma que o pacto autonómicolhe encomenda, a RAG semelha ca-da dia mais um lugar que nem estáa aproximar-se à populaçom e aosagentes culturais, nem o procura.

    Mui na contra, dá a impressomde que os esforços mais gigantesda instituiçom centenária vam emassegurar a sua própria supervi-vência como único organismo re-gulador da escrita -e com isso detoda a economia que em subven-çons ou postos na educaçom deladepende-. De gastar muitas mais

    forças em desacreditar qualquerumha prática lingüística ou culturalque nom encaixe com a norma au-tonómica, do que em defender oidioma além das práticas rituais doDia das Letras. Garantem que pu-blicaçons monolingües nom po-dam aspirar a um cêntimo de di-nheiro público por nom estarem“escritas integramente em galegoconforme a normativa oficial vigen-te”, enquanto meios espanholistase em espanhol ao 95% como La Vozde Galicia recebem subvençons mi-

    lionárias polo emprego da língua.É polo desprezo a quem mantém

    umha postura diferente a respeitoda decissom política de como gra-farmos a nossa língua, apoiada noaparelho de poder autonómico, quenenhum dos setores implicados nopatético espetáculo vivido na RAGnos últimos meses, pode fingir sur-presa ao nom receber mais que um-ha indiferença de boa parte do teci-do social que dia a dia age por fazerlíngua e pais contra vento, maré, elamentavelmente pese à RAG.

    A palavras loucas, orelhas moucaseditOrial

    humOr susO sanmartin

    D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

    EDITORAA.c. MINhO MEDIA

    cONSELhO DE REDAÇOMIván G. Riobó, Aarón López Rivas, RubénMelide, Xavier Miquel, Antia Rodríguez Gar-cía, Raul Rios, Xoán R. Sampedro, Olga Ro-masanta, Alonso vidal, Paulo vilasenin

    SEcÇONScronologia: Iván cuevas / Economia:Aarón López Rivas / Agro: Paulo vilasenine Jéssica Rei / Mar: Afonso Dieste / Media:Xoán R. Sampedro e Gustavo Luca / A Terra Treme: Daniel R. cao / Além Mi-nho: Eduardo S. Maragoto / Povos: José

    Antom ‘Muros’ / Dito e feito: Olga Roma-santa / A Denúncia: Iván García / cultura:Antia Rodríguez / Desportos: Anjo Rua Nova, Isaac Lourido e Xermán viluba /consumir Menos, viver Melhor: Xan Duro /A criança Natural: Maria Álvares Rei /Agenda: Irene cancelas / A Revista: RubénMelide / A Galiza Natural: João Aveledo /Gastronomia: Luzia Rgues., Sino Seco /Língua Nacional: valentim R. fagim / criaçom: Patricia Janeiro / cinema:francesco Traficante, Xurxo chirro

    DESENhO GRÁfIcO E MAQUETAÇOMhilda carvalho, Joám fernandes, Manuel Pintor, helena Irímia

    fOTOGRAfIAArquivo NGZ, Sole Rei, Galiza Independente(GZI-foto), Zélia Garcia, Borja Toja

    ADMINISTRAÇOMJosé viana e carlos Barros Gonçales

    LOGÍSTIcA E PUBLIcIDADEJosé viana e Daniel R. cao

    AUDIOvISUAL: Galiza contrainfo

    hUMOR GRÁfIcOSuso Sanmartin, Pestinho, Xosé Lois hermo,Gonzalo, Ruth caramés, Pepe carreiro, Mincinho, Beto

    cORREÇOM LINGÜÍSTIcAXiam Naia, fernando corredoira, vanessa vilaverde, Mário herrero, Javier Garcia, Iván velho

    cOLABORAM NESTE NÚMEROErnesto vázquez Sousa, h. Mosqueira 'Senlheiro', María Rúa, Maria Álvares, Xabier I. villares, María do carmo García-Negro, Miguel Rodríguez, Diego Gómez, Ismael R. Saborido, Maurício Delito, NuriaPampín, Manuel varela, helena Miguélez-carballeira, Sole Rei, Evinha da Torre

    fEchO DE EDIÇOM: 15/05/2013

  • Tantum religio potuit suadere malorum

    Lucrécio

    Contra tudo quanto nosapreendeu a modernida-de na procura do mais só-lido Estado-Nação, no ronsel fu-nesto da filosofia cristã e a suaconsolidação como religião Im-perial, o modelo único, inquestio-nável na ortodoxia, não é cousaboa, nem útil.

    Quase 40 anos depois, pode-mos perguntar-nos, quanto à lín-gua, de que serve ou a quem a tei-ma de unidade? O dano dos anos80, do “piñeirismo”, não é a Nor-ma sacralizada pelo autonomis-mo, foi a exclusão, a rotura, oconfronto, a perseguição, a que-bra da convivência entre tradi-ções e práticas, entre escolas deescrita e pensamento.

    E mais quando aconteceu por-que a escola e a legislação espa-nhola armadilharam o ritmo deuma obrigada unidade adminis-trativa, limitada por lei ao territó-rio autonómico.

    Diversa era, é, a prática: dife-rentes as tradições escritas, tantoque dificilmente podemos falar denormas consolidadas: raros são oscasos professor-aluno, e mais ex-traordinários os grupos homogé-neos e publicações corrigidas. Háteoria de escolas posicionadas,tendências pré-fixadas, critérioscomuns defendidos.

    Mas nenhuma escola ou teoriaé mais perfeita do que a qualidadedos mestres que nela participem,nenhum modelo programadomais estratégico, nem mais perfei-to tecnicamente, do que os seusresultados demonstrarem; nenhu-ma norma mais ajustada social-mente, nem histórica do que a mo-

    da ou a narra-tiva históricafutura queiramdemonstrar.

    A experiênciadiz que sãomais produtivosos espaços deconvivência etolerância depráticas, que oterror e o silên-cio. A realidade éde prática mútiplaque todos fomos apren-dendo, como pudemos,para sairmos do comumanalfabetismo.

    Por que não mudar a lógi-ca e estabelecer que todanorma é boa mentres nãohaja um Estado galego, umaescola galega? E mesmo de-pois, visto o visto, porque têm de se gastaresforços na procu-ra de uma Normaúnica prévia en-quanto social-mente não hou-ver consenso?

    Seja como for,nos modelos en-xebristas defini-dos por aquilo de“ser diferente é serexistente” o categorizadoalheio (seja castelhano, sejaportuguês, seja

    alternativo) substrai,por princípio. Nos

    modelos aber-tos tudo suma,até o excluden-te, pois retifica,aquilata, refor-

    ça, questiona asestruturas bases,estabelece va-riantes formais,de contexto, re-

    gistro ou dialeto. Num modelo

    aberto, cabem, sãoparte, todas as esco-

    las, todos os esforços detantos anos, inteira a tradi-ção e escrita. No meu escre-

    ver, a independência, sabore força vêm garantidas pelossedimentos de todos os ele-mentos constituintes, pelo lé-

    xico ambiente, pelasmorfologias popula-

    res, dialetais, e ar-caicas, pela fra-seologia, pelafortíssima tradi-ção literária, ashesitantes nor-mas gramati-

    cais, pela históriae política desse

    também dubitativoduplo iberismo nosso.

    A minha achega é fi-lha de leituras, teimas,

    contato com di-

    versos grupos, escolas e perspec-tivas, original como a minha opi-nião, intransferível no seu trânsitoe construção. Porém soma, e éajeitada pelos contributos doutrosque me lerem e nos que eu leio.

    O conjunto desenha-se social-mente, por acaso múltiplo, capila-ridade, influência, magistério devozes, figuras ou escolha ambien-te inconsciente. Um por um e es-cola e a estilo, vão-se achegandopeças e ideias, para que os leitorese utentes do futuro, quais huma-nistas doutrora, façam entre en-saio e erro o seu sufrágio.

    Deixemos acontecer, longe me-lhor dessa obsessão do modeloúnico perfeito e prévio, que maisrico é o caldo quanta mais e varia-da substância.

    03OPiniOmNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

    OPiniOm

    Recebo a carta de um ami-go da minha aldeia. Eleestá emigrado na França.É um dos 80.000 jovens que aban-donou o país desde 2008. Diz-meele: "ti preso longe da terra, euemigrado, os dous temos um pe-queno ponto em comum: partilha-mos essa espera, de passar a por-ta da casa, da lareira..."

    Prossegue, dando-me fôlegos:"eu fecho os olhos e tento imaginarque caminho polo monte do Pi-com, que meto os pés no rio e que

    está tam frio coma sempre, ou a er-va na carvalheira do Constante,porque a imaginaçom é mui gran-de e ninguém pode proibir-no-la".

    Outro amigo, antigo compa-nheiro de trabalho, afincado naTerra ele, envia-me junto com assuas saudaçons umha esperpénti-ca cópia da sua petiçom de admis-som num programa de bachare-lato. Apresentada esta, fora depraço, numha folha de cadernoescrita a mao e cheia de gralhas.Diz, literalmente: "cumpridos os25 anos de idade, procedentedumha família totalmente deses-truturada, com um trabalho sem

    absolutamente nenhuma possibi-lidade de futuro nem realizaçompessoal, atopando-me num esta-do de desesperaçom e no qual osexpertos qualificam de "exclusomsocial" solicito..."

    Ambos dirigem-se a mim, numgesto de solidariedade e apoiomutuo, mas eu penso que falamtambém para si, reflexivamente,buscando em si próprios um ca-minho e umha resposta.

    Como este pequeno artigo, essascartas contenhem dentro de si mui-tas perguntas e o mesmo berro-ou-veio de Irmandade e Força. Poisemigrado, precarizado e preso, ostrês partilhamos a mesma arela: vi-ver dignos e livres na nossa Terra.

    Ao cair a tarde

    a águia sobrevoa este céu

    e deixa trás de si umha ferida

    é através dela que nos miramos

    aos olhos

    as irmás

    e soam umhas guitarras elétricas

    coma lóstregos:

    "Que chegue a hora da fúria,

    a ira pode ser poder

    Sabias que podes utilizá-lo?"

    The Clash

    "Quando me perguntam pola mi-

    nha identidade nas esquinas eu

    abro e mostro-lhes a minha ferida"

    Higri Izgqren

    Umha mesma ferida h. Mosquera ‘Senlheiro’

    Mais rico é o caldoErnesto vázquez Sousa

    Emigrado, precarizadoe preso, os três partilhamos a mesmaarela: viver dignos elivres na nossa Terra

    A experiência diz que

    são mais produtivos

    os espaços de

    convivência de

    práticas, que o

    terror e o silêncio

    Por que têm de se

    gastar esforços na

    procura de uma

    Norma única prévia

    enquanto socialmente

    não houver consenso?

  • 04 acOntece Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

    NGZ / A medida que passam osdias, desde a petiçom de concur-so de acreedores por parte dePescanova, novas irregularida-des vam saíndo na complexa tra-ma que abrange a multinacionalgalega do peixe. Irregularidadesque afetam tanto ao seu apoiointerno através das subvençonspúblicas ou ajudas da banca, co-mo ao seu organograma exte-rior, especialmente na sua estru-tura na América do Sul. Depoisdas pesquisas destes meses oque parece cada vez mais credí-vel é que o buraco de Pescanova,que já ascende a 3000 milhonsde euros, era conhecido pormuita mais gente que polo seupresidente. A nível interno háque destacar o papel jogado porNovaGalicia Banco e as duascaixas anteriores à sua fusom, jáque eram duas das principaisacionistas da multinacional, an-tes de vender o seu pacote deaçons a Fernández Sousa no ano2011. Atualmente NovaGaliciaBanco é um dos principais deve-dores da empresa com 161,58milhons de euros, e segundofontes acionáriais consultadaspor este jornal, pode haver asuspeita de que parte do dinhei-ro conseguido com a venda das

    polémicas participaçons prefe-rentes, foram aproveitadas paratapar o buraco de Pescanova.

    As tramas externasUmha das principais problemáti-cas para realizar umha auditoriareal da dívida de Pescanova é acomplexa trama de empresas e

    filiais que som controladas dire-ta ou indiretamente por Fernán-dez Sousa e que estám estendi-das por 25 países ao redor domundo. De facto, as investiga-çons apontam que 5 destas em-presas radicadas na América doSul, poderiam ter ocultado nomínimo umha terceira parte da

    dívida oculta da multinacional.Embora o secretismo de Pesca-nova aduzindo “informaçom dealto valor estratégico” na memó-ria de 2010, figuram 112,9 mi-lhons outorgados à empresa deNamibia, Novanaman e a uru-guaiana de American Shippins(as duas com um 49% de aciona-

    riado nas suas maos). Em Chilee na Argentina, Pescanova contacom duas filiais que estám emquebra (Pesca Chile) e com outraque está pendente de se resolverum concurso de acredores nosjulgados argentinos. Tambémem Portugal, onde a empresatem umha importante atividadeaqüícola (e onde destinou a cen-tral que queria construir no caboTourinhám), houvo ocultaçomde informaçom. Na central deMira, dous acidentes consecuti-vos que levárom à morte de mi-lhons de peixes, fijo que as per-das entre os anos 2011 e 2012 fo-ram de 70 milhons de euros.Ademais a central, que contoucom umha inversom de 140 mi-lhons de euros, nunca tivo asprevisions económicas e produ-tivas que se esperava dela. Final-mente, cumpre destacar umhadenúncia feita por um professorda Universidade Politécnica deMadrid (UPM) onde denuncia aspossíveis irregularidades feitasentre o departamento de Mar daUPM e Pescanova, com algomais de 41 convénios assinadospara projetos no exterior, e comumha possível irregularidadenas contas e no financiamentopúblico dumha empresa privada.

    acOnteceUm militante do CS Revira foi detido num-ha manifestaçom antifascista do 1º deMaio na capital castelá. Tratava-se um atode protesto contra a manifestaçom autori-zada de coletivos ultradireitistas. Foi postoem liberdade no dia a seguir.

    militante da revira detidO em madrid

    Iniciam campanha para que a cantanteNoa nom atue em Compostela o 21 demaio. A israelita tem feito declaraçons afavor do “legítimo direito” de Israel a de-fender-se, especialmente quando o exérci-to hebreu assassinou 1400 civis em Gaza.

    bOicOte cOntra cantante israelita

    10.04.2013 / Afetados polas pre-ferentes cercam a casa do al-calde de Salvaterra.

    11.04.2013 / Remata trás 25 dias agreve do lixo em Vilalva, trásaceitar os trabalhadores um cor-te salarial de 33 euros ao mês.

    12.04.2013 / J.B.C. morre emDumbria quando cortava lenhacom umha motoserra.

    13.04.2013 / Alcalde de Salzeda,Marcos Besada, e os cinco ve-

    readores do BNG na vila anun-ciam a sua baixa no partido na-cionalista.

    14.04.2013 / Mais de mil pes-soas manifestam-se em Carva-lho em contra da mina de Cor-coesto.

    15.04.2013 / Alfonso Fuente, al-calde de Barreiros, afirma que“os comunistas deixam de sê-lo quando tenhem quartos, asfeministas quando casam e osateus quando cai o aviom".

    16.04.2013 / Mais de mil pes-soas manifestam-se na Coru-nha em defesa dos postos detrabalho de Atento.

    17.04.2013 / Umha pessoa mor-ta num accidente de trator noPadrom (Fonsagrada).

    18.04.2013 / Nasce ContraMI-NAcción, Rede contra a MinariaDestrutiva na Galiza.

    19.04.2013 / José Miguel Rodrí-guez, vizinho de Boal, morre

    aplastado por um muro en-quanto trabalhava nas Figuei-ras (Castro Pol).

    20.04.2013 / Xesús Alonso Mon-tero é eligido presidente daRAG numha apertada votaçom.

    21.04.2013 / Mais de 1.000 pes-soas reivindicam com umhamarcha ciclista o uso da bici-cleta em Vigo.

    22.04.2013 / Morre C.R.P. emCarvalho ao cair da escaleira

    na que trabalhava. J.M.L.G emPedrafita do Zebreiro e Indale-cio Fraga Remuiñán em Carva-lho falecem ao envorcar osseus tratores.

    23.04.2013 / Juiz Vázquez Taín ar-quiva a causa contra os controla-dores de Lavacolha acusados de“sediçom” por considerar "clara-mente acreditado" que "nom in-correrom en delito algum".

    24.04.2013 / Militante indepen-dentista ‘Nahuel’ P.M. é detido

    crOnOlOGia

    Novas irregularidades rodeiam oconcurso de credores da Pescanova

    denunciam POssível utilizaçOm dO dinheirO das Preferentes Para taPar O buracO da emPresa

  • 05acOnteceNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

    NGZ / A câmara municipal deCompostela anunciou o adiantoe incremento do cobro do IBI.Fai-no seis meses após ao cobrodo último recibo e muito antesdo outono, quando se cobra ha-bitualmente. As câmaras muni-cipais tenhem neste imposto asua principal fonte de arrecada-çom e empregam-no para neu-tralizarem o efeito da picada naborbulha imobiliária (grava-nosobre construçons e obras - Icio).Em só cinco anos a arrecada-çom do IBI das 315 câmaras mu-nicipais galegas incrementou-seem mais dum 40%, enquantoque a do Icio baixou um 63%.

    A concelheira de Fazenda, Ce-cilia Sierra, lamentou esteadiantamento e assegurou “quenom se volveria a repetir”.

    Da Candidatura do Povo de-nunciam a “extorsom à vizi-nhança enquanto os bens daIgreja continuam extintos e o PPcolabora na exceçom fiscal dosgrandes empresários”.

    Possível negligência na mortedum vizinho que durmia ao raso Também acusam negligenciasna morte dum vizinho de Com-postela que dormia ao raso. An-drés Canet morreu há duas se-manas enquanto dormia na di-que de autocarros de JoamXXIII. A Candidatura do Povo

    além de amigos e familiares dofalecido concentrárom-se nomesmo lugar da sua morte paradenunciar publicamente a desa-tençom médica padecida porCanet da que fôrom testemu-nhas várias pessoas que dor-miam com ele. Segundo a ONGCáritas, na capital da Galizadormem ao raso cada noite 200pessoas, 5000 vizinhas padecem“pobreza severa”, existem19.000 vivendas desocupadas eum 23% da populaçom está nolimite da exclusom social.

    A Candidatura do Povo qualifi-cou estes factos de “inadmissí-veis” e assegurou que a privatiza-çom generalizada dos serviçossociais desenvolvidas pola câma-ra municipal compostelana somresponsáveis deste homicídio.

    No entanto, a Concelheira deSanidade, Rocío Mosquera, ne-gou qualquer tipo de negligen-cia do pessoal sanitário.

    Coletivos denunciampolitica antissocial doConcelho compostelano

    O centro social de Marim começou umha campanhade conscientizaçom para que a populaçom torne osseus nomes e apelidos ao galego. Querem impulsar“um ato simbólico de grande importância para o pro-cesso de normalizaçom”. Está dentro da campanha“Em galego todo é possível” do centro social.

    almuinha inicia camPanha Para GaleGuizar Os nOmes

    O coletivo Accion Universitaria começou umha campa-nha para a retirada do escudo franquista da fachada deFaculdade de Químicas de Santiago de Compostela.Desde o sindicato estudantil consideram que é umha“ofensa a todas as pessoas vítimas do franquismo e maisás estudantes, símbolo da luita contra a ditadura”.

    POla retirada dum escudO franquista na usc

    em Compostela sob a acusa-çom de “desordens públicas”.

    25.04.2013 / C.M.P.N., motoristacorunhês, morre ao incendiar-se o seu camiom na A-6 à altu-ra de Ponferrada.

    26.04.2013 / Operários de Na-vantia, afetados polas preferen-tes, empregados de FIMO, ati-vistas anti-desafiuzamentos eoposiçom ao porto desportivojuntam-se no pleno de Ferrol eobrigam a suspendê-lo.

    27.04.2013 / Marinheiro portuguêsdesaparescido trás naufragar nadesembocadura do Minho.

    28.04.2013 / Vizinhança de Cas-trelo de Minho protesta simbo-licamente contra os cortes noensino lançando barquinhosde papel ao rio Minho.

    29.04.2013 / Morre um percevei-ro no mar em Mera (Oleiros).

    30.04.2013 / Organizaçons femi-nistas realizam concentraçom

    contra o governo e a igreja frenteà igreja de Santiago em Vigo.

    01.05.2013 / Militante da Reviraé detido em Madrid numha ma-nifestaçom antifascista.

    02.05.2013 / Afetadas polas pre-ferentes realizam escrachosnos domicílios da directora deTurismo, Nava Castro e do alcal-de de Nigrám Alberto Valverde.

    03.05.2013 / Morre na dársenade Joám XXIII, em Compostela,

    Andrés Canet Requena, sem-teito, trás ser atendido polo061, que non considerou ne-cessária a hospitalizaçom.

    04.05.2013 / Uns vinte afetadospolas preferentes provocam asuspensom do pleno de Rois.

    05.05.2013 / Mesa en defensa dosCamiños de Ferro manifesta-se,coincidindo com os atos do cen-tenário da linha Ferrol-Betanços,para reivindicar o mantementodo ferrocarril em Trás-Ancos.

    06.05.2013 / Mulher tenta suici-dar-se em Ourense trás ficarsem vivenda nem trabalho.

    07.05.2013 / Serviço de Vigilán-cia Alfandegueira requisa do-cumentaçom na cámara doCarvalhinho no quadro da ope-raçom Pokémon.

    09.05.2013 / Greve contra a LeiWert paralisa perto dum 80 porcento do ensino galego numhajornada de protestas por partedo estudantado.

    crOnOlOGia

    NGZ / O Ministério de Fazendaespanhol tem a intençom de ven-der a sede pontevedresa, um edi-fício histórico construído no sé-culo XIV, que fai parte da igrejade Sam Francisco e que contéma única porta da muralha conser-vada atualmente. Há tempo queos grupos municipais do PP e doPSOE querem reconverter aconstuçom numha sede privadae já houvo as primeiras declara-çons de converti-lo num hotel decinco estrelas (por parte doPSOE) ou numha paragem de lu-xo (tal e como adiantava o PP nacampanha eleitoral das passadaseleiçons municipais). Por suavez, o alcalde nacionalista, Mi-guel Fernández Lores nom estádisposto, num principio, a requa-lificar a parcela para que passe amaos privadas já que poria emrisco o caráter público do edifí-cio. Do tecido associativo da ci-dade vê-se a operaçom como um-ha nova “bomba urbanística” mi-lionária no centro da cidade,além de ser um “atentado contraum pedaço de historia da nossacidade”. Este tecido aposta porum uso público e cultural abertoà cidadania. Desde o CS A Revi-ra, que iniciou umha campanhapara denunciar a situaçom e de-mandar alternativas, proponhema “habilitaçom dumha grande bi-

    blioteca pública destinada ao em-préstimo e consulta de livros eaudiovisuais, complementandoas pequenas instalaçons da bi-blioteca Antonio Odriozola”.Também se poderiam utilizar al-gumhas zonas “para exposiçonse concertos, ou locais habilitados

    para as associaçons e coletivosda cidade, que atualmente nomdisponhem de espaço físico ondese reunir”. Por fim, afirmam que“os problemas que estamos a so-frer a classe trabalhadora nomvam resolver-se com a turistifica-çom e o recurso ao tijolo”.

    Fazenda quer vender a sedehistórica de Ponte Vedra

    O tecidO assOciativO vê-O cOmO umha bOmba urbanística

  • 06 acOntece Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

    A atriz é conhecida pola sua interpretaçom na serie daTVG “Matalobos”. Maria Mera tem rejeitado colaborar na“ceia benéfica” do coletivo antiaborto “Red Madre” des-pois dumha campanha polas redes sociais. A atriz res-pondeu que nom ia apresentar o ato, já que “nom era a in-formaçom que me passaram desde a associaçom”.

    maria mera nOm cOlabOrarÁ cOm a ‘red madre’

    A Junta contratou o ator que deu apoio à manifestaçomde “Galicia Bilingüe” do ano 2009 e pola qual nove ati-vistas estám a espera de juízo. Manuel Manquinha vaiser o responsável de comemorar o Dia das Letras e ho-menagear a Vidal Bolanho no aniversário dos 150 anosda publicaçom de Cantares Galegos.

    a junta cOntrata a manquinha Para O dia das letras

    Tem a sensaçom de que o

    reintegracionismo progrediu

    na última década?

    Eu creio que mais ou menos estána posiçom onde estava.

    Teresa Moure, Séchu Sende e

    Vítor Baqueiro anunciárom pu-

    blicamente que abandonavam a

    normativa oficial...

    Eu continuo a pensar o mesmoque há anos. O galego há que fa-zê-lo a partir dos dialetos e socio-letos do galego que se falam a nor-te do Minho, nom do que se fala asul do Minho: o do sul do Minho éum dialeto do galego, mas é umdialeto egrégio que a partir do sé-culo XV se afastou muito e tivograndes vozes, começando porCamões e terminando por ÓscarLopes, que acaba de morrer, tal-vez a mente marxista mais impor-tante da Filologia na Europa. Sa-bia que morrera Óscar Lopes?

    Sabia, sim. Era sócio de honra da

    Associaçom Galega da Língua.

    Os homens mais eminentes... co-mo dizia Orácio: “Homero de vezem quando dorme”. Entom, pare-ce que aconteceu o mesmo a ÓscarLopes. Voltando ao tema, trata-se,ademais, da tradiçom literária.Nesta tradiçom formárom-se to-dos, inclusive aqueles que algum-ha vez tivérom relaçom com oreintegracionismo. Sei que depois

    vinhérom grandes vozes, umha dePortugal, Rodrigues Lapa, e outrada Galiza, Guerra da Cal. Porém,Guerra era um galego extramuros.Eu tratei-no muito por telefone eepistolarmente, mas Guerra che-gou a dizer que nom queria vir àGaliza porque nom estava na dire-çom que ele queria... “Pois venhaaqui e endireite-a!”. Eu admiromuito a inteligência de Guerra,mas ele vivia extramuros da Gali-za e portanto nom pensava socio-lingüisticamente. O próprio Lapa,que era um sábio, se tivesse res-ponsabilidades aqui, políticas eacadémicas, pensaria muito antesde entrar naquela polémica comRamom Pinheiro. Quando se ofe-recer como alternativa o que elepropunha... entom apaga e vamo-nos! Esse dia o castelhano ocuparáo mapa da Galiza. Há esperançaenquanto se oferecer à sociedadegalega, sem excluir o castelhano(cuidado!), o galego de raiz galega.

    Tal como foi explicada, pode-se

    pensar que a divisom na RAG

    tem mais a ver com intrigas pes-

    soais que com debates culturais.

    Intriga nengumha. Foi umha ques-tom moral, prévia a todo o demais.

    Um académico que apoiou a sua

    candidatura, Ramón Villares,

    afirmou pouco antes de come-

    çar o conflito na RAG que talvez

    estejamos no momento de re-

    considerar a estratégia do “gale-

    go como idioma independente”.

    Villares é do tipo de pessoas a

    que fazia referência antes, com

    “responsabilidades políticas e

    académicas aqui”. Apesar disso,

    fijo umhas declaraçons com um

    sentido mui claro.

    Andrés Torres Queiruga apoiou-mepor ser ateu? Suponho que nom.Ramón Villares apoiou-me a mimpor ser militante do Partido Comu-nista? Nom. A Academia tem umhapostura sobre o idioma expressadanas Normas. Estas, na última revi-som, fôrom realizadas olhando mi-nimamente para Lisboa.

    Tem dito que a principal fun-

    çom de umha Academia é ela-

    borar umha normativa, mas nas

    primeiras declaraçons que fijo

    como presidente, atacou a pró-

    pria norma da RAG.

    Eu digo que a acato. Tampoucogosto do sistema de circulaçomque há, porque creio que haveria

    que adotar o sistema do ReinoUnido e circular pola esquerda,mas acato, porque senom esna-fro-me. A sociedade tem aí as nor-mas e já sabe que agora dicioná-rio se escreve com um só ,ainda que seja umha desgraçanos institutos, porque na outraaula, a de castelhano, tenhem queescrever dicionário com dous cês.

    Para além de demasiado lenta

    para acompanhar as necessida-

    des das línguas modernas, umha

    instituiçom em que os novos

    membros do plenário som no-

    meados polas pessoas de dentro,

    nom submetida a nengum con-

    trolo democrático, parece pouco

    defensável para um marxista.

    Em países bastante avançados te-

    nhem academias e talvez nuncafossem muito ágeis. O inglês e oalemám nom tenhem, mas tenhema BBC e a Alemanha tinha o teatro.Ora, tal como estám as cousasaqui, seria suicida prescindir deumha instituiçom normadora, ain-da que poda ser mais ágil e demo-crática. É verdade que nós elege-mos os novos académicos: eu fumeleito um dia para a cadeira queocupava Rafael Dieste e tenho con-tribuído para a eleiçom de pessoasque fôrom alunos meus, como Da-río Xoán Cabana. Mas quem elegeos catedráticos de Física Teóricaou de Álgebra na Universidade?Resolve-se intramuros. Talvez istopoda ser aperfeiçoado, mas a Uni-versidade tem funcionado e apare-cêrom físicos teóricos e especialis-tas em Álgebra.

    O lusismo tem longo percurso na

    Academia. Em 1910, Murguia, o

    1º presidente, justifica e anuncia

    que vai seguir a ortografia portu-

    guesa num prólogo recuperado

    por Vasques Sousa de um livro

    que nunca apareceu.

    Murguia é um dos homens maiscontraditórios da existência, o me-nos coerente do mundo. Esta éumha das cousas em que Murguianom tem nenhum sentido da reali-dade. Defendia o galego em caste-lhano mesmo no momento deinaugurar esta Academia. Tinhaaí o momento de começar a dar opasso, no ano 1906. Porque nom ofai? Cuidado! Convém que vocêsnom se apoiem muito em Mur-guia, porque prestigia pouco nesteassunto. Felizmente a Academianom vai no sentido de Murguia.

    “felizmente, a Real Academia Galeganom vai no sentido de Murguia”

    XesÚs alOnsO mOnterO é Presidente da real academia GaleGa

    E. MARAGOTO / A RAG nom dáconseguido tirar o pé da poça.Aos conflitos que precedêroma eleiçom do novo presidente,seguírom-se declaraçons dopróprio Xesús Alonso Monterocriticando a atitude do BNG pa-ra a língua ou as normas orto-gráficas que promove a cente-nária instituiçom. O NOVAS quijosaber se por detrás de tantapolémica existem projetos lin-guísticos e culturais em debatee fomos conversar com AlonsoMontero à rua Tabernas.

    “Preferiria que a ILPPaz chegasse de pessoasque nom só tenhem a

    ver com o lusismo”

    “‘Dicionário’ escreve-secom um aindaque isso seja umha

    desgraça nos institutos”

    AR

    QU

    IVO

    RA

    G

  • 07acOnteceNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

    Avoaescola é a primeira escola que a entidade Galizaco Galego vai abrir na comarca de Ferrolterra. Oprojeto Galiza co Galego tem a intençom de promo-ver a língua em várias escolas “privadas e populares”que se vam ir abrindo nos próximos meses com aajuda do financiamento popular.

    Galiza cO GaleGO abre a Primeira escOla em ferrOl

    A plataforma Stop Despejos de Compostela apresen-tou um escrito nos julgados de Fontinhas instando ajudicatura a seguir as recomendaçons do Tribunal deJustiça Europeu, quem recomenda atuar de ofício nosprocessos de despejo quando existirem clausulas abu-sivas e um desequilíbrio da informaçom.

    instam Os julGadOs a imPedir eXecuçOns hiPOtecÁrias

    NGZ / A Junta vem de aprovar onovo 'Plano Setorial das Ativida-des Extrativas da Galiza'(PSAEG), polo que a totalidadedo território da Comunidade Au-tónoma Galega converte-se empraticável para a indústria mi-neira. Como denuncia a Adeganum comunicado, este plano vi-ria ser “o derradeiro cravo como que o PP remacha o anúnciode 'Galiza é unha mina'”. Tal co-mo foi aprovado, denúncia a As-sociaçom para a Defesa Ecológi-ca, o plano deixa abertos à ex-ploraçom “territórios até agoravedados: Espaços naturais, pai-sagens protegidas, jazigos e mo-numentos históricos”.

    A aprovaçom deste plano eraum objetivo marcado pola admi-nistraçom neoliberal da Junta

    desde 2010. Na altura, a reformada Lei do Solo de 2002 através da2/2010 de medidas urgentesabria a veda para serem legaliza-das todas as minas anteriores a2002, estiverem no tipo de terre-no no que estiverem, via licençasmunicipais ou, para os solos deproteçom especial dalgum tipo,via Conselho da Junta.

    Essa retirada de medidas dedefesa do território vem com-pletar-se com o dito PSAEG, queserá o que regulamente a aber-tura de minas ou canteiras em“todo o território de Galiza”,pois considera o governo auto-nómico que “restringir o ámbitodo Plano poderia supor reduziras possibilidades futuras deaproveitamento dos recursosminerais”. O documento foi diri-

    gido na redaçom pola CámaraMineira, e significativo da linhaque o move é o lapso cometidoao sinalar em duas ocasions quea mina de ouro que ameaça Cor-coesto foi declarada “projeto in-dustrial estratégico”, declara-çom que nom se produziu.

    Fiscalia investiga a fraude con-tinuada nas licenças de caçaO julgado de instruçom número3 da Corunha investiga a conces-som ilegal de licenças de caçaque supostamente se produziu dejeito maciço ao longo de váriosanos através do Serviço de Con-servaçom da Natureza nessa'província'. A investigaçom apon-ta por agora a que dúzias de per-missos foram tramitados ao com-pleto à margem da lei, mediante

    o pagamento dum suborno a'conseguidores' na administra-çom, polo que os caçadores esca-pavam à realizaçom do exame decapacitaçom.

    Por agora nom transcenderammais dados que comecem a clari-ficar quantas licenças foram con-cedidas deste jeito e até quê ní-veis da estrutura da administra-çom chega a implicaçom nestarede de corrupçom continuada.Em qualquer um caso, as conse-quências podem ser graves, paraalém da fraude contra o eráriopúblico no nom pagamento de ta-xas, em termos de segurança daspessoas e o ambiente, ao ter-sepermitido o uso de armas a pes-soas sem fazerem exame de ar-mas nem de conhecimento de es-pécies selvagens e protegidas.

    Aprovado plano da minaria que fai explorável todo o solo galego

    O PlanO deiXa aberta à eXPlOraçOm territóriOs até aGOra vedadOs

    Oposiçomao centrocomercialde CabralNGZ / 'Porto Cabral', impulsadopolo grupo britânico Eurofund In-vestments, projeta umha zonadum milhom e meio de metrosquadrados repartidos entre zonasprivadas de lazer e comerciais,em terrenos que som na maioriamonte vizinhal em mao-comum.

    Desde a rede A Ria Nom seVende, um dos agentes ambien-tais, vizinhais e partidos políti-cos, denunciam a suposta “cum-plicidade do Concelho de Vigo ea colaboraçom da diretiva daComunidade de Montes de Ca-bral” com a “autêntica surpresaurbanística” projetada. Nestesenso, assinalam como o “muirejeitado, alegado e recorrido”PGOM viguês fijo passar osmontes desta comunidade desolo rústico de especial prote-çom florestal a solo urbanizável.

    A dia de hoje, a primeira ten-tativa de obter a aprovaçom dascomuneiras e comuneiros resul-tava na suspensom da assem-bleia na qual a diretiva pretendiaque fosse votado a mao alçadano passado 21 de Abril. Entregritos de "o monte nom se vende"ou "o presidente nom é de Ca-bral", a comunidade exigia maiortempo para estudar a proposta,assim como que a votaçom defi-nitiva seja realizada em furna,propostas que serám valoradasnumha próxima assembleia. Opresidente e a diretiva da comu-nidade denunciárom a “manipu-laçom por gente de fora” à queatribuem a protesta.

    centrOs sOciais

    cs abrenteArcade · Souto Maior

    aguilhoarO Forno · Ginzo de Límia

    arredistaRodas, 25 · Compostela

    cs almuinhaRosalia de Castro, 46 · Marim

    artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

    aturujoPrincipal · Boiro

    bou evaTerço de Fora · Vigo

    a casa da estaciónPonte d’Eume

    csO casa do ventoFigueirinhas · Compostela

    csO a Kasa negraPerdigom · Ourense

    ls do coletivo terraBoa Vista · Ponte d´Eume

    a cova dos ratosRomil · Vigo

    distrito 09Coia · Vigo

    faíscaCalvário · Vigo

    fervesteiroAdám e Eva · Ferrol

    O frescoBº da Ponte · Ponte Areias

    O fuscalhoRua Colom · Guarda

    a GhavillaPonte da Raínha · Compostela

    Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

    csO liceo Estribela · Marim

    cs lume!Rouxinol nº16 · Vigo

    mádia levaSerra de Ancares · Lugo

    csO PalaveaPalaveia · Corunha

    cs en PéZona velha · Ponte Vedra

    O PichelSta. Clara · Compostela

    a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

    a revolta do berbésRua Real · Vigo

    a revolta de trasancosA Faísca · Narom

    sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

    a tiradouraReboredo · Cangas

    cs vagalumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

    csO XuntasRua do Carme · Vigo

    cs a zalenváR. Carris, Valençá · Barbadás

  • 08 acOntece Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

    NGZ / No passado 24 de abril oativista P. Martearena, mais co-nhecido como Nahuel, era detidopor agentes da Polícia Nacional.Por volta das 11h da manhá,acordoavam a zona da sua mora-da, na compostelana Rua de Sa-lamanca, para efetuar o registrona sua morada, que se estendeuà beira de duas horas. Um advo-gado de Ceivar estivo presenteem todo momento, e, segundo opróprio afetado, o registo apenasaportou provas para as pescudaspoliciais. As mostras de solidari-

    dade repetírom-se durante todoo dia, sendo reprimidas pola Po-lícia com até três cárregas e um-ha detençom.

    Finalmente, saiu em liberdadecom cargos arredor das 20h, sobacusaçom de “desordens públi-cas” polos distúrbios ocorridosapós a manifestaçom de apoio aoativista Hadriam Mosqueira (Sen-lheiro) pola sua detençom, no pas-sado 9 de Janeiro. O solidário de-tido era ceivado poucos minutosdepois acusado de “desordens pú-blicas” e “atentado à autoridade”.

    Ativista ‘Nahuel’, emliberdade com cargos

    NGZ / O 31º Congreso de CircomRegional, organismo que abran-ge as televisons de regions euro-peias de 34 estados e celebradoem Compostela a principios demaio, foi o marco escolhido parafazer pública a nova relaçomque se estabelecerá entre aRTVG e a RTP. O presidente dacanle pública lusa afirmou que“as coincidências culturais, lin-güísticas e sociais de Galicia ePortugal devem ser afirmadascom mais intensidade no campoaudiovisual”, anunciando a assi-natura dum convenio entre am-bas as duas televisons. Este do-cumento fai referência ao troco

    de programas, incentivos de co-produçom e a intensinficaçomdas relaçons profissionais.

    Aliás, o presidente da RTPconfirmou ante as pessoas asis-tentes o mantimento da canle

    portuguesa como um serviçopúblico, apesar dos recortes queestám tendo que efetuar. Entreestas medidas, inclue-se o pagodum canom de 2,25 euros porfamilia ao mês.

    Galiza e Portugal estreitamlaços através das televisons

    assinaram um cOnvéniO entre televisOns PÚblicas

    NGZ / A Associaçom Galega con-tra o Maltrato a Menores (Agam-me) apresentou umha série dealegaçons contra o Projeto deDecreto onde se regulam os co-medores escolares dos centrosdocentes públicos nom universi-tários, publicado pola Conselha-ria de Educaçom e Cultura nopassado dia 24 de Abril. Desde ocitado coletivo critica-se que des-de a Junta se pretenda rematarcom a gratuitidade do serviço de

    comedor, sendo o principal moti-vo da sua oposiçom o facto deque, de aplicar-se o decreto, pas-saria a pagar-se umha cota diáriapolo seu uso, entre 1 e 4,50 eurossegundo a renda. Agamme alertatambém do elemento discrimi-natório que o texto apresenta pa-ra as escolas do rural, onde ascrianças tenhem de fazer longosviagens até a escola, o que faiainda mais necessária a existên-cia dum serviço de comedor.

    Associaçom contramaltrato de menoressai em defesa doscomedores escolares

    NGZ / Umhas 18 pessoas fôromdenunciadas polo dono da Cafe-teria Warhol, em Ferrol, no con-texto dum conflito sindical pro-duto do despedimento improce-dente e o nom-pagamento da dí-vida contraída com umha traba-lhadora filiada à CNT. Desde oSindicato de Ofícios Vários daCNT de Ferrol informa-se deque o citado empresário, Massi-miliano Mariella, ficara obriga-do por conciliaçom pré-judiciala pagar a quantia de 11.000 eu-

    ros. Este pagamento devia fa-zer-se por prazos mensais desdeinícios de Abril, mas a dia 22desse mês ainda nom se tinhanotícia de se ter realizado. ParaCNT Ferrol, o “mais grave e in-sultante” é que “o dono da cafe-taria Warhol fechou esta empre-sa e apresentou umha denúnciacontra 18 pessoas presentes nasaçons diretas frente o local porameaças”. O julgamento produ-ziu-se no passado 24 de Abrilnos julgados de Ferrol.

    Julgam 18 pessoas porpiquetes em Ferrol

    Bota a andar iniciativa aprol da soberania nacional

    tem O aPOiO de 130 PessOas dOs mOvimentOs sOciais

    NGZ / A começos de mês de Marçoconstitui-se em Compostela a ges-tora de Iniciativa pola Soberania/Galiza pola Soberania, um projetoimpulsado por “galegas e galegossensibilizados pola difícil situa-çom que o nosso país atravessa”,segundo informam através dumcomunicado. Esta iniciativa “pre-tende desenvolver um intenso tra-balho social para colocar na socie-dade galega o debate sobre a ne-cessidade de exercermos a sobe-rania”, exponhem. No comunica-do, Iniciativa pola Soberania/Galiza pola Soberania consideranecessário, no atual momento degrave crise económica, “reagir co-mo País, dotando-nos dos instru-mentos que nos permitam decidirlivremente sobre nosso futuro” equalifica de “cruel e corrupto” oatual sistema político espanhol. Aprimeira declaraçom deste projetorecebeu o apoio dumhas 130 pes-soas com trajetória nos diversosmovimentos sociais da Galiza.

  • 09crónica GrÁficaNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

    crónica GrÁficaPROtestO

    A 'Plataforma de Afectados por losescraches' da corunha carregava

    com ironia contra um dos deputadosque rejeitaram a ILP contra os despejos

    / GALIZAcOntRAInFO

    GReVe cOntRA A LOMceA 9 de abril estudantes, professores epais saírom às ruas contra a reformaeducativa que prepara o ministro José Ignacio Wert / GALIZAcOntRAInFO

    cOLetIVOs FeMInIstAsconcentrárom-se diante da igreja desantiago de Vigo em defesa dosdireitos da mulher / GALIZAcOntRAInFO

    cOntRA O deseMPReGOOs movimentos de pessoas desempregadas

    figérom-se notar nas mobilizaçons do diado Internacionalismo Proletário / cIG

    sOLIdARIedAdeMarcha à prisom de Vilabona, em Asturies,na jornada de convívio entre os movimentosanti-repressivos galego e asturiano no diaInternacional de Apoio aos Presos e PresasPolíticos / GALIZAcOntRAInFO

    teRRA de tRAsAncOsAtivistas dos movimentos sociais de

    Ferrol interrompêrom o pleno do concelho o 26 de abril denunciando a

    situaçom da comarca / sUsete FeRROL

  • 10 acOntece Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

    aGrO

    J.R. / A Uniom Europeia aprovou opassado 29 de abril a proibiçom detrês neonicotinoides –o imidaclo-prid e a clotianidina, produzidos po-la empresa química Bayer, e o tia-metoxam, produzido por Syngenta.O resultado da votaçom foi de 15países a favor (o estado espanholincluído), 8 em contra (entre elesReino Unido) e 4 membros abstivé-rom-se, depois de posponhé-la. Estaera a segunda reuniom para apro-var esta proibiçom que finalmenteserá só de 2 anos, começando o 31de dezembro do 2013, depois doqual se fará umha revisom.

    A proposta de proibiçom vemapoiada polos dados que achegouum informe da Autoridade de Se-guridade Alimentaria Europeia(EFSA) publicado o 16 de janeirodeste ano em que assinala que osquímicos neonicotinoides causama morte das abelhas, sendo umhadas principais causa do enfraque-cimento do número de abelhas eda perda das colónias nos últimos10 anos. Contudo, a proibiçom dosnenicotinoides é parcial, já que sóse proíbe o uso no trato de semen-tes, na aplicaçom no solo e no tra-tamento foliar em plantas e cereaisque as abelhas podam consumir,mas permite-se em invernadourose em plantas que já afloraram.

    Os nenicotinoides som um tipode pesticidas que atuam no siste-ma nervoso dos insectos. Utilizam-se desde há umha década comotratamento de sementes, o que fa-cilita a penetraçom na planta (no

    néctar e no pólen). Os cultivos emque mais se utiliza som no milho,na soja, no trigo e na colza, qual-quer um destes cultivos que se se-mentem este ano, ainda podem le-var nenicotinoides.

    Lobbying das industrias químicasEm maio de 2012, como parte daestratégia para combater númerode abelhas em declínio, a Comis-som Europeia atribuiu 3.300.000euros para apoiar 17 Estados-Membros que realizem estudosde vigilância destinadas a reco-lher mais informaçons sobreperdas de colónias de abelhas.Estes estudos motivárom mu-danças em politicas medio-am-bientais na França e Itália, etambém desatou umha campa-nha de presom das industriasquímicas para evitar a proibi-çom dos químicos com os queganham milhons de euros.

    Syngenta e Bayer escribiromcartas a Comissários, a todos os

    ministros da agricultura da UE e ameios de comunicaçom com o fimde evitar a proibiçom, estes docu-mentos fôrom filtrados ao Corpo-rate Europe Observatory. Os argu-mentos dos laboratórios preten-diam desacreditar o informe daEFSA questionando os protocolosda investigaçom, e prognostica-vam umha caída da produçom dealimentos que afectaria aos consu-midores e lhes faria perder hasta1000 milhons a consumidores eagricultores. Nestes documentostambém se comprovou como Syn-genta ameaçou com demandar in-dividualmente ás pessoas involu-cradas na publicaçom do informeda EFSA (Autoridade Europeia deSeguridade Alimentaria).

    EEUU nom apoia a proibiçomUm informe do Departamento deAgricultura e da Agéncia de Prote-çom Ambiental de EEUU, culpoua umha combinaçom como umácaro parasito, vírus, bactérias, nu-triçons pobres e genética, e tam-bém pesticidas da rápida descidade mel das abelhas desde 2006.

    As abelhas ganham aos eucaliptosA meados do ano anterior asaçons coletivas e sociais conse-guirom frenar as fumigaçons deeucaliptos que promovia a Juntade Galiza com um pesticida quese proibia com o começo desteano. Este pesticida foi proibidopor ser tóxico para as abelhas epara os animais aquáticos.

    UE proíbe pesticidasque danam as abelhas

    mar

    Na Galiza destroem-sedous empregos diáriosna pesca artesanalA.DIESTE / Nestes cinco anos nonosso país perdérom-se 3.575empregos na baixura, perdacom um forte impacto no tecidoeconómico e social das comar-cas costeiras de Galiza.

    A pesca artesanal e sustentá-vel está a sofrer umha verdadei-ra sangria na Galiza. Um sectorde tanta importância e peso nascomarcas costeiras do país estáa ser golpeado pola crise econó-mica, mais também polas con-sequências da sobre-explora-çom de recursos e a pesca in-dustrial. Um cenário que tem si-do denunciado por entidades dopróprio setor do mar e que ago-ra vêm de reafirmar Greenpea-ce no seu informe “Emprego abordo”. Nestes últimos cincoanos, na Galiza destruíram-se3.575 postos de trabalho no se-tor da pesca artesanal, a metadedo total que se perdeu a nível detodo o Estado espanhol.

    Aliás, desde 1995, e a nível deEstado, a capacidade da frotaindustrial cresceu um 70% en-quanto a da baixura ou artesa-nal reduzia-se num 34%. Émais, salientam que está em jo-go a perda de 14.000 postos detrabalho num curto prazo de semanter a atual situaçom.

    Destaca que, segundo os pró-prios dados da Conselharia doMar oferecidos em 2012, o setorpesqueiro supom 46.000 empre-gos diretos e um volume de ne-gócio que ronda os 4.700 mi-lhons de euros. A metade des-ses empregos corresponderia àpesca artesanal ou baixura. Se-gundo dados dos serviços esta-tísticos da Junta, os setores ex-trativo, aquícola e transforma-dor dam trabalho conjuntamen-te na Galiza a perto de 38.000pessoas, representando aproxi-madamente o 52% do empregototal pesqueiro no Estado espa-nhol e o 10% no conjunto da UE.

    Dependência socialA dependência social da ativida-de pesqueira é especialmente im-portante em vários concelhos dacosta. Assim, o emprego pesquei-ro representa o 30% da popula-çom ocupada nos concelhos deRibeira e Bueu e atinge valoresdo 60% para a Ilha de Arouça. Operfil meio do pescador galego éo de um homem de entre 25 e 54anos dedicado à pesca extrativa.Polo contrário, som as mulheres,num número que supera as 4.000as que formam o 90% do coletivode mariscadores a pé.

    As açons coletivas conseguirom frear as fumigaçons de eucaliptos

    a PrOibiçOm serÁ só POr 2 anOs e cOmeça a 31 de dezembrO

    Os nenicotinoidesusam-se para tratar

    sementes, polo quepenetram na planta

    Syngenta e Bayertentárom evitaresta proibiçom

  • A passada sexta-feira 26 deabril um amplo setor da po-pulaçom permanecia atento àrolda de imprensa posteriorao Conselho de Ministros,aguardando as notícias sobreum novo pacote de cortes ereformas. A dificultosa lingua-gem utilizada polos técnicosda política causou estupor naaudiência, espalhando-se ra-pidamente polas redes so-ciais mensagens de indigna-çom. Através de termos con-fusos apresentava publica-mente o Governo espanhol assuas linhas a seguir paraaprofundar nas desigualda-des e na recentralizaçom doEstado espanhol. Disfarçadocom vocábulos economicis-tas, a direita espanhola expu-nha à palestra um “Plano Na-cional de Reformas” de mar-cado caráter classista.

    A.L.R. / Tal como já se encarregá-rom de assinalar os mass-media,um dos dados mais arrepiantesda apresentaçom realizada poloExecutivo tras a citada juntançasemanal do Conselho de Minis-tros é que a taxa de desempregonom baixaria do 25% ate finaisde 2015. Mas entre as gráficas ea terminologia economicista oGoverno espanhol estava a apre-sentar algo mais: o derrube daadministraçom pública e dequalquer tipo de prestaçom so-cial. Na longa exposiçom em quese falava de “sustentabilidade”das pensons, “desindexaçom” daeconomia ou “unidade de mer-cado” apenas umhas poucas li-nhas afinal da apresentaçom sededicam a políticas qualificadascomo de protecçom de meio-am-biente (onde por exemplo se in-clui a recém aprovada Lei deCostas, que há perpetuar a pre-sência de ENCE na Ria de Pon-tevedra) ou de proteçom social(às que se lhe dá um enfoquecompletamente caritativo). Todaumha declaraçom de intençonsdas medidas que o governo quepreside Mariano Rajoy pretendedesenvolver a curto praço paradesmantelar os restos do chama-do “Estado de bem-estar”. A

    continuaçom exponhem-se ape-nas algumhas das linhas que re-colhe este Plano.

    Ajustamentos nas contas públicasNo referente às contas públicas,o Plano expom um maior rigor docontrolo estatal sobre as despesaspúblicas das administraçons,criando para isto umha Autorida-de Independente de Responsabi-lidade Fiscal. Este novo organis-mo há de realizar um seguimentodas políticas orçamentárias dasadministraçons, sendo na práticaum ente que vai supervisionar oscortes que se realizem nestas. Éfundamental lembrar que exis-tem centos de concelhos que seendividárom com o chamado Pla-no de Pagamento a Fornecedorese que tenhem de cumprir com du-ros planos de ajustamento paraamortiçar e pagar os juros dessadívida. Cumpre salientar tambémo ataque frontal que o Governode Mariano Rajoy está a prepararcontra as administraçons locaisatravés da chamada Lei de Racio-nalizaçom e Sustentabilidade daAdministraçom Local, que forta-lecerá às deputaçons provinciaisenquanto pom em perigo a super-vivência de diversas mancomuni-dades e entidades locais menores.Sobre a política impositiva a es-tratégia do Estado é manter as su-bas no IRPF durante dous anosmais, assim como umha prorro-

    gaçom da suba extraordinária doIBI. Assim mesmo também seprevê umha suba dos impostosespeciais ou mesmo a criaçom denovos tributos meioambientais.O Plano conta com agir tambémsobre o capítulo de deduçons doimposto de sociedades e anuncia-se também umha nova tributa-çom sobre os depósitos bancá-rios, o que afetará à pessoas compequenos aforros.

    Por outra parta, o Plano Nacio-nal projeta também umha remo-delaçom do atual sistema da Se-gurança Social. Assim, tratará-sede incluir, com a escusa de jogara favor de umha suposta “susten-tabilidade” do sistema, diversasvariáveis demográficas e econó-micas como a evoluçom da espe-rança de vida para realizar o cál-culo das pensons. O Plano anún-cia que está constituído um grupode expertos que elaborará umhaproposta para o Pato de Toledo e

    que aguarda aprovar-se no tercei-ro trimestre deste ano um Projetode Lei. Por outra banda, recente-mente aparecia nos meios um re-latório do Instituto de EstudiosFiscales, dependente do Ministé-rio de Fazenda e AdministraçonsPúblicas, em que se expom queesses chamados “fatores de sus-tentabilidade”, como a esperançade vida, “soluciona o problema dasustentabilidade mas pode gerarum de adecuaçom mediante a ge-raçom de bolsas de pobreza napopulaçom pensionista”. Aqui semostra espida a fria linguagem doCapital. O termo “sustentabilida-de” nom tem nada a ver com ga-rantir o aceso da populaçom aumhas reformas dignas, senommais bem todo o contrário.

    “Unidade de mercado”Dentro das chamadas “Reformasde Competitividade e Crescimen-to” do Plano Nacional acha-seumha das medidas que confor-mam o paradigma da política des-regulamentadora e centralizado-ra da direita neo-liberal espanho-la. Assim, prevê-se o início doPrograma de Unidade de Merca-do, que contará para antes do vin-doiro mês de julho com a aprova-çom polo procedimento de urgên-cia dum Projeto de Lei de Garan-tia de Unidade de Mercado “paraassegurar a livre circulaçom debens e a livre prestaçom de servi-

    ços, baixo o princípio de eficáciaem todo o território nacional”.

    Para analisar esta iniciativapode-se consultar o ditame emi-tido polo Conselho Económico eSocial (CES) sobre o Anteprojetode Lei de Garantia de Unidade deMercado. O CES salienta que es-ta norma “pode ser de difícil apli-caçom e dar lugar a umha gran-de litigiosidade porque afeta aum bom número de competên-cias autonómicas e locais”. Aler-ta também sobre o chamado“princípio de território de ori-gem”, polo que a normativa dolugar de origem dos operadoresempresariais primará sobrequalquer outra que poida existirem qualquer outro território dedestino dentro do Estado, ponha-mos por exemplo quando umhaempresa decida fazer negócionumha comunidade autónomadiferente à sua de origem. O CESadverte de que “a possibilidadede ir cara a um processo de ho-mogeinizaçom normativa podeproduzir a convergência caranormativas de mínimos ou au-sência de norma, e considera queao estabelecer o princípio de ter-ritório de origem, pode-se produ-zir um incentivo à localizaçomempresarial nos territórios commenor regulaçom ou com aquelamais favorável para a sua ativi-dade”. O ditame conta tambémcom un voto particular dos re-presentantes das centrais sindi-cais CIG e ELA, os que denun-ciam que os efeitos deste “novomecanismo desregularizador”serám umha “maior concentra-çom do capital e maior desigual-dade social e territorial”.

    O Plano Nacional está cheio deexemplos de políticas que redun-darám em contra dos interessesdas clases populares. Pese as di-visons que se ponhem em cenana direita espanhola extremistaque procura reformas maisagressivas contra os direitos daspessoas trabalhadora, e os cha-mados da oposiçom estatal àcriaçom dum Governo de con-certaçom, a estratégia do Capitalcontinua o seu caminho enquan-to nas ruas acumula-se o descon-tento contra o atual sistema.

    11acOntece

    A dificultosa linguagem técnica esconde medidas de caráter desregulador e classista ecOnOmia

    Um “Plano Nacional de Reformas” paradesregular e recentralizar o Estado

    A "sustentabilidade"da Segurança Socialprovocará pobreza

    O estadO eXiGirÁ cOm maiOr riGOr a aPlicaçOm de cOrtes nas administraçOns PÚblicas

    A "unidade de mercado"promove que se

    concentre o capital

    Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

  • 12 internaciOnal Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

    Até 30 missons diferentes estivérom focadas a solucionarproblemáticas estruturais geradas polos governos precedentesa terra treme

    A revoluçom bolivariana hojeé bem mais que Venezuela. Defacto nestes intres percorrenumerosos países de LatinoAmérica. Na sua consecuçom,nom se pode pôr em dúvida acapacidade unificadora queHugo Chávez tivo tanto no mo-do de dignificar as classes po-pulares de Venezuela empre-gando os benefícios petrolei-ros da “saudí latino-america-na” para o bem-estar comum,como a importância de plantara semente de Bolívar por umaboa parte de América Latinamediante numerosos convé-nios bilaterais de ajuda quepermitiram avançar na eman-cipaçom dos estados, ante-riormente assovalhados polaspolíticas neoliberais e selva-gens de USA ou o FMI.

    MARÍA RÚA / A procura de novas al-ternativas de relaçons geopolíticaspermite-lhe a Venezuela junto comoutros países criar um novo blocode aliados anti-imperialista no queas dialéticas e as relaçons, entreiguais, apontam à meta clara quealcançar a nível interno e contraquem combater a nível externo.

    Simon Bolívar dizia que “aindaque a guerra é o compêndio de to-dos os males, a tirania é o com-pêndio de todas as guerras”. As-sim mesmo, e baixo um enfoquesocialista que num primeiro mo-mento baseia as transformaçonssociais nas rentas do petróleo,chega-se à conclusom da impor-tância da diversificaçom econó-mica e da cooperaçom exteriorcom diferentes países que somcompanheiros de lutas paraaprender e para gerar riqueza in-terna ao serem capazes de auto-produzir e nom cair na depen-dência das importações .

    Assim, começam a desenvolve-rem-se as diferentes Missões co-mo a Grande Missom Vivenda,que outorga casas gratuitamenteàs pessoas sem recursos ou quevivem em zonas de risco; a Mis-som Filhos e Filhas de Venezuelaque assegura umha manutençomalimentaria e de alfabetizaçomaos grupos mais desfavorecidos;a Missom Robinson que se com-

    promete a erradicar o analfabe-tismo e a garantir o acesso à uni-versidade a todos e todas as vene-zuelanas. Assim, poderiam-se nu-merar até um conjunto de quase30 missons diferentes focadas aproblemáticas estruturais gera-dos polos governos da IV Repú-blica e anteriores.

    Os tecidos de colaboraçom aolongo deste processo som impres-cindíveis. Este é o caso dos CDI(Centros de Diagnóstico Integral)que estám espalhados por toda ageografia do país onde a infraes-trutura está criada polo estadoVenezuelano, mas o pessoal mé-dico que trabalha é de origem cu-bana, assegurando um serviço sa-nitário gratuito, universal para to-da a populaçom.

    Foi curioso ver como, depois daseleições de 14 de abril, nas que Ni-colás Maduro, candidato do PSUVsaiu vitorioso, a oposiçom, ou co-mo aqui se conhecem “os esquáli-dos”, atacarom e incendiarom es-tes centros como lógica desestabi-lizadora já que representavamuma das grandes missões do so-cialismo bolivariano.

    Verdadeiro é que trás o passa-mento do líder socialista o passadocinco de março e o resultado dasúltimas eleiçons a situaçom dopaís está, em retóricas da militân-cia do PSUV vivendo numha “pazintranquila”. Isto quer dizer que,apesar das 10 mortes e os ataquesàs sedes do PSUV e dos CDIs, a dia

    de hoje Venezuela vive numha paz,mas uma paz que está apanhadapor agulhas. A vitória de Maduronas eleiçons segue um mês des-pois a nom ser aceite polos mem-bros da oposiçom.

    O seu líder, Capriles, faz girasinternacionais com mandatáriosocidentais para que apoiem a suateoria da fraude eleitoral, ao tem-po que conquista simpatias paradar-lhe peso internacional à im-pugnaçom das eleições.

    O que nom conta a oposiçom écomo Polar, uma empresa vene-zuelana que está em maos daoposiçom e que tem no seu poderentorno a 70% dos produtos dacesta básica doméstica, um mêsantes das eleições deixa de sub-ministrar alimentos às lojas, mer-cados e grandes superfícies, paradar a sensaçom de desabasteci-mento no país. Despois encon-tram-se armazéns cheios de ali-mentos básicos e esta escassezdeixa de existir uma vez transcor-

    ridas as eleições.Isto gera mal-estar entre a po-

    pulaçom que por sua vez culpa aoGoverno. A realidade, ao invés éque esta é a linha de actuaçom deuma empresa venezuelana que aomesmo tempo que desabastecetodo o país para gerar pressõespara que caia o Governo, em ne-nhum momento deixa de surtir aopaís em produtos nos que tam-bém tem alta participaçom comoé a cerveja.

    A nível interno, a oposiçom em-prega umha estratégia de marke-ting politico, em boa parte marca-da polas linhas que no seu dia for-mulou Hugo Chávez. Deste modoaproveitam dos sucessos do siste-ma bolivariano para convencer apopulaçom que nom faz parte daelite nem da oligarquia venezue-lana de que é preciso uma mu-dança, mas afastam-se a nível dis-cursivo dos preceitos da direita,ocultando os seus princípios. Aestratégia nestas últimas eleiçõesfuncionou com bastante sucesso.

    Segundo a militância da direitaa ênfase da problemática está nainflaçom que aumentou de modoconsiderável nos últimos tempos,a taxa de violência (quando do to-tal das vítimas, seguindo estatísti-cas do Governo só 15% das mor-tes por violência som de modoaleatório e o resto de casos sombandas organizadas e ajustes decontas) e a liberdade de expres-som (argumento que se desmonta

    facilmente, sabendo que boa par-te da imprensa e canais de tele-vissom venezuelanos estám emmaos da oposiçom).

    Agora bem, o momento políticoque vive Venezuela é complicado.Som numerosas as estratégiasque se desenvolvem para deses-tabilizar o país e que sem dificul-dades levam a pensar no golpe deestado fracassado que se perpe-trou em 2002 durante três diascontra Hugo Chávez. A realidadenom dista demasiado desse esta-do “semi-psicótico”.

    Por outro lado, a soma da po-pularidade de Maduro com res-peito à de Hugo Chávez é inferior,polo que se aposta por identificaro povo com o sistema socialistaligando-o ao seu líder carismáticoempregando palavras de ordemcomo “Chávez lo juro, yo voto porMaduro” ou “Chávez no murió, semultiplicó”.

    Isso nom implica que paulati-namente se reforce a figura dopresidente e este comece a mar-car um discurso próprio seguindoao mesmo tempo, o plano para aGestom Bolivariana Socialista2013- 2019 para Venezuela queno seu dia se encarregara de defi-nir Hugo Chávez.

    As linhas estratégicas básicassom cinco: expandir e consolidara independência nacional, conti-nuar construindo o socialismoBolivariano do século XXI, con-verter Venezuela num país potên-cia no social, económico e políticodentro da Grande Potência Nas-cente da América Latina e as Ca-raíbas, desenvolver uma novaGeopolítica Internacional, preser-var a vida no planeta e salvar a es-pécie humana.

    O sistema tem erros e paracorrigi-los empregou-se a pro-posta das 3R2: revisom, retifica-çom, reimpulso, reunificaçom,repolitizaçom e repolarizaçom,“o que implica o reconhecimentodos sucessos da revoluçom faceo adversário, mais também o re-conhecimento dos erros e defi-ciências que podem dificultar osucesso do objetivo estratégico,que é a consolidaçom da revolu-çom Bolivariana no seu caminhocara o socialismo”.

    venezuela e como a revoluçom bolivarianasegue caminanhado por América Latina

    aPós O PassamentO dO líder sOcialista a situaçOm dO País estÁ vivendO numha “Paz intranquila”

    Polar, empresa daoposiçom, deixou sem

    alimentos as lojas

    Desenvolvem diversasestrategias para

    desestabilizar o país

  • 13internaciOnalNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

    A iniciativa tem que passar por comissom parlamentar e submeter-se às modificaçons que figerem os grupos políticosalém minhO

    JOSÉ A. ‘MUROS’ / O povo Metis,das Grandes Pradarias de Nor-te-América, é de ascendênciamista entre mulheres das pri-meiras naçons (cree, ojibwai esaltaaux) com empregados daCompanhia da Baía de Hudson(que monopolizava a indústriadas peles), de ascendência fran-co-canadense e escocesa.

    Este povo vive em comunidadesurbás e rurais no que, atual e ofi-cialmente, som as províncias cana-dianas de Manitoba, Alberta, Shas-kachewan e zonas de Ontário e oTerritório do Noroeste. Sumam400.000 habitantes repartidos emcomunidades e, sendo um povodespojado, tem mostras no passa-

    do e no presente de rebeliom, dig-nidade e recuperaçom.

    De elementos culturais mistos emediatizados absolutamente aoseu território, berço das planícies emontes ao igual que a populaçomindígena irmá; os elementos pre-dominantes paternos figérom-nofalante de francês (ou do crioulomichif), de religiom oficialmentecatólica (com crenças pagás), agri-cultor, enganador de castores e ca-çador de búfalos, navegante e na-vegador de imensos rios, habitantede imensas terras povoadas porela. As primeiras naçons fôromvendo com este povo como a pau-latina entrada do humano brancode origem britânica e a incorpora-

    çom do seu território ao Canada osiria despojando e marginalizandopouco a pouco durante a segundametade do século XIX.

    Durante a última parte do séculoXIX, o povo Metis levantou-se emrebeliom contra o estado e a colo-nizaçom deste. A Rebeliom de RedRiver ou de Sakatchenan é boamostra disso. A conformaçom nes-ta segunda rebeliom dum governoclaramente nomeado como Metisé outra. Fôrom dirigidos e dirigidaspor líderes capazes e competentes,entre os que salienta Louis Riel, elográrom que se assinaram acor-dos vantajosos das famílias Metisindividualmente, que alcançárommanter a chama da liberdade um-

    has vezes no próprio território eoutras no exílio nos USA até a exe-cuçom de Louis Riel no 1885.

    A partir desta data e bem entra-do o século XX, a marginalizaçome o empobrecimento apodera-sedas comunidades Metis que nomsom reconhecidas como indígenas,mas tenhem a sua exclusom e mar-ginalizaçom. Nom será mais quepaulatinamente até o 2013 quandoo povo Metis lhe irá ganhando pe-lejas legais ao Canada e às provín-cias polo direito à terra e aos seusrecursos (caça e pesca também co-mo uso único e específico), indem-nizaçons e o autogoverno sendo re-conhecidos neste ano como umhanaçom mais do Canadá.

    As conquistas judiciais e a pró-pria auto-organizaçom das comu-nidades Metis som um resultadoque evoluciona numha maior coor-denaçom por meio de coordenado-ras provinciais e de todo o seu ter-ritório histórico; o povo Metis gereos seus recursos, educa as suascrianças, cuida os seus maiores eexigem falar como iguais ao Esta-do Canadiano. Sabem orgulhosa-mente que estám enraizados naNorte America pola sangue e o laçodos seus antepassados. Sabem queoutros descendentes de franco-ca-nadianos coma eles reivindicam-nos com orgulho como antecesso-res do seu soberanismo. Quebec, anaçom irmá, reivindica Louis Riele as rebelions Metis como próprias.Os povos irmaos indígenas tam-bém, e mesmo os seus antepassa-dos escoceses e irlandeses.

    vivem em comunidades no que, oficialmente, som as canadianas Manitoba,Alberta, Shaskachewan e zonas de Ontário e o Território do NoroestePOvOs

    O povo Metis da América do Norte

    Dia histórico para a Lusofonia na Galiza

    Nunca o reintegracionismochegara tam longe em toda asua história. Que o movimentoprogredia e as suas posiçonsganhavam compreensom so-cial, qualquer militante lusistanotava, mas ao ponto de trêsdas suas reivindicaçons histó-ricas serem assumidas unani-memente no Parlamento daGaliza, isso já era outro cantar:poucas pessoas eram capa-zes de imaginar há só um ano.

    E. MARAGOTO / Desta vez, todo sefijo bem. A intençom era ganhar enessa direçom iam todos os passosdesde o primeiro momento. Trata-va-se de retirar o debate sobre oportuguês do confronto políticoque tam maus resultados tinha da-do noutras ocasions e aspirar àunanimidade parlamentar. A jor-nada no Hórreo começava comnervos entre os promotores da ILP.A receçom da mesma tinha sidoboa por parte das 4 forças parla-mentares e o PP até mantivera dis-cretos contactos com empresáriosreintegracionistas para estudar aviabilidade de algum dos parágra-fos da proposta. Porém, ninguémesquecia que só três iniciativas po-pulares de mais de perto de duascentenas tinham sido aprovadasno hemiciclo galego desde mea-

    dos dos anos 80. O primeiro sinalfavorável chegou da deputada doBNG Ana Potón, que se mostrougratamente surpreendida polofacto de que por fim o PP tramita-va umha ILP com agilidade. A de-putada aproveitava a ocasiom pa-ra pedir a reforma da lei que regu-la este trámite parlamentar de ma-neira a conseguir que todas po-dam ser cursadas com a mesmadiligência. De todos os discursos,talvez fosse no de Ana Pontón on-de se notou maior sintonia com oespírito dos promotores e nom poracaso a sua força política já tinhalevado ao Parlamento propostassemelhantes, outrora rejeitadaspolos partidos maioritários.Aplaudiu a iniciativa no fundo ena forma e fijo votos para que aproposta prosperasse agora, im-pulsionada pola própria socieda-de, citando Castelao e Biqueira pa-

    ra mostrar que se trata de umhaideia com um longo percurso nahistória do galeguismo.

    Antes de Pontón tinha defendidoa proposta José Morell, empresá-rio viguês habilmente escolhidopolo grupo promotor para salien-tar o valor estratégico da ILP paraa economia galega. Morell combi-nou os argumentos económicos eos culturais, finalizando com umchamamento a que a Galiza apro-veite todas as “vantagens competi-tivas” que lhe oferece a sua língua.O discurso mostrou que o projetodescansava em argumentos muisólidos, tanto do ponto de vistaeconómico como identitário e foiparabenizado por todos os gruposparlamentares, nomeadamentepolo Partido Popular, que o referiuem várias ocasions. Precisamenteo discurso de Agustín Baamondeera o mais esperado polo grupo

    promotor, umha vez que anuncia-ria o voto determinante para que aILP avançasse. Embora insistisseem que “devia ser estudada comatençom”, só revelou a orientaçomdo voto para concluir o discurso.Louvou a figura de Paz Andrade ea filosofia de fundo da Iniciativa efinalmente justificou o voto favo-rável do PP polo interesse na cria-çom de redes lingüísticas e cultu-rais que favoreçam as relaçonseconómicas. Usando um tom dedia histórico em que estava a sercorrigida umha má orientaçom dacultura galega, tivo que deixar cla-ro que a língua portuguesa conti-nuaria a ser estrangeira e portantoteria carácter optativo: “nom te-mos nengumha intençom de en-trar no debate normativo”.

    Quanto aos outros grupos daoposiçom, Xavier Ron, pola AGE,quijo matizar que o seu grupo per-segue, nom a Lusofonia imperial,senom a das pessoas, a dos cida-daos, e salientou como esta apostapode ser “enriquecedora para ogalego e para a Lusofonia”. Fran-cisco Caamaño, polo PSOE, deuos parabéns aos promotores porintroduzir no parlamento umhainiciativa que toca “no cerne mes-mo da nossa identidade política ecultural” e refletiu sobre o factode que tivesse que ser a cidadania

    a fazê-lo. Ofereceu do seu grupodiálogo e trabalho para concreti-zar a iniciativa em leis e decretos,espírito a que o PP pareceu aderir,embora reconhecendo que a difi-culdade para aplicar alguns pará-grafos da ILP obrigaria a reorien-tá-la na prática.

    Na resposta, Morell ofereceudiálogo e assessoramento, paraalém de agradecer a todos os gru-pos, um por um, a sua posiçomnum dia para ser “lembrado”.

    Falta a aprovaçom como leiA ILP Valentim Paz Andrade per-segue implantar o ensino do por-tuguês em todos os níveis educa-tivos, a receçom do sinal das te-levisons portuguesas e um esfor-ço diplomático por parte do go-verno que permita situar a Galizano ámbito internacional atravésde fóruns lusófonos. Porém, ape-sar de ter sido tomada em consi-deraçom, ainda nom é umha lei.Terá que passar por comissomparlamentar e submeter-se àsmodificaçons que lhe figerem osgrupos políticos. Só depois volta-rá ao plenário, talvez já bastantemodificada, mas o principal ob-jetivo da mesma já está cumpri-do: inaugurar umha nova diná-mica de relaçons entre a culturagalega e a luso-brasileira.

    aPOiO unÁnime à ilP valentim Paz-andrade, que cheGOu aO ParlamentO avalizada POr 17.000 assinaturas

    JOsé MOReLLdefende a ILP Paz-Andradeno Parlamento Autonómico

  • 14 ditO e feitO Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

    ditO e feitO “As pessoas precisavam de um espaço de referênciaporque a cidade estava órfã neste sentido”

    MARIA ÁLVARES / Portugal e to-dos os países com que parti-lhamos língua encontram-seum bocado mais perto da Ga-liza graças à Ciranda, umhalivraria e projeto cultural nadoem Compostela que apanhao nome de umha dança de ro-da própria da Galiza e de Per-nambuco. Umha aposta fortedesenvolvida polo reintegra-cionismo que pretende serum contributo à lusofonia. Oprojeto complementa-se atra-vés da rede com umha lojavirtual e com as redes sociais(facebook e twitter) que damconta de todas as atividades.No mês das Letras Galegas anossa língua floresce comonunca na Ciranda.

    Como nasce a ideia da Ciranda?

    Ciranda é composta por quatropessoas: Íria, Loaira, Xurxo e eu.A nossa é a história de quatro só-cias da AGAL (Associaçom Ga-lega da Língua) que colabora-vam em projetos existentes(OPS, Falarmos, Imperdível,aPorto, etc.). A ideia parte umpouco disso, a associação sabiaque os projetos estavam a cres-cer muito como para serem sus-tentados por trabalho voluntárioe decidiu externalizá-los. Umavez que sabíamos que íamosavante com o projeto, faltavamduas coisas: um espaço e um no-me. O primeiro dos assuntos foilogo resolvido graças à LibrariaLila e Patrícia, com quem parti-lhamos espaço. O segundo levoumais tempo. Decidimos chamar-nos Ciranda, porque é uma dan-ça existente em Pernambuco etambém na Galiza, em que aspessoas dançam em roda de

    mãos dadas. É um nome lúdicoque indica simbolicamente aunião dos povos lusófonos.

    Qual é o perfil da gente que

    acode à vossa livraria?

    A maioria das pessoas estão rela-cionadas com o mundo do reinte-gracionismo ou com a militânciana AGAL. No entanto, cada vez hámais pessoal jovem, estudantes deportuguês da EOI ou da Universi-dade e também pessoal com certasensibilidade e interesse pelo mun-do da lusofonia mas que nunca ti-veram contato direto com esta. Onosso público está a ser do mais va-riado e é uma das agradáveis sur-presas; pessoas de Compostela ede todo o país, mesmo da Europa edo Brasil; professoras(es),alunas(os), escritoras(es), músi-cas(os), operários(as)...

    Nos tempos da Internet onde

    muitos negócios prescindem de

    um espaço físico, porque acha-

    des necessário abrir um?

    É certo que a net está a ganhar es-paço, mas é importante sermosvisíveis fisicamente. A Cirandanão é só uma livraria, atendemosoutras áreas que precisam deuma sala, por exemplo, para se-rem realizadas. Aliás, o contactodireto com clientes é uma dasnossas apostas. Muitas pessoascomentaram, após visitar-nos,que já era tempo de contarmos

    com um local de encontro e con-vívio, nestes tempos em que o pú-blico está a ser tão vilipendiado.

    A Ciranda é muito mais do que

    umha livraria com material por-

    tuguês; pretende ser um espaço

    aberto à lusofonia. Que atividades

    há programadas neste sentido?

    Pois, a Ciranda é uma empresade serviços culturais à volta dalíngua portuguesa. Desenvolve-mos muitos projetos como osateliês de português para secun-dário (OPS) e primário (Percus-sões), os cursos de imersão na ci-dade do Porto (aPorto) onde, de-vido à alta demanda, já é possí-vel fazer a pré-inscrição emwww.aporto.org, cursos online(Falarmos Brasil), concertos, ex-posições, apresentações de li-vros e palestras... Já no dia daapresentação houve um concer-

    to de Ugia Pedreira e Najla Sha-mi e nos meses a seguir tivemosa Carlos Taibo a falar de decres-cimento, crise e capitalismo, Sé-chu Sende apresentando o seuViagem ao Curdistám, IolandaAldrei que junto com Luz Fandi-ño é uma das nossas mais fer-ventes torcedoras, A banda hos-pitaleira do Minho (Uxía, VíctorCoyote e Rómulo Sanjurjo), apoeta portuguesa e perfomer Re-gina Guimarães e o grupo doPorto Osso Vaidoso, Márcio-An-dré, ou um bate-papo com osmúsicos brasileiros ViníciusCantuária e Pierre Aderne que,aliás, apresentou o seu docu-mentário MPB - Música portu-guesa brasileira. O nosso intuitoé achegar a lusofonia ou gale-guia através de várias vias, por-tanto, as atividades que progra-mamos são sempre variadas. Emmuitas ocasiões os eventos sãopartilhados com a Lila de Lilith eneles conjugamos a perspectiva degénero e a lusófona. Há pouco Ma-gin Blanco fez uma apresentação-lanche do livro-disco para criançasA nena e o grilo, do que temos umaexposição na nossa livraria.

    Nos últimos anos fôrom surgin-

    do diversos clubes de leitura de

    obras da lusofonia por todo o

    país. Pensades que hoje há mais

    recetividade à literatura em

    português do que antes?

    Nós acolhemos um clube de lei-tura no nosso armazém, o clubede Leitura Santaengrácia, nasci-do arredor da EOI de Composte-la. Todas estas pessoas são leito-ras fieis, que mesmo pertencem aoutros clubes de leitura ou a re-des maiores, como o Clube deLeitura Pega no Livro. Com o tra-balho das EOI, escolas de línguas,cursos, etc. cada vez a ortografiaé menos uma barreira e as pes-soas também reparam em quetêm uma imensa facilidade porserem galegas. Obviamente sabergalego é uma vantagem à hora deaceder ao mundo lusófono.

    Porque achades necessário con-

    tar com um projeto assim?

    Bom, mais cedo ou mais tarde,era necessário criar isto. A luso-fonia nasceu na Galiza e a situa-ção em que estivemos durante sé-culos, de costas viradas cultural-mente está a mudar completa-mente. As pessoas precisavam deum espaço de referência, porquea cidade (e o país) estava órfãneste sentido até ao momento.Até há alguns anos o pessoal diriaque estamos a “viajar na maione-se” como se fala no Brasil, ao que-rermos abrir uma livraria espe-cializada no mundo lusófono,mas hoje podemos ter orgulho noimpacte que estamos a ter e nocálido acolhimento. A Galiza po-de e deve ser uma referência cul-tural a nível mundial e assim, aospoucos, achegamos o nosso grão-zinho para isto virar realidade.

    “A situação da Galiza com respeito à lusofonia está a mudar completamente”

    a livraria ciranda, em cOmPOstela, Pretende ser um cOntributO à lusOfOnia

    “Precisava-se de umespaço de referênciapara o achegamento

    à lusofonia”

    “A Galiza pode e deveser uma referência

    cultural a nível mundial”

  • XAVI MIQUEL / Em 10 de dezembrode 2002, emitia-se na televisom pú-blica espanhola um programa titu-lado “Todos somos Galicia” com oobjetivo de arrecadar fundos paraos afetados do Prestige e para aspessoas voluntárias que estavam atrabalhar contra a maré negra pro-vocada polo petroleiro. Com a fi-nalidade de administrar o dinheiroque se recolhera na gala criou-se aComissom de Afetados pola Catás-trofe do Prestige, com umha contabancária do BBVA assinada porEvaristo Lareo Viñas, conta ondefôrom depositados os fundos arre-cadados na gala. Logo a seguir, eraconstituída a fundaçom OcéanoVivo, também presidida por Lareoe com a ajuda da Junta, tendo emvista recuperar, promover e incen-tivar o setor pesqueiro.

    Nesta fundaçom chegárom mi-lhons de euros de vários atos e do-nativos com o mesmo objetivo dearrecadar fundos para os danifi-cados do Prestige. Na memóriaapresentada na sua página web, afundaçom unicamente levou a ca-bo dous projetos: a sinalizaçomdas marisqueiras a pé e o projetoMoanha, destinado a comprovar aevoluçom do pré-engorde dasameixas-babosas. Mas, segundovarias entidades e pesqueiros dazona representadas principal-mente pola Plataforma em Defen-sa do Sector Marítimo Pesqueiro(Pladesemapesga), os donativosnunca chegárom aos seus desti-natários e, após várias tentativas eprocessos judiciais para obter acontabilidade, as contas aindanom se tornárom públicas, nemse sabe para onde fôrom destina-dos os subsídios.

    A plataforma apresentou um-ha nova querela criminal contraLareo Viñas e contra o Secretá-rio-geral da Conselharia do Mar,Francisco Vidal Pardo, por enco-brimento de documentaçom, jáque calculam que entre 80 e 200milhons de euros dos fundos fo-ram talvez desviados. Ademais,

    em declaraçons a este jornal afir-mam que o dinheiro poderia tercontribuído para financiar de for-ma ilegal o PP, mediante os so-bres que se descobrírom no casoBárcenas. A entidade afirma queisso foi nos tempos em que PabloCrespo, ex-tesoureiro do PP naGaliza e um dos principais impu-tados na trama Gürtel, desvi